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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA Vera Lucia Sousa Portugal A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DIANTE DA INCLUSÃO EDUCACIONAL DO ALUNO SURDO NA ESCOLA REGULAR: LIMITES E POSSIBILIDADES Salvador 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

Vera Lucia Sousa Portugal

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DIANTE DA INCLUSÃ O EDUCACIONAL DO ALUNO SURDO NA ESCOLA REGULAR:

LIMITES E POSSIBILIDADES

Salvador 2011

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VERA LUCIA SOUSA PORTUGAL

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DIANTE DA INCLUSÃ O EDUCACIONAL DO ALUNO SURDO NA ESCOLA REGULAR:

LIMITES E POSSIBILIDADES

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia com Gestão e Coordenação do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Profª. Janeide Medrado Ferreira.

Salvador 2011

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VERA LUCIA SOUSA PORTUGAL

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DIANTE DA INCLUSÃ O EDUCACIONAL DO ALUNO SURDO NA ESCOLA REGULAR:

LIMITES E POSSIBILIDADES

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia com Gestão e Coordenação do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Profª. Janeide Medrado Ferreira.

Aprovada em ____________ de ___________ de 20__.

________________________________

Profª Janeide Medrado Ferreira (Orientadora)

________________________________

Profª Aline Vianna M. Cerqueira (Professora de Psicologia)

________________________________

Profª Drª. Rilza Cerqueira Santos (Professora da UNEB)

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Dedico esse trabalho ao meu querido pai,

todos os meus irmãos, minha filha

sobrinhos, netas e toda minha família. Com

enorme carinho e ternura

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos vocês pela amizade, companheirismo, atenção e cuidado. Cada um ao seu modo me deu o apoio que precisei nessa ocasião tão importante, de dificuldade e ao mesmo tempo de engrandecimento pleno, em minha vida... OBRIGADA Á TODOS! A Deus por estar me proporcionando a realização de mais um SONHO em minha vida. A minha Mãe e ao meu Pai, mesmo ela não estando mais presente em nosso meio, mas por me fazer existir. A todas as minhas irmãs e irmãos (Meire, Wellington, Alexsandra, Claudia, Ana, Jacirandir e Sueli), pelo apoio, incentivo e ajuda sempre, sempre. Amo muito vocês! Ao André Luiz que por muitas vezes me incentivou e me ajudou no processo de digitação e de impressão da monografia, verificando os erros, as repetições, etc., e, sobretudo, que me deu uma luz nos objetivos que regem essa pesquisa, “obrigada amor”! Às minha amigas Cintia, Vânia e Ana Paula por me apoiarem, em vários momentos de angústias, dúvidas e indecisões do que fazer toda vez que precisei, Ao meu amigo Welton que mesmo de longe, sempre se lembrava de perguntar sobre a monografia, me dando apoio moral, quando dizia: “você vai conseguir, porque você é inteligente confie no seu potencial”. (risos), obrigado amigo! A todos os meus colegas de classe, principalmente à Débora, Luana e Joice pelas trocas constantes de angústias e ajuda nesses últimos momentos, A todos os meus professores de modo geral, pelo conhecimento que me proporcionaram durante esses anos na academia, em especial a professora Maria Alba Guedes por me tornar uma pessoa melhor ao longo da minha vida acadêmica, te amo muito, A minha professora do cursinho pré vestibular, Elsimeire, que me ajudou na correção da minha pesquisa (monografia), fico muito grata, A minha orientadora professora Janeide Medrado, que me apoiou quando pretendia desistir, acreditando em mim, dizendo que eu era capaz de terminar a minha pesquisa. Muito obrigada, Ao meu novo amigo Lúcio, que me salvou na hora mais difícil da minha monografia que Deus te abençoe. Obrigado meu anjo.

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Os outros escutam não eu

Mas tenho meus olhos, eles observam

ainda melhor que os seus, forçosamente.

Tenho minhas mãos que falam.

Um cérebro que organiza as informações,

à minha maneira, segundo minhas necessidades.

Não chamarei de imperfeitos a vocês, os ouvintes.

Aliás, não permitiria tal coisa. Ao contrário, quero a

união das duas comunidades, no respeito. Dou-lhes o

meu, quero o de vocês.

Emmanuelle Laborit

Tradução: Lelita Oliveira)

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RESUMO

Esta pesquisa tem como finalidade observar a prática pedagógica na escola regular para a inclusão de portadores de deficiência, em especial a de surdos. Considerando principalmente, o educador como elemento fundamental de mediação entre o surdo e o seu aprendizado destacamos discussões sobre a temática, com o objetivo de ressaltar as suas dificuldades no processo de inclusão desse aluno e do desenvolvimento da aprendizagem. Enfatizamos, dessa maneira, alguns conceitos necessários sobre a inclusão dessas crianças, destacando, sua importância como elemento sólido e construtivo para a formação desses indivíduos. Levando em consideração, diversos fatores tais como a preparação desses professores para lidar com esse tipo de aluno e o processo de ensino aprendizagem dos mesmos. A investigação pautou-se numa metodologia de abordagem qualitativa, foram investigados três professores do ensino fundamental de três Escolas Estadual da Bahia, e os seus respectivos alunos, na tentativa de perceber que lugar eles ocupam em sala de aula. Como resultado da pesquisa foi possível detectar que a prática pedagógica nas escolas é percebida como algo relevante, que na sala de aula, há a utilização dela, superficialmente, de maneira ainda um pouco confusa e desarticulada da sua real função e importância. Nesse sentido, a análise dos dados coletados através da observação em sala de aula e de questionários, permitiu concluir que não existe segurança suficiente dos professores diante a realidade da inclusão e certo despreparo pelos mesmos. No cenário pesquisado, podemos afirmar que os resultados obtidos apontam uma necessidade de melhoria nas práticas de ensino e certa qualificação dos professores, enquanto mediadores dessas crianças, por isso, acreditamos que, no que tange o trabalho docente, há ainda muito a se pesquisar, a se descobrir e aprender sobre a inclusão de surdos, a melhoria da qualidade do ensino para vida delas. Palavras-chave: prática pedagógica, surdos, inclusão

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ABSTRACT

This research aims to observe the pedagogical practice in regular schools for the

inclusion of disabled people, especially the deaf. Considering mainly the educator as

a key element of mediation between the deaf and their learning highlight discussions

on the thematic, with the goal of highlighting their difficulties in the process of

inclusion of student learning and development. We emphasize in this way, some

concepts required on the inclusion of these children, highlighting its importance as a

solid and constructive element to the training of these individuals. Taking into

account various factors such as the preparation of teachers to deal with this type of

student and the process of teaching and learning of the same. The research

methodology was based on a qualitative approach, we investigated three elementary

school teachers in three schools in the State of Bahia, and their respective students,

trying to understand what place they occupy in the classroom. As a result of the

research was possible to detect that the pedagogical practices in schools is

perceived as relevant that in the classroom, there is the use of it, superficially, so still

a little confused and disconnected from its actual function and importance. In this

sense, the analysis of data collected through observation in the classroom and

questionnaires, concluded that there is sufficient security for teachers on the

inclusion and the reality of certain unprepared for them. In the scenario searched, we

can say that the results indicate a need for improvement in teaching practices and a

certain teacher qualifications, as mediators of these children, so we believe that,

regarding the teaching profession, much remains to be investigated, to discover and

learn about the inclusion of deaf people, improving the quality of education for their

lives.

Keywords: pedagogical practice, deaf, inclusion.

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO.....................................................................................................10 2.0 REFERENCIAL TEÓRICO. .................................................................................13

2.1 A Educação De Surdos No Brasil........................................................................13

2.2 Propostas De Educação Para Surdos.................................................................16

3.0 LINGUAGEM DE SINAIS – LIBRAS ...................................................................25

3.1 Aspectos históricos da educação de surdos.......................................................26

3.2 A importância da LIBRAS no contexto escolar....................................................28

3.3 O papel do interprete de LIBRAS.........................................................................30

4.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................32

4.1 Tipo da pesquisa..................................................................................................32

4.2 Procedimentos de Coleta dos dados...................................................................32

4.3 Situando o universo Pesquisado..........................................................................34

4.4 Sujeitos da Pesquisa............................................................................................34

4.5 Momentos Da Observação...................................................................................34

5.0 ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS ..............................................36

5.1 O que você entende por inclusão?.......................................................................36

5.2 Formação dos professores...................................................................................38

5.3 Práticas pedagógicas utilizadas para desenvolver a aprendizagem dos

surdos.........................................................................................................................39

6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................44

REFERÊNCIAS..........................................................................................................47

ANEXOS.....................................................................................................................49

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1.0 INTRODUÇÃO

A educação dos indivíduos portadores de necessidades especiais atualmente,

no Brasil, é um desafio. Neste grupo enquadram-se os sujeitos surdos. Muitas

inquietações surgem dentro desse campo de pesquisa. Várias são as dificuldades

ou problemas que entravam o processo que tenta facilitar a inclusão dos surdos do

ponto de vista social. Nesse ponto podemos destacar a falta de comunicação oral,

que prejudica sensivelmente o aprendizado desses sujeitos, assim como a aplicação

de metodologias que não condizem com a atual realidade sócio-cultural desses

alunos. Não omitindo a falta de preparo da maioria dos educadores que atuam

nessa área.

Uma atenção maior tem se voltado para os surdos nas últimas décadas,

objetivando garantir direitos que atendam às suas necessidades, em seus vários

aspectos, direitos esses que anteriormente lhes foram negados. Mesmo existindo

leis assegurando o suporte necessário a esses indivíduos surdos, ainda existem

muitos deles que não desfrutam desses benefícios.

Lutar para que os surdos desfrutem das conquistas legais é um dever de

todos, e a educação especial é uma modalidade que foi reconhecida, como um

espaço que atende o desenvolvimento da criança de maneira integral.

Entender o surdo como sujeito de direitos é conceder-lhe a oportunidade de

inserção no meio social. Sabe-se que a história da educação de surdos é repleta de

controvérsias. Nesse processo, como qualquer grupo que tenha algum tipo de

deficiência, os surdos sofrem discriminações em relação à população ouvinte.

