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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA CARINE CIVA O RELACIONAMENTO DO(S) FILHO(S) COM SEUS PAIS APÓS A SEPARAÇÃO DO CASAL, DO PONTO DE VISTA DOS FILHOS ADOLESCENTES Itajaí, (SC) 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

CARINE CIVA

O RELACIONAMENTO DO(S) FILHO(S) COM SEUS PAIS APÓS A

SEPARAÇÃO DO CASAL, DO PONTO DE VISTA DOS FILHOS

ADOLESCENTES

Itajaí, (SC) 2006

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CARINE CIVA

O RELACIONAMENTO DO(S) FILHO(S) COM SEUS PAIS APÓS A

SEPARAÇÃO DO CASAL, DO PONTO DE VISTA DOS FILHOS

ADOLESCENTES

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. MSc Márcia Aparecida Miranda de Oliveira

Itajaí SC, 2006

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Com saudades dedico este trabalho a memória

de meu pai José Civa, que teve pouco

tempo para compartilhar comigo do sonho

de estudar Psicologia.

A minha mãe, Salete Civa;

Ao meu marido Nei e ao meu filho João Vitor;

A minha orientadora Márcia Aparecida

Miranda de Oliveira;

e a todos os meus verdadeiros amigos !!!

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Muitas foram as pessoas, que de algum modo, contribuíram para a

construção deste trabalho. Dentre elas, gostaria de deixar um agradecimento

especial:

Para minha orientadora Márcia Aparecida Miranda de Oliveira, pela

sua paciência, atenção e generosidade em compartilhar seus conhecimentos

comigo.

As pessoas que gentilmente aceitaram participar da minha pesquisa;

Aos meus pais que me deram a oportunidade de poder estudar;

Ao meu marido e meu filho, pela paciência;

Aos meus verdadeiro amigos que sempre me incentivaram e muitas vezes me

escutaram...e

A cima de tudo a DEUS...

MUITO OBRIGADA!!!

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SUMÁRIO

RESUMO..............................................................................................................................5 LISTA DE QUADROS.........................................................................................................21 1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................6 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...............................................................................................10

2.1 A teoria Sistêmica e a família...................................................................................10 2.2 Família e Mudanças .................................................................................................11 2.3. A Educação dos Filhos............................................................................................13 2.4 A relação entre pais e filhos da infância à adolescência ........................................15

3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................19

3.1 Método de abordagem .............................................................................................19 3.2 Participantes ............................................................................................................20 3.3 Instrumento ..............................................................................................................22 3.4 Coleta de dados .......................................................................................................22 3.5 Análise dos dados....................................................................................................23

4 RESULTADO E ANÁLISE .........................................................................................................25

4.1 Mudanças na família após a separação...................................................................26 4.1.1 Mudanças no relacionamento dos ex-cônjuges ....................................................26 4.1.2 Novos relacionamentos do pai ou da mãe após a separação...............................28 4.1.3 Mudanças no relacionamento do(s) filho(s) com a figura parental que não tem a guarda ............................................................................................................................29 4.1.4 Mudanças no relacionamento com os familiares da figura parental que não tem a guarda do filho ...............................................................................................................31 4.2 Participação das figuras parentais na vida dos filhos, subdividida em: ..................32 4.2.1 Contatos freqüentes ..............................................................................................32 4.2.2 Contatos no período de férias ...............................................................................34 4.3 Importância da manutenção do contato do(s) filho(s) com ambas as figuras parentais. .......................................................................................................................35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................37 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................40 7 APÊNDICES .................................................................................................................................44

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O RELACIONAMENTO DO(S) FILHO(S) COM SEUS PAIS APÓS A

SEPARAÇÃO DO CASAL, DO PONTO DE VISTA DOS FILHOS

ADOLESCENTES

Orientadora: Márcia Aparecida Miranda de Oliveira Orientanda: Carine Civa Defesa: novembro de 2006 Resumo: Sabemos da importância do núcleo familiar na formação do indivíduo, é dele que tiramos nossas primeiras lições às quais carregamos por toda a vida como modelo. Mas atualmente, a família vem sofrendo grandes mudanças, que afetam sua estrutura e os papéis desempenhados pelos seus membros. Uma dessas mudanças é a separação dos pais, que vem ocorrendo com mais freqüência na atualidade. Além da mudança da convivência dos filhos com seus pais, também estes enfrentam uma nova situação, que é a separação dos pais. Na tentativa de aprofundar esta questão buscou-se conhecer o relacionamento da família após a separação do casal do ponto de vista dos filhos adolescentes, para que possam surgir alternativas que venham amenizar os sentimentos que derivam da mudança no sistema familiar. Os dados foram coletados através de uma entrevista semi-estruturada, realizada com cinco (5) adolescentes cujos pais estão separados. As entrevistas foram analisadas a partir da Análise de Conteúdo proposta por Bardin (1997) onde chegou-se às seguintes categorias: mudanças na família após a separação; mudança no relacionamento dos ex-cônjuges; novos relacionamentos do pai ou da mãe após a separação; mudanças no relacionamento do(s) filho(s ) com a figura parental que não tem a guarda; mudanças no relacionamento com os familiares da figura parental que não tem a guarda do filho; participação das figuras parentais na vida dos filhos, subdividida em: contatos freqüentes e contatos no período de férias e a última categoria a importância da manutenção do contato do(s) filho(s) com ambas as figuras parentais. Os resultados demonstram que a maior parte das figuras parentais continua tendo contato com seus filhos, continuam participando ativamente da vida deles, ligam para saber como eles estão, já outros afirmam que não têm contato necessário que gostariam com a figura parental que não tem a sua guarda, devido ao fato que algumas das figuras parentais terem ido morar em outra cidade ou em outro país, após a separação. Como também ocorreram casos em que os adolescentes eventualmente têm contato com a figura parental que deixou o lar, o que pode estar associado ao tipo de relacionamento que existia entre eles, durante o casamento dos pais. Outras mudanças observadas foram referentes às datas festivas que agora os adolescentes tem que dividir ou escolher com quem irão passá-las e também em relação às visitas e contatos com os demais parentes de quem não ficou com a guarda do(a) filho(a). A partir dos dados obtidos conclui-se que apesar da separação dos pais, os adolescentes continuam mantendo contato com o pai, mas quem sempre está ativamente presente em suas vidas é a mãe.

Palavras-chave: filhos, mudanças e separação dos pais. LISTA DE QUADROS

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Quadro 01 – Dados Pessoais dos entrevistados..........................................................21

1. INTRODUÇÃO

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Sabemos da importância do núcleo familiar na formação do indivíduo, é dela que

tiramos nossas primeiras lições às quais carregamos por toda a vida como modelo. Mas

atualmente, a família vem sofrendo grandes mudanças, que afetam sua estrutura e os

papéis desempenhados pelos seus membros, o que reflete no desenvolvimento

psicossocial.

Uma dessas mudanças é a separação dos pais, que vem ocorrendo com mais

freqüência na atualidade, conforme dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE, 2004) que frente à separação, salienta-se que a guarda do(s) filho(s)

fica com a mãe, como fica evidenciado entre os anos de 1997 a 2002, que a guarda entre

4,5 a 5,1% foi deferida aos pais, enquanto que entre 92 a 98,4% foi dada às mães. Assim,

conforme os dados apresentados se observa que o maior percentual dos filhos, passa a

conviver mais com a mãe, podendo ter menor convivência diária com o pai.

Além da mudança da convivência dos filhos com seus pais, uma separação na

família geralmente tem como conseqüência mudanças na estrutura e no funcionamento

familiar, os filhos enfrentam uma nova situação, que é a separação dos pais, o homem e a

mulher passam a vivenciar um novo estado civil. Com a separação, interrompe-se uma

etapa da vida familiar e inicia-se outra.

