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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I PEDAGOGIA – ANOS INICIAIS ISABEL REGINA TELES GOMES MÚSICA: A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL SALVADOR 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I

PEDAGOGIA – ANOS INICIAIS

ISABEL REGINA TELES GOMES

MÚSICA:

A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

SALVADOR 2010

ISABEL REGINA TELES GOMES

MÚSICA:

A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia – Anos iniciais do ensino fundamental, do Departamento de Educação, Campus I, da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da prof.ª Cláudia Santana.

SALVADOR 2010

FICHA CATALOGRÁFICA : Sistema de Bibliotecas da UNEB

Gomes, Isabel Regina Teles Música : a importância pedagógica para o ensino fundamental / Isabel Regina Teles Gomes . - Salvador, 2010. 566f. Orientadora: Profª. Cláudia Santana. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2010. Contém referências, apêndices e anexos. 1. Música. 2. Música - Instrução e estudo. 3. Ensino fundamental. 4. Professores - Formação. 5. Criança - Desenvolvimento. I. Santana, Cláudia. lI. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação. CDD: 780.7

ISABEL REGINA TELES GOMES

MÚSICA:

A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia – Anos iniciais do ensino fundamental, do Departamento de Educação, Campus I, da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da prof. ª Cláudia Santana.

APROVADO EM: 14/09/2010

BANCA EXAMINADORA

Profª . Cláudia Santana

Profª.

Profª.

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus por possibilitar a realização deste trabalho. Agradeço também a minha família em especial a meus pais pelos exemplos de carinho, amor e compreensão. A meu irmão Marcos pela torcida e incentivo. A todos os colegas de sala que se tornaram adoráveis amigos. Em especial a equipe Boutinet: Arianne, Jorge, Naiana, Nivia e Tauana. Em destaque a amiga Naiana, estivemos juntas durante todo o percurso desde a participação nas equipes de trabalho como também no ir e vir da faculdade, o meu muito obrigada! E por fim, a todos que direta ou indiretamente me influenciaram para conclusão deste trabalho.

“ A arte ainda se mostra primeiro” O Rappa

RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo discutir a importância da música no processo de ensino aprendizagem, seus benefícios para o desenvolvimento das crianças e a formação dos educadores para a educação musical. Inicialmente discorre sobre a história da música, sua origem e presença na vida do ser humano assim como o prestígio atribuído pelos povos antigos a esta. Aborda também sobre os conceitos de arte bem como suas contribuições teóricas no processo de educação escolar, na formação e atuação do educador musical. Destacando, por sua vez, a importância destes conceitos como aliados para o entendimento da música no desenvolvimento educacional da criança. O presente trabalho de caráter qualitativo, visa através do estudo de caso apresentar como ocorrem as práticas pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem auxiliados pela educação musical. Fizeram parte desta pesquisa, coordenadores, professores e alunos do Colégio Adventistas de Salvador (Nazaré). A partir dos fatos enfatizados nesta pesquisa, pode-se concluir que a inserção de uma educação musical faz com que ocorra um desenvolvimento tanto nos aspectos de ensino e aprendizagem quanto nos aspectos emocionais, afetivos e de comunicação. Palavras chave: Música, Desenvolvimento das crianças, Formação dos educadores.

ABSTRACT

This research aims to discuss the importance of music in the process of teaching and learning, its benefits for children's development and training of teachers for music education. Initially discusses the history of music, its origin and presence in human life and the prestige attached to it by ancient people. Another issue tackled in this research are the concepts of what is art as well as its theoretical contributions in the process of education, training and performance of the music educator. Stressing, in turn, the importance of these concepts as allies to the understanding of music in the educational development of children. This qualitative study aims through the case study presented as occurring in the pedagogical practices of teaching and learning process aided by the musical education. They were part of this research, engineers, teachers and students of the College Adventist Salvador (Nazareth). From the facts emphasized in this research, we can conclude that the insertion of a musical education makes a development that occurs in both aspects of teaching and learning about the emotional, affective and communication.

Keywords: Music, Development of children, training of educators.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

IMAGEM 1 – Estante de materiais musicais 33

IMAGREM 2 – Piano e partitura 34

IMAGEM 3 – Livros das aulas de música 35

IMAGEM 4 – Violões da sala de música 49 IMAGEM 5 – Pedestal 49

IMAGEM 6 – Bateria da sala de música 49 IMAGEM 7 – Violino da sala de música 49 IMAGEM 8 – Mural informativo sobre eventos musicais 49 IMAGEM 9 – Partituras 49

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 8 2 BREVE HISTÓRICO DE MÚSICA 11 2.1 ARTE-EDUCAÇÃO E MÚSICA 15 3 A MÚSICA COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA 21 3.1 FORMAÇÃO DOCENTE 24 3.2 A FORMAÇÃO DO EDUCADOR MUSICAL 36 4 CAMINHOS TRILHADOS 30 4.1 CONHECENDO A ESCOLA ADVENTISTA 32 4.2 A MÚSICA NA ESCOLA ADVENTISTA 33 4.3 A MÚSICA RESSIGNIFICANDO A EDUCAÇÃO 34 4.3.1 Concepções dos professores sobre a música enquanto modificador social 38 4.3.2 Concepções dos alunos sobre as aulas de música 40 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 43 REFERÊNCIAS 45 APÊNDICE 47 ANEXOS 49

1.INTRODUÇÃO

A escolha do tema "Música: a importância pedagógica para o ensino fundamental"

para a organização dessa pesquisa surgiu por duas razões. A primeira por gostar de

música, e a segunda por acreditar na relevância de se desenvolver uma educação

por meio da arte, ou seja uma educação que busque levar em consideração a

expressão de sentimentos e emoções. A música tem um grande poder de interação,

desde muito cedo adquire grande importância na vida de uma criança, desperta

sensações, é uma forma de linguagem muito apreciada pelas pessoas.

Tendo em vista que as aulas de educação artística não têm um papel de grande

destaque no currículo escolar uma vez que as disciplinas "obedecem" uma

hierarquia onde as matérias tidas como mais importantes ganham um maior

destaque,o objetivo geral desta pesquisa é discutir a importância do ensino de

música para a educação infantil e as contribuições desta para o desenvolvimento da

criança.

Os objetivos específicos são identificar de que forma a música pode transformar o

processo educacional, verificar como a arte se constitui num elemento educativo,

relacionar os fatores que dificultam o incentivo à educação musical bem como a

importância da atuação do educador para o desenvolvimento das atividades

envolvendo a música.

Desta maneira surge o seguinte problema: Como a música pode ressignificar a

educação fundamental?

O estudo encontra-se dividido em três capítulos onde: o primeiro faz um breve

histórico a respeito de música, discorre sobre o conceito de arte bem como a

consonância desta com a educação e a importância do ensino de música para o

desenvolvimento do ser humano. No segundo capítulo abordo sobre A música como

proposta pedagógica comentando sobre o advento de leis que propuseram

discussões a respeito do ensino de artes, bem como a presença e as contribuições

da música para o desenvolvimento da criança enquanto recurso pedagógico. Trata

também da formação docente de modo geral e específico destacando a importância

de uma formação contínua voltada para a reflexão e aprimoramento da sua práxis. O

terceiro apresenta a metodologia escolhida para subsidiar a pesquisa, as

características da Escola Adventista do Salvador e de seus sujeitos, juntamente com

os resultados das análises feitas através de pressupostos teóricos dos dados

coletados.

As aulas de arte há muito tempo vêm sendo relegadas o segundo plano: o aluno

pode dedicar-se às atividades artísticas dentro da escola, apenas se tiver tempo ou

seja se tiver terminado todas as outras tarefas - "as tarefas importantes". Para a

escola o importante é que as crianças aprendam a ler, escrever e fazer contas estes

são os passos mais importantes para a educação do indíviduo.

Esta pesquisa visa discutir a contribuição da música no processo de ensino

aprendizagem, sua aplicação e seus benefícios no desenvolvimento do indivíduo.

Estudar a música é uma tarefa proveitosa, uma vez que está com maior ou menor

intensidade, está na vida do ser humano, ela desperta emoções e sentimentos de

acordo com a capacidade de percepção que ele possui para assimilar a mesma. É

tão importante como real e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem estar

das pessoas.

No contexto escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem

do educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e escutar de maneira ativa e refletida.

A educação deve ser vista como um processo global, progressivo e permanente, que

necessita de diversas formas de estudos para seu aperfeiçoamento, pois em

qualquer meio sempre haverá diferença individuais, diversidades das condições

ambientais que são originários dos alunos e que necessitam de um tratamento

diferenciado.

A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa é qualitativa,uma vez que

foram utilizadas obras literárias que abordam o assunto, bem como entrevistas com

profissionais que atuam na área e observações do ambiente de trabalho.Segundo os

estudos dos autores Bogdan e Biklen (1982),define pesquisa qualitativa como:

"Forma de pesquisa que tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o

pesquisador como seu principal instrumento".Dessa forma os autores apresentam

cinco características básicas que identificam este tipo de estudo:"A pesquisa

qualitativa ou naturalista; Os dados coletados predominantemente descritivos; A

preocupação com o processo é muito maior do que com o produto; O "significado"

que as pessoas dão às coisa e à sua vida são focos de atenção especial pelo

pesquisador; A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo."

