UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO -...

84
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE Cleberson dos Santos Coimbra O CUSTEIO DA INEFICIÊNCIA PRODUTIVA COMO PARÂMETRO PARA INVESTIMENTOS NA LOGÍSTICA INDUSTRIAL SOB A ÓTICA DO GECON Ribeirão Preto 2005

Transcript of UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO -...

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDAD E DE

RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE

Cleberson dos Santos Coimbra

O CUSTEIO DA INEFICIÊNCIA PRODUTIVA COMO PARÂMETRO PARA

INVESTIMENTOS NA LOGÍSTICA INDUSTRIAL SOB A ÓTICA D O GECON

Ribeirão Preto

2005

CLEBERSON DOS SANTOS COIMBRA

O CUSTEIO DA INEFICIÊNCIA PRODUTIVA COMO PARÂMETRO PARA

INVESTIMENTOS NA LOGÍSTICA INDUSTRIAL SOB A ÓTICA D O GECON

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Vatan dos Santos

Ribeirão Preto

2005

Ficha catalográfica

COIMBRA, Cleberson dos Santos O custeio da ineficiência produtiva como parâmetro para investimentos

na logística industrial sob a ótica do GECON. Ribeirão Preto, 2005. 83p Monografia de conclusão de curso, apresentada à Faculdade de

Economia, Administração e Contabilidade, campus de Ribeirão Preto / USP – Departamento de Contabilidade.

Orientador: Dr. Roberto Vatan dos Santos. Unitermos: Orçamento, custos, logística interna

A Deus pela dádiva da vida, aos pais pela educação e moral, aos professores pelo

ensino, dedicação e conhecimento e aos profissionais que almejam a profissionalização das

área pois somente através dela obteremos produtos melhores por menores custos,

melhorando a qualidade de vida do homem.

Agradecimentos

A minha mãe D. Maria que apesar de todas as dificuldades conseguiu me

passar o que é ter garra e foco nos objetivos e que as dificuldades são apenas

detalhes para que valorizemos nossas conquistas.

Ao meu orientador Prof. Dr. Roberto Vatan dos Santos pelo incentivo da

idéia inicial, ensinamentos, materiais, paciência e dedicação ao presente trabalho.

Ao Prof. Mauro Santo Bernardo por ter implantado o cerne da dúvida sobre a

área logística, e disponibilizado materiais e conhecimentos.

Ao Prof. Dr. Sílvio Hiroshi Nakao por ter disponibilizado seus livros,

materiais, ensinamentos e dedicação.

Ao amigo e gerente de Logística Eduardo Petta pelos ensinamentos da

engenharia e logística e o incentivo no desenvolvimento das análises e implantação

dos projetos.

Ao amigo e gerente de Produção Eugênio Brigo pelos ensinamentos,

materiais e paciência nos seus ensinamentos.

Ao amigo e profissional da Qualidade João Carlos de Souza pelos materiais

e know how compartilhado.

Ao amigo e profissional da Produção Rodrigo Massaroli pelos materiais e

conceitos da engenharia.

Aos amigos da FEARP-USP pelo companheirismo nos estudos e pesquisas,

em especial a Felipe Pelissari que compartilhou comigo parte das horas dedicadas

aos estudos que desencadearam o presente trabalho, e colaboraram para o

aperfeiçoamento desta monografia.

Ao departamento de Contabilidade da FEARP-USP e à FUNDACE por terem

investido nas pequisas iniciais do presente trabalho e disponibilizado os recursos

que permitiram o as investigações do presente estudo.

Enfim, a todas as pessoas que acreditam que é possível buscar uma melhor

qualidade de vida ao homem.

RESUMO

COIMBRA, C. S. (2004). O custeio da ineficiência produtiva como parâmetro

para investimentos na logística industrial sob a ótica do GECON. Ribeirão Preto,

2005, 120p. Monografia – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

A falta de informações estratégicas gera incertezas que afligem o processo

da tomada de decisões seguindo os objetivos da controladoria, principalmente

aquelas relacionadas às operações e a logística.

Este trabalho tem como objetivo a análise das características necessárias

aos sistemas de informações e custeio para que estes possam prover informações

estratégicas sobre o desempenho das atividades logísticas na produção no intuito de

obter-se o melhor resultado econômico.

O estudo é voltado para as operações estratégicas que são vitais para o

cumprimento da meta estabelecida pela empresa focando a ineficiência nos setores

produtivos.

Não é proposta do mesmo chegar a um modelo de sistema de custeio, mas

colaborar com dados relevantes para análises no intuito de otimizar o desempenho

logístico, da produção, e desenvolver avaliações de investimento.

Para atingir este objetivo faz-se a contextualização do problema analisando

algumas das filosofias da administração da produção disponíveis e mais utilizadas

pelas indústrias, os sistemas de informações disponíveis e as abordagens de custeio

mais significativas, destacando-se os aspectos relevantes dos sistemas ligados às

operações.

Apesar da inadequação dos softwares disponíveis, o estudo de caso

demonstra que a controladoria possui ferramentas que conseguem levantar os

parâmetros para investimentos na logística, através dos orçamentos propostos no

modelo GECON e os apontamentos de produção, e o feedback constante melhora a

qualidade da informação.

Palavras chave: Orçamento, Custo e Logística interna.

Abstract:

The lack of strategical information in the companies generates uncertainties

that afflict the process of the taking of decisions following the objectives of the

accounting, mainly those related the operations. Although to be an old concept, still it

has uncertainties compromising the process of the evolution and the improvement of

the productive activities mainly those related the logistic one. This objective work the

analysis of the necessary characteristics to the systems of information and defrays so

that these can provide strategical information on the performance with the logistic

activities in the production in intention to get best resulted the economic one. The

study it is come back toward the strategical operations that are vital for the fulfilment

of the goal established for the company: focusing the inefficiency of the logistic one in

the productive sectors. The periodic accompaniment its evolution can be used as

given important in the parameters for the investment in the reorganization of the

logistic operations of the industry. It is not proposal of exactly arriving at a model of

expenditure system but collaborating with excellent data for analyses in intention to

optimize the logistic performance and evaluations of investment. To reach this

objective it becomes study of the problem analyzing some of the systems of

administration of the production available and the more significant boardings of

expenditure being distinguished the excellent aspects of the on systems to the

operations, and finally, the behavior of the activities in the sector is observed as case

study.

Words key: Budget, Cost and Logistic intern.

Lista de Tabelas

Tabela 4.1 - Análise das variações orçamentárias----------------------------------- 40

Tabela 4.2 - Itens pertencentes aos relatórios de custos da qualidade--------- 54

Tabela 5.1 – Orçamento mensal de MOD nível 2------------------------------------ 61

Tabela 5.2 – Quantificação das variações---------------------------------------------- 61

Tabela 5.3 – Participação das atividades restritivas--------------------------------- 63

Tabela 5.4 – Apontamentos de parada de produção.------------------------------- 64

Lista de Ilustrações

Ilustração 2.1 - Possíveis atividades em uma cadeia de suprimentos--------- 17

Ilustração 2.2 - Indicadores necessários a um sistema GQT-------------------- 29

Ilustração 3.1 - Processo de planejamento.------------------------------------------ 32

Ilustração 3.2 - Módulos comuns em ERPs------------------------------------------- 37

Ilustração 4.1 - Principais usuários das informações gerenciais---------------- 39

Ilustração 4.2 - Fases do processo de gestão no modelo GECON------------- 45

Ilustração 5.1 – Gráfico das demonstrações das variações----------------------- 61

Ilustração 5.2 - Comparativo de custos de aquisição de empilhadeiras------- 66

Ilustração 5.3 – Mapeamento da falta de materiais por origem------------------ 67

Ilustração 5.4 – Mapeamento de faltas por família de material------------------ 69

Lista de Abreviaturas

ABC – Activity Based Costing

BACEN – Banco Central

CD – Centro de Distribuição

CRP – Capacity Requirements Planning

ERP – Enterprise Resource Planning

GQT – Gestão da Qualidade Total

IQP – Índice de Qualidade do Produto

ISO – International Organization for Standardization

JIT – Just in Time

MPS – Planejamento Mestre de Produção

MRP – Materials Requirement Planning

OMS – Order Management System

PCP – Planejamento e Controle da Produção

PLI – Pedido de Liberação de Importação

PPB – Processo Produtivo Básico

SIC – Statistic Inventory Control

SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade

SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior

SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus

TI – Tecnologia da Informação

VPL – Valor Presente Líquido

WMS – Warehouse Management System

10

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------- 11

2 – LOGÍSTICA------------------------------------------------------------------------------- 16

2.1 – Logística Interna----------------------------------------------------------------------- 17

2.2 – Terceirização da Logística---------------------------------------------------------- 19

2.3 – Just in Time----------------------------------------------------------------------------- 20

2.4 – Lean Manufacturing------------------------------------------------------------------- 23

2.5 – Qualidade-------------------------------------------------------------------------------- 27

3 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES----------------------------------------------------- 30

3.1 – MRP - Material Requirements Planning------------------------------------------ 30

3.2 – CRP - Capacity Requirements Planning----------------------------------------- 34

3.3 – ERP - Enterprise Resource Playning--------------------------------------------- 35

4 – CONTROLADORIA---------------------------------------------------------------------- 37

4.1 – A controladoria segundo o GECON----------------------------------------------- 41

4.1.1 – Missão da empresa----------------------------------------------------------------- 42

4.1.2 – Planejamento------------------------------------------------------------------------- 43

4.1.3 – Orçamento----------------------------------------------------------------------------- 46

4.1.4 – Controle-------------------------------------------------------------------------------- 48

4.1.5 – Considerações sobre o GECON------------------------------------------------- 50

4.2 – Custos------------------------------------------------------------------------------------- 51

4.2.1 – Custos da produção----------------------------------------------------------------- 52

4.2.2 – Custos da qualidade---------------------------------------------------------------- 54

4.2.3 – Custos das ineficiências------------------------------------------------------------ 55

5 – ESTUDO DE CASO---------------------------------------------------------------------- 59

6 – CONCLUSÕES---------------------------------------------------------------------------- 71

7 – BIBLIOGRAFIA---------------------------------------------------------------------------- 75

8 – ANEXOS------------------------------------------------------------------------------------ 78

11

1 - INTRODUÇÃO

Segundo Slack (2002, p. 79) “[...] para as empresas que concorrem

diretamente em preço, o custo será seu principal objetivo de produção”. Os custos

podem ser entendidos em vários conceitos e são essenciais para que se

disponibilize quaisquer produtos ou serviço no mercado. Sob uma abordagem direta,

estes podem ser entendidos como insumos necessários para a elaboração de um

produto ou prestação de um serviço.

Em busca do produto que traga melhor benefício em relação ao seu menor

custo as empresas devem atender às expectativas do mercado, pois são elas que

regem todas as filosofias de produção e logística.

Apesar de um notório crescimento tecnológico da logística nos últimos anos

a produção ainda está preparada com melhores informações estratégicas, pois a

logística depende de variáveis mais complexas como a integração dos participantes

da cadeia produtiva, condições físicas das estradas, ocorrências de falhas no

transporte etc.

Os custos da logística têm passado por diversas análises no intuito de se

encontrar a melhor abordagem gerencial para sua gestão. Destas as mais

expressivas estão relacionados ao custeio ABC e outros sistemas que respeitem as

atividades, pois a logística se reflete na prestação de serviços; porém o seu maior

problema é o custo indireto.

Várias são as atividades que estão relacionadas à logística do produto; elas

estendem-se desde a busca do melhor insumo ao custo mais acessível até a sua

entrega ao consumidor final em ótimas condições. Na contabilidade tradicional estas

12

geram várias despesas, podendo-se classificá-las em vários agrupamentos como:

movimentação, armazenagem, transporte, estoques, processamento de pedidos,

embalagem, impostos, administrativos e quaisquer outros tipos de informação

necessária para que estas atividades sejam desenvolvidas.

Estes e outros custos logísticos freqüentemente estão divididos ao longo de

diversas atividades sendo assim difícil de identificar e mensurar o custo total do

serviço logístico prestado ao produto.

O custo total do serviço logístico prestado pode ser entendido como todo

sacrifício financeiro no esforço logístico empregado para a disponibilização do

produto final para o cliente; estende-se desde a busca da matéria prima (logística de

suprimento), o abastecimento das linhas produtivas e embalagem do produto final

(logística de planta), e a entrega do produto acabado ao cliente final (logística de

distribuição).

Bowersox (1996, p. 643) defende que:

[...] o conceito básico de custo total é simples e complementa a noção de modelar a logística como um sistema integrado de desempenho. O principal problema em operacionalizar o custo total é que as práticas contábeis tradicionais para classificar e apresentar despesas críticas não fornecem uma métrica logística adequada. Para entender a demanda de se medir a logística, é necessário rever métodos da contabilidade tradicional em termos das exigências de análise e identificar os custos relevantes para sistemas logísticos integrados.

A crítica de Bowersox merece maior atenção se considerarmos que os

métodos de custeio tradicionais mais utilizados na indústria geralmente causam

problemas particulares às medidas de desempenho, pois se esforçam em carregar,

de forma arbitrária, os custos indiretos a produtos ou clientes.

13

Um produto de maior potencial de aceitação no mercado pode ser barrado

pelo seu preço, pois seu custo de produção está mal apontado, sobrecarregado de

custos indiretos, evitando que o mesmo atenda sua real demanda consumidora.

Agravando o problema, o custo do produto está composto por falhas de processos e

outras ineficiências que os métodos tradicionais não conseguem mensurar.

O problema principal, objetivo do presente trabalho, é analisar se a

controladoria consegue mensurar o custo da ineficiência que os métodos tradicionais

de custeio não conseguem apontar, e a sua importância reside no fato do notório

atraso de tecnologias da logística em relação à manufatura; os sistemas de

informações e apoio à logística ainda estão sendo subaproveitados para análises de

investimentos e uma melhor eficácia da atividade logística geralmente demanda

recursos que freqüentemente não são considerados importantes na elaboração dos

orçamentos das áreas.

Sendo que Marconi e Lakatos (2000, p. 140) formulam que o problema

“consiste em um enunciado explicitado de forma clara, compreensível e operacional,

cujo melhor modo de solução ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por meio de

processos científicos” os principais problemas abordados neste estudo são:

- A controladoria consegue desenvolver informações qu e possam

servir de parâmetros para o financiamento da reestr uturação da

logística?

14

A metodologia utilizada é o estudo de caso, obedecendo aos princípios

propostos por Yin (2001) que condiciona a eficácia de sua utilização a três condições

propostas:

a) no tipo de questão proposta;

b) na extensão de controle que o pesquisador tem sobre eventos

comportamentais efetivos;

c) no grau de enfoque em acontecimentos históricos em oposição a

acontecimentos contemporâneos;

Yin (2001, p. 101) descreve que “[...] em geral, a conveniência, o acesso aos

dados e a proximidade geográfica podem ser os principais critérios na hora de se

selecionar o caso ou os casos-piloto” e estabelece três princípios para a coleta de

dados:

- utilizar várias fontes de evidência;

- criar um banco de dados para o estudo de caso;

- manter o encadeamento de evidências.

No caso em questão, a empresa foi escolhida devido ao menor grau de

problemas com o acesso aos dados e estes foram alterados para manter a

segurança de sua estratégia competitiva, porém mantendo as devidas proporções.

