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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico
Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Jahder Zanetti Soares
Proposição de jogo didático para a fixação dos princípios evolutivos
Rio de Janeiro
2014
Jahder Zanetti Soares
Proposição de jogo didático para a fixação dos princípios evolutivos
Monografia apresentada ao Instituto de BiologiaRoberto Alcantara Gomes da Universidade doEstado do Rio de Janeiro, para obtenção do graude licenciatura em ciências biológicas.
Orientador: Prof. Dr. Diogo de Mayrinck
Rio de Janeiro
2014
CATALOGAÇÃO NA FONTEUERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC-A
Autorizo para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial deste projetofinal.
______________________________ ________________________Assinatura Data
Jahder Zanetti Soares
Soares, Jahder Zanetti.Proposição de jogo didático para a fixação dos princípios
evolutivos. / Soares, J. Z. – 2014. 54 f.Orientador: Mayrinck, D.Monografia (Licenciatura em ciências biológicas) -
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes.
1. Evolução (biologia) 2. Biologia -- estudo e ensino 3. Jogos -- estudo e ensino. I. Mayrinck, Diogo de. II Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Biologia Roberto Alcantra Gomes. III. Proposição de jogo didático para a fixação dos princípios evolutivos.
CDU 575.8:37.091.3
S676
Proposição de jogo didático para fixação dos princípios evolutivos.
Monografia apresentada ao Instituto de BiologiaRoberto Alcantara Gomes da Universidade doEstado do Rio de Janeiro, para obtenção do graude licenciatura em ciências biológicas.
Aprovada em 11 de Abril de 2014.
Banca Examinadora:_____________________________________________Prof. Dr. Diogo de Mayrinck - OrientadorInstituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes - UERJ
_____________________________________________Prof. Dr. Lúcio Paulo Crivano MachadoInstituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes - UERJ
_____________________________________________Prof.ª MSc. Débora de Aguiar LageInstituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira - CAp-UERJ
Rio de Janeiro
2014
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que me ajudaram, direta ou indiretamente, nodesenvolvimento deste trabalho e na minha formação acadêmica. Entretanto, dedico estaseção em especial àqueles cujas contribuições foram perceptivelmente importantes, sem asquais esta obra não teria alcançado a qualidade atual.
Em primeiro lugar, e de modo muito justo, agradeço ao meu orientador, Diogo deMayrinck, pelo seu apoio e atenção dados ao desenvolvimento desta composição. Sua ajudafoi especialmente importante nos últimos meses, quando necessitei com urgência da suacolaboração.
Devo agradecimentos também ao meu antigo orientador, Paulo Brito, por conduzir-meà paleontologia e à sistemática: ciências que me motivaram e me guiaram na elaboração dojogo aqui proposto.
Agradeço à minha outra antiga orientadora, Débora Lage, pelas oportunidades emaprimorar minha prática pedagógica e ao Lúcio Paulo, por ajudar-me sempre que precisei.
Entretanto, ao longo do desenvolvimento do projeto, aquela que mais me foi solícita,ajudando-me com testes e revisões, e obrigando-me a trabalhar quando eu não mais tinhavontade, foi Laís Radomski. Obrigado por estar sempre ao meu lado.
RESUMO
SOARES, Jahder Zanetti. Proposição de jogo didático para a fixação dos princípios evolutivos. 2014. 53 f. Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) - Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
A teoria que explica os mecanismos da evolução dos seres vivos, proposta por CharlesDarwin e Alfred Wallace na metade do século XIX, foi uma das principais influencias naconstrução do pensamento ocidental. Os avanços científicos provenientes desta teoria sãoperceptíveis em diversas áreas da ciência, e, como conseqüência, são inúmeros os benefíciosque esses trouxeram à sociedade. Áreas como a medicina, a agricultura, a conservação dabiodiversidade e as teorias a respeito da origem e desenvolvimento da humanidade são aprova disso. Devido a sua importância, a compreensão dos princípios evolutivos é essencial àreflexão crítica sobre o mundo onde vive o educando. Entretanto, muitos são os problemasque atingem o ensino destes conceitos, como a forma como eles são comumente trabalhadosnas salas de aula, separados de todos os outros assuntos, e as concepções distorcidas trazidaspelos alunos, como o caráter linear e progressista da evolução, sendo o homem o ápice desteprocesso. Observando tais problemas e considerando a importância da relação educador-educando e educando-educando, um jogo didático, associado a uma abordageminterdisciplinar, pode ser uma das formas de abrir espaço para uma aprendizagemsignificativa. Jogos são dinâmicos, divertidos e oferecem estímulos afetivos e criativos quepodem auxiliar no desenvolvimento de competências interpessoais do aluno. Além disso,oferecem um momento de aproximação entre educador e educando, decisivo naaprendizagem. Desta forma, neste trabalho apresenta-se um jogo didático com o intuito deauxiliar a construção dos princípios evolutivos na sala de aula. O jogo concilia conceitos deecologia e evolução para mostrar, através de uma simulação, de que maneiras as espécies semodificam e se diversificam ao longo do tempo geológico, e pode facilitar a compreensão dosalunos sobre o tema.
Palavras-chave: Ensino de evolução. Jogo didático. Ensino de ciências. Ensino de biologia.
ABSTRACT
SOARES, Jahder Zanetti. Proposition of an educational game for the establishment of evolutionary principles. 2014. 53 f. Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) - Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
The theory that explains how the living beings evolve through time, proposed byCharles Darwin and Alfred Wallace in the middle of the XIX century, was one of the maininfluences in the formation of Western thought. Scientific advances from this theory arenoticeable in many areas of science and, as a consequence, there are countless benefits thatthese advances brought to society. Areas such as medicine, agriculture, biodiversityconservation and theories about the origin and evolution of humanity are a proof of that. Dueto its importance, the comprehension of evolutionary principles is essential to criticalreflection on the world where the students live. However, there are many issues that affect theteaching of these concepts, such as how they are commonly developed in classrooms,separated from all other issues, and misconceptions brought by students, such as the linearand progressive nature of evolution, with man as the summit of this process. Observing theseproblems and considering the importance of teacher-student and student-student relationship,an educational game, associated with an interdisciplinary approach may be one way to makeroom for meaningful learning. Games are dynamic, fun and offer emotional and creativestimuli that can assist in the development of interpersonal skills of the student. In addition,they offer a moment of rapprochement between educator and student, which is decisive in thelearning process. Thus, this paper presents a didactic game with the intention of helping theconstruction of evolutionary principles in the classroom. The game combines concepts fromecology and evolution to show, through simulation, the ways in which the species change anddiversify over geological time, and can facilitate students' understanding of the topic .
Keywords: Teaching evolution. Educational game. Science education. Biology teaching.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IBGE –
OCEM –
PCN+ –
PCN –
PCNEM –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Orientações Curriculares para o Ensino Médio
Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais/ Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias.
Parâmetros Curriculares Nacionais/ Ciências Naturais
Parâmetros Curriculares Nacionais/ Ensino Médio
SUMÁRIO
1
1.1
1.2
1.3
2
3
4
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6
4.7
4.8
4.9
5
INTRODUÇÃO...............................................................................................
REVISÃO DA LITERATURA......................................................................
Importância da teoria da evolução para a ciência e a sociedade................
Ensino de evolução..........................................................................................
Jogos no ensino de ciências e biologia...........................................................
OBJETIVOS....................................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO……………………………………………
O jogo...............................................................................................................
Público Alvo.....................................................................................................
Número de jogadores e duração..................................................................
Regras..............................................................................................................
Condições de vitória e derrota.....................................................................
Aprofundamento na atividade proposta.....................................................
Pontos positivos..............................................................................................
Pontos negativos.............................................................................................
Comparação com outros jogos do tema......................................................
CONCLUSÃO................................................................................................
REFERÊNCIAS.............................................................................................
APÊNDICE A – Manual de regras..................................................................
APÊNDICE B – Tabuleiro completo..............................................................
APÊNDICE C – Tabuleiro dividido em partes...............................................
APÊNDICE D – Cartas características............................................................
APÊNDICE E – Cartas eventos......................................................................
APÊNDICE F – Fichas de populações e marcadores de novas espécies,
montanhas e rios...............................................................................................
APÊNDICE G – Planilha de espécies.............................................................
