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0 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA MAURÍCIO PIEROZZI ANÁLISE DOS MODOS DE CONTROLE PARA UM PROCESSO DE TERCEIRA ORDEM Lorena 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

MAURÍCIO PIEROZZI

ANÁLISE DOS MODOS DE CONTROLE PARA UM PROCESSO

DE TERCEIRA ORDEM

Lorena

2015

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MAURÍCIO PIEROZZI

ANÁLISE DOS MODOS DE CONTROLE PARA UM PROCESSO

DE TERCEIRA ORDEM

Monografia apresentada à Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo como requisito para obtenção do

título de Engenheiro Industrial Químico.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Queiroz

Lorena

2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Pierozzi, Maurício Análise dos modos de controle para um processo deterceira ordem / Maurício Pierozzi; orientador LuizCarlos de Queiroz. - Lorena, 2015. 45 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaIndustrial Química - Escola de Engenharia de Lorenada Universidade de São Paulo. 2015Orientador: Luiz Carlos de Queiroz

1. Controle de processos. 2. Realimentação. 3.Pid. 4. Modelagem. 5. Simulação. I. Título. II. deQueiroz, Luiz Carlos, orient.

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Aos meus amados pais, Wilson e Marisa,

irmãs, Mayara e Monise e namorada Chariél

por todo carinho, dedicação e apoio para que

mais essa conquista fosse alcançada.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Wilson e Marisa, por acreditarem e investirem em mim. Mãe, seu carinho

e dedicação foram que deram a esperança para seguir acreditando em meu sonho. Pai, sua

segurança e confiança foram minha proteção durante essa caminhada. Agradeço por

serem tudo em minha vida.

Às minhas irmãs, Mayara e Monise por todo incentivo, paciência e proximidade nos

principais momentos compartilhados em família.

À minha amada Chariél, por todo amor, apoio, coragem e companheirismo vividos nesses

11 anos de muitas alegrias e superações. Obrigado meu amor por toda paciência e carinho.

Valeu a pena toda distância, todo sofrimento e todas as superações. Valeu a pena esperar.

Hoje estamos colhendo o fruto da nossa vitória.

Ao meu grande amigo e irmão José Felipe de Oliveira por uma amizade tão verdadeira e

sincera, formada em Lorena e compartilhada na Europa. “Fe”, nossa parceria será eterna

meu irmão.

Aos amigos Arthur Scarparo e Otavio Danelussi por toda amizade e momentos

compartilhados durante a faculdade. Obrigado de coração pela recepção em suas casas.

Aos amigos Leonardo de Faria, Leandro de Paula, Felipe da Costa, Edson Igarashi e dona

Zilda por todo aprendizado e convivência durante os anos da república.

A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram com minha formação. Muito

obrigado por compartilhar momentos ímpares vividos durante essa etapa da minha vida.

Ao Professor Luiz Carlos de Queiroz pela orientação e ajuda na realização dessa

monografia.

Aos funcionários e Professores da Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP) por todo

aprendizado e conhecimentos durante o percurso da minha formação.

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito.

Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”.

Marthin Luther King

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RESUMO

PIEROZZI, M. ANÁLISE DOS MODOS DE CONTROLE PARA UM

PROCESSO DE TERCEIRA ORDEM. 2015. 45p. Monografia de conclusão

do curso de Engenharia Industrial Química – Escola de Engenharia de Lorena,

Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

Os controladores PID são amplamente usados no controle de processos industriais. Ainda

assim, grande parte dos controladores presentes nas indústrias são mal sintonizados. Este

trabalho descreveu um procedimento para sintonizar controladores PID (Proporcional-

Integral-Derivativo) em um processo em malha fechada. A ideia principal foi utilizar o

método de Ziegler e Nichols para estimar os parâmetros do controlador. O objetivo foi

avaliar o comportamento de um sistema de terceira ordem, por meio de uma ferramenta

do software de simulação de processos, Matlab/Simulink. Primeiramente, determinou-se

a função de transferência da malha fechada do problema proposto. Após esta etapa, foi

aplicado o segundo método de Ziegler-Nichols para encontrar o ponto crítico (ganho

crítico e período crítico) do processo, afim de sintonizar os parâmetros proporcional,

integral e derivativo do controlador PID apresentado. Dessa forma, no estudo proposto os

valores do ponto crítico foram: ganho crítico igual a 8 e período crítico igual a 3,63. A

partir desses valores e usando a tabela do método de Ziegler-Nichols, foi possível

determinar os valores dos parâmetros (proporcional, integral e derivativo) do controlador