Estruturou-se um mapeamento dos postos de trabalho e os dados foram

coletados nos diversos departamentos produtivos da empresa, abordados com maior

profundidade no capítulo 6.

15

Um banco de dados foi projetado no intuito de trabalhar as mais diversas

variáveis possíveis. O encadeamento de evidências mapeado foi analisado no intuito

de se estabelecer conexões entre os fatos, pois na visão de Yin (2001, p. 22) “[...]

certamente sempre houve experimentos motivados por razões exploratórias.”.

A empresa abordada como estudo de caso está situada na região do interior

de São Paulo e foi escolhida de forma a que se possa analisar o aproveitamento da

informação sobre os recursos empregados em suas atividades.

E por fim, um questionário foi elaborado baseado nestes preceitos para a

coleta de dados.

16

2 – LOGÍSTICA

O objetivo da logística é disponibilizar o produto certo, no local exato ao

menor custo, e segundo o Council of Logistics Management,

[...] logística é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e economicamente eficaz de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes. (LABORATÓRIO DE APRENDIZAGEM EM LOGÍSTICA E TRANSPORTES)

Ballou (2003, p. 31) já define que “[...] a missão da logística é dispor a

mercadoria ou o serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições

desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa”.

Pode-se ressaltar que a missão da logística além de envolver o gerenciamento e a

coordenação de atividades operacionais, tem como função: alimentar a cadeia

produtiva com informações necessárias para o planejamento estratégico visando

melhorar o serviço ao consumidor.

Levando em consideração que boa parte do serviço logístico no Brasil é

prestada pelos pequenos e médios provedores logísticos, que já se encontram em

um avanço significativo (hoje já se pode contar com vários provedores, inclusive os

que possuem uma cartela de clientes diversificada, tornando pronta a informação

sobre a posição de sua mercadoria), ainda não há a interação da informação ao

longo da cadeia produtiva.

Quando a empresa não opta por um provedor único que assuma toda a sua

operação logística, esta função merece demasiada atenção, pois fica a encargo da

empresa todo o planejamento estratégico, e a mesma pode não ter em seu foco de

atuação a competência para essa integração de informações, ficando a cargo dos

desenvolvedores de TI (Tecnologia da Informação) o objetivo desta integração.

17

Fonte: Adaptação de Ballou (2003, p. 23).

Ilustração 2.1 - Possíveis atividades em uma cadeia de suprimentos.

2.1 - Logística Interna

Porter (1989, p. 36) define que “[...] logística interna são atividades

associadas ao recebimento, armazenamento e distribuição de insumos no produto,

como manuseio de material, armazenagem, controle de estoque, programação de

frotas, veículos e devolução para fornecedores” e segundo Fleury (2000, p. 37) “A

integração interna, ou seja, o gerenciamento integrado dos diversos componentes do

sistema logístico é uma condição necessária para que as empresas consigam atingir

excelência operacional com baixo custo”.

A logística interna é diretamente responsável pela cadeia de valor da

empresa quando procura otimizar os processos inerentes às atividades tais como a

infra-estrutura do layout de distribuição interna, sistemas de informação, tecnologias

de aquisição e atividades primárias de apoio, tais como manutenção de estoques

mínimos, entrega dos produtos nos locais de utilização e outras atividades ligadas à

L o g í s t i c a e m p r e s a r i a l

D i s t r i b u i ç ã oS u p r i m e n t o

F o n t e s d e s u p r i m e n t o s

P l a n t a s /o p e r a ç õ e s

C l i e n t e s

* T r a n s p o r t e s* M a n u t e n ç ã o d e e s t o q u e s* P r o c e s s a m e n t o d e p e d i d o s* A q u i s i ç ã o* E m b a l a g e m * A r m a z e n a g e m* M a n u s e i o d e m a t e r i a i s* M a n u t e n ç ã o d e i n f o r m a ç õ e s

* T r a n s p o r t e s* M a n u t e n ç ã o d e e s t o q u e s* P r o c e s s a m e n t o d e p e d i d o s* P r o g r a m a ç ã o d e p r o d u t o* E m b a l a g e m p r o t e t o r a* A r m a z e n a g e m* M a n u s e i o d e m a t e r i a i s* M a n u t e n ç ã o d e i n f o r m a ç õ e s

18

produção para que o produto final saia no tempo correto com a qualidade ideal

utilizando o mínimo de recursos possíveis, o que agregará valor ao produto.

Mesmo quando ligadas a conceitos de planejamento eficientes, como

MRP/ERP e lean manufacturing1, a logística é uma atividade que pode se tornar o

ponto crítico ou gargalo, haja vista que diversos fatores, como o bom relacionamento

com fornecedores e as entregas no prazo correto, poderiam estar afetando a

produção de forma a desestabilizar a cadência produtiva e gerar atrasos de

entregas, ociosidades e descompassos de fluxos de elaboração de

subcomponentes.

A produção, por outro lado, se prepara para lidar com tais gargalos

administrando a flexibilidade de composto (mix) como ressalta Slack (2002, p. 75).

A maioria das operações produz mais de um produto ou serviço. Além disso, a maioria delas não produz seus produtos ou serviços em volumes altos o suficiente para dedicar todas as partes de suas atividades exclusivamente a um produto ou serviço. Isso significa que a maioria das partes de qualquer operação terá que processar mais de um tipo de produto ou serviço e então precisará, às vezes, deixar uma atividade para dedicar-se a outra [...].

Porém esta flexibilidade gera custos. Segundo Catelli (2001, p. 160) “todas

as áreas têm planejamento estratégico, simulações, planejamento operacional,

execução e controle, sendo obrigatória a existência de negociações, mediadas pela

existência dos preços de transferências, entre elas.” Adotando-se a lógica da

transferência, os custos gerados pelas flexibilidades não planejadas, que não são de

responsabilidade da produção, poderiam ser apontados como de responsabilidade

da logística, que estaria consumindo um recurso da produção o tempo de mão-de-

obra disponível ou o tempo de setup desnecessário das máquinas; a origem destes

1 As definições de Lean Manufacturing e MRP são abordadas nos capítulos 2.4 e 3.1, respectivamente.

19

custos também deve ser investigada, pois os mesmos podem estar incorrendo talvez

por falta de estruturas, que na visão dos gestores não fariam muita diferença nos

resultados; e apenas ao analisar os números se dariam conta do tamanho real do

problema.

Catelli (2002, p. 31) defende que “as áreas somente serão

debitadas/creditadas por eventos sobre os quais tenham responsabilidade, as

eficiências/ineficiências não são transferíveis para outras áreas e nem repassadas

aos produtos/serviços”. Porém a análise da logística é muito complexa, pois ela se

mescla em processos produtivos (como no caso do lean manufacturing que a

logística é responsável pelo abastecimento na célula de produção) e esta análise, da

ineficiência da logística em suprir a produção, pode servir de parâmetro para o

investimento na área, haja visto que caso os problemas não sejam resolvidos

continuarão a consumir os recursos da produção. Por se tratar de uma área que se

encontra em evolução toda análise no intuito de estruturá-la deve ser desenvolvida

com cuidado.

2.2 - Terceirização da logística

Nas análises da logística industrial, deve sempre ser levada em

consideração a possibilidade da terceirização das atividades. Na visão de

Figueiredo, apesar das tecnologias e sofisticação dos serviços oferecidos pelos

provedores alcançarem vantagens competitivas, redução de custos e diluição de

riscos,

[...] ainda existem empresas mais comedidas em suas terceirizações, pelo receio de perder o controle das atividades, pela dificuldade de trocar de

20

fornecedor posteriormente ou, ainda, pela crença de que possuem as competências necessárias para realizar suas atividades logísticas. (TECNOLOGÍSTICA, JANEIRO de 2005, p. 61).

A terceirização deve ser entendida como uma ferramenta de gestão

estratégica que flexibiliza a utilização dos recursos da empresa e não como apenas

uma atitude para redução de custos.

A concentração de recursos nas atividades fins da missão da empresa se

torna atitude base para gestores que desejam encontrar um diferencial de seus

produtos no mercado atual.

O estabelecimento de parcerias e alianças estratégicas no intuito de

fortalecer o nicho de negócio exige o uso de bons sistemas de informações

tecnológicas e operacionais para a melhor integração dos processos; devido ao fato,

os investimentos em TI devem ser sempre orientados no intuito de unir cada vez

mais as informações estratégicas e operacionais do produto.

O entendimento da sua importância na cadeia logística é essencial para o

envolvimento máximo e comprometido de cada parceiro assim como o

compartilhamento dos lucros e riscos, ficando claro que um dos seus principais

papéis na cadeia é o de apoiar a produção.

2.3 - Just in time

Segundo Slack o just in time pode tanto ser entendido como filosofia quanto

pode ser utilizado no planejamento e controle das operações.

O just in time (JIT) é uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade global e eliminar os desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos de custo, assim como o fornecimento apenas da

21

quantidade correta, no momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos. O JIT é dependente do balanço entre a flexibilidade do usuário. Ele é alcançado por meio da aplicação de elementos que requerem em envolvimento total dos funcionários e trabalho em equipe. Uma filosofia-chave do JIT é a simplificação. (SLACK 2002, p. 482)

Segundo esta filosofia, o tempo de processamento é o único que agrega

valor ao produto; devendo-se estudar os demais e estruturá-los de forma que estes

não influenciem negativamente a produção.

É através deste conceito que se reduz o tempo de movimentação com a

aproximação do layout celular e opta-se por produzir em reduzidos lotes que podem

ser movimentados rapidamente sem o acúmulo de estoques intermediários.

Encoraja também a criação de dispositivos de trabalho que, juntamente com a

ergonomia do posto de trabalho, visa reduzir o tempo das operações.

A revisão dos processos e a eliminação das atividades que não agregam

valor também são ferramentas do conceito.

Um dos principais pilares da filosofia JIT é a redução dos lotes de produção e de compra. Os princípios da boa gestão de materiais mandam que se determine o tamanho dos lotes de compra e produção através do balanço entre os custos com a manutenção dos estoques e os custos fixos, referentes à obtenção do lote (custos com a preparação do equipamento, no caso de itens produzidos, e custos de processar os pedidos de compra, para o caso de itens comprados). (CORRÊA e GIANESI 1993, p. 60).

Na redução dos lotes de compra diminui-se também o tempo do capital

envolvido com a operação da produção e a quantidade de insumos intermediando as

operações.

Se a produção for em grandes lotes estes podem ter um percentual com

avarias por falhas de operação, e se o produto passa para o processo seguinte em

menor quantidade o percentual de peças danificadas também tendem a cair

22

consideravelmente reduzindo o custo da qualidade. O JIT se fundamenta em

conceitos como:

Kaizen: de origem japonesa o melhoramento contínuo é a filosofia de buscar

a melhora incremental no processo sempre que se deparar com uma condição a

qual pode ser aprimorada tecnicamente.

Na visão de Slack (2002) Kaizen significa melhoramento. Mais: significa

melhoramento na vida pessoal, doméstica, social e no trabalho. E quando aplicado

ao trabalho, kaizen significa melhoramentos contínuos que envolvem toda a

organização.

Não importa se os melhoramentos são pequenos e nem se deve medir a

taxa de melhoramentos, a mensuração da taxa de melhoramentos poderia estar

criando uma disputa desnecessária que pode vir a desmotivar um grande percentual

dos trabalhadores da fábrica, sendo que o mais importante é a adoção do conceito

como item necessário para a sobrevivência da empresa.

O que pode ser considerado mais importante é o momento em que o

melhoramento é implantado e que ao final de certo período algum melhoramento

operacional tenha sido efetivamente desenvolvido.

Kanban: kanban é um termo japonês que significa cartão. Criado pela

Toyota visando reduzir o estoque de produtos acabados é um sistema de informação

que pode controlar toda a produção.

Através dele consegue-se limitar a quantidade de estoques em processo

reduzindo-se ou aumentando o número de cartões disponíveis e estes levam em

23

conta o lead time para a reposição da peça em seu estágio inicial de insumo para

qualquer atividade.

Sustentada a produção por todos os parâmetros do just in time a filosofia

também vêm acompanhada de importantes indicadores de desempenho como:

- índice de satisfação do cliente;

- defeitos por unidade;

- cumprimento dos prazos de entrega;

- giro do estoque de matérias-primas;

- giro do estoque em processo;

- estoque de produtos acabados.

Quanto mais apresentáveis são os números, maior o entendimento do

conceito da filosofia e maior envolvimento de todos os funcionários da empresa. O

enxugamento de todos os processos envolvidos pressupõe um menor investimento

em capital para o mesmo, e o nível de satisfação do cliente reflete o desejo do

mercado frente aos ideais da instituição.

2.4 - Lean Manufacturing

Originado do sistema Toyota de produção o Lean Manufacturing, ou

produção enxuta, foi uma das filosofias da administração que coordenou a produção

24

com a demanda específica de diferentes modelos de automóveis nas mais variadas

cores objetivando o menor atraso possível.

Nascido para a resolução de um grande problema, o limite da capacidade

produtiva comprometendo o atendimento da demanda, era necessário organizar a

produção de forma que a carteira de pedidos não sofresse os comuns atrasos de

entrega e as desistências por falsas expectativas.

Criou-se então o conceito de “puxar” a produção a partir da demanda

produzindo-se em cada processo a quantidade de itens necessários para a próxima

etapa do produto final levando-se em consideração alguns pressupostos como

estoque zero, eliminação de desperdícios, foco na resolução de problemas, fluxo

contínuo de produção, melhoria contínua e etc.

Os princípios da produção enxuta, enfatizando o caráter estratégico do

processo produtivo, buscam incorporar valor aos seus produtos específicos

minimizando estoques, eliminando a necessidade de retrabalho e reorganizando as

atividades. Os métodos de produção enxuta são baseados na produção de fluxo

unitário de acordo com a demanda real do cliente enquanto na produção de grandes

lotes têm-se um grande volume de estoque em processo e grande investimento em

ativos para o processamento destes lotes; o layout do processo produtivo é

organizado de forma que todo o esforço obtenha como foco o cliente e seu produto e

se tenha um acompanhamento visual do processo.

A mentalidade enxuta determina o valor de um produto ou serviço específico

segundo a necessidade ou percepção do cliente final a um preço específico em um

dado momento, identificando a cadeia de valor para cada produto e as atividades da

cadeia de suprimentos que agregam valor ou não aos clientes, apresenta o fluxo da

25

produção em pequenos lotes com estoques mínimos ao longo do fluxo da produção

e permite que o cliente puxe o valor do produto no ato da aquisição ou encomenda.

A partir daí a produção deve-se espelhar ao máximo o pedido do cliente sem

produzir nenhum excesso de acordo com previsões de demanda para que estas não

acarretem em estoques sobressalentes e nem em grandes quantidades de estoques

em processo.

Sendo que a produção é de acordo com o pedido, os tempos de preparação

de equipamentos são reduzidos e os lotes ficam menores. Mais simples e reduzidos

ficam também os processos, tempos e métodos. Perde-se o conceito de grandes

departamentos que fazem uma etapa do trabalho e acumulam grandes estoques que

transitam por vários barracões das indústrias.

