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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA SEXO E SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: um assunto polêmico para os pais? CATIA ROSANGELA SOUZA DA SILVA FUCHS ITAJAÍ 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

SEXO E SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA:

um assunto polêmico para os pais?

CATIA ROSANGELA SOUZA DA SILVA FUCHS

ITAJAÍ

2007

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CATIA ROSANGELA SOUZA DA SILVA FUCHS

SEXO E SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA:

um assunto polêmico para os pais?

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientadora: Profª. MSc. Márcia Aparecida Miranda de Oliveira.

Itajaí

2007

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por me dar sabedoria.

À minha família, por ter paciência nas horas em que precisei.

À minha supervisora, por dividir comigo o seu tão valioso saber.

Aos entrevistados, pois sem eles esse trabalho não seria possível.

E a todas as pessoas que, de alguma forma, me ajudaram a concluir essa

monografia.

Obrigada!

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Já faz tempo, eu vi você na rua

Cabelo ao vento, gente jovem reunida

Na parede da memória

Esta lembrança é o quadro que dói mais.

Minha dor é perceber

Que apesar de termos feito tudo o que fizemos

Ainda somos os mesmos e vivemos

Ainda somos os mesmos e vivemos

Como os nossos pais!

Belchior

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................. 05

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 06

2 EMBASAMENTO TEÓRICO................................................................................ 08

2.1 A Educação dos Filhos...................................................................................... 08

2.2 Comunicação entre Pais e Filhos...................................................................... 11

2.3 Sexo e Sexualidade na Adolescência............................................................... 12

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS......................................................................... 15

3.1 Participantes da Pesquisa................................................................................. 15

3.2 Instrumento........................................................................................................ 16

3.3 Coleta dos Dados.............................................................................................. 17

3.4 Análise dos Dados............................................................................................. 17

3.5 Procedimentos Éticos........................................................................................ 18

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.....................................19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 30

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 33

7 APÊNDICES......................................................................................................... 35

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SEXO E SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: um assunto polêmico para os pais?

Acadêmica: Catia Rosangela Souza da Silva FuchsOrientadora: Profª MSc. Márcia Aparecida Miranda de OliveiraDefesa: junho de 2007

Resumo: A adolescência é uma época difícil, se caracterizando pela insegurança, pela busca da própria identidade, das descobertas sexuais, mudanças corporais, rupturas e crises de desenvolvimento. Esses jovens, além de já saberem que não são mais crianças, também experimentam as primeiras sensações de prazer sexual. É justamente neste ponto que os pais sentem maior dificuldade em abordar tal assunto com seus filhos, alguns por falta de informação, outros por não se sentirem à vontade. Frente a esta temática, esta pesquisa visou analisar como os pais de níveis sócio-culturais diferentes pensam e se comunicam com os filhos adolescentes sobre sexo e sexualidade e se o nível sócio-cultural interfere nesta comunicação. Para cumprir os objetivos dessa pesquisa qualitativa foi utilizada a entrevista semi-estruturada, a qual foi aplicada separadamente a três casais com níveis sócio-culturais diferentes, tendo pelo menos um filho adolescente entre 14 e 17 anos. Os dados coletados foram divididos nas seguintes categorias: conhecimento dos pais sobre sexo e sexualidade, aprendizagem dos pais sobre sexo, reprodução do conhecimento dos pais sobre sexo para os filhos, resultados da comunicação entre pais e filhos sobre sexo, expectativas dos pais a respeito do comportamento sexual dos filhos. Os dados foram analisados usando a Análise de Conteúdo de Bardin (2004). O que se pode perceber com a pesquisa é que os relatos são permeados pela preocupação e valorização da parte emocional dos filhos no que se refere à educação sobre sexo e sexualidade.

Palavras-chave: adolescência; pais; sexo/sexualidade.

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1 INTRODUÇÃO

Falar sobre a adolescência é, no mínimo, muito interessante, pois se trata de

uma fase da vida em que tudo acontece, as transformações corporais, mudanças no

comportamento, no estilo, no visual e as primeiras paixões dignas de roteiros dos

mais românticos filmes do cinema.

Quanto à organização da personalidade, esta vai se desenvolvendo progressivamente, na dependência de fatores constitucionais das forças pulsionais, das determinantes psíquicas, das influências do meio e do conjunto de experiências vivenciais que ocorrem durante a evolução do indivíduo (LEVISKY, 1995, p.26).

Na adolescência, o indivíduo desperta para o sexo, começa a descobrir a

própria sexualidade e inicia um ciclo que lhe acompanhará por muito tempo, uma

vez que essa fase se estende até os dezenove anos de idade. Dúvidas e conflitos

pertinentes a este assunto passam a fazer parte da vida desses quase adultos.

Assim, de acordo com Vasconcelos (1985, p.8), todo mundo é curioso pelo sexo,

mas nem sempre pelos mesmos aspectos e, muitas vezes, esta curiosidade não é

respondida, sob pretexto de que “ainda não está na hora de saber”; professores,

pais, autores dão freqüentemente as informações sexuais que eles acham

necessárias, mas que podem não ser as que foram solicitadas.

A importância de se discutir o tema sexo e sexualidade na adolescência

passa, muitas vezes, despercebida na maioria das famílias, entre outros motivos

está a falta de informação e o constrangimento em abordar o assunto.

Para Tiba (1994), filhos que nada perguntam sobre sexo pode ser

conseqüência de uma educação muito rígida; quem tem curiosidade normalmente

pergunta àquele em quem confia e com quem se sente bem à vontade. A clareza é

fundamental, os subentendidos em geral são mal interpretados, pois cada um os

preenche conforme suas próprias vivências, dificuldades e indagações.

Frente a esta problemática, se encontra a importância de rever o que implica

na dificuldade que muitos pais têm em abordar com seus filhos o tema sexo e

sexualidade.

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Esta pesquisa pretendeu investigar se o nível cultural dos pais interfere na

comunicação com os filhos quando se trata de um assunto tão importante como

este.

Acredita-se que hoje seja muito mais fácil falar sobre sexo do que em anos

atrás, considerando que alguns pais de adolescentes tem mais de quarenta anos,

talvez fique fácil imaginar que, para os pais que não tiveram acesso aos estudos e

informações sobre este tema, ou que tiveram uma educação muito repressora,

freqüentemente não conseguem conversar com seus filhos sobre sexo e

sexualidade (VASCONCELOS, 1985).

Para obtermos um indicativo sobre este assunto, entrevistou-se pais de

adolescentes de diferentes níveis culturais, pois, dessa forma, teve-se uma idéia no

quanto isto implica na temática que foi abordada.

Esta pesquisa buscou apontar com mais clareza alguns motivos pelos quais

alguns pais não conseguem se comunicar com seus filhos quando o assunto é sexo

e sexualidade. Desta forma, poderemos estar vinculando esta dificuldade à falta de

informação, que se presume ser mais comum nas famílias de baixo nível cultural1 ou

desmistificar essa idéia.

Portanto, a pesquisa teve como objetivo secundário levar mais informação

sobre o assunto a profissionais, alunos ou pessoas interessadas no presente tema e

que, de alguma forma, possam contribuir para que os adolescentes recebam mais

informações sobre sexo e sexualidade dentro da sua própria família.

2 EMBASAMENTO TEÓRICO1 Nível cultural no sentido de nível de escolaridade e acesso a novas informações.

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2.1 A Educação dos Filhos

Frente a tantas mudanças nas relações familiares, está cada vez mais difícil

estabelecer a forma “ideal” de educar os filhos.

