UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea...

97
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ANDRÉA TEIXEIRA PERFIL DAS MULHERES RESIDENTES EM BIGUAÇU, ATENDIDAS NA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA DE SÃO JOSÉ, E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE ASSISTÊNCIA HUMANIZADA NO PROCESSO DE NASCIMENTO Biguaçu (SC) 2006

Transcript of UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea...

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

ANDRÉA TEIXEIRA

PERFIL DAS MULHERES RESIDENTES EM BIGUAÇU, ATENDIDAS NA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA DE SÃO JOSÉ, E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE ASSISTÊNCIA HUMANIZADA NO PROCESSO DE NASCIMENTO

Biguaçu (SC) 2006

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

1

ANDRÉA TEIXEIRA

PERFIL DAS MULHERES RESIDENTES EM BIGUAÇU, ATENDIDAS NA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA DE SÃO JOSÉ, E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE ASSISTÊNCIA HUMANIZADA NO PROCESSO DE NASCIMENTO

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Biguaçu. Orientadora: Profª (MSc) Ângela Maria Blatt Ortiga.

Biguaçu (SC) 2006

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

2

ANDRÉA TEIXEIRA

PERFIL DAS MULHERES RESIDENTES EM BIGUAÇU, ATENDIDAS NA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA DE SÃO JOSÉ, E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE ASSISTÊNCIA HUMANIZADA NO PROCESSO DE NASCIMENTO

Esta Monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em

Enfermagem e aprovada pelo Curso de Graduação em Enfermagem da

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Biguaçu.

Área de Concentração: Enfermagem

Biguaçu, 07 de dezembro de 2006.

________________________________________ Profª MSc. Ângela Maria Blatt Ortiga

UNIVALI - CE Biguaçu Orientadora

________________________________________ Profª Drª Maria de Lourdes Campos Hames

UNIVALI - CE Biguaçu Membro

_________________________________________ Profª MSc. Márcia Suely del Castanhel

UNIVALI - CE Biguaçu Membro

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

3

AGRADECIMENTOS

A Deus e aos meus anjos que muitas vezes não me deixaram cair e que, nas vezes em que tombei, me levantaram e me seguraram firmemente; Aos meus pais, Adair e Bernadete, pelo amor, apoio e incentivo; Às minhas irmãs, sempre torcendo por mim e me apoiando; Ao meu marido Alex, que muitas vezes não me deixou parar me incentivando e motivando a seguir a caminhada; À minha orientadora, Ângela, uma mulher e profissional admirável, pelas orientações, pela paciência e persistência, pelos ensinamentos e pelo carinho. Quando eu crescer quero ser como você! À banca examinadora, professoras Lurdinha e Márcia, queridas e excelentes professoras, merecedoras de muito respeito e admiração; À coordenadora do curso, Profª Maria Lígia, uma mulher de fibra e de muita competência, todo o meu carinho, respeito e admiração; A todos os professores do curso, em especial à Profª Janelice, que conheci somente no final dessa caminhada e ainda assim ensinou por toda uma vida; A todas as instituições que serviram de campo de estágio e suas respectivas equipes, pelas oportunidades e por propiciarem as experiências vivenciadas; Ás minhas amigas: Neia, que muito me apoiou e incentivou a concluir o curso e que sempre estará presente em minha vida; e Mani: encontramos-nos, desencontramos e reencontramos, e desta vez para nunca mais nos perdermos. Duas amizades verdadeiras e que só acrescentaram em minha vida; Às minhas amigas Bruna, Darlin e Francine, obrigada por me cederem seus ombros e tempo; A mais uma professora em vida, Jakeline B. Carbonera, que em mais de 4 anos me compreendeu, incentivou, apoiou e também me ensinou muita coisa; À Profª Adélia, a quem não preciso expressar em palavras todo o meu agradecimento, pois ela tem o dom de perceber tudo e todos, um exemplo de vida, meu respeito, minha profunda admiração e meu carinho; Ao Prof. Alceu, um chefe competente que detém o poder de fazer mil coisas ao mesmo tempo e ainda assim ter bom humor, obrigada pelo apoio e compreensão nesses 4 anos; Ao Pedro Jr., mais um chefe (é, tenho vários, socorro), de extrema competência, com quem aprendi muito também, obrigada pelo apoio e compreensão; Aos meus familiares, amigos e colegas de trabalho que torceram por mim.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

4

RESUMO

TEIXEIRA, Andréa. Perfil das mulheres residentes em Biguaçu, atendidas na maternidade de referência de são José, e suas percepções sobre assistência humanizada no processo de nascimento. Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação em Enfermagem - Universidade do Vale do Itajaí, CE Biguaçu. O nascimento é um acontecimento natural e um dos fatos mais marcantes na vida de qualquer pessoa, e por isso merece especial atenção e cuidado. A mulher é a principal personagem desse “universo” que é gerar um outro ser e deve se sentir como tal. Não deve ser o processo de nascimento o fator mais importante. A parturiente deve conscientizar-se de que é a protagonista na história, na cena do parto e também no momento dos cuidados no puerpério não desvalorizando o conhecimento e interesse da equipe de saúde em auxiliar e promover o bem-estar e saúde do binômio mãe e recém-nascido. O objetivo deste estudo consistiu em identificar o perfil das mulheres atendidas na maternidade de referência de São José, residentes em Biguaçu, e sua percepção sobre a assistência humanizada no processo do nascimento. Trata-se de um estudo descritivo realizado no Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes (HRHMG) e nas residências dos sujeitos da pesquisa por amostragem, com base nas informações obtidas através dos prontuários médicos das puérperas admitidas no período de janeiro a junho de 2005 e do Sistema de Informação Hospitalar (SIH). Foram levantados os dados pessoais, individuais e coletivos, de cada puérpera com procedência do município de Biguaçu, SC, região da Grande Florianópolis sendo realizadas quatro visitas domiciliares para levantar suas opiniões sobre a assistência humanizada ao trabalho de parto, parto e puerpério imediato. A análise dos dados secundários do SIH demonstra que a maternidade de referência de São José, no primeiro semestre de 2005, realizou 1937 atendimentos, sendo 66,7% de partos normais e 33,3% de parto cesáreos. Observa-se que a maternidade atende principalmente os municípios da 18ª Regional de Saúde (Grande Florianópolis). Foram realizados 194 atendimentos de mulheres procedentes do município de Biguaçu, 146 partos normais (75%) e 48 partos cesáreos (25%). Do total de mulheres atendidas, 59,3% possui idade entre 15 e 24 anos e 28,8% entre 25 e 34 anos. Concluiu-se que, analisando os vários espaços da instituição pelos quais a mulher passa no processo de nascimento, as respostas obtidas às vezes são contraditórias, pois dependendo da experiência vivenciada em um desses espaços a mulher classifica negativa ou positivamente todo o processo. Os fatores que mais influenciaram as respostas foi o tempo de atendimento e a atitude profissional. A percepção de cada mulher sobre a maneira como foi atendida e o seu entendimento sobre humanização interfere no conceito final do processo de nascimento dificultando a classificação do que seria um atendimento humanizado ou não. Palavras Chaves: humanização, processo de nascimento, enfermagem, percepção.

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

5

ABSTRACT

TEIXEIRA, Andréa. The resident women's profile in Biguaçu, assisted in the maternity of reference of São José, and their perceptions on attendance humanized in the borning process.

Work of conclusion of course – Nursing graduation - Universidade do Vale do Itajaí, CE Biguaçu. The borning is a natural event and one of the most outstanding facts in the life of anybody, and for that it deserves special attention and care. The woman is the main character of that "universe" that is to generate another humambeing and should feels like that. It shouldin´t be the process from borning the most important factor. The pregnant should become aware that she is the protagonist in the history, in the scene of the borning and also in the moment of the cares after the borning not depreciating the knowledge and interest of the team of health in to aid and to promote the well-being and the binomial mother's health and newly born. The objective of this study consisted of identifying the women's profile assisted at the maternity of reference of São José, residents in Biguaçu, and her perception on the attendance humanized in the borning process. It is a descriptive study accomplished at the Regional Hospital Dr. Homero of Miranda Gomes (HRHMG) and in the residences of the subject of the research for sampling, with base in the information obtained through the medical handbooks of the women's admitted in the period of January to June of 2005 and of Information Hospitalar's System (SIH). They were lifted up the data personal, individual and collective, of each woman with origin of the municipal district of Biguaçu, SC, area of Great Florianópolis being accomplished four home visits to lift their opinions on the attendance humanized to the labor, born and immediately after the borning. The analysis of the secondary data of SIH demonstrated that the maternity of reference of São José, in the first semester of 2005, accomplished 1937 services, being 66,7% of normal borning and 33,3% of Cesarean borning. It is observed that the maternity assists mainly the municipal districts of the Regional of Health 18th (Great Florianópolis). 194 services of women coming from the municipal district of Biguaçu were accomplished, 146 normal borning (75%) and 48 Cesarean borning (25%). Of the assisted women's total, 59,3% has age between 15 and 24 years and 28,8% between 25 and 34 years. It was ended that, analyzing the several spaces of the institution from born for the which the woman passes in the process, the answers obtained are sometimes contradictory, because depending on the experience lived in one of those spaces the woman classifies negative or positively the whole process. The factors that more influenced the answers was the time of service and the professional attitude. Each woman's perception on the way as it was assisted and her understanding on humanization interferes in the final concept of the process from born hindering the classification of what would be a humanized service or not. Key words: humanization, borning process, nursing, perception.

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................................................12

2 OBJETIVOS...............................................................................................................18

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................18

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................18

3 REVISÃO DE LITERATURA .....................................................................................20

3.1 ACOMPANHANTE ..................................................................................................20

3.2 PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO NO PARTO E NASCIMENTO ..........................21

3.3 LEGISLAÇÃO PARA A HUMANIZAÇÃO ................................................................24

3.4 MÉTODOS E TÉCNICAS PARA A HUMANIZAÇÃO DO PROCESSO

DE NASCIMENTO ........................................................................................................26

3.5 PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE –

HumanizaSUS...............................................................................................................33

4 MARCO TEÓRICO ....................................................................................................35

4.1 TEORIA DO ALCANCE DOS OBJETIVOS DE IMOGENE M. KING ......................36

4.2 CONCEITOS SEGUNDO KING ..............................................................................36

4.3 OUTROS CONCEITOS...........................................................................................38

5 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA..........................................................................41

5.1 ESPAÇO DA PESQUISA ........................................................................................41

5.2 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................................42

5.3 SUJEITOS DA PESQUISA E ASPECTOS ÉTICOS ...............................................44

5.4 INSTRUMENTOS DA PESQUISA ..........................................................................44

5.5 ANÁLISE DE DADOS..............................................................................................45

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS .....................................................48

6.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ATENDIMENTOS .........................................................48

6.1.1 População atendida............................................................................................48

6.1.2 Média de permanência.......................................................................................52

6.1.3 Tipo de parto.......................................................................................................54

6.1.4 Idade....................................................................................................................59

6.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA...........................................60

6.2.1 Grau de instrução, estado civil e ocupação.....................................................60

6.2.2 Número de filhos ................................................................................................61

6.3 ASSISTÊNCIA NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL...........................................62

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

7

6.3.1 Assistência no pré-natal ....................................................................................62

6.3.1.1 Consultas pré-natais e orientações .................................................................62

6.3.1.2 Presença de acompanhante..............................................................................65

6.3.1.3 Escolha do local ................................................................................................66

6.3.2 Assistência no processo de nascimento .........................................................67

6.3.2.1 Orientações .......................................................................................................67

6.3.2.2 Questionamentos e procedimentos...................................................................68

6.3.2.3 Presença de acompanhante..............................................................................69

6.4 HUMANIZAÇÃO......................................................................................................70

6.4.1 Humanização da assistência.............................................................................73

6.4.2 Humanização do parto .......................................................................................74

6.4.3 Recursos e ações...............................................................................................75

6.5 CLASSIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO ..................................................................77

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................81

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................85

APÊNDICES

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

8

Parto natural – um projeto de vida

Foi lá pelo sexto mês da gravidez de Maria que Natureza e eu ouvimos mencionar, pela primeira vez, o nome de Leboyer. Sônia,

amiga nossa de São Paulo e reputada neuro-pediatra, mãe de duas filhas extraordinárias, ambas nascidas de partos domiciliares,

fez a gentileza de nos enviar pelo correio o "nascer sorrindo X nascer sofrendo", cuja leitura, breve e deliciosa, funcionou

para nós como um verdadeiro tapa na cara. Nos demos conta, então, de quantas desvantagens,

para a mãe e para o bebê, representava o parto hospitalar e, ao contrário, do quanto seria saudável para ambas se Maria pudesse

nascer dentro das condições propostas por Leboyer, em nossa própria casa, na pequena aldeia de Caraíva (BA), distante quase cem

quilômetros do hospital mais próximo. Firmemente decididos, partimos para lá no início de dezembro, a fim

de podermos contar com todo o tempo possível para a preparação do parto. As condições de Caraíva para esse propósito

são perfeitas: a vila, com pouco mais de quinhentos habitantes, tem situação geográfica semelhante à de uma ilha, sem eletricidade e sem automóveis, absolutamente rústica. Suas ruas são todas de

areia, o que a torna propícia para o fortalecimento da musculatura das pernas, e o enrijecimento do corpo é conseqüência

natural da sua própria rusticidade. A temperatura é amena durante o verão, pois o vento marítimo naquele trecho da Bahia é constante.

Conta, por sua vez, com uma beleza natural totalmente absorvente e cativante, já que a vila é cercada pelo Rio Caraíva e pelo mar.

As noites enluaradas transformam-na em um jardim de coqueiros prateados e os olhos de seus moradores, e dos veranistas, podem desfrutar de um céu repleto de estrelas, onde a via Láctea é uma

estrada cintilante, completamente nítida. Natureza esforçou-se para se preparar adequadamente e seguindo a

orientação de Sônia, dedicou grande parte de seu tempo a atividades indicadas ao fortalecimento de seu corpo, nadando,

dançando forró quando dava vontade, fazendo canteiros e lavando roupas, sempre de cócoras, e andando muito no areião

de Caraíva. Passamos um verão feliz, em comunhão de espíritos, aprontando-nos, emocionalmente, para a grande ocasião, que já se

avizinhava.Perto de duas a três semanas da data provável do parto, embora já tivéssemos combinado com

dona Maria (parteira de Caraíva), figura honorável da aldeia, que a mesma ajudaria Natureza no momento do parto, acabamos

por ter confirmado a participação de Stella (Wurtz), nossa amiga antiga e também vizinha, com a sua experiência de vinte e dois anos

como enfermeira da Funai no Xingu, e dezenas de partos bem sucedidos, inclusive os de seus próprios filhos.

Nesse ritmo, assistimos à passagem do Carnaval, torcendo intimamente, para que Maria aguardasse o seu final, para que

tivéssemos uma recepção menos ruidosa, ainda que o carnaval de lá não passasse de uma meia dúzia de rojões. Na quarta-

feira de cinzas, oito de março, acordei com Natureza sentada no peitoral da janela, assistindo o sol nascer sobre o horizonte, colorindo

com tons maravilhosos as águas do Atlântico. Ela olhou

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

9

para mim e disse: "será hoje, tenho certeza, eu já estou sentindo algumas sensações diferentes...". Não duvidei nem por um segundo.

Fiz avisar dona Maria e Stella a respeito do acontecido, pedindo que viessem em casa para examiná-la, havendo ambas confirmado a previsão. Observaram, entretanto, que ainda estava muito cedo para o início do trabalho de parto propriamente dito e pediram-me que mandasse novo recado quando as contrações

encurtassem de intervalo. Natureza ainda encontrou tempo para lavar as últimas roupinhas de Maria e passamos o resto do tempo daquela manhã deitados na grama do jardim, debaixo das

sombras dos coqueiros, tentando imaginar como seria o rostinho de Maria. Durante todo esse tempo Natureza esteve tranqüila e

confiante e eu absorvia essa tranqüilidade. Apesar disso, e conforme havíamos combinado, fizemos nossas próprias orações, o

que era parte de nossa preparação espiritual, já que sob o aspecto físico e emocional sentíamo-nos inteiramente prontos.

No correr da tarde, as contrações aumentaram de intensidade e os intervalos começaram a ser mais curtos. Mandei chamar

Dona Maria lá pelas três da tarde e mais uma vez ela veio, observou Natureza e avisou que voltaria por volta das seis, porque,

até essa hora, ela não teria muito que fazer. As contrações aumentavam de ritmo e de intensidade e Natureza até

então não se queixara de qualquer dor. Os movimentos que Sônia havia ensinado, a respiração adequada e um pouco de dança ao

estilo "kundalini" pareciam estar dando ótimo resultado. Com o cair da noite chegaram Stella e Dona Maria, mostrando

satisfação com o estado de Natureza, que já apresentava uma boa dilatação. A partir daí a cena transportou-se para o quarto que viria a ser de Maria, já devidamente preparado. As contrações

passaram a ocorrer com muita intensidade a partir das oito da noite, com sensações perfeitamente suportáveis, que Natureza não

acusava como dor. Ela já havia percebido que andando nos intervalos das contrações o incômodo diminuía, e

quando elas vinham, eu de pé a amparava ao mesmo tempo em que ela me segurava pelo pescoço, com os braços

estendidos para trás. Enquanto isso, do lado de fora, brilhava uma lua intensa e o arder de uma enorme fogueira no

gramado do jardim projetava para dentro do quarto de Maria uma luz fantástica, que somada às velas, acabava por proporcionar um

ambiente mágico, totalmente propício ao acontecimento.(...) A cabecinha de Maria, ainda envolta pela bolsa d'água, mas

perfeitamente visível. Os olhos encheram de lágrimas quando vi, pela primeiríssima vez, os fartos cabelinhos de Maria, bem

escuros. Mais uma ou duas contrações e Stella segredou-me: "se a bolsa não romper na próxima, eu acho que vou

dar um "clik" nela..., fazendo o gesto de quem usa um alfinete. Foi ela dizer isso e a bolsa se rompeu.

Incentivamos Natureza a fazer força, ao mesmo tempo em que eu chamava Maria, docemente, dizendo a ela que nós a estávamos

esperando, que ela podia vir tranqüila... A contração seguinte foi a da expulsão da cabeça, um

momento de intensa e inesquecível emoção, já que Maria veio com os olhinhos já abertos. Mais uma contração e os ombrinhos passaram, e alguns segundos depois ela já tinha nascido.

Recordamos perfeitamente e iremos recordar para sempre esse que

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

10

foi o momento mais bonito e mais importante de nossas vidas. Completamente emocionado, a única coisa que eu

conseguia dizer era: "Como ela é linda, como ela é linda...". De fato, Maria nasceu muito bonita, sem qualquer inchaço ou deformação causada pela passagem. Seus olhinhos fitavam

ao redor, sem qualquer sinal de medo ou de dor. Os bracinhos mexiam de um lado para o outro enquanto ela nos

observava sem fazer qualquer ruído. A primeira impressão que eu tive, fundada na nossa crença espiritualista, foi a de que Maria já tinha estado aqui e que essa,

com certeza, não era a sua primeira encarnação. A tranqüilidade que ela aparentava, somada à falta de surpresa com o ambiente

que a rodeava, nos indicava que essa sua nova chegada já estava sendo preparada, por ela mesma, há muito tempo.