PID. Os sistemas foram então simulados e seus parâmetros sintonizados com auxílio da

ferramenta Simulink e da sequência de comandos denominada m-file, ambas pertencentes

ao software Matlab, versão 8.5. Os casos propostos foram simulados e os

comportamentos dinâmicos foram avaliados comparativamente. Dos resultados obtidos,

foi verificado que sintonizar controladores PID pode melhorar o comportamento do

sistema, alcançando a estabilidade em um tempo mais rápido e diminuindo a sobre

elevação da resposta.

Palavras-chave: Controle de processos, Realimentação, PID, Modelagem, Simulação.

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ABSTRACT

Pierozzi, M. ANALYSIS OF CONTROL MODES FOR A THIRD-ORDER

PROCESS. 2015. 45p. Monografia de conclusão do curso de Engenharia Industrial

Química – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

PID controllers are widely used in industrial process control. However, much of the

present controllers in industry are poorly tuned. This paper describes a procedure for

tuning PID controllers (Proportional-Integral-Derivative) process into a closed loop. The

main idea was to use the Ziegler and Nichols method for estimating controller parameters.

The objective was to evaluate the behavior of a third-order system by a software tool for

process simulation, Matlab / Simulink. First, it was determined the transfer function of

the closed loop of the proposed problem. After this step, it was applied the second Ziegler-

Nichols method to find the critical point (critical gain and the critical period) of the

process, in order to tune the proportional, integral and derivative parameters of the shown

PID controller. Thus, the study proposed the values of the critical point were critical gain

equal to 8 and critical period equal to 3.63. From these values and using the table of

Ziegler-Nichols method, it was possible to determine the parameter values (proportional,

integral and derivative) of the PID controller. Then the systems were simulated and their

parameters were tuned with the help of Simulink tool and the command sequence known

as m-file, both belonging to the Matlab software, version 8.5. The proposed cases were

simulated and the dynamic behaviors were comparatively evaluated. From the results, it

was found that tune PID controllers can improve system performance, increasing system

stability in a faster time and lowering the elevation of the output.

Keywords: Process control, Feedback, PID, Modeling, Simulation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Malha de controle.........................................................................................14

Figura 2 – Controlador Proporcional PID......................................................................15

Figura 3 – Controlador Proporcional..............................................................................16

Figura 4 – Controlador Proporcional-Integral.................................................................17

Figura 5 – Controlador PID (Proporcional-Integral-Derivativo).....................................18

Figura 6 - Resposta de um sistema de controle típico com os modos de controle.............20

Figura 7 - Plano complexo “s” e os critérios de estabilidade........................................22

Figura 8 – Curva de resposta em forma de S..................................................................23

Figura 9 – Oscilação mantida no período crítico............................................................25

Figura 10 – Processo Proposto..............................................................................................26

Figura 11 – Sinal da saída do processo em variável desvio...........................................27

Figura 12 – Modelo Estudado.........................................................................................28

Figura 13 – Programa da simulação para a resposta do degrau unitário........................30

Figura 14 – Sinal da resposta do modelo estudado........................................................31

Figura 15 – Respostas de saída para variações do ganho proporcional.........................33

Figura 16 – Respostas de saída para variações do parâmetro integral...........................34

Figura 17 – Respostas de saída para variações do parâmetro derivativo.......................35

Figura 18 – Melhor sinal de resposta (verde) comparada com Alves (azul)..................36

Figura 19 – Respostas ao degrau unitário.......................................................................38

Figura 20 - Acesso Matlab..............................................................................................42

Figura 21 – Biblioteca de Blocos do Simulink...............................................................43

Figura 22 – Editor do Simulink.......................................................................................44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Regras de Sintonia de Ziegler e Nichols (Primeiro Método)..........................24

Tabela 2 – Regras de sintonia de Ziegler e Nichols (Segundo Método)...........................25