Tendo em vista que à pesquisa se caracteriza como qualitativa, o meu campo de

observação será a Escola Adventista do Salvador localizada no bairro de Nazaré

nesta capital. Esta instituição foi escolhida pelo fato de termos o conhecimento de

seu trabalho envolvendo música desde o primeiro semestre quando elaborei o

projeto de pesquisa que teve como tema A importância da música na educação. A

estrutura e os materiais disponíveis para as aulas causaram uma positiva impressão.

Assim sendo os sujeitos da pesquisa serão os funcionários (recepcionistas),

professores e alunos da Instituição por meio de entrevistas individuais.

Considero o estudo importante pois apesar do assunto ser abordaddo por diversos

pesquisadores que salientam que a arte musical tem um papel importantíssimo no

processo de formação do indivíduo, bem como esta cientificamente comprovado que

a mesma estimula diversas áreas do cérebro, e facilita o aprendizado é notório que

não se tem dado o real valor da música na maioria das instituições de ensino.

Como a escola escolhida desenvolve uma prática efetiva e consistente do ensino de

música a pesquisa torna-se pertinente uma vez que apontarei que é possível,

necessário e valioso que as crianças tenham contato com esta arte desde cedo, e

que ela seja de fato inserida no currículo escolar.

2. BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA

Este primeiro capítulo destaca por meio da literatura diversificada os aspectos

históricos da música desde sua origem a seu conceito.

A origem da música suscitou inúmeras hipóteses, todas formuladas a partir de

indícios muito frágeis. O certo, porém, é que, por mais que se recue na pré-história,

sempre encontramos a música como uma das manifestações do homem(são

conhecidas flautas que datam de 60 mil anos antes de Cristo).

As primeiras referências dos tempos primitivos foram transmitidas por figuras de

instrumentos musicais, executantes e dançarinos, desenhadas em galerias de

grutas, diretamente sobre a rocha. O homem desde logo apropriou-se de elementos

que se encontravam em seu meio ambiente e no seu próprio corpo para fins

expressivos e artísticos.

As informações sobre os povos antigos foram obtidas através de inscrições em

monumentos, esculturas, vasos, pinturas etc. Para os povos da Antiguidade -

politeístas em sua grande maioria, a música tinha origem divina; sua criação e

diferentes manifesatações eram atribuídas a deuses, musas, seres mitológicos (para

os egípcios, obra do deus Thor; para os sumérios, da deusa Nina; para os assírios,

do deus Istar; para os gregos, do deus Apolo,da musa Euterpe e de Orfeu).

Adeptos do monoteísmo, os hebreus foram o único povo da Antiguidade que

considerava a criação da música como resultado da intervenção humana, atribuindo-

a a Jabal, descendente de Caim.

Entre os gregos, a música era um elemento integrante da vida cotidiana, da religião

e do pensamento, sendo praticada sobretudo nas cerimônias religiosas e no teatro.

Na Grécia antiga, a atividade musical revestia-se de enorme prestígio, atribuindo-se

à música importante papel na educação. Foram os gregos, aliás, que deram a essa

arte o nome pelo qual é conhecida no Ocidente (música vem do grego mousiké) e

que criaram os primeiros termos de seu vocabulário específico: ritmo, melodia,

harmonia dentre outros.

A paixão dos gregos pela música fez com que, desde os primórdios da civilização,

ela se tornasse para eles uma arte, uma maneira de pensar e de ser. Desde a

infância eles aprendiam o canto como algo capaz de educar e civilizar. O músico era

visto por eles como o guardião de uma ciência e de uma técnica, e seu saber e seu

talento precisavam ser desenvolvidos pelo estudo e pelo exercício. Para os gregos,

a educação era concebida como a relação harmoniosa entre corpo e mente e seu

objetivo era preparar cidadãos para participar e usufruir dos benefícios da

sociedade. Na visão dos gregos, a educação possuia uma função mais espiritual do

que material. Seu principal objetivo era a formação do caráter do sujeito e não

apenas a aquisição de conhecimentos. No livro Por que arte-educação? Duarte Jr.

comenta sobre a diferença do nosso modo de ver e pensar a educação se

comparados aos gregos.

Segundo o autor: [...] por exigências de nossa civilização, separamos nossos sentimentos e emoções de nosso raciocínio e intelecção. Há locais e atividades onde devemos ser "racionais" apenas, deixando de lado as emoções. Já em outros podemos sentir e manifestar dor, prazer, amor, alegrias, tristezas etc. estamos divididos e compartimentados num mundo altamente especializado, e, se quisermos alcançar o "sucesso" devemos manter essa compartimentação.(DUARTE JR.,1991,p.11).

Com a invasão do Império Romano no mundo grego, o plano intelectual se altera,

pois a sensibilidade, as emoções e o sentimento de humanidade, características dos

gregos, não se adequavam à formação dos soldados romanos, que eram educados

para serem duros, rígidos, disciplinados e severos. O povo romano foi, por natureza,

guerreiro e rude. Por muito tempo, seus ideais e propósitos restringiam-se à

conquista do mundo e ao domínio dos povos conquistados. Entretanto, sob a

influência grega, as artes e as letras começaram a florescer em Roma.

Com o tempo, por influência da cultura helenística, a educação musical vai

ganhando espaço entre os romanos, passando porém, a ser estudada como

"ciência", como um saber científico, privilegiando seu aspecto teórico, em detrimento

do conhecimento prático. É o início do rompimento da visão integrada da música, ou

seja da cisão entre a "música com a mente" e a "música com o corpo".

Durante a Idade Média, a Igreja Católica demonstra grande interesse pela música

incluindo-a nos cultos cristãos, pois acreditava que ela fosse capaz de exercer forte

influência sobre os homens. A Igreja encorajou o estudo e o ensino da música como

uma disciplina teórica inserida no domínio das ciências matemáticas, por isso ela se

situa ao lado das discilpinas aritmética, geometria e astronomia.

Os representantes da Igreja prestaram um valioso apoio à investigação e ao ensino

musical. Fundaram capelas, colégios, academias, bibliotecas, conjuntos polifônicos e

instrumentais estimulando a formação de compositores, cantores, concertistas e

musicólogos.

Na Idade Média, a música recupera sua natureza de linguagem expressiva de

sentimentos humanos.Inicia-se a música polifônica vocal e desenvolve-se a

utilização do órgão. Ao lada da polifonia religiosa, cujos cantos religiosos se

distinguiam pela seriedade e transcedência, desenvolvia-se a música popular, de

caráter modal e profano. Apesar da oposição da igreja, surgem os trovadores

cortesãos e os menestréis populares.Com a arte dos trovadores e menestréis a

música ia se tornando cada vez mais a linguagem do povo.

A Renascença foi marcada pela reação à predominância do caráter religioso e pela

busca de maior liberdade. A isso se acrescentou a Reforma Protestante lidera da

por Martinho Lutero, que visando uma maior participação dos fiéis e um contato

mais direto com Deus, favoreceu o desenvolvimento do coral. A educação

preconizada por Lutero visava basicamente, à catequese do povo. Em virtude de

sua importância nos cultos religiosos a música ocupa lugar de destaque nas escolas

protestantes, nelas as crianças aprendiam não só a cantar, mas recebiam noções de

escrita musical.

Para reagir ao protestantismo, a Igreja Católica toma várias medidas visando deter

a heresia e angariar novos adeptos. Nesse momento é criada a ordem dos jesuítas

que, ao contrário das demais congregações religiosas, dedicou-se a catequese,

valendo-se dos templos religiosos e das escolas. A música foi um dos principais

recursos utilizados pelos jesuítas no processo de escolarização da juventude

européia, com vistas a formação do bom cristão. Além de constituir uma disciplina,

estava presente no currículo das escolas, enriquecendo as festas e os cultos

religiosos. Eis aqui uma outra diferença no processo educacional europeu se

comparado ao nosso pois as aulas de arte constavam no currículo apenas para

"diversão".

De acordo com Duarte Jr.:

De uma ou de outra forma, aquelas aulas estavam lá: espremidas entre disciplinas que em geral eram consideradas "mais sérias", ou "mais importantes" para a nossa vida futura". Era como se estas aulas não pudessem de forma alguma contribuir para o desenvolvimento do ser humano. (DUARTE JR.,1991, p. 9)

O ensino de música no Brasil remota aos primórdios do processo de colonização,

iniciando-se com a vinda dos jesuítas. Chegando ao Brasil em 1549, abriram as

primeiras escolas e aqui se estabeleceram, a primeira missão dos jesuítas, em terras

brasileira, foi a catequese dos indígenas. A evangelização dos nativos exigiu dos

jesuítas uma atuação diferente da que desenvolviam nos colégios europeus, que

acolhiam a elite da sociedade européia da época e ofereciam o que hoje poderíamos

chamar de ensino médio.

Entre os recursos utilizados para a evangelização dos nativos destaca-se a música,

devido a forte ligação dos indígenas com essa manifestação artística. Eram eles

músicos natos que, em harmonia com a natureza, cantavam e dançavam em louvor

aos deuses, durante a caça e a pesca bem como em comemoração a casamento,

nascimento, morte, ou festejando vitórias.

Ligada a rituais de magia, a religião, a música revelava-se através da expansão

instintiva do som, da cadência rítmica, porém mostrava a simplicidade na melodia e

nos instrumentos musicais. Os padres jesuítas dela também se apropriaram,

trabalhando na catequese e na aculturação dos indígenas, eles usaram a música

para comunicar sua mensagem de fé, ao mesmo tempo em que buscavam uma

aproximação com o habtante nativo.

