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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR Glauciara Aparecida de Godois NÃO-CONFORMIDADES NA IMPORTAÇÃO São José 2005

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM

COMÉRCIO EXTERIOR

Glauciara Aparecida de Godois

NÃO-CONFORMIDADES NA IMPORTAÇÃO

São José 2005

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GLAUCIARA APARECIDA DE GODOIS

NÃO-CONFORMIDADES NA IMPORTAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso - pesquisa teórico-empírica -

apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Administração da Universidade do Vale do

Itajaí.

Professor Orientador: Júlio César Schmitt Neto

São José

2005

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GLAUCIARA APARECIDA DE GODOIS

NÃO-CONFORMIDADES NA IMPORTAÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração – Habilitação Comércio Exterior da

Universidade do Vale do Itajaí, em [dia, mês e ano – constante da ata de aprovação].

Prof ª MSc. Luciana Merlin Bervian. Univali – CE São José Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

Prof º Júlio César Schmitt Neto

Univali – CE São José Professor Orientador

Prof ª Suzi Mary Hamilka Ipiranga

Univali – CE São José Membro

Prof º Amarildo Felipe Kanitz

Univali – CE São José Membro

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Dedico esta obra a meus pais Dorival e Sirlei, como

sempre falo, espero nunca decepcioná-los e sempre

ser motivo de orgulho. Eu amo vocês!

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Agradecimentos: A Deus por ter permitido a minha existência,

e ter permitido eu conquistar mais uma vitória. A meu pai, por

acreditar na minha capacidade, dar incentivo constante nas

horas difíceis e ajudar a tornar meu sonho uma realidade. A

minha mãe por ter me indicado o caminho a percorrer e

acreditar que nada é impossível. As minhas irmãs Ziza e Nany,

minhas grandes incentivadoras e muito mais que irmãs. A

minha amiga Janes, começamos nossa caminhada juntas e

iremos terminar juntas sempre uma torcendo pela outra. A meu

orientador Professor Júlio, pela dedicação, confiança e acreditar

no meu potencial. Aos meus colegas de faculdade e amigos de

infância, por sempre dar uma palavra de incentivo. Aos amores

que passaram durante este período e que de uma forma ou outra

deixaram um conselho e que ajudou ao meu engrandecimento

pessoal. O longo caminho percorrido até aqui foi possível

somente com o apoio destas pessoas.

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v

Corrigir, ajuda; encorajar, ajuda ainda mais.

(Goethe)

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vi

RESUMO

A abertura dos mercados internacionais trouxe para as empresas de comércio exterior uma

nova realidade com relação à qualidade dos serviços prestados, com isso foi fundamental criar

alternativas para facilitar os processos de importação. A proposta deste trabalho é analisar as

não-conformidades nos processos de importação de duas empresas, como também apresentar

um controle de processo que sirva de orientação para as empresas. A pesquisa caracterizou-se

como qualitativa, com entrevistas junto aos principais envolvidos na área de importação,

análise documental e embasamento bibliográfico. Os dados foram coletados em livros,

entrevistas e consulta nos processos realizados. São apresentadas neste trabalho as etapas do

processo de importação nas empresas de comércio exterior, bem como as não-conformidades

ocorridas durante o processo. Observou-se que em ambas as empresas as não-conformidades

ocorreram e houve dificuldades para identificar onde as mesmas aconteciam. A elaboração de

um controle de processo de importação seria uma alternativa para, possivelmente, diminuir

esses erros de processo.

Palavras-chave: Importação, não-conformidades, Empresas de comércio exterior.

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vii

ABSTRACT

The opening of the international markets brought for the companies of foreign

commerce a new reality with relation to the quality of the given services, with this was basic

to create alternative to facilitate the importation processes. The proposal of this work is to

analyze not-conformity in the processes of importation of two companies, as also to present a

process control that serves of orientation for the companies. The research was characterized

as qualitative, with interviews together to the involved ones in the area of importation,

documentary analysis and bibliographical base. The data had been collected in books,

interviews and consultation in the carried through processes. The stages of the process of

importation in the companies of foreign commerce are presented in this work, as well as

occurred not-conformity during the process. It was observed that in both the companies not-

conformity had occurred and had difficulties to identify where the same ones happened. The

elaboration of a control of importation process would be an alternative for, possibly, reduce

these errors of process.

Words-key: Importation, not-conformity, Companies of foreign commerce.

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Lista de ilustração

Figura 1 – Macrofluxo do processo de importação. .............................................................. 49

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Lista de Siglas

ALADI – Associação Latino-Americana de Integração.

AWB – Air Waybill (Conhecimento de Embarque aéreo).

BACEN – Banco Central do Brasil.

BIRD – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento.

BL – Bill of Lading (Conhecimento de Embarque Marítimo).

CI – Comprovante de Importação.

COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.

CRT – Conhecimento Internacional de Transporte.

DECEX – Departamento de Operações de Comércio Exterior.

DI – Declaração de Importação.

DNC – Departamento Nacional de Combustíveis.

DVA – Declaração de Valor Aduaneira.

EADI – Estação Aduaneira Interior.

GATT – Acordo Geral sobre Tarifa Aduaneira e Comércio.

ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadoria.

II – Imposto de Impostação.

INCOTERMS – Internactional Commercial Terms.

IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.

IPI – Imposto sobre Produto Industrializado.

LI – Licença de Importação.

MANTRA – Sistema Informatizado de Controle de Armazenamento de Cargas.

NCEN – Conselho Nacional de Energia Nuclear.

NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul.

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PIS – Programa de Integração Social.

REI – Registro de Exportador e Importador.

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.

SECEX – Secretária de Comércio Exterior.

SGP – Sistema Geral de Preferência.

SGPC – Sistema Global de Preferências Comerciais.

SISBACEN – Sistema de Operações de Câmbio do Banco Central.

SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior.

SRF – Secretaria da Receita Federal.

SUNAMANN – Departamento de Marinha Mercante Coordenação Geral do

Transporte Marítimo.

TEC – Tarifa Externa Comum.

ZFM – Zona Franca de Manaus.

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SUMÁRIO

Resumo................................................................................................................................................................... vi

Abstract .................................................................................................................................................................vii

Lista de Ilustração ...............................................................................................................................................viii

Listas de Siglas....................................................................................................................................................... ix

1 INTRODUÇÃO 13

1.1 PROBLEMA PESQUISA........................................................................................... 14

1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivo geral ......................................................................................... 14

1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................. 14

1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 15

1.4 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO................................................................. 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRIC A 17

2.1 GLOBALIZAÇÃO E O COMÉRCIO INTERNACIONAL.................................................. 17

2.2 IMPORTAÇÃO....................................................................................................... 19

2.3 SISTEMÁTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL ............................................... 20

2.3.1 Órgãos Intervenientes.............................................................................. 20

2.4 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO ............................................................................ 24

2.4.1 Registro de Exportador e Importador (REI)............................................. 25

2.4.2 Pesquisa de Mercado............................................................................... 25

2.4.3 Fatura Proforma – (Proforma Invoice)..................................................... 26

2.4.4 Análise da Proposta Comercial................................................................ 27

2.4.5 Licença de Importação ............................................................................ 27

2.4.6 Contratação de Frete e Seguro/Embarque da Mercadoria......................... 27

2.4.7 Contratação de Câmbio ........................................................................... 28

2.4.8 Pagamento ao Exportador ....................................................................... 28

2.4.9 Liquidação de Câmbio ............................................................................ 29

2.4.10 Despacho Aduaneiro de Importação........................................................ 29

2.5 DOCUMENTOS PARA O PROCESSO DE IMPORTAÇÃO ............................................... 31

2.5.1 Fatura Proforma ...................................................................................... 31

2.5.2 Fatura Comercial..................................................................................... 31

2.5.3 Manifesto de Carga ................................................................................. 32

2.5.4 Conhecimento de Embarque.................................................................... 32

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2.5.5 Romaneio de Embarque – Packing List ................................................... 32

2.5.6 Certificado de Origem............................................................................. 33

2.5.7 Outros Certificados ................................................................................. 34

2.5.8 Nota Fiscal de Entrada ............................................................................ 34

2.5.9 Certificado de Seguro/Apólice de Seguro (Insurance Certificate)............ 34

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS 35

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.......................................................................... 35

3.2 CONTEXTO E PARTICIPANTES: QUEM VAI PARTICIPAR DA PESQUISA....................... 35

3.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................... 35

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS................................................................... 36

4 RESULTADOS DO ESTUDO 37

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS....................................................................... 37

4.2 PROCESSO DE IMPORTAÇÃO EMPRESA “A”........................................................... 38

4.2.1 Resumo da importação realizada ............................................................. 42

4.3 PROCESSO DE IMPORTAÇÃO EMPRESA “B” ........................................................... 42

4.3.1 Resumo da importação realizada ............................................................. 46

4.4 DEFINIÇÃO DO PROCESSO DE IMPORTAÇÃO........................................................... 47

4.5 NÃO-CONFORMIDADES OCORRIDAS DURANTE OS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO ...... 50

4.6 CONTROLE DE PROCESSO DE IMPORTAÇÃO ........................................................... 53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 57

REFERÊNCIAS 59

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1 INTRODUÇÃO

O processo de globalização provocou profundas modificações políticas, econômicas e

sociais no mundo a partir dos anos 90. Diante desta realidade e a abertura global dos

mercados internacionais, as empresas de comércio exterior procuraram alternativas para criar

facilidades no processo de importação, objetivando a agilidade, qualidade nos serviços

prestados e tentando estabelecer padrões de controle para as não-conformidades durante o

processo.

Assim, as normas de comércio exterior, disciplinam as entradas de mercadoria

procedentes do exterior e/ou a saída de mercadorias do território nacional, bem como, ajudam

para que cada mercadoria tenha sua classificação fiscal, devendo ser enquadrada de acordo

com suas especificações durante as etapas do processo de importação. (MARQUES, 1999).

Porém, estas normas nem sempre são utilizadas corretamente, ocasionando erros

durante o processo e como conseqüência disso, grandes problemas para liberação da

mercadoria.

Para o não ocorrimento desses erros, é necessário implantar um controle, que contenha

de forma clara o que fazer e como fazer para diminuir o número de não-conformidades

ocorridas, bem como, analisar onde estes erros acontecem.

O presente trabalho visa analisar as não-conformidades1 ocorridas no processo de

importação dentro de duas empresas de Comércio Exterior que serão abordadas no decorrer

do trabalho.

11 Não-Conformidade – Significa o produto, matéria-prima ou documento que não atende a requisito especificado.

(OLIVEIRA, 1995, p. 102)

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1.1 Problema pesquisa

A prática de importação é uma atividade de grande importância dentro das empresas

de comércio exterior.

Nos últimos tempos, as empresas aprendem a atuar com base num conjunto diferente

de regras que as torna flexíveis, respondendo e correspondendo às mudanças competitivas e

mercadológicas para conseguir as melhores práticas.

