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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL LETÍCIA TIEMI IAMAMOTO COOPERATIVAS DE RECICLAGEM E SUAS AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS: ESTUDO EM UMA COOPERATIVA DE SANTANA DO PARNAÍBA - SP LORENA 2019

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

LETÍCIA TIEMI IAMAMOTO

COOPERATIVAS DE RECICLAGEM E SUAS AÇÕES

SOCIOAMBIENTAIS: ESTUDO EM UMA COOPERATIVA DE

SANTANA DO PARNAÍBA - SP

LORENA

2019

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LETÍCIA TIEMI IAMAMOTO

COOPERATIVAS DE RECICLAGEM E SUAS AÇÕES

SOCIOAMBIENTAIS: ESTUDO EM UMA COOPERATIVA DE

SANTANA DE PARNAÍBA - SP

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como parte dos requisitos

necessários obtenção da graduação em

Engenharia Ambiental à Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo.

Orientadora: Profa. Dra. Érica Leonor

Romão

LORENA

2019

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Iamamoto, Letícia Tiemi

COOPERATIVAS DE RECICLAGEM E SUAS AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS: ESTUDO EM UMA COOPERATIVA DE SANTANA DE PARNAÍBA-SP / Letícia Tiemi Iamamoto; orientadora Érica Leonor Romão. - Lorena, 2019.

51 p.

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia Ambiental - Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo. 2019

1. Resíduos sólidos. 2. Reciclagem. 3. Cooperativas. 4. Sustentabilidade. 5. Socioambiental. I. Título. II. Romão, Érica Leonor, orient.

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,

POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E

PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado da Escola de

Engenharia de Lorena, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a minha família, principalmente meus pais Yoko e Roberto,

que estiveram sempre apoiando e incentivando meu desenvolvimento acadêmico.

Aos meus amigos de Lorena, que viraram uma família para mim, obrigada pela

amizade, pelo companheirismo e parceria em todos os momentos da minha vida.

À Profa. Dra. Érica Leonor Romão, pelo auxílio, compreensão e apoio para o

desenvolvimento deste trabalho.

E agradeço a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a minha

formação. Muito obrigada.

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RESUMO

IAMAMOTO, L. T. Cooperativas de reciclagem e suas ações socioambientais: Estudo em um

Cooperativa de Santana de Parnaíba-SP. 2019. TCC (Curso de Engenharia Ambiental) - Escola de

Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo. Lorena, 2019.

A gestão eficiente dos resíduos sólidos urbanos é de extrema importância para o

meio ambiente e para a saúde da população. Os catadores de recicláveis possuem

um grande papel para contribuir com a preservação do meio ambiente e melhorar a

coleta seletiva do Brasil, proporcionando também a movimentação da economia,

trazendo renda a uma população carente. No Brasil, as cooperativas de reciclagem

têm sido objeto de estudos com o intuito de mostrar as atividades importantes de

todo processo de reciclagem e toda cadeia movida de sustentabilidade através do

trabalho deles. Esta pesquisa teve como objetivo entender as ações socioambientais

positivas causada pelas atividades das cooperativas, a fim de impulsionar a

conscientização da reciclagem no país. A pesquisa foi desenvolvida utilizando como

método o estudo de caso de uma cooperativa localizada na cidade de Santana de

Parnaíba, que recebe doações de diversas empresas da região. Os dados e

informações foram coletados por meio de entrevistas com os cooperados e visitas

no local. Com o trabalho realizado, foi possível conhecer relatos reais de pessoas

que trabalham na cooperativa, que vivem exclusivamente da venda dos materiais, e

entender como pequenas ações, como separar o “lixo” de nossas casas, podem

gerar uma série de benefícios e impactar positivamente a vida de milhares de

pessoas.

Palavras-chave: Resíduos sólidos, reciclagem, cooperativas, sustentabilidade,

socioambiental.

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ABSTRACT

IAMAMOTO, L. T. Cooperativas de reciclagem e suas ações socioambientais: Estudo em um

Cooperativa de Santana de Parnaíba-SP. 2019. TCC (Curso de Engenharia Ambiental) - Escola de

Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo. Lorena, 2019.

The efficient management of municipal solid waste is very important for the

environmental and health of the population. The garbage collectors have an

important role to contribute to the preservation of the environment and to improve the

selective collection of Brazil, also providing the economy movement, generating

income for a poor community. In Brazil, the recycling cooperatives have been

objective of study with the intention of showing the important activities of every

recycling process and every chain of sustainability moved through their work. The

objective of this research was to understand the positive socioenvironmental actions

caused in the cooperatives activities and to seek to strengthen the relationship of the

population with the communities surrounding these operations, in order to boost

awareness of recycling in the country. The research was developed using as a

method the case study of a cooperative located in Santana de Parnaíba city, which

receives donations from several companies in the region. All information were

collected through interviews with the cooperative and site visit. It was possible to

know the real reports of people that work in the cooperative, who live exclusively

from the sale of materials, and to understand how small actions, such as separating

garbage from our home, can generate a series of benefits and positively impact life of

thousands of people.

Keywords: Solid Waste, Recycling, Cooperative, Sustainability, Socio-

environmental.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva. ...... 19

Figura 2- Disposição final dos RSU coletados no Brasil (t/ano) ................................ 20

Figura 3- Gráfico da percepção dos brasileiros em relação à coleta seletiva............ 21

Figura 4- Objetivos de desenvolvimento sustentável.................................................25

Figura 5- Produtos confeccionados e vendidos pela cooperativa ............................. 29

Figura 6- Caminhão coletando resíduos recicláveis nas residências. ....................... 31

Figura 7- Caminhão chegando na cooperativa e recepção dos resíduos na central de

triagem. ..................................................................................................................... 31

Figura 8- Big bags com os resíduos não recicláveis. ................................................ 32

Figura 9-Materiais separados por tipo ....................................................................... 32

Figura 10- Processo de pesagem dos resíduos ........................................................ 32

Figura 11- Processo de fardagem e prensagem ....................................................... 33

Figura 12- Estoque dos materiais prontos para negociação das vendas. ................. 33

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Tempo de trabalho na cooperativa ........................................................... 35