No contexto da educação dos alunos surdos na classe regular, que é o foco

dessa pesquisa, a língua de sinais, surgiu com a função de facilitar o aprendizado

desses alunos surdos no contexto escolar. No entanto, durante muitos anos, o mito

de que a língua de sinais impediria a aquisição da língua oral pelas crianças surdas,

impediu sua utilização no processo educacional. A língua de sinais não era

considerada uma língua, mas sim, um conjunto de gestos sem estrutura.

Com base nos dispositivos da Legislação Brasileira, o Conselho Nacional de

Educação aprovou a resolução n.2/2001, que instituiu as Diretrizes Nacionais para a

Educação Especial na Educação Básica. Essa diretriz inclui os alunos surdos no

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grupo daqueles com dificuldade de comunicação e sinalização diferenciada dos

demais alunos, e que demanda a utilização de linguagem e códigos aplicáveis.

O parágrafo 2º do artigo 12 dessa resolução diz:

Deve ser assegurada no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades de sinalização diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade aos conteúdos curriculares mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braile e a língua de sinais, sem prejuízo do aprendizado a língua portuguesa, facultando-lhes às suas famílias a opção pela abordagem pedagógica que julgarem adequada, ouvidos os profissionais em cada caso.

Atualmente, a Língua de Sinais é uma língua em expansão no mundo,

mostrando, portanto, a importância dessa forma de comunicação na construção do

sujeito surdo. Apesar desse avanço, ainda são comuns situações de interações

entre professor e aluno desconsiderando as dificuldades, pouco conhecimento, ou

quase nenhum a esta forma de comunicação por parte dessa clientela

Nesse contexto, é que abordamos o tema a inclusão do aluno surdo tendo

como questão a prática pedagógica do professor diante dessa dificuldade? Quais

seus limites e possibilidades? Tendo como objetivo analisar e identificar essas

dificuldades que os mesmos enfrentam na prática pedagógica para incluir o aluno

surdo no processo educacional, na escola regular. A partir daí, deu-se início a uma

jornada de estudos para melhor entender esta temática.

O primeiro capítulo foi feito traçando um breve histórico na educação de

surdos no Brasil, destacando alguns aspectos sobre o tema, assim como, algumas

propostas de educação, buscando conhecer melhor a educação de surdos e como

essas propostas poderiam contribuir na aprendizagem dos alunos como forte aliado

nas práticas pedagógicas dos professores. Fundamentado nas discussões de alguns

autores como Quadros (1997), Lopes (1997), Skliar (1997) entre outros.

O segundo capítulo decorre sobre o conhecimento da língua de sinais

contextualizando um pouco da historia dessa linguagem, hoje considerada de

fundamental importância para o aluno surdo e a importância da mesma no contexto

escolar.

O capítulo terceiro trata o percurso metodológico, mostrando o tipo de

pesquisa os instrumentos utilizados e o relato das investigações feitas por

intermédio dos instrumentos de coleta de dados, analisando e interpretando os

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questionários com base nos discursos e opiniões dos professores sobre a prática

pedagógica do aluno surdo na escola regular, embasada na fundamentação teórica

revelando as concepções que norteiam a prática dos sujeitos pesquisados.

Por fim, as considerações finais onde é relatado, brevemente, os resultados

relevantes obtidos nesta pesquisa.

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2.0 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Educação dos Surdos no Brasil

A educação especial dos portadores de deficiência teve seu inicio, no Brasil,

na década de 50 do século passado. Precisamente, em 12 de setembro de 1854,

onde foi fundado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos.

Foi ainda D.Pedro II que, pela Lei n°839, de 26 de setembro de 1857,

portanto, três anos depois da criação do Instituto Benjamin Constant, antigo Imperial

Instituto dos Meninos Cegos, fundou, também no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto

dos Surdos-Mudos. A criação se deu graças aos esforços de Ernest Hüet, Francês,

professor e diretor do Instituto. Em 1957, cem anos após sua fundação, pela Lei

n°3.197, de 06 de julho, passaria a denominar-se In stituto Nacional de Educação de

Surdos – INES.

Nesses dois Institutos, algum tempo depois, foram criadas oficinas para

aprendizagem desses alunos, visando, portanto, o ensino profissionalizante, devido

à instalação desses dois Institutos o IBC e o INES abriram-se as possibilidades de

discussão da educação dos portadores de deficiência, no I° Congresso de Instrução

Pública, em 1883. Entre os temas do referido congresso, figurava a sugestão de

currículo e formação de professores para cegos e surdos.

Assim, foi possível observar que, desde a época do Brasil Império, já se

tornava explícita a preocupação em existir uma formação de professores

qualificados para atender a educação dos portadores de deficiência.

Deve-se destacar o Instituto Santa Terezinha, o qual por iniciativa do Bispo

Dom Francisco de Campos Barreto, onde foi fundado em 15 de abril de 1929, na

cidade de Campinas (SP). Sua fundação foi possível graças a duas freiras

brasileiras que foram a Paris (França), a fim de se especializarem no ensino de

crianças surdas. Após quatro anos retornaram com duas freiras francesas.

Em 18 de março de 1933, o Instituto foi transferido para a cidade de São

Paulo. Onde até o ano de 1970 funcionou em regime de internato para meninas

surdas. Após esse ano, deixou de ser internato feminino e passou a ser externato

para meninos e meninas. Já na mesma ocasião, iniciou o trabalho de integração de

alunos deficientes auditivos no ensino regular.

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Sendo considerada, na área da educação especial, como Instituição de

elevada conceituação, onde são oferecidos aos seus alunos deficientes auditivos,

além do ensino do 1° grau, atendimento médico, fono audiológico, psicológico e

social.

A partir desse breve histórico, é oportuno citar que houve várias

denominações que receberam esses Institutos ao longo da sua existência, desde o

primeiro: Imperial Instituto dos Surdos-Mudos (1857), até a Escola Municipal de

Educação Infantil e de I° grau para Deficientes Aud itivos Helen Keller.

As atividades desenvolvidas por esta escola especial foi de suma importância

onde pode levar a criação, em 1988, de mais quatro escolas municipais de

educação infantil e de I° grau para deficientes aud itivos na rede municipal de São

Paulo.

Agora podemos observar que o cenário brasileiro se encontra em uma

situação não muito confortável com esse paradigma, o da Inclusão Social dos

Portadores de necessidades especiais. A educação especial passa por um momento

muito delicado, que se caracteriza pelo seu encontro com a Educação Comum,

inaugurando um novo movimento denominado Educação Inclusiva. Este movimento

é fruto de transformações que vieram ocorrendo ao longo da história e, que

ocorreram através das atitudes sociais e as quais foram se estabelecendo.

Quando se fala em Educação Especial, remete-se à questão da deficiência. A

primeira tentativa científica de estudo das pessoas com deficiência surgiu no séc.XVI

com Paracelso e Cardano, médicos alquimistas que defendiam a possibilidade de

tratamento da pessoa com deficiência. Mas, a consolidação dessa concepção

científica sobre deficiência só ocorreu no séc.XIX, com os estudos de Pinel, Esquirol,

Morel, Froebel, entre outros que passaram a escrever cientificamente a etiologia de

cada deficiência numa perspectiva clínica.

O conceito de “necessidades educativas educacionais” começou a ser

empregado nos anos 60, mas inicialmente não foi capaz de modificar os esquemas

vigentes na educação especial.

A escolha do termo “necessidades educativas especiais” reflete o fato de que

os alunos com deficiência ou com dificuldades significativas de aprendizagem

podem apresentar necessidades educativas de gravidade distintas em diferentes

momentos.

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Outro conceito de “necessidades educativas especiais” é o seu caráter

relativo à contextual. A avaliação dos problemas dos alunos não deve centrar-se

unicamente nela mesma, mas levar em conta o contexto no qual se produz a

aprendizagem: o funcionamento da escola, os recursos disponíveis, a flexibilidade

do ensino, a metodologia empregada e os critérios de avaliação utilizados. Os

problemas de aprendizagem dos alunos são determinados, em grande medida, por

seu ambiente familiar e social e pelas características da própria escola. O tipo de

ensino que se desenvolve em uma escola pode originar ou intensificar as

dificuldades dos alunos.

Acontece também uma modalidade de conceito referente aos problemas de

aprendizagem ao longo de sua escolarização, que requer uma resposta educativa

mais específica. Ao falar de dificuldades da aprendizagem escolar significa evitar a

linguagem da deficiência, a ênfase situa-se na escola, no tipo de resposta educativa.

Essa formulação não nega que determinados alunos têm problemas específicos em

seu desenvolvimento. Uma criança cega, surda ou com paralisia cerebral apresenta,

inicialmente, dificuldades que seus colegas não têm. O acento, contudo, está agora

na capacidade da escola para adaptar a prática educativa às necessidades desses

alunos e oferecer, assim, uma resposta satisfatória.

Finalmente, os conceitos de necessidades educativas especiais remetem a

provisão de recursos educativos necessários para atender tais necessidades e

reduzir as dificuldades de aprendizagem que esse aluno pode apresentar. Em

relação à implementação da proposta da inclusão educacional escolar encontramos:

resistência de muitos professores e familiares; dúvidas de outros que se declaram

preocupados com o “desmonte” da educação especial e também a aprovação e o

entusiasmo de tão poucos.

A partir desse contexto, segue o estudo cujo foco é sobre a inclusão de

crianças surdas no âmbito escolar dito escola normal. Para que haja essa inclusão

social das pessoas surdas, com o objetivo de participação social, que sustenta a

necessidade de garantir o acesso à informação e a interação interpessoal dessas

crianças com necessidades educativas especiais. Apenas as escolas que

asseguram tais condições podem ser consideradas adequadas para a educação de

uma criança surda. Nesse enfoque, é necessário estabelecer os bons aspectos das

escolas que recebem crianças surdas. As decisões de escolarização de cada

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criança terão que ser feitas levando em conta qual escola aproxima-se mais desse

modelo.

2.2 Propostas de Educação para os surdos

Quadros (1997), ao tratar da educação de surdos apresenta uma proposta

que envolve três fases no processo de educação, a ponto de destacar que, no Brasil

há duas fases que podem ser claramente delineadas, e uma terceira fase, que

configura um processo de transição para a educação de surdos.

