Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e...
Transcript of Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e...
Universidade do Porto
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
Estudo da ansiedade pré-competitiva em atletas
moçambicanos de Natação e Atletismo.
Diamantino Vasco Muchuane
Dezembro de 2001
UNIVERSIDADE DO PORTO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA
Estudo da Ansiedade Pré-competitiva em Atletas Moçambicanos de Natação e Atletismo
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, com vista à obtenção do grau de mestre em Ciência do Desporto, na área de especialização de Desporto de Crianças e Jovens, sob orientação da Prof. Doutora Ana Maria Mesquita de Araújo Ferreira Duarte, desta Faculdade.
Diamantino Vasco Muchuane
Maputo, 2001
RESUMO
O presente estudo foi realizado numa amostra de 76 atletas, de ambos os sexos, com uma
média de idades de 18.2 ± 2.8 anos, sendo 38 praticantes da modalidade de Natação e 38
de Atletismo, participantes nos respectivos Campeonatos Nacionais referentes à época
desportiva de 2000/01. Teve como propósitos: (i) identificar a ansiedade estado pré-
competitiva em atletas Moçambicanos praticantes de Natação e Atletismo; (ii) analisar o
estado de ansiedade em função da modalidade praticada e (iii) comparar o estado de
ansiedade em função do sexo e da experiência competitiva. Para a recolha de dados
recorreu-se à administração de um Questionário de natureza multidimensional "CSAI-2",
que avalia as componentes cognitiva e somática da ansiedade estado pré-competitiva e
uma terceira componente que é a autoconfiança. Os dados foram tratados no programa
estatístico SPSS, e os procedimentos estatísticos consistiram no seguinte: (1) Análise
exploratória das diferentes distribuições; (2) Calculo das estatísticas descritivas mais
importantes, isto é, a média e o desvio padrão; (3) Análise comparativa das médias entre
os atletas dos dois sexos e das duas modalidades para todas as variáveis independentes
recorrendo ao teste t se Student, de medidas independentes; (4) Teste de correlação de
Pearson entre as dimensões em estudo. Os resultados do estudo revelam diferenças com
significância estatística entre as modalidades nas dimensões cognitiva (p=.011) e
autoconfiança (p=.01), enquanto que nas restantes variáveis os resultados evidenciam
uma nítida semelhança estatística. Relativamente à correlação entre as variáveis, os
resultados espelham uma correlação negativa entre a autoconfiança e a ansiedade
cognitiva (r=-.373) e entre a autoconfiança e ansiedade somática (r=-.208), enquanto que
entre a ansiedade cognitiva e somática verifica-se uma correlação positiva (r=.46). Dentro
dos limites conceptuais e metodológicos deste estudo e tomando em consideração os
resultados encontrados, sobressai o seguinte quadro de conclusões: (1) os atletas
praticantes de Natação possuem níveis de ansiedade estado pré-competitiva mais
elevados do que os de Atletismo e o seu rendimento é, comparativamente, mais baixo; (2)
os atletas de ambos os sexos não diferem entre si relativamente aos níveis de ansiedade
estado pré-competitiva e (3) em relação à experiência competitiva, os atletas praticantes
das duas modalidades não diferem entre si quanto aos seus níveis de ansiedade estado
pré-competitiva.
RESUME
Le présent étude est réalisé sur un échantillon de 76 athlètes des deux sexes, dont l'âge
moyenne est de 18.2 ± 2.8 ans. Cet échantillon se répartit en deux groupes semblables en
termes d'effectif, à savoir , 38 athlètes pour la natation, et les autres 38 pour l'athlétisme.
Les uns et les autres ont participé aux Championats Nationaux des modalités respectives
pendant la période sportive de 2000 à 2001.
Les objectifs du présent étude sont:
(i) Identifier l'anxiété des athlètes Mozambicains de Natation et d' Athlétisme avant
la compétition;
(ii) Analyser l'état d'anxiété en fonction de la modalité pratiquée;
(iii) Comparer l'état d'anxiété en fontion du sexe et de l'expérience competitive.
Pour le recueil des données, on a recoure à un questionnaire de nature
multidimensionnelle "CSAI-2", qui évalue les composantes Cognitive et Somatique de
l'anxiété avant la compétition ainsi que l'autoconfiance.
Les données ont été déponibles grâce au programme statistique dont les procédés nous
décrirons par la suite:
(1) Analyse exploratoire des différentes distributions;
(2) Calcul des statistiques descriptives plus importantes, c'est-à-dire, la moyenne et
l'écart par rapport au modèle;
(3) Test de corrélation r de Pierson, entre les variables étudiées.
Les résultats de l'étude révèlent des écarts statistiques significantifs entre les modalités
dans les variables cognitive (P=.011) et l'autoconfïance (P=.01), alors que les auutres
variables montrent une corrélation négative entre Tautoconfiance et l'anxiété somatique
(r=-.208); On observe pourtant une corrélation positive (r=.46) entre l'anxiété cognitive
et somatique.
Compte tenu des limites conceptuelles et méthodologiques de cet étude, ainsi que des
résultats obtenus, les conclusions sont les suivantes:
(1) Les athletes de natation possèdent des niveaux d'anxiété avant la compétition plus
élevés que ceux de l'Athlétisme et son rendiment se voit affecté.
(2) Si on tient compte du sexe, on constate qu'il n'y a pas de distintion entre les athlètes
des deux sexes en termes de niveau d'anxiété avant la compétition.
(3) Si on tient compte de l'expérience competitive, les athlètes des deux modalités ne se distinguent pas non plus entre eux, par rapport à leurs niveaux d'anxiété avant la compétition.
ABSTACT
The present research has been made from a sample of 76 athletes of both sex, between 18.2 ± 2.8 years of age in average. Within them, 38 were practicing swimming and 38 were practicing athletics. All of them were practicing in their respective National Championship referring to the 2000/01 season. The purpose was (i) to identify pre-competitive state of anxiety in Mozambican athletes practicing swimming and athletics; (ii) to examine the state of anxiety in their specific modality; (iii) to compare the state of anxiety, according to their sex and their competitive experience. In order to obtain this information, we apply multidimensional questionnaire"CSAI-2", in order to evaluate the cognitive and somatic component of pre-competitive state of anxiety. Then, the third component is self-confidence. The data obtained was managed in SPSS statistic system, and its statistics procedures of the following methodology: (1) exploratory analysis of different distribution; (2) calculate the most important descriptive statistics, in other words, the average and standard deviation; (3) to analyze the average comparative, within both sex and the two modalities in all independent variables having resource to independent samples t-test; (4) correlation test between the dimensions in study. The result of the study, shows differences with statistic significance between the modalities in the cognitive dimension (p=.011) and the self-confidence (p=.01), while in the remaining variable the conclusion show a clear statistic similitude. In what concerns to the correlation between the variables, the results reflect a negative correlation between self-confidence and cognitive anxiety (r=-.373) and between self-confidence and somatic anxiety (r=-.208). At the same time, the cognitive and somatic anxiety is seen a positive correlation (r=.46). Within the conceptual limit, and methodological limit of this study, and taking on oneself the found results, becomes visible the picture-frame of conclusions: (1) The participant athletes in swimming modality, their anxiousness level is height than ones who are athletics. (2) Even from both sex, they are not different on their level of pre-competitive state of anxiety, and (3) concerning to the competitive experience, the athletes who practicing the two modalities do not have any differences between their level of pre-competitive state of anxiety.
AGRADECIMENTOS
Várias instituições e indivíduos singulares contribuíram para que este trabalho se tornasse
realidade, pelo facto gostaria de endereçar os meus sinceros agradecimentos:
A Prof Dra. Ana Maria Duarte pelos seus valiosos ensinamentos e por aceitar colaborar
na orientação do trabalho;
Ao Dr. Leonardo Nhantumbo, pelo apoio dado na emissão de credenciais, nas várias
sugestões e nas correspondências através do seu "E-mail";
A Escola prática de Defesa Anti-aérea de Boquisso pelo grande apoio prestado durante os
cursos de formação na área de Educação Física e Desporto.
Ao meu amigo dr. Salazar Picardo (Faísca) pelo apoio prestado na aplicação dos
questionários, no alojamento durante o trabalho de campo na cidade da Beira e no
contacto com os treinadores de Natação;
Aos meus amigos da "guitarra" Buque e Sésar pelo apoio dado nas traduções de textos;
Às Federações Moçambicanas de Natação e Atletismo pela autorização cedida para o
trabalho com os atletas nelas filiadas;
Ao Secretário geral da Federação Moçambicana de Atletismo pela grande colaboração e
amizade criada ao longo do trabalho;
Aos treinadores e atletas dos clubes Desportivo de Maputo, Ferroviário de Maputo,
Ferroviário da Beira, Golfinhos de Maputo, Costa do Sol, Clube Naval, ADPP de
Manica, Ferroviário das Mahotas, Brilho construções e da Escola Secundária Emília
Daússe, por aceitarem participar no estudo.
A todos o meu "muito obrigado"!
ÍNDICE 1-INTRODUÇÃO 1
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5
2.1 -ANSIEDADE NO DESPORTO 6
2.1.1 -Delimitação conceptual 6
2.2 -TEORIAS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A ANSIEDADE E O RENDIMENTO
DESPORTIVO 17
Teoria do Drive 77
Teoria do U-Inveríido 18
Teoria multidimensional da ansiedade competitiva 19
Teoria da Zona Óptima de Funcionamento individual 20
Teoria Catastrófica do rendimento 22
Teoria da Ansiedade de Spielberger 23
2.3 - FACTORES E PROCESSOS MEDIADORES NA RELAÇÃO "ANSIEDADE -
RENDIMENTO" 24
2.4 - AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA 27
2.5 - ESTUDOS REALIZADOS NO CONTEXTO INTERNACIONAL 28
3 - OBJECTIVOS, HIPÓTESES E VARIÁVEIS DO ESTUDO EMPÍRICO 38
3.1-OBJECTIVOS 39
3.2 - HIPÓTESES 39
3.3-VARIÁVEIS DO ESTUDO 41
4 - METODOLOGIA 43
4.1 - DEFINIÇÃO DA AMOSTRA 44
4.2-CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 44
4.3 - INSTRUMENTO 46
4.4 - PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO 46
4.5-PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS 46
5-RESULTADOS 48
5.1 - ANÁLISE COMPARATIVA EM FUNÇÃO DA MODALIDADE 50
5.2 -ANÁLISE COMPARATIVA EM FUNÇÃO DA SEXO 51
5.3 - ANÁLISE COMPARATIVA SEGUNDO A EXPERIÊNCIA COMPETITIVA 52
5.4-CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS DO CSAI-2 5 4
5 . 5 - O RENDIMENTO DOS ATLETAS 5 5
6 - DISCUSSÃO DE RESULTADOS 56
6.1 -INTRODUÇÃO 57
6.2 - ANSIEDADE COGNITIVA 58
6.3 - ANSIEDADE SOMÁTICA 60
6.4 - AUTO-CONFIANÇA 61
6.5 - CORRELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS DO CSAI-2 63
CONCLUSÕES 65
SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES 67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 69
ANEXOS 76
Lista de Quadros, Figuras e Gráficos Pág.
Fig.l Modelo de ansiedade competitiva (Adaptado por Martens, Vealey & Borton (1990) 14
Quadro 3.1 Definições de Ansiedade 8
Quadro 3.2 Estudos internacionais 28
Quadro 4.2.1 Distribuição da amostra por modalidade 44
Quadro 4.2.2 Características da amostra (Idade e Experiência competitiva) 45
Quadro 4.2.3 Características demográficas da amostra (Experiência
competitiva/Escalão/Sexo) 45
Quadro 4.2.4 Distribuição da amostra (Experiência competitiva/Modalidade/Sexo— 45
Quadro 5.1 Valores médios e desvio padrão das dimensões do CSAI-2 49
Quadro 5.2 Estatística descritiva das variáveis psicológicas envolvidas no estudo— 49
Quadro 5.3 Resultados do teste t-Student em função da modalidade 50
Quadro 5.4 Resultados do teste t-Student em função do sexo 51
Quadro 5.5 Valores de t e p nas dimensões em estudo (diferenças em função da
modalidade) 53
Quadro 5.6 Coeficientes de correlação e significância entre a autoconfiança a
ansiedade cognitiva e ansiedade somática 54
Quadro 5.7 Rendimento na natação 55
Quadro 5.7 Rendimento no atletismo 55
Quadro 6.1 Comparação de valores médios e desvios padrão relativos às variáveis
do CSAI-2 dos estudos realizados por Jones & Suain (1995), Teixeira & Raposo
( 1995), Ferraz ( 1997), Lázaro ( 1998) e o nosso estudo 57
Gráfico 1-Valores do CSAI-2 (Comparação entre modalidades) 51
Gráfico 2-Valores do CSAI-2 (Comparação entre os sexos) 52
Gráfico 3-Valores do CSAI-2 (Comparação entre mais experientes e menos
experientes) 53
Lista de Abreviaturas
CSAI-2 - Competitive State Anxiety Inventory - 2
SPSS - Statistical Package for Social Science
ZOF - Zona Optima de Funcionamento
EAO - Estado de Activação Optimo
INSTRUM. - Instrumento
Modal. - Modalidade (l=Natação, 2 =Atletismo)
Escal. - Escalão (l=Juvenil; 2=júnior; 3=Sénior)
Sexo (l=Masculino; 2=Feminino)
T. prát. - Tempo de prática
T. Fed. - Tempo de federado
C. Nac. - Campeonatos nacionais
Intern. - Internacionalizações
M. post. - Marca posterior
M. ant. - Marca anterior
Sal. - Saltadores
Lanç. - Lançadores
Nadad. - Nadadores
Atlet. - Atletismo.
"O Desporto ocupa um lugar importante na vida social dos nossos dias. Contribui para o
múltiplo desenvolvimento físico do homem, é um factor importante no desenvolvimento das
qualidades psíquicas, cognitivas, afectivas e volitivas das estruturas do comportamento e da
dinâmica da personalidade" (Querol, 1988, p. 15).
No entanto quando o atleta participa em competição, encontra-se envolvido num meio de
pressões de vária ordem (público, treinador, dirigentes, jornalistas, etc.) pondo, às vezes, em
causa o seu rendimento. Contudo, ele tem de ser capaz de ultrapassar os obstáculos impostos por
essas pressões, o que nem sempre acontece da forma mais adequada.
Foi com base nesta preocupação que nos sentimos interessados em abordar o tema do presente
estudo. De facto, a primeira razão desta escolha radica na nossa experiência, enquanto antigo
atleta (alta competição). Deparei-me, frequentemente, durante cerca de seis anos, com situações
de ansiedade, sem as ter conseguido superar, na maior parte das vezes. A segunda razão da
escolha deste tema é decorrente da grande necessidade sentida, então como atleta, agora como
treinador, de possuir informação acerca do impacto negativo que elevados níveis de ansiedade
pré-competitiva podem exercer no rendimento dos atletas, bem como acerca dos factores que
podem estar na sua origem, sendo, portanto, susceptíveis de serem influenciados favoravelmente.
A participação em competições desportivas relaciona-se com certas características de
personalidade e de conduta que estão associadas às diferentes modalidades desportivas. Apesar
da questão da relação entre especialidade desportiva e personalidade ter sido e continuar a ser
controversa, há vários anos, a utilização de modelos cognitivos e interaccionistas pode contribuir
para aprofundar o conhecimento neste interessante campo da Psicologia do Desporto.
Krol (1970), citado por Cruz (1996) afirma que o êxito no desporto se relaciona necessariamente
com as características da personalidade. Posteriormente outros autores como Martens (1985) ou
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 2
Morgan (1978), citados por Lázaro (1998), criticam esta visão extrema, apesar de concluírem
que o êxito desportivo dependerá, em parte, de traços e estados psicológicos determinados.
Uma área de interesse e investigação no âmbito da Psicologia do Desporto é o estudo da
ansiedade perante a competição desportiva, tendo por objectivo melhor compreender e predizer a
conduta e o rendimento dos atletas. Porém o conhecimento das características psicológicas dos
atletas não é suficiente para os apoiar psicologicamente na competição pois, cada um apresenta
reacções e comportamentos diferentes ao enfrentar as provas. Para além das características
psicológicas do atleta, as capacidades que eles possuem, o grau ou importância da competição e
o valor dos adversários, podem influenciar o rendimento do próprio atleta, existindo diferenças
interpessoais e intrapessoais.
De facto, muitos factores que antecedem e envolvem a competição são geradores de alterações
ou perturbações emocionais que podem afectar o rendimento considerado normal.
Em Moçambique, a intervenção no âmbito da Psicologia do Desporto é "quase" inexistente pelo
que o desportista, tem de se «auto preparar» psicologicamente e os treinadores têm feito
habitualmente o que Brito, (1994, p. 9) apelida de "encher" os atletas de recomendações,
exaltações ("vamos ganhar, és o melhor, tens que trabalhar muito ") ou até insultos. Ainda é
difícil a muitos treinadores, técnicos e dirigentes, reconhecerem a inutilidade destas intervenções
e recorrem frequentemente aos curandeiros, mais conhecidos no meio desportivo por «vovós».
De entre as características psicológicas que podem afectar o rendimento dos atletas, os aspectos
mais intensamente estudados têm sido o traço e o estado da ansiedade pré-competitiva. De facto
estes construtos têm sido investigados por vários autores, concluindo existir uma forte relação
com o rendimento no Desporto.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 3
É sabido que os efeitos e consequências da Ansiedade parecem manifestar-se directamente no
rendimento e na preparação desportiva, por um lado, e no bem estar físico e psicológico dos
atletas, por outro lado, pois, segundo Cruz (1996), Jones e Hardy (1990), Martens (1990), a alta
competição, pela sua própria natureza, objectivos e características tem o potencial de poder gerar
elevados níveis de ansiedade, aliados à diversidade e interdependência de factores e processos
psicológicos implicados no rendimento e no sucesso desportivo.