As linhas de produção se baseiam em células de manufatura que seguem a

lógica física dos processos necessários para a elaboração de peças suficientes para

apenas um produto, se aproximam o máximo possível uma das outras e é dado

grande ênfase a otimização do transporte entre as células facilitando-se o

abastecimento de material; a maximização da utilização da mão-de-obra

(empregado flexível) também influencia positivamente tornando a comunicação mais

acessível entre os operadores e identificando rapidamente problemas de processo

que venham a ocorrer.

Os aspectos de ergonomia e posição do trabalho são estudados ao máximo

visando proporcionar melhor adequação do meio ao trabalho dos operadores, “fazer

a coisa certa com a ferramenta certa” é o grande ferramental teórico que sustenta os

métodos de trabalho.

26

A diferença da filosofia de “empurrar” para “puxar” traz algumas mudanças

em conceitos respeitados por diversos profissionais, como por exemplo, segundo

Sharma (2003, p. 74) “Os sistemas de “puxar” de acordo com a demanda passam a

ser simples e claros, e o auxílio do computador tem aplicabilidade limitada e

específica na operação Lean.”.

Os complexos cálculos de planejamento e planilhas de controle da produção

perdem todo o seu sentido na manufatura enxuta, pois como os processos são

simples e seguem uma cadência lógica de fácil acompanhamento visual, ela não

necessita mais do que a compreensão do seu conceito por parte de toda a

organização, não afirmando com isto que o seu conceito é de fácil entendimento.

Sobre a visão de custos dos especialistas na manufatura enxuta: “[...] os

sistemas de custo-padrão, baseados em métodos de contabilização por absorção,

há muito provaram ser um obstáculo para o entendimento de custos reais”

(SHARMA, 2003, p. 75).

Entre os principais conceitos da manufatura enxuta podemos citar:

- Jidoka - Jidoka quer dizer “automação com um toque humano”, incluindo

alguns sistemas de qualidade como o poka yoke (à prova de erros) e sistemas

estatísticos de controle, o jidoka delibera autonomia ao processo de forma que este

possa funcionar continuamente sem nenhuma supervisão ou assistência e que pare

automaticamente ao primeiro sinal de problemas com a produção; previne materiais

defeituosos por intermédio de dispositivos que acionam a parada de toda a linha

produtiva assim que é identificado um produto com falha, e tem como objetivo a

melhora das atividades de inspeções da qualidade e a resolução dos problemas o

27

mais rápido possível além de eliminar substancialmente a produção de produtos

defeituosos.

- Nivelamento da produção - é o estudo de algoritmos de programação

visando alcançar um mix de produção que reduza os estoques de determinados

itens permitindo flutuações diárias na demanda do cliente, é um dos princípios

básicos para o melhor funcionamento da produção puxada.

2.5 - Qualidade

Considerado como critérios competitivos de especial atenção por parte do

consumidor o prazo e a qualidade do produto a ser entregue são requisitos básicos

para que o mesmo se torne competitivo no mercado, porém não devem ser fatores

limitantes para a sua disponibilização.

A confiabilidade do produto no mercado e a sua demanda real devem ser

percebidos, os profissionais de marketing e vendas devem se preocupar em

desenvolver técnicas mais abrangentes neste sentido, mas a transformação técnica

destas percepções aos produtos, devem sempre primar pelo aumento da

confiabilidade e isto inclui qual a maior importância dada ao produto, qualidade ou

flexibilidade.

Definido as abordagens o controle de qualidade irá primar para que o

produto saia na especificação determinada e irá definir padrões a serem respeitados

enquanto se direciona esforços para as reduções de custos. A qualidade pode ser

entendida como o valor que o cliente dá ao produto e deve ser entendida como

28

pressuposto para a aceitação do item no mercado, afinal quem iria querer um

produto que se sabe que não atingirá as expectativas de uso?

A revisão dos processos deve ser orientada pelos índices da qualidade para

que o produto continue a atender as expectativas de seus consumidores.

Toda a alteração em atividades logísticas ou produtivas deve ser comparada

aos indicadores da qualidade (ilustração 2.2). São eles que poderão ter uma relação

direta com a aceitação do produto no mercado devendo ser considerados como

importantes variáveis da demanda do produto em simulações mais aprofundadas

sobre a mesma.

Entre os requisitos essenciais da qualidade na visão de Sadgrove (1995, p.

14) podemos entender quatro como sendo essenciais a Gestão da Qualidade Total

(GQT):

- reduzir os defeitos;

- melhorar a produtividade;

- melhorar o atendimento;

- inovar.

29

Fonte: Adaptado de Sadgrove (1995, p. 102).

Ilustração 2.2 - Indicadores necessários a um sistema GQT

O suporte do sistema de informações operacionais ligadas à qualidade deve

prover informações para a realização das seguintes atividades:

- inspeção de entradas;

- inspeção de processos;

- metrologia;

- auditorias da qualidade.

Processo de

mensuração

ProdutividadeDesempenho

financeiro

Qualidade daprodução

Satisfação docliente

Atitude dopessoal

Saúde,segurança eambiente

30

3 - SISTEMAS DE INFORMAÇÕES

Os sistemas de informações e suportes a decisão vem sofrendo constantes

modificações ao longo dos últimos anos e o avanço de Tecnologias de Informação

(TI) vem permitindo as empresas executarem as mais diversas operações possíveis.

Outro fato notável que vem ocorrendo nos últimos anos é a quantidade de

sotware houses2, que desenvolveram e difundiram o conceito de TI com os mais

variados tipos de softwares para as mais variadas funções operacionais e

administrativas, vêm crescendo em uma velocidade fantástica e a competitividade do

mercado de programas se torna cada vez mais acirrada tornando acessível um

grande número de pacotes administrativos que até pouco tempo eram considerados

caros e inacessíveis para pequenas e médias empresas.

Neste capítulo estudaremos os principais conceitos dos softwares de gestão

mais difundidos para as práticas da produção e logística interna sendo que para a

logística externa ou terceirizada já existem uma série de outros pacotes

especialistas, que não abordaremos por não se tratarem do estudo em questão.

3.1 - MRP - Material Requirements Planning

Fazendo-se uma revisão na década de 50 podemos dizer que, em linhas

gerais, a gerência empresarial estava focada numa única visão denominada gestão

de estoques. Esta era, por sua vez, fundamentada basicamente na habilidade,

2 Pequenas empresas que desenvolvem pacotes de sistemas de informações a um preço mais acessível, lapidando as necessidades de acordo com a necessidade do cliente.

31

sensibilidade e experiência do profissional que gerenciava os estoques tanto de

produtos acabados, quanto de matérias-primas e insumos diversos.

Este profissional observava algumas tendências de demanda de certos

produtos, observava a posição física dos estoques, a sua rotatividade e definia um

patamar de estoque desejado o que pode ser abordado sob o título de ponto de

reposição. Sempre que os estoques estivessem menores que o ponto de reposição

gerava-se um pedido ou uma ordem para que os estoques fossem repostos.

Na década de 60, esta gestão de estoques adquiriu certa “inteligência

matemática”. Os pontos de reposição deixaram de ser estimados pela sensibilidade

e experiência de um profissional e tornaram-se derivados de cálculos matemáticos

baseados no histórico de estatísticas de demanda de determinado produto mais uma

determinada margem de segurança. Surgia o denominado SIC - Statistic Inventory

Control (controle estatístico de estoques).

A década de 70 foi a década onde surgiram no mundo os dois sistema de

gestão industrial que iriam dar base a forma e a maneira de se trabalhar nas

empresas de todo o mundo. O MRP (Material Requirement Planning - Plano de

Necessidades de Material) e o CRP (Capacity Requirements Planning - Plano de

Necessidades de Capacidade).

Ao longo do tempo, o conceito de MRP desenvolveu-se de um foco na gestão de operações que auxiliava o planejamento e o controle das necessidades de materiais para se tornar, em anos mais recentes, um sistema corporativo que apóia o planejamento de todas as necessidades de recurso do negócio. (SLACK 2002, p. 449)

O planejamento da produção pode ser considerado o cérebro das

operações da fábrica, pois detalha a curto e a médio prazo, a

programação de insumos e produtos específicos a adquirir (quando é

32

de origem de terceiros) ou a sua fabricação (se o mesmo for de origem

interna da empresa). A sua operacionalização pode ser entendida no

seguinte fluxograma:

Fonte: Empresa A

Ilustração 3.1 - Processo de planejamento.

Uma vez que cada artigo fabricado requer a utilização de componentes à

procura desses componentes está dependente da entrega do artigo do qual eles

fazem parte, isto é, a procura dependente é aquela que é causada pela procura de

componentes que farão parte do artigo de nível superior que utilizam esses

componentes; o mapeamento destes componentes é denominado estrutura do

produto.

A estrutura do produto pode ser representada sob a forma gráfica ou como

uma lista estruturada de componentes e subcomponentes que farão parte do

produto final. Geralmente cada nível hierárquico corresponde, por convenção, a um

primeiro algarismo na atribuição dos códigos de peça. Note-se ainda que se uma

Planejamentoda produção

Planejamento-mestre da produção

Cálculo dasnecessidadesde materiais

Plano global da produção

Plano mestre da produção

Requisiçõesde materiais

Ordens deprodução

Estruturado produto

Posição de estoques

Controleda produção

Gestão dademanda

Cálculo da necessidadede capacidade

Roteirosde produção

33

mesma peça componente intervier em mais do que um artigo a níveis hierárquicos

diferentes então lhe é atribuído o nível mais baixo. Tal ação pode ser indispensável

para um eficaz planejamento conjunto de artigos envolvendo a mesma peça.

É por meio do Planejamento Mestre da Produção (MPS) que se avalia

quais os materiais necessários para o desenvolvimento das operações. A

determinação dessas necessidades resulta em uma relação de dependência entre

produto acabado e seus constituintes, o MRP faz o cálculo inverso da explosão das

necessidades de insumos dos produtos finais originando-se do produto acabado,

pela sua data de entrega, calculando-se (baseado nos lead time de entregas)

quando serão necessários os starts de aquisição ou de elaboração dos

subconjuntos. Operacionalmente estes resultados são expressos em ordens de

produção que determinam as quantidades necessárias e o momento ideal de iniciar

a atividade, baseado nos mapeamentos de quantidades e tempos necessários para

a realização do processo. No caso estes insumos podem ser divididos em matérias

primas, componentes e subcomponentes e artigos de consumo.

Algumas questões em relação aos cálculos do MRP que sempre devem ser

levadas em consideração para o perfeito funcionamento do sistema:

- se os recebimentos previstos resultantes do último planejamento estão

incluídos;

- se os requisitos projetados incluem outros artigos em produção;

- se o lead time está corretamente mapeado e se leva em consideração os

prazos necessários para o recebimento e adequada inspeção de qualidade.

34

- se os estoques estão bem administrados e as quantidades dos estoques

de segurança bem calculados;

- se cada liberação de pedidos dispara os correspondentes requisitos nos

componentes hierarquicamente inferiores.

É indispensável que o horizonte de planejamento seja no mínimo igual à

maior das somas dos tempos de entregas correspondentes à cadeia de artigos da

mais alta a mais baixa hierarquia.

3.2 - CRP - Capacity Requirements Planning

O cálculo da elaboração de uma determinada quantidade de produtos

pressupõe a disponibilidade de recursos em equipamentos e pessoal necessários.

Se tais recursos não estiverem disponíveis então não haverá maneira de

disponibilizá-lo no prazo estipulado, a não ser que haja alterações nos planos de

produção de forma a compatibilizar os recursos e disponibilizar as necessidades

para a sua elaboração.

“O planejamento da capacidade de produção é tão importante como o

planejamento dos próprios materiais” (CORRÊA e GIANESI 1993, p. 130). Os

sistemas utilizados para auxiliar estas decisões são designados sistemas de CRP -

Planejamento dos Requisitos de Capacidade e planejam o processo produtivo

quantitativo e qualitativamente verificando-se a capacidade disponível, ou seja,

quais as necessidades em operadores e máquinas se ajustam às necessidades da

produção, e caso contrário, quais as estratégias a adotar.

35

Os índices para a averiguação da capacidade utilizável de um centro de

trabalho devem observar:

- Quantidade de máquinas: equipamentos disponíveis e adequados para a

operação desejada;

- Horas de máquina disponível - período disponível para o equipamento

levando-se em consideração a semana para seu planejamento (dias/semana *

turnos/dia * horas por turno)

- Índice de utilização - representa o fator de tempo que uma máquina está

efetivamente sendo utilizada (descontando-se os tempos de parada para

manutenção preventiva e setup de máquina).

- Eficiência do sistema - mede a relação entre o desempenho real das

máquinas e os valores-padrão utilizados pela engenharia - pode apresentar valores

superiores a 100%, se uma máquina estiver funcionando acima do desempenho

nominal.

3.3 - ERP - Enterprise Resource Playning

ERP são pacotes comerciais de softwares estruturados para gerir empresas,

é considerada uma filosofia de gerenciamento que engloba toda a organização,

tornando mais eficazes e eficientes os seus processos. Para tanto, seguem um

padrão de abrangência que se estende desde controles operacionais das atividades

produtivas a controles administrativos como contas a pagar e receber (ilustração

3.2).

36

A TI tem um papel muito representativo na evolução da informação e

merece a atenção de bons profissionais para o seu contínuo desenvolvimento.

Durante a implementação de um sistema ERP são enfrentadas várias barreiras às

mudanças que esta implementação proporciona, pois promove uma revolução na

captação e disponibilização da informação.

A maneira de lidar com estas mudanças podem determinar o sucesso ou o

fracasso do novo sistema de gerenciamento.

Este trabalho visa tratar de sistemas de informações que podem ser

abastecidos pelo gerenciamento de ferramentas, geralmente utilizadas no ERP,

através de exportações e importações de dados apenas agregando algumas

evidências que determinariam a natureza do estudo, portanto temos no ERP

importante ferramenta para apoio a decisão gerencial.

Começar a utilizar o ERP antes de serem obtidos níveis de acurácia de

dados de boa ordem corresponde a assumir um grande risco de desacreditar o

sistema junto aos usuários. O esforço de se alcançar altos níveis de acurácia de

dados pode demandar um longo e trabalhoso processo de mudanças de rotinas, os

quais podem ser auxiliados pela implantação de normas de controle como as

normas ISO, que auxiliam a mapear o fluxograma das atividades internas da

empresa para depois definir a abrangência e o escopo da implantação.

Os ERPs visam a integração da informação necessária para administrar uma

empresa. Alguns são mais voltados para a indústria e outros mais voltados para o

comércio e prestação de serviços, mas a base de um ERP está na sua versatilidade

e abrangência. O pacote ERP geralmente é fundamentado em áreas estratégicas

delineadas e que desenvolvem todo o potencial operacional da empresa.

37

Para explorar este potencial os ERPs são divididos em módulos, estes

correspondem como que se fossem as divisões departamentais da empresa como

constatamos na ilustração 3.2.

Fonte: Observação

Ilustração 3.2 - Módulos comuns em ERPs

Porém é importante destacar que esta divisão se faz presente para que

ocorra o perfeito aproveitamento dos inputs, que são as entradas de dados, o ERP

armazena os dados de todos os módulos e os disponibilizam nas mais variadas

combinações de informações departamentais se destacando na empregabilidade de

seu potencial.