Esperamos algum tempo para cortar o cordão, a fim de possibilitar que ela respirasse pelas duas vias, reduzindo o incômodo da sua

primeira expansão pulmonar. Feito isso, Natureza levantou-se e foi sozinha lavar-se no banheiro, enquanto dona Maria e Stella cuidavam do primeiro banho da nossa neném.

Maria nasceu exatamente às 21 h e 10 min e, mais ou menos uma hora após, terminada a primeira mamada, ela nos presenteou

com seu primeiro sorriso. Nasceu, como havíamos pedido, sob o signo de Peixes. O seu ascendente: Escorpião. Abrimos duas

garrafas de vinho branco italiano e brindamos todos a sua feliz chegada ao planeta Terra.

NASCER SORRINDO OU NASCER SOFRENDO, ESSA É UMA

OPÇÃO QUE PODEMOS OFERECER AOS NOSSOS FILHOS. A ESCOLHA É VOSSA.

Rio de Janeiro, 20 de maio de 2002.

Natureza e Otávio1

1 Carta disponível em: http://www.amigasdoparto.com.br/depoimentos.

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

11

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

12

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O nascimento é um acontecimento natural e um dos fatos mais marcantes na

vida de qualquer pessoa, e por isso merece especial atenção e cuidado. Mesmo nas

primeiras civilizações era um fenômeno mobilizador, que com o passar dos tempos

sofreu muitas modificações, mas não deixou de ter seu significado especial de

acordo com cada cultura. O que instigou e motivou a comunidade médica a

institucionalizar o parto, que até então era uma experiência compartilhada somente

entre as mulheres e, portanto, um evento de caráter íntimo e privado, foi a grande

mortalidade materna e perinatal, que prejudicava a preservação das grandes

famílias (base econômica, mão-de-obra). A partir daí, a obstetrícia começou a se

fortalecer e disciplinar o nascimento (BRASIL, 2001).

A mulher é a principal personagem desse “universo” que é gerar um outro ser

e deve se sentir como tal. Não deve ser o processo de nascimento, ou melhor, o

procedimento, o fator mais importante. Ela passa por diversas modificações

fisiológicas e emocionais durante o ciclo gravídico-puerperal e necessita de atenção

e cuidados específicos e especiais. Deve sentir-se valorizada, bem assistida,

confiante e segura de que todo esse “acontecimento” lhe trará um novo membro da

família saudável e motivo de muita felicidade. A parturiente deve conscientizar-se de

que é a protagonista na história, na cena do parto e também no momento dos

cuidados no puerpério, cuidados a si mesma e ao seu bebê, não desvalorizando o

conhecimento e interesse da equipe de saúde em auxiliar e promover o bem-estar e

saúde do binômio mãe e recém-nascido (BRASIL, 2001).

Considerando o momento especial na vida da mulher que é o ciclo gravídico-

puerperal, devemos nos lembrar da individualidade e especificidade de cada

gestação e puerpério, pois a assistência de enfermagem não se limita à gestação,

parto e puerpério normal, ou seja, sem complicações. A atenção deve ser dada na

mesma proporção a todas as mulheres diferenciando apenas o tipo de cuidado.

As modificações ocorridas no cuidado à mulher, ao recém-nascido e sua

família, devido ao surgimento de novas tecnologias e descobertas que tinham como

objetivo melhorar as condições de atendimento, acabaram por desumanizar o

cuidado no processo de nascimento. Tornaram a assistência um processo

mecânico, robotizado, preso a protocolos e ações repetitivas e generalizadas.

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

13

Os profissionais da saúde participam diretamente da experiência especial que

é a gravidez e o parto no universo da mulher, de seu parceiro e de sua família. Por

isso, desempenham um papel muito importante devendo colocar seu conhecimento

a serviço do bem-estar da mulher e do bebê assegurando a saúde de ambos

(BRASIL, 2001).

O cuidado humanizado vem tomando grande proporção nas instituições de

saúde. Cada vez mais se percebe a necessidade e importância da humanização não

só no segmento feminino, atenção à mulher, e sim em toda a área da saúde (mulher,

criança, adolescente, adulto e idoso). A partir dessa percepção, passaram a existir

publicações e estudos sobre o assunto, apesar de ainda não ter sido totalmente

absorvido na prática das instituições de saúde. É preciso haver uma maior

mobilização e conscientização em relação ao tema.

Segundo Monticelli (2001 apud OLIVEIRA et al, 2001, p. 14), existe a

esperança de que, aos poucos, “a humanização terá um lugar privilegiado no centro

e na periferia das ações cuidativas em enfermagem e em saúde”.

O verbo humanizar, no Dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 2001,

p.369), significa “dar condição humana a; humanar. Civilizar. Tornar-se humano;

humanar-se”. E isso quer dizer tratar o homem como tal, como ser humano que

merece respeito e, portanto, um cuidado adequado à sua saúde considerando sua

cultura, condição sócio-econômica, espiritualidade, suas crenças, seus valores e

suas vontades.

O Ministério da Saúde (MS), preocupado com a melhoria da assistência

obstétrica, direitos da mulher e humanização do atendimento, vem implantando um

conjunto de ações através de Portarias Ministeriais com o objetivo de melhorar a

assistência à saúde. Exemplos disso são as portarias que instituem o Programa de

Humanização no Pré-Natal e Nascimento e o pagamento de um percentual máximo

de cesarianas.

Segundo a Portaria nº 569, do Ministério da Saúde, que institui o PHPN,

anexo II, parágrafo 1, a humanização da assistência obstétrica e neonatal é

[...] condição para o adequado acompanhamento do parto e puerpério. Receber com dignidade a mulher e o recém-nascido é uma obrigação das unidades. A adoção de práticas humanizadas e seguras implica a organização das rotinas, dos procedimentos e da estrutura física, bem como a incorporação de condutas acolhedoras e não-intervencionistas. (BRASIL, 2000).

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

14

O direito a saúde é um dos direitos fundamentais constitucionais, porém a

história das mulheres na sua busca pelos serviços de saúde é acompanhada de

descriminação, frustrações e violação dos direitos e aparecem como fonte de tensão

e mal estar psíquico-físico. Por esta razão a humanização e a qualidade da atenção

implicam na promoção, reconhecimento e respeito aos seus direitos humanos, em

um marco ético que garanta a saúde integral e o seu bem-estar (BRASIL, 2004a).

Um dos passos mais importantes na tentativa de tornar a assistência mais

humanizada e segura, foi a criação do “alojamento conjunto” (AC). Segundo

Casanova e Ségre (apud DINIZ, 1994), o AC já existia em muitas maternidades do

século XIX, mas demorou a ser implantado nos países americanos. Foi implantado

no Brasil a partir dos anos 70 quando os recém-nascidos normais, a termo (com

idade gestacional igual ou superior a 37 semanas completas, até 42 semanas

incompletas de gestação), passaram a ficar juntos de suas mães logo após o

nascimento (ORLANDI e SABRÁ apud REZENDE, 2002).

Assim, as mães adquiriram o direito de ver, tocar e amamentar livremente

seus filhos. Outra maneira de tornar o processo de nascimento mais humanizado foi

a permissão de uma pessoa escolhida pela parturiente para acompanhar o processo

do nascimento.

Segundo o Ministério da Saúde, a humanização compreende dois aspectos

fundamentais: o primeiro é dever das unidades de saúde receber com dignidade a

mulher, seus familiares e o RN e, segundo, a adoção de medidas e procedimentos

benéficos para o acompanhamento do parto e do nascimento (BRASIL, 2002).

São consideradas como “medidas e procedimentos benéficos”: a não

realização de enteroclisma, tricotomia e episiotomia, a presença de um

acompanhante (companheiro, amiga, mãe ou outro familiar), a permissão e espaço

para deambulação, o acesso às informações e a existência de alojamento conjunto

(PARANÁ, 2002).

O Hospital Regional Homero de Miranda Gomes (HRHMG) criou a

maternidade em 1987 e possui atualmente em sua estrutura enfermarias com

quartos de dois e três leitos que compõem a unidade de Alojamento Conjunto, além

da unidade de gestação de alto risco. O Centro Obstétrico tem capacidade para a

realização de dois partos simultaneamente, ou seja, possui duas salas de parto. O

setor de triagem é constituído por uma recepção, dois consultórios médicos e sala

de observação. O centro obstétrico possui duas salas de cirurgia, uma enfermaria

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

15

para acompanhamento do trabalho de parto com leitos separados como “box”

(divisórias) e um quarto com banheiro para atender as gestações de risco, sendo

que o banheiro é disponibilizado para todas as parturientes, uma sala de descanso

(cozinha)destinada à equipe médica e de enfermagem, um depósito de materiais de

uso imediato (urgentes), sala de descanso médico, dois vestiários, um masculino e

um feminino.

O estudo proposto foi realizado no HRHMG e nas residências dos sujeitos da

pesquisa por amostragem, com base nas informações obtidas através dos

prontuários médicos das puérperas admitidas no período compreendido entre os

meses de janeiro a junho de 2005 e do SIH - sistema de informação hospitalar.

Foram levantados os dados pessoais, individuais e coletivos, de cada puérpera com

procedência do município de Biguaçu, SC, região da Grande Florianópolis. Ainda,

foram realizadas visitas domiciliares com 4 (quatro) puérperas a fim de levantar suas

opiniões sobre a “assistência humanizada ao trabalho de parto, parto e puerpério

imediato”.

Para tanto, foi necessário dispor de instrumentos discriminadores no processo

de recomendar, gerar e fornecer cuidados à saúde, de maneira diferenciada, ou

seja, conhecer a população atendida na maternidade. Devemos aqui salientar a

importância do respeito à cultura e direitos do cliente, não impondo o conhecimento

da enfermagem, e sim, acordando a melhor maneira de cuidar, entrar em consenso,

negociar.

Este estudo teve o intuito de levantar o perfil das mulheres residentes no

município de Biguaçu atendidas na Maternidade do HRHMG e verificar a aplicação

da humanização no processo de nascimento. Pois, saber a procedência da maioria

das mulheres atendidas, o tipo de cultura e família com que a equipe de saúde

trabalha, pode subsidiar uma proposta de abordagem mais adequada. Saber lidar

com as pessoas, ter “jogo de cintura”, é essencial para a promoção da saúde, para

haver maior aceitação do cuidado e orientações. E, além disso, é muito importante

garantir uma assistência humanizada nesse momento muito importante e especial

na vida de uma família, que é gestar, parir e nascer.

Através de uma abordagem adequada, de um cuidado individualizado,

atencioso e humanizado, a probabilidade da equipe de saúde obter um resultado

satisfatório quanto à recuperação no puerpério, primeiros cuidados ao recém-

nascido e continuidade dos cuidados a ambos pela mulher em sua residência será

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

16

maior. Isto favorece a procura precoce das mulheres pelas unidades básicas de

saúde quando percebida alguma anormalidade na sua recuperação no puerpério

e/ou no desenvolvimento do seu bebê (OLIVEIRA, 2001).

A escolha do tema proposto neste trabalho se deve à experiência vivida

durante alguns meses como bolsista do projeto de extensão: Projeto Tocar –

educando em saúde para estimular os vínculos no processo de adolescer, gestar,

parir e nascer. O HRHMG é um dos campos onde o projeto é aplicado, mais

especificamente a unidade de Alojamento Conjunto. Durante o projeto vivenciei

momentos, como mera espectadora, onde a assistência oferecida não condizia com

as expectativas de muitas mães (puérperas), primíparas ou multíparas, e suas

famílias. Em outros momentos percebia-se o contentamento dos clientes com o

atendimento prestado. Agrega-se a este motivo, a experiência nas atividades

assistenciais, do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do

Itajaí, CE Biguaçu, no Centro Obstétrico e Triagem da Maternidade do HRHMG,

locais onde a mulher em trabalho de parto expõe, ou não, seus desejos e vontades

relacionados ao processo de nascimento. Assim, percebeu-se a necessidade de

trabalhar o assunto verificando os motivos pelos quais as mulheres residentes em

Biguaçu escolhem a maternidade do HRHMG para “dar à luz” a seus filhos,

considerando a inexistência de uma maternidade no município onde residem, e

também analisando a percepção dessas mulheres sobre a assistência humanizada

preconizada pelo Ministério da Saúde.

Este estudo tem as seguintes questões norteadoras:

• Quem são as mulheres residentes em Biguaçu atendidas na

Maternidade do HRHMG?

• O que levou essas puérperas a optarem pelo atendimento na

maternidade do HRHMG?

• Qual a opinião das mulheres sobre o atendimento?

• Que ações na assistência e ou materiais/recursos utilizados no

atendimento indicam a humanização do parto na Maternidade do

HRHMG?

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

17

• Qual o nível de satisfação dessas puérperas e suas famílias em

relação à maternidade do HRHMG?

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

18

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar o perfil das mulheres atendidas na maternidade de referência de

São José, residentes em Biguaçu, e sua percepção sobre a assistência humanizada

no processo do nascimento.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar o perfil das mulheres residentes em Biguaçu atendidas na maternidade

de referência de São José;

Conhecer o motivo da escolha da maternidade procurada;

Identificar ações na assistência e recursos utilizados no atendimento que indicam a

humanização no processo de nascimento do HRHMG;

Avaliar o nível de satisfação dessas mulheres em relação ao atendimento realizado

na maternidade do HRHMG.

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

19

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

20

3 REVISÃO DE LITERATURA

Gravidez e Parto são eventos sociais que integram a vivência reprodutiva de

homens e mulheres. Com a evolução dos conhecimentos médicos em obstetrícias e

os avanços tecnológicos hospitalares, observa-se a grande medicalização do parto

normal e altas taxas de parto cesáreo, sob a égide de prestar assistência de

qualidade e reduzir os agravos à saúde da mulher e do concepto. Tal atitude

descaracterizou a normalidade do ato de parir, além de considerar o desejo da

mulher de optar pelo modo de parto que melhor lhe convier (CARVALHO et al,

2005).

Buscando retornar ao conceito de parto humanizado é que o Ministério da

saúde conceitua parto humanizado como aquele que envolve um conjunto de

conhecimentos, práticas e atividades que visam à promoção do parto e do

nascimento saudáveis, além da prevenção da morbimortalidade materna e perinatal

(BRASIL, 2002).

Sendo a gravidez um processo natural envolvendo aspectos biológicos,

psicológicos e sociais, é uma fase de grandes transformações no corpo e na vida

emocional da grávida, onde o grau de adaptação a essas mudanças vai influenciar

no seu nível de ansiedade (DAVIM e MENEZES, 2001).

O parto é considerado como um processo psicossomático, que é vivido como

uma realidade distante que encerra risco, irreversibilidade e imprevisibilidade que

nunca podemos prever se vai transcorrer normalmente ou se vai surgir

complicações. Estas situações podem ser vivenciadas pela mulher de forma

tranqüila ou não, dependendo de sua adaptação.

3.1 ACOMPANHANTE

O parto, para o homem, constitui um momento de intensas emoções,

possibilitando a primeira aproximação direta do pai com o filho sem intermediações

da mulher, condição necessária durante a gestação, onde o feto está incorporado ao

esquema corporal da mãe. Sabemos, no entanto, que poucas são as instituições

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

21

públicas onde o pai pode acompanhar sua companheira durante o trabalho de parto,

parto e nascimento (ABREU, 1999 apud DAVIM e MENEZES, 2001).

A presença do pai na sala de parto não é uma questão que se resolva

passando-se uma receita simplesmente, mas que essa enfermagem reflita sobre as

vantagens e desvantagens de cada tipo de parto, sobre as condições mais humanas

e seguras para o nascimento de uma criança, analisando a forma de atendimento

que é oferecida à mulher nos serviços de saúde. Sabemos, também, que o parto

pode acontecer em qualquer lugar, como em um táxi, na rua, em uma repartição,

entre outros. Porém, na grande maioria das vezes, o parto fora da maternidade

acontece no domicílio, o que poderá ocorrer por várias razões: pela falta de recursos

econômicos, ausência de hospital ou a distância deste que, em algumas situações,

impedem o seu acesso e realização ou mesmo por opção, pois algumas pessoas

que acreditam ser esta a maneira mais natural de dar à luz.

No Brasil, a importância desse relacionamento tem sido observada em várias

instituições com programas de humanização ao parto, com resultados expressivos

como na Maternidade Darcy Vargas, em Joinville/SC, que conta com um serviço de

humanização ao parto à qual oferece curso pré-parto para o casal, banheira térmica

e banco de leite (DAVIM e MENEZES, 2001).

Outro exemplo é a maternidade do Hospital Universitário, em Florianópolis,

que é beneficiada com um projeto de extensão multidisciplinar da Universidade

Federal de Santa Catarina que mantém, de forma permanente, o grupo de gestantes

e o grupo de casais grávidos, aberto à população que desejar participar.

3.2 PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO NO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO

O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento foi instituído no ano

2000 pelo Ministério da Saúde através da Portaria/GM nº 569, subsidiado nas

análises das necessidades de atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à

mãe no período pós-parto. Tem como objetivo “promover a integralidade das ações

de saúde (...), favorecer a universalidade do atendimento e o aumento da eqüidade

por meio da utilização de novas tecnologias e especializações, de saberes sem

desvalorizar os processos já instituídos” (BRASIL, 2000a).

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

22

São considerados como princípios orientadores da humanização: reduzir filas

e espera, ampliar o acesso e atendimento acolhedor, assegurar que o usuário

conheça os profissionais que cuidam de sua saúde, garantir acesso às informações,

o direito a acompanhante e consolidar a gestão participativa e a educação

permanente dos trabalhadores (BRASIL, 2005).

As prioridades do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento são:

• concentrar esforços no sentido de reduzir as altas taxas de

morbimortalidade materna, peri e neonatal registradas no país;

• adotar medidas que assegurem a melhoria do acesso, da cobertura e

da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto,

puerpério e neonatal;

• ampliar as ações já adotadas pelo Ministério da Saúde na área de

atenção à gestante, como os investimentos nas redes estaduais de

assistência à gestação de alto risco, o incremento do custeio de

procedimentos específicos e outras ações como o Maternidade

Segura, o Projeto de Capacitação de Parteiras Tradicionais, além da

destinação de recursos para treinamento e capacitação de

profissionais diretamente ligados a esta área de atenção, e a

realização de investimentos nas unidades hospitalares integrantes

destas redes.

O Ministério da Saúde fundamenta o PHPN nos preceitos de que a

humanização da assistência Obstétrica e Neonatal é condição primeira para o

adequado acompanhamento do parto e do puerpério e afirma que a mesma

compreende os aspectos fundamentais que dizem respeito à convicção de que é

dever das unidades de saúde receber com dignidade a mulher, seus familiares e o

recém-nascido e à adoção de medidas e procedimentos sabidamente benéficos para

o acompanhamento do parto e do nascimento, evitando práticas intervencionistas

desnecessárias que acarretam maiores riscos para a mulher e o RN. Diz ainda que

para as unidades de saúde cumprirem seu dever, deve haver uma atitude ética e

solidária por parte dos profissionais de saúde e uma organização da instituição de

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

23

modo a criar um ambiente acolhedor e a instituir rotinas hospitalares que rompam

com o tradicional isolamento imposto à mulher (BRASIL, 2002).

Os princípios que estruturam o PHPN são:

• toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no

decorrer da gestação, parto e puerpério;

• toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade

em que será atendida no momento do parto;

• toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta

seja realizada de forma humanizada e segura, de acordo com os princípios

gerais e condições estabelecidas na prática médica;

• todo RN tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura.