9
9
9
12
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22
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30
33
35
39
40
41
45
50
53
54
INTRODUÇÃO
1 - REVISÃO DA LITERATURA
1.1 - Importância da teoria da evolução para a ciência e a sociedade
A construção do pensamento ocidental contemporâneo, dentre outras fontes, tem como
uma das suas principais influências a teoria que explica a evolução dos seres vivos, proposta
na metade do século XIX por Alfred Wallace e Charles Darwin (DEWEY, 1910 apud
FUTUYAMA, 1986, p. 2). Ao apresentar um caráter revolucionário na época da sua
proposição, a teoria foi responsável por trazer ao estudo dos seres vivos duas novas
concepções filosóficas emergentes, antagônicas à visão de mundo que havia perdurado por
tanto tempo no ocidente. A primeira foi, o principio da mutabilidade do universo, o qual se
opunha à ideia da natureza estática, inalterada desde a sua criação perfeita por Deus. E a
segunda foi a noção de que os eventos naturais não dependem de uma finalidade, um
propósito, de modo que possam ser explicados através de causas materiais, inclusive a
diversidade de formas e funcionamentos dos seres vivos. Conjuntamente com outros grandes
pensadores do seu século, tais como Marx e Freud, Darwin foi uma das bases da ciência e do
pensamento mecanicista e materialista (FUTUYAMA, 1986, p. 2). Como já diziam filósofos
um século depois da publicação de A Origem das Espécies: “não existem ciências atuais,
atitudes humanas ou poderes institucionais que permaneçam não afetados pelas ideias que
foram cataliticamente liberadas pelo trabalho de Darwin” (COLLINS, 1959 apud
FUTUYAMA, 1986).
Não só nas fundações da ciência o pensamento evolutivo atua, suas colaborações são
inúmeras à ciência e à sociedade. Segundo Futuyama (2002), a biologia evolutiva, ciência que
estuda a história da vida e os processos que ocasionaram esta história, possui inúmeras
subdivisões, sendo responsável por estudar a evolução do comportamento, da ontogenia, da
genética, da morfologia e da fisiologia dos organismos, além de tentar estabelecer uma
sistematização da biodiversidade que revele as relações de parentesco dos grupos de seres
vivos.
9
Amorim (2002, p.15) aponta que a biologia pode ser fortuitamente dividida em duas
grandes áreas: a biologia geral e a comparada (ou biologia evolutiva). A primeira é
responsável pelo estudo dos processos biológicos isoladamente, tendo um caráter mais
descritivo. Em contrapartida, a biologia comparada busca uma compreensão do que originou
estes processos, sendo levada à comparação entre diferentes grupos de organismos na
tentativa de encontrar padrões de semelhanças e divergências entre os grupos. Como base
para toda a biologia comparada, está a teoria da evolução.
Entretanto, a teoria evolutiva aceita atualmente em muito se distingue das ideias
inicialmente propostas por Darwin, que, em sua época, não dispunha dos conhecimentos
necessários para explicar com clareza parte de suas alegações. Somente a partir da década de
1930, com as influências de outras áreas da ciência a teoria pôde ser reformulada no que
desde então foi chamado de Teoria Neo-darwinista. Em especial destaque, a genética
mendeliana foi responsável por explicar a transmissão de características dos seres vivos aos
seus descendentes, uma importante lacuna no trabalho inicial de Darwin (FUTUYAMA,
2002, p. 10).
Como consequência dos avanços científicos proporcionados pela teoria evolutiva, a
sociedade desfruta hoje de grandes benefícios nas mais diversas áreas (SANTOS, 2002, p.9).
Como alguns dos principais exemplos tem-se as contribuições para a medicina, na descoberta
das causas da taxa de determinadas doenças genéticas em populações, na detecção de padrões
nos agentes etiológicos e nos vetores de doenças infecciosas e na previsão do momento em
que uma droga se tornará ineficiente contra um patógeno (FUTUYAMA, 2002, p.20 - 24). Na
agricultura foi possível notar a importância de se manter a diversidade genética nas plantações
como forma de defesa contra pragas agrícolas, perceber que diferentes tipos de pragas
adquirem resistência contra os pesticidas químicos e selecionar espécies de insetos que podem
atuar no controle das pragas de uma plantação (Ibidem p.25 - 28).
Os conhecimentos adquiridos com base na teoria da evolução também têm sido usados
como ferramentas na descoberta de novas substâncias úteis à humanidade (FUTUYAMA,
2002). A sistematização dos organismos com base no seu parentesco pode determinar em que
grupos de seres vivos poderiam ser encontradas determinadas substâncias. Dessa forma,
Albuquerque & Hanazaki (2006), quando se referem à classificação de famílias ou gêneros,
citam ser determinante o conhecimento filogenético de um grupo para que se busque espécies
com um potencial fitoquímico semelhante. Como exemplo disso têm-se:
10
“(...) as espécies do gênero Bauhinia que possuem algumas substâncias químicas em comumcomo glicosídeos, triterpenos, lactonas e flavonóides (Silva; Cechinel Filho, 2002). (...)espécies do gênero Hypericum, notadamente H. perforatum L. Hipericina é um dosprincipais constituintes desta espécie, ao qual se reportam propriedades antidepressivas. (...)Entre as espécies brasileiras estudadas, H. caprifoliatum Cham. & Schltdl. também mostrouatividade antidepressiva (Daudt et al., 2000).” (Albuquerque & Hanazaki, 2006)
A conservação da biodiversidade, tema que hoje se encontra em destaque nos meios
científicos e no grande público, também herdou da biologia evolutiva importantes avanços.
Entre eles estão a delimitação de regiões com muitas espécies evolutivamente isoladas, a
identificação de espécies e populações geneticamente singulares, a determinação de tamanhos
mínimos para populações ecologicamente viáveis, a avaliação da vulnerabilidade à extinção
de diferentes espécies, entre outros (Ibidem, p. 29 - 31; VASCONCELLOS, 2007).
Os estudos evolutivos têm sido promissores no que diz respeito à evolução humana.
Questões como a história, a diversidade, o comportamento e a cultura são alvos de uma nova
ótica com base na evolução. Um exemplo muito marcante é a concepção que se tem
atualmente sobre origem evolutiva do Homo sapiens, baseada nas similaridades encontradas
com alguns macacos africanos (FUTUYAMA, 2002; RAAUN et al, 2004; ROKAS &
CARROLL, 2006). Esta concepção por si só já revoluciona toda a forma de compreender a
realidade, colocando os humanos lado a lado com as outras espécies viventes.
Pode-se ver que o darwinismo abriu muitos caminhos para a ciência, que na sua
definitiva maioria foram indubitavelmente benéficos à sociedade. Apesar disso, nem toda a
sua herança foi construtiva à humanidade. Durante a segunda metade do século XIX e o
século XX, as ideias evolutivas foram muito empregadas na elaboração de teorias raciais
discriminatórias, que causaram grandes prejuízos sociais. Como exemplo disso tem-se, entre
outros modelos, a eugenia, que consistiu na tentativa de determinar um conjunto de fatores de
natureza social que influenciavam as qualidades raciais das populações humanas, buscando,
desta forma, a promoção de sociedades com indivíduos “melhores” por meio de controles
sociais. Desta forma, comportamentos humanos desviantes do estabelecido padrão eram
atribuídos à hereditariedade e, portanto, às origens raciais. Tais concepções, apesar de
desastrosas, possuem um importante valor histórico, pois a antropologia surge neste contexto
com o evolucionismo social, ideia de que as sociedades possuem uma evolução direcional,
tendendo às características dos povos europeus (SCHWARCZ, 1996).
Da mesma forma que a evolução sustentou ideologias racistas, embora neste caso a
teoria tenha sido geralmente deturpada pelos preconceitos e interesses da época, os estudos
evolutivos forneceram dados que hoje respaldam os argumentos levantados contra o racismo e
outras formas de preconceito (FUTUYAMA, 2002).
11
Outro assunto polêmico em que a evolução é usada como respaldo são as alegações
feitas a respeito da natureza humana. Neste caso, o objetivo se resume em descobrir quais
padrões de comportamento são naturais na espécie humana, sendo originados da sua
evolução, quais são influenciados pela cultura e quais resultam de ambos os processos
(FUTUYAMA, 2002). Uma questão ainda muito controversa sendo muito passível de ser
influenciada pelas opiniões políticas.
Desta forma, as influencias da teoria evolutiva ultrapassam as esferas intelectuais,
abrangendo o grande público através de filmes, livros, revistas, brinquedos, exposições em
museus, notícias sobre novas descobertas fósseis ou sobre a evolução e o comportamento
humano (FUTUYAMA, 2002). Pode-se ver, portanto, que de uma forma ou de outra, a teoria
de Darwin, ou os conhecimentos consequentes da sua teoria, estão presentes em toda a
sociedade, sendo inevitável a sua associação com a educação.
1.2 - Ensino de evolução
Devido à grande importância que a teoria da evolução desempenha na sociedade,
percebe-se que o seu aprendizado desempenha um papel fundamental na formação crítica do
estudante, preparando-o para enfrentar questões contemporâneas de grande importância.
