UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz...

51
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – BIGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA MARCELO LUIZ MARQUES PSICODRAMA INFANTIL: O TEATRO DE FAZ DE CONTA NA TEORIA MORENIANA BIGUAÇU 2010

Transcript of UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz...

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – BIGUAÇU

CURSO DE PSICOLOGIA

MARCELO LUIZ MARQUES

PSICODRAMA INFANTIL: O TEATRO DE FAZ DE CONTA NA TEORIA

MORENIANA

BIGUAÇU 2010

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

MARCELO LUIZ MARQUES

PSICODRAMA INFANTIL: O TEATRO DE FAZ DE CONTA NA TEORIA

MORENIANA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Centro de Ciências da Saúde – Biguaçu. Sob a Orientação da Profª: Ana Paula Balbueno Karkotli

BIGUAÇU

2010

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

MARCELO LUIZ MARQUES

PSICODRAMA INFANTIL: O TEATRO DE FAZ DE CONTA NA TEORIA

MORENIANA

Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do título de grau Bacharel em

Psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí – Curso Psicologia.

Área de Concentração: Psicologia Clínica Biguaçu, 30 de Novembro de 2010

Banca Examinadora:

________________________________________________ Profª MsC Ana Paula Balbueno Karkotli

UNIVALI – CE Biguaçu Professora orientadora

__________________________________________________ Profº MsC. Almir Pedro Sais

UNIVALI – CE Biguaçu Membro

_____________________________________________________ Profª esp. Hebe Bastos Régis

UNIVALI – CE Biguaçu Membro

Biguaçu 2010

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

AGRADECIMENTOS

À Elohim, pela sua paciência e amor que me conduziram fazendo-me forte e

lúcido durante os tempos difíceis dessa jornada e pela certeza de nunca estar só em

nenhum momento de minha vida, que é entregue a ele.

À minha noiva, companheira e verdadeiro amor Luana Rejane Frutuozo, por

estar comigo em todas as tribulações sem perder sua característica doçura e afeto, por

ser minhas mãos quando as minhas estavam impossibilitadas, por ser minhas pernas

quando não pude caminhar e principalmente, por ser sempre meu coração.

Aos meus pais Selma Regina Marques e Moacyr Ferreira Marques, por todos os

abraços, conselhos e força que me fizeram sempre ter coragem de enfrentar os

problemas e seguir adiante.

Aos meus irmãos Yahudins, que em diversos momentos foram fatigados e me

inspiraram a aprender a suportar as adversidades através de seus exemplos de fé e

coragem.

Às minhas amigas e colegas Fernanda Marques, Juliana Ávila e Elizanete

Nascimento, pelas conversas e palavras de carinho. Essas pessoas iluminadas sempre

terão um lugar cativo no meu coração e nossa parceria durante a graduação, será sempre

recordada com muita saudade.

À minha professora orientadora Ana Paula Karkotli, por todo afeto e

compreensão, por suas palavras de ânimo e otimismo que nortearam toda minha

caminhada até o presente momento.

À banca examinadora profª Hebe Régis e profº Almir Sais, por terem aceitado

meu convite para participarem deste trabalho e por toda atenção e zelo dedicados a mim

durante a graduação.

Ao meu cachorro e amigão Frederico, que durante toda a elaboração desta

pesquisa esteve ao meu lado e aliviou o fardo com suas lambidas carinhosas e

brincadeiras.

E por último, mas não menos importante, à Jacob L. Moreno que através de sua

teoria e ensinamentos não deixou que a criança que existe em mim, morresse frente aos

infortúnios.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

Raça de víboras; como podeis falar coisas boas, se sois

maus? Porque a boca fala daquilo de que o coração está

cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas

boas, mas o homem mau, do seu mau tesouro tira coisas

más. Eu vos digo que de toda palavra sem fundamento que

os homens disserem, darão contas no Dia do Julgamento.

Pois por tuas palavras serás justificado e por tuas

palavras serás condenado.

Mateus, Cap. 12, 34-37

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

RESUMO

Esta pesquisa possui como temática central a psicoterapia psicodramática com crianças,

sendo que o objetivo geral é compreender as contribuições do Psicodrama para crianças

na psicoterapia e os objetivos específicos são verificação das técnicas mais utilizadas na

terapia psicodramática com crianças e investigação das demandas, na atualidade, para a

Psicoterapia Psicodramática infantil. O tipo de pesquisa utilizada é a pesquisa

qualitativa exploratória. Os sujeitos de pesquisa foram quatro psicólogos com formação

reconhecida em Psicodrama, com atuação em Florianópolis, possuindo no mínimo três

anos de trabalho no atendimento à crianças, seguindo a abordagem psicodramática. O

instrumento de coleta de dados foi uma entrevista semi-estruturada. De forma breve, os

resultados gerados pela presente pesquisa foram: os psicólogos psicodramatistas infantis

apontam como ponto forte da teoria a possibilidade de um trabalho lúdico de cunho

psicoterápico, as teorias desenvolvimentistas psicodramáticas dão margem a um

planejamento de trabalho mais especifico para cada fase do desenvolvimento infantil,

grande parte das contribuições do Psicodrama na psicoterapia infantil residem na sua

teoria e técnica, a existência de uma urgência no que se refere a referencial bibliográfico

sobre as atividades práticas do psicoterapeuta clínico que trabalha com crianças, entre

outros.

Palavras Chave: Psicodrama infantil, Psicologia Clínica, desenvolvimento

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................10

2.1 DEFINIÇÃO DO PSICODRAMA.............................................................................8

2.2 PSICOTERAPIA PSICODRAMÁTICA..................................................................11

2.3 DESENVOLV. INFANTIL NA PERSPECTIVA PSICODRAMÁTICA...............13

2.4 PSICOTERAPIA PSICODRAMÁTICA COM CRIANÇAS..................................17

3. METODOLOGIA......................................................................................................20

3.1. TIPO DE PESQUISA...............................................................................................20

3.2. SUJEITOS DE PESQUISA......................................................................................20

3.3 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS...................................................21

3.4 PROCEDIMENTOS..................................................................................................21

3.5 ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................22

3.6 IMPLICAÇÕES ÉTICAS..........................................................................................22

4. DISCUSSÃO DOS DADOS......................................................................................24

4.1 CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA PSICODRAMÁTICA NA PSICOTERAPIA

COM CRIANÇAS...........................................................................................................24

4.2 DEMANDAS MAIS FREQUENTES NA PSICOTERAPIA PSICODRAMÁTICA

COM CRIANÇAS..........................................................................................................27

4.3 TÉCNICAS MAIS UTILIZADAS PELOS PSICOTERAPEUTAS

PSICODRAMATISTAS INFANTIS.............................................................................30

5. CONSIDERAÇÕS FINAIS......................................................................................33

REFERÊNCIAS.............................................................................................................35

APÊNDICES..................................................................................................................38

APÊNDICEA: Roteiro de Entrevista.............................................................................39

APÊNDICE B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................41

APÊNDICEC: Consentimento de Participação do Sujeito............................................43

APÊNDICE D: Termo de compromisso do pesquisador...............................................45

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

APÊNDICE E: Termo de Compromisso na utilização dos dados.................................47

APÊNDICE F: Carta de apresentação da pesquisa........................................................49

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

8

1. INTRODUÇÃO

O psicoterapeuta infantil deve orientar seu trabalho no sentido de ser um

facilitador de autoconhecimento, propiciando a criança a oportunidade de vivenciar a

experiência e liberdade do auto-conhecimento, compreendendo sua singularidade, bem

como considerando o entendimento de que a criança é um sujeito desejante.

O Psicodrama proporciona às crianças um trabalho com o que elas têm de mais

recorrente em suas vidas, ou seja, o ato de brincar. Através de elementos lúdicos como,

por exemplo, histórias e brincadeiras, a psicoterapia psicodramática – ou o teatro de faz

de conta – favorece a expressão da criança, com toda sua sensibilidade e

espontaneidade. Segundo Gonçalves (1988), a terapia psicodramática pode ser benéfica

tanto para a criança como para os indivíduos que estão a sua volta. O ambiente

psicoterápico se configura como um dos fatores primordiais nesse processo, tendo em

vista que sem uma ambientação propicia à brincadeira, auxiliará no processo de

simbolização realizado pela criança.

Para Gonçalves (1988), o Teatro de Faz de Conta:

Com o grande dinamismo do mundo atual, diferentes tipos de mídias,

globalização, entre outros, faz-se necessário uma constante reflexão e investigação de

uma série de temáticas, em especial, aquelas que tratam diretamente de Seres Humanos.

As crianças, possuidoras de lugar de destaque na sociedade contemporânea, necessitam

também acompanhar as constantes mudanças dos tempos atuais.

