UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ERICKSON DE …
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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
ERICKSON DE OLIVEIRA DAVID
JOÃO HENRIQUE SOARES BARDINI
INVESTIGAÇÃO DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS RACIONAIS DE MAIOR
EMPREGO NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS QUANTO A SEU EMPREGO NO
BRASIL
Tubarão
2019
ERICKSON OLIVEIRA DAVID
JOÃO HENRIQUE SOARES BARDINI
INVESTIGAÇÃO DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS RACIONAIS DE MAIOR
EMPREGO NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS QUANTO A SEU EMPREGO NO
BRASIL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Engenharia Civil da Universidade
do Sul de Santa Catarina como requisito parcial
à obtenção do título de Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Rennan Medeiros, Ms.
Tubarão
2019
Aos amigos e professores que conhecemos ao
longo desses anos, que compartilharam de
experiências e conhecimentos, cooperando com
o nosso crescimento profissional.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradecer a família e amigos que nos acompanharam nesses cinco
anos de formação e que de alguma forma contribuíram para a conclusão do nosso curso.
Agradecer também ao nosso orientador, Professor Rennan Medeiros, que nos deu
todo o suporte possível durante esse ano decisivo, contribuindo para o nosso aprendizado e a
conclusão do nosso TCC.
E por fim, um agradecimento em especial a todos os professores que tivemos nesses
cinco anos de faculdade, onde todo aprendizado será de grande importância para nossa vida
profissional.
“Descobrir consiste em olhar para o que todo mundo está vendo e pensar uma coisa
diferente”. (Roger Von Oech).
RESUMO
Este trabalho tem a finalidade de apresentar os métodos construtivos mais utilizados em países
desenvolvidos e a partir disto, aplicá-los no Brasil, mais precisamente em um edifício
construído na região de Tubarão/SC. Para atingir estes objetivos, foi realizada pesquisa
bibliográfica com a literatura disponível sobre o tema, logo após, foram feitas análises do
projeto estrutural, projetos complementares e orçamento da obra realizada na cidade. Os
métodos construtivos propostos foram divididos em duas partes, sendo a primeira em steel
frame, drywall e wood frame, e a segunda em alvenaria estrutural. Verifica-se que o processo
construtivo mais eficiente para a construção da obra seria em alvenaria estrutural.
Palavras-chave: Métodos construtivos. Steel frame. Drywall. Wood frame. Alvenaria estrutural.
ABSTRACT
This Final Paper aims to present the most used construction methods in developed countries
and from this, apply them in Brazil, more precisely in a building built in the region of Tubarão
/ SC. To achieve these objectives, a bibliographic research was carried out with the available
literature on the theme, soon after, analyzes were made of the structural project, complementary
projects and budget of the work carried out in the city. The proposed construction methods were
divided into two parts, the first in steel frame, drywall and wood frame, and the second in
structural masonry. The Structural masonry method proved to be the most efficient construction
process for this building.
Keywords: Construction methods, Steel frame. Drywall. Wood frame. Structural masonry.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Edifício Jardim Prudência .................................................................................... 19
Figura 2 - Etapas construtivas da alvenaria convencional ..................................................... 20
Figura 3 - Etapas construtivas da alvenaria estrutural ........................................................... 21
Figura 4 - Protótipo de residência em Light Steel Frame na Exposição Mundial de Chicago em
1933 ..................................................................................................................................... 23
Figura 5 - Primeiras placas de Drywall fabricadas ................................................................ 25
Figura 6 - Uma das quatro construções em Enxaimel existentes em Brusque/SC .................. 27
Figura 7 - % em construções em Wood Frame em cada país ................................................ 28
Figura 8 - Planta de Locação/Situação .................................................................................. 33
Figura 9 - Planta Pavimento Térreo ...................................................................................... 34
Figura 10 - Planta Pavimento Superior ................................................................................. 35
Figura 11 - Planta de Cobertura ............................................................................................ 36
Figura 12 - Imagem ilustrativa Residencial Bueno ............................................................... 37
Figura 13 - Imagem ilustrativa quarto de casal ..................................................................... 38
Figura 14 - Placa drywall Glasroc X .................................................................................... 41
Figura 15 - Quarto de casal com forração em wood frame .................................................... 42
Figura 16 - Valores estimados em reais (R$) para a construção do Residencial Bueno ......... 47
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Quadro de áreas ................................................................................................... 36
Tabela 2 - Quadro de esquadrias .......................................................................................... 37
Tabela 3 - Planilha Orçamentária de materiais Residencial Bueno ........................................ 38
Tabela 4 - Planilha Orçamentária de serviços Residencial Bueno ......................................... 39
Tabela 5 - Planilha Orçamentária de materiais do edifício em steel frame, drywall e wood frame
............................................................................................................................................ 43
Tabela 6 - Planilha Orçamentária de serviços do edifício em steel frame, drywall e wood frame
............................................................................................................................................ 43
Tabela 7 - Planilha Orçamentária de materiais do edifício em Alvenaria Estrutural .............. 45
Tabela 8 - Planilha Orçamentária de serviços do edifício em Alvenaria Estrutural ................ 45
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
PIB – Produto Interno Bruto
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LSF – Light Steel Frame
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 15
1.1 JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE PRINCIPAL ............................................................. 16
1.2 OBJETIVO .................................................................................................................. 17
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 17
1.2.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 17
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 18
2.1 ALVENARIA ESTRUTURAL .................................................................................... 18
2.1.1 Princípios da alvenaria estrutural ............................................................................. 19
2.1.2 Capacitações na alvenaria estrutural ........................................................................ 21
2.2 LIGHT STEEL FRAME .............................................................................................. 22
2.2.1 Princípios do Light Steel Frame ................................................................................ 23
2.2.2 Mão de obra e execução do Light Steel Frame ......................................................... 24
2.2.3 Sistema de vedação em Drywall ................................................................................. 25
2.2.3.1 Fabricação, execução e montagem do drywall ..................................................... 26
2.3 WOOD FRAME .......................................................................................................... 27
2.3.1 Princípios do Wood frame .......................................................................................... 28
2.3.2 Capacitações no Wood Frame .................................................................................... 29
2.4 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ....................................................................... 29
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................. 31
3.1 A PESQUISA EFETIVADA ....................................................................................... 31
3.1.1 Abordagem, procedimento e nível da pesquisa ........................................................ 31
3.1.2 A coleta de dados ......................................................................................................... 32
3.2 DESCRIÇÃO DO PLANEJAMENTO DA PESQUISA............................................... 32
4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................. 33
4.1 RESIDENCIAL BUENO ............................................................................................. 33
4.1.1 Orçamento.................................................................................................................... 38
4.2 O EDIFÍCIO EM STEEL FRAME, DRYWALL E WOOD FRAME ............................... 39
4.2.1 Estrutura em Steel Frame ........................................................................................... 39
4.2.2 Vedação interna e externa em Drywall ...................................................................... 40
4.2.3 Forração em Wood frame ............................................................................................ 41
4.2.4 Orçamento.................................................................................................................... 42
4.3 O EDIFÍCIO EM ALVENARIA ESTRUTURAL ........................................................ 44
4.3.1 Orçamento.................................................................................................................... 44
4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 46
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50
15
1 INTRODUÇÃO
Os métodos construtivos vêm sendo aprimorado desde os tempos da Revolução
Industrial, no qual a Europa passou por grandes problemas econômicos e políticos, que acabou
ocasionando em uma grande migração e por consequência aumentando a demanda por
habitações (FERREIRA, 2014). Devido essa grande demanda, foi empregada a industrialização
da construção civil, que tornou o setor mais eficiente e organizado, onde houve uma
padronização dos métodos construtivos.
No Brasil, a construção civil se industrializou de forma menos unificada, onde
existem diversas formas construtivas a serem utilizadas, das mais sofisticadas até as mais
baratas, dependendo do poder aquisitivo do consumidor. A alvenaria é o método mais utilizado
hoje no país, por não necessitar de mão de obra qualificada e especializada e isso acaba
deixando o Brasil atrasado em termos de industrialização.