Ao explicar a primeira fase, aponta que esta se constitui pela educação

oralista, a qual está centrada na preocupação de “recuperação” da pessoa surda,

que para esta mesma autora a educação nesta fase trata o surdo como “deficiente

auditivo”, e recomenda um tratamento terapêutico. Nesta primeira fase, observa-se

que a preocupação se direciona para a recuperação terapêutica, a proposta de

educação oralista está centrada na aquisição da linguagem oral.

Assim, o surdo é treinado a desenvolver o aprendizado da leitura labial e é

encorajado a usar a fala para se comunicar baseando-se no fato de que ele deva

adquirir essa linguagem oral com o propósito de que se integre no universo dos

ouvintes, onde a comunicação gestual seja “totalmente proibida”.

A autora ainda defende que a proposta da educação oralista sempre foi e

parece que continua sendo uma experiência que apresenta resultados nada

atraentes para o desenvolvimento da linguagem e da comunidade de surdos.

Quadros (1997) se apóia no pensamento de Sacks (1990), e chega a citá-lo para

mostrar a crítica que este faz sobre esta primeira fase:

O oralismo e a supressão do Sinal resultaram numa deterioração dramática das conquistas educacionais das crianças surdas e no grau de instrução do surdo em geral. Muitos dos surdos hoje em dia são iletrados funcionais. Um estudo realizado pelo Colégio Gallaudet em 1972 revelou que o nível médio de leitura dos graduados surdos de dezoito anos em escolas secundárias nos Estados Unidos era equivalente apenas à quarta série; outro estudo, efetuado pelo psicólogo britânico R.Conrad, indica uma situação similar na Inglaterra, com os estudantes surdos, por ocasião da graduação, lendo no nível de crianças de nove anos. (Quadros 1997 apud Sacks,1990, p.45).

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Diante desta crítica, percebe-se o quanto tem se produzido “iletrado

funcional”, em razão da não atenção à educação do surdo.

Vigotsky (1933 apud Skliar, 1997) criticava com veemência os métodos de

ensino da língua oral, opinando que o ensino da linguagem ao surdo está construído

em contradição com sua natureza; mas também duvidava que a língua de sinais

fosse uma verdadeira linguagem a serviço da formação social dos surdos e como

um instrumento para a mediação dos processos psicológicos superiores.

Sobre os métodos de ensino da linguagem oral, Vigotsky dizia que:

Sua realização requer uma extrema dureza, se baseia em uma repressão mecânica e na proibição da mímica; serve para aprender a pronúncia e a articulação, mas não a linguagem, porque dá origem a uma linguagem morta, artificial, que não serve para nada. (Vigotsky 1933, p. 87 apud Skliar, 1997)

No que se refere ao uso da língua de sinais ou da língua oral, desde uma

perspectiva metodológica, Vigotsky afirmava:

Linguagem gestual é a língua natural. A linguagem falada, ao contrário, é inatural para o surdo-mudo, (...) devemos dar, indubitavelmente, a preferência àquela mais difícil e natural: a linguagem falada. Isto se alcança mais dificilmente, mas oferece muito mais. Efetivamente, mesmo que a mímica constitua a linguagem originária do mundo (...) deve ser abandonada, porque é uma linguagem pobre e delimitada. Esta encerra ao surdo em um microcosmos estreito e restrito, constituído a partir das que conhecem esta linguagem primitiva”(idem).

Vygotsky considera a linguagem oral, determinante na formação dos

processos mentais também defende o oralismo em um primeiro instante, mostrando

que a palavra desempenha um papel de destaque no processo da educação de

surdos e da socialização trazendo o mesmo pensamento de alguns autores quando

trata da linguagem oral, quando ele relata que a mímica (linguagem de sinais) é uma

língua primitiva, pobre e delimitada por conta dessa afirmativa ele retrata a

preferência a linguagem falada, ou seja, o surdo deve adquirir a linguagem da

mesma forma que os ouvintes.

Quando trata da segunda fase, Quadros (1997) que a denomina de bimodal

entende que o ensino não enfatiza mais o oral exclusivamente. O bimodalismo

passa a ser defendido como a melhor alternativa de ensino para o surdo. Tal

proposta caracteriza-se pelo uso simultâneo de sinais e da fala.

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A autora traz a crítica que Sacks (1990) faz ao bimodalismo quando menciona

Há uma compreensão de que algo deve ser feito (diante do oralismo): mas o quê? Tipicamente, usando os sinais e a fala permita aos surdos se tornarem eficientes nos dois. Há outra sugestão de compromisso, contendo uma profunda confusão: uma linguagem Intermediária entre o inglês e o Sinal (ou seja, o Inglês Sinalizado). Essa confusão vem de longa data - remonta aos “sinais Metódicos” de De I’Epee, que foram uma tentativa de expressão intermediária entre o Francês e o Sinal. Mas, (...) não é possível efetuar a transliteração de uma língua falada em Sinal palavra por palavra, ou frase por frase, as estruturas são essencialmente diferentes. Imagina-se com frequência, vagamente, que a língua de sinais é inglês ou Frances: não é nada disso; é ela própria. Sinal. Portanto, o “Inglês Sinalizado”, agora favorecido como um compromisso é desnecessário, pois não Precisa de nenhuma pseudolíngua intermediária. E, no entanto, os surdos são obrigados a aprender os sinais não para idéias e ações que querem expressar, mas pelos sons fonéticos em Inglês que não podem ouvir. (Sacks, 1990, p.47 apud Quadros 1997).

O autor chama a atenção de que o “Inglês Sinalizado” enfatiza que para nós,

é o mesmo que “Português Sinalizado”, já que à medida que se faz a tradução

simultânea há a combinação da linguagem de sinais e da linguagem oral. Destaca

ainda que não seja possível se fazer a transliteração de uma língua falada em sinal,

palavra por palavra, porque as estruturas são diferentes. Caso se faça, acarretará

em uma aprendizagem prejudicial, pois para o surdo não é tradução de linguagens,

e sim a linguagem de sinais, já que a sua limitação é na linguagem oral. Além disso,

o sistema bilabial não é adequado para o ensino da língua oral, pois não representa

um sistema completo de linguagem, conforme acrescenta Duffy, com base nas

declarações de Strong (1986), este salienta que as pesquisas têm indicado que

“somente 10% das expressões em sinais são exatamente iguais as que foram

faladas do uso inglês sinalizado (no caso do Brasil: português sinalizado)”. Contudo,

considera que esse tipo de modalidade não prega uma aceitação de qualquer tipo

de comunicação, mas sim o uso de técnica, onde requer um longo período de tempo

por parte dos surdos para aprendê-la.

As duas primeiras fases segundo Quadros (1997) fazem parte da história da

educação dos surdos no Brasil, onde ainda hoje os métodos o oralismo e o

bimodalismo, estão sendo usados por parte de algumas escolas. A autora comenta

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que comunidades de surdos se conscientizaram que foram bastante prejudicados

com as propostas de ensino com base no oralismo e no bimodalismo.

A terceira fase é caracterizada pela proposta de uma educação bilíngue.

Segundo Quadros (1997), o bilinguismo é uma:

Proposta de ensino usada nas escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo a mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita. (Quadros, p. 17, 1997).

Essa proposta tende a se preocupar com a aprendizagem primeiramente da

Língua dos Sinais. Para fazer com que o bilinguismo seja aplicado, é preciso partir

desta perspectiva metodológica em que se torna a estrutura dos sinais para que o

surdo chegue ao domínio da língua padrão, o que não enfatiza a linguagem bimodal.

Parece que é relevante a preocupação em respeitar a autonomia das línguas

de sinais, onde busque estruturar um plano educacional que não afete a linguagem

do surdo. Se,

A língua de sinais é uma língua natural adquirida de forma espontânea pela pessoa surda em contato com pessoas que usam essa língua e se a língua oral é adquirida de forma sistematizada, então as pessoas surdas têm o direito a ser ensinadas na língua de sinais. A proposta bilíngue busca captar esse direito. (idem)

Portanto, a criança surda brasileira deve ter acesso a LIBRAS (Língua

Brasileira de Sinais) o quanto antes para acionar de forma natural esse dispositivo.

Onde será usada como base para o aprendizado paralelo ou posterior da língua

portuguesa (oral ou escrita). Essa criança até poderá vir a adquirir a língua

portuguesa, mas nunca de forma natural e espontânea, como ocorre com a LIBRAS.

Goes (1996) observa a LIBRAS de forma bastante adequada às condições

sociais intrínsecas ao desenvolvimento da criança surda:

A criança nasce imersa em relações sociais que se dão na linguagem. o modo e as possibilidades dessa imersão são cruciais

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na surdez, considerando-se que é restrito ou impossível, conforme o caso, o acesso a formas de linguagem que dependam de recursos da audição. Sobretudo nas situações de surdez congênita ou precoce em que há problemas de acesso a linguagem falada, a oportunidade de incorporação de uma língua de sinais mostra-se necessária para que sejam configuradas condições mais propícias á expansão das relações interpessoais, que constituem o funcionamento nas esferas cognitivas e afetivas e fundam a construção da subjetividade. Portanto, os problemas tradicionais apontados como característicos da pessoa surda são produzidos por condições sociais. Não há limitações cognitivas ou afetivas inerentes a surdez, tudo dependendo das possibilidades oferecidas pelo grupo social para seu desenvolvimento, em especial para a consolidação da linguagem. (Goes, 1996 p.38).

Diante desse aspecto psicossocial, a escola, com seus respectivos

profissionais, têm que estar preparada para se adequar a esse tipo de aluno, dando-

lhe suporte, bem como à sua família, demonstrando que esse processo não deve

ser considerado apenas como um problema escolar ou institucional; a escola deve

mostrar claramente a proposta de trabalho, garantindo à família a oportunidade de

aprender sobre a comunidade surda.