Não é nenhum exagero dizer que a preparação para a educação da criança começa durante a gestação, é nessa fase que o casal inicia o “treino” para exercer a maternagem e a paternagem, ou seja, seus papéis de pai e mãe, que influenciarão a educação da criança por toda a sua vida (ARAÚJO, 2002, p.23).

Segundo esta autora, para educar o filho, o pai e a mãe precisam se preparar

psicológica e emocionalmente e criar empatia com o filho e aprender com ele para

melhor educá-lo.

A família, estando bem resolvida, ampara melhor a criança. Para tanto, o

ambiente familiar precisa satisfazer as necessidades básicas de afeto, apego,

desapego, segurança, disciplina, aprendizagem e comunicação (PRADO, 1996).

Contudo, nem sempre isto acontece, a família contemporânea mostra uma

certa dificuldade em impor limites e disciplina para seus filhos, “os pais agem

movidos não por uma convicção interior, mas pelo que julgam ser o moderno,

deixam as crianças fazerem de tudo, não limitam nada” (ZAGURY, 1994, p.25). Esta

autora salienta que os pais parecem ter desaprendido, por exemplo, como dizer um

simples “não” de forma convincente, quando precisam negar alguma coisa aos

filhos. Na maior parte das vezes, esse “não” soa como um “sim”.

Muitos pais têm medo de assumir o papel de pai ou mãe, achando que os

filhos não irão gostar deles assim. Os pais contemporâneos, ao que tudo indica,

instituíram a culpabilidade como sua principal conselheira, talvez porque a geração

que lhes antecedeu fez da culpabilidade o elemento primordial da formação do

caráter filial (GOLDENSTEIN, 1995). Estes pais têm sérias dificuldades em

estabelecer limites para os filhos, dificultando assim as resoluções de pequenos

conflitos do dia-a-dia.

Sem saber como agir diante da nova relação de forças, os pais abandonaram

a anterior postura excessivamente rígida – o que foi, sem dúvida, muito bom. Então,

o problema atual é como encontrar a medida certa entre o “sim” e o “não” (ZAGURY,

1994). Araújo (2002, p.143) diz que “não se pode admitir que uma criança cresça

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acreditando que todas as suas vontades serão satisfeitas no exato instante em que

deseja”. Educar exige plasticidade, exige que os pais não se considerem sabedores

e donos da verdade, mas sim pessoas permeáveis às mudanças, capazes de

experimentar novidades e de mudar comportamentos e crenças a partir do momento

em que descobrirem que esses comportamentos e crenças já não respondem mais

às necessidades atuais.

Quando se trata de se impor, educar e disciplinar é preciso equilíbrio e bom

senso e esta tarefa se torna mais difícil quando os filhos chegam à adolescência.

Esta fase é um período de grandes conquistas, com a auto-estima às vezes inflada

pela onipotência gerada pela pouca experiência de vida e com muitos momentos de

desalento e medo quando ocorrem as frustrações (PRADO, 1996). Este autor afirma

que tudo parece ter intensidade maior que em outras fases, aparecendo momentos

de ansiedade intensa e de depressão, responsáveis pelas freqüentes mudanças de

humor.

O conjunto de transformações que caracterizam a crise normal da adolescência tem repercussões diretas na vida relacional com os pais, surgem confrontos que são acrescidos pelas ansiedades decorrentes de transformações que os pais também estão passando, por estarem atravessando a meia idade (LEVISKY, 1995, p.48).

Segundo esse autor, a adolescência, no contexto evolutivo, é a idade em que

se concretiza o florescimento pleno do desenvolvimento corporal humano. Há o

aparecimento de pelos pubianos e nas axilas, nos meninos começam a surgir os

primeiros sinais de barba, a voz apresenta alterações, ora mais fina e ora mais

grossa; as meninas vão ficando com as formas do corpo mais arredondadas, há a

menarca, os seios começam a se desenvolver. Na elaboração do processo

adolescente, coincidindo com o surgimento da capacidade reprodutora, o psiquismo

humano reestrutura-se. O jovem adquire e desenvolve potencialidades

simultaneamente a um complexo processo de perdas, desinvestimento e

reinvestimentos afetivos. Novos valores éticos e morais são incorporados à

identidade que se delineia. A adolescência quase nunca é vivenciada com

simplicidade e tranqüilidade, freqüentemente, é um momento instável. Os

sentimentos do jovem não são mais como os da criança, tampouco como os do

adulto.

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As transformações físicas não são as únicas que enfrentam. Suas mentes

também passam por grandes alterações. Entretanto, essa é uma fase de

dubiedades: num momento, o jovem pode tornar-se mais sonhador ou independente

e arrojado, passando a querer experimentar novas possibilidades e vivências;

noutro, fica encabulado e retraído, sensível ou agressivo Ao mesmo tempo em que

se sente frágil e inseguro, pode achar que não precisa de ninguém; ao mesmo

tempo em que se vê retraído, acha-se capaz de tudo; apesar de temer o mundo,

acredita que nada pode lhe acontecer (LEVISKY, 1995).

Então, nesta fase não só os jovens passam por transformações, a família

também altera sua estrutura interna e seus padrões de relacionamento entre os

membros e modificam os papéis em sua intimidade, a fim de acolher as exigências

evolutivas do momento (EIZIRICK; KAPCZINSKI; BASSOLS, 2001).

Uma mudança no padrão familiar em resposta à mudança do adolescente, as ligações de amor e lealdade podem ser fortalecidas ou enfraquecidas; a troca de experiências, a divisão do trabalho e a divisão proporcional de autoridade entre os pais podem sofrer mudanças marcantes (ACKERMAN, 1986, p.123).

Então, ser pais de adolescentes é complicado e determina muita flexibilidade,

confiança e uma comunicação sincera. Desta forma, Zagury (2001) descreve

algumas tarefas que os pais dos adolescentes devem seguir para que haja um

melhor convívio na família, que são: os pais devem dar sempre a oportunidade para

que os filhos expressem suas opiniões e troquem idéias; devem tolerar os

momentos de mau humor ou mudez absoluta; devem ouví-los, desde que ele queira

falar; devem aceitar e estimular a necessidade de expressarem independência;

devem fazer com que seu filho conheça e respeite as normas da família e devem

sempre conversar com seu filho.

Para que os laços familiares possam ser fortalecidos, neste momento, Osório

(2002) afirma que os únicos laços que amarram afetivamente as criaturas humanas

são os laços do bem-querer, não há outra forma de assegurar o amor dos filhos

pelos pais (e vice-versa) que não seja pelo livre e espontâneo exercício do amor.

Portanto, os processos de identificação da criança e do adolescente ocorrem

a partir dos movimentos psíquicos existentes na relação entre pais e filhos, numa

interação com a família e com a sociedade em que vivem. O adolescente incorpora,

desenvolve e transforma esses valores na busca de sua própria forma de ser,

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pensar e agir. Este processo se estabelece dentro de valores impostos pela cultura

vigente, aos quais facilitam ou inibem a expressão dos desejos de vida e de morte,

a relação entre construtividade e destrutividade (LEVISKY, 1995).

2.2 Comunicação entre Pais e Filhos

Carr-Gregg e Shale (2004) salientam que o elemento fundamental para

estabelecer as condições ideais para educar os filhos é a comunicação.

Mas nem sempre a comunicação entre pais e filhos se dá de uma forma plena

e fácil, pois muitos pais têm sérias dificuldades em se comunicar com seus filhos e,

conseqüentemente, eles não se sentem à vontade para discutir o assunto sexo.

“Pais que não conseguem criar uma boa comunicação com os filhos têm muito mais

dificuldade de educá-los e criá-los do que aqueles que, desde cedo, se empenham

em estabelecer um diálogo aberto” (ARAÚJO, 2002, p.48).