Com a abertura da economia global, as empresas que atuam no comércio exterior

precisam estar preparadas para competir, e a competitividade de uma empresa importadora

passa pelo desempenho em suas operações de importação.

Durante o processo de importação é necessário analisar a ocorrência das não-

conformidades, minimizando e ajudando a agilizar a entrega das mercadorias em seu destino

final.

Portanto, a idéia central deste trabalho é analisar as não-conformidades ocorridas no

processo de importação. Para tanto se formula a seguinte pergunta de pesquisa: “Como

ocorrem as não-conformidades nos processos de importação realizadas pelas empresas Free

Port e Orsitec”?

1.2 Objetivos

Para a realização do trabalho, foram definidos os objetivos geral e específico.

1.2.1 Objetivo geral

Analisar as não-conformidades ocorridas nos processos de importação realizados pelas

empresas Free Port e Orsitec.

1.2.2 Objetivos específicos

- Analisar como é desenvolvido o processo de importação dentro das empresas

Free Port e Orsitec.

- Investigar quais são as não-conformidades ocorridas nos processo de

importação e seus efeitos para as empresas.

- Apresentar um controle de processo de importação que sirva de orientação

para as empresas de comércio exterior.

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1.3 Justificativa

Com o atual cenário de abertura de mercados e a formação de blocos econômicos, o

comércio exterior projeta-se como atividade imprescindível para o desenvolvimento da

economia de todo o país. (IANNI, 2001).

Dessa forma é necessário que cada etapa de um processo de importação seja

controlada para evitar erros. Faz-se necessário orientar as empresas de comércio exterior, pois

um pequeno erro pode por a perder todo o processo e perda total da mercadoria importada.

A presente pesquisa justifica-se também, pelo grande interesse para a pesquisadora em

suas atividades acadêmicas, tendo em vista mais tarde aprofundar-se no assunto e até mesmo

poder criar uma ferramenta de apoio para diminuir as não-conformidades.

As análises de não-conformidades foram realizadas em duas empresas de comércio

exterior, a Free Port e Orsitec, que após receberem a proposta do trabalho, refletiram sobre os

benefícios que a pesquisa poderia trazer para o dia-a-dia das empresas e também por ninguém

até o presente momento querer pesquisar sobre este assunto.

1.4 Apresentação geral do trabalho

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi estruturado para analisar as não-

conformidades no processo de importação dentro das empresas de comércio exterior, Free

Port e Orsitec.

O capítulo 1 apresenta a introdução, juntamente com a descrição problema, os

objetivos do estudo (Geral e Específico) e justificativa.

Já o capítulo 2, apresenta a fundamentação teórica, que aborda os conceitos básicos

sobre globalização e o comércio internacional, importação, sistemática da importação, entre

outros.

No capítulo 3, a descrição do método visa caracterizar a pesquisa, como o tipo, a

forma de coleta de dados e o contexto em que a mesma foi realizada.

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Em seguida, no capítulo 4, são apresentados os resultados da pesquisa, isto é, o

processo de importação das empresas de comércio exterior, a análise das não-conformidades

ocorridas durante o processo e a apresentação de um controle para o processo.

Finalmente no capítulo 5, são abordadas as considerações finais, contribuindo com

sugestões e fazendo observações para continuidades da pesquisa futuramente.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão abordados aspectos da globalização e o comércio internacional,

Importação e os procedimentos para a prática de importação.

2.1 Globalização e o Comércio Internacional

O comércio internacional teve origem na sociedade medieval. A sociedade medieval

estava unida ideologicamente em torno do pensamento cristão sob amparo da igreja católica,

sendo caracterizada pela multiplicidade de cidades autônomas e pelo exercício local do poder

pelo nobre ou pelo governo municipal. (DI SENA, 2003). Com o surgimento do

mercantilismo, essa estrutura rompeu, alargando o comércio internacional. Desde então os

estados elevaram a renda nacional e proporcionaram melhorias na qualidade de vida da

população.

Com o desenvolvimento do comércio internacional, ocorreu um novo ciclo histórico,

podendo destacar acontecimentos como as invenções, descobrimentos marítimos e a reforma

religiosa. (VAZQUEZ, 1999a).

A partir do século XIX, o liberalismo econômico intensificou-se, porém muitas de

suas idéias não haviam sido implementadas satisfatoriamente. Com a I Guerra Mundial (1914

– 1918) e a Crise Econômica, houve fechamento dos mercados e o aumento das barreiras

tarifárias. Assim, o comércio internacional ficou restringido, agravando a recessão econômica

da época.

O processo de globalização trouxe desafios tecnológicos, culturais e políticos para os

países. (LACERDA, 1998). Começaram a surgir oportunidades e fortalecimento nas relações

dos países. Com isso cresceu a competitividade na forma de produção, trazendo também

transformações tecnológicas, organizacionais e financeiras.

A globalização provocou reestruturação dentro das empresas, interferindo

significativamente na adaptação de sobrevivência das mesmas. Com as mudanças que

ocorrem nos dias atuais, deve-se estar atento a todas novas estratégias para conseguir

colocação no mercado. Por isso é importante a relação entre países, pois influência na política

do comércio exterior.

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O comércio internacional favorece o acesso de bens, aumentando a competitividade de

produtos com maior qualidade e menor preço. Com a abertura de mercado muitas empresas

internacionais investem, trazendo benefícios econômicos e sociais para a população.

(CHEREM, 2004).

Para que um país possa atingir os objetivos na política de comércio exterior são

necessários alguns pontos:

a) Economia interna baseada na livre iniciativa e liberdade de mercado;

b) liberdade política e social no âmbito interno;

c) controle de déficit público e da inflação;

d) aprimoramento dos recursos humanos disponíveis para a produção;

e) especialização e aprendizado das novas tecnologias existentes no mercado

externo;

f) aproveitamento racional e otimizado dos recursos naturais e de infra-

estrutura;

g) adoção de política racional para proteção da produção nacional;

h) desenvolvimento de uma política de comércio exterior independente e

vinculada à capacidade produtiva do país. (MARQUES, 1999).

No Brasil, o comércio exterior vem alavancando o crescimento da economia.

(VAZQUEZ, 1999a). As exportações aumentam gradativamente, pois os países não

conseguem produzir todos os produtos de que necessitam e como o Brasil é um forte

exportador de produtos agroindustriais a relação com outros países vem ampliando as

atividades no mercado internacional, criando respeito como parceiro na nova realidade

econômica. Segundo Silveira (2005):

A agroindústria é um dos principais segmentos da economia brasileira, com importância tanto no abastecimento interno como no desempenho exportador do Brasil. Uma avaliação recente estima que sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) seja de 12%, tendo, pois uma posição de destaque entre os setores da economia, junto com a química e a petroquímica. Na década de 70, a agroindústria chegou a contribuir com 70% das vendas externas brasileiras. Atualmente, essa participação está em torno de 40%, não só pela diversificação da pauta de exportações, mas também pela tendência à queda dos preços das commodities agrícolas nos últimos 20 anos. Ainda assim, o setor cresceu e aumentou o valor das exportações em quase todos seus segmentos.

Assim verifica-se a importância de estudar também sobre o conceito de importação e

como é o seu procedimento, a mesma será apresentada a seguir.

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2.2 Importação

Nenhum país é auto suficiente de produzir tudo o que necessita, geralmente procuram

em outros países os recursos para compor o produto ou até mesmo para fabricá-los, por estes

motivos utilizam a importação.

Denomina-se importação a entrada de mercadorias em um país, proveniente do

exterior. Da mesma forma como ocorre na exportação, a importação poderá compreender,

também os serviços ligados à aquisição desses produtos no exterior (fretes, seguros, serviços

bancários, etc.). (RATTI, 1994).

As relações comerciais entre dois países se traduzem nas transações comerciais de

compra e venda de mercadorias, de produtos industrializados finais e intermediários, de

matérias primas, de Know-how, de tecnologia e de serviços. (CAMPOS, 1990).

Os países geralmente necessitam das importações por não terem recursos tecnológicos

para compor o produto ou até mesmo, para a fabricação.

As importações são vitais na economia de qualquer país, seja ele rico ou pobre.

Nenhum país tem a capacidade de desenvolver tudo o que necessita. Assim, recorrem ao

mercado internacional a procura do produto, bem ou serviço que necessita. Aliás, os países

estão subordinados a uma lei econômica segundo ao quais quanto mais desenvolvidos e mais

industrializados forem, maior será a sua necessidade de ampliar o relacionamento com os

demais países. (PERRIA, 1990).

Dentre vários objetivos, pode-se destacar dois como principais no processo de

importação:

a) suprir as necessidades internas, com mercadorias em que não é auto-suficiente;

b) propiciar um intercâmbio com os demais países. (PERRIA, 1990).

As importações têm sido alvo de interesse das empresas, pois é uma alternativa para a

expansão de suas áreas comercial e de produção. Segundo dados do IPCA2, na década de 90

houve a abertura das fronteiras nacionais, fazendo com que as atividades de comércio exterior

2 IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Utilizado como indicador geral da inflação que

apresenta a variação de preços da totalidade dos bens e serviços disponíveis para o consume pessoal. (Fonte

IBGE).

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tornassem mais freqüentes. Essa abertura trouxe condições de crescimento de intercâmbio de

mercadorias, serviços e tecnologias das empresas brasileiras com o resto do mundo.

A importação é importante para o Brasil, pois traz aumento nas negociações

internacionais, nos portos brasileiros e na criação e atualização dos órgãos que regulam esta

atividade. (CAVES, 2001).

Também acontece um aumento de produtividade das empresas, pois facilita o acesso

ao mercado internacional, podendo oferecer preços mais acessíveis para a compra e venda de

mercadorias, sem falar nos inúmeros acordos e tratados que trazem benefícios como

diminuição de impostos, redução de barreiras comerciais e geração de lucros.

Veremos as seguir como é a Sistemática de Comércio Exterior em nosso país e sua

definição.

2.3 Sistemática de Comércio exterior do Brasil

Podemos definir sistemática como um conjunto de elementos, entre os quais haja

alguma relação, é à disposição das partes de um todo, coordenados entre si, que formam uma

estrutura organizada. (MALUF, 2000).

Assim, a sistemática de comércio exterior do Brasil, tem como estrutura operativa, os

acordos internacionais, bem como as políticas econômicas por ele estabelecidas.

“A partir das negociações internacionais são criadas as regulamentações da política de

comércio exterior do país que dispõe de mecanismos para dar forma às leis, decretos,

resoluções, pareceres, comunicados, Instruções Normativas e outros”. (MALUF, 2000, p.

24).

É importante ressaltar os órgãos intervenientes no comércio exterior que ajudam a

controlar as entradas e saídas das mercadorias, emitir pareceres, auxiliar as empresas e apoiar

na busca de novos mercados.