A música brasileira sofreu ainda a influência dos negros. Chegando ao Brasil como

escravos, os negros trouxeram consigo instrumentos de percussão como o ganzá, a

cuíca, o atabaque, porém cantavam e dançavam embebidos pelos sons e ritmos de

sua pátria distante.

Em contato com os índios e portugueses, os negros começaram a criar música e

arranjos instrumentais bem característicos, embalados pelo ambiente que aqui

encontraram. Podia-se ouvir sua música nas festividades públicas, na igreja e nas

casas das pessoas influentes da época.

2.1 ARTE-EDUCAÇÃO E MÚSICA

Para dar início a este tópico necessário se faz que seja abordado um pouco sobre

Arte uma vez que a música faz parte desta área.

Sabemos que a Arte é um fenômeno cultural e que em cada época, diferentes

grupos(ou cada indivíduo) escolhem como devem compreender esse fenômeno.

Qualquer cultura sempre produziu arte, seja em sua forma mais simples, como

enfeitar o corpo com tinturas, seja nas formas mais sofisticadas, como o cinema em

terceira dimensão, na nossa civilização. A arte nos acompanha desde as cavernas.

Nela se expressam os sentimentos de um povo com relação as questões humanas,

como são interpetradas e vividas em seu ambiente e em sua época.

No dicionário de Filosofia, o filósofo Platão conceitua Arte como:

É a do raciocinio como a própria Filosofia no seu grau mais alto, isto é, a dialética; arte é a poesia, embora a está seja indispensável uma inspiração delirante. Arte compreende para Platão todas as atividades humanas ordenadas ( inclusive a ciência ) e se distingue no seu complexo, da natureza. (ABBAGNANO, 1982).

No mesmo dicionário Aristóteles defende a idéia de que a arte é fruto da

capacidade de criação e inspiração do artísta:

Estabelece uma distinção entre vários estados mediante os quais a alma possui a verdade por afirmação ou negação. São os seguintes; arte, ciência, saber prático, filosofia, e razão intuitiva. A arte se destingue dos outros quatro na medida em que é um estado de capacidade para fazer algo, sempre que implique um curso verdadeiro de racciocínio, isto é um método. A Arte trata de algo que chega a ser. a Arte não trata do que é necessário ou do que não pode ser distinto de como é. (ABBAGNANO, 1982).

Dessa forma, a arte é mais que uma habilidade técnica, ela é "fruto" da capacidade

criadora da mente humana. O artista faz arte segundo seus sentimentos, suas

vontades, suas idéias, sua criatividade e sua imaginação, o que deixa claro que

cada obra de arte é uma forma de interpretação da vida. Através da imaginação e

dos sentimentos o homem constrói o seu mundo.

O conhecimento dos sentimentos e a sua expressão só podem se dar pela

utilização de símbolos outros que não os linguísticos; só podem se dar através de

uma consciência distinta da que se põe no pensamento racional. Nesse sentido

pose-se dizer que: Uma ponte que nos leva a conhecer e a expressar os sentimentos é, então, a arte, e a forma de nossa consciência apreendê-los é através da experiência estética. Na arte busca-se concretizar os sentimentos numa forma, que a consciência capta de maneira mais global e abrangente do que no pensamento rotineiro. na arte são-nos apresentados aspectos e maneiras de nos sentirmos no mundo, que a linguagem não pode conceituar. (DUARTE JR1, 1988, p. 16)

Após seu surgimento, há milhares de anos,a arte foi evoluindo e ocupando um

importante espaço na sociedade haja vista que algumas representações da arte são

indispensáveis para muitas pessoas nos dias atuais, como por exemplo a música

que é capaz de mexer com os nossos sentimentos e emoções. Mas é difícil definir

exatamente o que é arte. Não existe uma resposta acabada, já que são muitas as

concepções.

Para compreender uma obra de arte, é preciso considerar o contexto em que ela foi

produzida. Ou seja a arte é influenciada por um pensamento, uma ideologia, uma

época ou lugar. Como qualquer outra manifestação cultural humana, a arte pode ser

utilizada para coesão, reafirmando valores ou os criticando.

Sobre cultura Duarte Jr. comenta:

Diferentes comunidades humanas constituem culturas distintas, isto é, maneiras diversas de falar, sentir, entender e agir no mundo. Uma cultura significa um grupo humano que apresenta características próprias em suas construções e formulações: possui um determinado sistema político, econômico, crenças, língua, religião, arte, costumes etc. Cada cultura apresenta uma fisionomia particular, um "jeito de ser" básico que é compartilhado por seus membros. (DUARTE JR2,1991, p. 26/27)

1 Fundamentos Estéticos da Educação, Papirus 1988. 2 Por que Arte-Educação? Papirus, 1991.

Através da arte temos acesso a esssa dimensão da vida cultural não explicitamente

formulada nas demais construções racionais (ciência, filosofia). A arte é sempre

produto de uma cultura e de um determinado período histórico.Nela se expressam

os sentimentos de um povo com relação as questões humanas, como são

interpretadas e vividas em seu ambiente e em sua época. Portanto é na perspectiva

de ter a arte como forma de conhecimento humano que se pretende verificar como a

mesma se constitui num elemento educativo, como ela provê elementos para que o

homem desenvolva sua atividade significadora, ampliando seu conhecimento a

regiões que o simbolismo conceitual não alcança.

Conforme afirmação de Derdyk (1994, p. 11), "todas pessoas são inatamente

criadoras independentemente de sua formação cultural, de sua atividade, de sua

origem racial ou geográfica".Dessa forma surge o questionamento:Porque não dar o

real valor do ensino de arte para a vida do ser humano?

O autor João Francisco Duarte Júnior, aborda de forma clara e objetiva em seu livro

Por que Arte-Educação a importância do ensino de arte para nossas vidas bem

como a ligação desta com a educação. Para o autor as aulas de arte precisam

ocupar um lugar mais nobre na estrutura escolar entretanto salienta que o termo

"arte-educação não significa o treino para alguém se tornar um artista, não significa

a aprendizagem de uma técnica, num dado ramo das artes. Antes quer significar

uma educação que tenha a arte como uma de suas principais aliadas.Uma

educação que permita uma maior sensibilidade para com o mundo que cerca cada

um de nós".

No Brasil a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96)

estabeleceu em seu artigo 26, parágrafo 2º que:

O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos

níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural

dos alunos.

A arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito

ao acesso a esse saber.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, A educação em arte propicia

o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que

caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana:o

aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar

formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por

ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas.(PCN- Arte-1997)

É certo que razão e emoção fazem parte da vida do ser humano e a presença da

música na vida dos seres humanos é incontestável. Ela tem acompanhado a história

da humanidade, ao longo dos tempos, exercendo as mais diferentes funções. Está

presente em todas as regiões, em todas as culturas, em todas as épocas ou seja, a

música é uma linguagem universal, que ultrapassa as barreiras do tempo e do

espaço.

Dessa forma, segundo Loureiro:

É fundamental uma análise para redimensionar o papel da música na escola e buscar as condições necessárias para que ela possa vir a ter um valor significativo no processo de educação escolar".( O ensino de música na escola fundamental, Papirus 2003, p.21)

A música é uma forma de expressão artística através da qual, mediante a

combinação de sons, exteriorizamos os vários estados da nossa alma. Encontra-se

associada a quase todas as funções da sociedade humana, seja nos momentos

alegres, de tristeza, de exaltação patriótica, de homenagem, de confraternização. E

funciona como elemento que empele, acalanta ou controla os impulsos naturais do

homem. É cultura e fator de desenvolvimento espiritual.A música além de ser uma

combinação de sons que conservam entre si relações lógicas e ordenadas, tem

como finalidade evocar sentimentos ou traduzir impressões.

Para Kater: [...] o momento que vivemos é de vários pontos de vista, único. único porém, não só pelas limitações que imprimem mal-estar em decorrência de estado de "des-perspectiva" para a educação em geral, artística e musical em particular. Único também não apenas pelo incômodo profundo causado àqueles que têm convicção originada por anos de trabalho, reflexão e experiência prazer "desnecessário". Mas único ainda porque acreditamos que "música" representa tanto uma dimensão sensível fundamental do ser humano quanto um importante patamar, onde não meramente se assenta,

mas sobre o qual se desenvolve uma legítima cultura.(Kater 1990,p.6)

A palavra música vem do grego Mousiké e designava a "artes das musas". Os

gregos atribuíam aos deuses sua música, definida como uma criação e expressão

integral do espírito, um meio de alcançar a perfeição. O músico era visto como o

guardião de uma ciência e de uma técnica, e seu saber e seu talento precisavam ser

desenvolvidos pelo estudo e pelo exercício. O reconhecimento do valor formativo da

música fez com que surgissem, naquele país, as primeiras preocupações com a

pedagogia da música.

A Grécia desenvolveu, dentre outras coisas, um dos elementos mais importantes

do pensamento musical: o raciocínio matemático. Essa relação entre a matemática

e a música se deve ao matemático Pitágoras, matemática e música eram parte uma

da outra, e nessa relação estava a explicação para o funcionamento de todo o

universo. A música é então considerada fonte de sabedoria, indispensável a

educação do homem.

Nos estudos de Faria (2001), ele afirma que: “A música passa uma mensagem e

revela a forma de vida mais nobre, a qual a humanidade abnega, ela demonstra

emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das pessoas,

envolvendo-as trazendo lucidez à consciência”.