A concepção de infância, segundo Teixeira (2009), vai sendo modificada

conforme a sociedade passa a enxergar a mesma com um olhar mais centrado, de que

esta é um individuo que pertence à sociedade e é culturalmente inserido. Desta maneira,

a concepção de infância está intimamente ligada à realidade histórica vivida, realidade

esta criada pelos adultos.

(...) Na representação dramática, agindo “como se” ou “fazendo de conta que”, a criança expressa o que atinge sua sensibilidade, o que lhe dá prazer ou desprazer e vontade ou medo de aprender. Revela o sentido que o mundo tem para ela, ou o revê, através de papéis imaginários que é capaz de reconhecer, imitar e interpretar. pg. 11

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

9

Nesse sentido, a relevância psicológica da presente pesquisa, consiste em

apresentar-se como mais um meio de atualização e estudo no tocante a psicoterapia

infantil, especificamente na abordagem psicodramática.

Como relevância social da temática, segundo Costa e Dias (2005), apesar da

dificuldade de conseguir apoio dos pais na terapia com a criança, é necessário um

estudo contínuo acerca da infância, pois de alguma forma esta parcela da população será

beneficiada, no momento presente e provavelmente em seu processo de

desenvolvimento. Seguindo ainda a perspectiva das autoras citadas, o número de

profissionais que trabalham com crianças ainda é muito pequeno, dificultando assim

intercâmbio de informações e conseqüentemente, de publicações científicas específicas.

No referencial teórico, os temas eleitos como principais a serem trabalhados

foram; Psicodrama e psicoterapia infantil.

De acordo com o exposto, a presente pesquisa procurou responder a seguinte

questão: Quais as principais contribuições da psicoterapia Psicodramática no trabalho

com crianças?

Partindo da pergunta de pesquisa supracitada, foram construídos o objetivo geral

- Compreender as contribuições do Psicodrama para crianças na psicoterapia infantil – e

os objetivos específicos do estudo, sendo estes os seguintes: Verificar as técnicas mais

utilizadas na terapia psicodramática com crianças entre psicodramatistas de

Florianópolis; e investigar as demandas, na atualidade, para a Psicoterapia

Psicodramática infantil.

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

10

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 DEFINIÇÃO DE PSICODRAMA

O fundador do Psicodrama, Jacob Levy Moreno, em 1925, denominou como

Psicodrama a nova e moderna técnica psicoterápica por ele desenvolvida, sendo que até

os dias atuais, seus estudos e sua teoria são utilizados em outros campos do saber,

mesmo que com outra visão, visto que cada sujeito foi imprimindo um pouco de suas

concepções e entendimentos no que era estudado (MENEGAZZO, 1995).

Para Moreno e Enneis (1984), o termo Psicodrama vem do grego Psiché (alma)

e drama (ação, realização) sendo o Psicodrama uma busca pela verdade de um grupo de

pessoas que discutem seus problemas com liberdade. Experiência esta que envolve

outras pessoas assim como na vida, dessa forma a essência do psiquismo não pode ser

transmitida apenas pelo meio da linguagem, mas por um todo, em que se incluem o

gesto, toque e o “encontro”. Moreno ainda complementa ao afirmar que o Psicodrama

não é uma representação fidedigna do passado, pois este em sua concepção é sem vida.

Mas através do Psicodrama é possível vivenciar este passado, como ele se faz vivo no

presente chamado por Moreno de “passado presente” ou “futuro no presente”.

De acordo com Kellerman (1998), o Psicodrama trata-se de um método

psicoterápico no qual o cliente é incentivado a estimular ou continuar as ações pela

dramatização do role-playing¹ e auto-apresentação dramática, tanto na comunicação

verbal quanto na não verbal, sendo representadas através de cenas que retratam

lembranças de acontecimentos pontuais do passado, situações vividas de maneira

incompleta, conflitos íntimos, fantasias, sonhos, preparação para futuras situações de

risco ou expressões improvisadas de estados mentais. Dessa forma, as cenas

interpretadas se aproximam de situações reais da vida do cliente e também o auxiliam

na externalização de processos mentais interiores.

________________________________________

¹ Role-playing: Funciona como uma espécie de treinamento dos papéis a serem desempenhados.

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

11

Segundo Almeida (1999), o Psicodrama tem como pretensão entender o

fenômeno grupal a partir do conceito de “tele”, sendo que este em grego significa “à

distância” denotando uma relação além de fenômenos da identificação e transferência,

os englobando. Neste fenômeno télico o sujeito seria capaz de perceber a outra pessoa, a

qual se relaciona na forma mais próxima da realidade e reciprocamente, sendo assim

percebida por seu par. Esse movimento afetivo, emocional como movimento de ida e

volta é então responsável pela dinâmica funcional do grupo tomando forma de

“cimento” mantendo assim o grupo unido.

Pode-se entender a conceituação de Psicodrama como uma ciência que persegue

as verdades que os sujeitos buscam, por meio da utilização de métodos dramáticos,

trabalhando desde relações interpessoais até a relação com o próprio eu (FOX, 2002).

2.2 PSICOTERAPIA PSICODRAMÁTICA

A psicoterapia oferece ao sujeito uma visão ampliada de seu mundo, o

instrumentalizando na busca do bem-estar. Este capítulo propõe-se a trazer alguns

elementos presentes na psicoterapia baseada no Psicodrama, a fim de um melhor

entendimento do processo.

De acordo com Aguiar (1990), a prática psicodramática tem como preceito

fundamental que o grupo seja “trabalhado”, sendo esta uma pré-condição para uma

abordagem de temas referentes a qualquer um dos integrantes em particular, ou mesmo

como método para se alcançar as individualidades ou mesmo para propiciar aos

indivíduos uma experiência transformadora. O autor ressalta que a designação “grupo”,

refere-se tanto a um grande grupo, quanto um grupo de duas pessoas, chamada de diáde

composta por paciente e terapeuta, na modalidade bipessoal.

Assim, a psicoterapia trata-se de um método terapêutico e investigativo,

realizado em um grupo de pessoas ou com um único paciente, com sessões terapêuticas

contextualizadas (MENEGAZZO, 1995).

Os procedimentos dramáticos, ou seja, a psicoterapia em si, segundo Menegazzo

(1995), seguem quatro etapas de desenvolvimento: O aquecimento inespecífico – que

compreende o início ainda frio da relação grupal até a escolha do ator protagonista e da

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

12

platéia-, o aquecimento específico que aparece no momento que surge o protagonista -,

a terceira etapa- o Psicodrama propriamente dito – que inicia com a dramatização da

primeira cena, buscando a problemática cristalizada – e a etapa de análise e comentários

– onde ocorre o encerramento do procedimento e se inicia um momento de

compartilhamento com o grupo, agora não existindo mais os papéis definidos

anteriormente.

Os instrumentos psicodramáticos que aparecem no âmbito terapêutico, segundo

Fox (2002), são cinco: o palco, o ator, o diretor, os egos-auxiliares e a platéia. O palco

configura-se como primeiro instrumento, pois é ele que oferece ao ator um espaço

flexível e dinâmico para sua atuação. O segundo instrumento, o ator, é o sujeito

convidado a interpretar a si próprio, podendo agir livremente, com total liberdade de

expressão, escolhendo inclusive, o tema trabalhado na ação. O terceiro instrumento, o

diretor, possui funções de produtor e diretor e utiliza os elementos da vida do ator para

produzir a ação dramática. Assim, pode desempenhar o papel de conselheiro, podendo

chocar o indivíduo e atacá-lo como, por exemplo, começando a dar risadas. O quarto

instrumento são os egos-auxiliares, que possuem três funções: Ator: para representar os

sujeitos do mundo do protagonista; orientador: orientando os sujeitos em cena; e a cena

e investigador social. O quinto e último instrumento trata-se da platéia, que possui dupla

função: a de ajudar o ator na sua cena , expressando reações como surpresa ou medo, e a

de “tornar-se” ator, ou seja, a platéia vê a si própria quando uma de suas atitudes é

encenada no palco.

No tocante a psicoterapia psicodramática individual, Cuckier (1992), comenta

sobre os diversos autores que utilizam essa modalidade: para Moreno e Enneis (1984) é

chamada de Psicodrama a dois, para Bustos (2005), Psicodrama Bipessoal, para

Fonseca (1980), Psicoterapia da Relação e para os mais ortodoxos com a teoria chama-

se de psicoterapia psicodramática individual bipessoal, em suma, todas supracitadas não

fazem uso de egos auxiliares.

Dias (1987), discorre que a terapia psicodramática bipessoal é o atendimento

feito apenas contendo o terapeuta e o paciente, onde a interação ocorre na relação dois-

a-dois com as dramatizações feitas utilizando-se de almofadas, blocos de espuma no

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

13

lugar dos egos auxiliares e com freqüência, o terapeuta coloca sua voz ou mesmo seu

corpo no lugar desses personagens do mundo interno do cliente.