O Programa integra três componentes (BRASIL, 2002):

Componente I – Incentivo à Assistência Pré-natal — objetiva estimular

estados e municípios a realizarem o acompanhamento pré-natal adequado e o

cadastramento das gestantes, de acordo com os princípios e critérios estabelecidos,

instituindo para tanto, incentivos financeiros.

Componente II – Organização, Regulação e Investimentos na Assistência

Obstétrica e Neonatal — objetiva o desenvolvimento de condições técnicas e

operacionais para a organização e regulação da assistência obstétrica e neonatal,

através da estruturação de Centrais de Regulação e de sistemas móveis de

atendimento pré e inter-hospitalares; e ainda financiamento a hospitais públicos e

filantrópicos, integrantes do Sistema Único de Saúde. Estes hospitais devem prestar

assistência obstétrica e neonatal, resultando no incremento da qualidade

assistencial e da capacidade instalada.

Componente III – Nova Sistemática de Pagamento da Assistência ao

Parto — objetiva a melhoria do custeio da assistência ao parto nos hospitais

integrantes do Sistema de Informações Hospitalares – SIH/SUS. Para esse fim eleva

o valor e a forma de remuneração dos procedimentos da tabela relativos ao parto,

além do adicional sobre estes valores para os hospitais que prestarem assistência

às gestantes do Programa e para as quais tenha sido cumprido o acompanhamento

pré-natal completo.

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

24

O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento é executado, de

forma articulada, pelo Ministério da Saúde com as Secretarias de Saúde dos

Estados, Municípios e Distrito Federal. Os municípios que aderem ao programa são

avaliados anualmente pelo MS e a continuidade do mesmo está vinculada à

apresentação do procedimento “Conclusão da Assistência Pré-natal” (realização e

registro no Sisprenatal de seis consultas de pré-natal, todos os exames obrigatórios,

imunização antitetânica, realização do parto e consulta de puerpério) para, no

mínimo, 30% das gestantes nele cadastradas no primeiro ano de adesão e 50% no

segundo ano (BRASIL, 2002).

3.3 LEGISLAÇÃO SOBRE A HUMANIZAÇÃO

Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento

Portaria GM 569 de 1 de junho de 2000 no seu Art. 1º: Institui o Programa de

Humanização no ré-natal e Nascimento, no âmbito do Sistema Único de Saúde, a

mesma foi republicada (BRASIL, 2000a).

Portaria GM 570 de 1 de junho de 2000, no Art. 1º: Institui o Componente I do

Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento - Incentivo à Assistência Pré-

natal no âmbito do Sistema Único de Saúde, a mesma foi republicada (BRASIL,

2000b).

Portaria GM 571 de 1 de junho de 2000 no Art. 1º: Institui o Componente II do

Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento - Organização, Regulação e

Investimentos na Assistência Obstétrica e Neonatal, no âmbito do Sistema Único de

Saúde (BRASIL, 2000c).

Portaria GM 572, de 1 de junho de 2000 no seu Art. 1º Institui o Componente

III do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento – Nova Sistemática de

Pagamento à Assistência ao Parto (BRASIL, 2000d).

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

25

Alojamento Conjunto

Torna obrigatória a criação do sistema de Alojamento Conjunto através da

Portaria MS/GM 1.016, de 26 de agosto de 1993 (BRASIL, 1993).

Incentivo ao Parto Normal

Normatizam o pagamento de um percentual máximo de cesarianas:

Portaria MS/GM 2.816, de 29 de maio de 1998: determina que no Programa

de Digitação de Autorizações de Internação Hospitalar, SISAIH01, seja implantada

uma crítica visando o pagamento do percentual máximo de cesarianas, em relação

ao total de partos por hospital (BRASIL, 1998a).

Portaria MS/GM 865, de 03 de julho de 1999: redefine os limites de que trata

o item 01 da Portaria GM 2.816 de 29 de maio de 1998, publicada do Diário Oficial

n° 103, de 02 de junho de 1998 (BRASIL, 1998a; 1999).

A Portaria MS/GM 466, de 14 de junho de 2000 no seu Art. 1º estabelece

como competência dos Estados e do Distrito Federal a definição de limite, por

hospital, de percentual máximo de cesarianas em relação ao número total de partos

realizados e ainda a definição de outras estratégias para a obtenção de redução

destes procedimentos no âmbito do estado (BRASIL, 2000e).

A Portaria MS/GM 426, de 04 de abril de 2001 no seu Art. 1º define, para o

Distrito Federal e os Estados que não aderiram ao pacto na forma proposta na

Portaria GM/MS/Nº 466, de 14 de junho de 2000, os limites totais de cesáreas para o

ano de 2001, abaixo discriminados:

• limite de 30% para o primeiro semestre de 2001;

• limite de 27% para o segundo semestre de 2001 (BRASIL, 2000d; 2001b).

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

26

3.4 MÉTODOS E TÉCNICAS PARA HUMANIZAÇÃO DO PROCESSO DE

NASCIMENTO

Existem métodos, técnicas e também atitudes que fazem com que o processo

de nascimento aconteça de forma mais adequada atingindo os objetivos do MS para

a humanização da assistência como um todo e atendendo as expectativas das

mulheres protagonistas do evento.

Para tanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou, em 1996, um

grupo de trabalho sobre o Parto Normal que desenvolveu uma classificação

dividindo as práticas no parto normal em 4 categorias: 1ª Práticas no parto normal

demonstradamente úteis e que devem ser estimuladas (descritas a seguir; as

demais trabalharemos oportunamente); 2ª Práticas no parto normal claramente

prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas; 3ª Práticas no parto normal

em que não existem evidências para apoiar sua recomendação e devem ser

utilizadas com cautela até que novas pesquisas esclareçam a questão; e 4ª Práticas

no parto normal freqüentemente utilizadas de modo inadequado (BRASIL, 2001b).

Adotando as recomendações da OMS — Organização Mundial de Saúde

(1996) — o MS cita as ações para humanizar o parto, conforme segue:

No período do pré-natal:

- planejar onde e como o nascimento será assistido;

- avaliação do risco da gestação;

- monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher;

- respeitar a escolha da gestante sobre o local e nascimento;

- prestar informações sempre que necessário.

Na admissão na Unidade de referência (hospitalar):

- respeitar a privacidade da mulher;

- respeitar a escolha do acompanhante.

Durante o trabalho de parto:

- oferecer líquidos via oral;

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

27

- dar suporte emocional empático;

- prestar informações sempre que necessário;

- uso único de materiais descartáveis;

- respeitar o direito à opinião sobre a episiotomia;

- corte do cordão umbilical tardio com material estéril.

Posição durante o trabalho de parto:

- encorajar a posição não deitada;

- liberdade de posição e movimento.

No controle da dor:

- alívio por meios não invasivos, não farmacológicos (massagens, técnicas de

relaxamento, etc.)

No monitoramento:

- do bem-estar físico e emocional da mulher;

- fetal, por ausculta intermitente;

- do progresso do trabalho de parto por meio do partograma.

Após a dequitação:

- exame de rotina da placenta;

- uso de ocitócitos no terceiro estágio se há risco de hemorragia;

- prevenção de hipotermia no RN;

- amamentação na primeira hora (OMS, 1996).

A classificação utilizada, segundo o MS (2001) deve ser periodicamente

revisada de forma crítica devido ao progresso da ciência médica, pois novas

evidências surgirão e cada um dos membros da equipe de saúde deve buscá-la de

forma ativa e permanente.

Considera-se oportuno descrever aqui os fatores importantes na humanização

do processo de nascimento, conforme segue.

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

28

Amniotomia e amniorex

Segundo Klaus, Kennell e Klaus (2000) a ruptura induzida da membrana

diminui o tempo total do trabalho de parto em aproximadamente 40 a 120 minutos

fazendo com que muitas mães percam o controle do mesmo, perdendo a sensação

de uma seqüência natural e controlável dos eventos. Assim, elas se sentem mais

desamparadas. Para os autores citados, o melhor é não romper a membrana, a não

ser em uma situação médica especial, pois além do desconforto para as mães, há a

possibilidade de infecção do feto, e da própria mulher, e a ocorrência do “cefalo-

hematoma” (hemorragia entre o couro cabeludo e os ossos da cabeça ocasionada

durante a descida pelo canal de parto) já que a membrana intacta oferece uma

barreira contra as bactérias e protege a cabeça do feto durante o trabalho de parto.

Monitorização do Feto

A monitorização de rotina dos batimentos cardíacos fetais é uma decisão a

ser tomada pelos pais e obstetras, uma vez que os estudos sobre o assunto não

mostram melhora nos resultados para o bebê (em mulheres saudáveis). A

monitorização contínua impede a mãe de caminhar durante a maior parte do

trabalho de parto diminuindo o efeito da gravidade e aumentando o tempo desse

processo. Ou seja, tal procedimento não oferece vantagens (KLAUS, KENNELL e

KLAUS, 2000).

Na verdade, a monitorização fetal contínua é comumente utilizada nos

Estados Unidos (KLAUS, KENNELL e KLAUS, 2000), não sendo aplicada como

rotina em nossas maternidades. Nestas, os batimentos fetais são checados a cada

hora, quando a mãe e o bebê são saudáveis. Cabe utilizar o bom senso, pois os

profissionais precisam avaliar se é necessária uma monitorização em um espaço de

tempo menor ou não, se prevenindo de complicações “legais” no caso de óbito fetal.

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

29

Oxitocina

A oxitocina é um hormônio natural freqüentemente utilizado para o aumento

da força e da freqüência das contrações. Sua administração é responsabilidade do

médico, pois se trata de uma droga perigosa quando usada antes do parto. Quando

utilizada, as respostas materna e fetal devem ser monitoradas assegurando que a

mulher nunca será deixada sozinha, pois contrações agudas e prolongadas podem

resultar em ruptura uterina, descolamento prematuro da placenta e hipoxia fetal

(ZIEGEL e CRANLEY, 1985).

As mães que foram capazes de suportar o desconforto das contrações do

trabalho de parto normal consideram o aumento das dores tão intenso que podem

ser forçadas a ir contra seu plano inicial de evitar medicação. Com o uso da

oxitocina, algumas mães têm contrações tão fortes que seu uso deve ser

descontinuado e uma medicação com ação contrária deve ser administrada. Muitas

mulheres afirmam não serem capazes de chegar ao topo das contrações devido às

dores fortes e contínuas (KLAUS, KENNELL e KLAUS, 2000).

Analgesia Epidural

A analgesia epidural é um método freqüentemente utilizado para controle da

dor das contrações. O seu uso está relacionado com a incapacidade da mãe sentir o

impulso natural de continuar o segundo estágio do trabalho de parto aumentando

significativamente o número de partos cesáreos. As desvantagens da analgesia

epidural, além da probabilidade de realização de parto por cesariana, são:

dificuldade em iniciar uma amamentação rápida, fácil e calma (em aproximadamente

25% dos bebês) e a presença de febre (de até 39,5 a 40 graus) na mãe e no bebê

que pode ser resultado de uma infecção ou apenas estar relacionada à analgesia

havendo a necessidade de exames e administração de antibióticos. Também ocorre

a sensação por parte das mães de privação da experiência do parto por não

sentirem seu bebê sair e por não controlarem seu trabalho de parto ou terem uma

sensação de realização. As analgesias epidurais podem diminuir a liberação de

oxitocina influenciando a percepção da mãe em relação ao bebê que está nascendo

(KLAUS, KENNELL e KLAUS, 2000).

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

30

Parto Cesáreo

Um parto por cesariana é uma cirurgia abdominal de grande porte,

extremamente dolorosa, que exige um mês ou mais de recuperação para a mãe.

Obviamente que é necessário em certas situações, entretanto, os médicos

concordam que está associada ao aumento dos índices de doença tanto nas mães

quanto nos bebês, bem como a uma maior mortalidade de ambos. Isso se reflete

principalmente na disponibilidade da mãe para o seu bebê gerando efeitos

prejudiciais ao vínculo entre os mesmos (KLAUS, KENNELL e KLAUS, 2000).

Episiotomia

A episiotomia é uma incisão feita através do corpo do períneo realizada muito

freqüentemente pouco antes da expulsão da cabeça fetal e facilita o parto por

ampliar o orifício vaginal. Suas principais finalidades são: poupar os músculos do

assoalho perineal de distenção e contusão exageradas e prevenir a pressão

prolongada e exercida pela cabeça fetal sobre o períneo. Uma episiotomia prevenirá

também as freqüentes e inevitáveis lacerações do períneo (ZIEGEL e CRANLEY,

1985).

Para Klaus, Kennell e Klaus (2000), uma grávida e seu obstetra devem

conversar sobre a episiotomia devido ao desconforto para a mãe, impedindo-a de

lidar facilmente com o bebê nos primeiros meses de vida. A episiotomia está

associada com o desconforto prolongado e um maior tempo de recuperação da área

do que as fissuras mais naturais que, com freqüência, têm uma recuperação natural

por si só. Uma alternativa é o cuidado na saída da cabeça utilizando compressas

quentes com óleo no períneo, de forma que a mãe sinta pouca dor. Assim, ocorrerá

apenas uma pequena separação ou rachadura na superfície da mucosa que requer

poucos pontos que não incomodará no período pós-natal e cicatrizará rápida e

naturalmente (KLAUS, KENNELL e KLAUS, 2000).

A OMS (1996, apud BRASIL, 2001b) avalia que determinadas situações,

como sinais de sofrimento fetal, progressão insuficiente do parto e ameaça de

laceração de terceiro grau podem ser bons motivos para a indicação da episiotomia

num parto, até então de evolução normal. Salienta que o profissional deve ser

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

31

habilitado para suturar lacerações e episiotomias de modo adequado, devendo

receber treinamento para isso.

Enteroclisma

O enteroclisma ou enema pode ser prescrito, quando solicitado pela

parturiente, pelo médico e administrado por uma ou várias razões como: auxiliar a

estimular as contrações uterinas; remover do reto o material fecal, que pode,

especialmente quando presente em grandes quantidades, interferir com a descida

da cabeça do feto, e prejudicar a realização de um exame ginecológico adequado;

diminuir a possibilidade de expulsão de material fecal durante o parto, com

subseqüente contaminação do campo (ZIEGEL e CRANLEY, 1985).

Apesar do desconforto à parturiente na realização da lavagem intestinal, o

conforto posterior da mulher e da equipe de saúde deve ser valorizado, pois evacuar

no momento do período expulsivo, com a genitália exposta, pode ser constrangedor

para muitas mulheres. E, além disso, nem sempre a equipe de saúde presente na

sala de parto consegue lidar bem com tal situação, aumentando ainda mais o

constrangimento da mulher. Portanto, a decisão de realizar ou não o enteroclisma

deve considerar essas condições, valorizando principalmente a opinião da

parturiente (BRASIL, 2001a).

Tricotomia

A retirada dos pêlos pubianos foi utilizada rotineiramente nos hospitais,

visando à redução na incidência de infecções de episiotomia, a facilitação da

episiorrafia e uma melhor higiene no pós-parto. Contudo, sua utilização pode gerar

desconfortos e riscos para a parturiente no momento da execução e quando os

pêlos começam a crescer e, ainda, o risco de transmissão de doença, quando

utilizadas lâminas não descartáveis. Soma-se a estes fatos, a não existência de

evidências científicas sobre os benefícios desse procedimento. O MS recomenda

que a tricotomia somente seja realizada por opção da parturiente (BRASIL, 2001a).

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

32

Deambulação

A posição vertical (parada ou deambulando) parece favorecer o trabalho de

parto, portanto, salvo raras exceções, a parturiente não deve ser obrigada a

permanecer no leito. Deambular, sentar e deitar são condições que a gestante pode

adotar no trabalho de parto de acordo com a sua preferência e, em geral de forma

espontânea, existe uma tendência à alternância de posições. As mulheres devem

ser apoiadas em sua escolha (BRASIL, 2001a).

Acompanhante

O direito ao acompanhante da gestante é reconhecido em diversas instâncias,

incluindo o Ministério da Saúde, porém, não é praticado de forma regular e

sistemática em todo o país. Em alguns locais, apenas as mulheres mais favorecidas

economicamente se utilizam desse direito.

O acompanhamento do trabalho de parto por uma pessoa de sua escolha,

marido, companheiro, mãe, familiar próximo ou amiga, lhe fornece o apoio

emocional necessário para esse período. A presença do acompanhante não envolve

preparo técnico, representa o suporte psíquico e emocional da presença

reconfortante, do contato físico, para dividir o medo e a ansiedade, para somar

forças, para estimular positivamente a parturiente nos momentos mais difíceis. Este

apoio à parturiente não deve ser entendido estritamente como uma forma alternativa

de possível controle da dor, mas sobretudo como um direito seu no processo de

humanização do nascimento representando um fator de grande ajuda (BRASIL,

2001a).

Informações e Orientações

O adequado preparo da gestante para o momento do parto é fundamental

para a humanização e isso envolve não só os aspectos técnicos, mas também uma

abordagem de acolhimento da mulher e seu companheiro no serviço de saúde

incluindo o fornecimento de informações desde as mais simples, de onde e como o

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

33

nascimento deverá ocorrer, o preparo físico e psíquico da mulher, os procedimentos

rotineiros e sobre as instalações da maternidade. Durante o pré-natal a gestante

deve receber orientações em relação ao processo gestacional, mudanças corporais

e emocionais, trabalho de parto, parto e puerpério, cuidados com o recém-nascido e

amamentação. Orientações sobre anatomia e fisiologia materna, os tipos de parto e

condutas que facilitam a participação ativa no nascimento devem estar incluídas.

3.5 PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE -

HumanizaSUS

Entende-se por humanização a valorização dos diferentes sujeitos implicados

no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os valores

que norteiam a política de humanização do atendimento no SUS são: autonomia,

protagonismo dos sujeitos, co-responsabilidade entre eles, estabelecimento de

vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão (BRASIL, 2004a).

No campo da saúde, humanização diz respeito a uma aposta ética-estética-

política; ética porque implica a atitude de usuários, gestores e trabalhadores de

saúde comprometidos e co-responsáveis; estética porque relativa ao processo de

produção de saúde e da subjetividade autônoma e protagonista; política porque se

refere à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão da rede

do Sistema Único de Saúde – SUS. O compromisso ético-estético-político da

humanização do SUS se assenta nos valores de autonomia e protagonismo dos

sujeitos, de co-responsabilidades entre eles, de solidariedade dos vínculos

estabelecidos, dos direitos dos usuários e da participação coletiva no processo de

gestão (BRASIL, 2004).

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

34

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

35

4 MARCO TEÓRICO

As teorias fornecem apoio a prática de qualquer disciplina profissional

desenvolvendo um corpo de conhecimentos. Segundo George (1993 apud LUZ e

OLIVEIRA, 2003), as teorias constituem uma forma sistematizada de olhar o mundo

para descrevê-lo, explicá-lo ou encontrá-lo e são baseadas em suposições, modelo

e proposições sendo compostas também de conceitos e definições.

As teorias podem inter-relacionar conceitos de modo a criar uma forma

diferente de se encarar determinado fenômeno; devem ser lógicas por natureza;

relativamente simples, contudo, generalizáveis; ser a base para hipóteses que

podem ser testadas; colaboram e ajudam no sentido de aumentar o conjunto geral

de conhecimentos no âmbito da disciplina, através da pesquisa implementada para

validá-las; podem ser utilizadas por profissionais como um guia e algo que aprimore

sua prática; e devem ser compatíveis com outras teorias, leis e princípios

confirmados, embora deixem em aberto questões não solucionadas que precisam

ser investigadas (GEORGE, 1993).