Nas famílias, as queixas dos filhos podem ser ouvidas de diferentes

maneiras, dependendo do contexto e do contato dos pais com eles.

Filhos que não se sentem ouvidos, que não conseguem expressar seus sentimentos e desejos, que se submetem ou violentam por causa da comunicação, que se pautam mais pelo que é dito, que não confiam nas palavras, são apenas alguns dos inúmeros exemplos de comunicação nas relações humanas (CERVENY, 2004, p.23).

Silêncios, choros, isolamento e agressões são mensagens que são recebidas

com diferentes significados pelos diferentes membros de uma família.

As dificuldades na comunicação com os filhos se tornam muito mais graves

com a chegada da adolescência; nessa fase, tanto o menino quanto a menina se

distanciam dos pais para descobrir sua própria identidade. O segredo para

estabelecer contato com o adolescente é entrar no mundo dele, isso não significa

que os pais devem vestir-se ou falar como eles. A palavra-chave é compreensão

(ARAÚJO, 2002).

Muitos pais deslocam para os filhos as ansiedades e impulsos hostis que

pertencem a suas relações perturbadas com seus próprios pais e com a sociedade

em geral (ACKERMAN, 1986).

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Os especialistas propõem para os pais de adolescentes muito diálogo, porém este diálogo não corresponde ao sistema convencional, no qual cada parte ouve a outra para tentar chegar a pontos convergentes ou não, com possibilidades de opções, respeitando-se a individualidade de cada um, até alcançar este nível de diálogo é preciso muita paciência, é preciso saber ouvir e falar sem saber se está sendo escutado (LEVISKY, 1995, p.26).

A comunicação familiar só é efetiva quando ambas as partes (pais e filhos)

sentem que tiveram a oportunidade de se expressar e foram ouvidos (WALDMAN,

1997). Isso também vai depender da qualidade das mensagens que pais e filhos

enviam uns para os outros, pois elas podem abrir ou fechar canais de comunicação

na família (MALDONADO, 1996).

A comunicação não se refere apenas à transmissão verbal, explícita e

intencional de uma mensagem; tal como nós a utilizamos, muitas vezes a

comunicação se dá com apenas um interlocutor, mas isso não quer dizer que não

sejamos ouvidos. O conceito de comunicação inclui todos os processos por meio

dos quais as pessoas se influenciam mutuamente. As pessoas se comunicam pelo

verbal e pelo não-verbal, sendo que o não-verbal inclui mais do que simplesmente o

corporal, pois abrange tom de voz, inflexões, expressões faciais, postura, gestos,

entre outros (CERVENY, 2004).

Atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui valor de

mensagem, influencia outros e estes outros que, por sua vez, não podem não

responder a essas comunicações estão, portanto, comunicando também.

2.3 Sexo e Sexualidade na Adolescência

O tema sexo e sexualidade na adolescência ainda é por muitos considerado

um assunto difícil de ser abordado, principalmente dos pais com os próprios filhos.

Nessa fase, muda toda a estrutura anatômica do adolescente, acontecendo uma

nova descoberta do corpo e surgindo muitas dúvidas. Uma necessidade existente é

que os pais tenham seus conceitos e preconceitos revistos e resolvidos, devendo

rompê-los para que não passem idéias distorcidas e errôneas para os filhos. A

educação sexual deve ser passada de maneira imparcial, não moralista, não

religiosa e, sim, explorada em cima da realidade (GAUDERER, 1998).

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A puberdade se inicia por volta dos nove, dez anos nas meninas e doze, treze

anos nos meninos; nesta fase já estão preparados biologicamente para serem pais e

mães (VASCONCELOS, 1985). Pigozzi (2002) corrobora tal afirmação, através dos

seus estudos, salientando que é a partir da puberdade que o impulso sexual ganha

força e revela uma tonalidade que se aproxima muito mais do modelo adulto de

manifestação da sexualidade.

Vasconcelos (1985) afirma que, nesta fase, ocorrem fenômenos como a

ejaculação e a menstruação, os quais são avisos da natureza, informando que a

partir daí uma nova vida poderá começar, se houver um ato sexual entre duas

pessoas. Contudo, ainda não se está preparado nem psicologicamente nem

socialmente para arcar com as responsabilidades de uma nova família.

Por tudo isso, a curiosidade sexual é freqüentemente ligada não tanto, a saber, como fazer para ter filhos, mas ao prazer; o prazer é uma função da sexualidade. Acontece que justamente aí, a censura entra. Tudo aquilo que fala sobre prazer sexual costuma ter uma frase feita: “proibido para menores de 18 anos” (VASCONCELOS, 1985, p.9).

Para o autor, isso faz com que o interesse pelo prazer se confunda com o

interesse pelo proibido, a curiosidade passa a ser pelo que não é permitido.

Seguindo esse pensamento, Pigozzi (2002) enfatiza que a adolescência, ao

reorganizar biológica e psicologicamente a configuração sexual individual, resgatará

angústias passadas na busca de uma solução mais satisfatória para ele. Porém,

durante o período exploratório dessa nova configuração, características da

genitalidade completa, como o prazer obtido na mutualidade e as responsabilidades

concomitantes, permanecem ainda não totalmente integradas.

Na adolescência, o sexo deixa de ser uma possibilidade ou eventualidade

para se tornar uma realidade, muitas vezes incômoda de início. A sexualidade passa

a ser a protagonista nesse campo de batalhas. A primeira ameaça vem dos

inúmeros novos estímulos provenientes do mundo externo, antes despercebidos e

agora evidentes, com a correspondente necessidade de sair-se bem (PIGOZZI,

2002).

Para Klosinski (2006, p.118), “ao contrário das gerações anteriores, em geral

nossa juventude atual está ‘bem esclarecida’ do ponto de vista sexual e, em teoria,

está muito bem informada sobre a sexualidade”. O autor ainda acrescenta que

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existem diferenças entre os sexos no tocante às fantasias sexuais; os jovens do

sexo masculino estão muito mais interessados no contato genital, enquanto que as

meninas dão muito menos valor à genitália.

Contrapondo esta tese, o estudo de Pagenstecher (1988, apud KLOSINSKI,

2006) mostra que os comportamentos sexuais das meninas podem-se comparar

com os dos meninos, pois ambos se comportam sexualmente de maneira

semelhante, iniciam a prática sexual mais cedo e trocam de parceiros com mais

freqüência.

O preparo do indivíduo para a realidade de uma prática sexual sem tabus e

preconceitos exige profundas alterações no sistema familiar e na própria sociedade

(VITIELLO et al, 1988).

É necessário que os pais deixem a sexualidade de seus filhos seguir seu próprio curso de amadurecimento, sem pressioná-la em direção a práticas precoces, muitas vezes, superestimuladas pelo culto à sexualidade de nossa cultura, mas tampouco devem obstaculizá-la, uma vez que é natural e desejada (LAKS et al apud VITIELLO, 2001, p.138).

Espera-se, então, que os pais entrem em contato com as dificuldades sexuais

de seus filhos sem subestimá-los ou julgar inapropriado para que sejam resolvidos

juntos.

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

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Esta pesquisa foi realizada sob a forma de pesquisa qualitativa, onde foi

analisado como os pais de adolescentes de níveis sócio-culturais diferentes pensam

e se comunicam com seus filhos sobre o tema sexo e sexualidade.

A abordagem qualitativa, além de ser uma opção do pesquisador, também é

uma forma adequada de pesquisar fenômenos sociais. Tanto é assim que, para

certos problemas, o mais indicado é uma metodologia de conotação qualitativa

(RICHARDSON, 1999).