O facto de este problema não ter sido alvo de estudos rigorosos e sistematizados, em
Moçambique, leva-nos a procurar obter respostas para as nossas preocupações, podendo
constituir um contributo para a melhoria do conhecimento dos nossos atletas, do seu rendimento
desportivo e consequentemente da sua saúde e do seu bem-estar.
Neste sentido propomo-nos estudar a ansiedade estado pré-competitiva de atletas Moçambicanos
praticantes de Natação e de Atletismo, e procuraremos analisar esse estado de ansiedade em
função da modalidade praticada, do sexo e da experiência competitiva.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação -Atletismo) 4
2.1 - ANSIEDADE NO DESPORTO
2.1.1 - Delimitação conceptual
A ansiedade na competição desportiva constitui um problema usual e preocupante para todos
aqueles que, directa ou indirectamente, se encontram envolvidos no desporto (Cruz, 1996, p.
174). É experimentada por muitos atletas, independentemente do sexo, idade, nível competitivo
ou modalidade desportiva e exerce, muitas vezes, efeitos negativos no rendimento dos atletas.
O estudo dos construtos psicológicos que podem estar relacionados com o rendimento no
desporto, têm constituído temas de grande importância ao longo da história da Psicologia do
Desporto. De entre eles destaca-se o estudo do Arousal e da Ansiedade e da forma como se
relacionam com o rendimento.
Atendendo a que estes dois termos surgem na literatura, por vezes, de forma indiferenciada,
embora sejam conceptualmente distintos, iremos seguidamente proceder à sua delimitação.
Ansiedade/Arousal
Um problema que habitualmente encontramos nos estudos sobre ansiedade está relacionado com
uma certa confusão semântica devida à utilização inconsistente de designações como arousal, e
ansiedade, os quais surgem por vezes, na literatura, utilizados de forma não diferenciada. Assim
sendo, tentaremos de forma resumida, abordar o termo "arousal " que julgamos ser uma noção
fundamental na compreensão da relação entre a ansiedade e o rendimento desportivo.
Arousal ou Activação traduz-se pela activação do organismo, o que para alguns autores é,
também, designado como "síndrome de activação geral", que ocorre quando o indivíduo tem de
responder a determinada situação.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 6
Martens (1987), refere-se, ainda, a este construto como sendo o vigor, vitalidade e intensidade
com que a mente funciona (p.92) entendendo-o mais do que a activação fisiológica do organismo
mas envolvendo, também, a activação mental. Pode ser considerado como um construto
motivacional que representa o nível de intensidade do comportamento (Landers, 1980, p. 77)
Diremos, então, que Arousal é a activação fisiológica e psicológica do organismo, a qual varia ao
longo de um continuum desde o sono profundo até à excitação máxima.
Albernethy (1993) considera que um grande número de factores pode influenciar o estado de
activação (arousal) óptimo, como a natureza, duração e complexidade da tarefa, a motivação e as
características pessoais do atleta. Desportos que requerem precisão e o recurso a skills especiais
evidenciam melhores desempenhos sob baixos níveis de arousal, enquanto actividades que
requerem o recrutamento simultâneo de toda a massa muscular necessitam de um nível de
arousal elevado para que o rendimento seja bom. Este autor considera, também, que as
diferenças individuais no traço de ansiedade também são conhecidas por influenciarem o nível
de arousal óptimo para o rendimento.
Quando pretendemos distinguir arousal de ansiedade, podemos dizer que esta é considerada
como o impacto emocional ou a dimensão cognitiva de arousal. Landers (1980) sugere que
reacções emocionais desagradáveis podem acompanhar a activação do sistema nervoso
autónomo, constituindo a ansiedade. Martens (1977) acrescenta, ainda, que a ansiedade pode ser
considerada como o conjunto de sentimentos de nervosismo e de tensão associados à activação
ou arousal do organismo.
Seguidamente, e após termos abordado a diferença entre estes dois construtos, propomo-nos
delimitar, de forma mais aprofundada, o conceito de ansiedade, uma vez que este se apresenta
como o tema central do nosso estudo.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 7
O conceito de ansiedade varia de autor para autor. No quadro 3.1 apresentamos definições
propostas para o conceito de ansiedade.
Quadro 3.1 - Definições de Ansiedade
AUTOR(ES) DEFINIÇÃO Rushall (1979)
Groen (1975), citado por Serra (1980)
Landers, (1980)
Gould et al , (1983), citado por Sonstroem (1984)
Madeleine e Sarrazin (1987)
Gould eKrane (1993)
Bakker, Whiting e Brug(1993)
Nodell e Sime(1993)
Cruz(1996)
Ansiedade é a emoção secundária principal e a maior causadora de problemas na competição.
Ansiedade deve ser entendida como um estado peculiar, desagradável caracterizado pela antecipação de um acontecimento ameaçador ou perigoso que pode acontecer no futuro.
A ansiedade é a adaptação negativa do arousal, manifestada com reacções emotivas desagradáveis.
A ansiedade centra-se essencialmente nos aspectos energéticos, mais do que nos aspectos emocionais negativos. Ansiedade resume-se ao estado mais elevado de activação sendo nestes momentos que se produzem sentimentos de desconforto ou de elevada preocupação.
A ansiedade é uma resposta global, não especifica do organismo às exigências que lhe são feitas.
Definem a ansiedade como as sensações de nervosismo e tensão associadas com a activação ou arousal do organismo. Identificam ainda, o arousal e ansiedade como um mesmo fenómeno, aplicando o termo ansiedade à dimensão cognitiva do arousal, ou seja, o arousal ou activação do sistema nervoso autónomo pode ser acompanhado por reacções emotivas desagradáveis que se designam como ansiedade.
Distinguem ansiedade em estado emocional e traço de personalidade. A primeira pode ser entendida como a reacção emocional de alguém perante uma situação que se depara como ameaçadora. A segunda como sendo a disposição para reagir perante uma situação.
A ansiedade pode ser vista como uma reacção emocional a vários estímulos de angústia, em que os indivíduos se podem encontrar num elevado estado de excitação e serem acompanhadas por sentimentos de desconforto e de apreensão.
A ansiedade na competição é um processo emocional e relacional mediado cognitivamente.
Ansiedade Pré-compeíitiva (Natação - Atletismo) 8
Quadro 3.1 - Definições de Ansiedade (continuação)
AUTOR(ES) DEFINIÇÃO Hogg (1995)
Krane (1982), citada por Teixeira (1997)
Martens (1987)
Izard (1977), citado por Carvalho (1995)
Serra (1980), citado por Carvalho (1995)
Hacfort e Schuermezgh(1993), citados por Carvalho (1995)
Lázaras e Averil (1972), citados por Carvalho (1995)
Sonstroem(1984)
A ansiedade é um estado de depressão ou agitação acompanhada por sentimentos de angústia.
Ansiedade são as sensações de nervosismo e tensão associadas com a activação ou arousal do organismo.
Ansiedade é «uma energia física» como o «vigor, a vitalidade e intensidade com que o espírito funciona». A ansiedade deve ser encarada de uma forma para além da simples activação fisiológica do organismo.
Ansiedade é um conjunto complexo de emoções. È constituído pela emoção dominante do medo, à qual se associam outros, entre as quais se podem apontar a amargura, a cólera, a vergonha, a culpa e o interesse-excitação.
Distingue a grande e pequena ansiedade. Nas crises de grande ansiedade o doente sente-se ameaçado em várias frentes e esta complexidade incapacita-o de reagir. "A sua existência é posta em questão desenvolvendo a sensação de que vai morrer. O infortúnio, a culpabilidade, o desespero, agitam-se por todo o lado. A ansiedade assim vivenciada torna-se tão perturbadora que dá vida o sabor amargo de um pesadelo. Na pequena ansiedade a situação é igualmente perturbadora, mas menos grave. Nela transparece a hesitação, a insegurança frente aos acontecimentos, o temor, a amargura, a lamentação de não poder modificar o passado, a resignação temerosa perante a catástrofe, a falta de coragem para reagir".
A ansiedade é vista como uma emoção disparada por uma relação de comunicação entre as pessoas e os seus envolvimentos.
A manifestação da ansiedade pode ser entendida como um feedback numa complexa cadeia de eventos onde funciona como um sinal de aviso para o indivíduo manter ou aumentar o estado de alerta para enfrentar perigos e estar convenientemente preparado para eles.
A ansiedade se restringe a estados de alto arousal que produzem sensações de desconforto ou preocupação excessiva.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 9
Quadro 3.1 - Definições de Ansiedade (continuação)
AUTOR(ES) DEFINIÇÃO Martens e cols. (1990)
Freud (1936), citado Por Spielberger, (1983)
Thomas, Missoum e Rivolier(1987)
Definem ansiedade "como um estado emocional transitório, caracterizado por sentimentos de apreensão e tensão associados à activação do organismo".
A Ansiedade é algo que se sente, um estado emocional desagradável, que inclui componentes fisiológicas e comportamentais.
A Ansiedade é um estado emocional desagradável que se manifesta por componentes psicológicas e fisiológicas. Segundo estes autores, quando um certo limiar de ansiedade é ultrapassado, gera-se uma participação somática (caracterizada por múltiplas manifestações, como opressão toráxica, dores abdominais, etc.), que os autores designam por "angústia".
Devido à existência de várias definições não encontramos uma definição formal para o conceito
de Ansiedade pelo que, sem menosprezar as demais definições, inclinarmo-nos-íamos para a que
foi apresentada por Martens e cols. (1990).
Estes autores referem que, de um modo geral, a ansiedade apresenta características definidas
como fontes de activação fisiológica ou de reactividade autónoma, dependendo no entanto, se
esta é fruto de interferência de aspectos de impacto emocional ou pelo contrário, dependem da
dimensão cognitiva da activação.
Quando o psíquico não reúne as condições para lidar com as exigências externas (ameaça,
perigo, etc.), dá-se o objectivo estado de ansiedade (Freud, 1952 citado por Spielberger, 1979).
Este autor reconhece que esta teoria assenta as suas bases na repressão, afirmando ser a
ansiedade fruto da função dinâmica desta mesma, sendo mais explícito, a ansiedade funciona
como um requisito prévio para a repressão e para todos os mecanismos de defesa.
Freud (1952), citado por Spielberger (1979), define que a ansiedade se deve essencialmente a
dois factores: (i) o mundo externo e (ii) os próprios impulsos do indivíduo; Daí a considerar-se,
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 10
que quando o perigo é exterior ao indivíduo (mundo externo), resulta em reacções objectivas.
Pelo contrário, quando os motivos causadores são de origem interna, as reacções de ansiedade
apresentarão um cariz neurótico.
Hanin (1989), citado por Gould e Krane (1992), consideram que o envolvimento social é a fonte
geradora das situações ameaçadoras que proporcionam os estados de ansiedade, caracterizando
duas situações que se constituem como mais relevantes que ocorrem no contexto desportivo:
(i) Estado de ansiedade interpessoal (S = A int.);
(ii) Estado de ansiedade intergrupo (S = A gr.).
A primeira situação advém da relação directa de um indivíduo com outro que pode ser colega,
adversário, treinador, árbitro ou outro qualquer indivíduo que se encontre no contexto
desportivo. A esta situação o autor dá o nome de ansiedade interpessoal.
A segunda situação, refere-se á ansiedade gerada no contexto da competição desportiva e é
desencadeada pela consciência do indivíduo como membro de um grupo ou equipa, que implica
o cumprimento de papéis, responsabilização perante toda a estrutura da instituição, solidariedade
para com os colegas e oposição dos adversários e responsabilidade individual nos resultados
obtidos pelo grupo.
Ambos os construtos se referem a reacções emocionais vividas por uma pessoa num dado
momento em função do seu contacto particular com um colega (S = A int.) ou com um membro
de um grupo ou equipa (S = A gr.).
Spielberger (1972), distinguiu "traço de ansiedade" e "estado de ansiedade". Para este autor,
Ansiedade como estado é um estado emocional transitório que varia de intensidade e no tempo,
caracterizando-se por um sentimento de tensão ou apreensão e por um acréscimo na actividade
do sistema nervoso autónomo. Enquanto que a ansiedade como traço da personalidade, diz
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 11
respeito às diferenças individuais relativamente estáveis na tendência para a ansiedade, ou seja,
diferenças na disposição para perceber como perigosas ou ameaçadoras uma vasta gama de
situações que objectivamente não são perigosas, e para responder a tais ameaças com reacções
de ansiedade estado, (p. 39)
Baseando-se nesta distinção, Martens (1977), definiu a ansiedade competitiva enquanto traço de
personalidade, como um construto que descreve diferenças individuais na tendência para
perceber as situações competitivas como ameaçadoras e para responder a tais situações com
reacções de estado de ansiedade com intensidade variável. Segundo este modelo unidimensional
da ansiedade, a competição desportiva apresenta-se como mais ameaçadora para os atletas com
níveis de ansiedade traço mais elevado, relativamente aos atletas com ansiedade traço mais
baixo, uma vez que, este modelo hipotetiza que, face a situações competitivas específicas, o traço
de ansiedade competitiva, representa um mediador importante das respostas da Ansiedade como
estado.
Este modelo conceptual de ansiedade competitiva, foi mais tarde revisto por Martens e cols.
(1983), aquando do desenvolvimento do CSAI-2, reconhecendo nesta nova versão, a natureza
multidimensional da ansiedade competitiva: Ansiedade cognitiva, Ansiedade somática e
Autoconfiança. De acordo com estes autores, a Ansiedade cognitiva e a ansiedade somática
representam poios opostos num continuum de avaliação cognitiva, sendo a autoconfiança vista
como a ausência de ansiedade cognitiva ou, inversamente, sendo a ansiedade cognitiva, vista
como falta de auto-confiança.
Posteriormente, Martens e colaboradores (1990), apresentaram uma nova versão do modelo de
ansiedade competitiva conceptualizado inicialmente por Martens (1977). Como se pode ver na
figura 1, esta nova conceptualização engloba quatro relações essenciais. Na relação 1, onde se
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 12
inicia o processo, a interação dos factores situacionais da situação competitiva objectiva (SCO)
com outros factores intra-pessoais (como o traço de ansiedade), criam uma nova percepção de
ameaça, que representa a situação competitiva subjectiva (SCS). Na relação 2, esta percepção de
ameaça interage com outros factores intra-pessoais, determinando as respostas individuais (o
estado de ansiedade) e o rendimento. Na relação 3, a interação destas respostas (cognitivas,
somáticas e comportamentais) individuais com factores intra-pessoais, originam diferentes
resultados, rendimentos ou consequências. Por sua vez, a influência mútua dos resultados e do
rendimento nos factores intra-pessoais, representa a relação 4 com que se completa este ciclo.
Nesta conceptualização da ansiedade competitiva, a incerteza e importância do resultado figuram
como duas componentes da situação competitiva, que originam a percepção de ameaça e geram
estados de ansiedade competitiva. Assim, pressupõe-se que a ameaça é produto de uma relação
multiplicativa entre a importância do resultado e da incerteza.
As potenciais fontes de Ansiedade no desporto competitivo são de facto numerosas e incluem o
comportamento dos espectadores, a incerteza acerca da titularidade, o conflito com os
treinadores e atletas e preocupações com as lesões (Krall, 1980; Pierce, 1980; Passer, 1984;
Gould, 1991; Gould e cols., 1983, citados por Cruz, 1996). No entanto, ao nível dos jovens
atletas o medo de falhar (ou o medo de ter um rendimento inadequado) parece representar a
principal fonte de ansiedade competitiva, ainda que a avaliação do medo represente uma fonte de
ameaça (Passer, 1980, citado por Ferraz, 1997). Daí a razão de Gonçalves (1998) considerar,
numa linguagem menos técnica, o medo e a ansiedade como um mesmo elemento, em que as
reacções serão sinónimas entre si, pois tanto um como outro, têm em comum o facto de
potenciarem danos ou perigos externos.
Ansiedade Pré-compelitiva (Natação - Atletismo) 13
Na figura 1 apresentamos o modelo de ansiedade competitiva (Adaptado por Martens, Vealey e
Burton, 1990).
Resultados Do rendimento
(Consequências)
Factores Situacionais
(SCP)
Factores Intrapessoais (Ansiedade traço)
Respostas estado (Ansiedade estado)
Rendimento
Percepção de Ameaça (SCS)
Fig. 1. Modelo de ansiedade competitiva (Adaptado por Martens, Vealey e Burton, 1990)
Tão mais salientes esses serão ao nível das emoções, quanto maior for a noção desse perigo
externo, que permite o agravamento da ansiedade objectiva daí potencializada.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 14
O estado de ansiedade tem sido subdividido em duas componentes: a ansiedade somática e a
ansiedade cognitiva (Rushall, 1979; Harris e Harris, 1984; Martens, 1987; Hogg, 1995). A
Primeira deve ser vista como sintomas fisiológicos como: o aumento da frequência cardíaca,
subida da tensão arterial, respiração acelerada, aumento da tensão muscular. A segunda deve ser
analisada como uma série de preocupações negativas relativas ao rendimento que conduz uma
diminuição da autoconfiança e a má condução de alguns processos cognitivos como sejam a
atenção, a concentração e a memória (Cratty, 1983; Bakker, Whiting e Brug, 1993).
A alta competição, por tudo o que lhe está inerente, tem o potencial de poder gerar elevados
níveis de stress e ansiedade. À medida que uma competição se aproxima há no atleta um
aumento da disposição para actuar (Rushall, 1979; Cratty e Hanin, 1980). Esta disposição
materializa-se no que Rushall (1979), Caberá (1996) e Gould e cols., (1996) designam por
síndroma de activação geral (S.A.G.) e por um aumento da actividade mental. O S.A.G. pode ser
medido através de valores electromagnéticos, respiratórios, cardiovasculares e/ou bioquímicos
(Ferraz, 1997). Os autores Soviéticos designam o S.A.G. como «febre de arranque» (Casal,
1996). Este fenómeno ocorre em "timings" diferentes em cada atleta. Em alguns atletas surge
cerca de duas semanas antes da competição, aparecendo noutros somente algumas horas antes da
competição. Os níveis de ansiedade variam sempre antes, durante e depois da competição.