O marco teórico escolhido para direcionar este estudo foi a teoria do alcance

dos objetivos de Imogene M. King por apresentar uma estrutura e conceitos que

atendem as necessidades do estudo e que se adaptam a explicação da política da

humanização instituída no sistema de saúde, objeto de análise da pesquisa, se

enquadrando quase que perfeitamente ao interesse da pesquisa. A mesma envolve

seres humanos que buscam a manutenção de sua saúde, interagindo com a equipe

que presta assistência, fazendo uso da comunicação como instrumento de trabalho

e parceria, considerando o estresse e as ações nos sistemas (pessoal, interpessoal

e social) descritos na teoria e ainda valorizando o papel de cada indivíduo no

processo.

Além da teoria de King, foram abordados os conceitos do Ministério da Saúde

e de Davim e Menezes (2001) sobre humanização, processo de nascimento,

atenção humanizada, humanização do parto e humanização da assistência, muito

relevantes e importantes para o entendimento e análise da pesquisa.

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

36

4.1 TEORIA DO ALCANCE DOS OBJETIVOS DE IMOGENE M. KING

A teoria do alcance dos objetivos de Imogene M. King deriva-se da estrutura

de sistemas abertos que apresentam várias suposições que são básicas à sua

estrutura conceitual. As suposições são: cuidado de seres humanos como o foco da

enfermagem; saúde dos indivíduos e atendimento à saúde de grupos como meta da

enfermagem; e constituição de sistemas abertos por seres humanos em constante

interação com seu meio ambiente (GEORGE, 1993).

A estrutura conceitual desta teoria compõe-se três sistemas interativos:

sistemas pessoais, sistemas interpessoais e sistemas sociais. Em resumo, entende-

se que: os indivíduos compreendem um tipo de sistema no ambiente, chamado de

sistemas pessoais, que interagem para formar díades, tríades e pequenos e grandes

grupos que compreendem outro tipo de sistema, chamado de sistemas

interpessoais. Grupos com interesses e necessidades especiais formam

organizações que compõem comunidades e sociedades, chamados sistemas sociais

(GEORGE, 1993,).

Segundo George (1993), os elementos principais da teoria do alcance dos

objetivos são vistos nos sistemas interpessoais em que duas pessoas que são

estranhas aproximam-se numa organização de atendimento à saúde para ajudar e

serem ajudadas a manter um estado de saúde que permita o funcionamento em

papéis.

4.2 CONCEITOS SEGUNDO KING

Seres humanos

Segundo GEORGE (1993, p. 182), King identifica várias suposições acerca

de seres humanos. King descreve os seres humanos como “sociais, conscientes,

racionais, perceptivos, controladores, intencionais, voltados à ação e voltados ao

tempo”.

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

37

Saúde

Experiências dinâmicas de vida de um ser humano que implicam ajustamentos contínuos e estressores, no ambiente interno e externo, através de uso adequado dos recursos próprios para alcançar o máximo potencial para a vida diária” (KING apud GEORGE, 1993, p. 183).

Ambiente/Sociedade

“Porção de sistemas sociais de sua estrutura de sistemas abertos” (KING apud

GEORGE, 1993, p.183).

Enfermagem

De acordo com King (apud GEORGE, 1993, p.183), Enfermagem é definida

como:

um processo de ação, reação e interação, pelo qual enfermeira e cliente partilham informações sobre suas percepções na situação de enfermagem [...] e como [...] um processo de interações humanas entre enfermeira e cliente, através do qual cada um percebe o outro e a situação; e, através da comunicação, fixam metas, exploram meios e concordam acerca dos meios para alcançar as metas.

Interação

Interação é definida como “um processo de percepção e comunicação entre a

pessoa e o ambiente, e entre uma pessoa e outra, representada por

comportamentos verbais e não-verbais voltados para uma meta” (KING apud

GEORGE, 1993, p.180).

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

38

4.3 OUTROS CONCEITOS

Enfermagem humanística

A enfermagem humanística engloba muito mais do que a competência técnica, engloba um modo de relacionar-se em favor do outro, seja do enfermeiro/cliente, seja do enfermeiro/médico/membros da equipe. O ser e o fazer estão intimamente relacionados. Esta relação possibilita à enfermagem a oportunidade para o desenvolvimento do ser humano, torna a existência uma coexistência humana. O processo de relações de poder dissipa-se através das inter-relações tornadas humanísticas (ZAGONEL, 1996 apud LUZ; OLIVEIRA, 2003, p.19).

Para Luz e Oliveira (2003) uma das atitudes humanísticas é a preparação da

mulher para viver o parto fornecendo conhecimentos sobre a gestação, o parto e o

puerpério, favorecendo o bem-estar bio-psicossocial.

Assim, para agregar o valor da humanização à enfermagem, é preciso que os

profissionais da área entendam e percebam profundamente o seu significado,

tornando uma necessidade a sua vivência.

Processo de Nascimento

O parto é considerado como:

[...] processo psicossomático, onde o comportamento da gestante ou parturiente vai depender, além da própria evolução do trabalho de parto, do nível de informação da mulher, sua história pessoal, contexto sócio-econômico, personalidade, simbolismo. (DAVIM e MENEZES, 2001, p.64).

O processo de nascimento através do parto representa ainda:

[...] uma transição importante na vida da mulher e da família, um momento em que necessita de apoio e compreensão para poder enfrentar o mais naturalmente possível o trabalho de parto e o parto, sabendo que pode e deve dele participar ativamente, obtendo assim, conforto físico e psíquico. (SIMÕES, 1998 apud DAVIM e MENEZES, 2001, p.64).

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

39

Humanização

“Humanizar é qualificar a atenção à saúde é aprender a compartilhar saberes

e reconhecer direitos” (BRASIL, 2004a, p.16).

Atenção humanizada

A atenção humanizada e de boa qualidade implica no estabelecimento de relações entre sujeito, seres semelhantes, ainda que possam apresentar-se muitos distintos conforme suas condições sociais, raciais, étnicas, culturais e de gênero. Respeita a individualidade de cada mulher, um ser único que deve ser tratado com dignidade e ter a sua saúde e bem-estar assegurados (BRASIL, 2004a, p.8).

Humanização do Parto

“Atenção humanizada ao parto é ampla e envolve um conjunto de

conhecimentos, práticas e atitudes que visam à promoção do parto e do nascimento

saudáveis e a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal” (BRASIL, 2001a,

p.5).

Humanização da assistência

“Humanização é a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo

de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores” (BRASIL, 2004a, p.8).

Humanizar a assistência significa compreender o momento em que o ser

humano necessita ter sua saúde assistida, considerar que a sensibilidade e

segurança do indivíduo estão afetadas e oferecer apoio de profissionais

capacitados. Esses devem ter consciência de que lidam com pessoas e que estas

merecem e têm o direito a uma assistência de qualidade, não só tecnicamente, mas

também de terem sua dignidade, opinião e escolhas respeitadas.

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

40

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

41

5 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

5.1 ESPAÇO DA PESQUISA

O estudo foi realizado nos domicílios das puérperas selecionadas e na

Maternidade do Hospital Regional Homero de Miranda Gomes (HRHMG), da

Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES-SC), situado à Rua Adolfo

Donato da Silva, s/n, Praia Comprida, São José.

Apresentaremos a seguir um breve histórico da Unidade. O hospital foi

inaugurado em 25 de fevereiro de 1987 e ativado no dia 02 de março do mesmo

ano. Foram ativados 36 leitos de maternidade em regime de alojamento conjunto na

Unidade de Internação Obstétrica, o Centro Obstétrico, a Unidade de Neonatologia,

o Banco de Leite Humano, a Triagem Obstétrica, a Emergência e o Setor de

Treinamento, sendo que o Centro Cirúrgico funcionava conjuntamente com o Centro

Obstétrico (SANTA CATARINA, 2005).

Em março de 1987 o Hospital Regional de São José contava com 86

funcionários na área de enfermagem e ao final do ano eram 163 funcionários. O

Centro Cirúrgico foi ativado em 02 de novembro de 1987, com a abertura de 03

salas cirúrgicas para atendimento à Ginecologia e Obstetrícia. Em dezembro de

1987 foi inaugurado o Serviço de Emergência, sendo então deslocada a Triagem

Obstétrica para o setor onde funcionaria o ambulatório.

A nova maternidade foi inaugurada em 26 de dezembro de 2002, iniciando

com o atendimento de Emergência Obstétrica e Neonatologia. Em agosto de 2004

foi ativada a sala de recuperação pós-parto propiciando um ambiente mais tranqüilo

e acolhedor às puérperas, acompanhantes e recém-nascidos. O Banco de Leite

Humano, que funcionava no 4º andar do hospital, foi transferido para a nova

maternidade em setembro de 2004, sendo ativada a Sala de Processamento e

Distribuição de Leite Humano, que funcionava junto ao Serviço de Nutrição e

Dietética.

Em março de 2005, a sala de recuperação pós-parto passou a receber

também as pacientes cirúrgicas (parto cesáreo e curetagens), que recebiam

assistência na Sala de Recuperação do Centro Cirúrgico Geral. Em maio do mesmo

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

42

ano, contando com novos equipamentos, foi ativada também a Sala de Cesariana e

Curetagem, que funcionava no Centro Cirúrgico Geral do hospital.

O hospital possui unidades de internação, emergência, isolamento, Unidade

de Terapia Intensiva (UTI) Geral e Neonatal. A maternidade situa-se dentro do

hospital.

Trata-se de um Hospital-Escola, terciário, de referência, sendo que no ano de

2004 realizou 318 partos, sendo 212 partos normais e 106 cesarianas. As pacientes

atendidas na maternidade do Hospital Homero de Miranda Gomes são, em sua

maioria, provenientes da região da Grande Florianópolis (SANTA CATARINA, 2005).

5.2 TIPO DE ESTUDO

A pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das

características da população ou um fenômeno, ou esclarecimento e estabelecimento

de relações entre variáveis. Utiliza técnicas padronizadas de coleta de dados,

questionário e observação sistemática (UNIVALI, 2002).

Trata-se de um estudo descritivo com amostragem não intencional, onde

foram utilizadas as Autorizações de Internação Hospitalar – AIH – de Biguaçu, do

primeiro semestre de 2005.

As AIH foram colocadas por ordem numérica decrescente e foi realizado um

sorteio aleatório da amostra. Após o sorteio foi feito um levantamento nos

prontuários para levantamento de dados mais específicos e identificação do

endereço e dados da internação, sendo que este levantamento foi realizado pela

pesquisadora.

A amostra foi escolhida da seguinte maneira: foram feitos dois quadros com

ordem numérica dos partos normais e cesáreos e, considerando a existência de 198

registros, 137 de parto normal e 61 de cesáreas, e a necessidade de selecionarmos

10 registros de cada quadro, dividimos o total de cada quadro por 10 chegando as

variáveis 13,7 e 6,1 para parto normal e parto cesáreo respectivamente. Assim, para

o parto cesáreo, uma mulher a cada 6 foi escolhida e para o parto normal uma a

cada 13 mulheres. Foram separadas inicialmente 20 mulheres, 10 de cada tipo de

parto, 7 foram excluídas por não atenderem as especificações da amostra, ou seja,

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

43

eram AIH de 2005, porém o parto havia sido realizado nos últimos dias de 2004.

Desta forma, foram selecionadas 6 mulheres de parto cesáreo e 7 de parto normal.

Participaram deste estudo apenas quatro mulheres, pois uma não aceitou fazer a

entrevista, cinco não foram localizadas por falta de dados no prontuário, como

inexistência de telefone para contato ou número de telefone alterado e endereço

incompleto, e uma não reside mais no município. Não foi possível agendar novas

entrevistas a partir de nova seleção devido ao tempo disponível para realização e

conclusão da pesquisa e, considerando a característica qualitativa do estudo.

Podemos considerar alguns possíveis fatores limitadores na realização da

coleta de dados, como: a distância de tempo entre a coleta dos dados e as datas de

realização dos partos dificultando o interesse dos sujeitos de pesquisa em participar,

o receio de se envolver em pesquisas e de receber pessoas estranhas em sua

residência e a existência de endereços falsos utilizados para possibilitar o acesso ao

serviço de referência.

As mulheres selecionadas, conforme mostra o quadro abaixo, foram

convidadas a participar do estudo através de um contato telefônico e a entrevista

agendada para data posterior. Os sujeitos da pesquisa que participaram do estudo

encontram-se grifadas no quadro tendo sido entrevistadas duas mulheres

submetidas a parto normal e duas a parto cesáreo.

Quadro 1: Mulheres selecionadas como sujeito da pesquisa, por tipo de parto, do município de Biguaçu e que foram atendidas na maternidade de referência de São José no primeiro semestre de 2005.

Seleção Nome (Iniciais) Prontuário Parto Bairro

1 E. M. de L. 027202 PC Boa Vista 2 M. M. do N. 039834 PC Serraria 3 C. S. D. 333740 PC Jardim Carandaí 4 M. T. P. 364448 PC Bom Viver 5 I. S. 373628 PC Fundos 6 S. S. O. 373939 PC Bom Viver 1 R. M. dos S. da R. 099369 PN Jardim Janaína 2 A. R. de A. 144213 PN Jardim Carandaí 3 F. A. M. 244762 PN Rio Caveiras 4 E. N. B. 321815 PN Jardim Anápoles 5 I. da R. C. 362789 PN Jardim Janaína 6 J. R. da S. 364431 PN Fundos 7 A. L. 372189 PN Bom Viver

Fonte: SIH, 2005.

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

44

5.3 SUJEITOS DA PESQUISA E ASPECTOS ÉTICOS

A coleta de dados ocorreu no período compreendido entre os meses de abril

e outubro de 2006. As mulheres selecionadas receberam visita da pesquisadora

para esclarecer os objetivos da pesquisa, assinatura do termo de consentimento

livre esclarecido e agendamento da entrevista, caso a mesma não pudesse ser

realizada neste mesmo encontro.

Os sujeitos de pesquisa foram selecionados aleatoriamente através da AIH.

Aqueles selecionados que aceitaram realizar a entrevista assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Apêndice A), estando este fundamentado nos

direitos das Normas e Diretrizes da Pesquisa com Seres Humanos conforme a

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – CNS/MS, e foram submetidos

a uma entrevista semi-estruturada (Apêndice B). O projeto da pesquisa foi

submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí e

aprovado em 8 de dezembro de 2005.

5.4 INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com as mulheres gravadas

com a devida autorização.

A entrevista constou de duas partes. A primeira de identificação que continha

as seguintes informações retiradas do prontuário: nome da mulher, idade, tipo de

parto realizado e data do parto, e complementada com os outros dados durante a

entrevista. A segunda etapa foi composta por algumas perguntas buscando levantar

sua opinião sobre a humanização do atendimento no processo do nascimento na

Maternidade do HRHMG.

Foi utilizado também pela pesquisadora o diário de campo onde foram

anotadas as observações feitas durante as entrevistas e as suas reações como

comunicação não verbal.

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

45

5.5 ANÁLISE DOS DADOS

Foi realizada uma análise quantitativa dos dados secundários obtidos através

do SIH - Sistema de Informação Hospitalar onde os resultados foram apresentados

em gráficos, tabelas e quadros.

Com relação aos dados qualitativos foi utilizada uma análise de conteúdo.

Segundo Turato (2003), a análise é a mais simples dentre as análises de conteúdo,

pois procura nas expressões verbais ou textuais os temas gerais recorrentes no

interior de conteúdos concretos, ou seja, uma primeira forma de categorização e

subcategorização.

Para análise dos dados qualitativos (dados primários) foram percorridos os

passos descritos a seguir.

O primeiro passo foi a transcrição das entrevistas visando retratar o conteúdo

verbal e não verbal, com anotações e expressões importantes sendo registradas

pela pesquisadora no diário de campo. As entrevistas foram digitadas na íntegra,

corrigindo erros grosseiros da língua portuguesa, porém, tomando o cuidado de não

modificar as características básicas do texto.

O segundo passo consistiu em retirar as informações principais de cada

entrevista grifando na transcrição as principais categorias de análise, procurando

identificar nas falas as idéias centrais, temas, regularidades e singularidades.

No terceiro passo foi criada uma identificação para cada entrevista, visando

preservar o anonimato dos participantes. Ficou definido que não seriam utilizados

nomes fictícios ou outras denominações devido ao número reduzido de sujeitos.

Assim, as entrevistas estão identificadas como E1, E2, E3 e E4, respeitando a

ordem cronológica de realização das entrevistas.

No quarto passo foram verificadas as categorias de análise levantadas,

apresentando as principais falas autorizadas e sua análise com a revisão

bibliográfica.

As respostas das perguntas abertas foram gravadas, transcritas e agrupadas

em planilha do Microsoft Excel para facilitar a classificação das mesmas. Foram

analisadas de forma a desvelar as mensagens implícitas, separadas categorizando

as respostas convergentes e divergentes sobre o tema humanização. Emergiram

desta análise as seguintes categorias: humanização da assistência à saúde;

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

46

humanização do parto; ações e recursos utilizados para a humanização; e

classificação do atendimento.

As categorias que emergiram dos dados, foram analisadas e discutidas à

luz dos resultados obtidos por outros estudos divulgados na literatura, em especial,

dos que versavam sobre a humanização do parto e a política de humanização do

parto e nascimento e considerando os preceitos da teoria do alcance dos objetivos

de Imogene M. King.

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

47

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

48

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

6.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ATENDIMENTOS

Neste capítulo apresentaremos inicialmente a caracterização da população e

do atendimento da Maternidade de Referência de São José. Foi realizada uma

análise quantitativa dos dados secundários obtidos através do Sistema de

Informação Hospitalar – SIH.

6.1.1 População atendida

A figura 1 apresenta os municípios de procedência das mulheres que

utilizaram a maternidade de referência de São José para a realização de parto

normal ou cesáreo, no primeiro semestre de 2005, totalizando 1937 atendimentos.

Figura 1: Municípios de procedência das mulheres atendidas na maternidade de referência do São José, jan-jun 2005.

10,0%

11,0%

31,4%

37,1%

Águas Mornas Alfredo Wagner Antönio Carlos Araranguá Biguaçu

Brusque Campos Novos Criciúma Florianópolis Garopaba

Gaspar Governador Celso Ramos Imbituba Itapema Joinville

Laguna Mafra Palhoça Paulo Lopes Santo Amaro da Imperatriz

São Bento do Sul São Bonifácio São Joáo Batista São José São Pedro de Alcântara

Sombrio Tijucas Gravatal Xanxerê

Fonte: SIH, 2005.

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

49

Observa-se que a maternidade atende principalmente os municípios

pertencentes à 18ª Regional de Saúde (Grande Florianópolis). Atende, na maioria,

os munícipes de São José correspondendo a 718 atendimentos, seguidos de

Palhoça com 608, Florianópolis com 214 e Biguaçu com 194 atendimentos, além de

atender em menor número os municípios de Santo Amaro da Imperatriz, Governador

Celso Ramos, Águas Mornas, Antonio Carlos, São Pedro de Alcântara e São

Bonifácio, todos os municípios pertencentes a regional de saúde da Grande

Florianópolis.