A pesquisa qualitativa visa o conhecimento de um objeto complexo: a

subjetividade, onde seus elementos implicam juntos em diferentes processos,

constituindo o todo e estes mudam frente ao contexto que se apresenta o sujeito. A

história e o contexto do sujeito marcam a sua singularidade, que é expressa da

riqueza e plasticidade do subjetivo (REY, 2002).

A pesquisa qualitativa é considerada como sendo a tentativa de uma

compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas

pelos entrevistados. Por este motivo, esta foi a metodologia escolhida para essa

pesquisa, por permitir compreender a dinâmica dos pais quando o assunto é sexo e

sexualidade na adolescência, assim como atingir os objetivos almejados.

3.1 Participantes da Pesquisa

A pesquisa contou com a participação de seis pessoas, três casais,

residentes no município de Itajaí/SC e que tinham pelo menos um filho adolescente

na faixa etária entre 14 e 17 anos. Os adolescentes dessa faixa etária estão

passando pela fase da busca da auto-identidade, eles sabem que não são mais

crianças, porém ainda não se tornaram adultos (PAPALIA e OLDS, 1998).

Sendo uma pesquisa qualitativa, o referido número esteve relacionado a

suprir a necessidade para a análise dos dados, que teve que esgotar o texto, não

deixando lacunas abertas ou mesmo conteúdos soltos dentro das categorias

adotadas para análise (KUDE, 2004).

Segundo critérios utilizados, cada casal entrevistado pertence a um nível

sócio-cultural diferente, para assim observar se este aspecto se tornaria uma

variável nas respostas obtidas. Desta forma, o Casal 1 cursou apenas o Ensino

Fundamental, o Casal 2 cursou o Ensino Médio e o Casal 3 possui o Ensino

Superior.

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Casal Membro Idade Profissão Escolaridade

1

Pai 50 Autônomo Ensino Fundamental

Mãe 45 Autônoma Ensino Fundamental

Filha 15 Estudante 1ª série do Ensino Médio

2

Pai 36 Bombeiro Militar Ensino Médio

Mãe 36 Do lar Ensino Médio

Filha 17 Estudante Ensino Médio

3

Pai 42 Advogado Ensino Superior, com

EspecializaçãoMãe 37 Professora de

Ensino Superior

Ensino Superior, com

MestradoFilha 14 Estudante 8ª série

3.2 Instrumento

Foi utilizada uma ficha de identificação do casal (apêndice A), com o objetivo

de coletar informações sobre os dados pessoais dos entrevistados para obter-se

uma análise da condição social, mas sem ferir os procedimentos éticos, respeitando

a não identificação dos casais.

Outro instrumento utilizado foi a entrevista semi-estruturada (apêndice B),

para analisar como os pais de adolescentes entendem e se comunicam com seus

filhos sobre o tema sexo e sexualidade. A entrevista semi-estruturada é aquela na

qual o pesquisador organiza um determinado número de questões, quantas acharem

necessárias, sobre o tema que está sendo pesquisado, ao mesmo tempo que

permite que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão aparecendo no

desenrolar da entrevista, como desdobramento do tema principal (PÁDUA, 2000).

3.3 Coleta dos Dados

Os sujeitos da pesquisa foram indicados por pessoas conhecidas, sendo que

os entrevistados não tinham qualquer envolvimento nem contato com o pesquisador.

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O primeiro contato ocorreu por ligação telefônica, onde foram feitas as

apresentações e a explicação dos objetivos da pesquisa. Foram combinados o dia,

horário, local e duração da entrevista, a qual foi de uma hora por casal. As

entrevistas foram realizadas nas casas das pessoas entrevistadas e feitas em um

mesmo momento com o casal, onde cada um (pai e mãe) respondeu

separadamente às questões, cada qual forneceu sua opinião após a assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice C).

Foi utilizado um gravador portátil, mediante autorização do casal, para

registrar a entrevista com maior segurança e fidedignidade no momento de

transcrevê-la.

Deseja-se salientar que o fato dos casais entrevistados terem todos filhas

adolescentes foi uma questão aleatória e não por escolha da entrevistadora.

3.4 Análise dos Dados

Os dados coletados foram transcritos a partir dos registros de informações

gravadas sem deixar de lado todos os detalhes. Para a análise dos dados foi feito

uso da técnica de Análise de Conteúdo. A Análise de Conteúdo tem como objetivo

“afastar os perigos da compreensão espontânea, fazendo a inferência e

interpretações dos resultados guiados pela pesquisa e estudos de vários autores a

respeito do tema proposto” (BARDIN, 2004, p.28). As respostas foram analisadas

por categorias de temas, as quais foram estabelecidas após a coleta dos dados.

Primeiramente buscou-se conhecer os dados pessoais dos casais

entrevistados; depois, foram levados em consideração os conteúdos surgidos na

pesquisa.

Para a criação das categorias e sua análise foram realizados: organização

dos dados que poderiam contribuir para uma melhor explicação do tema

pesquisado; a análise do material obtido, através da quantificação da informação; e

o tratamento dos resultados, dando uma resposta bastante precisa à questão de

pesquisa (RICHARDSON, 1999).

Respeitando os princípios éticos de sigilo e anonimato, os casais

participantes foram referenciados com a abreviatura de seus nomes e com indicação

numérica destes.

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3.5 Procedimentos Éticos

Os procedimentos éticos foram balizados pelas resoluções CNS 196/1996 e

CFP 016/2000 que normatizam os procedimentos éticos em pesquisas com seres

humanos. Primeiramente, todos os participantes assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice C), onde estão garantidos e

esclarecidos todos seus direitos. Os resultados poderão ser apresentados em

Congressos e publicações em periódicos, mantendo-se os dados pessoais dos

sujeitos pesquisados em sigilo, garantindo-se assim, o seu anonimato.

No caso dos casais desejarem, poderá ser dada aos participantes uma

devolutiva com o resultado do trabalho; para tanto, após conclusão será agendado

um dia para realizar a devolutiva dos resultados da pesquisa.

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para nos comunicarmos efetivamente, devemos compreender que somos todos diferentes na maneira como vemos o mundo, e usar

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esse entendimento como guia para nossa comunicação com os outros (Robbins, 2002, p.23).

Diante dos objetivos propostos nesta pesquisa, pretende-se analisar se o

nível cultural dos pais interfere na comunicação com os filhos quando o assunto é

sexo e sexualidade na adolescência.

Segundo os critérios metodológicos propostos por Bardin (2004), esta

pesquisa utiliza a Análise de Conteúdo com a elaboração de categorias. Então, os

relatos das entrevistas foram analisados, originando cinco categorias:

• Conhecimento dos pais sobre sexo e sexualidade

• Aprendizagem dos pais sobre sexo

• Reprodução do conhecimento dos pais sobre sexo para os filhos

• Resultados da comunicação entre pais e filhos sobre sexo

• Expectativas dos pais a respeito do comportamento sexual dos filhos

1. Conhecimento dos Pais sobre Sexo e Sexualidade

Conforme Ferreira (2003, p.74), sexo é a “conformação particular que

distingue macho e fêmea, nos animais e nos vegetais, atribuindo-lhes um papel

determinado na geração e conferindo-lhes certas características distintivas”; também

refere-se ao ato de copular. Já a sexualidade, segundo este mesmo autor, é a

qualidade de sexual, é “o conjunto dos fenômenos da vida sexual”. Conforme se

observa nestas definições, sexo significa a constituição física relacionada aos

órgãos sexuais e, sexualidade, é a resposta física e psicológica aos estímulos

sensoriais sexuais, relaciona-se com o comportamento sexual devido ao desejo.

Casal 1 não soube fazer a distinção entre os dois conceitos:

Pai: “... sexo é o comportamento de cada pessoa... e sexualidade é o

comportamento de cada pessoa em relação ao sexo”.