4 - CONTROLADORIA

Segundo Nakagawa (1993, p. 13) os conceitos de controladoria indicam que

cabe ao controller organizar e reportar dados relevantes exercendo uma força ou

influência que induz os gerentes a tomarem decisões lógicas e consistentes com a

missão e objetivos da empresa, e para tanto, geralmente acaba tornando-se o

responsável pelo projeto, implementação e manutenção de um sistema integrado de

informações que utiliza a contabilidade como principal instrumento para demonstrar

Qualidade

PCP

ComercialContabilidade

Custos

Financeiro

Logística

ERP

Controladoria

38

a quitação de responsabilidades que decorrem da accountability da empresa e seus

gestores.

Accountability é a obrigação de se prestar contas dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que decorrem de uma delegação de poder. Nas grandes empresas, onde é muito clara a separação entre propriedade e gerência, os acionistas representando, muitas vezes, interesses de inúmeros investidores, elegem os membros de seu conselho de administração, os quais, por sua vez, escolhem as pessoas, que efetivamente deverão gerir os negócios das empresas, formando-se assim uma grande cadeia de accountability que percorre toda a sua estrutura organizacional. (NAKAGAWA,1993, p. 17)

Estes sistemas de informação geralmente estão baseados em sistemas

ERPs de informações ou sistemas desenvolvidos para atividades específicas, porém

ambos buscam a maior integração possível entre as diversas áreas departamentais

da empresa.

Catelli (2001) ressalta que a controladoria enquanto área de

responsabilidade juntamente com as demais para o cumprimento da missão e

continuidade da organização terá como filosofia de atuação:

- coordenação de esforços visando a sinergia das ações.

- participação ativa do processo de planejamento

- interação e apoio às áreas operacionais

- indução às melhores decisões para a empresa como um todo

- credibilidade, persuasão e motivação.

A controladoria e a contabilidade gerencial como principais fontes de

informações da empresa devem primar para que os dados contribuam para a

integração e boa gestão fornecendo assim subsídios para o cumprimento de sua

missão.

39

Fonte: Horngren, Foster e Datar (2004, p. 8).

Ilustração 4.1 - Principais usuários das informações gerenciais

É necessário que sejam desenvolvidas novas formas de organizar os

trabalhos na indústria. Uma forma que permita que a comunicação flua eficazmente

por entre os diversos setores da organização e mantenha o foco no objetivo da

empresa, sempre revendo sua estrutura atual em face de projeções de alterações de

técnicas e processos.

A nova realidade competitiva exige que a empresa oferte seus produtos a

um preço acessível e que opere sempre com boas margens para que consiga capital

para alavancar suas operações.

O controller deve primar pela interação entre as diversas funções na

empresa para que estas rompam os cordões de isolamento que as cercam nas mais

variadas formas e evitem situações que podem vir a causar prejuízos para toda a

empresa.

As visões enxutas da produção estão relacionadas a produtos de demandas

estáveis e sem oscilações, permite a flexibilidade de troca entre processos, mas não

é interessante o seu uso em faixas grandes de produtos oferecidos no mercado

estando a sua limitação relacionada ao tamanho dos estoques intermediários entre

processos para se garantir a seqüência das atividades.

CONTABILIDADE GERENCIAL

Planejamento de produtos, serviços

ou processos

Pesquisa e Desenvolvimento

Produção Marketing Distribuição Serviço ao Cliente

40

A utilização do MRP e o aumento da produção por lotes podem estar

colaborando para que a empresa dilua os seus custos fixos e aumente a taxa de

utilização de seus equipamentos, mas manterá altos os níveis de estoques e

estoques em processo, e correrá o risco de trabalhar com um índice de perdas e

retrabalhos mais numerosos.

Quando os custos de setup são elevados - como é o caso de uma fornalha em uma metalúrgica - processar lotes maiores de materiais e incorrer custos maiores de estocagem fica mais barato porque reduz o número de setups a serem feitos. Da mesma forma, quando os custos de tempo de manutenção são elevados, há grandes benefícios em manter a produção enxuta. (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 2004, p. 165).

As análises dos processos logísticos e da produção merecem atenção

peculiar da parte de quem deseja pesquisá-las, porém toda análise econômica e

financeira devem ser fundamentada em princípios contábeis.

Pelo fato da contabilidade estar melhor estruturada para a mensuração de

eventos financeiros e econômicos e pelo fato da produção e logística trabalharem

com números e índices das mais variadas formas é necessário uma adaptação da

contabilidade e da controladoria para atender os requisitos do desenvolvimento.

Uma das características fortes dos sistemas de informações contábeis é a mensuração monetária. Os gestores, porém, para determinadas decisões necessitam de mensurações físicas dos objetos e eventos. Entendemos que um sistema de informação contábil eficaz deve gerar informações com base em medidas tanto monetárias quanto físicas. (GUERREIRO, 1989, p. 25)

O controller deve estar preparado no sentido de entender quais as filosofias

que trarão um melhor resultado econômico e melhor se adaptarão à cultura da

empresa para que possa debater com as áreas de produção e logística no intuito de

chegarem ao melhor resultado.

41

O mesmo deve desenvolver competência e mecanismos de informações que

revisem periodicamente se os rumos tomados na produção e logística estão sendo

os melhores para o resultado econômico da empresa.

Devido à flexibilidade da demanda de mercado por produtos as empresas

desenvolvem constantemente novas tecnologias de produção e novos tipos de

insumos para seus produtos, obedecendo aos princípios da exigência de mercado e

menores custos de aquisição, e a controladoria deve munir-se de ferramentas que

mensurem estas flexibilidades internamente, pois com a variação de produtos,

materiais e mecanismos têm-se uma alteração no processo produtivo, que sempre

devem ser revistos, em conjunto com as áreas responsáveis, no intuito de se

averiguar se estão sendo utilizados os melhores procedimentos.

4.1 - A controladoria segundo o GECON

O GECON3 pode ser entendido como uma filosofia que rege os princípios da

empresa, tanto está arraigada em valores dos seus gestores quanto em valores

econômicos; difundir seus conceitos pelas áreas funcionais da empresa é difundir os

seus valores, suas metas e seus objetivos, e deve haver boa divulgação do conceito

para que este seja percebido por todas as áreas funcionais da empresa,

principalmente a produtiva, pois é a mesma que agrega diretamente o valor ao

produto final.

3 O modelo GECON foi desenvolvido pelo Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, sob a orientação do Professor Dr. Armando Catelli e vem sendo aplicado em empresas dos mais variados setores. O modelo GECON abrange não apenas conceitos contábeis, mas também uma visão de gestão empresarial, contemplando desde o sistema de gestão, até a concepção do sistema de informações.

42

O sistema de gestão no modelo GECON diz respeito ao processo de planejamento, execução e controle operacional das atividades e é estruturado com base na missão da empresa, em suas crenças e valores, em sua filosofia administrativa e em um processo de planejamento estratégico que busca em última instância a excelência empresarial e a otimização do desempenho econômico da empresa. (CATELLI, 2001, p. 30, grifo nosso).

O GECON se fundamenta em alguns princípios básicos como:

4.1.1 - Missão da empresa

A missão da empresa pode ser entendida como o ponto de partida, segundo

Nakagawa (1993, p. 25) “A missão de uma empresa é a sua razão de ser e pode ser

expressa em diversos níveis de abstração.”.

De conceito extremamente abrangente a missão da empresa pode ser

entendida desde a demanda de mercado por certos produtos ao papel que pretende

desempenhar no cenário social, das crenças e valores das pessoas que a dirigem, e

contempla os valores fundamentais da entidade (CATELLI, 2001).

Um fato importante para o bom andamento do papel da controladoria é a

divulgação da missão da empresa de forma adequada e responsável por parte da

alta gerência. Os gestores devem estar cientes do seu papel frente ao cumprimento

da missão para que os funcionários entendam as mudanças que possam ocorrer no

intuito de mobilizar as áreas para atingir os objetivos propostos.

A partir da missão da empresa deve-se elaborar o conceito de seus

produtos, esses conceitos podem ser entendidos pelo corpo da empresa e até ser

43

refletido para os seus clientes e beneficiários através de normas, certificações e

outras qualificações; a partir destas, desenvolver sempre novas tecnologias de

produção e logística sem perder o foco holístico se torna uma obrigação para a

empresa que deseja concorrer com seu produto no mercado.

4.1.2 - Planejamento

O planejamento e o controle se tornam ferramentas de extrema importância

para o estabelecimento das metas de curto e longo prazo, ambas espelhadas na

missão pré determinada. Na visão de Welsch, (1996, p. 21) “O planejamento e o

controle de resultados pode ser definido, em termos amplos, como um enfoque

sistemático e formal à execução das responsabilidades de planejamento,

coordenação e controle da administração.” Envolvendo a preparação e utilização das

seguintes etapas:

- plano de resultado de longo prazo;

- plano de resultados de curto prazo;

- sistema de relatórios periódicos de desempenho.

Alguns critérios na visão de Nakagawa (1993) devem ser obedecidos para a

declaração de objetivos de planejamento a longo prazo como:

- Adequação: embora sejam óbvios, os objetivos precisam ser adequados às

“finalidades” e à “missão” da empresa.

44

- Mensuração: os objetivos devem ser quantificados em termos de unidades

monetárias ou em termos de qualidade, quantidade, prazos, custos, índices,

porcentagens, etapas específicas de realização, etc.

- Realização: devem ser considerados a praticabilidade, em termos de

competência gerencial, tecnologia, recursos e implicações sociais, face ao que os

gerentes percebem que está ocorrendo na indústria e com os concorrentes.

- Aceitação: os objetivos devem ser compatíveis com o sistema de crenças e

valores dos principais executivos da empresa e aceitáveis por parte dos gerentes

operacionais, para que ocorra uma canalização eficiente e eficaz de esforços e

custos em sua direção.

- Flexibilidade: embora devam ser estabelecidos com firmeza suficiente para

assegurar uma direção para a empresa e suas unidades, os objetivos podem ser

modificados no caso de ocorrerem eventos contigenciais totalmente imprevistos.

- Motivação: objetivos difíceis de serem atingidos embora não impossíveis

são mais motivadores do que os que estão totalmente fora de alcance ou dos que

são muito fáceis.

- Compreensão: os objetivos devem ser declarados em uma linguagem

perfeitamente compreensível para todos os que devem tentar atendê-los.

- Compromisso: os objetivos por parte dos gerentes com os principais

executivos da empresa.

45

- Participação: quando há um envolvimento direto e participação ativa dos

gerentes na elaboração de objetivos a empresa e suas unidades conseguirão

sempre melhores resultados.

- Vinculação: além da ligação que os objetivos devem ter com as

“finalidades” e a “missão” das respectivas unidades quando elaborados ao nível

destas, no agregado, devem ser consistentes com os objetivos declarados pelos

principais executivos da empresa.

Catelli (2001, p. 157) afirma que:

Teoricamente, a função do planejamento é assegurar a eficácia empresarial por meio da consideração cuidadosa de todos os fatores relevantes antes do momento de sua implementação, assim assegurando que as decisões se conformem com uma estratégia racional para o futuro da empresa.

E divide as fases do processo em quatro partes:

Fonte: Catelli (2001, p. 157)

Ilustração 4.2 - Fases do processo de gestão no modelo GECON.

Planejamento estratégico

1. 2. 3. 4. 5.

Oportunidades Ameaças Pontos fortes Pontos fracos Produtos dessa fase; diretrizes estratégicas, políticas e os macro- objetivos organizacionais.

Planejamento operacional

1. 2. 3.

Pré-planejamento: onde se estabelecem os planos, a partir de alternativas operacionais Planejamento operacional de longo prazo: detalhamento da alternativa escolhida, em termos de volumes, prazos, preços, recursos consumidos e produtos gerados, em termos de impactos patrimoniais, de resultados e financeiros. Programa (ajustes no plano): adequação do plano operacional às mudanças que podem ter ocorrido entre o momento do planejamento inicial e o da execução do plano, no período.

Execução 4. Fase em que o plano é implementado. Os recursos são consumidos e os produtos gerados.

Controle 5. Fase em que os desvios do plano são identificados e as ações corretivas são empreendidas.

46

De qualquer forma o planejamento pode ser entendido como a atitude de

antecipar o fato, antever a ação e as variáveis que dela fazem parte; tentar entendê-

las e promover uma composição de cenários no intuito de verificar qual deles é o

considerado mais atraente no momento da decisão. E como o planejamento é de

abordagem econômica geralmente é refletido através do orçamento.

4.1.3 - Orçamento

O orçamento é a principal base para os dados de avaliação de desempenho

e resultado e suas variações refletem a diferença entre os resultados planejados e

realizados.

O sistema de orçamentos pode ser descrito como o modelo de mensuração que avalia e demonstra, sob um formato contábil, as projeções de desempenhos econômicos e financeiros periódicos de uma empresa como um todo e das unidades que a compõem, que deveriam resultar da execução dos planos de ação por ela aprovados. (NAKAGAWA, 1993, p. 66)

Para Horngren, Foster e Datar (2004, p. 166) empresas bem administradas

geralmente passam pelas seguintes etapas orçamentárias:

- Planejamento do desempenho da empresa como um todo assim como o de

suas subunidades (como departamentos ou divisões). A administração em todos os

níveis deve concordar com o que é esperado.

- O fornecimento de uma estrutura de referência, um conjunto de

expectativas específicas contra o qual os resultados reais podem ser comparados.

47

- A análise de variações do planejado. Se necessário, medidas corretivas

seguem a análise.

- Novo planejamento, à luz do feedback e das condições alteradas.

Destaca também a importância do orçamento geral que expressa os planos

operacionais e financeiros da administração por um período e é o plano inicial sobre

o qual empresa pretende realizar; e ressalta também como vantagens que

orçamento:

- Impulsiona o planejamento e a implementação estratégica dos planos.

- Proporciona uma estrutura para a avaliação do desempenho.

- Motiva administradores e funcionários

- Promove a coordenação e a comunicação entre as subunidades dentro da

empresa.

A forma de apresentação do orçamento deve ser de forma expressiva e

amplamente divulgada. Como o orçamento pode ser entendido como o planejamento

econômico da empresa o mesmo reflete toda a ideologia empregada na missão e

suas subdivisões.

Os orçamentos também podem ser classificados em periódicos (fixos) ou contínuos. Um orçamento periódico é aquele preparado para um período específico de tempo, normalmente um ano fiscal. Já os orçamentos contínuos, embora preparados para um período específico de normalmente um ano, envolvem subperíodos de um mês ou um trimestre. E à medida que passa um período, os gestores apagam aquele período orçado e acrescentam outro período orçado em seu lugar. (VATAN, 2004, p. 3)

O orçamento corrigido e ajustado constantemente pode ser entendido como

uma ferramenta dinâmica e atualizada para a tomada de decisões operacionais e de

investimento, desde que apoiada nas reais necessidades das áreas, um problema

48

um pouco mais complexo de se resolver, o estabelecimento de valores de

necessidades de investimentos.

Tabela 4.1 - Análise das variações orçamentárias.

Fonte: Adaptado de Vatan (Anotações de aula – não disponível)

4.1.4 - Controle

Guerreiro (1989, p. 261) destaca como definições que dizem respeito à fase

de controle do sistema de gestão:

- Deve haver controle de atividades.

- O controle deve ser executado no nível das áreas operacionais, da

administração das áreas operacionais e da empresa como um todo.

- Devem ser atribuídas as áreas custos e receitas sobre os quais elas

tenham efetivo controle.