Como exemplo tem-se a conservação da biodiversidade, as transformações ambientais e o uso
indiscriminado de antibióticos; temas intimamente ligados à teoria evolutiva. Portanto, para a
resolução de problemas concretos e para a compreensão e análise do meio em que se vive, os
conceitos da teoria evolutiva se fazem necessários (OLIVEIRA & BIZZO, 2011).
Por este motivo, a teoria da evolução compõe o currículo básico das aulas de ciências
e biologia. A abordagem deste conteúdo é sugerida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental (PCN) (BRASIL, 1998, p.72) e Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) (BRASIL, 2000, p. 16), com os seus devidos
aprofundamentos e adaptações mediante aos diferentes públicos. No ensino fundamental, o
tema é proposto para o terceiro e o quarto ciclos apenas (6º ao 9º ano).
Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) (BRASIL, 2006,
p. 22), o ensino de evolução possui um caráter estruturador dentro da disciplina de biologia,
sendo descrito da seguinte forma:
12
“Um tema de importância central no ensino de Biologia é a origem e evolução da vida.Conceitos relativos a esse assunto (evolução) são tão importantes que devem compor nãoapenas um bloco de conteúdos tratados em algumas aulas, mas constituir uma linhaorientadora das discussões de todos os outros temas.” (BRASIL, 2006, p. 22)
A evolução biológica é contemplada especificamente pelo bloco temático de número
seis do PCN+ Ensino Médio, sendo chamado de “Origem e Evolução da Vida” (BRASIL,
2002, p. 41). Apesar disso, ela deve estar presente em todos os outros blocos; não de modo a
diluir a sua abordagem, mas de forma a articular todos os outros conteúdos da biologia
(BRASIL, 2006, p. 22).
Com base no exposto, os principais documentos curriculares referentes ao ensino de
biologia, relativo, sobretudo, ao ensino de evolução, desempenham um bom papel,
reconhecendo a importância desta teoria na educação básica (TIDON & VIEIRA, 2009).
Entretanto, as dificuldades em se ensinar evolução não são poucas, visto que a aceitação deste
assunto pelos alunos tende a ser menor do que a de outros conceitos (OLIVEIRA & BIZZO,
2009).
Em dezembro de 2004, foi realizada uma pesquisa pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) na qual se propunha saber como o brasileiro interpreta o
surgimento do Homo sapiens na Terra. Entre os dois mil entrevistados nas cinco regiões do
país, 31% acreditavam que os humanos surgiram na Terra há menos de 10.000 anos, sendo ele
criação direta de Deus, 54% disseram que o homem surgiu da evolução através de milhões de
anos tendo Deus planejado todo o processo, 9% pensavam que o homem surgiu da evolução
através de milhões de anos, mas que Deus não tinha nenhuma relação com isso; 6% não
quiseram opinar. Dentre os entrevistados, 89% acreditavam que o criacionismo, concepção de
que a espécie humana foi criada diretamente por Deus – deveria ser ensinado nas escolas
(LOVATI, 2006).
Esta pesquisa mostra dados semelhantes a outros estudos destinados à concepção dos
alunos como Oliveira & Bizzo (2011) e Costa, Melo & Teixeira (2009). Estes trabalhos
mostram que a não aceitação da teoria da evolução está muito associada às crenças religiosas.
Mesmo quando aceita a proposta de que as espécies de seres vivos sofrem modificações ao
longo do tempo, a extensão dos conceitos evolutivos para as populações humanas geralmente
causa uma maior aversão à teoria.
A dificuldade em aceitar a evolução como processo gerador da biodiversidade pode
resultar da compreensão incompleta ou equivocada dos seus conceitos. Deste modo, um
espaço se abre para que o indivíduo faça sua própria construção do tema, mesclando conceitos
científicos e religiosos (WAIZBORT, 2001 apud COSTA, MELO & TEIXEIRA, 2009).
13
A partir disso, pode-se inferir que a negação ou a distorção da teoria da evolução parte,
na maioria dos casos, das influências sociais e culturais do ambiente onde o educando vive,
associada a sua identificação com a religião (OLIVEIRA, 2009). Como estas influências
pertencem à esfera privada da vida do estudante, o ensino de evolução há de conviver com
elas, e deverá encontrar algum modo de contornar os problemas por elas ocasionados. De
alguma forma, o educador deve tornar claro como ocorre o processo evolutivo e de que forma
sua teoria influencia a sociedade.
Muitos são os fatores que dificultam a compreensão dos princípios evolutivos. Dentre
eles estão as noções trazidas pelos alunos antes da abordagem do tema pelo professor. Estas
noções geralmente estão tão fortemente enraizadas no pensamento dos alunos que se torna
difícil fazê-los abandonar suas antigas concepções e compreender corretamente o fenômeno
biológico (BISHOP & ANDERSON, 1990 apud TIDON & LEWONTIN, 2004).
O sentido dado à palavra adaptação é um exemplo claro desta dificuldade de
aproximar a visão dos alunos aos conceitos científicos. O significado do termo na biologia
evolutiva é confundido com o atribuído a ele na ecologia. A adaptação a nível individual é
estendida às populações, de modo similar à explicação lamarckista para as mudanças nas
espécies de seres vivos (DEMASTES et al., 1995 apud TIDON & LEWONTIN, 2004).
Discursos como este, na qual as espécies se modificam para atender as necessidades
provocadas pelas variações ambientais, são comumente difundidos, sendo encontrados
inclusive em grandes meios de comunicação (VEJA, 2013)1.
A adaptação é também frequentemente entendida como uma forma de mensurar a
força, resistência e inteligência de um organismo, de modo que os “mais evoluídos” tendem a
possuir estes atributos (DEMASTES et al., 1995 apud TIDON & LEWONTIN, 2004).
Com base nisso, à evolução é atribuída uma noção de progresso, erro comumente
cometido por muitos alunos. Neste caso, as mudanças evolutivas tenderiam a causar um
aumento na complexidade das espécies, de modo que os grupos de organismos de história
mais recente seriam “mais evoluídos” do que os mais antigos.
Esta é uma ideia que permanece associada à evolução dos seres vivos desde os seus
primeiros pensadores. Embora Darwin tenha propositalmente evitado o uso da palavra
“evolução” em sua obra para evitar esta relação, alguns de seus contemporâneos e sucessores,
devido aos seus contextos históricos, valores e ideologias, agregaram à teoria da evolução um
1 Endereços eletrônicos de reportagens que apresentam os erros citados são:http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/atividade-humana-altera-evolucao-de-plantas-na-mata-atlantica (Acesso em 07/06/2013)http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/hobbits-da-ilha-de-flores-teriam-encolhido-para-sobreviver(Acesso em 07/06/2013)
14
caráter progressista. Apesar de atualmente a maior parte dos biólogos negar esta relação com
a teoria, no discurso popular ainda se pode perceber traços que remetem à linearidade da
evolução biológica. (MEGLHIORATTI, BORTOLOZZI & CALDEIRA, 2005; OLEQUES,
SANTOS & BOER, 2011).
Da mesma forma que a evolução é erroneamente tida como um processo progressivo,
ao seu final a espécie humana é colocada, como o auge do desenvolvimento dos seres vivos.
Neste ponto de vista, toda a história da vida na Terra é analisada tendo o homem como seu
referencial (MEGLHIORATTI, BORTOLOZZI & CALDEIRA, 2005).
Além disso, a evolução biológica, por ser um processo que em geral é muito
demorado, pode dificultar a compreensão de alguns alunos.
Estas dificuldades e defasagens no ensino de evolução apenas se intensificam com a
forma como o tema é abordado: de maneira fragmentada de modo a compor apenas “um
capítulo a parte do conhecimento biológico” (MEGLHIORATTI, BORTOLOZZI &
CALDEIRA, 2005). Como já levantado pelas Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(BRASIL, 2006), a evolução deve articular-se com todos os temas da biologia, integrando-os.
Diante deste cenário repleto de dificuldades, o professor deve encontrar propostas
alternativas de ensino para melhor (re)construir os conceitos evolutivos com os alunos. Tidon
& Vieira (2009) reafirmam a necessidade de se estruturar toda a aprendizagem com base no
processo evolutivo sobre os seres vivos. Com esta intenção, diz:
“Para que aprender biologia não seja comparável a colecionar selos, os alunos devemaprender evolução ao longo da educação básica na forma de um longo argumento, com aspremissas antecedendo as conclusões num todo coerente que tem seu desfecho nacompetência de compreender Darwin, Alfred Wallace e um panorama geral da sínteseneodarwinista.” (TIDON & VIEIRA, 2009)
Assim, para demonstrar como seria possível uma abordagem ampla e unificadora, os
autores formulam uma possível distribuição dos conteúdos ao longo de toda a educação
básica, de modo a construir os significados por traz da teoria evolutiva desde as séries iniciais
do ensino fundamental.