A modalidade de psicoterapia Psicodrama individual é composta pelo paciente,

terapeuta e a presença de um ou dois egos-auxiliares, preservando o psicoterapeuta na

sua direção sem precisar se envolver na cena.

A psicoterapia da relação configura-se como ação de observação e de

compreensão do fenômeno da relação, assim esta outra modalidade individual trabalha

com o EU que é o sujeito em terapia e o outro que é o terapeuta (FONSECA, 2000).

Moreno teve uma forma pouco sistematizada de transmitir sua criação

socionômica abrindo então, brechas para que cada autor entendesse a teoria e prática

psicodramática a sua maneira e conveniência. É possível observar pela literatura

específica que cada autor faz compreensões diferentes dos textos de Moreno,

escolhendo um eixo principal da teoria socionômica, podendo optar pela Matriz de

Identidade, também pela teoria dos papéis, pelo teatro espontâneo e assim por diante.

Essas interpretações plurais dos textos de Moreno praticados dia após dia, por

exercícios reflexivos, se mostram claramente como um ponto de comunhão entre

diversos teóricos sendo que todos entendem o Psicodrama, e sua metodologia

socionômica como de importante valia e preciosidade libertadora (PETRILLI, 1985).

Seguindo a concepção de Dias (1987), o autor afirma que a terapia

psicodramática grupal possibilita ao cliente lidar com sua intimidade diante do público

aproximando-se das relações que este terá em sua vida cotidiana, diminuindo assim a

distância do vivenciar terapêutico e do vivenciar real. Outra vantagem abordada pelo

autor é o fato do aquecimento ser muito mais efetivo, pois é muito mais fácil aflorarem

os afetos, os quais, no Psicodrama bipessoal e no Psicodrama individual, a evidencia

dos afetos cabe quase somente ao cliente.

2.3. DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA PSICODRAMÁTICA

As formas de conceber o desenvolvimento Humano no Psicodrama são a Matriz

de Identidade e o Núcleo do Eu. Essas duas teorias denotam a sua importância na

constituição do sujeito, visto que esse conceito é o cerne, o passo inicial do complexo

processo de desenvolvimento ainda por vir. A partir dessa amostra de significações da

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

14

temática, nos capítulos a seguir será possível compreender sobre a visão psicodramática

em relação à criança e ao desenvolvimento infantil.

O conceito de Matriz de Identidade configura-se em um dos temas mais

relevantes e imprescindíveis quando se fala na teoria psicodramática, especialmente, na

fase do desenvolvimento infantil. Esse capítulo propõe-se a trazer as diferentes

concepções, acerca dessa temática, de acordo com teóricos estudiosos do Psicodrama.

Segundo Bustos (2005), Moreno afirma, que a construção do EU ocorre através

do desempenho de papéis, ou seja, na interação da mãe - ou outro cuidador que exerça

esse papel - com o bebê. O autor ainda divide o período inicial da vida da criança em

duas etapas: a primeira etapa, denominada por Moreno de 1º universo vai do início da

vida até os três anos de idade, possui duas fases: A Matriz de Identidade Total

Indiferenciada (0 até 10 meses), onde a criança não diferencia as pessoas de objetos

nem a fantasia da realidade e a Matriz de Identidade Total Diferenciada (11 meses até 3

anos), onde a criança inicia a diferenciação entre objetos e pessoas, também começa a

manter relações com certa distância – reconhecendo sua diferença e a do outro-

iniciando assim a tele-sensibilidade. Já a segunda e última etapa do desenvolvimento é

chamada de 2º Universo, que vai dos três aos sete anos de idade, é quando ocorre a

inversão de papéis entre a criança e os outros sujeitos, ou seja, ela já tem capacidade de

reconhecer o outro como diferente de si (BUSTOS, 2005).

Assim como na concepção do autor supracitado, Menegazzo (1995), também

segmenta o desenvolvimento em matrizes. Os Universos iniciais que a criança

encontrará após nascer são: Matriz de Identidade, Matriz Familiar e Matriz Social. Essas

matrizes não ocorrem de modo linear e igualmente para todos.

Ainda segundo o autor, o Conceito de Matriz é um dos principais da teoria

Moreniana, indica um Locus Nascendi, ou seja, deve ser compreendido como um lugar

de acontecimentos fundamentais. Moreno também conceitua Matriz como vínculo, no

sentido de interações e ações com o mundo exterior. A partir do vínculo o sujeito

vivenciará suas experiências, onde irão surgir os papéis, enfim, onde ele vai adquirindo

características afim de se desenvolver.

Moreno ainda teoriza acerca do desenvolvimento evolutivo Humano, afirmando

que antes de nascer, o indíviduo encontra-se na Matriz Materna e a partir do nascimento

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

15

a criança passará por três Universos – que darão prosseguimento ao processo de

evolução buscando a constituição da sua própria Identidade (MENEGAZZO, 1995).

Seguindo ainda a perspectiva de Menegazzo (1995), quando a criança nasce, ela

passa da Matriz Materna para a Matriz de Identidade, neste momento o sujeito tece uma

nova placenta, a chamada Placenta Social, que se constitui na relação com os pais e

com outras pessoas importantes. Desde antes do nascimento, a vida na casa desta

criança mudou, mudando inclusive as relações e interações dos egos-auxiliares. Nessa

nova configuração, a mãe e o filho parecem ser indissociáveis, formando apenas um

único núcleo de Matriz de Identidade.

Menegazzo (1995), afirma que a partir do momento em que se fixa a brecha

entre fantasia e realidade, a criança passa para a segunda etapa do desenvolvimento, a

Matriz Familiar. Nesta Matriz se apresentam os papéis ditos como originários (são atos

interativos que a criança começa a representar e continua sustentando durante a fase da

Matriz Familiar) que se sustentam nos papéis psicossomáticos. Aqui os papéis

imaginários ocorrem através do vínculo de triangularidade (pai, mãe e filho). A Matriz

Familiar se configura como uma rede de vínculos que vai se formando a partir da

interação dos papéis originários. A triangularidade desses vínculos, os jogos do terceiro

incluído e o terceiro excluído, se configuram como área para o desenvolvimento

infantil.

Finalizando a visão do autor apresentado acerca do tema, tem-se a Matriz Social,

que inclui todas as relações vinculares de um grupo, que aparentemente não existem

olhando macroscopicamente, mas são descobertas através de estudos sociométricos.

Partindo do entendimento de Fonseca (2000), sobre o significado de Matriz de

Identidade, tem se que na primeira fase da Matriz de Identidade, a criança não

diferencia a proximidade e a distância. Entretanto, ao longo do tempo, a criança vai

adquirindo a noção de diferenciação. Desta forma, configura-se o primeiro reflexo

social que indica o surgimento do Fator Tele e constitui também o núcleo das forças

sociais que rodearão o sujeito ao longo da vida futura. A partir da brecha entre realidade

e fantasia surgem dois conjuntos de papéis. Enquanto esta brecha não existia, todos os

aspectos reais e fantásticos, eram fundidos nos papéis psicossomáticos ( que são

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

16

condutas básicas que vão sustentar os outros papéis que ainda aparecerão no processo

de evolução do sujeito).

Contudo, após a brecha entre realidade e fantasia, surge aos poucos um mundo

social e um mundo de fantasias, separados do mundo psicossomático da Matriz de

Identidade.

A outra teoria de desenvolvimento presente no Psicodrama é o Núcleo do Eu.

Sevastano e Novo (1981), apontam o Núcleo do Eu como a teoria de personalidade

originalmente latino-americana. A citada teoria foi elaborada por Rojas-Bermúdez,

teórico que além de difundir as idéias de Moreno na América do Sul, realizou um

planejamento teórico-prático acerca do Núcleo do Eu.

A presente teoria possui uma correspondência com a anatomia, embriologia e

fisiologia do sujeito desde o seu nascimento até a idade de aproximadamente dois anos.

A partir dessa estrutura inicial, denominada Núcleo do Eu, o indivíduo irá agregar suas

vivências pessoais, lembranças e conhecimentos, que serão imprescindíveis para o

desempenho em seus papéis sociais – normais ou patológicos – da idade adulta

(ROJAS-BERMUDEZ, 1981).

Como aponta Soeiro (1995), de forma esquemática, o Núcleo do Eu é

representado por um circulo dividido em três partes com três raios iguais, sendo que

cada parte representa uma área – ambiente, mente, corpo – e cada raio corresponde a um

papel psicossomático – Papel de Ingeridor, Papel de Defecador e Papel de Urinador. O

Papel de Ingeridor instaura-se nos primeiros três meses de vida, delimitando as áreas do

corpo/ambiente; o Papel de Defecador estrutura-se entre o terceiro e oitavo mês de vida

e delimita as áreas ambiente/mente; o Papel de Urinador organiza-se durante o oitavo ao

vigésimo quarto mês, demarcando as áreas mente/corpo.