O Plano Diretor de Regionalização – PDR – elaborado pela Secretaria

Estadual de Saúde de Santa Catarina, em 2005, apresenta a distribuição dos

municípios em oito macrorregiões (Extremo Oeste, Sul, Vale do Itajaí, Nordeste,

Planalto Serrano, Planalto Norte, Meio Oeste e Grande Florianópolis) e em 30

microrregiões que segue a Lei Estadual nº 284 de Janeiro de 2005. Cada

microrregião possui uma estrutura administrativa vinculada a uma Secretaria de

Desenvolvimento Regional – SDR – e uma regional de saúde conforme está

demonstrado nas figuras 2 e 3 (SANTA CATARINA, 2005).

Figura 2: Mapa geográfico demonstrando as macrorregiões de SC.

Fonte: SES/PDR/2005.

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

50

Figura 3: Mapa geográfico das Regionais de Saúde de Santa Catarina.

Fonte: SES/PDR/2005.

Os municípios atendidos na Maternidade do HRHMG pertencem, em sua

maioria, à macrorregião da Grande Florianópolis que é constituída pelos municípios:

Botuverá, Brusque, Canelinha, Guabiruba, Major Gercindo, Nova Trento, São João

Batista e Tijucas (todos da 16ª SDR); Águas Mornas, Angelina, Anitápolis, Antônio

Carlos, Biguaçu, Florianópolis, Governador Celso Ramos, Palhoça, Rancho

Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São José e São Pedro de

Alcântara, todos da 18ª SDR (SANTA CATARINA, 2005).

Devido à referência que outros municípios possuem da Maternidade, são

encaminhadas gestações de risco. Dessa forma, a maternidade recebe mulheres

principalmente dos demais municípios que compõem a regional de saúde da Grande

Florianópolis e também da microrregional de Brusque que, pelo PDR do Estado, a

maternidade do HRHMG é referência para esta regional, pois as duas regiões

compõem a macrorregional da Grande Florianópolis. Com relação a regional de

saúde de Brusque (16ª SDR) foi realizado apenas um atendimento proveniente do

próprio município de Brusque e nove atendimentos de mulheres procedentes de

Tijucas.

Outro fato é que alguns municípios desta macrorregião não possuem hospital

e ou maternidade, por isso, todos os partos de baixo e alto risco são encaminhados

para os hospitais de referência em Florianópolis (Hospital Universitário e

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

51

Maternidade Carmela Dutra) e em São José (HRHMG). Salientamos que apenas a

Maternidade Carmela Dutra é oficialmente referência no estado. O HU e o HRHMG

são referências “informais”. Os municípios que não possuem unidade hospitalar são:

Águas Mornas, Antônio Carlos, Biguaçu, Governador Celso Ramos, Leoberto Leal,

Major Gercindo, Palhoça, Rancho Queimado e São Pedro de Alcântara.

As demais macrorregionais deveriam referenciar internamente, dentro das

suas próprias macrorregiões, as mulheres para este tipo de procedimento, porém, o

que se observa são atendimentos provenientes das mais diferentes micros e

macrorregiões de todo o Estado de Santa Catarina. Os atendimentos de menor

freqüência têm como procedências os municípios de: Alfredo Wagner, Criciúma,

Garopaba, Imbituba, Paulo Lopes, Laguna, Mafra, Campos Novos, Gaspar, São

Bento do Sul, Xanxerê, Araranguá, Joinville, Imbituba e Itapema. Este fato pode

estar ocorrendo por demanda espontânea das pacientes e não se caracteriza como

uma referência estabelecida para este atendimento, pois foram um ou dois casos de

cada município, sendo que destes, alguns municípios apresentaram números mais

expressivos, como: 26 atendimentos provenientes de Paulo Lopes, 18 de Garopaba,

7 de Itapema e 5 de Alfredo Wagner. Tornam-se necessários estudos mais

aprofundados para avaliar este comportamento que não é objetivo deste estudo.

Figura 4: Número de atendimentos realizados por município, jan-jun 2005.

175 12

194

3

214

23 20 7

608

2653

4

718

9 9 15

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Água

s M

orna

sAlfr

edo

Wag

ner

Antö

nio

Car

los

Big

uaçu

Cric

iúm

aFl

oria

nópo

lisG

arop

aba

Gov

. Cel

so R

amos

Imbi

tuba

Pal

hoça

Pau

lo L

opes

Sto

Amar

o da

Impe

ratri

zSã

o Jo

áo B

atis

taSão

Jos

é

São

Pedr

o de

Alc

ânta

ra

Tiju

cas

Out

ros

Fonte: SIH, 2005.

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

52

Os municípios com maior número de atendimento são: São José, com 473

partos normais e 245 partos cesáreos realizados; Palhoça, com 408 partos normais

e 200 partos cesáreos; Florianópolis, com 146 partos normais e 68 partos cesáreos;

e Biguaçu, com 146 partos normais e 48 partos cesáreos. Do total de 1937

atendimentos, 66,7% foram partos normais (1292) e 33,3% partos cesáreos (645).

6.1.2 Média de permanência

A recuperação da mulher que realizou parto normal é mais rápida

comparando com a média de permanência daquelas que realizaram parto cesáreo.

A média de permanência do total de internações por parto normal, no período

estudado, é de 2,5 dias e a média de permanência das cesarianas é de 4,2 dias. A

figura a seguir demonstra graficamente a diferença de permanência existente entre

os dois tipos de parto, por município.

Figura 5: Média de permanência das internações, por tipo de parto, do total de mulheres atendidas na maternidade do HRHMG, jan-jun 2005.

Águ

as M

orna

sAlfr

edo

Wag

ner

Ant

önio

Car

los

Bigu

açu

Cric

iúm

aFl

oria

nópo

lisG

arop

aba

Gov

. Cel

so R

amos

Imbi

tuba

Palh

oça

Pau

lo L

opes

Sto

Am

aro

da Im

pera

triz

São

Joá

o Ba

tista

São

José

São

Ped

ro d

e Al

cânt

ara

Tiju

cas

0

1

2

3

4

5

6

7

8

PN PC

Fonte: SIH, 2005.

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

53

A figura 6 demonstra que o mesmo acontece quando avaliamos somente as

internações de mulheres provenientes de Biguaçu. O parto normal é responsável

pela menor média de permanência na maternidade após o processo de nascimento,

2,3 dias, e o parto cesáreo acarreta em uma permanência mais prolongada, 4,2 dias.

Figura 6: Média de permanência das mulheres provenientes de Biguaçu atendidas na maternidade do HRHMG, por tipo de parto, no período de janeiro a junho de 2005.

PN; 2,3

PC; 4,2

Fonte: SIH, 2005.

Segundo o MS, algumas portarias apresentam parâmetros para esses

procedimentos. Na Portaria GM/MS nº 572/2000, a média de permanência adequada

para o parto normal é de 2 dias e para o parto cesáreo de 3 dias, salvo necessidade

de permanência prolongada em casos especiais como complicações obstétricas. As

médias de permanência para as gestações de alto risco, com realização de parto

normal ou cirúrgico, obedecem às mesmas determinações, 2 e 3 dias (BRASIL,

2000e).

Já a Portaria 1.101 de 2002 e o manual de parâmetros para programação das

ações básicas de saúde de 2001 definem 3 dias como média de internação

(BRASIL, 2001c; 2002b).

A permanência reduzida no hospital evita a ocorrência de infecções

hospitalares, reduz o desconforto das pessoas envolvidas, mãe, pai, RN e família,

pois possibilita o convívio e cuidados especiais em um ambiente de sua escolha,

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

54

que lhe é familiar. E ainda, a permanência prolongada acarreta mais custos para o

município/estado.

Segundo Diniz (2001), é sabido que, além das possíveis repercussões sobre

a saúde das mulheres e dos recém-nascidos, o abuso de cesáreas tem um impacto

adicional sobre as contas do setor saúde resultante das complicações infecciosas e

anestésicas, ou da simples ocupação por mais dias de internação dos já reduzidos

leitos obstétricos.

Nos casos de permanência prolongada no hospital/maternidade, as infecções

hospitalares são as que afetam o paciente durante a internação. Um descuido da

equipe de enfermagem, médica e acompanhante no cumprimento das normas

referentes à lavagem das mãos, esterilização, desinfecção e limpeza aliado à

existência de pacientes imunodeprimidos, incapazes de reagir a microorganismos,

ou pacientes sujeitos aos problemas da tecnologia e procedimentos complexos,

podem provocar uma infecção intra-hospitalar ou hospitalar ao entrarem em contato

com germes. As infecções hospitalares podem ser originadas por: flora do próprio

paciente (infecção endógena) e flora de outro paciente; através de contato direto ou

físico de dois indivíduos, vias respiratórias (aerossóis), vetores (insetos e artrópodes)

e inoculação traumática (introdução de microorganismo no paciente através de

técnicas médicas, cirúrgicas ou de enfermagem) (LÓPEZ e CRUZ, 2002).

Para se evitar a ocorrência de infecções hospitalares são tomadas diversas

medidas relacionadas com formação de equipes multidisciplinares especializadas

em normas de higiene e prevenção, discussão sobre os níveis de infecções em cada

unidade, aplicação de normas preventivas, uso de antibióticos, adoção de

tratamentos menos agressivos para o organismo e a resolução precoce de

problemas de saúde reduzindo o tempo de permanência dos usuários no ambiente

hospitalar e incentivando e orientando os cuidados domiciliares quando possível e

seguro (LÓPEZ e CRUZ, 2002).

6.1.3 Tipo de parto

O tipo de parto realizado pode estar relacionado a diversos fatores, como:

grau de instrução, idade, nível sócio-econômico, assistência pré-natal, nível de

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

55

informação, entre outros aspectos relacionados à gestante. Nos aspectos

relacionados aos profissionais da saúde temos: as rotinas de cada instituição, a

resistência de alguns profissionais médicos em realizar o parto normal, mais

demorado e sem agendamento conveniente, despreparo dos médicos e da equipe,

etc. Alguns estudos associam a maior ocorrência de cesáreas à desinformação das

mulheres, que acreditam ser esse tipo de parto menos complicado, mais rápido e

sem dor. No entanto, ao ser atendida em uma maternidade da rede pública, a

mulher não é questionada quanto à sua vontade e anseios em relação ao tipo de

parto. Durante a internação, nem mesmo tem informado antecipadamente que tipo

de parto será realizado, de acordo com a decisão do médico.

Nos atendimentos realizados na maternidade do estudo, prevaleceu, no

período de janeiro a junho de 2005, a realização de parto normal. Embora não se

use questionar a mulher quanto a sua vontade, a maternidade busca efetivar o

preconizado pelo MS em relação ao tipo de parto. A figura 7 mostra a distribuição

dos tipos de parto realizados na maternidade de referência, de acordo com a

procedência (município) de cada mulher.

Figura 7: Ocorrência dos tipos de parto por município, HRHMG, jan-jun 2005.

12 5 2 3 6 6

146

48

1 2

146

68

176 713 5 2

408

200

1610

3716

1 3

473

245

6 3 3 6 6 9

Águ

as M

orna

sA

lfred

o W

agne

rA

ntön

io C

arlo

sB

igua

çuC

riciú

ma

Flor

ianó

polis

Gar

opab

aG

ov. C

elso

Ram

osIm

bitu

baP

alho

çaP

aulo

Lop

es

Sto

Am

aro

da Im

pera

triz

São

Joá

o B

atis

taS

ão J

osé

São

Ped

ro d

e A

lcân

tara

Tiju

cas

Out

ros

PN PC

Fonte: SIH, 2005.

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

56

Segundo Silveira (2005), “não existe um tipo de parto ideal para todas as

mulheres, e sim variáveis de escolha”. Para o autor, a decisão sobre o tipo de parto

deve ser da mulher e será influenciada pela assistência pré-natal realizada, que

deve tirar todas as dúvidas e orientar sobre a gestação e o parto. No entanto, neste

estudo, a realidade nos mostra que a escolha não parte da parturiente, pois todas as

entrevistadas afirmaram não ter participado da escolha. O médico obstetra é quem

decide sobre o tipo de parto e este deve pensar em todos os aspectos envolvidos,

como: preparo psicológico e expectativas da mulher, do companheiro, da família,

saúde materna e fetal, para tomar uma decisão acertada. Não deveria, porém,

deixar de solicitar à parturiente sua opinião, questionar seu preparo e pelo menos

informar os motivos de sua escolha.

Santos (2002), afirma ser o tipo de parto um dos fatores que contribuem para

a morte materna, pois se sabe que o parto por cesariana expõe a mulher a um maior

risco de complicações e morte.

A falsa associação de causa-efeito entre o aumento da taxa de cesárea e a diminuição da mortalidade perinatal foi responsável por um respaldo pseudocientífico para o aumento indiscriminado da prática de cesarianas em todo o mundo ocidental e particularmente no Brasil. (CECATTI; PIRES; GOLDBERG, 1999 apud SANTOS, 2002, p.89).

No final da década de 1990, o Ministério da Saúde passou a adotar medidas

que visam o controle das taxas hospitalares de cesárea no sistema público de

saúde, como a Portaria 2.815/1998, que limitou a taxa hospitalar para 40%, com

limites decrescentes a cada semestre. Essa foi complementada pela Portaria GM nº

466/2000, que instituiu o Pacto para Redução das Taxas de Cesarianas definindo

para Santa Catarina 30% como limite máximo de cesarianas e definiu o papel

estratégico das Secretarias Estaduais de Saúde no acompanhamento e regulação

das taxas de cesáreas dos hospitais de seus Estados (BRASIL, 1998a; 2000).

A Portaria nº 466, de 14 de junho de 2000, tem como objetivo formalizar o

compromisso dos estados de desenvolver a política de redução de cesarianas,

considerando a existência de portarias que versam sobre os limites percentuais

máximos de cesariana (Portarias GM/MS nº 2.815, de 29 de maio de 1998, e

GM/MS nº 865, de 03 de julho de 1999). Esta portaria estabelece como competência

dos estados e do Distrito Federal definir limites de percentual máximo de cesarianas,

por hospital, em relação ao numero total de partos realizados e, ainda, definir

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

57

estratégias para reduzir esse tipo de parto em todo o estado. O anexo III da mesma

Portaria consiste no “pacto para redução das taxas de cesariana” que deve ser

assinado por cada Secretaria de Estado da Saúde e pelo Ministério da Saúde

assumindo o compromisso político de, no âmbito de suas áreas de atuação e

competência, envidar todos os esforços para atingir as metas de redução (BRASIL,

1998a; 1999; 2000d).

A qualidade da assistência ao pré-natal e ao parto depende tanto da

instituição de saúde como do profissional que presta o atendimento. Em muitos

hospitais-maternidades, os funcionários estão sobrecarregados, indiferentes,

desmotivados e rotineiros nas suas atitudes e são eles os depositários dos

procedimentos que são transmitidos na prática de uns para os outros. Os novos

profissionais quando chegam à prática, depois de aprender a teoria na escola,

encontram rotinas e procedimentos já estabelecidos que só podem ser questionados

em ambientes onde não há acomodação e indiferença. Muitas vezes essas questões

não são levantadas porque a mulher e a criança não são acompanhadas após sua

saída da maternidade, ou seja, são outros profissionais que acompanham em outras

unidades de saúde. Isso dificulta a avaliação do certo ou errado que ocorreu durante

o parto. Não há interesse em questionar e mudar as rotinas (SANTOS, 2002;

LARGURA, 2005).

Dessa forma, permanece a “vontade” da instituição, não da mulher e sua

família. Não há questionamentos, orientações e nem mesmo informações; a mulher

torna-se objeto, sem direito à escolha.

Segundo D´Orsi e Carvalho (1998 apud RANGEL, 2005), o tipo de parto

reflete a organização da atenção obstétrica, pois permite a programação conforme

conveniência quando parto cesáreo, sem a observação dos critérios e indicações

estabelecidos pelos órgãos representativos, aumentando o risco de

morbimortalidade materna e do recém-nascido. Agrega-se a esse fato, a

capacitação insuficiente dos médicos para realização de parto vaginal. Fatores

socioculturais também influenciam esse acontecimento, o que poderia ser revertido

com uma assistência pré-natal adequada e eficiente.

Tornquist (2004) afirma que, dependendo do hospital e da região, os partos

cirúrgicos são considerados, mesmo que muitas vezes justificados, como uma

maneira natural de uma mulher dar à luz. Diz ainda que, muitos estudos sobre o

tema apontam o parto cesáreo como uma opção quase total em clínicas e

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

58

maternidades privadas ao mesmo tempo em que em regiões mais pobres a taxa de

cesáreas está associada à realização de laqueadura de trompas. De acordo com

Tornquist, nas últimas décadas vários discursos surgiram sobre as vantagens do

parto cirúrgico, o que resultou na atribuição às próprias mulheres da preferência pela

cesárea.

Para Santos (2002), é importante e necessário destacar que a operação

cesariana é um componente importante de uma prática obstétrica adequada, pois

quando há uma indicação médica estrita, pode ser considerada como um dos

maiores avanços na prática obstétrica, podendo até ser entendida como um dos

fatores de humanização do atendimento.

A partir da análise de dados de países com menores taxas de perimortalidade

no ocidente e da observação de que somente 15% das cesarianas são decorrentes

de indicações médicas, a OMS desenvolveu um valor esperado para as taxas de

cesariana em uma determinada região. Assim, foi adotado o valor-teto de 15% como

referencial para o nosso território nacional (DATASUS, 2000 apud SANTOS, 2002).

Das mulheres atendidas na maternidade de referência, provenientes do

município de Biguaçu, foram realizados no período: 146 partos normais (75%) e 48

partos cesáreos (25%) como mostra a figura 8. Avaliando a população feminina de

Biguaçu, atendida a luz do parâmetro estabelecido pela Portaria MS/GM nº 466, que

para o Estado de Santa Catarina é de (30%), pode-se inferir que o município de

Biguaçu no período estudado, ano de 2005, atendeu os parâmetros preconizados,

sendo a maioria dos partos normal. É necessário avaliar melhor os fatores que

levaram estas mulheres à opção por este tipo de parto, já que a unidade de

referência teve como resultado neste mesmo período, considerando a cobertura total

das mulheres, um parâmetro um pouco acima do preconizado pela Portaria, 33%.

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

59

Figura 8: Prevalência por tipo de parto de mulheres procedentes do município de Biguaçu, HRHMG, jan-jun 2005.

146

48

0 20 40 60 80 100 120 140 160

PN

PC

Tipo de parto - Biguaçu

Fonte: SIH, 2005.

Da amostra selecionada para a análise qualitativa, todas as mulheres

entrevistadas afirmaram não ter participado da escolha pelo tipo de parto. Todas

foram submetidas à decisão médica. Duas realizaram parto normal e duas parto

cesáreo.

6.1.4 Idade

Com relação à idade das mulheres, observa-se que, do total de 1937

atendimentos (figura 9), 0,1% possui mais de 45 anos, 10,5% entre 35 e 44 anos,

35,6% entre 25-34 anos, 52,9% entre 15-24 anos e 0,9% com idade inferior a 15

anos. No município de Biguaçu (figura 10) estes percentuais ficam muito próximos

ao do total da unidade de referência, sendo 10,3% de mulheres de 35 a 44 anos,

26,7% entre 25 e 34 anos, 61,6% entre 15 e 24 anos e 1,4% abaixo de 15 anos.

Percebe-se que em todas as faixas etárias predominou a realização de parto normal.

