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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CTTMar PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL DAGOBERTO PORT O IMPACTO DA PESCA INDUSTRIAL DE ARRASTO SOBRE OS ECOSSISTEMAS DA MARGEM CONTINENTAL DO SUDESTE/SUL DO BRASIL Itajaí, SC Fevereiro de 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

DAGOBERTO PORT

O IMPACTO DA PESCA INDUSTRIAL DE ARRASTO SOBRE OS ECOSSISTEMAS DA

MARGEM CONTINENTAL DO SUDESTE/SUL DO BRASIL

Itajaí, SC

Fevereiro de 2015

DAGOBERTO PORT

O IMPACTO DA PESCA INDUSTRIAL DE ARRASTO SOBRE OS ECOSSISTEMAS DA

MARGEM CONTINENTAL DO SUDESTE/SUL DO BRASIL

Tese apresentada como requisito parcial para a

obtenção do título de Doutor em Ciência e

Tecnologia Ambiental, na Universidade do Vale

do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da

Terra e do Mar.

Orientador: Prof. Dr. José Angel Alvarez Perez

Co-orientador: Prof. Dr. João Thadeu de Menezes

Itajaí, SC

Fevereiro de 2015

Aos meus pais,

Bruno e Linéa,

pela educação que tive

e que me permitiu chegar até aqui...

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. José Angel Alvarez Perez, pela orientação e por acreditar que seria possível;

Ao Prof. Dr. João Thadeu de Menezes, pelas valiosas “dicas” do ArcGIS;

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa de Doutorado (Edital Ciências do Mar 09/2009 – Projeto IGEPESCA);

A Coordenação do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, por atender nossas demandas, sempre que

possível;

A Isabela Germani de Oliveira Delfino e Fabíola Heloísa Tell Varela, pela presteza em

resolver nossas solicitações;

Ao Oceanógrafo Fernando N. Fiedler, amigo, que normalmente é mestre, mas as vezes é

“gafanhoto”, pela companhia na sala dos excluídos e pelas valiosas discussões sobre a

importância da “estatística inaplicada nos projetos D e F”;

Por fim, mas não por último, a Profa. Dra. Fabiane Fisch, por incontáveis motivos

existentes entre o Céu e a Terra e que nossa filosofia não precisa explicar.

6

RESUMO

O objetivo geral do presente estudo é avaliar o impacto da pesca industrial de arrasto sobre os

ecossistemas da margem continental do Sudeste/Sul do Brasil e neste sentido apresenta, pela

primeira vez, estimativas de consumo de combustível e emissões de gases de efeito estufa;

estimativas de área varrida e “pegada espacial”; além de valores de diversidade,

equitabilidade, nível trófico médio, vulnerabilidade média e resiliência média para a captura

desembarcada por esta frota. Os dados analisados são compostos por características das

embarcações, desembarques, áreas de pesca e duração dos arrastos de 10.144 operações de

pesca monitoradas, em Santa Catarina, entre 2003 e 2011. Foram consideradas três estratégias

de pesca principais: arrasto de camarões, arrasto de talude e arrasto de parelhas. Todas as

análises foram realizadas em ambiente de SIG (Sistema de Informação Geográfica) e os dados

especializados em quadrantes de 30’ × 30’. Como resultados temos que, em conjunto, estas

operações consumiram mais de 141,5 milhões de litros de diesel para desembarcar 342,3

milhões de kg de pescado. Anualmente, foram consumidos de 0,36 a 0,48 litros para cada kg

de pescado desembarcado. Esta intensidade de uso de combustível é decorrente do fato de que

todas as estratégias de pesca atuam em capturas multiespecíficas para aumentar seus

rendimentos, porém se apenas as espécies-alvo forem consideradas, as estimativas de

consumo de combustível aumentam 316-1025%. Em nove anos as operações de arrasto

emitiram 104,07 GgC para a atmosfera e entre 36.800 e 49.500 toneladas de CO2 por ano. A

delimitação da “pegada” da pesca industrial de arrasto do Sudeste e Sul do Brasil e suas

principais áreas “núcleo” foi um primeiro passo para avaliar o impacto espacial em tais áreas,

fornecendo informações preliminares para uma futura gestão ecossistêmica da pesca e

estratégias de planejamento espacial marinho. Deve-se observar que os valores obtidos para a

área varrida e “pegada espacial” podem estar subestimados em função de fatores que

limitaram a estimativa precisa das áreas varridas (pela ausência de dados de arrastos

individuais) e a extrapolação para todo o universo da frota de arrasto na região. Considerando

estas incertezas, verifica-se que a frota industrial de arrasto que opera no Sudeste e Sul do

Brasil, no período de estudo, apresentou uma área varrida de 680.697,5 km2. A maior parte da

biomassa desembarcada nos portos de Santa Catarina (55,67%), neste período, pela frota

industrial de arrasto, teve origem no intervalo de latitude Sul (sul de 29°S), sendo as classes

de substrato Areia Fina, Areia Lamosa e Lama as mais representativas da origem desta

biomassa. Capturas obtidas nas áreas de pesca mais profundas (plataforma externa, quebra da

plataforma e talude) apresentaram os menores valores de diversidade, equitabilidade e

7

resiliência média e os maiores valores para nível trófico médio e vulnerabilidade média,

enquanto que a biomassa removida das áreas mais rasas (plataforma interna e plataforma

média) apresentou um comportamento contrário. Constatou-se uma leve tendência de queda

nos valores do nível trófico médio das capturas, durante 2003-2011, padrão este fortemente

afetado pela oscilação nos desembarques das principais espécies-alvo. O índice da pesca em

equilíbrio (Fishing-in-Balance index - FiB) sofreu um incremento durante o período avaliado,

possivelmente como resultado da expansão da área de ocupação da frota de arrasteiros em

direção ao talude, explorando desta forma, um ecossistema mais amplo. A partir dos

resultados obtidos, este estudo propõe a demarcação espacial de três categorias de área de

pesca (A, B e C), baseado no grau de impacto a que cada uma delas foi submetida pela frota

industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, no período avaliado. O grau de impacto destas

áreas foi baseado em valores de emissão de Carbono, remoção de biomassa e percentual de

área varrida. Além disto, foram considerados, na classificação destas áreas os valores de

atributos das comunidades e populações marinhas (i.e. diversidade, equitabilidade, nível

trófico médio, vulnerabilidade média e resiliência média) obtidos a partir de informações da

captura desembarcada por esta frota. Para cada um destes indicadores ecológicos e de impacto

foram atribuídos valores (1, 3 e 5) para o cálculo do Índice do Estado do Ambiente (IEA). Os

valores obtidos para o IEA também foram espacializados em quadrantes de 30’ × 30’, dando

origem as três categorias de área de pesca. A área de pesca “A” é a que apresenta os maiores

valores de impacto provocados pelas altas emissões de Carbono, alta remoção de biomassa e

alto percentual de área varrida, além de alto valor de diversidade, equitabilidade e resiliência

média e baixos valores de nível trófico médio e vulnerabilidade média. Por sua vez, a área de

pesca “C” é a menos impactada por emissões de Carbono, remoção de biomassa e área

varrida, porém é a que apresenta os menores valores de diversidade, equitabilidade e

resiliência média, além de possuir os maiores valores de nível trófico médio e vulnerabilidade

média. Finalmente a área de pesca “B” apresenta valores intermediários às outras duas. A

partir destes resultados são propostas ações de gestão para esta pescaria, do tipo “freezing the

footprint” e Áreas de Exclusão de Pesca (AEP), além da implementação de outros estudos

sobre as espécies marinhas afetadas direta e/ou indiretamente, e seus habitats também

impactados.

Palavras-chave: pesca industrial de arrasto; impactos; abordagem ecossistêmica; gestão da

pesca; indicadores ecológicos; Sudeste e Sul do Brasil.

8

ABSTRACT

This study evaluates the impact of industrial trawling on ecosystems of the continental margin

of the Southeast/South of Brazil. For this it presents, for the first time, estimates of fuel

consumption greenhouse gas emissions; estimates of swept area and "spatial footprint"; and

values of diversity, equitability, mean trophic level, mean vulnerability, and mean resilience

for the catch landed by this fleet. The data analyzed consist of characteristics of the vessels,

landings, fishing areas and trawl duration, for 10,144 fishing operations monitored in the state

of Santa Catarina, between 2003 and 2011. Three main fishing strategies were considered:

shrimp, slope and pair trawls. All the analyses were performed in the GIS (Geographic

Information System) environment, and the data were spatialized into quadrants of 30'× 30'.

The results showed that together, these operations consumed more than 141.5 million liters of

diesel to land 342.3 million kg of fish. Annually, 0.36-0.48 l were consumed for every kg of

catch landed. This fuel use intensity is due to the fact that all fishing strategies work in multi-

species catches for increasing yields, but if only the target species are considered, the fuel

consumption estimates increased 316-1025%. In nine years of trawling operations, 104.07

GgC were emitted into the atmosphere, and between 36,800 and 49,500 tons of CO2 per year.

The "spatial footprint" of industrial trawling off the Southeast and South coasts of Brazil and

its main core areas was a first step in assessing these areas, providing preliminary information

for future ecosystem fisheries management and marine spatial planning strategies. It should

be noted that the values obtained for the swept area and "spatial footprint" may be

underestimated due to factors that limited the accurate estimate of the areas (due to the

absence of actual data for each fishery) and extrapolation to the whole universe of the trawler

fleet in the region. Given these uncertainties, it was observed that the industrial trawler fleet

operating in Southeast and South of Brazil, during the study period, showed a swept area of

680,591.59 km2. Most of the biomass landed in the ports of the state of Santa Catarina

(55.67%) in this period, by the industrial trawler fleet, originated in south latitude range

(south of 29°S), and the fine sand, muddy sand and mud substrate classes were the most

representative of the origin of this biomass. Catches from deeper fishing areas (outer shelf,

shelf break and slope) had the lowest values of diversity, evenness and medium resilience,

and the highest values for mean trophic level and medium vulnerability, whereas catches

removed from shallower areas (inner shelf and middle shelf) showed an opposite trend. There

was a slight downward trend in the mean trophic level of the catches landed between 2003

and 2011. This pattern, however was strongly affected by oscilantions of landings of the main

9

target species. The Fishing-in-Balance index (FiB) increased throughout the study period,

possibly as the outcome of an expansion of the trawl fleet fishing area towards the slope

exploiting a wider ecosystem. Based on the results obtained, this study proposes a spatial

demarcation of three categories of fishing area (A, B and C), according to the level of impact

to which each of them was submitted by the industrial trawling fleet of Southeast/South of

Brazil in the study period. The level of impact on these areas was based on carbon emission

levels, biomass removal and percentage of swept area. The classification of these areas also

considered values of attributes of marine communities and populations (i.e. diversity,

evenness, mean trophic level, mean vulnerability and mean resilience) obtained from

information on the catch landed by this fleet. A State of Environment Index (IEA) was

calculated for each fishing area based on scores attributed to each ecological and impact

indicators. Fishing area "A" is the one with the greatest impact values caused by the high

carbon emissions, high biomass removal and high percentage of swept area, as well as high

value of diversity, evenness and medium resilience and low values of mean trophic level and

medium vulnerability. In turn, the fishing area "C" is less affected by carbon emissions,

biomass removal and swept area; however, it shows the lowest values of diversity, evenness

and medium resiliency, and higher values of mean trophic level and medium vulnerability.

Finally fishing area "B" shows intermediate values to the other two. Based on these results,

management actions are proposed for this fishery, including "freezing the footprint" and

fishing exclusion areas (AEP), and further studies are suggested, on marine species directly

and/or indirectly affected, and the impacts on their habitats.

Keywords: industrial trawling fisheries; impacts; ecosystem approach; fisheries management;

ecological indicators; Southeast and South of Brazil.

10

APRESENTAÇÃO

Os capítulos do presente trabalho estão organizados na forma de artigos científicos,

com base nas normas para publicação dos periódicos aos quais foram ou serão submetidos.

Além disto, inicialmente é feita uma introdução geral, que aborda aspectos relacionados aos

quatro capítulos seguintes e o último capítulo, em forma de considerações finais, abrange a

relação das principais ideias e as conclusões de cada um dos capítulos.

O primeiro capítulo: “Consumo de combustível, intensidade de uso de combustível

e emissão de gases de efeito estufa da principal frota de arrasto industrial do Brasil” tem

como objetivos obter, pela primeira vez, estimativas de consumo de combustível e emissões

de gases de efeito estufa da frota industrial de arrasto que opera no Sudeste e Sul do Brasil.

Além disto, a intensidade de uso de combustíveis e o balanço de carbono das operações de

arrasto, com seus principais padrões temporais e espaciais, foram analisados para avaliar os

custos ambientais dessa atividade antrópica e seus impactos sobre a margem continental

brasileira. Este capítulo foi formatado de acordo com as normas da revista Marine Pollution

Bulletin, para a qual foi submetido, tendo sido publicado no volume 88 (2014), páginas 334-

343 (Anexo 1).

O segundo capítulo: “Evolução da “pegada espacial” da pesca industrial de

arrasto da margem continental do Sudeste e Sul do Brasil” tem como objetivos delimitar a

“pegada espacial” da pesca industrial de arrasto e estimar a extensão da área impactada pelo

arrasto em relação aos habitats de fundo, intervalos de latitude e profundidades da costa

Sudeste/Sul do Brasil, e sua evolução temporal recente. Este capítulo foi formatado de acordo

com as normas da revista Fisheries Research, para a qual foi submetido (Anexo 2).

O terceiro capítulo: “Caracterização e variação espaço-temporal de indicadores

ecológicos da captura desembarcada pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do

Brasil no período 2003-2011” tem por objetivo calcular índices ecológicos, diversidade,

equitabilidade, nível trófico, índice da pesca em equilíbrio (Fishing-in-Balance index – FiB),

vulnerabilidade e resiliência, dos componentes da captura desembarcada por esta frota nos

portos de Santa Catarina, com o propósito de aumentar a compreensão sobre os impactos

produzidos, por esta modalidade de pesca, sobre populações e comunidades bentônicas e

bento-pelágicas (demersais), contribuindo para iniciativas de gestão ecossistêmica e de

planejamento espacial do ambiente marinho. Este capítulo foi formatado de acordo com as

normas da revista Brazilian Journal of Oceanography para a qual será submetido.

11

O quarto capítulo: “Avaliação ecossistêmica do impacto da pesca industrial de

arrasto no Sudeste e Sul do Brasil” tem como objetivo avaliar, em conjunto, diversos

indicadores ecológicos (diversidade, equitabilidade, nível trófico médio, vulnerabilidade

média e resiliência média) e indicadores de impacto (consumo de combustível, emissões de

gases de efeito estufa e percentual de área varrida), com o intuito de apresentar uma visão

ecossistêmica preliminar do impacto causado pelas operações da frota industrial de arrasto no

Sudeste e Sul do Brasil. Este capítulo foi formatado de acordo com as normas da revista

Ecological Indicators para a qual será submetido.

12

SUMÁRIO

RESUMO 6

ABSTRACT 8

APRESENTAÇÃO 10

SUMÁRIO 12

INTRODUÇÃO GERAL 14

HIPÓTESE 17

OBJETIVO GERAL 18

OBJETIVOS ESPÉCÍFICOS 18

REFERÊNCIAS 19

CAPÍTULO 1 - CONSUMO DE COMBUSTÍVEL, INTENSIDADE DE USO DE

COMBUSTÍVEL E EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA

PRINCIPAL FROTA DE ARRASTO INDUSTRIAL DO BRASIL

23

RESUMO 24

ABSTRACT 24

INTRODUÇÃO 25

MATERIAL E MÉTODOS 27

Pesca de arrasto de fundo 27

Fontes dos dados 28

Transformação dos dados 30

Análise dos dados 33

RESULTADOS 34

Consumo de combustível e intensidade de uso 34

Balanço de carbono e emissões de CO2 39

Custos ambientais de pesca de arrasto 40

DISCUSSÃO 40

CONCLUSÕES 46

REFERÊNCIAS 46

CAPÍTULO 2 - EVOLUÇÃO DA “PEGADA ESPACIAL” DA PESCA

INDUSTRIAL DE ARRASTO DA MARGEM CONTINENTAL DO SUDESTE E

SUL DO BRASIL

52

RESUMO 53

ABSTRACT 53

INTRODUÇÃO 54

MATERIAL E MÉTODOS 56

RESULTADOS 62

O efeito das estratégias de pesca de arrasto 66

13

Evolução da “pegada” (footprint) 71

DISCUSSÃO 75

REFERÊNCIAS 81

CAPÍTULO 3 - CARACTERIZAÇÃO E VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL

DE INDICADORES ECOLÓGICOS DA CAPTURA DESEMBARCADA PELA

FROTA INDUSTRIAL DE ARRASTO DO SUDESTE/SUL DO BRASIL NO

PERÍODO 2003-2011

86

RESUMO 87

ABSTRACT 87

INTRODUÇÃO 88

MATERIAL E MÉTODOS 90

Pesca de arrasto de fundo 90

Fonte dos dados – Pescaria 91

Fonte dos dados – Espécies desembarcadas 93

Transformação dos dados 96

Análise dos dados 100

RESULTADOS 100

DISCUSSÃO 114

REFERÊNCIAS 120

CAPÍTULO 4 - AVALIAÇÃO ECOSSISTÊMICA DO IMPACTO DA PESCA

INDUSTRIAL DE ARRASTO NO SUDESTE E SUL DO BRASIL 127

RESUMO 128

ABSTRACT 128

INTRODUÇÃO 129

MATERIAL E MÉTODOS 131

RESULTADOS 135

DISCUSSÃO 137

REFERÊNCIAS 141

MATERIAL SUPLEMENTAR 147

Tabela S1 148

Tabela S2 152

CONSIDERAÇÕES FINAIS 157

ANEXOS 159

Anexo 1. Primeira página do manuscrito publicado no volume 88 (2014), páginas

334-343, da revista Marine Pollution Bulletin. 160

Anexo 2. Cópia do email de confirmação da submissão do manuscrito, referente ao

Capítulo 2 desta tese, na revista Fisheries Research. 161

14

INTRODUÇÃO GERAL

A frota pesqueira industrial, em todo o mundo, é responsável pela maior parte das

capturas anuais, fornecendo, desta forma, uma parcela importante da proteína animal de

origem marinha, cuja demanda é crescente (FAO, 2012). Esta situação, benéfica por um lado,

é contrabalanceada por uma série de custos/impactos ambientais, quer sejam eles potenciais

ou efetivos, destacando-se: (a) redução da biomassa dos estoques naturais através da

sobrepesca (Garcia & Grainger, 2005), (b) alteração da estrutura da comunidade e

funcionamento do ecossistema através da redução de predadores de topo, bycatch e descartes

(Pauly et al., 1998, 2005; Kelleher, 2008), (c) a degradação de habitats através do contato de

equipamentos de pesca com o fundo do mar (Kaiser et al., 2006), (d) o consumo de

combustíveis fósseis durante as operações de navegação e pesca (Tyedmers, 2004; Tyedmers

et al., 2005;. Suuronen et al., 2012), (e) a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera

(Ziegler & Hansson, 2003; Fulton, 2010).

Neste mesmo cenário, a pesca de arrasto constitui mundialmente a principal fonte de

peixes demersais e bentônicos, bem como de outros frutos do mar (Thurstan et al., 2010). No

entanto, a sustentabilidade ambiental deste tipo de pescaria tem sido questionada,

principalmente porque as redes de arrasto de fundo (a) são geralmente pouco seletivas,

produzindo um volume grande e diverso de bycatch e descartes (Kelleher, 2008) e (b)

perturbam os habitats de fundo e as comunidades bentônicas devido ao contato dos

equipamentos pesados com os mesmos (Auster & Langton, 1999; Hiddink et al., 2006).

Infere-se que as consequências dessa atividade, sobre as comunidades de fundo, vão além das

relações populacionais de espécies de interesse comercial, afetando também a resiliência de

diferentes espécies não-comerciais, a estrutura das comunidades biológicas e por conseguinte,

o próprio funcionamento dos ecossistemas e sua capacidade de provisão de serviços

(Cardinale et al., 2012). Além disto, estima-se que a frota de arrasto seja ineficiente do ponto

de vista energético, como resultado dos padrões de variabilidade da captura dos estoques

(agregações e proximidade das áreas de pesca) e significativa força de arrasto produzida

durante as operações de pesca, que exigem uma grande potência de motor e alto consumo de

combustível (Wileman, 1984; Tyedmers, 2004). Variações temporais nesses elementos, por

exemplo, diminuição da abundância relativa dos estoques e aumento de tamanho e potência

dos motores dos barcos de pesca contribuem para mudanças no desempenho energético ao

longo do tempo, como relatado para várias pescarias de arrasto em todo o mundo (Tyedmers,

2004).

15

No Sudeste e Sul do Brasil (19°S - 34°S), historicamente a frota industrial de arrasto

de fundo tem produzido a principal fração das capturas demersais. No final da década de 1990

e durante os anos 2000, a frota industrial de arrasto possuía mais de 650 barcos cujos

desembarques anuais conjuntos oscilaram em torno de 89 mil toneladas, aproximadamente

1/3 de toda biomassa de pescados desembarcada na região (Perez et al., 2001; Valentini &

Pezzuto, 2006).

Segundo estimativas da ICES (International Council for the Exploration of the Sea) a

totalidade das capturas da pesca de águas profundas, no Atlântico Norte é feita além do

“limite biológico seguro” (ICES, 2010). No Brasil, esta mesma situação é apontada por Perez

et al. (2009) para o Sudeste/Sul do Brasil, destacando uma listagem de espécies de alta

vulnerabilidade, compilada de diversos trabalhos, na qual se encontram além de espécies-alvo

da pesca industrial de arrasto, outras que também compõem as capturas desembarcadas por

esta frota, todas em situação de sobrepesca, como todos os estoques de águas profundas desta

região. Ao analisar o potencial de rendimento de espécies-alvo da pesca industrial de arrasto

de talude, na mesma região, Perez (2006) prevê que as capturas de Lophius gastrophysus,

Merluccius hubbsi e Urophycis mystacea encontravam-se acima dos níveis de

sustentabilidade. Outras avaliações dos estoques produzidas ao longo deste período

concluíram que as principais populações-alvo, capturadas tanto em áreas de plataforma como

de talude, tiveram redução da sua biomassa atingindo, ou mesmo ultrapassando, os níveis

máximos sustentáveis (Haimovici, 1997; D’Incao et al., 2002; Haimovici et al., 2006). Em

geral atribuído à sobrepesca, este cenário tornou-se uma evidência do impacto direto da pesca

industrial de arrasto sobre os ecossistemas bentônicos do Sudeste e Sul do Brasil.

Analisando as variações nos valores do nível trófico médio das capturas das pescarias

em geral, Pauly et al. (1998; 2001) verificaram o efeito “fishing down the food web” que

ocorre se uma pescaria inicia direcionando seu esforço aos predadores de topo passando

subsequentemente para níveis inferiores na medida em que a abundância dos primeiros decai.

Com relação a degradação de habitats, através do contato de equipamentos de pesca

com o fundo do mar, a pesca de arrasto produz uma "pegada espacial" (i.e. não a "pegada

ecológica" sensu Swartz et al., 2010) claramente definida pela operação das redes, que são

arrastadas sobre o fundo do mar e “varrem” extensões variáveis de substrato, onde uma ou

mais espécies bentônicas/bentopelágicas são capturadas para fins comerciais. Estas redes são

equipadas com portas pesadas e cabos de solo (às vezes com correntes ou rolos)

desenvolvidas para agregar e/ou retirar os organismos (peixes, crustáceos) do fundo do mar.

Desta forma, este petrecho perturba substratos de fundo e produz modificações cujas

16

consequências ecológicas são habitat-específicas, mas particularmente graves em áreas ainda

inexploradas ou pouco impactadas (Kaiser et al., 2002; Kaiser et al., 2006).

Finalmente, no que diz respeito ao consumo de combustíveis fósseis durante as

operações de navegação e pesca e a consequente emissão de gases de efeito estufa para a

atmosfera, Tyedmers et al. (2005) estimaram que a atividade da pesca consumiu 1,2% (50

bilhões de toneladas) de todo o petróleo consumido no planeta em 2000. Este foi o custo de

combustível de quase 80 milhões de toneladas de pescado e a fonte de 130 milhões de

toneladas de CO2 liberados para a atmosfera. Considerando que a energia disponibilizada para

assimilação humana através do consumo desta quantidade de frutos do mar foi de cerca de

1/12 da energia dissipada para realizar a pesca, os autores concluíram que a eficiência da

atividade de pesca é geralmente baixa. No entanto, essa eficiência não é homogênea, pois os

vários métodos empregados atualmente para capturar recursos bentônicos, demersais e

pelágicos exigem diferentes níveis de consumo de combustíveis e consequentemente, têm

diferentes desempenhos energéticos (sensu Tyedmers, 2004). Em geral, métodos de pesca

passivos (e.g. redes de emalhe, armadilhas, espinhéis) tendem a demandar menos energia do

que métodos ativos (e.g. redes de arrasto e redes de cerco) (Tyedmers et al., 2005; FAO,

2007; Schau et al., 2009; Winther et al., 2009). De acordo com Tyedmers et al. (2005) as

pescarias que ocorrem nas áreas costeiras do Atlântico Sul Ocidental contribuíram pouco para

o consumo global de combustíveis e para as emissões de gases de efeito estufa em 2002.

Essas áreas, no entanto, não dispunham de dados empíricos e foram avaliadas principalmente

através da adoção de parâmetros provenientes de pescarias similares de outras regiões.

No Brasil, fontes de impacto nos ecossistemas, tais como, perturbação dos habitats,

mudanças na estrutura das comunidades, consumo de combustíveis fósseis e emissões de

gases de efeito estufa, tem sido pouco estudadas (e.g. Gasalla & Rossi-Wongtschowski, 2004;

Almeida & Vivan, 2011; Port et al., 2014) ou são praticamente desconhecidas.

Na maioria das vezes, a gestão da pesca tem sido feita com base em avaliações de

estoque das espécies-alvo, porém, a sustentabilidade das pescarias em geral é atualmente uma

preocupação constante e algumas abordagens ecossistêmicas têm sido propostas para gerir as

pescarias (Jennings & Kaiser, 1998; Garcia et al., 2003; Pikitch, et al., 2004). De acordo com

Grafton et al. (2008) e Squires (2009), um dos grandes desafios do gerenciamento dos

oceanos é a gestão combinada dos estoques pesqueiros e a conservação das comunidades das

quais estes estoques dependem, sendo que esta discussão vai além da sobrepesca, incluindo

aspectos ambientais, ecológicos e da biodiversidade. Por outro lado, muitos conceitos ligados

a gestão ecossistêmica, como “saúde do ecossistema”, são de difícil tradução em objetivos

17

operacionais que possam ser utilizados diretamente na elaboração de políticas de

gerenciamento (Larkin, 1996). Esta visão ecossistêmica da gestão da pesca, que vem

ganhando espaço nos últimos anos é importante, pois a atividade pesqueira afeta níveis

tróficos bem distantes das espécies que são normalmente comercializadas (Pauly et al., 1998).

Desta forma, para que seja possível uma gestão ecossistêmica das pescarias é

necessário inicialmente conhecer como ambientes, as populações e comunidades que

compõem as áreas de pesca são impactados pela atividade pesqueira. Portanto, são

necessários indicadores preditivos, que possam ser facilmente parametrizados, utilizando

dados de fácil acesso, que possam traduzir de forma simples a variedade de processos

complexos que ocorrem em um ecossistema (Christensen, 2000; Murawski, 2000; Pauly &

Watson, 2005). Entre estes indicadores, podemos destacar aqueles que descrevem a estrutura

de comunidades naturais, como Índice de Diversidade de Shannon (H’) e o Índice de

Equitabilidade de Pielou (J’) (Pielou, 1975) e outros específicos para ambientes marinhos,

mais recentes, como o Nível Trófico Médio (NTM) (Pauly et al., 1998), Índice da Pesca em

Equilíbrio (Fishing-in-Balance index - FiB, Pauly et al., 2000), Vulnerabilidade e Resiliência

(Froese & Pauly, 2014).

Neste sentido, utilizando dados referentes a 10.144 viagens da pesca industrial de

arrasto, monitoradas em Santa Catarina, entre 2003 e 2011, contendo informações das

embarcações, desembarques, áreas de pesca e das operações de arrasto propriamente ditas,

este estudo contribui com o fornecimento de algumas estimativas até então inexistentes para

esta frota e região, como: o consumo de combustível e emissões de gases de efeito estufa; a

delimitação da “pegada espacial” da pesca industrial de arrasto e estimativa da extensão da

área impactada pelo arrasto em relação aos habitats de fundo, intervalos de latitude e

profundidades; a estimativa dos valores de índices ecológicos aplicados aos componentes da

captura desembarcada; e uma avaliação conjunta destes parâmetros com o intuito de

apresentar uma visão ecossistêmica preliminar do impacto causado pelas operações da frota

de arrasto industrial nesta porção do Atlântico Sudoeste.

HIPÓTESE

Na última década, a frota de arrasteiros que opera a partir dos portos de Santa Catarina

tem sido caracterizada pela diversificação de alvos e áreas num processo de aproveitamento

dinâmico de recursos disponíveis e vulneráveis às redes de arrasto (Perez et al., 2001). Nesse

contexto esta proposta parte da hipótese de que essa atividade tem ocupado e impactado um

18

espaço significativo da plataforma continental e talude do Sudeste e Sul do Brasil, espaço este

em expansão durante esse período. As áreas arrastadas devem superar a superfície total da

área de pesca, a qual encerra uma comunidade bento-pelágica profundamente afetada por essa

atividade. Devido à pequena seletividade das redes empregadas e ao elevado aproveitamento

das capturas multiespecíficas a estrutura da comunidade deve ser afetada de forma

homogênea, porém, devido às diferentes sensibilidades demográficas dos organismos

capturados, o impacto provocado pela pesca de arrasto pode ser bastante heterogêneo.

Finalmente devido à abundante captura não-intencional descartada ao mar e ao intenso

consumo de óleo diesel necessário para promover arrastos rentáveis, hipotetiza-se que exista

um balanço neutro ou deficitário, onde os custos ambientais nas áreas de pesca são

extremamente elevados para a produção de biomassa aproveitada. Este déficit, no entanto

deve ser mais acentuado em algumas áreas da plataforma e talude do SE-S e menos em outras

permitindo uma análise espacial de possíveis estratégias de gestão da pesca de arrasto, dentro

de uma abordagem ecossistêmica.

OBJETIVO GERAL

Analisar o impacto da pesca industrial de arrasto sobre os ecossistemas da margem

continental do Sudeste/Sul do Brasil.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Obter, pela primeira vez, estimativas de consumo de combustível e emissões de

gases de efeito estufa da frota industrial de arrasto que opera no Sudeste e Sul do Brasil;

- Calcular a intensidade de uso de combustíveis e o balanço de carbono das operações

de arrasto, com seus principais padrões temporais e espaciais e avaliar os custos ambientais

dessa atividade antrópica e seus impactos sobre a margem continental brasileira;

- Delimitar a “pegada espacial” da pesca industrial de arrasto e estimar a extensão da

área impactada pelo arrasto em relação aos habitats de fundo, intervalos de latitude e

profundidades da costa Sudeste/Sul do Brasil, e sua evolução temporal recente;

- Calcular índices ecológicos, diversidade, equitabilidade, nível trófico, índice da

pesca em equilíbrio (Fishing-in-Balance index – FiB), vulnerabilidade e resiliência, dos

componentes da captura desembarcada pela frota industrial de arrasto nos portos de Santa

Catarina, com o propósito de aumentar a compreensão sobre os impactos produzidos, por esta

19

modalidade de pesca, sobre populações e comunidades bentônicas e bento-pelágicas

(demersais);

- Avaliar, em conjunto os diversos indicadores ecológicos e indicadores de impacto

(consumo de combustível, emissões de gases de efeito estufa e percentual de área varrida),

calculados anteriormente, com o intuito de apresentar uma visão ecossistêmica preliminar do

impacto causado pelas operações da frota industrial de arrasto industrial no Sudeste e Sul do

Brasil.

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23

CAPÍTULO 1

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL, INTENSIDADE DE USO DE COMBUSTÍVEL E

EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA PRINCIPAL FROTA DE ARRASTO

INDUSTRIAL DO BRASIL

24

RESUMO

Este estudo apresenta, pela primeira vez, estimativas de consumo de combustível e emissões

de gases de efeito estufa produzidas pela frota industrial de arrasto que opera no Sudeste e Sul

do Brasil. Os dados analisados são compostos por características das embarcações,

desembarques, áreas de pesca e duração dos arrastos de 10.144 viagens de pesca monitoradas,

em Santa Catarina, entre 2003 e 2011. Foram consideradas três estratégias de pesca

principais: arrasto de camarões, arrasto de talude e arrasto de parelhas. Em conjunto, estas

operações consumiram mais de 141,5 milhões de litros de diesel para desembarcar 342,3

milhões de kg de pescado. Anualmente, foram consumidos de 0,36 a 0,48 litros para cada kg

de pescado desembarcado. Esta intensidade de uso de combustível é decorrente do fato de que

todas as estratégias de pesca atuam em capturas multiespecíficas para aumentar seus

rendimentos, porém se apenas as espécies-alvo forem consideradas, as estimativas de

consumo de combustível aumentam 316-1025%. Em nove anos as operações de arrasto

emitiram 104,07 GgC para a atmosfera e entre 36.800 e 49.500 toneladas de CO2 por ano.

Palavras-chave: pesca de arrasto industrial; intensidade de uso de combustível; emissões de

gases de efeito de estufa; Sudeste e Sul do Brasil; Oceano Atlântico Sudoeste.

ABSTRACT

This study provides first-time estimates of direct fuel inputs and greenhouse gas emissions

produced by the trawl fishing fleet operating off southeastern and southern Brazil. Analyzed

data comprised vessel characteristics, landings, fishing areas and trawling duration of 10,144

fishing operations monitored in Santa Catarina State from 2003 to 2011. Three main fishing

strategies were differentiated: ‘shrimp trawling’, ‘slope trawling’ and ‘pair trawling’. Jointly

these operations burned over 141.5 million liters of diesel to land 342.3 million kilograms of

fish and shellfish. Annually, 0.36-0.48 l were consumed for every kg of catch landed. This

fuel use intensity is due to the fact that all fishing strategies work in multi-species catches for

increasing yields, but if only the target species are considered, the fuel consumption estimates

increased 316-1025%. In nine years, trawling operations emitted 104.07 GgC to the

atmosphere, between 36,800 and 49,500 tons CO2 per year.

25

Keywords: industrial trawl fisheries; fuel use intensity; greenhouse gas emissions; southeast

and south of Brazil; SW Atlantic.