De acordo com Maldonado (1996), o corte do convívio diário entre pai, mãe e filhos

não leva necessariamente ao distanciamento, ao esfriamento ou ao abandono, embora

isso possa ocorrer. O que irá acontecer com o relacionamento familiar depende das

atitudes e das ações tanto dos pais quando dos filhos e do que eles irão fazer com os

sentimentos de raiva, mágoa, rancor que é tão comum estarem presentes no cenário da

separação, não só entre os ex-cônjuges, como também entre pais e filhos.

Em função disso, fica evidente a importância em realizar um estudo sobre o

relacionamento da família após o divórcio, para que possam surgir alternativas que

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venham amenizar os sentimentos citados que derivam da mudança no sistema familiar.

Partindo de duas monografias já concluídas, cujo os títulos são: O relacionamento

familiar após o divórcio, do ponto de vista de quem fica com a guarda do(s) filho(s)

realizada pela acadêmica Franciele Krisley de Souza (2004) e O relacionamento familiar

após a separação dos pais, do ponto de vista de quem não fica com a guarda do(s)

filho(s), realizada pela acadêmica Danúbia Maraisa de Oliveira (2005) ambas orientadas

pela professora Márcia Aparecida Miranda de Oliveira, este estudo surge com o interesse

de compreender como se dá a relação familiar após a separação dos pais do ponto de

vista do(s) filho(s) na fase da adolescência.

Considerando-se que a adolescência é o período de transição entre a infância e a

fase adulta, é uma transformação saudável e natural, em que ocorrem mudanças físicas e

psicológicas que preparam o adolescente para se tornar adulto. Sendo assim, cada

adolescente viverá essa transformação de acordo com suas possibilidades e recursos

internos, com o seu contexto e dinâmica familiar e contará também com a ajuda ou a

inibição dos pais na elaboração e superação dessa fase (CARTER & MCGOLDRICK,

1995).

Por sua vez Maldonado (1994) salienta que pais e filhos precisam crescer juntos a

cada etapa do desenvolvimento e que é preciso fazer ajustes na maneira de lidar com as

situações que surgem.

Portanto, este estudo busca compreender a dinâmica familiar após a separação

conjugal, buscando conhecer as mudanças no sistema familiar após a separação dos pais

sob o ponto de vista do(s) filho(s) e verificar como se dá o relacionamento do(s) filho(s)

com os pais após a separação do casal. E assim oferecer esclarecimentos e orientação

para as famílias para que as conseqüências da separação sejam minimizadas. Para

assim, promover uma melhor relação entre pais e filhos que cause menos sofrimento e

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que minimize outros conflitos decorrentes da separação.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A teoria Sistêmica e a família

A Abordagem Sistêmica compreende e leva em consideração o homem como um

todo, precedido de suas partes, inserido em seus contextos, sejam eles familiares,

profissionais ou sociais e compreendendo-o como resultado de suas interações.

As partes estão interligadas e se o todo for dividido em partes, juntando

novamente, parte da essência se perderá.

A Teoria Sistêmica enfatiza o estudo da relação familiar do indivíduo, do meio em

que ele vive, sendo necessário conhecer os integrantes dessa família e a maneira como

essa se relaciona entre si, visto que, se há um membro da família desestruturado, isso

pode afetar os demais.

A terapia familiar é um recurso para as famílias conseguirem ajuda para tipos

diferentes de problemas. Ela pode ser altamente efetiva quando as pessoas de uma

família têm dificuldade em se relacionar; quando uma criança ou um adolescente

demonstra problemas de comportamento ou quando uma pessoa da família está

deprimida ou ansiosa (ANNUNZIATA, 1996).

Para Papp (2002), no pensamento sistêmico, não há absolutos ou certezas; a

realidade e a verdade são circulares. A verdade pragmática é a verdade que é a mais útil,

ou seja, a verdade liga certos eventos e o comportamento de uma maneira que capacite a

família a fazer mudanças construtivas.

De acordo com Minuchin (1990), quando nasce uma criança, devem surgir novas

funções, sendo que o funcionamento da unidade conjugal deve ser modificado para

satisfazer os registros de paternidade. Para a mulher, o filho constitui uma realidade muito

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mais cedo do que para o homem, pois o homem começa a se sentir como pai somente no

nascimento, às vezes, até mais tarde, enquanto a mulher começa a se sentir mãe já na

gravidez. Portanto, o homem pode permanecer não compromissado, enquanto a mulher

já está se adaptando a um novo nível de formação familiar. E a criação de filhos oferece

muitas oportunidades para o crescimento individual e para o fortalecimento do sistema

familiar.

Seguindo essa premissa, Prado (1996), salienta que o ambiente familiar precisa

satisfazer as necessidades básicas de afeto, apego, desapego, segurança, disciplina,

aprendizagem e comunicação.

2.2 Família e Mudanças

A instituição da família vem passando por um processo de intensas

transformações, não estando dissociada das transformações pelas quais passa a

sociedade como um todo. “A família sempre tem passado por mudanças que

correspondem às mudanças da sociedade” (MINUCHIN, 1990, p. 52).

A família segundo Andolfi e Angelo (1988), pode ser vista como um sistema em

constante transformação. Os estímulos internos e externos e a conseqüente necessidade

de mudança exigem que os membros da família avaliem continuamente suas relações e

reavaliem o equilíbrio entre unidade familiar e crescimento individual. O processo é

influenciado por experiências passadas e presentes da unidade familiar e de cada um de

seus membros.

O indivíduo que vive numa família, segundo Minuchin (1990) é um membro de um

sistema social, ao qual deve adaptar suas ações que são governadas pela característica

do sistema e estas características incluem os efeitos de suas próprias ações passadas.

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Porém, as mudanças numa estrutura familiar contribuem para mudança no

comportamento e nos processos psíquicos internos dos membros desse sistema.

Mas atualmente, tendo em vista que o divórcio tem contribuído para as

transformações na vida familiar, Cerveny (1997) salienta que uma separação não acaba

com a família, mas a transforma e também pontua que, o que deixa de existir após o

divórcio é a família nos moldes anteriores à separação, isto é, usualmente no modelo

mais conhecido; pai, mãe e filho reunidos. Passa a existir, a partir da separação, uma

nova configuração familiar. A estrutura do sistema muda, podendo até, mulher e homem

recasarem-se, mas a família enquanto organização se mantém.

Para Osório (2002), o período de separação é bastante longo e compreende não

só a separação propriamente dita, mas todo o tempo que vem antes, com o pensamento

e a vontade cada vez mais intensos, usualmente de um dos cônjuges, de se separar,

passando pelo divórcio, até a fase posterior, quando as pessoas conseguem, finalmente,

refazer e reequilibrar suas vidas.

Ainda para o mesmo autor, as reconstruções familiares acarretam, mudanças

significativas no campo relacional familiar, provocando a emergência de situações sem

precedentes, para as quais não há experiências prévias na evolução da família que

possam servir de referência para balizar o processo de assentamento sociocultural

dessas novas formas de convívio familiar.

Osório (2002) ainda salienta que existem dificuldades quando precisamos

nomear certos papéis familiares emergentes nas reconstruções de famílias e não

encontramos forma de designá-los adequadamente com a utilização, de termos já

comprometidos para identificar papéis distintos, ainda que similares como, por exemplo,

expressões como “padrasto” e “madrasta”, empregadas por filhos para designar

respectivamente o novo marido ou mulher de sua mãe ou seu pai.