25%

75%

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

60

9 8

705

320

450

240

127771 0

1292

645

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

05-14 15-24 25-34 35-44 45-54 Total

PN PC

2 1

90

25

39

17 15

5 0 0

146

48

0

20

40

60

80

100

120

140

160

05-14 15-24 25-34 35-44 45-54 Total

PN PC

Fonte: SIH, 2005.

6.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA

Na seqüência apresentaremos os dados qualitativos e as características dos

sujeitos da pesquisa.

Com relação aos sujeitos de pesquisa foram entrevistadas 4 mulheres, duas

residentes no bairro Jardim Janaína, uma no bairro Jardim Carandaí e uma no bairro

Bom Viver sendo que elas possuíam idade entre 18 e 38 anos.

6.2.1 Grau de instrução, estado civil, ocupação e número de filhos

Com relação ao grau de instrução três apresentavam primeiro grau

incompleto e uma primeiro grau completo. Três apresentavam como estado civil

amasiado e apenas uma é casada. Com relação à profissão, três eram do lar e uma

chefe de cozinha, com média salarial de 3 a 5 salários mínimos e nenhuma possuía

plano de saúde particular. Na ocasião das entrevistas, duas mulheres assumiram a

condição “do lar”; uma devido à necessidade de abandonar o emprego de camareira

Figura 9: Idade das mulheres atendidas HRHMG, jan-jun 2005.

Figura 10: Idade das mulheres de Biguaçu, atendidas HRHMG, jan-jun 2005.

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

61

para cuidar das filhas, pois a babá contratada assumiu outro compromisso,

desconhecia outra pessoa para o trabalho e não possuía condições financeiras para

uma remuneração a contento da categoria prestadora do serviço. A segunda, chefe

de cozinha, estava se afastando do trabalho que tinha há mais de 10 anos,

coincidindo com a necessidade de seu patrão de demitir parte de seu pessoal, com

a necessidade da entrevistada em acompanhar o crescimento de seu segundo filho

considerando também que o mesmo não tinha um cuidador em tempo integral.

Com relação ao número de filhos somente a entrevistada com idade de 18

anos estava vivenciando a experiência da maternidade pela primeira vez. As demais

possuíam outros filhos, como citado anteriormente, uma delas estava na terceira

gestação e as demais na segunda experiência.

Sabemos que o abandono do estudo está diretamente ligado às gestações

não desejadas, mas o que percebemos nesta pesquisa foi a inexistência desse fator

na maioria das entrevistas. Apenas duas das entrevistadas não desejaram as

gestações, uma que vivenciava a maternidade pela 1ª vez e outra que vivenciava

pela 3ª vez a experiência de ser mãe. Na maioria dos casos, os estudos foram

abandonados antes das últimas gestações, pela necessidade de trabalhar para o

próprio sustento e/ou de sua família. Apenas um caso se enquadra na associação

de abandono do estudo com gravidez não planejada. Duas das entrevistadas

desejaram o segundo filho, tendo estes um grande distanciamento de tempo em

relação ao irmão mais velho, diferença de 13 anos em média.

De acordo com Sabroza et al (2004), mesmo nos países ricos, engravidar na

adolescência reduz as chances de sucesso profissional e uma gravidez indesejada

na adolescência é, muitas vezes, um fator facilitador para a permanência em uma

situação de pobreza, freqüentemente levando à interrupção do desenvolvimento

escolar da adolescente e reduzindo as futuras oportunidades no mercado de

trabalho.

Quando questionada sobre o retorno às atividades escolares, a entrevistada

adolescente referiu desejar voltar a estudar quando seu filho estiver “um pouco

maior” e puder deixá-lo com um segundo cuidador, cunhada ou sogra, por exemplo.

As outras mulheres não se preocupam com a escolaridade, se dizem “velhas

demais” para voltar a estudar e afirmam ser suas únicas preocupações a família,

principalmente os filhos.

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

62

6.3 ASSISTÊNCIA NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL

Considerando as etapas pelas quais a mulher passa, podemos definir o ciclo

gravídico-puerperal como todo o processo vivenciado pela mulher, desde a

concepção até o pós-parto, ou seja, gravidez, trabalho de parto, parto e puerpério. A

mulher deve ser acompanhada em todos esses períodos, pois cada um tem sua

importância e peculiaridades.

Aqui, dividiremos esse processo em duas etapas para melhor entendermos as

análises, são elas: assistência no pré-natal (gravidez) e assistência no processo de

nascimento (trabalho de parto, parto e puerpério).

6.3.1 Assistência no pré-natal

O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento foi instituído no ano

de 2000 pelo Ministério da Saúde através da Portaria/GM nº 569, prevê um Incentivo

à Assistência Pré-natal que objetiva estimular estados e municípios a realizarem o

acompanhamento pré-natal adequado e o cadastramento das gestantes, de acordo

com os princípios e critérios estabelecidos, instituindo para tanto, incentivos

financeiros (BRASIL, 2000a).

6.3.1.1 Consultas pré-natais e orientações

Segundo o Ministério da Saúde, a atenção pré-natal tem como objetivo

principal “acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando, ao fim da

gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno

e neonatal”. Essa atenção deve ser qualificada e humanizada e para tanto devem

ser incorporadas condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias (Brasil,

2005).

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

63

Através do Manual Técnico de atenção ao pré-natal e puerpério publicado

pelo MS, em 2005, com a finalidade de oferecer referência para a organização da

rede assistencial, a capacitação profissional e a normatização das práticas de

saúde, foram estabelecidos alguns parâmetros para que os estados e municípios,

por meio das unidades integrantes de seu sistema de saúde, garantam atenção pré-

natal e puerperal. Esses parâmetros dizem respeito à: captar precocemente as

gestantes com realização da primeira consulta de pré-natal até 120 dias de

gestação; realizar, no mínimo, seis consultas de pré-natal sendo uma no primeiro

trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre de gestação; escutar a

mulher e seus acompanhantes, esclarecer dúvidas e informar sobre os

procedimentos da consulta e as condutas adotadas; orientar em grupo ou

individualmente proporcionado respostas às indagações da mulher e sua família;

anamnese e exame clínico-obstétrico; realização de exames laboratoriais (ABO-Rh,

hemoglobina/hematócrito, glicemia de jejum, VDRL, urina, testagem anti-HIV,

sorologia para hepatite B, sorologia para toxoplasmose); imunização antitetânica,

avaliação do estado nutricional com prevenção e tratamento de distúrbios

nutricionais, prevenção e diagnóstico precoce do câncer de colo uterino e de mama;

tratamento das intercorrências da gestação; classificação de risco gestacional;

atendimento às gestantes de risco garantindo vínculo e acesso à unidade de

referência para atendimento ambulatorial e/ou hospitalar especializado; e atenção à

mulher e ao recém-nascido na primeira semana após o parto e realização da

consulta puerperal entre o 30º e 42° dias pós-parto.

A Organização Mundial de Saúde elaborou e divulgou recentemente

recomendações essenciais para a atenção pré-natal, perinatal e puerperal que

indicam ações a serem realizadas no cuidado da gestação e parto normais. Os dez

princípios fundamentais da atenção perinatal são:

� Cuidado não medicalizado, utilizar conjunto mínimo de intervenções

realmente necessárias;

� Uso de tecnologia apropriada, conjunto de ações que inclui métodos,

procedimentos, tecnologia, equipamento e outras ferramentas para

resolver um problema específico;

� Embasamento na melhor evidência científica disponível e em estudos

controlados aleatorizados, quando possível e apropriado;

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

64

� Regionalização e sistema eficiente de referência de centros de cuidado

primário para centros de cuidado secundário e terciário;

� Cuidado multidisciplinar com participação de parteiras tradicionais,

obstetras, neonatologistas, enfermeiros, educadores para parto e

maternidade e cientistas sociais;

� Cuidado integral considerando necessidades intelectuais, emocionais,

sociais e culturais das mulheres, seus filhos e famílias;

� Dirigir o cuidado para as necessidades da família, casal e filho;

� Cuidado apropriado considerando as diferentes culturas;

Respeitar a tomada de decisão das mulheres;

Respeitar a privacidade, a dignidade e a confidencialidade das

mulheres.

Os sujeitos de pesquisa afirmaram ter realizado pré-natal na rede pública de

saúde do município, sendo que a média foi de 8 consultas. Durante estas consultas

as mesmas receberam informações sobre: importância do pré-natal, amamentação,

tipo de parto, autocuidado e possibilidade de ter acompanhante, dados

apresentados na figura 11. Alguns temas sobre os procedimentos que ocorreriam no

processo de nascer não foram abordados, como: tricotomia, episiotomia,

enteroclisma, analgesia e sobre a política da humanização.

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

65

Figura 11: Informações recebidas pelos sujeitos de pesquisa durante o pré-natal.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

Importância do pré-natal

Tipo de parto

Procedimentos do parto

Analgesia no parto

Auto-cuidado

Lei do acompanhante

Amamentação

Humanização daassistênciaHumanização do parto

Fonte: Entrevistas realizadas, set-out 2006.

6.3.1.2 Presença de acompanhante

Avaliando a participação do acompanhante nas consultas do pré-natal,

observa-se que houve participação dos companheiros nas consultas, pois três

realizaram este acompanhamento em pelo menos uma consulta, como demonstrado

na figura 12.

De acordo com o MS, o “pai” está participando cada vez mais do pré-natal e

deve ser estimulado a presenciar as atividades de consulta e de grupo para o

preparo do casal para o parto e durante a internação para o parto. Ainda, ressalta a

importância de acolher a mulher grávida integralmente considerando a história

trazida a partir de seu relato e de seu parceiro. A assistência pré-natal é um

momento privilegiado para discutir e esclarecer questões que são únicas para cada

mulher e seu parceiro (BRASIL, 2005).

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

66

Figura 12: Presença de acompanhante nas consultas pré-natais relatadas pelos sujeitos de pesquisa.

SIM75%

NÃO25%

Fonte: Entrevistas realizadas, set-out 2006.

Segundo Cunha e Goulart (2006), o envolvimento paterno durante a gestação

deve ser compreendido de modo peculiar, pois o vínculo entre pai e filho é mediado

pela mãe. As mudanças que ocorrem com os futuros pais durante a gravidez não

são independentes das mudanças vivenciadas pelas próprias gestantes. Os pais ou

os outros acompanhantes (mãe ou outro familiar) podem e devem participar em

atividades relativas às gestantes e aos preparativos para a chegada do bebê, do

apoio emocional proporcionado à mãe, da busca de contato com o bebê, bem como

das preocupações e ansiedades.

6.3.1.3 Escolha do local

A escolha do local de nascimento se deu em 75% por motivos pessoais,

influenciada por experiências anteriores (50%). Outro fator apontado é o acesso

rodoviário facilitado, motivo de escolha de 25% das entrevistadas. Uma das

mulheres referiu não participar da escolha do local, pois seu transporte foi efetuado

pela Polícia Militar. Esta tem como referência, para os casos de trabalho de parto, a

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

67

maternidade do HRHMG, conforme evidenciado em um estudo realizado por Lopes

e Seifert (2004) com puérperas atendidas na Clínica de Atenção Básica à Saúde da

UNIVALI, no município de Biguaçu, que apontaram como justificativa da Polícia

Militar a facilidade para transportar estas parturientes.

6.3.2 Assistência no processo de nascimento

Processo de nascimento é um termo amplo que envolve os períodos de

trabalho de parto, parto e puerpério imediato. Valoriza o momento do nascimento

como um todo, oferecendo atenção e assistência em cada período de maneira

especial.

O processo de nascimento através do parto representa ainda

uma transição importante na vida da mulher e da família, um momento em que necessita de apoio e compreensão para poder enfrentar o mais naturalmente possível o trabalho de parto e o parto, sabendo que pode e deve dele participar ativamente, obtendo assim, conforto físico e psíquico. (SIMÕES, 1998 apud DAVIM e MENEZES, 2001, p.64).

6.3.2.1 Orientações

Conforme o preconizado pelo MS para o atendimento humanizado, a mulher

deve ser informada e questionada sobre todos os procedimentos a serem

realizados. Observamos na figura 13 que as mulheres receberam orientações mais

relacionadas à restrição de alimentação sólida, necessidade de deambulação para

melhor andamento do trabalho de parto e sobre os direitos de ter um acompanhante

(companheiro, familiar ou outro de sua escolha) durante todo o processo de

nascimento. Percebe-se a ausência de orientações sobre o tipo de parto, analgesia

e uso de técnicas de relaxamento.

Page 69: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

68

Figura 13: Orientações recebidas pelos sujeitos da pesquisa durante o trabalho de parto.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Orientada sobredeambulação

Orientada sobrealimentação

Orientada sobre tipode parto

Orientada sobreanalgesia

Orientada sobreacompanhante

Orientada sobrerelaxamento

Orientações no processo de nascimento

SIM

NÃO

Fonte: Entrevistas realizadas, set-out 2006.

Quando analisamos a realização de tais atividades (analgesia, técnicas de

relaxamento, participação na escolha do tipo de parto), percebemos que as

mulheres que não foram informadas sobre a existência ou possibilidade de

realização dessas atividades, não as executaram.

Sobre o apoio emocional, a maioria das mulheres entrevistadas refere não ter

recebido nenhum apoio, porém destacam a participação do profissional enfermeiro

como um elemento da equipe preocupado em oferecer este tipo de recurso.

6.3.2.2 Questionamentos e procedimentos

Anteriormente a nova política da humanização do Parto eram normatizados,

na maioria das instituições, durante o processo de nascimento, alguns

procedimentos, entre eles: tricotomia, episiotomia e enteroclisma. Atualmente as

unidades que adotaram a política da humanização somente realizam estes

Page 70: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

69

procedimentos se forem realmente necessários, por avaliação profissional ou por

vontade da parturiente. Visando analisar se estão sendo respeitadas estas diretrizes,

na entrevista aos sujeitos da pesquisa levantamos a prática da realização de tais

procedimentos.

A partir das entrevistas realizadas foi constatado, na amostra estudada, que

a mulher não é consultada sobre a sua opinião em relação à necessidade e/ou

desejo desses procedimentos, nem mesmo orientada sobre a rotina, ficando a

decisão sobre a realização ou não nas mãos do profissional de saúde (médico e

enfermeiro), baseados na rotina da instituição. Nenhuma das mulheres foi

questionada ou orientada sobre a realização dos procedimentos (tricotomia,

enteroclisma e episiotomia).

Uma das mulheres referiu que a ausência de informações e questionamentos

contribui para aumentar a ansiedade e preocupação durante o trabalho de parto e

parto, pois sem saber o que está acontecendo e o que vai acontecer, a mesma não

se concentra e não relaxa enquanto todo aquele processo não termina. A

preocupação da mulher na fala a seguir se refere à tricotomia e enema realizados

via de regra até pouco tempo atrás e a exemplo do que ocorreu em sua gestação

anterior.

Pra mim, acho que eles teriam que perguntar: sabe disso? Sabe daquilo? Você já ta informada que o parto é assim? Você ta informada que agora mudou? Que agora não precisa mais fazer depilação, não precisa mais fazer isso? Não há necessidade? [...] Tu ta sentindo a dor preocupada se ela ainda vai fazer ou não. Porque eu fiquei esperando ate a ultima hora [...]. E4

6.3.2.3 Presença de acompanhante

A Organização Mundial de Saúde recomenda o apoio à mulher durante o

trabalho de parto e parto por acompanhante de sua escolha (companheiro, familiar

ou amigo).

Segundo Brüggemann (2005), em relação ao apoio à mulher durante o

nascimento, o aspecto fundamental é “a promessa de que a mulher em nenhum

momento ficará sozinha”. Assim, as necessidades individuais de cada mulher,

Page 71: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

70

conforto físico e emocional, que variam de acordo com cada cultura, podem ser

supridas pelo acompanhante escolhido que em todo momento estará presente.

Das quatro entrevistadas, três (75%) tiveram acompanhante durante o

processo, sendo que para uma houve um distanciamento de seu parceiro somente

durante a realização do parto cirúrgico, por determinação da instituição. Dentre os

acompanhantes das quatro mulheres, um era esposo, uma era cunhada e uma era

amiga da parturiente. A ausência dos companheiros no caso das duas últimas

mulheres deve-se aos horários dos acontecimentos coincidirem com a

impossibilidade dos mesmos se ausentarem do trabalho. Uma das mulheres (25%)

não teve a presença de nenhum acompanhante por ter sido levada ao hospital pela

Polícia Militar, em ocasião de trabalho de parto, por encontrar-se sozinha em sua

residência devido ao marido estar trabalhando.

Segundo uma notícia publicada pela Agência Saúde2, há a constatação de

que a participação dos companheiros na assistência ao parto está relacionada com

a redução nos casos de violência familiar. De acordo com especialistas, ao

acompanhar o processo de nascimento, o homem passa a admirar e valorizar mais

a companheira ocorrendo no pós-parto o estabelecimento do vínculo emocional

entre mãe e filho e, tendo o pai participado do nascimento, esse laço na família é

fortalecido e pode desenvolve-se uma relação de respeito entre seus membros.

Ainda, uma especialista do MS explica que raramente é permitido que o

companheiro participe dos partos cirúrgicos fazendo-o perder a chance de viver essa

experiência.

6.4 HUMANIZAÇÃO

A humanização, segundo Puccini e Cecílio (2004), é um movimento crescente

e com disseminada presença, que assume diferentes sentidos segundo a proposta

de intervenção eleita. Surge em distintas frentes de atividades e tem significados

variados representando uma síntese de aspirações genéricas por uma perfeição

moral das ações e relações entre os sujeitos envolvidos. Cada frente relaciona e

2 Notícia divulgada no site http://www.partodoprincípio.com.br. Acessada em 5 dez 2005.

Page 72: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

71

classifica um conjunto de questões práticas, teóricas, comportamentais e afetivas

que teriam uma resultante humanizadora. Estes autores citam diversas proposições

utilizadas nos serviços de saúde com a intenção humanizadora; entre elas estão:

melhorar a relação médico-paciente; garantir acompanhante na internação de

crianças; o parto humanizado; e programa da mãe-canguru. Puccini e Cecílio (2004)

afirmam, entre outras considerações sobre os distintos caminhos das proposições

humanizadoras na saúde, que cresce a valorização das inter-relações humanas com

as propostas de humanização.

“Humanização é a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo

de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores” (BRASIL, 2004a, p.8).

A atenção humanizada e de boa qualidade implica no estabelecimento de

relações entre sujeito, seres semelhantes, ainda que possam apresentar-se muitos

distintos conforme suas condições sociais, raciais, étnicas, culturais e de gênero.

Respeita a individualidade de cada indivíduo, um ser único que deve ser tratado com

dignidade e ter a sua saúde e bem-estar assegurados.

Para analisarmos a implementação da humanização a partir da percepção

das mulheres sujeitos deste estudo e a classificação do atendimento torna-se

necessário falar sobre o processo avaliativo.

Segundo Paim (2005, apud HARTZ e SILVA, 2005), existem diversas

iniciativas voltadas para avaliação em saúde no Brasil e ela vem sendo

desenvolvida, de forma progressiva nas últimas três décadas. Na presente década

pode se afirmar que o interesse pela avaliação em saúde não se restringe ao âmbito

acadêmico. O próprio Ministério da Saúde - MS tem encomendado um conjunto de

estudos nesta perspectiva.

Hartz e Silva (2005) consideram que a avaliação de implantação e

implementação tem exatamente como foco da avaliação a relação entre a

intervenção (política , programa, serviço, ações) e seu contexto de inserção na

produção de efeitos, o que se torna particularmente importante quando a

intervenção é complexa e com múltiplos componentes e contingencial.