Gráfico 2- Profissão antes de entrar na cooperativa ................................................. 36

Gráfico 3- Motivo da mudança de profissão .............................................................. 36

Gráfico 4- Composição familiar ................................................................................. 37

Gráfico 5- Número de pessoas que trabalham na família ......................................... 38

Gráfico 6- Quantidade de resíduos recicláveis e rejeitos coletados em 2018 ........... 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Quantidade de recursos naturais necessários para fabricação de cada

material ...................................................................................................................... 24

Tabela 2- Materiais recolhidos e sua quantidade em 2018 ....................................... 39

Tabela 3- Redução do uso de recursos naturais ....................................................... 40

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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CCR - Companhia de Concessões Rodoviária

CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CEET – Comissão de Estudo Especial Temporária de Resíduos Sólidos

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

EPI – Equipamento de Proteção Individual

FUNASA - Fundação Nacional de Saúde

IBOPE- Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

IPESA - Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais

NBR – Norma Brasileira

PEV - Pontos de Entrega Voluntária

PET - Politereftalato de Etileno

PGRS – Plano de Gestão de Resíduos Sólidos

PNMA - Política Nacional de Meio Ambiente

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

SciELO – Scientific Eletronic Library Online

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas

USP – Universidade de São Paulo

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................12

1.1 OBJETIVO GERAL ..............................................................................................................14

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...............................................................................................14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................15

2.1 Resíduos sólidos .............................................................................................................15

2.2 Resíduos recicláveis .......................................................................................................15

2.2.1 Materiais que podem ser reciclados ......................................................................16

2.3 Classificação dos resíduos ............................................................................................17

2.3.1 Classificação ABNT ................................................................................................17

2.3.2 Classificação e identificação por cores .................................................................19

2.4 Problemática e gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil ....................................19

2.5 Reciclagem e suas leis ...................................................................................................22

2.6 Cooperativas de reciclagem no Brasil...........................................................................23

2.7 Cooperativa de reciclagem e seus benefícios ..............................................................24

2.8 Objetivos de desenvolvimento sustentável ..................................................................25

3. METODOLOGIA .....................................................................................................................26

4. RESULTADOS .......................................................................................................................27

4.1 Características do município ..........................................................................................27

4.2 Histórico da cooperativa .................................................................................................27

4.3 Dados da cooperativa .....................................................................................................28

4.3.1 ETAPAS DO PROCESSO DE TRIAGEM ..................................................................30

4.4 Perfil dos cooperados .....................................................................................................34

4.5 Dados coletados .............................................................................................................34

4.6 Ações socioambientais ...................................................................................................38

5. CONCLUSÃO .........................................................................................................................41

REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................43

APÊNDICE 01 ................................................................................................................................48

APÊNDICE 02 ................................................................................................................................49

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1. INTRODUÇÃO

O ser humano gera resíduo e utiliza os recursos naturais desde a sua existência.

Porém, após a Revolução Industrial, os resíduos se tornaram mais complexos e

extremamente preocupantes. Devido ao processo de industrialização e

desenvolvimento de novas tecnologias para incentivar o consumismo do homem,

houve o aumento das áreas urbanas, da população, da extração de recursos

naturais, do desmatamento e da geração de resíduos, trazendo impactos ao meio

ambiente e riscos à saúde da sociedade (NETA, 2011).

De acordo com o panorama de resíduos no Brasil publicado pela Associação

Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em

2017 nosso país gerou 78,4 milhões de toneladas de resíduos urbanos, dos quais

40% (29 milhões de toneladas) de resíduos foram dispostos em lixões e aterros que

não possuem sistemas e medidas para proteção do solo (ABRELPE, 2017).

A partir desse cenário, surge à necessidade de um modelo de sociedade que

almeje a minimização de resíduos descartados inadequadamente, que cresça de

forma equilibrada e se desenvolva sustentavelmente em todos os setores:

econômico, social, institucional, cultural e ambiental (SANTOS et. Al, 2011).

Os catadores de recicláveis possuem um importante papel na sociedade que

recai exatamente nos pilares de desenvolvimento sustentável, nos quais se

relacionam com equidade social pelo fato de sobreviverem do “reaproveitamento”

dos resíduos produzidos nas cidades, problema que também possui ligação com a

questão econômica, pois a venda dos resíduos recicláveis é uma fonte de renda

para o catador/cooperado; e por fim, o equilíbrio ambiental, por reduzirem a

quantidade de resíduos destinados em locais inadequados, e a extração de recursos

naturais para fabricação de novos produtos (RIBEIRO et al, 2012).

Apesar do importante serviço prestado para a sociedade, os catadores não

possuem o devido reconhecimento social, além de serem descriminados pela

maioria da população.

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Neste contexto, entende-se que o tema é de grande relevância para o processo

de busca da inclusão social e da conquista da cidadania desses, que são os

principais atores ambientais da atualidade. Ao lutarem por sua sobrevivência, atuam

diretamente no processo de limpeza das nossas cidades e, consequentemente, na

melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos (PAULA et. al, 2013).

Este trabalho tem como objetivo principal analisar, por meio de um estudo de

caso, as relevâncias sociais e ambientais das atividades de uma cooperativa de

reciclagem, verificando a melhoria das condições de vida dos cooperados. A fim de

compreender o processo e a importância da reciclagem; compreender o papel da

cooperativa de reciclagem na Gestão de Resíduos Sólidos; realizar um

levantamento de dados da cooperativa analisada; e assim estudar as ações sociais

que influenciam na vida dos cooperados e de sua família.

.

.

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1.1 OBJETIVO GERAL

Realizar uma análise, através de um estudo de caso, das relevâncias sociais

e ambientais das atividades de uma cooperativa de reciclagem, verificando a

melhoria das condições de vida dos cooperados.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Compreender o processo e a importância da reciclagem;

Verificar os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto de

resíduos;

Compreender o papel da cooperativa de reciclagem na Gestão de Resíduos

Sólidos;

Realizar um levantamento de dados da cooperativa estudada;

Estudar ações sociais que influenciam na vida dos cooperados e de sua

família;

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Resíduos sólidos

Os resíduos vêm sendo produzidos pelos seres humanos desde os primórdios,

como parte de sua vida. Na pré-história, por volta de 10 mil anos a.C., quando

começamos a viver em grupos, a produção de resíduos sólidos aumentou

drasticamente. Porém, a importância da gestão somente surgiu após a Revolução

Industrial, quando esse tornou-se um problema sanitário, trazendo perigo ao meio

ambiente e à saúde da sociedade (WORRELL & VESILIND, 2011).