Santos & Calor (2007) propõem que o ensino de evolução, e consequentemente o de
biologia como um todo, deve ter como base a estrutura conceitual da sistemática filogenética.
Com o uso de cladogramas, mais facilmente seriam expostas a “natureza transitória das
teorias científicas” e a multiplicidade de ideias conflitantes dentro da ciência.
Já Corrêa e colaboradores (2011) propõe uma aproximação da evolução com a
ecologia, visando, assim como os trabalhos anteriores, evitar o reducionismo e a fragmentação
15
do ensino-aprendizagem de biologia. Sob sua ótica, consistiria um grande equívoco não
relacionar a evolução dos seres vivos aos seus habitats e nichos, considerando as influências
que eles causam ao ambiente em que vivem, modificando-o.
As possíveis formas de abordagem do tema são inúmeras e constituem alternativas
valiosas ao modus operandi do professor. Não há um melhor modo de construir os conceitos
com os alunos, mas a multiplicidade das proposições enriquece a prática docente, pois
possibilita aos professores desenvolverem maneiras distintas de ensinar, que serão por sua vez
melhor adaptadas às diferentes situações encontradas nas salas de aula. Inclusive, o trabalho
docente pode ser baseado sobre dois ou mais enfoques.
Independentemente da abordagem pela qual se deseja trabalhar, a interdisciplinaridade
deve estar presente não só no discurso, mas também na prática diária do professor. Os
conceitos sobre os quais a teoria da evolução se sustenta são das mais variadas origens, tanto
de subáreas da biologia como de outras ciências. Portanto, para um real aprofundamento em
um tema de tamanha relevância para o ensino de biologia, é indispensável à interrelação das
diferentes matérias do currículo de ciências e de biologia.
1.3 - Jogos no ensino de ciências e biologia
A interdisciplinaridade é uma base importante para a construção de currículos e
atividades pelo professor, mas ela apenas não é o suficiente para resolver os problemas
descritos. Uma série de práticas e atitudes se faz necessária a uma mudança real no quadro do
ensino de evolução no Brasil.
“O processo de ensino-aprendizagem é bilateral, dinâmico e coletivo, sendo, portanto,
necessário que se estabeleçam parcerias entre o professor e os alunos e dos alunos entre si”
(BRASIL, 2002, p.55). O processo educativo depende fortemente dos laços afetivos entre
professores e alunos, especialmente quando os conceitos abordados encontram uma forte
resistência a aceitação por parte daqueles a quem se pretende ensinar. Um maior diálogo
discente-docente é imprescindível a esta causa, de modo que se construa a confiança do
estudante no professor, e que este conheça e valorize os conhecimentos prévios e pontos de
vista de seus alunos, até mesmo para melhor questioná-los e para melhor apresentar-lhes os
conceitos científicos.
16
Neste sentido, para a construção de uma relação mais dialógica, alguns tipos de
atividades diferenciadas podem ser de grande valia. Como exemplos de tais atividades pode-
se citar: a elaboração de experimentos, de debates, de seminários, de projetos e a aplicação de
jogos (BRASIL, 2002, p. 55-57). Sobre este último, é dito no PCN+:
“Os jogos e brincadeiras são elementos muito valiosos no processo de apropriação doconhecimento. Permitem o desenvolvimento de competências no âmbito da comunicação,das relações interpessoais, da liderança e do trabalho em equipe,utilizando a relação entrecooperação e competição em um contexto formativo. O jogo oferece o estímulo e o ambientepropícios que favorecem o desenvolvimento espontâneo e criativo dos alunos e permite aoprofessor ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensino, desenvolver capacidadespessoais e profissionais para estimular nos alunos a capacidade de comunicação eexpressão, mostrando-lhes uma nova maneira, lúdica e prazerosa e participativa, derelacionar-se com o conteúdo escolar, levando a uma maior apropriação dos conhecimentosenvolvidos.” (BRASIL, 2002, p. 56)
As atividades lúdicas têm a importante função de seduzir o aluno, podendo conduzi-
los a encontrar significação nos enunciados científicos. Isso ocorre, pois o jogo possibilita um
ambiente motivador para que o estudante desenvolva suas ideias prévias e reorganize-as em
direção ao conhecimento científico. O simples fato de os alunos se entusiasmarem ao serem
convidados a aprender de uma forma descontraída, interativa e divertida já favorece a sua
aprendizagem (SILVA, METTRAU & BARRETO, 2007; CAMPOS, BORTOLOTO &
FELICIO, 2003). Este fato se mostra de especial importância no caso da evolução biológica,
devido a sua rejeição por parte do alunado.
Além disso, por si só a prática do jogo já é educativa, uma vez que estabelece
situações que são capazes de estimular o pensamento de diversas formas à medida que gera o
envolvimento emocional do jogador. Assim como as atividades artísticas, ele forma um elo
integrador entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. (HAIDT, 2001 apud
NEVES, CAMPOS & SIMÕES, 2008).
É importante ressaltar, entretanto, a diferença entre a atividade lúdica educativa do
simples divertimento. Seu papel transcende prazer do envolvimento em atividades novas e
descontraídas. Jogo em si não é o fim, mas um meio pelo qual se pode conduzir um conteúdo
específico. É uma ferramenta didática de natureza lúdica com objetivos didáticos definidos
(KISHIMOTO,1996 apud COELHO et al., 2010). “A motivação adquire o sentido de
elemento constituidor e constituinte das ultrapassagens necessárias à apreensão dos conceitos
científicos na rede de significados de cada indivíduo” (SILVA, METTRAU & BARRETO,
2007).
Dessa forma, considerando o seu potencial, o jogo didático pode ser uma ferramenta
útil ao professor de ciências e biologia ao explorar a evolução biológica com os seus alunos.
17
Isto se mostra especialmente válido quando unido a uma abordagem interdisciplinar e que
valorize as concepções e motivações prévias dos estudantes.
Com base no que foi exposto, a teoria da evolução foi e tem sido fundamental à
construção da sociedade contemporânea, juntamente com os avanços científicos que, através
dela, puderam ocorrer (FUTUYAMA, 1986, p. 2; SANTOS, 2002, p.9). Sua compreensão por
parte dos cidadãos, por questões culturais, ideológicas e religiosas, é muito distante do que se
é aceito pelos cientistas, sendo necessário trazer à escola novas formas de se trabalhar com o
tema. Dentre as muitas alternativas possíveis, os jogos didáticos podem atuar como uma
ferramenta muito útil à prática docente, tendo em vista o seu enorme potencial. Assim sendo,
um jogo que trabalhe os conceitos evolutivos de uma forma interdisciplinar, pode trazer às
aulas de ciências e biologia experiências mais marcantes na vida dos alunos e uma melhor
relação destes com o seu professor, favorecendo a compreensão e aceitação da teoria da
evolução.
18
2 – OBJETIVOS
Objetivo Geral
Apresentar um jogo didático de fácil aplicação nas salas de aula, que facilite a
compreensão da evolução biológica através de uma simulação dos seus processos,
como, por exemplo: a aquisição de caracteres, a seleção natural, a modificação do
ambiente, o isolamento geográfico e a especiação.
Objetivo Específico
Discorrer sobre as possíveis formas de se utilizar o jogo em salas de aula, juntamente
com as suas potencialidades e limitações.
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3 - MATERIAIS E MÉTODOS
Em cada kit do jogo há:
1 Dado;
1 Manual de regras (APÊNDICE A);
1 Tabuleiro (42x60 cm) (APÊNDICE B e APÊNDICE C);
40 Cartas características (APÊNDICE D);
30 Cartas eventos (APÊNDICE E);
50 Fichas de população (10 de cada tipo) (APÊNDICE F);
20 Marcadores (10 de cada tipo) (APÊNDICE F);
2 Peças de montanhas (APÊNDICE F);
2 Peças de rios (APÊNDICE F);
6 Planilha de espécies (APÊNDICE G).
O material foi confeccionado artesanalmente com papel craft, folhas A4 (tabuleiro,
cartas). As fichas de populações, os marcadores, as montanhas e os rios podem ser feitas
através de papel colorido recortado ou outros materiais pequenos de formas e/ou cores
diferentes. No caso deste trabalho, todos estes componentes foram feitos com biscuit, para
uma maior duração. O mapa foi desenhado através dos softwares RPG Maker VX Ace2 e
Paint3.