Tabela 3 – Funções de alguns blocos encontrados no Simulink.......................................44

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................10

2 OBJETIVOS......................................................................................................12

2.1 Objetivo geral.....................................................................................................12

2.2 Objetivos específicos..........................................................................................12

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................13

3.1 Controle Automático de Processo....................................................................13

3.2 Controle regulador e servo...............................................................................13

3.3 Malha de Controle de Realimentação..............................................................14

3.4 Ações de controle................................................................................................15

3.4.1 Ação Proporcional.........................................................................................15

3.4.2 Ação Integral..................................................................................................16

3.4.3 Ação Derivativa.............................................................................................17

3.4.4 Ação Proporcional – Integral – Derivativa.....................................................18

3.5 Sintonia Clássica de Controladores PID..........................................................20

3.5.1 Estabilidade...................................................................................................21

3.5.2 Métodos de Ziegler e Nichols.........................................................................22

3.5.2.1 Método de resposta ao degrau.......................................................................23

3.5.2.2 Método de resposta em frequência.................................................................24

4 METODOLOGIA..............................................................................................26

4.1 Processo Proposto................................................................................................26

4.2 Sistema Computacional.......................................................................................27

4.3 Simulações...........................................................................................................28

4.3.1 Simulink.........................................................................................................28

4.3.2 M-file.............................................................................................................28

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................31

6 CONCLUSÕES..................................................................................................39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................40

APÊNDICE..............................................................................................................42

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1 INTRODUÇÃO

A utilização de sistemas de controles automáticos ocorre a muito tempo. O

primeiro trabalho significativo foi um regulador centrífugo para o controle de velocidade

de uma máquina a vapor, construído por James Watt no século XVIII. Desde então esses

tipos de controle vêm sendo utilizados cada vez de maneira mais eficiente e sofisticada

(OGATA, 2007).

Controlar sistemas e processos físicos tem sido uma necessidade desde tempos

remotos. A primeira forma de controle, conhecida como controle manual, esteve e ainda

está presente em muitos processos. Esse tipo de controle necessita da experiência e

habilidade humana em realizar alguma forma de operação. A crescente sofisticação

dessas atividades, impulsionou o interesse e a necessidade de automatizar determinados

processos a partir do desenvolvimento tecnológico e científico. Com o acelerado avanço

tecnológico nas diversas áreas do conhecimento humano, a automatização industrial tem

se tornado cada vez maior, proporcionando um grande ganho produtivo na qualidade e

quantidade, além dos preços atrativos (FERNANDES JUNIOR; LOPES; MAITELLI;

ARAUJO; OLIVEIRA, 2005).

Um processo automatizado e controlado é aquele em que o sistema atua de forma

a manter suas variáveis estáveis com o passar do tempo, mesmo que perturbações externas

tentem desviá-lo desta condição. A importância de um controle automático num processo

produtivo se baseia na capacidade de se produzir bens com maior qualidade e quantidade

em menos tempo e com menor custo. Atualmente, as diversas aplicações do controle

automático estão se difundindo no controle de viscosidade, pressão, temperatura,

umidade e ainda em diversas montagens mecânicas industriais, como no caso das

montadoras de automóveis que utilizam robôs para realizar a maioria das atividades

(BAYER; ARAÚJO, 2011).

Há diferentes formas de controladores industriais. Na prática, a mais corriqueira,

é o controlador PID, proporcional-integral-derivativo, e a ocorrência desses controladores

na indústria gira em torno de 95% (CARMO; GOMES, 2005). Os controladores PID são

muito utilizados em automação industrial, seu funcionamento é baseado no cálculo do

erro entre o valor medido na saída e o valor desejado no processo. Dessa forma, o

controlador tenta corrigir o erro que foi gerado na saída, ajustando sua entrada.

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Os requisitos na escolha de um controlador são baseados principalmente na

resposta em frequência do processo. As características mais importantes dessas respostas

estão relacionadas com à estabilidade do sistema com a margem de ganho e de fase do

mesmo.

A sintonização de controladores de realimentação é o procedimento de se ajustar

os parâmetros do controlador para se obter uma resposta especifica de uma malha fechada

e a dificuldade de sintonização aumenta de acordo com o número de parâmetros a serem

ajustados (SMITH; CORRIPIO, 2012).