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Seguindo essa proposta do recasamento, Falceto (1996, p. 56) salienta que essa

reestrutura familiar possui três etapas:

- o estágio inicial: onde é o momento dos estranhos se conhecerem melhor e abrir

mão definitivamente do ideal da família “nuclear feliz”. É muito arriscado buscar na nova

família o que se perdeu ou se teve na primeira;

- o estágio médio: quando as coisas “ou vão ou racham”. O padrasto e a madrasta

necessitam colocar os seus limites sem ameaçar terminar a relação. Para isso o novo

casal tem que estar suficientemente forte. Esta fase pode levar até quatro anos;

- o último estágio: onde a “nova” família já tem seu jeito próprio, e o seu

funcionamento é previsível. O padrasto e a madrasta já definiram o seu papel, e o casal

está bem solidificado.

O mesmo autor comenta ainda, que diante do recasamento, outro aspecto a ser

visto, diz respeito à aceitação dos filhos, os quais apresentam diferentes reações

dependendo da idade, do temperamento e da capacidade de lidar com a tensão. Também

depende do clima pré-separação: se havia violência familiar, a sensação poderá ser de

alívio. A maior parte das crianças apresenta alguns sintomas nos dois primeiros anos

após a separação, principalmente na escola.

Grunspun (2000), salienta que um dos fatores que pode desestabilizar

emocionalmente as crianças na separação dos pais, diz respeito à adaptação dos filhos a

essa nova fase, que vai depender em grande parte do relacionamento entre os pais e do

apoio da figura parental, que possui a guarda, em manter o vínculo entre a outra figura

parental com o filho.

2.3. A Educação dos Filhos

Pode se dizer que a família é a primeira e a principal responsável na educação dos

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filhos, por oferecer lhes a pauta ética para a vida em sociedade (OSÓRIO, 2002).

Educar e criar os filhos é uma atitude, um instinto do ser humano, que abrange

vários sentimentos e habilidades, que podem ser inatas ou aprendidas e aperfeiçoadas a

todo momento com a prática (GRUNSPUN, 2000).

As técnicas de educação dependem de vários fatores integrantes, que incluem as

bases culturais e a classe social, o nível de desenvolvimento da criança, as

características pessoais tanto dos pais como da criança, e o contexto social no qual o

relacionamento pai-filho é inserido, principalmente o relacionamento dos pais (MUSSEN,

1995).

A tarefa de educar as crianças é uma tarefa complexa, que a cada etapa do

desenvolvimento dessas desafia-se à capacidade de flexibilidade dos pais, através das

exigências de mudança de conduta dos mesmos e de atendimento a solicitação dos filhos

(MALDONADO, 1994).

De acordo com os papéis desempenhado pelos pais no processo educativo, a mãe

é que centraliza o maior número de tarefas educativas. Ela deve propiciar à criança os

recursos adequados para o desenvolvimento das suas potencialidades. Já o pai, pode

desempenhar um papel tão importante quanto o da mãe, nas funções referentes ao

desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança (OLIVEIRA, 1999).

Contudo, ambas as figuras parentais têm responsabilidades de igual importância,

mas com comportamentos diferentes, na criação e educação dos filhos, servindo como

modelos para os mesmos (GRUNSPUN, 2000). O afastamento de um dos pais, com

relação ao filho, influencia de forma significativa no desenvolvimento educacional e

emocional do mesmo.

Um fator a ser levado em conta no divórcio, no que diz respeito a influência dos

pais na educação dos filhos, é quando ocorre intensos conflitos parentais entre as partes,

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envolvendo críticas mútuas e exposição das crianças. Essa situação gera um

desajustamento na educação dos filhos (GRUNSPUN, 2000).

Portanto, para se obter um processo de reorganização e redefinição ajustado da

família após o divórcio, principalmente para os filhos, é necessário que os pais

mantenham um contato continuado entre eles.

2.4 A relação entre pais e filhos: da infância à adolescência

Antigamente de acordo com Santos (1999), a criança era caracterizada como um

ser ingênuo, inocente, ainda imperfeito e incompleto. E estas noções se constituíram em

elementos básicos que fundamentaram o conceito de criança entendida como um ser sem

existência social, miniatura do adulto, abstrata e universal.

O mesmo autor comenta que, uma nova concepção sobre criança vem tomando

espaço no panorama educacional, a criança como ser social. Nesta nova visão a criança

é vista como um sujeito ativo, onde a situação sociocultural, as condições econômicas, o

sexo e a etnia exercem grande influência sobre ele e seu comportamento. Dessa forma, o

conceito de criança passa a não ser único, mas depende de vários fatores do contexto

onde ela está inserida.

De acordo com Fonseca (1995), as crianças começam pensando que todas as

famílias são iguais, mas, quando vão para a escola ou creche, logo tomam conhecimento

de famílias de todo tipo. Elas podem sentir-se perturbadas, intrigadas ou ciumentas por

que sua família não é igual às demais. A mãe ou o pai – o adulto – tem que ouvir suas

queixas tentar ajudá-las a entender essa diversidade de sistemas familiares.

Os diversos aspectos do desenvolvimento da criança abrangem o crescimento

físico, as mudanças psicológicas e emocionais e a adaptação social. Existe uma

concordância geral de que os modelos de seu desenvolvimento estão determinados por

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condições genéticas e circunstâncias ambientais: existe um componente genético nas

características da personalidade; o crescimento físico depende da saúde; até os dois

anos de idade, ocorrem as mudanças mais drásticas na atividade motora. A velocidade

para adquirir estas capacidades é determinada de forma congênita. Aqui também se

destaca a capacidade para compreender e utilizar a linguagem (CARVALHO, 2005).

Conforme o autor já citado a formação da personalidade é considerada um

processo pelo quais as crianças aprendem a evitar os conflitos e a administrá-los quando

aparecem. Os pais excessivamente rigorosos ou permissivos podem limitar as chances

de uma criança tentar evitar ou controlar seus problemas. As atitudes dos pais e seus

valores influem no desenvolvimento dos filhos, as relações sociais infantis supõem

interação e coordenação dos interesses mútuos, onde são adquiridos modelos de

comportamento social através dos jogos.

A arte de educar consiste, sobretudo, na possibilidade dos pais crescerem junto

com cada filho, respeitando e acompanhando a trajetória que vai da dependência quase

total do bebezinho para a crescente autonomia e independência do filho já quase adulto

(Maldonado, 1986).

Por outro lado, quando uma família possui filho(s) adolescente(s) de acordo com

Cerveny e Berthoud et al (1997), para alguns pais é um momento da vida em que eles

passam a rever sua própria adolescência e os aspectos que podem ser resgatados de

uma juventude ainda presente diante deles. No entanto para outros, é a despedida de sua

própria mocidade que os coloca diante da irrecorrível confrontação com a realidade de

sua própria finitude.

Na adolescência o comportamento dos indivíduos apresenta características

relevantes que se distinguem de outros períodos da vida humana.

A adolescência é apontada como um processo de mudanças de exigências,

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papéis, relações e interesses dentro e fora da família, num referencial social extenso,

compreendendo como referência o grupo de amigos. “O adolescente questiona a

conhecida vida familiar, os conceitos tradicionalmente aceitos, as regras e os padrões

pré-estabelecidos, em busca de algo que seja realmente seu” (KALINA e GRYMBERG,

1985, p.14) e conseqüentemente a família como um grupo tende a se sentir ameaçada e

em desequilíbrio, com essas novas proposta e perspectivas, que abalam e conturbam o

que se mantinha em homeostase.