2.3.1 Órgãos Intervenientes

Existem vários órgãos que irão intervir no Comércio Exterior do Brasil:

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a) Órgãos gestores: São os órgãos que afetuam controle e garantia a

operatividade do comércio exterior com base nas definições normativas.

(VAZQUEZ, 1999a). Entre eles estão:

• Secretaria da Receita Federal: órgão do Ministério da Fazenda,

responsável por fiscalizar as entradas e saídas das mercadorias do

país, desembaraço aduaneiro e fiscalizar a correta utilização dos

incentivos fiscais concedidos pela legislação em vigor às

exportações e importações.

• Banco Central do Brasil: órgão do Ministério da Fazenda

responsável pelo controle cambial brasileiro. Também é de sua

responsabilidade cumprir e fazer cumprir as disposições que

regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo

Conselho Monetário Nacional e controle do funcionamento do

sistema de movimentação de moeda estrangeira no país.

• Secretaria de Comércio Exterior – SECEX / Departamento de

operações de Comércio exterior – DECEX: órgão do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responsável por

conduzir as atividades inerentes ao Comércio exterior, pronuncia-se

sobre a convivência da participação do Brasil em Acordos ou

Convênios Internacionais, emissão de licenças de exportação e

importação e controle das operações de comércio exterior.

b) Órgãos anuentes: São os órgãos que emitem um parecer técnico da

especificidade do produto, podendo ocorrer tanto na importação como na

exportação. Estes órgãos estão credenciados ao SISCOMEX3, para

manisfestar-se sobre as operações relativas a produtos de sua competência,

quando previsto em legislação específica. (MALUF, 2000). São eles:

3 SISCOMEX – Instituído pelo Decreto nº 660 de 25/09/1992, é a sistemática administrativa do comércio

exterior brasileiro, que integra as atividades afins da SECEX, SRF e BACEN, no registro, acompanhamento e

controle das diferentes etapas das operações de exportação e importação. (VAZQUEZ, 1999b, p. 170).

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• Banco do Brasil (por meio de delegação da SECEX): emite o

Certificado de Origem para produtos Têxteis de alguns países como

EUA, Canadá e União Européia.

• Conselho Nacional de Energia Nuclear – NCEN: autoriza

previamente: ambligonita, petalita, lepidolita, dióxido de zircônio,

elementos químicos radioativos, pós-minerais do grupo berilo,

aparelho de raios-X, aparelhos cirúrgicos, odontológicos ou

veterinários ou outras finalidades, medidores de radioatividade

dentre outros.

• Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX):

controle de utilização de cota de exportação como açúcar cristal e

derrama açúcar de beterraba, mel rico invertido, álcool etílico, não

desnaturado entre outros. Confere a vinculação de Ato Concessório

e limite máximo de espessura e espécie para amostra destinada a

teste ou pesquisa de espécies exóticas obtidas do reflorestamento.

• Departamento Nacional de Combustíveis (DNC): responsável pela

autorização prévia de combustíveis minerais e produtos de sua

destilação, materiais betuminosos e ceras minerais amônia, produtos

químicos orgânicos, solventes para uso de combustível.

• Departamento da Policia Federal: responsável pela autorização

prévia da folha de coca, plantas, sucos e extratos vegetais de

catuaba e ópio, das quais possam extrair substâncias entorpecentes

que determinem dependência psíquica, medicamentos contendo

alcalóides ou que possam gerar dependência física ou psíquica.

• Ministério da Aeronáutica: responsáveis pela autorização prévia de

aeronaves nacionalizadas de emprego militar, e peças.

c) Órgãos auxiliares: São os órgãos que oferecem informações, apoio,

financiamento e intermediação entre importadores e exportadores. (MALUF,

2000). São eles:

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• Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE): oferece apoio técnico ao desenvolvimento das

atividades empresariais de pequeno porte, voltada para o fomento e

difusão de programas e projetos que visam a promoção e ao

fortalecimento das micro e pequenas empresas, objetivando a

capacitação e introdução dessas empresas no mercado internacional.

• Embaixadas e Consulados estrangeiros: Fornecem informações

sobre as estatísticas de comércio, tarifas e regulamentos

alfandegários, relação de importadores de produtos agrícolas,

minerais e industrializados, indicações para contatos com

departamentos governamentais e organizações oficiais.

• Câmaras de Comércio: fornecem informações aos exportadores

interessados em vender para determinados países.

• Ministério das Relações Exteriores: tem papel fundamental no

desenvolvimento do comércio exterior do Brasil, já que atua no

campo da política internacional, das relações diplomáticas e

consulares, participa nas negociações bilaterais, comerciais,

financeiras com países e entidades estrangeiras.

• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: financia

em longo prazo os empreendimentos que contribuam para o país.

• Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD): é

um organismo resultante da Conferência de Bretton Woods, que

tem por finalidade contribuir nas obras de reconstrução e

desenvolvimento em territórios dos países associados, facilitando a

inversão de capitais para fins produtivos, inclusive a restauração das

economias destruídas ou deslocadas pela guerra.

d) Fontes auxiliares de consulta: São os órgãos responsáveis pela cooperação,

comunicação e reforço dos regulamentos das atividades entre importadores e

exportadores. (VAZQUEZ, 1999a). São eles:

• Redes Internacionais de Negócios: apóiam e fomentam a

cooperação entre empresários, assim como facilitar o acesso de

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empresas a novos mercados, ao fluxo internacional de capitais,

modernas tecnologias e técnicas gerenciais.

• Internet: meio de comunicação que tem provocado grande alteração

na forma de operar no mercado, tanto interno como externo.

• ONG: Interferem no mercado transformando-se em nicho de

mercado, no que se refere à fonte de recursos de financiamentos

quanto a demandas específicas, alterando as relações entre os países

e forçando regulamentações das suas atividades afins.

A Sistemática de importação mostrará a seguir, as etapas básicas de um processo de

importação.

2.4 Sistemática de Importação

As negociações entre compradores e vendedores no comércio internacional são bem

mais complexas do que as transações do mercado interno. Isto porque entram diversos novos

fatores no equacionamento das operações, tais como câmbio, normas de comércio dos

mercados fornecedor e comprador, facilidades de transporte, regularidade com que as

operações podem repetir-se, etc.

“Os aspectos administrativos e fiscais que envolvem as operações do comércio

exterior, no Brasil são controlados pelo governo por meio de órgãos que integram a

administração pública”. (GIRARDI E PICONI, 1999, p.26).

Tal controle é exercido em conformidade com os objetivos da política econômica e

encontra-se alicerçado, principalmente nas seguintes ações:

• cambial, a cargo do Banco Central do Brasil (BACEN);

• administrativa, a cargo da Secretaria do Brasil (SECEX);

• fiscal, a cargo da secretaria da Receita Federal (SRF).

Para realizar a tarefa de acompanhar a evolução de um processo de importação deve-se

conhecer as etapas básicas desse processo, que serão apresentadas a seguir, com base nos

ensinamentos de MALUF (2000), RATTI (1994), BIZELLI e BARBOSA (1996), VAZQUEZ

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(1999a) VAZQUEZ (1999b), SOSA (1996) e Instrução Normativa da SRF nº. 206 de 25 de

setembro de2002.

2.4.1 Registro de Exportador e Importador (REI)

De acordo com a portaria do Departamento de Operações de Comércio Exterior -

(DECEX) nº. 206/02, o primeiro passo a ser tomado pelos interessados em atuar como

importadores é a inscrição do Registro de exportador e importador (REI), que pode ser feito

junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), no Banco do Brasil, na cidade em que a

empresa tiver sede.

A inscrição do REI será feita em uma das modalidades indicadas conforme Instrução

Normativa da Secretaria da Receita Federal (SRF), nº. 455 de 05 de outubro de 2004:

• Ordinária: Para pessoas jurídicas que atuem habitualmente no

Comércio Exterior ou na internação de mercadorias oriundas da

Zona Franca de Manaus (ZFM);

• Especial: Para órgãos da administração pública direta, autarquias e

fundações públicas, organismos internacionais, pessoas jurídicas

que exerçam atividades sem fins lucrativos ou na internação da

ZFM;

• Simplificada: Para pessoas físicas e jurídicas que atuem

eventualmente no comércio exterior, pessoas jurídicas que exerçam

atividades sem fins lucrativos ou na internação da ZFM.

2.4.2 Pesquisa de Mercado

Uma vez tomada à decisão de importar, a empresa ou pessoa física deve fazer uma

pesquisa de mercado, isto é, um levantamento abrangente e minucioso do produto a ser

importado, sua qualidade e preço, cotas, procedimentos aduaneiros e sanitários, por meio de

fax, telefone, catálogos, feiras, visitas, etc., bem como um estudo prévio do tratamento

administrativo adotado para o tipo de mercadoria e ainda a legislação que se aplica ao mesmo.

(RATTI, 1994).

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Essa pesquisa pode ser feita pelo próprio importador, ou por empresas credenciadas

para este fim.

Para avaliar a qualidade do produto, o ideal é solicitar uma amostra da mercadoria,

buscando de todas as formas evitar problemas de inviabilidade comercial.

2.4.3 Fatura Proforma – (Proforma Invoice)

Identificado o fornecedor no estrangeiro, o importador deve formalizar a negociação,

solicitando o envio da Fatura Proforma.

A fatura proforma é o documento que descreve os principais itens da transação, como:

• Nome e endereço completo do exportador, importador,

consignatário e fabricante (se houver);

• Modalidade de pagamento;

• Condição de venda;

• Modalidade de embarque;

• Descrição completa da mercadoria;

• Peso liquido e bruto;

• Total do volume e dimensão da mercadoria acondicionada para

exportação;

• Preço unitário e total, na moeda acordada;

• Agente, distribuidor ou representante: se há ou não. Caso haja, deve

constar endereço completo, percentual e tipo de comissão;

• Número, data de emissão e validade;

• Previsão de embarque;

• Assinatura do exportador. (MALUF, 2000).

Não há uma forma oficial da fatura proforma, ela varia conforme as exigências de

informações de país para país.

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2.4.4 Análise da Proposta Comercial

Já de posse da fatura proforma, o importador deverá analisar os principais itens da

proposta que são:

• Preço e modalidade de venda;

• Quantidade disponível e peso aproximado;

• Prazo de entrega;

• Modalidade de pagamento. (VAZQUEZ, 1999b).

2.4.5 Licença de Importação

Segundo a página do Banco do Brasil na internet, a licença de importação (LI) é o

documento destinado a licenciar as importações brasileiras através do registro no

SISCOMEX, do conjunto de informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal

que caracterizam a operação de importação de uma mercadoria e definem seu enquadramento.

Vazquez (1999a), descreve os dois tipos de LI:

A LI pode ocorrer de forma automática, quando as mercadorias não estão sujeitas a controle prévio ou ao cumprimento de condições especiais. Ou de forma não-automática, que ocorre quando as mercadorias ou operações estão sujeitas ao controle prévio e ao cumprimento de condições especiais. (VAZQUEZ, 1999a, p. 103).