A respeito da sua definição, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

NBR 10.004: 2004 define resíduos sólidos como:

resultados de atividades industriais, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e varrições. Os lodos provenientes do tratamento de água, líquidos que não estão compatíveis para serem lançados na rede pública de esgoto, ou corpos de água ou que necessitam de um tratamento, também estão incluídos em resíduos, como resíduos no estado semissólido.

Para Bidone (2001) resíduo pode ser definido por um ponto de vista econômico,

em que o resíduo é uma matéria sem valor, no qual, o seu descarte se torna mais

barato que o seu uso, ou seja, seus valores de uso e/ou troca são nulos ou

negativos para o seu proprietário, tornando-o descartável.

2.2 Resíduos recicláveis

Segundo o DECRETO Nº 5.940, DE 25 DE OUTUBRO DE 2006, art. 84, inciso

V, resíduos recicláveis descartados são definidos como:

materiais passíveis de retorno ao seu ciclo produtivo, rejeitados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direita e indireta.

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Os recicláveis são aqueles que após a sua utilização e tratamento podem ser

reaproveitados como matéria prima na fabricação de novos produtos, fechando

assim o seu ciclo de vida. Todo e qualquer produto é passível de alguma forma de

tratamento, e para ser reciclável, é necessário estudar e avaliar uma utilidade na

fabricação de novos produtos para ele (Portal de Resíduos Sólidos, 2013).

2.2.1 Materiais que podem ser reciclados

De acordo com o Instituto Gea Ética e meio ambiente (1999), os materiais que

podem e não podem ser reciclados são:

A) PAPEL

Recicláveis: Papeis de escritório em geral; papeis de impressão (jornais e revistas);

papeis de embalagem em geral; papelão; caixas em geral; livros; listas telefônicas;

cadernos; papel cartão; cartolinas; embalagens longa vida.

Não recicláveis: Papel vegetal; papel celofane; papeis encerados ou plastificados;

papel carbono; papeis sanitários usados; fotografias; fitas ou etiquetas adesivas;

papeis sujos; lenços de papel; guardanapos.

B) PLÁSTICO

Recicláveis: Sacos; CDs; disquetes; embalagens de produtos; polietileno tereftalato

ou PET; canos e tubos; plásticos em geral; embalagens de xampus; embalagens de

plástico de ovos, frutas e legumes; baldes; utensílios plásticos usados como canetas

esferográficas, escova de dentes, artigos de cozinha,etc.

Não recicláveis: Plástico termofixo; embalagens plásticas metalizadas; plástico

tipo celofane.

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C) METAL

Recicláveis: Latas de alumínio; latas de produtos alimentícios; tampas de garrafa;

embalagens metálicas de congelados.

Não recicláveis: Clips; grampos; esponjas de aço; tachinhas; pregos; canos.

D) VIDROS

Recicláveis: Garrafas de bebida alcoólica e não alcoólica; potes de produtos

alimentícios; copos; frascos em geral.

Não recicláveis: Espelhos; vidros de janela; vidros de automóveis; lâmpadas; tubos

de televisão e válvulas; ampolas de medicamentos; cristal; vidros temperados

planos.

E) OUTROS MATERIAIS

Recicláveis: lâmpadas de mercúrio; pilhas e baterias; pneus; entulhos.

2.3 Classificação dos resíduos

A classificação dos resíduos sólidos é de extrema importância e essencial para o

Gerenciamento de Resíduos Sólidos, através dela, podemos identificar as suas

características (físicas, químicas e biológicas) que variam de acordo com o processo

ou atividade geradora, para assim encaminhá-los para segregação, manuseio e

destinação correta.

2.3.1 Classificação ABNT

Com o crescimento da preocupação com meio ambiente, a ABNT criou a

Comissão de Estudo Especial Temporária de Resíduos Sólidos (CEET) para

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aperfeiçoar e revisar a ABNT NBR 10004:1987- Resíduos Sólidos-Classificação, que

classifica os resíduos de acordo com a sua periculosidade:

a) resíduos classe I - Perigosos;

Aqueles que possuem características físico-químicas ou biológicas de:

Inflamabilidade - resíduos caracterizado como inflamável;

Corrosividade - resíduos caracterizados como corrosivo;

Reatividade - resíduos caracterizados como reativo;

patogenicidade - resíduos caracterizados como patogênico;

toxicidade- resíduos caracterizados como toxico.

b) resíduos classe II – Não perigosos;

Que podem ser subdividios em:

resíduos classe II A – Não inertes, podem apresentar propriedades de

biodegrabilidade, combustibilidade e solubilidade em água.

resíduos classe II B – Inertes, resíduos que, quando submetidos a um

contato com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente, não

tiver em nenhum de seus constituintes solubilizado a concentrações

superiores aos padrões de potabilidade de água, efetuando-se

aspecto, cor, turbidez e sabor.

Os resíduos que não possuírem seus constituintes solubilizados em

concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, quando submetidos

aos padrões segundo a norma ABNT NBR 10.006 (ABNT, 2014), e amostrados em

quantidade representativa, conforme a ABNT NBR 10.007 (ABNT, 2004), podem ser

reciclados ou reprocessados.

Pela classificação da ABNT, os resíduos recicláveis são considerados

resíduos de classe II B – inertes, pois não sofrem alterações em suas características

durante seu processo de decomposição. Podem ser dispostos em aterros sanitários

ou reciclados.

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2.3.2 Classificação e identificação por cores

A Resolução nº 275/2001 do CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

(CONAMA) estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos

(Figura 1), a fim de incentivar e facilitar a reciclagem, além de reduzir o consumo de

matérias primas e dos recursos naturais.

Figura 1- Código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva.