Mãe: “sexo é masculino, é feminino, é o sexo de cada um... e sexualidade é

uma pessoa... eu não sei explicar...”.

Casal 2 respondeu que não sabiam, que não conheciam a diferença entre

sexo e sexualidade:

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Pai: “não... a definição correta, não...”.

Mãe: “não... não sei”.

Casal 3 fez a distinção entre ambos:

Pai: “sexo seja o ato em si e sexualidade a manifestação desse ato”.

Mãe: “sexo é aquilo que tu trabalha com teu corpo; sexualidade está no

sujeito”.

Pode-se analisar que o Casal 3 associa sexo com o corpo e que a

sexualidade tem caráter subjetivo, talvez eles tenham esta percepção devido ao seu

nível sócio-cultural. A manifestação que o pai do casal 3 se refere é a sensualidade

das pessoas, o desejo sexual, o interesse pelo outro. As respostas dos Casais 1 e 2

podem estar relacionadas a não informação a respeito de sexo e sexualidade, por

ter sido considerado um assunto tabu por décadas.

Nas gerações anteriores, a criação dos filhos era predominada pelo

autoritarismo e pelo pequeno espaço, ou total ausência, da liberdade, tanto de

informação quanto de ação. Várias pessoas que foram criadas nessas condições

cresceram com muito ressentimento e falta de conhecimento sobre vários assuntos,

principalmente sobre sexo (MALDONADO, 1996).

2. Aprendizagem dos Pais sobre Sexo

Nichols e Schwartz (1998) afirmam que toda família tem uma estrutura a qual

envolve um conjunto de regras explícitas ou veladas que governam as transações

familiares. As famílias são demarcadas por fronteiras interpessoais que os

envolvem, regulando a quantidade de contato com os outros sistemas. Estas

fronteiras podem ser rígidas, nítidas ou difusas, conforme a forma como ela se

comunica entre seus membros e o mundo exterior.

Segundo Ackerman (1986), até meados dos anos 60-70 a educação era

muito rígida e permeada pelo não diálogo, o moralismo imperava, gerando não

informação e não comunicação aberta entre os familiares, principalmente no

relacionamento entre pais e filhos. Sexo era um assunto que não se falava em

família tampouco pelas escolas, sexo era proibido, principalmente para as meninas,

pois era considerado que meninas de boa família não poderiam sentir prazer nem

interesse sexual. Desta forma, as informações sobre sexo eram obtidas

informalmente, através de amigos e revistas pornográficas – e que eram

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popularmente chamadas de “revistas de catecismo” – justamente por “ensinarem” a

respeito de sexo e sexualidade. Assim, os meninos ainda conseguiam algum tipo de

informação, mas as meninas chegavam ao casamento sem nada saber e com medo

da tão famosa noite de núpcias, gerando traumas e desprazer, pois o parceiro se

preocupava apenas consigo mesmo, já que as esposas não poderiam demonstrar

prazer e interesse sexual.

Após a revolução de costumes, nos anos 60-70, aos poucos as famílias foram

se transformando, passando por mudanças comandadas pela evolução das

ideologias e rebeldia dos filhos inconformados com a forma com que foram

educados. Daí em diante uma nova ordem se estabeleceu, onde agora impera a

liberdade de expressão e comunicação, liberdade de escolha e liberdade sexual

(ACKERMAN,1986). Contudo, apesar dos pais entrevistados fazerem parte dessa

geração, não apresentam indicadores de terem sido influenciados por essa nova

ordem de pensamento.

Em relação à aprendizagem que os pais tiveram sobre sexo, todos os casais,

com exceção de uma mãe, relataram que não tiveram orientação de sua família

sobre o assunto.

Casal 1:

Pai: “com os meus pais não tinha muito diálogo sobre isso”.

Mãe: “a minha mãe era muito liberal, nós conversávamos sobre sexo... nós

tínhamos uma explicação sobre algumas coisas”.

Casal 2:

Pai: “... não tinha esse contato”.

Mãe: “eles nunca tocaram nesse assunto... eu só vim aprender depois de

casada”.

Casal 3:

Pai: “aprendi sozinho na rua com amigos”

Mãe: “... nós tivemos que aprender com as amigas mais velhas... nunca com

os pais”.

O fato destes casais não terem sido orientados por seus próprios pais pode

ser explicado pela faixa etária / geração a que esses casais pertencem (anos 60-70).

Foram criados em uma época em que o tabu imperava e que não se falava sobre

“essas coisas” com os filhos (MALDONADO, 1996).

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Pigozzi (2002) salienta que muito do que é aprendido sobre sexualidade na

infância (como papéis sexuais, comportamentos esperados ou repudiados) acontece

por meio da comunicação indireta ou inconsciente; então, os tabus e as proibições

acabam sendo transmitidos muito mais através da linguagem corporal tensa dos

adultos. Desta forma, a educação sexual começa na infância e se dá principalmente

através do que não fazer, do que não mostrar, do que não falar, do que não tocar,

enfim, através de negativas.

3. Reprodução do Conhecimento dos Pais sobre Sexo para os Filhos

De acordo com Carr-Gregg e Shale (2004), os jovens estão muito mais

curiosos a respeito da sexualidade do que há cinco ou dez anos. Passam por uma

fase estressante, sofrendo pressão por parte dos amigos, sendo que a

compreensão, sensibilidade dos pais e o diálogo podem ajudar. O mais adequado

seria os pais já começarem a conversar sobre o assunto antes mesmo da

puberdade, não fazendo desta conversa um grande acontecimento e estarem

preparados para responder e não somente fazer perguntas.

Shinyashiki (1992) diz que o diálogo é a vontade e a abertura para um

encontrar o outro. No momento do diálogo deve-se deixar o orgulho e a vaidade de

lado, é um momento para troca de experiências, conseqüentemente, de

aprendizado. Pigozzi (2002) afirma que adultos com dificuldade em falar sobre sexo,

mesmo entre o próprio casal, apresentarão a mesma dificuldade no trato dessas

questões com os filhos, pela evidente falta de familiaridade com o tema.

E isto pode ser observado no relato de dois casais, os quais têm Ensino

Médio e Superior.

Casal 2:

Pai: “diretamente sobre assunto, não... nada específico”.

Mãe: “não, uma conversa assim direta, não...”.

Casal 3:

Pai: “superficialmente, sim... cobro da mãe que se aproxime dela e converse,

sabe como é, é menina, tem mais intimidade com a mãe por ser mulher...”.

Mãe: “... conversei... de modo geral, já tratei do assunto... fico monitorando

sua menstruação, falo da importância de usar a camisinha...”.

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No revés desses dois casais, o Casal 1 – que possui o Ensino Fundamental –

mostrou que tem mais tranqüilidade para conversar sobre sexo com os filhos:

Pai: “eu converso bem menos que a mãe... mas acho importante que seja

esclarecida sobre sexo”.

Mãe: “aqui em casa tem um diálogo até bem franco sobre sexo, converso

muito com minhas filhas, conversamos sempre”.

Constatou-se que dois casais têm dificuldades em falar sobre sexo com os

filhos, justamente por não terem tido diálogo sobre o tema com seus pais, como foi

apresentado na categoria aprendizagem dos pais sobre sexo. Já o Casal 1, onde a

mãe teve uma educação mais liberal e aberta, ela conversa com os filhos sobre o

tema sexo com mais tranqüilidade. Então, parece que os pais de hoje acabam

reproduzindo com seus filhos a educação que receberam.

Tiba (1994) afirma que o reflexo da educação dos jovens de hoje é a forma de

como seus pais foram educados.