INTRODUÇÃO

A maior parte das capturas anuais da pesca, a nível mundial, é feita pela frota

industrial, que desta forma proporciona uma fração importante da crescente demanda global

por frutos do mar (FAO, 2012). Embora produtiva, os benefícios produzidos por esta

atividade são compensados por uma série de custos/impactos ambientais, quer sejam eles

potenciais ou efetivos, destacando-se: (a) redução da biomassa dos estoques naturais através

da sobrepesca (Garcia & Grainger, 2005), (b) alteração da estrutura da comunidade e

funcionamento do ecossistema através da redução de predadores de topo, bycatch e descartes

(Pauly et al., 1998, 2005; Kelleher, 2008), (c) a degradação de habitats através do contato de

equipamentos de pesca com o fundo do mar (Kaiser et al., 2006), (d) o consumo de

combustíveis fósseis durante as operações de navegação e pesca (Tyedmers, 2004; Tyedmers

et al., 2005;. Suuronen et al., 2012), (e) a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera

(Ziegler & Hansson, 2003; Fulton, 2010). A avaliação da sustentabilidade das pescarias,

durante muitas décadas, esteve centrada na sobrepesca e só recentemente, começou a

considerar os impactos nos ecossistemas marinhos (a, b, c). Menos atenção tem sido dada, no

entanto, ao fato de que esses impactos foram movidos pela disponibilidade e consumo de

combustíveis fósseis (Tyedmers, 2004; Tyedmers & Parker, 2012), que por sua vez produzem

danos ambientais adicionais através de emissões de CO2 para a atmosfera contribuindo para

as mudanças ambientais mundiais.

Tyedmers et al. (2005) estimaram que a atividade da pesca consumiu 1,2% (50 bilhões

de toneladas) de todo o petróleo consumido no planeta em 2000. Este foi o custo de

combustível de quase 80 milhões de toneladas de pescado e a fonte de 130 milhões de

toneladas de CO2 liberados para a atmosfera. Considerando que a energia disponibilizada para

assimilação humana através do consumo desta quantidade de frutos do mar foi de cerca de

1/12 da energia dissipada para realizar a pesca, os autores concluíram que a eficiência da

atividade de pesca é geralmente baixa. No entanto, essa eficiência não é homogênea, pois os

vários métodos empregados atualmente para capturar recursos bentônicos, demersais e

pelágicos exigem diferentes níveis de consumo de combustíveis e consequentemente, têm

diferentes desempenhos energéticos (sensu Tyedmers, 2004). Em geral, métodos de pesca

passivos (e.g. redes de emalhe, armadilhas, espinhéis) tendem a demandar menos energia do

26

que métodos ativos (e.g. redes de arrasto e redes de cerco) (Tyedmers et al., 2005; FAO,

2007; Schau et al., 2009; Winther et al., 2009).

Neste mesmo cenário, no mundo todo, a pesca de arrasto constitui a principal fonte de

peixes demersais e bentônicos, bem como de outros frutos do mar (Thurstan et al., 2010). No

entanto, tem se questionado a sustentabilidade deste tipo de pescaria do ponto de vista

ambiental, principalmente porque as redes de arrasto de fundo (a) são geralmente pouco

seletivas, produzindo um volume grande e diverso de bycatch e descartes (Kelleher, 2008) e

(b) perturbam os habitats de fundo e as comunidades bentônicas devido ao contato dos

equipamentos pesados com os mesmos (Auster & Langton, 1999; Hiddink et al., 2006). Além

disto, a eficiência energética da frota de arrasto é geralmente deficiente, como resultado do

comportamento dos padrões de variabilidade da captura dos estoques (agregações e

proximidade das áreas de pesca) e significativa força de arrasto produzida durante as

operações de pesca, que exigem uma grande potência de motor e alto consumo de

combustível (Wileman, 1984; Tyedmers, 2004). Variações temporais nesses elementos, por

exemplo, diminuição da abundância relativa dos estoques e aumento de tamanho e potência

dos motores dos barcos de pesca contribuem para mudanças no desempenho energético ao

longo do tempo, como relatado para várias pescarias de arrasto em todo o mundo (Tyedmers,

2004).

No Sudeste e Sul do Brasil (19°S - 34°S), historicamente a frota industrial de arrasto

de fundo tem produzido a principal fração das capturas demersais. No final da década de 1990

e durante os anos 2000, a frota industrial de arrasto possuía mais de 650 barcos cujos

desembarques anuais conjuntos oscilaram em torno de 89 mil toneladas, aproximadamente

1/3 de toda biomassa de pescados desembarcada na região (Perez et al., 2001; Valentini &

Pezzuto, 2006). Avaliações dos estoques produzidas ao longo deste período concluíram que as

principais populações-alvo, capturadas tanto em áreas de plataforma como de talude, tiveram

redução da sua biomassa atingindo, ou mesmo ultrapassando, os níveis máximos sustentáveis

(Haimovici, 1997; D’Incao et al., 2002; Haimovici et al., 2006; Perez et al., 2009). Em geral

atribuído à sobrepesca, este cenário tornou-se uma evidência do impacto direto da pesca

industrial de arrasto sobre os ecossistemas bentônicos do Sudeste e Sul do Brasil. Outras

fontes de impacto nos ecossistemas, tais como, perturbação dos habitats, mudanças na

estrutura das comunidades, consumo de combustíveis fósseis e emissões de gases de efeito

estufa, tem sido pouco estudadas (e.g. Gasalla & Rossi-Wongtschowski, 2004; Almeida &

Vivan, 2011) ou são praticamente desconhecidas.

27

De acordo com Tyedmers et al. (2005) as pescarias que ocorrem nas áreas costeiras do

Atlântico Sul Ocidental contribuíram pouco para o consumo global de combustíveis e para as

emissões de gases de efeito estufa em 2002. Essas áreas, no entanto, não dispunham de dados

empíricos e foram avaliadas principalmente através da adoção de parâmetros provenientes de

pescarias similares de outras regiões. Este estudo fornece, pela primeira vez, estimativas de

consumo de combustível e emissões de CO2, produzidas ao longo de nove anos, pela frota

industrial de arrasto que opera no Sudeste e Sul do Brasil. A intensidade de uso de

combustíveis e o balanço de carbono das operações de arrasto, com seus principais padrões

temporais e espaciais, foram analisados para avaliar os custos ambientais dessa atividade

antrópica e seus impactos sobre a margem continental brasileira. No geral, pretende contribuir

para uma avaliação mais ampla dos custos e benefícios desta produção em larga escala de

pescado no Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

Pesca de arrasto de fundo

A pesca industrial de fundo nas regiões Sudeste e Sul do Brasil desenvolveu-se na

década de 1960 essencialmente como uma pescaria de camarões costeiros (Farfantepenaeus

paulensis, F. brasiliensis e Xyphopenaeus kroyeri). Durante os 40 anos seguintes, com o

decréscimo nos estoques de camarões, a pesca de arrasto expandiu sua área de atuação ao

longo da plataforma continental e diversificou seus alvos, incluindo peixes demersais da

família Sciaenidae (i.e. Micropogonias furnieri, Cynoscion guatucupa, Macrodon ancylodon,

Umbrina canosai, entre outros) e os linguados (Paralychthys spp.), bem como outros

crustáceos e moluscos de valor comercial (i.e. camarões Artemesia longinaris e Pleoticus

muelleri, lagostas Metanephrops rubellus e Scillarides depressus e cefalópodes Doryteuthis

plei e Octopus vulgaris). Na última década, as operações de arrasto expandiram suas

atividades para as áreas de talude (até 800 m de profundidade), iniciando uma exploração sem

precedentes dos recursos de águas profundas como o peixe-sapo (Lophius gastrophysus),

merluza (Merluccius hubbsi), abrótea-de-profundidade (Urophycis mystacea), calamar-

argentino (Illex argentinus) e os camarões de profundidade (Família Aristeidae) (Perez et al.,

2001; Perez et al., 2009).

Desde o final da década de 1990, mais de 650 embarcações de arrasto de fundo

operam do Espírito Santo (19°S) até o limite sul da ZEE brasileira (34°S), estabelecendo uma

área de operação que se estende de águas costeiras (~10 m de profundidade) até o talude

28

(~800 m de profundidade). A frota é composta por barcos de arrasto duplo (75%), arrasto de

parelhas (23%) e arrasto simples (2%) que apresentam padrões distintos de operação, com

base na disponibilidade espacial e temporal dos recursos demersais e a capacidade de suas

artes de pesca. Estes padrões, identificados por Dias et al. (2012a; 2012b) e Dias & Perez

(2012), foram utilizados para caracterizar três principais “estratégias de pesca”, utilizadas

neste estudo:

Arrasto de camarões (AC): principalmente barcos de arrasto duplo que operam na

plataforma interna e média, concentrando suas atividades em duas áreas distintas; uma

entre 24°S-29°S tendo como espécies-alvo principais o camarão-rosa (Farfantepenaeus

spp.) e o camarão-sete-barbas (Xyphopenaeus kroyeri), e uma segunda ao sul de 29°S

dirigida a outros camarões costeiros (A. longinaris e P. muelleri) e um grupo de peixes

demersais que incluem a castanha (U. canosai), cabrinha (Prionotus punctatus) e

linguados (Paralychthys spp.). Estas espécies representaram mais de 60% da biomassa

total desembarcada por esta estratégia de pesca no período de 2003-11.

Arrasto de talude (AT): barcos de arrasto duplo e arrasto simples que atuam nas áreas de

talude (250-400 m de profundidade), tendo como alvo principal abrótea-de-profundidade,

merluza e peixe-sapo. Estas espécies, juntamente com U. canosai e P. punctatus,

compreendem mais de 64% da biomassa desembarcada por estes barcos entre 2003 e

2011.

Arrasto de Parelhas (AP): nesta estratégia operam duas embarcações arrastando uma única

grande rede. Estes barcos atuam na plataforma interna, tendo como espécies-alvo alguns

peixes cianídeos, incluindo U. canosai, Micropogonias furnieri, Cynoscion guatucupa, C.

acoupa e C. jamaicensis, que compõem aproximadamente 78% do total da biomassa

desembarcada por estas embarcações entre 2003-2011.

Fontes dos dados

O conjunto de dados analisados é composto por informações de capturas, esforço e

áreas de pesca de 10.144 viagens de pesca (arrasto duplo = 8.012 viagens; arrasto simples =

949 viagens; arrasto de parelhas = 1.183 viagens) que desembarcaram suas capturas nos

portos de Santa Catarina entre 2003 e 2011. Os dados foram reportados pelos mestres das

embarcações, nos diários de bordo ou durante entrevistas no momento do desembarque, de

29

acordo com um protocolo de amostragem estabelecido pelo serviço de estatística pesqueira

industrial de Santa Catarina (Perez et al., 1998; www.univali.br/gep). Como parte deste

protocolo de rotina, as informações obtidas através destes dois instrumentos foram avaliadas

por analistas experientes, com base nas tendências de longo prazo da pesca de arrasto

industrial na região (e.g. áreas de pesca, profundidades, espécies comuns nas capturas,

quantidades capturadas, duração das viagens, etc.). Os resultados desta análise foram

classificados como “confiável”, “duvidoso” e “não confiável” e apenas aqueles incluídos na

primeira categoria foram utilizados no banco de dados analisado. Uma vez que resultados

“duvidosos” não são comuns e necessariamente não contém informações falsas, estes foram

submetidos a uma segunda avaliação e eventualmente foram “resgatados” dos que haviam

sido rejeitados. Este é o caso em particular quando mais de um instrumento (diário de bordo e

entrevista) estava disponível para o mesmo desembarque e as informações podiam ser

cruzadas para verificar a consistência dos dados.

Os relatórios de desembarque analisados representam uma fração conhecida

(aproximadamente 70%) dos desembarques totais nos portos de Santa Catarina

(UNIVALI/CTTMar, 2004, 2006, 2007a, 2007b, 2008, 2009, 2010, 2011, 2013). Portanto, as

variáveis transformadas (e.g. viagens de pesca, consumo de combustível, emissões de

carbono) foram projetadas para a totalidade da pesca industrial de arrasto registrada em Santa

Catarina (Tabela 1). Não foram feitas tentativas para projetar estes números para todo Sudeste

e Sul do Brasil, pois isto exigiria o registro completo dos desembarques em outros estados

(principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) que não estão disponíveis ou

são incomparáveis com as amostragens feitas em Santa Catarina. Mas assume-se que estes

dados são altamente representativos de toda a região uma vez que, os portos de Santa Catarina

abrigam quase 60% de toda a frota e registram anualmente 50-70% dos desembarques da frota

industrial de arrasto (Perez et al., 2001). Além disso, o volume dos descartes não foi incluído

na análise devido à falta de dados sobre os mesmos. Esta fração pode chegar a 30-40% das

capturas totais obtidas pela frota de arrasto industrial (Perez et al., 2001).

Os dados de capturas (kg), esforço (horas de arrasto) e todas as variáveis de cada

viagem de pesca foram atribuídos a quadrantes de 30’ x 30’ de acordo com as informações

dos mestres das embarcações. Em viagens onde os dados individuais de arrasto não estavam

disponíveis, os valores de capturas e esforço foram divididos, igualmente, entre todos os

quadrantes visitados (UNIVALI/CTTMar, 2010).

30

Tabela 1. Resumo da frota de arrasto industrial e das viagens de pesca monitoradas em portos de Santa Catarina,

Sul do Brasil, entre 2003 e 2011. Os dados são agregados por tipo de embarcação e ano.

Tipo de arrasto Ano Barcos Viagens de pesca Potência do motor (hp)

Min Max

Duplo

2003 275 1133 115 390

2004 271 1021 115 425

2005 293 1096 113 600

2006 315 1300 115 600

2007 320 1577 115 600

2008 288 1409 113 600

2009 325 1570 107 600

2010 277 1215 110 425

2011 268 1187 113 425

Média±dp 292,4 ± 22,2 1278,7 ± 201,5 112,9 ± 2,8 518,3 ± 97,4

Simples

2003 26 151 261 750

2004 25 98 261 750

2005 39 108 195 750

2006 23 105 290 392

2007 25 112 267 392

2008 28 101 267 392

2009 26 175 260 385

2010 33 230 180 425

2011 29 204 291 392

Média±dp 28,2 ± 5,0 142,7 ± 49,7 252,4 ± 38,8 514,2 ± 177,2

Parelha

2003 46 292 190 380

2004 46 203 180 380

2005 48 217 190 380

2006 45 214 160 380

2007 39 294 195 425

2008 33 205 190 425

2009 27 195 160 425

2010 24 166 190 425

2011 26 141 160 425

Média±dp 37,1 ± 9,7 214,1 ± 50,8 179,4 ± 15,1 405,0 ± 23,7

Todos barcos

(2003-2011)

Média±dp 357,8 ± 23,6 1635,4 ± 217,7 181,6 ± 62,5 479,2 ± 125,0

Total - 14719 - -

Transformação dos dados

A quantidade total de combustível consumido durante cada viagem de pesca foi

estimada a partir do total de horas de arrasto e as características dos motores dos barcos,

seguindo uma equação geral estabelecida pelo Ministério da Pesca e Aquicultura na Instrução

Normativa nº 10, de 14 de outubro de 2011 (Brasil, 2011) descrita a seguir:

31

𝐹𝐶𝑒𝑖 = 𝑇𝐻𝑒𝑖 × 𝐹𝐻𝑃 × 𝐻𝑃𝑒 (Equação 1)

onde 𝐹𝐶𝑒𝑖 é a quantidade de litros de combustível consumido pelo barco (e) durante a viagem

de pesca (i); 𝑇𝐻𝑒𝑖 é a quantidade de horas de arrasto do barco (e) durante a viagem (i); 𝐹𝐻𝑃 é

a quantidade de litros de combustível consumidos por hora por HP de potência do motor

utilizado (valor constante definido como 0,0963 l/HP para os barcos de arrasto industrial); e

𝐻𝑃𝑒 é a potência do motor do barco (e). A intensidade de uso de combustível de cada viagem

de pesca (𝐹𝑈𝐼𝑖) foi expressa pela relação:

𝐹𝑈𝐼𝑖 = 𝐹𝐶𝑒𝑖

𝐿𝐶𝑖

(Equação 2)

onde 𝐿𝐶𝑖 é a captura desembarcada (em kg) da viagem (i).

O balanço de carbono no contexto deste estudo é definido como a relação estabelecida

entre a quantidade de carbono retirado do ambiente marinho e a quantidade de carbono

emitido para a atmosfera por meio do consumo de combustíveis fósseis pelas operações de

arrasto. Para avaliar essa relação, a biomassa desembarcada (kg), por cada viagem de pesca,

foi inicialmente transformada em unidades (gigagramas) de carbono (𝐶𝑖), usando a equação:

𝐶𝑖 = 𝐿𝐶𝑖/𝐶𝑅

1000000

(Equação 3)

onde 𝐶𝑅 é a proporção de conversão de biomassa/carbono, considerada como sendo 9: 1

(Pauly & Christensen, 1995; Ziegler, 2006; Ziegler & Valentinsson, 2008; Fulton, 2010).

Posteriormente, o combustível consumido durante cada viagem de pesca foi convertido para

uma unidade comum definida como tEP (BRASIL, 1999), em que 1 tEP = 45,2 x 10-3

Tera-

Joules (TJ = 1012 Joules), usando a equação proposta por Álvares Júnior & Linke (2002),

Macêdo (2004) e Pinto & Santos (2004):

𝐸𝐶𝑒𝑖 = 𝐹𝐶𝑒𝑖 × 𝐹𝑐𝑜𝑛𝑣 × 45,2 × 10−3 × 𝐹𝑐𝑜𝑟𝑟 (Equação 4)

Nesta equação 𝐸𝐶𝑒𝑖 é a energia dissipada pela embarcação (e) durante a viagem de

pesca (i) expressa em TJ; 𝐹𝑐𝑜𝑛𝑣 é o fator de conversão da unidade física de medida da

32

quantidade de combustível para tEP, com base no poder calorífico superior (PCS) do

combustível, conforme determinado anualmente pelo Balanço Energético Nacional -

Ministério de Minas e Energia (EPE, 2011). O valor utilizado foi o determinado para o óleo

diesel náutico em 2010: 0,848 tEP/m3. Os valores de 𝐹𝐶𝑒𝑖 foram convertidos de litros para m

3.

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑟 é o fator de correção de PCS para PCI (poder calorífico inferior). No Balanço

Energético Nacional, o conteúdo energético tem como base o PCS, mas para o IPCC

(Intergovernmental Panel on Climate Change), a conversão para unidade comum de energia

deve ser feita pela multiplicação do consumo pelo PCI. Para combustíveis sólidos e líquidos o

Fcorr = 0,95, (Brasil, 2006).

A quantidade de carbono emitida pelo consumo de combustível durante as operações

da pesca de arrasto foi calculada usando a seguinte equação (Álvares Júnior & Linke, 2002;

Macêdo, 2004; Pinto & Santos, 2004):

𝐶𝐸𝑒𝑖 = 𝐸𝐶𝑒𝑖 × 𝐹𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠 × 10−3 (Equação 5)

onde 𝐶𝐸𝑒𝑖 é o carbono emitido pela embarcação (e) durante uma viagem de pesca (i),

expressa em Giga gramas de Carbono (GgC = 1000 toneladas de carbono); 𝐹𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠 é o fator

de emissão de carbono, expresso em toneladas de carbono (tC) por Tera-joule (TJ), que para o

diesel corresponde a 20,2 tC/TJ (IPCC, 1996; Brasil, 2006). Este fator é multiplicado por 10-3

,

a fim de expressá-lo em GgC. Finalmente, o balanço de carbono de cada viagem de pesca foi

expresso como uma razão entre 𝐶𝐸𝑒𝑖/𝐶𝑖.

A fim de que fosse possível a comparação com outros trabalhos semelhantes, realizou-

se a conversão dos valores obtidos em Giga gramas de Carbono (GgC) para toneladas de

Dióxido de Carbono (CO2), usando a seguinte equação (Macêdo, 2004):

𝐸𝐶𝑂2 = (𝐶𝐸𝑒𝑖 ×44

12) × 1000

(Equação 6)

Finalmente, a fim de verificar a área efetivamente utilizada pela frota industrial de

arrasto da região Sudeste/Sul do Brasil, estimou-se a área disponível para a mesma

(delimitada pelos paralelos 19°S - 35°S e pela isobata de 2.000 m), usando o software

ArcGIS® (ESRI - Environmental Systems Research Institute, Inc.).

33

Análise dos dados

A obtenção de estimativas agregadas de consumo de combustível, intensidade de uso

do combustível, emissões de carbono e balanço de carbono da pesca de arrasto industrial na

região Sudeste/Sul do Brasil foi o principal objetivo deste estudo. Nesse sentido, essas

variáveis transformadas foram agrupadas por ano e para todo o período do estudo. Os padrões

de variabilidade temporais (estações, anos) e espaciais (quadrantes, latitude), potencialmente

influenciados pelas estratégias de pesca adotadas pela frota de arrasto, também foram

explorados (Fig. 1). Quando atendidos os pressupostos estatísticos, estes valores foram

testados através da Análise de Variância unifatorial (ANOVA). Nos casos em que um dos

pressupostos da ANOVA não foi atendido, aplicou-se o teste não paramétrico de Kruskal-

Wallis (Day & Quinn, 1989; Zar, 2010). Todas as análises foram realizadas em ambiente SIG

(Sistema de Informação Geográfica), utilizando o software ArcGIS® (ESRI - Environmental

Systems Research Institute, Inc.).

Fig. 1. Fluxograma da obtenção, transformação e análise dos dados da frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul

do Brasil, no período de 2003 – 2011.

Pesca industrial de arrasto de fundo

Arrasto de camarões Arrasto de talude Arrasto de parelhas

Estratégias de pesca

Esforço pesqueiro (horas de arrasto)

2003 - 2011

Biomassa desembarcada (kg) Consumo de combustível (litros)

Emissões de C (GgC) Remoção de biomassa (GgC)

Emissões de CO2 Balanço de Carbono

Georreferenciamento – SIG (ArcGIS)

34

RESULTADOS

Consumo de combustível e intensidade de uso

Durante o período de estudo (2003-2011) a frota industrial de arrasto desembarcou,

anualmente, 28.000-45.000 toneladas de peixes, crustáceos e moluscos nos portos de Santa

Catarina (Fig. 2). Esta produção resultou de 570-1.518 viagens de pesca monitoradas por ano

realizadas pelas embarcações de arrasto industrial, nas três estratégias de pesca pré-definidas

(Fig. 2). Desembarques da estratégia de pesca de arrasto de camarões (AC) predominaram,

durante todo o período, sobre as outras estratégias. Desembarques das estratégias de pesca de

arrasto de camarões (AC) e de arrasto de talude (AT) aumentaram a partir de 2006, com o

arrasto de parelhas (AP) permanecendo relativamente estável ao longo de todo o período. As

três estratégias de pesca de arrasto contribuíram igualmente para os desembarques anuais de

biomassa, com exceção do arrasto de talude, que foi consideravelmente mais produtivo do

que as outras estratégias nos últimos cinco anos do período de estudo (Fig. 2).

Todas as estratégias de pesca que operam ao largo da costa Sudeste e Sul do Brasil,

durante todo o período de nove anos, consumiram cerca de 141,5 milhões de litros de diesel;

em média, 15,7 milhões de litros por ano (dp = 1,682 milhões de litros) (Tabela 2). Quase a

metade desse montante (48,42%) foi consumida pelo arrasto de camarões, e a outra metade

em conjunto pelo arrasto de talude (32,82%) e o arrasto de parelhas (18,76%). Juntas, estas

três estratégias de pesca de arrasto desembarcaram 342,3 milhões kg de peixes, crustáceos e

moluscos, usando 0,413 litros de combustível por kg desembarcado (413 litros/tonelada).

O arrasto de camarões utilizou quase o dobro de combustível por kg de biomassa

desembarcada do que as outras estratégias de pesca (~0,6 l/kg) (Tabela 2). Esta intensidade de

uso do combustível aumenta em 316% e 1025%, quando são considerados apenas os

desembarques das principais espécies-alvo desta estratégia de pesca, ou seja, todas as espécies

de camarões e Farfantepenaeus spp. + Xiphopenaeus kroyeri, respectivamente (Fig. 3). O

mesmo padrão foi observado para o arrasto de talude e para o arrasto de parelhas (Fig. 3). A

pesca de arrasto realizada em áreas ao sul de 25°S (intervalos Centro e Sul) consumiu 78,6%

de todo o combustível utilizado pela frota no período de estudo, mas também produziu 87%

da biomassa desembarcada (Tabela 2). Estas operações exigiram menos energia (0,31-0,49

l/kg) do que aquelas realizadas ao norte de 25°S (0,71 l/kg). Este efeito latitudinal no uso de

combustível mostrou-se significativo em todas as estratégias de pesca (teste de Kruskal-

Wallis, p <0,05), exceto quando comparados os intervalos Norte e Centro da estratégia de

pesca de parelhas (teste de Kruskal-Wallis, p = 0,5726); o menor consumo de combustível por

35

biomassa desembarcada foi registrado pelas operações nas áreas mais ao sul (Fig. 4). Os

efeitos sazonais não foram significativos na intensidade de uso de combustível para a

estratégia de arrasto de talude (ANOVA, p = 0,3576). Para o arrasto de camarões, existe

diferença na intensidade de uso de combustível entre o primeiro e o terceiro trimestres

((ANOVA – Tukey, p < 0,01), com uma tendência a um maior consumo de combustível no

segundo semestre. Por sua vez, para o arrasto de parelhas existe diferença na intensidade de

uso de combustível entre o segundo trimestre comparado com o terceiro e quarto trimestres

(ANOVA – Tukey, p < 0,05 e p < 0,01, respectivamente), com uma tendência a um menor

consumo de combustível no segundo semestre (Fig. 4).

Fig. 2. Variação anual da biomassa desembarcada (A) e número de desembarques (B) das operações de pesca de

industrial de arrasto do Sudeste e Sul do Brasil, de 2003 a 2011, e a contribuição relativa das três estratégias de

pesca: arrasto de camarões (shrimp), arrasto de talude (slope) e arrasto de parelhas (pair).

36

Tabela 2. Síntese dos valores registrados pelos mestres das embarcações nos diários de bordo ou durante as

entrevistas no momento do desembarque, no período 2003-2011, extrapolados para a totalidade da pesca de

arrasto registrada em Santa Catarina (UNIVALI/CTTMar, 2004, 2006, 2007a, 2007b, 2008, 2009, 2010, 2011,

2013). CC=consumo de combustível estimado em litros; BD=biomassa desembarcada (kg e GgC); EC=emissões

de carbono (GgC) a partir do combustível consumido durante as operações de arrasto. GgC=Giga gramas de

Carbono; AC=arrasto de camarões; AT=arrasto de talude; AP=arrasto de parelhas; Norte=latitudes ao norte de

25°S; Centro=latitudes entre 25° e 29°S; Sul=latitudes ao sul de 29°S.

CC

(litros)

BD

(kg) CC/BD

EC

(GgC)

CO2

(ton)

BD

(GgC) EC/BD

Estratégia

de pesca

AC 68.507.789,32 102.156.749,52 0,67 50,39 184.764,55 11,35 4,44

AT 46.438.360,43 127.379.294,56 0,36 34,16 125.244,89 14,15 2,41

AP 26.545.362,96 112.764.857,08 0,24 19,53 71.592,70 12,53 1,56

Todas 141.491.512,71 342.300.901,16 0,41 104,07 381.602,14 38,03 2,74

Latitude

Norte 30.304.507,81 42.886.503,13 0,71 22,29 81.730,64 4,77 4,68

Centro 52.845.498,51 108.854.028,95 0,49 38,87 142.523,91 12,09 3,21

Sul 58.341.506,39 190.560.369,08 0,31 42,91 157.347,59 21,17 2,03

A intensidade anual do uso de combustível da frota de arrasto variou de 0,36 a 0,48

l/kg (média = 0,42 ± 0,05 l/kg). Foi observada uma tendência de queda na variação interanual

da intensidade de uso de combustível no arrasto de parelhas (p = 0,0085). Apesar de também

haver uma diminuição da intensidade de uso de combustível no arrasto de camarões e no

arrasto de talude, ao longo dos anos avaliados, a mesma não é significativa para estas

estratégias de pesca (p = 0,2703 e p = 0,2056, respectivamente) (Fig. 5). Esta tendência de

queda foi encontrada nas operações do arrasto de camarões, quando foram considerados

apenas os desembarques de camarão-rosa e camarão-sete-barbas (p = 0,0023), e também as

duas espécies de peixes ósseos (U. canosai e P. punctatus) presentes em abundância nos

desembarques (p = 0,0123). O mesmo efeito, no entanto, não foi significativo para outros

camarões costeiros (A. longinaris e P. muelleri), capturados principalmente nas áreas do sul

(p = 0,6300).

Uma das três principais espécies-alvo do arrasto de talude, a abrótea-de-profundidade

(U. mystacea), também apresentou uma tendência interanual decrescente de intensidade uso

de combustíveis (p = 0,0474). Quando foram considerados os desembarques individuais de

espécies-alvo do arrasto de parelhas, este efeito foi significativo apenas para M. furnieri (p =

0,0377).

37

Fig. 3. Intensidade de uso de combustível (l/kg), no período de 2003-2011, pelas estratégias de pesca e suas

espécies-alvo. Shrimp trawlers (arrasto de camarões): Total=total da biomassa desembarcada; all

shrimps=biomassa total de camarões desembarcada; pink + bobtail shrimps=Farfantepenaeus spp. +

Xiphopenaeus kroyeri; coastal shrimps=Artemesia longinaris + Pleoticus muelleri; demersal fish=Umbrina

canosai + Prionotus punctatus; Slope trawlers (arrasto de talude): Total= total da biomassa desembarcada; all

target=Urophycis mystacea + Merluccius hubbsi + Lophius gastrophysus + U. canosai + P. punctatus; Pair

trawlers (arrasto de parelhas): Total=total da biomassa desembarcada; all target=U. canosai + Micropogonias

furnieri + Cynoscion guatucupa + C. acoupa + C. jamaicensis. As caixas indicam o primeiro e terceiro percentis

(25 e 75%), o traço no centro indica a mediana e as barras de erro indicam os valores máximo e mínimo.

38

Fig. 4. Variação latitudinal e sazonal da intensidade de uso do combustível (l/kg) apresentado pelo arrasto de

camarões (AC), talude (AT) e parelhas (AP), no Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011.

Norte=latitudes ao norte de 25°S; Centro=latitudes entre 25° e 29°S; Sul=latitudes ao sul de 29°S. Trimestres:

1=Janeiro-Março; 2=Abril-Junho; 3=Julho-Setembro; 4=Outubro-Dezembro. As caixas indicam o primeiro e

terceiro percentis (25 e 75%), o traço no centro indica a mediana e as barras de erro indicam os valores máximo

e mínimo.

Fig. 5. Variação interanual da intensidade de uso de combustível do arrasto de camarões (AC), talude (AT) e

parelhas (AP), do Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011.

39

Balanço de carbono e emissões de CO2

O combustível consumido, pelas operações de arrasto no período 2003-2011, resultou

em uma emissão total de 104,07 GgC e 381.602,14 tCO2 para a atmosfera, quase 2,74 GgC e

1,11 tCO2 emitidas para cada GgC e tonelada de biomassa desembarcadas, respectivamente.

A Tabela 2 apresenta os valores absolutos de emissões de Carbono e CO2 e os valores do

balanço de Carbono, agrupados por estratégia de pesca de arrasto e intervalos de latitude.

Considerando que as emissões de Carbono são proporcionais ao consumo de combustível, os

padrões de variabilidade se repetem conforme os encontrados para a intensidade de uso de

combustível e, portanto não são novamente descritos. Além disto, em função do esforço de

pesca ser correlacionado com o número de desembarques, as emissões de Carbono também

apresentam uma forte correlação com a biomassa desembarcada (Fig. 6). Neste sentido, pode

ser generalizado que (a) o arrasto de camarões (AC) produziu os maiores níveis de emissões

de Carbono (e CO2) e também os mais altos índices de balanço de Carbono (determinado por

seus numerosos desembarques e relativamente baixa biomassa desembarcada,

respectivamente), seguido pelo arrasto de talude (AT) e o arrasto de parelhas (AP), e (b) as

emissões de Carbono aumentam de Norte para Sul, sendo que o padrão inverso é apresentado

pelo balanço de Carbono (porque a biomassa desembarcada aumenta em direção ao Sul)

(Tabela 1). Em conjunto todas as estratégias de pesca emitem anualmente para a atmosfera

36.800-49.500 tCO2 (média 42.400,24 ± 4.535,70) e 0,05-0,07 tCO2 por km2 de área de pesca

disponível.

Fig. 6. Variação das emissões de Carbono para a atmosfera pelas operações de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil,

durante 2003-2011 e a sua biomassa desembarcada. Ambas as variáveis foram convertidas para Giga gramas de

Carbono (GgC).

40

Custos ambientais de pesca de arrasto

A biomassa desembarcada e as emissões de Carbono foram mais significativas nas

áreas da plataforma continental ao sul de 25°S (Fig. 7). No entanto, quando examinamos o

balanço de Carbono, os intervalos de latitude Centro e Norte apresentam um alto custo

ambiental ao longo do ano (Fig. 8), ou seja, na maioria dos quadrantes os valores agregados

de Carbono emitido para a atmosfera são muito maiores que a quantidade de Carbono

desembarcado como pescado, oriundo destes mesmos quadrantes. Este cenário é observado

principalmente durante o inverno e (a) na plataforma interna entre 25°S e 27°S, onde o arrasto

se concentra para a pesca do camarão-rosa e o camarão-sete-barbas, e (b) nas áreas de talude

ao norte de 27°S (Fig. 8).

Fig. 7. Distribuição espacial da biomassa desembarcada (Landed Biomass) e das emissões de Carbono para a

atmosfera (Carbon Emissions) da frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011.

DISCUSSÃO

Os custos ambientais e os impactos da maior atividade pesqueira industrial de arrasto

do Brasil foram abordados através de estimativas de consumo de combustível, intensidade de

uso do combustível e emissões de gases de efeito estufa. Uma análise detalhada dos números

apresentados, no entanto, deve considerar que eles foram subestimados, em certa medida,

devido aos efeitos combinados de fatores que limitaram (a) a estimativa precisa do consumo

de combustível de cada viagem de pesca e/ou (b) a extrapolação dos valores para toda frota e

capturas na região.

41

Fig. 8. Distribuição espacial do balanço de Carbono das operações da pesca de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil,

no período de 2003-2011, por trimestres (A=Janeiro-Março; B=Abril-Junho; C=Julho-Setembro; D=Outubro-

Dezembro).

Estes efeitos foram essencialmente direcionados pela natureza dos dados analisados,

que permitiu a estimativa do consumo de combustível durante o tempo de arrasto, mas não

durante o deslocamento da embarcação entre os portos e as áreas de pesca, e entre cada área

de pesca. O arrasto de fundo é considerado uma modalidade de pesca de alto consumo de

combustível, que pode utilizar três vezes mais energia durante a operação de arrasto

propriamente dita, do que nos deslocamentos entre uma área e outra (Notti et al., 2012).

Portanto, o consumo de combustível e as emissões de gases estimados neste estudo podem ser

aumentados em 30% ou mais, dependendo (a) da distância das principais áreas de pesca e os

portos de desembarque em Santa Catarina e (b) a relação entre a distância das principais áreas

42

de pesca e o esforço (horas de arrasto). Neste sentido, por exemplo, Perez et al. (2007)

demonstraram que as embarcações de arrasto duplo que operaram no litoral de Santa Catarina

na década de 1990, estabeleceram uma correlação positiva entre a distância até as áreas de

pesca e o esforço, um cenário que tem a tendência de manter estável a relação entre o

consumo de combustível durante o deslocamento e durante as operações de arrasto

propriamente ditas (e.g. 30%). Considerando os efeitos adicionais de embarcações de arrasto

que operam em pelo menos três portos não monitorados neste estudo (Rio Grande, Santos e

Rio de Janeiro), as quantidades absolutas estimadas de consumo de combustível e emissões de

gases podem ter excedido substancialmente os valores obtidos. Uma simulação assumindo

30% e 40% de aumento dos efeitos devido ao consumo de combustível referente aos

deslocamentos (entre portos e áreas de pesca; e entre as áreas de pesca) e as embarcações não

monitoradas, respectivamente, resultaria em quase o dobro dos valores originais (e.g.