Fonte: Recicla ambiental, 2017

2.4 Problemática e gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil

Um dos maiores problemas enfrentados pelo mundo, é o crescimento do resíduo

sólido produzido pela população nos centros urbanos e a falta de reaproveitamento

desses resíduos (FRAGMAQ, 2018).

De acordo com dados do Panorama da Associação Brasileira de Empresas de

Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) de 2017, a geração de resíduos

urbanos aumentou 1% em relação ao ano de 2016. E 59,1% dos resíduos coletados

foram dispostos em aterros sanitários, os 40,9% restantes, foram despejados em

locais inadequados, como lixões, aterros controlados, que não possuem os sistemas

e as medidas necessárias para a proteção do meio ambiente e da saúde da

população (Figura 2).

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Figura 2- Disposição final dos RSU coletados no Brasil (t/ano)

Fonte: Abrelpe, 2017

De acordo com dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de todo

resíduo gerado no Brasil, pelo menos 30% dele tem potencial de reciclagem, porém

apenas 3% de fato são reaproveitados.

Embora existam planos de gerenciamento de resíduos sólidos nas empresas,

coleta seletiva na maioria das cidades brasileiras e muitas campanhas e ações

sobre o tema, a população brasileira ainda descarta muitos resíduos incorretamente.

Em uma pesquisa com o objetivo de identificar a percepção do brasileiro sobre

resíduos, feita pelo Ibope1 em 2018, foram entrevistadas em torno de 1.816 pessoas

de todos os Estados e Distrito Federal. Esse estudo apontou que a população pouco

ou nada sabe sobre coleta seletiva (Figura 3).

1 Informações obtidas em http://www.ibopeinteligencia.com/noticias-e-pesquisas/desinformacao-e-maior-dificuldade-para-a-reciclagem-no-brasil/. Acesso em março de 2019.

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Figura 3- Gráfico da percepção dos brasileiros em relação à coleta seletiva

Fonte: Pesquisa Ibope, 2018.

Na pesquisa realizada pelo Ibope em 2018, 98% das pessoas acreditam que a

reciclagem é importante para o futuro do país e 94% concordam que a forma correta

de descartar os resíduos é segregando os recicláveis dos demais resíduos. Porém,

a percepção é diferente do comportamento adotado por eles: 75% dos entrevistados

não separaram resíduos em casa, e uma das possíveis causas dessa ação é a falta

de informação, já que 66% dos entrevistados afirmaram saber pouco ou nada a

respeito de coleta seletiva. Além disso, o estudo revela desconhecimento sobre

quais materiais podem ser reciclados, como indicado na Figura 3.

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2.5 Reciclagem e suas leis

A Lei nº 12.305/10 (BRASIL, 2010) define a reciclagem como:

processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com a finalidade de transformar-los em insumos ou novos produtos.

Segundo o Ministério de Meio Ambiente, o processo de reciclagem consiste

em um conjunto de técnicas de reaproveitamento de materiais descartados,

reintroduzindo-os em um ciclo produtivo. A reciclagem é considerada uma das

alternativas de tratamento de resíduos sólidos mais vantajosas, pois envolve o setor

ambiental e social, reduzindo o consumo de recursos naturais, e o volume de

resíduos descartados inadequamentes, além disso, fornece também emprego a

milhares de pessoas.

A reciclagem faz parte dos cinco "R's" ou "erres" da sustentabilidade:

Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. A diferença entre eles é que a

reciclagem reprocessa um material, a reutilização reutiliza o material no estado que

se encontra, sem necessidade de qualquer processo, e a redução diminui o

consumo de determinados produtos (JARDIM, 1998).

Na Lei nº 12.305, de agosto de 2010, existe um conteúdo mínimo para realizar o

plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) com o intuito de reduzir o

volume de resíduos gerados, incentivar a prática de hábitos de consumo sustentável

e um conjunto de instrumentos visando à ampliação da reciclagem aliada a

mecanismos de coleta seletiva com inclusão social de catadores. Além disso, nela

existem objetivos fundamentais e obrigatórios para a gestão de resíduos sólidos,

como: não geração, redução, reutilização, reciclagem.

O PGRS é obrigatório para diversas empresas desde a publicação da Lei nº

9.605, de 12 de fevereiro de 1998, contudo sua formalização e sua de condicionante

para o licenciamento ambiental foram instituídas pela Lei Federal 12.305/2010.

Além da legislação ambiental obrigatória, muitas empresas são certificadas pela

ISO 14001, que também exige a elaboração do plano de gerenciamento de seus

resíduos para o Sistema de Gestão Ambiental.

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2.6 Cooperativas de reciclagem no Brasil

A cooperação entre um grupo de pessoas se baseia na ação conjunta, no

trabalho coletivo de indivíduos associados livremente com o intuito de obter

melhores condições econômicas, sociais, morais e civis, por meio de suas forças,

para prestar, reciprocidade, uma série de serviços. O movimento associativismo

está apoiado numa filosofia nova, ou seja, seu propósito é fazer vingar uma

transformação pacífica, porém radical, das condições econômicas e sociais

criadas pelo lucro desordenado dos capitalistas, onde prevalece a exploração do

homem (SOUZA, 2000).

Os resíduos recicláveis produzidos e descartados diariamente são coletados

pelos catadores de lixo e encaminhados para uma central de reciclagem. Nessa

central, os cooperados dão andamento ao processo de reciclagem dos materiais,

tratando-os de maneira adequada e vendendo-os para grandes empresas que

reaproveitam para fabricação de novos produtos. Todo o processo de reciclagem

nessa central e as pessoas que ali trabalham formam uma cooperativa de

reciclagem.

A partir da década de 1990, as primeiras cooperativas e associações

começaram a serem formadas, possibilitando novas perspectivas de relação dos

grupos de catadores com o poder público dos municípios (DEMAJOROVIC;

BESEN, 2007). Porém somente ganhou maiores forças em 2010 com a proibição

e fechamentos dos lixões através da Lei 12.305, onde muitos catadores, que

frequentavam o local para coletar os recicláveis, se uniram e com o apoio das

prefeituras dos municípios para formalizar as cooperativas de reciclagem.