A respeito do desenvolvimento inicial da criança, Sevastano e Novo (1981)

apontam que:

(...) a criança ao nascer possui unicamente a "sensação de existir" o "si mesmo

fisiológico". A sensação de existir é a primeira manifestação psicológica do

organismo. Os papéis psicossomáticos estão ligados às funções fisiológicas. O

crescimento desses papéis deve-se mais ao processo de maturação orgânica.

(...) a presença de Estruturas Genéticas Programadas Internas que se encontram

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

17

no interior do indivíduo já ao nascer, com complementos externos, a Estrutura

Genética Programada Externa. Como resultante da complementação forma-se

uma marca mnêmica. A marca mnêmica é a resultante do registro do contato

das estruturas genéticas complementares, externa e interna com descarga de

tensão correspondente (...) (pg. 35).

Seguindo ainda a perspectiva dos autores supracitados, é possível afirmar que,

segundo a teoria do Núcleo do Eu, a maturação dos papéis psicossomáticos é orgânica e

estabelece-se independentemente da vontade do indivíduo. Entretanto, o

desenvolvimento desses papéis – satisfatório ou não- depende da complementação das

estruturas internas e externas.

A estruturação dos papéis psicossomáticos está diretamente relacionada com a

relação emocional com a figura materna (ou substituta). Essa relação emocional é

primordial para essa fase do desenvolvimento do sujeito.

2.4 PSICOTERAPIA PSICODRAMÁTICA COM CRIANÇAS

Moreno, na época em que estudava e pesquisava objetivando o desenvolvimento

do Psicodrama realizou juntamente com sua esposa Zerka, a inversão de papéis com seu

filho Jonathan, de apenas três anos. Mesmo suscitando dúvidas nos psicodramicistas de

todo mundo, visto que Jonathan ainda era muito pequeno, Zerka, segundo Gonçalves

(1988), afirmou a importância do “treino” da espontaneidade e da inversão de papéis

desde a mais tenra idade.

Filipini (2005), afirma que quando se trata de psicoterapia com crianças, o

profissional que está envolvido deve ser um profundo conhecedor do universo infantil,

com recursos para sua compreensão a ponto de além de conhecer também gostar de

estar com crianças. Sendo este pressuposto básico para aqueles que desejam estar nesta

perspectiva psicodramática infantil, deve-se compreender que a formação do EU do

Homem Moreniano advém das Inter-relações.

No referente a origem do Psicodrama infantil, a autora supracitada comenta que

é impossível desvincular as brincadeiras de ser Deus que o jovem Moreno praticava,

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

18

assim como os jogos praticados com crianças nos jardins de Viena na década de 1910.

Desta forma, Moreno desenvolveu sua metodologia vivenciando, co-participando,

observando e dirigindo diversos jogos infantis de faz-de-conta e através desta, também

sua concepção de Homem como um ser espontâneo e criativo.

Segundo Petrilli (1985), o Psicodrama é uma metodologia eficiente como

psicoterapia para crianças e pais, possuindo uma proposta singular no tratamento do

psiquismo, da relação humana e dos comportamentos se utilizando de uma técnica

simples, entretanto, de significado profícuo.

Para Gonçalves (1988), o Psicodrama auxilia crianças a superar obstáculos em

seu desenvolvimento emocional, através daquilo que ninguém pode tirar que é a sua

imaginação. A autora ainda argumenta que é através de brincadeiras e jogos criados

espontaneamente que as crianças procuram lidar com um mundo que lhe é

proporcionado, tentando assim assimilar, entender e transformar este. As psicoterapias

com crianças são sempre lúdicas, ou seja, ludoterapias nas quais o terapeuta presencia

seu “brincar” ou corrobora para que esta brincadeira transcorra. A terapia

psicodramática possui uma forma específica de brincadeira que é chamada de “Teatro

do Faz-de-Conta”, sendo que nesta há representação dramática, onde se atua “como-se”

ou “fazendo de conta que” a criança se expressa no tangente a sua sensibilidade

demonstrando o que lhe dá prazer, desprazer, vontade ou medo de aprender.

Através da psicoterapia psicodramática, as crianças também podem se enxergar

em outros papéis e relativizar situações, tornando-se possível as mesmas se colocarem

em lugares inimaginados até então. A seguir, serão comentados alguns pontos de

relevância no tocante a psicoterapia Psicodramática infantil, apresentados por

Gonçalves (1988).

O objetivo da psicoterapia com base psicodramática, tanto para adultos quanto

para crianças, consiste em proporcionar a possibilidade da criação de novos papéis pelo

indivíduo e fortalecer aqueles já existentes (GONÇALVES, 1998).

Seguindo a perspectiva da autora supracitada, o contrato psicoterápico é

realizado com a criança e seus pais. Para a criança se explica como serão as sessões e o

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

19

que será feito, já para os pais, fala-se sobre o método de terapia, tempo aproximado de

tratamento e as formas que os próprios pais podem viabilizar para ajudar seus filhos,

sendo as sessões realizadas semanalmente com a criança, e em alguns momentos, com

os pais (também fazendo uso do Psicodrama).

O material utilizado pelo terapeuta é lúdico, sempre pensando que além de ter

que servir a todas as crianças, também podem servir como atrativo para esse público em

terapia. Alguns exemplos desse material são: bonecos, fantoches, lápis coloridos,

retalhos de pano, entre outros (GONÇALVES, 1988).

De acordo com Gonçalves (1988), no que se refere as etapas da psicoterapia, a

autora afirma que são oito as mais utilizadas: a primeira trata-se da entrevista, onde a

criança, ou seu personagem, é submetida a perguntas pelo terapeuta; a segunda é o

diálogo, que consiste em uma conversa realizada entre os personagens da criança e do

terapeuta ; a terceira é a Intervenção Coloquial, que se configura em qualquer forma de

intervenção possuídora de diálogo, com perguntas e confirmações; a quarta é o Duplo,

que ocorre quando o terapeuta através de sua expressão, demonstra a criança o que ela

não está conseguindo externar; a quinta é a Inversão de Papéis, onde a criança inverte

seu papel de protagonista com seu ego-auxiliar (o terapeuta); a sexta é Interpolação de

Resistência, que é a modificação realizada pelo terapeuta de traços específicos do papel

que a criança lhe atribuiu ou a imposição inesperada do terapeuta de um novo

personagem; a sétima é o Solilóquio, onde a criança expressa sentimentos que não

aparecem mas lhe estão ocorrendo no momento; Já a oitava técnica, trata-se da

utilização de fantoches – através do manuseio desses objetos a criança se expressa.

Na psicoterapia infantil, têm-se algumas especificidades nas fases da sessão: O

aquecimento, de maneira geral, é curto ou nem mesmo existe, pois a criança logo se

dirige para a próxima fase; a segunda fase, Dramatização, a criança encena sonhos,

situações reais e histórias inventadas pelas mesmas; a Terceira fase, a dos comentários,

quando se trata de crianças, não ocorre necessariamente após a dramatização

(GONÇALVES, 1988).

De acordo com o exposto até então, pode-se considerar que o processo de

psicoterapia Psicodramática Infantil é composto de uma série de etapas imprescíndiveis

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

20

ao tratamento, utilizando assim toda espontaneidade e criatividade da criança em

benefício próprio.

3. METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Na presente pesquisa, verificaram-se as contribuições do Psicodrama para crianças

na psicoterapia infantil. Sendo assim, o modelo de pesquisa utilizado neste estudo foi o

de pesquisa qualitativa exploratória. Para Goldenberg (2001), os dados qualitativos

consistem em descrever detalhadamente as situações com o objetivo de compreender

os sujeitos em seus próprios termos. Minayo (2003), comenta que a pesquisa

qualitativa trata-se de uma atividade da ciência, objetivando a construção da realidade,

mas que se preocupa com as ciências sociais em um nível de realidade que não pode ser

quantificado, em suma, não pode ser reduzidos à operacionalidade de variáveis.

Chizzotti (2005), afirma que as pesquisas são caracterizadas pelo tipo de dados

que são coletados, e que as pesquisas qualitativas:

(...) fundamentam-se em dados coligidos nas interações

interpessoais, na co-participação das situações dos

informantes, analisadas a partir da significação que estes dão

aos seus atos. O pesquisador participa, compreende e

interpreta (...) (p.52).

Para Gil (1999), as pesquisas exploratórias propõe-se a desenvolver elucidar e

modificar conceituações e idéias, visando a formulação de problemáticas mais precisas

para futuras pesquisas. Assim as pesquisas exploratórias são elaboradas objetivando a

visão geral de tipo aproximativo, no que diz respeito a determinado fato.