As etapas da sintonia de controladores PID normalmente são compostas pela

identificação dos parâmetros seguida da aplicação de fórmulas baseadas nessas variáveis.

Uma forma muito usada na sintonia de controladores PID baseia-se na identificação de

um ponto de resposta em frequência do processo – ponto crítico. Este ponto apresenta

duas informações importantes: ganho e período críticos do processo, os quais são obtidos

no limite da estabilidade do sistema. Sabendo as informações desse ponto, aplica-se as

fórmulas de Ziegler-Nichols ou suas variações para realizar a sintonia dos controladores.

A sintonia automática de controladores de processos é uma demanda crescente

nas aplicações industriais, que busca a sincronização necessária do melhor

comportamento para a malha de controle. Em ambientes industriais, onde se encontra a

necessidade da máxima produtividade com menor custo existe uma grande dependência

da automatização de seus processos. Os processos automatizados dependem

principalmente dos seus controladores que precisam estar bem sintonizados para serem

produtivos. Trabalhar com controladores bem sintonizados, que apresentam autossintonia

e ferramentas capazes de acompanhar o processo ao longo do tempo é fundamental para

manter a alta produtividade, baixo custo e a qualidade do produto final. Por essa razão,

sintonizar controladores representa um papel muito importante no vasto campo da

engenharia que envolve controlar tanto processos relativamente simples quanto sistemas

de pilotagem de avião, mísseis guiados e veículos espaciais.

Neste trabalho será analisada a dinâmica de resposta de um processo em malha

fechada, com sintonia de controladores PID, segundo os métodos de Ziegler-Nichols. O

processo a ser considerado será de terceira ordem.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar o comportamento dinâmico de um processo de terceira ordem em malha

fechada, com sintonia PID segundo os métodos de Ziegler-Nichols.

2.2 Objetivos específicos

1. Determinar a função transferência do processo com a ajuda do software de

simulação Matlab/Simulink.

2. Aplicar os métodos de sintonia ao controlador PID.

3. Avaliar o comportamento dinâmico do processo controlado.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Controle Automático de Processo

Conforme Smith e Corripio (2012, p. 3), “O objetivo de um sistema de controle

automático de processo é ajustar a variável manipulada em seu ponto fixo, independente

de distúrbios”.

Segundo Ogata (2007, p.2), “Controlar significa medir o valor da variável

controlada do sistema e utilizar a variável manipulada para corrigir ou limitar os desvios

do valor medido a partir de um valor desejado”.

Para Castrucci, Bittar e Sales (2011, p.1), “Controlar uma grandeza ou variável

física significa alterar o seu valor de acordo com uma intenção. Nem sempre isso é

realizável perfeitamente, ou porque não se dispõe de energia suficiente ou porque há

perturbações muito importantes ou muito rápidas”.

O controle automático de processo é realizado por várias etapas. Inicialmente,

deve-se medir a variável controlada do processo. Essa medição é feita através de um

sensor. Geralmente este sensor é ligado a um transmissor, o qual leva a potência

desenvolvida do sensor e a converte em sinal forte o bastante para ser transmitido a um

controlador. Este então recebe o sinal, que está relacionado com a variável controlada e

o compara com o valor desejado. De acordo com os resultados comparados, o controlador

decide como fazer para manter a variável controlada em seu valor desejado. Após tomar

a decisão, o controlador envia um sinal para o elemento de controle final, o qual por sua

vez manipula o ajuste necessário.

3.2 Controle regulador e servo

Conforme Zuben (2010, p.14) descreve, “servomecanismo: surgiu no contexto

do desenvolvimento de certos mecanismos de controle de posição. O termo “problema

do servomecanismo” serve para designar o problema de fazer a saída do sistema

seguir (acompanhar, rastrear) uma referência especificada e variante no tempo”.

De acordo com Zuben (2010, p.14), “Controle regulador é empregado para

designar a função de controle que visa manter a saída do sistema próxima a uma referência

especificada e constante no tempo. O termo “problema da regulação” designa o problema

de regular a saída do sistema”.