Os atletas que precocemente sentem essas alterações ficam mais susceptíveis a influências de
factores distractivos do que aqueles que os sentem mais tarde (Ferraz, 1997).
É importante que a actividade mental que precede as competições seja controlada ao máximo,
quer pela limitação das tarefas requeridas quer pela harmonia do estado de excitação. As
emoções secundárias podem causar problemas e ansiedade.
Ansiedade Prè-competitiva (Natação - Atletismo) 15
Se antes da competição o atleta entra num estado de elevada ansiedade, pode ver o seu
rendimento prejudicado (Boby e Davison, 1970, citados por Rushall, 1979). Vários estudos
realizados na última década apontam no sentido de que a ansiedade pré-competitiva apresenta
factores perturbadores no rendimento dos atletas. Segundo Nordell e Sime (1993), tal acontece
porque a competição nestes atletas é vista como uma ameaça à sua auto-estima. Na sua opinião,
os atletas que vêem as exigências situacionais da competição como um desafio e uma fonte de
excitação sentem a ansiedade como um estado que pode favorecer o seu rendimento.
Segundo Cruz (1996), a grande diferença entre atletas reside no facto de os atletas com maior
sucesso terem aprendido a regular, tolerar e utilizar a ansiedade de forma mais eficaz.
Indivíduos mais ansiosos podem apresentar as seguintes características:
(i) Reduzida habilidade para usar as modificações num contexto competitivo. Logo
produzem um número elevado de erros por omissão;
(ii) Numerosas reacções de stress que geralmente são não funcionais;
(iii) Reduzida tolerância à dor e à frustração;
(iv) Demasiada ênfase dos erros competitivos e interpretação dos mesmos como mais sérios
do que na realidade são (Rushall, 1983).
Verifica-se que o estado de ansiedade pode prejudicar mais o rendimento do atleta do que o seu
estado psicológico de excitação (Win, 1971; citado por Rushall, 1979).
Segundo o mesmo autor, pessoas com elevado nível de ansiedade distraem-se com muita
facilidade sempre que há alterações no contexto competitivo.
Existem procedimentos que podem reduzir a ansiedade e os pensamentos por ela provocados. De
entre os quais salientamos:
(i) Concentração em eventos externos à factores da tarefa;
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 16
(ii) Sessões de relaxamento incorporando imagens mentais positivas;
(iii) Realce dos conteúdos mentais da performance anterior à competição;
(iv) Repetição de pensamentos positivos antes da competição.
Os atletas podem aprender a comportar-se e a pensar de forma que a ansiedade não interfira nos
resultados das competições, estando esta tarefa a cargo dos treinadores (Nordell e Sime, 1993).
A concentração em diferentes tarefas relevantes facilitam performances superiores.
2.2-TEORIAS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE E RENDIMENTO DESPORTIVO
O número de variáveis pessoais, situacionais e as características da tarefa, fazem com que a
relação ansiedade-rendimento seja bastante complexa. Com base no facto da tanto a ansiedade
somática como a cognitiva afectarem o rendimento desportivo, diversas hipóteses explicativas
têm sido formuladas para tentar explicar a relação entre a ansiedade e o rendimento.
A seguir apresentaremos os mais recentes modelos que procuram integrar os resultados das
diferentes investigações.
Teoria do Drive
Foi desenvolvida por Hull (1943) e modificada posteriormente por Spence e Spence (1966).
Cruz e Spence (1996), citados por Teixeira (1997) numa versão modificada desta teoria propõem
que o rendimento é uma função multiplicativa da força do hábito (H) e do drive (D) (R=HxD). O
conceito de drive tem sido utilizado na literatura como sinónimo de activação fisiológica.
Os postulados básicos desta teoria sugerem um aumento da probabilidade de ocorrência de
comportamentos ou respostas dominantes da hierarquia de resposta, quando aumenta o nível de
activação do drive. O que significa que níveis elevados de activação facilitam o rendimento, no
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 17
caso de comportamentos bem aprendidos ou no caso de rendimentos em tarefas simples, onde as
respostas dominantes na hierarquia estão correctas. Por vezes as respostas dominantes são
incorrectas provocando aumentos da actividade que prejudicam o rendimento.
Segundo esta teoria, a activação na fase inicial de aprendizagem prejudica o rendimento.
Contudo, à medida que a competência (skill) se torna bem aprendida, aumentos de activação
facilitam o rendimento.
Teoria do U-Invertido
Surge como alternativa à teoria do drive e tenta explicar a relação entre arousal e performance,
baseia-se na lei de Yerks e Dodson (1908).
De acordo com esta teoria, à medida que aumenta a activação assiste-se a um aumento no
rendimento até um ponto óptimo, a partir do qual, aumentos posteriores da activação geram
decréscimos do rendimento.
A relação entre arousal e performance é curvilínea adoptando a forma de U invertido.
De acordo com diversos autores dos quais podemos salientar Martens et al.(1990) e Weinberg
(1990), existem alguns problemas nos estudos colocando em causa a sua viabilidade e
aplicabilidade.
Apesar de tudo, há duas razões essenciais que têm contribuído para a aceitação da teoria do U
invertido no contexto desportivo: (Io) porque existe ao nível intuitivo uma certa «sedução» e
convicção por esta teoria, nomeadamente junto dos treinadores preocupados com o facto de os
seus atletas estarem suficientemente tensos ou activos, ou estarem demasiado calmos ou
relaxados para a competição que se vai iniciar; (2o) porque tem sido apresentado nos diversos
manuais como um facto consumado e comprovado.
Ansiedade Pré-compelitiva (Natação - Atletismo) 18
Teoria multidimensional da ansiedade competitiva
Muitos autores dos quais podemos referir Davidson e Morris (1967), citados por Teixeira (1997);
Martens (1990), Hardy e Fazey (1997), Smoll e Shultz (1990), citados por Cruz (1996), têm
vindo a sugerir a análise da relação ansiedade-rendimento numa perspectiva multidimensional.
Esta concepção distingue duas componentes da ansiedade: preocupação (ansiedade cognitiva) e
emocionalidade (ansiedade somática). De acordo com esta concepção, a preocupação engloba os
elementos cognitivos da ansiedade, tais como as expectativas negativas e as preocupações
cognitivas acerca de si próprio, acerca da situação e das potenciais consequências. A
emocionalidade refere-se às percepções pessoais dos elementos físiológicos-afectivos da
experiência de ansiedade, ou seja, às indicações de actividade autonónomica e de estados
sentimentais desagradáveis, tais como o nervosismo e a tensão (Morris et ai., citado por Cruz,
1996).
Para além destas componentes existe uma terceira dimensão adicional: a autoconfiança (Martens,
1990).
Uma das razões para distinguir a ansiedade somática da cognitiva reside no facto de elas terem
implicações, condições e antecedentes diferentes e, por isso, supõe-se que afectem o rendimento
de forma diferenciada (Gould e cols., 1985; Martens et al., 1990).
A influência das várias componentes de ansiedade competitiva parece depender da natureza das
exigências momentâneas da tarefa, mas tendo também em conta até que ponto uma das
componentes da ansiedade está operativa ou em funcionamento.
A ansiedade somática aumenta gradualmente até a aproximação da competição atingindo o seu
máximo no início da competição e decrescendo depois rapidamente, a Ansiedade cognitiva
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 19
parece permanecer relativamente estável antes e durante a competição, a menos que, entretanto,
se alterem as expectativas de sucesso. Estudos realizados por Burton (1998) e por Jones e Cales
(1989) referenciados por Cruz (1990) parecem indicar diferenças sexuais no padrão temporal das
componentes de ansiedade: os atletas do sexo feminino parecem não obedecer este padrão.
Estudos realizados por autores como Deffenbacher (1980), Sarason (1984), Burton (1988),
Krane, (1990), citados por Cruz (1996), indicam que a ansiedade cognitiva e a ansiedade
somática têm efeitos distintos no rendimento conforme a natureza da tarefa.
Quando se estuda a relação ansiedade-rendimento, constatamos que alguns autores afirmam que:
(1) A ansiedade cognitiva relaciona-se de forma linear e negativa com o rendimento, ou seja, à
medida que aumenta a ansiedade cognitiva o rendimento é afectado;
(2) a ansiedade somática relaciona-se de forma curvilínea (em U-invertido) com o rendimento;
(3) a autoconfiança contribui para a melhoria do rendimento (Martens et ai., 1990).
Teoria da Zona Óptima de Funcionamento individual
É uma alternativa à teoria de U-Invertido e foi desenvolvida pelo psicólogo Soviético Yuri
Hanin.
Para esta teoria existe um estado de ansiedade óptimo (EAO) que é definido como o nível de
ansiedade-estado que permite a um determinado atleta render ao nível do seu melhor (Hanin,
1989, citado por Cruz, 1996). Segundo o referido autor, a ansiedade está relacionada com o
rendimento desportivo, mas ao nível individual: cada atleta possui um nível particular de
ansiedade onde o rendimento é maximizado ou optimizado, variando este nível de atleta para
atleta. O funcionamento óptimo é o rendimento da tarefa que é facilitado pela ansiedade do
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 20
indivíduo, ao fomecer-lhe uma elevada probabilidade de atingir resultados esperados, geralmente
próximos do seu potencial pessoal.
Poderemos avaliar o nível óptimo de ansiedade de duas formas: (1) a avaliação sistemática dos
níveis de estado de ansiedade pré-competitiva e competitiva, associados ao nível de rendimento;
(2) a avaliação retrospectiva da ansiedade associada a um rendimento ou prestação anterior bem
sucedida. A avaliação retrospectiva parece constituir uma boa alternativa para determinar o EAO
de um atleta, quando não existem condições para observar e acompanhar sistematicamente o
atleta em competições importantes (Hanin, 1990; citado por Cruz, 1996).
O estudo do nível óptimo de ansiedade pré-competitiva só tem razão de ser quando se trabalha
individualmente com os atletas.
Foi com base deste pressuposto que se conceptualizou uma Zona Óptima de Funcionamento
(ZOF), onde o nível de ansiedade maximiza ou optimiza o rendimento e que foi operacionalizada
como «score» médio de ansiedade de um atleta antes de rendimentos bem sucedidos. Atletas
com estados de ansiedade dentro da ZOF têm melhores rendimentos que os atletas com estados
de ansiedade que estão fora das respectivas ZOFs.
Na perspectiva desta teoria, ao contrário do que se passava na de U-Invertido, há atletas que,
mesmo muito activos ou ansiosos podem alcançar elevadas performances, enquanto outros
podem necessitar de estar relaxados para atingir o seu rendimento máximo e outros há que
alcançam os seus melhores resultados se se encontram moderadamente ansiosos. Não existe um
nível óptimo para uma determinada tarefa (Hanin, 1993; Raglin e Turner, 1993; Raglin e Morris,
1994, citados por Cruz, 1996).
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 21
Teoria da Catástrofe do rendimento
É uma proposta mais recente do que a teoria do U-Invertido.
Esta teoria procura examinar o desenvolvimento temporal da ansiedade cognitiva e somática
antes de uma competição importante.
Tal como na teoria do U-Invertido, encontramos, também nesta teoria, algumas dificuldades
enquanto explicação para os efeitos da ansiedade no rendimento desportivo: (1) dificuldades na
realização dos construtos básicos envolvidos, nomeadamente para o reconhecimento da
multidimensionalidade dos sistemas de resposta da ansiedade e activação; (2) dificuldade na
evidência empírica para as predições postuladas pelas hipóteses teóricas; (3) dificuldades na
aplicação do modelo e falta de validade predictiva em situações práticas (Cruz, 1996).
A teoria da catástrofe e a teoria do U-Invertido são semelhantes ao predizerem ambas que
aumentos no estado de ansiedade podem facilitar o rendimento até um nível óptimo (Teixeira,
1997). Mas, enquanto a teoria do U-Invertido postula que aumentos adicionais na ansiedade
provocarão decréscimos simétricos ordenados e curvilíneos do rendimento, a teoria da catástrofe
postula que depois de um atleta ter ultrapassado o topo do nível óptimo de ansiedade ocorrerá um
grande e dramático declínio no rendimento (Hardy e Hardy ,1998, citados por Cruz, 1996).
Dos vários modelos de catástrofe desenvolvidos o mais commumente aplicado é o da catástrofe
cusp.
Trata-se de um modelo tridimensional e não linear que procura explicar as relações entre duas
subcomponentes da ansiedade (ansiedade cognitiva e activação fisiológica) e a interacção entre
ambas.
Este modelo engloba um factor normal, um factor de divisão e uma variável dependente. O
factor normal (activação fisiológica) é a variável cujos aumentos estão associados ao aumento da
Ansiedade Prè-competitiva (Natação - Atletismo) 22
variável dependente (rendimento), existindo uma relação linear entre ambas. O factor de divisão
(ansiedade cognitiva) determina o efeito do factor normal na variável dependente (Cruz, 1996).
A ansiedade cognitiva determina qual será o efeito da activação fisiológica no dia de uma
competição importante. Quando a ansiedade cognitiva é elevada, o efeito de activação fisiológica
é grande e catastrófico. Depois de atingir um nível óptimo, o rendimento baixa e assiste-se a uma
quebra dramática. Um nivel mais elevado de rendimento só poderá então ser atingido após se ter
registado uma redução significativa nos níveis de activação fisiológica.
Este modelo prediz as seguintes hipóteses: (1) a activação fisiológica não prejudica
necessariamente o rendimento, mas estará associada a efeitos catastróficos quando se verificarem
elevados níveis de ansiedade cognitiva; (2) quando se verificarem elevados níveis de ansiedade
cognitiva ocorrerá a «histerese», que implica «saltos» catastróficos no rendimento em diferentes
momentos; (3) quando se constatam elevados níveis de ansiedade cognitiva será pouco provável
a ocorrência de níveis médios de rendimento (Fazey e Hardy, 1987; Fazey e Hardy, 1988; Hardy,
1990, citados por Cruz, 1996).
Teoria da Ansiedade de Spielberger
A teoria da Ansiedade de Spielberger (1972) tem como aspecto fundamental a distinção entre
"traço" e "estado" de Ansiedade. O "estado" de ansiedade é definido como uma condição
emocional do indivíduo que varia de intensidade e é estável ao longo do tempo. O conceito de
"traço" diz respeito a diferenças individuais, relativamente estáveis, que refletem a frequência e a
intensidade, como também, interpretam um vasto conjunto de situações que podem ser perigosas
ou ameaçadoras.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 23
A teoria de Spielberger é um modelo cognitivo constituído por dois questionários. Ao longo dos
anos os questionários têm sido submetidos a várias revisões e a sua validade tem sido confirmada
por numerosos estudos, em diferentes áreas.
Martens (1977) fez uma adaptação destes questionários para a psicologia do desporto e visou
particularmente as situações de competição. Martens parte da premissa que cada indivíduo reage
com diferente intensidade de ansiedade em situação de competição desportiva e desenvolve um
modelo específico de avaliação (Sport Competition Anxiety Test - SCAT). Mais recentemente,
Martens e cols., (1990) ao partirem das mesmas premissas, desenvolveram o Competition State
Anxiety Inventory (CSAI), que mede não só o estado somático e cognitivo da ansiedade, mas
também a autoconfiança.
2.3 - FACTORES E PROCESSOS MEDIADORES NA RELAÇÃO ANSIEDADE -
RENDIMENTO.
Regra geral ao ser abordada a relação "Ansiedade-Rendimento", de entre outros aspectos, dois
são comuns em todos eles, referimo-nos "à natureza e características da tarefa e diferenças
individuais da personalidade" ( Cruz, 1996).
Oxendine (1970) citado por Cruz (1996), sugere o seguinte:
1. Um elevado nível de activação é necessário para um rendimento óptimo em actividades
motoras grossas, que envolvem força, endurance e velocidade" em termos gerais capacidades
físicas condicionais;
2. Um elevado nível de activação interfere com o rendimento em tarefas/competências
complexas, movimentos musculares finos e precisos, coordenação e concentração geral;
3. Para a realização de todas as tarefas motoras, é preferível um nível de activação, contudo este
terá de ser normal ou sub-normal.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 24
Pode - se deduzir nas concepções de Oxendine, a necessidade de um grau de activação, que terá
de ter uma relação óptima com a exigência da tarefa em questão.
Contudo, alguns investigadores referenciam o facto de não encontrarem grande mediação entre a
natureza da tarefa e a activação como ponto referencial.
Porém, dentro da complexidade de toda esta relação, um facto parece comum, relaciona-se com
o traço de ansiedade competitiva, que é uma das variáveis da Personalidade em que muitos
estudos dedicam parte de sua atenção.
Desta análise, conclui-se que, elevados traços de ansiedade têm tendências para apresentarem
níveis de estados de ansiedade mais intensos. Pelo contrário, baixos traços de ansiedade
demonstram regra geral, níveis de estado de ansiedade mais baixos ou moderadamente mais
controláveis, Cruz (1990).
Dentro da complexidade das variáveis mediadoras, um aspecto de grande interesse são as
competências psicológicas, referenciados por Cruz (1990), em que põe em destaque, o facto de
atletas de elite apresentarem níveis de controlo de ansiedade mais moderados, assim como níveis
superiores de autoconfiança, quando confrontados em igualdade de circunstâncias com atletas de
estatuto inferior.
Pensa-se que é importante o factor "experiência" pelo facto da existência de uma aprendizagem
que permite tirar dividendos como "regular e controlar melhor sua ansiedade", Mahoney e
Meyers (1989), citados por Cruz (1996).