Para preenchimento da LI, o importador ou seu representante legal, deve lançar os

dados da importação em seu computador e transmiti-lo ao computador central, via

SISCOMEX, podendo ocorrer após a elaboração de cada documento ou em lotes.

Após a transmissão da LI, o importador receberá mensagem de conclusão de

transmissão, protocolo e indicação do tratamento correspondente. Concluída a análise, o

órgão licenciador/anuente registrará sua decisão no sistema, com deferimento ou

indeferimento.

2.4.6 Contratação de Frete e Seguro/Embarque da Mercadoria

Obtido o licenciamento, pode-se providenciar o embarque da mercadoria, conforme a

condição de venda Internacional Commercial Terms (INCOTERMS), utilizada na transação,

o importador poderá ser responsável pela contratação e pagamento de frete internacional ou

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ainda respectivo seguro. Vazquez (1999a) relata a importância do uso da terminologia

comercial:

Quando transações comerciais são realizadas em nível internacional, torna-se necessário o emprego de uma terminologia comercial uniforme, a fim de definir qual das partes se comprometerá com as despesas de embarque, transporte e seguro das mercadorias, bem como qualquer outro tratamento e formalidade inerente à transação. (VAZQUEZ, 1999a, p. 77).

Com esse objetivo foram criados os INCOTERMS, que fornecem um conjunto de

regras internacionais para a interpretação dos termos mais utilizados no comércio

internacional, no que tange às condições de pagamento e entrega de mercadoria.

“A contratação do frete passa por diversas etapas. O primeiro passo a ser dado pelo

exportador será fazer a Reserva do Navio, ou melhor, a reserva num navio, que ficará

documentada em instrumento conhecido como Liner Booking Note”. (MALUF, 2000, p.

111).

2.4.7 Contratação de Câmbio

Define-se contrato de câmbio como o instrumento especial firmado entre o vendedor e

o comprador de moeda estrangeira, no qual se menciona as características das operações de

câmbio e as condições sob as quais se realiza. (VAZQUEZ, 1999b).

As operações de câmbio são registradas por intermédio de terminais interligados com

o Sistema de Operações de Câmbio do Banco Central – SISBACEN – por meio do

preenchimento de telas do sistema.

A contratação de câmbio de uma operação de importação dependerá do intermédio dos

bancos devidamente habilitados a operar nesta área.

Somente poderá efetuar o pagamento ao exportador da mercadoria o importador que

houver contratado câmbio através de um banco autorizado. Ao contratar o câmbio, o

importador pagará em Reais ao banco local, que remeterá moeda estrangeira para o banco

exportador.

2.4.8 Pagamento ao Exportador

O pagamento ao exportador da mercadoria importada se dará por meio da contratação

do câmbio em um banco autorizado. O importador pagará reais ao banco local, que remeterá

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moeda estrangeira para o pagamento do exportador. O momento exato dessa remessa

dependerá da modalidade de pagamento tratada entre as partes e do prazo de pagamento

pactuado. (BIZELLI E BARBOSA, 1996).

As modalidades de pagamentos são:

- Pagamento antecipado, também conhecido como “cheque”;

- Cobrança, que pode ser à vista ou a prazo; e;

- Carta de crédito, que pode ser à vista ou a prazo.

2.4.9 Liquidação de Câmbio

A liquidação do câmbio dar-se-á com a efetiva remessa ao exterior da moeda

estrangeira. Poderá ser pronta (até 02 dias úteis da data do fechamento do câmbio) ou futura

(até 360 dias contados da data da contratação do câmbio, porém limitada à data de

vencimento da obrigação no exterior). (MALUF, 2000).

2.4.10 Despacho Aduaneiro de Importação

Depois de analisar todos os documentos pertinentes às mercadorias, inicia-se o

Despacho Aduaneiro.

O Despacho Aduaneiro de Importação é o procedimento fiscal mediante o qual se

processa o desembaraço aduaneiro da mercadoria procedente do exterior, seja importada a

título definitivo ou não. (BIZELLI E BARBOSA, 1996).

Já Sosa (1996), classifica o despacho aduaneiro de importação, como um rito

procedimental de admissão aduaneira definitiva de mercadorias de procedência estrangeira.

Trata-se então de um procedimento fiscal através do qual a autoridade alfandegária

autoriza a entrada da mercadoria importada no país mediante a sua verificação física,

documental e de valor, normalmente executado nos terminais aduaneiros, aeroportos e regiões

de fronteira.

O despacho aduaneiro inicia-se com o registro da Declaração de Importação – DI e

finaliza-se com o desembaraço da mercadoria e emissão do Comprovante de Importação – CI.

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Usualmente o registro da DI é feito após a chegada da mercadoria no país com exceção dos

casos previstos para emissão de Declaração de Importação Antecipada, em que o registro

ocorre antes da chegada da mercadoria. (MALUF, 2000).

Segundo a Instrução Normativa da SRF nº. 206 de 25 de setembro de 2002, o registro

da DI é realizado via Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX, por solicitação

do importador, mediante a sua numeração automática única, seqüencial e nacional, reiniciada

a cada ano.

Na DI consta informações detalhadas sobre as transações internacionais, o país de

aquisição, o exportador, o volume adquirido, a qualidade das mercadorias, forma de

pagamento, veículo de transporte, Imposto sobre Produtos Internacionalizados – IPI,

Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM e Licença de Importação – LI.

O Registro da DI será efetivado se:

I – verificada a regularidade cadastral do importador;

II – após o licenciamento da operação de importação e a verificação do atendimento às

normas cambiais, conforme estabelecido pelos órgãos competentes;

III – após a chegada da carga, exceto na modalidade do despacho antecipado;

IV – após o recolhimento dos impostos e outros direitos incidentes sobre a importação,

se for o caso;

V – não for constatada qualquer irregularidade impeditiva do registro. (IN nº. 206 de

25 de setembro de 2002).

Com a chegada da mercadoria no território brasileiro, inicia-se o processo de sua

liberação, efetuando-se o despacho aduaneiro. (IN nº. 206 de 25 de setembro de 2002).

Após o pagamento do Imposto de Importação – II e do Imposto sobre Produtos

Industrializados – IPI, com base nas informações constantes na Declaração de Importação, a

Receita federal emitirá, via SISCOMEX, o Comprovante de Importação – CI que comprovará

que a mercadoria está liberada para consumo ou comercialização.

Como se pode observar, a sistemática de um processo de importação torna-se

complexa, devido principalmente ao fato de as importações estarem sob exigências de ordem

cambial, programações de prioridades e sofrerem os rigores da fiscalização aduaneira.

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Implicando assim a necessidade de um roteiro que auxilie sua sistemática de forma a garantir

a efetivação deste processo.

Veremos a seguir os documentos necessários para o processo de importação.

2.5 Documentos para o Processo de importação

Os documentos para o processo de importação são extremamente importantes, já que

possibilitam e desempenham diversas funções. Mesmo porque os bancos, agentes

intermediários das operações financeiras, irão se basear neles para conceder crédito, efetuar

pagamento, recusar pagamento e utilizá-los para ressarcimento de seus eventuais prejuízos.

(VAZQUEZ, 1999b). Serão descritos os documentos necessários num processo de

importação.

2.5.1 Fatura Proforma

Como já mencionado anteriormente, a Fatura Proforma é o primeiro documento

representativo do negócio realizado após o Contrato de Compra e Venda. O exportador emite

a Fatura Proforma onde constará o detalhe das operações concluído. (MALUF, 2000).

Já para o importador a ProForma servirá para providenciar os tramites de

Licenciamento de Importação em seu país, bem como extrair dados para a abertura da Carta

de Crédito e outros. Vários dados devem constar na Fatura Proforma, os mesmo já foram

descritos anteriormente.

2.5.2 Fatura Comercial

“A Fatura Comercial é o documento que comprova a venda da mercadoria e que

transfere ao comprador a posse da mesma, não a propriedade”. (VAZQUEZ, 1999b, p. 184).

Na Fatura Comercial aparece todos os detalhes possíveis para a operação como: nome

do vendedor e endereço, nome do comprador e endereço, nome do consignatário, nome do

representante e de maneira sumária as condições de venda.

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A Fatura Comercial deverá ser emitida em quantas vias forem necessárias pelo

comprador para atender as exigências no Desembaraço Aduaneiro e liberação de divisas para

pagar a importação.

2.5.3 Manifesto de Carga

É um documento emitido pelo transportador que relaciona todos os conhecimentos de

carga embarcados em determinados pontos e destinados a um outro ponto. Seu objetivo é

apurar se houve acréscimo ou diminuição de Carga. (MALUF, 2000).

2.5.4 Conhecimento de Embarque

Representa a propriedade da mercadoria. Juridicamente, a sua natureza é Titulo de

Crédito, ou seja, um contrato de transporte, que representa as próprias mercadorias,

equivalente à sua transferência. (MARQUES, 1999).

Tipos de conhecimentos de embarque:

• Aéreo: Air Waybill – AWB: Conhecimento de Embarque Aéreo.

• Marítimo: Bill of Lading – BL: Conhecimento de Embarque

Marítimo.

• Rodoviário: Conhecimento Internacional de Transporte

Internacional Rodoviário – CRT.

Para o Mercosul o modal mais utilizado em grande escala é o rodoviário – CTR ou

Carta de Porte Internacional Por Carretera, onde para todo o trâmite do processo há

obrigatoriedade de uma via original que descreva na íntegra toda a mercadoria e valores.

2.5.5 Romaneio de Embarque – Packing List

Documento que tem por finalidade listar os volumes a serem embarcados, bem como a

discriminação de seu conteúdo. Dados que devem conter no documento são número, peso,

marca, tipo de volume, conteúdo, dimensões, além de outras informações que possam

identificar as mercadorias embarcadas em suas respectivas embalagens. Não tem um modelo

oficial, é dever do exportador sua confecção.

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O romaneio de embarque tem por finalidade:

• orientar o exportador, importador, operadores portuários e armazéns

nas movimentações da carga e utilização de equipamentos com

esses fins;

• orientar as autoridades aduaneiras do país importador na

identificação dos produtos quando da conferência física dos

mesmos, dando celeridade ao processo aduaneiro;

• orientar o importador, na sua área de suprimentos e almoxarifado,

na armazenagem adequada para o fim a que se destina.

(MARQUES, 1999).

2.5.6 Certificado de Origem

“É uma declaração formal de que a mercadoria objeto daquela importação ou

exportação, com detalhes do embarque é originária de determinado país”. (VAZQUEZ,

1999b, p. 189).