Maura Corcini Lopes (1994) realiza uma experiência com a participação de

três crianças surdas, filhas de ouvintes, e bem como de dois professores, sendo dois

surdos e outro ouvinte. Com base no enfoque bilíngue de educação, partia do

pressuposto da existência de duas culturas distintas, a cultura ouvinte e a cultura

surda. Ela chega à seguinte conclusão:

O menino F (5 anos), possuía dificuldades em se comunicar tanto por sinais como oralmente, pois seus pais exigiam dele a fala, embora não tivessem dado acesso contínuo a esta aprendizagem ao menino. Já M, (3 anos) diferentemente de seu companheiro, teve acesso à língua de sinais e utilizava esta em sua comunicação. Enquanto F demonstrava-se agitado quando solicitávamos alguma atividade ou quando queria propor alguma brincadeira a seus amigos, M usava recursos visuais, além dos sinais que já conhecia, para fazer-se entender por seus companheiros. A diferença destas duas crianças, sem dúvida, era decorrente, ao nosso ver, das diferentes mediações do meio em seus desenvolvimentos. (Lopes, p. 58, 2006)

A partir dessa experiência feita pela autora, pode-se perceber a importância

das diferenças sociolinguísticas nos meios em que essas crianças estão inseridas,

onde determinam seu desenvolvimento, podendo chegar a conclusão de que o

papel do meio em que a criança vive, é muito importante no processo de seu

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desenvolvimento. Assim o quanto antes for diagnosticado a surdez, mais fácil será

diminuir ou evitar as consequências no desenvolvimento emocional, social e

cognitivo da criança. Diante disso, torna-se imprescindível um ambiente adequado,

rico em solicitações, capaz de favorecer e propiciar as trocas simbólicas entre o

sujeito e o meio físico e social ao qual pertence.

Segundo essa mesma autora, a língua de sinais é um elemento mediador

entre o surdo e o meio social em que vive. Por intermédio dela, os surdos

demonstram suas capacidades de interpretação do mundo desenvolvendo

estruturas mentais em níveis mais elaborados. Onde se parte da seguinte premissa

A língua de sinais é básica e fundamental para a formação de estruturas mentais superiores. (...) Devido ao fato de o surdo viver em uma sociedade de ouvintes, este necessita se comunicar com os mesmos. (...) Para uma boa aceitação, por parte da pessoa surda, da língua oral, é importante que esta esteja consciente do significado desta aprendizagem. Para que este processo de consciência ocorra, é necessário que a pessoa surda entenda o que se tenta explicar. (...) o bilinguismo resgata a identidade do surdo enquanto cidadão consciente, através da valorização da prática da língua de sinais. (Lopes, p. 73, 2006)

Essa proposta bilíngue defende o não privilegio de uma língua, mas busca dar

condições às crianças surdas de desenvolverem-se em línguas de sinais. É preciso

perceber, portanto, que a língua de sinais tem uma significação importantíssima no

processo educacional dos surdos, tendo em vista a compreensão de que são

línguas naturais que se desenvolvem no meio em que vive a comunidade surda.

Enfim, o bilinguismo reestrutura a auto-imagem do surdo resgatando a sua

identidade, pois assim como os surdos são tratados como diferentes pelo ouvinte, os

ouvintes também o são pelos surdos. A partir deste resgate, o surdo é capaz de

integrar e estruturar o pensamento e a cognição e, ainda promove uma interação

social, ativando, consequentemente, o desenvolvimento da linguagem.

Ao longo da história da educação de surdos, sempre se percebeu uma

preocupação com o desenvolvimento da linguagem, perdendo-se de vista o

processo educacional integral da criança surda. Há várias razões para tal fato. A

educação não deveria ser considerada somente por intermédio de que língua se

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usa, ou de que língua é permitida no espaço escolar. A problemática do acesso ao

saber, por essa população, não se restringe somente na distinção entre Língua de

Sinais e Língua Portuguesa oral ou escrita. Skliar (2006) enfatiza:

Se os surdos foram excluídos de aprendizagens significativas, obrigados a uma prática de atividades sensório-motoras e perceptuais, mas não de conteúdos de abstração, se foram impedidos de utilizar a língua de sinais em todos os contextos da sua vida, então nada têm que ver os surdos nem a língua de sinais com as supostas limitações no uso dessa língua, na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento do seu pensamento. (SKLIAR, p.91, 2006 apud Quadros 1997).

Como se pode perceber a língua de sinais não é a causadora das limitações

dos surdos, mas a condição a qual foram determinadas a esses indivíduos de só

usarem a linguagem de sinais em ambientes específicos, ou seja, ao surdo foi

negada sua identidade e sua língua, portanto, porque acusá-los de ter limitações em

seus processos psicológicos?

A entrada da Língua de Sinais no espaço da escola é determinada pelas

pesquisas Linguísticas, mostrando que as línguas de sinais atendem a todos os

requisitos de uma língua, ao reconhecimento da língua de sinais como língua

natural; e ao fortalecimento da comunidade de surdos, que reivindicam o direito de

usar LIBRAS.

Os estudos sobre as línguas de sinais trazem a inauguração de um novo

olhar sobre o reconhecimento destas línguas, a partir dos efeitos de modalidade; a

língua visual-espacial é diferente de uma língua oral-auditiva.

A reflexão sobre a educação do cidadão surdo crítico e atuante na escola e

na sociedade caminha junto com a preocupação e com o significado da identidade

desse cidadão, com o processo de alfabetização e com a aplicação do

conhecimento do mundo.

Não se pode perder de vista o fato de que a linguagem escrita é um

instrumento facilitador para este indivíduo que apresenta impedimentos na audição e

na fala, auxiliando-o na comunicação e interpretação do mundo, podendo, assim

levá-lo a ocupar na sociedade o espaço a que ele pertence por direito.

Conclui-se, portanto, este breve esclarecimento acerca da linguagem de

sinais evidenciando uma citação de Quadros que mostra muito bem o que foi visto

até agora:

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Tais línguas são naturais internamente e externamente, pois refletem a capacidade psicobiologia humana para a linguagem e porque surgiram da mesma forma que as línguas orais – da necessidade específica e natural dos seres humanos de usarem um sistema linguístico para expressarem idéias, sentimentos e ações. As línguas de sinais são sistemas linguísticos que passaram de geração em geração de pessoas surdas. São língua que não se derivam das línguas orais, mas fluíram de uma necessidade natural de comunicação entre pessoas que não utilizam o canal auditivo-oral, mas o canal espaço-visual como modalidade linguística. (QUADROS, 1997, p.47).

Daí a importância dessas línguas, tanto a de sinais para os surdos, como a

oral para os ouvintes, ambas surgiram para beneficiar a educação de cada um dos

indivíduos, respeitando suas especificidades. A linguagem deve desenvolver-se,

considerando a criança ativamente envolvida no processo de comunicação de seu

ambiente sócio-cultural.

QUADROS (1997) apresenta dados divulgados pela Federação Nacional de

Educação e Integração de Surdos (FENEIS) que apontam que apenas 5% da

população surda total estão estudando em universidades e que em sua maioria ela é

incapaz de lidar com o português escrito. Outro dado, fornecido pela autora, refere-

se a uma pesquisa realizada pela CENESP (Centro Nacional de Educação

Especial), e a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, na qual se

evidencia que 74% dos surdos não chegam a concluir o 1º grau, Quadros cita uma

declaração da UNESCO (1954), onde se lê

É uma axiomia afirmar que a língua materna - língua natural - constitui a forma ideal para ensinar a uma criança (...). Obrigar um grupo a utilizar uma língua diferente da sua, mais do que assegurar a unidade nacional, contribui para que esse grupo, vítima de uma proibição, segregue-se cada vez mais da vida nacional. (UNESCO, 1954).

No Brasil, o principal sistema linguístico de sinais é a LIBRAS, (Língua

Brasileira de Sinais) sendo este é o modo que a FENEIS resolveu se referir à língua

de sinais dos surdos brasileiros. Essa denominação foi estabelecida em assembléia

convocada em outubro de 1993, logo em seguida sendo adotada pelo MEC, por

pesquisadores educadores e especialistas.

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A escola bilíngue deve ter a responsabilidade e a competência de adequar-se

frente ao surdo e sua família. A essa escola, para Quadros (1997) cabe

essencialmente o papel de divulgar e desenvolver a proposta bilíngue, assumindo a

função de disseminar o papel relevantemente essencial da língua de sinais e da

cultura surda. Entretanto, ela não pode perder de vista a necessidade do

reconhecimento e do bom desempenho das duas línguas, respeitando ambas,

especialmente pela consciência das diferentes funções de cada uma.

Dessa forma, essa proposta não pode ser exclusivamente bilíngue,

considerando que o surdo possui a sua própria cultura que deve ser respeitada e

cultivada, condição que deve ser aplicada a cultura ouvinte, mas que também se faz

bicultural, isto se torna viável, sobretudo quando a criança surda ou o adulto surdo

tem uma identificação bastante sólida com seu grupo (Quadros, 1997).

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3.0 LINGUAGEM DE SINAIS – LIBRAS

A Língua Brasileira de Sinais foi desenvolvida a partir da língua de sinais

francesa. As línguas de sinais não são universais, cada país possui a sua, e sofre

também variações regionais dentro mesmo território.

A LIBRAS possui estrutura gramatical própria. São compostos de um alfabeto

manual Os sinais são formados por meio de combinação de formas e de movimento

das mãos e de pontos de referencia no corpo ou no espaço que se combinam

formando algo semelhante aos fonemas e morfemas da língua portuguesa.

A aprendizagem de LIBRAS possibilita à criança surda maior rapidez e

naturalidade na exposição de seus sentimentos, desejos e necessidades, desde a

mais tenra idade. Possibilita a estruturação do pensamento da cognição e ainda uma

interação social, ativando consequente mente o desenvolvimento da linguagem.

Segundo a legislação vigente, LIBRAS constitui um sistema linguístico de

transmissão de idéias e fatos oriundos de comunidade de pessoas com deficiência

auditiva no Brasil, na qual há uma forma de comunicação e expressão, de natureza

visual-motora com estrutura gramatical própria.

Decretada e sancionada em 24 de abril de 2002, a lei 10.436, no seu artigo 4°

dispõe o seguinte:

“O sistema educacional federal e sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - libras, como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais-PCNs, conforme legislação vigente”.

Como podemos ver, a língua de sinais adquiriu status linguísticos de direito e

de fato em 2002, com a sanção da lei n°.10.436, que a reconhece legalmente como

forma de expressão, com sistema linguístico visual motor próprio para exercer a

comunicação.

Apesar de ter adquirido esse avanço sendo instituída como lei, ainda sofre

algum tipo de resistência pela sociedade e principalmente dentro da comunidade

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escolar sendo alvo de debates e embates a cerca de seu uso, embora sabendo que

ela se faz necessária, vislumbrando a importância da mesma.