257.514.553,13 litros de combustível consumido, 189,4 GgC e 694.515,90 tCO2 emitidas

para a atmosfera durante todo o período).

No geral, considerando as incertezas discutidas acima, temos que as embarcações de

arrasto que operaram no Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011, consumiram entre

13.600.000 e 18.400.000 de litros, ou 11.560-15.640 toneladas de diesel por ano

(considerando a densidade do diesel como 0,85). Estes números representam 5,4-21,7% do

combustível consumido anualmente por toda a indústria de alimentos do país, no mesmo

período (72-237 mil toneladas) (EPE, 2013). O óleo diesel é uma fonte pouco importante de

energia para esta indústria. No entanto, este montante global de combustível necessário para a

produção de frutos do mar, que atualmente representa cerca de 1,5% da dieta diária do

brasileiro (em gramas) (IBGE, 2011), não é insignificante, considerando que o estudo

abordou uma determinada região (Sudeste/Sul) e apenas uma fração da indústria pesqueira. A

produção de tais benefícios também gera custos ambientais, aqui caracterizados pela emissão

para a atmosfera de cerca de 36.800-90.100 tCO2 por ano. Este montante é de

aproximadamente 1,9% do total anual de CO2 emitido pela indústria de alimentos no Brasil,

porém novamente se destaca que a energia consumida por esta indústria é em grande parte

derivada de outras fontes que não o diesel (e.g. bagaço de cana-de-açúcar, energia

hidrelétrica, lenha, etc.) (EPE, 2013). Não obstante, as emissões de Carbono não aparecem

como um grande custo ambiental da pesca industrial de arrasto, cuja neutralização exigiria

anualmente uma área limitada (3.800-9.700 ha) de floresta nativa no Sul do Brasil, de acordo

com as taxas de captura de carbono (1,4-2,6 tC/ha ano) estimadas por Pellico Neto et al.

(2008) e Lima et al. (2007).

43

Em termos de intensidade de uso de combustível, as estimativas anuais obtidas para o

período 2003-2011 (356-483 litros de diesel por tonelada desembarcada) também podem ser

aumentadas em 30%, considerando os deslocamentos entre áreas de pesca e portos e entre

cada área de pesca (vide acima), atingindo cerca de 463-628 litros de diesel por tonelada

desembarcada. Este intervalo de valores sugere uma utilização de combustível abaixo da

média mundial (620 l/ton., Tyedmers et al., 2005) e do registrado para a atividade pesqueira

de várias regiões (1.410 l/ton., Ziegler & Hansson, 2003; Tyedmers, 2004; 640–4.710 l/ton.,

Degnbol, 2009; 280–1.500 l/ton., Furuya et al., 2011). Por outro lado, considerando uma área

total de pesca no Sudeste e Sul do Brasil (delimitada pelos paralelos 19°S - 35°S e pela

isobata de 2.000 m) de 502.190 km2 (ver Capítulo 2), teria-se em média um consumo de 512

litros de óleo diesel por km2, o que está acima das estimativas pretéritas realizadas para a

região (100 – 300 litros por km2, Tyedmers et al., 2005) e se aproxima dos níveis de utilização

praticados para, por exemplo, a plataforma patagônica, área de elevada produção pesqueira do

Atlântico Sul. No entanto tal percepção não parece realista, essencialmente porque todas as

estratégias de pesca de arrasto (AC, AT e AP) reduzem sua intensidade de uso de combustível

pela captura e desembarque de muito mais biomassa do que aquela obtida pelas espécies-alvo

de cada estratégia. Esta é uma estratégia oportunista de diversificação das capturas para

aumentar o rendimento total, bem caracterizada em avaliações anteriores da dinâmica desta

pescaria (Perez & Pezzuto, 1998, 2006; Perez et al., 2001, 2007; Benincá, 2013). Quando são

considerados apenas os desembarques das espécies-alvo, a intensidade de uso de combustível

das viagens de pesca individuais sobe para níveis comparáveis aos relatados para outras

pescarias de arrasto de fundo, em todo o mundo, que normalmente se concentram em

espécies-alvo (Fig. 9). A exceção é a pesca de arrasto parelhas, que tem uma intensidade

menor de uso de combustível, durante o período analisado. Os baixos valores obtidos para a

intensidade de uso de combustível podem ser explicados pelo maior volume de biomassa

desembarcada (aproximadamente 33% do total desembarcado pela frota industrial de arrasto

em Santa Catarina), com uma frota muito menor (média de 37,1 ± 9,7 dp) e potência de motor

menor (mín. 179,4 hp ± 15,1 dp;. máx. 405,0 hp ± 23,7 dp) do que o arrasto de camarões e o

arrasto de talude em conjunto (vide Tabela 1).

44

Fig. 9. Intensidade de uso de combustível da pesca de arrasto de fundo no mundo. Referências: 1 = Ziegler &

Hansson (2003); 2–8 = Furuya et al. (2011); 9–19 = Tyedmers (2004). Linhas tracejadas horizontais = valores

obtidos por este trabalho para o arrasto de camarões (Shrimp), talude (Slope) e parelhas (Pair), para o

desembarque da totalidade das espécies-alvo.

Os valores das principais espécies-alvo, bem como seus padrões de distribuição

temporal e espacial parecem desempenhar um papel importante na variabilidade observada na

intensidade de uso de combustível e na emissão de gases de efeito estufa da pesca de arrasto.

O arrasto de camarões, por exemplo, foi o que mais frequentemente consumiu e emitiu os

maiores valores de combustível e CO2, respectivamente. Uma vez que a abundância de

camarões é limitada e concentrada no espaço e no tempo, as suas capturas são baixas e

requerem um maior consumo de combustível e emitem mais CO2 para a atmosfera do que as

outras estratégias de pesca de arrasto. No entanto, vários fatores são responsáveis por seu

relativo sucesso na região. Em primeiro lugar, os camarões tem alto valor de mercado no

Brasil, ou seja, o camarão-rosa (Farfantepenaeus spp.) representa, em média, 4% da biomassa

desembarcada e 35% da receita total total (Benincá, 2013). Portanto, os custos extras de

combustível tendem a ser compensados pelas receitas totais das operações de pesca. Em

segundo lugar, porque as atuais autorizações de pesca permitem que as embarcações de

arrasto atuem sobre diferentes estoques, por exemplo, embarcações licenciadas para a pesca

do camarão-rosa e camarão-sete-barbas em áreas ao norte, durante o outono-inverno, podem

atuar sobre os estoques de A. longinaris e P. muelleri, em áreas mais costeiras no sul, durante

os meses de primavera-verão. Enquanto estas são áreas mais distantes e as espécies de

camarão são menos valiosas do que o camarão-rosa, as capturas são elevadas e contribuem

para equilibrar o desempenho econômico do arrasto de camarões a cada ano (Benincá, 2013).

A alternância entre os estoques mais valiosos e os mais abundantes, durante o ano, podem

45

produzir a diminuição observada na intensidade de uso de combustível, desta estratégia de

pesca, de norte a sul.

Um cenário semelhante pode explicar os padrões exibidos pelo arrasto de talude, que

começou a operar em 2000, particularmente focado nos recursos de águas profundas,

sobretudo a merluza, abrótea-de-profundidade e peixe-sapo (Perez et al., 2002; Perez &

Pezzuto, 2006). Estes recursos são menos produtivos do que os peixes ósseos explorados na

região da plataforma (Perez, 2006) e exigem o deslocamento para áreas de pesca mais

distantes e arrastos mais longos. Portanto, é o alto valor comercial e não os volumes das

capturas desses recursos, particularmente do peixe-sapo cujas capturas são destinadas à

exportação (Perez et al., 2009), que motivam esta estratégia de pesca cujo consumo de

combustível é elevado, principalmente nas áreas de pesca mais ao norte, onde estão as

concentrações de peixe-sapo, merluza e abrótea-de-profundidade (Perez & Pezzuto , 2006).

Em conjunto, as operações do arrasto de camarões e de talude determinam o

estabelecimento de áreas onde a pesca de arrasto possui altos custos ambientais, por exemplo,

onde a quantidade de Carbono emitida pelo consumo de combustíveis é igual ou superior ao

equivalente em Carbono, extraído do ambiente marinho, através da biomassa desembarcada.

Estas áreas contrastam com a plataforma continental sul, onde as capturas elevadas reduzem a

intensidade de uso de combustível. Além de extensa, esta área da plataforma é sazonalmente

enriquecida por águas produtivas do estuário do Rio da Prata e pela corrente das

Malvinas/Falkland, que sustentam a maior parte da pesca demersal do Brasil (Haimovici et

al., 2006; Rossi-Wongtshchowski et al., 2006).

A redução do consumo de combustível pela frota de arrasto (e.g. através do uso de

motores mais econômicos) e/ou o aumento dos desembarques das espécies-alvo pode causar a

tendência de redução da intensidade de uso de combustível observada ao longo do período de

estudo. Apesar de não haver nenhuma evidência empírica, atualmente disponível, que sustente

esta hipótese, a biomassa desembarcada de pelo menos três importantes espécies-alvo, do

arrasto de camarões e de talude, o camarão-rosa, o camarão-sete-barbas e a abrótea-de-

profundidade, aumentou aproximadamente 2,5 vezes de 2003 a 2011 (UNIVALI/CTTMar,

2004, 2006, 2007a, 2007b, 2008, 2009, 2010, 2011, 2013). Estes estoques não tem sido

continuamente avaliados, portanto um potencial aumento na sua abundância e/ou

capturabilidade no Sudeste/Sul do Brasil é, atualmente, incerto.

46

CONCLUSÕES

A quantidade de combustível consumido pela pesca de arrasto industrial mais

produtiva do Brasil e a emissão resultante de gases de efeito estufa foram estimados, pela

primeira vez. Consistente com as estimativas produzidas por Tyedmers et al. (2005) para a

região, os valores anuais parecem baixos quando comparados com áreas mais produtivas e

com grande volume de pesca no mundo, porém são maiores do que o previamente estimado

para a região. Estes valores também parecem limitados quando comparados com o

desempenho da indústria brasileira de alimentos e aparentemente as emissões podem ser

neutralizadas por uma área limitada da floresta nativa. Estas conclusões, no entanto, requerem

algum cuidado, pois essas estimativas incorporam um número considerável de incertezas que

precisam ser melhor detalhadas, por exemplo, em estudos futuros sobre o consumo de

combustível de viagens individuais de pesca.

A frota brasileira de arrasto reduz a intensidade de uso de combustível através do (a)

desembarque de uma grande fração de suas capturas que incluem muito mais espécies do que

suas espécies-alvo, e (b) pela exploração de diferentes áreas de pesca e recursos durante o

ano, alternando entre aqueles com maior abundância e aqueles com maior valor. Enquanto a

grande diversidade de espécies-alvo são características de pesca em ecossistemas tropicais,

tais estratégias têm sido altamente influenciadas por políticas de pesca multiespecíficas.

A demanda por pescados de alto valor, como o camarão-rosa e os peixes de águas

profundas, pode induzir a concentração de custos ambientais (consumo de combustíveis

fósseis, emissões de CO2) em áreas relativamente pequenas. É importante que essas relações

de custo/benefício sejam consideradas em avaliações futuras da pesca industrial de arrasto e

desempenhem um papel de orientação na criação de políticas e incentivos econômicos para a

atividade pesqueira no país.

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Clean. Prod. 11, 303–314. http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00050-1.

Ziegler, F., Valentinsson, D., 2008. Environmental life cycle assessment of Norway lobster

(Nephrops norvegicus) caught along the Swedish west coast by creels and conventional

trawls—LCA methodology with case study. Int. J. Life Cycle Assess. 13, 487–497.

http://dx.doi.org/10.1007/s11367-008-0024-x.

52

CAPÍTULO 2

EVOLUÇÃO DA “PEGADA ESPACIAL” DA PESCA INDUSTRIAL DE ARRASTO

DA MARGEM CONTINENTAL DO SUDESTE E SUL DO BRASIL

53

RESUMO

Este estudo estabelece pela primeira vez a “pegada espacial” (spatial footprint) da frota

industrial de arrasto do Sudeste e Sul do Brasil, sendo que também foram estimadas a área

varrida e o Índice de Utilização (área varrida/área disponível) desta frota. Além disto, como

uma medida de custo/benefício do arrasto, a biomassa desembarcada acumulada foi expressa

como uma proporção da área varrida acumulada (Índice da Biomassa-Área varrida). Estes

valores foram calculados para todo o período de estudo e anualmente de 2003 a 2011. Estas

variáveis foram mapeadas e os valores obtidos foram alocados em quadrantes de 30’ × 30’,

sendo que seus padrões de variabilidade foram associados a diferentes estratégias de pesca

(arrasto de camarões, arrasto de talude e arrasto de parelhas); intervalos de latitude (Norte,

19° - 25°S; Centro, 25°- 29°S; Sul, 29°- 34°S); intervalos de profundidade (<75m, 75 – 100m,

100 – 200m, >200m); e tipos de substrato. A análise dos resultados obtidos forneceu uma

avaliação preliminar da área da margem continental provavelmente utilizada (e impactada)

pela maior pesca de arrasto industrial do Brasil. Impactos do arrasto no substrato foram

produzidos principalmente pela estratégia de pesca de arrasto de camarões. Em comparação

com as outras estratégias, estas embarcações utilizaram a área mais extensa da plataforma e

perturbaram mais a superfície dos habitats de areia/lama para produzir o menor volume de

biomassa desembarcada. A delimitação da "pegada" da pesca industrial de arrasto do Sudeste

e Sul do Brasil e suas áreas "núcleo" compõe um primeiro passo para avaliar o impacto em

tais áreas, fornecendo informações preliminares para futuras ações de gestão ecossistêmica da

pesca e estratégias de planejamento espacial marinho.

Palavras-chave: pegada espacial; área varrida; pesca de arrasto; Sudeste e Sul do Brasil.

ABSTRACT

This study establishes for the first time the spatial footprint of the industrial trawl fishing fleet

operating off southeastern and southern Brazil. Also the swept area and the Utilization Index

(swept area/available area) of this fleet were estimated. Moreover, as a measure of

costs/benefits of trawling the cumulative landed biomass was expressed as a proportion of the

cumulative swept area (Biomass-Swept Area Index). These values were calculated annually

between 2003 and 2011 and cumulatively for the entire 9-year period. These variables were

mapped and the values obtained were divided into quadrants of 30’× 30’, and their patterns of

variability were associated to fishing strategies (shrimp trawling, slope trawling and pair

54

trawling); latitudinal strata (North, 19° - 25°S; Center, 25°- 29°S; South, 29°- 34°S); depth

strata (<50m, 50 – 100m, 100 – 200m, >200m); and substrate types. The analysis of the

results provided a preliminary assessment of the area of the continental margin likely

demanded (and impacted) by Brazil’s largest industrial trawl fishing. Trawling impacts on the

substrate were primarily produced by the dominating shrimp trawling strategy. In comparison

with other strategies, these vessels used the most extensive shelf area, and disturbed more

sand/mud habitat surface to produce less landed biomass. Delimiting the trawl fishery

footprint off Southeastern and Southern Brazil and its main core areas comprised a first step

towards in evaluating fishing impact in such areas, providing preliminary information for

future ecosystem-based fisheries management and marine spatial planning strategies.

Keywords: spatial footprint; swept area; trawling; Southeast and South of Brazil.

INTRODUÇÃO

Em conjunto com outras várias atividades humanas que interagem com o fundo

marinho, as pescarias de fundo impactam os ecossistemas bentônicos em proporção a sua

intensidade e distribuição espacial do esforço de pesca (Halpern et al., 2008). Remoção de

biomassa de espécies-alvo e não-alvo, modificação física do substrato do fundo do mar,

perturbação das comunidades bentônicas e adição de poluentes na água do mar e na atmosfera

são considerados impactos da pesca de fundo, cuja dispersão geográfica define a sua "pegada

espacial" (i.e. mas não a "pegada ecológica" sensu Swartz et al., 2010).

A pesca de arrasto produz uma “pegada” claramente definida pela operação das redes,

que são arrastadas sobre o fundo do mar e “varrem” extensões variáveis de substrato, onde

uma ou mais espécies bentônicas/demersais são capturadas para fins comerciais. Estas redes

são equipadas com portas pesadas, cabos de aço e entralhamento (às vezes com correntes ou

rolos) desenvolvidas para agregar e/ou desapegar os organismos (peixes, crustáceos) do fundo

do mar facilitando sua captura. Desta forma, este petrecho perturba substratos de fundo e

produz modificações cujas consequências ecológicas variam de habitat para habitat marinho,

e são particularmente graves em áreas ainda inexploradas ou pouco impactadas (Kaiser et al.,

2002; Kaiser et al., 2006).

Avaliar o impacto produzido por um determinado tipo de pesca de arrasto de fundo no

ecossistema marinho requer, inicialmente, a delimitação de sua “pegada” e, portanto a

extensão da área atualmente impactada pela atividade de arrasto. Isto pode ser obtido pela

55

sobreposição da área varrida de um determinado número de operações de pesca,

desenvolvidas em uma área de pesca, durante certo período de tempo (e.g. Benn et al., 2010;

Jennings et al., 2012; Penney & Guinotte, 2013; Gerritsen et al., 2013). Esta abordagem, por

si só, permite estimar as probabilidades de perturbação de diferentes tipos de habitats e

comunidades biológicas (e.g. recifes de coral, Penney & Guinotte, 2013), bem como

comparações diretas e sobreposições com a “pegada espacial” de outras atividades humanas

(Hapern et al., 2008; Benn et al., 2010). Por exemplo, no Atlântico nordeste a extensão

espacial do arrasto de fundo é de uma ordem de magnitude maior do que a de outras

atividades baseadas no oceano, incluindo: cabos submarinos de comunicação, deposição de

resíduos e extração de petróleo e gás (estruturas, poços e dutos) (Benn et al., 2010).

Dentro da “pegada” delimitada, o impacto real exercido pela pescaria deve se originar

de uma avaliação da sensibilidade dos habitats afetados à perturbação provocada pela

atividade da pesca de arrasto, geralmente medida pela diminuição da abundância da

comunidade bentônica, produção, tamanho e diversidade dos organismos e da quantidade de

tempo requerida para sua recuperação após a ocorrência de um evento de perturbação

provocado pela pesca (Kaiser et al., 2002; Kaiser et al., 2006; Lambert et al., 2011).

Combinados, estes fatores têm se tornado cada vez mais relevantes, como subsídios

científicos, para o processo de implementação de medidas de gestão ecossistêmicas (i.e.

posição, extensão e delimitação de áreas marinhas protegidas) (Jennings et al., 2012) e nos

esforços para conciliar a pesca de fundo com outras atividades humanas no fundo do mar

(Halpern et al., 2008;. Benn et al., 2010). Além disso, os estoques comerciais podem exibir

padrões de distribuição particulares, relacionados com a idade, no tempo e espaço, que

influenciam fortemente o comportamento dinâmico da frota pesqueira. O estabelecimento de

uma “pegada da pesca” e sua evolução temporal, tem permitindo a definição de áreas

essenciais e marginais para a sua sustentabilidade econômica, bem como a incorporação de

medidas espaciais em planos de gestão baseados em estoques.

A pesca de arrasto industrial é responsável pela maioria dos desembarques de recursos

demersais marinhos na costa brasileira. A atividade iniciou seu desenvolvimento no início dos

anos 1960, no Sudeste e Sul do Brasil, quando estava inicialmente restrita a área da

plataforma continental interna, sendo sustentada por alguns recursos costeiros, como o

camarão-rosa (Farfantepenaeus spp.). Desde então, a frota de arrasto expandiu-se

continuamente até atingir, no final da década de 1990 e ao longo da década de 2000, mais de

650 embarcações, que operam em um amplo intervalo de latitude (19° – 34°S) e profundidade

(20 – 1000 m). Nos últimos anos, seu desembarque anual oscilou em torno de 89 mil

56

toneladas, cerca de 1/3 de toda biomassa de pescado desembarcada na região (Perez et al.,

2001; Valentini & Pezzuto, 2006). A sobrepesca das espécies-alvo tem sido o principal

impacto registrado, por diversas avaliações, como uma consequência direta dos crescentes

níveis de esforço exercido pela frota de arrasto ao longo do tempo (Haimovici, 1997; D’Incao

et al., 2002; Haimovici et al., 2006; Perez et al., 2009). No entanto, a distribuição espacial

destes impactos sobre os estoques comerciais e no ecossistema marinho como um todo, em

geral não tem sido abordada, em parte por causa da escassez de dados de captura e esforço

georreferenciados. Esta situação, por sua vez, impediu a maioria dos regimes de gestão de

incorporar medidas espaciais, ou quando fizeram (e.g. não utilização de áreas em zonas

costeiras, nas proximidades de plataformas de petróleo e áreas marinhas protegidas), sua

desconexão com os padrões espaciais atuais da frota de arrasto, tem impedido a sua aceitação

e cumprimento pela indústria da pesca.

Este cenário tem mudado gradualmente, ao longo da última década, com a

implementação de sistemas de monitoramento de embarcações (VMS - Vessel Monitoring

System), observadores de bordo e programas de entrevistas com os mestres das embarcações,

os quais, combinados têm permitido a disponibilização de um banco de dados

georreferenciado das operações da frota de arrasto (e.g. UNIVALI/CTTMar, 2010). Esta

situação criou oportunidades para analisar a distribuição espacial do esforço da pesca de

arrasto, ao longo de quase uma década, na costa Sudeste/Sul do Brasil, juntamente com uma

série de outros indicadores que representam impactos no ecossistema além da sobrepesca dos

estoques. Usando uma série de dados de nove anos, o presente estudo delimita a recente

“pegada espacial” da pesca industrial de arrasto e estima a extensão da área impactada pelo

arrasto em relação aos habitats de fundo, intervalos de latitude e profundidades da costa

Sudeste/Sul do Brasil. Em conjunto com uma avaliação prévia do consumo de combustível e

as emissões de gases de efeito estufa, produzidos por estas embarcações de arrasto (Capítulo 1

- Port et al., 2014), esta análise pretende aumentar a compreensão atual sobre o impacto

exercido pela pesca de fundo nos ecossistemas bentônicos da margem continental, como uma

contribuição para iniciativas de regimes de gestão ecossistêmica e planejamento espacial

marinho.

MATERIAL E MÉTODOS

Entre o final da década de 1990 e ao longo da década de 2000, mais de 650

embarcações de arrasto operaram na plataforma continental e talude (~10 a 800 m de

57

profundidade) do Espírito Santo (19°S) até o limite sul da ZEE brasileira (34°S), (Perez et al.,

2001). As operações de pesca não são homogêneas e variam de acordo com o sistema de

arrasto utilizado (arrasto duplo, arrasto de parelhas e arrasto simples) e pelo mesmo por três

grandes “estratégias” de pesca definidas por Dias et al. (2012a; 2012b) e Dias & Perez (2012).

O arrasto de camarões (AC) é a estratégia de pesca mais frequente na região, operada

principalmente por barcos de arrasto duplo. Estas embarcações operam na plataforma interna

e média, concentrando suas atividades em duas áreas distintas; uma entre 24°-29°S tendo

como espécies-alvo principais o camarão-rosa (Farfantepenaeus spp.) e o camarão-sete-

barbas (Xyphopenaeus kroyeri), e uma segunda ao sul de 29°S dirigida a outros camarões

costeiros (Artemesia longinaris e Pleoticus muelleri) e um grupo de peixes demersais que

incluem a castanha (Umbrina canosai), cabrinha (Prionotus punctatus) e linguados

(Paralychthys spp.). O arrasto de talude (AT) é realizado por barcos de arrasto duplo e arrasto

simples que atuam nas áreas de talude (250-400 m de profundidade), tendo como alvo

principal a abrótea-de-profundidade (Urophycis mystacea), merluza (Merluccius hubbsi) e

peixe-sapo (Lophius gastrphysus) (Perez et al., 2009). O arrasto de parelhas (AP), concentra

sua atividade na plataforma interna, tendo como espécies-alvo uma variedade de peixes

cianídeos, incluindo castanha (U. canosai), corvina (Micropogonias furnieri), maria-mole

(Cynoscion guatucupa), pescada-amarela (C. acoupa) e goete (C. jamaicensis).

Este estudo aborda os efeitos da pesca industrial de arrasto como um todo, bem como

os produzidos por cada estratégia de pesca (AC, AT e AP), individualmente. Os dados

utilizados neste trabalho são referentes a informações de capturas, esforço e áreas de pesca de

10.144 viagens de pesca (arrasto duplo = 8.012 viagens; arrasto simples = 949 viagens;

arrasto de parelhas = 1.183 viagens) que desembarcaram suas capturas nos portos de Santa

Catarina entre 2003 e 2011 (Port et al., 2014) (Tabela 1). Estes dados representam

aproximadamente 70% do total de desembarques nos portos de Santa Catarina

(UNIVALI/CTTMar, 2004, 2006, 2007a, 2007b, 2008, 2009, 2010, 2011, 2013) e são

altamente representativos da atividade de pesca industrial de arrasto realizada no Sudeste/Sul

do Brasil; os portos de Santa Catarina abrigam quase 60% de toda a frota e registram

anualmente 50-70% dos desembarques da frota industrial de arrasto (Perez et al., 2001).

Estes dados foram reportados pelos mestres das embarcações, nos diários de bordo ou

durante entrevistas no momento do desembarque, de acordo com um protocolo de

amostragem estabelecido pelo serviço de estatística pesqueira industrial de Santa Catarina

(Perez et al., 1998; www.univali.br/gep). Estas informações foram avaliadas por analistas

experientes, com base nas tendências de longo prazo da pesca de arrasto industrial na região

58

(e.g. áreas de pesca, profundidades, espécies comuns nas capturas, quantidades capturadas,

duração das viagens, etc.) e somente os dados das viagens de pesca que foram considerados

como “confiáveis” foram utilizados no banco de dados analisado.

Tabela 1. Resumo da frota de arrasto e operações de pesca monitoradas nos portos de Santa Catarina, sul do

Brasil, entre 2003 e 2011. Os dados estão agregados por tipo de embarcação e ano.

Tipo de arrasto Ano Embarcações Viagens

Arrasto duplo

2003 275 1133

2004 271 1021

2005 293 1096

2006 315 1300

2007 320 1577

2008 288 1409

2009 325 1570

2010 277 1215

2011 268 1187

Média±dp 292,4 ± 22,2 1278,7 ± 201,5

Arrasto simples

2003 26 151

2004 25 98

2005 39 108

2006 23 105

2007 25 112

2008 28 101

2009 26 175

2010 33 230

2011 29 204

Média±dp 28,2 ± 5,0 142,7 ± 49,7

Arrasto de parelhas

2003 46 292

2004 46 203

2005 48 217

2006 45 214

2007 39 294

2008 33 205

2009 27 195

2010 24 166

2011 26 141

Média±dp 37,1 ± 9,7 214,1 ± 50,8

Todas embarcações (2003-2011) Média±dp 357,8 ± 23,6 1635,4 ± 217,7

Total - 14719

A avaliação da “pegada” da frota de arrasto foi precedida da estimativa da área varrida

de cada viagem de pesca avaliada. Considerando que a maioria dos dados relatados não

incluem as posições precisas de início/fim dos arrastos, a área varrida total (Sa) de uma

embarcação (i) durante uma viagem (j) foi estimada considerando o tempo total gasto no

arrasto e a velocidade média da embarcação durante o arrasto, de acordo com a equação

adaptada de Sparre & Venema (1998):

59

𝑆𝑎𝑖𝑗 = 𝑛𝑖𝑗 × �̅�𝑖𝑗 × �̅� × 𝐻𝑅𝑙𝑖 × 𝑥 (Equação 1)

onde 𝑛 e 𝑑 são o número de arrastos e a duração média do arrasto (em horas), de acordo com

o informado pelo mestre da embarcação, após uma viagem de pesca, respectivamente. Uma

velocidade média constante (v) de 3,0 nós (5,6 km.h-1

) foi assumida de acordo com estudos

prévios realizados na região por Simões et al. (2003), Klippel et al. (2005) e Santos et al.

(2009). O comprimento da tralha superior (𝐻𝑅𝑙, em metros) das redes utilizadas, durante cada

viagem de pesca, considerou valores médios previamente conhecidos para as redes de cada

modalidade de arrasto (simples, parelhas e duplo) (Correia, 2008). Finalmente, 𝑥 é a fração do

comprimento da tralha superior (𝐻𝑅𝑙) efetivamente estendida durante o arrasto. Um valor

constante de 0,56 foi adotado, em função de considerações gerais sobre o desempenho de

operação das redes de arrasto (Sparre & Venema, 1998) e estudos anteriores realizados na

mesma região (Haimovici, 2007; Sant’Ana, 2013). No caso da frota de arrasto duplo, que

utiliza duas redes idênticas ao mesmo tempo, a área varrida estimada para uma única rede foi

posteriormente multiplicada por dois.

A espacialização geográfica dos valores da área varrida e da biomassa desembarcada,

durante cada viagem de pesca, considerou os intervalos de latitude e profundidade das

operações de pesca de acordo com as informações fornecidas pelos mestres das embarcações.

Estas informações permitiram a atribuição de cada viagem de pesca em quadrantes de 30’ ×

30’, delimitados pelas latitudes 19°S e 35°S e pela isóbata de 2.000 m (Figura 1). Quando os

intervalos de latitude e profundidade excederam um único quadrante, a área varrida estimada

e a biomassa desembarcada foram divididas, igualmente, entre todos os quadrantes visitados

(UNIVALI/CTTMar, 2010).

A “pegada” da pesca industrial de arrasto, isto é, a área total afetada pela pesca de

arrasto monitorada durante o período de estudo (Penney & Guinotte, 2013), foi delimitada por

todos os quadrantes com áreas varridas alocadas, desconsiderando as sobreposições entre as

operações de pesca. A “área total disponível” (AA) e a área delimitada da “pegada” da pesca

industrial de arrasto foram estimadas utilizando o software ArcGIS®

(ESRI - Environmental

Systems Research Institute, Inc.).

60

Figura 1. “Área-núcleo” (core), “pegada” (footprint), área varrida (swept area), Índice de Utilização (utilization index) da frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil,

no período de 2003-2011.

61

Dentro de cada quadrante foi calculado o Índice de Utilização (UI) considerando a

área varrida pelas embarcações de arrasto acumulada durante todo o período de estudo,

dividida pela área de cada quadrante de 30’ × 30’. Este índice foi interpretado como uma

medida espacial da intensidade do impacto da rede de arrasto. O Índice de Utilização, na

“pegada” da pesca industrial de arrasto (𝑈𝐼𝑓), foi estimado como:

𝑈𝐼𝑓 =∑ ∑ ∑ 𝑆𝑎𝑖𝑗𝑞

𝐽𝑗=1

𝐼𝑖=1

𝑄𝑞=1

∑ 𝐴𝐴𝑞𝑄𝑞=1

(Equação 2)

onde 𝐽, 𝐼 e 𝑄 são o número total de viagens de pesca (𝑗), embarcações arrasteiras (𝑖) e

quadrantes (𝑞), respectivamente.

Como uma medida de custo/benefício do arrasto em cada quadrante (q), a biomassa

desembarcada acumulada (LB) foi expressa como uma proporção da área varrida acumulada

(Índice da Biomassa-Área varrida, BSAq). Dentro de toda a área da “pegada” da pesca

industrial de arrasto este índice foi estimado pela equação:

𝐵𝑆𝐴𝑓 =∑ ∑ ∑ 𝐿𝐵𝑖𝑗𝑞

𝐽𝑗

𝐼𝑖=1

𝑄𝑞=1

∑ ∑ ∑ 𝑆𝑎𝑖𝑗𝑞𝐽 𝑗=1

𝐼𝑖=1

𝑄𝑞=1

(Equação 3)

A “pegada” da pesca industrial de arrasto, UI e BSA, foram calculados para todo o

período de estudo e anualmente de 2003 a 2011. Estas variáveis foram mapeadas usando o

software ArcGIS® (ESRI - Environmental Systems Research Institute, Inc.) e seus padrões de

variabilidade foram associados as (a) estratégias de pesca (arrasto de camarões, arrasto de

talude e arrasto de parelhas), (b) intervalos de latitude (Norte, 19° - 25°S; Centro, 25°- 29°S;

Sul, 29°- 34°S), (c) intervalos de profundidade (<75m, 75 – 100m, 100 – 200m, >200m) e (d)

tipos de substrato. Este último seguiu a distribuição espacial dos substratos de fundo

produzida por Bizzi et al. (2003). Dentro da área delimitada por cada quadrante (30’ × 30’)

utilizado, a proporção de área coberta por cada intervalo de profundidade e tipo de substrato

foi estimada e multiplicada pela “pegada”, área varrida acumulada, UI e BSA. Quando

atendidos os pressupostos estatísticos, estes valores foram testados através da Análise de

Variância unifatorial (ANOVA). Nos casos em que um dos pressupostos da ANOVA não foi

atendido, aplicou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (Day & Quinn, 1989; Zar,

2010).

62

RESULTADOS

A área total da margem continental do Sudeste/Sul do Brasil, limitada pela isóbata de

2.000 m, é de 502.190 km2; 45,9% desta área está localizada ao norte de 25°S (Norte), 25,4%

entre os paralelos 25°S- 29°S (Centro) e 28,7% ao sul de 29°S (Sul). As áreas mais extensas

situam-se em profundidades menores de 75 m e maiores de 200 m de profundidade; a área

entre os intervalos de profundidade intermediários (75 – 200 m) é mais extensa no intervalo

de latitude Norte (Tabela 2). Mais de 99% da área é coberta por substratos moles e, portanto,

quase totalmente disponível para a pesca de arrasto de fundo. O intervalo de latitude Norte

apresenta uma maior variedade de tipos de sedimentos, enquanto que areia e lama dominam

em grande parte os intervalos Centro e Sul.

A “pegada” da pesca industrial de arrasto, durante o período de estudo, foi composta

por 100% da área disponível (i.e. todos os quadrantes apresentaram registros de área varrida)

e a área varrida total pelas operações de arrasto foi de 680.697,5 km2, 1,4 vezes a área

disponível (Figura 1; Tabela 2). Mais de 67% dos quadrantes (150) tiveram suas áreas de

pesca varridas entre 1 e 2 vezes e apenas 18 quadrantes (8,1%) não foram totalmente

utilizados durante o período de estudo (UI<1) (Figura 2). A “área-núcleo” da atividade de

arrasto, definida como os quadrantes cuja área total disponível foi “varrida” mais de uma vez

(UIq>1), corresponde a mais de 40,5% do total da “pegada” (203.120,3 km2), e localiza-se

principalmente ao sul de 25°S e em áreas com uma profundidade menor do que 100 m (Figura

1).

Figura 2. Numero de quadrantes (30’ × 30’) por intervalo do índice de utilização.