3.2. SUJEITOS DE PESQUISA

Os sujeitos de pesquisa foram quatro psicólogos, com formação reconhecida em

Psicodrama, que atuam em Florianópolis, que possuam no mínimo três anos de atuação

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

21

no atendimento à crianças, segundo a abordagem psicodramática.

Com o intuito de delimitar o grupo de sujeitos, esta pesquisa utilizou o método

“Bola de Neve”, neste método o grupo é constituído ao longo do processo de pesquisa

por meio de indicação dos próprios sujeitos. O processo se iniciará através de entrevista-

inicial aleatória onde um informante culturalmente competente recomendará outro de

competência similar repetindo-se o processo a partir dos novos incluídos (GIL, 1999).

O tamanho da amostra (quatro sujeitos) deve-se ao fato de que a presente

pesquisa é de caráter exploratório, portanto, não se propõe a tomar os dados advindos da

entrevista generalizáveis a todos os psicólogos psicodramicistas.

3.3. INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

Como a metodologia deste trabalho é a pesquisa qualitativa exploratória, onde é

necessário um instrumento que agrupe os dados advindos da entrevista com os quatro

psicólogos. O instrumento utilizado foi a entrevista com questões semi-estruturadas

(Apêndice A), que segundo Minayo (2003), articula questões abertas e fechadas.

3.4 PROCEDIMENTOS

O primeiro contato foi realizado pessoalmente com os quatro entrevistados. Aos

sujeitos que fizeram parte da pesquisa foram entregues o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (Apêndice B), Consentimento de Participação do Sujeito (Apêndice

C), Termo de compromisso do pesquisador (Apêndice D), Termo de Compromisso na

utilização dos dados (Apêndice E) e Carta de Apresentação da Pesquisa (Apêndice F).

Após esta etapa, foi marcado um horário para a entrevista propriamente dita, sendo

estabelecidos previamente local, data e horário, dentro das possibilidades do

pesquisador e dos entrevistados. As entrevistas foram gravadas, com consentimento dos

entrevistados.

No intuito de realizar uma devolutiva da entrevista aos sujeitos, o pesquisador se

colocou à disposição dos entrevistados - conforme a disponibilidade dos mesmos - para

fazer devolução após a análise qualitativa dos dados.

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

22

3.5 ANÁLISE DE DADOS

Após a coleta, foi realizada a análise e interpretação dos dados, que segundo Gil

(1999), tem como objetivo organizar e elencar os dados de forma a responder as

questões do problema proposto na investigação. As entrevistas semi-estruturadas foram

transcritas a fim de facilitar a análise dos dados e foram agrupadas em categorias

determinadas.

A categorização, para Gil (1999), torna possível uma análise adequada dos

variados elementos advindos das entrevistas, pois através da mesma, o pesquisador

agrupa respostas dentro de categorias estabelecidas. Entretanto, segundo o autor, para

que essa categorização seja eficaz, deve atender a algumas regras básicas, sendo estas as

seguintes: as categorias devem ser derivadas de um princípio único de classificação; o

conjunto de categorias deve ser exaustivo e as categorias devem ser mutuamente

excludentes.

A partir do material coletado nas entrevistas, foi realizada uma análise de

conteúdo, que segundo Chizotti (2005), consiste em um método de tratamento e análise

das informações colhidas, sendo que esta técnica se aplica à análise de textos escritos ou

de qualquer forma de comunicação.

Desta forma, as categorias possibilitam correlacionar as respostas dos

entrevistados com o referencial teórico da presente pesquisa.

3.6 IMPLICAÇÕES ÉTICAS

Os entrevistados foram informados quanto às questões éticas, destacando o sigilo

dos dados dos participantes na pesquisa. Sendo garantido que: seriam esclarecidos os

objetivos da pesquisa para os sujeitos e para a organização, bem como o uso que se fará

das informações; foi garantido o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo

interesse manifesto destes; foi garantida a participação voluntária mediante

consentimento livre e Esclarecido, salvo nas situações previstas em legislação específica

e respeitando os princípios deste Código; os sujeitos não receberam ou pagaram valores

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

23

para a participação na pesquisa; foi garantido o acesso das pessoas, grupos ou

organizações aos resultados da pesquisas após o seu término, sempre que assim o

desejarem.

Os sujeitos de pesquisa leram e receberam uma cópia dos seguintes documentos

referentes à entrevista: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B),

Consentimento de Participação do Sujeito (Apêndice C), Termo de compromisso do

pesquisador (Apêndice D) e Termo de Compromisso na utilização dos dados (Apêndice

E).

As garantias e esclarecimentos acima apresentados dispuseram-se a respeitar os

sujeitos da pesquisa, sua integridade física, psíquica e social, cumprindo com as normas

do exercício profissional em Psicologia.

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

24

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo propõe-se a discutir os relatos dos entrevistados, relativizando-os

com base teórica pertinente. Para tanto, serão utilizados o material teórico acerca do

Psicodrama, que aparece neste trabalho, e dados coletados nas entrevistas.

Para melhor entendimento, a discussão dos resultados ocorrerá partindo de

categorias pré-definidas, sendo essas as seguintes:

CATEGORIAS DE ANÁLISE

Contribuições da teoria psicodramática na psicoterapia infantil;

Demandas mais freqüente na psicoterapia psicodramática com crianças;

Técnicas mais utilizadas pelos psicoterapeutas psicodramatistas infantis. Fig. 1 – Categorias de análise

Nos capítulos subseqüentes, seguem as discussões embasadas teoricamente.

4.1 CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA PSICODRAMÁTICA NA PSICOTERAPIA

COM CRIANÇAS

A presente categoria objetiva identificar as contribuições da teoria

psicodramática na psicoterapia com crianças.

Segundo Gonçalves (1988), o Psicodrama auxilia as crianças utilizando o

que elas possuem de mais presente em suas vidas: a imaginação. É através de

elementos lúdicos, brincadeiras, jogos e histórias, que o psicodramacista consegue

trabalhar no universo infantil. No Psicodrama, a brincadeira espontânea da criança é

aproveitada e lhe é acrescentada elementos que possam ter efeitos terapêuticos.

Considerando a visão da autora citada, a seguir, aparecem as falas de dois

entrevistados:

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

25

(...) O Psicodrama trabalha com todo esse universo do imaginário, da fantasia,

do simbólico e a criança é muito imaginativa, é fantasiosa, principalmente até

os seis anos de idade, e trabalha muito bem com a simbologia (...). Sujeito 1.

(...) o Psicodrama pode claramente tratar a criança como criança em suma

pode-se brincar com ela.... e que criança não gosta de brincar né (risos) (...)esta

abertura de poder tratar criança como criança é de fato um diferencial e uma

grande contribuição para psicoterapia infantil (...). Sujeito 2.

É possível, identificar-se nas falas dos sujeitos 1 e 2 pontos em comum

referentes a suas práticas clínicas com crianças. Os dois sujeitos discorrem sobre a

importância de o Psicodrama possibilitar o trabalho com a faceta lúdica da criança,

podendo literalmente, inserir-se em seu mundo de brincadeiras e fantasia sem, no

entanto, perder de vista o cunho psicoterápico do processo. Compreende-se que essa

forma de trabalho, avalizada pelo Psicodrama, aparece como um fator diferencial na

psicoterapia infantil, com bases psicodramáticas.

Já a psicoterapia em si, como afirma Menegazzo (1995), ocorre em três etapas:

Aquecimento Específico, Aquecimento Inespecífico e a sessão propriamente dita. Pode-

se compreender o Aquecimento, tanto específico quanto inespecífico, como a primeira

etapa de qualquer sessão psicodramática ou outro procedimento dramático.

Entretanto, como aponta Gonçalves (1988), no trabalho com crianças a

psicoterapia ocorre da seguinte maneira: O aquecimento, de maneira geral, é curto ou

nem mesmo existe, pois a criança logo se dirige para a próxima fase; A da dramatização

onde a criança encena sonhos, situações reais e histórias inventadas pela mesma; A

última fase é a dos comentários, pois quando se trata de crianças, não ocorre

necessariamente após a dramatização. A colocação da autora corrobora com as falas dos

dois entrevistados, transcritas a seguir:

(...) é muito tranqüilo trabalhar com elas (as crianças) pois

elas já vem aquecidas e representam os papéis de forma

incrível (...). Sujeito 2. (...) a criança já é naturalmente

aquecida, então a gente não precisa fazer muito esforço para

trazer ela para qualquer atividade. Ela então trás um universo

que é só dela (...). Sujeito 1.

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

26

Através das falas apresentadas observa-se que os dois sujeitos entrevistados

concordam com a perspectiva de Gonçalves (1988) no que se refere a criança possuir

um aquecimento natural, ou seja, um aquecimento não construído no setting terapêutico,

juntamente ao psicoterapeuta. É imprescindível, destacar a importância dada pelos

entrevistados a esse aquecimento natural das crianças, sendo que o sujeito 2 ressalta a

facilidade do trabalho com as crianças devido ao seu aquecimento, apontando inclusive,

que as representações de papéis tornam-se mais ricas. Já o sujeito 1 afirma que devido a

essa facilidade da criança realizar qualquer atividade – graças a seu aquecimento natural

– ela acaba por trazer um universo de subjetividade todo seu.