GECON – ANÁLISE DAS VARIAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS - FORMA PROPOSTA Orçamento Flexível/Variável Padrão Real

Orçamento Original Orçamento Corrigido

Orçamento Ajustado

Realizado ao Padrão

A Valores Corrigidos

Efetivamente Realizado

Volumes Orçados Volumes

Orçados Volumes Orçados

Volumes Reais

Volumes Reais

Volumes Reais

Índices Padrões Índices Padrões

Índices Padrões

Índices Padrões

Índices Reais

Índices Reais

Valores Padrões Originais

Valores Padrões

Ajustados

Valores Padrões

Ajustados

Valores Padrões

Ajustados

Valores Padrões

Ajustados

Valores Reais

Obtidos 1 - Orçamento Original = Planos Originais Padrão = Orçamento ajustado a

volumes reais 2 – Orçamento Corrigido = Valores ajustados aos índices de preços

Real a Valores Corrigidos = Volumes e índices realizados com valores ajustados

3 – Orçamento Ajustado = Incorpora alterações de planos

Efetivamente Realizado = Quantifica os valores realizados

49

- Nas definições de funções devem ser considerados os aspectos de

responsabilidade e autoridade de forma a facilitar a atuação dos gestores e eliminar

"áreas cinzentas”.

- Deve haver uma preocupação com a identificação e avaliação das

impactações das variáveis ambientais (inflação, alterações/ajustes de planos,

volume, eficiência).

Ressalta também que o controle é indispensável para a realização das

metas e concretização da eficiência e que correspondem as ações gerenciais que

objetivam a correção de desempenhos, ou a revisão dos planos.

Catelli (2001, p. 294) afirma que “A fase de controle corresponde à

implementação de ações corretivas, quando os resultados realizados são diferentes

dos planejados, no sentido de assegurar que os objetivos planejados sejam

atingidos.”.

Berto e Nakao (1999, p. 3) defendem que o controle:

É um sistema de feedback que permite ao gestor verificar o quanto se realizou daquilo que fora planejado, adotar medidas corretivas para ajustar o que está sendo executado aos objetivos iniciais ou então rever estes objetivos, levando em consideração a análise de novas variáveis que tenham surgido e que levaram à inconsistência dos planos.

O controle está diretamente ligado ao planejamento após o estabelecimento

de metas a serem atingidas, e o feedback constante dá parâmetros para análises

dos planos e progressos desenvolvidos no período. Para isto os sistemas de

informações devem estar afinados para suprir as necessidades de informações de

forma rápida e eficiente. Como já se tem uma posição inicial e a realizada o sistema

deve permitir a simulação de novas situações para a revisão dos planos e facilitar a

negociação entre as áreas, fornecedores e clientes.

50

4.1.5 - Considerações sobre o GECON

Segundo Guerreiro (1989, p. 199) os critérios de avaliação de ativos

contemplados na teoria de contabilidade são segregados em valores de saída e

valores de entrada:

Valores de saída

- Valores descontados das entradas de caixa futuras

- Preços correntes de venda

- Equivalentes correntes de caixa

- Valores de liquidação

Valores de Entrada

- Custo histórico

- Custo corrente de reposição

- Custos históricos corrigidos pelas variações do poder aquisitivo médio geral

da moeda

- Custo corrente corrigido pelas variações do poder aquisitivo médio geral da

moeda

E dentre as terminologias utilizadas para exprimir a essência do significado

de ativo destaca:

- Benefícios futuros esperados

51

- Recursos econômicos possuídos

- Valor para a empresa

- Direito específico a benefícios futuros

- Potencialidade de serviços futuros

Colocando a questão de qual o significado e como se mensuram os

"benefícios futuros" e "serviços futuros" devem-se considerar as diversas naturezas

de ativos tais como caixa, valores a receber, estoque de produtos acabados,

estoques de produtos em processo, estoques de matérias-primas, máquinas,

equipamentos produtivos e investimentos.

Acrescentemos ao conceito de benefícios e serviços futuros todo o potencial

de mão de obra direta disponível, pois a mesma já faz parte dos planejamentos e

dos recursos necessários para a obtenção de receitas.

4.2 - Custos

Abordaremos neste tópico os conceitos de custos mais envolvidos com a

produção e a logística interna e acrescentamos alguns conceitos que julgamos

importantes para o trabalho como custos de ineficiências.

52

4.2.1 - Custos da produção

As empresas que operam com uma grande variedade de produtos

geralmente trabalham por encomenda formatando cada pedido de acordo com a

necessidade do cliente e tem cada processo produtivo espelhado no pedido

diferenciado; estas se utilizam do custeio por ordem de serviço:

Sistema de custeio por ordem de serviço. Neste sistema, o objeto de custo é uma unidade ou unidades múltiplas de um produto ou serviço distinto chamado serviço. O produto ou serviço é frequentemente uma unidade única, como uma máquina especial [...] O custeio por ordem de serviço também é usado para custear unidades múltiplas de um produto distinto [...] Pelo fato de os produtos e serviços serem distintos os sistemas de custeio por ordem de serviço acumulam separadamente os custos de cada produto ou serviço. (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 2004, p. 90, grifo nosso).

Neste sistema os custos são acumulados em uma ordem e quando o mesmo

é completado esta ordem é reportada (finalizada) e os valores creditados ao produto

que constará no estoque de produtos acabados.

No caso de produtos homogêneos que passam por uma série de processos

temos operações mais padronizadas, permitindo o estudo mais abrangente do

processo devido a sua repetição. Nestes casos temos a abordagem do custeio por

processo.

Sistema de custeio por processo. Nesse sistema, o objeto de custo é a massa de unidade de um produto ou serviço idêntico ou similar. [...] Em cada período, os sistemas de custeio por processo dividem os custos totais de produção de um produto/serviço idêntico ou similar pelo total de unidades produzidas para obter o custo por unidade. O custo unitário é o custo médio que se aplica a cada uma das unidades idênticas ou similares produzidas. (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 2004, p. 90, grifo nosso).

53

Dentre os sistemas de custeio da produção temos uma variação de métodos

utilizados para o apontamento dos custos indiretos cada qual se adaptando as

necessidades dos gestores, dos quais podemos citar:

Custeio real é um método de custeio que rastreia os custos diretos para um objeto de custo usando as taxas reais de custos diretos vezes a quantidade real de recursos diretos. Ele aloca os custos indiretos baseado nas suas taxas reais vezes a quantidade real de bases de alocação de custos. (HORNGREEN; FOSTER; DATAR, 2004 p. 91, grifo nosso).

Custeio normal é um método que rastreia os custos diretos a um objeto de custo, usando suas taxas reais multiplicado pela quantidade de seus insumos, e aloca os custos indiretos baseado nas taxas orçadas de custos indiretos vezes a quantidade real de bases de alocação de custos [...] A única diferença entre o custeio real e o normal é que o custeio real usa taxas reais de custos indiretos, enquanto o normal usa taxas orçadas de custos indiretos para custear os produtos. (HORNGREEN; FOSTER; DATAR, 2004 p. 98, grifo nosso).

O custeio marginal é um método de custeio do produto em que todos os custos variáveis são incluídos como custos do produto. Todos os custos fixos são excluídos dos custos do produto; em vez disso, os custos fixos são tratados como custos do período no qual são incorridos [...] (HORNGREEN; FOSTER; DATAR, p. 270, grifo nosso).

Temos também o custeio por absorção que é um método de custeio do

produto no qual todos os custos fixos de produção são incluídos como custos do

produto, ou seja, o produto "absorve" todos os custos de produção baseados em

critérios previamente estabelecidos e que tenham a maior relação de sua ocorrência

para com o produto final.

54

4.2.2 - Custos da qualidade

Horngreen, Foster e Datar (2004, p. 126) colocam que “os custos da

qualidade se referem aos custos incorridos para prevenir, ou que surgem como

resultado da fabricação de um produto de baixa qualidade”; classificando os custos

da qualidade em:

- Custos da prevenção - custos incorridos para prevenir a fabricação de

produtos que não estejam em conformidade com as especificações

- Custos de avaliação - custos incorridos para detectar qual das unidades

individuais de produtos não está em conformidade com a qualidade.

- Custos de falhas internas - custos incorridos em um produto defeituoso

antes de ser despachado para clientes.

- Custos de falhas externas - custos incorridos em um produto defeituoso

após ser despachado para o cliente.

Tabela 4.2 - Itens pertencentes aos relatórios de custos da qualidade

Custos de prevenção Custo de avaliação Custos de falh as internas Custos de falhas externas

Engenharia de projeto Inspeção Sucata Suporte ao cliente

Engenharia de processo Fabricação de produtos e inspeção on-line

Retrabalho Engenharia de produção/do processo em falhas externas

Avaliações de fornecedores Testes de produtos Refugo Custos de reparos sob garantia

Manutenção preventiva de equipamentos

- Manutenção de quebras Indenizações por responsabilidade

Treinamento na Qualidade - Engenharia da produção/do processo em falhas internas

-

Fonte: Horngren, Foster e Datar (2004, p. 126).

55

4.2.3 - Custos das ineficiências

Apesar do fato de Catelli (2001, p. 31) colocar que “as áreas são

debitadas/creditadas por eventos sobre os quais tenham responsabilidade, as

eficiências/ineficiências não são transferíveis para outras áreas e nem repassadas

aos produtos/serviços”, entendemos que as operações logísticas possuem

atividades que estão mescladas entre as operações produtivas e devido ao fato

acredita-se na eficiência dos apontamentos da produção para mensurar o custo da

ineficiência logística e sua utilização como parâmetro para o investimento na

estrutura, pois é comum encontrar vários custos logísticos classificados como

indiretos ou despesas comerciais, administrativas ou da produção, e só analisando o

impacto na produção poderíamos obter o valor da ineficiência logística para servir de

base para futuros investimentos na atividade. Consideramos como ineficiências da

logística toda parada da produção e retrabalhos que venham ocorrer por falta de

insumos ou ferramentas que foram corretamente planejadas e não disponibilizadas.

O custeio do retrabalho detém os gerentes nos recursos desperdiçados em atividades que não seriam empreendidas se o produto fosse feito corretamente. O custo do retrabalho os leva a procurar meios de reduzí-lo projetando, por exemplo, novos produtos ou processos, treinando funcionários ou investindo em novas maquinas. (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 2004, p. 110).

Da mesma forma os custos com a ineficiência logística devem ser revistos e

analisados no intuito de investigar sua origem e para chegar a um resultado que

reduza o impacto destes sobre o produto final ou o prazo para sua disponibilização.

Geralmente a falta de planejamento ou descontrole na logística se evidencia

no momento em que a produção necessita do insumo e este não se encontra a

disposição, ou seja, não há o mesmo em estoque. Ballou (2001, p. 255) enfoca o

problema gerado pela política de estoque da empresa: “Três classes gerais de

56

custos são importantes para determinar a política de estoques: custos de obtenção,

custos de manutenção e custos de falta de estoque. Esses custos estão em conflito,

ou em compensação, uns com os outros.”

Essas políticas podem afetar a imagem da empresa no mercado e devem

ser cuidadosamente estudadas. Uma empresa que opte em mudar suas operações

para o sistema just-in-time por exemplo, deve fazer a transição de forma que esta

não venha afetar o ciclo do pedido e o prazo de entrega final ao cliente ou terá sua

imagem afetada e seu conceito de competência, junto ao cliente, comprometida.

Dos custos acima citados o mais comprometedor diz respeito às faltas de

estoques que poderia estar provocando o comprometimento dos negócios da

empresa. Podendo ser classificados em quatro tipos de custos; dois destes

enfocados por Ballou (2001, p. 257) como:

[...] o custo das vendas perdidas e custo de pedidos em aberto. Cada um pressupõe certas ações por parte do cliente, e, por causa de sua natureza intangível, são difíceis de serem medidos acuradamente. O custo das vendas perdidas ocorre quando o cliente, enfrentando uma situação de falta de estoque, escolhe retirar seu pedido. O custo é o lucro que seria obtido nesta venda particular e pode também incluir um custo adicional pelo efeito negativo que a falta de estoque pode ter em vendas futuras [...] O custo de pedidos em aberto ocorre quando um cliente esperará seu pedido ser preenchido, de modo que a venda não está perdida, apenas postergada. Os pedidos em aberto podem criar custos adicionais de serviços de escritório e de vendas para processar pedidos, e custos adicionais de transporte e de manuseio quando tais pedidos não são preenchidos através do canal normal de distribuição.

No caso do custo das vendas perdidas pode-se acrescentar o custo do

capital parado por produto em estoque caso o mesmo não seja utilizado no momento

planejado; o terceiro custo seria o custo de mão-de-obra ociosa onde a produção

estaria dependendo de certos insumos que não estariam disponíveis no momento

ideal para a sua utilização.

57

Temos o valor do custo da mão de obra entendido como o tempo do pessoal

envolvido na operação dependente do insumo faltante; e resgatamos em Campiglia

(1994, p. 83) a necessidade de melhor tratamento do assunto onde o mesmo cita: “a

apuração, o registro, a classificação e a destinação final da despesa de mão-de-

obra, em face de todas as implicações, requer da contabilidade de custos métodos e

instrumentos peculiares de controle que ensejem todas as evidências indispensáveis

às apropriações específicas”; Campiglia em 1994 já sugeria o apontamento da

produção como ferramenta para a controladoria financeira.

Somando-se a estes temos o valor do custo da hora máquina quando esta

se torna necessária para a conclusão da operação seguinte à parada; este custo

envolve todo o período que a máquina se torna ociosa ou o tempo de setup

desnecessário no caso de adotar outra operação a ser desenvolvida. Nas atividades,

os arranjos físicos devem estar na seqüência do roteiro de produção e entendendo

Slack (2002, p. 218) “Em algumas operações, há diferenças significativas no custo

de mover materiais ou clientes entre diferentes centros de trabalho.”.

As distâncias entre os postos de trabalho devem ser as menores possíveis

para que os tempos de movimentação entre elas sejam os menores possíveis e se

evite apontamentos de produto em trânsito hora máquina/homem ociosa. O

orçamento de hora máquina deverá levar em conta o período para manutenção

destas para seu perfeito funcionamento.

Em operações externas dá-se uma atenção maior ao custo do prazo de

disponibilização do serviço no local necessário.

Por último podemos citar os custos do replanejamento operacional, pois

haja vista que a falta ocasionou um atraso na produção e que os prazos devem ser

58

cumpridos o atraso do insumo ocasiona sempre uma tensão muito grande

principalmente entre as áreas da produção, prestação de serviços e comercial e

requerem uma atenção especial para que o atraso não gere uma protelação em toda

a carteira de clientes.

O departamento comercial para manter seus índices de performance

necessita dos produtos entregues nos prazos corretos dependendo desta entrega

para a manutenção da boa imagem e contatos para novas negociações com os

clientes; os departamentos de produção e serviço necessitam do tempo apropriado

para o processamento do produto com os níveis de qualidade satisfatórios e

geralmente não detém recursos (mão-de-obra e maquinário) disponíveis para focar o

pedido em atraso e recuperar o tempo ocioso.

Entendemos então como custo do replanejamento todo esforço do

departamento empregado na recuperação do prazo de entrega final obedecendo ao

prazo do ciclo do pedido; pode-se apontá-lo no período que é empregado em

pedidos que já foram planejados uma vez.