Tiba (1996) afirma que atualmente há uma falência da autoridade dos pais, sendo

estes pais os grandes responsáveis pela educação dos jovens. As intensas mudanças

vividas de maneira muito rápida nas últimas décadas tiveram um custo na educação, e os

jovens ficaram sem noção de padrões de comportamento e limites, formando uma

geração que tem mais direitos do que deveres, mais liberdade do que responsabilidade.

Hoje em dia os pais permissivos se sentem inseguros quanto à maneira de lidar

com seus filhos, não impõe limites, não dizem “não”, não os frustram, preferem ceder aos

caprichos e exigências dos filhos, ao invés de passarem por um sentimento de culpa

(TIBA, 1996; ZAGURY, 1996).

Seguindo essa proposta, Zagury (1996), salienta que o controle que o pai e mãe

exercem deve restringir-se a áreas em que o jovem ainda não possa ou não consiga

resolver-se por si próprio. Eles devem compreender que o adolescente necessita, pelas

próprias características da fase em que está vivendo, pouco a pouco, encontrar espaço e

apoio para a tomada de decisões à sua vida pessoal.

De acordo com Cerveny (2004), em muitas ocasiões ouvimos aquilo que queremos

ouvir e não o que realmente está sendo dito, é muito comum entre as famílias a

ocorrência desse tipo de situação. Nas famílias, as queixas dos filhos podem ser ouvidas

de diferentes maneiras, dependendo do contexto e do contato dos pais com eles. Silêncio,

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choros, isolamento e agressões são mensagens que são recebidas com diferentes

significados pelos diferentes membros de uma família.

A comunicação segundo a mesma autora é um processo social permanente que

integra múltiplos modelos de comportamentos: a palavra, o gesto, o olhar, etc. A

comunicação é um todo integrado. O diálogo é um dos maiores objetivos que a família

deve alcançar.

Ser pais de adolescentes determina muita flexibilidade, confiança e uma

comunicação sincera. Sendo assim, Zagury (2001) descreve algumas tarefas que os pais

dos adolescentes devem seguir para que haja um melhor convívio na família, dentre elas:

os pais devem dar sempre a oportunidade para que os filhos expressem suas opiniões e

troquem idéias; devem tolerar os momentos de mau humor ou mudez absoluta; devem

ouví-los, desde que ele queira falar; devem aceitar e estimular a necessidade de

expressarem independência; devem fazer com que seu filho conheça e respeite as

normas vigentes na família; devem sempre que puder conversar com seu filho.

Assim, para uma educação adequada, de acordo com Falceto (1996) é importante

que a estrutura familiar seja funcional que haja processos de colaboração e respeito

mútuo entre os adultos. Como também, é necessário o respeito às necessidades de cada

filho em cada fase do desenvolvimento, com uma comunicação clara e espontânea de

idéias e afetos e estimulo à autonomia com interdependência.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Método de abordagem

O método qualitativo de acordo com Oliveira (1999), possui a facilidade de poder

descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a

interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos

experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança,

criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de

profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos e atitudes dos

indivíduos.

Para Rey (2002) a pesquisa qualitativa se debruça sobre o conhecimento de um

objeto complexo: a subjetividade, cujos elementos estão implicados simultaneamente em

diferentes processos constitutivos do todo, os quais mudam em fase do contexto em que

se expressa o sujeito concreto. A história e o contexto que caracterizam o

desenvolvimento do sujeito marcam sua singularidade, que é expressão da riqueza e

plasticidade do fenômeno subjetivo.

De acordo com o mesmo autor a pesquisa qualitativa está orientada à produção

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de idéias e nela o essencial é a produção de pensamentos. Constitui um processo

irregular e diferenciado, pois se ramifica à medida que o objeto se expressa,

possibilitando assim a construção do conhecimento.

Em função disto, optou-se pelo método qualitativo por este ser um método mais

descritivo e que tem por objetivo compreender e classificar situações complexas ou

estritamente particulares (OLIVEIRA, 1999).

3.2 Participantes

Para a realização deste trabalho foram convidados cinco adolescentes, entre 13 e

16 anos, independentes do sexo, e seus pais deveriam estar separados há pelo menos

dois anos. Este número de sujeitos foi suficiente, por se tratar de uma pesquisa qualitativa

que visa estudar a qualidade dos fenômenos que foram coletados. Portanto, esta

abordagem prioriza o sujeito em si e não a quantidade de dados.

Os filhos de 13 e 16 anos de idade estão passando pela fase da adolescência,

onde segundo Osório (1992) é um processo maturativo biopsicossocial do indivíduo, ou

seja, fase em que o adolescente passa por várias modificações tanto físicas como

psíquicas. As mudanças psicológicas que se processam nesse período, e que são a

correlação de mudanças corporais, levam a uma nova relação com os pais e com o

mundo (ABERASTURY e KNOBELL, 1981).

De acordo com Brown (1995), as figuras parentais que estão separadas há mais de

dois anos, teriam passado pela primeira fase, conhecida como a fase das conseqüências,

do processo de se tornar uma figura parental sozinha.

A escolha dos adolescentes foi através da indicação de pessoas conhecidas da

pesquisadora, mas que não tiveram contato direto com a mesma, ou seja, foi explicitado

sobre o presente trabalho a pessoas com as quais a pesquisadora possui contato,

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questionando-as se conheciam e se poderiam indicar pessoas conhecidas do ambiente

escolar, da vizinhança, que possuíssem os critérios solicitados para a realização desta

pesquisa.

Foi marcada uma entrevista para a devolução dos resultados gerais da pesquisa para

cada sujeito e a pessoa responsável por ele (a), bem como, foram repassados os

resultados específicos de cada sujeito.

Como também foi garantido aos sujeitos, o encaminhamento psicológico na Clinica do

Curso de Psicologia, caso fosse detectada tal necessidade pela pesquisadora.

Fez-se uma breve descrição do perfil dos participantes utilizando as iniciais dos nomes

e algumas informações genéricas, respeitando os princípios éticos de sigilo e anonimato.

Quadro 01 – Dados pessoais dos adolescentes entrevistados

Adolescente Entrevistado

J A C M AC

Sexo

M F M M F

Idade

15 16 15 16 16

Idade do (a) filho(a)

quando os pais se

separaram

13 13 13 14 13

Escolaridade

1º Ensino Médio

2º Ensino Médio

1º Ensino Médio

2º Ensino Médio

2º Ensino Médio

Tempo de separação dos pais

2 anos e 6 meses

3 anos e 2 meses

2 anos e 4 meses

2 anos 3 anos e 6 meses

Com quem mora

Mãe Mãe Mãe Mãe Mãe

A mãe tem namorado

Não Sim Não Sim Sim

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3.3 Instrumento

Foi utilizada uma ficha de identificação (Apêndice B), uma entrevista semi-

estruturada (Apêndice C) que seguiu um roteiro de perguntas previamente elaborado,

sendo que as entrevistas foram registradas por meio de um gravador portátil, e

posteriormente foram transcritas integralmente e analisadas.

Antes da realização das entrevistas, foi efetuado um contato com os participantes

para agendamento de tais entrevistas.

3.4 Coleta de dados

Foi realizado um contato pessoal ou telefônico com as pessoas indicadas ou com

os pais, as quais foram selecionadas aleatoriamente, onde o pesquisador se apresentou e

explicou o motivo da pesquisa, mostrando assim a necessidade da colaboração destes

participantes, também foi deixado claro que todos os dados seriam mantidos em sigilo de

acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). E por se

tratarem de participantes menores de idade, o responsável pelo adolescente assinou o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Por fim, foi combinado o dia, a

hora, o local e o tempo de duração do trabalho para a realização das entrevistas, que foi

de aproximadamente 1 hora e 30 minutos.