63

Mais de 74% da área varrida pelas embarcações de arrasto encontra-se nos intervalos

de latitude Sul (36,7%) e Centro (37,6%) (Tabela 1). Estas regiões tiveram suas áreas

“varridas” entre 1,7 e 2,0 vezes, respectivamente, enquanto que as áreas do intervalo Norte

tiveram menos operações de arrasto e não foram totalmente “varridas” (UI = 0,8) (Figura 3).

A atividade da pesca de arrasto concentrou-se em áreas mais rasas do que 75 m (61% da área

varrida, UI = 2,35) e ocorreu em apenas uma pequena fração da grande área disponível da

região de talude (>200 m: 10,7% da área varrida, UI = 0,37) (Tabela 2; Figura 3).

Quase 60% da área varrida acumulada (398.813,7 km2) afetou áreas cobertas por areia

lamosa e lama (Tabela 2; Figura 3). Areia fina e média foram os substratos afetados por

29,3% da área varrida restante. Sedimentos do talude e substratos de cascalho também são

altamente disponíveis em áreas mais profundas do que 200 m e no intervalo de latitude Norte,

respectivamente, mas foram pouco impactados pela pesca de arrasto (Tabela 2; Figura 3).

A pesca industrial de arrasto desembarcou 342.297,6 toneladas nos portos de Santa

Catarina durante todo o período de estudo. Aproximadamente 70% desta biomassa foi

desembarcada após a área varrida acumulada, por todas as estratégias de pesca, ser

equivalente a área total da “pegada” (UI = 1; Figura 4). Em média, 0,5 toneladas foram

desembarcadas por km2 (Tabela 3). O intervalo de latitude Sul foi o mais produtivo (0,76

t.km-2

), seguido pelos intervalos Centro (0,43 t.km-2

) e Sul (0,25 t.km-2

).

Quase 63% da biomassa desembarcada foi originária de áreas produtivas, com

substrato de areia lamosa e lama, de onde 0,52-0,56 toneladas foram desembarcadas, em

média, por km2. No intervalo de latitude Sul, estes índices aumentam para 0,74 e 0,87 t.km

-2,

respectivamente (Tabela 3). Áreas com sedimentos de talude, particularmente do intervalo

Sul, produziram, em média, 0,82 t.km-2

durante o período de estudo. Estas áreas foram

relativamente menos varridas (6% do total da área varrida, Tabela 2), e sua contribuição para

o total desembarcado foi pequena (7% do total da biomassa desembarcada, Tabela 3).

64

Tabela 2. Área disponível (km2) e área varrida (km

2), por tipo de substrato, intervalo de latitude e intervalo de profundidade, da margem continental do Sudeste/Sul do Brasil.

Área

%

Área

%

Norte Centro Sul

Norte Centro Sul

Tipo de substrato disponível %

19°-25° 25°-29° 29°-34°

varrida %

19°-25° 25°-29° 29°-34°

Talude 142871,1 28,5

13,1 9,4 6,0

40606,6 6,0

1,0 3,4 1,6

Areia lamosa 105881,9 21,1

8,9 5,5 6,7

200253,6 29,4

6,7 11,5 11,2

Lama 85839,3 17,1

3,3 5,9 7,9

198560,1 29,2

3,4 14,2 11,6

Cascalho 52766,1 10,5

10,5 0,0 0,0

14589,5 2,1

2,1 0,0 0,0

Areia média 49777,1 9,9

3,6 3,2 3,1

74417,2 10,9

2,1 5,3 3,5

Areia fina 44886,8 8,9

5,0 0,8 3,1

124941,6 18,4

9,0 2,0 7,3

Recife 2791,1 0,6

0,6 0,0 0,0

40,3 0,0

0,0 0,0 0,0

Areia grossa 1627,3 0,3

0,3 0,0 0,0

1546,9 0,2

0,2 0,0 0,0

Cascalho lamoso 1437,7 0,3

0,1 0,2 0,0

3905,8 0,6

0,3 0,3 0,0

Não identificado 13681,6 2,7

0,5 0,4 1,9

21825,2 3,2

0,8 0,8 1,5

< 75 m 176924,2 35,2

15,5 6,9 12,8

415098,9 61,0

12,5 20,1 28,4

75 - 100 m 33172,7 6,6

4,1 1,5 1,0

68864,6 10,1

3,9 4,4 1,9

100 - 200 m 95843,18 19,1

8,0 6,5 4,5

124107,1 18,2

5,1 9,3 3,8

>200m 196249,9 39,1

18,2 10,5 10,4

72626,9 10,7

4,2 3,9 2,6

Área total 502190,0

230322,2 127204,6 144033,2

680697,5

174770,9 255880,6 250035,2

%

45,9 25,3 28,7

25,7 37,6 36,7

Legenda:

<5% 5-10% 10-20% >20%

65

Figura 3. Índice de utilização por intervalo de latitude, intervalo de profundidade e tipo de substrato.

66

Figura 4. Biomassa desembarcada acumulada (toneladas) por índice de utilização (UI).

O efeito das estratégias de pesca de arrasto

O arrasto de camarões (AC) atuou em todo o intervalo de latitude considerado, em

profundidades menores que 100 m (Figura 5), atingindo 78,92% da “pegada” total da pesca de

arrasto (396.333,9 km2). Estas operações de pesca foram responsáveis por mais da metade da

área varrida total da frota de arrasto, durante o período de estudo (57,6%), estando

distribuídas na maior parte, em águas mais rasas (<75 m) dos intervalos de latitude Centro e

Sul (Tabela 4). Este intervalo de latitude e profundidade foi “varrido” de 0,9 a 1,7 vezes

durante o período de estudo (Figura 6) e os picos de utilização (UI>6) foram estabelecidos em

áreas da costa de Santa Catarina, sul de São Paulo e sul do Rio Grande do Sul (Figura 5). Em

associação com estes padrões de “pegada” e área varrida, o arrasto de camarões afetou,

principalmente áreas cobertas por areia lamosa, lama, areia fina e areia média (Tabela 4). A

área compreendida por estes habitats foi “varrida” pelo menos uma vez por esta estratégia de

pesca, sendo que os substratos de areia fina foram “varridos” mais de duas vezes (Figura 6). A

área núcleo para esta estratégia (UI >1) foi estimada em 115.852,7 km2, 29,2% de sua

“pegada” no período considerado.

67

Tabela 3. Biomassa desembarcada e Índice da Biomassa-Área varrida (BSA), por tipo de substrato, intervalo de

latitude e intervalo de profundidade, da margem continental do Sudeste/Sul do Brasil.

Biomassa desembarcada

BSA

(t) %

Norte Centro Sul Total

Talude 23596,0 6,89

0,47 0,50 0,82 0,58

Areia lamosa 104275,7 30,46

0,25 0,47 0,74 0,52

Lama 111142,3 32,47

0,25 0,38 0,87 0,56

Cascalho 5850,3 1,71

0,40

0,40

Areia média 35290,0 10,31

0,19 0,43 0,71 0,47

Areia fina 47597,1 13,91

0,19 0,23 0,66 0,38

Recife 3,0 0,00

0,08

0,08

Areia grossa 618,4 0,18

0,40

0,40

Cascalho lamoso 1354,9 0,40

0,32 0,37

0,35

Não identificado 12569,8 3,67

0,21 0,76 0,67 0,58

< 75 m 193363,9 56,49

0,20 0,29 0,70 0,47

75 - 100 m 33168,6 9,69

0,26 0,47 0,97 0,48

100 - 200 m 69828,7 20,40

0,29 0,51 1,05 0,56

>200m 45936,3 13,42

0,31 0,87 0,81 0,63

Total 342297,6

42885,2 108853,2 190559,3

%

12,5 31,8 55,7

BSA (t/km²) 0,50

0,25 0,43 0,76

Legenda:

<5% 5-10% 10-20% >20%

O arrasto de parelhas (AP) foi o que apresentou a “pegada” menos extensa (3,2% da

“pegada” total da pesca de arrasto) representando 8,2% da área varrida total da frota de

arrasto (Tabela 4; Figura 5). Os padrões espaciais foram, em geral, similares aos exibidos pelo

arrasto de camarões (Tabela 4) exceto pela alta concentração da atividade de arrasto nos

intervalos Sul (61,2% da área varrida) e Centro (32,8%). O índice de utilização, durante o

período de estudo, foi marginal (UI = 0,11, Tabela 3) e altamente concentrado em sua área

núcleo (UI > 1), estimada em 8.192,3 km2, 3,19% de sua “pegada”.

68

Figura 5. Índice de utilização por estratégia de pesca (Pair, Shrimp e Slope trawlers).

69

Tabela 4. Área varrida (km2) por estratégia de pesca (AP=arrasto de parelhas; AC=arrasto de camarões; AT=arrasto de talude), tipo de substrato, intervalos de latitude e

intervalos de profundidade, da margem continental do Sudeste/Sul do Brasil.

AP

AC

AT

Área %

Norte Centro Sul

Área %

Norte Centro Sul

Área %

Norte Centro Sul

Talude 171,7 0,31

0,00 0,00 0,30

1301,2 0,33

0,04 0,15 0,15

39133,6 16,79

2,76 9,65 4,38

Areia lamosa 18535,6 33,35

1,64 13,14 18,58

112312,2 28,64

5,81 11,78 11,05

69405,8 29,79

9,36 10,74 9,69

Lama 19224,7 34,60

0,29 10,96 23,35

110964,1 28,30

2,54 16,87 8,89

68371,3 29,34

5,61 10,46 13,27

Cascalho 242,7 0,44

0,44

2677,7 0,68

0,68

11669,1 5,01

5,01

Areia média 4965,0 8,93

0,53 4,58 3,82

49093,3 12,52

2,98 5,84 3,70

20358,8 8,74

1,04 4,67 3,03

Areia fina 8733,6 15,72

2,67 0,98 12,06

98277,5 25,06

13,55 2,52 9,00

17935,5 7,70

2,94 1,37 3,39

Recife

15,3 0,00

0,00

25,0 0,01

0,01

Areia grossa 10,9 0,02

0,02 0,00 0,00

188,3 0,05

0,05

1347,7 0,58

0,58

Cascalho

lamoso 5,7 0,01

0,00 0,01 0,00

943,5 0,24

0,09 0,15

2956,6 1,27

0,66 0,61

Não

identificado 3680,8 6,62

0,41 3,11 3,10

16325,5 4,16

1,34 0,84 1,98

1818,9 0,78

0,07 0,30 0,42

< 75 m 39498,6 71,1

1,20 23,54 46,34

319776,1 81,56

24,10 27,96 29,50

55824,2 23,96

5,35 6,40 12,21

75 - 100 m 11389,9 20,5

4,25 6,84 9,41

28561,6 7,284

1,57 3,14 2,57

28913,2 12,41

3,49 4,60 4,32

100 - 200 m 3934,6 7,08

0,42 2,27 4,39

40164,5 10,24

1,31 6,68 2,25

80008,0 34,33

10,95 15,02 8,37

>200m 749,6 1,35

0,12 0,14 1,09

3598,5 0,918

0,09 0,37 0,46

68278,8 29,30

8,24 11,78 9,28

Total 55570,7

3332,2 18213,2 34025,3

392098,6

106129,0 149603,2 136366,4

233022,4

65314,7 88064,2 79643,5

%

6,00 32,77 61,23

27,07 38,15 34,78

28,03 37,79 34,18

Legenda:

<5% 5-10% 10-20% >20%

70

Figura 6. Índice de utilização por estratégia de pesca (Pair, Shrimp e Slope), intervalo de latitude, intervalo de profundidade e tipo de substrato.

71

O arrasto de talude (AT) ficou concentrado em áreas além da isóbata de 100 m (63,6%

da área varrida) (Tabela 4). Considerando que esta estratégia de pesca frequentemente está

sobreposta com a pesca de camarões (e.g. a mesma viagem de pesca realiza arrastos no talude

e na plataforma interna), sua “pegada” estendeu-se a áreas de plataforma atingindo 96,6%

(485.321,1 km2) da “pegada” total da pesca de arrasto (Tabela 3; Figura 5). A área varrida

total pelo arrasto de talude foi quase a metade da área da “pegada” total (UI = 0,46) e os picos

de utilização da área (UI = 1-6) ocorreram entre o Sul de São Paulo e Santa Catarina e na

porção central da costa do Rio Grande do Sul (Figura 5; Tabela 3). Áreas entre as isóbatas de

75 e 200 m foram quase que totalmente “varridas” durante o período de estudo (UI = 0,83-

0,87) e as áreas mais impactadas por esta estratégia de pesca, incluiram habitas com cobertura

de lama (UI = 0,80), cascalho lamoso (UI = 2,06) e areia grossa (UI = 0,83). Estes dois

últimos tipos de substrato estão normalmente presentes nos intervalos de latitude Centro e

Norte (Figura 6). A “área-núcleo” estimada para esta estratégia de pesca foi de 54.881,6 km2,

11,3% de sua “pegada” no período.

O arrasto de parelhas (AP) desembarcou em média 2,03 t por km2, excedendo em

muito o arrasto de talude (0,55 t.km-2

) e o arrasto de camarões (0,26 t.km-2

). Este padrão foi

mantido em todos os intervalos de latitude, embora a produtividade tenha aumentado, de

forma consistente, de norte para sul (Figura 7). As operações do arrasto de camarões

envolveram impactos espaciais consideravelmente mais elevados do que aqueles associados

às outras estratégias de arrasto, por exemplo, para desembarcar 50.000 toneladas de biomassa,

as embarcações de arrasto de camarões “varreram” uma área 2,2 e 7,6 vezes maior do que o

arrasto de talude e o arrasto de parelhas, respectivamente (Figura 4).

Evolução da “pegada” (footprint)

A “pegada” estimada para a pesca de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil variou,

anualmente, entre 353.390 e 448.812 km2, sem diferença significativa entre os anos (p = 0,51,

Tabela 5; Figura 8A). Grande parte desta variabilidade foi consequência direta das expansões

e contrações da “pegada” do arrasto de talude. Ligeiras tendências anuais de acréscimo e

decréscimo foram observadas para o arrasto de camarões e o arrasto de parelhas,

respectivamente, porém sem diferença significativa entre os anos (p > 0,10 e p > 0,22, Tabela

5; Figura 8A).

72

Figura 7. Índice da Biomassa-Área varrida (BSA) por estratégia de pesca (Pair, Shrimp e Slope), intervalo de

latitude e total.

Por outro lado, o arrasto de parelhas e o arrasto de talude apresentaram uma tendência

significante de decréscimo e acréscimo em suas áreas varridas, respectivamente (p = 0,03,

Tabela 5; Figura 8B), ao contrário do arrasto de camarões, cuja área varrida aumentou até

2006 decrescendo em seguida.

Cumulativamente, todas as estratégias de pesca de arrasto “varreram” uma área

equivalente a toda a “pegada” após sete anos de operações (Figura 9A). As áreas altamente

utilizadas pela frota de arrasto nos intervalos de latitude Centro e Sul foram totalmente

“varridas” entre quatro e cinco anos, com as áreas do Centro varridas duas vezes após nove

anos (Figura 9A). As áreas abaixo da isóbata de 100 m foram totalmente “varridas” em quatro

anos e duas vezes varridas entre oito e nove anos. As áreas da quebra de plataforma (100-200

m) foram totalmente “varridas” em sete anos (Figura 9B).

73

Tabela 5. Correlações entre pegada, área varrida, Índice de Utilização (UI), “área-núcleo” (core) e Índice da

Biomassa-Área varrida (BSA), por ano analisado. Valores de p em negrito são significativos.

Pegada x ano

Intersecção Inclinação p R2

Parelhas

9470375,514 -4619,880 0,220 0,206

Camarões

-8839122,543 4552,039 0,100 0,339

Talude

5478361,669 -25465,527 0,437 0,297

Todas estratégias

5686488,174 -2643,680 0,512 0,253

Área varrida x ano

Parelhas

986586,043 -488,496 0,030 0,511

Camarões

-1390239,597 714,403 0,578 0,211

Talude

-3747490,354 1880,110 0,032 0,506

Todas estratégias

-4151142,908 2106,017 0,105 0,331

UI x ano

Parelhas

3,958 -0,002 0,159 0,262

Camarões

-1,345 0,001 0,850 0,006

Talude

-10,938 0,005 0,030 0,513

Todas estratégias

-8,276 0,004 0,105 0,331

Área-núcleo x ano

Parelhas

Camarões

-743363,000 372,200 0,280 0,163

Talude

Todas estratégias

-1320511,046 661,366 0,206 0,217

BSA x ano

Parelhas

-166,511 0,084 0,029 0,517

Camarões

-9,435 0,005 0,393 0,106

Talude

-7,484 0,004 0,517 0,020

Todas estratégias

4,527 -0,002 0,832 0,007

74

Figura 8.“Pegada” (A) e área varrida (B) de toda a frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil e das

diferentes estratégias de pesca (Pair, Shrimp e Slope trawlers), por ano.

75

Figura 9. Índice de utilização total, por intervalo de latitude (A) e intervalo de profundidade (B) de toda a frota

industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, por ano.

DISCUSSÃO

A distribuição espacial do impacto da pesca industrial de arrasto em ambientes

bentônicos/bentopelágicos do Sudeste e Sul do Brasil foi avaliada a partir da análise da

distribuição do esforço durante os últimos dez anos. Como os trajetos percorridos pelas

embarcações de pesca não são conhecidos, as áreas varridas estimadas foram agregadas em

quadrantes de 30' × 30', o que gera uma incerteza sobre a á área exata impactada,

principalmente nas áreas de baixa atividade pesqueira (vide Gerritsen et al., 2013). No

entanto, a análise forneceu uma avaliação preliminar da área da margem continental

provavelmente utilizada (e impactada) pela maior pesca de arrasto industrial do Brasil. A área

A

B

76

varrida total (e o impacto espacial) estimados, são muito mais consistentes para as áreas ao sul

de 24°S, onde as embarcações de arrasto que operam nos portos de Santa Catarina realizam a

maior parte de sua atividade pesqueira. Ao norte desta área, arrasteiros baseados nos portos de

São Paulo e Rio de Janeiro podem incluir um importante impacto, não considerado neste

estudo.

A "pegada" delimitada representa um cenário marcadamente diferente do período

anterior ao desenvolvimento da pesca de arrasto no Brasil, quando as operações para além da

plataforma extrerna eram raras e praticamente restritas a avaliações científicas (Haimovici,

2007; Perez et al., 2001). A partir de 2000, a pesca de arrasto na região do talude teve uma

grande expansão, em parte como resultado de políticas governamentais que estimularam a

ocupação de áreas profundas por embarcações de arrasto estrangeiras e a exploração de alguns

recursos destinados a exportação, como o peixe-sapo (Lophius gastrophysus) e a merluza

(Merluccius hubbsi) (Perez et al., 2009b). Em 2003, quando a maioria das embarcações

estrangeiras já havia encerrado suas operações em águas brasileiras, mais de 270 barcos

nacionais de arrasto duplo e simples já estavam operando na região da quebra da plataforma e

talude superior, continuando o regime de exploração das antigas espécies e também da

abundante abrótea-de-profundidade (Urophycis mystacea) (Perez & Pezzuto, 2006).

Independentemente dos esforços para regular o arrasto em áreas de talude, essa expansão

continua descontrolada até hoje e muitas dessas embarcações também podem operar em

diferentes áreas da plataforma ao longo do ano (Perez et al., 2009a).

Apesar desse processo de expansão da frota, as zonas costeiras têm permanecido como

essenciais para a atividade da pesca de arrasto e muito impactadas por ela. A área "núcleo" foi

delineada em torno de duas áreas importantes onde as concentrações de recursos valiosos

ainda representam uma fração importante dos desembarques e receitas anuais da indústria da

pesca de arrasto (Benincá, 2013). A primeira, ao norte abrange a área da plataforma

continental do embaiamento sudeste do Brasil (22 - 28°S, sensu Matsuura, 1995), onde

embarcações de arrasto duplo tem como alvo camarões peneídeos (Farfantepenaeus spp. e

Xyphopenaeus kroyeri), atividade historicamente desenvolvida desde 1960 (D’Incao et al.,

2002). Esta área é delimitada por um grande número de sistemas estuarinos e de manguezais

(Knoppers et al., 2009), que são essenciais para as fases iniciais destes camarões e muitas

outras espécies de plataforma. Durante os meses de verão (dezembro-março) o regime

dominante de ventos induz a intrusão da Água Central do Atlântico Sul (ACAS) que aumenta

a produtividade, tanto no sistema pelágico como no bentônico e a disponibilidade de

77

alimentos para populações de peixes, moluscos e crustáceos demersais (Borzone et al., 1999;

Sumida et al., 2005;. Rossi-Wongstchowski et al., 2006).

A segunda área de atividade de arrasto está centrada na plataforma continental ao

largo do Rio Grande do Sul, no extremo sul da ZEE brasileira. Esta é uma das mais extensas

áreas de plataforma da margem continental brasileira, influenciada pelo escoamento dos

estuários La Plata e Lagoa dos Patos e águas subantárticas, transportadas pela corrente das

Malvinas em direção norte, principalmente durante os meses de inverno-primavera (Rossi-

Wongstchowski et al., 2007). Como estas águas costeiras e oceânicas são ricas em nutrientes,

a produtividade primária e secundária da plataforma tem um grande aumento e sustenta

grandes populações de peixes, moluscos e crustáceos, alguns deles migrantes da plataforma

patagônica. Esta área sustenta a maior parte da biomassa desembarcada de recursos demersais

do Brasil, e uma pesca de arrasto histórica direcionada a peixes cianídeos (Micropogonias

furnieri, Cynoscion acoupa, C. guatucupa, Umbrina canosai), linguados (Paralichthyes spp.)

e duas espécies de camarões costeiros (Pleoticus muellery e Artemesia longinaris)

(Haimovici, 2007).

Habitats de fundo dentro desta área "núcleo" são formados por sedimentos moles,

particularmente lama e areia, onde a produtividade de pesca foi mais elevada (0,5-0,6 t / km2),

em particular na área da plataforma sul, onde até 1 tonelada foi desembarcada por km2, em

média, durante o período de estudo. Além disto, o arrasto sobre estes habitats "varre",

cumulativamente, em aproximadamente seis anos, uma área equivalente a 1,5-2,0 vezes a

superfície disponível, atingindo valores extremos (4 a mais de 14 vezes) em algumas áreas

rasas. Considerando-se que esta área "núcleo" tem sido explorada por pelo menos 30 anos

(Perez et al., 2009a), é possível que estes sejam os habitats bentônicos mais perturbados na

margem continental brasileira, e que a pesca de arrasto de fundo seja a sua principal pressão

ambiental. Além da sobrepesca e perturbação dos fundos oceânicos, a pesca de arrasto, e seus

efeitos específicos produzidos sobre a abundância e diversidade de invertebrados (Kaiser et

al., 2002; Lambert et al., 2011), pode também contribuir para a degradação de habitats

bentônicos e desempenhar um papel importante no declínio da biomassa de espécies

comerciais que teve lugar desde o final da década de 1970 (D'Incao et al., 2002; Haimovici,

1997). Até que ponto essas consequências ecológicas são plausíveis, no entanto, é atualmente

incerto, mas parece importante considerar que, apesar delas, a área "núcleo" manteve-se como

fundamental para a estabilidade econômica da pesca de arrasto na última década (Benincá,

2013), implicando que o impacto espacial da pesca pode estar exagerado e/ou há um elevado

índice de resiliência das comunidades bentônicas nesta área. Explorar tais hipóteses requer

78

considerações sobre a influência da escala espacial, intensidade e frequência de perturbações

naturais dos fundos marinhos vs. perturbações provocadas pela pesca de arrasto e padrões de

taxas de recuperação da biota bentônica e a diversidade em habitats perturbados de areia/lama

(Kaiser et al., 2002).

Uma análise inicial refere-se ao fato de não ter sido possível avaliar a expansão efetiva

da área varrida calculada, dada a natureza dos dados analisados. Assim, por exemplo, se uma

área da plataforma equivalente à superfície de um quadrante de 30’ × 30’ foi "varrida" pela

atividade da pesca de arrasto num período de seis anos, poderia significar: o resultado de uma

ocupação progressiva de 1/6 da superfície da área por ano; um aumento regular da área

varrida distribuída de forma homogênea sobre toda a superfície do quadrante; ou um arrasto

intenso em algumas pequenas áreas localizadas dentro da área da superfície do quadrante,

deixando sem perturbação uma fração importante desta superfície. Considerando que, nas

duas primeiras situações poderia haver tempo suficiente para a recuperação das comunidades

bentônicas, neutralizando os efeitos da perturbação de pesca, na última, tais áreas limitadas

seriam tão frequentemente impactadas que poderiam entrar num "estado alterado permanente"

pela atividade da pesca de arrasto (Kaiser et al., 2002). Esta hipótese, por ser mais típica do

comportamento da frota industrial de arrasto, implica de fato em menos consequências

ecológicas do que as anteriores (Kaiser et al., 2002).

Em uma segunda análise, sabe-se que as populações e as comunidades bentônicas são

submetidas a perturbações naturais de diferentes escalas e frequências (e.g. ação de

predadores, correntes de marés, tempestades), e têm uma capacidade de resistência inerente a

algumas delas. A pesca de arrasto precisa ultrapassar estes níveis (e.g. ser mais frequente), a

fim de provocar consequências ecológicas significativas a longo prazo. Nesse sentido,

habitats rasos de fundo mole da plataforma continental tendem a ser frequentemente

reestruturados por processos físicos e as suas comunidades bentônicas podem experimentar

níveis naturais mais elevados de perturbação do que habitats marinhos mais profundos (Kaiser

et al., 2006). Em trabalho realizado no litoral norte de São Paulo, Pires-Vanin (1993)

verificaram que ocorrem duas comunidades bentônicas distintas, a primeira em profundidades

menores do que 50m, estruturada com mais espécies r-estrategistas/oportunistas, e a segunda

em profundidades maiores do que 50m, composta por mais espécies k-estrategistas,

organizadas desta forma, principalmente pela diferença no grau de estabilidade física destas

duas áreas. Isso poderia explicar o aumento da resiliência das comunidades bentônicas dentro

da área "núcleo" da pesca industrial de arrasto nas regiões Sudeste e Sul do Brasil,

particularmente nas áreas rasas fortemente "varridas", que muitas vezes são submetidas a

79

flutuações das condições climáticas e oceanográficas ao longo do ano (Rossi-Wongstchowski

et al., 2007; Knoppers et al., 2009).

Finalmente, o efeito ecológico dos distúrbios provocados pela pesca de arrasto é

dependente do equipamento utilizado e do tipo de substrato. Comunidades que utilizam

habitats de plataforma com substrato de areia e lama apresentam importantes impactos

negativos de curto-prazo quando sofrem a ação de dragas, beam-trawls e arrasto-de-portas

(Kaiser et al., 2006). Estes impactos necessitam de períodos relativamente longos de

recuperação quando o distúrbio é causado por beam-trawls e dragas (200 dias até mais de 8

anos). No caso de arrasto-de-portas, no entanto, os efeitos tendem a ser de curta duração

(Kaiser et al., 2006), mesmo em áreas mais profundas (Kenchington et al., 2001). Este

petrecho é consideravelmente mais leve do que os anteriores, tendo seu contato com o fundo

oceânico limitado às suas portas, e pode produzir uma perturbação no leito marinho

comparável àquela produzida pelo equipamento de arrasto duplo e arrasto de parelhas,

amplamente utilizados na costa brasileira. Enquanto estes resultados sugerem impactos um

pouco reduzidos desta frota na grande área de areia e lama da plataforma, nas áreas ao norte

(norte de 24°S), onde o cascalho e substratos de origem biogênica estão submetidos a

atividade da pesca de arrasto (não totalmente avaliada por este estudo), impactos ecológicos

mais importantes são esperados. Experimentos realizados com diferentes petrechos de arrasto,

para avaliar a situação antes e depois da ação do petrecho, em áreas com substrato de cascalho

e de origem biogênica, indicaram em geral que a recuperação da comunidade bentônica ao seu

estado original pode levar anos (Kaiser et al., 2002; 2006).

Impactos do arrasto na área "núcleo" foram produzidos principalmente pela estratégia

de pesca de arrasto de camarões. Mais de 300 embarcações utilizaram esta estratégia de pesca

ao longo do ano, combinando operações tanto no extremo norte da área "núcleo", visando o

camarão-rosa e o camarão-sete-barbas, como da plataforma sul, tendo como alvo os camarões

costeiros e linguados (Valentini & Pezzuto, 2006). Em comparação com as outras estratégias,

estas embarcações utilizaram a área mais extensa da plataforma e perturbaram mais a

superfície dos habitats de areia/lama para produzir o menor volume de biomassa

desembarcada. Em conjunto com as suas altas taxas de consumo de combustível e emissão de

gases de efeito estufa (Port et al., 2014), a mais alta produção de mortalidade indireta em

função do bycatch e descartes (Perez et al., 2001) e seu potencial de sobrepesca e esgotamento

de estoques locais (D’Incao et al., 2002; Perez, 2002; Pezzuto & Borzone, 2004), o arrasto

duplo de camarões pode figurar entre o principal estressor dos ambientes de fundo da costa

Sudeste e Sul do Brasil. O manejo desta importante atividade econômica e social, visando sua

80

sustentabilidade dentro de um sentido ecológico amplo, conciliando com outras modalidades

de pesca e usos das áreas de plataforma, tem sido uma tarefa crítica na agenda ambiental do

ambiente marinho do país e deve exigir soluções complexas.

Por outro lado, a exploração espacial das áreas de talude tem sido moderada em

relação à grande área disponível. Dentro da área "núcleo" identificada, no entanto, apesar da

alta produtividade em geral, uma área significativa foi "varrida" em associação com o

consumo elevado de combustível e emissões de CO2 (Port et al., 2014). Além disto, foram

relatadas importantes reduções de curto-prazo da biomassa de estoques-chave, como o peixe-

sapo, abrótea, merluza, cherne-poveiro e outros (vide Perez et al., 2009a). Como geralmente

atribuído aos estoques de águas profundas (Koslow et al., 2000), estes são menos produtivos e

menos resilientes do que os estoques de plataforma (Perez, 2006). Não foi possível concluir

uma expansão da "pegada" da pesca de arrasto de talude, na última década, parcialmente em

função da resolução espacial "grosseira" dos dados analisados, mas também não foi possível

descartar esta expansão, considerando o aumento significativo da área varrida por esta

estratégia de pesca. No geral, considerando as evidências existentes, "congelar a pegada"

(freezing the footprint) atual da pesca de arrasto de talude, junto com o esforço e/ou

limitações de mortalidade por pesca (Perez et al., 2009a), é uma medida de precaução

desejável para assegurar a conservação destes ecossistemas frágeis da margem continental

brasileira profunda. Isto pode vir a ser benéfico também para o desenvolvimento da atual e

futura exploração de petróleo em alto mar, cujas áreas se sobrepõe parcialmente com as áreas

de pesca de arrasto de talude (Agência Nacional do Petróleo - ANP; www.anp.gov.br).

Jennings et al. (2012) analisando a "pegada" da pesca de arrasto no Mar do Norte

concluíram que os impactos críticos resultam da expansão do esforço de pesca das áreas

"núcleo" para as áreas marginais, pouco impactadas. Eles concluíram que a definição de áreas

de pesca que excluem estas áreas marginais pouco impactadas poderia reduzir,

substancialmente, o impacto nos habitats. A delimitação da "pegada" da pesca industrial de

arrasto do Sudeste e Sul do Brasil e suas áreas "núcleo" compõe um primeiro passo para

avaliar tais áreas marginais, por exemplo, na quebra da plataforma e no talude em

profundidades menores do que 500 m, fornecendo informações preliminares para futuras

ações de gestão ecossistêmica da pesca e estratégias de planejamento espacial marinho. Este

processo irá se beneficiar, em grande parte, com a análise de dados georeferenciados mais

precisos de esforço, como os produzidos por sistemas de monitoramento de embarcações

(VMS - Vessel Monitoring System) (Jennings & Lee, 2012; Gerritsen et al., 2013).

81

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CAPÍTULO 3

CARACTERIZAÇÃO E VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE INDICADORES

ECOLÓGICOS DA CAPTURA DESEMBARCADA PELA FROTA INDUSTRIAL DE

ARRASTO DO SUDESTE/SUL DO BRASIL NO PERÍODO 2003-2011

87

RESUMO

Este estudo apresenta pela primeira vez a caracterização e variação espaço-temporal de

indicadores ecológicos da captura desembarcada pela frota industrial de arrasto de fundo que

opera na região Sudeste e Sul do Brasil. Os indicadores analisados são referentes aos

desembarques por esta frota, nos portos de Santa Catarina, no período de 2003-2011. Foram

calculados os índices de diversidade de Shannon, equitabilidade de Pielou, nível trófico

médio, índice da pesca em equilíbrio (Fishing-in-Balance index), vulnerabilidade média e

resiliência média, para a frota de arrasto industrial como um todo e separadamente para cada

uma das três estratégias de pesca que ocorrem na região (arrasto de parelhas, arrasto de

camarões e arrasto de talude). Capturas provenientes das áreas de pesca mais profundas

(plataforma externa, quebra da plataforma e talude) apresentaram os menores valores de

diversidade, equitabilidade e resiliência média e os maiores valores para nível trófico médio e

vulnerabilidade média. Por outro lado, capturas removidas das áreas mais rasas (plataforma

interna e plataforma média) apresentaram um comportamento contrário. Constatou-se uma

leve tendência de queda nos valores do nível trófico médio das capturas, durante 2003-2011,

padrão este fortemente afetado pela oscilação nos desembarques das principais espécies-alvo.

O índice da pesca em equilíbrio (Fishing-in-Balance index – FiB) sofreu um incremento

durante o período avaliado, possivelmente como resultado da expansão da área de ocupação

da frota de arrasteiros em direção ao talude, explorando desta forma, um ecossistema mais

amplo.

Palavras-chave: pesca de arrasto; indicadores tróficos; vulnerabilidade; resiliência; Oceano

Atlântico Sudoeste.

ABSTRACT

This study provides first-time the characterization and spatio-temporal variation of ecological

indicators of landed biomass by the trawl fishing fleet operating off southeastern and southern

Brazil. Analyzed indicators are from landed biomass by this fleet in the harbors of Santa

Catarina state between 2003 and 2011. We calculated the Shannon diversity index, Pielou

evenness index, mean trophic level, Fishing-in-Balance index, medium vulnerability and

medium resilience, for the industrial trawl fleet as a whole and separately for each one of the

three fishing strategies that occur in the region (pair trawl, shrimp trawl and slope trawl). The

88

biomass captured from deeper fishing areas (outer shelf, shelf break and slope) had the lowest

values of diversity, evenness and medium resilience and the highest values for mean trophic

level and medium vulnerability, while the biomass captured from more shallow areas (inner

and middle shelf) showed an opposite behavior. There was a slight downward trend in the

mean trophic level of the catches landed between 2003 and2011This pattern, however was

strongly affected by oscilantions of landings of the main target species. The Fishing-in-

Balance index (FiB) increased throughout the study period, possibly as the outcome of an

expansion of the trawl fleet fishing area towards the slope exploiting a broader ecosystem.

Keywords: trawl fisheries; trophic indicators; vulnerability; resilience; SW Atlantic.