Temos mãos-de-obra envolvidas nos setores: de planejamento, produção e

expedição e, como estas estão sempre bem alocadas para que não haja perdas de

processos normais geralmente desencadeiam em horas extras que devem ter os

tratamentos específicos com adicionais e encargos relativos às áreas de trabalho.

59

5 - ESTUDO DE CASO

A empresa A, apesar de deter um bom know how no setor metalúrgico de

maquinários, freqüentemente vem lidando com atrasos de itens planejados e

desencontros de prazos de entrega.

Operações terceirizadas são desenvolvidas quando a limitação da produção

se torna fator de atraso de entrega dos pedidos, mas a estrutura de serviços

terceirizados ainda não se encontra bem estruturada, também ocasionando

freqüentes retrabalhos e desencontros de prazos planejados; além destes fatores,

tem-se o problema do know how detido pela empresa e que dificilmente é

encontrado no mesmo nível no mercado.

Os departamentos de produção e logística buscam a comunicação como

ponto principal para a resolução dos problemas, mas as soluções geralmente são

paliativas que evidenciam que o problema existe, mas não se consegue acabar com

o mesmo. Grande parte dos problemas se dá devido a problemas logísticos internos

e os gestores do departamento clamam por investimentos na área, estes muitas

vezes não são aprovados nos orçamentos anuais devido à limitação de recursos que

leva a empresa a buscar sempre o enxugamento das áreas.

Na produção geralmente os planejamentos de produção não conferem com

os realizados e cria-se uma tensão interna para que se explique como se deu o

descontrole da produção e o atraso das entregas; geralmente justificado como

atrasos de matéria-prima e outros problemas logísticos, fato confirmado pelos

relatórios de confrontação entre os prazos de entrega combinado com fornecedores

e realizados ou descarregados na recepção, porém os índices de atrasos dos

60

insumos não correspondem à grandeza dos atrasos de fabricação e como não foram

registrados maiores problemas na produção fica a dúvida de onde foram

despendidos os recursos da produção e que originaram o descontrole dos pedidos.

O ERP não contempla os dados necessários à investigação e no intuito de

apurar os fatos foi disponibilizado o orçamento do recurso mais importante da

produção, a mão de obra direta, com base no orçamento mensal de mão-de-obra da

empresa por departamento (tabela 5.1) será desencadeado os estudos e tentaremos

observar onde os recursos podem estar sendo gastos.

Deve-se levar em consideração de que o consumo de mão-de-obra é

sempre acompanhado do consumo de hora-máquina levando-se em consideração

uma jornada de trabalho normal sem horas extras, pois o planejamento é justamente

no intuito de se evitar ao máximo o aumento dos custos diretos e mesmo que as

horas que expiram o horário normal de trabalho podem estar aproveitando melhor o

recurso hora máquina, o custo benefício se torna inviável devido aos acréscimos dos

encargos.

O orçamento leva em consideração todos os benefícios disponibilizados pela

empresa mais os encargos necessários. Uma segunda abertura dos dados que

fazem parte do orçamento mensal de mão de obra foi levantada levando-se em

conta os critérios propostos por Vatan (tabela 5.1) na abordagem do GECON:

61

Tabela 5.1 – Orçamento mensal de MOD nível 2

Fonte: Empresa A

Tabela 5.2 – Quantificação das variações

Empresa A

Na quantificação da proposta do GECON chega-se a somatória dos motivos

das variações, notando-se que a maior realmente corresponde à eficiência, porém

os índices da engenharia e da qualidade mostram dados de eficiência baseados nos

resultados da produção em números totais, quando abertos ainda não equivalem à

grandeza do descontrole, faltando ainda muitas informações necessárias para a

conclusão da situação problema.

Fonte: Empresa A

Ilustração 5.1 – Gráfico das demonstrações das variações

Variações Valores ColunasPreços projetados (24.035,60) 1-2Ajuste dos planos (3.957,39) 2-3

Volume (15.921,93) 3-4Produtiveidade (eficiência) (96.547,23) 4-5

Preço (73.419,34) 5-6Variação total (213.881,49) 1-6

Variações do orçamento

Preços projetados

Ajuste dos planos

Volume

Produtiveidade (eficiência)

Preço

Mão de obra direta funcionário nível 2

Orçamento Original

Orçamento Corrigido

Orçamento Ajustado

Realizado ao Padrão

A Valores Corrigidos

Efetivamente Realizado

Coluna 1 2 3 4 5 6Qtde MOD 17.920 17.920 18.192 19.278 19.278 19.278 x Indice Padrão 1,00 1,00 1,00 1,00 1,34 1,34 x Preço 13,32 14,66 14,66 14,66 14,66 17,52(=) Total 238.694,40 262.730,00 266.687,39 282.609,32 379.156,55 452.575,89

62

As respostas das ineficiências refletem na produção que percebe o

subaproveitamento de seus recursos, mas não consegue tomar atitudes para manter

os prazos e metas estipuladas.

Os funcionários apontam que os maiores problemas são devidos a atrasos

de entregas e que estes são os responsáveis pelas paradas, mas este problema já

foi analisado, e sozinho, não deveria resultar em toda falha no prazo de faturamento

dos produtos em face ao planejamento de entregas.

Devido ao fato tomamos os apontamentos na produção no intuito de

averiguar, com base nos recursos de mão-de-obra direta e hora-máquina, onde há a

possibilidade de evasão de recursos que promove o descontrole do processo e se

há a possibilidade de custear a resolução do problema.

No questionário desenvolvido, foram coletados dados referentes ao trabalho

operacional como: data, operador, posto da atividade, atividade, nº da ordem de

produção, código da peça a ser fabricada, quantidade da ordem, código da operação

a ser desenvolvida, hora de início da atividade e hora da conclusão da atividade.

Como não existem acionadores de paradas os operadores foram instruídos

a preencherem os dados de forma sistêmica durante cada atividade e por se tratar

de apontamentos manuais, a disposição dos marcadores seguiram as

recomendações de tempos e métodos para que afetassem o mínimo do tempo de

produção.

O parâmetro utilizado para análise das atividades será o orçamento de horas

em face ao realizado, pois segundo Welsch (1996, p. 162) “Supondo-se que as taxas

de remuneração já tenham sido estabelecidas, o controle de mão-de-obra direta será

63

mais facilmente realizado através do número de horas de trabalho do que de custo

[...]” e adotamos o conceito de horas trabalhadas para as análises dos indicadores,

porém o reporte das informações é convergido em valores para a análise

econômica. Como resultados das coletas obtiveram os seguintes dados

significativos:

Tabela 5.3 – Participação das atividades restritivas

Fonte: Empresa A

O período de trabalho que foge ao controle efetivo do planejamento merece

demasiada atenção haja vista que neste período as peças estão sendo trabalhadas

sem nenhum controle sistêmico e requerendo um cuidado especial do planejamento

no intuito de manter os prazos de produção mesmo com a introdução de novos

produtos.

No estudo de caso em questão este tempo corresponde às mudanças de

clientes solicitadas após o planejamento e início da produção de seus produtos,

clientes de peso na carteira requerem um cuidado especial no atendimento e mesmo

que estas alterações venham gerar alguns transtornos como a atenção redobrada

dos envolvidos no planejamento devido à produção de peças sem ordens, não terão

afetado o relacionamento comercial entre as partes.

Atividades PercentuaisProduzindo sem ordem 4,70%Alteração com ordem 1,20%Alteração sem ordem 2,78%

64

O tempo dedicado da produção a este tipo de trabalho, são os equivalentes

a produções e alterações sem ordem e correspondem a 7,48% do tempo disponível

de mão-de-obra; e podem estar suscetíveis ao descontrole de processos e prazos, a

reestruturação desta atividade se mostra importante para reduzir o risco de evasão

de recursos.

Tabela 5.4 – Apontamentos de parada de produção.

Empresa A

Com os apontamentos, obtêm-se uma maior abertura dos problemas

provavelmente responsáveis pela evasão de recursos e descompasso do

planejamento de produção.

O tempo gasto com retrabalho apontado é o equivalente 3,78% do tempo

disponível de mão-de-obra correspondendo a R$ 11.711,34 do orçamento de mão

de obra, custo este que é apontado no departamento da qualidade e analisado pelos

profissionais do setor que possuem os históricos de falhas de processos e não

conformidades de materiais; no caso de não conformidades este custo é repassado

ao fornecedor responsável.

ATIVIDADE% DA

PARADADEPTO

ADEPTO

BDEPTO

CDEPTO

DDEPTO

EDEPTO

FCUSTO TOTAL

Retrabalho 3,78% 0 4.256,32 758,23 985,65 2.556,85 3.154,30 11.711,35

Setup de máquiana 2,78%4.523,65 215,65 2.850,56 956,58 33 33,67 8.613,11

Try-out (teste) 1,89% 3.258,65 0 2.597,02 0 0 0 5.855,67

Aguardo de ponte 4,58% 526,32 0 0 7.586,98 3.568,32 2.508,32 14.189,94

Aguardo de empilhadeira 1,87% 0 3.256,85 2.536,86 0 0 0 5.793,71

Falta de informação 2,10% 0 235,21 693,23 1.658,24 1.568,56 2.351,06 6.506,30

Aguardo de Ferramenta 0,72%1.253,23 0 256,85 523,36 100 97,29 2.230,73

Falta de peças 11,88% 0 256,36 15.859,56 12.568,98 856,23 7.265,96 36.807,09

TOTAIS 9.561,85 8.220,39 25.552,31 24.279,79 8.682,96 15.410,6091.707,90

65

As falhas de processo evidenciadas no apontamento requerem uma atenção

do departamento responsável. São apontamentos equivalentes a setup de máquinas

e testes, correspondem a 4,67% do tempo disponível de mão de obra e o

equivalente a R$ 14.468,78, dados que deverão ser encaminhados ao departamento

de processo e engenharia para que analisem a viabilidade de alterações no

processo produtivo.

O período de parada aguardando ponte rolante se fez equivalente a 4,58%

do tempo disponível e R$ 14.189,94; valor este que será analisado numa

reestruturação do barracão no intuito de colocar mais quatro pontes rolantes para

atender as células produtivas; porém os estudos dos custos do investimento não

foram desenvolvidos ainda devido ao fato da necessidade de interdição do barracão

da fábrica, inviabilizando o investimento durante o próximo ano, período que se

encontra sobrecarregado de pedidos com datas de entrega já confirmadas.

O período de aguardo de empilhadeira não se mostrou tão representativo,

mas foi o problema mais prático de ser resolvido. Correspondeu a 1,87% do período

disponível e o equivalente a R$ 5.793,71. E foram desenvolvidas as seguintes

análises no intuito de solucionar o problema:

Ross (2002, p. 73) descreve que a relação do valor do dinheiro no tempo é

“importante em áreas tais como orçamento de capital, decisões de arrendamento

versus compra, análise de contas a receber, esquemas de financiamento, fusões e

financiamento de pensões [...]” e desenvolve o conceito de Valor Presente Líquido

(VPL), que pode ser entendido como o valor presente de fluxos futuros de caixa

menos o valor presente do custo do investimento.

66

Obedecendo aos conceitos de VPL fizemos uma análise das principais

possibilidades de resolução da ocorrência de paradas por falta de empilhadeiras

levando em conta as seguintes opções para o atendimento da demanda:

Fonte: Empresa A

Ilustração 5.2 - Comparativo de custos de aquisição de empilhadeiras

Um profissional da área foi contatado no intuito de acompanhar o

desenvolvimento do estudo que comparou as opções levando-se em consideração o

maquinário necessário para reduzir os apontamentos ao menor número possível de

paradas, considerando que apenas os departamentos de um dos galpões produtivos

apontaram falta de empilhadeira chegou-se a conclusão de que mais uma

empilhadeira pode estar resolvendo o problema da demanda da mesma, e

desenvolvendo os estudos de viabilidade com base nos conceitos difundidos por

Ross chegou-se ao resultado de que para a aquisição da máquina necessária ao

menor custo para a empresa, seria necessário um desembolso inicial de R$

16.240,00 mais 36 prestações equivalentes a R$ 3.099,38, menor que os

apontamentos de R$ 5.793,71 mensais.

Levando-se em consideração o valor dos apontamentos de paradas por falta

de empilhadeira a aquisição por intermédio do leasing se mostra uma opção muito

C u s to s a V a lo r P re s e n te

R $6 6 .6 2 3 ,7 1

R $6 9 .5 5 1 ,5 2

R $6 3 .9 4 1 ,2 9

R $6 1 .1 6 0 ,3 2

R $ 5 6 .0 0 0 ,0 0

R $ 5 8 .0 0 0 ,0 0

R $ 6 0 .0 0 0 ,0 0

R $ 6 2 .0 0 0 ,0 0

R $ 6 4 .0 0 0 ,0 0

R $ 6 6 .0 0 0 ,0 0

R $ 6 8 .0 0 0 ,0 0

R $ 7 0 .0 0 0 ,0 0

R $ 7 2 .0 0 0 ,0 0

L o ca ç ã o C o m p r a àVist a

L e asin g F in a m e

M o d a lid ad e

R$

67

favorável para sanar o problema das paradas, pois o valor dos apontamentos se

mostrou constante durante certo período.

O próximo tópico de resultados dos apontamentos a ser abordado, são as

faltas de projetos e informações de engenharia. Correspondem a 2,10% do total das

perdas, o equivalente a R$ 6.506,30, valor suficiente para reestruturar as

disposições de mapas de processos e projetos estruturais dos equipamentos por

toda a planta fabril.

Fonte: Empresa A

Ilustração 5.3 – Mapeamento da falta de materiais por origem

As marcações de paradas por aguardo de ferramentas equivaleram a 0,72%

do tempo total disponível e R$ 2.230,73 mensais. O valor não se mostra tão

expressivo, mas com um bom planejamento prévio é possível sanar a falta de

ferramentas em um prazo aproximado de seis meses atacando primeiro as de maior

ocorrência e seguindo a seqüência até se consentir que haja ferramental suficiente

ou sanar a ocorrência de apontamentos, o ideal proposto por Sharma.

Médias mensal de falta de peças

60 58,8 61,

2

78

43,5

5557

,3

81

58,72

67,28

56,4

3538

32

42

29

12

38 39

34 3532

12

4,8 5,2

15

3,5

28

3,3

22

3,5

10

3,41

7

2

97

1215 14

,22

13,28

14

5

15 1719

2

84 5 7

978

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

AGOSET

OUTNOV

DEZJA

NFEV

MAR

ABRM

AIJU

N

GERALCOMPRADOSTERCEIRIZADOSPRÉ MONTADOSUSINADOS

68

Os apontamentos mais expressivos são de falta de peças equivalendo a

11,88% do orçamento de tempo total e R$ 36.807,09 em valores monetários. Neste

quesito a situação se mostra um tanto complexa, necessitando novamente da

abertura de maior informação.

Como as faltas apontadas são mais expressivas nos departamentos que

fazem o pré-acabamento da primeira etapa e a montagem final do acabamento

chega-se à conclusão de que as peças podem ser itens comerciais, fato confirmado

ao reportar as peças constantes nas faltas armazenadas no histórico do banco de

dados.