3.1 Aspectos históricos da educação de surdos

As margens das questões sociais, culturais, e educacionais os surdos não

são vistos pela sociedade por suas potencialidades, mas principalmente pelas suas

limitações impostas por sua condição. A história da educação de surdos no Brasil é

um pequeno capitulo que faz parte da longa história em todo mundo. Nas

civilizações gregas e romanas, por exemplo, as pessoas surdas não eram

perdoadas, sua condição custava-lhes a vida. Essa concepção filosófica dos Greco-

romanos era perversa, pois deixa bem explicita que não deixariam cidadoas com

deformidades incluídas no âmbito social, portanto, ordenava que o próprio pai

matasse seu filho que nascesse nessas condições.

Em 637 d.C., o bispo John of beverly ensina um surdo a falar de forma clara,

e o acontecimento é considerado um milagre. No entanto, assim como a autoria de

muitas metodologias e técnicas ficaram perdidas no tempo,esta também se perde, e

a igreja toma para si a autonomia do feito.

Segundo Soares (1999), “nos meados do séc.XVI, Gerolamo Cardano (1501-

1576) propôs um conjunto de princípios que prometia uma ajuda educacional e

social para os deficientes auditivos, afirmando que podiam ser pensantes e

poderiam aprender e o melhor seria por meio da escrita”. Neste período, surgiram os

primeiros educadores de surdos.

No século XVIII, surgem os primeiros educadores de surdos: o alemão

Samuel Heineck (1729-1970), o abade francês Charles Michel de L`Epée (1712-

1789) e o inglês Thomas Braidwood (1715-1806). Esses autores desenvolveram

diferentes metodologias para a educação da pessoa surda.

Em 1755, em Paris, o abade L`Epée funda a primeira escola pública para o

ensino da pessoa surda, onde adaptou o método gestual que era a fusão da língua

de sinais com a gramática sinalizada. O português Jacob Rodrigues Pereira, na

França, desenvolve o método de ensino da fala exercícios auditivos com

reconhecido sucesso. No Brasil, a educação dos surdos é iniciada com a chegada

do francês Ernest Huet, em 1855, no Rio de Janeiro. O professor Ernest organiza a

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escola para educando surdos, num momento social em que tais indivíduos não eram

reconhecidos como cidadãos.

Em Milão, na Itália, em 1880, realiza-se o Congresso Internacional de Surdo

Mudez, ficando definido que o método Oral é o mais adequado na educação do

surdo. Defendendo, portanto o método oralista, com a visão de que só através da

fala o surdo poderá ter uma perfeita integração social.

As discussões a cerca da educação do surdo ganharam força, e nesse

mesmo ano surge o oralismo e o uso da língua de sinais, que foi então proibido.

Pesquisas feitas revelam que esse “Império Oralista” durou por quase cem anos,

neste período havia nas escolas professores surdos os quais foram afastados e

proibidos de usar a língua de sinais de seus países, dentro ou fora da sala de aula e

ainda era comum a prática de amarrar a mãos das crianças para impedi-las de fazer

sinais.

As consequências dessa filosofia educacional, o oralismo, trouxeram como

resultado o fracasso acadêmico em que o surdo está inserido. No Brasil, aconteceu

à mesma coisa os surdos que utilizavam o método oralista apresentaram níveis

elevados de fracasso escolar, não havendo assim evolução de aprendizagem

desses sujeitos

Essa realidade de fracasso que também foi caracterizada no Brasil, por não

ter havido nenhuma evolução na aprendizagem dos surdos. Com a constatação

dessa realidade apresentada, o bilinguismo se apresenta como uma forma de

subsidiar a reflexão sobre a educação da pessoa surda, essa proposta traz como

acesso as duas línguas no contexto escolar, considerando a língua de sinais como

língua natural e a partir daí para o ensino da língua escrita.

A proposta bilíngue busca resgatar o direito da pessoa surda de ser ensinada

em sua língua, a língua de sinais, levando em consideração os aspectos sociais e

culturais em que está inserida. Com o surgimento dos estudos sobre a língua de

sinais e o bilinguismo, o surdo passou a ser visto como uma pessoa que possui uma

forma de comunicação que deve ser respeitada, e a linguagem oral, vista como uma

segunda língua, que só será aprendida se for de seu interesse.

Cabe acrescentar que um marco na educação da pessoa surda encontra-se

na Declaração de Salamanca, de 1994, documento de referência mundial e

orientador do processo de inclusão. Em relação à educação do surdo, destaca a

importância de uma educação pautada no direito e reconhecimento da língua natural

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do individuo, que lança um novo olhar sobre a inclusão, no sentido de ampliar essa

noção: “Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as diferenças e

situações individuais. A importância da linguagem de signos como meio de

comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão

deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso

a educação em sua língua nacional de signos. Devido às necessidades particulares

de comunicação dos surdos e das pessoas surdas/cegas, a educação deles pode

ser mais adequadamente provida em escolas especiais ou classes especiais e

unidades em escolas regulares”.

3.2 A importância da LIBRAS no contexto escolar:

Todo ser humano tem direito a educação. A escola é uma instituição social

importante na formação do individuo onde o prepara para sociedade tornando-o um

cidadão de bem com valores morais. A inclusão do aluno surdo no ensino regular é,

portanto, importante para seu desenvolvimento enquanto participante de um

contexto social-cultural, pois valida o comprometimento do real propósito escolar.

É cientificamente comprovado que o se humano possui dois sistemas para

produção e reconhecimento da linguagem: o sistema sensorial onde faz o uso da

anatomia da visual, auditiva e vocal, característica das línguas orais; e o sistema

motor que faz uso da anatomia da mão e do braço, caracterizando as línguas de

sinais. Essa é considerada A língua natural do surdo e, é imprescindível no seu

desenvolvimento psicossocial e intelectual.

A língua de sinais, uma vez entendida como a língua materna, do surdo, será

dentro da escola, o meio de instrução por excelência. Recomenda-se que a

educação dos surdos seja efetivada em língua de sinais, independentemente dos

espaços em que o processo se desenvolva. Assim paralelamente as disciplinas

curriculares fazem-se necessário o ensino da língua portuguesa como segunda

língua, com a utilização de materiais e métodos específicos no atendimento às

necessidades educacionais do surdo.

A educação do surdo dentro desse contexto é a preocupação do aprendizado

dos mesmos, vale ressaltar o aprendizado do surdo em meio aos alunos sem

qualquer tipo de deficiência diz respeito a questões referentes à sua linguagem,

como proceder diante dessa novidade, como alfabetizar esse tipo e aluno. Esse tipo

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de aluno precisa de uma educação diferenciada aonde venha a ser respeitada suas

limitações que se encontra na audição, onde implica grandes dificuldades de

interação devido o comprometimento da perda auditiva, pois esta acarreta a

socialização com as pessoas ouvintes e, portanto, necessitam de intervenções

pedagógicas, familiares e sociais para ser agradável necessária e socializadora, sua

participação com o mundo que o cerca.

Para tanto se faz necessário o compromisso da comunidade escolar em

adequar-se metodologicamente a esse tipo de aluno criando alternativas para

assegurá-lo no ambiente escolar de forma participativa, fazendo com que o mesmo

não se sinta inferior aos demais.

No contexto, dessa Educação a língua de sinais surgiu com função, entre

outra, de facilitar a integração e o aprendizado desse grupo ao mundo, entretanto

durante muitos anos, o mito de que a língua de sinais impediria a aquisição da

língua oral pelas crianças surdas, impedindo sua utilização no processo educacional.

A língua de sinais não era considerada uma língua, mas um conjunto de gestos

icônicos, sem estrutura e com a função de comunicar apenas conteúdos concretos.

Com base na Legislação Brasileira, o Conselho Nacional de Educação

aprovou a resolução n°.2/2001 que institui as Diret rizes Nacionais para a Educação

Básica. Essa diretriz inclui os alunos surdos no grupo daqueles com dificuldade de

comunicação e sinalização diferenciada dos demais alunos, e que demanda a

utilização de linguagem e códigos aplicáveis.

O parágrafo 2° do artigo 12 dessa resolução diz:

Devem ser assegurados no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades de sinalização diferenciada dos demais educando, a acessibilidade aos conteúdos curriculares mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braile e a língua de Sinai, sem prejuízo do aprendizado a língua portuguesa, facultando-lhes e as suas família a opção pela abordagem pedagógica que julgarem adequadas, ouvidos os profissionais especializados em cada caso.

Atualmente a linguagem de sinais é uma disciplina em expansão no mundo

todo e vem demonstrando a importância dessa língua na construção dos sujeitos

surdos. Apesar desse avanço, ainda são comuns situações de interações entre

professores e alunos. Nesse contexto, muitas vezes o professor explicita problemas

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que não são compreendidos pelos surdos, que ignora e não atinge os objetivos

propostos, simplesmente por não entender o conteúdo.

Desse modo, apesar de tantas dificuldades são evidentes os benefícios que a

inclusão do surdo na escola regular proporciona para os demais alunos normais, tais

como:

-aprendem a lidar com as diferenças;

-compreensão e aceitação dos outros;

-reconhecimento das necessidades e competência dos colegas;

-respeito por todas as pessoas;

-construção de uma sociedade solidária;

-desenvolvimento de apoio e assistência mútua;

-desenvolvimento de projetos de amizade;

-preparação para uma comunidade de suporte e apoio;

Percebe-se com isso que os benefícios não atingem apenas os alunos

surdos, mas todos os alunos e professores. Consequentemente, a família e a

sociedade serão beneficiadas. Não há como promover a inclusão efetivamente sem

o envolvimento de todos.

Os benefícios para todos os alunos vêm de fato de que as crianças

enriquecem-se quando tem a oportunidade de aprender umas com as outras nas

salas de aula integradas, adquirem valores relacionadas com a inclusão e levam

valores para a comunidade.

3.3 O papel do intérprete de LIBRAS

Em relação ao papel do intérprete em sala de aula, se verifica que ele assume

uma série de funções (ensinar língua de sinais, atenderem as demandas pessoais

do aluno, bem como cuidado com aparelhos auditivos, atuar frente a o

comportamento do aluno, estabelecer uma posição adequada em sala de aula, atuar

como educador frente às dificuldades de aprendizagem do aluno) que o aproximam

muito de um educador. Assim defendendo a sua posição como integrante da equipe

educacional. Ficando claro o papel de cada um dos profissionais frente à integração

e aprendizagem da criança.