A rotina em uma cooperativa é trabalhosa e envolve diversos processos. Os

resíduos quando chegam à cooperativa passam pela triagem, separação dos

materiais, fardagem, pesagem, e armazenagem para aguardar as vendas dos

fardos de cada material.

De acordo com dados publicados em 2013 pelo Compromisso Empresarial

Para Reciclagem (CEMPRE) no Brasil existem 1.175 cooperativas e

associações, distribuídas em 684 municípios, e a quantidade de catadores no

Brasil chega a 800 mil.

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Os catadores, no Brasil, são considerados os maiores responsáveis pelos

altos índices de reciclagem de alguns materiais, como as latas de alumínio (73%)

e papelão (71%), colocando o país em posição de destaque no cenário mundial

(CEMPRE, 2005).

2.7 Cooperativa de reciclagem e seus benefícios

A criação da maioria das cooperativas possui objetivo de trazer renda à

comunidade e aos catadores, porém ela move uma cadeia de benefícios

principalmente ao meio ambiente.

A cooperativa de reciclagem é uma medida que atende duas necessidades ao

mesmo tempo. A primeira é preservação ambiental e saúde da sociedade, destinando

corretamente esses materiais, contribuindo assim para a limpeza das cidades, o tempo

útil dos aterros sanitários e explorações dos recursos naturais. A outra é fortalecer a

atuação das cooperativas, garantindo oportunidade de geração de renda para os

catadores e valorizando esse segmento de grande importância (SEBRAE, 2017).

Segundo dados da SEBRAE, para fabricação de cada material são retirados

matérias primas do meio ambiente, chamada de recursos naturais, conforme Tabela 1.

Para cada 1 tonelada desses materiais é necessário a utilização dos seguintes recursos

naturais:

Tabela 1- Quantidade de recursos naturais necessários para fabricação de cada material

Metal/ Alumínio Vidro Papel/Papelão Plástico

- 5 toneladas de

minério bruto;

- Extração de

5 toneladas de

bauxita;

- 1 tonelada de areia,

calcário, carbonato de

sódio, feldspato e

barrilha;

- 22 árvores;

- 8 mil litros de água.

- 0,01 toneladas de

petróleo;

Fonte: SEBRAE, 2017.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2017), no Brasil são gerados cerca de

332 mil empregos ligados ao setor de reciclagem. Dados publicados em 2012 pela

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Abrelpe relatam que esse mercado movimenta cerca de R$ 24 bilhões anualmente e

as cooperativas são responsáveis em destinar adequadamente aproximadamente

560 toneladas de resíduos por ano.

2.8 Objetivos de desenvolvimento sustentável

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são 17 objetivos criados

por líderes mundiais que se uniram na ONU de Nova York em 2016. Sendo 16

temáticos e 1 sobre meios de implementação (Figura 4), 169 metas, que abrangem

as três esferas do desenvolvimento sustentável (ambiental, econômica e social) e

231 indicadores (PLATAFORMA AGENDA 2030, 2016).

Os ODS são pequenas tarefas para todos realizarem em conjunto até 2030, com

o intuito de erradicar a pobreza e construir um mundo mais sustentável para as

gerações futuras.

Figura 4- Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Fonte: ONU, 2015

As cooperativas de reciclagem colaboram com 5 dos 17 objetivos da ONU.

Ela promove emprego para população carente, reduzindo assim a desigualdade

social (ODS 8 e ODS 10). Com a destinação correta dos resíduos sólidos, a

cooperativa proporciona o consumo sustentável e poupa a extração de recursos

naturais (ODS 12), trazendo assim maior qualidade de vida terrestre e aquática

(ODS 14 e ODS 15).

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3. METODOLOGIA

O trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa, foi realizada uma

pesquisa exploratória sobre os resíduos recicláveis, cooperativas de reciclagem e

seus impactos socioambientais. Realizaram-se estudos sobre legislações

relacionados ao assunto, que forneceram um embasamento teórico para a

discussão do tema e assim, atingir os objetivos propostos.

A pesquisa bibliográfica busca relações entre conceitos, características e

ideias, a partir dos registros em documentos, como livros, artigos, monografias,

teses, já trabalhados por outros pesquisadores (TREINTA, 2014).

Para a pesquisa bibliográfica foram consultados artigos científicos, teses e

monografias publicadas a partir de 2010, ano da publicação da Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS). A busca foi realizada pelo título de resíduos recicláveis,

cooperativas de reciclagem, reciclagem, legislação de resíduos sólidos no Brasil e

impactos socioambientais de cooperativas.

As referências mencionadas nesta pesquisa que tenham data anterior a 2010

foram citadas em obras resultantes dos artigos consultados ou então são algumas

normativas federais sobre o assunto.

Para a segunda etapa do trabalho, realizou-se uma abordagem de análise

qualitativa, pois se utilizou métodos e técnicas para uma compreensão detalhada do

objeto de estudo (OLIVEIRA, 2005).

A análise e tratamento de dados foram apoiados por uma pesquisa em

campo, por meio de entrevistas com os cooperados e visita no local da central de

resíduos da cooperativa de Santana de Parnaíba. As entrevistas foram compostas

por questionários relacionadas à quantidade de resíduos recebidos, tipo e

quantidade de materiais reciclados, sua destinação, questões relacionadas à

formação da Cooperativa, quantidade de cooperados, renda, além de outros

aspectos relevantes para a pesquisa, conforme Apêndice 1 e Apêndice 2. O

resultado das entrevistas foi avaliado paralelamente com as anotações de

observação realizadas nas visitas à cooperativa.

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4. RESULTADOS

4.1 Características do município

O munícipio de Santana do Parnaíba possui aproximadamente 136.517

habitantes (IBGE, 2018) e produz cerca de 110 toneladas/dia de resíduos

domiciliares (Prefeitura de Santana de Parnaíba, 2018).

O seu PIB per capita é de R$ 65.644,99 com atividade econômica ligada ao setor

de serviços e comércio (IBGE, 2016).

Em Santana de Parnaíba não existe bairros, seu território é dividido em 32

regiões, e a coleta seletiva atende a 50% de todo seu território.