A criança precisa ser sensibilizada para o mundo dos sons, pois, é pelo orgão da

audição que ela possui o contato com os fenômenos sonoros e com o som. Quanto

maior for a sensibilidade das crianças para o som, mais elas descobrirá as suas

qualidades. Portanto é muito importante exercitá-la desde muito pequena , pois esse

treino irá desenvolver sua memória e atenção.

A música estimula área do cérebro não desenvolvida por outras linguagens, como a

escrita e a oral, Stefani (1987), afirma: “A música afeta as emoções, pois as pessoas

vivem mergulhadas em um oceano de sons”. Em qualquer lugar e qualquer hora

respira-se a música sem se dar conta disso.

É obvio que toda música nasce em um contexto social e que ela acontece ao longo

e intercalando-se com outras atividades culturais, talvez com um grupo de pais

atuando como agentes, ou talvez assegurando-nos da continuidade e do valor de

nossa herança cultural, qualquer que seja, ou ainda proporcionando um pouco de

ânimo num jogo de bola . Embora escolhamos usar a música em ocasiões

diferentes, para as pessoas envolvidas com educação a música tem quer ser vista

como uma forma de discurso com vários níveis metafóricos.Nós portanto, podemos

ver a música além de suas relações com origens locais e limitações de função

social. A música é uma forma de pensamento, de conhecimento,é significativa e

válida.Ela é um valor compartilhado com todas as formas de discurso, porque estas

articulam e preenchem os espaços entre diferentes indivíduos e culturas distintas, é

uma linguagem expressiva.

Segundo Santa Rosa (1990. p.19), a expressão existe em toda ação humana. Podemos identificar a presença da expressão em tudo aquilo que o ser humano faz. Quer dizer, toda a forma criada representa múltiplas significações que abrangem o plano psicológico, social e cultural de um momento específico da história do homem.

A música, uma das grandes Belas Artes, é um elemento importantíssimo no

processo de alfabetização que usada adequadamente, com uma metodologia

própria, produz resultados surpreendentes, facilitando, incentivando, fixando

aprendizagem, socializando e abrindo novas perspectivas de vivências humanas.

3 A MÚSICA COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA

Como o ensino de arte na maioria das vezes não teve seu real valor reconhecido

pelas instituições escolares, Há várias décadas, a educação musical se encontra

praticamente ausente das escolas brasileiras. A ausência da música nos currículos

se explica por diversos fatores dentre os quais se destaca sua perda de identidade

enquanto disciplina.Esse processo tem seu ponto alto em 1971,com o advento da

Lei 5.692/71. Esta Lei pretendeu modernizar nossa estrutura educacional, fixando

suas diretrizes e bases. No texto da Lei se reservava algumas poucas horas do

currículo para o ensino da chamada educação artística, neste caso, a música era

considerada uma das linguagens de Educação Artística, e consistia em atividade

educativa e não propriamente em uma disciplina.

Esta concepção generalizou as linguagens artísticas; música , teatro, artes

plásticas e desenho. Esta generalização causou uma banalização quanto ao

desenvolvimento da linguagem artística na educação formal, ficando quase que

restrito a: música em atos cívicos e datas comemorativas, teatrinhos estereotipados,

e desenho com classificação de cores.

Somente em 1996 a implementação da nova LDB 9.394/96, tentou corrigir esta

distorção da concepção quanto à preciação e ao fazer artístico. O ensino de Arte

substitui a concepção de Educação Artística introduzida nos currículos da década de

70. Segundo a LDB n. 9.394/96, Art.26,§ 2°: " O ensino de arte constituirá

componente curricular obrigatório, nos diversos níveis de educação básica, de forma

a promover o desenvolvimento cultural dos alunos".

A partir de então o termo arte-educação passou a ser mais empregado "pelo menos

verbalmente" o que possibilitou discussões a respeito do ensino de artes.

Para Loureiro: A busca de superação da pedagogia tecnicista, que orientava a educação brasileira naquele período, e a atual preocupação em formar indivíduos plásticos e criativos, capazes de enfrentar os desafios da era globalizada, criaram possibilidades para sua re-inserção nos currículos da escola fundamental.(LOUREIRO 2003, p.108)

São muitos os problemas enfrentados pela área de educação musical.Dentre eles

destaca-se a falta de sistematização do ensino de música nas escolas de ensino

fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como disciplina

integrante do currículo escolar.

De acordo com Saviani:

A música é um tipo de arte com imenso potencial educativo já que, a par de manifestações estéticas por excelência, explicitamente ela se vincula a conhecimentos científicos ligados à física e à matemática além de exigir habilidade motora, destreza manual que a colocam sem dúvida, como um dos recursos mais eficazes na direção de uma educação voltada para o objetivo de se atingir o desenvolvimento integral do ser humano.

Desde cedo, a criança demonstra interesse por ritmos e sons musicais. Parece

mesmo que a receptividade à música é um fenômeno corporal e que a relação da

criança com a música começa quando ela entra em contato com o universo sonoro

que a cerca, a partir de seu nascimento. Com o passar do tempo, a criança

experimenta sons que produzir com o boca e é capaz de perceber e reproduzir sons

repetitivos, acompanhando-os com movimentos corporais. Essa movimentação

desempenha papel importante em todos os meios de comunicação e expressão que

se utilizam do ritmo, tais como a música, a linguagem verbal e a dança.

Desse modo a música é uma das linguagens que as crianças precisam conhecer

pois a partir dela elas aprenderam a sentir, a expressar e a pensar as

manifestações sonoras, tão presentes no cotidiano e sempre em constante

transformação.

A música quando bem trabalhada desenvolve o raciocínio, criatividade e outros

dons e aptidões.A expressão musical desempenha importante papel na vida de toda

a criança, ao mesmo tempo em que desenvolve sua criatividade, promove a

autodisciplina e desperta a consciência rítmica e estética. A música também cria um

terreno favorável para a imaginação quando desperta as faculdades criadoras de

cada um.

Loureiro acredita que: “A importância do ensino de música na escola reside, então,

na possibilidade de despertar habilidades e condutas na criança, levando-a a sentir-

se sensibilizada pela música valendo-se da criação e da livre expressão.” (2003,

p.127).

A música tem ainda, o dom de aproximar as pessoas. A criança que vive em contato

com a música, aprende a conviver melhor com as outras crianças e estabelece um

meio de se comunicar muito mais harmonioso do que aquela que é privada na

música, em contra partida, quando aprende a tocar algum instrumento, também

aprende a ficar sozinha, sem se sentir solitária ou carente de atenção. Segundo

Gordon apud Loureiro “A educação musical tem uma função socializadora e que

vem contribuir no desenvolvimento e na formação integral do indivíduo.” (2003,

p.126).

Na visão de Stateri:

[...] a educação musical,tanto no sentido de dar condições para que se aprenda a apreciar as obras musicais como no de possibilitar que se aprenda a executa-los e cria-los, desenvolve importantes faculdades no homem: afetiva, dinâmica, inteligência, criatividade, espírito etc; de forma harmônica, favorecendo o desenvolvimento da personalidade e a participação efetiva do grupo social. (STATERI,1978, p.36)

O aprendizado da prática musical favorece a condição do aluno com relação à

criatividade. Com a música ele fica mais criativo, sabe improvisar, ter mais

naturalidade a lidar com os conteúdos e isso acaba favorecendo o aprendizado.

A importância que a música traz não só como entretenimento, mas no auxílio do

aprendizado da fala, como o de aprender a ouvir e na coordenação motora faz com

que a mesma se torne uma poderosa aliada educacional. Portanto com a educação

musical a criança se alfabetiza mais rápido.

A música é um dos estímulos mais potentes para os circuitos do cérebro. Além de

ajudar no raciocínio lógico-matemático, contribui para a compreensão da

linguagem e para o desenvolvimento da comunicação, para a percepção de sons sutis

e para o aprimoramento de outras habilidades.

Aprender a sentir, expressar e pensar a realidade sonora ao seu redor irá auxiliar os

alunos a desenvolverem capacidades, habilidades e competências em música, que

contribuiram para o desenvolvimento do senso poético, a dimensão sensível que a

música traz ao ser humano.

Segundo Suzuki pesquisas da neurociência têm comprovado que: "A música atua

nos dois hemisférios do cérebro. O lado esquerdo que é mais lógico e seqüencial e o

direito que é holístico, intuitivo, criativo. No processo musical os dois lados são

trabalhados"3.

A música na escola é uma oportunidade de formarmos adultos mais humanos,

fraternos, sensíveis, flexíveis, sociáveis e criativos entre outras qualidades.É preciso

que os profissionais tenham (tomem) conhecimento deste fato, para que a cada dia

possam adotar a música em suas aulas enquanto área específica e importante do

conhecimento humano. 3.1 FORMAÇÃO DOCENTE Todos nós conhecemos a complexidade da situação hoje presente nos espaços

escolares e sabemos que essa complexidade precisa ser enfrentada, tendo-se em

conta as suas diversas especificidades. São necessárias, pois, intervenções que não

sejam simplistas nem universais, no sentido de serem iguais para todas as

situações.

Falar da formação de professores é extremamente importante pois o professor tem

como um de seus principais papéis, formar, mediar os conhecimentos prévios de

seus alunos e para tanto se faz necessário que o mesmo pense, reflita criticamente

sobre sua prática afim de se apropriar de metodologias que contribuam para facilitar

a aprendizagem e o desenvolvimento de seus educandos.