Por fim, é um facto reconhecido, o que se prende com a ansiedade, como reacção emocional que
só se evidencia quando o indivíduo "percepciona" uma ameaça que poderá pôr em causa o seu
"estatuto" ou "ego", isto feito através da "avaliação cognitiva das situações e capacidades dos
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 25
atletas para se confrontarem e lidarem eficazmente com os seus pensamentos e emoções" (Cruz,
1996).
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 26
2.4 - AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA
O Teste de avaliação multidimensional «CSAI-2» (Competitive State Anxiety Inventory), tem
como objectivo avaliar as componentes Cognitiva e Somática da ansiedade estado pré-
competitiva e uma terceira componente que é a autoconfiança.
Foi elaborado por Martens e cols. (1990), tendo sido traduzido para Português e validado por
Raposo (1995).
O CSAI-2 é um instrumento de medida multidimensional, composto por 27 questões, que tem
como objectivo diagnosticar e quantificar 3 variáveis psicológicas: ansiedade cognitiva (9 itens),
ansiedade somática (9 items) e autoconfiança (9 item's).
Para quantificar a ansiedade cognitiva deveremos somar os itens 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 e 25.
O valor da ansiedade somática é obtido pelo somatório dos itens 2, 5, 8, 11, 14, 17, 20, 23 e 26.
Finalmente a autoconfiança é obtida pela soma dos itens 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21,24 e 27.
Cada questão apresenta quatro hipóteses de resposta, estando cada uma delas quantificadas de 1
a 4 da seguinte forma: nunca, 1 (um); pouco, 2 (dois); moderado, 3 (três); muito, 4 (quatro). Esta
pontuação é invertida na questão 14 (catorze).
A pontuação que se pode obter varia entre 9 (nove), que corresponde ao valor mais baixo, e 36
(trinta e seis) que corresponde ao valor mais alto. As pontuações ou valores mais elevados em
cada escala reflectem os níveis mais elevados de ansiedade cognitiva, ansiedade somática e
autoconfiança. (Cruz, 1996).
Inicialmente era composto por 102 itens foi desenvovido na sua primeira versão "CSAI". Numa
avaliação e validade dos seus itens por um júri liderado por Martens, passou a ser composto de
79 itens constituindo assim a "versão A" do CSAI-2. Esta versão foi administrada a 106
jogadores de futebol universitário momentos antes da competição. Foi também, administrado a
56 estudantes universitários do curso de Educação Física os quais responderam ao questionário
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 27
baseando-se numa hipotética situação competitiva. Com base da análise dos itens, correlação dos
itens por escala, análise factorial e descriminante formou-se a "versão B" composta por 36 itens
sendo 12 correspondentes à variável somática, 12 da variável cognitiva, 10 da variável auto
confiança e 2 itens relacionados com o medo ou receio (tendo sido eliminados com base na
análise descriminante).
A "versão C" composta por mais 6 itens de controlo e 12 de "controlo interno-externo local"
(hipotetizado como importante componente da variável auto-confiança) Foi administrada durante
uma hora de competição a 80 atletas de ambos os sexos praticantes de natação, provas de corta
mato e luta livre. A correlação dos itens por variável, análise factorial e descriminante levou à
eliminação da componente "controlo interno-externo local", e à retenção das variáveis cognitiva,
somática e auto-confiança contendo 9 itens cada variável o que implicou a formação da "versão
D" ( um item da variável cognitiva foi alterado).
Concluiu-se que entre as variáveis cognitiva e somática havia uma palavra com forte impacto
social. A palavra "inquietação" foi trocada por "preocupação" em todos os itens da variável
cognitiva.
2.5 - ESTUDOS REALIZADOS NO CONTEXTO INTERNACIONAL
No quadro 3.2 estão apresentados alguns estudos Internacionais relacionados com a ansiedade
Quadro 3.2 Estudos Internacionais
AUTOR(ES) TÍTULO /OBJECTIVOS INSTRUM. RESULTADOS/CONCLUSÕES Carvalho Descrever e analizar a "CSAI-2" e Os resultados do seu estudo (1995) ansiedade no derporto - traço "SCAT confirmaram a boa estrutura e
de ansiedade competitiva e a validade do "CSAI-2". ansiedade pré-competitiva em nadadores e basquetistas com 3-4 anos de prática.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 28
Quadro 3.2 Estudos Internacionais (continuação)
AUTOR(ES) TÍTULO /OBJECTIVOS INSTRUM. RESULTADOS/CONCLUSÕES Lázaro (1998) "caracterização de "CSAI-2" e Não existem diferenças
comportamentos pré- "ICPC" significativas entre os sexos ao nível competitivos dos lançadores da ansiedade pré-competitiva e que e saltadores juvenis existe por um lado uma correlação Portugueses"de ambos os positiva entre ansiedade cognitiva e sexos. somática, e uma correlação negativa
entre ansiedade somática e autoconfiança.
Ferraz (1997) Identificação de "CSAI-2" e Não há diferenças significativas comportamentos pré- "ICPC" entre os sexos a nível do estado da competitivos de nadadores ansiedade. juniores de ambos os sexos.
Gonçalves Verificar de que modo, tipo "SCAT" e Há diferenças significativas entre os (1998) de modalidade e sexo "CSAI-2" sexos na dimensão autoconfiança;
induzem diferentes níveis de há diferenças significativas entre as ansiedade. Estudo em atletas duas modalidades na ansiedade em de basquetebol e atletismo competição; não há diferenças entre com 8-12 anos de prática. as duas modalidades na dimensão
somática.
Ferreira (1999) Motivação desportiva e "QMPD", A percepção de ameaça na percepção de ameaça na "QOMD" e competição desportiva é muito competição em atletas de "EACC-PA" semelhante em todos os escalões de diferentes níveis de formação, não variando em função competição (iniciados, de nível competitivo ou da posição juvenis e juniores) de futebol do atleta. 11 masculino.
Bortoli et Verificar as relações entre a BCS", Nos três testes encontram-se al.(1992) auto-eficácia física, os "TAAM" E diferenças significativas entre os
sentimentos de satisfação "TSEM" sexos onde os rapazes manifestam perante o corpo e a ansiedade melhor auto-eficácia e um nível como factor atribuído à mais baixo de ansiedade do que as tarefas motoras específicas. raparigas. Não se encontraram Estudo em rapazes e diferenças por idade. raparigas de 17-19 anos.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 29
Quadro 3.2 Estudos Internacionais (continuação)
AUTOR(ES) TÍTULO /OBJECTIVOS INSTRUM. RESULTADOS/CONCLUSÕES Inbar(1992) Treino grupai e resolução de
problemas na manipulação do stress e ansiedade em modalidades desportivas individuais e de equipa. Grupo de treino (constituído por atletas de basquetebol e ténis) com idades de 15-17 anos e um grupo de controlo constituído por sujeitos com as mesmas idades.
"SCAT", "STAI" e "TSCG"
0 grupo de treino manifestou uma diminuição nos níveis de stress e ansiedade em situações de treino e pré-competição enquanto que no grupo grupo de controlo não se verificaram mudanças significativas nos parâmetros referidos.
Moraes, (1990), realizou um estudo que teve como objectivos testar as técnicas regulatórias nos
níveis de ansiedade de atletas do sexo feminino praticantes de voleibol (n=15), a versão em
Português do CSAI-2 foi usado para medir os níveis de ansiedade estado nas quatro etapas do
campeonato de voleibol da cidade de Belo Horizonte. Nos intervalos entre os testes foram
aplicadas técnicas de relaxamento progressivo, treino mental e autogéneo. Após encerradas estas
etapas foi atribuído o Questionário de Controlo do Stress (QCS) e cada atleta foi solicitado
relatar o seu comportamento psicológico observado em várias situações, antes, durante e após a
aplicação das técnicas regulatórias. Três ANOVAS-ONEWAY indicaram não haver nenhuma
diferença significativa (p<.05) entre os níveis de ansiedade do grupo. Após a aplicação das
técnicas regulatórias houve uma diminuição significativa (p<.05) da preocupação (componente
cognitiva) e a tensão (componente somática) e acompanhado de um aumento significativo
(p<.05) da componente autoconfiança durante a competição.
Marques e cols., (1992), no seu estudo "Diferenças nas manifestações da ansiedade pé-
competitiva entre atletas de desportos individuais e colectivos", pretendeu verificar em que
medida os grupos de sujeitos divididos em função do sexo, desporto praticado ou nível
Ansiedade Pré-compeíiíiva (Natação - Atletismo) 30
competitivo apresentam diferentes resultados nas distintas escalas dos questionários de
ansiedade, mediante a realização de uma análise descriminante. A sua amostra foi constituída por
atletas de ambos sexos divididos em três grupos de idades: (i) menores de 18 anos; (ii) de 18-21
anos e (iii) maiores de 21 anos. Cada grupo de idade foi sudividido em dois grupos de desportos
(individuais e colectivos). Como instrumento, usou uma bateria de três questionários relativos a
antecedentes, manifestações e consequências da ansiedade na competição desportiva (Du
Bois, 1989; Vanden Anwele,1990, citados por Marques e cols., 1992) baseados no modelo
multidimensional da ansiedade de Rost e Schermer (1989) onde diferencia nas manifestações os
aspectos emocionais (de conducta), cognitiva e fisiológicos. Os resultados por ele encontrados
mostram por um lado, que os atletas de desportos individuais apresentam "manifestações
fisiológicas" e "manifestações emocionais" da ansiedade em maior quantidade do que atletas de
desportos colectivos, pelo contrário, resultam menores as pontuações obtidas na escala de
"distorções mentais e perda de concentração" e por outro, sugerem que nos atletas de desportos
individuais se desenvolvem em maior medida as componentes autónomo-fisiológico-afectivos da
ansiedade associados à vivências corporais e expressão de sentimentos estimulados pela mesma
enquanto que desenvolvem com menos frequência distorções mentais de perda de concentração.
Por seu turno Pons e cols., (1992), fez um estudo que teve como objectivo analizar as variáveis
que têm sido estudadas Junto à ansiedade.
Os resultados do seu estudo permitiram concluir que as variáveis relacionadas com a ansiedade
são:
i. Rendimento;
ii. Sexo;
iii. Medidas psico fisiológicas;
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 31
iv. Aspectos situacionais;
v. Habilidade e experiência;
vi. Atenção.
(i) Rendimento
Em relação à variável Rendimento conclui que o estudo da relação entre a Ansiedade e
Rendimento tem um sentido negativo, quer dizer, para maior ansiedade haverá pior Rendimento.
Em relação à ansiedade traço, esta parece mostrar-se como um bom predictor do rendimento dos
desportistas (Williams; 1986; Rodrigo e cols., 1990, citados por Pons e cols., 1992). Se nos
centrarmos na ansiedade estado, pode-se concluir que, em geral, maior ansiedade implicará pior
rendimento.
Considerando a avaliação multidimensional da ansiedade, os resultados geralmente apoiam
distintos padrões de relação para cada uma das dimensões da ansiedade, os quais coincidem com
os encontrados por Morris (1981) citado por Pons e cols., (1992). A ansiedade cognitiva resulta
melhor preditora do Rendimento do que a ansiedade somática.
Quanto à relação entre a ansiedade somática e rendimento, é difícil tirar conclusões, já que os
resultados a esse respeito são controversos, mas parece que sua relação obedeceria às hipóteses
da teoria do U invertido.
Outro dos aspectos estudados acerca desta relação e em que se encontraram resultados mais
consistentes, é a influência do rendimento na ansiedade. De um modo geral, parece que a
ansiedade diminui com o rendimento, embora os resultados obtidos pelos desportistas e seu nível
de experiência jogam um papel à hora de determinar o efeito da actividade realizada.
Ansiedade Pré-competiiiva (Natação - Atletismo) 32
Estas conclusões coincidem com as expostas por Vealey (1990) na sua revisão sobre a
investigação levada a cabo com o SCAT e CSAI-2.
(ii) Sexo
Outra das questões estudadas é o do efeito do sexo dos sujeitos na ansiedade experimentada
pelos mesmos. Nos estudos efectuados nota-se que as mulheres tendem a mostrar-se mais
ansiosas e a verem-se mais afectadas que os homens por variáveis como a importância do êxito.
(iii) Medidas psicofisiológicas;
Diversos autores têm investigado a relação entre índices psicofisiológicos que se consideram
associados a altos níveis de ansiedade e à ansiedade avaliada através de auto-informes. Em
relação a isso, observa-se que a medida psicofísiológica mais utilizada é a do ritmo cardíaco,
seguida da conductância da pele. Em ambos mostram-se correlações com a ansiedade
manifestada através de auto-informes. Para o estudo destas variáveis, parece fundamental que as
medidas fisiológicas e psicológicas sejam o mais simultâneas possível, e que as medidas
fisiológicas se efectuem ao longo de toda a sessão (Rossi, 1985, citado por Pons et ai., 1992).
De um modo geral, é imprescindível um maior controlo das medidas psicofisiológicas e, nos
parece interessante a proposta de Hackfort (1989) citado por Pons e cols., (1992) acerca das
avaliações observacionais estruturadas para distinguir as mudanças fisiológicas devido à
actividade e as mudanças produzidas pela ansiedade, tema fundamental no terreno desportivo.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 33
(iv) Aspectos situacionais
Quanto a esta variável o autor encontra como factores mais determinantes as expectativas de
êxito (Rayney, 1988), que outros autores chamam de oportunidades de ganhar (Lewthaite, 1990,
citado por Pons e cols., 1992), a ameaça de metas/fins importantes (Cooley, 1987), aspecto
bastante similar ao anterior, a preparação recebida e as atitudes perante as prestações anteriores
(Jones e Cols, 1990). Estes resultados coincidem com os modelos de Lazarus (1966), citado por
Pons e cols., (1992) Spielberger (1970) e Martens (1977), que consideram que a ameaça seria o
percursor dos estados de ansiedade, e principalmente quando se trata de uma situação de
avaliação como a situação da competição desportiva.
(v) Habilidade e experiência
Os resultados encontrados em relação à influência desta variável permite concluir que, atletas
mais experientes sofrem menos flutuações na sua ansiedade e consequentemente seu nível de
ansiedade geral é menor que nos atletas menos experientes.
(vi) Atenção
Um aspecto interessante é a investigação da influência da ansiedade na variável atenção. Ambas,
ansiedade e atenção, ifluem no rendimento. No estudo de Albretch y Feltz (1987) citados por
Pons e cols., (1992), o qual segue a teoria sobre o estilo atencional de Nideffer, observa-se como
a ansiedade elevada produz uma redução atencional, e esta, por sua vez, prejudica o rendimento,
o qual poderia enquadrar-se dentro das teorias actuais da relação entre ansiedade e rendimento,
que considera a atenção como uma variável moduladora fundamental nesta relação.
Ansiedade Pré-competiliva (Natação - Atletismo) 34
Por seu turno, Almeida e cols. (1992), fizeram um estudo com atletas portugueses das
modalidades de futebol, andebol, atletismo, basquetebol e natação com o objectivo de testar
algumas predições e relações hipotetizadas entre a ansiedade competitiva e o rendimento
desportivo onde analisaram, em situações competitivas com diferentes níveis de importância e/ou
dificuldade, as relações entre o rendimento e as componentes cognitiva e somática da ansiedade,
bem como entre medidas do traço e do estado de ansiedade competitiva tendo encontrado
resultados que sugerem uma poderosa evidência para a natureza multidimensional da ansiedade
competitiva, como também dados inconsistentes relativamente à relação ansiedade - rendimento.
Raglin e cols., (1990), na sua investigação examinaram a habilidade das raparigas nadadoras do
ensino superior onde tentou enquadrar a ansiedade pré-competitiva na teoria da Zona Óptima de
Funcionamento. 70 nadadoras preencheram o questionário "Inventário traço-estado da ansiedade
pré-competitiva" (STAIC) vinte e quatro horas antes duma competição com baixo nível de
dificuldades e de outra com alto nível de dificuldades, as atletas deveriam responder o que
sentiam uma hora antes da competição. A correlação encontrada nos seus resultados foi de 0.77
nas competições difíceis e de 0.39 nas menos difíceis, tendo concluído que a ansiedade pré-
competitiva é significativamente elevada em competições com um grau de dificuldade elevado e
mais baixa naquelas onde não há dificuldades.
Lucciani e Caporicci (1996), no seu estudo "Atitudes psicológicas de crianças na competição",
tiveram como objectivo verificar a hipótese acerca do papel da ansiedade e o receio do sucesso
nas crianças praticantes de desporto competitivo com idades compreendidas entre os 3 e 10 anos.
Os resultados da investigação confirmaram que as crianças em competição são muito afectadas
por algumas atitudes de atletas adultos. As espontâneas atitudes de corrida e o prazer de competir
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 35
sem alguma recompensa diminui com a idade, sobretudo pelo impacto do stress emocional e
pressão exercida por professores e dirigentes desportivos.