4.2 Histórico da cooperativa

A cooperativa estudada é uma organização formada por ex-catadores de

recicláveis do Aterro Sanitário do munícipio de Santana de Parnaíba. No início dos

anos 90, cerca de 50 catadores começaram a visitá-lo para coletar os recicláveis e

assim tirar seu sustento. Com o tempo, a presença desses trabalhadores deu origem

a uma comunidade de Santana, que cresceu e viveu do aterro sanitário por mais de

uma década.

Em 2005, com a decisão do Ministério Público, o lixão teve que ser

desativado. Dessa maneira, os catadores iniciaram a movimentação para a criação

da cooperativa. Com apoio da prefeitura de Santana do Parnaíba e de ONGs da

região, foi criada uma Associação de reciclagem.

Porém, como Associação, somente recebia apoio social, educacional e

cultural, não podendo realizar a venda dos recicláveis. Então, através de diversos

parceiros como a Fundação Alphaville, o Instituto Tamboré e o Ipesa (Instituto de

Projetos e Pesquisas Socioambientais), a cooperativa recebeu uma área de triagem,

suporte técnico como equipamentos e caminhões para realização da coleta,

treinamentos de capacitação dos catadores, apoio de educadores para acompanhar

o grupo na gestão da central de triagem e para o desenvolvimento de todo o

programa de educação ambiental de implementação da coleta seletiva na cidade.

Culminou então a formalização da cooperativa como instituição em 2007.

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4.3 Dados da cooperativa

A cooperativa possui um galpão coberto com esteiras de triagem de materiais,

um pátio para estacionar os caminhões e armazenar resíduos, um escritório

administrativo e um refeitório.

Possui ao todo 8 caminhões, sendo 2 comprado com o dinheiro das vendas, 3

alugados e 3 cedidos pela Prefeitura, sendo que 7 deles são utilizados apenas para

a coleta seletiva, e 1 destinado aos rejeitos. A cooperativa possui também 1

empilhadeira para auxiliar a movimentar os resíduos, 4 máquinas prensas, 1 bobcat,

2 esteiras de 25 m, 1 picotadeira de papel, 2 balanças com capacidade de até 1 t

para pesar os materiais armazenados nos big-bags, e 1 perua para realizar

atividades externas, como reuniões e assembleias (PAOLI, D; MELO, I. B. N, 2015).

Todos esses equipamentos foram doações do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES), Petrobras e Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Sua gestão é feita pelos próprios cooperados e conta com o apoio de

instituições parceiras para a capacitação dos cooperados, acesso à educação

ambiental e a segurança de trabalho. Os cooperados se dividem entre os cargos de

coletor, triador e prensista, além dos cargos administrativos, como presidente,

vice-presidente, secretário, tesoureiro e conselho fiscal. Todas as decisões da

cooperativa são tomadas em assembleias.

A cooperativa possui metas e indicadores mensais resultantes de sua gestão.

A avaliação desses dados é utilizada para planejamentos e balanços anuais, para

estabelecer novas metas e também como forma de apresentação e prestação de

contas aos seus parceiros sobre o trabalho desenvolvido. O gerenciamento de todo

o sistema de coleta seletiva do município é feito junto com a Prefeitura da cidade.

A coleta seletiva atinge 50% do município com a coleta porta a porta e 3

PEVs (pontos de entrega voluntária), esse processo é feito pela própria cooperativa

na área de abrangência que contempla os residenciais, empresas e indústrias de

Alphaville e Tamboré, e parte da região de Santana de Parnaíba, que dependendo

da demanda chega a ser coletado até três vezes por semana, recebendo assim em

torno de 400 t de resíduos por mês.

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Das 400 t de resíduos coletados por mês, apenas (150 a 300) t são de fato

destinados à reciclagem. O restante, os rejeitos que não podem ser reciclados, são

encaminhados ao aterro sanitário da cidade de Santana do Parnaíba. Isso ocorre

com uma frequência alta devido ao despreparo ou desconhecimento sobre a

separação dos resíduos e sua forma de descarte.

A cooperativa possui uma meta de não enviar mais que 20% de seus

resíduos para o aterro sanitário, então trabalha com educação ambiental nas

empresas que fazem as doações e participam de eventos de coleta seletiva para

prefeitura.

Na Cooperativa existe a “Campanha do Desapego”, em que ela recebe

doações de roupas, tecidos, livros, móveis, eletrônicos, eletrodomésticos, objetos de

cozinha, decoração, calçados, brinquedos ou até mesmo antiguidades. Todos esses

itens são vendidos em um bazar e o dinheiro arrecadado é revertido para as

despesas do dia-a-dia da instituição, como compra de alimentos, material de

limpeza, de higiene pessoal e manutenção dos caminhões que fazem a coleta.

Os tecidos que são doados, são utilizados para a confecção de bolsas,

almofadas, estojos, pastas e necessaires (Figura 5), os produtos ficam expostos e

vendidos na CCR em Barueri, ou então as empresas parceiras, que realizam as

doações de recicláveis, compram no local da Cooperativa para presentear seus

funcionários.

Figura 5- Produtos confeccionados e vendidos pela cooperativa

Fonte: autor próprio

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4.3.1 ETAPAS DO PROCESSO DE TRIAGEM

Fonte: autor próprio

Coleta

A coleta inicia a etapa do processo de triagem. A equipe de transporte vai até

a empresa/residência/PEV coletar os recicláveis, após a coleta, eles voltam para a

central de triagem para dar continuidade ao processo (Figura 6).

Figura 6- Caminhão coletando resíduos recicláveis nas residências.

Fonte: Prefeitura de Santana de Parnaíba, 2012

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Recepção dos resíduos

Quando o caminhão com os recicláveis chega à cooperativa, os resíduos de

papelão já são separados dos demais devido ao seu volume que ocupa muito

espaço. O resto dos resíduos é colocado nas esteiras por dois cooperados que

ficam no início dela (Figura 7).

Figura 7- Caminhão chegando na cooperativa e recepção dos resíduos na central de triagem.