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3.5 Análise dos dados

Levando em consideração que o método de Análise de Conteúdo consiste,

segundo Bardin (1997), em um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que

visa obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das

mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimento relativos às

condições de produção destas mensagens.

Foi realizada uma análise de conteúdo sobre os dados das entrevistas, através da

seguinte seqüência de passos proposta por Bardin (1997):

1) Pré-análise: é a etapa onde deve-se fazer a leitura do material coletado,

buscando uma noção do sentido do todo;

2) Descrição analítica: busca-se a definição das unidades de significados, ou

unidades de análise que serão submetidas à classificação. A partir desta busca chegou-

se as seguintes unidades:

2.1 Mudança na família após a separação, subdividida em:

2.1.1 Mudanças no relacionamento dos ex-cônjuges;

2.1.2 Novos relacionamentos do pai ou da mãe após a separação;

2.1.3 Mudanças no relacionamento do(s) filho(s) com a figura parental que não

tem a guarda;

2.1.4 Mudanças no relacionamento com os familiares da figura parental que não

tem a guarda do filho;

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2.2 Participação das figuras parentais na vida dos filhos, subdividida em:

2.2.1 Contatos freqüentes;

2.2.2 Contatos no período de férias;

2.3Importância da manutenção do contato do(s) filho(s) com ambas as figuras

parentais.

3) Interpretação referencial: é onde se discute os resultados, se produz um texto

com o material identificado e o conjunto de significados presentes nas diversas unidades

de análise.

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4 RESULTADO E ANÁLISE

Os relatos obtidos foram analisados conforme critérios propostos por Bardin (1997),

resultando ao final em três categorias, descritas abaixo, sendo que duas delas foram

divididas em subcategorias:

4.1 Mudança na família após a separação, subdividida em:

4.1.1 Mudanças no relacionamento dos ex-cônjuges;

4.1.2 Novos relacionamentos do pai ou da mãe após a separação;

4.1.3 Mudanças no relacionamento do(s) filho(s) com a figura parental que não

tem a guarda;

4.1.4 Mudanças no relacionamento com os familiares da figura parental que não

tem a guarda do filho;

4.2 Participação das figuras parentais na vida dos filhos, subdividida em:

4.2.1 Contatos freqüentes;

4.2.2 Contatos no período de férias;

4.3 Importância da manutenção do contato do(s) filho(s) com ambas as figuras

parentais.

Respeitando os princípios éticos de sigilo e anonimato, os nomes dos adolescentes

entrevistados foram utilizados suas iniciais.

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4.1 Mudanças na família após a separação

Muitas transformações são acarretadas na família com a separação do casal,

podendo estas serem mudanças psicológicas, financeiras, relacionamento entre pais e

filhos, ocorrência de recasamento, ampliando assim a família, entre outras. Ao se

compreender todas essas transformações é de fundamental importância para que se

possa pensar em estratégias de ação que venham a favorecer o desenvolvimento de bem

estar e qualidade de vida pós-divórcio (GRZYBOWSKI, 2000). Sendo assim, esta

categoria irá discorrer sobre algumas mudanças ocorridas na família após a separação

das figuras parentais.

4.1.1 Mudanças no relacionamento dos ex-cônjuges

Um problema comum que costuma aparecer com o processo de separação é o

relacionamento estabelecido entre os ex-cônjuges. Este é um problema que,

freqüentemente atinge muito mais os filhos dos casais que se separam do que

exatamente os casais em si, afinal, os filhos podem acabar ficando expostos ao conflito

parental permanente.

Segundo Féres-Carneiro (2002), a capacidade da criança de lidar com a crise que

a separação provoca vai depender da relação que se estabelece entre os pais e da

capacidade destes de distinguir a função conjugal da função parental, transmitindo aos

filhos a certeza de que o amor e os cuidados serão sempre mantidos.

Durante o processo de separação é previsto que os pais sintam raiva e troquem

acusações sobre tudo o que deu errado. Pais amargurados, que acreditam que sua raiva

se justifica, pois foram rejeitados, traídos ou abandonados pelo parceiro(a), muitas vezes

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não conseguem ver sua própria contribuição aos problemas do casamento (TEYBER,

1995).

Analisando a fala dos adolescentes entrevistados, percebeu-se que M, C

comentam que seus pais não conversam ou só conversam quando é preciso, isso fica

claro nos seguintes relatos:

M: “Hoje eles não se falam mais(...)”.

Já, C comenta que: “Eles só se falam quando é preciso.”

E além dos aspectos aqui apresentados, existem casos que após a separação

alguns pais não moram mais na mesma cidade dos filhos o que provavelmente dificulta a

relação tanto com o filho como com o ex-cônjuge como vimos no relato do entrevistado A:

“Hoje ele não mora mais aqui mora fora do país(...)”

De acordo com Brown (1995), a primeira fase vivenciada pelos ex-cônjuges é a

fase das conseqüências, que acontece no primeiro ano após a separação. Durante esta

fase é comum que ocorram atritos, pois é um período de muitas mudanças na vida de

toda família. Percebe-se isto na fala de J: “no começo ele (pai) e a mãe não se

falavam, agora já estão se falando de novo (...) é melhor porque assim, dificilmente

tem brigas”.

Um dos entrevistados comentou que o relacionamento após a separação dos

seus pais continua bom, sem apresentar problemas: AC: “Apesar de estarem

separados eles se dão bem, meu pai às vezes vai lá em casa e eles ficam

conversando...”

Alguns pais conseguem superar os conflitos emocionais com seus ex-parceiros em

função de uma melhor adaptação de seu(s) filho(s) no processo de separação. Grunspun

(2000), salienta que os filhos adaptam-se melhor quando os pais cooperam em prover o

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filho com convivência estável e tranqüila com a figura parental que visita, por mais que os

pais passem por dificuldades emocionais.

De acordo com Peck e Manocherian (2001), diferentes estudos realizados indicam

que o relacionamento pós-divórcio entre os pais é o fator mais crítico no funcionamento

da família. Embora um fator importante no ajustamento dos filhos após a separação seja o

contato continuado, qualitativo, com ambos os pais, o nível de conflito entre os pais pode

ser mais central no ajustamento do filho do que a ausência paterna ou o próprio divórcio.

4.1.2 Novos relacionamentos do pai ou da mãe após a separação De acordo com Cerveny & Bertould et al (1997), o recasamento é um fenômeno

que tem sido cada vez mais freqüente em nosso contexto e apareceu como uma

possibilidade de reconquistar vínculos essenciais de intimidade, afeto e companheirismo.

Maldonado (1996), enfatiza que frente a situação do recasamento, todos ficam

expostos ao convívio de pessoas que, de repente, passam a ser familiares. Isso abre

novas áreas de competição, rivalidade e conflitos de lealdade.

Apesar das evidencias e de novos e diferentes arranjos familiares, a alteração de

um modelo de funcionamento cristalizado é algo crítico, que necessita tempo para sua

transformação. Este processo de transição de modelos gera muita insegurança nos

membros da família, fazendo com que, em muitas ocasiões, as famílias reconstituídas

adotem formas de funcionamento baseadas no modelo da família original (FÉRRES-

CARNEIRO,2002).

O que foi observado nas entrevistas é que quatro dos entrevistados possuem um

dos pais que tem um (a) companheiro (a), como nos relatos de: A: “Minha mãe tem um

namorado, meu pai, sei lá (...) deve ter alguém (...)”; J) comenta: “Minha mãe já teve

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namorado, mas agora está sozinha, ele (pai) sempre tem alguém(...)”; C: “Ele (pai)

eu não sei, mas minha mãe tem um namorado(...)”e AC (16 anos): “ Eu adoro ele

(namorado da mãe), meu pai não tem namorada(...)