A formação do profissional da educação é a maneira mais plausível do mesmo

alcançar melhoras na sua prática. Entendo que o processo de formação é contínuo e

que não se encerra com a formação profissional adquirida, sobretudo nos cursos de 3 Retirado do texto Música e Educação: um casamento que dá certo de Mariana Parisi, disponível no site: http://www.eaprender.com.br/tiki-smartpages_view.php?pageId=942.

educação superior, é preciso que a formação de professores permita a aquisição de

conhecimentos socioculturais gerais dos alunos, a compreensão das relações que a

cultura, as características sociais e econômicas têm no desempenho e no sucesso

escolar; e o desenvolvimento de capacidades de recurso a diferentes estratégias de

ensino e de aprendizagem, ou seja é preciso que os professores desenvolvam a

capacidade de se questionarem e de aprenderem a aprender. É necessário que o

profissional de educação esteja sempre produzindo e reconstruindo conhecimentos.

O professor necessita ser um eterno e renovado pesquisador, precisar refletir sobre

os acontecimentos que ocorrem na sociedade bem como encarar as novidades

como formas de melhorar sua prática. Para Gadott (1998, p.71) o profissional da

educação precisa ser desrespeitoso para questionar a realidade que a ele se

apresenta para então promover mudanças sociais. O educador, ao repensar a

educação, repensa também a sociedade.

A formação do professor abarca aspectos que ultrapassam a aquisição de

conhecimentos, devendo existir uma mutualidade com o sujeito aluno, considerando

que educandos e educadores aprendem e ensinam uns aos outros, por meio de

suas vivências e experiências. Segundo Freire (1996,p. 23) "quem forma se forma e

reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado".

Desse modo é preciso que os professores, quando olharem seus alunos, não os

vejam como um grupo homogêneo que pode ser ensinado e formado recorrendo-se

às mesmas estratégias e lançando mão dos mesmos recursos e das mesmas

experiências. É preciso que os professores reconheçam as especificações desses

alunos, lhes dêem voz e, delas partam para a construção de um conhecimento

científico e para o desenvolvimento de uma formação pessoal e social.

O processo formador é algo contínuo, caracterizado basicamente pela reflexão

sobre os processos educativos e a própria prática no âmbito escolar.Quando se esta

ensinando , há uma reciprocidade ensinarmos e sermos ensinados. É o aprender

fazendo, é o refletir na práxis.

Segundo Melo (2000,p.98) “Ninguém facilita o desenvolvimento daquilo que não

teve oportunidade de aprimorar em si mesmo. Ninguém promove a aprendizagem

daquilo que não domina, a constituição de significados que não compreende e nem

a autonomia que não pôde construir.” O profissional tem que ter o comprometimento e determinação, com relação a

profissão escolhida, devendo este buscar subsídios que propiciem seu crescimento

profissional tanto no que diz respeito a melhores condições de trabalho como na

autonomia da sua prática, para que assim possam prosseguir em seu ofício com

total convicção e excelência.

Para Hypolito (1997,p.91-92) ”A profissionalização não se resume à formação

profissional, mais envolve perrogativas que garantam melhores condições de

trabalho e respeitem as práticas docentes construídas ao longo da experiência

profissional.” É evidente que não podemos pensar a formação de professores como um processo

de transmissão e aquisição de técnicas. Temos que pensar no envolvimento dos

professores em equipes de reflexão sobre ações que vão desenvolvendo e que

venham ser ponto de partida para estruturação de intervenções no processo de

ensino e aprendizagem.

Dessa forma uma formação de professores capazes de promover uma educação

significativa esta associada à idéia de professor investigador e de professor como

sujeito ativo na configuração do processo educativo.

3.2 A FORMAÇÃO DO EDUCADOR MUSICAL

A questão que se coloca hoje para a formação do profissional do magistério e mas

especificamente do profissional da música não é apenas a busca do conhecimento

mas sim de como selecioná-lo e administra-lo dentro do contexto escolar. O

profissional que se proponha a atuar nesta área precisa compreender e levar em

consideração o contexto social e cultural de seus alunos.

Os contextos social e cultural das ações musicais são integrantes do significado

musical e não podem ser ignorados ou minimizados na educação musical. Teorias

estéticas, com suas ações de que o significado e o valor musical transcendem

tempo, lugar, contexto, propósitos humanos e utilidade, falham ao se responsabilizar

pelo âmbito mais amplo de significados inerentes nas ações musicais individuais e

coletivas. Tais teorias erram por não promover uma fundamentação adequada para

o fazer musical ou para o ensino musical. Apesar disso, toda música deve ser vista

como intimamente vinculada às condições e ao contexto social e cultural. A téoria e

a prática da educação musical devem responsabilizar-se por essa contextualização

da música e fazer musical. Os educadores musicais devem ter, por seguinte, uma

fundamentação teórica que una as ações de produzir música com os vários

contextos dessas ações, para que o significado musical apropriadamente inclua

todas as funções humanizadoras e concretas da música. (Swanwick 2003, p.46)

Ainda sobre o profissional de música Sekeff apud Loureiro, 2003, p.196 acredita que:

O novo perfil de profissional de música deve envolver uma especificidade que transenda a mera habilidade técnica, exigindo, sim,um desenvolvimento amplo e continuo que responda as exigências do novo cenário cultural e mercadológico, garantindo autonomia a esse futuro profissional e viabilizando das novas expectativas, em benefício da qualidade e da democratização do ensino. (SEKEFF apud LOUREIRO )

A questão do universo musical utilizado pelos educadores musicais exige um

mínimo de conhecimentos a serem adquiridos e apropriados em sala de aula para

que possam ser trabalhados no atendimento dos interesses e das necessidades dos

alunos, inclusive com a possibilidade de modificação e renovação. A musicalidade

em sala de aula tem que ser aplicada por pessoas habilitadas e qualificadas, como

profissionais de Educação Musical ou Musicoterapeutas.

Sob este ponto de vista Schafer afirma que:

Pode ser que fiquemos sempre com falta de professores de música qualificados, porém é preferível poucas coisas boas a muitas de má qualidade [...]. Por professor de música qualificado quero dizer não apenas alguém que tenha cursado uma universidade ou escola de música, com especialização nessa área, mas também o músico, profissional de música, que,por sua capacidade, conquistou lugar e reputação numa atividade tão competitiva.[...] A educação musical é assunto da competência de músicos os melhores que possamos conseguir,de onde quer que possam vir. (SCHAFER 1991, p. 304)

Desse modo precisamos pensar numa formação para o professor de música que

atenda ao desenvolvimento e a transformação da mentalidade e dos hábitos de seus

alunos. O educador musical precisa esta constantemente fazendo uma análise

crítico-reflexiva sobre sua prática a fim de possibilitar aos seus alunos uma

aprendizagem significativa que venha contribuir para o desenvolvimento do potencial

criativo e imaginativo.

Sendo assim segundo Reis apud Loureiro acredita que:

O educador- que para merecer tal nome necessariamente vive o iluminismo de uma filosofia da “práxis” ao perceber no processo pedagógico a marca da dominação, por mais esclarecido e bem intencionado que seja deve constantemente questionar a educação e a se próprio, analisar e criticar cada passo em todos os seus aspectos e faces possíveis a levar os alunos ao mesmo procedimento crítico, para que, assim, não corra o terrível risco de uma petrificação unilateral tanto no âmbito da teoria como da “práxis”. (REIS apud LOUREIRO, 2003 p.196)

A teoria educacional mais bem aceita em música é aquela que considera que os

alunos são herdeiros de um conjunto de valores e práticas culturais, e devem

aprender informações e habilidades relevantes que permitam a sua participação em

atividades musicais cotidianas. As escolas são agentes importantes nesse processo

de transmissão e a função do educador musical é de introduzir os alunos em

reconhecidas tradições musicais.

Tendo em vista a inclusão de diversas culturas na sala de aula, o fio condutor da

prática educativo-musical passa pelo redimensionamento dos valores, das

representações e das experiências adquiridas, com possibilidades de mudança no

decurso do processo de ensino-aprendizagem por meio de novas opções, novas

buscas e novas maneiras de conceber o ensino musical. O professor eficaz deve

estimular a participação ativa dos alunos,abrindo espaço para discussões,

incentivando-os a criar, improvisar e executar canções.

Dessa forma segundo Loureiro (2003, p.196)

O ensino da música não se limita a formar competentes músicos capazes de apenas “fazer “. Ele também deve ser capaz de pesquisar, conhecer, experimentar, aprender. Aprender a solucionar, a construir, a criar a novidade. A especialização é importante, e até necessária, desde que desenvolva no futuro, profissional, a capacidade de pensar e aprender, de (re) construir. (LOUREIRO, 2003, p.196)

Reconhecendo que a habilidade para apreciar a música ou adquirir por meio dela

uma forma de conhecimento não é inata, e sim aprendida, ao educador musical

cabe a tarefa de possibilitar a aprendizagem de seus alunos.

O papel do professor é criar possibilidades que venham desenvolver nos discentes

autonomia para tomarem suas própias decisões, sendo capazes de serem

responsavéis pelos seus atos, levando para seu cotidiano pensametos críticos-

reflexivos que possibilitaram uma melhor percepção e compreensão de mundo.

Para Loureiro:

O educador musical pode contribuir para tornar o ensino da música mais agradável e interessante. A busca pelos valores estéticos e pela formação integral da responsabilidade humana deve acompanhá-lo em toda a sua trajetória, para o bem dos alunos e de si próprio. (LOUREIRO, 2003, p.202)

Dessa forma a formação docente, precisa sempre estar em constante

transformação, para que possa adquirir novas características que venham a atender

as novas demandas da sociedade.