Em países como Estados Unidos e Alemanha, os consumidores optam por sistemas
mais industrializados, devidos suas vantagens, como a rapidez na conclusão da obra, maior
qualidade final dos materiais, mão de obra especializada para realização do serviço e um
canteiro de obras mais organizado e limpo.
Na Alemanha, o método mais utilizado para a construção civil é o Wood Frame,
que seria de forma geral, uma construção a base de madeira. Esse tipo de construção vem
ganhando espaço por possuir um melhor desempenho térmico, devido as baixas temperaturas.
Por outro lado, conta com uma grande desvantagem para o meio ambiente, onde tem a
substituição dos materiais convencionais de construção civil pela madeira, sendo que a
Alemanha não é um país com recursos madeireiros em abundância como o Brasil, por exemplo.
Já nos Estados Unidos, a construção mais utilizada seria no tipo mista, no qual é
utilizado estrutura em Steel Frame para a parte exterior da casa e o sistema Drywall, utilizado
exclusivamente para o interior das casas. O Drywall consiste basicamente em chapas de gesso
natural revestidas com duas lâminas de cartão duplex, onde a união desses dois materiais torna
a parede mais resistente mecanicamente e também é formada por perfis de aço galvanizado
(Steel Frame) que serve para a estruturação das paredes. Nos acabamentos são utilizadas
massas, fitas e até mesmo lãs para o equilíbrio térmico.
16
1.1 JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE PRINCIPAL
A construção civil no Brasil tem um papel fundamental na economia do país.
Segundo dados do IBGE, em 2018, a construção civil representou 9,9% do PIB nacional,
mesmo em seu quinto ano de queda consecutivo. Apesar da crise, o ano de 2018 fechou com
um saldo positivo de 17.957 vagas de empregos no setor da construção civil. Por se tratar de
uma área em que a mão de obra é caracterizada pela sua baixa qualificação, ela se torna um dos
principais destinos em tempos de crise para pessoas não qualificadas buscarem empregos
alternativos, o que reflete preponderantemente na qualidade final do produto.
Países mais desenvolvidos e industrializados como Estados Unidos e Alemanha, se
caracterizam pela sua mão de obra qualificada e pela sua industrialização e metodologia1
aplicada na construção.
Steel frame e Wood Frame são dois dos principais métodos aplicados na construção
nesses países. Estes métodos necessitam de mão de obra qualificada e que entregam um produto
com uma maior qualidade, agilidade e com uma quantidade mínima de resíduos gerados, esses
que são inteiramente recicláveis.
Tais métodos trazem grande vantagem para o mercado interno, pois não dependem
de apenas um segmento da indústria. O Steel frame por exemplo, é constituído de aço
galvanizado, gesso acartonado (Drywall) e para seu isolamento podem ser usados diferentes
tipos de lã. Já o wood frame são estruturas de madeiras, revestidos por chapas também de
madeira e o uso de concreto armado para sua fundação. Ou seja, por usarem diversos materiais,
a construção civil nesses países não fica refém de apenas um método construtivo, como
acontece no Brasil por diversos fatores.
O principal método construtivo no Brasil é a alvenaria composta por blocos
cerâmicos com elementos estruturais em concreto armado. Com base nesses aspectos, ressalta-
se a necessidade de investigar a viabilidade da aplicação de métodos construtivos de países
desenvolvidos como Estados Unidos e Alemanha no Brasil.
1 Neste item entende-se como metodologia a real definição do termo, o estudo dos métodos para o seu
aprimoramento.
17
1.2 OBJETIVO
Neste item são destacados o objetivo geral desta pesquisa, bem como seus objetivos
específicos, organizados de forma a obter os resultados esperados.
1.2.1 Objetivo Geral
Avaliar a viabilidade da aplicação de métodos construtivos de países desenvolvidos
como Estados Unidos e Alemanha no Brasil buscando inserir na construção civil, novos e
modernos processos construtivos.
1.2.2 Objetivos Específicos
Este trabalho teve como objetivos específicos:
a) Descrever os métodos construtivos mais utilizados de cada país;
b) Investigar a aplicação dos métodos construtivos nos seus respectivos países;
c) Avaliar interrelações entre cada método;
d) Analisar a aplicação das construções em outros países; e como seriam recebidas
no Brasil;
e) Investigar a implementação destes métodos no Brasil, considerando –
disponibilidade de mão de obra, de matéria prima e os custos.
f) Propor o método que seria o mais eficaz para a aplicação no sul do Brasil.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
O presente capítulo apresenta uma discussão sobre os métodos construtivos
empregados no Brasil, enfatizando o método considerado mais racional, que é a alvenaria
estrutural, e o método tradicional com elementos estruturais em concreto armado com vedação
de blocos cerâmicos. Em seguida são apresentados métodos mais difundidos na construção civil
em países desenvolvidos como Estados Unidos e Alemanha.
2.1 ALVENARIA ESTRUTURAL
A alvenaria é um método construtivo que vem sendo utilizado há muitos anos,
originado na pré-história, sendo assim um dos sistemas construtivos mais antigos utilizados
pela humanidade. Nas últimas décadas, foram observados muitos avanços tecnológicos, criadas
e revisadas diversas normas técnicas para serem seguidas a fim de padronizar os métodos
utilizados nas construções.
Segundo Cavalheiro (2009), a alvenaria estrutural no Brasil se inicia no período
Colonial, com o uso da pedra, do tijolo de barro cru e taipa de pilão. Os primeiros avanços
vieram no ano de 1850, juntamente com o Império, pelo uso do tijolo de barro cozido, que
proporcionava construções de maiores vãos e mais resistentes à ação das águas. Logo após a
Primeira Guerra Mundial, a indústria do cimento Portland se instalou no Brasil, consolidando
o uso do concreto armado em estruturas de edifícios de grande porte, na mesma época que o
uso da alvenaria se limitava apenas a vedação.
Ramalho e Corrêa (2003) afirmam que a primeira obra em alvenaria estrutural não
armada foi construída no ano de 1977, em São Paulo - Edifício Jardim Prudência (Figura 1) –
contando com 9 pavimentos de alvenaria em blocos sílico-calcários com 24 centímetros. No
ano de 1989 foi editada a primeira norma nacional para cálculo de alvenaria estrutural armada
ou não armada de blocos de concreto vazados (NBR 10837, ABNT 1989). Hoje em dia, essa
norma foi substituída pelas normas NBR 15961-1 (ABNT, 2011) e NBR 15961-2 (ABNT,
2011), que tratam do projeto, execução e controle de obras.
19
Figura 1 - Edifício Jardim Prudência
Fonte: Comunidade da construção (2019).
Cavalheiro (2009) relata que atualmente, em países desenvolvidos como Estados
Unidos e Alemanha, a alvenaria estrutural dispõe controle e níveis de cálculo, similares aos
utilizados nas estruturas de aço e de concreto armado, que por consequência acarretam em um
sistema flexível, econômico e de simples industrialização.
2.1.1 Princípios da alvenaria estrutural
Alvenaria Estrutural é o sistema construtivo que utiliza suas próprias paredes como
estrutura da edificação, tendo a capacidade de resistir às outras cargas além do seu peso próprio
(PRUDÊNCIO JÚNIOR; OLIVEIRA; BEDIN, 2002). Este tipo de sistema, por ser feito de
blocos de concreto e também de blocos cerâmicos, possuem um maior planejamento,
permitindo uma execução mais rápida e uma melhora no padrão construtivo, obtendo um maior
isolamento térmico, acústico e resistência ao fogo.
Santos (2012) cita como principais vantagens: economia e controle tecnológico;
dimensões precisas; maior produtividade da mão de obra; menor consumo de argamassa de
assentamento; uniformidade de textura; permite aplicação direta de revestimento sobre os
blocos em paredes internas; embutimento de tubulações sem corte de alvenaria; menor índice
de perda, reduzindo o entulho na obra; diminuição do tempo de execução de obra.