Apenas um dos entrevistados comentou que nenhum de seus pais possui

atualmente um relacionamento M: “Nem meu pai e nem minha mãe(...)

O que diferenciará bastante a forma de aceitação por parte dos filhos é o tempo de

separação entre seus pais e a idade que eles possuem no momento do recasamento, ou

seja, de acordo com Teyber (1995), a idade é um fator importante na formação da

segunda família. Em geral, quanto mais novos os filhos por ocasião do novo casamento,

mais fácil é a adaptação ao padrasto/madrasta.

4.1.3 Mudanças no relacionamento do(s) filho(s) com a figura parental que não tem a guarda

Uma das grandes mudanças pelas quais passam os filhos no momento da

separação de seus pais, é a questão de quem ficará com a guarda destes e como

continuará o relacionamento com a figura parental que deixa o lar.

De acordo com Schabbel (2005), tanto o casal que se separa quanto seus filhos

passam por momentos delicados e difíceis na tentativa de resolver questões práticas,

como quem fica com a guarda, como ficam as visitas, ou questões emocionais, como lidar

com a interrupção de certas tradições familiares, a perda da convivência diária com um

dos pais e a sensação de desamor, rejeição e abandono.

Muitas vezes o divórcio, não é só o fim do casamento, mas também o fim da

participação do pai/mãe, que não fica com a guarda do(s) filho(s), na vida das crianças,

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havendo um afastamento entre eles. Este fato é confirmado por Teyber (1995);

Wallerstein e Kelly (1998); Carter e McGoldrick (1995) e Peck e Manocherian (2001).

Em relação ao relacionamento do(s) filho(s) com a figura parental que não possui

sua guarda, o que pôde-se perceber é que a maioria dos progenitores que ficou sem a

guarda continua tendo um relacionamento próximo com seu(s) filho(s), como relata AC:

(...)ele ( o pai) vem me ver toda a semana não tem dia certo.”

O que ficou constatado na interferência do relacionamento é que dois pais

mudaram de cidade, o que torna às visitas menos freqüentes devido à distância, mas

mesmo morando longe dos filhos, quando estão juntos aproveitam cada minuto,

continuando tão unidos tanto quanto no período em que todos moravam juntos. Este

acontecimento pode ser visto na fala de C: “Vejo meu pai só nos finais de semana

porque ele não mora mais aqui.” “Eu gosto muito do meu pai, adoro ir na casa dele,

ficar com ele, a gente joga videogame juntos, saímos para jantar, passeamos, a

gente sempre faz alguma coisa diferente”; e J: “É divertido ter duas casas (...)

quando vou para a casa dele a gente sempre acha o que fazer para nos divertir,

saímos, vamos fazer compras juntos, ele me leva comer fora. Quando a gente

morava na mesma casa era melhor, é claro, a gente se via todos os dias, ele nos

buscava na escola(...) era muito legal”.

Mas também podemos perceber a situação inversa quando dois dos pais não

mantêm contato com seu(s) filho(s), ou a relação é distante como comenta M: “Sei lá a

relação é meio fria nem parece de pai e filho. Não gosto muito de falar sobre isso.”

“A gente nunca se deu muito bem...” e A: “ (...)hoje ele não mora mais aqui mora

fora do país então temos pouco contato com ele.”

Brandão (2004), afirma que nos casos de separação é importante que ambas as

figuras parentais deixem de lado suas diferenças e conversem, objetivando assim o

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melhor bem estar possível dos filhos. Pois muitas vezes os pais optam por não manterem

mais contato com seu ex-cônjuge e acabam dificultando a educação dos filhos.

O mesmo autor fala que muitos pais terminam por acreditar que, por serem

visitantes, devem se manter a distância dos filhos. Sentindo-se impotentes com o papel

de coadjuvantes, há pais que esbarram nas decisões unilaterais das ex-mulheres a

respeito da vida dos filhos, assim como há mães que se sentem sobrecarregadas física,

financeira e psicologicamente com o ex-marido que mal visita os filhos.

4.1.4 Mudanças no relacionamento com os familiares da figura parental que não tem a guarda do filho

Além dos cônjuges e seus filhos, os avós são considerados os parentes que mais

tendem a sofrer as conseqüências desfavoráveis desse rompimento, uma vez que se

verifica, normalmente, seu envolvimento neste momento delicado que seu filho ou filha

está passando (Féres Carneiro, 1999). Três dos entrevistados não falaram sobre os

parentes, pois de acordo com a literatura em função da separação dos pais é comum à

perda do contato com a família de quem não ficou com a guarda do filho (a).

As mudanças geradas na família pela separação abrangem também o seu

relacionamento com os outros sistemas fora da família nuclear, pai, mãe e filho(s). A

família ampliada, ou seja, pessoas que tenham quaisquer laços de parentesco com os

membros da família nuclear, como avós, tios, amigos, o trabalho, a escola, a comunidade,

também desempenha um papel importante na família nuclear no processo de divórcio.

De acordo com Peck e Manocherian (2001), o apoio da família e dos amigos é

muito importante para os membros da família no processo de separação.

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Porém, nem sempre após a separação dos pais os filho (s) perdem contato com

os demais familiares, como é visto no relato de A: “(...) ainda falo com meus tios, meus

avós, primos por parte dele (pai), a gente não perdeu o contato.” E também como

comenta C: “Minhas férias passo quase sempre com ele, as férias inteiras, a gente

viaja junto para a casa dos meus avós.”

Gesell (1987), salienta que o vínculo emocional que os filhos têm com os avós é

naturalmente diferente da relação pai-criança e que este laço extra pode exercer uma

influência benéfica cada vez maior na personalidade em desenvolvimento da criança.

De acordo com Féres-Carneiro (1999), os avós podem atuar como pais

substitutos ou mediadores no relacionamento familiar em tempos de crise, atuando como

mediadores da tensão e da ansiedade durante o divórcio de seus filhos.

4.2 Participação das figuras parentais na vida dos filhos

É de fundamental importância que após a separação dos pais, estes tenham

consciência do quanto é imprescindível à continuação do contato dos filhos com ambas

as figuras parentais. Afinal, é comum que o término do casamento acarrete desavenças

entre os cônjuges, mesmo assim, tanto o pai quanto a mãe devem ter extremo cuidado

para que tais desavenças não prejudiquem seu relacionamento com os filhos.

4.2.1 Contatos freqüentes

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Qualquer mudança na estrutura familiar é acompanhada por deslocamento e

estresse. No caso de separação, quando um adulto é subtraído da família, o

deslocamento parece ser especialmente severo (BEE, 1996).

Exercer o papel de pais na adolescência pode ser complicado e determina muita

flexibilidade, confiança e uma comunicação sincera. Sendo assim, Zagury (2001, p. 73),

descreve algumas tarefas que os pais dos adolescentes devem seguir para que haja um

melhor convívio na família, dentre elas:

- os pais devem dar sempre a oportunidade para que os filhos expressem

suas opiniões e troquem idéias;

- devem tolerar os momentos de mau humor ou mudez absoluta;

- devem ouví-los, desde que eles queiram falar, os pais devem aceitar e

estimular a necessidade de expressarem independência;

- devem fazer com que seu filho conheça e respeite as normas vigentes na

família;

- devem sempre que puder conversar com seu filho.

Para Mussen e cols. (1995), uma forma de reduzir os efeitos prejudiciais do

divórcio nos filhos é organizando as rotinas da casa e mantendo a disciplina com

autoridade e coerência.