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Os intérpretes devem ter influência na língua brasileira de sinais, na forma

como é usada pela pessoa surda e também boa fluência em língua portuguesa.

Geralmente, interpretes com nível de escolaridade alto tem melhores condições de

produtividade. A atuação dos intérpretes deve estar centrada no atendimento a

todas as pessoas surdas que necessitam romper os bloqueios de comunicação com

o objetivo de integrar surdos e ouvintes, facilitando a comunicação de ambos.

Frequentemente, os intérpretes são solicitados para intermediar a comunicação

entre surdos e ouvintes em encontros, reuniões, cursos, palestras, debates,

entrevistas, consultas, audiência, visitas etc.

Posteriormente, a Lei n°10.436 (24/04/2002) reconhe ce a legitimidade da

Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e com isso seu uso pelas comunidades surdas

ganham respaldo do poder e dos serviços públicos. Essa lei também torna

obrigatório o ensino da LIBRAS aos estudantes de Fonoaudiologia e Pedagogia, os

estudantes de magistério e nos cursos de especialização em Educação Espacial, o

que amplia as possibilidades de, futuramente, o trabalho com os alunos surdos ser

desenvolvido de forma a respeitar sua condição linguística diferenciada. Consta do

artigo segundo: “deve ser garantido, por parte do poder publico em geral e em

empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar

o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS como meio e comunicação

objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil”

Estas leis como podem ser vistas sugerem claramente a importância do

intérprete, mas não prevê a sua presença, o que implica na organização da

comunidade surda e ouvinte para obtenção deste recurso, a formação de interpretes

em LIBRAS é algo recente e só aqueles que frequentam os grandes centros, tem

acesso a essa formação promovida pelas associações de surdos, a presença desse

profissional é de fundamental importância, é um grande passo para tornar o

aprendizado do surdo mais atraente.

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4.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

4.1 Tipos de pesquisa

Direcionei essa pesquisa para três escolas da rede estadual. Essas escolas

são reconhecidas como atuantes com relação à educação de surdos e focalizei

minha pesquisa nos professores que atuam em classes especiais com esse grupo

de aluno.

São dados referentes a três escolas inclusivas sendo que duas podemos

relatar e a terceira prefere não ser citada por motivos éticos.

Assim, a metodologia desse trabalho foi pautada, por meio dos princípios da

pesquisa de natureza qualitativa, que de acordo com Ludke e André, (1986),

conjectura um contato profundo do pesquisador para com o objeto pesquisado, de

modo que possibilita um envolvimento expressivo no processo de desenvolvimento

dos objetivos buscados

Nessa perspectiva, Minayo (1994, 2000), afirma que a pesquisa qualitativa

responde a questões peculiares, focalizando num nível de realidade que não se

pode mensurar, bem como, trabalha com um mundo de diversos significados,

aspirações, valores, atitudes, crenças, entre outros.

A pesquisa se dará por um processo investigativo ou ainda um estudo

sistemático, sobre isso Barros e Lehfeld cita que: (1990; p.29) “a pesquisa é um

esforço dirigido para a aquisição de um determinado conhecimento que propicia a

solução de problemas teóricos, práticos e/ou operativos; mesmo quando situados no

contexto do dia a dia”.

Já Gil (1991, p. 19) nos diz que a pesquisa se trata de um:

Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para respondes ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.

4.2 Procedimentos de Coleta dos dados

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A coleta dos dados foi realizada por meio do uso da técnica da observação,

que de acordo Ludke e André (1986) deve ser uma ação planejada cuidadosamente

e o pesquisador deve ser competente ao conduzi - lá, pois de acordo com Patton,

(1980), apud Ludke e André, (p. 26, 1986),

Para realizar as observações é preciso preparo material, físico, intelectual e psicológico. O observador, [...], precisa aprender a fazer registros descritivos, saber separar os detalhes relevantes dos triviais, aprender a fazer anotações organizadas e utilizar métodos rigorosos para validar suas observações.

Assim, a técnica da observação, proporciona um contato direto e prolongado

do pesquisador com o ambiente e a situação a qual esta sendo investigada onde se

tornará mais fácil a coleta dos dados. E ainda, de acordo com Lakatos, (2001, p.

107): [...] utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade,

não representando, apenas, em ver e ouvir, mas também analisar fatos ou

fenômenos que se pretende estudar.

Além das observações, os dados foram colhidos também, através da

aplicação de questionários. Esse instrumento tem em sua construção, como o

próprio nome sugere a elaboração de questões objetivas traçando o perfil dos

sujeitos envolvidos na pesquisa, podendo, portanto, servir de parâmetros para com

os demais instrumentos de coleta de dados.

Segundo Marconi e Lakatos (1996, p.88), o questionário pode ser claramente

definido como; “um instrumento de coleta de dados, constituídos por uma série

ordenadas de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença

do entrevistador”.

Os instrumentos de coleta de dados são de relevante importância na

aquisição dos resultados, principalmente nesse tipo de abordagem, porque sem eles

torna-se praticamente inviável a obtenção dos resultados almejados. Por isso,

devem ser escolhidos com muita segurança e atenção a partir dos instrumentos que

foram selecionados para fazer parte dessa pesquisa.

A pesquisa tem como principal objetivo aprofundar o conhecimento sobre o

tema, assim como encontrar respostas para as questões propostas além de analisar

os recursos didáticos, assim como os métodos utilizados na alfabetização desse tipo

de criança para maior compreensão das práticas de educação dos surdos, através

de um trabalho de campo.

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No que se refere ao trabalho de campo, esse, sugere a inserção do

pesquisador no ambiente de convívio dos sujeitos:

Nessa medida, propõem o estabelecimento de uma relação continuada, na qual o pesquisador entra no mundo do sujeito, e permanece, ao mesmo tempo, fora dele, ou seja, deve-se ir a campo não como alguém que faz uma pequena paragem ao passar, mas como quem vai fazer uma visita; não como uma pessoa que sabe tudo, mas como alguém que quer aprender; não como uma pessoa que quer ser como o sujeito, mas como alguém que procura saber o que é ser como ele (Bogdan e Biklen 1994, p. 113).

Em relação ao trabalho do pesquisador no campo, Ludcke (1985, p. 05),

enfatiza que “o papel do pesquisador é justamente o de servir como veículo

inteligente e ativo entre esse conhecimento acumulado na área e as novas

evidências que são estabelecidas a partir da pesquisa”.

Nessa acepção, essa pesquisa pretende, através dos meios e procedimentos

de coleta de dados compreenderem a realidade pesquisada de uma maneira mais

objetiva e contextualizada, por meio do trabalho de campo. .

4.3 Situando o universo Pesquisado

A pesquisa foi realizada em três Escolas de Educação Infantil e Ensino

Fundamental do Estado da Bahia sendo elas: Escola Vitor Soares localizado no

bairro da Ribeira, Rafael Serravale localizado no bairro da Pituba e a terceira Escola

como já foi citado anteriormente preferiu não ser mencionada por questões éticas.

Onde todas funcionam sob regime de inclusão.

4.4 Sujeitos da Pesquisa

Os sujeitos desta pesquisa foram os professores e coordenadores que

trabalham nessas escolas e atuam em salas de aulas inclusivas.

4.5 Momentos da Observação

No primeiro momento usei a prática da observação onde possibilitou conhecer

de perto a prática pedagógica dos professores ouvintes diante dessa classe

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inclusiva. Partindo das observações, utilizei os questionários como fonte de

informação, em que os dados das observações passaram a ser complementados

pelo significado que os sujeitos deram as suas ações, situações, comportamentos

assim possibilitando conhecer a concepção dos professores ouvintes.

Apliquei em um segundo momento um questionário, o qual foi constituído em

perguntas abertas, o que permitiu uma primeira aproximação com os sujeitos da

pesquisa. Com a finalidade de traçar o perfil dos mesmos, suas ações e dificuldades

na prática utilizada no aprendizado do aluno surdo na escola regular.

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5.0 ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS

A pesquisa foi realizada em três escolas da rede estadual de caráter inclusivo

podendo citar o nome de duas, pois a terceira preferiu não ser citada uma dessas

Escolas é a Victor Soares que fica situado na Península de Itapagipe, no bairro da

Ribeira em Salvador/Bahia a instituição pertence à Secretaria de educação do

Estado da Bahia e funciona a mais de 50 anos oferecendo cursos e ensino regular

(fundamental e médio), e educação especial em prédios anexos, a outra é a Rafael

Serravale que fica localizado no bairro da Pituba, foi fundada em 1974, uma escola

também da rede Estadual, que passou a receber alunos surdos no ano de 1998.

Atende também ao ensino fundamental e médio. Na escola existe uma sala de apoio

para os alunos surdos, aonde uma professora capacitada em LIBRA, realiza

trabalhos e aulas de reforço com estes alunos.

Houve aplicação de questionários com as coordenadoras das respectivas

escolas e com alguns professores mostrando, portanto o propósito da minha

pesquisa aceitando contribuir com o meu trabalho, podendo mostrar como é utilizada

a prática pedagógica na sala de aula se ela existe ou se ainda está em construção.

Por intermédio dos dados obtidos nos questionários utilizados foi possível, eleger

categorias, iniciando assim o processo de análise e interpretação.

5.1 O que você entende por inclusão?

Ressaltamos que o conceito de Escola Inclusiva conforme As Diretrizes

Curriculares Nacionais para Educação Especial (MEC SEESP, 1998), “... implica

uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no

currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educandos,

ações que favoreçam a integração social e sua opção por práticas heterogêneas. A

escola capacita seus professores preparam-se, organiza-se e adapta-se para

oferecer educação de qualidade para todos, inclusive, para os educandos com

necessidades especiais...”

A primeira categoria a ser analisada foi em relação ao conceito de inclusão:

Os sujeitos desta pesquisa trazem a idéia de inclusão como acessibilidade

social. “é inserir, é um processo de igualdade que dá direitos iguais a todos, sem

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qualquer tipo de preconceito”. É relevante que a acessibilidade é uma prioridade no

que diz respeito à inserção de indivíduos na sociedade, e em particular na escola

onde é o objeto do meu estudo.