Quando se tem um filho ou filha, Oliveira e Caldana (2004) em seus estudos

sobre mães psicólogas, dizem que se olha para a própria infância ou adolescência;

às vezes, os pais conseguem filtrar e reinterpretar o que lhes foi passado pela

família de origem. Contudo, na maioria das vezes, as angústias sentidas no passado

passam a vigorar na relação com os filhos, as dinâmicas familiares da família de

origem passam a ser reproduzidas com a atual família constituída, mesmo quando

as mães ou pais desejam agir de forma contrária à forma como foram educados,

acabam repetindo a dinâmica.

Cerveny (2004) fala que, categoricamente, toda família transmite os seus

padrões interacionais para a próxima geração, mesmo acreditando que a história

não será repetida. Porém, algumas vezes, esse padrão de repetição pode não

passar de uma geração à subseqüente, mas até pular gerações. Todavia, as

famílias têm a tendência a se repetirem, podendo um modelo passar à geração

seguinte sob outra forma.

Assim, fica evidente que, ao entrar em contato com as experiências

passadas, os casais entrevistados referem-se a falhas e faltas em relação ao

modelo que hoje possuem.

Constatou-se que os pais apresentam dificuldade em conversar sobre sexo

mais com as filhas do que com os filhos, repassando a responsabilidade da

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informação e da “vigilância” para as mães, chegando até mesmo a cobrarem delas

uma atitude pró-ativa.

Ao invés de ter ocorrido uma mudança das funções que historicamente têm

sido desempenhadas pela mulher, a realidade atual indica um acúmulo de novas

funções ao papel feminino na família. Em vista do aumento da complexidade das

atribuições da mulher no núcleo familiar, é possível supor que cabe principalmente à

mulher o papel de conversar e estar atenta às necessidades e aos interesses do

filho (FALCKE, 1998 apud CERVENY, 2004).

Ercolin (2005) explicita que, logo ao nascer, o bebê estabelece com a mãe

um vínculo bastante estreito, necessário à sua sobrevivência, pois ele depende

exclusivamente dos cuidados maternos para ser alimentado, trocado e acariciado. A

satisfação quase imediata de todas as suas necessidades cria, no bebê, a ilusão de

que ele é o centro do mundo, denominado de egocentrismo. É nessa hora que a

presença do pai se faz necessária. Sendo o terceiro elemento no mundo do bebê,

ele vem quebrar um pouco essa dualidade, formando uma relação triangular. A

criança passa, então, a perceber que não está sozinha no mundo e que existem

outras pessoas com suas próprias necessidades. A saída dessa fase egocêntrica,

propiciada pela presença paterna, é bastante útil para o seu desenvolvimento

posterior.

Segundo esta autora, muitas vezes, as mulheres não permitem a participação

do pai, por pensar que ele não saberá lidar adequadamente com o bebê; outras

vezes, por achar que cuidar da criança é papel exclusivo da mãe. Porém, é muito

importante que o pai participe desde os primeiros dias da educação e dos cuidados

com o filho (ou filha).

Nas fases seguintes, como diz Ercolin (2005), quando a criança passa a

explorar o mundo externo, novamente a figura paterna é importante para incentivá-la

a conhecer o ambiente que a cerca, sendo que os pequenos progressos da criança

ao enfrentar o mundo, sempre incentivas pelo pai, vão sedimentando sua confiança

quanto às suas habilidades e ao seu próprio valor.

Atualmente, fala-se muito em auto-estima, porém se esquece de salientar o

quanto o papel do pai é fundamental nesse processo. Apesar da mãe também vibrar

com cada vitória do seu filho, os elogios do pai têm um outro peso para a criança.

Um outro ponto é que o pai fornece um modelo de conduta para seus filhos. É

com ele que o menino aprende a ser homem; para a filha, o relacionamento com o

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pai lhe permite compreender como funciona o universo masculino e, dessa forma,

ela aprende a lidar com as figuras masculinas em sua vida afetiva. O pai é o primeiro

amor da menina (ERCOLIN, 2005).

Há homens que ajudam, mas são poucos os que compartilham as tarefas,

muitos ainda acham que as funções domésticas são femininas. O aspecto de

cuidador do homem ainda tem muito espaço para se desenvolver. A lacuna do pai

ausente acaba resultando na repetição da omissão quando eles se tornam pais,

passando para a geração seguinte o velho preconceito de que “educar os filhos é

tarefa de mãe” (MALDONADO, 1996).

Portanto, a participação do pai na educação dos filhos é de suma importância,

principalmente quando esses filhos encontram-se na adolescência, onde tudo é

provido de dúvidas e angústias.

4. Resultados da Comunicação entre Pais e Filhos sobre Sexo

A palavra comunicar vem do latim comunicare, que significa “por em comum”.

Comunicação, então, é convivência, é agir em comum e está na raiz das

comunidades, independente de seu tamanho. Ela tem como objetivo o entendimento

entre as pessoas. Para uma comunicação eficaz é necessário que haja consenso

espontâneo das pessoas, no sentido de consentimento e acordo. Essa acepção

supõe a existência de um fator decisivo na comunicação humana: a compreensão

que ela exige para que se possa colocar “em comum” as idéias, imagens e

experiências (PENTEADO, 1997).

Satir (1967, apud FÉRES-CARNEIRO, 1996) afirma que a baixa ou a alta

auto-estima da família é derivada de maneiras inadequadas ou adequadas de

comunicação entre seus membros, pois a comunicação não apenas transmite a

informação como também impõe um comportamento. A comunicação é um

comportamento que proporciona interação entre a família.

Osório e Valle (2002) salientam que é no contexto familiar que a revolução

dos costumes sexuais está formando novos paradigmas morais. Ao mesmo tempo

em que a família regula o exercício da sexualidade humana, tem por ela

determinada suas distintas configurações e objetivos. A família trará benefícios se

for um contexto menos repressor e se for provedor de um ambiente propício ao

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reconhecimento e a adequada satisfação das necessidades sexuais de seus

membros.

A linguagem é a melhor forma de relação entre as pessoas, é constituinte e

organizadora. “No caso dos jovens, chega a ser um alimento, que será mais nutritivo

tanto mais for vitaminado pelo afeto. Nosso mundo é do tamanho de nossa

linguagem” (WITTGENSTEIN, 1988 apud PIGOZZI, 2002, p.73).

Nas entrevistas, constatou-se que dois casais consideram que a relação com

os filhos mudou para melhor depois de dialogarem sobre sexo com eles, como pode

ser observado nestes diálogos:

Casal 1:

Pai: “a gente sente mais liberdade pra vir conversar e fazer alguma pergunta”.

Mãe: “a gente é mais companheiras, mais cúmplices uma da outra... elas se

sentem mais seguras”.

Casal 3:

Pai: “ela ficou mais calma, mais tranqüila... não voltou a me procurar pra

conversar, mas eu vejo ela mais próxima da mãe”.

Mãe: “mudou, mudou, sim. Vejo ela mais amiga, mais preparada para

conversar comigo sobre vários assuntos...”.

Em contraposição, um casal considera que a relação com a filha não mudou.

Casal 2:

Pai: “não foi assim uma conversa específica, então digo que não mudou

assim nossa relação... eu acho que não mudou nada, não”.

Mãe: “não, não mudou”.

Analisa-se, com estas falas, que os autores supracitados têm razão a respeito

da importância do diálogo entre pais e filhos, sendo que os casais que mais

conversaram com seus filhos perceberam que os resultados foram positivos; já o

casal que não mantém um diálogo aberto, direto e contínuo não percebeu nenhum

resultado diferente na relação entre eles e a filha.