20
Segundo Campos (2012), o que diferencia a alvenaria estrutural de uma alvenaria
comum é que esta possui como função principal a vedação, ou fechamento. Enquanto a
alvenaria estrutural substitui dois principais sistemas de uma construção: a estrutura de concreto
armado e os fechamentos de alvenaria, onde as paredes da edificação servem como estrutura
para suportar as cargas nela atribuídas. A figura 2 e 3 mostram as diferentes etapas para
realização da alvenaria convencional e estrutural.
Figura 2 - Etapas construtivas da alvenaria convencional
Fonte: Autores (2019).
As etapas para construção da alvenaria convencional consistem basicamente em
fabricação das colunas e vigas, confecção de fôrmas de madeira, utilização de barras de ferro
de diversas formas e espessuras, fabricação de concreto para preencher as fôrmas de madeira,
após o mínimo de 20 dias a retirada das fôrmas e escoramentos, construção das paredes com
tijolos ou blocos e para finalizar, aplicação de chapisco, massa grossa e massa fina para a
execução do revestimento.
21
Figura 3 - Etapas construtivas da alvenaria estrutural
Fonte: Autores (2019).
As etapas para construção da alvenaria estrutural consistem basicamente na
construção das paredes em blocos cerâmicos estruturais, substituindo colunas e vigas de
concreto armado e então finalizar com aplicação dos revestimentos com espessuras mínimas,
sendo nas paredes externas, aplicar massa tradicional ou optar por outros revestimentos
disponíveis no mercado e nas paredes internas, onde não possua azulejos, pode-se aplicar gesso
diretamente sobre os blocos e obter um acabamento liso de pintura.
2.1.2 Capacitações na alvenaria estrutural
De acordo com a NBR 13531 (ABNT, 1995), a concepção da obra está relacionada
à determinação e representação prévia dos atributos funcionais, formais e técnicos dos
elementos da edificação a ser construída. Tais ações deverão ser realizadas no âmbito dos
projetos de fundações, estruturas, coberturas, forros, vedos verticais, revestimentos e
acabamentos, instalações prediais, entre outros.
Segundo Romano (2003) na construção civil, constata-se que a maioria das
empresas construtoras não estão preparadas para o gerenciamento do processo de projeto de
edificações e continuam a conduzir suas atividades sem uma estrutura organizacional adequada,
22
conservando práticas que são causadoras de muitos problemas no processo construtivo como
um todo. Carraro (1998) aponta que a mão de obra capacitada necessária para a realização da
construção em alvenaria é formada por uma equipe, nos quais se encaixam o pedreiro e seus
ajudantes, que podem ser chamados também de serventes. Porém além destes, outras pessoas
podem compor a equipe de alvenaria, exercendo diversas funções, dentre as quais se destacam:
• Controle e supervisão: Encarregados, mestres-de-obras, engenheiros.
• Auxílio à produção: Produtores de componentes para obra em geral.
• Transporte: Operadores de grua e elevador de carga.
Essa forma de equipe capacitada é um tanto rara nas obras do Brasil, mas com a
vigência da NBR 15575 (ABNT, 2013), que tem como principal objetivo o desempenho de
edificações habitacionais, e os primeiros problemas apresentados em obras construídas após
sua criação, as construtoras tem buscado empresas especializadas em capacitação de mão de
obra para então se adequarem a norma.
2.2 LIGHT STEEL FRAME
O histórico do sistema em Light Steel Frame (LSF) começou por volta do século
XIX com as habitações em madeira construídas pelos colonizadores que chegaram ao território
americano naquela época. Devido ao crescimento acelerado da população foram utilizados
métodos construtivos mais rápidos e produtivos para a construção das habitações. Foram então
utilizados materiais disponíveis na região, no caso, a madeira, que se tornou uma solução rápida
e eficaz para se construir, assim, gerando o sistema conhecido como Wood Frame, onde o
mesmo tornou-se padrão no processo construtivo das casas americanas (SANTIAGO;
FREITAS; CRASTO, 2012). Gomes et al. (2013) mostra que a diminuição da madeira na
natureza devido ao grande uso aumentou os preços e levou esses construtores a buscarem por
diferentes alternativas de produtos para conseguirem substituir a madeira.
Santiago, Freitas e Castro (2012) afirmam que devido a diminuição da oferta de
madeira, mais tarde no ano de 1933 e com o grande desenvolvimento da indústria do aço nos
Estados Unidos, foi lançado na Feira Mundial de Chicago um protótipo de Light Steel Frame
(Figura 4) aplicado à uma residência, que utilizava perfis de aço na estrutura ao invés de
madeira, como era feito no antigo sistema do Wood Frame.
23
Figura 4 - Protótipo de residência em Light Steel Frame na Exposição Mundial de Chicago em
1933
Fonte: Dias (2017).
Na década de 90, em virtude ao aumento do preço e das flutuações na qualidade da
madeira para a construção civil, houve um estímulo quanto ao uso dos perfis de aço para
construção de residências. Foi estimado que até o final dos anos 90, as construções em Light
Steel Frame nos Estados Unidos chegariam a 25% do total das obras realizadas nos diferentes
tipos de materiais (BATEMAN, 1998).
Atualmente no Brasil a história do LSF é um pouco diferente. Apesar desse método
construtivo ser bastante utilizado em países onde a construção civil é predominantemente
industrializada, no Brasil ainda prevalece o método artesanal, o que torna o LSF um método
pouco conhecido e utilizado (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).
2.2.1 Princípios do Light Steel Frame
Conforme Lourenço et al. (2015), a aplicação do sistema Steel Frame permite que
o custo seja reduzido devido à otimização do tempo na fabricação e na montagem da estrutura,
pois com isso o sistema acaba permitindo a execução de diversas etapas ao mesmo tempo, como
realizar a concretagem das fundações no canteiro de obra enquanto os painéis das paredes são
confeccionados na fábrica.
Gomes et al. (2013), afirma que apesar do Light Steel Frame e o DryWall serem
visualmente semelhantes, apresentam características bem diferentes. O Light Steel Frame é a
parte estrutural do sistema. Já o DryWall é um sistema de vedação, não estrutural, que utiliza
aço galvanizado em sua sustentação.
24
2.2.2 Mão de obra e execução do Light Steel Frame
Daldegan (2016), define que o primeiro passo para obter uma boa execução do
sistema de Steel frame é a elaboração de um projeto arquitetônico apropriado. Após a obtenção
do projeto, é necessário um projetista apto para realizar os cálculos necessários e dimensionar
os perfis, então, desenvolver um projeto de construção e fabricação dos perfis, que será
repassado à indústria responsável pela etapa de fabricação. Após a elaboração dos projetos, uma
indústria especializada produz os perfis com extrema precisão. Todos os perfis são cadastrados
e armazenados de acordo com sua função. Por tratar-se de um sistema industrializado, o Steel
Frame tem um índice de desperdício muito baixo, quase nulo, diferentemente de outros
métodos construtivos.
Após a fabricação dos perfis, acontece o processo de montagem dos painéis
estruturais da edificação, tais como, a montagem das tesouras, vigas, treliças. Essa etapa ocorre
ainda dentro da indústria, garantindo um maior controle de qualidade do produto.
A seguir, deve ser executada a fundação. Terni et al. (2008), apresentam o radier
como uma das fundações mais utilizadas para o Steel Frame. Como qualquer fundação, exige
uma boa impermeabilização para que não ocorra infiltrações e umidades. O radier é um tipo de
laje em concreto armado que fica abaixo da edificação, em contato direto com o solo, com o
peso (carga) distribuído uniformemente para o solo. Antes da concretagem, devem ser
executadas as instalações elétricas e hidráulicas que ficam abaixo da edificação.
Em seguida, os perfis metálicos e painéis são chumbados no radier com parafusos
conectados entre si. Daldegan (2016) relata que se trata de uma montagem simples e rápida,
pois são elementos industrializados bem dimensionados. Por isso, a importância da locação e
posicionamento das peças na hora da execução.
Para as placas externas e internas, Machado (2017) recomenda o uso das placas
Oriented strand board (OSB), que são chapas de madeira formadas em diversas camadas com
pequenas partículas orientadas e perpendiculares em relação à camada anterior. Após a
instalação das placas externas inicia-se a execução do revestimento externo.