4 CAMINHOS TRILHADOS A proposta metodologica escolhida para subsidiar este trabalho segue a linha de

pesquisa qualitativa, baseada no livro Pesquisa em Educação: Abordagens

Qualitativas, da autora Menga Ludke e Marli André.

Para desenvolver este trabalho foi escolhida para campo de observação a Escola

Adventista de Salvador, pois a mesma dispõe um espaço apropriado para as aulas

de música que possibilita uma melhor experiência com o local de trabalho bem como

as práticas educativas utilizadas pelos docentes no cotidiano da escola.

Segundo Bogdan e Biklen (1982) apud André ( 1986, p. 11 - 13), a pesquisa

qualitativa apresenta características básicas:

a) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. Tendo escolhido as salas de aula como ambiente de trabalho, tornou-se possível

um contato direto com o mesmo que possibilitou observar posicionamentos dos

docentes e notar diversas situações no ambiente natural.

b) Os dados coletados são predominantemente descritivos. Todo material obtido através das observações descrevem depoimentos,fotos e

ambiente para análise e afirmação dos conceitos, dessa maneira o uso das citações

devem ser frequentes em uma pesquisa.

c) A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. O caminho a percorrer traz as evidências e elementos que tem maior importância

dentro da pesquisa, dessa maneira o pesquisador deve se preocupar em estudar,

independente do problema, como acontecem as atividades e as interações no

cotidiano.

d) O "significado" que as pessoas dão às coisas e a sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. O cuidado pelas idéias que rodeiam o ambiente escolar, bem como os pontos de

vista sobre as concepções dos professores sobre metodologia e o modo de como

vêem seus alunos são pontos que precisam ser analisados com maior

aprofundamento. O pesquisador deve ter a preocupação de checar, discutir

abertamente com os outros participantes para que as informações possam ser ou

não confirmadas.

e) A análise de dados tende a seguir um processo indutivo. Os pesquisadores não podem se preocupar em buscar evidências para comprovar

as evidências para comprovar as hipóteses definidas antes do início da pesquisa.

Partindo das idéias, características e técnicas que prmeiam a pesquisa qualitativa,

adotarei por meio desses pressupostos que subsidiam a metodologia em um caráter

qualitativo a pesquisa do tipo estudo de caso. A escolha dessa técnica, se justificar

pelo fato da mesma permitir ao pesquisador observar o cotidiano dos sujeitos e o

ambiente que esta sendo estudado.

Segundo André (1986):

A observação direta permite também que o observador chegue mais perto da "perceptiva dos sujeitos", um importante alvo nas abordagens qualitativas. Na medida em que o observador acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações. (ANDRÉ p.26, 1986)

Através das observações serão descritos o ambiente escolar, as salas de aula,

como ocorre o processo de ensino aprendizagem durante as aulas bem como

descrever os materias que são utilizados para o ensino e a formação dos docentes

que atuam na na instituição.

De acordo co André e LudKe (1986, p. 18-21), existem princípios que norteiam o estudo de caso, entre as características fundamentais estão:

a) Visam a descoberta;

b) Enfatizam a " interpretação em contexto";

c) Retratam a realidade de forma completa e profunda;

d) Usam uma variedade de fontes de informação;

e) Revelam experiência vicárias e permitem generalizações naturalística;

f) Procuram representar os diferentes e as vezes conflitantes pontos de vista

presentes numa situação social;

g) Utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros relatórios

de pesquisa.

Após o período de observações em campo, através do estudo de caso, pode-se

vivenciar cada uma dessas etapas.

Os dados que serão apresentados, foram coletados durante as visitas feitas a escola. Para configurar este estudo, durante as observações foram utilizados os seguintes instrumentos para a coleta de dados: Observações em sala de aula;

Registros através de máquina fotográfica dos materiais de estudo e da estrutura

física da instituição;

Diário de notas de campo;

Entrevistas semi-estruturadas com funcionários e professores da instituição.

A princípio os sujeitos dessa pesquisa foram os funcionários ( recepcionistas do

conservatório de música) da instituição que com o consentimento da coordenação

puderam esclarecer questões sobre o funcionamento da escola e o atendimento aos

alunos. Em seguida foram quatro (4) professores, todos com formação superior e

alunos da instituição. 4.1 CONHECENDO A ESCOLA ADVENTISTA Esta escola foi escolhida, pois a mesma possui uma área adequada para o ensino

de música a seus alunos, além de oferecer o curso de música para outros

profissionais sejam estes da área de educação ou não.

A escola fica localizada na Rua Frei Henrique, no bairro de Nazaré. É uma instituição

particular com ato de criação em 17 de julho de 1987. É frequentada pela população

de diversos bairros de Salvador e oferece ensino do fundamental ao 3º ano.

O ambiente escolar de uma forma geral é agradável visto que a escola dispõe de um

bom espaço físico que possui salas arejadas, biblioteca, laboratório de ciências e

informática em excelentes condições em termos de infra-estrutura e funcionamento,

sala de video, as instalações sanitárias também possuem boas condições de uso. A

escola possui área recreativa coberta, lanchonete, além de auditórios e quadra

esportiva todos bem conservados. Dispõe ainda de secretaria, diretoria, sala de

coordenação, sala de professores e almoxarifado.

Essa instituição tem entre seus valores:

Excelência: valorizar seus alunos com o compromisso e a missão de ensinar;

Igualdade: proporcionar oportunidades iguais para todos os alunos, funcionários e

professores;

Renovação:a constante busca de superação na qualidade de ensino.

4.2 A MÚSICA NA ESCOLA ADVENTISTA O conservatório de música foi criado em 04 de dezembro de 1999, possui recepção,

dez (10) salas de aula , um auditório e uma sala onde ficam materiais didáticos que

são disponibilizados aos alunos para pesquisa e estudos internos. Estes materiais

ficam muito bem organizados, distribuídos por temas musicais , instrumentos e

partituras. Existe uma boa quantidade de material e os mesmos são bem

conservados.

IMAGEM 1 – Estante de materiais musicais

Há em cada sala um piano e um pedestal ( objeto onde se coloca a partitura). No

auditório ficam diversos instrumentos tais como: bateria, violinos, violões, baixo,

flautas entre outros.

IMAGEM 2 – Piano e partitura

As salas de aula possuem visor nas portas que possibilitam visualizar os alunos e

professores no momento em que ocorrem as aulas.

4.3 A MÚSICA RESSIGNIFICANDO A EDUCAÇÃO As aulas ocorrem em um área reservada especialmente para a educação musical. A

área é ampla e muito bem organizada, o ambiente é bastante harmonioso, é

possível encontrar alunos e professores tanto na recepção quanto nos corredores

com seus instrumentos, conversando sobre as aulas e até mesmo tocando algum

instrumento.

Os profissionais que atuam na escola possuem formação adequada o que

proporciona uma melhor reflexão e discussão das questões específicas do ensino de

música. Há uma carga horária específica para música, tornando possível o ensino

para todos os alunos. A escola dispõe de salas adequadas, materias músico-

pedagógicos, além de um trabalho musical bem orientado e metodologicamente

estruturado, possibilitando um aprendizado prazeroso, acessível e voltado para o

crescimento pessoal de seus alunos.

Primeiramente os professores averiguam o gosto musical de seus alunos para a

partir de então, abordar de forma teórica questões sobre o ensino de música tais

como : história da música, obras -primas, compositores dentre outros assuntos. Em

seguida são apresentados os instrumentos musicais, partituras e o acervo de livros

disponíveis na escola4.

IMAGEM 3 – Livros das aulas de música

As aulas são dadas de segunda à sexta para todas as séries, desse modo os

alunos são de diversa faixa etária. As mesmas são realizadas em horários

combinados. Cada professor tem sua grade de horários e seu "quadro" de alunos.

Desse modo eles se organizam de forma que possam trabalhar com seus alunos

tanto individualmente como coletivamente. As aulas individuais são combinadas

entre os professores e seus alunos já as coletivas são combinadas entre os

professores e ocorrem no auditório.

Durante as observações ficou notório que os alunos ficam profundamente

envolvidos com o fazer musical, eles tocam, tiram dúvidas, criam seu próprio ritmo,

as vezes cantam, foi possível vivenciar uma alegria aparente. Os alunos também

são criticamente conscientes, fazem comentários do tipo: "estou tocando melhor do

que da última vez", "gostei da forma como foi combinado, o ritmo soou melhor".

4 Os demais materiais e instrumentos utilizados para a aula de música encontram-se no anexo.

Por meio das entrevistas e observações a impressão é de que existe de fato ganhos

em atitudes pessoais e/ou sociais e ganhos musicais. Os alunos pareceram tornar-

se musicalmente mais habilidosos e sensíveis. além de que a maneira com a qual a

música é tratada na escola (de forma ampla e democrática) demonstra que qualquer

pessoa pode aprender música e se expressar por meio dela, desde que sejam

oferecidas condições necessárias para a sua prática.

A análise será feita da seguinte forma: utilizarei os questionários aplicados para

tratar da música ressignificando a educação, bem como a concepção dos

professores sobre a música enquanto modificador social e a opinião dos alunos

sobre as aulas de música.

Ao compreender a música como recurso pedagógico no processo de ensino-

aprendizagem, numa concepção de educação global, a presente proposta partiu da

experiência vivenciada no cotidiano de onde pôde ser observado que a escola pode

sim estabelecer uma metodologia capaz de corresponder as perspectivas dos alunos

e professsores.