Cruz (1996), fez um estudo que teve como objectivos: i) analisar as relações entre percepção de
stress e ansiedade , competências psicológicas e sucesso desportivo; ii) identificar os factores
e/ou variáveis psicológicas que melhor discriminam e diferenciam atletas com diferentes níveis
de rendimento ou sucesso desportivo; iii) identificar as principais fontes de stress (percepção de
ameaça) experenciadas na alta competição; iv) avaliar a prevalência de "déficits" de
competências psicológicas em atletas de alta competição e v) avaliar as diferenças em função do
sexo e do tipo de desporto (individual/colectivo), nas competências psicológicas, na percepção
de ameaça gerada na alta competição e no traço de ansiedade competitiva. Participaram neste
estudo 246 atletas de alta competição e de ambos os sexos das modalidades de andebol,
basquetebol, natação e atletismo com idades compreendidas entre os 16 e os 33 anos. Foram
administrados a todos atletas os questionários "PSIS R-5", "SAS" e "EACC-PA". Este autor
chegou à seguintes conclusões:
i) Os atletas de elite (com maior sucesso desportivo) perecem caracterizar-se por um maior
nível de auto-confiança e de motivação, assim como pela experiência de baixos níveis de
ansiedade relativamente aos atletas com menor sucesso desportivo;
ii) Independentemente do nível de sucesso desportivo, os atletas com elevadas competências
de controlo da ansiedade e baixo traço de ansiedade competitiva, percepcionam níveis
significativamente menores de ameaça na alta competição;
iii) Um número significativo de atletas de alta competição (entre 20 e 30%) parece
experienciar dificuldades e/ou problemas psicológicos, ao nível do controlo da ansiedade
competitiva, da auto-confiança, da concentração e/ou da motivação;
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 36
iv) O sexo e tipo de desporto parecem constituir importantes variáveis moderadoras na
relação entre competências psicológicas, ansiedade competitiva e sucesso na alta
competição; e
v) A compreensão total da natureza do stress e da ansiedade associados à alta competição
desportiva, assim como do seu impacto no rendimento e no sucesso desportivo, parece
passar necessariamente pela clarificação das relações e interacções entre diversas
variáveis e processos psicológicos inter-dependentes.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 37
3. OBJECTIVOS, HIPÓTESES E VARIÁVEIS DO ESTUDO EMPÍRICO
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 38
3.1. Objectivos
Na seqência do que acabamos de tratar e, tendo subjacente a este estudo a procura de
identificação dos níveis de ansiedade pré-competitiva de atletas de Moçambique, iremos realizar
um estudo transversal, para o qual colocamos os objectivos seguintes:
Objectivo principal
Identificar os níveis de ansiedade pré-competitiva (Ansiedade Somática, Cognitiva e
Autoconfiança) de atletas Moçambicanos praticantes de Natação e de Atletismo.
Objectivos secundários
• Analisar o estado de ansiedade pré-competitiva em função da modalidade praticada: Natação
(provas de curta distância) e Atletismo (corridas de velocidade).
• Comparar os níveis do estado de ansiedade em função do Sexo;
• Comparar os níveis do estado de ansiedade em função da Experiência Competitiva.
• Verificar a correlação entre as dimensões somática e cognitiva da ansiedade e a
autoconfiança.
3.2. Hipóteses
Com base nos objectivos que pretendemos alcançar e de acordo com os resultados de estudos
realizados no domínio da ansiedade pré-competitiva, a nível Internacional permitimo-nos colocar
o seguinte quadro de hipóteses:
Tomando em consideração que atletas de modalidades individuais apresentam níveis mais
elevados de ansiedade estado pré-competitiva quando confrontados com atletas de modalidades
colectivas e, tendo em conta que o presente estudo compara apenas, atletas de modalidades
individuais, pensamos não encontrar diferenças entre os grupos de sujeitos pelo que propomos:
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 39
HOI - Não há diferenças, ao nível da ansiedade cognitiva, entre atletas de natação e atletismo;
H02 - Não há diferenças, ao nível da ansiedade somática entre atletas de natação e atletismo;
H03 - Não há diferenças, ao nível da autoconfiança entre atletas de natação e atletismo.
Martens e cols. (1983), na relação que estabelecem entre a ansiedade cognitiva e a
autoconfiança, referem que a ansiedade cognitiva é tida como a falta de autoconfiança, ou
inversamente, a autoconfiança é vista como ausência de ansiedade cognitiva. Partindo deste
pressuposto propomos como hipóteses:
H4 - Existe uma correlação negativa entre a autoconfiança e a ansiedade cognitiva;
H5 - Existe uma correlação negativa entre a autoconfiança e a ansiedade somática;
H6 - Existe uma correlação positiva entre a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática.
Dos vários estudos efectuados nota-se que as mulheres tendem a mostrar-se mais ansiosas e a
verem-se mais afectadas que os homens por variáveis como a importância do êxito (Pons e cols.
1992), pelo que sugerimos as seguintes hipóteses:
H7 -Os atletas do sexo feminino apresentam níveis de ansiedade cognitiva mais elevados do que
os do sexo masculino;
H8 - Os atletas de sexo masculino apresentam níveis inferiores aos dos atletas do sexo feminino
ao nível da ansiedade somática;
H9 - Os atletas de sexo masculino apresentam maior autoconfiança do que os do sexo feminino.
Em relação á variável experiência competitiva vários estudos indicam que os atletas com maior
experiência competitiva apresentam níveis de controlo de ansiedade mais elevados quando
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 40
comparados com os jovens atletas portanto, o factor experiência competitiva parece atenuar a
ansiedade e aumentar a autoconfiança. Acresce, ainda, o facto de, ao nível dos jovens atletas, o
medo de ter um rendimento inadequado representar a principal fonte de ansiedade pré-
competitiva. Nesta ordem sugerimos as seguintes hipóteses:
H10 - Atletas mais experientes apresentam níveis de ansiedade cognitiva mais baixos do que os
menos experientes;
H l l - Os atletas mais experientes apresentam níveis inferiores de ansiedade somática quando
comparados com os menos experientes;
H12 - Os atletas mais experientes apresentam-se mais autoconfiantes do que os menos
experientes.
3.3. Variáveis do estudo
Em conformidade com os objectivos que formulamos para este estudo e com as hipóteses daí
decorrentes, seleccionamos as variáveis que se apresentam de seguida, bem como as suas
categorias. A categorização destas variáveis foi efectuada em função das informações fornecidas
pelos atletas.
Variáveis Dependentes
Obtidas através do somatório das cotações atribuídas aos itens que integram o CSAI-2. Este
questionário avalia o estado de ansiedade pré-competitiva, nas suas três dimensões. A média das
respostas dos atletas aos itens que integram cada uma delas, constituem as variáveis:
• Ansiedade cognitiva
• Ansiedade somática
• Autoconfiança.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 41
Variáveis Independentes
• Sexo (Masculino e Feminino);
• Modalidade desportiva (Atletismo e Natação);
• Escalão (Juvenil, Júnior e Sénior).
De referir que o referido escalão está relacionado com os seguintes grupos de idades:
i) Juvenil: 14-16 anos; ii) Júnior: 17-19 anos;
iii) Sénior: 20 anos ou mais.
Embora esta variável fosse considerada para este estudo, depois de observado o reduzido número
de atletas em algumas das categorias desta variável (quadro 4.2.2.) optamos por não a utilizar no
estudo comparativo.
• Experiência competitiva (mais experientes e menos experientes). Definimos como atletas
"mais experientes" todos aqueles que tenham participado em mais de cinco Campeonatos
Nacionais, tenham pelo menos cinco internacionalizações, tenham mais de cinco anos de
prática e tenham pelo menos cinco anos como atleta federado; E, atletas "menos experientes"
todos aqueles que não reunissem estes requisitos.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 42
4.1. Definição da amostra
A nossa amostra foi constituída por todos os atletas Moçambicanos que participaram nos
Campeonatos Nacionais de Atletismo e de Natação (época 2000/01) e que acederam a participar
neste estudo.
4.2. Caracterização da amostra
De seguida, iremos apresentar as características da nossa amostra. Esta apresentação é feita em
quatro quadros onde destacamos as várias características que se constituem como as variáveis
independentes do nosso estudo.
O quadro 4.2.1 apresenta as características da amostra segundo o escalão.
Quadro. 4.2.1 Distribuição da amostra por Modalidade.
ESCALÃO
MODALIDADE
ESCALÃO SEXO NATAÇÃO ATLETISMO TOTAL
JUVENIL Masculino 7 28% 5 20% 12 48%
JUVENIL Feminino 2 8% 11 44% 13 52%
JÚNIOR Masculino 7 31,8% 6 27,3% 13 59,1%
JÚNIOR Feminino 4 18,2% 5 22,7% 9 40,9%
SÉNIOR Masculino 10 34,5% 5 17,2% 15 51,7%
SÉNIOR Feminino 8 27,6% 6 20,7% 14 48,3%
TOI rAL 38 50% 38 50% 76 100%
No quadro 4.2.2 estão também apresentadas características da amostra porém, segundo a idade e
categorias da experiência competitiva.
Ansiedade Pré-compeíiíiva (Natação - Atletismo) 44
Quadro. 4.2.2 Características da amostra (Idade e Experiência competitiva)
Idade
N AMPLITUDE MÉDIA ± Dp
Idade 76 14 - 27 18.2 ±2.8
Campeonatos Nacionais 76 1 - 16 4.7 ±3 .4
Internacionalizações 76 0 - 37 4.7 ± 6.9
Tempo - Federado ' 76 0 - 18 5.1 ±4 .0
Tempo de prática 2 76 1 - 22 6.5 ±4 .8 1 O "Tempo - federado" refere-se aos anos em que o atleta está inscrito num clube federado; 2 O "Tempo de prática" refere-se aos anos em que o atleta é praticante da modalidade independentemente de ser ou não federado.
No quadro que se segue apresentamos a distribuição das características da amostra segundo a
experiência competitiva, escalão e sexo.
Quadro 4.2.3 Características demográficas da amostra (Experiência competitiva/Escalão/Sexo)
MAIS EXPERIENTES (n=34) MENOS EXPERIENTES (n=42)
ESCALÃO Masculino Feminino ESCALÃO Masculino Feminino
Juvenil 2 5.9% 0 0% Juvenil 10 23.8% 13 31.0%
Júnior 8 23.5% 3 8.8% Júnior 5 11.9% 6 14.3%
Sénior 8 23.5% 13 38.2% Sénior 7 16.7% 1 2.4%
TOTAL 18 52.9% 16 47.1% TOTAL 22 52.4% 20 47.6%
No quadro 4.2.4 estão apresentadas as características demográficas da amostra baseadas na experiência competitiva, modalidade desportiva e sexo.
Quadro 4.2.4 Distribuição da amostra (Experiência competitiva/Modalidade/Sexo)
MAIS EXPERIENTES (n=34) MENOS EXPERIENTES (n=42)
NATAÇÃO ATLETISMO NATAÇÃO ATLETISMO
Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino
11
32.5%
10
29.4%
7
20.5%
6
17.6%
13
3 1 %
4
9.6%
9
21.4%
16
38%
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 45
4.3. Instrumento
A técnica utilizada para a recolha de dados foi o Questionário "CSAI-2", anteriormente
referenciado, por ser o mais adequado para medir a ansiedade estado pré-competitiva e se
encontrar validado para a lingua Portuguesa.
Antes de iniciar a colheita de dados, efectuamos um pré-teste durante dois dias com atletas com
características idênticas às da nossa população de estudo, com vista à familiarização aos
problemas que nos viríamos a debater para, se necessário, revermos a metodologia e adequar o
instrumento de recolha de dados.
4.4. Procedimento de aplicação
O teste foi administrado tão proximamente quanto possível do início da competição. Depois,
num ambiente calmo e propício à concentração sobre a tarefa, foi preenchido o questionário num
tempo médio que ronda os cinco minutos.
-Os questionários foram preenchidos trinta minutos antes da competição.
-A aplicação do instrumento foi feita pessoalmente pelo autor do trabalho.
4.5. Procedimentos estatísticos
Para a análise estatística dos dados utilizamos como meios auxiliares para elaboração deste
trabalho o programa computorizado Windows 2000 e o pacote estatístico SPSS 10.0.
Utilizamos técnicas descritivas - média aritmética (M) e o desvio padrão (Dp), frequência
absoluta e relativa e intervalo de variação das variáveis em estudo e técnicas estatísticas
comparativas:
-Teste t de Student;
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 46
-Correlação r de Pearson.
O nível de significância adoptado foi 0.05 (5%).
Procuramos verificar a existência de diferenças significativas entre diferentes variáveis, com os
emparelhamentos seguintes:
Atletismo
• Ansiedade somática (masculino e feminino);
• Ansiedade cognitiva (masculino e feminino);
• Auto confiança (masculino e feminino).
Natação
• Ansiedade somática (masculino e feminino);
• Ansiedade cognitiva (masculino e feminino);
• Auto confiança (masculino e feminino).
Atletismo e Natação
Seguindo os mesmos critérios. Somente neste caso o emparelhamento foi feito por sexo. Cada
variável em estudo foi emparelhada por ordem seguinte:
• Ansiedade somática (Atletismo e Natação) feminino/feminino e masculino/masculino;
• Ansiedade cognitiva (Atletismo e Natação) feminino/feminino e masculino/masculino;
• Auto confiança (Atletismo e Natação) feminino/feminino e masculino/masculino.
E ainda, tal como os critérios anteriores, agrupamos por experiência competitiva:
• Ansiedade somática (Atletismo e Natação) mais experientes e menos experientes;
• Ansiedade cognitiva (Atletismo e Natação) mais experientes e menos experientes;
• Auto confiança (Atletismo e Natação) mais experientes e menos experientes.
Ansiedade Pré-compeíitiva (Natação - Atletismo) 47
De acordo com o apresentado nos procedimentos estatísticos, os resultados referentes à
ansiedade pré-competitiva serão, inicialmente, apresentados de forma descritiva e,
posteriormente, procederemos à sua análise comparativa em função das variáveis independentes
consideradas para este estudo.
No quadro 5.1, apresentamos as frequências observadas nas dimensões do CSAI-2
Quadro 5.1 valores médios e desvios padrão das dimensões do CSAI-2. DIMENSÃO N AMPLITUDE M ± D p
Ansiedade cognitiva 76 10 33 22.5 ±5.4 Ansiedade somática 76 9 34 21.9 ±5.2 Autoconfiança 76 15 35 26.1 ±4.2
Neste quadro podemos verificar que o valor médio mais baixo apresentado pelos atletas
envolvidos no nosso estudo refere-se à dimensão Somática com 21.9; De seguida está a
dimensão Cognitiva com 22.5 e finalmente com valor médio mais elevado a dimensão
Autoconfiança com 26.1 pontos das respostas.
No quadro que se segue passaremos a apresentar as Estatísticas descritivas das variáveis
psicológicas envolvidas no nosso estudo, segundo o sexo e a modalidade praticada.
uadro 5.2 Estatísticas descritivas das variáveis psicológicas envolvidas no estudo (amostra total) Ansiedade Cognitiva
Ansiedade Somática
Autoconfiança
Modalidade Sexo N Média ± Dp Média ± Dp Média ± Dp Natação Masculino 24 25.16 ±5.6 22.25 ± 5.0 24.8 ±4.5 Natação
Feminino 14 22.14 ±6.2 21.85 ±6.3 25.1 ±4.2 Atletismo Masculino 16 19.75 ±4.5 20.37 ±5.2 28.18 ±2.4 Atletismo
Feminino 22 21.81 ±4.0 22.72 ±4.7 26.72 ± 4.5
Como se pode ver no quadro acima existem ligeiras diferenças entre os níveis de ansiedade,
observando-se que os atletas que praticam natação são mais ansiosos e apresentam menor
autoconfiança do que os que praticam atletismo. Verifíca-se, também, que as nadadoras
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 49
apresentam níveis mais baixos de ansiedade e maior autoconfiança do que os seus colegas
masculinos.
No que respeita aos praticantes de atletismo observa-se uma situação inversa, sendo as atletas
mais ansiosas e menos autoconfiantes do que os atletas.
5.1. Análise comparativa em função da Modalidade No quadro 5.3 são apresentados os valores da média dos níveis de ansiedade dos atletas de
natação e atletismo, e os resultados do teste de comparação dessas mesmas médias.
Quadro .5.3 Resultados do teste t de Student em função da modalidade ANSIEDADE MODALIDADE N MÉDIA ± Dp t P
Ansiedade Cognitiva
Natação 38 24.05 ± 5.9 2.59 .011* Ansiedade Cognitiva Atletismo 38 20.94 ±4.3
2.59 .011*
Ansiedade Somática
Natação 38 22.10 ±5.4 -.30 .76 Ansiedade Somática Atletismo 38 21.73 ±5.0
-.30 .76
Auto Confiança
Natação 38 24.94 ± 4.3 -2.57 .012* Auto Confiança Atletismo 38 27.36 ±3.8
-2.57 .012*
* Valor significativo para/? <.05
No gráfico 1 são apresentados os valores do CSAI-2 evidenciando as diferenças entre os atletas
praticantes de natação e de atletismo.
No quadro 5.3 e gráfico 1 pode-se notar claramente a existência de diferenças significativas nas
variáveis cognitiva e auto-confíança; Os praticantes de natação apresentam níveis mais elevados
de ansiedade cognitiva e valores baixos na autoconfiança, sucedendo o contrário com os
praticantes de atletismo. Em relação à ansiedade somática os valores obtidos são muito próximos
(22.10 e21.73) para os praticantes de natação e de atletismo, respectivamente.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 50
30^
25,
20
15
10
5
0 Natação Atlet.
Gráfico 1 Valores do CSAI-2 (Comparação entre modalidades)
5.2. Análise comparativa em função do sexo
Seguindo o exemplo do que foi feito na análise das possíveis diferenças entre as modalidades nas
dimensões da ansiedade, neste caso a análise incidirá sobre as diferenças encontradas em atletas
do sexo feminino e masculino. No quadro 5.4 apresentamos os valores dep e t nas dimensões em
estudo.
Quadro 5.4 Resultados do teste t de Student em função do sexo ANSIEDADE SEXO N MEDIA ± Dp t P
Ansiedade Cognitiva
Masculino 40 23.00 ±5.8 .84 .39 Ansiedade Cognitiva Feminino 36 21.94 ±4.8
.84 .39
Ansiedade Somática
Masculino 40 21.50± 5.1 -.73 .46 Ansiedade Somática Feminino 36 22.38 ±5.3
-.73 .46
Auto Confiança
Masculino 40 26.17 ±4.1 .03 .97 Auto Confiança Feminino 36 26.13 ±4.4
.03 .97
No gráfico 2 estão apresentados os valores médios obtidos por atletas do sexo feminino e do sexo
masculino.