As instalações elétricas e hidráulicas deverão ser previstas em projetos para que os
perfis sejam dimensionados corretamente, para que não haja qualquer tipo de corte nos perfis
na etapa de execução.
O isolamento termo-acústico, assim como o Drywall, é feito pela lã de vidro entre
as paredes da edificação. E em algumas situações, a lã é usada também sobre o forro da
edificação.
25
O último passo seria a execução da cobertura. Daldegan (2016) explica que nessa
etapa, as tesouras e treliças já deverão estar posicionadas, assim, a escolha do tipo de telhado
fica por conta do cliente, tendo diversas possibilidades de telhados convencionais a serem
escolhidos.
2.2.3 Sistema de vedação em Drywall
O início do drywall começa em 1894, em Nova York, com Augustine Sackett e um
de seus funcionários Fred L. Kane patenteando uma chapa de gesso acartonado que mais tarde
iria revolucionar a construção civil. De acordo com Fersan (2018), a dupla de criadores buscava
um produto que fosse simples e protegesse as estruturas internas de um edifício da época. Então,
tiveram a ideia de usar um rolo de compressão através de uma folha de palha de papelão com
uma mistura betuminosa que ao secar, formou painéis rígidos com um grande poder de
isolamento contra o fogo (Figura 5). No entanto, essas placas não eram adequadas para uma
decoração final, então substituíram por um núcleo de gesso envolvido em uma celulose de
várias folhas.
Figura 5 - Primeiras placas de Drywall fabricadas
Fonte: STANSBURY (2016).
Apesar de ser inventado em 1894, o Drywall começou ser usado apenas no início
da década de 1940, inicialmente nos Estados Unidos. Com o tempo, foi conquistando os países
da união europeia pelas suas inúmeras vantagens e baixo custo.
As placas de gesso acartonado (Drywall) não têm características estruturais,
portanto, não é muito utilizada em vedações externas. Seu uso normalmente destinado a
divisórias internas (BAUER, 2012).
26
2.2.3.1 Fabricação, execução e montagem do drywall
Nos dias atuais, o processo de fabricação de um drywall se inicia na obtenção da
gipsita extraída das minas. Em seguida, é feita a desidratação através da calcinação, obtendo o
gesso.
De acordo com Losso (2004), o drywall, é composto pela mistura de gesso (gipsita
natural) revestido por um kraft (papel fabricado a partir de uma mistura de fibras de celulose),
em cada face. Vale destacar a existência de outros tipos de placas especiais para uma
determinada função, como para áreas úmidas (banheiro e cozinha) e para proporcionar maior
resistência ao fogo. A diferença nesses tipos de drywall são os aditivos incorporados ao gesso
com o propósito de melhorar a propriedade específica desejada. Por fim, ocorre o processo de
secagem e cura, fazendo com que o gesso ganhe a forma de placas. As estruturas são fabricadas
industrialmente por conformação contínua a frio e revestimento zincado. No Brasil, essas
estruturas devem seguir a NBR 15217 (ABNT, 2005) – Perfis de Aço para Sistemas de Gesso
Acartonado – Requisitos.
Para garantir o isolamento, é necessário o uso de materiais absorventes entre as
placas. Dentre os materiais mais usados estão as mantas de lãs minerais (rocha e vidro), a lã de
poliéster e a lã de Politereftalato de etileno (PET). De acordo com Nakamura (2013), uma
parede de drywall com 9,5cm de espessura tem poder de isolamento acústico de 38dB (ruído
aéreo). Entretanto, com o emprego de lã absorvente entre as placas e uma boa execução, o
desempenho acústico do fechamento pode chegar até 46dB (ruído aéreo). As instalações
hidrossanitárias e elétricas devem passar pelo interior das paredes e recomenda-se o uso de
tubulação flexível (PEX) projetada para drywall.
As juntas das chapas de gesso são os erros mais recorrentes na execução das paredes
de drywall. Para evitar essas falhas, Nakamura (2013) recomenda o tratamento dessas juntas,
aplicando uma camada de massa de rejunte, seguida por uma fita própria para juntas e por
último outra camada de massa. Essa massa é a base de emulsão acrílica estirenada, com alto
teor de sólidos, fácil de aplicar, é indicada principalmente para preenchimento e acabamento de
juntas, arestas, orifícios e ranhuras em chapas de gesso.
Por fim recomenda-se o revestimento da parede de drywall com pintura ou texturas e até mesmo
placas cerâmicas. A aplicação desse revestimento deverá ser feita somente após o tratamento
das juntas.
27
2.3 WOOD FRAME
No final da Idade Média, o método mais utilizado na Europa para se construir era o
Enxaimel (Figura 6). Esse método consiste na junção de peças estruturais de madeira,
preenchido com alguns tipos de materiais, como: saibro, tijolos de barro ou pedras. Em meados
do século XVI, o método Enxaimel de peças longas, que utiliza pilares que vão do piso inferior
até a cobertura, foi substituído pelo enxaimel de peças curtas, cujos pilares são interrompidos a
cada pavimento, por vigas intermediárias que formam a estrutura horizontal de piso, servindo
de plataforma para a montagem do pavimento seguinte (MALANDRIN; MOLIN, 2010).
Figura 6 - Uma das quatro construções em Enxaimel2 existentes em Brusque/SC
Fonte: O município (2016).
O termo Wood Frame vem do inglês, que significa Estrutura de Madeira. A história
inicia-se entre 1810, quando começou a conquista do território dos Estados Unidos, e 1860,
quando a migração chegou à costa do Oceano Pacífico. Naqueles anos, a população americana
se multiplicou por dez e, para solucionar a demanda por habitações, recorreu-se à utilização dos
materiais disponíveis no local (madeira), utilizando os conceitos de praticidade, velocidade e
produtividade originados na Revolução Industrial - Wood Framing (RODRIGUES, 2006).
Segundo Carlson e Dluhosch (1984), a construção em madeira na América do Norte
teve seu grande salto em 1833, com a criação do Sistema Balão (Balloon Framing). Desta
2 Sistema construtivo foi herdado dos alemães, porém nenhuma construtora de Brusque tem o domínio da técnica
28
forma, aos poucos foi sendo deixado de lado o antigo método de construção, importado da
Europa, que utilizava peças de madeira de grandes dimensões, para se construir de modo muito
mais rápido e fácil, pelo emprego de peças de dimensões menores e bem mais leves (VELLOSO
2010). De acordo com Malandrin e Molin (2010), esse sistema construtivo era constituído por
colunas de peças contínuas, da base até a cobertura da edificação, utilizando tábuas para
fechamento da mesma, que aumentavam a rigidez estrutural do todo o conjunto.
Abaixo a figura 7 mostra a porcentagem de casas construídas com o sistema Wood
Frame em países como Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Suécia e Chile.
Figura 7 - % em construções em Wood Frame em cada país
Fonte: Autores (2019).
Conforme é citado no guia Wood Frame Envelopes Canadá3 (1999), logo no início
do século XX, o Sistema Balão foi substituído pelo Sistema Plataforma (Platform Framing),
que consiste em um método mais eficiente que utiliza materiais pré-cortados convencionais.
Velloso (2010) explica que a diferença entre os dois métodos se dá que o Sistema Plataforma é
composto de planos horizontais que formam os pisos dos pavimentos, nos quais são aplicados
os planos verticais, que por fim formam as paredes da edificação e o Sistema Balão é composto
por colunas de peças contínuas, que vão do piso inferior até a cobertura da edificação.
2.3.1 Princípios do Wood frame
Ferreira (2014) evidência algumas vantagens da construção utilizando o sistema
Light Wood Frame, como por exemplo, obra seca e limpa com menor geração de resíduos, a
3 Revista do segmento de Arquitetura e Urbanismo do Canadá, publicada no ano de 1999.
30
75
90 90
35
05
101520253035404550556065707580859095
100
Alemanha EUA Canadá Suécia Chile
% Construção em Wood Frame
29
fabricação das peças em ambiente industrializado reduzindo o tempo de obra, utilização de
madeira de reflorestamento sendo a única matéria prima renovável na construção civil,
estabilidade do preço da matéria prima e também o bom desempenho em conforto térmico e
acústico.