Durante todo o percurso de estudo de caso foi possível presenciar a relação entre

professores e alunos tanto em sala de aula como nos intervalos. Pude observar que

as aulas ocorriam em salas "individuais" onde ficavam o professor e seu aluno e as

vezes um acompanhante do aluno (pai, mãe, irmão). Como também aulas coletivas

no auditório onde "todos" os alunos participavam com a orientação de dois

professores.

Durante as aulas individuais percebeu-se que havia muita concentração tanto do

professor quanto do aluno, era como se estivessem apenas eles dois e o

instrumento. A aula só era interrompida quando o aluno desafinava em alguma nota

ou quando o mesmo sentia a necessidade de perguntar algo ao professor. Já

durante as aulas coletivas o que mais me chamou atenção foi o compromisso dos

alunos tanto no que diz respeito ao horário combinado, a escuta atenta das

orientações dadas, como na organização dos materiais que seriam utilizados por

eles: posição das partituras, dos instrumentos.

Nas palavras de Swanwick (2003, p. 72) isto ocorre porque:

As crianças estavam adquirindo confiança e competência com os instrumentos, estavam tocando, ouvindo cuidadosamente, trabalhando junto e valorando o fazer musical...Existia um claro cuidado da música como uma forma significativa de discurso.

A princípio durante a execução dos exercícios pode-se observar que alguns alunos

estavam bastante nervosos, e pela aparência dos professores que observavam e

faziam anotações o que dava a entender, era que algo não estava correndo como o

desejado por eles. Após o término da primeira música os professores questionaram

de forma geral os alunos com questões do tipo: o que vocês acharam da atuação de

vocês? O som soou harmonioso? Se não, o que pode ser feito para ser melhorado?

Após obter algumas respostas os professores solicitaram que tocassem novamente

fazendo os reajustes que haviam sido combinados. A alegria expressada na face

dos professores deixava óbvio que o objetivo estava sendo alcançado, os alunos

encontraram a altura, o ritmo e a intensidade desejados para a execução da música

proposta, que por sinal havia sido escolhida pelos próprios alunos.

Sobre exercícios Snyders, comenta:

Os exercícios não constituem nunca o essencial do ensino, só se justificando na medida em que se superam com objetivos válidos em si mesmo - aqui, desenvolver o senso estético. Assim o ensino de música pode desempenhar um papel essencial para situar em seus justos lugares as técnicas, os exercícios, em resumo, os meios e as finalidades profundas da educação. (SNYDERS,1997,p. 132)

Após as aulas os alunos relatam que se sentem menos tensos , mais calmos e

relaxados. Há uma sintonia entre os objetivos e interesse do aluno e a música, ao

revelarem que se sentiram realizados.

OPINIÃO DOS PROFESSORES "Aprender música significa aumentar a capacidade perceptiva. Por mais simples

que seja a atividade musical, exige sempre atenção, observação, memória e

iniciativa; quando se trata de atividade coletiva, esta estimula a solidariedade,

cooperação e respeito ao próximo. Desenvolve a sociabilidade, preparando o

educando para a vida no grupo humano, tornando capaz de adaptar-se a outras

personalidades enriquecendo a sua própria, a tantos outros benefícios".

A aplicabilidade da música na área educacional ainda possibilita ao professor

trabalhar de forma interdisciplinar, pois o mesmo pode fazer uso dos diversos temas

de letras das músicas, que serão subsídios para debates, reflexão, interpretação e

compreensão de textos além de proporcionar aulas mais alegres e criativas.

Snyders (1997,p. 135) afirma em relação a interdisciplinaridade que:

O ensino de música pode dar um impulso exemplar à interdisciplinaridade, fazendo vibrar o belo em áreas escolares cada vez mais extensas. Para alguns alunos é a partir talvez da beleza da música, da alegria proporcionada pela alegria musical, tão frequentemente presente em suas vidas de uma ou outra forma, que chegarão a sentir a beleza na literatura, o misto de beleza e verdade existente na matemática, o misto de beleza e eficácia que há nas ciências e nas técnicas. (SNYDERS, 1997, p. 135)

Dessa forma a música como instrumento pedagógico, estético e artístico, cumpre

sua finalidade ressignificando a rotina das aulas convencionais. Contribuindo de

forma significativa para a formação integral do ser humano.

4.3.1 Concepções dos professores sobre a música enquanto modificador social A música é uma das formas de comunicação mais presente na vida de todos os

seres humanos. É um elemento que sem sombra de dúvidas pode auxília no

desenvolvimento educacional e social das pessoas, pois a mesma pode tratar de

diversos temas em suas letras, que poderão contribuir para debates e reflexões

dentro ou fora das salas de aula. Daí a sua importância enquanto expressão de

comunicação pois oportuniza uma melhor compreensão a cerca de diversos

assuntos.

A música tem um grande poder de interação, o que favorece a socialização entre

indivíduos, desperta o senso criativo, emotivo e imaginativo de cada um, além de

ensinar o indivíduo a ouvir, falar e escutar de maneira ativa e refletida o que

proporciona benefícios à vida em seu conjunto.

Sobre estes aspectos Snyders (1997, p.134) comenta:

O canto favorece uma respiração melhor, habitua a melhor dirigir a voz, a articular melhor - e que também ajuda a perceber melhor a voz dos outros, do que decorreriam ganhos em termos de ortografia; que um conjunto coral ou instrumental é uma forma de socialização, um trabalho de equipe; que se repartem as tarefas segundo regras elaboradas pelo próprio grupo; que se escutar uns aos outros vai ajudar a um melhor entendimento de uns com os outros - e que este benefício será transponível a muitos outros trabalhos. (SNYDERS, 1997, p.134)

A música desperta o sentimento das pessoas, proporciona alegrias, é a expressão

artística mais apreciada entre os jovens. Sobre o poder da música entre os jovens

Snyders (1997, p.79) discorre:

A experiência mais familiar aos jovens é a da música que toma conta deles: sabem bem que a música não os prende apenas de um determinado lado, não os atinge só em um determinado aspecto deles mesmos, mas toca o centro de sua existência, atinge o conjunto de sua pessoa, coração, expírito,corpo. Ela nos agarra, sacode, invade, até impor-nos um determinado comportamento, um determinado jeito de ser. (SNYDERS, 1997, p.79)

A música dessa maneira auxilia no desenvolvimento de diversas habilidades,

oportuniza uma melhor relação entre as pessoas, dá acesso a formas mais

dinâmicas, alegres e interessantes de conhecer e aprender a enriquecer-se com a

troca de experiências com outros indivíduos. A música proporciona a expressão de

sentimentos e idéias é um elemento educativo que nos leva a conhecer diversas

culturas é uma forma importante do discurso humano dessa forma contribui para

transformação e o desenvolvimento social.

OPINIÃO DOS PROFESSORES PESQUISADOS SOBRE A MÚSICA ENQUANTO MODIFICADOR SOCIAL

Professor 1

“ A música transforma no aspecto de motivar a interação com os outros e a

superação de si mesmo” .

Professor 2

“Quando ela ocupa tempo ocioso de pessoas sem perspectiva tornando-se um meio

de profissionalização”.

Professor 3

“Em nosso caso internamente, completamente, pois desenvolvemos:canto coral,

banda, orquestra, música de câmara, disciplinas conjuntas teóricas e prática

instrumental”.

Professor 4

“A partir do momento em que se mostra o trabalho em sala de aula, exteriorizando a

criação e desempenho dos alunos. A música é um meio de expandir a cultura que é

vivida em determinado meio social”.

4.3.2 Concepções dos alunos sobre as aulas de música A música é cultura, desse modo desconhecê-la seria um grande prejuízo a

formação cultural e social da criança. São várias as formas em que a música

influência no desenvolvimento da criança já que a mesma contribui para o

desenvolvimento cognitivo, emocional, psicomotor e afetivo.

Uma das funções da escola é possibilitar aos alunos uma educação integral, uma

educação que contribua para o futuro, para a vida profissional e para a cidadania.

Nesse sentido a escola ao proporcionar a educação musical colabora para o

desenvolvimento harmonioso do ser humano, já que a música tem o potencial de

conscientização da interdependência entre corpo e mente, razão e emoção, ciência

e estética, além de contribuir para a socialização dos alunos.

Para Snyders (1997, p.80) “O papel da escola aqui seria talvez ajudar a perceber

até que ponto a música atinge zonas profundas do nosso ser, alegrias e desejos tão

difíceis de confessar a nós mesmos”.

Meu primeiro contato com os alunos aconteceu antes de iniciar as minhas

observações para esta pesquisa, pois em maio de 2008 precisei uma vez por

semana desenvolver uma atividade de trabalho proxímo a escola. Daí foi possível

encontrar com alguns alunos e desde então questioná-los a respeito das aulas. Em

setembro de 2009 foi que começei de fato a "assistir" as aulas individuais e em

grupo.

Nas aulas individuais foi possível um melhor contato com os alunos pois cada um

levava cerca de quarenta minutos com o professor na sala de aula, daí então assim

que saiam da sala eu podia questioná-los a respeito da aula. Já durante as aulas

coletivas eu permanecia a maior parte do tempo apenas observando pois os alunos

e professores apesar de me deixarem a vontade para assistir a aula ficavam muito

entrosados, envolvidos com a alegria do fazer musical por isso percebi que naquele

momento o ideal mesmo era apenas observá-los pois eles se comunicavam entre si constantemente.