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3.3 Malha de Controle de Realimentação

Malha de controle de realimentação é formada por um conjunto de componentes,

como controlador de realimentação e toda a instrumentação responsável por manter o

circuito em operação. Essa instrumentação é composta por medições, transduções,

transmissões e elementos atuadores. O funcionamento do controle de realimentação

ocorre da seguinte forma como mostrado na figura 1: um transmissor-sensor mede a

variável controlada e envia um sinal (B) proporcional a ela para o controlador, onde esse

sinal é comparado com o valor de referência (R). O controlador efetua o cálculo do sinal

de saída (U) ou variável manipulada, com base no erro (E) ou na diferença entre a medição

e o ponto fixo (R). O sinal de saída (U) do controlador é encaminhado para o elemento

atuador final que vai atuar de forma corretiva no processo (OGATA, 2007; SMITH;

CORRIPIO, 2012).

A figura 1 representa os elementos descritos nos blocos e suas funções de

transferência, já aqueles elementos antes de um bloco são o sinal de entrada daquele

bloco, enquanto que os apresentados após cada bloco são seu sinal de saída.

Figura 1 – Malha de controle.

Fonte: Autoria própria.

Onde: C – variável controlada; D – variável manipulada; M – variável de distúrbio; U – saída do controlador; E – sinal de erro; B – valor medido de C; R – valor de referência; GC - função de transferência do controlador; GE – função de transferência do elemento final de controle; GP – função de transferência do processo; Gm - função de transferência do sensor e do transmissor; GD – função de transferência do elemento D.

C GC GE

GP

GD

Gm

E R

M

U D + + +

-

B

Controlador Elemento final Processo

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3.4 Ações de controle

O controlador PID é formado por 3 ações de controle: proporcional, integral e

derivativa como mostrado na figura 2.

Figura 2 – Controlador PID.

Fonte: Site: http://www.monografias.com.

3.4.1 Ação Proporcional

O controlador mais simples que será abordado é o controlador proporcional. Este

tipo de controlador opera baseado na diferença entre o valor do ponto fixo e da variável

controlada, essa diferença é conhecida como erro, ou seja, o controlador decide tomar

uma ação corretiva proporcional ao erro detectado. Segundo Smith e Corripio (2006,

p.159) descrevem as equações 1 e 2 do controle proporcional: = − (1)

onde é o sinal de erro, é o valor do ponto fixo e é o valor da variável

controlada, e = � (2)

onde é o sinal de saída do controlador e � é o ganho proporcional do

controlador, normalmente adimensional.

Na equação 2, é possível verificar que a saída do controlador é proporcional ao

erro entre o ponto fixo e a variável controlada, essa relação proporcional é dada pelo

ganho do controlador � .

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O valor do quanto a saída do controlador se altera para uma dada variação no erro

é determinado pelo ganho do controlador. Quanto maior o valor de � , maior a variação

da saída do controlador para um dado erro, e dessa forma, o � estabelece a sensibilidade

do controlador a um erro. Para a maioria dos processos há um valor máximo de � e

acima desse valor o processo se torna instável.

A vantagem dos controladores proporcionais é a presença de apenas um parâmetro

de sintonia, � . Por outro lado, esses controladores apresentam uma considerável

desvantagem por operar com um erro residual. Um desvio de estado estacionário da

variável controlada a partir do ponto fixo pode ser entendido como erro residual ou erro

de estado estacionário da variável.

A figura 3 mostra um exemplo da malha de controle com controlador

proporcional.

Figura 3 – Controlador Proporcional P.

Fonte: Matas (2012, p. 22).

3.4.2 Ação Integral

A ação integral não pode ser considerada uma ação de controle se estiver isolada,

ela depende da ação proporcional. A principal importância da ação integral é a eliminação

ou redução do erro residual (CAMPOS; TEIXEIRA, 2006; OGATA, 2007; BURNS,

2001).

A lei de controle que define a relação de entrada e saída do controlador PI

(Proporcional Integral) é apresentada pela equação 3 no domínio do tempo. = � + � � ∫ (3)

Os parâmetros KC e Ti são respectivamente o ganho proporcional e o tempo

integral. Além deles, u(t) é a saída do controlador e e(t) é o erro. Nesse contexto pode ser

incluída a constante de integração �� = �� . A figura 4 representa a malha de controle

Proporcional – Integral.