No referente às contribuições do Psicodrama a psicoterapia infantil, outro ponto

que apareceu com freqüência tanto nas literaturas técnicas, quanto nas falas dos

entrevistados, foi a relevância das teorias desenvolvimentistas do Psicodrama para a

compreensão do universo infantil. As teorias de desenvolvimento, Matriz de Identidade

e Núcleo do eu, foram exploradas nesta monografia, no capítulo intitulado

“Desenvolvimento infantil na perspectiva psicodramática”.

Acerca da importância das teorias do desenvolvimento humano, o estudo dessa

área do conhecimento mostra que a criança não é um adulto em miniatura, mas alguém

que apresenta características próprias dessa fase da vida. As teorias desenvolvimentistas

buscam a compreensão das características comuns de cada faixa etária, permitindo a

identificação de peculiaridades, tornando os profissionais que trabalham com esses

indivíduos mais capazes e preparados para sua atuação (BOCK, FURTADO E

TEIXEIRA, 2002).

A seguir, a fala de dois entrevistados acerca do exposto:

(...) Creio que (discorrendo acerca das contribuições do Psicodrama

para psicoterapia infantil) são as teorias do desenvolvimento temos até

duas delas e todas são ótimas para observarmos o desenvolvimento da

criança e assim podermos trabalhar com ela. Sujeito 2. (...) a maior

contribuição são as duas teorias do desenvolvimento (...) Matriz de

Identidade e Núcleo do Eu. Costumo usar a matriz de identidade pois

fica fácil de identificar em que período a criança se encontra e assim

poder trabalhar com ela de forma saudável(...) Sujeito 3.

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

27

Os sujeitos 2 e 4, através de suas falas, avalizam as afirmativas trazidas por

Bock, Furtado e Teixeira (2002) no parágrafo anterior. Os dois entrevistados apontam

como as maiores contribuições da teoria psicodramática no trabalho com crianças é

justamente as teorias do desenvolvimento. O sujeito quatro, inclusive endossa mais uma

vez a afirmativa dos autores quando afirma que através do trabalho com as teorias do

desenvolvimento é possível a identificação da fase na qual a criança se encontra e com

isso, trabalhar adequadamente com ela.

Retomando os elementos das entrevistas trazidas neste capítulo e os

compreendendo a luz da literatura científica, se estabele-se que os psicólogos

psicodramatistas, bem como alguns autores, apontam como principais contribuições do

Psicodrama na psicoterapia infantil a possibilidade de um trabalho lúdico de cunho

psicoterápico com as crianças, aproveitando sua espontaneidade e criatividade, e

também a existência de teorias de desenvolvimento próprias, capazes de delimitar a fase

na qual a criança está inserida, a fim de compreendê-la de uma maneira mais eficaz.

Tendo em vista que, segundo as entrevistas e referencial teórico, as maiores

contribuições do Psicodrama na psicoterapia infantil estão pautadas diretamente na

teoria e técnica do Psicodrama – possibilidade de um trabalho técnico com as crianças

utilizando sua espontaneidade e as teorias de desenvolvimento da abordagem – faz-se

necessário salientar a importância do psicodramatista estar sempre atualizando seu

arcabouço teórico acerca da abordagem, para que não se desvirtue da sua visão de

Homem e de mundo.

4.2 DEMANDAS MAIS FREQUENTES NA PSICOTERAPIA PSICODRAMÁTICA

COM CRIANÇAS

A psicoterapia infantil apresenta características próprias que as diferenciam da

terapia com adultos. Para o melhor entendimento dessa modalidade de psicoterapia, é

essencial o conhecimento dessas características: A queixa é raramente apresentada pela

criança, mas na maioria das vezes, é apresentada pelos pais/responsáveis, escola ou

médico pediatra. Pode-se dizer que as demandas que mais aparecem nessa psicoterapia

são o luto, separação parental e dificuldades de aprendizagem. As estratégias de

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

28

intervenção terapêutica devem ser pautadas em conceitos lúdicos (QUEIROZ E

GUILHARDI, 2002).

Baseado na afirmação dos autores supracitados segue abaixo as falas de dois

entrevistados:

(...) Olha aparecem situações de luto (...) vejo também

dificuldades escolares (...) no processo de separação a criança

fica dividida e acaba vindo para a psicoterapia (...) Sujeito

1.(...) outra demanda bem freqüente é a separação (...) Ah e

ainda luto com crianças que perdem pai ou mãe (...) Sujeito 3.

(...) o que tem aparecido nos últimos tempos são as

dificuldades nas relações familiares, separação entre os pais

(...) problemas de aprendizagem onde a criança chega para

uma investigação (...) Sujeito 4.

As falas trazidas pelos sujeitos 1, 3 e 4, corroboram com a visão dos autores

Queiroz e Guilhardi (2002), trazidas no início do presente capítulo, no que diz respeito

as queixas mais comuns em psicoterapia infantil. Os entrevistados apresentam como

demandas atuais quase que as mesmas situações: luto, dificuldades de aprendizagem e

separação dos pais.

A respeito da demanda separação parental, Filipini (2005) afirma que na

atualidade, as novas configurações familiares advindas tanto de separações quanto de

novos casamentos, fazem parte da rotina da demanda infantil nos consultórios dos

psicodramatistas. A autora afirma que a vulnerabilidade e exposição da criança frente a

uma situação estressora, como a separação parental, não necessariamente acarreta em

uma desadaptação, mas sim, podem originar processos de resiliência que interferem no

desenvolvimento da criança. É com base na visão moreniana de Homem – alguém

espontâneo, criativo e livre – que o Psicodrama trabalha as questões referentes à essa

demanda, não só com a criança, mas também com seus pais.

A seguir, falas que ilustram o apresentado:

(...) demanda bem freqüente é separação a criança muitas

vezes por falta de entendimento dos pais fica em meio a um

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

29

bombardeio. (...) Sujeito 4. (...) Na minha prática acabo tendo

que observar todo átomo social da criança. Pais, amigos,

professores é um trabalho investigativo (...) Sujeito 2.

O sujeito 4 aponta como demanda principal da sua prática clínica com crianças o

divórcio, sustentando a afirmativa trazida por Filipini (2005) anteriormente. O sujeito 2

denota a importância de um trabalho, especialmente em situações de separação,

investigativo com todos os sujeitos que fazem parte da rotina da criança, demonstrando

uma concordância com a prática clínica, trazida pela autora supracitada, nessas

situações.

Já no que diz respeito a demanda luto – apontada como freqüente pelos

entrevistados – Santos (2008), afirma que a morte é um processo difícil em qualquer

idade, entretanto, quando trata-se de criança, quanto mais jovem esta for, os efeitos

negativos tendem a ser maiores. A autora aponta ainda, que o Psicodrama tem

subsídios para auxiliar as crianças e suas famílias nessa difícil fase, pois parte da idéia

da criança como alguém criativo e espontâneo, sendo esses recursos inatos, considera-se

a idéia de realizar uma “educação para a morte”, fazendo com que através de um

diálogo aberto, a criança perceba esse evento como algo menos traumático.

Considerando o apresentado, segue abaixo algumas falas dos entrevistados:

(...)Ah e ainda Luto crianças que perdem o pai ou a mãe, uma vó um

vô (...) Sujeito 3. (...)O luto de um pai, mãe, tio ou de um animal de

estimação (...) Sujeito 2.

Acerca da outra demanda elencada como mais freqüente no atendimento

psicoterápico, os problemas de aprendizagem, compreende-se que o ato de aprender

provoca mudanças de opiniões e atitudes; também se compreende que essas

modificações podem gerar angústias, ansiedades e temores, sentimentos esses que

tendem a levar a diversos problemas de aprendizagem. O trabalho do psicodramatista

fica no limite entre o trabalho pedagógico e terapêutico, que devem ter interfaces bem

definidas, a fim de sobrepor as dificuldades do aluno perante a escola, matérias, colegas

e compreendê-lo em sua totalidade (BUSTOS, 1981).

Acerca da demanda supracitada, seguem trechos das falas dos entrevistados:

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

30

(...) problemas na escola seja um professor ou com alunos

(...)Sujeito2. (...) situações de fobia escolar e problemas de

aprendizagem onde a criança chega para uma investigação, até que

ponto é emocional, até que ponto é psicopedagógico, onde a criança se

mostra diferente de alguma forma na escola (...) Sujeito 4.