Os números de cartas características e cartas evento podem variar de acordo com a
intenção do professor, podendo ele retirar aquelas que não lhe agradarem ou adicionar novas
de sua própria criação. Entretanto, sua quantidade padrão é 40 cartas de características e 30
cartas de eventos. Em geral, cada um desses baralhos possui duas cartas de cada tipo, com
exceção das cartas eventos “Mutação” e “Abundância de Alimentos”. Estas cartas, devido a
sua importância didática e estratégica, são encontradas no jogo seis e quatro vezes,
respectivamente. De qualquer forma, é importante que se mantenha um número de cartas
aproximado ou maior aos valores apresentados acima do jogo, para permitir uma variabilidade
adequada no seu aparecimento no jogo.
2 Disponível em: http://www.rpgmakerweb.com (Acesso em 07/03/2013)3 Disponível em: http://windows.microsoft.com/pt-br/windows7/products/features/paint (Acesso em 07/03/2013)
20
O tabuleiro poderia conter um número qualquer de tipos de ecossistema desejados,
assim como as características das espécies no jogo poderiam ser as mais diversas possíveis,
contemplando os mais variados grupos de organismos viventes e fósseis. Mas isto apenas
complicaria o desenvolvimento e a execução do jogo. Para delimitar melhor o universo
trabalhado no jogo, foram escolhidos 3 tipos de ambientes genéricos: florestas, desertos e
tundras. Da mesma forma, as características apresentadas nas cartas são geralmente
encontradas em vertebrados terrestres, devendo-se considerar que as espécies encontradas no
jogo pertençam a este grupo de organismo. Como o objetivo primário do projeto é trabalhar
os conceitos de seleção natural e especiação, o excesso e a grande diversidade de ambientes e
características não acrescentaria muito ao jogo, uma vez que estes são apenas exemplos
usados para o entendimento do processo da evolução biológica.
21
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 - O jogo
O material elaborado neste projeto conta com um manual de regras, um tabuleiro (42
cm x 60 cm), 20 tipo de cartas características, 12 tipos de cartas eventos, a planilhas de
espécies, as fichas de população e as representações de rios e montanhas, todos representados
na Figura 1 – Jogo Completo.
Figura 1 – Jogo completo.
A elaboração do jogo foi pensada de modo a atender tanto às necessidades do
professor em sala de aula (curta duração, potencial didático e fácil aplicação), como também a
ser divertido, mesmo fora de classe. Para tal, foi necessário criar regras que fossem simples o
suficiente para não tomar muito tempo da aula na explicação e no entendimento do jogo, e, ao
mesmo tempo, originais, pois se este trabalho tem por objetivo a elaboração de um produto,
este material didático deve ser inovador.
22
Dentre as muitas formas de abordagem do tema em um jogo didático, foi selecionado
o modelo de jogo-simulação, ou seja, a evolução biológica deverá estar simulada no jogo ao
decorrer da partida, mesmo que de maneira muito simplificada. O principal objetivo didático
da atividade é possibilitar a observação de representações de processos evolutivos pelos
alunos, de modo que estes possam compreender melhor o processo real.
Como a evolução dos seres vivos é dependente de vários fatores de diferentes ordens,
foi necessária a interdisciplinaridade para o desenvolvimento do jogo. Em uma mesma
partida, diversos conteúdos deverão estar representados, tais como as adaptações aos biomas,
relações ecológicas, isolamento geográfico, especiação, seleção natural, entre outros.
A proposta apresentada se baseia em uma simulação dos processos evolutivos, tanto
biológicos como climáticos e geológicos. Para isso, pensou-se em elaborar um jogo de
tabuleiro, na qual peças e casas pudessem representar populações e ecossistemas,
respectivamente. Tendo isso em consideração, de um modo geral, o jogo se baseia em um
mapa onde estarão representados os diversos habitats possíveis para os seres vivos. Neste
cenário, estarão alocadas as populações de diferentes espécies e em cada ambiente as
diferentes espécies estarão sujeitas à seleção natural de diferentes formas. As populações
também podem acabar sujeitas a modificações genéticas, gerando novas espécies ou
simplesmente modificando as já existentes. Cada espécie deverá possuir um conjunto de
características, lhes proporcionando vantagens ou desvantagens em determinados ambientes e
contra eventos específicos que venham a ocorrer no jogo.
Sendo assim, propõe-se abordar a maior parte dos conteúdos necessários a
compreensão da evolução biológica através das regras do jogo, juntamente com pequenos
textos e uma análise coletiva dos eventos ocorridos na partida.
4.2 – Público alvo
Apesar de a evolução biológica ser tratada também no ensino fundamental, é no ensino
médio que se é dado um maior foco no tema. Por este motivo, o jogo foi programado para o
ensino médio. Como o jogo trata de questões ecológicas como biomas, adaptações dos seres
vivos aos diferentes ambientes e relações ecológicas, o ideal seria que a turma a que se propõe
aplicar o jogo já possuísse tais conhecimentos da ecologia.
23
4.3 – Número de Jogadores e Duração
O jogo pode comportar de 2 a 5 jogadores por tabuleiro, devendo o professor elaborar
um número de tabuleiros de acordo com o tamanho de sua turma. A atividade dura em média
30 minutos.
4.4 – Regras
As regras aqui descritas apresentam grande profundidade, com mais análises sobre o
tema. Entretanto, para que se aplique o material aqui proposto em sala de aula, um manual
compacto foi preparado sendo encontrado no APÊNDICE A. Lá, encontram-se todas as
regras básicas para se iniciar o jogo. Todavia, para o melhor uso do jogo pelo professor, aqui
serão discutidas não só os princípios básicos para se jogar, mas também a forma com que
estas regras influenciarão no desenvolvimento do jogo.
Ao iniciar uma partida, cada participante deve escolher uma das cores presentes nas
fichas, de modo que ele será responsável pela espécie biológica representada por aquela cor.
Cada jogador possuirá uma Planilha de Espécies, onde ele deverá escrever as informações
sobre a sua espécie. Existem 3 tipos de informações que serão necessárias sobre cada espécie:
1 – Nome da espécie; 2 – Características da Espécie e 3 – Quantidade de Pontos de Adaptação
que a espécie possui em cada tipo de ambiente.
O nome da espécie é fictício, portanto, cabe ao aluno inventá-lo. Abaixo do nome,
estão as características daquela espécie. Sempre que uma espécie adquire uma nova
característica, ela deve ser escrita neste espaço. No inicio do jogo cada jogador deve comprar
três cartas-características aleatoriamente do baralho. Estas três serão as características iniciais
da sua espécie. É importante que os jogadores mantenham as cartas-características consigo
para que possam conferir os seus efeitos ao longo da partida.
Após estabelecer quais serão as suas características, o jogador deve somar todos os
pontos de adaptação que cada carta confere a sua espécie. Estes valores estão representados na
parte inferior da carta do seguinte modo: um quadrado castanho representando os desertos,
um verde representando as florestas, e um azul representando as tundras. Ao lado de cada
24
quadrado, um número diz quantos pontos de adaptação aquela carta confere à espécie, sendo
que este valor pode ser negativo. Quanto maior o número de pontos de adaptação que uma
espécie possui em um bioma, maiores as chances de ela sobreviver naquele tipo de ambiente.
Isso ocorre, pois estes pontos servirão como base para determinar os efeitos de algumas
Cartas Eventos no decorrer do jogo.
Como ao longo do jogo é possível que se obtenha novas espécies, através das cartas
evento “Mutação”, apenas o espaço identificado como “Espécie 1” deve ser preenchido, de
modo que os outros sejam guardados para possíveis espécies posteriores.
Após a planilha da primeira espécie ter sido preenchida, cabe aos jogadores
posicionarem as suas fichas de população no tabuleiro, sendo que uma ficha de população não
pode ocupar o mesmo espaço de outra ficha da mesma espécie. Populações de espécies
diferentes não sofrem com este problema, mesmo se forem duas espécies do mesmo jogador.
Cada jogador inicia o jogo com 5 (cinco) fichas de população, sendo estas as representações
das populações da sua espécie no tabuleiro.
Antes de começar o jogo, cada jogador deve comprar 2 (duas) cartas eventos e mantê-
las na sua mão, não as revelando aos outros.
Usando um dado, os jogadores podem definir a ordem dos turnos. Aquele que tirar o
maior número começa. No caso de empate, os empatados devem rolar o dado novamente. A
ordem a partir daí segue o sentido horário, independentemente do valor tirado pelos outros
jogadores.