Porém, Ferreira (2014) destaca também algumas desvantagens no sistema do Wood
Frame, como por exemplo: o sistema requer mão de obra especializada, a altura das edificações
deve ser no máximo de quatro pavimentos, necessita maiores cuidados quanto a
impermeabilização e resistência do mercado a mudança devido ao preconceito da sociedade.
2.3.2 Capacitações no Wood Frame
Conforme Souza (2012) afirma, a prática do sistema Wood frame depende quase
que exclusivamente do conhecimento da técnica, pois trata-se de uma construção de casas de
madeira de alta tecnologia, qualidade, velocidade, flexibilidade, conforto térmico e acústico.
O Wood Frame se caracteriza por suas peças pré-produzidas e dimensionadas.
Bonatto (2010) exemplifica que o Wood Frame lembra um jogo de quebra cabeças, no qual elas
são personalizadas e prontas para serem fixadas em seus devidos lugares. No local de
construção, não há a necessidade de paredes com cimento e tijolos. Apenas a execução correta
dos encaixes previamente demarcados nas próprias peças para que a estrutura fique em pé.
Por isso, a importância de uma mão de obra qualificada, pois a única etapa in loco
é a execução da montagem das peças. Sendo assim, um profissional apto a executar essa
montagem deve ter plenos conhecimentos em diversas áreas, tais como, a capacidade de análise,
leitura e interpretação de desenhos, os conceitos de projetos e dimensionamento e os aspectos
técnicos de projeto e construção.
2.4 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O uso de técnicas construtivas alternativas na construção civil que possam substituir
as técnicas convencionais utilizadas no Brasil podem servir como uma solução, pois o país tem
um grande déficit habitacional e condições muito precárias. Diferentemente dos países
Europeus e dos Estados Unidos, no Brasil predomina fortemente o preconceito contra a
construção em madeira por exemplo, devido ao desmatamento e ao grande potencial florestal
que tem o país.
30
Estes avanços na construção civil podem levar o Brasil à competir com países mais
desenvolvidos, onde há mais tecnologia na obtenção da matéria prima até o desempenho final
da obra. Sistemas como Wood frame e Steel frame proporcionam uma maior flexibilidade de
projeto das obras, o que acaba tornando-as mais baratas e mais rápidas, pois possibilita o uso
de materiais encontrados localmente na maioria dos casos, como exemplo o Brasil, que possui
grande potencial madeireiro.
A mão de obra é um ponto bastante questionável, pois cada país trabalha de uma
forma em cada sistema construtivo utilizado. Não apenas a alvenaria, mas também o wood
frame e o steel frame necessitam de uma mão de obra especializada para a sua realização, porém
na maioria dos casos não funciona dessa forma. O Brasil tem um grande déficit em mão de obra
especializada, mas com a devida especialização é possível o incluir emprego de diferentes
sistemas construtivos.
Cada técnica e cada material apresentados têm seus prós e contras em relação à
disponibilidade local da própria matéria prima, mão de obra para cada método construtivo,
durabilidade e tempo de execução. Então, para que se tenha uma aceitação desses diferentes
métodos de construção no Brasil, deve haver conscientização e empenho das empresas
envolvidas nas obras, para então obter as especializações destinadas a esses sistemas
alternativos de construção.
31
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1 A PESQUISA EFETIVADA
As pesquisas bibliográficas são essenciais para a interpretação do mundo
circundante para os que com ela se envolvem. A busca da resposta a uma dúvida de investigação
remete o pesquisador para o patamar da percepção adequada da realidade circundante e, ao
mesmo tempo, constitui-se em instrumento de concretização do conhecimento.
Quando buscou-se a cidadania emancipatória, responsável direta pela instauração
do desenvolvimento científico e social, ou quando procuramos garantir às categorias de pessoas
marginalizadas condições equânimes de luta, o instrumento mais decisivo, hoje, é a habilidade
de manejar e construir conhecimento. Se a educação se diz emancipatória, não poderá prescindir
de lançar mãos deste meio (DEMO, 2012).
3.1.1 Abordagem, procedimento e nível da pesquisa
Para a resposta à dúvida de pesquisa, o método de abordagem utilizado foi
qualitativo pois as fontes de dados resgatados foram bibliográficas e documentais. Este tipo de
abordagem possibilita aos pesquisadores retomadas e modificações no decurso do processo
investigativo sempre que necessário.
Como procedimento de pesquisa buscou-se a revisão de literatura que é pautada
pela subjetividade pois, o material bibliográfico é resultado de disseminação do saber humano
em momentos históricos específicos. Por meio da pesquisa bibliográfica que o pesquisador
entra em contato direto com tudo o que foi publicado, dito, ou de alguma outra forma registrado
sobre determinado assunto.
Assim, pode-se afirmar que um estudo bibliográfico:
[...] se desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, obtidos no
contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do
que o produto, se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes, tem um plano
aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada.
(ARAÚJO e OLIVEIRA,1997, p. 11).
E é exatamente o foco na realidade que fez com que os pesquisadores envolvidos
buscassem alternativas aos métodos construtivos utilizados no Brasil para, a partir de minucioso
cotejamento, pudessem apresentar novas proposições para a construção civil nacional.
32
O nível da investigação foi exploratório pois fez os envolvidos buscarem
aprofundamento na temática escolhida além de não haver descrição e manipulação de hipóteses
ou elaboração de hipóteses secundárias.
3.1.2 A coleta de dados
Os dados foram coletados através da investigação nos meios eletrônicos em artigos
analisados por especialistas, livros e e-books. Todo o material utilizado foi extraído de bases de
dados científicas oferecidas pela universidade ou as gratuitas, disponível na rede mundial.
3.2 DESCRIÇÃO DO PLANEJAMENTO DA PESQUISA
a) Analisar a aplicação das construções em outros países; e como seriam recebidas
no Brasil;
b) Investigar a implementação destes métodos no Brasil, considerando –
disponibilidade de mão de obra, de matéria prima e os custos.
c) Propor o método que seria o mais eficaz para a região sul do Brasil.
ETAPA 1: Levantamento do conteúdo bibliográfico pertinente ao tema.
Será feito um levantamento bibliográfico sobre os métodos construtivos mostrando
sua origem até a atualidade e suas vantagens e desvantagens.
ETAPA 2: Verificação da maneira mais apropriada para aplicação no cenário atual
brasileiro de acordo com os dados obtidos na etapa 1.
Nesta etapa, será analisado a possível aplicação desses métodos construtivos na
região sul do Brasil, levando em conta empresas disponíveis a prestar esses serviços, matéria
prima disponível no local e fatores econômicos.
ETAPA 3: De acordo com o cenário dos outros países, encontrar o método
construtivo mais eficiente para a aplicação no sul do Brasil.
De acordo com as etapas anteriores, comparar os métodos construtivos e encontrar
a melhor opção, baseada em diversos fatores como, material disponível, tempo de execução de
obra e fatores econômicos.
33
4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Conforme descrição do planejamento da pesquisa, primeiramente foi analisado a
forma de trabalho de métodos construtivos como alvenaria convencional e estrutural, wood
frame, steel frame e drywall. Posteriormente, será feito a análise de um edifício em fase de
finalização em alvenaria convencional e estruturas de concreto armado. Este foi elaborado pelo
escritório de Engenharia Civil e Arquitetura AREN, localizado na cidade de Tubarão, Santa
Catarina. Ainda, foram fornecidas as informações necessárias para a investigar qual o método
de construção mais adequado para este tipo de obra, considerando disponibilidade de mão de
obra da região, matéria prima e custos. Na época da realização deste estudo, a cotação do dólar
era R$ 4,07 e o custo unitário básico da Construção Civil em Santa Catarina (CUB-SC) estava
em R$ 1.914,60.