INTRODUÇÃO

A frota industrial, em todo o mundo, é responsável pela maior parte das capturas

anuais da pesca, fornecendo, desta forma, uma parcela importante da proteína animal de

origem marinha, cuja demanda é crescente (FAO, 2012). Apesar desta contribuição

importante para a alimentação humana, esta atividade tem como consequência uma série de

impactos ambientais (potenciais ou efetivos), tais como o consumo de combustíveis fósseis

durante as operações de navegação e pesca (Tyedmers, 2004; Tyedmers et al., 2005;.

Suuronen et al., 2012; Port et al., 2014); a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera

(Ziegler & Hansson, 2003; Fulton, 2010; Port et al., 2014); a degradação de habitats através

do contato de equipamentos de pesca com o fundo do mar (Kaiser et al., 2006; Queirós et al.,

2006; Olsgard et al., 2008; Ivanovic et al., 2011; Korpinen et al., 2013); redução da biomassa

dos estoques naturais através da sobrepesca (Garcia & Grainger, 2005); e alteração da

estrutura da comunidade e funcionamento do ecossistema através da redução de predadores de

topo, bycatch e descartes (Pauly et al., 1998, 2005;. Kelleher, 2008).

Neste mesmo cenário, no mundo todo, a pesca de arrasto constitui a principal fonte de

peixes demersais e bentônicos, bem como de outros frutos do mar (Thurstan et al., 2010).

Entre as várias formas de impacto exercido pelas redes de arrasto, em geral, destaca-se a sua

pequena seletividade e tendência a gerar capturas multi-específicas (Kelleher, 2008) cujas

consequências sobre as comunidades de fundo vão além das relações populacionais de

espécies de interesse comercial afetando também a resiliência, diferentes espécies não-

comerciais, a estrutura das comunidades biológicas e por conseguinte, o próprio

89

funcionamento dos ecossistemas e sua capacidade de provisão de serviços (Cardinale et al.,

2012).

Esta situação é similar no Sudeste e Sul do Brasil (19° - 34°S), onde a frota industrial

de arrasto é responsável pela principal fração das capturas demersais, atuando com mais de

650 embarcações, desde o final da década de 1990, desembarcando, aproximadamente 1/3 da

biomassa anual da região (Perez et al., 2001; Valentini & Pezzuto, 2006). De acordo com

avaliações dos estoques, realizadas no final dos anos 1990 e durante os anos 2000, as

principais populações-alvo, tanto de áreas de plataforma como de talude tiveram redução da

sua biomassa (Haimovici, 1997; D’Incao et al., 2002; Haimovici et al., 2006; Perez et al.,

2009), apresentando-se esta situação como uma evidência do impacto direto da pesca

industrial de arrasto sobre os ecossistemas bentônicos do Sudeste e Sul do Brasil. Outros

impactos desta modalidade de pesca, como a perturbação dos habitats, as mudanças na

estrutura das comunidades, o consumo de combustíveis fósseis e as emissões de gases de

efeito estufa, foram pouco estudadas (e.g. Gasalla & Rossi-Wongtschowski, 2004; Almeida &

Vivan, 2011; Port et al., 2014) ou são praticamente desconhecidas.

Nos últimos anos, a sustentabilidade da pesca tem sido uma preocupação generalizada,

e algumas abordagens ecossistêmicas têm sido propostas para gerir as pescarias (Jennings &

Kaiser, 1998; Garcia et al., 2003; Pikitch, et al., 2004). De acordo com Grafton et al. (2008) e

Squires (2009), um dos grandes desafios do gerenciamento dos oceanos é a gestão combinada

dos estoques pesqueiros e a conservação das comunidades das quais estes estoques dependem,

sendo que esta discussão vai além da sobrepesca, incluindo aspectos ambientais, ecológicos e

da biodiversidade. Por outro lado, muitos conceitos ligados a gestão ecossistêmica, como

“saúde do ecossistema”, são de difícil tradução em objetivos operacionais que possam ser

utilizados diretamente na elaboração de políticas de gerenciamento (Larkin, 1996). Esta visão

ecossistêmica da gestão da pesca, que vem ganhando espaço nos últimos anos é importante,

pois a atividade pesqueira afeta níveis tróficos bem distantes das espécies que são

normalmente comercializadas (Pauly et al., 1998).

Desta forma, para que seja possível uma gestão ecossistêmica das pescarias é

necessário inicialmente conhecer como ambientes, as populações e comunidades que

compõem as áreas de pesca são impactados pela atividade pesqueira. Portanto, são

necessários indicadores preditivos, que possam ser facilmente parametrizados, utilizando

dados de fácil acesso, que possam traduzir de forma simples a variedade de processos

complexos que ocorrem em um ecossistema (Christensen, 2000; Murawski, 2000; Pauly &

Watson, 2005). Entre estes indicadores, podemos destacar alguns descritores da estrutura de

90

comunidades biológicas, como Índice de Diversidade de Shannon (H’) e o Índice de

Equitabilidade de Pielou (J’) (Pielou, 1975) e outros específicos para ambientes marinhos,

mais recentes, como o Nível Trófico Médio (NTM) (Pauly et al., 1998), Índice da Pesca em

Equilíbrio (Fishing-in-Balance index - FiB, Pauly et al., 2000), Vulnerabilidade e Resiliência

(Froese & Pauly, 2014).

Assim sendo, junto com uma prévia avaliação do consumo de combustível e as

emissões de gases de efeito estufa (Port et al., 2014) e a avaliação da “pegada espacial”

(footprint) nos ambientes de fundo oceânico (Capítulo 2), resultados da atuação da frota

industrial de arrasto de fundo da região Sudeste e Sul do Brasil, este trabalho tem por objetivo

avaliar, através de índices ecológicos aplicados aos componentes da captura desembarcada

por esta frota nos portos de Santa Catarina, os impactos populacionais e ecossistêmicos

produzidos, por esta modalidade de pesca, sobre os ecossistemas bentônicos, contribuindo

para iniciativas de gestão ecossistêmica e de planejamento espacial do ambiente marinho.

MATERIAL E MÉTODOS

Pesca de arrasto de fundo

A pesca industrial de arrasto de fundo nas regiões Sudeste e Sul do Brasil

desenvolveu-se na década de 1960 essencialmente como uma pescaria de camarões costeiros

(Farfantepenaeus paulensis, F. brasiliensis e Xyphopenaeus kroyeri). Durante os 40 anos

seguintes, com o decréscimo nos estoques de camarões, a pesca de arrasto expandiu sua área

de atuação ao longo da plataforma continental e diversificou seus alvos, incluindo peixes

demersais da família Sciaenidae (i.e. Micropogonias furnieri, Cynoscion guatucupa,

Macrodon ancylodon, Umbrina canosai, entre outros) e os linguados (Paralychthys spp.),

bem como outros crustáceos e moluscos de valor comercial (i.e. camarões Artemesia

longinaris e Pleoticus muelleri, lagostas Metanephrops rubellus e Scillarides depressus e

cefalópodes Doryteuthis plei e Octopus vulgaris). Na última década, as operações de arrasto

expandiram suas atividades para as áreas de talude (até 800 m de profundidade), iniciando

uma exploração sem precedentes dos recursos de águas profundas como o peixe-sapo

(Lophius gastrophysus), merluza (Merluccius hubbsi), abrótea-de-profundidade (Urophycis

mystacea), calamar-argentino (Illex argentinus) e os camarões de profundidade (Família

Aristeidae) (Perez et al., 2001; Perez et al., 2009).

Desde o final da década de 1990, mais de 650 embarcações de arrasto de fundo

operam do Espírito Santo (19°S) até o limite sul da ZEE brasileira (34°S), estabelecendo uma

91

área de operação que se estende de águas costeiras (~10 m de profundidade) até o talude

(~800 m de profundidade). A frota é composta por barcos de arrasto duplo (75%), arrasto de

parelhas (23%) e arrasto simples (2%) que apresentam padrões distintos de operação, com

base na disponibilidade espacial e temporal dos recursos demersais e a capacidade de suas

artes de pesca (Perez et al., 2001). Estes padrões foram utilizados para caracterizar três

principais “estratégias de pesca” (Dias et al., 2012a; 2012b; Dias & Perez, 2012), utilizadas

neste estudo: (a) arrasto de camarões (AC) é composto basicamente por barcos de arrasto

duplo que operam na plataforma interna e média, concentrando suas atividades em duas áreas

distintas; uma entre 24°-29°S (tendo como espécies-alvo camarão-rosa e camarão-sete-

barbas) e uma segunda ao sul de 29°S dirigida a outros camarões costeiros (A. longinaris e P.

muelleri) e um grupo de peixes demersais (castanha, cabrinha e linguados); (b) arrasto de

talude (AT) realizado por barcos de arrasto duplo e arrasto simples que atuam nas áreas de

talude (250-400 m de profundidade) tendo como alvo principal abrótea-de-profundidade,

merluza e peixe-sapo; e (c) arrasto de parelhas (AP) operado por duas embarcações arrastando

uma única grande rede. Estes barcos atuam na plataforma interna, tendo como espécies-alvo

alguns peixes cianídeos, incluindo U. canosai, Micropogonias furnieri, Cynoscion guatucupa,

C. acoupa e C. jamaicensis.

Fonte dos dados – Pescaria

O conjunto de dados analisados é composto por informações de capturas, esforço e

áreas de pesca de 10.144 viagens de pesca (arrasto duplo = 8.012 viagens; arrasto simples =

949 viagens; arrasto de parelhas = 1.183 viagens) que desembarcaram suas capturas nos

portos de Santa Catarina entre 2003 e 2011 (Port et al., 2014) (Tabela 1). Os dados foram

reportados pelos mestres das embarcações, nos diários de bordo ou durante entrevistas no

momento do desembarque, de acordo com um protocolo de amostragem estabelecido pelo

serviço de estatística pesqueira industrial de Santa Catarina (Perez et al., 1998;

www.univali.br/gep). Como parte deste protocolo de rotina, as informações obtidas através

destes dois instrumentos foram avaliadas por analistas experientes, com base nas tendências

de longo prazo da pesca de arrasto industrial na região (e.g. áreas de pesca, profundidades,

espécies comuns nas capturas, quantidades capturadas, duração das viagens, etc.). Os

resultados desta análise foram classificados como “confiável”, “duvidoso” e “não confiável” e

apenas aqueles incluídos na primeira categoria foram utilizados no banco de dados analisado.

Uma vez que resultados “duvidosos” não são comuns e necessariamente não contém

informações falsas, estes foram submetidos a uma segunda avaliação e eventualmente foram

92

“resgatados” dos que haviam sido rejeitados. Este é o caso em particular quando mais de um

instrumento (diário de bordo e entrevista) estava disponível para o mesmo desembarque e as

informações podiam ser cruzadas para verificar a consistência dos dados.

Tabela 1. Resumo da frota de arrasto e operações de pesca monitoradas nos portos de Santa Catarina, sul do

Brasil, entre 2003 e 2011. Os dados estão agregados por tipo de embarcação e ano.

Tipo de arrasto Ano Embarcações Viagens

Arrasto duplo

2003 275 1133

2004 271 1021

2005 293 1096

2006 315 1300

2007 320 1577

2008 288 1409

2009 325 1570

2010 277 1215

2011 268 1187

Média±dp 292,4 ± 22,2 1278,7 ± 201,5

Arrasto simples

2003 26 151

2004 25 98

2005 39 108

2006 23 105

2007 25 112

2008 28 101

2009 26 175

2010 33 230

2011 29 204

Média±dp 28,2 ± 5,0 142,7 ± 49,7

Arrasto de parelhas

2003 46 292

2004 46 203

2005 48 217

2006 45 214

2007 39 294

2008 33 205

2009 27 195

2010 24 166

2011 26 141

Média±dp 37,1 ± 9,7 214,1 ± 50,8

Todas embarcações (2003-2011) Média±dp 357,8 ± 23,6 1635,4 ± 217,7

Total - 14719

Os relatórios de desembarque analisados representam uma fração conhecida

(aproximadamente 70%) dos desembarques totais nos portos de Santa Catarina

(UNIVALI/CTTMar, 2004, 2006, 2007a, 2007b, 2008, 2009, 2010, 2011, 2013).

Todas as variáveis de cada viagem de pesca foram atribuídas a quadrantes de 30’ x 30’

de acordo com as informações dos mestres das embarcações. Em viagens onde os dados

93

individuais de arrasto não estavam disponíveis os valores foram divididos, igualmente, entre

todos os quadrantes visitados (UNIVALI/CTTMar, 2010).

Fonte dos dados – Espécies desembarcadas

Todas as espécies (peixes, crustáceos e moluscos) desembarcadas nos portos de Santa

Catarina pela frota industrial de arrasto, entre 2003 e 2011, foram consideradas neste estudo.

Desembarques com informações insuficientes sobre a identificação das espécies foram

excluídos (aproximadamente 2% da biomassa total desembarcada) das análises. Estimativas

do nível trófico, resiliência e vulnerabilidade das espécies desembarcadas foram obtidas a

partir das bases de dados FishBase (Froese & Pauly, 2014), SeaLifeBase (Palomares & Pauly,

2014) e SeaAroundUs (http://www.seaaroundus.org/) ou, se os valores referentes a alguma

espécie não estavam disponíveis nestas bases, de acordo com referências específicas (e.g.

Patterson, 1988; Haimovici et al., 1998; García-Rodriguez et al., 2000; Leite Jr. & Petrere Jr.,

2006; Metri, 2007; Campos et al., 2011; Duarte et al., 2011; Nascimento et al., 2012; Milessi

& Jaureguizar, 2013; Romero et al., 2013; Garcia & Giarrizzo, 2014), assumindo que tais

valores foram invariáveis ao longo do tempo. Para as categorias que incluem mais de uma

espécie foi utilizado o maior valor encontrado para as espécies individualmente. Para maiores

informações vide a Tabela 2.

Tabela 2. Lista de espécies (ou grupo de espécies) desembarcadas pela frota industrial de arrasto nos portos de

Santa Catarina, entre 2003-2011, com o respectivo nível trófico, resiliência, vulnerabilidade e representação

percentual do total da biomassa desembarcada durante o período de estudo. Nível trófico, resiliência e

vulnerabilidade de acordo com FishBase (Froese & Pauly, 2014), SeaLifeBase (Palomares & Pauly, 2014) e

SeaAroundUs (http://www.seaaroundus.org/) ou, se os valores referentes a alguma espécie não estavam

disponíveis nestas bases, de acordo com referências específicas (e.g. Patterson, 1988; Haimovici et al., 1998;

García-Rodriguez et al., 2000; Leite Jr. & Petrere Jr., 2006; Metri, 2007; Campos et al., 2011; Duarte et al.,

2011; Nascimento et al., 2012; Milessi & Jaureguizar, 2013; Romero et al., 2013; Garcia & Giarrizzo, 2014).

Resiliência: 1=muito baixa; 2=baixa; 3=média; 4=alta. Vulnerabilidade: baixa (≤25); baixa a moderada

(>25≤35); moderada (>35≤45); moderada a alta (>45≤55); alta (>55≤65); alta a muito alta (>65≤75); muito alta

(>75). Espécies em ordem de representação percentual do total da biomassa desembarcada durante o período de

estudo.

Grupo/Espécies Nível

trófico Resiliência Vulnerabilidade

% da biomassa

desembarcada

Peixes

Umbrina canosai 3,90 3 30 15,206834

Prionotus punctatus 3,80 2 55 10,627239

Urophycis mystacea 4,00 2 62 10,013567

Cynoscion guatucupa 4,20 3 39 8,771908

Micropogonias furnieri 3,30 3 66 8,130711

Merluccius hubbsi 4,20 2 58 4,828137

Várias espécies das famílias Rajidae

e Arhynchobatidae (1) 4,02 2 77 3,675716

Cynoscion acoupa 4,10 3 45 3,081374

94

Urophycis brasiliensis 3,80 3 36 2,934923

Paralichthys spp. 4,00 3 55 2,641181

Cynoscion jamaicensis 4,20 4 32 2,550088

Lophius gastrophysus 4,50 3 52 2,191587

Paralichthys isosceles

P. triocellatus 4,30 3 52 1,814611

Balistes capriscus 3,60 3 32 0,801021

Percophis brasiliensis 4,30 3 57 0,707726

Cynoscion spp. 4,12 3 57 0,641233

Macrodon ancylodon 3,90 3 36 0,607191

Menticirrhus spp. 3,90 3 38 0,597096

Genypterus brasiliensis 4,00 2 57 0,573002

Paralonchurus brasiliensis 3,10 4 24 0,468620

Trichiurus lepturus 4,50 3 57 0,459648

Várias espécies de Arhynchobatidae (2) 4,50 1 75 0,369635

Peprilus paru 4,00 4 20 0,327687

Mullus argentinae 3,50 3 27 0,302389

Rhinobatos horkelii

R. percellens 3,80 1 71 0,270447

Lopholatilus villarii 3,70 2 76 0,223337

Polymixia lowei 4,00 3 37 0,221644

Haemulon aurolineatum 3,20 3 37 0,183258

ARIIDAE 3,50 1 35 0,179288

Porichthys porosissimus 3,70 3 35 0,161980

Nemadactylus bergi 3,20 3 52 0,156449

Zenopsis conchifer 4,50 2 54 0,148889

Pequenos tubarões (3) 4,10 1 90 0,119836

Helicolenus lahillei 4,40 1 68 0,108590

Tubarões (4) 4,10 1 90 0,105641

Chloroscombrus chrysurus 3,20 3 29 0,100357

Conger orbignyanus 3,70 3 63 0,082089

Squatina spp. 4,00 1 90 0,080588

Paralichthys orbignyanus 3,50 3 51 0,065207

Pomatomus saltatrix 4,50 3 58 0,047279

Oligoplites saurus 4,50 3 25 0,043665

Selene spp. 3,90 3 35 0,041356

Cynoscion leiarchus 4,10 3 37 0,039658

Pagrus pagrus 3,70 3 66 0,038816

Diapterus rhombeus 2,90 4 18 0,036442

Conodon nobilis 3,50 3 33 0,036319

Squalus spp. 4,00 1 90 0,025034

Cynoscion virescens 4,00 3 57 0,019053

CONGRIDAE

OPHIDIIDAE 3,98 2 63 0,016361

Pseudopercis numida 3,90 2 65 0,016320

Centropomus spp. 4,10 3 55 0,013329

Chaetodipterus faber 4,50 3 37 0,013141

Larimus breviceps 3,10 4 25 0,012957

Squalus spp. 4,00 1 90 0,010045

Trachinotus carolinus 3,50 3 37 0,009316

POLYPRIONIDAE

SERRANIDAE 4,00 2 66 0,008906

Priacanthus arenatus 4,00 4 25 0,008023

95

Cynoscion microlepidotus 4,10 2 56 0,007401

Carcharhinus spp. 4,20 1 62 0,005960

Mustellus spp. 3,60 1 90 0,004395

Mugil curema

M. liza 2,00 3 59 0,004129

Diplodus argenteus 3,10 3 45 0,004020

Seriola dumerili 4,50 3 54 0,003869

Squalus acanthias 4,30 1 69 0,003859

Lagocephalus laevigatus 4,00 2 60 0,003451

Parona signata 3,40 3 35 0,002482

Astroscopus sexspinosus 4,20 3 42 0,002353

Stellifer rastrifer 3,50 4 16 0,002292

Lutjanus spp. 4,30 2 66 0,001677

Mustelus canis

M. schmitti 3,70 1 87 0,001415

Eucinostomus spp. 3,30 3 25 0,001170

Isurus oxyrinchus 4,50 1 86 0,000958

Caulolatilus chrysops 3,60 3 49 0,000869

Caranx latus 4,40 3 57 0,000817

Bagre marinus 2,50 2 56 0,000650

Sphyrna spp. 4,50 1 90 0,000636

Scomberomorus brasiliensis 3,30 3 67 0,000635

Epinephelus marginatus 3,70 2 72 0,000631

Carcharias taurus 4,50 1 68 0,000571

Carcharhinus spp. 4,40 1 90 0,000499

Diplectrum spp. 3,90 4 35 0,000477

Elops saurus 4,00 3 38 0,000472

Beryx splendens 4,40 2 57 0,000442

Pogonias cromis 3,90 3 62 0,000433

Macruronus magellanicus 3,90 2 71 0,000433

Seriola lalandi 4,10 2 69 0,000273

Trachurus lathami 4,00 3 37 0,000260

Polyprion americanus 4,10 2 76 0,000236

Engraulis anchoita 2,50 3 35 0,000208

Caranx crysos 4,40 3 34 0,000201

Brevoortia aurea

B. pectinata 3,40 4 38 0,000139

Epinephelus itajara 4,10 2 70 0,000113

Opisthonema oglinum 4,50 3 24 0,000095

Gempylus serpens 4,40 4 63 0,000095

Epinephelus flavolimbatus 3,80 2 66 0,000088

Aulostomus maculatus 4,30 3 50 0,000087

Xiphias gladius 4,50 2 72 0,000075

Barbatana de tubarão (5) 4,10 1 90 0,000074

Coryphaena hippurus 4,40 4 39 0,000061

Archosargus probatocephalus 3,50 3 36 0,000060

Prionace glauca 4,20 1 67 0,000022

Mitsukurina owstoni 4,10 1 90 0,000017

Lepidocybium flavobrunneum 4,30 2 85 0,000009

Masturus lanceolatus 4,20 3 86 0,000009

Galeocerdo cuvieri 4,50 2 64 0,000008

Scomber japonicus

S. colias 3,90 3 46 0,000004

96

Obs.: (1) Rioraja agassizii, Atlantoraja castelnaui, Psammobatis spp., Sympterygia spp., Dipturus spp.,

Atlantoraja platana; (2) Atlantoraja cyclophora, A. castelnaui, A. platana, Rioraja agassizii; (3) Pequenos

tubarões de várias famílias (TRIAKIDAE, SPHYRNIDAE, CARCHARHINIDAE, SQUALIDAE); (4) Tubarões

de várias famílias (LAMNIDAE, CARCHARHINIDAE, TRIAKIDAE, ODONTASPIDIDAE, SPHYRNIDAE,

ALOPIDAE, SQUALIDAE); (5) Barbatana de tubarão. A identificação da espécie não é possível.

Transformação dos dados

A partir dos dados analisados foram calculados diversos índices ecológicos, de acordo

com as equações a seguir descritas. Ressalta-se que os valores encontrados para os diferentes

índices não representam as capturas totais, mas sim as capturas desembarcadas, uma vez que

não foram considerados os descartes. Desta forma, estes índices podem refletir uma

associação entre a diversidade de espécies das áreas arrastadas e o processo de

aproveitamento/rejeição de espécies a bordo, estabelecido por cada estratégia de pesca.

Índice de diversidade de Shannon (H’)

H′ = − ∑y

Y× log

y

Y (Equação 1)

Scomberomorus cavalla 4,50 2 69 0,000003

Crustáceos

Artemesia longinaris 2,70 3 10 6,262745

Xiphopenaeus kroyeri 2,70 4 10 2,714824

Pleoticus muelleri 2,20 3 10 1,577515

Farfantepenaeus paulensis

F. brasiliensis 2,70 4 10 1,186427

Plesionika longirostris 2,50 4 10 0,379497

Pleoticus muelleri

Artemesia longinaris 2,70 3 10 0,233324

Metanephrops rubellus 2,83 3 14 0,206917

Litopenaeus schmitti 2,50 4 10 0,065539

Scyllarides deceptor 2,83 4 10 0,053930

Aristaeopsis edwardsiana 2,50 3 10 0,002466

Chaceon ramosae

C. notialis 2,23 2 10 0,000726

Aristaeomorpha foliacea 2,50 4 10 0,000236

Aristeus sp. 2,50 3 10 0,000013

Moluscos

Doryteuthis pleii

D. sanpaulensis 3,20 1 25 1,300445

Illex argentinus 4,00 3 19 0,632172

Eledone massyae

E. gaucha

Octopus vulgaris

3,57 3 78 0,356883

Euvola ziczac 2,00 3 10 0,000470

97

Onde, H’ é o índice de Shannon; y é a biomassa desembarcada de cada espécie (ou

grupo de espécies); e Y é o total da biomassa desembarcada.

Índice de equitabilidade de Pielou (J’)

J′ =H′

log𝑛 𝑆𝑖

(Equação 2)

Onde H’ é o índice de Shannon e lognSi é o máximo valor de H’ onde Si = número

total de espécies.

Nível trófico médio

O nível trófico médio é calculado pela seguinte equação:

NTMk = ∑ YikTLi

mi=1

∑ Yikmi=1

(Equação 3)

Onde, 𝐍𝐓𝐌𝐤 é o nível trófico médio no ano (𝐤); 𝐘𝐢𝐤 é o peso desembarcado da espécie

𝐢 no ano 𝐤 e 𝐦 é o número de espécies ou grupo de espécies capturadas no ano 𝐤; e 𝐓𝐋𝐢 é o

nível trófico da espécie 𝐢 (Pauly et al., 2001). Este índice tem sido utilizado para avaliar os

efeitos ecossistêmicos da pesca tomando como base o pressuposto que esta atividade tende a

reduzir a biomassa e a diversidade de espécies de níveis tróficos mais elevados (por ex.

predadores de topo) e reduzindo o nível trófico médio do ecossistema explotado. Isso ocorre

se uma pescaria inicia direcionando seu esforço aos predadores de topo passando

subsequentemente para níveis inferiores na medida em que a abundância dos primeiros decai

(efeito “fishing down the food web”, Pauly et al., 1998).

Índice da Pesca em Equilíbrio (FiB)

O Índice da Pesca em Equilíbrio (Fishing-in-Balance index, Pauly et al., 2000) foi

desenvolvido para avaliar as consequências de uma diminuição no nível trófico médio,

quando esta ocorreu pela “escolha” de direcionar a pesca para níveis tróficos inferiores

(Kleisner & Pauly, 2011). Nesse caso se esperaria um aumento na biomassa desembarcada

coerente com o aumento da disponibilidade de biomassa dos níveis tróficos inferiores. O

98

índice deveria se manter constante (FiB = 0) se a pescaria for “equilibrada”, ou seja todas as

mudanças nos níveis tróficos são acompanhadas por mudanças “ecologicamente

equivalentes” nas capturas. FiB deveria aumentar (FiB > 0) quando há um incremento na

produtividade primária do ambiente (efeito “bottom-up”) ou quando a pescaria se expande

para novas áreas aumentando a dimensão do ecossistema explotado. Por fim FiB deveria

diminuir (FiB < 0) pelo efeito do descarte não representado nas capturas registradas, ou se o

funcionamento do ecossistema é limitado pela remoção de níveis excessivos de biomassa ou

outro fator natural ou antrópico. FiB foi um índice proposto para ser analisado conjuntamente

com o índice do nível trófico médio e desta forma avaliar se eventuais mudanças no nível

trófico médio tem sido compensadas por alterações nas capturas (Kleisner & Pauly, 2011):

FiBk = log (Yk (

1

TE)

𝑇𝐿̅̅̅̅ 𝑘

) − log (Y0 (1

TE)

𝑇𝐿̅̅̅̅ 0

) (Equação 4)

Onde k é o ano, 0 = ano base (2003), Y = capturas, 𝑇𝐿̅̅̅̅ = nível trófico médio da

captura, e TE = eficiência de transferência entre níveis tróficos = 0,1 (Pauly & Christensen,

1995).

Vulnerabilidade média

A vulnerabilidade é considerada como o risco de extinção resultante da atividade

pesqueira, desconsiderando outros fatores (Cheung et al., 2004; 2005; Strona et al., 2013;

Strona, 2014). A vulnerabilidade média é calculada pela seguinte equação (adaptado de Pauly

et al., 2001):

VMk = ∑ YikVi

mi=1

∑ Yikmi=1

(Equação 5)

Onde, 𝐕𝐌𝐤 é a vulnerabilidade média no ano (𝐤); 𝐘𝐢𝐤 é o peso desembarcado da

espécie 𝐢 no ano 𝐤 e 𝐦 é o número de espécies ou grupo de espécies capturadas no ano 𝐤; e 𝐕𝐢

é a vulnerabilidade da espécie 𝐢. O valor da vulnerabilidade de cada espécie foi obtida nos

bancos de dados de FishBase (Froese & Pauly, 2014), SeaLifeBase (Palomares & Pauly,

2014) e SeaAroundUs (http://www.seaaroundus.org/) ou, se os valores referentes a alguma

espécie não estavam disponíveis nestas bases, de acordo com referências específicas (e.g.

99

Patterson, 1988; Haimovici et al., 1998; García-Rodriguez et al., 2000; Leite Jr. & Petrere Jr.,

2006; Metri, 2007; Campos et al., 2011; Duarte et al., 2011; Nascimento et al., 2012; Milessi

& Jaureguizar, 2013; Romero et al., 2013; Garcia & Giarrizzo, 2014).

Os valores obtidos para a vulnerabilidade foram enquadrados em sete categorias, de

acordo com o proposto por Froese & Pauly (2014) (Tabela 3).

Tabela 3. Categorias de vulnerabilidade e respectivos intervalos de valores, de acordo com Froese & Pauly

(2014).

Categoria Intervalo

Baixa ≤ 25

Baixa a Moderada > 25 ≤ 35

Moderada > 35 ≤ 45

Moderada a Alta > 45 ≤ 55

Alta > 55 ≤ 65

Alta a Muito Alta > 65 ≤ 75

Muito Alta > 75

Resiliência média

A resiliência é a capacidade de uma população se recuperar de perturbações da pesca

intensiva (UN, 1997). A resiliência média é calculada pela seguinte equação (adaptado de

Pauly et al., 2001):

RMk = ∑ YikRi

mi=1

∑ Yikmi=1

(Equação 6)

Onde, 𝐑𝐌𝐤 é a resiliência média no ano (𝐤); 𝐘𝐢𝐤 é o peso desembarcado da espécie 𝐢

no ano 𝐤 e 𝐦 é o número de espécies ou grupo de espécies capturadas no ano 𝐤; e 𝐑𝐢 é a

resiliência da espécie 𝐢. O valor da resiliência de cada espécie foi obtida nos bancos de dados

de FishBase (Froese & Pauly, 2014), SeaLifeBase (Palomares & Pauly, 2014) e SeaAroundUs

(http://www.seaaroundus.org/) ou, se os valores referentes a alguma espécie não estavam

disponíveis nestas bases, de acordo com referências específicas (e.g. Patterson, 1988;

Haimovici et al., 1998; García-Rodriguez et al., 2000; Leite Jr. & Petrere Jr., 2006; Metri,

2007; Campos et al., 2011; Duarte et al., 2011; Nascimento et al., 2012; Milessi &

Jaureguizar, 2013; Romero et al., 2013; Garcia & Giarrizzo, 2014).

Os valores obtidos para a resiliência foram enquadrados em quatro categorias, de

acordo com o proposto por Froese & Pauly (2014) (Tabela 4).

100

Tabela 4. Categorias de resiliência e respectivos intervalos de valores, de acordo com Froese & Pauly (2014).

Categoria Intervalo

Alta ≥ 4

Média ≥ 3 e < 4

Baixa ≥ 2 e < 3

Muito baixa ≥ 1 e < 2

Análise dos dados

A obtenção de valores agregados temporal e espacialmente dos índices de diversidade,

equitabilidade, nível trófico, resiliência e vulnerabilidade das pescarias de arrasto industrial,

na região Sudeste e Sul do Brasil, foi um dos principais objetivos deste trabalho. Neste

sentido, os valores médios destas variáveis foram agrupados por ano e para todo o período de

estudo, sendo também avaliados os padrões de variabilidade por estratégia de pesca e sua

distribuição espacial. Quando atendidos os pressupostos estatísticos, estes valores foram

testados através da Análise de Variância unifatorial (ANOVA). Nos casos em que um dos

pressupostos da ANOVA não foi atendido, aplicou-se o teste não paramétrico de Kruskal-

Wallis (Day & Quinn, 1989; Zar, 2010). Todas as análises espaciais foram realizadas em

ambiente SIG, utilizando o software ArcGIS® (ESRI - Environmental Systems Research

Institute, Inc.).

RESULTADOS

Índice de diversidade de Shannon e índice de equitabilidade de Pielou

Os valores do índice de diversidade de Shannon, referentes aos desembarques totais da

frota industrial de arrasto que opera no Sudeste/Sul do Brasil, variaram no período de 2003-

2011 de 0,32 a 3,03 e os valores do índice de equitabilidade de Pielou variaram de 0,07 a 0,63

no mesmo período (Figura 1).

Considerando os intervalos de latitude, a região central da área de estudo (entre 25° e

29°S) apresentou os maiores valores de diversidade (1,25 a 3,03) e equitabilidade (0,26 a

0,63) nos desembarques, seguida da região norte (norte de 25°S) com valores de diversidade

entre 0,34 a 2,83 e equitabilidade entre 0,07 a 0,59, e finalmente, a região sul (sul de 29°S)

com os menores valores, oscilando a diversidade entre 0,32 a 2,80 e a equitabilidade entre

0,07 a 0,58. Comparando os valores destes dois índices, nos diferentes intervalos de latitude,

verificamos que existe diferença significativa entre o intervalo de latitude Centro e Norte

(ANOVA – Tukey, p<0,01) e entre o intervalo Norte e Sul (ANOVA – Tukey, p<0,01), não

101

existindo diferença entre os intervalos Centro e Sul, tanto para a diversidade como para a

equitabilidade.

Figura 1. Distribuição espacial do índice de diversidade (Shannon) e do índice de equitabilidade (Pielou) para os

desembarques da frota industrial de arrasto que operam no Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011.

Em relação aos intervalos de profundidade, os maiores valores dos índices de

diversidade e equitabilidade ocorrem em profundidades menores que 100 m, principalmente

nos intervalos de latitude Centro e Sul. Comparando os valores da diversidade e

equitabilidade dos diferentes intervalos de latitude e os respectivos intervalos de

profundidade, todos apresentaram diferenças significativas, exceto o intervalo de

profundidade de 100-200m do intervalo de latitude Sul quando comparado com as mesmas

profundidades dos intervalos Norte e Centro e também os valores das profundidades maiores

do que 200m do intervalo de latitude Centro quando comparados com os intervalos Sul e

Norte (Tabela 5).

Ao avaliarmos os valores do índice de Shannon e do índice de Pielou para as

diferentes estratégias de pesca, ao longo dos anos analisados (2003-2011), verificamos que o

arrasto de talude (AT) e o arrasto de camarões (AC) têm os maiores valores destes índices em

relação ao arrasto de parelhas (AP) (p < 0,01, Tabela 6). A comparação entre estratégias, para

ambos os índices, indicou que o arrasto de parelhas difere significativamente do arrasto de

camarões e talude, cujos índices médios por sua vez são indistintos (p > 0,05).

102

Tabela 5. Resultados dos testes estatísticos comparando o índice de diversidade de Shannon e o índice de

equitabilidade de Pielou em relação aos intervalos de latitude (N=Norte; C=Centro; S=Sul) e os respectivos

intervalos de profundidade (<75m, 75 – 100m, 100 – 200m, >200m) (ns=não significativo).