No âmbito de acordos internacionais ou regionais – as preferências são determinadas,

podendo representar o ingresso no país comprador (importador) com o imposto de importação

reduzido ou mesmo nulo. A seguir será exemplificados alguns certificados de origem:

• Mercosul/ALADI: emitido pela federação do Comércio ou pela

Federação das indústrias, destinado a comprovar a origem de

mercadorias brasileiras exportadas para países da América Latina;

• Sistema Geral de Preferência – SGP: emitido pela SECEX, é um

acordo entre países industrializados, com a finalidade de conceder

margem de preferência às nações em desenvolvimento, facilitando o

aumento de suas exportações;

• Sistema Global de Preferências comerciais – SGPC: dá concessão

de vantagens múltiplas de modo a trazer benefícios a todos os seus

participantes.

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2.5.7 Outros Certificados

• Certificado Fitossanitário (Phutosanitary Certificate): certifica as

condições sanitárias e de salubridade dos produtos;

• Certificado de Análise (Analysis Certificate): fornece uma análise

físico-química do produto exportado, conforme solicitado pelo

exportador;

• Certificado de Qualidade (Quality Certificate): atesta a qualidade do

produto exportado;

• Certificado de Inspeção (Inspection certicate): certifica que foi

realizada a inspeção da mercadoria antes do embarque e as boas

condições desta;

• Certificado de peso (Weight Certificate): certifica os pesos bruto e

líquido do embarque. (MALUF, 2000).

2.5.8 Nota Fiscal de Entrada

É o documento que registra contabilmente a entrada da mercadoria, juntamente com a

DI e CI e outros documentos comprobatórios da nacionalização. Após o desembaraço

aduaneiro é necessária a emissão da Nota Fiscal de entrada da mercadoria no estabelecimento

do importador. (MALUF, 2000).

2.5.9 Certificado de Seguro/Apólice de Seguro (Insurance Certificate)

Documento emitido por companhia de seguros comprovados a contratação do seguro

internacional. A sua contratação por uma ou outra parte vai depender da condição de venda

pactuada entre as partes.

“A apólice de seguro é usada para uma única operação, mediante utilização da apólice

especifica. O certificado de seguro é utilizado quando a empresa adota a Apólice Aberta”.

(MALUF, 2000, p. 157).

No próximo capítulo será descritos os aspectos metológicos para realização da

pesquisa.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo abordará os aspectos metodológicos da pesquisa que foi realizada.

3.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa exploratória é caracterizada pelo desenvolvimento e esclarecimento de

idéias, com o objetivo de oferecer uma visão sobre algo que é pouco explorado.

(GONÇALVES, 2001). Alinhada com a qualitativa, onde os dados coletados serão

interpretados para achar uma solução e colocá-la em prática. (GIL, 1995).

O delineamento da pesquisa se fundamentou na idéia de analisar as não-

conformidades no processo de importação, onde será feita uma comparação entre as empresas

e verificar se os erros são iguais, se acontecem em uma determinada etapa ou apenas

esporadicamente.

3.2 Contexto e participantes: quem vai participar da pesquisa

Os dados forão coletados dentro das empresas Free Port e Orsitec. Verificando

documentos emitidos durante o processo de importação, juntamente como os representantes

legais das empresas, órgãos públicos, despachantes aduaneiros, transportadoras, entre outros

envolvidos.

3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados

A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados foi restrita a

documentos sob forma de texto, imagens, sons, sinais, etc., que ainda não receberam

tratamento analítico, constituindo o que se denomina fontes primárias. (GONÇALVES,

2001).

As fontes utilizadas para a pesquisa documental neste trabalho foram documentos e

informações fornecidas pelas empresas, como exemplo, fatura proforma, conhecimento de

embarque, comprovante de importação, declaração de importação, entre outros.

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Outro instrumento utilizado foi à pesquisa bibliográfica, sua característica é a

identificação e análise dos dados escritos em livros, artigos de revistas, dentre outros. A

pesquisa bibliográfica também pode ser chamada de fontes secundárias, pois ela é transcrita a

partir das fontes primárias. (GIL, 1995).

As fontes utilizadas para a pesquisa bibliográfica neste trabalho foram livros, artigos,

etc., que continham informações sobre o assunto estudado.

Também houve contato direto, onde a pesquisadora pode realizar duas entrevistas com

os supervisores responsáveis pela área de importação dentro das empresas, para melhor

consistência na estrutura do trabalho.

3.4 Tratamento e análise dos dados

A análise e tratamento dos dados ocorreram pela comparação documental dos dois

processos de importação, pesquisa bibliográfica juntamente com o contato direto e

participação da pesquisadora nos referidos processos.

Ao organizar essas informações, foi possível identificar os pontos onde ocorreram as

não-conformidades, descrever o processo de importação de cada empresa, montar o

macrofluxo do processo de importação e apresentar em forma de formulário o controle de

processo de importação.

Os dados coletados serão apresentados a seguir, e comentados passo a passo

individualmente.

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4 RESULTADOS DO ESTUDO

Neste capítulo é apresentada a caracterização das empresas, objeto de estudo como

também a análise de como é desenvolvido o processo de importação dentro destas.

4.1 Caracterização das Empresas

As empresas envolvidas nesta pesquisa, Free Port Assessoria e Comércio exterior

LTDA e a Orsitec Assessoria e Comércio Exterior, prestam assessoria para as empresas que

desejam iniciar atividades no setor de importação e exportação, até o desembaraço aduaneiro

dos produtos e o acompanhamento da operação cambial.

A Free Port foi fundada em Florianópolis em 26 de janeiro de 2000. A empresa surgiu

a partir de um sonho de dois jovens com conhecimento e experiência, de possuírem a sua

própria empresa para atuarem no ramo de despacho aduaneiro.

A empresa opera nos portos de Itajaí, São Francisco do Sul, Imbituba e nos aeroportos

de Florianópolis e Navegantes.

Para conquista de novos clientes, a Free Port começou realizando visitas periódicas às

empresas, e hoje possui uma carteira considerável de clientes próprios, já sendo conhecida no

mercado.

Já a Orsitec, foi fundada em 1981 e tendo como foco o cliente, optou por oferecer uma

consultoria altamente qualificada, com segurança e agilidade, adequadas às necessidades de

cada cliente.

Com o surgimento de televisão a cabo em 1993, um grupo detentor de várias empresas

de distribuição dos sinais de TV a cabo sediou uma de suas empresas em Florianópolis. Como

o Brasil não detinha algumas tecnologias para atender a esse mercado, surgiu a idéia de se

criar uma empresa que importasse produtos componentes deste meio. Foi então que surgiu a

REYC Comércio LTDA.

A empresa importadora, REYC, no início tinha o compromisso de comprar tecnologia

dos Estados Unidos e de outros países para atender as necessidades deste grupo, criando-se

um negócio motivado pela demanda e teve crescimento em alta velocidade. Com isto criou-se

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um departamento com a parceria do escritório Orsitec Contabilidade, que na época prestava

serviços contábeis, para juntos cuidarem exclusivamente dos despachos aduaneiros.

Com o crescimento da REYC, a Orsitec criou um escritório exclusivo voltado aos

despachos aduaneiros, tornando-se um escritório de prestação de serviços na área de comércio

exterior. A sede possui amplo suporte informatizado e uma equipe profissional treinada,

permitindo que a empresa dê respostas precisas e imediatas a seus clientes.

A empresa também possui serviços na área legal, contábil, fiscal, tributaria e pessoal.

A seguir será descrito o processo de importação dentro das duas empresas de comércio

exterior.

4.2 Processo de Importação Empresa “A”

Foram obtidos documentos e informações que levaram ao desenvolvimento do

processo de importação dentro da empresa “A”. De um modo geral, constatou-se que, dentro

das várias etapas que integram um processo de importação, existem algumas que são básicas e

de muita importância, que devem ser realizadas a cada processo de importação ou apenas na

primeira operação de importação.

A partir da necessidade de importar, a empresa importadora entra em contato com a

empresa de comércio exterior e passa as informações sobre a mercadoria que procura.

Após pesquisar junto a Receita Federal foi verificado que a empresa importadora já

possui credenciamento, assim a empresa de comércio exterior realiza uma pesquisa de

mercado para identificação de potenciais fornecedores, além de classificar a mercadoria

segundo a NCM. A identificação de fornecedores estrangeiros que satisfaçam às necessidades

da empresa importadora em nível de qualidade, preço, pagamento, quantidade e prazo de

entrega, são um dos fatores mais importantes e delicados numa importação, pois o mercado

internacional proporciona uma grande variedade de ofertas, que se diferenciam em função do

perfil econômico de cada país.

Para identificar os fornecedores e compradores existentes no estrangeiro, a empresa de

comércio exterior faz uma busca por meio de sites, fax, telefone, contato em feiras, clientes já

cadastrados e consulta junto aos órgãos e entidades de pesquisa de comércio exterior.

Também verifica os procedimentos aduaneiros e sanitários.

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Cabe salientar que antes de solicitar qualquer informação de pesquisa, é importante

definir-se a classificação da mercadoria quanto a NCM, que consiste em um código numérico

de classificação fiscal que identifica a mercadoria segundo a sua espécie. Pode-se através da

TEC – Tarifa Externa Comum, consultar os impostos e exigências específicas para o código

NCM escolhido.

A classificação de mercadorias é um instrumento importante no comércio exterior,

tendo como principais características à uniformidade, linguagem aduaneira comum e

constituição sistemática.

Após estes cuidados, a empresa de comércio exterior, caso necessário, solicita uma

amostra da mercadoria, para então solicitar a Fatura Proforma, que será enviada para a

empresa importadora.

Após análise e aprovação, a empresa importadora pede para que o processo prossiga.

Assim, a empresa de comércio exterior faz um roteiro dos procedimentos necessários para

viabilizar o processo de importação por meio do SISCOMEX, que possui a função de consulta

e tratamentos administrativos e verifica os órgãos anuentes envolvidos no processo.

Caso seja necessário, a empresa de comércio exterior inicia o processo de registro da

Licença de Importação, por meio do SISCOMEX – importação. No menu licenciamento do

SISCOMEX, existe várias fichas, onde são informados todos os dados referentes às

mercadorias, fornecedor, negociação e complemento, além das informações básicas de

importação.

Enquanto os órgãos anuentes não iniciam o processo de verificação no sistema, pode-

se visualizar na tela do computador a situação Para Análise, o que significa que a operação

ainda não foi “alocada” ou resgatada para análise, ou Em Análise (significando que o órgão

buscou para si a operação, mas ainda não registrou sua decisão). A decisão dos órgãos

anuentes, a ser registrada no sistema será sempre uma das três seguintes: Deferido, Indeferido

ou Exigência. Neste último caso, o órgão especificará os procedimentos que exige do

importador.

Após o deferimento da Licença de Importação, a empresa de comércio exterior pode

autorizar o embarque da mercadoria no exterior. Existem dois tipos de Licença de importação,

a automática que geralmente é usada, onde o licenciamento ocorre automaticamente pelo

próprio sistema no momento do despacho aduaneiro da mercadoria, e a não-automática, onde

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alguns produtos necessitam de autorização de algum órgão público. Neste processo em

específico foi utilizada a Licença de importação não-automática.