W2
1 d
1 1 1 1 _
■ Ansiedade Cognitiva ■ Ansiedade Somática □ Autoconfiança
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 51
■ Ansiedade Cognitiva ■ Ansiedade Somática ■ Autoconfiança
Masc. Fem.
Gráfico 2 Valores do CS AI-2 (Comparação entre atletas masculinos e femininos)
Como se pode ver existem ligeiras diferenças nas dimensões cognitiva e somática, porém, dos
resultados obtidos através do teste "t de Student", é possível concluir-se que em nenhum dos
casos esta é significativa. Quanto à dimensão autoconfiança encontramos valores muito
próximos.
5.3. Análise comparativa segundo a experiência competitiva
Tal como anteriormente faremos uma análise das dimensões da ansiedade porém, esta incidirá na
experiência competitiva (atletas mais experientes e menos experientes)
No quadro que se segue (5.5) estão apresentados os valores de t ep nas dimensões em estudo e a
respectiva comparação em função da experiência competitiva.
Ansiedade Pré-compeliliva (Natação - Atletismo) 52
Quadro 5.5 Valores de t e p nas dimensões em estudo (Diferenças em função da experiência competitiva) DIMENSÃO EXPERIÊNCIA N MEDIA ± Dp T P
Ansiedade Cognitiva
Mais experientes 34 22.11±5.7 -.55 .58 Ansiedade Cognitiva Menos experientes 42 22.80 ±5.1
-.55 .58
Ansiedade Somática
Mais experientes 34 21.91 ±5.2 -.01 .98 Ansiedade Somática Menos experientes 42 21.92 ±5.2
-.01 .98
Auto Confiança
Mais experientes 34 26.67 ± 4.4 .95 .34 Auto Confiança Menos experientes 42 25.73 ±4.0
.95 .34
O gráfico 3 apresenta os valores do CSAI-2 referentes à comparação entre os atletas mais
■ Ansiedade Cognitiva ■ Ansiedade somática D Autoconfiança
Experientes Não Exp
experientes e menos experientes.
Gráfico 3-Valores do CSAI-2 (Comparação entre experientes e menos experientes)
No quadro 5.5 e gráfico 3, pode-se notar que não existem diferenças significativas entre os
grupos, em todas as dimensões da ansiedade pré-competitiva, embora os atletas mais experientes
se apresentem ligeiramente menos ansiosos e mais autoconfiantes do que os menos experientes.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 53
5.4. Correlações entre as variáveis do CSAI-2
No quadro 5.6. analisaremos a correlação existente entre as variáveis autoconfiança, ansiedade
cognitiva e ansiedade somática.
Quadro 5.6. Coeficientes de correlação e nível de significância entre a autoconfiança a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática
Ansiedade cognitiva Ansiedade somática Autoconfiança
r de Pearson Ansiedade cognitiva .468** 373**
r de Pearson Ansiedade somática .468** ' — ~ ■ — . -.208 r de Pearson Autoconfiança -.373** -.208 — —
Valor de p Ansiedade cognitiva .000 .001
Valor de p Ansiedade somática .000 .071 Valor de p Autoconfiança .001 .071
**Valor significativo para pO.01
No quadro acima, podemos observar que existe uma correlação negativa entre a autoconfiança e
as demais dimensões, com r = -.373 para a correlação com a ansiedade cognitiva e r=-.208 para a
correlação com a ansiedade somática. Em relação à correlação entre a ansiedade somática e
cognitiva esta é positiva r = .46.
Quanto à significância temos a realçar o facto da correlação entre a ansiedade somática e a
autoconfiança não ser significativa (p-.071), as restantes correlações são significativas (p=.000)
e (p=.001) para as correlações ansiedade cognitiva - ansiedade somática e ansiedade cognitiva -
autoconfiança, respectivamente.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 54
5.5 O rendimento dos atletas
Como nota de curiosidade e, apenas a título ilustrativo, apresentaremos nos quadros 5.7 e 5.8
dois indicadores do rendimento dos atletas nas modalidades de natação e atletismo. Estes são
traduzidos pela marca anterior (recorde pessoal) ao campeonato no qual se efectuou o nosso
estudo e pela marca posterior (marca obtida no referido campeonato).
O quadro 5.7 mostra-nos o rendimento dos atletas de Natação. Quadro S.7 Rendimento na Natação
RENDIMENTO N MEDIA ± Dp t P Marca anterior 38 1.33 ±.47 -2.47 .018* Marca posterior 38 1.37 ±.46
-2.47 .018*
*Valor significativo para p<.05
Nesta modalidade é tão notória a diferença entre as duas marcas o que é verificado com o recurso
ao teste t de Studení e ao valor de p encontrado o que nos permite verificar a existência de
diferenças significativas. Realçamos o facto da marca posterior ser superior à anterior.
O rendimento na modalidade de Atletismo é apresentado no quadro 5.8.
Quadro 5.8 Rendimento no Atletismo RENDIMENTO N MEDIA ± Dp t P
Marca anterior 38 13.14 ± 1.21 2.45 .019* Marca posterior 38 12.88 ±1.24
2.45 .019*
*Valor significativo para p<.05
Tal como no quadro anterior as diferenças entre as duas marcas são significativas porém, há a
destacar o facto de, neste caso, a marca posterior ser inferior à anterior.
Atendendo à inúmera quantidade de variáveis que podem explicar os resultados que acabamos de
apresentar e, não tendo possibilidade de as identificar com rigor e precisão, não iremos
relacionar os resultados obtidos com os níveis de ansiedade estado pré-competitivo destes atletas.
Acresce ainda, o facto de não possuirmos dados anteriores relativos à ansiedade destes atletas,
pelo que qualquer relação encontrada não poderia ser devidamente explicada nem funamentada.
Ansiedade Pré-compeíitiva (Natação - Atletismo) 55
6.1 - Introdução
Face aos resultados encontrados após tratamento dos mesmos, iremos agora tentar compreendê-
los e explicá-los, procurando assim verificar a veracidade das hipóteses que formulamos para
este estudo.
No quadro 6.1 estão apresentados os resultados relativos a alguns estudos anteriores relacionados
com o tema do nosso trabalho.
Quadro 6.1 Valores médios e desvios padrão relativos às variáveis dos CSAI-2 dos estudos realizados por Jones & Suain (1995), Teixeira & Raposo (1995), Ferraz (1997) Lázaro (1998) e o nosso estudo
Jones & Suain (1995) Teixeira & Raposo(1995)
Ferraz (1997)
Lázaro (1998)
Presente estudo
Não elite Elite Nadadores Nadadores Sal. Lanç. Nadad. Atlet.
CSAI-2 M ± D p M ± D p M ± D p M ± D p M ± D p M ± D p
Autoconfiança 21.3 ±4.5 22.5 ±4.9 24.8 ±4.5 26.2 ± 4.3 25.7 ±4 .3 26.1 ±4.2
A.Cognitiva 22.9 ± 4.5 22.4 ±5 .0 21.0 ±4 .4 21.5 ±5 .3 24.1 ±4 .4 22.5 ± 5.4
A.Somática 18.9 ±4 .6 19.2 ±4.9 21.4 ±4.5 18.9 ±4 .8 22.1 ±4 .2 21.9 ±5.2
Em relação ao estudo de Jones & Suain (1995), os resultados encontrados no nosso estudo são
superiores para as variáveis autoconfiança e ansiedade somática e quase idênticos na variável
ansiedade cognitiva. Quanto à autoconfiança a média apresentada pelos atletas do nosso estudo é
superior em 4.8 pontos, em relação à ansiedade somática a nossa amostra se situa em 3 pontos
acima, e, finalmente em relação a variável cognitiva a média dos nossos atletas encontra-se 0.4
pontos abaixo.
O facto de se observarem estas diferenças nas variáveis somática e autoconfiança pode estar
relacionado com o facto de, na amostra de Jones & Suain (1995) fazerem parte atletas de
Desporto colectivo (cricket), enquanto que na nossa amostra é constituída por atletas de
desportos individuais (natação e atletismo) e, segundo Martens (1987) e Cruz (1996) existem
Ansiedade Pré-compelitiva (Natação - Atletismo) 57
diferenças entre os níveis de autoconfiança, ansiedade somática e ansiedade cognitiva em função
do tipo de desporto praticado-individual ou colectivo.
Em relação às médias encontradas no estudo de Teixeira & Raposo (1995), as médias do nosso
estudo continuam sendo superiores.
Quanto os resultados do estudo de Ferraz (1997) os nossos valores são superiores nas vaiáveis
cognitiva e somática (1 e 3 pontos, respectivamente) e em relação à variável autoconfiança não
existe alguma diferença.
Em relação ao estudo de Lázaro (1998) os valores das médias dos nossos atletas são superiores,
por pequena diferença, nas variáveis autoconfiança (0.4 pontos) e na variável cognitiva a média
dos nossos atletas é inferior cerca de 1.6 pontos. Quanto à variável somática a média do nosso
estudo é inferior ( 0.2 pontos ).
6.2 - Ansiedade Cognitiva
A ansiedade cognitiva é vista como uma série de preocupações negativas relativas ao rendimento
que conduz uma diminuição da autoconfiança e à má condução de alguns processos cognitivos
como sejam a atenção, a concentração e a memória (Cratty, 1983; Backer, Whiting & Brug,
1993).
Para esta dimensão colocamos como hipóteses:
H01 -Não há diferenças entre atletas de Natação e Atletismo;
H2 - Os atletas de sexo feminino apresentam níveis de ansiedade cognitiva mais elevados do que
os do sexo masculino;
H3 - Atletas mais experientes apresentam níveis de ansiedade cognitiva mais baixos do que os
menos experientes.
Ansiedade Pré-competiíiva (Natação - Atletismo) 58
Encontramos valores médios que variam de "20.94" para o Atletismo e os "24.05" para a
Natação, de "21.94" para o sexo feminino e os "23.00" para o sexo masculino, de "22.11" para
os atletas mais experientes e "22.80" para os menos experientes numa escala que varia entre os 9
e os 36 pontos, portanto, verifica-se um certo distanciamento entre as médias nas duas
modalidades e uma grande aproximação das médias na variável "experiência competitiva"
No que concerne à comparação das médias, observamos a existência de diferenças significativas
nas modalidades desportivas (p=.011) e, apesar de haver diferença entre os sexos, esta não é
significativa (.39).
Quanto à variável "Experiência Competitiva" não se encontraram diferenças entre os grupos de
sujeitos (p=.58).
Estes resultados levam-nos a rejeitar as hipóteses por nós apresentadas a este respeito.
As diferenças observadas, estão dependentes da forma como cada grupo encara a competição.
Assim, de um modo global parece que os atletas de ambos os sexos percepcionam a competição
de uma forma mais ou menos favorável porém, na análise comparativa entre as modalidades é de
realçar a forma desfavorável como os atletas de Natação percepcionam a mesma. Poderemos
pensar que tal possa ser devido a características dos próprios atletas. No entanto, ao observarmos
os resultados obtidos nesta competição verificamos serem mais negativos do que marcas
anteriormente conseguidos pelos mesmos atletas. É possível que, aspectos relacionados com as
condições ou os processos de treino estejam a interferir nos aspectos físicos ou psicológicos,
evidenciando os atletas níveis mais elevados de ansiedade cognitiva, correspondendo a
preocupações mais negativas quanto ao seu desempenho e menor autoconfiança nas suas
capacidades para atingirem objectivos de sucesso.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 59
6.3 - Ansiedade Somática
A ansiedade somática deve ser vista como sintomas fisiológicos como: o aumento da frequência
cardíaca, subida da tensão arterial, respiração acelerada e aumento da tensão muscular. Esta
dimensão encontra-se fortemente correlacionada com a dimensão cogntiva, admite-se que o facto
do atleta estar muito ansioso cognitivamente conduzirá a alterações somáticas, provenientes do
sistema nervoso autónomo e, portanto, de difícil controlo por parte do atleta.
Para esta dimensão colocamos como hipóteses:
H01 - Não há diferenças entre atletas de Natação e Atletismo;
H2 - Os atletas de sexo masculino apresentam níveis inferiores aos dos atletas de sexo feminino
ao nível da ansiedade somática;
H3 - Os atletas mais experientes apresentam níveis inferiores de ansiedade somática quando
comparados com os menos experientes.
Encontramos valores médios que variam entre os "21.50" e os "22.38" nos atletas do sexo
masculino e feminino, respectivamente, de "22.10" para a modalidade de Natação e "21.73" para
o Atletismo, de "21.91" para os atletas mais experientes e de "21.92" para os menos experientes.
O recurso ao teste / de Student permite-nos afirmar a não existência de diferenças significativas
entre as variáveis em estudo. Assim rejeitamos as hipóteses por nós apresentadas.
Pensamos que o facto de existirem níveis bastante semelhantes nesta dimensão, leva-nos a crer
que, ou as preocupações (dimensão cognitiva) não sejam de molde a promover alterações
fisiológicas, ou a activação (arousal) destes atletas situa-se dentro da zona óptima de
funcionamento. Por isto, somos levados a pensar que as alterações observadas a nível de quebra
de rendimento se devam a outras causas.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 60
6.4 - Autoconfiança
Autoconfiança é a convicção que os indivíduos têm das suas capacidades para serem bem ou mal
sucedidos no Desporto (Vealey, 1986).
Admite-se que o facto do atleta não ter confiança em si mesmo ou apresentar baixas expectativas
na obtenção de determinada marca ou resultado prejudica ou afecta o seu rendimento, mas se,
pelo contrário e independentemente dos resultados, quando os atletas vivenciam situações de
competição com sentimentos de competência, valor, orgulho e satisfação a sua autoconfiança sai
reforçada (Viana & Cruz, 1996).
Relativamente a esta dimensão colocamos as seguintes hipóteses:
H01 - Não há diferenças entre atletas de Natação e Atletismo;
H2 - Os atletas de sexo masculino apresentam maior autoconfiança do que os de sexo feminino;
H3 - Os atletas mais experientes apresentam-se mais autoconfiantes do que os menos
experientes.
Tendo em conta a relação entre a Autoconfiança e as restantes dimensões em estudo, nota-se um
certo distanciamento em média para valores mais elevados, numa amplitude que varia de "24.94"
para a modalidade de Natação e os "27.36" para o atletismo. Nas restantes variáveis encontramos
os "26.13" e os "26.17" para os sexos feminino e masculino respectivamente e ainda de "26.67"
para os atletas mais experientes e de "25.73" para os menos experientes.
O facto de existirem estes valores elevados, pensamos que existe uma resposta lógica, que se
prende com o facto de nas restantes dimensões quanto mais baixo forem os scores, tanto melhor
será o grau de ansiedade, na Auto-confíança passa-se o contrário, quanto mais elevadas forem
essas médias, melhor será a resposta dos atletas em causa.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 61
Martens (1987), menciona a relação existente entre a Ansiedade cognitiva e a Auto-confíança
sendo a primeira tida como a falta da segunda. Contudo os resultados encontrados no nosso
estudo e em particular na modalidade de natação (24.05 e 24.94) nas dimensões Cognitiva e
Autoconfiança tornar-nos-ía difícil deduzir se os Nadadores são menos ansiosos porque são mais
auto-confiantes ou vice-versa, pelo facto dos valores médios serem praticamente iguais. Mas,
quando procedemos à análise comparativa entre modalidades e recorrendo ao teste / de Student
verificamos a existência de diferenças significativas entre os praticantes de Atletismo e de
Natação (p= .01), ausência de diferenças significativas entre os atletas homens e mulheres
(p=.95) e, entre os atletas com níveis diferenciados de experiência competitiva (p=.34).
Portanto, rejeitamos as hipóteses por nós apresentadas. Ainda nesta ordem de ideas, e apesar de
não haver diferenças entre os atletas segundo o sexo, se analisarmos de forma isolada
verificamos que os atltetas do sexo feminino são menos ansiosos que os do sexo masculino pelo
facto dos valores médios da dimensão cognitiva (21.94) serem mais baixos que os valores da
dimensão Auto-confiança (26.13) comparativamente aos encontrados no sexo masculino (23.01 e
26.17) nas dimensões cognitiva e auto-confiança respectivamente.
Esta constatação contraria, de certo modo, o que consta na literatura ao não evidenciar a
existência de diferenças significativas em função do sexo. De facto, as conclusões de vários
estudos (Cruz, 1996) sugerem que o esteriótipo social das mulheres não é concordante, nem as
encoraja a terem elevados níveis de realização em contextos desportivos. As capacidades e
competências atléticas e o contexto de realização desportiva seriam, deste ponto de vista, um
domínio predominantemente masculino, nomeadamente ao nível da alta competição.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 62
Tal consideração é válida também, para o factor "Experiência competitiva" pois segundo Cruz,
(1994), atletas mais experientes apresentam níveis de controlo de ansiedade mais moderados,
assim como níveis superiores de autoconfiança, quando confrontados em igualdade de
circunstâncias com atletas de estatuto superior. O mesmo autor salienta que é importante o factor
"experiência" pelo facto da existência de uma aprendizagem que permite tirar dividendos de
como controlar e regular melhor a ansiedade, porém, no nosso estudo não encontramos
diferenças entre os atletas mais experientes e menos experientes, o que se poderá, talvez, à forma
como esta variável foi categorizada.
6.5 - Correlações entre as variáveis do CSAI-2
a este respeito propusemos como hipóteses:
Hl - Existe uma correlação negativa entre a autoconfiança e a ansiedade cognitiva;
H2 - Existe uma correlação negativa entre a autoconfiança e a ansiedade somática;
H3 - Existe uma correlação positiva entre a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática;
As correlações negativas observadas (r=-.373) entre autoconfiança e ansiedade cognitiva e (r=-
.208) entre autoconfiança e ansiedade somática, leva-nos a constatar, sem no entanto possibilitar
a verificação de uma relação de causalidade que, quanto mais elevados forem os níveis de
ansiedade cognitiva e somática, menor será o nível de autoconfiança dos atletas ou que, quanto
mais autoconfiantes estiverem os atletas antes de uma competição menos sujeitos estão a
vivenciarem alterações negativas, a nível cognitivo e somático.