Parâmetro Teste estatístico Comparações Valor de p

Índice de diversidade

Kruskal-Wallis - <0,0001

Student-Newman-Keuls

<75 N x <75 C <0,0001

<75 N x <75 S <0,0001

<75 C x <75 S <0,01

75-100 N x 75-100 C <0,0001

75-100 N x 75-100 S <0,0001

75-100 C x 75-100 S <0,05

100-200 N x 100-200 C <0,05

100-200 N x 100-200 S ns

100-200 C x 100-200 S ns

>200 N x >200 C ns

>200 N x >200 S <0,01

>200 C x >200 S ns

Índice de equitabilidade

Kruskal-Wallis - <0,0001

Student-Newman-Keuls

<75 N x <75 C <0,0001

<75 N x <75 S <0,0001

<75 C x <75 S <0,01

75-100 N x 75-100 C <0,0001

75-100 N x 75-100 S <0,0001

75-100 C x 75-100 S <0,05

100-200 N x 100-200 C <0,05

100-200 N x 100-200 S ns

100-200 C x 100-200 S ns

>200 N x >200 C ns

>200 N x >200 S <0,01

>200 C x >200 S ns

Tabela 6. Resultados dos testes estatísticos comparando o índice de diversidade de Shannon e o índice de

equitabilidade de Pielou entre as três estratégias de pesca (AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de talude;

AC=arrasto de camarões).

Parâmetro Teste estatístico Comparações Valor de p

Índice de diversidade

ANOVA - p<0,01

Tukey

AP x AT p<0,01

AP x AC p<0,01

AT x AC não significativo

Índice de equitabilidade

ANOVA - p<0,01

Tukey

AP x AT p<0,01

AP x AC p<0,01

AT x AC não significativo

As três estratégias apresentaram variações nestes valores ao longo dos anos (Figura 2 e

3), sendo que arrasteiros de talude e de camarões demonstraram uma tendência declinante na

103

diversidade (p=0,0364 e p=0,0758) e equitabilidade (p=0,0358 e p=0,0464) de seus

desembarques no período de estudo. O contrário pode ser o caso das parelhas,

especificamente no caso da diversidade (p=0,0662) (Tabela 7).

Figura 2. Variação do índice de diversidade de Shannon e do índice de equitabilidade de Pielou, entre 2003-

2011, para as três estratégias de pesca industrial de arrasto (AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de talude;

AC=arrasto de camarões) do Sudeste/Sul do Brasil.

Figura 3. Variação do índice de diversidade de Shannon e do índice de equitabilidade de Pielou para as três

estratégias de pesca industrial de arrasto (AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de talude; AC=arrasto de

camarões) do Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011). Na caixa estão representados o primeiro e

terceiro percentis e a mediana, a barra de erros indica os valores mínimo e máximo.

Tabela 7. Regressão linear entre ano (2003-2011), índice de diversidade de Shannon e índice de equitabilidade

de Pielou, por estratégia de pesca (arrasto de camarões, arrasto de talude e arrasto de parelhas). Os valores de p

em negrito são significativos.

Estratégia de pesca Regressão Valores

α β p R2

Arrasto de camarões Ano x Shannon 2037,9846 -11,9580 0,0758 0,3787

Ano x Pielou 2041,1570 -53,0023 0,0464 0,4505

Arrasto de talude Ano x Shannon 2047,6747 -15,5115 0,0364 0,4834

Ano x Pielou 2039,3967 -52,0661 0,0358 0,4860

Arrasto de parelhas Ano x Shannon 1979,5050 12,8082 0,0662 0,3992

Ano x Pielou 1996,0968 20,9677 0,5865 0,0454

104

Nível trófico médio

O nível trófico das espécies que compõem a captura desembarcada no período de

2003-2011 pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil variou, entre os peixes, de

2,00 a 4,5, entre os crustáceos de 2,20 a 2,83 e entre os moluscos de 2,00 a 4,00 (ver Tabela

2).

Os valores do nível trófico médio (NTM) da biomassa desembarcada pela frota

industrial de arrasto nos portos de Santa Catarina no período de 2003-2011 variaram entre

2,57 e 4,19 (Figura 4), sendo que valores maiores que 3 concentraram-se nos setores externos

da plataforma continental e talude.

Figura 4. Distribuição espacial dos valores do nível trófico médio da biomassa desembarcada pela frota de

arrasto industrial do Sudeste/Sul do Brasil no período de 2003-2011.

Neste período, a biomassa desembarcada oscilou entre 13.058,02 (2004) e 33.658,71

(2009) toneladas, verificando-se uma tendência de queda nos valores do nível trófico médio

até 2009, seguida de um aumento nos últimos anos (R2=0,0056) e uma forte tendência no

105

aumento da biomassa desembarcada até 2006, com uma subsequente estabilização

(R2=0,6838) (Figura 5).

Figura 5. Variação do nível trófico médio (NTM) e biomassa desembarcada (ton), no período de 2003-2011, para

a frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil. A linha tracejada representa a tendência do NTM.

Considerando os intervalos de latitude, as regiões norte (norte de 25°S) e central (entre

25° e 29°S) da área de estudo apresentaram valores maiores do NTM, entre 2,72 - 4,16 e 2,70

a 4,19, respectivamente, do que os valores encontrados na região sul (sul de 29°S) que

oscilaram entre 2,57 a 4,11. Mesmo assim, comparando os valores do NTM entre os

intervalos de latitude Sul e Norte e entre os intervalos Centro e Norte verificamos que existe

diferença significativa entre eles (teste de Kruskal-Wallis, p<0,0001 e p<0,001), enquanto que

entre os intervalos Sul e Centro esta diferença não ocorre (teste de Kruskal-Wallis, p>0,05).

Ao avaliarmos os valores NTM para as diferentes estratégias de pesca, ao longo dos

anos analisados (2003-2011), verificamos que o arrasto de talude (AT), seguido pelo arrasto

de parelhas (AP) têm os maiores valores deste índice em relação ao arrasto de camarões (AC)

(Figura 6), sendo que todas estas diferenças foram significativas (Tabela 8). As três

estratégias apresentaram variações nestes valores ao longo dos anos. Verifica-se uma leve

tendência de queda nos valores do nível trófico médio do AT e AP enquanto que o AC

apresenta uma leve tendência de aumento no NTM (Figura 7), porém estas tendências não são

significativas para nenhuma das três estratégias de pesca (p=0,8477; p=0,6293; e p=0,5760).

106

Figura 6. Variação do nível trófico médio (NTM) para as três estratégias de pesca de arrasto (AP=arrasto de

parelhas; AT=arrasto de talude; AC=arrasto de camarões) do Sudeste/Sul do Brasil no período de 2003-2011. Na

caixa estão representados o primeiro e terceiro percentis e a mediana, a barra de erros indica os valores mínimo e

máximo.

Figura 7. Variação do nível trófico médio (NTM) e biomassa desembarcada (ton), no período de 2003-2011, para

as três estratégias de pesca de arrasto no Sudeste/Sul do Brasil. As linhas tracejadas representam as tendências

no NTM.

Tabela 8. Resultados dos testes estatísticos comparando o nível trófico médio entre as três estratégias de pesca

(AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de talude; AC=arrasto de camarões).

Parâmetro Teste estatístico Comparações Valor de p

Nível trófico médio

Kruskal-Wallis - p<0,01

Student-Newman-Keuls

AP x AT p<0,05

AP x AC p<0,05

AT x AC p<0,01

Apesar da leve tendência de queda nos valores do nível trófico médio do AT e AP e da

leve tendência de aumento no NTM dos desembarques do AC, o desembarque das principais

107

espécies-alvo destas pescarias não acompanharam estas tendências. No caso do AT,

Urophycis mystacea, Merluccius hubbsi e Lophius gastrophysus, todas espécies com nível

trófico alto, apresentaram aumento na biomassa desembarcada no período. Por sua vez, a

biomassa desembarcada das espécies-alvo do AP (Umbrina canosai, Micropogonias furnieri

e Cynoscion guatucupa) manteve-se praticamente constante no período 2003-2011, com

algumas pequenas oscilações. Por fim, as principais espécies-alvo do AC (Farfantepenaeus

spp., Artemesia longinaris, Xiphopenaeus kroyeri e Pleoticus muelleri) registraram oscilações

na biomassa desembarcada, ao longo do período analisado, atingindo os valores máximos

entre 2007 e 2009 e com declínio nos anos seguintes (Figura 8).

Figura 8. Biomassa desembarcada total (ton) das principais espécies-alvo, das três estratégias de pesca da frota

industrial de arrasto (arrasto de talude, arrasto de parelhas e arrasto de camarões), do Sudeste/Sul do Brasil no

período de 2003-2011. Ucan=Umbrina canosai; Mfur=Micropogonias furnieri; Cgua=Cynoscion guatucupa;

Umys=Urophycis mystacea; Mhub=Merluccius hubbsi; Lgas=Lophius gastrophysus; Farf=Farfantepenaeus

spp.; Alon=Artemesia longinaris; Xkro=Xiphopenaeus kroyeri; Pmue=Pleoticus muelleri.

Índice da Pesca em Equilíbrio (FiB)

Os valores do índice da pesca em equilíbrio (FiB) para a frota industrial de arrasto do

Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011, variaram desde valores negativos para os

anos de 2004 (-0,23) e 2005 (-0,12), apresentando um grande aumento nos anos de 2006

(0,01) e 2007 (0,18). Em 2008, o valor do FiB apresenta uma pequena queda (0,12), voltando

a aumentar (2009 = 0,15; 2010 = 0,20), atingindo seu maior valor, em 2011 (0,21) (Figura 9).

108

Figure 9. Índice da pesca em equilíbrio (FiB) para a frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil durante

2003-2011.

Analisando os valores do índice da pesca em equilíbrio (FiB), separadamente, para as

três estratégias de pesca de arrasto industrial do Sudeste/Sul do Brasil, entre 2003 e 2011,

verificamos que o mesmo comporta-se de forma diferenciada para cada estratégia. Para o

arrasto de camarões (AC), após um pequeno valor negativo em 2004 (-0,17), o índice tem um

crescimento constante entre 2005 e 2007, com valores entre 0,23 e 0,46. Em 2008 apresenta

uma pequena queda (0,36), voltando a aumentar nos anos seguintes (2009 = 0,42; 2010 =

0,54; e 2011 = 0,53). Neste mesmo período, os valores do FiB, para o arrasto de talude (AT),

apresentaram uma tendência de queda com valores negativos entre 2004 (-0,29) e 2005 (-

0,31), retomando um crescimento nos valores do índice a partir de 2006 até 2011, com valores

entre -0,07 e 0,29. Finalmente, o arrasto de parelhas (AP) foi o que apresentou as maiores

oscilações entre valores positivos e negativos do índice da pesca em equilíbrio. Para esta

estratégia de pesca, apesar do FiB iniciar com valores negativos nos anos de 2004 (-0,14) e

2005 (-0,01), o índice continuou em ascendência, já com números positivos, nos anos de 2006

(0,02) e 2007 (0,22). A partir de 2008, iniciou-se uma sequência de declínio do FiB,

culminando com valores negativos nos anos de 2010 (-0,05) e 2011 (-0,09) (Figura 10).

109

Figura 10. Índice da pesca em equilíbrio (FiB) das três estratégias de pesca da frota industrial de arrasto

(AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de talude; AC=arrasto de camarões) do sudeste/Sul do Brasil durante 2003-

2011.

Vulnerabilidade

A vulnerabilidade das espécies que compõem a biomassa desembarcada no período de

2003-2011 pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil variou, entre os peixes, de

16 a 90 (Baixa a Muito Alta), entre os crustáceos de 10 a 14 (Baixa) e entre os moluscos de

10 a 78 (Baixa a Muito Alta) (ver Tabela 2).

Os valores da vulnerabilidade média (VM), da biomassa desembarcada pela frota

industrial de arrasto nos portos de Santa Catarina no período de 2003-2011, variaram entre

10,00 e 59,64 (Baixa a Alta) havendo uma clara concentração de espécies desembarcadas

mais vulneráveis nas áreas de plataforma externa e talude, em profundidades maiores do que

200m, principalmente nos intervalos de latitude Centro e Sul (Figura 12).

Observando os valores da vulnerabilidade média dos diferentes intervalos de latitude e

os respectivos intervalos de profundidade, encontramos diferenças significativas quando

comparados os valores de todos os intervalos de profundidade da região Norte com todos os

intervalos de profundidade da região Sul. Além disto, encontramos diferenças significativas

entre os valores da vulnerabilidade média das profundidades de 100-200m e maiores do que

200m do intervalo Norte quando comparados aos valores das mesmas profundidades do

intervalo Centro. Para as demais profundidades e intervalos de latitude não houve diferença

significativa nos valores da vulnerabilidade média (Tabela 9).

110

Figura 12. Distribuição espacial da vulnerabilidade média (VM) da captura desembarcada pela frota industrial de

arrasto do Sudeste/Sul do Brasil no período de 2003-2011.

Tabela 9. Resultados dos testes estatísticos comparando os valores da vulnerabilidade média em relação aos

intervalos de latitude (N=Norte; C=Centro; S=Sul) e os respectivos intervalos de profundidade (<75m, 75 –

100m, 100 – 200m, >200m) (ns=não significativo).

Parâmetro Teste estatístico Comparações Valor de p

Vulnerabilidade média

Kruskal-Wallis - <0,0001

Student-Newman-Keuls

<75 N x <75 C ns

<75 N x <75 S <0,05

<75 C x <75 S ns

75-100 N x 75-100 C ns

75-100 N x 75-100 S <0,01

75-100 C x 75-100 S ns

100-200 N x 100-200 C <0,01

100-200 N x 100-200 S <0,05

100-200 C x 100-200 S ns

>200 N x >200 C <0,0001

>200 N x >200 S <0,0001

>200 C x >200 S ns

111

Considerando os intervalos de latitude, as regiões norte (norte de 25°S), central (entre

25° e 29°S) e sul (sul de 29°S) da área de estudo não apresentaram valores de vulnerabilidade

média muito diferentes entre si, variando de 11,11 a 58,68, 10,00 a 59,14 e 10,00 a 59,64,

respectivamente, enquadrando-se nas categorias de Baixa a Alta vulnerabilidade. Comparando

os valores da vulnerabilidade média, entre os três intervalos de latitude, encontramos

diferença significativa entre os intervalos Sul e Norte (teste de Kruskal-Wallis, p<0,0001) e

entre os intervalos Centro e Norte (teste de Kruskal-Wallis, p<0,0001). Por sua vez, entre os

intervalos Sul e Centro a diferença não foi significativa (teste de Kruskal-Wallis, p=0,5904).

Ao avaliarmos os valores da vulnerabilidade média para as diferentes estratégias de

pesca, ao longo dos anos analisados (2003-2011), verificamos que a composição de espécies

desembarcadas pela pesca de arrasto de talude (AT) possui uma vulnerabilidade média maior

dos que as outras duas estratégias. Por sua vez, para a pesca de arrasto de parelhas, a

vulnerabilidade média da biomassa desembarcada é intermediária entre o arrasto de talude e o

arrasto de camarões. Finalmente, a biomassa desembarcada pela pesca de arrasto de camarões

apresentou a menor e mais variável vulnerabilidade média de todas as três estratégias de pesca

de arrasto (Figura 13).

Figura 13. Variação na vulnerabilidade media da biomassa desembarcada, no período 2003-2011, das três

estratégias de pesca de arrasto industrial do Sudeste/Sul do Brasil (AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de

talude; AC=arrasto de camarões).

As diferenças encontradas nos valores de vulnerabilidade média, das três estratégias de

pesca de arrasto industrial do Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011, são

significativas para todas as comparações realizadas (Tabela 10).

112

Tabela 10. Resultados dos testes estatísticos comparando a vulnerabilidade média, da biomassa desembarcada,

entre as três estratégias de pesca (AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de talude; AC=arrasto de camarões).

Parâmetro Teste estatístico Comparações Valor de p

Vulnerabilidade média

Kruskal-Wallis - p<0,01

Student-Newman-Keuls

AP x AT p<0,05

AP x AC p<0,05

AT x AC p<0,01

Resiliência

A resiliência das espécies que compõem a biomassa desembarcada no período de

2003-2011 pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil variou, entre os peixes, de

1 a 4 (Muito Baixa a Alta), entre os crustáceos de 2 a 4 (Baixa e Alta) e entre os moluscos de

1 a 3 (Muito Baixa a Média) (ver Tabela 2).

Os valores da resiliência média (RM), da biomassa desembarcada pela frota industrial

de arrasto nos portos de Santa Catarina no período de 2003-2011, variaram entre 1,31 e 4,00,

Muito Baixa a Alta, respectivamente (Figura 14). O padrão espacial da resiliência média é

inverso ao da vulnerabilidade, com espécies desembarcadas de maior resiliência originadas

principalmente das capturas nos quadrantes mais costeiros e vice-versa.

Considerando os intervalos de latitude, os valores da resiliência média, da biomassa

desembarcada pela frota industrial de arrasto nos portos de Santa Catarina no período de

2003-2011, oscilaram entre 1,32 e 3,95 (Muito Baixa e Média) na região norte (norte de

25°S), entre 2,08 e 3,03 (Baixa e Média) na região sul (sul de 29°S) e entre 2,10 e 4,00 (Baixa

e Alta) na porção central (entre 25° e 29°S) da área de estudo. Comparando os valores da

resiliência média entre os intervalos de latitude, somente entre os intervalos Centro e Norte

houve diferença significativa (p<0,01).

Considerando as diferentes estratégias de pesca (AP, AT, AC), ao longo dos anos

analisados (2003-2011), os valores de resiliência média das espécies desembarcadas foram

maiores para o arrasto de parelhas, seguido dos valores do arrasto de camarões e com os

menores valores de resiliência média das espécies desembarcadas pelo arrasto de talude

(Figura 15). Nota-se uma tendência de aumento temporal da resiliência média nas espécies

capturadas pelo arrasto de camarões (p<0,001).

113

Figura 14. Distribuição espacial dos valores da resiliência média (RM) da biomassa desembarcada pela frota

industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil no período de 2003-2011.

Figura 15. Variação dos valores da resiliência média da biomassa desembarcada pelas três estratégias de pesca

de arrasto industrial do Sudeste/Sul do Brasil (AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de talude; AC=arrasto de

camarões), no período de 2003-2011.

Os valores da resiliência média da biomassa desembarcada pelas três estratégias de

pesca de arrasto industrial (AP, AT, AC) apresentam diferença significativa entre o arrasto de

114

parelhas e o arrasto de talude e entre o arrasto de talude e o arrasto de camarões, não

apresentando diferenças entre o arrasto de parelhas e o arrasto de camarões (Tabela 11).

Tabela 11. Resultados dos testes estatísticos comparando a resiliência média, da biomassa desembarcada, entre

as três estratégias de pesca (AP=arrasto de parelhas; AT=arrasto de talude; AC=arrasto de camarões).

Parâmetro Teste estatístico Comparações Valor de p

Resiliência média

Kruskal-Wallis - p<0,01

Student-Newman-Keuls

AP x AT p<0,01

AP x AC não significativo

AT x AC p<0,01

DISCUSSÃO

Alguns indicadores ecológicos estão relacionados com aspectos das espécies

(populações), outros têm vinculo com questões ligadas as comunidades. Dentre os primeiros

temos o nível trófico, a vulnerabilidade e a resiliência, enquanto que o índice de diversidade

(H’) e o índice de equitabilidade (J’) são representantes do segundo grupo. Existe ainda outro

tipo de índice ecológico que utiliza atributos tanto das espécies (populações) como das

comunidades, onde se destacam o nível trófico médio (NTM), o índice da pesca em equilíbrio

(FiB - Fishing-in-Balance index) a vulnerabilidade média (VM) e a resiliência média (RM).

Os valores e a variação espaço-temporal do índice de diversidade de Shannon (H’),

equitabilidade de Pielou (J’), nível trófico médio (NTM), índice da pesca em equilíbrio (FiB -

Fishing-in-Balance index), vulnerabilidade média (VM) e a resiliência média (RM), da frota

de arrasto industrial do Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011, foram abordados a

partir da captura desembarcada por esta frota nos portos de Santa Catarina.

A captura desembarcada nos portos de Santa Catarina, pela frota industrial de arrasto

do Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011, composta por aproximadamente por 130

espécies de peixes, mais de 15 espécies de crustáceos (camarões, caranguejos e lagostas) e

sete espécies de moluscos (polvos, lulas e bivalves) (ver Tabela 2) apresentou índices de

diversidade e equitabilidade decrescentes em direção às áreas mais externas e profundas da

plataforma e talude. Estes padrões influenciaram os valores encontrados entre as três

estratégias de pesca que utilizaram estas áreas de forma diferenciada (Dias & Perez, 2012;

Dias et al., 2012a; 2012b). É importante notar, entretanto, que estes índices podem refletir

uma associação entre a diversidade de espécies das áreas arrastadas e o processo de

aproveitamento/rejeição de espécies a bordo, estabelecido por cada estratégia.

115

De acordo com Dias et al. (2012a; 2012b) e Dias & Perez (2012), o arrasto de talude

(AT), tem como espécies-alvo a abrótea-de-profundidade (Urophysis mystacea), merluza

(Merluccius hubbsii) e peixe-sapo (Lophius gastrophysus), porém além destas desembarca

outras espécies características de áreas que vão desde a plataforma interna até a quebra da

plataforma, além de recursos de talude. Como principais representantes destas outras espécies

destacam-se: congro-rosa (Genypterus brasiliensis), ferrinho (Polymixia lowei), galo-de-

profundidade (Zenopsis conchifer), calamar-argentino (Illex argentinus), sarrão (Helicolenus

dactylopterus), batata (Lopholatilus villarii), camarão-cristalino (Plesionika sp.), pitu

(Metanephrops rubellus), linguado-areia (Paralichthys sp.), castanha (Umbrina canosai),

cabra (Prionotus punctatus), abrótea-comum (Urophysis brasiliensis), maria-mole (Cynoscion

guatucupa), camarão-rosa (Farfantepenaeus sp.), camarão-barba-ruça (Artemesia longinaris)

e raias emplastro (Família Rajidae). O arrasto de camarões (AC), que atua principalmente na

plataforma interna e média apresenta como espécies-alvo o camarão-rosa (Farfantepenaeus

spp.), camarão-sete-barbas (Xyphopenaeus kroyeri), camarão-barba-ruça (A. longinaris) e

camarão-santana (P. muelleri), e um grupo de peixes demersais que incluem a castanha (U.

canosai), cabrinha (P. punctatus) e linguados (Paralychthys spp.). Além destas, outras

espécies de importância nos desembarques desta estratégia de pesca são a lula (Doryteuthis

plei), abrótea (Urophycis brasiliensis), abrótea-de-profundidade (U. mystacea), merluza

(Merluccius hubbsi), o peixe-sapo (L. gastrophysus), congrio-rosa (Genypterus brasiliensis),

maria-mole (C. guatucupa), a corvina (Micropogonias furnieri), palombeta (Chloroscombrus

chrysurus) e as raias emplastro (Família Rajidae). Finalmente, o arrasto de parelhas (AP), que

opera principalmente em águas mais costeiras (<75m), tem como espécies-alvo a castanha (U.

canosai), a corvina (M. furnieri) e a pescada maria-mole (C. guatucupa ). No desembarque

desta estratégia de pesca tem importância também a pescada-amarela (Cynoscion acoupa),

goete (Cynoscion jamaicensis), cabra (P. punctatus), raias emplastro (Família Rajidae),

pescadinha-real (Macrodon ancylodon), corcoroca (Orthoplistis ruber), gordinho (Perpilus

paru) e olho-de-boi (Seriola sp.).

A maior diversidade (H’) e equitabilidade (J’) obtidas pelas estratégias de pesca de

arrasto de talude (AT) e arrasto de camarões (AC) pode ser explicada pelo maior número de

espécies-alvo destas pescarias, e a maior amplitude de suas áreas de pesca que vai da

plataforma interna até áreas de talude. Por outro lado, o arrasto de parelhas (AP), tem como

espécies-alvo uma menor variedade de espécies e uma área de atuação mais restrita

(plataforma interna). Ao considerarmos a totalidade da pesca industrial de arrasto do

Sudeste/Sul do Brasil, verificamos que a sobreposição das áreas de operação, das três

116

estratégias de pesca, indica uma maior utilização dos intervalos de latitude Sul e Centro,

concentrando-se em áreas mais rasas do que 75m (61% da área varrida), enquanto que na

região de talude (>200m) a área varrida representou apenas 10,7% (vide Port et al., dados não

publicados – Capítulo 2). Esta maior utilização das áreas mais rasas, associado a um melhor

aproveitamento das espécies capturadas, contribui para que os valores dos índices de

diversidade e equitabilidade diminuam em direção às áreas mais externas e profundas da

plataforma e talude.

As espécies de peixes registradas na biomassa desembarcada representam

aproximadamente 10% do número de espécies registradas para plataforma brasileira e 70%

das espécies registradas para a região entre o Cabo de São Tomé (Rio de Janeiro) e o Chuí

(Rio Grande do Sul) (Miloslavich et al., 2011).

Os valores de riqueza, diversidade (H’) e equitabilidade (J’) obtidos a partir das

capturas desembarcadas pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, no período

de 2003-2011 são bastante altos se comparados com outras áreas de pesca do Atlântico SW.

Na Zona Comum de Pesca Argentino-Uruguaia (ZCPAU), foram registradas 97 espécies,

aproximadamente 95% do total desembarcado por todas as modalidades de pesca, no período

de 1989-2010 (Milessi & Jaureguizar, 2013). No golfo de San Matías (Patagônia, Argentina)

entre 2006 e 2007, 34 espécies foram registradas nas capturas da frota de arrasto demersal,

sendo apenas 15 espécies de valor comercial e normalmente reportadas nas estatísticas

pesqueiras (Romero et al., 2013). Para o ecossistema da convergência subtropical do Sul do

Brasil (30°40' até 34°30' S), na região da plataforma externa e talude superior (124 até 587m

de profundidade), foram registradas 93 espécies de peixes demersais (Haimovici et al., 1994).

Apesar dos altos valores registrados, é preciso deixar claro que a riqueza, diversidade (H’) e

equitabilidade (J’), encontrados para a biomassa desembarcada pela frota industrial de arrasto

do Sudeste/Sul do Brasil, no período avaliado, não representam a totalidade das capturas, uma

vez que não foram considerados os descartes.

O nível trófico médio (NTM) da biomassa desembarcada é utilizado como um índice

de sustentabilidade dos ecossistemas marinhos explotados, uma vez que a pesca pode tender a

remover peixes de maior nível trófico, fazendo com que os remanescentes no ambiente sejam

representantes de níveis tróficos mais baixos, e desta forma, com o passar do tempo pode

gerar uma tendência de decréscimo no NTM dos desembarques (Pauly et al., 1998).

O nível trófico das espécies registradas na biomassa desembarcada pela frota industrial

de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, entre 2003-2011, variou entre 2,00 e 4,50. Estes valores

são similares aos encontrados por Garcia & Giarrizzo (2014) para peixes da costa brasileira

117

(TL = 2,03 – 4,80). Em outras regiões, como o Mar Mediterrâneo, Mar Báltico, Mar Negro,

Mar do Sul da China, Mar do Caribe e Mar do Norte, apesar das diferenças ambientais,

extensão geográfica, número de espécies avaliadas, os valores encontrados para o nível trófico

também variaram entre 2,00 e 4,50 (Stergiou & Karpouzi, 2002; Froese et al., 2004).

A leve tendência de declínio que encontramos nos valores do nível trófico médio

(NTM) da biomassa desembarcada pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil,

entre os anos de 2003 e 2011, não é significativa (p=0,8417) e portanto não pode ser

comparada diretamente com outros trabalhos, nos quais também foi registrada uma

diminuição no NTM (Pauly et al., 1998; Bhathal & Pauly, 2008; Milessi & Jaureguizar,

2013). Por outro lado, Freire & Pauly (2010) encontraram uma tendência de aumento do

NTM para todos os desembarques ocorridos no Brasil, entre 1978 e 2000, atribuindo este fato

ao colapso da pesca da sardinha (espécie de baixo nível trófico) no período.

A tendência de declínio que encontramos não foi acompanhada pelas três estratégias

de pesca da mesma forma. Enquanto que o arrasto de parelhas (AP) e o arrasto de talude (AT)

também apresentaram uma leve tendência de diminuição do NTM da biomassa desembarcada,

o arrasto de camarões (AC) indica uma leve tendência de aumento no NTM dos seus

desembarques, sendo que esta situação pode ser explicada pela forma de atuação desta

estratégia de pesca que, em determinado período, busca espécies de baixo nível trófico

(camarões) e fora da temporada de pesca destas, tem como espécies-alvo peixes demersais de

maior nível trófico (Benincá, 2013). Quando analisamos a biomassa desembarcada das

principais espécies-alvo das três estratégias de pesca, verificamos que não houve diminuição

correspondente nas capturas de espécies de maior nível trófico (TL) conforme ocorreu no

estudo de Milessi & Jaureguizar (2013). Por outro lado, as espécies de menor nível trófico,

alvo do arrasto de camarões, registraram fortes variações em sua biomassa desembarcada no

período de 2003-2011. As grandes variações ocorridas na biomassa desembarcada,

principalmente de Umbrina canosai, espécie-alvo do arrasto de parelhas, Urophycis mystacea

e Merluccius hubbsi (arrasto de talude) e Artemesia longinaris, Xiphopenaeus kroyeri e

Pleoticus muelleri foco do arrasto de camarões, influenciaram fortemente a tendência de

queda encontrada no NTM da frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul. Considerando esta

situação, não fica caraterizado o fenômeno conhecido por Fishing Down Marine Food Webs

(Pauly et al., 1998), para o período analisado.

A fim de avaliar corretamente o impacto da pesca em relação às variações no NTM,

Pauly et al. (2000) propuseram a utilização de outro índice em conjunto, o índice da pesca em

equilíbrio (FiB - Fishing-in-Balance index). Este índice foi criado para avaliar se as mudanças

118

no nível trófico médio foram compensadas por alterações nas capturas. As variações nos

valores do FiB podem ser interpretadas como: a) constante (FiB=0) se as alterações no nível

trófico são compensadas por alterações “ecologicamente corretas” nas capturas; b) aumenta

(FiB>0) se ocorre um efeito bottom up (aumento da produção primária, expansão geográfica

da pesca e exploração de um ecossistema mais amplo); c) diminui (FiB<0) se ocorre descarte

e este não é considerado nas capturas ou se as pescarias removem tanta biomassa do

ecossistema que o seu funcionamento é prejudicado (Pauly & Watson, 2005).

Os valores que encontramos para o FiB da pesca industrial de arrasto do Sudeste/Sul

do Brasil, no período de 2003-2011, apesar dos valores negativos em 2004 e 2005, sugerem

um aumento de produtividade nesse período ou um processo de expansão das atividades da

frota por toda a plataforma, alcançando as áreas de talude, explorando desta forma um

ecossistema mais amplo, confirmando o descrito por Perez et al. (2001; 2009). Neste período

ocorreu um aumento na área varrida pela frota industrial de arrasto, influenciado pelo

aumento da área varrida do arrasto de camarões que quase dobrou esta área (94,04%) e pelo

arrasto de talude que aumentou sua área varrida em 27,45%. Inversamente, o arrasto de

parelhas reduziu em 63,48% sua área varrida de 2011 em relação ao ano de 2003,

representando em 2011 apenas 4,53% da área varrida pelas três estratégias de pesca (Capítulo

2). Analisando separadamente os valores do FiB das três estratégias de pesca (AC, AT e AP),

encontramos situações diferenciadas, onde o AC e AT seguem o padrão da pesca de arrasto

geral e o arrasto de parelhas, que inicialmente acompanhou este padrão (2004 a 2007),

começou a registrar um declínio no valor do FiB a partir de 2008, com valores negativos em

2010 e 2011. Esta situação em particular do AP pode indicar que o ambiente explorado por

esta estratégia de pesca (plataforma interna) possa estar com suas funções ecológicas

prejudicadas.

A maioria das espécies (aprox. 70%) que compõem a captura desembarcada no

período de 2003-2011, pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, apresenta uma

vulnerabilidade que varia entre Baixa e Moderada a Alta. Outros 26% da captura

desembarcada é composta por espécies com vulnerabilidade entre Alta e Alta a Muito Alta.

As espécies com vulnerabilidade Muito Alta (4%) são em sua grande maioria representantes

de elasmobrânquios. Esta maior vulnerabilidade dos elasmobrânquios também já foi detectada

por Dransfeld et al. (2013), segundo os quais estes são intrinsecamente mais vulneráveis à

pesca do que os teleósteos.

Com relação à vulnerabilidade média (VM) da captura desembarcada pela frota

industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, que variou entre Baixa e Alta, ao analisarmos a

119

origem desta biomassa, verificamos que os valores mais altos têm origem em pescarias de

águas mais profundas (plataforma externa, quebra da plataforma e talude), onde atua a

estratégia de pesca de arrasto de talude (AT). A maior vulnerabilidade de espécies de águas

profundas já havia sido detectada por Koslow et al. (2000), que apontam a longevidade e a

formação de agregações como alguns dos aspectos que tornam estas espécies mais

vulneráveis. Segundo estimativas da ICES (International Council for the Exploration of the

Sea) a totalidade das capturas da pesca de águas profundas, no Atlântico Norte é feita além do

“limite biológico seguro” (ICES, 2010). Esta mesma situação é apontada por Perez et al.

(2009) para o Sudeste/Sul do Brasil, destacando uma listagem de espécies de alta

vulnerabilidade, compilada de diversos trabalhos, na qual se encontram além de espécies-alvo

da pesca industrial de arrasto, outras que também compõem as capturas desembarcadas por

esta frota, dentre as quais Lophius gastrophysus, Merluccius hubbsi, Polyprion americanus,

Urophycis mystacea, Aristaeopsis edwardsiana, Chaceon ramosae e C. notialis, todas em

situação de sobrepesca, como todos os estoques de águas profundas desta região. Ao analisar

o potencial de rendimento de espécies-alvo da pesca industrial de arrasto de talude, na mesma

região, Perez (2006) prevê que as capturas de L. gastrophysus, M. hubbsi e U. mystacea

encontram-se acima dos níveis de sustentabilidade.

Por sua vez, a maioria das espécies (67,3%) que compõem a captura desembarcada no

período de 2003-2011, pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil apresenta uma

resiliência que varia entre Média e Alta e o restante (32,7%) são espécies que têm resiliência

entre Muito Baixa e Baixa, sendo que a absoluta maioria são espécies de alto nível trófico

(TL>3,5). As várias espécies apresentam necessidades distintas de habitat, com diferentes

capacidades de se recuperar de perturbações da pesca intensiva (Kaiser et al., 1999).

Novamente os elasmobrânquios apresentam os menores valores de resiliência do que os

teleósteos (Dransfeld et al., 2013).

Analisando a origem da biomassa desembarcada pela frota industrial de arrasto do

Sudeste/Sul do Brasil, cuja resiliência média variou entre Muito Baixa a Alta, verificamos que

os valores mais altos têm origem em águas mais rasas (plataforma interna e média) enquanto

que os menores valores de resiliência média (RM) resultam da biomassa removida de águas

mais profundas, cujas espécies apresentam uma menor capacidade de recuperação frente aos

impactos provocados pela pesca intensiva (Koslow et al., 2000).

Numa visão integrada da aplicação dos indicadores ecológicos, pode-se evidenciar um

cenário bem definido onde se contrasta, por um lado, a exploração de recursos em áreas

costeiras, onde a diversidade tende a ser maior e os organismos capturados têm menor nível

120

trófico (por ex. camarões), menor vulnerabilidade e maior resiliência à pesca, com a

exploração das áreas externas da plataforma e talude, menos diversas, com espécies de maior

nível trófico e mais vulneráveis e menos resilientes às capturas. Não se confirma uma

mudança no nível trófico das espécies exploradas por essas atividades, porém é importante

notar a possibilidade de expansão de áreas de pesca, ou áreas varridas, sobretudo na região do

talude. Se confirmada esta tendência corrobora uma tendência mundial de busca de áreas

profundas já identificada no Brasil (Morato et al., 2006; Perez et al., 2009) e que implica em

ajustes no processo de gestão dessas áreas ainda relativamente pouco perturbadas (ver

Capítulo 2).