Um dos professores (vamos chamá-lo de professor A) respondeu o seguinte:

-“É dar acessibilidade social e pedagógico as pessoas consideradas

diferentes do processo estabelecido pelo padrão”. A partir dessa colocação percebe-

se que existe realmente uma resistência em atender surdos em uma sala de aula

regular. Eles acabam sendo tratado como pessoas “diferentes”, um termo altamente

preconceituoso para a nossa atual realidade.

Observei que os sujeitos da pesquisa concordam que a inclusão é algo que

deva fazer parte do contexto de todas as escolas, pois é na mesma que prepara o

individuo para exercer seu papel de cidadão na sociedade, convivendo com as

diferenças e as respeitando, mas admitem que existam inúmeras diferenças na

praticas.

Vale ressaltar que a educação é um direito de todos “em igualdade de

condições de acesso e permanência na escola” (art.206, inciso I da Constituição

Brasileira de 1998), visando “ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo pra

o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art.205).

Quando foi abordado sobre o processo de inclusão, se ele existe de fato nas

respectivas escolas eles ponderaram ao responder. O relato não deixou clara a

resposta desses sujeitos, pois todos responderam que sim, que existia, mas que não

tinham a segurança suficiente em garantir aos mesmos um ensino que atendesse as

suas necessidades:

“apesar de ser uma escola inclusiva, e ate mesmo de referência em salvador

ainda necessita no nível de proposta pedagógica aprofundar-se mais para poder

então dar conta da pratica pedagógica”. É possível avaliar o compromisso e o

interesse desse professor em oferecer um ensino de qualidade para esse tipo de

aluno, trazendo, portanto a necessidade de uma prática pedagógica que favoreça

aos mesmos.

Segundo Blanco (1998). “O conceito de escola inclusiva esta ligada a

modificação da estrutura, do funcionamento e da resposta educativa, de modo que

haja lugar para todas as diferenças individuais, inclusive para aquelas associadas a

alguma deficiência”.

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Foram especulados quais os tipos e deficientes que existiam nas escolas

pesquisadas e foram relatados vários tipos de deficiência tais como: deficiência

mental, intelectual, tgd (transtornos globais de desenvolvimento), surdos entre

outros.

Pude constatar durante as observações na sala de aula que os professores

encontram muitas dificuldades em trabalhar essa diversidade entre alunos regulares

e alunos deficientes, em especial os surdos que é o objetivo central da minha

pesquisa.

Inclusão, portanto, não significa matricular o individuo com necessidades

especiais na classe comum, ignorando suas necessidades especificas, mas significa

dar ao professor e a escola, suporte necessário à sua ação pedagógica.

5.2 Formação dos professores:

A formação profissional é um dos pontos cruciais para uma educação de

qualidade para todo tipo de aluno, em especial aqueles que requerem mais atenção

dos professores. Foi pensando nessa abordagem que resolvi questionar alguns

professores sobre o tipo de formação que eles trazem na sua bagagem para tratar

esse tipo de aluno. Todos os entrevistados que tinham alguma formação, cursos,

especializações na área de inclusão, mas questionaram que não adiantava só eles

terem a formação especifica se os demais, membros do corpo docente e

funcionários não eram capacitados. Fica evidente, portanto, que tem que existir

envolvimento e comprometimento de todos os membros da escola como da própria

família.

Segundo, Freire (2004 p.23) nos diz que:

“Quem forma se forma e re-forma e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os contam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.

Partindo desse pressuposto, percebe-se que é fundamental possibilitar uma

reflexão sobre o papel da escola, do educador e dos diversos tipos de

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conhecimentos da sociedade repensando, portanto sua atuação no contexto

educacional e social, tornando-se explícito um curso de formação continuada.

Freire, (2004, p.39) reforça quando afirma que:

[...] na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão critica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima pratica.

Apontam principalmente o processo constante de atualização onde acreditam

que deva estar sempre exercendo uma formação continuada, em especial o convívio

com alunos deficientes em especial os surdos, onde existe um desafio maior que é o

de aprender a sua primeira língua que é a de sinais a LIBRAS. Pontuam a

dificuldade de lidar com esse tipo de aluno por não dominar a linguagem de sinais e

para tanto sinalizam que tem que existir um intérprete em cada sala de aula, pois

nesse momento é impossível ser bilíngue em um só momento.

5.3 Práticas pedagógicas utilizadas para desenvolve r a aprendizagem

dos surdos

No que diz respeito às praticas utilizadas nas escolas, ficou evidenciado, que

as unidades escolares possuem orientações teóricas e metodológicas relevantes

sobre a educação inclusiva. Segundo alguns professores essa prática existe, mas

ainda é insuficiente, pois ainda se faz necessário fazer um trabalho singular de

sensibilização nas escolas.

Quando foi perguntado se os professores da rede pública de ensino estão

preparados para a prática da inclusão nas escolas regulares, e em particular na que

eles lecionam um professor respondeu que: (O professor C nos afirma que):

“ninguém está preparado, as coisas chegam, aceitamos o desafio e abraçamos a

causa com estudos e pesquisas. o professor é um pesquisador constante”.

Nesse sentido fica claro o despreparo dos educadores, em geral quanto ao

conhecimento sobre as peculiaridades de um determinado tipo de deficiência, que é

a surdez. Fica evidente a ausência de uma política de formação continuada capaz

de promover o desenvolvimento profissional desses professores. E, para salientar

essa discussão segundo Carvalho (2004).

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“Considera-se despreparados para a tarefa porque a formação que receberam habilitou-se a trabalhar sob a hegemonia da normalidade. Não foram qualificado para o trabalho com diferenças individuais significativas, o que também representa mais uma necessidade de ultrapassagem: a qualidade da formação inicial e da continuada de nossos educadores” (p.89).

Diante desse contexto, achamos pertinente abordar como os professores

trabalham a inclusão do aluno surdo na sala de aula. E as respectivas repostas

foram à seguinte:

P.A- “sinto-me totalmente inseguro e tenho que buscar aquisição de habilidades que

me permita à comunicação com este aluno para ser possível a mediação no

processo de ensino aprendizagem”.

P.B- “buscando junto aos profissionais que os atende também e junto à família, a

melhor forma de viabilizar o processo educativo”.

P.C- “utilizo a metodologia da língua portuguesa como a segunda língua, uso

imagens exploro vocabulário em libras e na escrita do português contextualizando a

imagem”.

Percebe-se pelo relato dos professores a preocupação em buscar a melhor

maneira de trabalhar com os alunos surdos, buscando um melhor aprendizado para

o desenvolvimento social, motor e cognitivo dos mesmos promovendo interação e

aprendizado. Mostram mais uma vez o despreparo dos mesmos em lidar com esse

tipo de aluno.

Todavia, conforme diz Bueno, com relação à inclusão dos alunos deficientes

no ensino regular, não se pode deixar de considerar que:

A perspectiva de inclusão exige, por um lado, modificações profundas nos sistemas de ensino; que estas modificações [...] demandam ousadia, por um lado e prudência para outro; - que uma política afetiva de educação inclusiva deve ser gradativa continua sistemática e planejada, na perspectiva de oferecer as crianças deficientes educação de qualidade; e que a gradatividade e a prudência não podem servir para o adiantamento “ad eternum” para a inclusão [...] mas [...] devem servir de base para a separação de toda e qualquer dificuldade que se interponha a construção de uma escola única e democrática [2001, p.27]

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A partir da citação acima, deve-se salientar que as escolas inclusivas são

escolas para todos, e que devem desenvolver uma prática educacional que atenda a

todas as diferenças respeitando as necessidades de cada aluno.

Continuando com o relato de alguns professores sobre a dificuldade

encontrada para a realização do seu trabalho com os alunos surdos da escola

regular destacamos os seguintes discursos:

P.A-as maiores dificuldades são o desconhecimento da linguagem de sinais

(LIBRAS) ou a ausência de um interprete. Além disso formação para compreender o

processo de aprendizagem desse aluno e técnicas de ensino adequadas a essas

condições.

P.B-é a participação da família, pois a mesma não da continuidade ao trabalho

desenvolvido na escola.

P.C-a falta do interprete onde se tornaria, mas fácil o trabalho com os surdos.

Mais uma vez é explicitada a preocupação dos educadores em suas falas,

reforçando que o conhecimento da pratica da linguagem de sinais (LIBRAS) tem que

está atrelada às suas metodologias de ensino, enquanto um recurso formador para a

qualidade de ensino desse tipo de aluno. A LIBRAS é um recurso bastante eficaz

nesses espaços, propiciando ao educando um ambiente motivador ao ser

desenvolvido nas práticas educativas conduzindo para tanto a uma atuação

prazerosa adaptando-se as necessidades de cada aluno, integrando-os, sendo

reconhecidos em sua individualidade. Contudo as escolas precisam transformar-se.

Ainda sobre as práticas pedagógicas nas escolas salientamos o beneficio que

a inclusão do aluno surdo traz aos demais colegas e também para o professor. O

relato deles é de que a convivência com o aluno surdo na sala de aula traz

benefícios a todos, desenvolvendo o espírito de solidariedade, e respeito às

diversidades.

Assim, podemos dizer que a inclusão possibilita aos que são discriminados a

descoberta do novo, onde por outro lado a comunidade escolar também ganha,

desenvolvendo novos valores onde se possa garantir a todos o direito a educação

fazendo também com que sejam reavaliadas as ações pedagógicas.

Na declaração de Salamanca (1994) è apresentado, como devem ser

orientadas as escolas inclusivas, quando traz que:

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“O principio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades. É preciso, portanto um conjunto de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola” (UNESCO, 1994, p.11).

Percebe-se que a escola inclusiva é pautada no principio de que os alunos,

independente das suas dificuldades, devem aprender juntos.

Fica evidente, portanto, que todo o ser humano nasce livre e igual em

dignidade e em direitos, mas a diferença precisa ser respeitada no processo de

adaptações para fazer valer esta igualdade em dignidades de direitos. Quando o P.B

“enfatiza que a igualdade, a dignidade, a possibilidade de está em qualquer

ambiente é um direito de todos, e cabe a nós fazermos valer e lutar por estes

direitos”.