A correlação positiva observada entre a ansiedade somática e cognitiva (r = .46) indica-nos que
quanto mais elevados forem os níveis de ansiedade cognitiva maiores serão os níveis de
ansiedade somática e vice-versa, podendo o aumento de uma conduzir ao aumento da outra.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 63
As correlações significativas por nós observadas entre as variáveis autoconfiança e ansiedade
cognitiva (p=.001), e entre a ansiedade somática e cognitiva (p=.000), leva-nos a confirmar as
hipóteses por nós formuladas a esse respeito e, rejeitar a hipótese da correlação entre a
autoconfiança e ansiedade somática (p=.071).
Ansiedade Pré-compelitiva (Natação - Atletismo) 64
Dentro dos limites conceptuais e metodológicos deste estudo e tomando em consideração os
resultados encontrados, sobressai o seguinte quadro de conclusões:
• Dos atletas observados, os praticantes de Natação possuem níveis de Ansiedade Estado pré-
competitiva mais elevados do que os de Atletismo, e o seu rendimento foi mais baixo. Os
atletas de Natação mostraram-se cognitivamente mais ansiosos e menos autoconfiantes do
que os praticantes de Atletismo, ou seja, os nadadores encaram a competição de forma mais
ameaçadora e confiam menos nas suas capacidades de obterem os resultados desejados.
• Os atletas do sexo masculino não se diferenciam dos do sexo feminino quanto aos níveis de
ansiedade estado pré-competitiva.
• Os níveis de ansiedade estado pré-competitiva, apresentados pelos atletas, não permitem
diferenciá-los de acordo com a sua maior ou menor experiência competitiva.
• A autoconfiança que os atletas possuem antes de iniciarem uma competição, ou seja, a
convicção das suas capacidades para serem bem ou mal sucedidos no Desporto está,
fortemente, relacionada com os seus pensamentos e preocupações relativas ao rendimento
(Ansiedade Cognitiva).
• Estas preocupações, alicerçadas na avaliação subjectiva que os atletas fazem da competição
que vão iniciar (Ansiedade Cognitiva) relaciona-se, fortemente, com as alterações
psicossomáticas provenientes do Sistema Nervoso Autónomo (Ansiedade Somática).
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 66
"São grandes os contributos que várias ciências desportivas têm dado para a optimização do
rendimento no Desporto ou para a predição do sucesso do atleta. Contudo, os estudiosos dos
factores determinantes do sucesso em Desporto, são cada vez mais, confrotado com o facto de
atletas que à partida reuniam todas as condições físicas e técnicas, para se qualificarem entre os
primeiros falharem seja em competição, seja ao longo do processo de treino. A Psicologia do
Desporto na multiplicidade das suas formas de intervir, tem procurado conhecer outros aspectos,
talves menos manifestos e, por essa razão, de mais difícil verificação que possam influenciar,
negativa ou positivamente o sucesso desportivo" (Veiga, 1999, p. 19).
Propomos que este tipo de estudos se efectuem de forma longitudinal, implicando avaliações
contínuas e sistemáticas ao longo do tempo, pois só assim poderemos ter uma base sólida acerca
do comportamento do nosso atleta antes e durante a competição.
Um aspecto que nos desperta muita atenção prende-se com o facto de termos verificado que
níveis elevados de ansiedade estado pré-competitiva parecem afectar o rendimento dos atletas.
Tomemos em consideração que os atletas de Natação demonstraram ser mais ansiosos
cognitivamente e menos autoconfiantes, facto secundado com o baixo rendimento por eles obtido
comparativamente aos atletas de Atletismo.
Propomos igualmente, que os treinadores sejam dotados de conhecimentos básicos da área da
Psicologia do Desporto, pois assim, poderão desenvolver o conhecimento de aspectos que têm
sido decisivos para compreender o problema do sucesso e rendimento de seus atletas.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 68
ALBERNETHY, B. (1993). Attention. In Robert N. Singer, Milledge Murphey e L Kheith
Tennant (Eds), Handbook of Research on Sport Psychology, pp. 127-170. New York:ISSP.
ALMEIDA, P., RODRIGUES, J., NUNES, P., BORGES, M., ARAÚJO, V., e NOGUEIRA,
C.(1992). A relação Ansiedade - Rendimento na Competição Desportiva. Braga: U.Minho.
BAKKER, F.C.; WHITTING, H.T.A. e BRUG, H. Van der (1993/ Psicologia dei Deporte:
Conceptos y aplicaciones. Madrid: Ediciones Morata.
BORTOLI, L., ROBAZA, C , VIVIAM, F. & PESA VENTO, M. (1992/ Auto-Eficâcia física,
Percepcion corporal y Ansiedad en hombres y mujeres. Málaga: Instituto Andaluz dei Deporte.
BRITO, A. P. (1994). Psicologia do Desporto. Lisboa: Edições Omiserviços.
CAIXINHA, P. M. e VASCONCELOS, R. J. (1998). Caracterização dos níveis de Ansiedade
nos momentos que antecedem a pega na tourada Portuguesa. Porto
CABERÁ, M. A. (1996). Preparacion Psicológica en Natacion. Federacion Espanhola de
Natacion, Madrid
CARVALHO, A. (1995). Ansiedade no Desporto. Instituto Andaluz dei Deporte, Málaga
CASAL, Valdês M., Hiron (1996). La preparacion psicológica de! Deportista - Meste y
Rendimiento humano, INDE, Zaragoza.
COOLEY, E. J. (1987). Situational and Trait Determinants of Competitive state Anxiety.
Peceptual and Motor Skill, London.
CUNHA, A. A. D. (1996). Influência da Ansiedade no rendimento Desportivo. Dissertação de
Mestrado, não publicada, F.C.D.E.F.- Universidade do Porto.
CRUZ, J.F. (1990). Stress, ansiedade e rendimento na Competição Desportiva. Universidade do
Minho, Braga
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 70
CRUZ, José Fernando (Ed.)(1996). Manual de Psicologia do Desporto. Braga: Sistemas
humanos e organizacionais, Lda.
CRUZ, J. F. (1996). Stress, Ansiedade e Competências Psicológicas nos atletas de elite e da alta
competição. Universidade do Minho, Braga
CRATTY, J.B.(1983). Psicologia no Esporte. Rio de Janeiro : P.H.B.
CRATTY, J.B. & HANIN, R. (1980). The athlete and the Sport team. Love publisher, Denver
FERRAZ, P. C. de M. (1997). Identificação dos comportamentos pré-competitivos em jovens
nadadores. Dissertação de Mestrado, não publicada. F.C.D.E.F.- Universidade do Porto.
FERREIRA, M.,(1998). Motivação no Desporto e percepção de ameaça na competição em
atltetas de diferentes níveis competitivos de futebol onze juvenil masculino. Dissertação de
Mestrado, não publicada. F.C.D.E.F.- Universidade do Porto.
GONÇALVES, M. J. (1998). Ansiedade e rendimento Desportivo. Dissertação de Mestrado, não
publicada. F.C.D.E.F.- Universidade do Porto.
GOULD, D., FELTZ, D., e WEISS, M. (1985). Motives for participating in competitive youth
Swimming. International Journal of Sport Psychology, Champaign.
GOULD, D. e KRANE, V. (1992). The Arousal performance relationship: Current status and
future directions. In Horn, T.S. (Ed) Advances in Sport psychology. Champaign, Ill.:Human
Kinetics.
GOULD, D. (1996). Understanding Psychological preparation for Sport-Theory and practice of
elite Performance. England: John and Wiley e Sons Pub..
HARRIS, D. e HARRIS, B. (1984). Gold Setting: The regulation as motivation in the Athletes
Guide to Sport Psychology. Leisure Press, Champaign.
HOGG, J. M., (1995). Mental Skills for Swim Coaches, Sport Excel Publishing Inc..
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 71
HULL, C. L., (1943). Principles of Behavior. New York : Appleton-Century-Croffs.
INBAR, J. (1992). El entrenamiento grupai y resolucion de problemas en el manejo del Estrés y
la Ansiedad en Deportistas. Instituto Andaluz del Deporte, Málaga
JONES, J. C. e HARDY, L.(1990).The Academic Study of stress in Sport. In Jones and L. Hard
(Eds), Stress and Performance in Sport, New york.
JONES, G. e SWAIN, A. (1995). Predisposition's to experience Debilitate and Facilitative
Anxiety in Elite and Nonelite Performers. The Sport Psychologist, 9.
JONES, G., SWAIN, A., e CALE, A. (1990). Antecedents of Multidimensional Competitive
State Anxiety and Sel-Confidence in elite Intercollegiate Middle-Distance Runners. The Sport
Psychologist
LAZARO, J. P. 0.(1998). Caracterização dos comportamentos pré-competitivos dos Lançadores
e Saltadores iniciados e juvenis Portuguses. Dissertação de Mestrado, não publicada,
F.C.D.E.F.- Universidade do Porto.
LANDERS, D. M. (1980). The arousal-performance relationship revisited. Research Quarterly
for Exercise and Sport,
LUCCIANI, M. & CAPORICCI, L., (1996). Atteggiamenti psicologia dei bambini in situazioni
agonistiche. Roma: Movimento Ed.
LOEHR, James E., (1990). Eljuego mental. Madrid : Ediciones Tutor.
MARQUES, S., SERRANO, I. & DELGADO, J. (1992). Diferencias en las manifestaciones de
la Ansiedad competitiva entre praticantes de Deportes individuales y colectivos. Instituto
Andaluz del Deporte, Málaga
MARTENS,R. (1977). Sport Competition Anxiety Test. Champaign, 111.: Human Kinetics.
MARTENS, R. (1987). Coaches guide to sport Psychology.Champaign, III: Human Kinetics.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 72
MARTENS, R, BURTON, D., VEALEY, R. S., BUMP, L. e SMITH, D., (1990), The
development of the Competitive State Anxiety Inventory-2(CSAI-2). In R. MARTENS,
R.S.VEALEY e D. BURTON (Eds.), Competitive Anxiety in Sport (pp. 117-190). Champaign,
111.: Human Kinetics.
MARTENS, R, VEALEY, R. S. & BURTON(Eds.)(1990). Competitive Anxiety in Sport.
Champaign, Ill.:Human Kinetics.
MORAES, C. J., (1990). Estudo comparativo das técnicas regulatórias da Ansiedade durante a
competição. Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte
NORDELL, K. e SIME, W. (1993). Competitive Trait Anxiety, State Anxiety and Perception of
Anxiety. Journal of Swimming Research, Fort Lauderdale.
PONS, D., GARCÍA, M.L., BALAGUER.L, ATIENZA, F. e BLASCO, P. (1992). Variables
relacionadas con la Ansiedad Competitiva. F.P., Universidad de Valencia, Valencia.
POTESTA, L. (1993). El control Psicológico del entrenamiento. Federacion Espanhola de
Natacion, Madrid.
QUEROL, H. (1988). Psicologia Desportiva. INEF, Maputo.
RAGLIN, J. S., WISE, K. J. e MORGAN, W. P. (1990). Predicted and actual pre-competition
anxiety in high school girl swimmers. Journal of swimming research, 4, 5-7.
RAPOSO, J.V.(1996) Explorando os limites do conceito de Ansiedade no Desporto, Congresso
Ibérico-Espanhol de técnicas de Natação, Zamora.
RAYNEY, D. W. e CUNNIGH, H. (1988). Competitive Trait Anxiety in Male and Female
College Athletes. Research Quarterly for Exercice and Sport Psychology
RUSHALL, B. (1979). The Psychological preparation for serious competition in Sport. London:
Pelham Books.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 73
RUSHALL, B. (1983;. Psychological preparation for Athletes. Mental training for Coaches and
Athletes. The Coaching Association, Canada
SARRAZIN, C. e M., Haleé (1987) Anxiety in Competition: analyze and intervention
systematic. In John Salmela; Petion, B. e Hostrizaki, B. (Ed;. Psychological Nurturing and
Guidance ofGimnastic Talent. Sport Psyche Editions, Canada.
SPENCE, J. T. e SPENCE, K. W. (1966). The motivational components of manifest anxiety:
drive and drive stimuli. In, CD., Spielberger (Ed), Anxiety and behavior. New York:Academic
Press.
SPIELBERGER, C. D. (1972). Anxiety: Current trends in theory and Research (vol 1) New
York :Academic Press.
SPIELBERGER, C. D. (1972). Anxiety as an Emotional State, in: CD. Spielberger (Ed),
Anxiety: Current trends in theory and Research (vol 1, pp 23-49). New York : Academic Press.
SPIELBERGER, C. D. (1979). Tensão e Ansiedade. Lisboa: Casa do Livro.
SPIELBERGER, C D., (1983). Manual for the State-Trait Anxiety Inventory (revised). CA:
Consulting Psichologist Press, Palo Alto.
SERRA, A. V.; FREITAS, J.F. e PONCIANO, E. (1980). Respostas emocionais de Ansiedade
no Basquetebol. Revista Ludens Vol 4, Lisboa.
SONSTROEM, R. (1984). Na Overview of Anxiety in Sport. In J.M. Silva e R.S. Weinberg
(Eds.), Psychological Foundation of Sport (pp. 104-117). Champaign, 111.: Human Kinetics.
TEIXEIRA, CM. e RAPOSO, J.V. (1997;. Ansiedade cognitiva, Somática e Autoconfiança em
nadadores. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real
THOMAS, R., MISSOUM, G. e RIVOLIER, J. (1987;. La Psychologie du Sport de Haut
Niveau. Presses Universitaires de France, Paris.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) IA
VEALEY, R. S. (1986). Concepcion of sport-confidence and competitive orientation:
preliminary investigation and instrument development. Journal of Sport Psychology, 8, 221-246.
VEALEY, R. S. (1990) Advancements in Competitive anxiety research: Use of the Sport
Competition Anxiety Test and the Competitive State Anxiety Inventory-2. Anxiety Research, 2,
243-261.
VEIGA, A. L. (1999). Ansiedade e prestação desportiva, Ludens Ed., Lisboa
VIANA, M. F. e CRUZ, J. F. (1996). Autoconfiança e o rendimento na competição desportiva.
Braga: Lusografe.
WEINBERG, R. S. (1990). Anxiety and motor performance: where to from here?.Anxiety
Research, 2 (4), p. 227 - 242.
YERKES, R. e DODSON, J., (1908). The relation of Strenght of Stimulus to rapidity of habit
formation. Journal of Comparative Neurology and Psichology. New York.
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 75
1. Ficha de identificação do atleta
Mestrado em Ciências do Desporto Especialidade de Desporto para Crianças e Jovens
1 - NOME
2-SEXO (M) (F)
3- DATA DE NASCIMENTO / /
4 - MODALIDADE DESPORTIVA
5- ESCALÃO
6- HÁ QUANTOS ANOS PRATICA ESTA MODALIDADE?
7- HÁ QUANTOS ANOS É ATLETA FEDERADO DESTA MODALIDADE?
8- EM QUANTOS CAMPEONATOS NACIONAIS PARTICIPOU?
9- PARTICIPOU EM QUANTOS TORNEIOS INTERNACIONAIS?
10- EM QUE PROVAS É ESPECIALISTA E QUAL É O SEU RECORDE EM CADA
UMA DELAS?
PROVA RECORDE
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 11
2. Questionário de Auto - avaliação da Ansiedade pré-competitiva
INSTRUÇÕES: Abaixo estão algumas declarações de atletas sobre a forma como se sentem quando vão participar em competições. Leia atentamente cada uma destas afirmações e marque com uma cruz (X) no espaço que melhor indica a forma de como se sente. Não existem respostas certas ou erradas. Escolhe a frase que melhor represente a forma de como se sente neste momento.
Nunca Pouco Moderado Muito
1 - Estou preocupado com esta prova. ( ) ( ) ( ) ( )
2 - Sinto-me nervoso. ( ) ( ) ( ) ( )
3 - Sinto-me descontraído. ( ) ( ) ( ) ( ) 4 - Estou com falta de confiança. ( ) ( ) ( ) ( )
5 - Sinto-me irriquieto. ( ) ( ) ( ) ( )
6 - Sinto-me confortável. ( ) ( ) ( ) ( )
7 - Estou com receio de não competir ao nível
que sou capaz. ( ) ( ) ( ) ( )
8 - Sinto o meu corpo tenso. ( ) ( ) ( ) ( )
9 - Sinto-me confiante. ( ) ( ) ( ) ( )
10 - Estou preocupado com a possibilidade de
perder esta prova ( ) ( ) ( ) ( )
11 - Sinto uma tensão no meu estômago. ( ) ( ) ( ) ( )
12 - Sinto-me seguro. ( ) ( ) ( ) ( )
13 - Estou com medo que com a pressão
não consiga competir. ( ) ( ) ( ) ( )
1 4 - O meu corpo está descontraído. ( ) ( ) ( ) ( )
15 - Estou confiante de corresponder ao desafio
desta prova. ( ) ( ) ( ) ( )
16 - Estou preocupado com a hipótese de ter
um mau rendimento ( ) ( ) ( ) ( )
1 7 - 0 meu coração bate muito rápido. ( ) ( ) ( ) ( )
18-Estou confiante em competir bem. ( ) ( ) ( ) ( )
19 - Sinto-me preocupado com o alcançar o
meu objectivo. ( ) ( ) ( ) ( )
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 78
Nunca
20 - Sinto o meu estômago muito pesado.
21 - Sinto-me mentalmente descontraído.
22 - Estou preocupado que os outros fiquem
desiludidos com o meu resultado.
23 - As minhas mãos estão transpiradas.
24 - Estou confiante, porque mentalmente
vejo-me a atingir meu objectivo.