Page 73: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

72

Contrandriopolos et al (1997 apud HARTZ e SILVA, 2005, p.16) definiu

avaliação como um julgamento sobre uma intervenção ou sobre qualquer dos seus

componentes com objetivo de auxiliar a tomada de decisão.

Nesta pesquisa optou-se por avaliar alguns atributos da política de

humanização mais relacionados os recursos disponíveis (número de partos

cirúrgicos e não cirúrgicos realizados), acessibilidade (procedência dos

atendimentos) e buscou-se a percepção das usuárias sobre o atendimento

vivenciado.

Na avaliação sob a perspectiva da humanização da saúde, usa-se o termo

humanização como se houvesse um único significado e uma única dimensão (BOSI

e UCHIMURA, 2006).

Humanizar é por definição, tornar humano, dar condições humanas, a

questão passa a ser, portanto, o que se concebe como humano.

O verbo humanizar, no Dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 2001

p.369), significa “dar condição humana a; humanar. Civilizar. Tornar-se humano;

humanar-se”. E isso quer dizer tratar o homem como tal, como ser humano que

merece respeito e, portanto, um cuidado adequado à sua saúde considerando sua

cultura, condição sócio-econômica, espiritualidade, suas crenças, seus valores e

suas vontades.

Quando falamos de processo avaliativo temos que ter um escopo (estrutura)

que visa contribuir para o modelo avaliativo centrado nesse pressuposto, tornando-

se necessário demarcar, de forma clara o que se entende por humanizar. Humanizar

implica, assim, em acolhimento e, sobretudo, em empatia e diálogo, significa a

possibilidade do (re) encontro, do contato genuíno que não representa a captura do

que se é, mas a revelação do que é preciso expressar (BOSI e UCHIMURA, 2006).

De acordo com o MS (2005), o acolhimento e a humanização podem ser

percebidos na prática de saúde por meio de atitudes e ações demonstradas na

relação diária entre profissionais e usuários, como: atendimento cordial onde os

profissionais se apresentam, chamam o usuário pelo nome, informam as condutas e

procedimentos, escutam e valorizam o que as pessoas dizem, garantem a

privacidade e incentivam a presença do acompanhante.

Page 74: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

73

6.4.1 Humanização da assistência

“Humanizar é qualificar a atenção à saúde e aprender a compartilhar saberes

e reconhecer direitos” (BRASIL, 2004a p.16).

Humanizar a assistência significa compreender o momento em que o ser

humano necessita ter sua saúde assistida, considerar que a sensibilidade e

segurança do indivíduo estão afetadas e oferecer apoio de profissionais

capacitados. Estes devem ter consciência de que lidam com pessoas e que estas

merecem e têm o direito a uma assistência de qualidade, não só tecnicamente, mas

também de terem sua dignidade, opinião e escolhas respeitadas.

Sobre o entendimento que os sujeitos selecionados têm sobre a humanização

da assistência à saúde, percebe-se que as opiniões convergem para um mesmo

fator: o atendimento ou acolhimento. Nas falas das mulheres entrevistadas fica

evidenciada a necessidade de um bom atendimento que significa dar atenção ao

indivíduo, questionar suas necessidades, orientar e prestar as informações

pertinentes e ser empático. Diz respeito ainda a não fazer discriminação sócio-

econômica e não diferenciar o tipo de atendimento (particular ou SUS) como forma

de qualificação da assistência. Tais idéias são comprovadas através das falas:

[...] eu acho tem que ter um atendimento assim; ser humano né; porque não é um cachorro, nem um cachorro deve ser maltratado, principalmente com dois seres humanos, nós dois estávamos correndo um risco né, eu acho que eles deviam ter sido mais profissional, sabe [...] tratar melhor, ser humano mesmo. E1 [...] eles deviam tratar a gente melhor, orientar também né. Atender melhor é explicar, não atender com preguiça, porque muitas vezes eles vão atender a gente com preguiça ai eles não atendem direito. Pedem o que a gente quer e fala que se tem vaga tem, se não tem mandam a gente embora. E2 Ser bem atendida, perguntar o que a gente quer, o que a gente precisa. E3

[...] atender bem, sabe assim, humanização é tu fazer pra pessoa como tu tivesse fazendo numa clínica particular, não fazendo a diferença, ou do pobre ou do rico, do que tem do que não tem. No particular eles falam tudo, te informam, faz isso faz aquilo, te orientam. E pelo SUS infelizmente tem médico que tira a vez. Na minha opinião, se eles não tão satisfeitos pelo que ganham pelo SUS,

Page 75: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

74

procura outra opção, deixa pra aquele que quer , não sacrificando os mais humildes[...]. E4

6.4.2 Humanização do parto

“Atenção humanizada ao parto é ampla e envolve um conjunto de

conhecimentos, práticas e atitudes que visam à promoção do parto e do nascimento

saudáveis e a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal” (BRASIL, 2001).

De acordo com Siqueira (apud SIMÕES e CONCEIÇÃO, 2005, p.13),

“humanizar o parto é dar razão a tudo que caracteriza a essência do ser humano no

seu modo de vir ao mundo, na condição feminina, num contexto familiar e social”. A

mulher deve ter liberdade na hora do parto, sua individualidade, crenças, valores,

contexto e interioridade devem ser respeitadas sendo vista como um ser pleno de

potencialidades e capaz.

As opiniões sobre a humanização nesta etapa divergem devido aos vários

fatores envolvidos, como: apoio emocional, respeito à cultura e valores, presença de

acompanhante, orientações e informações. Ao mesmo tempo em que as mulheres

têm alguns direitos respeitados, outros são negligenciados, pois não são orientadas

sobre os procedimentos e informadas sobre a evolução do processo de nascimento

e condutas a serem adotadas, ou seja, permanecem isoladas e alheias aos fatos no

decorrer do trabalho de parto aguardando um pronunciamento da equipe de saúde.

[...] dar mais assistência psicológica [...] precisa, sei lá, mais respeito eu acho [...] me deixaram ali, ao léu sabe, foi desumano [...]. E1

[...] as enfermeiras trataram super bem, mas a hora que fui pra sala de cirurgia enquanto eles tavam me dando anestesia eles falavam: ah vamos ver se pára por aqui, você é muito nova, não devia ter engravidado já, xingando a gente [...]. E2 Eu acho assim que o bom mesmo do hospital regional é que pode entrar com acompanhante, a gente se sente mais segura. E3

[...] eles teriam que perguntar sabe disso? Sabe daquilo? [...] Humanizar é informar mais o paciente, perguntar, porque nem todo mundo sabe. E4

Page 76: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

75

Em sua tese de doutorado, Diniz (2001, p.217-218), aborda a questão do

“acolhimento e reconhecimento da usuária, sua inclusão no diálogo da assistência e

o fim das humilhações de caráter sexual” como uma mudança muita valorizada

pelas mulheres. Elas desejam e têm o direito de serem chamadas pelo nome,

acolhidas, reconhecidas como pessoa, perguntadas e consultadas para os

procedimentos, participar de um diálogo, enfim, como cita Diniz: “ter alguém que

olha na sua cara”. Segundo a mesma autora, esta é uma mudança que não envolve

custos e sim a sensibilização e treinamento dos profissionais. O abuso verbal do tipo

“na hora de fazer foi bom agora não venha chorar”, usado como recurso disciplinar

para as pacientes, deve ser abolido e substituído por diálogos mais saudáveis e

solidários.

6.4.3 Recursos e ações

As modificações ocorridas no cuidado à mulher, ao recém-nascido e sua

família, devido ao surgimento de novas tecnologias e descobertas que tinham como

objetivo melhorar as condições de atendimento, acabaram por desumanizar o

cuidado no processo de nascimento. Tornaram a assistência um processo

mecânico, robotizado, preso a protocolos e ações repetitivas e generalizadas.

São consideradas como “medidas e procedimentos benéficos”: a não

realização de enteroclisma, tricotomia e episiotomia, a presença de um

acompanhante (companheiro, amiga, mãe ou outro familiar), a permissão e espaço

para deambulação, o acesso às informações e a existência de alojamento conjunto

(PARANÁ, 2002).

Os sujeitos da pesquisa relacionaram como recursos utilizados para

proporcionar um atendimento humanizado e conseqüente conforto e tranqüilidade no

processo de nascimento: equipamentos como o aparelho de cardiotocografia e o uso

de bolas, massagens e banho morno como formas de relaxamento. Ainda,

salientaram que o contato com os profissionais e a socialização do conhecimento,

através da informação dos acontecimentos e evolução do trabalho de parto,

facilitaria o processo de nascer.

Page 77: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

76

Salientamos que as mulheres entrevistadas destacaram os recursos citados

como sendo importantes formas de humanização, porém nem todas tiveram a

oportunidade de utilizá-los como demonstram as falas a seguir.

[...] Faltou fazer algumas coisas [...] A minha vizinha que foi ganhar nenê [...] levaram ela debaixo do chuveiro pra passar aquela dor [...] levaram uma coisinha pros maridos fazerem massagem [...] essas coisas de relaxamento [...] E2 Eu não usei nada dessas coisas, bola, massagem, mas o atendimento foi bom, humanizado, a não ser pelo médico que não trata a gente muito bem. E3

Em alguns momentos as mulheres relatam a falta de orientação e a atitude

dos profissionais como elementos importantes para o bom andamento do processo

de nascimento. A maneira como a equipe age diante dos acontecimentos,

percebidos como problema pela parturiente, influencia o estado emocional desta

contribuindo para o seu relaxamento ou preocupação.

[...] Eu acho que tinham que ter sido mais imediatos [...] A primeira cardiotocografia que eu fiz já não tava bom, no segundo tava pior, pra que esperar [...] eles deveriam ser mais decididos [...] ter atitude mesmo [...] até esse medicamento no soro, não dilatou nada, não contraiu nada, então deviam decidir fazer uma cesárea, e não ficar esperando [...] ter mais atitude. De equipamento eu acho que o que eles usaram no meu parto ta dentro do recurso normal, [...] tem coisa que a gente não conhece, não sabe. E1 [...] Eu não sei nem te explicar. O que eu sei te dizer é que eu não fui informada, eles não me falaram nada.[...] Na hora de ta fazendo força pra ganhar eu pedi pra doutora se a enfermeira tinha como levantar minha cabeça, só pra me ajudar um pouquinho e ela disse NÃO! [...] Daí a enfermeira que tava do meu lado disse assim “doutora posso levantar só um pouquinho pra ela?” Daí foi aonde ela disse: tá, uma vez pode, assim, grossamente. Daí ela me levantou. [...] Eu não tinha nem mais força. E a preocupação e o medo pela falta de orientação, pela falta de companheirismo, assim, de atendimento. Ai aquilo ali foi me traumatizando, fui ficando com medo [...]. E4

No momento do parto, a mulher deve ter liberdade de movimento e ser

orientada e assistida da melhor maneira, com atenção, respeito e segurança. Não

apoiá-la neste momento, com atitudes benéficas e informações, implica em

desconforto, preocupação, ansiedade e medo.

Page 78: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

77

De acordo com Diniz (2001), a OMS divulgou amplamente, em meados da

década de 90, documentos classificando os procedimentos de rotina em quatro

categorias3: A) condutas claramente úteis e que deveriam ser encorajadas; B)

condutas claramente prejudiciais ou ineficazes que deveriam ser eliminadas; C)

condutas sem evidência suficiente para apoiar a recomendação e que deveriam ser

usadas com precaução; e D) condutas freqüentemente utilizadas de forma

inapropriadas provocando mais danos que benefícios.

Três condutas classificadas no item A do documento citado encontram-se

implícitos nas falas apresentadas, são elas: enfatizar o apoio através dos obstetras

durante o trabalho de parto e parto; oferecer às mulheres muita informação e

explicações sobre o que elas desejarem; e dar liberdade na seleção da posição e

movimento durante o trabalho do parto.

6.5 CLASSIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO

Foi perguntado aos sujeitos da pesquisa como eles classificavam o

atendimento nas diferentes etapas do nascimento. A figura 14 demonstra o grau de

satisfação durante o processo do nascimento. Avaliando o atendimento na TO –

Triagem Obstétrica, observou-se que 50% (duas) consideraram o atendimento

ótimo, 25% (uma) bom e 25% (uma) considerou razoável, esta atribuiu a nota ao fato

de ter esperado muito tempo para ser atendida. Aquela que considerou bom e ótimo

atribuiu a classificação ao fato de ter sido atendida imediatamente e encaminhada

para a internação. No Centro Obstétrico - CO, cada sujeito teve uma impressão

sendo o fator que mais influenciou na classificação a atitude profissional. Todas

consideraram o espaço do Centro Obstétrico bom, porém, o atendimento

profissional, principalmente do médico, foi percebido como inadequado por ele não

dar informação sobre o procedimento a ser realizado, sobre a evolução do seu

processo de nascimento e no tratamento pessoal, sendo às vezes grosseiro na

forma de falar.

3 Documento elaborado pela OMS em 1996, Assistência ao Parto Normal – Um Guia Prático (World Health Organization. Care in Normal Birth: A Practical Guide. Maternal and Newborn Health/Safe Motherhood Unit. Geneva: WHO, 1996), no capítulo 6 – Classificação de condutas no nascimento normal.

Page 79: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

78

[...] as enfermeiras me trataram super bem, mas a hora que fui pra sala de cirurgia, enquanto eles tavam me dando anestesia eles falavam: vamos ver se pára por aqui [...] xingando a gente [...]. E2 [...] Daí a enfermeira que tava do meu lado disse assim “doutora posso levantar só um pouquinho pra ela?” Daí foi aonde ela disse: tá, uma vez pode, assim, grossamente [...]. E4

Durante a internação no Alojamento Conjunto – AC, a maioria (75%)

considerou ótimo, uma (25%) inicialmente considerou o atendimento razoável, pois

no primeiro contato a enfermeira, segundo sua opinião, não deu a atenção

necessária. Aquelas que classificaram como ótimo, destacaram o atendimento da

enfermagem e do pediatra.

Figura 14: Classificação do atendimento durante o processo de nascimento.

1 1 2

1 1 1 1

1 3

Triagem Obstétrica

Centro Obstétrico

Alojamento Conjunto

péssimo

ruim

razoável

bom

ótimo

Fonte: Entrevistas realizadas, set-out 2006.

Cada mulher, considerando a atual experiência, classificou o atendimento na

maternidade de referência seguindo conceitos próprios, singulares, e que não visam

avaliar a instituição ou os profissionais e sim estabelecer um parâmetro do que é

Page 80: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

79

bom ou ruim para ela, de como a mesma analisa o processo de nascimento

vivenciado e com o objetivo de captar sua percepção sobre humanização. Dessa

maneira, obtivemos as seguintes opiniões:

Antes do parto e ali no parto foi terrível. Foi a pressão sabe [...] Da outra parte, após o parto, foi ótimo. É difícil dizer como foi. Olhei pra trás e disse graças a deus vamos embora. E1

Em resumo foi razoável. E2

Foi bom. E3

Tirando o primeiro atendimento, que o médico ali embaixo atendeu rapidamente, o resto foi péssimo. E4

Analisando os vários espaços da instituição pelos quais a mulher passa no

processo de nascimento, as respostas obtidas constantemente são contraditórias,

pois depende da experiência vivenciada em um desses espaços. Quando um fato

desagradável ocorre em um determinado local, leva a mulher a classificar

negativamente todo o processo de nascimento. O mesmo acontece analisando

inversamente, quando em um dos espaços o atendimento é considerado péssimo e

em outro a atenção é adequada e o apoio emocional está presente, a mulher

considera ótima toda a experiência. Um fato ocorrido em um dos espaços influencia

positiva ou negativamente o conceito final de todo o processo de nascimento

dificultando a classificação do que seria um atendimento humanizado ou não.

Page 81: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

80

Page 82: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

81

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma atenção ao pré-natal e puerpério de qualidade e humanizada é

fundamental para a saúde materna e neonatal. A atenção à mulher na gravidez e

pós-parto deve incluir as ações de prevenção e promoção da saúde, além de

diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que ocorrem neste período. E no

período do parto, na unidade de referência, deve haver uma continuidade desta

assistência através da humanização do processo de nascimento com uma

assistência adequada, humanizada e de qualidade (BRASIL, 2005).

Apesar da ampliação da cobertura do pré-natal, dados estatísticos brasileiros

do Ministério da Saúde demonstram que ainda existem falhas no processo de

atendimento humanizado à mulher, pois possuímos ainda um número muito

pequeno de gestantes inscritas no SISPRENATAL que conseguem realizar o elenco

mínimo de ações preconizadas pelo Programa de Humanização no Pré-natal e

Nascimento. Além do pré-natal, a atenção ao puerpério ainda não está consolidada,

pois acontece das mulheres retornarem ao serviço de saúde no primeiro mês do

parto somente para os cuidados de vacinação do recém-nascido não sendo

encaminhadas para a consulta puerperal (BRASIL, 2005).

Com relação ao atendimento existem muitas unidades que não se habilitaram

ao programa de humanização do parto ou, aquelas que assinaram, ainda têm

problemas para que os profissionais de saúde incorporem na sua prática diária estas

novas práticas da assistência humanizada. Ainda, há também o percentual de

realização de partos normais e partos cesáreos que demonstram certa resistência

principalmente dos médicos de assumirem estas novas práticas.

Talvez todas essas dificuldades estejam diretamente relacionadas ao

entendimento dos próprios profissionais da saúde e da população sobre o termo

humanização.

A discussão sobre a humanização está longe de ser finalizada. Conforme

Puccini e Cecílio (2004) afirmam, há várias frentes de atividades e estas relacionam

e classificam as questões que consideram humanizadoras, de acordo com suas

atividades e seus objetivos. Assim, fica quase impossível definir o que é

humanização. Existem muitos entendimentos e opiniões sobre o assunto. Cabe aqui

salientar que, na tradução exata do termo, humanizar significar “tornar humano”. E,

Page 83: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

82

como muitos autores interrogam: como tornar humano o que já o é? Atitudes boas

ou más são atitudes humanas. Acabará por se tornar um termo redundante se não

for tratado e discutido com parcimônia.

O que pudemos perceber foi que a falta de informações predomina nessa

área, de atenção à mulher gestante e parturiente. Não há uma conscientização das

mulheres através de nenhum meio de informação, nem mesmo na maioria da

assistência pré-natal oferecida pela rede pública. As mulheres entrevistadas pouco

sabiam em relação ao termo. Conversando sobre o assunto e expondo as condutas

de humanização na assistência à saúde, as mulheres fazem referência somente ao

atendimento, que deveria ser melhor segundo as mesmas e que, assim, a atenção

dada a elas seria humanizado. Não relacionam a humanização com o que é feito

com seu corpo no momento do trabalho de parto, com as informações e orientações

recebidas na maternidade, com os questionamentos sobre seus desejos, anseios,

dúvidas, preocupações e medos, nem mesmo com os seus direitos de escolha e

decisão.

A conscientização por parte da equipe profissional também é muito

importante. Ela precisa conhecer ou reconhecer que atitudes e procedimentos

proporcionam a humanização da assistência, ou melhor, a atenção e o devido

respeito aos seres humanos envolvidos direta e indiretamente: mãe, pai, recém-

nascido, família, enfim, a sociedade. Afinal, tudo está interligado, todos fazem parte

de um sistema inserido em outro; a mulher, a mulher e os profissionais; e a mulher,

os profissionais e sua família e/ou sociedade. De acordo com a teoria de King

(GEORGE, 1993) há uma interação entre paciente e profissional (aqui consideramos

todos os profissionais, não só enfermeiro) e que deve acontecer de forma

humanizada.