Fonte: autor próprio, 2019

Retirada de rejeitos

Na esteira são colocados todos os materiais que foram recolhidos ou

recebidos pela cooperativa, contendo também alguns resíduos que não podem ser

reciclados (Figura 8). Os rejeitos são coletados no final da esteira por um cooperado,

são separados dos demais resíduos e encaminhados ao aterro sanitário.

Figura 8- Big bags com os resíduos não recicláveis.

Fonte: autor próprio, 2019

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Separação de recicláveis

Em cada uma das esteiras trabalham cerca de 20 cooperados, que em dupla

separam cada um dos materiais. O primeiro a ser separado são os vidros, para

evitar acidentes durante o processo, e depois os demais resíduos. Para maior

sucesso nas vendas dos recicláveis, os plásticos são separados por cor e pela sua

composição (Figura 9).

Figura 9-Materiais separados por tipo

Fonte: autor próprio, 2019

Pesagem

Após a separação dos materiais recicláveis, os big bags, que são sacos que

armazenam os resíduos, são encaminhados para pesagem em uma balança de

chão. O peso é anotado em um caderno para controle de pesagem e venda (Figura

10).

Figura 10- Processo de pesagem dos resíduos

Fonte: autor próprio, 2019

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Prensa e Fardo

Os big bags pesados são encaminhados para prensagem para serem

transformados em fardos de recicláveis. Os resíduos de vidro e papel são

encaminhados para uma trituradora para assim, diminuir o seu volume e facilitar seu

armazenamento (Figura 11).

Figura 11- Processo de fardagem e prensagem

Fonte: autor próprio, 2019

Estoque

Depois de prensados e enfardados os resíduos ficam estocados aguardando

as negociações de venda dos materiais (Figura 12). A quantidade de materiais no

estoque aumenta no final do ano, pois muitas empresas compradoras entram de

férias e só voltam a comprar no começo do ano.

Figura 12- Estoque dos materiais prontos para negociação das vendas.

Fonte: autor próprio, 2019

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4.4 Perfil dos cooperados

A cooperativa conta com cerca de 80 catadores cooperados, sendo quase 90%

mulheres. Os homens trabalham normalmente no transporte e no manuseio dos

maquinários. A faixa etária dos cooperados está entre (18 a 50) anos, que trabalham

de segunda-feira a sexta-feira das 8 h às 17 h, com 1 h de almoço, podendo fazer

uma pausa de 10 min no turno da manhã e da tarde.

A renda mensal dos cooperados é de R$ 1200,00 a 1300,00, não possuem

carteira assinada, mas possuem uma série de benefícios, como férias, INSS, folga

de aniversário, dinheiro extra de aniversário, cesta de natal, licença maternidade e

doações de presentes de natal para os filhos dos cooperados.

4.5 Dados coletados

As entrevistas foram aplicadas nos dias 07/05/2019 e 08/05/2019 no galpão de

triagem da cooperativa. Ao todo foram entrevistados 33 cooperados, sendo 28

mulheres e 5 homens.

Verificou-se que 42% dos entrevistados possuem cônjuge ou filhos maiores

trabalhando diretamente na coleta ou na central de recicláveis. E entre os

cooperados que trabalham na cooperativa 76% ajudam a família e possuem

parentes que dependem da sua renda mensal.

Quanto ao tempo em que os cooperados trabalham na cooperativa, têm-se a

seguinte distribuição no Gráfico 1 a seguir:

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Gráfico 1- Tempo de trabalho na cooperativa

Fonte: autor próprio

Os 31% dos cooperados que trabalham mais de 10 anos na cooperativa

trabalharam no lixão e acompanhou o processo da fundação da cooperativa, 27%

são novos e exercem essa profissão a menos de 1 ano.

Apenas dois entrevistados informaram que realizam outras atividades extras

remuneradas, um informou que realiza estágio em um hospital e outro afirmou que

faz artesanato e doces para vender.

Do total de pesquisados, 34% são ex-catadores do lixão e ajudaram na criação

da cooperativa, 30% estavam desempregados, 9% informaram que a cooperativa foi

o primeiro emprego deles e 27% já exerceram outras profissões, como doméstica,

cuidadora de idosos e crianças, auxiliar de telemarketing, cozinheira, auxiliar em

lava-rápido, frentista, auxiliar de gráfica. Como mostrado no Gráfico 2 abaixo:

31%

21% 21%

27%

mais de 10 anos

até 5 anos

entre 5 a 10 anos

menos de 1 ano

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Gráfico 2- Profissão antes de entrar na cooperativa

Fonte: autor próprio

Os motivos para a troca de profissão foram 58% devido a melhores benefícios e

salário, 25% informaram que ficaram desempregados e 17% alegaram que

precisava do emprego para sustentar os filhos, conforme Gráfico 3.

Gráfico 3- Motivo da mudança de profissão

Fonte: autor próprio

34%

30%

9%

27%

Ex catador

Desempregado

Primeiro emprego

Outro

17%

58%

25% Sustentar filho

Benefícios e saláriomelhor

Desempregado

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Foi identificado que a maioria dos cooperados mora somente com o seu filho, e

que 30% dos entrevistados possuem mais de 4 dependentes do seu salário mensal.

No Gráfico 4 abaixo, tem-se a composição familiar dos cooperados.

Gráfico 4- Composição familiar

Fonte: autor próprio

Quanto à quantidade de pessoas que trabalham na família, 50% informaram que

só eles que trazem renda para a família, e 29% informaram que mais de uma de

uma pessoa trabalha na família, mas dessa porcentagem, oito cooperados

responderam que além deles, o conjugue ou filho também trabalha na cooperativa.

Verificou-se então, que 79% sobrevivem de até 2 salários mínimos e que a renda

familiar é garantida por até 2 pessoas.

43%

27%

30%

Até 2 pessoas

De 2 a 4 pessoas

Mais de 4 pessoas

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Gráfico 5- Número de pessoas que trabalham na família

Fonte: autor próprio

Os cooperados também foram questionados sobre a importância do trabalho

deles para o meio ambiente e 100% dos entrevistados concordam que seu trabalho

é muito importante para a preservação ambiental, pois segundo eles, seu trabalho

contribui com a limpeza da cidade, do estado e cuida da natureza para as próximas

gerações.