Dados como planta baixa da edificação, projeto estrutural, projeto complementar,
detalhamentos, orçamentos, tornaram possível a análise da técnica construtiva mais adequada
a ser utilizada.
4.1 RESIDENCIAL BUENO
O edifício estudado está localizado na Rua Irmã Clara Wilma Rockenbach, bairro
Vila Esperança, Tubarão-SC como consta na planta de locação/situação (Figura 8).
Figura 8 - Planta de Locação/Situação
Fonte: AREN – Arquitetura e Engenharia (2019).
34
Os projetos arquitetônicos (Figuras 9,10 e 11), estrutural, elétrico e hidrossanitário
foram elaborados pelo escritório AREN – Arquitetura e Engenharia, localizado na cidade de
Tubarão/SC e com responsável técnico o Arquiteto e Engenheiro Civil Luan Corrêa Alves.
Figura 9 - Planta Pavimento Térreo
Fonte: AREN – Arquitetura e Engenharia (2019).
35
Figura 10 - Planta Pavimento Superior
Fonte: AREN – Arquitetura e Engenharia (2019).
36
Figura 11 - Planta de Cobertura
Fonte: AREN – Arquitetura e Engenharia (2019).
Com área do terreno de 360,25m² e área construída de 299,50m² (Tabela 1), a obra
foi elaborada com o método mais usual da região, onde é utilizado estruturas de concreto
armado para suas fundações, pilares, vigas, lajes e utilização de alvenaria de vedação para
paredes internas e externas. O início da obra deu-se em outubro de 2018, com a conclusão
prevista para outubro de 2019.
Tabela 1 - Quadro de áreas AP. 101 e 201
Ambiente ÁREA (m²) AP. 102 e 202
Ambiente ÁREA (m²)
Sacada 3,25 Sacada 4,06
Sala 18,53 Sala 18,13
Cozinha 6,93 Cozinha 6,93
BWC 3,75 BWC 3,75
Quarto 1 9,43 Quarto 1 9,43
Quarto 2 11,77 Quarto 2 11,77
Varanda 7,70 Varanda 7,70
Circulação 1,53 Circulação 1,53
Área Privativa Total
por Residência 67,24
Área Privativa Total
por Residência 68,16
Área Construída
total por Residência 72,11
Área Construída
total por Residência 73,03
Área Construída Total da Edificação 299,50 m² Fonte: AREN – Arquitetura e Engenharia/ (2019).
37
A tabela 2 apresenta o quadro de esquadrias a serem utilizadas na edificação.
Tabela 2 - Quadro de esquadrias COD.
Larg.XAlt.XPeit. DESCRIÇÃO LOCAL QUANT.
P1
0,8X2,10
01 folha – abrir
Madeira maciça Acesso e Quartos 12
P2
0,70X2,10
01 folha – abrir
Madeira semi-oca Banheiros 04
P3
1,20X2,10
01 folha – abrir
Vidro temperado Entrada do prédio 01
PJ1
1,60X2,10
02 folhas – correr
Vidro e alumínio Sacada e Varanda 06
J1
1,20X1,20X0,90
02 folhas – correr
Alumínio natural Quarto 1 e 2 08
J2
0,50X0,60X1,50
01 folha – basculante
Alumínio natural Banheiro 04
J3
0,30X1,60X0,50
01 folha – fixa
Alumínio natural Sacada 02
J4
1,60X1,20X0,90
01 folha – fixa
Alumínio natural Sacada 02
Fonte: AREN – Arquitetura e Engenharia (2019)
A figura 12 mostra por meio de projeto digital, como será o edifício após sua
conclusão, onde é possível visualizar os detalhes de esquadrias e acabamentos em sua fachada.
Figura 12 - Imagem ilustrativa Residencial Bueno
Fonte: AREN – Arquitetura e Engenharia (2019)
38
Figura 13 - Imagem ilustrativa quarto de casal
Fonte: AREN – Arquitetura e Engenharia (2019)
A figura 13, acima, detalha o interior do apartamento com o projeto por meio
digital, para que o cliente tenha uma visão de como será após sua conclusão.
4.1.1 Orçamento
Quanto a parte orçamentária, foi utilizada a planilha (Tabela 3 e 4) feita pela
empresa responsável na execução da obra, Invicta Construções, na qual foi disponibilizada com
todos os materiais e encargos da construção até a sua conclusão.
Tabela 3 - Planilha Orçamentária de materiais Residencial Bueno
MATERIAIS VALOR (R$) MATERIAIS VALOR (R$)
Tijolos 5.770,00 Laje 10.000,00
Muro 1.730,00 Reboco 2.812,00
Madeira 11.700,00 Materiais Hidráulicos 6.250,00
Conexões para Esgoto 1.025,00 Fechaduras 982,00
Concreto 8.460,00 Caixas de Inspeção 1.149,00
Materiais Elétricos 15.400,00 Cimento 3.120,00
Paver 13.810,00 Calhas 1.140,00
Terreno 100.000,00 Escoras 850,00
Tinta 10.865,00 Pregos, Discos e Espuma 857,00
Pisos 15.205,00 Pingadeira 2.300,00
Materiais Diversos
29.035,00 Marcos 790,00
Custo Total de materiais R$243.250,00 Fonte: Invicta Construções (2019)
39
Tabela 4 - Planilha Orçamentária de serviços Residencial Bueno
MATERIAIS VALOR (R$) MATERIAIS VALOR (R$)
Projeto 3D 1.500,00 Sondagem 1.500,00
Engenheiro 12.100,00 Encargos tributários 9.473,00
Entulhos 5.640,00 Frete 1.800,00
Extintores 480,00 Gesso 1.920,00
Calfino 7.270,00 Esquadrias 14.200,00
Água e Luz 2.474,00 Jardim 2.800,00
Poste 400,00 Mão de Obra 134.825,00
Placas 220,00 Eletricista 4.550,00
Aluguel máquinas 13.000,00 Pintor 11.400,00
Despesas diversos 1.093,00
Custo Total da Edificação R$226.645,00 Fonte: Invicta Construções (2019)
Como mostra na tabela 3 e 4, o custo total da obra, somando os custos de materiais
e edificação foi de R$469.895,00 (quatrocentos e setenta e oito mil e trezentos e cinquenta e
cinco reais). Foram considerados todos os custos obtidos na obra, desde a fundação até projetos
eletrônicos para apresentação aos futuros moradores.
4.2 O EDIFÍCIO EM STEEL FRAME, DRYWALL E WOOD FRAME
Conforme os métodos construtivos apresentados na revisão de literatura, uma
possibilidade seria a execução do projeto alterando a forma com que foi elaborado. Seguindo
esse pensamento e analisando as melhores formas para a execução, conclui-se que, tratando-se
de estrutura onde atualmente é feito com concreto armado, seria substituído por estruturas
metálicas e na parte de alvenaria de vedação, seria substituído por drywall. Nos projetos
complementares como o elétrico e hidrossanitário, haveria apenas algumas adaptações para que
ocorra a compatibilização com o novo sistema construtivo utilizado. O projeto preventivo
contra incêndio permaneceria o mesmo.
4.2.1 Estrutura em Steel Frame
A estrutura metálica proposta seria com o objetivo de minimizar o tempo de
execução, gerar menos resíduos no canteiro de obra devido as peças serem pré-fabricadas e
montadas in-loco e consequentemente diminuir os custos. Porém esse método de montagem
exige uma mão de obra especializada, sendo assim o custo para esse tipo de serviço aumenta.
40
Com o projeto estrutural modificado, tem-se uma diminuição expressiva em
quantidade de material, onde este tipo de estrutura demanda apenas de peças metálicas e
conectores. Ao contrário do concreto armado, que faz o uso de materiais para sua elaboração e
sendo necessário o uso de armações e caixas de forma para sua estruturação, gerando grandes
quantidades de resíduos no canteiro de obra.
Este tipo de estrutura será utilizado para a substituição das vigas, pilares e lajes em
concreto armado, onde ela faz o mesmo tipo de trabalho. As lajes serão substituídas por vigas
metálicas e a forração será feita em wood frame como mostra o item 4.2.3.