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127

CAPÍTULO 4

AVALIAÇÃO ECOSSISTÊMICA DO IMPACTO DA PESCA INDUSTRIAL DE

ARRASTO NO SUDESTE E SUL DO BRASIL

128

RESUMO

Este estudo propõe a demarcação espacial de três categorias de área de pesca (A, B e C),

baseado no grau de impacto a que cada uma delas foi submetida pela frota industrial de

arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, no período de 2003-2011. O grau de impacto destas áreas foi

baseado em valores de emissão de Carbono, remoção de biomassa e percentual de área

varrida. Além disto, foram considerados, na classificação destas áreas os valores de atributos

das comunidades e populações marinhas (i.e. diversidade, equitabilidade, nível trófico médio,

vulnerabilidade média e resiliência média) obtidos a partir de informações da biomassa

desembarcada por esta frota. Para cada um destes indicadores ecológicos e de impacto foram

atribuídos valores (1, 3 e 5) para o cálculo do Índice do Estado do Ambiente (IEA). Os

valores obtidos para o IEA foram especializados em quadrantes de 30’ × 30’, dando origem as

três categorias de área de pesca. A área de pesca “A” é a que apresenta os maiores valores de

impacto provocados pelas altas emissões de Carbono, alta remoção de biomassa e alto

percentual de área varrida, além de alto valor de diversidade, equitabilidade e resiliência

média e baixos valores de nível trófico médio e vulnerabilidade média. Por sua vez, a área de

pesca “C” é a menos impactada por emissões de Carbono, remoção de biomassa e área

varrida, porém é a que apresenta os menores valores de diversidade, equitabilidade e

resiliência média, além de possuir os maiores valores de nível trófico médio e vulnerabilidade

média. Finalmente a área de pesca “B” apresenta valores intermediários as outras duas. A

partir destes resultados são propostas ações de gestão para esta pescaria, do tipo “freezing the

footprint” e Áreas de Exclusão de Pesca (AEP), além da implementação de outros estudos

sobre as espécies marinhas afetadas direta e/ou indiretamente, e seus habitats também

impactados.

Palavras-chave: abordagem ecossistêmica; gestão da pesca; indicadores ecológicos; Oceano

Atlântico Sudoeste.

ABSTRACT

This study proposes the spatial demarcation of three fishing area categories (A, B and C),

based on the degree impact that each of them was submitted by the industrial trawl fishing

fleet operating off southeastern and southern Brazil, between 2003 and 2011. The degree of

129

impact of these areas was based on carbon emission levels, biomass removal and percentage

of swept area. Moreover, were considered in the classification of these areas the attributes of

marine communities and populations (i.e. diversity, evenness, mean trophic level, medium

vulnerability and medium resilience) obtained from landed biomass by this fleet. Scores (1, 3

and 5) were assigned for each of these ecological and impact indicators and used for the

calculation of State for Environment Index (IEA). The values obtained for the IEA were

assigned to 30 'x 30' quadrants, giving rise to the three categories of fishing area. The fishing

area "A" is the with the greatest impact values caused by the high carbon emissions, high

biomass removal and high percentage of swept area, as well as high value of diversity,

evenness and medium resilience and low values of mean trophic level and medium

vulnerability. In turn, the fishing area "C" is less affected by carbon emissions, biomass

removal and swept area, however, it shows the smallest values of diversity, evenness and

medium resiliency, and have higher values of mean trophic level and medium vulnerability.

Finally the fishing area "B" shows intermediate values in relation to the other two. From these

results are proposed management actions for this fishery, such as "freezing the footprint" and

Fishing Exclusion Areas (EPA), and the implementation of other studies on marine species

affected directly and/or indirectly, and their habitats also impacted.

Keywords: Ecosystem approach; Fisheries management; ecological indicators; SW Atlantic.

INTRODUÇÃO

A gestão e conservação dos ambientes marinhos é um tema que vem ganhando

destaque nos últimos anos. De acordo com Halpern et al. (2008) não existem mais áreas que

não foram afetadas pelas atividades humanas e aproximadamente 41% dos oceanos estão

fortemente afetados por múltiplas atividades. A definição dos impactos ecológicos das

atividades humanas nos oceanos necessita de uma metodologia capaz de interpretar e localizar

os seus efeitos em ecossistemas específicos, sendo que a identificação do impacto cumulativo,

dos componentes estressores e da vulnerabilidade do ecossistema podem ser úteis para

iniciativas públicas de gestão e conservação (Halpern et al., 2009).

Em um estudo realizado para quantificar as ameaças antrópicas em ambientes

marinhos, Halpern et al. (2007) verificaram que o aumento da temperatura do mar,

contaminação orgânica e a pesca demersal foram os agentes impactantes mais importantes.

130

A sustentabilidade das pescarias em geral é atualmente uma preocupação constante e

vários autores já apresentaram propostas de gestão ecossistêmica (e.g. Jennings & Kaiser,

1998; Brodziak & Link, 2002; Garcia et al., 2003; Nguyen, 2012; Pikitch, et al., 2004; Garcia

& Cochrane, 2005; Fulton et al., 2014).

De acordo com Grafton et al. (2008) e Squires (2009), um dos grandes desafios do

gerenciamento dos oceanos é a gestão dos estoques pesqueiros e a conservação das

comunidades das quais estes estoques dependem, sendo que esta discussão vai além da

sobrepesca, incluindo aspectos ambientais, ecológicos e da biodiversidade. Por outro lado,

muitos conceitos ligados a gestão ecossistêmica, como “saúde do ecossistema”, são de difícil

tradução em objetivos operacionais que possam ser utilizados diretamente na elaboração de

políticas de gerenciamento (Larkin, 1996). Esta visão ecossistêmica da gestão da pesca, que

vem ganhando espaço nos últimos anos é importante, pois a atividade pesqueira afeta níveis

tróficos bem distantes das espécies que são normalmente comercializadas (Pauly et al., 1998).

Desta forma, para que seja possível uma gestão ecossistêmica das pescarias é

necessário inicialmente conhecer os ambientes, as populações e comunidades que compõem

as áreas de pesca. Portanto, são necessários indicadores preditivos, que possam ser facilmente

parametrizados, utilizando dados de fácil acesso, que possam traduzir de forma simples a

variedade de processos complexos que ocorrem em um ecossistema (Christensen, 2000;

Murawski, 2000; Pauly & Watson, 2005).

No que se refere a pesca de arrasto, os fundos de substratos moles das plataformas

continentais têm sido muito perturbados (Gray et al., 2006), sendo necessário que sejam

instituídas nestas áreas abordagens de gestão ecossistêmica (Thrush & Dayton, 2010). A falta

de estudos prévios e a falta de dados sobre a pesca e suas espécies-alvo é a principal

dificuldade para implementação de ações que tenham esta abordagem (Thrush et al., 1998;

Greenstreet & Rogers, 2004; Juan & Demestres, 2012). Mesmo assim, é urgente a

necessidade de obtenção de indicadores para os ecossistemas sensíveis às perturbações

ocasionadas pela pesca de arrasto (Juan et al., 2009; Juan & Demestres, 2012).

Um primeiro indicador de impacto da pesca de arrasto foi proposto por Bremner et al.

(2003), utilizando informações sobre megabentos e a epifauna por terem características

biológicas conhecidas e responderem as perturbação do arrasto em uma direção esperada.

Outros indicadores para avaliar o estado biológico de uma população de peixes, através de

dados da pesca de arrasto, foram propostos, considerando as capturas como constantes no

tempo e nas áreas, utilizando como parâmetros abundância, peso, comprimento, idade e

reprodução (Cotter et al., 2009).

131

No Brasil, a frota industrial de arrasto de fundo é responsável pelo maior volume de

capturas demersais no Sudeste e Sul (19° - 34°S). Esta frota, desde o final dos anos 1990

opera com mais de 650 embarcações que são responsáveis por aproximadamente 1/3 de toda

biomassa de pescados desembarcada na região (Perez et al., 2001; Valentini & Pezzuto,

2006). Em decorrência desta atuação, avaliações de estoques realizadas neste período

concluíram que, as principais espécies-alvo tiveram redução da sua biomassa atingindo, ou

mesmo ultrapassando, os níveis máximos sustentáveis (Haimovici, 1997; D’Incao et al., 2002;

Haimovici et al., 2006; Perez et al., 2009). Esta situação de sobrepesca é uma evidência do

impacto direto da pesca industrial de arrasto sobre os ecossistemas bentônicos do Sudeste/Sul

do Brasil, sendo relativamente bem conhecida. Por outro lado, impactos (efetivos ou

potenciais) causados por perturbação de habitats, mudanças na estrutura das comunidades,

consumo de combustíveis fósseis e emissões de gases de efeito estufa são praticamente

desconhecidos ou ainda muito pouco estudados (e.g. Gasalla & Rossi-Wongtschowski, 2004;

Almeida & Vivan, 2011; Port et al., 2014).

Assim sendo, a partir de resultados de outros estudos executados na mesma área,

Sudeste/Sul do Brasil (19° - 34°S), com dados referentes a frota industrial de arrasto que atua

na região, onde foram avaliados: o consumo de combustível, as emissões de gases de efeito

estufa e a biomassa desembarcada (Port et al., 2014); a “pegada espacial” (footprint) nos

ambientes de fundo oceânico (Capítulo 2); e indicadores como o índice de diversidade de

Shannon, equitabilidade de Pielou, nível trófico médio, vulnerabilidade média e resiliência

média dos componentes da captura desembarcada por esta frota nos portos de Santa Catarina

(Capítulo 3), este trabalho propõe uma avaliação conjunta destes parâmetros com o intuito de

apresentar uma visão ecossistêmica preliminar do impacto causado pelas operações da frota

de arrasto industrial nesta porção do Atlântico Sudoeste.

MATERIAL E MÉTODOS

Desde o final da década de 1990 mais de 650 embarcações de arrasto industrial

operam na plataforma continental e talude (~10 to 800 m de profundidade) do Espírito Santo

(19°S) até o limite sul da Zona Econômica Exclusiva do Brasil - ZEE (34°S) (Perez et al.,

2001). As operações de pesca destas embarcações não são homogêneas e variam de acordo

com o sistema de arrasto utilizado (duplo, parelhas e simples) e também conforme cada uma

das três estratégias de pesca (sensu Port et al., 2014): (1) arrasto de camarões (AC) composto

principalmente por barcos de arrasto duplo que operam na plataforma interna e média,

132

concentrando suas atividades em duas áreas distintas; uma entre 24°-29°S tendo como

espécies-alvo principais o camarão-rosa (Farfantepenaeus spp.) e o camarão-sete-barbas

(Xyphopenaeus kroyeri), e uma segunda ao sul de 29°S dirigida a outros camarões costeiros

(A. longinaris e P. muelleri) e um grupo de peixes demersais que incluem a castanha (U.

canosai), cabrinha (Prionotus punctatus) e linguados (Paralychthys spp.); (2) arrasto de

talude (AT) realizado por barcos de arrasto duplo e arrasto simples que atuam nas áreas de

talude (250-400 m de profundidade), tendo como alvo principal a abrótea-de-profundidade

(Urophycis mystacea), merluza (Merluccius hubbsi) e peixe-sapo (Lophius gastrphysus)

(Perez et al., 2009); e (3) arrasto de parelhas (AP) que concentram sua atividade na plataforma

interna, tendo como espécies-alvo uma variedade de peixes cianídeos, incluindo castanha (U.

canosai), corvina (Micropogonias furnieri), maria-mole (Cynoscion guatucupa), pescada-

amarela (C. acoupa) e goete (C. jamaicensis).

Os dados utilizados neste trabalho são referentes a informações de capturas, esforço e

áreas de pesca de 10.144 viagens de pesca (arrasto duplo = 8.012 viagens; arrasto simples =

949 viagens; arrasto de parelhas = 1.183 viagens) que desembarcaram suas capturas nos

portos de Santa Catarina entre 2003 e 2011 (Port et al., 2014). Estes dados foram reportados

pelos mestres das embarcações, nos diários de bordo ou durante entrevistas no momento do

desembarque, de acordo com um protocolo de amostragem estabelecido pelo serviço de

estatística pesqueira industrial de Santa Catarina (Perez et al., 1998; www.univali.br/gep).

Como parte deste protocolo de rotina, as informações obtidas através destes dois instrumentos

foram avaliadas por analistas experientes, com base nas tendências de longo prazo da pesca de

arrasto industrial na região (e.g. áreas de pesca, profundidades, espécies comuns nas capturas,

quantidades capturadas, duração das viagens, etc.). Os resultados desta análise foram

classificados como “confiável”, “duvidoso” e “não confiável” e apenas aqueles incluídos na

primeira categoria foram utilizados no banco de dados analisado. Uma vez que resultados

“duvidosos” não são comuns e necessariamente não contém informações falsas, estes foram

submetidos a uma segunda avaliação e eventualmente foram “resgatados” dos que haviam

sido rejeitados. Este é o caso em particular quando mais de um instrumento (diário de bordo e

entrevista) estava disponível para o mesmo desembarque e as informações podiam ser

cruzadas para verificar a consistência dos dados.

Os relatórios de desembarque analisados representam uma fração conhecida

(aproximadamente 70%) dos desembarques totais nos portos de Santa Catarina

(UNIVALI/CTTMar, 2004, 2006, 2007a, 2007b, 2008, 2009, 2010, 2011, 2013) e são

altamente representativos de toda a região Sudeste/Sul do Brasil, uma vez que, os portos de

133

Santa Catarina abrigam quase 60% de toda a frota e registram anualmente 50-70% dos

desembarques da frota industrial de arrasto (Perez et al., 2001).

Além disto, foram utilizados resultados de trabalhos prévios, que se valeram da mesma

base de dados, e que calcularam, por quadrante de 30’ × 30’, as emissões de Carbono e

biomassa desembarcada (Port et al., 2014, Capítulo 1), a área varrida (Capítulo 2) e os valores

do índice de diversidade de Shannon, equitabilidade de Pielou, nível trófico médio,

vulnerabilidade média e resiliência média (Capítulo 3), para a frota industrial de arrasto do

Sudeste e Sul do Brasil, no período de 2003-2011 (vide material suplementar - Tabela S1 e

Figura 1).

Os oito indicadores utilizados foram divididos em dois grupos: (1) Indicadores

Ecológicos, composto pelo índice de diversidade de Shannon (H’), equitabilidade de Pielou

(J’), nível trófico médio (NTM), vulnerabilidade média (VM) e resiliência média (RM); e (2)

Indicadores de Impacto, composto por área varrida (AV), emissões de Carbono (EC) e

biomassa desembarcada (BD). A partir do valor máximo de cada indicador (vide Tabela 1)

atribuímos pontos para cada um dos mesmos, por quadrante de 30’ × 30’, variando entre 1, 3

ou 5, correspondendo a 25%, 25-75% e 75%, respectivamente, do valor máximo do índice de

diversidade de Shannon (H’), equitabilidade de Pielou (J’), resiliência média (RM), área

varrida (AV), emissões de Carbono (EC) e biomassa desembarcada (BD). Para os indicadores

do nível trófico médio (NTM) e vulnerabilidade média (VM), foram considerados os valores

inversos, ou seja, 5, 3 e 1, correspondendo aos mesmos percentuais de 25%, 25-75% e 75%,

respectivamente (adaptado de Karr, 1981; Roth et al., 1999; Ferreira & Cassati, 2006) (Tabela

1).

Tabela 1. Indicadores ecológicos (H’=índice de diversidade de Shannon; J’=índice de equitabilidade de

Pielou; NTM=nível trófico médio; VM=vulnerabilidade média; RM=resiliência média); indicadores de impacto

(AV=área varrida; EC=emissões de Carbono; BD=biomassa desembarcada) e pontuação atribuída (adaptado

de Karr, 1981; Roth et al., 1999; Ferreira & Cassati, 2006).

Indicadores Pontuação

5 3 1

Ecológicos

H’ >=2,273 0,758>n<2,273 <=0,758

J’ >=0,472 0,157>n<0,472 <=0,157

NTM <=3,0 3,0>n<=3,5 >3,5

VM <=14,9092 14,9092>n<44,7276 >=44,7276

RM >=2,6667 1,3334>n<2,6667 <=1,3334

Impacto

AV >=16897,6722 5632,5574>n<16897,6722 <=5632,5574

EC >=2,4253 0,8084>n<2,4253 <=0,8084

BD >=1,0045 0,3348>n<1,0045 <=0,3348

134

Figura 1. Distribuição espacial dos indicadores (biomassa desembarcada, emissões de Carbono, área varrida, índice de diversidade de Shannon, índice de equitabilidade de

Pielou, nível trófico médio, vulnerabilidade média e resiliência média) decorrentes das operações da frota industrial de arrasto do Sudeste e Sul do Brasil, no período de 2003-

2011. Para maiores informações sobre biomassa desembarcada e emissões de Carbono vide Port et al. (2014) e para os demais indicadores vide Port et al. (dados não

publicados – Capítulos 2 e 3).

135

Após a atribuição dos respectivos valores, para cada atributo, por quadrante de 30’ ×

30’, foi calculado o índice do estado do ambiente (IEA), de acordo com a seguinte fórmula:

𝑰𝑬𝑨 =∑ 𝑽𝑰

𝑽𝑴𝑰

onde 𝑉𝐼 é o valor atribuído aos indicadores (H’=índice de diversidade de Shannon; J’=índice

de equitabilidade de Pielou; NTM=nível trófico médio; VM=vulnerabilidade média;

RM=resiliência média; AV=área varrida; EC=emissões de Carbono; BD=biomassa

desembarcada); e 𝑉𝑀𝐼 é o valor máximo possível de atribuição aos indicadores (5 × 8

indicadores = 40).

A partir dos valores obtidos para o índice do estado do ambiente (IEA), por quadrante

de 30’ × 30’, foram estabelecidas três categorias de áreas de pesca (A, B e C), de acordo com

as características dos indicadores ecológicos e de impacto. Onde na categoria “A” temos para

os indicadores ecológicos uma área de alta diversidade, alta equitabilidade, alta resiliência

média, baixo nível trófico médio e baixa vulnerabilidade média e para os indicadores de

impacto temos uma área de alto percentual de área varrida, alta emissão de Carbono e alta

biomassa desembarcada. Na categoria “C”, temos uma situação contrária, com os indicadores

ecológicos registrando uma baixa diversidade, equitabilidade e resiliência média e um alto

valor de nível trófico médio e vulnerabilidade média e para os indicadores de impacto temos

baixos valores de percentual de área varrida, emissão de Carbono e biomassa desembarcada.

Por fim, na categoria “B”, temos os valores intermediados de todos os indicadores (ecológicos

e de impacto) (Tabela 2).

As diferentes categorias de áreas de pesca (A, B e C) foram especializadas em

ambiente de SIG (Sistema de Informação Geográfica), utilizando o software ArcGIS® (ESRI -

Environmental Systems Research Institute, Inc.).

RESULTADOS

Os valores do índice do estado do ambiente (IEA) foram calculados para todos os

quadrantes de 30’ × 30’, utilizados pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, no

período de 2003-2011, variando de 0,30 até 0,90 (vide material suplementar - Tabela S2).

136

Tabela 2. Descrição das categorias de áreas de pesca e os respectivos intervalos do índice do estado do ambiente

(IEA).

Categoria IEA Indicadores Descrição

A ≥ 0,65

Ecológicos

Alta diversidade

Alta equitabilidade

Baixo nível trófico médio

Baixa vulnerabilidade média

Alta resiliência média

Impactos

Alta % de área varrida

Alta emissão de Carbono

Alta biomassa desembarcada

B 0,35-0,65

Ecológicos

Média diversidade

Média equitabilidade

Médio nível trófico médio

Média vulnerabilidade média

Média resiliência média

Impactos

Médio % de área varrida

Média emissão de Carbono

Média biomassa desembarcada

C ≤ 0,35

Ecológicos

Baixa diversidade

Baixa equitabilidade

Alto nível trófico médio

Alta vulnerabilidade média

Baixa resiliência média

Impactos

Baixo % de área varrida

Baixa emissão de Carbono

Baixa biomassa desembarcada

Do total de quadrantes utilizados pela frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do

Brasil, no período de 2003-2011, 29 foram enquadrados na categoria de área de pesca “A”

(IEA≥0,65), 121 quadrantes foram incluídos na categoria “B” (0,35<IEA<0,65) e os restantes

54 quadrantes ficaram na categoria “C” (IEA≤0,35) (Figura 2 e Tabela 3).

Após a espacialização dos valores do índice do estado do ambiente (IEA) verificamos

que a categoria de área de pesca “A” localiza-se, aproximadamente, entre as coordenadas

24,75°-33,25°S e as isóbata de 0-100m (ao sul de São Paulo até o sul do Rio Grande do Sul).

A categoria “C” localiza-se, aproximadamente, entre as coordenadas 20,25°-34,25°S, a partir

da isóbata de 100m (do centro-sul do Espírito Santo até o sul do Rio Grande do Sul). A

categoria “B”, por sua vez, encontra-se distribuída nas demais áreas da região de estudo

(Figura 3).

137

Figura 2. Número de quadrantes (30’ × 30’) por índice do estado do ambiente (IEA) e categorias de áreas de

pesca (A, B e C).

Tabela 3. Síntese da representatividade de cada categoria de área de pesca, em número de quadrantes (30’ × 30’),

km2 e percentual, decorrente da atuação da frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, no período de

2003-2011.

Categoria Intervalos Quadrantes Km2 %

A IEA≥0,65 29 69,331.52 13,81

B 0,35<IEA<0,65 121 285,342.80 56,82

C IEA≤0,35 54 147,515.68 29,37

DISCUSSÃO

A delimitação de áreas impactadas pela pesca industrial de arrasto no Sudeste/Sul do

Brasil, a partir de estimativas de emissões de Carbono, biomassa desembarcada (Port et al.,

2014), área varrida (Capítulo 2) e indicadores ecológicos da biomassa desembarcada

(diversidade, equitabilidade, nível trófico médio, vulnerabilidade média e resiliência média)

por esta frota (Capítulo 3), fornece uma importante ferramenta para a gestão, com enfoque

ecossistêmico, desta modalidade pesca. A partir de uma visão integrada destes indicadores,

foi possível estabelecer três distintas categorias de áreas de pesca, para a frota industrial de

arrasto que atua na região, bem como definir a sua espacialização.

138

Figura 3. Distribuição espacial das categorias de áreas de pesca (A, B e C), decorrentes das operações da frota industrial de arrasto do Sudeste e Sul do Brasil, no período de

2003-2011.

139

A categoria de área de pesca “A”, localizada na porção centro-sul da área de estudo,

entre as isóbatas 0-100m, é a mais impactada considerando-se os níveis de emissão de

Carbono, remoção de biomassa e área varrida. Além disto, a composição de sua captura

desembarcada pode ser considerada como menos suscetível a impactos, pois é a que apresenta

o conjunto de espécies com os menores valores de nível trófico e vulnerabilidade e os maiores

valores de resiliência, destacando-se ainda com o maior índice de diversidade e

equitabilidade.

De outro lado, categoria de área de pesca “C”, localizada ao longo de toda a área de

estudo, a partir da isóbata de 100m, apresenta uma condição que podemos definir como sendo

a menos impactada, do ponto de vista dos níveis de emissão de Carbono, remoção de

biomassa e área varrida, porém esta região é a que possui as espécies, registradas na captura

desembarcada, com os maiores níveis tróficos, uma alta vulnerabilidade e baixa resiliência,

além de baixa diversidade e equitabilidade, caracterizando uma comunidade mais suscetível a

impactos.

Por sua vez, categoria de área de pesca “B”, distribuída nas demais áreas da região de

estudo, é uma região medianamente impactada pela emissão de Carbono, remoção de

biomassa e área varrida e a composição da sua biomassa desembarcada é caracterizada por

valores medianos de todos os indicadores avaliados.

A gestão da pesca nestas diferentes áreas pode ter distintas abordagens dependendo do

grau de impacto e características da comunidade e do ambiente. Uma das formas de gestão

possível é conhecida como “freezing the footprint”, que é o “congelamento” dos níveis atuais

de esforço, capturas e áreas de pesca (Hourigan, 2009; Rieser et al., 2013; Ardron et al.,

2014). Em geral, esta abordagem é utilizada para áreas com corais, mas também pode ser

utilizada para outros ambientes ou comunidades sensíveis a impactos. Esta é uma medida de

precaução, utilizada até que se conheça o ambiente e os organismos que nele vivem, como

forma de evitar a expansão da atividade pesqueira para áreas mais sensíveis (Shester &

Warrenchuk, 2007). Esta não é uma abordagem recomendada para a pesca de arrasto de fundo

em áreas onde as operações de pesca são realizadas em habitats vulneráveis (Rieser et al.,

2013).

Outra forma de gestão é a criação de áreas de exclusão de pesca (AEP) (Duineveld et

al., 2007; Perez, 2007; Brown, 2008; Rieser et al., 2013). As AEP são uma ferramenta

poderosa tanto para a gestão da pesca como para a conservação da biodiversidade marinha

(Kelleher, 1999) apresentando, em geral, resultados qualitativos melhores do que àqueles

obtidos apenas através do manejo convencional da atividade pesqueira (e.g. limitar a pesca a

140

alguma fração do tamanho total estimado do estoque) (Roberts et al., 2005). Uma vez que o

tamanho das AEP e o período de sua duração sejam compatíveis com as exigências biológicas

dos estoques que se queira manejar, estas áreas podem prevenir o colapso destes estoques,

aumentando inclusive a produção pesqueira de áreas adjacentes (Roberts et al., 2001; Gell &

Roberts, 2003).

Com relação a este trabalho, uma análise detalhada dos números apresentados deve

considerar que eles estão subestimados, em função de efeitos combinados que limitaram (a) a

estimativa precisa do consumo de combustível de cada viagem de pesca; (b) a extrapolação da

biomassa desembarcada para toda a frota e capturas na região; (c) a estimativa de área varrida;

(d) os valores de diversidade, equitabilidade, nível trófico médio, vulnerabilidade média e

resiliência média, pois estes foram calculados apenas para a biomassa desembarcada, não

considerando os descartes.

Mesmo assim, na região Sudeste/Sul do Brasil, com base nos resultados deste estudo,

poderia ser avaliada a utilização das duas ferramentas, “freezing the footprint” e AEP, onde

num primeiro momento é recomendável o “congelamento” dos níveis atuais de esforço,

capturas e áreas de pesca, não permitindo a expansão da frota industrial de arrasto. Na

sequência, a utilização efetiva de um sistema de monitoramento das embarcações (Vessel

Monitoring System – VMS) é importante para identificar as áreas efetivamente utilizadas pela

pesca industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil, uma vez que as informações disponíveis

para a realização deste trabalho registram os quadrantes de 30’ × 30’ e não o local exato dos

arrastos, podendo estar superestimada a área efetivamente impactada. Além disto, é necessária

uma avaliação total das capturas, considerando além da biomassa desembarcada (utilizada

neste estudo), os descartes que são uma fração importante e que segundo Perez et al. (2001)

podem chegar a 30-40% das capturas totais obtidas pela frota industrial de arrasto. Deve ser

considerada também uma melhor compreensão da interação do petrecho de arrasto com o

fundo oceânico, pois esta interação provoca alterações na estrutura física e composição

biológica do fundo (He & Winger, 2010). Finalmente, ao dispor destas informações, é

possível propor a criação de AEP, utilizando como critérios para sua definição, a localização

de áreas onde as espécies marinhas apresentem principalmente, uma baixa resiliência, alta

vulnerabilidade, alto nível trófico e a comunidade apresente uma baixa diversidade e

equitabilidade, sendo que estas características estão presentes, no caso dos resultados deste

estudo, na categoria de área de pesca “C”, ou seja, aproximadamente, entre as coordenadas

20,25°-34,25°S, a partir da isóbata de 100m (do centro-sul do Espírito Santo até o sul do Rio

Grande do Sul).

141

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Itajaí, SC, 80pp.

UNIVALI/CTTMar, 2006. Boletim estatístico da pesca industrial de Santa Catarina – Ano

2004. Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar,

Itajaí, SC, 63pp.

UNIVALI/CTTMar, 2007a. Boletim estatístico da pesca industrial de Santa Catarina – Ano

2005 e panorama 2001/2005. Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências

Tecnológicas da Terra e do Mar, Itajaí, SC, p. 80.

UNIVALI/CTTMar, 2007b. Boletim estatístico da pesca industrial de Santa Catarina – Ano

2006. Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar,

Itajaí, SC, 80pp.

UNIVALI/CTTMar, 2008. Boletim estatístico da pesca industrial de Santa Catarina – Ano

2007. Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar,

Itajaí, SC, 71pp.

UNIVALI/CTTMar, 2009. Boletim estatístico da pesca industrial de Santa Catarina – Ano

2008. Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar,

Itajaí, SC, 73pp.

UNIVALI/CTTMar, 2010. Boletim estatístico da pesca industrial de Santa Catarina – Ano

2009 e panorama 2000/2009. Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências

Tecnológicas da Terra e do Mar, Itajaí, SC, 85pp.

UNIVALI/CTTMar, 2011. Boletim estatístico da pesca industrial de Santa Catarina – Ano

2010. Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar,

Itajaí, SC, 69pp.

UNIVALI/CTTMar, 2013. Boletim estatístico da pesca industrial de Santa Catarina – Ano

2011. Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar,

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147

MATERIAL SUPLEMENTAR

148

Tabela S1. Valores obtidos para os diferentes indicadores (H’=índice de diversidade de Shannon; J’=índice de

equitabilidade de Pielou; NTM=nível trófico médio; VM=vulnerabilidade média; RM=resiliência média;

AV=área varrida; EC=emissões de Carbono; BD=biomassa desembarcada), por quadrante de 30’ × 30’

(LAT=latitude; LONG=longitude, em graus decimais), decorrentes das operações da frota industrial de arrasto

do Sudeste e Sul do Brasil, no período de 2003-2011. Para maiores informações sobre EC e BD vide Port et al.

(2014), e para os demais indicadores vide Port et al. (dados não publicados – Capítulos 2 e 3).