A comunicação é um fator primordial para um bom relacionamento e mantém

o contato afetivo entre as pessoas. Isto porque é através da comunicação que as

diferenças são acertadas, as orientações são passadas sem repressão exagerada e

as dúvidas podem ser sanadas. Esta pode ser verbal ou não-verbal. A verbal se dá

através da fala, da linguagem, do que é colocado em palavras pelas pessoas. A não-

verbal é constituída de expressões corporais, gestos, posturas (PIGOZZI, 2002).

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De qualquer forma, para a comunicação acontecer com eficácia é necessário

que tanto o emissor quanto o receptor estejam abertos ao diálogo, pois do contrário

pode haver más interpretações e mensagens distorcidas.

5. Expectativas dos Pais a Respeito do Comportamento Sexual dos Filhos

Quando um filho nasce os pais costumam criar expectativas em torno dele,

esperam que ele cresça saudável, que seja inteligente, bem comportado, que não dê

trabalho, tire boas notas na escola, faça amigos verdadeiros e que, quando crescer,

trabalhe em algo que goste e que o faça ter progresso financeiro, também que

encontre alguém especial para casar, ter filhos; que seja feliz, enfim (MALDONADO,

1996).

Além dessas expectativas, Pigozzi (2002) afirma que os pais colocam

expectativas em relação à vida sexual dos filhos adolescentes e passam mensagens

paradoxais, explícitas ou não, a respeito do assunto sexo. Essas mensagens

costumam dizer para eles serem populares, serem sexualmente atraentes, mas que

abstenham-se da atividade sexual. Em relação aos garotos, os pais comumente

esperam que seu filho faça sexo, mas sem engravidar a menina; em relação às

garotas, a expectativa é francamente anti-sexual, devido ao risco da gravidez

precoce, por questões de ordem cultural.

Constatou-se que os casais entrevistados receiam por uma gravidez precoce,

mas desejam que suas filhas sejam realizadas.

Casal 1:

Pai: “nenhuma filha engravidou antes do tempo... não teve gravidez precoce”.

Mãe: “... o objetivo é esse, deixá-las bem seguras, esclarecidas, porque

fazem sexo...”.

Casal 3:

Pai: “espero que possa seguir nossos ensinamentos... que possa levar isto

para a vida dela, que a deixe mais feliz e sadia...”.

Mãe: “espero que ela tenha uma sexualidade bem trabalhada, que seja

tranqüila, que ela saiba escolher os momentos dela... e que dê conforto para ela”.

O Casal 2 nega a sexualidade de sua filha, o que pode ser constatado nas

falas:

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Pai: “ela não faz isso, adolescente não faz isso...”.

Mãe: “porque a gente sabe que ela não vai fazer nada... eu espero que ela

sempre se cuide... eu não vou falar para ela não transar, mas ela tem cabeça boa”.

Percebe-se, pelos relatos, que o grande medo de um dos pais é que sua filha

tenha uma gravidez precoce, mas todos eles referem que desejam que suas filhas

sejam felizes, realizadas e que mantenham relação sexual no “tempo certo”.

“Com a emancipação feminina, a mulher vive o impulso sexual, liberta da

obrigatoriedade de se casar e instrumentalizar sua sexualidade, uma vez que pode

vivê-la de maneira livre e gratificante, sem precisar da união conjugal para angariar

status ou realizar ambições frustradas” (MUNHOZ, 2001, p.26). Esta autora ainda

refere que, quando a moça engravida antes de um casamento, os pais não

costumam mais obrigá-la a se casar, mas esta situação ainda costuma gerar

conflitos e despertar nos pais o receio de um corte nos projetos da filha, alterando o

caminho escolhido.

Oliveira e Caldana (2004) afirmam que educar um filho hoje traz uma série de

dúvidas e angústias aos pais, que se sentem inseguros quanto ao seu papel e ao

modo de educar, tendo questionamentos do que é certo fazer, de que postura tomar,

de como e quando exercer autoridade, de ser amigo dos filhos, do que permitir e o

que proibir e quais as conseqüências de suas ações na felicidade dos filhos.

Contudo, estas autoras dizem que o olhar para a história das práticas

educativas dos pais mostra que tal preocupação a respeito da criação dos filhos é

algo contemporâneo e que atualmente a sociedade é obcecada pelos problemas

estéticos, morais e sexuais dos adolescentes.

A ação de quem educa guia-se por objetivos imediatos e à longo prazo, que

são determinados por valores sócio-históricos e culturalmente estabelecidos. Isto

quer dizer que a conduta dos pais educadores é guiada pelo ideário, pelos valores e

costumes do contexto no qual estão inseridos. Tais valores de alguma forma

determinarão as imagens do adulto ideal de determinado contexto sócio-histórico-

cultural, o qual influirá nos objetivos da educação (OLIVEIRA e CALDANA, 2004).

Newson e Newson (1974, apud OLIVEIRA e CALDANA, 2004) argumentam

que o aspecto mais interessante da preocupação atual com as práticas educativas é

a consciência e atenção às possíveis conseqüências psicológicas dos métodos que

usam na criação dos filhos, voltando-se ao desejo de que estes sejam

emocionalmente bem ajustados.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de ter analisado cada categoria observa-se que o tema sexo e

sexualidade é algo que ainda gera constrangimento para os pais que participaram

dessa pesquisa, mesmo para aqueles que têm mais facilidade em falar sobre o

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assunto e independentemente do nível sócio-cultural dos casais. Visto que o Casal 1

possui apenas o Ensino Fundamental, sendo que a mulher não completou o ensino

básico; o Casal 2 possui o Ensino Médio e o Casal 3 cursou o Ensino Superior,

sendo que tanto o homem quanto a mulher ainda fizeram algum tipo de

especialização.

Na categoria conhecimento dos pais sobre e sexo e sexualidade, observou-se

que o nível sócio-cultural destes influencia no seu conhecimento sobre a diferença

existente entre ambos os conceitos, pois o Casal 1 não fez distinção entre sexo e

sexualidade e o Casal 2 referiu que não sabia; já o Casal 3 conseguiu articular sexo

com a questão corporal e física, e sexualidade com o subjetivo da pessoa.

Quanto à categoria aprendizagem dos pais sobre sexo e sexualidade, nota-se

que o nível sócio-cultural não apresenta relação com a aprendizagem que os pais

tiveram sobre o tema. Pelo contrário, onde se podia esperar que a pessoa com

menos probabilidade em ser orientada (a esposa do Casal 1), por possuir o Ensino

Fundamental incompleto, foi a que melhor recebeu explicações de sua mãe, no caso

a avó materna, a qual foi a única que orientou satisfatoriamente a filha sobre sexo e

sexualidade. O Casal 2 e o Casal 3 não tiveram nenhum diálogo com seus pais a

respeito de sexo. Aqui, mais que nível cultural, o diferencial pode residir na idade

dos pais, ou seja, dos avós dos adolescentes.

Referente à categoria reprodução do conhecimento dos pais sobre sexo para

os filhos pode-se observar que todos os pais, sem exceção, repetem com seus filhos

a educação que receberam. Então, também nesta categoria o nível sócio-cultural

não modifica o fato dos pais repetirem a dinâmica de suas famílias de origem. Isto

porque o Casal 1 fala com seus filhos sobre sexo (e a avó materna conversava com

sua filha sobre o tema), o Casal 2 não fala com seus filhos sobre isto (assim como

seus pais não falavam com eles) e o Casal 3 não conversa abertamente com os

filhos sobre o tema, apenas superficialmente (sendo que seus pais também não

conversavam com eles).