É importante ressaltar aqui a forma de pagamento e também o incoterm acordado entre

as partes, pois é preciso definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda

internacional, os direitos e as obrigações recíprocas do exportador e importador,

estabelecendo um conjunto padrão de definições e determinando regras e práticas neutras.

Ao embarcar a mercadoria, a empresa exportadora deverá remeter via companhia

aérea todos os documentos necessários ao desembaraço e posterior liberação das mercadorias,

na aduana brasileira. A remissão dos documentos também pode ser feita via banco, onde é

feito o Draft que é um título de crédito assinado pelo importador, como uma duplicata, onde

consta que o mesmo está de acordo com o pagamento.

Para pagamento dos impostos incidentes na importação a empresa de comércio

exterior solicita junto à empresa importadora o depósito dos valores calculados.

A empresa de comércio exterior, ciente de que deve verificar se a carga já se encontra

no local de destino, retira extrato através do MANTRA – Sistema Informatizado de Controle

de Armazenamento de Cargas, onde é constatada a situação da carga para transporte aéreo.

No extrato do MANTRA, pode-se observar também várias informações com relação à

carga transportada pelo modal específico, como por exemplo, a data e horário de chegada da

mercadoria e também, se houve alguma avaria na carga.

Caso for utilizado o transporte marítimo é feito contato com a agência marítima para

verificar o nome do navio e data de chegada. Também é possível via internet verificar essas

informações pelo Dead line, o mesmo contém informações dos armadores, nome dos navios

que irão atracar, data e horário.

Com a chegada da mercadoria no território brasileiro, inicia-se o processo de

liberação, efetuando-se o despacho aduaneiro.

Neste caso em específico como mencionado anteriormente, a LI foi não-automática,

assim, é preciso do deferimento da mesma no SISCOMEX, pelo órgão anuente, para dar

continuidade no processo.

Ao confirmar a chegada da mercadoria, é solicitado junto ao órgão anuente, um fiscal

para realizar exame físico e documental das mesmas. Não constatada nenhuma divergência

entre os produtos relacionados na fatura comercial e os produtos a serem vistoriados,o fiscal

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emite o relatório de vistoria e o deferimento da LI para prosseguimento do processo e

confecção da DI.

A Declaração de Importação é elaborada com a transferência dos dados da L.I. em sua

Adição, juntamente com os dados gerais do embarque. Com a D.I. elaborada ela é transferida

ao computador via SISCOMEX para análise dos dados e, não havendo erros impeditivos, é

realizado o seu registro e efetuado o pagamento dos impostos incidentes na importação. Com

o registro da declaração, é caracterizado o início do despacho aduaneiro de importação.

A seguir é pago o I.C.M.S via Guia de Arrecadação. Com a guia paga, os documentos

de despacho (Fatura comercial original, uma via também original do A.W.B., Declaração de

Importação, extrato do MANTRA, Packing List e a própria guia do I.C.M.S) são entregues

junto a Receita Federal em um envelope contendo dados da D.I e os dados do importador e

representante legal.

Assim acontece a conferência aduaneira feita pela receita Federal, que pode cair em

canal:

I. Verde, pelo qual o sistema procede ao desembaraço automático da mercadoria,

dispensado o exame documental da declaração, a verificação da mercadoria e a

análise do valor aduaneiro;

II. Amarelo, pelo qual a declaração é submetida a exame documental, e não sendo

constatado nenhuma irregularidade, autoriza o desembaraço e entrega da

mercadoria, dispensada a verificação da mercadoria e a análise do valor aduaneiro;

III. Vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada e entregue ao

importador após a realização do exame documental e da verificação da

mercadoria;

IV. Cinza, pelo qual o desembaraço somente será realizado após o exame documental,

a verificação da mercadoria e o exame do valor aduaneiro e desde que observado

os demais requisitos estabelecidos na norma específica.

No caso deste processo o canal de parametrização foi o vermelho, pelo fato da

mercadoria ser importada a primeira vez e também por possuir autorização previa de órgãos

anuentes.

Após a conferência aduaneira, é emitido o Comprovante de Importação que prova o

ingresso regular da mercadoria no país.

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O desembaraço aduaneiro é o ato final do despacho aduaneiro em virtude do qual é

autorizada a entrega da mercadoria ao importador.

Com a emissão do Comprovante de Importação, o próximo passo é o pagamento das

despesas de armazenagem e emissão da Nota fiscal de entrada que relaciona, a compra da

mercadoria, custos e procedimentos e permite a transferência da mercadoria, do aeroporto até

a empresa importadora.

Logo em seguida, a empresa importadora pode retirar a mercadoria para que a mesma

chegue a seu destino final.

4.2.1 Resumo da importação realizada

Produto: Gene Piet (medicamento terapêutico para cavalo).

NCM: 30049099 e 30049049

País de procedência: Argentina

Moeda Negociada: Dólar Americano

Regime de Tributação: Normal

Órgão anuente: Departamento de Vigilância Sanitária

Canal de Conferência Aduaneira: Vermelho

Valor da mercadoria: US$ 4.500,00

Valor da mercadoria: R$ 11.025,00

Meio de Transporte: Aéreo

Imposto de Importação: Isento

IPI: Isento

ICMS: R$ 1.874,25

4.3 Processo de Importação Empresa “B”

Por meio de acompanhamento, entrevistas e análise dos dados será descrito como

ocorre o processo de importação dentro da empresa “B”.

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A empresa por ser uma prestadora de serviços na área de despachos aduaneiros de

importação, recebe de seus clientes, os pedidos já prontos. Deste modo a compra do produto

no exterior é feita pela empresa importadora, obviamente que a mesma poderá verificar a

viabilidade da importação do produto importado. Os contatos com o exportador e a decisão de

compra ficam sob responsabilidade dos clientes.

Recebida à descrição do produto ou Fatura Proforma, durante ou depois de efetuada a

compra, a empresa de comércio exterior, classifica a mercadoria. No caso de dúvidas, é

consultada a empresa fornecedora, fiscais da Receita Federal e serviços da Consultoria

Edições Aduaneiras.

A classificação deve ser efetuada antes do embarque da mercadoria, já que alguns

produtos necessitam de Licença de Importação. No caso de embarque antes do deferimento do

pedido da licença de importação, fica obrigatório o pagamento de multa.

Caso necessite de licença de importação, o processo é registrado no SISCOMEX e

enviada a solicitação de deferimento, juntamente como catálogo do produto, para o DECEX.

O mesmo é exigido para o fiscal identificar as características do produto e certificar que o

mesmo está dentro da classificação certa.

A empresa de comércio exterior preocupa-se em controlar as importações feitas, bem

como organizar os documentos e não se confundir na hora de passar informações. Assim,

possui uma ficha de controle onde consta o resumo da LI, contendo número, data de registro

de desembaraço, validade, entre outros, bem como um relatório que é atualizado diariamente

contendo os dados da importação as tarefas executadas e repassam via e-mail estes dados para

a empresa importadora, para saber o andamento do processo.

Por meio deste controle a empresa de comércio não precisa procurar cada informação

no seu respectivo documento sempre que for solicitado, agilizando a troca de informações.

Ao receber a cópia do AWB/BL e da Fatura Comercial, é feita a solicitação do

numerário ao cliente para registro da DI. Para a confecção do mesmo são calculados os

impostos incidentes na importação de acordo com as alíquotas vigentes na TEC. É analisado o

tipo de transporte, forma de pagamento e quais as despesas deverão ser pagas na conta do

despachante, ou é autorizado o débito na própria conta do importador.

O rastreamento de carga consiste em localizar a carga já embarcada. Em caso de

embarque aéreo, o rastreamento e feito pelo MANTRA, diariamente, para verificar a entrada

da mercadoria no país, sua chegada ao destino final e sua disponibilização para registro.

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Caso seja feito embarque marítimo, após o embarque, mantém-se contato constante

com a agência marítima responsável pelo armador, para verificar possíveis transbordos, o

nome do navio que irá atracar no seu destino final e a data exata de chegada no navio.

É feito contato com a agência do transportador para que se possa pegar o BL

(Conhecimento de Embarque Marítimo) original que irá integrar o processo de despacho

aduaneiro o mesmo deverá ser devidamente carimbado na SUNAMAM – Departamento de

Marinha Mercante Coordenação Geral do Transporte Marítimo.

Para efetuar o registro da DI, a empresa de comércio exterior verifica a efetivação do

depósito do numerário, já que os impostos e a taxa de utilização do SISCOMEX serão

debitados neste ato. O débito poderá também ser feito diretamente da conta corrente do

importador com sua autorização. Ressalta-se aqui que o pagamento dos impostos varia

conforme o tipo de importação, pois há impostos que tem exoneração e outros que são pagos

apenas para uma importação em específico.

Alguns dados já estão lançados no SISCOMEX, pelo fato da pré-DI ter sido elaborada

anteriormente. Os dados que faltavam são completados e a DI é então transmitida para

análise. Após análise do processo e retificados possíveis erros, a mesma é transmitida para

registro, cujo diagnóstico apresenta o número da DI (numeração nacional), bem como a

impressão de seu extrato.

O próximo passo é a confecção do envelope, o mesmo é confeccionado pela empresa

de comércio exterior e deve seguir as medidas pré-estabelecidas da SRF, com todo os

documentos exigidos (Comercial Invoice, conhecimento de transporte, AWB/BL, extrato do

MANTRA, extrato DI e guia de ICMS) e necessários para o desembaraço da mercadoria. O

mesmo é levado até Receita Federal.

É verificado junto ao SISCOMEX, o canal de parametrização. Ao mesmo tempo é

montada uma cópia do processo com Declaração de Importação e sua guia de ICMS, para que

o transportador esteja habilitado a retirar a mercadoria do local alfandegado.

Após a Receita Federal ter recebido os documentos, a declaração será selecionada para

um dos quatro canais, que são os seguintes:

I. Canal Verde: O sistema procede ao desembaraço automaticamente da

mercadoria, dispensados o exame documental da declaração, a verificação da

mercadoria e a análise preliminar do valor aduaneiro. Ao apresentar o

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envelope junto a SRF é retirado o Comprovante de Importação que é impresso

pelo fiscal de plantão 24 horas depois.

II. Canal Amarelo: A declaração é submetida a exame documental, e, não sendo

constatada irregularidade, a fiscalização autoriza o desembaraço e a entrega da

mercadoria, dispensadas à verificação da mercadoria. Depois de liberada pelo

fiscal, é entregue o Comprovante de Importação.

III. Canal Vermelho: A mercadoria somente será desembaraçada e entregue ao

importador após a realização do exame documental, da verificação física da

mercadoria e análise preliminar do valor aduaneiro. Depois de desembaraçada

pelo fiscal, retira-se o Comprovante de Importação.