4.2.2 Vedação interna e externa em Drywall
A estrutura de vedação proposta para o exterior e interior da edificação seria o
drywall. A escolha foi feita devido a sua rápida execução, fazendo com que diminua o tempo
para conclusão da obra, e também a fácil personalização do ambiente, não utilizando vigas e
pilares para sua estruturação.
Para o exterior foi pensado em novas tecnologias, pois até pouco tempo atrás não
era possível a utilização do sistema drywall nessas condições devido a intempéries como a
chuva direta no material. A proposta é a utilização da placa de drywall recentemente lançada e
produzida pela Placo – Saint-Gobain, o Glasroc X (figura 14), conforme é denominado pelo
fabricante, é uma placa de drywall destinada exatamente para o uso fora de casa e com preço
de mercado de R$ 28,00 (vinte e oito reais) o metro quadrado. A resistência às intempéries se
dá por conta da utilização de uma nova tecnologia chamada de Ultrawall, que compreende o
uso de aditivos especiais à placa de gesso, que ainda é revestida em suas duas faces por um véu
de vidro e um composto polimérico. Como resultado, surge um produto resistente a
tempestades, umidade, mofo, raios ultravioleta, impactos e até fogo.
41
Figura 14 - Placa drywall Glasroc X
Fonte: Archdaily (2019).
Para o interior da edificação a opção a ser utilizada são placas de drywall simples,
onde a mesma possui um bom isolamento termoacústico devido as suas estruturas internas,
como a lã de vidro.
4.2.3 Forração em Wood frame
Para a substituição das lajes de concreto armado e a forração de gesso utilizado na
obra estudada, a escolha é o wood frame, onde o mesmo possui diversas vantagens, como a
rápida execução pois demanda de menos material e tempo de trabalho, o isolamento térmico e
também a durabilidade do material. Porém algumas desvantagens em relação ao forro de gesso
são observadas, como umidade, devido ao material absorver facilmente a umidade do ambiente,
gerando algumas consequências e o custo, pois dependendo do tipo de madeira escolhida para
ser utilizada o preço é muito mais caro comparado ao gesso como forração.
42
Figura 15 - Quarto de casal com forração em wood frame
Fonte: Autores (2019).
A figura 15, acima, mostra em modelo digital, como ficaria o projeto com a
utilização do wood frame para forração do teto e do chão.
4.2.4 Orçamento
Quanto a parte orçamentária do método alternativo quem englobou steel frame,
drywall e wood frame, foi elaborada pelos autores, com base na tabela do SINAPI, nas planilhas
obtidas através da empresa responsável na execução da obra, Invicta Construções, e também
por meio do aplicativo Gerador de Preços4. Assim, foi proposto um novo orçamento, onde o
mesmo substitui as estruturas de concreto e alvenaria convencional de vedação pelos métodos
até então apresentados.
A tabela 5 apresenta o custo com materiais para construir o edifício em steel frame,
drywall e wood frame, onde o valor da mão de obra está diluído no valor das estruturas orçadas,
por conta da tabela do SINAPI e do aplicativo Gerador de Preços embutirem esses preços no
seu custo final. A tabela 6 apresenta o custo com serviços para construção do edifício em steel
frame, drywall e wood frame.
4 Aplicativo desenvolvido pela empresa CYPE Ingenieros, S.A, disponível em <
http://www.brasil.geradordeprecos.info/ >
43
Tabela 5 - Planilha Orçamentária de materiais do edifício em steel frame, drywall e wood frame
MATERIAIS VALOR (R$) MATERIAIS VALOR (R$)
Estruturas em Steel
Frame (aço A242)4 30.155,00 Materiais Hidráulicos 6.250,00
Muro 1.730,00 Fechaduras 982,00
Lajes em Wood Frame 4 27.622,00 Caixas de Inspeção 1.149,00
Placa de Drywall glasroc
X (vedação externa –
303,72m²)
31.893,00 Calhas 1.140,00
Placa de Drywall simples
(vedação interna –
567,36m²)
53.185,00 Marcos 790,00
Fundação tipo Radier4 13.535,00 Pregos, Discos e Espuma 857,00
Paver 13.810,00 Pingadeira 2.300,00
Terreno 100.000,00 Materiais Diversos 29.035,00
Tinta 10.865,00 Conexões para Esgoto 1.025,00
Materiais Elétricos 15.400,00
Custo Total de materiais R$341.723,00 Fonte: Autores (2019)
Tabela 6 - Planilha Orçamentária de serviços do edifício em steel frame, drywall e wood frame
MATERIAIS VALOR (R$) MATERIAIS VALOR (R$)
Projeto 3D 1.500,00 Sondagem 1.500,00
Engenheiro 12.100,00 Encargos tributários 9.473,00
Entulhos 2.400,00 Frete 1.800,00
Extintores 480,00 Eletricista 4.550,00
Pintor 11.400,00 Esquadrias 14.200,00
Água e Luz 2.474,00 Jardim 2.800,00
Poste 400,00 Despesas diversas 1.093,00
Placas 220,00
Custo Total da Edificação R$66.390,00 Fonte: Autores (2019)
Como mostra na tabela 5 e 6, o custo total da obra alternativa, somando os valores
obtidos de materiais e edificação, foi de R$408.113,00 (quatrocentos e oito mil e cento e treze
reais), sendo esse valor inferior a obra realizada. Materiais como o steel frame¸ drywall e o
wood frame, que foram os escolhidos para a substituição da estrutura de concreto armado e das
vedações interna e externa em alvenaria convencional, foram pontos cruciais na diminuição do
valor final da obra. Porém em nossa região esse método é pouco utilizado devido a mão de obra
que precisa ser especializada, acarretando no aumento do valor da mesma, mas mesmo com a
mão de obra sendo um valor mais elevado que o convencional, a obra ainda assim é uma
44
alternativa mais viável que a realizada para a construção do Residencial Bueno na região de
Tubarão/SC.
4.3 O EDIFÍCIO EM ALVENARIA ESTRUTURAL
Uma alternativa proposta, seria o uso da alvenaria estrutural como uma
possibilidade de substituição ao concreto armado, sendo assim, haveria um novo
dimensionamento e uma compatibilização dos projetos complementares, situação similar com
o método anterior.
O uso da alvenaria estrutural acarretaria uma diminuição do custo das formas de
madeira, aço e concreto e uma redução no seu tempo de execução. Também mostrou ser uma
execução mais simplificada em relação ao método anterior, nesse a execução se torna uma
tarefa de fácil coordenação e controle, trazendo uma maior flexibilidade e versatilidade. Outro
motivo que a alvenaria estrutural se mostrou viável, é a economia no gasto com revestimento e
uma menor diversidade de materiais e mão de obra.
Uma das dificuldades que poderia ocorrer seria a restrição de possibilidade de
mudanças não planejadas no layout ou na estrutura, por isso, a alvenaria estrutural requer uma
maior elaboração e estudo de projeto, um cuidado aos materiais usados, e uma mão-de-obra
qualificada afim de evitar eventuais contratempos.
4.3.1 Orçamento
Quanto ao orçamento da alvenaria estrutural, os autores usaram o mesmo método
de quantificação do item anterior, com base na tabela do SINAPI e nas planilhas orçamentárias
obtidas com a empresa Invicta Construções, e também por meio do aplicativo Gerador de
Preços, um novo orçamento, onde o mesmo substitui as estruturas de concreto e alvenaria
convencional de vedação pelos métodos até então apresentados.
A tabela 7 mostra o custo com materiais para construir o edifício em alvenaria
estrutural e como mencionado no método anterior, os custos da mão de obra novamente estão
diluídos no custo final das estruturas por conta do uso da tabela do SINAPI e do aplicativo
Gerador de Preços. A tabela 8 apresenta o custo com serviços para construção do edifício em
alvenaria estrutural.