Os mesmos autores comentam que viver com as figuras parentais, com quem o

(a) filho (a) tem um relacionamento afetuoso e um bom diálogo, permite que o mesmo lide

melhor com o divórcio dos pais como podemos perceber no relato de AC: “ Meu pai

sempre participou, sempre esteve por perto quando eu precisei, sempre pude

contar com ele”

As limitações de tempo e espaço podem impor uma grande carga ou, em alguns

casos, um limite bem-vindo às interações do relacionamento. Mas tanto o pai quanto a

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criança precisam agora encontrar tempo para o seu encontro, como também precisam se

separar no devido tempo. Tanto o encontro quanto à separação adquirem novos

significados, e as ansiedades concomitantes podem durar muito tempo (WALLERSTEIN;

KELLY, 1998). É o que foi percebido no relato de C: “Vejo meu pai só nos fins de

semana, ele não mora mais aqui (...) aí fica complicado a gente se ver todos os dias,

e de J “(...)agora é diferente, ele vem me ver no meu aniversário e do meu irmão,

traz presentes.”

Dois dos entrevistados na pesquisa comentaram que não possuem ou raramente

mantêm um contato com seus pais, como relata A: “Meu pai nunca ligou para nós,

nunca deu bola, só se preocupava com o trabalho e esquecia da família(...) ele

nunca participou e nem participa da minha vida” e M : “Vejo meu pai só quando eu

procuro ele”

Brown (1995), pontua que a maior necessidade dos filhos é o contato continuado

com ambos os pais, e que o sentimento de apoio por parte de cada um deles não ameace

sua lealdade ao outro, ou seja, os filhos devem ter em mente que podem contar com

ambas as figuras parentais e que sua relação com o pai não interferirá na sua relação

com a mãe e vice-versa.

4.2.2 Contatos no período de férias

Com relação aos contatos no período de férias na vida do(s) filho(s), pôde-se

perceber que três dos progenitores que ficou sem a guarda tem um relacionamento muito

importante com seu(s) filho(s), como se observa nos relatos de C: Minhas férias passo

quase sempre com ele, as férias inteiras, a gente viaja junto (...) , AC comenta que

“Nas férias fico quantos dias eu quiser com ele (pai)” e também J: “Nas férias às

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vezes a gente passa juntos, depende, às vezes viajo com ele (pai) e às vezes viajo

para os parentes da minha mãe.

Dois dos entrevistados comentam que não costumam passar as férias com o pai,

A relata que: (...) a gente não passava junto nem antes quem dera agora depois da

separação (...) e M: ”Às vezes passo alguns dias com ele (...) mas não gosto muito

não(...) a gente nunca se deu bem (...)

Wallerstein e Kelly (1998), enfatizam que o progenitor que sai da casa começa a

desempenhar um novo papel para o qual não existe nenhum ensaio e nenhum roteiro. Um

relacionamento de visitação entre o pai e a criança é estranho por sua própria natureza.

Os eventos cotidianos que estruturavam o relacionamento progenitor-criança

desapareceram. Os papéis são desajeitados e novos, não mais definidos por refeições

compartilhadas ou tarefas familiares. Nem o filho e nem o pai compartilham inteiramente a

vida um do outro, nem estão totalmente ausentes.

Quanto mais os pais compreendem os estágios da adolescência e os problemas

que os jovens enfrentam a cada etapa, mais bem equipados estarão para corresponder

às exigências e oferecer ajuda adequada. É preciso que os pais estejam cientes de que

os jovens são normalmente imprevisíveis e raramente conseguem “controlar” sentimentos

e emoções durante esse período turbulento (CARR-GREGG e SHALE, 2004).

4.3 Importância da manutenção do contato do(s) filho(s) com ambas as figuras parentais.

Os filhos precisam consideravelmente dos pais durante o processo de separação, e

é exatamente neste período que tanto o pai quanto a mãe estão mais vulneráveis e

frágeis, afinal, há uma perda a ser elaborada e inúmeros sentimentos não são

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compreendidos, além de existirem aspectos práticos a serem resolvidos (SCHABBEL,

2005).

Teyber (1995) afirma que os pais precisam apoiar-se mutuamente na relação com

os filhos, ambos precisam dizer aos filhos que o outro continua sendo pai ou mãe deles,

que se importa profundamente por eles, e que deve ser obedecido e respeitado. Este é

um passo que pode ser muito difícil para alguns pais, devido à raiva que sentem pelo ex-

parceiro, mas é do interesse dos filhos ter uma relação positiva com os dois genitores, e

não ter um genitor desvalorizado como modelo de papel.

Na presente pesquisa, o que se pode observar é que nos momentos de

dificuldades geralmente os filhos recorrem às mães, por elas estarem mais presentes em

suas vidas, mas comentam que seus pais apesar de não estarem morando na mesma

casa, sempre procuram participar da vida do filho (a) como é relatado por três dos

entrevistados, J: “Ele sempre quer saber como estamos indo na escola, mas é a

minha mãe quem participa mais”; A.C: “Depende, mas a maioria das vezes recorro

para a minha mãe porque ela sempre está por perto, a gente se dá muito bem (....)

Mas se eu precisar recorro pro meu pai” e C: “Minha mãe participa mais porque eu

moro com ela, mas meu pai me liga toda a semana para saber como estou (...)”

Apenas dois dos entrevistados comentarem que não possuem contato com o pai

como relata A: “Meu pai nunca ligou para nós, nunca deu bola, só se preocupava

com o trabalho e esquecia da família (...) hoje ele não mora mais aqui (...)temos

pouco contato com ele. (...)“ela (mãe) é minha melhor amiga”; e M: “(...) ela (mãe)

sempre esteve e está ao meu lado e eu sei que posso contar com ela. “Ele (pai) não

mora aqui (...), ele não me faz bem”.

O tipo de relacionamento mantido entre pai/mãe, que não tem a guarda, com o(s)

filho(s) vai depender em grande parte do tipo de relacionamento que tem o casal, após a

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separação, e também da concepção que o pai/mãe, que possui a guarda, tem do

relacionamento entre o(s) filho(s) e o ex-cônjuge. Grunspun (2000), corrobora dizendo

que a adaptação dos filhos ao divórcio, vai depender em grande parte do relacionamento

entre os pais e do apoio da figura parental, que possui a guarda, em manter o vínculo

entre a outra figura com o filho.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente às dinâmicas familiares que ocorrem com o processo de separação, o

presente trabalho foi proposto com o intuito de verificar como fica o relacionamento do (s)

filho (s) com seus pais após a separação dos mesmos sob o ponto de vista dos filhos.

Este trabalho teve como ponto de partida as pesquisas realizadas pelas acadêmicas

Franciele Krisley de Souza (2004), O relacionamento familiar após o divórcio, do ponto de

vista de quem fica com a guarda do(s) filho(s) e Danúbia Maraísa de Oliveira(2005), O

relacionamento familiar após a separação dos pais, do ponto de vista de quem não fica

com a guarda do(s) filho(s).

No trabalho realizado por Franciele, esta verificou que a maioria das figuras

parentais que não ficou com a guarda do(s) filho(s), acabou se afastando destes, já no

trabalho realizado por Danúbia, esta verificou que após a separação, a situação de quem

não fica com a guarda dos filhos está mudando, ou pelo menos, existem casos em que os

filhos continuam mantendo contato com ambas as figuras parentais após a separação do

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casal.

Diante disso, esta pesquisa foi realizada frente a necessidade de saber como é o

relacionamento do(s) filho(s) adolescentes após a separação dos pais, se eles continuam

mantendo contato com ambas as figuras parentais ou se eles se afastaram, como se dá

este relacionamento.