IV. Canal Cinza: Além de exigir o exame documental e a verificação física da

mercadoria, será realizado, também, o exame do valor aduaneiro, que consiste

em verificar a conformidade do declarado pelo importador com as regras do

Acordo de Valoração Aduaneira do GATT. O procedimento do canal cinza é

preencher uma Declaração de Valor Aduaneiro (DVA) no SISCOMEX.

Neste caso, é necessário montar um processo administrativo composto pelos mesmos

documentos integrantes do envelope para desembaraço, além da DVA.

Em determinadas situações, o SISCOMEX exigirá o depósito de uma garantia no valor

de uma eventual diferença de impostos. Prestada esta garantia, a mercadoria será

desembaraçada.

Desembaraçada a mercadoria, a empresa de comércio exterior avisa a empresa

importadora e ao seu transportador de sua disponibilidade no recinto alfandegado em que está

armazenada. No caso de embarque aéreo, somente poderá ser retirada a mercadoria, após o

pagamento da armazenagem na INFRAERO. No embarque marítimo, quando utilizado a

EADI (Estação Aduaneira Interior), retira-se à mercadoria com CI em mãos mais guia ICMS

e Nota Fiscal de entrada.

O pagamento da armazenagem é feito após o recebimento da Nota Fiscal Fatura de

Serviços, que a própria EADI envia a empresa de comércio exterior e esta quita com o

numerário solicitado ao cliente.

Após a mercadoria ser entregue é feita a prestação de contas, envolvendo todos os

valores no processo de desembaraço, para composição do custo da mercadoria.

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Após a prestação de contas, são feitas duas cópias do processo, uma para a

contabilidade e outra para a empresa, via malote.

Caso o valor solicitado não tenha sido suficiente para o pagamento de todas as

despesas, solicita-se reembolso no ato da apresentação da prestação de contas à empresa. Caso

pago a maior, o valor é devolvido.

Como a empresa de comércio exterior possui uma área contábil, aqueles clientes da

área de despacho aduaneiro que também são clientes da área contábil receberão somente a

cópia do processo, portanto os documentos originais ficam retidos na própria empresa para

serem demonstrados em uma possível fiscalização, porém todo o processo é copiado e

repassado à empresa importadora.

Para cada cliente, a empresa de comércio exterior possui um banco de dados, com os

nomes dos produtos já importados, sua classificação na TEC, suas alíquotas, observações

quanto à necessidade de LI ou não. Esses dados favorecem na hora de classificar um

embarque novo, e é sempre atualizado no final de cada processo, acrescentando novos

produtos e alterando classificações que por ventura foram alteradas pelo fiscal.

4.3.1 Resumo da importação realizada

Produto: Componentes Eletrônicos

NCM: Várias

País de procedência:

Moeda Negociada: EURO

Regime de Tributação: Integral

Órgão anuente: Não foi necessário

Canal de Conferência Aduaneira: Vermelho

Valor da mercadoria: EUR 9.634,43

Valor da mercadoria: R$ 24.741,96

Meio de Transporte: Aéreo

Imposto de Importação: R$ 2.104,51

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IPI: R$ 3.533,21

ICMS: R$ 6.702,18

4.4 Definição do processo de importação

Ao descrever os processos de importação das empresas de comércio exterior Free Port

e Orsitec, foi possível identificar que os procedimentos para a prática de importação num todo

são iguais em ambas. O que diferencia é a maneira como cada empresa trabalha esse

procedimento.

Diante dessa identificação, referência bibliográfica sobre procedimentos de importação

e organização & métodos, foi possível construir um macrofluxo do processo de importação

descrevendo suas principais etapas. O mesmo será apresentado a seguir:

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Início

Demanda deempresa importadora

Veri f icação decredenciamento junto

a Receita Federal

Existecredenciamen

to ?

Credenciamentojunto a receita

N Ã O

Pesquisa defornecedor

SIM

FaturaProforma

Aval iação daProforma pela

importadora

Val idação da FaturaProforma pela

empresa de comércioexterior

SIM

N Ã O

Análise e veri f icaçãodos órgão anuentes

Embarque damercador ia

Registro deLI

Não-automát ico

Defer imentodo órgãoanuente

Defer ido

FIM Indefer ido

Indefer idoAutomát ico

Recebimento dosdocumentos pelo

exportador

Preparação da pré-declaração de

importação

1

Envio dadocumentação

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1

Modal deTranspor te

Consul ta aoM A N T R A

Consul ta a agênciamarí t ima

Aério Marí t imo

Recebimento damercador ia

Sol ic i tação donumerár io

Pagamento dofrente

Ret i rada dadocumentação

Transmissão da DIpara anál ise e

ret i f icação de erros

Regist ro da DI noS ISCOMEX

Confecção doenve lope para SRF

Pagamentos deimpostos

Envio do envelopepara SRF

Ver i f icação do canalde paramentr ização,

v ia S ISCOMEX

Cana l

Examedocumenta l

Exame Fís ico edocumenta l

Exame f ís ico,documenta l e

valor aduaneiro

Desembaraço

Vermelho

Amare lo Cinza

Verde

2

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D esem baraço

2

Em is são do C IC om provante de

im portaç ão

Em is são da notafisca l

N ota fisca l

Pagam ento daarm azenagem

Liberação dam erc adoria

F Im

Figura 1 Macrofluxo do processo de importação. (Fonte: O autor)

4.5 Não-conformidades ocorridas durante os processos de importação

Diante do acompanhamento das importações realizadas pelas empresas de comércio

exterior, foi possível identificar as seguintes não-conformidades:

Processo “A”

A empresa apresenta certa desorganização com relação ao manusear da documentação,

pois os documentos ficam em cima das mesas de trabalhos sem separação dos processos que

estão em andamento. Com isso, caso precise dar informações à empresa importadora,

exportadora e entidades evolvidas, perde-se tempo em procurar o documento e também como

aconteceu neste processo, ruído de informações.

Ao fazer o licenciamento de importação que foi não-automática, a empresa de

comércio exterior ao consultar os órgãos anuentes envolvidos no processo por meio do

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SISCOMEX, verificou que para a emissão do parecer técnico do produto, o órgão anuente

indicado seria o Ministério da Saúde.

Porém, ao enviar a LI para o parecer o processo foi indeferido, pois pela análise do

Ministério da Saúde, o órgão indicado a emitir o parecer seria a Vigilância Sanitária. Assim, a

mesma foi devolvida, feita a alteração do órgão anuente e enviada novamente para parecer

técnico da Vigilância Sanitária, que deferiu a Licença de Importação não-automática.

Ao cair no canal de parametrização, que foi vermelho o fiscal verificou que não havia

indicação para uso do medicamento, assim foi preciso acrescentar informação na DI.

Ao contratar a transportadora o funcionário por confundir os processos, informou para

a mesma que a mercadoria chegaria a determinada data, porém o transportador ao chegar ao

aeroporto foi informado que a referida mercadoria chegaria somente três dias depois e a

mercadoria que havia chegado não poderia ser transportada pelo tipo de caminhão que o

mesmo possuía.

As conseqüências dos erros ocorridos foram:

- A empresa teve que refazer a Licença de importação não-automática,

atrasando em dois dias a data de embarque da mercadoria;

- Corrigir a DI referente ao uso final do medicamento, apesar de na NCM

também não haver esta diferenciação de uso animal ou humano e pagar multa

de R$ 3.000,00, pois o fiscal entendeu que o medicamento poderia ser usado

como entorpecente;

- A mercadoria ficou retida por cinco dias o que atrasou o prazo para entrega,

- Pagar três vezes por transporte da mercadoria. A primeira por chegar ao

aeroporto e não ter a carga, a segunda por ter que deslocar um segundo

caminhão para carregar a carga que realmente tinha chegado e a terceira para

buscar a mercadoria do processo descrito.

As não-conformidades ocorridas neste processo foram poucas e de maneira isolada, ou

seja, a ocorrência da primeira não-conformidade, não foi motivo para gerar a segunda, a

terceira, etc, não teve uma seqüência nos decorrer do procedimento do processo de

importação.

A seguir serão descritas as não-conformidades do processo de importação da empresa

“B” e as conseqüências que as mesmas trouxeram para a empresa.

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Processo “B”

A mercadoria importada neste processo era componente eletrônico, sendo que eram 60

itens dando um total de 3000 peças. Após o fechamento da compra, a empresa exportadora

que era Alemã enviou a Fatura Proforma, já com a classificação da mercadoria, valores e um

desconto de 3% do valor total caso o pagamento fosse pago dentro do prazo acordado.

Com a fatura em mãos a funcionária da empresa de comércio exterior verificou que os

itens descritos não continham o país de origem das peças. Também pela legislação aduaneira

não era permitido desconto conforme o artigo 69 da Lei 10833/2003.

Assim, a funcionária da empresa de comércio exterior entrou em contato com a

empresa exportadora e solicitou que a Fatura Proforma fosse corrigida, contendo o país de

origem das peças e que o desconto de 3% ao invés de ser do valor total fosse abatido em cada

item da Fatura.

Também pela Proforma e classificação dos itens seria necessário fazer seis adições

pelo SISCOMEX.

Depois de efetuadas as alterações, a empresa exportadora entrou em contato

informando das mudanças. A empresa de comércio exterior por precaução calculou o valor de

desconto de cada item e batendo o valor, pediu para enviar a cópia da Fatura Proforma apenas

para verificação, o que não ocorreu e a mercadoria foi embarcada.

A Invoice continha não apenas um país de origem, mas 12 eram eles: Espanha,

Alemanha, E.U.A, China, Malásia, Taiwan, México, Austrália, Tailândia, Itália, Japão e Índia.

Na classificação das Mercadorias 18 NCM’s foram classificadas erradas.

O valor declarado pela empresa de comércio exterior não correspondia com o valor

declarado na Invoice.

A quantidade de um item estava incorreta.

As conseqüências dos erros ocorridos foram:

- O processo parou e a empresa de comércio exterior recebeu uma relação de

exigências fiscais;

- Foi preciso recalcular os impostos e contribuições:

- Recolher as diferenças dos valores dos impostos e contribuições;

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- A empresa foi autuada a pagar uma multa da diferença do II no valor de R$

935,72, PIS no valor de R$ 478,95 e Cofins no valor de R$ 578,45 e mais

multa no valor de R$ 304,38;

- Pelos erros de descrição e valor de desconto indevido foi gerada uma multa

de R$ 7.500,00

- Foi necessário verificar onde estavam os erros e fazer as correções, perdendo

quatro dias de trabalho.

Neste processo de importação as não-conformidades ocorridas foram muitas e fica

evidente que a partir da ocorrência da primeira não-conformidade houve uma seqüência de

erros no andamento das etapas do processo.

A elaboração de um controle de processo de importação será apresentada no próximo

item.

4.6 Controle de Processo de importação

A partir da análise dos processos de importação e não-conformidades ocorridas, houve

a necessidade de elaborar um controle de processo de importação, em forma de formulário. O

mesmo foi elaborado pela pesquisadora, e espera-se que venha contribuir com a rotina de

trabalho dentro das empresas de comércio exterior, ajudando a diminuir o número de não-

conformidades ocorridas.