Diante do exposto é obvio a preocupação desses educando no que se refere

que a educação é um direito de todos e o mais importante é que ele traz a

responsabilidade para a comunidade escolar, ou seja, para todo o corpo docente

que tem que acordar para essa nova proposta de uma prática pedagógica

viabilizando um ensino de qualidade para todos, Mantoan (2003) afirma que:

A inclusão não prevê a utilização de praticas de ensino escolar especificas para esta ou aquela deficiência/e ou dificuldade de aprender. Os alunos aprendem nos seus limites e se o ensino for, de fato, de boa qualidade, o professor levará em conta esses limites e explorará convenientemente as possibilidades de cada um(p.67).

Sendo assim, para que essa prática fortaleça esses ideais, faz-se necessário

adotar novas metodologias de trabalho nessas escolas inclusivas, onde essa

abordagem não dependa simplesmente de seus gestores e educadores, mas

também das políticas públicas, em geral, que possam vir a oferecer a comunidade

escolar uma motivação de planejar uma nova prática pedagógica abraçando todo e

qualquer tipo de deficiência, inclusive a de surdos que é a priori na minha pesquisa.

Finalizando essa análise, se faz pertinente citar Freire, (2004, p. 30-31)

quando ele afirma que:

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Educar é “educar-se e desconstruir tabus, preconceitos, aceitando o novo, analisando o tradicional, é decidir quebrar barreiras e correr riscos, não para marcar a história como “revolucionário” ou para que vejam neste individuo desafiador um ser propicio à idealização e às utopias, mas acreditando de verdade nas transformações estruturais da sociedade por meio da “palavra”, da luta sem uso de material bélico. Educar é deixar legados para a humanidade no sentido de refletir acerca dessa “humanidade”.

Contudo, demonstra-se uma possibilidade de mudar, de reinventar a prática

docente, transformando-a, em um lugar de formação de sujeitos, uma formação que

se dá com eles e não para eles.

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6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o percurso dessa pesquisa, foram apresentados fatos históricos e

abordagens teóricas que por séculos foram permeados na educação para surdos.

Com isto, foi possível perceber mudanças nas representações da sociedade acerca

da surdez e dos métodos de ensino para surdos.

Considerando a importância desses indivíduos no contexto escolar pode-se

ressalvar que tem que existir transformações para acolher esse tipo de individuo no

contexto educacional inclusivo. Tais transformações inspiram-se no direito de todos

à educação, “em igualdade de condições de acesso a permanência na escola” (art.

206, inciso I da Constituição Brasileira de 1998), visando “ao pleno desenvolvimento

da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho” (art. 205).

Além desses dispositivos que constam de nossa Carta Magna, vários outros

podem ser mencionados, extraídos de documentos internacionais, tais como:

- a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, Satisfação das Necessidades

Básicas de Aprendizagem;

.

-a Declaração Universal dos Direitos Humanos que há mais de 50 anos, proclamou

que toda pessoa tem direito a educação;

- a Declaração de Salamanca e Linha de Ação elaborada na Conferenciam Mundial

sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e qualidade que se inspira:

No principio da integração e no reconhecimento da necessidade de ação para conseguir “escola para todos”, isto é, instituições que incluam todo mundo, reconheçam as diferenças, promovam à aprendizagem e atendam as necessidades de cada um.

Deve-se salientar que a inclusão de surdos já esta imposto, ou seja, é lei

sempre esteve presente garantindo o direito da educação para todos.

As mudanças a serem adotadas no sentido de fazer educação para todos não

ocorrem num instalar de dedos. A Educação Inclusiva principalmente a de surdos

não restringe unicamente as providencias a ser tomada no âmbito escolar ela

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também tem que contar com instancias qualificadas as quais deverão identificar e

satisfazer necessidades.

Nesse sentido, a pesquisa de campo buscou destacar como os professores

percebiam o conceito de inclusão e a prática pedagógica. Evidenciando, portanto

qual direcionamento que poderia está norteando as políticas de educação inclusiva

em especial dos surdos, pautada na inserção desses indivíduos na escola regular

sendo isso suficiente.

O que tenho pretendido alertar é que a inclusão é o necessário movimento

para melhorar as respostas educativas das escolas, para todos e por toda a vida.

Promovendo a integração, entre colegas da turma criando para tanto, um

respeito as suas diferenças, a partir desse ponto é que se faz necessário o papel do

professor, intervindo com seus alunos transformando esse espaço em um espaço

acolhedor para todos, onde não exista nenhum tipo de preconceito, para com os

demais colegas portadores de deficiência.

Segundo a declaração de Salamanca, para promover uma Educação

Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir que “as diferenças humanas são

normais e que a aprendizagem deve se adaptar as necessidades das crianças ao

invés de se adaptar a criança a assunções preconcebidas a respeito do ritmo e da

natureza do processo de aprendizagem” (BRASIL, Ministério da justiça, 1994, p.4).

Nesse sentido é necessário priorizar que a Educação Inclusiva tem todo um aparato

dentro da lei buscando por tanto valorizar esse aluno dentro do âmbito escolar

fazendo com que ele não sofra nenhum tipo de desvalorização por consequência da

sua condição de portador de deficiência.

Por isso, a resistência dos professores, e de alguns pais, é por eles explicada

em razão da insegurança no trabalho educacional escolar a serem realizados nas

classes ditas regulares, com os alunos com deficiência, ponderando, portanto a

miscigenação, o receio de que os alunos ditos normais não venham a se adaptar a

essa realidade chamada inclusão, deve-se ressaltar que ainda hoje, como foi visto

no inicio do texto ocorrem atitudes sociais de marginalização das pessoas com

qualquer tipo de deficiência. Ainda assim com toda a proteção das leis, se faz

presente essa resistência no que diz respeito à inclusão de alunos portadores de

qualquer tipo de deficiência numa classe regular normal, com alunos normais.

Enfim, este trabalho evidenciou que grande é a necessidade de continuarmos

a discutir as questões referentes à educação de surdos, principalmente quando

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inseridos em escolas regulares, na tentativa de se ter reduzida a marginalização dos

mesmos e que seus direitos possam ser respeitados como os de qualquer outro

cidadão.

Uma educação inclusiva respeita as diversidades, respeita as diferenças e

seus valores assim como as diversas formas de comunicação e de linguagens,

portanto nossa abordagem esta inserida na forma de comunicação dos surdos,

algumas reflexões teóricas nos levam a entender que alguns professores possuem

uma carência de estudos sobre a temática, pois nas suas falas eles deixam claro o

despreparo em enfrentar esse desafio.

Diante da pesquisa realizada, percebe-se que a inclusão do aluno surdo nas

escolas inclusivas está acontecendo de forma parcial, pois se revelou, no decorrer

das observações feitas, o despreparo e o desconhecimento dos professores ao

lidarem com esses indivíduos, apesar do interesse e a sensibilidade desses

educadores, vemos que a inclusão caminha a passos lentos.

Para tanto, as práticas para este tipo de aluno tem que ser revistas buscando

capacitar o profissional da educação frente a essa realidade que é a linguagem de

sinais no contexto escolar, contemplando o surdo a se apropriar da sua verdadeira

linguagem, visando o avanço do mesmo com a proposta de melhor encaminhar a

obter o mesmo sucesso que os demais alunos, tanto no âmbito escolar como na

vida social.

Enfim, este trabalho evidenciou que grande é a necessidade de continuarmos

a discutir as questões referentes à educação de surdos, principalmente quando

inseridos em escolas regulares, na tentativa de se ter reduzida a marginalização dos

mesmos e que seus direitos possam ser respeitados como os de qualquer outro

cidadão.

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ANEXOS

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QUESTIONÁRIO

PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA REGULAR

1º) O que você entende por inclusão?

2º) Você concorda que a inclusão é algo que deve fazer parte do contexto da escola

regular? Por quê?

3º) você considera que a inclusão de alunos surdos se constitui uma inclusão ética?

4º) De acordo com o cotidiano do seu trabalho, você considera que esse processo de

inclusão é algo que existe de fato na escola na qual você trabalha?

5º) Na sua sala de aula, existem alunos com deficiências? Caso sim, que tipo?

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6º)Em sua sala de aula você encontra dificuldades para trabalhar com diversidade entre

alunos regulares e alunos surdos? Caso sim, em que sentido?

FORMAÇÃO DO PROFESSOR

1º) Você tem alguma formação, algum curso, especialização, ou formação na área de

educação inclusiva?

1º) Você enquanto professora, acredita que o processo de inclusão contribui para o

desenvolvimento desses sujeitos? Caso sim, de que modo?

3º) Você considera importante o processo de atualização constate da LIBRA, ou é algo que

dá pra aprender em um só curso?

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4º) Você enquanto mediadora sente alguma dificuldade ao mediar o conhecimento ao seu

aluno através da linguagem de sinais?

PRATICAS PEDAGOGICAS UTILIZADAS PARA DESENVOLVER A

APRENDIZAGEM DOS SURDOS

1º) Você acredita que na escola em que você trabalha existe minimamente uma e

transformação, que assegura a todos igualdade de condição para acesso e a permanência

na escola?

2º) Ao lidar com os seus alunos surdos você mesma é quem faz as mediações através da

LIBRA, ou você tem uma intérprete em sua sala que realiza esse trabalho de mediar o que

você pretende?

3º) Você considera que os professores da rede pública de ensino estão preparados para a

prática da inclusão nas escolas regulares, e em particular, a sua escola?

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4º) Você utiliza prática distintas de aprendizagem em relação aos alunos, com deficiência

auditiva e o aluno sem deficiência, ou você realiza as mesmas ações com todos?

5º) Você enquanto professora acredita que o professor deve pensar em uma pratica

pedagógica diferente para acolher o aluno surdo na sala de aula regular?

6º) Você acredita que tenha que haver uma profunda revisão das praticas educacionais e

mudanças na forma como os recursos são distribuídos e disponibilizados para atender as

necessidades dos surdos ou do jeito que se encontra está bom?

7º) Como você enquanto professora, trabalha a inclusão do aluno surdo?

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8º) Quais as maiores dificuldades encontradas para realização do seu trabalho com os

alunos surdos da escola regular?

9º) De acordo com o que você desenvolve você percebe os benefícios que a inclusão desse

aluno surdo traz aos demais colegas e também ao professor?

10º) Para alguns autores o marco desse novo contexto todos os seres humanos nascem

livres e iguais em dignidade e em direitos, diante disso você considera que essa afirmação é

pertinente ao contexto atual?