A partir daí observou-se que grande parte da literatura que discorre sobre

separações conjugais, é comum encontrar que geralmente é a mãe quem fica com a

guarda do(s) filho(s), como foi evidenciado no presente estudo e que na maioria dos

casos, o pai acaba perdendo o contato com seu(s) filho(s). Felizmente, neste estudo

observa-se que esta situação está mudando, ou pelo menos, existem casos em que os

filhos continuam mantendo contato com ambas as figuras parentais após a separação do

casal.

Sendo assim, pôde-se constatar neste trabalho, que de todos os adolescentes

entrevistados, três deles continuam tendo contato com as figuras parentais, participando

ativamente da vida de seus filhos por todo o tempo possível passam com os filhos ou

ligam para saber como eles estão. Já dois dos entrevistados afirmam que não têm tanto

contato com a figura parental que não mora mais junto quanto gostariam, como foi

relatado pelos adolescentes.

A partir do presente estudo, pôde-se perceber que após a separação, o (s) filho(s)

inicialmente sofreram, mas com o tempo a família foi se estabilizando e se adaptando as

mudanças geradas pelo divórcio.

O que foi percebido que mudou após a separação de acordo com os relatos é que

três dos entrevistados mantém contato com a figura parental que deixou a casa, mas

todos comentam que nos momentos de dificuldades recorrem para as mães, pois todos

continuam morando com as mesmas. Outro ponto que pode ser observado em relação às

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mudanças ocorridas após a separação é em função das datas festivas que agora eles

(adolescentes) tem que dividir ou escolher com que irão passar as mesmas, e também

houve o comentário de um dos entrevistados que acha interessante ter duas casas.

Sendo relevante também à mudança de relacionamento com os demais parentes que

agora é difícil parentes maternos e paternos se reunirem.

O que ficou claro neste estudo foi que três dos adolescentes mantém um bom

relacionamento com os pais, mesmo após a separação dos mesmos. Salientando-se que

somente dois dos entrevistados mantêm contato limitado com a figura parental que

deixou o lar o que isto pode estar associado ao tipo de relacionamento que existia durante

o casamento dos pais.

O que foi constatado é que duas das figuras parentais que deixaram a casa foram

embora para outra cidade ou para outro país, o que conseqüentemente prejudicou o

relacionamento com os filhos devido à distância, o que parece provocar no (s) filho (s)

alguns sentimentos como a culpa.

Os objetivos do trabalho foram todos alcançados e aqui fica uma sugestão de uma

nova pesquisa sobre separação conjugal, mas, sob o ponto de vista da família, dos pais e

dos filhos. Afinal, já existe uma monografia realizada por Franciele que decorreu de

acordo com a figura parental que tem a guarda, o estudo de Danúbia foi feito com relação

a figura parental que não tem a guarda, e o presente estudo trouxe a visão dos filhos

sobre a separação, sendo assim, cada lado apresentou sua visão, mas como será pais e

filhos em conjunto vêem esta situação? Com o relato de todos os seus membros,

poderíamos ter uma maior compreensão da dinâmica familiar após a separação conjugal,

o que poderá auxiliar muitos pais e mães e filhos a lidarem de uma melhor forma com as

mudanças acarretadas pelo processo de separação.

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Como foi explicitado para os participantes das entrevistas, seria garantido a eles o

encaminhamento psicológico na Clinica do Curso de Psicologia, caso fosse detectada tal

necessidade pela pesquisadora. Diante disso surgiu a necessidade de encaminhamento

para um dos entrevistados, onde a pesquisadora conversou com o mesmo e com sua

mãe sobre a possibilidade de encaminhamento, os dois ficaram de dar uma resposta e

não retornaram. Mais uma vez, a pesquisadora entrou em contato com os mesmos para

verificar o que haviam decidido, e a mãe do adolescente afirmou que ele não estava com

tempo para a psicoterapia.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7 APÊNDICES

7.1 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

7.2 APÊNDICE B – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

7.3 APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA

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7.1 APÊNDICE A -

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO APRESENTAÇÃO

Gostaria de convidá-lo (a) a participar de uma pesquisa cujo objetivo é conhecer o

relacionamento do(s) filho(s) com os pais após a separação do casal.

Sua tarefa consistirá na participação em uma entrevista semi-estruturada que será

gravada para sua melhor transcrição, bem como, o preenchimento de dados de

identificação.

Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que:

a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido o seu

anonimato;

b) os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com finalidade acadêmica

podendo vir a ser publicado em revistas especializadas, porém, como explicitado no item

(a) seus dados pessoais serão mantidos em anonimato;

c) não há respostas certas ou erradas, o que importa é a sua opinião;

d) a aceitação não implica que você estará obrigado a participar, podendo

interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,

bastando, para tanto, comunicar aos pesquisadores;

e) sua participação é voluntária, portanto você não terá direito a remuneração;

f) esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata;

g) durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético, você

poderá contatar com o responsável por esta pesquisa.

h) o método que será utilizado para a análise de dados será o método de Análise

de Conteúdo, o qual será analisado a partir de informações obtidas na entrevista, as quais

serão interpretada para chegar-se ao resultado final da pesquisa;

i) será garantido aos sujeitos o encaminhamento psicológico na Clinica do Curso

de Psicologia, caso seja detectada tal necessidade pela pesquisadora.

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IDENTIFICAÇÃO E CONSCENTIMENTO Eu, ___________________________________________________________, autorizo

meu(s) filho(s) ou meu filho(a) ____________________________________________ a

participar desta pesquisa.

Assinatura: ____________________________________________________________

(Pai ou Responsável)

Data de Nascimento do filho(a): _______________________

Pesquisadora: Carine Civa.

E-mail:[email protected]

Telefone: (047) 8425-5227

Assinatura: ___________________________________

Pesquisadora responsável: Profª. Márcia Aparecida Miranda de Oliveira.

E-mail: [email protected]

Telefone: (047) 99839854

Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – CCS

R: Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 202.

Assinatura: ___________________________________

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7.2 APÊNDICE B -

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

7.2.1 Dados de identificação do(a)

Idade: _______ anos.

Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

Escolaridade: ______ série.

Nº de irmãos:_________ Idades: ________ anos.

7.2.2 Dados de identificação da mãe

Idade: ______ anos.

Escolaridade: ______________________________.

Profissão: ___________________________ trabalha fora de casa? ( ) Sim ( ) Não

7.2.3 Dados de identificação do pai

Idade: ______ anos.

Escolaridade: ______________________________.

Profissão: ___________________________ trabalha fora de casa? ( ) Sim ( ) Não

7.2.4 Tempo de separação dos pais:________________

7.2.5 Mora com:

( ) pai ( ) mãe ( ) outros

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Há quanto tempo não mora mais com seu pai/ mãe?

_____________________________________________________.

7.2.6 Estado civil atual do pai

Estado Civil: ______________________.

Há quanto tempo? _______ anos _______ meses.

Filhos do recasamento: ________________

7.2.7 Estado civil atual da mãe

Estado Civil: ______________________.

Há quanto tempo? _______ anos _______ meses.

Filhos do recasamento: ________________

7.3 APÊNDICE C –

ROTEIRO DE ENTREVISTA

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1) Qual idade você tinha quando seus pais se separaram?

2) Desde a separação com quem você foi morar? E atualmente, quem mora junto com

vocês?

3) Como ficaram as visitas? Como ficaram as férias?

4) Como seu pai/ sua mãe participam de sua vida?

- Tópicos: Como vem sendo o acompanhamento escolar?

5) Como é a relação entre você e seus pais?

- Tópicos: O que vocês costumam fazer?

6)Como são comemoradas as datas festivas?

7)A quem você recorre nos momentos de dificuldade? Justifique.

9) Seu pai/ mãe tem parceiros, namorados? Como se sente com relação a ele (ela)?