É fundamental salientar, a partir da leitura e interpretação desse capítulo, a

importância dos profissionais psicólogos que trabalham com psicoterapia infantil

estarem sempre atentos as demandas que mais aparecem nos atendimentos e a constante

relativização desses dados com a teoria, objetivando uma melhoria na qualidade de vida

tanto da criança, quanto de seus familiares.

4.3 TÉCNICAS MAIS UTILIZADAS PELOS PSICOTERAPEUTAS

PSICODRAMATISTAS INFANTIS

Dias (1987) afirma que a psicoterapia é uma relação entre o terapeuta e cliente

ou grupo, que sistematiza e guia um processo de busca, promovendo o desbloqueio e a

aceleração do desenvolvimento psicológico. Na psicoterapia, o psicólogo pode lançar

mão de técnicas psicológicas com o objetivo de acessar conteúdos ainda não alcançados

durante o processo.

Considerando a visão moreniana de Homem – um Homem livre e com potencial

criativo -, as técnicas empregadas na psicoterapia psicodramática infantil possuem um

estilo no qual a criança escolhe seus próprios temas, se expressa através de papéis por

ela distribuídos e assumidos, podendo dessa forma, ter uma compreensão maior do

conteúdo de cada papel (GONÇALVES, 1988).

Contudo, como aponta Petrilli (1985), a maior dificuldade do Psicodrama com

crianças encontra-se, justamente, na esfera da prática, das técnicas. A autora afirma que

muitos equívocos ocorrem quando se tenta utilizar na clínica psicodramática infantil

técnicas clássicas morenianas que se encontram assentadas e com eficácia comprovada

para o público adulto. Além disso, a maioria do material produzido acerca da prática do

Psicodrama infantil, não é publicado e nem se torna comum ao público.

Acerca do apresentado, seguem falas dos entrevistados:

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

31

(...) mas confesso que assim como varias psicólogas que conheço

acaboadaptando as técnicas do Psicodrama para adulto para as

crianças essa realmente é uma falta, pois o Psicodrama é muito rico

para se trabalhar e criar técnicas (...) Sujeito 3. (...) bem as técnicas do

Psicodrama são muito adaptadas para as crianças (...) Sujeito 2.

As falas trazidas pelos sujeitos 3 e 2 reafirmam a dificuldade trazida por Petrilli

(1985) no parágrafo anterior. Os dois entrevistados afirmam a existência da adaptação

de técnicas utilizadas em adultos para crianças, procedimento que na prática clínica,

pode deixar a desejar, visto que, a criança possui um universo e subjetividade próprios

dessa fase da vida.

Entretanto, Gonçalves (1988) sobre a viabilidade do Psicodrama infantil afirma

que:

(...)O psicodrama e, como outras, uma psicoterapia na qual a criança

tem oportunidade de se expressar e de se relacionar por meio da

brincadeira e do jogo. O que o caracteriza e o diferencia tecnicamente

de outras ludoterapias e o preparo do terapeuta para se prontificar,

muitas vezes, a propor cenas, jogos, procedimentos dramáticos e a

dirigi-los, algumas vezes. Teatro do psíquico tem cenários, ação

(drama), atores que desempenham papéis e direção. A psicoterapia

favorece o brincar, o desenvolvimento da fala e o surgimento da

palavra inconsciente, da qual se põe a escuta (...) p. 111

A respeito da afirmativa acima, seguem algumas falas:

(...)o Psicodrama pode claramente tratar a criança como criança em

suma pode-se brincar com ela....que criança não gosta de brincar (...)

Sujeito 2. (...) o Psicodrama utiliza a criança como um exemplo pois

nela esta a caracterização da espontaneidade tão perseguida por nós

adultos(...) Sujeito 3.

Considerando a fala dos entrevistados, compreende-se que os psicodramatistas

enxergam sim a viabilidade de um Psicodrama com crianças, embasa em uma teoria

concreta, com bases éticas e teóricas para o alcance dos objetivos terapêuticos.

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

32

Os dados trazidos nesse capítulo suscitam alguns questionamentos: Por qual

motivo uma abordagem psicológica que trabalha a espontaneidade utiliza-se de técnicas

trabalhadas com adultos no atendimento infantil? As técnicas psicodramáticas quando

transferidas totalmente para o público infantil, podem acarretar em algum prejuízo para

esses sujeitos? A falta de técnicas voltadas para o público infantil estaria relacionada a

falta de material teórico acerca do tema?

Considerando que as crianças estão em desenvolvimento, torna-se necessário

abordá-las de forma terapêutica através de métodos e técnicas que contemplem de forma

integral a estruturação infantil e suas relações familiares. São essas técnicas específicas

que norteiam o sucesso do trabalho terapêutico.

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa apresentou uma revisão teórica acerca do tema Psicodrama

infantil. Posteriormente, foram elaboradas as categorias de análise a partir das

informações obtidas nas entrevistas com os sujeitos de pesquisa - quatro psicólogos que

atendessem em Florianópolis, com formação reconhecida em Psicodrama e que

possuíssem no mínimo três anos de experiência no trabalho com crianças.

O objetivo principal desta pesquisa (que posteriormente originou a primeira

categoria de análise) foi compreender as contribuições do Psicodrama para crianças na

psicoterapia infantil. O pesquisador considera que este objetivo foi atingido, pois

através das falas trazidas pelos entrevistados foi possível a constatação de alguns pontos

em comum que denotam os benefícios do Psicodrama no trabalho com crianças. A

seguir, alguns desses pontos serão expostos.

No tocante a primeira categoria de análise, acerca das contribuições do

Psicodrama na psicoterapia infantil, a partir da visão dos entrevistados, pode-se

destacar: possibilidade de um trabalho lúdico com cunho psicoterapêutico, o fato de as

crianças terem uma maior facilidade no aquecimento anterior ao trabalho psicoterápico

em si podendo o psicoterapeuta partir rapidamente para a demanda da criança e as

teorias do desenvolvimento – Núcleo do Eu e Matriz de Identidade – que possibilitam a

identificação do momento da vida em que a criança se encontra e conseqüentemente o

planejamento de trabalho mais especifico para sua fase de desenvolvimento.

Considerando o exposto, pode-se verificar que grande parte das contribuições do

Psicodrama na psicoterapia infantil concentra-se na teoria e técnica do Psicodrama.

Já no que se refere as demandas mais freqüentes na psicoterapia psicodramática

infantil, constatou-se a recorrência de situações de luto, dificuldades de aprendizagem e

separação parental. A identificação dessas demandas, tende a facilitar a preparação

teórica dos profissionais psicólogos frente a seus pacientes.

A respeito das técnicas mais utilizadas em psicoterapia psicodramática infantil,

observou-se - tanto pelo pesquisador no levantamento da teoria para a realização da

presente pesquisa, quanto pelos entrevistados na sua prática clínica – a pequena

quantidade de material científico publicado acerca do Psicodrama infantil. Esse fator

mostrou-se como dificultador no trabalho do Psicodrama com crianças visto que tanto a

teoria quanto as técnicas se renovam, para o grande público por meio de referencial

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

34

teórico, com pouca freqüência. Os entrevistados ainda relatam a que na grande maioria

das vezes utilizam técnicas destinadas aos adultos, em crianças. Contudo, os

entrevistados apontam a viabilidade de um Psicodrama eficaz voltado ao público

infantil.

No levantamento dos dados e relacionando-os com a teoria, uma categoria de

análise que acabou emergindo foi a utilização de outras abordagens psicológicas no

atendimento psicoterápico à crianças. Contudo, o pesquisador não encontrou subsídios

teóricos suficientes para abrir uma discussão acerca da temática, optando então,

apresentá-la somente nas considerações finais.

Considerando as colocações supracitadas, a análise do referencial bibliográfico

bem como a leitura das entrevistas realizadas com os sujeitos de pesquisa, foi possível

depreender algumas importantes constatações: o Psicodrama possibilita no trabalho com

a criança a utilização de elementos muito caros tanto para a infância quanto para a teoria

Moreniana: a espontaneidade e criatividade; as teorias de desenvolvimento do

Psicodrama possibilitam uma compreensão bastante detalhada das fases da infância; a

necessidade de um incremento no que se refere a material bibliográfico produzido sobre

a prática clínica do Psicodrama infantil; o conhecimento e pesquisa acerca das

demandas mais freqüentes no atendimento infantil afim de um trabalho eficiente com os

pacientes; dentre outras.

O pesquisador considera que a realização desta pesquisa tende a acrescentar no

referente a produção bibliográfica sobre o trabalho clínico com crianças embasado no

Psicodrama, deixando como sugestão, a continuidade de trabalhos que complementem

e/ou abordem essa temática.

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

35

REFERÊNCIAS

AGUIAR, M. O Teatro Terapêutico: Escritos Psicodramáticos. Campinas-SP:

Papirus, 1990.

ALMEIDA, W. e cols. Grupos: a proposta do Psicodrama. São Paulo: Ágora, 1999.