4.6 Ações socioambientais

A destinação de recicláveis à cooperativa gera uma cadeia de benefícios e

muitas vidas são impactadas positivamente. Verificou-se que pelo menos 170

pessoas dependem da fonte de renda gerada pelo trabalhador de reciclagem: 80

cooperados são beneficiados diretamente com os salários mensais e mais de 90

pessoas são beneficiadas indiretamente, que são sustentadas pelo salário dos

cooperados.

Outro impacto importante é que a cooperativa traz a inclusão social de um

segmento carente da população, promovendo geração de emprego para pessoas

que não tiveram condições de realizar estudos, ou pessoas que estão se inserindo

novamente na sociedade, como os ex-presidiários.

50%

29%

21%

1 pessoa

2 pessoas

3 pessoas ou mais

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No ano de 2018, a cooperativa recebeu mais de 4. 800 toneladas de resíduos,

em que 75% desses resíduos foram encaminhados para reciclagem, voltando para a

cadeia produtiva e evitando a destinação incorreta dos materiais.

Gráfico 6- Quantidade de resíduos recicláveis e rejeitos coletados em 2018

Fonte: autor próprio

A partir de dados coletados, foi analisado que no ano de 2018 foram

coletados os seguintes materiais recicláveis (Tabela 2):

Tabela 2- Materiais recolhidos e sua quantidade em 2018

Material reciclável Quantidade em toneladas

PAPEL E PAPELÃO 1.944

PLÁSTICO EM GERAL 888

VIDRO 576

METAL 192 Fonte: autor próprio

Com os dados da Tabela 1 e da Tabela 2, foi possível calcular a quantidade

de recursos naturais que foram poupados em 1 ano (Tabela 3):

75%

25%

Recicláveis

Rejeito

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Tabela 3- Redução do uso de recursos naturais

METAL VIDRO

Quantidade de minério e

bauxita poupada: 960 t

Quantidade de

minério poupado: 576 t

PAPEL E PAPELÃO PLÁSTICO

Quantidade de árvores

poupadas:

42.768

árvores Quantidade de

petróleo poupado: 8,88 t

Quantidade de água

economizada:

15.552 mil L

de água

Fonte: autor próprio

Foi possível identificar que a cooperativa gera valores relevantes para a

preservação ambiental, diminuindo 10% dos resíduos encaminhados para o aterro

sanitário diariamente e evitando a exploração de matérias primas da natureza.

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5. CONCLUSÃO

Por meio do estudo de caso, foram identificadas ações sociais e ambientais

positivas geradas por uma cooperativa de reciclagem e foi possível compreender a

importância de fortalecer o relacionamento da sociedade com as comunidades de

entorno dessas operações. Em 2018, a coleta seletiva em Santana de Parnaíba

beneficiou diretamente e indiretamente na renda de mais de 170 pessoas e impediu

que 3.600 toneladas de resíduos fossem descartadas em aterros, lixões, na rua ou

no rio.

A cooperativa promoveu a inclusão social e o desenvolvimento socioeconômico

dos catadores e cooperados por meio da cadeia de reciclagem nacional, gerando

emprego para mais de 13 pessoas em condições precárias em 2018. Contribuiu

para que os catadores se sentissem integrados a um trabalho e a receber um salário

a fim de manter o sustento de sua família.

A cooperativa se envolveu em movimentos organizativos da categoria, participou

de eventos em outros estados do Brasil e até internacionalmente, na África do Sul,

para discutir e compartilhar experiências sobre a importância da coleta seletiva.

Essas participações elevaram a autoestima dos cooperados, que começaram a

entender o papel importante que desempenham na preservação do meio ambiente,

descobrindo-se como cidadão de fato e por direito.

Diante do que foi estudado, percebe-se que o processo de reciclagem nas

cooperativas possibilitada a (re)inserção social e financeira dos cooperados,

resgatando valores como solidariedade, igualitarismo, democracia e cooperação.

Embora ainda ocorra preconceito pelos serviços de coleta de resíduos por uma

parte da população, os cooperados possuem um papel importante na preservação

do meio ambiente e saúde humana, e com as novas leis ambientais como a

proibição do uso de plástico descartável, obrigação da logística reversa de

embalagens e os objetivos de desenvolvimento sustentável as pessoas estão

começando a se sensibilizar mais pelo tema. Grandes empresas já aderiram a ações

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de doações de recicláveis e fizeram parcerias com diversas cooperativas localizadas

em todo país, como a Coca-cola, Ambev, Braskem, Natura e Nestlé.

O trabalho da cooperativa, além de gerar uma economia e promover emprego à

sociedade, preserva também o meio ambiente, poupando a extração desenfreada

dos recursos naturais para a fabricação de novos produtos no mercado. Isso reduz a

poluição do solo, da água e do ar, e colabora com os problemas decorrentes de

esgotamento dos espaços para aterro sanitário que acontece frequentemente no

Brasil.

A reciclagem não é apenas uma das melhores soluções dos problemas atuais

causados pelos resíduos, ela também move uma cadeia social gigante de benefícios

e de pessoas beneficiadas.

Através desse estudo e das entrevistas realizadas, relatos reais de cooperados

que sobrevivem e mantem sua família apenas com a renda mensal da cooperativa

foram apresentados. Além de apreciar um pouco do mundo por trás da reciclagem,

foi possível compreender quanto o impacto que pequenas ações, como a separação

de resíduos, podem causar na vida de muitas pessoas.

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APÊNDICE 01

FORMULÁRIO DADOS - COOPERATIVA

GERAL

Unidade:

Endereço:

CEP: Telefone:

Diretor(a):

Resposável pela cooperativa

Nome: Cargo:

Bairros atendidos:

COOPERADOS

Quantidade cooperados: Faixa etária:

Carga Horária: Renumeração:

Seleção:

RECICLÁVEIS

Quantidade total que recebem (t/ano):

Papel:

Papelão:

Vidro:

Metal/alumínio:

Rejeito: Outros:

PARCEIROS

Empresas parceiras de doação:

FUNCIONAMENTO PROCESSO

BOAS PRÁTICAS IDENTIFICADAS

OPORTUNIDADE DE MELHORIAS

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APÊNDICE 02