Tendo-se iniciado o jogo, na vez de cada jogador, ele deve escolher entre: receber uma
ficha de população para cada espécie que possui ou comprar uma carta evento. Caso ele
escolha a primeira opção, as fichas deverão ser posicionadas em uma casa interligada a outra
que já possua uma população da mesma espécie. Isso estará representando a expansão dos
limites territoriais da população mais antiga. Caso ele deseje comprar uma carta evento, ele
deverá escolher uma das cartas de sua mão, incluindo a recém comprada, e usar naquele
turno. Quando usada, a carta evento é descartada, retornando ao final do seu respectivo
baralho.
Os eventos representam qualquer tipo de ocorrência com efeitos de longa duração no
tempo, representado pelo turno do jogador (em média, 10.000 anos). Eventos podem ser
quedas de meteoritos, soerguimento de montanhas, surgimento de rios, mutações e fixação de
novas características em uma espécie, chegada de novos competidores, entre muitos outros.
Embora algumas cartas evento permitam que o jogador escolha como será o seu efeito, elas
nunca podem ser descartadas sem terem sido usadas.
25
A maioria dos eventos serve para que o jogador tente destruir as populações dos seus
oponentes. Como exemplos têm-se a queda de meteoritos, o surgimento de novos
competidores, mudanças climáticas, escassez de alimento, entre outros. Neste caso, o evento
apresenta um valor de dificuldade, apresentado na parte inferior. Este valor representa o
número mínimo que o jogador afetado deve tirar em uma rolagem de dado, somada aos
pontos de adaptação da população no ambiente e nas condições em que ela se encontra. Caso
o resultado obtido supere a dificuldade do evento, nada acontece às populações afetadas, caso
contrário, as populações envolvidas saem do jogo.
Um evento de extrema importância para o jogo é a “Mutação”. Quando um jogador
usa esta carta, ele deve comprar uma carta característica e, após a compra, escolher uma
dentre duas opções: 1 – Manter a característica daquela carta em um grupo de populações
interligadas entre si; ou 2 – retirar uma característica já possuída de um grupo de populações
que esteja interligado. Com isso, sempre haverá algum tipo de modificação ao final deste
evento, seja com a aquisição ou com a perda de uma estrutura. Caso o evento ocorra em todas
as populações da espécie, a espécie como um todo se modificou sem o surgimento de novas.
No caso de apenas uma parte das populações apresentar alguma mudança, haverá o
surgimento de uma nova espécie no jogo. Nesta situação, o jogador passa a possuir uma
espécie a mais, devendo preencher a “planilha de espécies” com as informações desta nova.
Além disso, como os pinos de populações de um jogador possuem sempre a mesma cor, para
identificar as diferentes espécies de um mesmo jogador é necessário que se marque as
populações que agora pertencem a outra espécie. Para isso, deve-se usar um marcador, que
pode ser uma pecinha menor ou um risco de lápis. Deste modo, as fichas marcadas
pertencerão a uma espécie e as não marcadas, a outra.
Nenhuma mudança na sequência dos turnos será feita com a aquisição de uma nova
espécie. Entretanto, é vantajoso manter o maior número de espécies possíveis, pois, ao se
escolher ganhar novas fichas ao invés de comprar uma carta evento, cada espécie diferente
concede 1 (uma) ficha ao jogador. Além disso, espécies diferentes, por terem características
diferentes, podem estar mais adaptadas a diferentes biomas ou eventos, o que torna mais
difícil de todas as populações do jogador serem extintas.
Alguns eventos podem modificar o cenário do jogo, com a inclusão de rios e
montanhas. Nestes dois casos, as populações não poderão cruzar estes obstáculos naturais a
menos que possuam as características “Natação”, para os rios, e “Vôo”, para ambos. Da
mesma forma, não é possível que novas populações surjam do lado oposto a um rio ou a uma
26
montanha em relação a outra população já existente, a menos que a espécie possua uma das
características mencionadas para cada caso.
4.5 – Condição de Vitória e Derrota
O principal objetivo do jogo é manter-se adaptado ao seu ambiente, de modo que o seu
número de populações aumente e que não se perca populações por extinção. Aquele que
conseguir colocar as dez fichas de população no jogo, somando todas as espécies que o
jogador controla, é o vencedor. Caso o tempo de jogo acabe antes de algum jogador conseguir
completar o objetivo, aquele com mais fichas de população ganha.
Caso um dos jogadores perca todas as suas fichas, ele sai do jogo.
4.6 – Aprofundamento na Atividade Proposta
O jogo se propõe a dar inicio a uma discussão a respeito do processo evolutivo, com
maior foco na seleção natural e na especiação, a partir de situações ocorridas no decorrer da
atividade. Como esta é uma simulação, o objetivo é que os alunos possam ver a evolução
ocorrendo, identificando os seus principais processos.
Obviamente, a complexidade dos eventos representados no jogo não se compara à
realidade, sendo esta uma simplificação com fins lúdico e didático. Desta forma, a discussão
não deve apenas evidenciar os fatos ocorridos no jogo, mas complementá-los e aprofundá-los.
A medida que o jogo vai se desenvolvendo, as populações tendem a se manter em
locais onde elas estão mais adaptadas, mesmo que de vez em quando elas possam colonizar
outras regiões. Neste caso, a chance delas serem extintas é muito maior. Isso ocorre, pois a
quantidade de pontos de adaptação que uma espécie possui em um determinado bioma faz
com que ela seja bem ou mal sucedida naquele ambiente, devido aos eventos que venham a
ocorrer. Muitos eventos causam prejuízos sérios às populações com poucos pontos, como a
chegada de novos competidores, a falta de alimento, a competição com uma espécie de outro
jogador, podendo levar a extinção da população. Neste caso, os organismos mais adaptados
aos seus ambientes (mais pontos de adaptação), têm maior chance de sobrevivência e
27
perpetuação da sua espécie. Da mesma forma, alguns eventos concedem vantagens às
populações que estejam muito adaptadas aos seus ambientes, geralmente expandindo os seus
limites territoriais a partir da aquisição de novos pinos de população. Em ambos os casos, se
estará trabalhando com o conceito de seleção natural.
Entretanto, um dos momentos mais oportunos do jogo ocorre quando uma espécie
adquire uma nova característica, podendo ou não dar origem a outra espécie. Quando um
jogador compra a carta evento “Mutação”, ele deve escolher um grupo de fichas de população
que estejam interligados entre si para sofrer a modificação, representando que deve haver
troca de material genético entre os indivíduos envolvidos no processo. O jogador pode
escolher se ele deseja adicionar uma nova característica à espécie ou se ele deseja retirar
alguma que ela já possua. Neste caso, observa-se que as mudanças genéticas podem tanto
adicionar estruturas aos indivíduos de uma espécie quanto remover alguma já possuída. Caso
todas as populações de uma espécie estejam interligadas isso representará que todas elas
sofreram a modificação, sem que haja o surgimento de uma nova espécie. Isto caracteriza o
processo de anagênese. Caso um grupo e populações esteja isolado do outro, quando um deles
sofrer uma modificação, o outro permanecerá como era antes. Desta forma, há o surgimento
de uma nova espécie (a que sofreu a alteração) sendo caracterizado o processo de
cladogênese. Todos estes conceitos podem ser discutidos e aprofundados com os alunos,
incluindo princípios que não foram abordados, como as causas que geraram as modificação
nos indivíduos da espécie.
Caso o jogo não tenha terminado em um dos grupos, isso pode gerar a discussão sobre
o fato da evolução biológica ser um processo ininterrupto desde o surgimento da vida e que
ela ainda está em atuação. Mesmo que todos os grupos tenham conseguido finalizar o jogo
normalmente, com um vencedor possuindo dez fichas no tabuleiro, é importante atentar a esta
questão. A ideia é que, ao fim do jogo, pode-se observar que se não houvesse a pausa, o jogo
continuaria, da mesma forma como a evolução. Ou seja, a possibilidade de observar as
características e a distribuição das espécies ao final do jogo, é similar à oportunidade que se
tem de analisar as espécies atuais da Terra. Faz-se um corte temporal na história da vida para
se observar como são os seres vivos deste momento, mas as suas linhagens permanecerão no
planeta enquanto não forem extintas por processo de seleção natural.