Analisando as classificações de itens comerciais faltantes, que estão

afetando a produção foi notado que o grupo de materiais que mais participam dos

problemas é o grupo de matéria prima, composto por chapas de aço e tubos

galvanizados; a falta constante do material é um problema nacional haja vista que o

aumento das exportações para países asiáticos, como a China, trouxe um

considerável aumento de preços do aço no mercado nacional e uma verdadeira

disputa pelo material, constatado pela falta do mesmo nas maiores usinas

fornecedoras.

A segunda e terceira família de itens faltantes são as famílias de materiais

auxiliares e de fixação, com médias de 28,05% e 24,17% respectivamente e

correspondem a produtos de baixo valor agregado como colas adesivas e fluxo de

solda no primeiro caso e porcas, parafusos e arruelas no segundo; todos os itens de

simples aquisição e armazenamento nas acomodações locais do parque fabril da

empresa A, porém o mercado na região de Ribeirão Preto não possui fornecedores

competitivos nos itens constantes dos apontamentos, tendendo a solução para o

69

armazenamento. Os níveis de estoque deverão ser revistos de acordo com os

valores alcançados de cada família restando apenas o problema do aço, que por ser

de variável externa e totalmente fora de controle da empresa, resta torcer para que

as políticas de exportação respeitem limites que atendam a demanda nacional pelo

produto.

Fonte: Empresa A

Ilustração 5.4 – Mapeamento de faltas por família de material

Percebeu-se pelos apontamentos que os tempos mais preocupantes

correspondem aos de responsabilidade da logística e são os que mais afetam os

prazos de produção e a seqüência de ordens a serem produzidas. Correspondentes

a 18,33% do orçamento de mão-de-obra direta e 61,93% do total das perdas e

devem ser analisados com mais cuidado no intuito de resolver as causas das

ineficiências. Os valores correspondem a R$ 56.790.74 e devem ser analisados por

departamento e apontamentos específicos para que se chegue ao mapeamento

mais detalhado da causa do custo como as aqui exemplificadas.

Comprados - Relação Família X Qtdade de Itens

100,

0%

100,

0%

100,

0%

100,

0%

100,

0%

100,

0%

100,

0%

100,

0%

100,

0%

100,

0%

39,0%

38,5%

37,5%

29,0%

35,5% 38

,0%

37,0%

35,0

% 39,0%

34,0

%

28,7% 32

,6%

21,0%

32,5%

31,0%

26,0%

25,3% 29

,0%

26,0% 28

,5%

20,0

%

18,5% 24

,5%

23,5%

22,5

% 26,7%

27,0

%

23,9% 27

,2% 29,1%

2,2%

1,8%

9,8%

8,4%

1,4%

2,4%

3,3%

1,9%

2,2%

2,3%4,5

%4,

2%3,

0%3,

0%2,

9%3,

0%2,

9% 5,5%

2,3%

0,9%

0,4%

0,6%

1,2%

0,8%

1,5%

1,5%

1,6%

1,7%

1,1%

0,8%

100,0

%

37,5%

28,0

%

23,0

%

4,5%

3,0%

1,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

AGOSET

OUTNOV

DEZJA

NFEV

MAR

ABRM

AIJU

N

TOTAL - 113 ITENSMATÉRIA PRIMAMATERIAIS AUXILIARES PRODUÇÃOMATERIAIS DE FIXAÇÃOMATERIAIS DE MANUTENÇÃOCOMPONENTES HIDRÁULICOSCOMPONENTES DE TRANS. E FRENAGEMELEMENTO DOBRADO

70

Os valores envolvidos com atrasos de fornecedores, por exemplo, podem

estar mascarados por baixos preços de aquisição ou modais de transportes

ineficientes, os mesmos devem ser analisados em conjunto com o pessoal de

compras para que se chegue à conclusão sobre o real custo benefício de uma

aquisição a menor valor.

Os valores equivalentes ao aguardo de empilhadeiras e de ponte rolante

podem estar financiando futuras aquisições de equipamentos e/ou reformas das

estruturas já existentes, sempre tomando os valores constantes como bases para

análises mais criteriosas, no intuito de verificar quais investimentos necessários

resolverão tais problemas e uma nova proposta de modelagem do sistema logístico.

71

6 - CONCLUSÕES

Com base nos dados obtidos é possível verificar que, considerando a

contabilidade como principal fonte de informações para os gestores e os sistemas de

informação de apoio à produção e logística disponíveis no mercado percebe-se, na

revisão bibliográfica, que existe uma inadequação de sistemas de informações para

análises de investimentos nas áreas da produção e da logística, pois os mesmos

não permitem, em sua estrutura original, nenhuma análise de eficiência,

respondendo a segunda questão do problema.

Porém uma hipótese importante foi confirmada no estudo de caso e

responde a primeira pergunta: é a possibilidade de a controladoria identificar as

necessidades de investimentos na reestruturação da logística; porém, devido à

inadequação dos sistemas de informações, este objetivo é alcançado através dos

apontamentos de ineficiências na produção.

No desenvolvimento do projeto de estudo de caso, notou-se que são várias

as opções de apontamentos: apontamentos individuais, por cronoanalistas

(profissionais, geralmente pertencentes ao departamento de métodos e processos,

que têm como função cronometrar os tempos padrões das atividades e promover

revisões constantes), por coletores de radiofreqüência, entre outras ferramentas.

Basta à empresa entender qual a melhor opção de acordo com suas necessidades.

Essa afirmação é comprovada ao verificarmos o caso da empilhadeira, em

que após o desembolso inicial de R$ 16.240,00 mais 36 prestações equivalentes a

R$ 3.099,38 é menor que os apontamentos de R$ 5.793,71 mensais; pois os

desembolsos da aquisição finalizarão após 36 meses, e a manutenção da mesma

72

deverá ser de baixo custo nos primeiros cinco anos, pois é baseado no valor de uma

máquina sem uso.

Outro fator importante é a grande importância da ferramenta dos orçamentos

propostos no modelo GECON para acompanhamento mensal do orçado, orçado ao

padrão, orçado ao realizado; onde a controladoria indica onde estão as variações

orçamentárias. No caso em questão (a da produtividade e eficiência) foi equivalente

a R$ 96.547,23, a maior variação do orçamento em função da capacidade

disponível.

A partir do momento em que as comparações se tornam freqüentes

aumenta-se a eficiência da mensuração da ineficiência e do parâmetro para os

investimentos nas atividades restritivas, e o feedback constante consegue otimizar

estes dados que apóiam os gestores nas análises de melhorias das operações

desenvolvidas.

Esta revisão constante do orçamento de mão-de-obra e o valor de ajuste

das mudanças tecnológicas darão os índices de resultados alcançados, e mesmo

que tais apontamentos gerem custos e certo impacto na cultura organizacional da

empresa, estes podem se mostrar de grande utilização para se chegar ao valor de

investimento nas reestruturações das operações.

No desenvolvimento do estudo de caso em questão, quando as atitudes

foram tomadas no intuito de se resolver os problemas, os funcionários envolvidos

adotaram uma postura mais participativa e envolvida com as questões do programa,

pois perceberam que os números realmente trouxeram resultados e melhoraram a

eficiência produtiva, otimizando a qualidade dos apontamentos.

73

Ressaltando-se que o apontamento do estudo foi desenvolvido

manualmente pelos funcionários; estes apontaram paradas apenas quando

perceberam que poderiam estar desenvolvendo outras atividades, ou seja, no

desenvolvimento do projeto e na implantação não foi criado nenhum sistema de

trabalho exploratório que sobrecarregasse o funcionário ou posto de trabalho, mas

sim apontou-se o momento de subaproveitamento de mão-de-obra do mesmo com

base na percepção da capacidade produtiva pessoal de cada operador.

Em último plano, o apontamento dos custos das ineficiências nos setores de

responsabilidade gera certo desconforto e impulsiona os gestores das áreas a

melhorarem os seus resultados, pois os custos se tornam evidentes e atitudes se

tornam necessárias para que estes custos não mais ocorram. Quando a estrutura

própria não permite, estes têm em seu favor o custo da ineficiência e podem usar

este parâmetro para o financiamento da estruturação do departamento para que não

mais ocorram.

Porém a intervenção do controller para que a informação seja utilizada de

forma construtiva se faz necessária, e este deve tomar sempre uma postura ética em

relação à disponibilização das informações e os resultados que estes dados estarão

gerando.

Os objetivos do presente trabalho foram atingidos no momento em que as

respostas do problema levam a conclusão de que a controladoria consegue obter os

parâmetros para os investimentos, mas uma questão que prevalece é: Por que os

profissionais da produção, logística e os desenvolvedores de sistemas ainda não

investiram no desenvolvimento de softwares para análises similares?

74

Uma vez que a evolução de sistemas de apoio à produção e logística tem

crescido a uma velocidade fantástica nos últimos anos, será que não houve nenhum

outro questionamento sobre as ineficiências por parte dos gestores?

A limitação do presente trabalho se encontra na análise de apenas uma

empresa como estudo de caso e pelo curto espaço de tempo de 24 meses,

devendo-se testar com maior profundidade a hipótese de que o custo da ineficiência

serve como parâmetro para investimentos nas reestruturações das operações.

A implantação do projeto e o acompanhamento dos resultados em outras

empresas, se possível de diferentes setores, se faz necessário para testar a

viabilidade das análises em questão.

75

BIBLIOGRAFIA

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos:

planejamento, organização e logística empresarial . Trad. Elias Pereira 4ª Edição,

Porto Alegre: Bookman, 2001.

BERTO, Marco A. & NAKAO, Sílvio H. - Aspectos do modelo de

simulação de resultados na abordagem do GECON – VI Congresso Brasileiro de

Custos, 1999. Artigo disponibilizado no site <www.gecon.com.br/down_artigos.asp> .

Ultimo acesso em: 25 set. 2005.

BOWERSOX, D. J. CLOSS, D.J. - Logistical Management: the integrated

supply chain process , 1ª st ed. McGraw-Hill, 1996.

CAMPIGLIA, Américo Oswaldo. Controles de gestão: controladoria

financeira das empresas. 1ª edição, São Paulo, Atlas, 1994.

CATELLI, Armando - Controladoria: uma abordagem da gestão

econômica - GECON . 2ª edição, São Paulo, Atlas, 2001.

CATELLI, Armando; SANTOS, Edilene Santana; PARISI, Cláudio – Gestão

econômica da atividade financeira na empresa – VI CONGRESSO BRASILEIRO

DE CUSTOS, 1999. Artigo disponibilizado no site

<www.gecon.com.br/down_artigos.asp> . Último acesso em: 25 set. 2005.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração .

São Paulo: Makron, 1993, 919 p.

CORRÊA, Henrique L. & GIANESI Irineu G. N. - Just in time, MRP II e OPT:

um enfoque estratégico. 2ª ed. São Paulo, Atlas, 1993.

76

FIGUEIREDO, Renata A. - Seleção de Prestadores de Serviços

Logísticos: adequando o processo seletivo a cada ne cessidade - Revista

Tecnologística, Publicare, Ano X - Nº 110, p. 60-64 - Janeiro de 2005.

FLEURY, Fernando; WANKE, Peter; FIGUEIREDO, Kleber Fossati -

Logística empresarial: a perspectiva brasileira, 1ª ed, São Paulo, Atlas, 2000.

HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Sri Kant M. -

Contabilidade de Custos. 11º ed. Pearson - Prentice Hall, 2 volumes, 2004 .

LABORATÓRIO DE APRENDIZAGEM EM LOGÍSTICA E TRANSPORTES

– UNICAMP . Material produzido por Prof. Dr. Orlando Fontes Lima Jr. Disponível

em <http://www.fec.unicamp.br/~lalt/logcri.pdf> Último acesso em: 25 out. 2005.

MARTINS, Eliseu – Contabilidade de Custos . São Paulo, Atlas, 2003.

PORTER, Michael. - Vantagem competitiva: criando e sustentando um

desempenho superior . Rio de Janeiro, Campus, 1989.

SLACK, Nigel – Administração da produção . São Paulo, Atlas, 2002.

SHARMA, Anand & MOODY, Patrícia E. - A máquina perfeita: como

vencer na nova economia produzindo com menos recurs os. Trad. Maria Lucia

G. Leite Rosa; revisão técnica -Carlos Louzada - São Paulo, Prentice Hall, 2003.

VATAN, Roberto dos Santos - Análise das variações orçamentárias

segundo o enfoque da Gestão Econômica – IN: XI CONGRESSO BRASILEIRO

DE CUSTOS, Bahia, 2004.

VATAN, Roberto dos Santos – Gestão Econômica – (GECON): Novos

desafios da controladoria na gestão empresarial – IN: V Congresso Internacional

de Custos, Acapulco – México, 1997.

77

WELSCH, Glenn Albert - Orçamento empresarial - 4ª edição, São Paulo:

Atlas, 1996

YIN, Robert K. Estudo de Caso - Planejamento e Métodos . 2 ed. São

Paulo, Bookman, 2001

78

ANEXOS

79

COD. FICHA auto numeração

OPERADOR

DATA POSTO ATIVIDADE ORDEM PEÇA-COD QTDE OPERAÇÃO HS INÍCIO HS FIM ATIVIDADES 0 - PRODUZINDO NORMALMENTE 1 - PRODUZINDO C/ RESTRIÇÕES 2 - PRODUZINDO S/ ORDEM 3 - ALTERAÇÃO C/ ORDEM 4 - ALTERAÇÃO S/ ORDEM 5 - RETRABALHO 6 - SETUP DE MÁQUINA (PREPARAÇÃO) 7 - TRY-OUT (TESTE) 8 - PROTÓTIPO 9 - ATIVIDADE NÃO PRODUTIVA 10 - PARADO - MANUT. MÁQUINA 11 - PARADO - MANUT. FERRAMENTA 12 - PARADO - AGUARDANDO PONTE 13 - PARADO - AGUARDANDO EMPILHADEIRA 14 - PARADO - AGUARDANDO SERVIÇO 15 - PARADO - AGUARDANDO INFORMAÇÃO 16 - PARADO - AGUARDANDO FERRAMENTA 17 - PARADO - REUNIÕES 18 - PARADO - TREINAMENTO 19 - PARADO - FORÇA MAIOR 20 - PARADO - FALTA DE PEÇAS Obs.

Anexo I – Empresa A: Ficha de coleta de informações

80

Anexo II – Empresa A: Mapeamento do IQF (Índice de Qualidade de Fornecedor)

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS FORNECEDORESCÓDIGO NÃO CONFORMIDADES PERDA DE

PONTUAÇÃODQF Divergência na quantidade física recebida 0,2DIS Divergência na quantidade de itens solicitados 0,1 Período: jun/04DMS Divergência no material soliciatdo 0,5ENF Erro na NF ou NF incompleta 0,5MFE Materia l fora de especificação 1,0ADE Atraso na data de entrega 0,5EDI Embalagem danificada ou inadequada 0,1NFS NF substituida 0,5MDE Materia l Devolvido 1,0DCC Divergencia nas condições comerciais 0,3

RAZÃO_SOCI Soma entregas DQF DIS DMS ENF MFE ADE EDI NFS MDE DCC PONTOS IQFA. Boleli Neto Ribeirão Preto 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0

Açofera Comércio de Ferro e A 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Açotubo Ind. e Com. Ltda. 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,3 92,5

Ademir Mationi - ME 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Adilson Barroso Oliveira 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0

Agel Anéis Gaxetas Equipament 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Agri-Tillage do Brasil Indúst 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,3 85,0

Agro New Máquinas Agrícolas L 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0ARC - Comércio ded Auto Peças 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Armazém Geral Frios e Bebidas 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0

Artex Tintas Ltda. 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,3 97,5Auto Peças Maurilio Ltda. 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0

Carlos Romeu Morando - ME 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Cece - Cabinas Peças e Acessó 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,3 85,0

Fermag Ferritas Lagnéticas Lt 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0FLC Informática Ltda. - ME 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0

Fundação de Estudos Agrários 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Gates do Brasil Ind. E Com. L 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0,1 97,5Gercino Grieco Artes Gráfica 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0

Gerdau Açominas S.A. 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Homy Ind. E Com. De Produtos 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0

Hydraulic |Designers Ltda 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,3 85,0Idenplacas Artefatos de Acríl 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Indústria de Artefatos de Bor 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0

Indústria e Comércio de Metai 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,0Indústria Reunidas Colombo Lt 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,3 85,0

81

Anexo III - Empresa A: Modelo de relação de máquinas utilizadas para definição de postos de trabalho.