Entende-se que para o nascimento ser humanizado, é necessário

compreendê-lo de forma natural e processual e não eventual, sendo esse momento,

especial para a mulher, o homem e suas famílias (LUZ e OLIVEIRA, 2003).

É quando suas vidas são transformadas, suas atenções desviadas e é onde o profissional atua como uma fonte de ligação e instrumento, para que mais uma vida surja em plenitude. (LUZ e OLIVEIRA, 2003, p. 18).

Os resultados desta pesquisa confirmam que a maternidade do HRHMG é

um serviço vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) que atende as mulheres

Page 84: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

83

durante o processo de nascimento, mulheres residentes em diversos municípios,

principalmente de São José, além de servir de referência para os municípios

circunvizinhos pertencentes à 18ª Regional de Saúde preferencialmente para os que

não possuem unidade hospitalar, como: Águas Mornas, Antônio Carlos, Biguaçu,

Governador Celso Ramos, Leoberto Leal, Major Gercindo, Palhoça, Rancho

Queimado e São Pedro de Alcântara.

Esta unidade está cadastrada pelo Ministério da Saúde como uma unidade

de referência para gestação de alto risco tendo como conseqüência uma maior

demanda de mulheres de outros municípios, mesmo que estes possuam unidade

hospitalar, como: Santo Amaro da Imperatriz e Florianópolis; além de receber

pacientes das oito macrorregiões do Estado de Santa Catarina predominando a

macrorregião da Grande Florianópolis.

Conclui-se que, do total de atendimentos realizados na maternidade,

prevaleceu o parto normal estando próximo do estabelecido na Portaria MS/GM nº

466, de 14 de junho de 2000, que define um percentual máximo de cesarianas em

relação ao número total de partos, sendo esta uma das estratégias para implantação

da humanização no pré-natal e nascimento (BRASIL, 2000).

A maternidade em estudo apresentou um percentual de 33% de partos

cirúrgicos, sendo que o estabelecido pela Portaria MS/GM nº 466, para o Estado de

Santa Catarina é de 30% havendo necessidade de programar ações de

acompanhamento, avaliação e controle visando reduzir ainda mais o número de

cesarianas.

Com relação ao componente avaliativo deste estudo, foram analisados os

vários espaços da instituição pelos quais a mulher passa no processo de nascimento

e constatou-se que as respostas obtidas às vezes são contraditórias, pois

dependendo da experiência vivenciada em um desses espaços a mulher classifica

negativa ou positivamente todo o processo. Os fatores que mais influenciaram as

respostas foram: o tempo de atendimento, que quanto menor melhor é a resposta, e

a atitude profissional.

A percepção de cada mulher sobre a maneira como foi atendida e o seu

entendimento sobre humanização interfere no conceito final do processo de

nascimento dificultando a classificação do que seria um atendimento humanizado ou

não.

Page 85: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

84

Este estudo não teve a intenção de avaliar a política da humanização nem

mesmo a instituição onde os sujeitos foram atendidos. E sim, captar a compreensão

das mulheres acerca do termo humanização. Porém, segundo Rugolo et al (2004), a

satisfação materna quanto à assistência recebida deve ser um desfecho a ser

considerado na avaliação da qualidade e no planejamento de um serviço de

assistência materno-infantil.

Como conseqüência, acabamos por perceber o que acontece em relação à

política, se está sendo implementada ou não, e assim, acabam por surgir

inquietações sobre o assunto, como: o que os profissionais de saúde entendem por

humanização? O que a maternidade de referência de São José realiza, quais suas

rotinas, para a implementação da política de humanização ou mais especificamente

do programa de humanização ao parto e nascimento? Por que os profissionais da

maternidade não orientam e questionam as mulheres que ali são admitidas em

trabalho de parto? Dessa forma, sugere-se que sejam feitos novos estudos no

sentido de aprofundar este tema e que sejam utilizados rotineiramente os dados

existentes nos sistemas de informações disponíveis para acompanhar e avaliar o

processo de trabalho e a política e o programa de humanização implantado na

instituição de estudo.

Page 86: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

85

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM 1.016, de 26 de agosto de 1993. Brasília: Ministério da Saúde, 1993.

______. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n°°°°196: questões éticas envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde, 1996.

______. Portaria MS/GM 2.815, de 29 de maio de1998. Brasília: Ministério da Saúde, 1998a.

______. Portaria MS/GM 3.016, de 19 de junho de 1998. Brasília: Ministério da Saúde, 1998c.

______. Portaria MS/GM 3.482, de 20 de agosto de 1998. Brasília: Ministério da Saúde, 1998e.

______. Portaria MS/GM 3.477, de 20 de agosto de 1998. Brasília: Ministério da Saúde, 1998d.

______. Portaria MS/GM 865, de 03 de junho de 1999. Brasília: Ministério da Saúde, 1999.

______. Portaria MS/GM 569, de 01 de junho de 2000. Brasília: Ministério da Saúde, 2000a.

______. Portaria MS/GM 570, de 01 de junho de 2000. Brasília: Ministério da Saúde, 2000b.

______. Portaria MS/GM 571, de 01 de junho de 2000. Brasília: Ministério da Saúde, 2000c.

______. Portaria MS/GM 572, de 01 de junho de 2000. Brasília: Ministério da Saúde, 2000d.

______. Portaria MS/GM 466, de 14 de junho de 2000. Brasília: Ministério da Saúde, 2000e.

______. Portaria MS/GM 426, de 04 de abril de 2001. Brasília: Ministério da Saúde, 2001a. ______. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada a mulher. Ministério da

Page 87: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

86

Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher, Brasília: Ministério da Saúde, 2001b.

______. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Parâmetros para programação das ações básicas de saúde. Brasília, Ministério da Saúde, 2001c.

______. Secretaria Executiva. Programa de humanização do parto: humanização no pré-natal e nascimento. Reimpressão. Brasília: Ministério da Saúde, 2002a.

______. Portaria MS/SAS 1.101 de 12 de junho de 2002. Parâmetros assistenciais, Brasília: Ministério da Saúde, 2002b.

______. Secretaria Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: documento base para gestores e trabalhadores do SUS/ MS/Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Série B. Textos Básicos de Saúde, 2. ed. Brasília, MS, 2004a.

______. 2004 ano da Mulher.Ministério da Saúde, 1 ed.1 reimpressão. Série E. Legislação de Saúde, Brasília, 2004b.

______. Secretaria de Atenção à Saúde. Depto de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica da Saúde da Mulher. Pré-natal e puerpério: Atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Cad. 5. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

BOSI M. L. M; UCHIMURA, F. T. Avaliação qualitativa de programas de saúde: contribuições para propostas metodológicas centradas na integralidade e na humanização. In: BOSI, M. L. M.; MERCADO, F. J. Avaliação qualitativa de programas de saúde: enfoques emergentes. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.

BRÜGGEMANN, O. M. O apoio à mulher no nascimento por acompanhante de sua escolha: abordagem quantitativa e qualitativa. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.

CARVALHO, M.P.S., PINTO, S.R.G., VAZ, M.J.R. Parto Humanizado: percepção de puérperas, rev. Saúde Coletiva, 2005; 02(7): 79-83.

CUNHA, E. C. da; GOULART, F. C. O Cuidado Paterno no Alojamento Conjunto: encontros, (des) encontros e resistências. Monografia (Graduação) – Curso de Graduação em Enfermagem, Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2006.

DAVIM, R.M.B., MENEZES, R.M.P. Assistência ao parto normal no domicílio. Rev. Latino Americana de Enfermagem, 2001. Nov/Dez; 9(6): 62-8. Disponível em: <http://www.cep.usp.br/rlaenf>. Acesso em: 21 nov. 2005.

Page 88: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

87

DINIZ, E. M. de A. (Coord.). Manual de neonatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 1994.

DINIZ, C. S. G. Entre a técnica e os direitos humanos: possibilidades e limites da humanização da assistência ao parto. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.

FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa. 4 ed. rev. Ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

GEORGE, J. B. Teorias de Enfermagem: os fundamentos para a prática profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. 338 p.

HARTZ; Z. M. de A.; SILVA, L. M. V. da. Avaliação em saúde: dos métodos teóricos às práticas na avaliação de programas e sistemas de saúde. Salvador: UDUFBA; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005.

KLAUS, M. H.; KENNELL, J. H.; KLAUS, P. H. Vínculo: construindo as bases para um apego seguro e para a independência. Porto Alegre: Artmed, 2000.

LARGURA, M. A assistência ao parto no Brasil. Disponível em: <http://www.partohumanizado.com.br>. Acesso em 5 set 2005.

LOPES, G. S., SEIFERT, J. do C. Relatório Final de Atuação do Estágio Curricular Supervisionado na CIABS: Identificando o fluxo das puérperas na busca do atendimento integral no seu ciclo gravídico-puerperal. Relatório – Curso de Graduação em Enfermagem, Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2004.

LÓPEZ, M. A.; CRUZ, M. J. R. de la. Hospitalização. Rio de Janeiro: McGraw-Hill do Brasil, 2002. p. 293-294.

LUZ, M.; OLIVEIRA, M. K. Humanização da assistência a mulheres no ciclo gravídico-puerperal. Monografia – Curso de Graduação em Enfermagem, Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2003.

OLIVEIRA, M. E. de. et al. A melodia da humanização: reflexões sobre o cuidado no processo do nascimento. Florianópolis: Cidade Futura, 2001. 144 p.

OLIVEIRA, M. E. de; MONTICELLI, M.; SANTOS, O. M. B. dos. (Org.) Enfermagem obstétrica e neonatológica: textos fundamentais. Florianópolis: UFSC, CCS, 1999. 249 p.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Saúde. Natural é parto normal. Curitiba: SES/PR, 2002.

Page 89: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

88

SILVEIRA, R. PARTO humanizado. Disponível em: <http://www.partodoprincípio.com.br>. Acesso em 5 dez 2005.

PUCCINI, P. de T. CECÍLIO, L. C. de O. A humanização dos serviços e o direito à saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(5): 1342-1353, set-out, 2004.

RANGEL, R. de C. T. Programa de humanização do pré-natal e nascimento: avaliação do processo e resultado da assistência pré-natal na região da AMFRI, SC. Dissertação (Mestrado) – Centro de Educação de Ciências da Saúde, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2005.

REZENDE, J. de. Obstetrícia. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

RUGOLO, L. M. S. de S.; et al. Sentimentos e percepções de puérperas com relação à assistência prestada pelo serviço materno-infantil de um hospital universitário. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Out./Dez. 2004, vol.4, n.4, p.423-433.

SABROZA, A. R. at al. Perfil sócio-demográfico e psicossocial de puérperas adolescentes do Município do Rio de Janeiro, Brasil – 1999-2001. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20 Sup 1: S112-S120, 2004.

SANTA CATARINA. Humanização. Disponível em: <http://www.saude.sc.gov.br/hrsj/index.htm>. Acesso em 21 nov 2005.

SANTOS, M. L. dos. Humanização da assistência ao parto e nascimento: um modelo teórico. Dissertação (Mestrado) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

SIMÕES, S. M. F.; CONCEIÇÃO, R. M. O. Parto humanizado: significado para a mulher. Periódico Científico Enfermagem Brasil. Rio de Janeiro: Atlântica. Jan/Fev, 2005: 4(1).

TORNQUIST, C. S. Parto e poder: o movimento pela humanização do parto no Brasil. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

TURATO, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínica qualitativa. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

UNIVALI. Manual de Metodologia Científica e da pesquisa, Biguaçu, 2002.

Page 90: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

89

ZIEGEL, E. E. CRANLEY, M. S. Enfermagem Obstétrica. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985. 696 p.

Page 91: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

90

Page 92: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

91

APÊNDICES

Page 93: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

92

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Andréa Teixeira, acadêmica da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Biguaçu, sob

orientação da professora Mestre Enfermeira Ângela Maria Blatt Ortiga, tem a intenção de

obter a sua autorização para participar desta pesquisa que tem como título: PERFIL DAS

MULHERES RESIDENTES EM BIGUAÇU ATENDIDAS NA MATERNIDADE DE

REFERÊNCIA DE SÃO JOSÉ E SUA PERCEPÇÃO SOBRE ASSISTÊNCIA

HUMANIZADA NO PROCESSO DE NASCIMENTO.

A sua contribuição em relatar a sua opinião sobre a “humanização“ e sobre o

atendimento prestado é de suma importância para que se possa melhorar o atendimento

dos que procuram a maternidade do Hospital Regional Homero de Miranda Gomes.

Diante disso, as declarações a seguir contêm os seguintes termos:

Eu, __________________________________________________________, abaixo

assinado, com ____ anos de idade, declaro que participarei desta pesquisa e terei garantido

esclarecimentos, antes e durante o curso deste estudo, bem como deverei estar

resguardado de riscos, associados a essa pesquisa, bem como não haverá qualquer

pagamento de vantagem pela participação neste estudo. Além disto, as pesquisadoras

deixam claro e garantido que: terei qualquer dúvida esclarecida quanto ao estudo do qual

faço parte; poderei desistir de minha participação a qualquer momento, sem que isto tenha

conseqüências negativas ou prejuízos que se volte para mim; todas as informações

fornecidas por mim serão sigilosas e confidenciais; em situações de apresentação ou

publicação cientifica posterior ao estudo, o anonimato será mantido e respeitado. Este

estudo será rigorosamente fundamentado nos direitos enquanto sujeitos que fizerem parte

do estudo nas Normas e Diretrizes da Pesquisa com Seres Humanos (Resolução 196/96 –

CNS/MS), bem como pelo código de ética dos profissionais de enfermagem (COREN,

2001).

Estou permitindo se necessário: ( ) filmar ( ) fotografar ( ) gravar ( ) publicar

Florianópolis, _____de______________de 200__.

____________________________________ Assinatura do participante

Page 94: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

93

APÊNDICE B: ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Roteiro de Entrevista Semi-Estruturada para as Mulheres que vivenciaram o Processo do Nascimento no primeiro semestre de 2005 na Maternidade do

HRHMG

Data da entrevista: _______/_______/_______

Hora de início: ________________ Hora de término: _______________

IDENTIFICAÇÃO

Nome (fictício): ________________________ Nº AIH: ____________________

Idade: ______________________

Local de nascimento (Cidade/UF): _______________________________________

Local de moradia (Bairro): ______________________________________________

Grau de instrução:

( ) analfabeto ( ) semi-analfabeto

( ) 1º grau completo ( ) 1º grau incompleto

( ) 2º grau completo ( ) 2º grau incompleto

( ) 3º grau completo ( ) 3º grau incompleto

( ) pós-graduação ( ) pós-graduação Incompleta ( ) especialização completa

( ) mestrado completo ( ) mestrado incompleto

Outros________________________________________

Estado Civil: ( ) solteira ( ) casada ( ) amasiado (junto) ( ) viúva

Outros________________________________________________________

Nº de filhos (idade dos filhos):___________________________________________

___________________________________________________________________

OCUPAÇÃO

Profissão: ___________________________________________________________

Horário de trabalho (em horas e turnos): _____________________________

Renda familiar:

Page 95: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

94

( ) menos de 01 salário mínimo ( ) de 01 a 02 salários mínimos

( ) de 03 a 04 salário mínimo ( ) de 05 a 06 salários mínimos

( ) de 07 a 08 salário mínimo ( ) de 09 a 10 salários mínimos

( ) mais de 10 (quantos): _________________

Plano de saúde: ( ) sim ( ) não qual?

Usou o plano nesta internação? ( ) sim ( ) não

FATORES OBSTÉTRICOS

Gesta: _______ Para: _______ número de PN: _____ número de PC:_____

Número de Abortos: _______ Nº filhos vivos: ______

DADOS DA ÚLTIMA GESTAÇÃO:

Realizou pré-natal: ( ) sim Nº de consultas: ______ ( ) não Por quê? _______

___________________________________________________________________

Participação do companheiro nas consultas: ( ) sim ( ) não Por quê? ________

___________________________________________________________________

Recebeu orientações durante o pré-natal? ( ) não ( ) sim Sobre:

( ) Lei do acompanhante ( ) Tipo de parto

( ) Procedimentos do parto ( ) importância do pré-natal

( ) Amamentação ( ) Auto-cuidado

( ) Analgesia no parto ( ) humanização do parto

( ) humanização da assistência ( ) Outra Citar: ___________________________

Escolheu previamente o local do parto?

( ) sim ( ) não?

Por que escolheu a maternidade do HRHMG?

( ) mais fácil acesso rodoviário

( ) conhece o hospital

( ) indicação de amigo/familiar

( ) internação(ões) anterior(es)

( ) levada por terceiros

( ) levada por companheiro/familiar

Page 96: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

95

( ) levada pela polícia

( ) outros ___________________________________________________________

PROCESSO DE NASCIMENTO

Hora do parto:_______________ Horário de chegada ao Hospital:_____________

Como foi realizada sua admissão:

Na triagem obstétrica: _________________________________________________

Em resumo, classifica o atendimento na triagem obstétrica como:

( ) ótima ( ) boa ( ) razoável ( ) ruim ( ) péssima

No centro obstétrico: __________________________________________________

Em resumo, classifica o atendimento no centro obstétrico como:

( ) ótima ( ) boa ( ) razoável ( ) ruim ( ) péssima

No alojamento conjunto: ________________________________________________

Em resumo, classifica o atendimento no alojamento conjunto como:

( ) ótima ( ) boa ( ) razoável ( ) ruim ( ) péssima

Recebeu alguma informação/orientação ( ) sim ( ) não

Se recebeu, que setor forneceu a informação (TO, CO ou AC) e quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Foi questionada quanto a necessidade de realização de:

Tricotomia (retirada dos pêlos pubianos ) ( ) sim ( ) não

Episiotomia (corte com pontos na vagina) ( ) sim ( ) não

Enteroclisma (enema/ lavagem intestinal) ( ) sim ( ) não

Foi orientada quanto a:

Deambulação ( ) sim ( ) não

Alimentação ( ) sim ( ) não

Tipo de parto ( ) sim ( ) não

Analgesia ( ) sim ( ) não

Presença de acompanhante ( ) sim ( ) não

Métodos de relaxamento ( ) sim ( ) não

Page 97: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE GRADUAÇÃO EM …siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Teixeira.pdf · 2007. 3. 13. · universidade do vale do itajaÍ centro de educaÇÃo biguaÇu

96

Deambulou durante o trabalho de parto? ( ) sim ( ) não Por onde? __________

Teve a presença de um acompanhante? ( ) sim ( ) não Quem? ____________

Realizou alguma técnica de relaxamento? ( ) sim ( ) não Qual? _____________

Recebeu apoio emocional de algum profissional de saúde ? ( ) sim ( ) não

De quem? __________________________________________________________

De que maneira? _____________________________________________________

Teve oportunidade de contato (visual/físico) com o RN? ( ) não ( ) sim

Onde e como? _______________________________________________________

O que entende por humanização da assistência de saúde?

O que entende por humanização do parto?

Considera que o seu atendimento no processo de nascimento foi humanizado?

( ) sim ( ) não Em que sentido?

Que ações/recursos utilizados na sua opinião tornaram o seu atendimento

humanizado?