Sobre comunicação comum e comunicação estética Snyders (1997,p. 90) comenta:

Os alunos têm de tomar consciência de que as áreas da comunicação e da estética coincidem em alguns pontos, mas nem por isso deixam de ser distintas - e de que a alegria da comunicação não pode ser, em toda a sua extensão, confundida com a alegria estética. A tarefa do professor é fazer progredir a comunicação em música até que ela se situe no nível da arte. (SNYDERS 1997,p. 90)

Era notável que os professores costumavam planejar muito bem as aulas, pois além

de solicitarem com antecedência que algum funcionário deixasse a sala preparada

para as aulas levavam os materias téoricos que seriam utilizados, cd e dvd. O

planejamento contribuia bastante para o desenvolvimento da aula uma vez que

todos os questionamentos eram embasadamente respondidos principalmente

quando se tratava de obras de época distante.

Os alunos durante as aulas tanto as individuais quanto nas desenvolvidas

coletivamente questionavam os professores a respeito das músicas que seriam

tocadas: quem era o compositor? qual o estilo musical? dos instrumentos: como

afiná-los? qual a melhor maneira de guardá-los? A respeito das partituras

perguntavam sobre uma passagem de nota que não estavam conseguindo fazer, ou

que não estava saindo como deveria enfim havia uma constante troca de

conhecimentos.

Ainda sobre comunicação Snyders (1997,p. 91) discorre:

A alegria da comunicação musical é que ela pode abrir um caminho de beleza que permite sair verdadeiramente de ruminações interiores. Quando

escutamos juntos uma mesma página musical, pressinto que cada um de nós a incorpora de modo único (e talvez também complementar...) à própria experiência de vida. Viver na intimidade musical das obras-primas, esposar a perspectiva de determinados personagens de ópera, é uma oportunidade de conhecer as pessoas em sua variedade fascinante, de comunicar-se com oi mundo qualitativamente diferente que cada um constitui e que ressoa em cada um, e assim desfrutar da riqueza imensa e da beleza inesgotável das singularidades humanas. (SNYDERS, 1997,p. 91)

Foi perceptível que houve uma pré- disposição dos alunos à atividade proposta

constatando que tal forma de ensinar com música motiva o aluno, pois atinge seu

interesse pessoal. Quando questionados a respeito da música todos responderam

que a música facilita a aprendizagem pois trabalha o corpo e a mente, desenvolve o

raciocínio rápido e ajuda a asimilar os assuntos da prova com mais facilidade,

aprendem a trabalhar em grupo, pois estão sempre ensinando e aprendendo de

forma democrática.

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o percurso desta pesquisa, foram apresentados fatos históricos e

abordagens teóricas que por séculos permearam o ensino de arte e a educação

musical. Durante anos as aulas de arte permaneceram relegadas a segundo plano,

constando no currículo apenas como "diversão" como se estas aulas não pudessem

de forma alguma contribuir para o desenvolvimento do ser humano. Com o advento

de leis tanto no que tange o ensino de arte como o ensino de música tornou-se

possível discussões a respeito das temáticas, abrindo espaço para o

reconhecimento delas enquanto fator importante para promover o desenvolvimento

cultural e social dos indivíduos. Ainda assim, é perceptível que a grande maioria das

instituições de ensino não implementaram de fato estas disciplinas e quando o

fizeram não deram a elas o seu verdadeiro significado, priorizando apenas os

aspectos lúdicos e disciplinares.

A música esta presente na vida dos seres humanos desde muito cedo no entanto é

uma arte que ao longo dos anos vem sendo esquecida nas escolas. O propósito

deste trabalho foi investigar as contribuições da música para o ensino fundamental.

Durante a pesquisa procurou-se investigar como ocorriam as práticas educativas, a

relação dos educandos com a música , a formação dos professores e os materiais

de ensino disponivéis para a execução das aulas. A partir das experiências vividas com a música na escola percebeu-se que a

educação musical não existe apenas para o prazer, pois o esforço criativo em dar

forma estética e artística nos espaços de ensino-aprendizagem proporciona aos

alunos a desenvolverem o raciocínio, a criatividade e a percepção além de promover

a autodisciplina, favorecendo assim, a interpretação e a compreensão do mundo.

A partir dos conhecimentos apreendidos e aqui esboçados, podemos conceber que

o ensino e aprendizagem de música na instituição vem sendo reconhecido como um

grande aliado no desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças.

Possibilitando o constante interesse dos alunos e o resgate da alegria musical,

oportunizando um aprendizado integral e prazeroso.

À medida que nos aprofundávamos em nossa reflexão sobre o ensino da música

como prática educativa pode-se constatar que a música constitui-se num

instrumento pedagógico, de grande relevância no cotidiano escolar favorecendo o

equilíbrio entre corpo e mente, oportunizando uma educação integral,

ressignificando a aprendizagem de forma criativa e participativa dos alunos.

A partir das experiências vividas com a música na escola percebeu-se que a

educação musical não existe apenas para o prazer, pois o esforço criativo em dar

forma estética e artística nos espaços de ensino-aprendizagem proporciona aos

alunos a desenvolverem o raciocínio, a criatividade e a percepção além de promover

a autodisciplina, favorecendo assim, a interpretação e a compreensão do mundo.

Dessa forma esta pesquisa foi uma tentativa de responder a seguinte problemática

apresentada neste trabalho: Como a música pode ressignificar a educação

fundamental ?

Dado o exposto podemos afirmar que a inserção da música no universo escolar

possibilita uma educação integral. Além de renovar o processo de ensino-

aprendizagem a música se constitui como um elemento de grande importância

contribuindo de forma significativa no desenvolvimento das práticas educativas para

o ensino fundamental.

REFERÊNCIAS

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Cadernos de Estudo, Educação Musical nº 1, São Paulo, Atravéz, 1990 LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. O ensino de Música na Educação Fundamental. São Paulo: PAPIRUS. 2003. 235p. LÜDKE, M. & André, M.E.D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de educação e ensino). MELO, Guiomar Namo de. Formação inicial de professores para educação básica: uma (re)visão radical. Revista São paulo em perspectiva. São Paulo: SEADE, v.14, n.1 jan/mar. 2000 SANTA ROSA, Neireide Schilaro. Educação Musical para 1ª a 4ª série. São Paulo: ÁTICA. 1990. 326p. SAVIANI, D. A educação musical no contexto da relação entre currículo e sociedade. Mesa Redonda “Currículo e Sociedade” no IX Encontro Anual da Associação Brasileira de Educação Musical – ABEM. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/reder2.html. Data de acesso: 12 de julho de 2010. STATERI, José Julio. Atividades recreativas na educação musical. Atibaia, SP: Redijo, 1978. STEFANI, Gino. Para Entender a Música. Rio de Janeiro: GLOBO. 1987. SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. São Paulo: UNESP. 1992. SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? São Paulo: CORTEZ. 3ª ed. 1997. SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. MODERNA. 2003. XIMENES, Sérgio. Mini-dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: EDIOURO. 2ª ed. reform. 2000.

APÊNDICE A UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA (PROFESSORES)

1. QUAL É SEU NOME? __________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. QUAL A SUA FORMAÇÃO? __________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. QUE IMPORTANCIA VOCÊ ATRIBUI PARA MÚSICA EM SUA PRÁTICA

DOCENTE? __________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. DE QUE MANEIRA VOCÊ ACHA QUE A MÚSICA RESIGINIFICA A

EDUCAÇÃO ? PORQUE? __________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. A MÚSICA CONTRIBUI COM A INTERAÇÃO ENTRE OS ALUNOS ? DE

QUE FORMA? ( ) MUITO ( ) POUCO ( ) AS VEZES ( ) OUTROS __________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. O TRABALHO ENVOLVENDO MÚSICA CONTRIBUI PARA O

DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS? ( ) MUITO ( ) POUCO ( ) AS VEZES ( ) OUTROS

7. A UTILIZAÇÃO DA MÚSICA EM SALA DE AULA CONTRUI PARA O

TRABALHO INTERDISCIPLINAR? ( ) MUITO ( ) POUCO ( ) AS VEZES ( ) OUTROS

8. QUAIS SÃO AS CONDIÇÕES OFERECIDAS PELA INSTITUIÇÃO PARA O

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO COM MÚSICA? ( ) MUITO SATISFATÓRIO ( ) SATISFATÓRIA ( ) POUCO SATISFATÓRIA ( ) OUTROS 9. EM QUAIS ASPECTOS A MÚSICA SE TRANSFORMA EM MODIFICADOR

SOCIAL?

APÊNDCE B

OPINIÃO DOS ALUNOS SOBRE AS AULAS DE MÚSICA 1) O QUE VOCÊ ACHA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO MUSICAL? 2) O QUE VOCÊ MAIS GOSTA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO MUSICAL? 3) VOCÊ ACHA QUE AS AULAS DE EDUCAÇÃO MUSICAL SÃO IMPORTANTES PARA A SUA VIDA? 4) AS AULAS DE MÚSICA LHE AJUDA A SER MAIS CRIATIVO? 5) DE QUE MANEIRA A MÚSICA CONTRIBUI PARA O SEU DESENVOLVIMENTO?

ANEXO A

IMAGEM 4 – Violões da sala de música IMAGEM 5 – Pedestal

IMAGEM 6 – Bateria da sala de música IMAGEM 7 – Violino da sala de música

IMAGEM 8 IMAGEM 9 - Partituras Mural informativo sobre eventos musicais