45
Tabela 7 - Planilha Orçamentária de materiais do edifício em Alvenaria Estrutural
MATERIAIS VALOR (R$) MATERIAIS VALOR (R$)
Muro 1.730,00 Materiais Hidráulicos 6.250,00
Laje nervurada
unidirecional4 47.358,00
Fechaduras 982,00
Bloco cerâmico
estrutural de paredes
vazadas (vedação externa
– 303,72m²)4
29.078,00 Caixas de Inspeção 1.149,00
Bloco cerâmico estrutural
de paredes vazadas
(vedação interna –
567,36m²)4
54.319,00 Calhas 1.140,00
Fundação tipo Radier4 13.535,00 Marcos 790,00
Paver 13.810,00 Pregos, Discos e Espuma 857,00
Terreno 100.000,00 Pingadeira 2.300,00
Tinta 10.865,00 Materiais Diversos 29.035,00
Materiais Elétricos 15.400,00 Conexões para Esgoto 1.025,00
Custo Total de materiais R$329.623,00 Fonte: Autores (2019).
Tabela 8 - Planilha Orçamentária de serviços do edifício em Alvenaria Estrutural
MATERIAIS VALOR (R$) MATERIAIS VALOR (R$)
Projeto 3D 1.500,00 Sondagem 1.500,00
Engenheiro 12.100,00 Encargos tributários 9.473,00
Entulhos 2.400,00 Frete 1.800,00
Extintores 480,00 Eletricista 4.550,00
Água e Luz 2.474,00 Esquadrias 14.200,00
Poste 400,00 Jardim 2.800,00
Placas 220,00 Despesas diversas 1.093,00
Pintor 12.000,00
Custo Total da Edificação R$66.990,00 Fonte: Autores (2019).
De acordo com as tabelas 7 e 8, o custo total da obra em alvenaria estrutural,
somando os valores obtidos de materiais e edificação, foi de R$396.613,00 (trezentos e noventa
e seis mil e seiscentos e treze reais), sendo esse o menor valor entre os três métodos estudados.
A alvenaria estrutural sendo usada como vedação interna e externa se mostrou uma ótima
alternativa em relação ao seu custo benefício. No entanto, assim como o método anterior, a falta
46
de mão de obra especializada e a dificuldade de encontrar empresas que prestam esse serviço,
o método se torna mais difícil de executar.
4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O setor da construção civil no Brasil está atrasado em relação aos países
desenvolvidos apresentados neste estudo. Como citado anteriormente por Romano (2003), na
construção civil constata-se que, a maioria das empresas construtoras não estão preparadas para
o gerenciamento do processo de projeto de edificações, conservando práticas que são
causadoras de muitos problemas no processo construtivo como um todo. A região sul tem uma
grande oferta de mão de obra pouco qualificada. Isto se deve ao fato de que a contratação para
a execução dos trabalhos braçais geralmente não exige muita experiência, prevalecendo, assim,
a quantidade sobre a qualidade.
O problema da mão de obra qualificada é que, consequentemente, acaba refletindo
no custo final dos métodos construtivos alternativos propostos para a execução da obra
estudada. O custo acaba sendo mais elevado que o esperado por conta da mão de obra, mas
ainda assim, os métodos alternativos de steel frame, drywall, wood frame e alvenaria estrutural
apresentam menor custo, são mais eficientes e acabam produzindo menos resíduos durante a
etapa de construção que o método que utiliza estrutura de concreto armado e alvenaria de
vedação com blocos cerâmicos.
Em relação ao tempo e custo de obra, Lourenço et al. (2015) cita que a aplicação
do sistema Steel Frame permite que o custo seja reduzido devido a otimização do tempo na
fabricação e na montagem da estrutura, pois com isso o sistema acaba permitindo a execução
de diversas etapas ao mesmo tempo, como realizar a concretagem das fundações no canteiro de
obra enquanto as peças metálicas são confeccionados na fábrica e apenas montados na obra. O
método do wood frame, como aponta Ferreira (2014), também evidência algumas vantagens da
construção, como por exemplo, obra seca e limpa com menor geração de resíduos, a fabricação
das peças em ambiente industrializado reduzindo também o tempo de obra, como mostrado no
estudo.
A figura 16 apresenta de forma resumida, os valores obtidos a partir dos orçamentos
realizados pelos autores.
47
Figura 16 - Valores estimados em reais (R$) para a construção do Residencial Bueno
Fonte: Autores (2019).
Analisando a figura 16, é possível observar que os dois métodos construtivos
propostos pelos autores são opções de menor custo. Quando analisado estes métodos, é possível
observar também que o tempo de obra e os resíduos gerados durante a construção são
relativamente menores, devido ao menor uso do concreto, onde o mesmo é utilizado apenas na
fundação dos métodos alternativos propostos. Após a conclusão do estudo foi mostrado que o
método mais eficiente para a construção do Residencial Bueno seria a alvenaria estrutural.
R$ 469.895,00
R$ 408.113,00 R$ 396.613,00
R$ 0,00
R$ 50.000,00
R$ 100.000,00
R$ 150.000,00
R$ 200.000,00
R$ 250.000,00
R$ 300.000,00
R$ 350.000,00
R$ 400.000,00
R$ 450.000,00
R$ 500.000,00
Concreto armado e alvenariaconvencional (obra realizada)
Steel frame, drywall e woodframe
Alvenaria estrutural
Valores em reais (R$) para construção do Residencial Bueno
48
5 CONCLUSÃO
No Brasil, ainda é comumente utilizado o modo clássico de construção civil, o
concreto armado juntamente com a alvenaria de vedação em blocos cerâmicos. Todavia, como
foi visto neste trabalho e em diversos estudos ao longo dos anos, o uso de outros métodos vem
surgindo e provando que são alternativas viáveis em relação a esse método clássico de
construção. Com o passar do tempo é possível notar uma maior aceitação a esses métodos
alternativos, que estão cada vez mais ganhando notoriedade.
Com o auxílio das planilhas orçamentarias fornecidas pela empresa Invicta
Construções que executou um empreendimento de 299,50m², foi feito uma análise comparativa
entre os métodos construtivos propostos.
Diante desta situação, após comparar uma obra executada com o método mais
utilizado na região e dois métodos alternativos de construção, notou-se que os resultados se
alinhavam-se com os estudos que foram feitos. A execução real da obra tornou-se a menos
viável no ponto de vista econômico. Sendo considerado uma boa alternativa apenas por ser um
tipo de construção que já é habitual, portanto, é de conhecimento de todos e de fácil execução.
Já os métodos alternativos mostraram-se boas alternativas econômicas, destaque ao
método de Alvenaria estrutural no qual obteve-se uma economia de 18,47% (R$73.282,00) em
relação a alvenaria convencional e uma economia de 1% (R$11.500,00) em relação ao steel
frame, drywall e wood frame.
Autores previamente citados já indicavam que a alvenaria estrutural seria o melhor
método a ser empregado economicamente. Cavalheiro (2009) afirma que a alvenaria estrutural
dispõe de controle e níveis de cálculos similares as estruturas de aço e concreto armado, sendo
assim, o sistema se torna flexível, econômico e de simples industrialização. Santos (2012)
também cita que a principal vantagem na alvenaria estrutural é a economia e o controle
tecnológico. E os problemas encontrados com a mão de obra é lembrado por Romano (2003)
que ressalta o cenário da construção que não está preparado para o gerenciamento do processo
de projeto de edificações em alvenaria estrutural devido à falta de conhecimento.
Sendo assim, é possível utilizar métodos alternativos como uma forma de economia
na construção, basta ter uma mão de obra mais qualificada que conheça esses métodos
construtivos, material disponível na região para diminuir o custo e uma maior aceitação por
parte dos clientes e empreiteiras. Pois é provado que tais métodos são mais viáveis em relação
a construção tradicional.
49
Conclui-se então que, para esses métodos terem uma maior notoriedade no cenário
da construção atual, levaria um tempo de adaptação em relação as pessoas, pois ainda existe
um preconceito em relação a novas tecnologias. Acredita-se que com o passar dos anos, como
já vem acontecendo, esses métodos alternativos estarão cada vez mais presente no dia a dia da
construção civil, tornando se assim, métodos que serão comumente utilizados.
50
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