BUSTOS, D. O Psicodrama: Aplicações da técnica psicodramática. São Paulo:

Ágora, 2005.

BOCK, A; FURTADO, O. TEIXEIRA, M. Psicologias: uma introdução ao estudo da

Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Editora

Cortez, 2005.

COSTA, M. e DIAS, C. A prática da psicoterapia infantil na visão dos terapeutas

nas seguintes abordagens: Psicodrama, Gestalt-Terapia e Centrada na Pessoa.

Estudos de Psicologia, V. 22, 2005.

CUCKIER, R. Psicodrama Bipessoal: Sua técnica, seu Terapeuta e seu Paciente.

São Paulo: Ágora, 1992.

DIAS, V. Psicodrama: Teoria e Prática. São Paulo: Ágora, 1987.

FILIPINI, R. Psicodrama com crianças nas transições familiares. Revista Brasileira

de Psicodrama, v. 13, 2005.

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

36

FONSECA, J. Psicodrama da Loucura: Correlações entre Buber e Moreno. São

Paulo: Ágora, 1980.

_________. Psicoterapia da Relação. São Paulo: Ágora, 2000.

FOX, J. O Essencial de Moreno: Textos sobre Psicodrama, terapia de grupo e

espontaneidade. São Paulo: Ágora, 2002.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GONÇALVES, C. Psicodrama com crianças: Uma psicoterapia possível. São Paulo:

Ágora, 1988.

GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências

Sociais. Rio de Janeiro: Record, 2001.

KELLERMAN, P. Sociodrama. Revista Brasileira de Psicodrama. n. 8, 1998.

MENEGAZZO, C e cols. Dicionário de Psicodrama e Sociodrama. São Paulo: Ágora,

1995.

MORENO, J. e ENNEIS, J. Hipnodrama e Psicodrama. São Paulo: Summus Editorial,

1984

MINAYO, M, et al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2003.

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

37

PETRILLI, S. A postura psicodramática em um processo psicoterápico infantil e

seu valor terapêutico familiar. Revista da FEBRAP, ano 7, nº 3, 1985.

ROJAS-BERMUDEZ, J. C. Núcleo do eu. São Paulo: Natura, 1981

SANTOS, J. Psicodrama: Uma intervenção na elaboração do luto. (Monografia

apresentada como requisito para a especialização em Psicodrama terapêutico),

Sociedade Goiana de Psicodrama – Universidade Católica de Goiás, 2008.

SEVASTANO, H. e NOVO, P. Aspectos psicológicos da gestante sob o ponto de

vista da Teoria do Núcleo Eu. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 15, n. 1,

1981.

SOEIRO, A. Psicodrama e Psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1995.

QUEIROZ, P. e GUILHARDI, J.. Redução da agressividade e hiperatividade de um

menino pelo manejo direto das contingências de reforçamento: um estudo de caso

conduzido de acordo com a terapia por contingências. (Vol.10, pp.249-270). São

Paulo: ESETec, 2002.

TEIXEIRA. C. Infância e Atualidade: A Concepção de Infância na Prática

Educativa. Disponível em: <http://www.pedagogia.com.br> Acessado em: 06/08/2010

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

38

APÊNDICES

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

39

APÊNDICE A

Roteiro de entrevista

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

40

APÊNDICE A

Dados de Identificação

Nome:_______________________________________

Tempo de atuação na área:______________________

Roteiro de Entrevista

1- Na sua opinião, qual ou quais as maiores contribuições do Psicodrama na

psicoterapia infantil?

2- Quais são as técnicas psicodramáticas mais usadas por você em seu consultório.

(jogos, recursos lúdicos,)?

3- Partindo da sua experiência na prática clínica com o Psicodrama infantil, você já

teve que utilizar técnicas de outras abordagens psicológicas em algum dos seus

atendimentos? E por que razão teve de utlizá-las?

4- Na sua prática clínica quais são as demandas que mais aparecem para a psicoterapia Psicodramática infantil?

5- Você considera que o arcabouço teórico existente na atualidade acerca do

Psicodrama infantil dá conta de atender a essa (s) demanda (s)?

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

41

APÊNDICE B

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

42

APÊNDICE B

TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar voluntariamente de uma pesquisa, sendo

que a qualquer momento você poderá retirar seu consetimento e se afastar da

pesquisa, sem nenhum prejuízo ou penalização. Os dados obtidos através dessa

pesquisa serão confidenciais e o pesquisador assegura o sigilo sobre sua participação

Seguem abaixo algumas informações a respeito da pesquisa.

O objetivo geral da presente pesquisa Compreender as contribuições do teatro do

faz de conta Moreniano na psicoterapia infantil. Esta pesquisa fará parte da

monografia do acadêmico Marcelo Luiz Marques, do curso de Psicologia, da

Universidade do Vale do Itajaí (Campus Biguaçu), sob a orientação da professora

MsC Ana Paula Balbueno Karkotli. A metodologia aplicada na entrevista será

entrevista semi-estruturada, que será gravada (se assim o entrevistado concordar) e

transcrita posteriormente.

Você receberá uma cópia deste termo, onde consta o endereço eletrônico do

pesquisador, que estará disponível em caso de qualquer dúvida ou desejo de acesso a

pesquisa: [email protected] ou nos telefones: 48 32220743 e 48 88573377.

CONSETIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu,___________________________________, por meio deste documento

concordo em participar da pesquisa explicada acima. Declaro que fui devidamente

informado de todos os procedimentos da pesquisa e de minha participação na mesma.

Biguaçu,__ de _____________ de 2___

Assinatura do participante:__________________________________________

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

43

APÊNDICE C

Consentimento de Participação do Sujeito

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

44

APÊNDICE C

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu,___________________________,RG_____________,CPF________abaixo

assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente

informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim

como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me

garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a

qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento.

Local:____________________________

Data: _____________________________

Nome: ____________________________________________________

Assinatura do Sujeito ou Responsável: _____________________________

Telefone para contato: ___________________________________________

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

45

APÊNDICE D

Termo de compromisso do pesquisador

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

46

APÊNDICE D

TERMO DE COMPROMISSO DO PESQUISADOR

Nós, abaixo assinado, aluno pesquisador e professora orientadora do Curso de

Psicologia da UNIVALI – Campus Biguaçu, nos comprometemos em realizar a

pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso “ Psicodrama Infantil: O Teatro de faz de

Conta na teoria Moreniana”, desenvolvendo todas as atividades relacionadas à sua

concretização.

_______________________________ ___________________________

Marcelo Luiz Marques Ana Paula B. Karkotli

Aluno Pesquisador Professora Orientadora

Florianópolis, _______ /_______ /________

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

47

APÊNDICE E

Termo de Compromisso na utilização dos dados

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

48

APÊNDICE E

TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS

Nós, abaixo assinado, pelo presente “Termo de Compromisso de Utilização de

Dados”, em conformidade com a Instrução Normativa no 004/2002, autora do projeto de

pesquisa intitulado Curso “ Psicodrama Infantil: O Teatro de faz de Conta na teoria

Moreniana”, a ser desenvolvido no período de ________________, na cidade de

Florianópolis, comprometo-me em utilizar os dados coletados, somente para fins deste

projeto e divulgação científica através de Artigos, Livros, Resumos, Pôsteres. Informo

também, comprometer-me a retornar os resultados da pesquisa.

______________________________ _____________________________

Marcelo Luiz Marques Ana Paula B. Karkotli

Aluno Pesquisador Professora Orientadora

Florianópolis, _______ /_______ /________.

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

49

APÊNDICE F

Carta de apresentação da pesquisa

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Marcelo Luiz Marques.pdf · cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau,

50

APÊNDICE F

CARTA DE APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

Florianópolis,________________.

Prezado Sr. ___________________________

Eu, Marcelo Luiz Marques, aluno do Curso de Psicologia da UNIVALI –

Campus Biguaçu, sob a orientação da professora Cristianne Gick Machado, venho por

meio deste, encaminhar o meu Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para sua

análise e parecer a respeito da viabilidade de estarmos desenvolvendo esta pesquisa na

Universidade do Vale do Itajaí – Biguaçu com o Sro (a). A pesquisa tem como título

“Psicodrama infantil: O teatro de faz de conta na teoria Moreniana”, e tem como

objetivo compreender as contribuições do teatro do faz de conta Moreniano na

psicoterapia infantil

A referida pesquisa teve seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da UNIVALI. Conforme os preceitos éticos em pesquisa, informo que os dados

coletados durante o estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo

mantido sigilo sobre a identidade dos profissionais participantes.

Comprometo-me também em fornecer uma cópia do relatório final do estudo.

Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para esse estudo.

Atenciosamente,

___________________________ ________________________________

Marcelo Luiz Marques Ana Paula Balbueno Karkotli

Aluno Pesquisador Professora Orientadora