Cod Bem Descricao Aquisicao Valor Original Imobilizado Depreciado % Deprec20.056/100 CANETA P/OXICORTE W.MART C-561 31/12/03 100 100 54,41 54,41%

FURADEIRA COLUNA YADOYA S-40 12/74 (3212) FORNECEDOR: A20.099/100 PARAFUSADEIRA PNEUMA TICA ING. RAND 31/12/03 120 120 65,29 54,41%

TORNO MECANICO BARR. 2200 MM I-30 ROMI (3184) FORNECEDOR: B1.415/100 PISTOLA PARA P INTURA DEVILBISN JGA-955 31/12/03 140 140 76,16 54,40%

BOMBA PARA OLEO SOLUVEL FORNECEDOR: C803/100 PISTOLA PARA P INTURA DEVILBISN (S UCATA) 31/12/03 280 280 152,28 54,39%

FRESADORA UNIVERSAL WMW FU-400-V (3310) FORNECEDOR: E1.361/100 PISTOLA PARA P INTURA DEVILBISN JGA-503 31/12/03 280 280 152,28 54,39%

BOMBA PARA OLEO SOLUVEL FORNECEDOR: F1.387/100 BROCHADEIRA HIDRAULICA 31/12/03 3.000,00 3.000,00 1.631,54 54,38%

DIV ISOR COSPAR FORNECEDOR: G1.416/100 ESMERILHADEIRA BOSCH 7" 31/12/03 90 90 48,94 54,38%

DIV ISOR COSPAR FORNECEDOR: H1.565/100 BOMBA LUBRIFICADORA MANUAL 31/12/03 24 24 8,72 36,33%

DIV ISOR FORNECEDOR: F20.693/100 REBARBADORA PNEUMA TICA 31/12/03 150 150 54,41 36,27%

BANDE IRA 180' CAP. 250 KG 6.00 M FORNECEDOR: F1.311/100 CANETA PARA OXICORTE 31/12/03 150 150 54,41 36,27%

TALHA ELETRICA BAMBOZZI CAP. 250 KG FORNECEDOR: F20.673/100 ESMERILHADEIRA PNEUMA TICA 7" 31/12/03 180 180 65,29 36,27%

FRESADORA UNIVERSAL LAGUN FU-S-LA (3330) FORNECEDOR: I1.201/100 RETIFICADOR W.M.MIG V I-425 (5211P) 31/12/03 700 700 253,82 36,26%

FRESADORA UNIVERSAL ROMI U-30 (3320B) FORNECEDOR: J1.206/100 ALIME NTADOR ARAME ASTE N 31/12/03 300 300 108,76 36,25%

MORSA GIRATORIA GRANDE FORNECEDOR: K20.436/100 ALIME NTADOR ARAME W.M. TR-102 31/12/03 300 300 108,76 36,25%

MORSA GIRATORIA GRANDE FORNECEDOR: L20.446/100 ALIM. CABE COTE W.M. TR102 31/12/03 300 300 108,76 36,25%

MORSA AJA N-5 FORNECEDOR: M20.576/100 ALIM. ARAME W.M. SWM-30 31/12/03 300 300 108,76 36,25%

MORSA PARA FRESADORA GRANDE FORNECEDOR: N

82

...continuação.

Anexo IV – Planilha de cálculo comparativo de viabilidade de opções – modelo VPL

a g o / 0 5 s e t / 0 5 o u t / 0 5 n o v / 0 5 d e z / 0 5 j a n / 0 6 fe v / 0 6 m a r / 0 6 a b r / 0 6 m a i / 0 6 ju n / 0 6 ju l / 0 6 a g o / 0 6 s e t / 0 6 o u t / 0 6

3 . 1 9 0 , 0 0 3 . 1 9 0 , 0 0 3 . 1 9 0 , 0 0 3 . 1 9 0 , 0 0 3 . 1 9 0 , 0 0 3 . 1 9 0 , 0 0 3 . 1 9 0 , 0 0 3 . 1 9 0 , 0 0 3 . 5 0 9 , 0 0 3 . 5 0 9 , 0 0 3 . 5 0 9 , 0 0 3 . 5 0 9 , 0 0 3 . 5 0 9 , 0 0 3 . 5 0 9 , 0 0 3 . 5 0 9 , 0 0

3 7 , 3 7 3 7 , 3 7 3 7 , 3 7 3 7 , 3 7 3 7 , 3 7 3 7 , 3 7 3 7 , 3 7 3 7 , 3 7 4 1 , 1 1 4 1 , 1 1 4 1 , 1 1 4 1 , 1 1 4 1 , 1 1 4 1 , 1 1 4 1 , 1 1

1 . 0 8 4 , 6 0 1 . 0 8 4 , 6 0 1 . 0 8 4 , 6 0 1 . 0 8 4 , 6 0 1 . 0 8 4 , 6 0 1 . 0 8 4 , 6 0 1 . 0 8 4 , 6 0 1 . 0 8 4 , 6 0 1 . 1 9 3 , 0 6 1 . 1 9 3 , 0 6 1 . 1 9 3 , 0 6 1 . 1 9 3 , 0 6 1 . 1 9 3 , 0 6 1 . 1 9 3 , 0 6 1 . 1 9 3 , 0 6

( 2 . 1 4 2 , 7 7 ) ( 2 . 1 4 2 , 7 7 ) ( 2 . 1 4 2 , 7 7 ) ( 2 . 1 4 2 , 7 7 ) ( 2 . 1 4 2 , 7 7 ) ( 2 . 1 4 2 , 7 7 ) ( 2 . 1 4 2 , 7 7 ) ( 2 . 1 4 2 , 7 7 ) ( 2 . 3 5 7 , 0 5 ) ( 2 . 3 5 7 , 0 5 ) ( 2 . 3 5 7 , 0 5 ) ( 2 . 3 5 7 , 0 5 ) ( 2 . 3 5 7 , 0 5 ) ( 2 . 3 5 7 , 0 5 ) ( 2 . 3 5 7 , 0 5 )

a g o / 0 5 s e t / 0 5 o u t / 0 5 n o v / 0 5 d e z / 0 5 j a n / 0 6 fe v / 0 6 m a r / 0 6 a b r / 0 6 m a i / 0 6 ju n / 0 6 ju l / 0 6 a g o / 0 6 s e t / 0 6 o u t / 0 6

9 5 6 , 6 7 9 5 6 , 7 2 9 5 6 , 7 6 9 5 6 , 8 1 9 5 6 , 8 5 9 5 6 , 8 9 9 5 6 , 9 4 9 5 6 , 9 8 9 5 7 , 0 3 9 5 7 , 0 8 9 5 7 , 1 2 9 5 7 , 1 7 9 5 7 , 2 2 9 5 7 , 2 6 9 5 7 , 3 1

4 6 2 , 9 4 4 6 6 , 6 3 4 7 0 , 3 5 4 7 4 , 1 0 4 7 7 , 8 8 4 8 1 , 6 9 4 8 5 , 5 3 4 8 9 , 4 1 4 9 3 , 3 1 4 9 7 , 2 4 5 0 1 , 2 1 5 0 5 , 2 0 5 0 9 , 2 3 5 1 3 , 2 9 5 1 7 , 3 9

1 . 4 1 9 , 6 1 1 . 4 2 3 , 3 5 1 . 4 2 7 , 1 1 1 . 4 3 0 , 9 1 1 . 4 3 4 , 7 3 1 . 4 3 8 , 5 9 1 . 4 4 2 , 4 7 1 . 4 4 6 , 3 9 1 . 4 5 0 , 3 4 1 . 4 5 4 , 3 2 1 . 4 5 8 , 3 3 1 . 4 6 2 , 3 7 1 . 4 6 6 , 4 5 1 . 4 7 0 , 5 6 1 . 4 7 4 , 7 0

1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3

4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3

( 1 . 4 1 9 , 6 1 ) ( 1 . 4 2 3 , 3 5 ) ( 1 . 4 2 7 , 1 1 ) ( 1 . 4 3 0 , 9 1 ) ( 1 . 4 3 4 , 7 3 ) ( 1 . 4 3 8 , 5 9 ) ( 1 . 4 4 2 , 4 7 ) ( 1 . 4 4 6 , 3 9 ) ( 1 . 4 5 0 , 3 4 ) ( 1 . 4 5 4 , 3 2 ) ( 1 . 4 5 8 , 3 3 ) ( 1 . 4 6 2 , 3 7 ) ( 1 . 4 6 6 , 4 5 ) ( 1 . 4 7 0 , 5 6 ) ( 1 . 4 7 4 , 7 0 )

a g o / 0 5 s e t / 0 5 o u t / 0 5 n o v / 0 5 d e z / 0 5 j a n / 0 6 fe v / 0 6 m a r / 0 6 a b r / 0 6 m a i / 0 6 ju n / 0 6 ju l / 0 6 a g o / 0 6 s e t / 0 6 o u t / 0 6

3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8 3 . 0 9 9 , 3 8

2 3 1 , 9 8 2 3 2 , 0 3 2 3 2 , 0 7 2 3 2 , 1 1 2 3 2 , 1 6 2 3 2 , 2 0 2 3 2 , 2 5 2 3 2 , 2 9 2 3 2 , 3 4 2 3 2 , 3 8 2 3 2 , 4 3 2 3 2 , 4 8 2 3 2 , 5 2 2 3 2 , 5 7 2 3 2 , 6 2

4 6 2 , 9 4 4 6 6 , 6 3 4 7 0 , 3 5 4 7 4 , 1 0 4 7 7 , 8 8 4 8 1 , 6 9 4 8 5 , 5 3 4 8 9 , 4 1 4 9 3 , 3 1 4 9 7 , 2 4 5 0 1 , 2 1 5 0 5 , 2 0 5 0 9 , 2 3 5 1 3 , 2 9 5 1 7 , 3 9

3 . 7 9 4 , 3 0 3 . 7 9 8 , 0 4 3 . 8 0 1 , 8 0 3 . 8 0 5 , 6 0 3 . 8 0 9 , 4 2 3 . 8 1 3 , 2 8 3 . 8 1 7 , 1 6 3 . 8 2 1 , 0 8 3 . 8 2 5 , 0 3 3 . 8 2 9 , 0 1 3 . 8 3 3 , 0 2 3 . 8 3 7 , 0 6 3 . 8 4 1 , 1 4 3 . 8 4 5 , 2 4 3 . 8 4 9 , 3 9

1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9 1 . 0 5 3 , 7 9

a g o / 0 5 s e t / 0 5 o u t / 0 5 n o v / 0 5 d e z / 0 5 j a n / 0 6 fe v / 0 6 m a r / 0 6 a b r / 0 6 m a i / 0 6 ju n / 0 6 ju l / 0 6 a g o / 0 6 s e t / 0 6 o u t / 0 6

2 2 7 , 3 7 2 2 6 , 9 1 2 2 6 , 8 3 2 2 6 , 5 6 2 2 6 , 1 2 2 2 6 , 0 1 2 2 5 , 6 0 2 2 5 , 4 7 2 2 5 , 2 0 2 2 4 , 5 9 2 2 4 , 6 6 2 2 4 , 2 9 2 2 4 , 1 2 2 2 3 , 7 8 2 2 3 , 5 8

2 . 7 0 6 , 0 6 2 . 6 6 2 , 3 5 2 . 6 5 1 , 9 9 2 . 6 2 4 , 9 5 2 . 5 8 3 , 8 8 2 . 5 7 0 , 8 8 2 . 5 3 1 , 5 6 2 . 5 1 6 , 8 0 2 . 4 8 9 , 7 7 2 . 4 3 3 , 7 9 2 . 4 3 5 , 7 0 2 . 4 0 0 , 7 6 2 . 3 8 1 , 6 2 2 . 3 4 8 , 4 5 2 . 3 2 7 , 5 5

4 6 2 , 9 4 4 6 6 , 6 3 4 7 0 , 3 5 4 7 4 , 1 0 4 7 7 , 8 8 4 8 1 , 6 9 4 8 5 , 5 3 4 8 9 , 4 1 4 9 3 , 3 1 4 9 7 , 2 4 5 0 1 , 2 1 5 0 5 , 2 0 5 0 9 , 2 3 5 1 3 , 2 9 5 1 7 , 3 9

3 . 3 9 6 , 3 7 3 . 3 5 5 , 8 9 3 . 3 4 9 , 1 7 3 . 3 2 5 , 6 1 3 . 2 8 7 , 8 8 3 . 2 7 8 , 5 8 3 . 2 4 2 , 6 9 3 . 2 3 1 , 6 7 3 . 2 0 8 , 2 7 3 . 1 5 5 , 6 2 3 . 1 6 1 , 5 6 3 . 1 3 0 , 2 6 3 . 1 1 4 , 9 7 3 . 0 8 5 , 5 2 3 . 0 6 8 , 5 1

1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3 1 . 3 5 3 , 3 3

4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3 4 6 0 , 1 3

83

Anexo V - Planilha de coleta de falta de materiais

Código Descrição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 2 3 24 25 26 27 28 29 30 315045.026.0 Aço SAE 8620 5" X X X X X X X X X5112.003.5 Aço Chato 2 1/2 X 1/4 X X X X X X X X X5034.021 Tubo Conduite 3" X X X X X X X X X

5030.012.9 Cantoneira ASTM 1" X 3/16" X X X X5029.038.7 Tubo Mecânico 90 X 63 X X X X X X X5030.037.4 Cantoneira 3/8" X 3" X X X X X X X5009.026.4 Aço Tref. 1045 5" X X X X X X X X X5012.018.0 Aço Mec. 1020 2" 3/4" X X X X X X X5012.050.3 Aço Mec. 1020 9" X X X X X X X5017.008.0 Aço Quad. Mec. 1010/20 1" X X X X X X X X X5005.002.5 Aço Tref. 1010/20 1/4" X X X X X X X X X5005.019.0 Aço Tref. 1010/20 3" X X X X5009.016.7 Aço Tref. 1045 2 1/4" X X X X X X5034.016.3 Tubo Conduite 58 x 54 X X X X X X5014.041.5 Aço Quad. 1" x 1/2" X X X X

Emitente Wagner

1º Previsão Entrega

Item Dias do Mês / Ano - Março 2005

Setor Corte

Folha 01 / 01Planilha de Falta de Materiais

D - Item Não Conforme/DefeituosoX - Item Faltante P - Chegada Parcial do Item