Em relação à categoria: resultados da comunicação entre pais e filhos sobre

sexo, constatou-se que o nível sócio-cultural não interfere neste quesito. O que foi

possível observar é que o Casal 1 é o que mais conversa com a filha sobre o

assunto e relataram que o relacionamento mudou para melhor. O Casal 3 conversa

pouco, mas mesmo assim percebeu uma mudança positiva na relação. Já o Casal 2,

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que não tem diálogo com a filha sobre o tema, referiu que não observou qualquer

mudança.

Na categoria expectativas dos pais a respeito do comportamento sexual dos

filhos, observou-se que o pai do Casal 2 espera que sua filha não engravide

precocemente e que seja feliz com sua vida sexual, como também espera que sua

filha não mantenha relações sexuais antes da fase adulta, dizendo que “adolescente

não faz isso”, negando a sexualidade da filha.

De modo geral, em todas as categorias, pode-se observar que o Casal 2 (que

tem o Ensino Médio) é o que tem menos informação e diálogo a respeito da vida

sexual da filha. Talvez este fato seja explicado pelo contexto cultural da citada

família, pois o pai tem como profissão ser Bombeiro Militar – a qual é norteada de

regras rígidas, muita disciplina, imperando o respeito à hierarquia e a não

contestação das ordens superiores – e a mãe não trabalha fora, sendo considerada

“do lar”, o que pode dificultar a troca de informações com outras pessoas e o contato

com outras formas de educação. Além disso, esse casal não teve informação de

seus pais a respeito do tema sexo e sexualidade, o que também explica a

dificuldade apresentada em falar sobre o assunto, não só com seus filhos, mas

também com a própria entrevistadora.

O que se pode perceber com a pesquisa é que os relatos são, a todo

momento, permeados pela preocupação e valorização da parte emocional das filhas.

Os pais reconhecem sua dificuldade em discutir sobre o tema sexo e sexualidade,

não conseguem dialogar com as filhas de forma aberta e espontânea para melhor

orientá-las, mas, independente de ter essa dificuldade, se preocupam com o bem-

estar delas, desejando que não tenham medos, traumas, dúvidas, preconceitos, que

sejam sexualmente sadias, como que querendo “expurgar” através das filhas os

próprios medos, receios e dúvidas que os pais têm em relação ao sexo, pela falta de

informação e falta de diálogo proporcionada por seus pais. Então, o modelo ideal

trazido pela educação moderna e pela psicologia, e a importância dada ao

desenvolvimento e expressão da sexualidade geram angústia e dúvidas aos pais, ao

mesmo tempo em que eles usam os modelos da família de origem como guia.

Também constatou-se, com essa pesquisa, que não há diferença no

conhecimento apresentado entre homens e mulheres, entre pais e mães a respeito

do tema sexo e sexualidade, mas sim pré-conceito de que cabe às mulheres

realizarem o papel de amigas das filhas, de dialogarem com elas.

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Portanto, não é o gênero nem o nível sócio-cultural dessas pessoas que influi

no conhecimento e comunicação a respeito do tema proposto, e sim o que influi

diretamente são os modelos adquiridos através da educação recebida.

Assim, diante da pesquisa realizada, considera-se que os objetivos de

analisar qual o conhecimento que os pais de adolescentes, com níveis sócio-

culturais diferentes, têm sobre sexo e sexualidade; como eles se comunicam com

seus filhos sobre o tema; identificar se o nível cultural dos pais influencia na

comunicação com os filhos adolescentes quando o assunto é sexo; e se existem

dificuldades para que os pais conversem com eles sobre esses temas, foram

atingidos.

Sugere-se que, em pesquisas posteriores, haja continuação da exploração

deste tema, mas de forma ampliada, ou seja, que seja realizada uma pesquisa sobre

comunicação entre pais e filhos a respeito de sexo e sexualidade com um número

maior de casais e simultaneamente com os filhos adolescentes, para que os

resultados da presente pesquisa possam ser confirmados ou não.

Portanto, esse estudo contribuiu para um melhor conhecimento a respeito dos

motivos da existência, no mundo atual, da falta de esclarecimento e da dificuldade

de comunicação, por parte dos pais, a respeito do tema sexo e sexualidade.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7 APÊNDICES

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Apêndice A

Dados de Identificação

Casal: _________

Membro:

Pai: ___ Idade:________ Profissão: _____________ Escolaridade: _____________

Mãe: ___ Idade: _______ Profissão: ____________ Escolaridade: ______________

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Filho adolescente: ____ Idade: ______ Escolaridade: ________________________

Idades dos outros filhos do casal: ________________________________________

Apêndice B

Entrevista Semi-Estruturada

Você sabe a diferença entre sexo e sexualidade?

Na sua adolescência, como seus pais lidaram com o assunto sobre sexo e

sexualidade?

De que forma você aprendeu sobre sexo e sexualidade?

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Quando você foi pai / mãe, pensou em algum momento que teria que falar sobre

este assunto com seu filho(a)?

O que você pensa sobre a importância de abordar este assunto com os filhos?

Você já conversou sobre sexo e/ou sexualidade com seu filho(a)?

Como você se sentiu abordando este assunto com ele(a)?

Como ele(a) reagiu?

Você acha que depois da conversa mudou algo entre vocês?

Que resultado você espera que tenha a conversa de vocês?

Depois que vocês conversaram seu filho(a) procurou novamente para conversar

sobre este assunto?

Vocês, pais, concordam em abordar o tema sexo e sexualidade com o filho?

Vocês conversam entre si sobre este tema?

Apêndice C

TERMO E CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA OS PAIS

APRESENTAÇÃO

Gostaria de convidá-los a participar de uma pesquisa cujo objetivo é analisar

como pais de adolescentes pensam e se comunicam com seus filhos sobre o tema

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sexo e sexualidade.

Esta pesquisa será realizada na casa de cada família participante em data e

horário a ser combinados com os membros da família que se disponibilizarem a

realização da pesquisa.

Sua tarefa consistirá na participação de uma entrevista semi-estruturada, a

fim de analisar através dos relatos verbais que serão gravados, como os pais lidam

e pensam sobre o tema sexo e sexualidade. A entrevista será realizada com o casal

separado.

Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que:

a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido o seu

anonimato;

b) os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com finalidade

acadêmica podendo vir a ser publicado em revistas especializadas, porém, como

explicado no item (a) seus dados pessoais serão mantidos em anonimato;

c) não há respostas certas ou erradas, o que importa é a sua opinião;

d) a aceitação não implica que você estará obrigado a participar, podendo

interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,

bastando, para tanto, comunicar aos pesquisadores;

e) sua participação é voluntária, portanto você não terá direito a remuneração;

f) esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata,

ainda que tenha intenção de analisar como os pais pensam e se comunicam com

seus filhos adolescentes sobre um tema específico;

g) durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético,

você poderá contatar com a professora Márcia Aparecida Miranda de Oliveira,

responsável pela mesma, através da coordenação do curso de Psicologia pelo

telefone: (0XX47) 3341-7542. Caso aceite participar, por favor, preencha os dados a

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seguir.

IDENTIFICAÇÃO E CONCENTIMENTO

Eu,_________________________________________________________________

____________________________________________, Declaro estar ciente dos

propósitos da pesquisa, da maneira como será realizada e no que consiste minha

participação. Diante dessas informações aceito participar da pesquisa.

Data de Nascimento:________________________________________________

Assinatura:________________________________________________________

Pesquisadora: Catia R. Souza da Silva Fuchs.

E-mail: [email protected]

Telefone: (0XX47) 9982-1039

Assinatura:________________________________________________________

Pesquisadora responsável: Profª. Márcia Aparecida Miranda de Oliveira

E-mail: [email protected]

Telefone: (0XX47) 9983-9854

Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – CCS

Rua: Uruguai, 448 - bloco 25 B – sala 202.

Assinatura:________________________________________________________

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