25 - Estou preocupado em não conseguir
concentrar-me durante a prova.
2 6 - 0 meu corpo está tenso.
27 - Estou confiante que vou nadar/correr bem, mesmo
sob pressão. ( )
Pouco Moderado Muito
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 79
3. BASE DE DADOS
Quadro B.3.1 Dados pessoais N° Sexo Idade Modal. Escal. T. prát . T. fed. C. nac. Intern. M. post.
M. ant.
01 1 25 3 17 15 8 11 2.11 2.18 02 2 15 1 4 4 4 6 1.2 1.13 03 2 25 3 18 18 16 27 2.44 2.26 04 2 23 3 14 10 12 21 1.3 1.24 05 1 21 3 12 9 8 5 1.24 1.25 06 1 15 2 2 2 1 2.34 2.36 07 1 14 7 5 5 0 2.41 2.43 08 1 15 2 1 1 0 1.31 1.33 09 1 15 8 5 5 2 1.26 1.19 10 1 14 6 6 4 0 1.09 1.1 11 1 15 9 7 6 7 1.08 1.07 12 1 15 7 4 4 5 1.07 1.08 13 2 16 2 12 5 5 5 1.18 1.12 14 2 18 2 12 9 8 14 1.14 1.1 15 1 17 2 10 7 6 5 1.04 1.05 16 2 17 2 14 6 6 16 1.07 1.03 17 1 17 2 5 4 3 3 1 1 1.09 18 1 19 3 3 1 1 1 1.14 1.15 19 1 16 2 3 1 2 0 1.21 1.23 20 1 16 2 6 6 7 6 1.07 1.04 21 1 16 2 9 6 6 6 1.09 0.59 22 1 18 2 10 8 8 5 1.07 1.09 23 1 20 3 9 9 8 6 1.21 1.16 24 2 21 3 15 12 10 6 1.28 1.27 25 2 18 2 ' 4 3 0 1.43 1.28 26 1 18 2 3 2 2 1 2.29 2.31 27 2 21 3 10 9 6 6 1.07 1.08 28 2 25 3 20 15 13 36 1.19 1.13 29 2 19 3 16 12 10 7 1.17 1.14 30 2 20 3 12 9 6 5 1.08 1.07 31 1 21 3 11 10 9 8 1.05 1.09 32 1 27 3 22 18 16 21 2.34 2.26 33 1 19 3 5 4 3 3 1.07 1.06 34 2 19 3 9 5 5 4 1.18 1.13 35 1 19 3 6 4 4 3 2.33 2.25 36 1 20 3 6 4 4 4 1.09 1.12 37 1 25 3 11 10 11 6 1.19 1.15 38 2 15 3 2 1 0 1.24 1.15 39 1 16 2 3 2 2 1 13.84 14.02 40 2 17 2 2 2 2 0 14.22 14.2 41 2 14 2 1 1 1 0 14.98 13.9 42 2 14 2 2 2 2 0 14.76 14.92 43 2 17 2 2 2 2 1 13.99 14.05 44 2 16 2 2 2 2 0 14.65 14.67 45 2 15 2 3 1 1 0 14.88 15.04
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 80
Quadro B.3.1 Dados pessoais (continuação) N° Sexo Idade Modal. Escal. T. prát . T. fed. C. nac. Intern. M. post.
M . an t .
46 2 15 2 1 0 13.77 14.24 47 2 16 2 2 0 14.09 14.47 48 2 15 2 1 0 14.57 14 49 1 16 2 4 0 13.54 14.91 50 1 17 2 1 0 13.25 14.32 51 1 17 2 2 0 13.1 13.69 52 1 16 2 2 2 2 0 14.32 13.87 53 2 18 2 2 1 1 1 0 13.01 14.8 54 2 18 2 2 3 2 2 0 13.2 13.03 55 1 19 2 2 5 3 3 4 12.1 13.09 56 2 19 2 2 4 3 3 0 12.95 12.9 57 1 19 2 2 6 3 3 2 12.02 13.12 58 1 18 2 2 3 2 2 1 12.22 12.92 59 2 18 2 2 3 0 3 0 13.15 12.18 60 2 16 2 1 1 1 1 0 13.24 12.28 61 2 16 2 1 2 2 2 0 14.14 14.25 62 1 19 2 2 6 4 4 2 11.94 12.3 63 2 18 2 2 2 2 2 0 13.03 13.29 64 1 18 2 2 2 2 2 0 12.09 13.86 65 1 19 2 2 2 2 2 0 11.91 12.74 66 1 21 2 3 6 4 2 0 10.89 11.8 67 2 20 2 3 5 3 3 1 12.23 12.27 68 1 20 2 3 6 6 4 2 11 11.04 69 2 20 2 3 5 5 5 3 11.89 12.14 70 1 20 2 3 6 6 6 1 10.67 10.72 71 2 20 2 3 5 5 5 2 12.12 11.61 72 2 20 2 3 5 5 5 2 11.98 12.17 73 1 21 2 3 9 8 7 1 10.94 11.09 74 1 21 2 3 4 2 2 0 11.12 11.55 75 2 20 2 3 8 8 l 8 2 11.65 12.03 76 2 21 2 3 7 7 7 12 12.06 12.04
Quadro B.3.2 Questões do CSAI-2 N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
01 3 2 4 3 4 3 4 3 4 3 1 4 2 3 3 4 4 2 3 3 3 4 2 2 4 3 3 02 2 3 2 2 1 4 1 2 3 3 2 2 2 1 3 3 3 3 3 2 3 1 2 3 2 2 1 03 3 4 2 3 4 2 4 4 3 3 2 3 1 3 3 2 3 3 3 3 4 3 1 2 2 3 3 04 3 2 2 3 2 2 2 3 2 3 2 2 2 3 3 4 2 2 2 3 2 2 3 2 2 2 3 05 2 2 3 3 2 1 2 3 1 3 2 3 1 2 4 3 3 4 4 1 3 4 2 3 1 2 4 06 4 4 2 4 2 1 1 2 2 4 3 2 1 2 4 3 4 4 4 2 3 4 1 2 3 4 2 07 3 3 2 3 3 1 2 2 3 2 3 2 1 3 2 4 4 3 2 2 3 3 1 2 3 2 3 08 2 3 3 2 3 2 4 3 3 2 1 2 2 2 3 3 3 4 3 2 3 4 1 3 3 3 4 09 2 2 1 3 1 4 4 1 2 4 1 2 2 1 2 4 1 2 3 2 3 4 1 3 2 1 4 10 4 3 3 1 1 3 1 2 4 1 1 1 1 2 4 2 1 4 4 1 4 1 1 4 1 1 4 11 3 4 2 2 3 1 1 3 3 4 1 3 3 4 3 3 2 3 4 2 3 3 2 4 1 3 3
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 81
Quadro B.3.2 Questões do CSAI-2 (continuação) N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
12 3 4 3 2 1 3 2 4 3 2 4 2 1 2 4 2 3 3 2 2 4 3 4 4 3 2 3 13 2 1 1 2 1 3 1 1 4 1 1 4 1 1 3 3 1 4 4 1 4 1 1 3 1 1 4 14 4 3 2 2 2 2 3 2 3 2 2 3 1 3 4 2 4 3 4 2 2 2 3 3 2 2 4 15 4 4 2 3 2 1 3 2 2 3 2 1 3 2 2 3 2 3 4 2 1 3 1 1 2 2 2 16 1 1 4 1 1 3 1 3 3 1 1 3 1 3 3 1 1 4 1 1 3 1 1 1 2 3 4 17 4 4 1 3 2 1 3 4 4 3 3 3 2 3 1 3 4 4 3 1 3 4 4 4 4 4 1 18 4 3 2 4 3 2 2 4 2 3 2 2 3 3 3 4 4 3 4 1 3 4 1 1 4 3 2 19 4 3 2 2 1 2 4 2 3 3 3 2 4 3 4 4 4 3 4 3 1 4 1 2 2 1 4 20 3 4 2 1 3 3 1 1 2 2 3 3 1 3 3 1 2 4 4 2 2 2 1 3 1 1 4 21 2 2 4 1 1 4 2 3 4 1 3 4 1 3 4 1 3 4 4 2 3 1 1 4 1 2 4 22 3 3 1 1 3 1 2 3 3 3 2 1 2 1 4 2 2 3 2 2 4 2 1 4 2 3 3 23 4 2 3 3 2 2 1 3 2 4 1 2 2 2 3 4 2 3 4 1 3 4 3 2 4 2 2 24 2 3 2 3 4 2 1 3 2 4 2 1 2 2 4 2 1 3 4 2 2 4 1 4 4 4 4 25 2 1 4 3 1 1 4 2 3 1 3 3 1 1 2 3 3 4 4 3 4 1 1 3 4 3 4 26 4 4 2 3 4 1 3 3 4 1 3 3 4 4 2 4 4 3 4 4 1 2 3 3 3 4 3 27 4 4 2 2 4 2 4 4 2 3 3 2 4 3 4 2 4 2 4 4 2 4 4 2 4 4 2 28 2 4 1 1 2 3 2 3 3 2 2 3 1 3 4 2 3 3 4 2 3 2 1 4 2 3 4 29 4 2 3 1 1 3 3 2 4 1 4 3 1 2 4 1 4 2 1 4 3 2 1 3 1 3 3 30 4 3 4 2 3 2 4 3 2 4 4 2 2 2 4 3 4 4 4 3 2 3 2 4 4 3 4 31 4 2 3 2 1 3 4 2 4 4 4 2 2 1 4 4 4 4 3 2 3 4 1 3 3 1 4 32 4 4 3 3 4 3 4 3 3 4 4 3 1 2 4 3 3 4 4 1 4 4 1 4 4 3 4 33 4 4 2 1 3 2 2 2 4 4 1 2 4 3 2 4 4 2 4 1 1 2 1 3 4 2 2 34 2 3 4 1 2 2 1 2 1 4 1 4 4 3 1 2 1 4 4 1 4 2 1 4 2 2 4 35 4 3 3 1 3 2 3 2 4 3 3 3 1 3 4 4 3 3 4 2 2 3 1 3 2 2 4 36 2 4 3 2 2 1 4 4 2 4 4 2 2 3 4 4 3 2 4 4 2 4 2 2 4 4 4 37 3 3 2 1 4 2 2 3 3 1 3 3 1 3 2 2 3 4 3 3 3 1 3 2 1 3 2 38 4 4 1 4 2 1 4 1 1 4 4 2 2 4 2 2 4 2 4 4 2 4 2 2 3 4 2 39 2 1 1 1 1 2 1 1 4 1 1 4 1 1 4 1 2 4 4 1 4 2 4 4 1 1 1 40 4 4 1 1 1 4 1 3 4 1 1 1 1 4 4 4 1 4 4 1 1 4 4 4 1 1 1 41 4 4 4 2 2 4 4 2 4 3 1 4 3 4 4 2 3 4 4 1 2 4 3 3 1 3 4 42 4 4 1 1 1 1 3 1 4 1 1 4 1 4 4 1 4 4 4 1 1 4 4 4 1 1 1 43 4 4 1 1 1 1 1 1 4 1 1 4 1 4 4 1 4 4 4 1 1 4 4 4 1 1 1 44 4 4 1 1 1 1 1 1 4 1 1 4 1 4 4 1 4 4 4 1 1 4 4 4 1 1 1 45 2 1 2 4 4 2 2 2 4 1 2 2 2 3 3 1 4 2 3 3 2 2 3 2 2 2 4 46 2 4 4 2 3 4 1 2 4 3 4 3 2 3 4 2 4 4 2 4 4 4 4 2 4 4 4 47 2 1 2 4 4 2 2 2 4 1 2 2 3 2 1 1 4 2 1 3 2 2 3 2 2 2 4 48 4 4 4 3 2 2 4 3 1 4 4 2 4 2 2 3 2 3 4 4 2 3 4 2 4 3 3 49 4 2 2 2 2 4 2 1 2 3 3 2 1 3 4 4 4 4 4 2 1 2 4 2 4 3 4 50 4 2 3 1 2 1 1 3 4 2 1 2 1 3 4 2 2 4 4 2 2 4 1 3 2 3 4 51 2 4 2 2 1 2 4 3 4 4 4 4 3 2 4 4 2 4 2 4 2 1 4 4 4 4 4 52 2 2 2 1 2 4 1 2 2 1 1 4 1 3 4 4 2 4 2 1 1 4 1 4 2 2 4 53 4 4 2 1 2 4 1 2 4 1 2 4 3 1 2 1 2 4 4 2 4 4 4 4 4 2 4 54 4 4 1 4 1 4 1 1 2 1 4 4 2 3 4 4 4 2 1 1 4 1 1 1 1 1 1 55 4 3 1 1 3 2 2 3 3 4 3 3 2 3 3 3 3 3 4 2 1 2 1 3 3 3 4 56 2 1 1 2 1 1 4 1 4 4 1 4 1 4 4 2 1 4 4 1 2 1 1 2 1 3 4 57 4 3 2 1 2 3 1 2 3 1 1 4 3 1 4 2 4 4 3 1 3 1 1 4 1 2 4
Ansiedade Prè-competitiva (Natação - Atletismo) 82
Quadro B.3.2 Questões do CSAI-2 (continuação) N l 2 3 4 5 6 7 8 9 10 li 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
58 4 3 2 3 3 3 2 3 3 2 4 3 2 2 4 3 1 4 3 3 2 2 4 4 4 3 4 59 4 1 3 4 2 2 4 1 4 1 2 4 1 3 4 4 2 4 4 2 4 2 2 2 2 2 4 60 4 2 1 2 2 2 1 2 4 1 2 4 2 3 4 1 2 4 4 4 2 2 1 4 1 1 4 61 2 2 4 1 3 4 2 2 4 2 2 4 2 3 2 2 2 4 2 3 2 1 2 4 2 2 2 62 4 4 1 1 2 3 1 2 3 3 1 3 2 2 3 1 3 3 3 1 3 3 1 3 3 1 3 63 4 3 2 1 2 1 3 2 4 3 2 4 1 4 2 2 4 2 2 3 2 2 3 4 4 3 4 64 2 1 2 1 2 2 2 2 4 4 2 2 1 3 2 2 2 4 1 2 2 4 2 4 1 2 4 65 2 4 2 1 2 2 1 2 2 1 2 4 1 3 4 4 4 2 4 4 4 4 2 4 1 4 4 66 4 4 2 3 4 4 2 4 4 2 1 4 3 3 2 3 4 4 4 2 1 1 4 3 2 3 4 67 2 3 1 4 3 4 3 2 3 4 3 3 1 3 4 3 4 4 4 4 4 3 1 3 4 1 3 68 4 2 2 1 1 4 2 2 4 2 3 4 1 3 4 3 2 4 4 2 3 2 1 4 1 2 2 69 2 2 2 1 4 4 1 4 4 4 4 4 1 1 4 1 3 4 4 2 4 4 4 4 3 2 4 70 2 1 1 1 1 4 1 1 1 1 1 4 1 1 4 2 2 4 4 1 4 1 4 4 1 1 4 71 4 4 3 1 2 4 4 4 4 1 3 4 3 4 4 1 4 4 4 3 2 4 3 4 3 4 4 72 4 4 2 1 4 1 1 3 2 2 4 2 3 4 1 4 2 3 4 4 4 2 4 2 2 2 3 73 4 1 4 1 3 2 1 1 4 1 4 4 1 4 4 1 1 4 4 4 1 1 1 4 2 1 4 74 1 2 1 1 2 4 1 1 4 1 1 4 1 4 4 1 2 4 4 1 1 1 1 4 1 3 4 75 2 3 1 2 1 2 2 1 1 3 1 2 1 2 3 1 4 4 4 1 2 3 2 4 2 3 3 76 4 1 2 1 4 4 4 4 2 1 2 4 1 1 4 1 2 4 4 2 4 4 1 2 2 2 2
Quadro B.3.3 Dimensões do CSAI-2 e Experiência Competitiva
N° A. cognitiva A. somática Autoconfiança Experiência
01 30 25 28 1 02 19 18 24 2 03 24 27 25 1 04 23 22 20 1 05 23 19 26 1 06 28 24 22 2 07 23 23 21 2 08 25 21 27 2 09 28 11 23 2 10 16 13 31 2 11 24 24 25 1 12 20 26 29 2 13 16 9 30 1 14 22 23 26 1 15 28 19 15 1 16 10 15 28 1 17 29 29 22 2 18 32 24 20 2 19 31 21 23 2 20 16 20 26 1 21 14 20 35 1
Quadro B.3.3 Dimensões do CSAI-2 e Experiência Competitiva (continuação)
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 83
N° A. cognitiva A. somática Autoconfiança Experiência
22 19 20 24 1 23 30 18 22 1 24 26 22 24 1 25 23 18 28 2 26 28 33 22 2 27 31 34 20 1 28 18 23 28 1 29 15 23 28 1 30 30 27 28 1 31 30 18 30 1 32 31 25 32 1 33 29 21 20 2 34 22 16 28 2 35 25 22 28 2 36 30 30 22 2 37 15 28 23 1 38 31 29 15 2 39 14 13 28 1 40 21 20 24 2 41 27 23 33 2 42 20 21 24 2 43 18 21 24 2 44 18 21 24 2 45 19 24 23 2 46 22 32 33 2 47 18 23 21 2 48 33 28 21 2 49 26 24 25 2 50 21 19 27 2 51 26 28 30 2 52 18 16 29 2 53 23 21 32 2 54 19 20 23 2 55 25 24 23 1 56 21 14 26 2 57 17 17 31 1 58 25 26 29 1 59 26 17 31 2 60 18 19 29 2 61 16 21 30 2 62 21 17 25 1 63 22 26 25 2 64 18 18 26 2 65 19 27 28 2 66 24 29 28 2 67 28 24 29 1 68 20 18 31 1 69 21 26 34 1
Ansiedade Pré-competiliva (Natação - Atletismo) 84