As cartas características e as cartas eventos foram pensadas de modo a abordar
conceitos importantes para a compreensão da evolução biológica. As características,
considerando os pontos de adaptação que elas promovem, tendem a destacar conceitos
ecológicos como as diferentes formas de adaptação dos organismos aos diversos ecossistemas
28
e as relações ecológicas por eles estabelecidas. Já as cartas eventos, tendem a evidenciar
fatores, ecológicos, geológicos e climáticos relacionados a evolução, como a chegada de
competidores, o soerguimento de montanhas e mudanças climáticas, respectivamente. Do
mesmo modo, são os eventos que possibilitam uma melhor visualização da seleção natural
representada no jogo. Os efeitos observados na partida devem ser discutidos com a turma,
pois, sem uma análise conjunta com o professor, parte dos conceitos contemplados pela
atividade pode passar despercebida por alguns alunos
Além dos efeitos causados no jogo, as cartas apresentam uma breve descrição, de
modo a evocar os conceitos contidos nelas de maneira simplificada. Como exemplo disso há a
carta característica “Competição” que diz “A competição por recursos gera prejuízo para
ambas as espécies competidoras”. Com este texto, procura-se não só situar os jogadores no
que está ocorrendo no mundo do jogo, como também abordar de maneira sucinta diferentes
conteúdos, de modo a familiarizar os alunos com estes conceitos. Deste modo, a abordagem
do conteúdo é feita tanto direta como indiretamente.
4.7 – Pontos Positivos
O jogo apresenta uma abordagem diferente da maioria dos jogos didáticos encontrados
sobre o tema. A sua proposta de simular a evolução possibilita uma melhor visualização dos
processos evolutivos, sendo possível a abordagem do tema sobre o que pôde ser observado
durante o jogo. Suas cartas, por possuírem descrições e nomenclaturas científicas, permitem
uma melhor familiarização com os termos e conceitos abordados no ensino de biologia.
Devido ao seu caráter estratégico, o jogo possibilita um trabalho lógico para se
alcançar os objetivos. Além disso, suas regras, apesar de não serem tão simples, não
apresentam um nível de complexidade tão alto a ponto de tornar inviável a sua utilização em
sala de aula, de modo que é possível familiarizar-se com elas em pouco tempo.
O jogo permite uma maior interação entre professor-aluno e aluno-aluno, devido à
descontração por ele ocasionada. Dessa forma, a abordagem do tema evolução, que não
raramente é rejeitado e/ou mal compreendido por alguns alunos, pode tornar-se mais
agradável, e por consequência, evitar a aversão de alguns deles.
O jogo é constituído por um conjunto de regras básico, entretanto os seus componentes
(mapa, cartas características e eventos) são extremamente adaptáveis. Se for do interesse do
29
professor trabalhar com outros grupos de seres vivos ou com outros tipos de ambientes basta
que ele elabore os itens do jogo para tal finalidade. Com isso, pode-se abordar as adaptações
das plantas aos diferentes climas ou as adaptações de animais aos diferentes ambientes
aquáticos.
Apesar de possuir muitas peças constituintes, a sua confecção é muito fácil, uma vez
que apenas com papel é possível fazer todos os itens do jogo.
4.8 – Pontos Negativos
Um único tabuleiro permite que apenas 5 (cinco) pessoas participem do jogo
simultaneamente. Se for da preferência do docente, pode haver um aumento no número
máximo de jogadores, mas se este número se elevar a sua dinâmica e ritmo podem ficar
comprometidos. Seria necessário, portanto, que houvesse mais de um jogo para que todos os
alunos pudessem participar da atividade ao mesmo tempo. Isso pode tornar a confecção do
primeiro conjunto de jogos uma tarefa mais custosa e desgastante do que outros tipos de
atividades lúdicas. Junto a isso, o grande número de peças dificulta a elaboração do material.
O jogo não apresenta alguns conceitos muito importantes no estudo da evolução, tais
como a origem da variedade entre organismos de uma mesma espécie e os movimentos
tectônicos que promovem a união e a separação dos continentes. Juntamente a isso, os
processos relacionados à evolução que são mostrados pelo jogo se encontram muito
simplificados. Estas ausências foram inevitáveis para a constituição do jogo, pois, para que se
tivesse um material mais completo, seriam comprometidas a simplicidade das regras, o seu
bom funcionamento do jogo e a facilidade em preparar o material. Entretanto, a proposta aqui
apresentada não se baseia apenas na utilização do jogo, mas também na discussão e
aprofundamento das questões abordadas por ele.
4.9 – Comparação com outros jogos do tema
Embora muitas propostas de atividades alternativas que tratassem da evolução
biológica tenham sido encontradas, apenas dois jogos destinados às salas de aula (BARBOSA
30
et al., 2012; GALVÃO et al., 2012) foram identificados sobre o tema, o que mostra que pode
haver espaço para mais propostas de natureza similar ao produto aqui apresentado.
Assim como o Jogo Evolutivo, ambos os jogos eram de tabuleiro. No primeiro jogo, o
objetivo era atingir o final do tabuleiro sendo que, conforme os pinos se moviam através das
casas, seus jogadores teriam que responder perguntas sobre o tema (BARBOSA et al, 2012).
Este tipo de abordagem não se assemelha tanto à proposta aqui apresentada, uma vez que ela
objetiva revisar os conteúdos, necessitando de um maior conhecimento prévio por parte dos
alunos. Da mesma forma, enquanto a atividade sugerida no presente trabalho requer um maior
aprofundamento do tema através da discussão guiada pelo professor, o jogo de perguntas e
respostas não necessita de nenhuma explicação posterior, uma vez que as explicações serão
dadas pelos alunos no próprio jogo.
O segundo jogo encontrado apresenta um conceito semelhante ao Jogo Evolutivo:
simular alguns processos evolutivos de modo que o professor possa aprofundá-los ao final das
partidas (GALVÃO et al, 2012). Entretanto, estes dois jogos apresentam algumas diferenças
marcantes.
Primeiramente, o jogo aqui desenvolvido apresenta escalas de tempo muito grandes
(dezenas de milhares de anos) e dá foco às populações de uma espécie ao longo do tempo
geológico. O jogo de Galvão et al.(2012) trabalha com escalas menores, simulando um grupo
de aves em migração, sendo cada jogador responsável por um indivíduo nesta viagem
representado por um pino. Ao longo da partida, os peões andam pelas casas conforme seus
resultados no dado seguindo uma trilha até o destino final do jogo. Neste caminho, eles
podem encontrar diversos eventos que os concedem benefícios ou malefícios. Aquele que
chegar ao fim com mais pontos (que no jogo são representados por número de filhotes) é o
vencedor.
Com isso, o período de tempo representado pelo jogo não passa de alguns anos e os
fatores de seleção abordados são bem distintos entre os jogos. Enquanto no jogo aqui proposto
alterações ambientais de longo prazo possuem maior destaque, no jogo de Galvão et al.
(2012) eventos breves como uma tempestade ou a perda da prole por predadores
desempenham o mesmo papel.
Estas diferenças, de certa forma, fazem com que os dois jogos se completem uma vez
que, os principais processos evolutivos que não são abordados em um dos jogos surgem no
outro com grande foco.
Os jogos, apesar de terem abordagens similares, possuem uma forma distinta de
execução. Enquanto aquele aqui sugerido possui uma natureza mais estratégica, com um
31
mapa livre sem pontos de partida e chegada, o outro jogo se tem a sorte como principal meio
para se atingir a vitória. Os pinos saem de uma casa inicial e devem chegar à outra, sendo que
aquele que conseguir mais pontos ao longo do jogo (representando a quantidades de filhotes)
será o vitorioso. A aquisição e manutenção dos filhotes se dão pela passagem dos jogadores
por determinadas casas.
32
5 – CONCLUSÃO
O ensino de evolução é acometido por variadas adversidades, tais como a aversão dos
alunos, fruto das suas crenças religiosas, a ideia de que a é evolução progressiva, tendendo ao
aumento da força, da resistência e da inteligência dos organismos, sendo os humanos o
estágio final do processo. Além disso, os conceitos errôneos difundidos pela mídia e outras
instituições e a maneira fragmentada como os currículos são geralmente abordados nas
escolas. Dentre estes, destaca-se aquele que depende quase exclusivamente do professor ou
dos coordenadores de disciplina da instituição: um currículo fragmentado, que distancia os
conteúdos a níveis quase incomunicáveis. Diversas propostas foram mostradas para
solucionar este problema (BRASIL, 2006; CORRÊA, et al., 2011; TIDON & VIEIRA, 2009;
SANTOS & CALOR, 2007), e, por mais variados que possam ser seus direcionamentos, todas
compartilham a crença de que um ensino deve ser pautado na interdisciplinaridade, sendo a
evolução a base para todo o ensino de biologia.
Sob esta ótica, aqui foi proposto um material didático que pretende auxiliar o professor
nesta tarefa de possível dificuldade. Jogo Evolutivo, um jogo que permite uma abordagem
diferenciada do tema, dando enfoque nos principais processos envolvidos na evolução
biológica. Considerando o poder das atividades lúdicas em promover uma aproximação
docente-discente, assim como a atrair a atenção dos alunos ao tema, a atividade aqui exposta
pode servir como uma importante ferramenta contra a aversão natural de alguns alunos pelo
assunto.