LAT LONG H’ J’ NTM VM RM AV EC BD

-34,75 -52,75 1,5676 0,3252 4,0617 40,5924 2,8565 75,0084 0.0208 0,0139

-34,75 -52,25 1,9686 0,4084 3,9628 41,3177 2,7086 178,8074 0.0379 0,0337

-34,75 -51,75 2,3164 0,4806 4,0268 52,6782 2,3427 162,9994 0.0273 0,0204

-34,25 -53,25 2,1911 0,4546 3,9234 43,2168 2,9014 822,4699 0.1835 0,1106

-34,25 -52,75 2,1581 0,4477 3,9662 43,1313 2,8776 2211,3271 0.4795 0,2941

-34,25 -52,25 2,0885 0,4333 3,9489 41,9799 2,8725 1987,8533 0.4441 0,3248

-34,25 -51,75 2,3632 0,4903 3,9551 45,0541 2,7401 2058,3699 0.4008 0,2834

-34,25 -51,25 1,9053 0,3953 4,0660 55,9326 2,1844 279,8743 0.0393 0,0274

-33,81 -53,20 2,3555 0,4887 3,7528 38,6914 2,9160 586,3259 0.1128 0,0571

-33,75 -52,75 2,3430 0,4861 3,8983 42,9779 2,8757 3402,9727 0.6902 0,3855

-33,75 -52,25 2,2722 0,4714 3,9291 43,3834 2,8735 5303,2581 1.0857 0,6060

-33,75 -51,75 2,2559 0,4680 3,9457 43,8703 2,8192 3885,3328 0.8353 0,5615

-33,75 -51,25 2,5221 0,5232 3,9609 49,8876 2,5936 3151,2514 0.5896 0,3607

-33,75 -50,75 1,8534 0,3845 4,0675 58,2548 2,1557 1822,7980 0.2697 0,1494

-33,75 -50,25 1,0081 0,2091 4,1109 59,6368 2,1431 16,3365 0.0021 0,0014

-33,33 -52,67 2,3846 0,4947 3,3717 31,5083 2,9633 1419,5323 0.2356 0,1065

-33,25 -52,25 2,5458 0,5281 3,7918 42,6631 2,8420 8020,8214 1.3981 0,6707

-33,25 -51,75 2,3240 0,4821 3,9073 44,1608 2,8486 6225,9498 1.2240 0,6473

-33,25 -51,25 2,3399 0,4854 3,9200 45,5561 2,8005 4058,3323 0.9393 0,5690

-33,25 -50,75 2,5352 0,5259 3,9790 52,1490 2,4658 6029,1935 1.0681 0,5857

-33,25 -50,25 1,6837 0,3493 4,0486 58,0625 2,1480 3767,6091 0.5605 0,3204

-32,76 -52,23 2,5198 0,5227 3,3102 31,4412 2,9222 8135,4262 1.1759 0,4292

-32,75 -51,75 2,6103 0,5415 3,8315 44,7245 2,8438 7568,0873 1.3043 0,5342

-32,75 -51,25 2,2711 0,4712 3,8953 44,0105 2,8482 3610,9101 0.7552 0,4174

-32,75 -50,75 2,2879 0,4746 3,8985 45,4801 2,7459 2885,7298 0.6582 0,4195

-32,75 -50,25 1,9631 0,4073 4,0296 56,6279 2,2150 7024,4056 1.0949 0,6485

-32,75 -49,75 2,3852 0,4948 4,0270 56,2082 2,2836 148,7391 0.0236 0,0077

-32,31 -52,14 1,8732 0,3886 2,9419 21,1649 2,9642 9320,8044 1.1689 0,4029

-32,25 -51,75 2,6042 0,5403 3,4407 35,3575 2,8908 22530,2296 3.2338 1,1782

-32,25 -51,25 2,6607 0,5520 3,8472 45,5426 2,8396 15371,4723 2.6320 1,1225

-32,25 -50,75 2,2855 0,4742 3,8785 44,2195 2,8202 5235,8128 1.0877 0,6218

-32,25 -50,25 2,0759 0,4307 4,0085 54,8885 2,2830 10474,0428 1.6407 1,0162

-32,25 -49,75 2,4795 0,5144 3,9999 55,5310 2,3011 161,6565 0.0255 0,0082

-31,78 -51,23 2,7989 0,5807 3,6599 42,1954 2,8764 9051,6082 1.4507 0,5640

-31,75 -50,75 2,6729 0,5545 3,8299 45,9419 2,8198 6830,8988 1.2030 0,5212

-31,75 -50,25 2,4934 0,5173 3,9126 50,8899 2,4448 2263,8647 0.3908 0,2234

-31,75 -49,75 2,2741 0,4718 3,9857 53,3752 2,2908 804,5547 0.1268 0,0769

-31,75 -49,25 0,9401 0,1950 3,8711 51,5345 2,1498 2,6739 0.0008 0,0006

-31,73 -51,75 2,5849 0,5362 3,4266 34,6631 2,9504 3641,7358 0.5603 0,2261

-31,36 -51,70 0,5804 0,1204 2,5664 10,0000 3,0000 13,3046 0.0016 0,0004

-31,29 -50,71 2,5070 0,5201 3,4439 34,6481 2,9196 13166,2724 2.0750 0,9799

-31,25 -50,25 2,4914 0,5169 3,8513 46,2080 2,7351 5683,9652 1.0632 0,5593

-31,25 -49,75 2,3171 0,4807 3,9036 50,7393 2,4103 1912,9898 0.3304 0,2213

-31,25 -49,25 1,8483 0,3834 4,0320 56,3966 2,1895 503,1973 0.0766 0,0401

-31,25 -48,75 0,9401 0,1950 3,8711 51,5345 2,1498 2,6739 0.0008 0,0006

-31,25 -51,30 2,5726 0,5337 3,4449 34,9479 2,9411 2644,8905 0.4308 0,1821

-30,78 -51,20 0,5804 0,1204 2,5664 10,0000 3,0000 13,3046 0.0016 0,0004

-30,76 -50,23 2,6613 0,5521 3,5969 39,6760 2,8722 7925,0540 1.3792 0,6168

-30,75 -49,75 2,5881 0,5369 3,8531 47,2447 2,7239 3861,5502 0.9660 0,4467

-30,75 -49,25 2,3209 0,4815 3,8878 51,0015 2,4091 1480,0855 0.2683 0,1601

-30,75 -48,75 2,3437 0,4862 3,9918 55,4533 2,2575 505,5030 0.0830 0,0425

149

LAT LONG H’ J’ NTM VM RM AV EC BD

-30,75 -48,25 1,8884 0,3918 4,0582 56,8107 2,2093 289,3461 0.0428 0,0232

-30,73 -50,81 2,4476 0,5078 3,4056 34,2266 2,9396 6271,6712 1.0118 0,4500

-30,38 -50,75 0,3182 0,0660 2,6516 10,0000 3,0000 57,0359 0.0074 0,0026

-30,29 -50,12 2,1570 0,4475 3,2194 27,6663 2,9762 20638,3916 3.0678 1,3393

-30,25 -49,75 2,6320 0,5460 3,8143 46,2836 2,9094 8858,9289 1.8475 0,8512

-30,25 -49,25 2,1440 0,4448 3,8711 47,4723 2,5375 2909,4928 0.5566 0,3531

-30,25 -48,75 1,9158 0,3974 3,8716 47,3735 2,5043 1902,8186 0.3948 0,2911

-30,25 -48,25 2,1105 0,4378 4,0415 56,6188 2,2115 640,8706 0.0968 0,0477

-30,25 -47,75 1,4716 0,3053 4,0617 58,6692 2,1137 225,3958 0.0343 0,0165

-29,91 -50,04 2,5787 0,5350 3,7411 42,5869 2,9806 2206,1165 0.4793 0,2371

-29,76 -49,74 2,6471 0,5492 3,8422 45,4512 2,9620 6629,1075 1.4178 0,6949

-29,75 -49,25 2,6793 0,5558 3,8524 46,5573 2,8547 6463,5863 1.3510 0,6605

-29,75 -48,75 2,0077 0,4165 3,8635 47,6304 2,5206 2627,2672 0.5197 0,3812

-29,75 -48,25 2,2230 0,4612 3,9562 49,5386 2,3973 1074,0865 0.1752 0,1130

-29,75 -47,75 1,9051 0,3952 4,0506 53,2797 2,2651 545,0566 0.0855 0,0425

-29,75 -47,25 1,4568 0,3022 3,9993 56,9504 2,0779 26,0614 0.0042 0,0022

-29,36 -49,62 2,6295 0,5455 3,8495 44,1693 3,0258 2668,1380 0.5978 0,2963

-29,25 -49,25 2,6754 0,5550 3,8305 45,3795 2,9660 7319,8442 1.4498 0,6608

-29,25 -48,75 2,4771 0,5139 3,8477 47,9629 2,6431 6553,6355 1.1888 0,5765

-29,25 -48,25 2,0041 0,4158 3,8975 46,5430 2,5079 2888,8700 0.5533 0,4264

-29,25 -47,75 2,0759 0,4306 4,0567 52,0546 2,3187 1249,3940 0.1920 0,0909

-29,25 -47,25 1,8819 0,3904 4,1043 57,4386 2,1947 75,2281 0.0111 0,0050

-28,89 -49,15 2,7779 0,5763 3,7973 45,3818 2,9591 4819,0513 0.8801 0,3700

-28,77 -48,73 2,8223 0,5855 3,7712 45,2271 2,7924 12467,0524 1.9960 0,7110

-28,75 -48,25 2,2098 0,4584 3,8442 45,2812 2,6260 8861,2393 1.4394 0,6977

-28,75 -47,75 2,2884 0,4747 3,9521 47,1450 2,4661 4167,1549 0.6622 0,4083

-28,75 -47,25 1,7763 0,3685 4,0548 50,8689 2,3250 3409,0567 0.5015 0,2391

-28,75 -46,75 1,3834 0,2870 4,0529 59,1431 2,1021 233,7256 0.0353 0,0149

-28,30 -48,63 2,8994 0,6015 3,4318 34,7259 2,9482 6462,4858 0.9132 0,2337

-28,25 -48,25 2,8971 0,6010 3,5989 41,1604 2,7326 13581,3415 1.9039 0,4620

-28,25 -47,75 2,2080 0,4581 3,8669 51,8694 2,3295 3005,6837 0.4889 0,2004

-28,25 -47,25 1,6596 0,3443 4,0701 56,9521 2,2091 4131,9483 0.5911 0,2320

-28,25 -46,75 1,3706 0,2843 4,0702 59,0906 2,1146 487,9697 0.0727 0,0320

-27,77 -48,57 2,5531 0,5297 3,1405 27,4339 3,0669 102,9256 0.0263 0,0034

-27,76 -48,24 2,9484 0,6117 3,6383 42,9118 2,6603 10922,9629 1.5444 0,2783

-27,75 -47,75 2,3148 0,4802 3,8396 51,2127 2,3288 5497,2321 0.7678 0,1872

-27,75 -47,25 1,9332 0,4011 4,0715 57,3490 2,2144 2028,6472 0.2906 0,1066

-27,75 -46,75 1,7173 0,3563 4,1249 57,1829 2,2241 438,0613 0.0649 0,0217

-27,75 -46,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-27,25 -48,55 0,0000 0,0000 2,7000 10,0000 4,0000 26,1205 0.0067 0,0003

-27,25 -47,75 2,3973 0,4973 3,8177 50,5490 2,3980 8706,1300 1.1868 0,2328

-27,25 -47,25 2,1513 0,4463 4,0214 56,5047 2,2340 5951,1431 0.8417 0,2787

-27,25 -46,75 1,6790 0,3483 4,0842 57,6475 2,1964 5315,0644 0.7617 0,2681

-27,25 -46,25 1,8283 0,3793 4,1245 56,0381 2,2828 633,4508 0.0956 0,0318

-27,25 -45,75 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-27,24 -48,24 2,8861 0,5987 3,5482 37,8875 2,7217 16275,6156 2.2255 0,3112

-26,75 -48,25 2,6671 0,5533 3,5140 35,0811 2,5179 21822,8369 3.1183 0,4838

-26,75 -47,75 2,8340 0,5879 3,6202 40,8316 2,6030 12877,0548 1.6634 0,2084

-26,75 -47,25 2,6043 0,5403 3,9343 53,1757 2,3825 4725,6926 0.5801 0,1222

-26,75 -46,75 1,7340 0,3597 4,0824 57,7965 2,1956 5312,6396 0.7552 0,2822

-26,75 -46,25 1,7268 0,3582 4,0947 57,6041 2,2093 4026,0507 0.5909 0,2193

-26,75 -45,75 1,7591 0,3649 4,1813 56,1746 2,3098 410,9016 0.0654 0,0204

-26,75 -45,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-26,74 -48,58 2,7606 0,5727 3,6461 38,1484 2,9875 1411,4563 0.2648 0,0966

-26,25 -48,25 2,5158 0,5219 3,5577 34,5540 2,6789 17031,1545 2.4961 0,4077

-26,25 -47,75 2,7156 0,5634 3,4654 35,3575 2,8101 13785,1747 1.7935 0,1793

-26,25 -47,25 2,7829 0,5773 3,7584 45,9287 2,6565 6727,4057 0.8173 0,1019

150

LAT LONG H’ J’ NTM VM RM AV EC BD

-26,25 -46,75 2,1547 0,4470 4,0075 55,3775 2,2926 3249,1385 0.4378 0,1301

-26,25 -46,25 1,8244 0,3785 4,0742 57,0163 2,2260 3939,9776 0.5694 0,1932

-26,25 -45,75 1,7568 0,3645 4,1003 57,4420 2,2110 2629,9113 0.3909 0,1390

-26,25 -45,25 2,1068 0,4371 4,1883 48,6466 2,6679 33,1643 0.0064 0,0017

-26,25 -48,58 0,7967 0,1653 3,0096 19,1031 2,1953 31,6854 0.0046 0,0007

-25,76 -48,23 2,9001 0,6017 3,6140 38,9568 3,1659 4955,0463 0.7434 0,1319

-25,75 -47,75 2,9493 0,6119 3,5879 39,4059 3,0758 9563,8546 1.3281 0,1707

-25,75 -47,25 2,7386 0,5681 3,6148 41,8667 2,8421 9039,2546 1.1863 0,1245

-25,75 -46,75 2,7530 0,5711 3,7494 46,7677 2,6421 4599,2658 0.5769 0,0953

-25,75 -46,25 2,2924 0,4756 3,9058 52,2452 2,3867 8680,4414 1.1101 0,3066

-25,75 -45,75 2,0457 0,4244 3,9754 54,3303 2,3028 5555,8643 0.7589 0,2334

-25,75 -45,25 1,8931 0,3927 4,0579 56,5348 2,2340 2767,0414 0.3882 0,1379

-25,75 -44,75 2,1426 0,4445 4,1342 44,5735 2,7492 16,5310 0.0039 0,0009

-25,38 -48,20 2,5567 0,5304 3,5264 36,5428 3,3996 354,7118 0.0672 0,0234

-25,26 -47,74 1,8151 0,3766 3,0369 21,3373 3,6567 8982,1561 1.0286 0,1991

-25,25 -47,25 3,0305 0,6287 3,5589 39,4962 2,9856 4295,2640 0.5775 0,0762

-25,25 -46,75 2,8011 0,5811 3,5813 40,8217 2,8592 3878,7702 0.5035 0,0599

-25,25 -46,25 2,6710 0,5541 3,8090 48,8035 2,5499 8972,6824 1.1069 0,2475

-25,25 -45,75 2,5865 0,5366 3,8307 48,9935 2,5419 6801,9446 0.8392 0,2254

-25,25 -45,25 2,2001 0,4564 3,9836 54,0343 2,3335 4314,5858 0.5611 0,1928

-25,25 -44,75 1,7605 0,3652 4,1075 56,9976 2,2206 1787,3565 0.2635 0,0976

-25,25 -44,25 2,1426 0,4445 4,1342 44,5735 2,7492 16,5310 0.0039 0,0009

-24,90 -47,64 0,8302 0,1722 2,8171 14,1162 3,8823 4683,1738 0.4962 0,0980

-24,78 -47,22 0,7763 0,1611 2,7879 13,2191 3,8896 12444,5380 1.3757 0,2378

-24,75 -46,75 1,4058 0,2916 2,9266 17,6400 3,7592 6558,6557 0.7469 0,1301

-24,75 -46,25 2,7247 0,5653 3,6262 41,6513 2,8636 2902,9835 0.3754 0,0494

-24,75 -45,75 2,5657 0,5323 3,8055 42,9831 2,8710 2742,9666 0.3744 0,0908

-24,75 -45,25 2,5868 0,5367 3,8673 44,8838 2,7356 1684,8841 0.2321 0,0743

-24,75 -44,75 2,1151 0,4388 4,0753 54,9851 2,3111 1930,2404 0.2720 0,0969

-24,75 -44,25 1,8009 0,3736 4,1258 56,7029 2,2439 1517,6106 0.2268 0,0831

-24,75 -43,75 2,3644 0,4905 4,1149 55,5354 2,3522 158,6745 0.0259 0,0070

-24,75 -43,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-24,46 -47,05 0,3619 0,0751 2,7239 11,1141 3,9535 3441,9942 0.3571 0,0633

-24,33 -46,71 0,7485 0,1553 2,7796 13,0559 3,8949 9527,5793 1.0151 0,1799

-24,25 -46,25 1,1507 0,2387 2,8536 15,6742 3,8006 6919,6453 0.8059 0,1346

-24,25 -45,75 2,3921 0,4963 3,5780 36,0223 3,0777 1623,3207 0.2458 0,0625

-24,25 -45,25 2,3765 0,4930 3,6537 36,3799 3,0190 1835,1785 0.2804 0,0880

-24,25 -44,75 2,6781 0,5556 3,8008 41,0880 2,8236 1511,9477 0.2247 0,0600

-24,25 -44,25 2,0468 0,4246 4,0722 54,6175 2,3178 1604,6118 0.2311 0,0815

-24,25 -43,75 1,8162 0,3768 4,1233 56,2330 2,2600 1523,6072 0.2263 0,0819

-24,25 -43,25 1,7869 0,3707 4,1301 55,6988 2,2755 1544,8581 0.2323 0,0854

-24,25 -42,75 1,6644 0,3453 4,0825 55,1352 2,2838 33,0722 0.0054 0,0014

-24,25 -42,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-23,92 -46,11 0,5188 0,1076 2,7302 11,4578 3,9313 1454,6470 0.1649 0,0279

-23,89 -45,76 0,8359 0,1734 2,7762 13,1927 3,8764 1436,3439 0.1565 0,0274

-23,77 -45,20 2,3401 0,4855 3,1568 25,4200 3,3272 804,0499 0.1088 0,0216

-23,75 -44,75 2,7260 0,5655 3,6866 38,7351 2,9469 1602,5969 0.2374 0,0452

-23,75 -44,25 2,7089 0,5620 3,7622 42,0936 2,8608 2006,7977 0.2775 0,0581

-23,75 -43,75 2,7698 0,5746 3,8470 46,7146 2,6501 622,1550 0.0764 0,0171

-23,75 -43,25 1,9580 0,4062 4,0870 54,4623 2,3257 1322,2675 0.1908 0,0649

-23,75 -42,75 1,9289 0,4002 4,0903 54,1814 2,3236 1140,6145 0.1677 0,0560

-23,75 -42,25 1,8821 0,3905 4,1354 53,1711 2,3727 1045,1229 0.1553 0,0482

-23,75 -41,75 1,8941 0,3929 4,1140 52,8718 2,4031 1025,5599 0.1473 0,0448

-23,75 -41,25 1,6993 0,3525 4,1547 53,3560 2,3614 437,7323 0.0638 0,0226

-23,75 -40,75 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-23,33 -44,68 2,0686 0,4291 3,6261 37,2134 2,9717 379,4082 0.0344 0,0120

-23,27 -44,25 2,4951 0,5176 3,5897 36,2962 2,6015 2505,8051 0.3726 0,0531

151

LAT LONG H’ J’ NTM VM RM AV EC BD

-23,26 -43,75 2,7189 0,5641 3,5788 37,8341 3,0216 1102,9294 0.1549 0,0177

-23,25 -43,25 2,8276 0,5866 3,5432 37,9601 3,0014 1675,5170 0.2202 0,0212

-23,25 -42,25 2,2991 0,4770 3,4819 36,4564 3,1541 1783,9613 0.2104 0,0435

-23,25 -41,75 2,3208 0,4815 3,4572 35,6626 3,1498 1861,9900 0.2217 0,0451

-23,25 -42,75 2,7974 0,5803 3,5475 38,2788 2,9942 1287,6451 0.1705 0,0180

-23,25 -41,25 2,1263 0,4411 3,9500 49,3804 2,4735 658,6578 0.0899 0,0412

-23,25 -40,75 1,8586 0,3856 4,0691 52,1187 2,3300 170,1842 0.0293 0,0249

-23,25 -40,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-22,98 -42,71 1,8884 0,3918 3,2486 27,9209 3,0968 86,5554 0.0111 0,0006

-22,97 -42,26 1,4462 0,3000 3,6463 44,7321 3,3892 118,1886 0.0182 0,0039

-22,75 -41,74 1,9997 0,4149 3,1599 25,7186 3,3479 538,6188 0.0681 0,0047

-22,75 -41,25 1,5473 0,3210 3,0551 22,0622 3,4742 344,8215 0.0415 0,0027

-22,75 -40,75 1,8065 0,3748 3,9497 49,6741 2,5087 133,4354 0.0195 0,0076

-22,75 -40,25 1,4969 0,3105 3,8324 49,4298 2,2618 9,0201 0.0020 0,0002

-22,75 -39,75 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-22,39 -41,64 1,9251 0,3994 3,2553 29,3340 2,8306 58,6979 0.0068 0,0004

-22,25 -40,75 1,2457 0,2584 3,7568 33,9649 2,5707 11,0297 0.0015 0,0003

-22,25 -40,25 1,0720 0,2224 4,1654 58,6792 2,1288 3,7837 0.0005 0,0002

-22,25 -39,75 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-22,25 -39,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-21,75 -40,25 1,4744 0,3059 3,7442 44,1247 1,8437 14,8022 0.0020 0,0003

-21,75 -39,75 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-21,75 -39,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-21,75 -40,75 1,2457 0,2584 3,7568 33,9649 2,5707 11,0297 0.0015 0,0003

-21,27 -40,72 0,3365 0,0698 3,1474 23,4211 1,3158 8,6518 0.0011 0,0001

-21,25 -40,25 1,4744 0,3059 3,7442 44,1247 1,8437 14,8022 0.0020 0,0003

-21,25 -39,75 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-20,76 -40,24 1,4744 0,3059 3,7442 44,1247 1,8437 14,8022 0.0020 0,0003

-20,75 -39,75 1,4969 0,3105 3,8324 49,4298 2,2618 9,0201 0.0020 0,0002

-20,75 -39,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-20,29 -40,13 0,4093 0,0849 3,1288 22,8640 1,4272 11,0185 0.0015 0,0001

-20,25 -39,75 1,4744 0,3059 3,7442 44,1247 1,8437 14,8022 0.0020 0,0003

-20,25 -39,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-19,78 -39,72 2,1194 0,4397 3,4176 34,3390 3,1464 54,0491 0.0071 0,0006

-19,75 -39,25 2,0245 0,4200 3,1710 26,8512 3,3734 55,5019 0.0081 0,0004

-19,75 -38,75 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-19,75 -38,25 1,2551 0,2604 2,7552 19,5157 2,6919 5,2364 0.0015 0,0000

-19,25 -39,62 1,7883 0,3710 3,2072 27,4895 3,4327 50,2654 0.0066 0,0004

-19,25 -39,25 1,7883 0,3710 3,2072 27,4895 3,4327 50,2654 0.0066 0,0004

152

Tabela S2. Valores atribuídos para os diferentes indicadores (H’=índice de diversidade de Shannon; J’=índice de

equitabilidade de Pielou; NTM=nível trófico médio; VM=vulnerabilidade média; RM=resiliência média;

AV=área varrida; EC=emissões de Carbono; BD=biomassa desembarcada), somatório dos valores (∑) e Índice

do Estado do Ambiente-IEA (∑/40), por quadrante de 30’ × 30’ (LAT=latitude; LONG=longitude, em graus

decimais).

LAT LONG H' J' NTM VM RM AV EC BD ∑ IEA

-34,75 -52,75 3 3 1 3 3 1 1 1 16 0.40

-34,75 -52,25 3 3 1 3 5 1 1 1 18 0.45

-34,75 -51,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-34,25 -53,25 3 3 1 3 5 1 1 1 18 0.45

-34,25 -52,75 3 3 1 3 5 1 1 1 18 0.45

-34,25 -52,25 3 3 1 3 5 1 1 1 18 0.45

-34,25 -51,75 5 5 1 1 5 1 1 1 20 0.50

-34,25 -51,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-33,81 -53,20 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-33,75 -52,75 5 5 1 3 5 1 1 3 24 0.60

-33,75 -52,25 3 3 1 3 5 1 3 3 22 0.55

-33,75 -51,75 3 3 1 3 5 1 3 3 22 0.55

-33,75 -51,25 5 5 1 1 3 1 1 3 20 0.50

-33,75 -50,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-33,75 -50,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-33,33 -52,67 5 5 3 3 5 1 1 1 24 0.60

-33,25 -52,25 5 5 1 3 5 3 3 3 28 0.70

-33,25 -51,75 5 5 1 3 5 3 3 3 28 0.70

-33,25 -51,25 5 5 1 1 5 1 3 3 24 0.60

-33,25 -50,75 5 5 1 1 3 3 3 3 24 0.60

-33,25 -50,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-32,76 -52,23 5 5 3 3 5 3 3 3 30 0.75

-32,75 -51,75 5 5 1 3 5 3 3 3 28 0.70

-32,75 -51,25 3 3 1 3 5 1 1 3 20 0.50

-32,75 -50,75 5 5 1 1 5 1 1 3 22 0.55

-32,75 -50,25 3 3 1 1 3 3 3 3 20 0.50

-32,75 -49,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-32,31 -52,14 3 3 5 3 5 3 3 3 28 0.70

-32,25 -51,75 5 5 3 3 5 5 5 5 36 0.90

-32,25 -51,25 5 5 1 1 5 3 5 5 30 0.75

-32,25 -50,75 5 5 1 3 5 1 3 3 26 0.65

-32,25 -50,25 3 3 1 1 3 3 3 5 22 0.55

-32,25 -49,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-31,78 -51,23 5 5 1 3 5 3 3 3 28 0.70

-31,75 -50,75 5 5 1 1 5 3 3 3 26 0.65

-31,75 -50,25 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-31,75 -49,75 5 3 1 1 3 1 1 1 16 0.40

-31,75 -49,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-31,73 -51,75 5 5 3 3 5 1 1 1 24 0.60

-31,36 -51,70 1 1 5 5 5 1 1 1 20 0.50

-31,29 -50,71 5 5 3 3 5 3 3 3 30 0.75

-31,25 -50,25 5 5 1 1 5 3 3 3 26 0.65

-31,25 -49,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

153

LAT LONG H' J' NTM VM RM AV EC BD ∑ IEA

-31,25 -49,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-31,25 -48,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-31,25 -51,30 5 5 3 3 5 1 1 1 24 0.60

-30,78 -51,20 1 1 5 5 5 1 1 1 20 0.50

-30,76 -50,23 5 5 1 3 5 3 3 3 28 0.70

-30,75 -49,75 5 5 1 1 5 1 3 3 24 0.60

-30,75 -49,25 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-30,75 -48,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-30,75 -48,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-30,73 -50,81 5 5 3 3 5 3 3 3 30 0.75

-30,38 -50,75 1 1 5 5 5 1 1 1 20 0.50

-30,29 -50,12 3 3 3 3 5 5 5 5 32 0.80

-30,25 -49,75 5 5 1 1 5 3 3 3 26 0.65

-30,25 -49,25 3 3 1 1 3 1 1 3 16 0.40

-30,25 -48,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-30,25 -48,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-30,25 -47,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-29,91 -50,04 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-29,76 -49,74 5 5 1 1 5 3 3 3 26 0.65

-29,75 -49,25 5 5 1 1 5 3 3 3 26 0.65

-29,75 -48,75 3 3 1 1 3 1 1 3 16 0.40

-29,75 -48,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-29,75 -47,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-29,75 -47,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-29,36 -49,62 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-29,25 -49,25 5 5 1 1 5 3 3 3 26 0.65

-29,25 -48,75 5 5 1 1 3 3 3 3 24 0.60

-29,25 -48,25 3 3 1 1 3 1 1 3 16 0.40

-29,25 -47,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-29,25 -47,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-28,89 -49,15 5 5 1 1 5 1 3 3 24 0.60

-28,77 -48,73 5 5 1 1 5 3 3 3 26 0.65

-28,75 -48,25 3 3 1 1 3 3 3 3 20 0.50

-28,75 -47,75 5 5 1 1 3 1 1 3 20 0.50

-28,75 -47,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-28,75 -46,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-28,30 -48,63 5 5 3 3 5 3 3 1 28 0.70

-28,25 -48,25 5 5 1 3 5 3 3 3 28 0.70

-28,25 -47,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-28,25 -47,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-28,25 -46,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-27,77 -48,57 5 5 3 3 5 1 1 1 24 0.60

-27,76 -48,24 5 5 1 3 3 3 3 1 24 0.60

-27,75 -47,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-27,75 -47,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-27,75 -46,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-27,75 -46,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

154

LAT LONG H' J' NTM VM RM AV EC BD ∑ IEA

-27,25 -48,55 1 1 5 5 5 1 1 1 20 0.50

-27,25 -47,75 5 5 1 1 3 3 3 1 22 0.55

-27,25 -47,25 3 3 1 1 3 3 3 1 18 0.45

-27,25 -46,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-27,25 -46,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-27,25 -45,75 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-27,24 -48,24 5 5 1 3 5 3 3 1 26 0.65

-26,75 -48,25 5 5 1 3 3 5 5 3 30 0.75

-26,75 -47,75 5 5 1 3 3 3 3 1 24 0.60

-26,75 -47,25 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-26,75 -46,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-26,75 -46,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-26,75 -45,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-26,75 -45,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-26,74 -48,58 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-26,25 -48,25 5 5 1 3 5 5 5 3 32 0.80

-26,25 -47,75 5 5 3 3 5 3 3 1 28 0.70

-26,25 -47,25 5 5 1 1 3 3 3 1 22 0.55

-26,25 -46,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-26,25 -46,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-26,25 -45,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-26,25 -45,25 3 3 1 1 5 1 1 1 16 0.40

-26,25 -48,58 3 3 3 3 3 1 1 1 18 0.45

-25,76 -48,23 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-25,75 -47,75 5 5 1 3 5 3 3 1 26 0.65

-25,75 -47,25 5 5 1 3 5 3 3 1 26 0.65

-25,75 -46,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-25,75 -46,25 5 5 1 1 3 3 3 1 22 0.55

-25,75 -45,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-25,75 -45,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-25,75 -44,75 3 3 1 3 5 1 1 1 18 0.45

-25,38 -48,20 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-25,26 -47,74 3 3 3 3 5 3 3 1 24 0.60

-25,25 -47,25 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-25,25 -46,75 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-25,25 -46,25 5 5 1 1 3 3 3 1 22 0.55

-25,25 -45,75 5 5 1 1 3 3 3 1 22 0.55

-25,25 -45,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-25,25 -44,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-25,25 -44,25 3 3 1 3 5 1 1 1 18 0.45

-24,90 -47,64 3 3 5 5 5 1 1 1 24 0.60

-24,78 -47,22 3 3 5 5 5 3 3 1 28 0.70

-24,75 -46,75 3 3 5 3 5 3 1 1 24 0.60

-24,75 -46,25 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-24,75 -45,75 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-24,75 -45,25 5 5 1 1 5 1 1 1 20 0.50

-24,75 -44,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

155

LAT LONG H' J' NTM VM RM AV EC BD ∑ IEA

-24,75 -44,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-24,75 -43,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-24,75 -43,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-24,46 -47,05 1 1 5 5 5 1 1 1 20 0.50

-24,33 -46,71 1 1 5 5 5 3 3 1 24 0.60

-24,25 -46,25 3 3 5 3 5 3 1 1 24 0.60

-24,25 -45,75 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-24,25 -45,25 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-24,25 -44,75 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-24,25 -44,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-24,25 -43,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-24,25 -43,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-24,25 -42,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-24,25 -42,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-23,92 -46,11 1 1 5 5 5 1 1 1 20 0.50

-23,89 -45,76 3 3 5 5 5 1 1 1 24 0.60

-23,77 -45,20 5 5 3 3 5 1 1 1 24 0.60

-23,75 -44,75 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-23,75 -44,25 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-23,75 -43,75 5 5 1 1 3 1 1 1 18 0.45

-23,75 -43,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-23,75 -42,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-23,75 -42,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-23,75 -41,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-23,75 -41,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-23,75 -40,75 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-23,33 -44,68 3 3 1 3 5 1 1 1 18 0.45

-23,27 -44,25 5 5 1 3 3 1 1 1 20 0.50

-23,26 -43,75 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-23,25 -43,25 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-23,25 -42,25 5 5 3 3 5 1 1 1 24 0.60

-23,25 -41,75 5 5 3 3 5 1 1 1 24 0.60

-23,25 -42,75 5 5 1 3 5 1 1 1 22 0.55

-23,25 -41,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-23,25 -40,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-23,25 -40,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-22,98 -42,71 3 3 3 3 5 1 1 1 20 0.50

-22,97 -42,26 3 3 1 1 5 1 1 1 16 0.40

-22,75 -41,74 3 3 3 3 5 1 1 1 20 0.50

-22,75 -41,25 3 3 3 3 5 1 1 1 20 0.50

-22,75 -40,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-22,75 -40,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-22,75 -39,75 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-22,39 -41,64 3 3 3 3 5 1 1 1 20 0.50

-22,25 -40,75 3 3 1 3 3 1 1 1 16 0.40

-22,25 -40,25 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-22,25 -39,75 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

156

LAT LONG H' J' NTM VM RM AV EC BD ∑ IEA

-22,25 -39,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-21,75 -40,25 3 3 1 3 3 1 1 1 16 0.40

-21,75 -39,75 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-21,75 -39,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-21,75 -40,75 3 3 1 3 3 1 1 1 16 0.40

-21,27 -40,72 1 1 3 3 1 1 1 1 12 0.30

-21,25 -40,25 3 3 1 3 3 1 1 1 16 0.40

-21,25 -39,75 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-20,76 -40,24 3 3 1 3 3 1 1 1 16 0.40

-20,75 -39,75 3 3 1 1 3 1 1 1 14 0.35

-20,75 -39,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-20,29 -40,13 1 1 3 3 3 1 1 1 14 0.35

-20,25 -39,75 3 3 1 3 3 1 1 1 16 0.40

-20,25 -39,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-19,78 -39,72 3 3 3 3 5 1 1 1 20 0.50

-19,75 -39,25 3 3 3 3 5 1 1 1 20 0.50

-19,75 -38,75 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-19,75 -38,25 3 3 5 3 5 1 1 1 22 0.55

-19,25 -39,62 3 3 3 3 5 1 1 1 20 0.50

-19,25 -39,25 3 3 3 3 5 1 1 1 20 0.50

157

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A quantidade de combustível consumido, a emissão resultante de gases de efeito

estufa, a “pegada espacial”, a área varrida, os valores dos índices de diversidade,

equitabilidade, pesca em equilíbrio (Fishing-in-Balance index - FiB), nível trófico médio,

vulnerabilidade média e resiliência média, além da variação espaço-temporal destes

indicadores, referentes captura desembarcada da frota industrial de arrasto mais produtiva do

Brasil, foram avaliados, pela primeira vez.

Conforme a hipótese inicial deste trabalho foi possível verificar que a pesca industrial

de arrasto ocupa e impacta uma área significativa da costa Sudeste e Sul do Brasil, sendo que

os valores obtidos para o índice da pesca em equilíbrio (FiB) indicam que esta modalidade de

pesca expandiu suas atividades ao longo do período avaliado (2003-2011) por toda a

plataforma, alcançando as áreas de talude, explorando desta forma um ecossistema mais

amplo.

Além disto, a área varrida pela frota industrial de arrasto, que realizou seus

desembarques nos portos de Santa Catarina, foi maior do que a superfície total da área de

pesca na região Sudeste/Sul do Brasil. Ressalta-se que os valores obtidos para a área varrida

podem estar subestimados em função de fatores que limitaram a estimativa precisa das áreas

varridas (pela ausência de dados reais de cada pescaria) e a extrapolação para todo o universo

da frota de arrasto na região.

Verifica-se ainda que o impacto provocado pela pesca de arrasto é bastante

heterogêneo ao longo da costa Sudeste/Sul do Brasil, afetando de forma diferenciada os

ambientes e os organismos, sazonalmente e ao longo de intervalos de latitude e profundidade.

Esta heterogeneidade dos impactos é decorrente, entre outros fatores, pela existência de três

diferentes estratégias de pesca (Arrasto de Camarões, Arrasto de Talude e Arrasto de

Parelhas) atuando na região.

Finalmente, o balanço de Carbono apresenta-se como deficitário na área avaliada, uma

vez que as operações de pesca emitem muito mais Carbono, decorrente do consumo de

combustíveis fósseis, do que removem em função da biomassa desembarcada. Este balanço

não é homogêneo ao longo da plataforma e talude, sendo influenciado também por fatores

sazonais e de intervalos de latitude e profundidade. A demanda por pescados de alto valor

(e.g. camarão-rosa, peixes de águas profundas), pode induzir a concentração de custos

ambientais (consumo de combustíveis fósseis, emissões de CO2) em áreas relativamente

pequenas.

158

Desta forma, os padrões geográficos heterogêneos de intervalos de latitude,

profundidade e sazonais apresentados pelos diferentes impactos (e.g. emissões de Carbono e

CO2, consumo de combustíveis fósseis, remoção de biomassa, área varrida, perturbações nos

substratos, alterações na estrutura de populações e comunidades) identificados para a frota

industrial de arrasto, que realizou seus desembarques nos portos de Santa Catarina, no período

de 2003-2011, permitem uma análise de possíveis estratégias de gestão para esta modalidade

de pesca, dentro de uma abordagem ecossistêmica.

Considerando o impacto que a pesca industrial de arrasto provoca, na região

Sudeste/Sul do Brasil, sugere-se, como ação de gestão emergencial, a utilização da ferramenta

conhecida como “freezing the footprint”, ou seja, o “congelamento” dos níveis atuais de

esforço, capturas e áreas de pesca desta frota pesqueira.

Paralelamente, sugere-se a (a) necessidade de utilização efetiva de um sistema de

monitoramento das embarcações (Vessel Monitoring System – VMS) para identificar as áreas

efetivamente utilizadas pela pesca industrial de arrasto do Sudeste/Sul do Brasil; (b)

necessidade de realização de novos estudos para o conhecimento do total das capturas, ou

seja, biomassa desembarcada + descartes da frota industrial de arrasto do Sudeste/Sul do

Brasil; (c) necessidade de realização de novos estudos para compreensão da interação dos

petrechos de arrasto com o fundo oceânico e os impactos decorrentes da atividade; (d) criação

de áreas de exclusão de pesca (AEP), utilizando como critérios para sua definição, a

localização de áreas onde as espécies marinhas apresentem principalmente, uma baixa

resiliência, alta vulnerabilidade, alto nível trófico e a comunidade apresente uma baixa

diversidade e equitabilidade, além de características relacionadas a complexidade e estrutura

do habitat.

159

ANEXOS

160

Anexo 1. Primeira página do manuscrito publicado no volume 88 (2014), páginas 334-343, da revista Marine

Pollution Bulletin.

161

Submission Confirmation

Fisheries Research ([email protected])

Para: [email protected]

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EVOLUTION OF THE INDUSTRIAL TRAWL FISHERY FOOTPRINT OFF

SOUTHEASTERN AND SOUTHERN BRAZIL" has been received by the Editorial Office

of Fisheries Research.

The Editorial Office will contact you with a manuscript reference number and further details

of the review process in due course.

Thank you for submitting your work to our journal.

Kind regards,

Editorial Office Fisheries Research

[email protected]

Anexo 2. Cópia do email de confirmação da submissão do manuscrito, referente ao Capítulo 2 desta tese, na

revista Fisheries Research.