A apresentação do formulário está disponível nos anexos deste trabalho.

O mesmo será descrito a seguir:

1. Credenciamento: Neste campo, a empresa de comércio exterior verifica

junto à receita federal se a empresa importadora possui credenciamento

para realizar as operações de importação.

2. Exportador: Neste campo, após a pesquisa de mercado, a empresa de

comércio exterior, identifica a empresa com qual será fechada à venda da

mercadoria.

3. Classificação da Mercadoria: Neste campo, a empresa de comércio

exterior, classifica a mercadoria importada de acordo com a

Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM.

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4. Pedido de Compra: Neste campo, após o fechamento da Proforma é

informado a quantidade e o valor da mercadoria.

5. Órgãos Anuentes: Neste campo, a empresa de comércio exterior verifica

se a mercadoria precisa de algum parecer técnico, caso necessário,

verifica os órgãos anuentes envolvidos no processo.

6. Condição de Pagamento: Neste campo, empresa de comércio exterior

elege o tipo de pagamento da mercadoria entre as partes.

7. Prazo de Entrega: Neste campo, a empresa exportada informa a

quantidade de dias máxima para que a mercadoria chegue ao Brasil.

8. Licença de Importação: Neste campo, a empresa de comércio exterior

inicia o registro da Licença de Importação e verifica se a mesma será

automática ou não-automática. Caso precisar de deferimento à data do

mesmo.

9. Data de Deferimento da Licença de Importação: Caso a Licença de

Importação necessitar de deferimento será indicada a data da mesma.

10. Seguro/ Valor do Prêmio: Neste campo, após o licenciamento da

importação, será providenciado o embarque da mercadoria, a empresa de

comércio exterior contrata o seguro para possíveis avarias, especificando

o valor do seguro e valor do prêmio.

11. INCOTERM: Neste campo, a empresa de comércio exterior descreve o

Incoterm utilizado, pois ele fornece os direitos e obrigações do

exportador e importador.

12. Tipo de Transporte: Neste campo, empresa de comércio exterior

seleciona o tipo de transporte utilizado para envio da mercadoria.

13. Data de Chegada da Mercadoria: Neste campo, é relatada a data de

chegada da mercadoria ao Brasil para preparar a documentação do

despacho aduaneiro.

14. Observações: Neste campo, descreve-se dependendo do tipo de

transporte, o nome do porto ou aeroporto, cidade e empresa aérea ou

navio que esta transportando a mercadoria.

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15. Situação da Carga: Neste campo a empresa de comércio exterior, verifica

a situação da carga, se a mesma já se encontra no local de destino e

verifica se contêm avarias.

16. Declaração de Importação: Com a chegada da mercadoria a Declaração

de Importação será registrada e será dada a numeração especifica para a

mesma.

17. Data da DI: Neste campo, a empresa de comércio exterior, relata a data

da efetivação da Declaração de Importação.

18. Número da Invoice: Neste campo, a empresa de comércio exterior relata

o número da Comercial Invoice.

19. Data da Invoice: neste campo a empresa de comércio exterior, relata a

data da elaboração da Comercial Invoice.

20. Total da Invoice: Neste campo, descrimina-se o valor total da Comercial

Invoice.

21. Total do ICMS: neste campo, a empresa de comércio exterior calcula o

valor do ICMS arrecadado do total da mercadoria para pagamento e

iniciar o desembaraço da mercadoria.

22. Canal de parametrização: neste campo a empresa de comércio exterior

seleciona o canal de conferência que a mercadoria importada caiu.

23. Impostos Recolhidos: Neste campo a empresa de comércio exterior

informa os impostos recolhidos referente a mercadoria e seus valores.

24. Comprovante de Importação: Neste campo após a conferência aduaneira

é emitido o comprovante de importação, assim a empresa de comércio

exterior relata o número do CI bem como, a liberação da mercadoria.

25. Chegada da mercadoria ao Terminal de Carga Alfandegado: Neste campo

a empresa de comércio exterior relata a data que a mercadoria chegou ao

terminal de carga alfandegado.

26. Data de Liberação do Terminal de Carga Alfandegado: Neste campo a

empresa de comércio exterior relata a data de liberação da mercadoria do

terminal de carga alfandegado para entrega em seu destino final.

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27. Conferência da Documentação: Neste campo a empresa de comércio

exterior verifica se toda a documentação da importação esta completa,

para a entrega a empresa importadora.

28. Pagamento do Numerário: Neste campo a empresa de comércio exterior

verifica se o depósito do numerário foi feito, conferindo valor e data do

mesmo.

29. Nota Fiscal: Neste campo a empresa de comércio exterior verifica se a

emissão da nota fiscal já foi feita para liberação da mercadoria via

transportadora, bem como seu valor e data.

30. Previsão de Armazenagem: Neste campo calcula-se a quantidade

aproximada de dias da chegada da mercadoria ao terminal até sua

liberação para entrega.

31. Pagamento da Armazenagem: Neste campo é relatado o valor pela

quantidade de dias que a mercadoria ficou aguardando sua liberação para

entrega.

32. Observações: Neste campo a empresa de comércio exterior poderá relatar

alguma observação com relação ao processo de importação do inicio ao

final, até mesmo ressaltar algo interessante ou importante que aconteceu.

Para a construção deste formulário foram analisados documentos e informações

envolvidas no processo de importação, referência bibliográfica e necessidade de estabelecer

um controle maior durante as etapas que o procedimento de importação possui.

Ele não servirá apenas para corrigir as falhas que acontecem, mas também de prover

organização na transmissão, assimilação e armazenamento das informações.

Caso o mesmo seja aprovado pelas empresas de comércio exterior, poderá ser feita

uma análise da maneira como se encontra é a melhor alternativa para reduzir as falhas ou se é

preciso fazer algumas adaptações para solucionar o problema.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi analisar as não-conformidades de importação dentro das

empresas de comércio exterior Free Port e Orsitec.

A motivação para realizar este trabalho, surgiu pelo fato de anteriormente a acadêmica

ter realizado um estágio dentro da área de Organizações & Métodos, onde uma das rotinas de

trabalho era relatar as não-conformidades ocorridas dentro dos setores da empresa e criar

controles e procedimentos para diminuir as falhas ocorridas . Assim, surgiu a idéia de fazer

uma pesquisa trazendo para o lado do comércio exterior, verificando se também ocorria não-

conformidades dentro dos processos de importação.

Por meio do acompanhamento dentro das empresas de comércio exterior, foi possível

identificar a ocorrência das não-conformidades, bem como dificuldade para identificar onde

as mesmas aconteciam.

Também a partir da análise dos dois processos, concluiu-se que o procedimento para

importar uma mercadoria é o mesmo em ambas as empresas, o que diferencia é a forma como

elas trabalham o procedimento. Isto fica claro nos relatos dos processos de importação das

empresas.

Dentro do processo de importação da empresa “A”, verificou-se a necessidade de

separar os processos de importação dentro de pastas, assim os mesmos não ficariam

misturados com outros documentos, bem como, poder agilizar o repasse de informações sobre

o andamento do processo. Também pedir a alteração junto ao órgão competente no relato das

NCM’s 30049099 e 30049049, para fazer distinção do medicamento será para uso humano ou

animal e pesquisar de forma precisa os órgãos anuentes responsáveis pelo parecer técnico da

mercadoria.

Com relação ao processo de importação da empresa “B”, onde foi constatado o maior

número de ocorrências de não-conformidade, poderia ser evitado se ao invés da empresa

exportadora classificar as NCM’s, a empresa de comércio exterior tivesse assumido a

responsabilidade de classificar, pois as leis de importação são diferentes de um país para

outro. Até porque a classificação deveria ser feita dentro das leis do país importador e não do

exportador.

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Também saber reconhecer os erros, coisa que a empresa exportadora não admitia, por

possuir um professor graduado que cuidava da classificação da mercadoria, assim o mesmo

insistia em dizer que o erro era da legislação brasileira, mas como estava se importando a

mercadoria à mesma deveria estar de acordo com a legislação do país importador e não do

exportador e por último ter mais atenção e verificar atentamente o processo para não ter

problemas na chegada da carga.

Como sugestão a pesquisadora indicaria a empresa “B”, acompanhar o processo desde

o início, assim poderia diminuir o número de falhas que acontecem, como ocorrido neste

processo.

Observou-se também que em ambos os processos faltavam um controle sobre o

andamento do processo do seu início ao seu final, o que ajudava para a ocorrência das não-

conformidades.

Os objetivos traçados foram alcançados de forma exitosa, possibilitando identificar as

não-conformidades ocorridas e apresentar um controle de processo de importação.

O trabalho poderá servir de auxílio para os profissionais de comércio exterior, bem

como para os acadêmicos que poderão utilizar como referência a seus estudos e pesquisas

relacionados à importação.

Análise mais profunda sobre as não-conformidades dentro das empresas de comércio

exterior e aplicação do controle de processo de importação são as sugestões para

complemento da pesquisa e para novos estudos.

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OLIVEIRA, Marco Antonio G; SHIBUYA, Marcelo k. ISO 9000: guia de implantação:

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ANEXO

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CONTROLE DE PROCESSO DE IMPORTAÇÃO

1 - CREDENCIAMENTO:

2 - EXPORTADOR:

3 – NCM:

4 – PEDIDO DE COMPRA:

5 - ÓRGÃO ANUENTE:

6 – CONDIÇÃO DE PAGAMENTO :

7 - PRAZO DE ENTREGA DA MERCADORIA :

8 – LICENÇA DE IMPORTAÇÃO :

9 – DATA DE DEFERIMENTO:

10 – SEGURO/VALOR DO PRÊMIO:

11 – INCOTERM:

12 – TIPO DE TRANSPORTE:

13 – DATA DE CHEGADA DA MERCADORIA :

14 - OBSERVAÇÕES :

15 – SITUAÇÃO DA CARGA :

16 – DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO :

17 – DATA DA DI:

18 – NÚMERO DA INVOICE:

19 – DATA DA INVOICE:

20 – TOTAL DA INVOICE:

21 – TOTAL DO ICMS:

22 – CANAL DE PARAMETRIZAÇÃO :

23 – IMPOSTOS RECOLHIDOS:

24 – COMPROVANTE DE IMPORTAÇÃO :

25 – DATA DE CHEGADA DA MERCADORIA AO TECA:

26 – DATA DE LIBERAÇÃO DA MERCADORIA DO TECA:

27- CONFERÊNCIA DA DOCUMENTAÇÃO :

28 – PAGAMENTO DO NUMERÁRIO:

29 – NOTA FISCAL :

30 – PREVISÃO DE ARMAZENAGEM :

31 – PAGAMENTO DA ARMAZENAGEM :

32 – OBSERVAÇÕES :

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