Da mesma forma, as interpretações equivocadas da evolução causadas pelas
influências extra-escolares, podem ser melhor esclarecidas com a visualização do processo de
uma forma simplificada e atraente. O jogo atua como uma grande analogia que objetiva
aproximar a concepção dos alunos às noções científicas estabelecidas.
Entretanto, como qualquer tipo de atividade de mesma natureza, o jogo deve vir
acompanhado de outras formas de abordagem. E para um melhor aproveitamento da
ferramenta, devem ser promovidas discussões sobre o que pôde ser observado nas partidas,
para que, assim, as correlações entre o jogo e a realidade sejam estabelecidas.
Não se pretende aqui propor uma nova forma de explorar a evolução biológica com
todas as suas nuances na sala de aula, e nem interligá-la aos outros temas de uma forma mais
sólida. O Jogo Evolutivo exclusivamente não resolverá os problemas ainda discutidos sobre o
33
ensino de evolução, mas a sua utilização se mostra uma alternativa viável e competente
quando associada a outras práticas docentes.
Assim, tendo visto o seu potencial, só se pode esperar que atividades como a aqui
apresentada tomem seu lugar de destaque nas salas de aula.
34
REFERÊNCIAS
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38
39
APÊNDICE A – Manual de regras
40
APÊNDICE B – Tabuleiro completo
41
APÊNDICE C – Tabuleiro dividido em partes
Parte superior esquerda.
42
Parte superior direita.
43
Parte inferior esquerda.
44
Parte inferior direita.
45
APÊNDICE D – Cartas características
Vôo
Voando, pode-se viajar para
outras áreas mais facilmente.
Efeito
• Você pode colocar
populações do outro lado de
rios e montanhas.
• Você pode colocar novas
populações em áreas a duas
casas de distância de outra
população já existente.
0 0 0
Toca Subterrânea
Viver em tocas é uma
proteção contra predadores e
contra o calor.
+2 +1 0
Seleção Sexual
Na reprodução, alguns
animais devem conquistar
seus parceiros, de modo que
apenas os melhores deixam
seus descendentes.
Efeito
• Se um evento pedir que
você role um dado para que
a sua população sobreviva,
jogue dois dados e fique com
o maior resultado.
0 0 0
Cobertura Contra o Frio
Pelos e penas podem ajudar
a manter a temperatura em
ambientes frios.
Efeito
-2 0 +2
46
Camuflagem
Você possui forma e/ou
coloração que o fazem ser
confundido com o ambiente.
Efeito
• Escolha um tipo de
ambiente. Você recebe +2 de
Adaptação neste ambiente e
-1 nos outros.
- - -
Natação
Você pode de se movimentar
através da água.
Efeito
• Você pode colocar novas
populações do outro lado de
rios.
0 +1 +1
Hibernação
Dormindo durante certo
período do ano, evita-se
desperdícios de energia pela
redução do metabolismo.
Efeito
•Você recebe +1 Ponto de
Adaptação contra Escassez
de Alimento.
0 0 +2
Hábitos Noturnos
A saída do refúgio em busca
de alimentos e parceiros
sexuais só ocorre à noite.
Efeito
•Você recebe +1 Ponto de
Adaptação contra Novos
Predadores.
+1 0 -2
47
Excretas Concentradas
A urina muito concentrada
diminui a perda d’água.
Efeito
+2 0 0
Visão Colorida
Distinguindo cores, pode-se
perceber o aposematismo de
certos animais e/ou a
coloração de flores e frutos.
Efeito
0 +2 0
Fezes Secas
Fezes muito secas diminuem
a perde d’água do animal.
Efeito
+2 0 0
Coloração Aposemática
Uma cor forte permite que os
predadores evitem atacá-lo
pelo risco de você possuir
algum veneno ou gosto ruim.
Efeito
-1 +2 -1
48
Onivoria
Sua fonte de alimento pode
ser tanto animal quanto
vegetal.
Efeito
•Você recebe +2 Ponto de
Adaptação contra Escassez
de Alimento.
0 0 0
Hermafroditismo
Produzir gametas femininos
e masculinos aumenta as
chances de sucesso
reprodutivo.
Efeito
• Sempre que você ganhar
uma nova população, você
ganhará outra extra.
0 0 0
Mutualismo
Quando dois animais se
ajudam mutuamente sua
chance de sobrevivência
aumenta.
Efeito
• Escolha uma espécie sua e
uma de outro jogador.
• Quando estas espécies
ocupam a mesma casa,
ambas recebem +1 Ponto de
Adaptação.
0 0 0
Competição
A competição por recursos
gera prejuízo para ambas as
espécies competidoras.
Efeito
• Escolha uma espécie sua e
uma de outro jogador.
• Quando estas espécies
ocupam a mesma casa,
ambas recebem -1 Ponto de
Adaptação.
0 0 0
49
Corpo Avantajado
Um corpo grande te protege
de predadores, mas dificulta
a sua locomoção.
Efeito
•Você recebe +2 Pontos de
Adaptação contra Novos
Predadores.
0 -2 0
Homeotermia
Sua temperatura corporal
não varia de acordo com o
ambiente.
Efeito
• Você recebe +1 Ponto de
Adaptação contra Mudanças
Climáticas.
0 0 +2
Carapaça
Carapaças rígidas servem
como proteção contra
predadores.
Efeito
• Você recebe +1 Ponto de
Adaptação contra Novos
Predadores.
0 0 0
Organização em Sociedade
Em espécies que vivem em
sociedades, os indivíduos
dividem as suas tarefas e
são interdependentes.
Efeito
• Se um evento pedir que
você role um dado para que
a sua população sobreviva,
jogue dois dados e fique com
o maior resultado.
50
APÊNDICE E – Cartas eventos
Mutação
Mudanças evolutivas em
uma espécie podem gerar
linhagens de seres vivos
diferentes..
Efeito
• Compre uma característica.
• Escolha uma população. Ela e
todas as populações adjacente
da mesma espécie adquirem
esta característica ou perdem
uma que já possuam.
• Descarte a característica, se
não a tiver usado.
Soerguimento de Montanhas
Movimentos das placas
tectônicas e outros eventos
geológicos podem gerar
montanhas.
Efeito
• Coloque uma montanha entre
duas casas à escolha.
• Populações não podem cruzar
montanhas e novas populações
não podem surgir do outro lado
de uma montanha.
Formação de Rios
Rios podem formar barreiras
geográficas para muitos
animais.
Efeito
• Coloque um rio entre duas
casas à escolha.
• Populações não podem cruzar
rios e novas populações não
podem surgir do outro lado de
um rio.
Queda de Meteorito
A queda de um meteorito
pode causar um grande dano
aos ecossistemas.
Efeito
Dificuldade: 10
51
Novos Competidores
Algumas vezes, novos
competidores podem causar
prejuízo a sobrevivência de
uma população.
Efeito
Dificuldade: 5
Novos Predadores
Algumas vezes, novos
competidores podem causar
prejuízo a sobrevivência de
uma população.
Efeito
Dificuldade: 4
Erupção Vulcânica
Quando um vulcão entra em
erupção, pode causar
grandes danos ambientais.
Efeito
• Apenas casas próximas à
vulcões podem ser
escolhidas para este evento.
Dificuldade: 8
Erosão e Sedimentação
A erosão pode degradar
rochas e a sedimentação
pode soterrar rios.
Efeito
• Retire uma montanha ou
um rio de jogo.
52
Escassez de Alimento
Mudanças ambientais podem
gerar a escassez de alimento
em uma região.
Efeito
Dificuldade: 6
Mudanças Climáticas
Algumas espécies não
toleram grandes mudanças
climáticas.
Efeito
Dificuldade: 7
Abundância de Alimentos
As populações tendem a
crescer quando ela tem
muitos alimentos disponíveis.
Efeito
• Coloque 2 populações em
jogo para cada espécie que
possua
Congelamento/ Seca
Quando um rio seca ou é
congelado, é possível que as
populações o cruzem.
Efeito
• Nesta rodada todas as
populações podem cruzar os
rios.
53
APÊNDICE F – Fichas de populações, marcadores de novas espécies, montanhas e rios
Fichas de populações (coloridos, acima) e marcadores de novas espécies (pretos
e brancos, abaixo).
Montanhas.
Rios.
54
APÊNDICE G – Planilha de espécies
Espécie: ___________________________________________________ Espécie 1
Características
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Pontos de Adaptação
Floresta Deserto Tundra
Espécie: ___________________________________________________ Espécie 2
Características
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Pontos de Adaptação
Floresta Deserto Tundra
Espécie: ___________________________________________________ Espécie 3
Características
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Pontos de Adaptação
Floresta Deserto Tundra