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Figura 4 – Controlador Proporcional – Integral.

Fonte: Matas (2012, p. 24).

A ação integral pode induzir na diminuição do tempo de subida da resposta, no

aumento do tempo de acomodação, na eliminação do erro residual e no aumento do

sobressinal. A utilização excessiva desse termo pode levar o processo à instabilidade, bem

como sua pouca atuação pode retardar a estabilidade do sistema (DUARTE FILHO; et.

al, 2013).

O principal benefício do controle proporcional-integral é a exclusão do erro

residual. Por outro lado, esse tipo de controle apresenta uma tendência de gerar oscilações

na variável controlada, reduzindo dessa forma a estabilidade do sistema de controle. Para

controlar essas oscilações deve-se utilizar um controlador do tipo derivativo ou corrigir a

sintonia do controlador em uso (SEBORG; EDGAR; MELLICHAMP, 2003).

3.4.3 Ação Derivativa

O termo derivativo do controlador, assim como a ação integral, não pode ser

empregado separadamente da ação proporcional. Dessa maneira, a parcela derivativa,

representada pelo parâmetro Td, age proporcionalmente à derivada do erro que ocorre

entre o sinal de entrada e saída do sistema melhorando o desempenho do controlador. A

equação 4 representa essa ação (DORF; BISHOP, 2001). = (4)

Onde é o sinal de saída do controlador e Td é o tempo derivativo ou também

conhecido como tempo de proporção.

As mudanças em processos dinâmicos ocorrem de forma constante, e com essas

alterações, o controlador PID também pode sofrer variações em seu processo de atuação.

A ação derivativa tem a capacidade de melhorar a estabilidade do processo a controlar,

independente da perturbação sofrida por ele. Essa ação também tem a função de

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minimizar os efeitos oscilatórios causados pela ação integrativa e diminuir o tempo de

estabilização do processo a controlar (ÅSTRÖM; HÄGGLUND, 2006).

3.4.4 Ação Proporcional – Integral – Derivativa

Controladores de Realimentação PID, conhecidos como o “cérebro” da malha de

controle, são responsáveis por realizar a operação de decisão no sistema, ou melhor

manter os processos em seus pontos operacionais de forma mais eficiente e econômica.

Para efetuar essa operação, o controlador compara o sinal de processo C(s) que ele recebe

da variável controlada com o ponto fixo R(s). Após essa comparação, ele envia um sinal

ajustado U(s) para a válvula de controle, ou algum outro elemento de controle final, com

o objetivo de manter a variável controlada em seu valor de referência R(s) como mostrado

na figura 5.

Figura 5 – Controlador PID (Proporcional – Integral – Derivativo).

Fonte: Adaptado de Matas (2012, p. 20).

O controlador PID (Proporcional – Integral – Derivativo) representa a ação de

controle mais utilizada nas industrias por fornecer ótimas respostas e grande performance

em uma série de processos. A vantagem desse tipo de controlador está relacionada com

as combinações entre as ações de controle: proporcional, integral e derivativa. De forma

geral, um ganho proporcional elevado no ajuste do controlador tem como consequência

reduzir o tempo de subida da curva de resposta do sistema e diminuir o erro residual. A

ação integral tem como vantagem eliminar o erro residual e como desvantagem piorar a

resposta de transição do sistema, tornando-o mais oscilatório. O principal efeito do

controle derivativo está em melhorar a estabilidade do sistema, reduzindo o valor máximo

de sobre elevação da curva de resposta, diminuindo o tempo de estabilização e

melhorando sua resposta transitória (OGATA, 2007).

A equação 5 representa o controlador PID clássico, onde o ganho proporcional

também multiplica o termo integral e derivativo.

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= � . + � . � . ∫ . + � . . (5)

A equação 5 representa o modelo do controlador PID, onde é o sinal emitido

pelo controlador PID e é o sinal do erro entre o sinal de referência (entrada) e a

resposta do sistema (saída). Pode-se também observar na equação, que o sinal de controle

emitido é composto por três componentes: sendo o primeiro proporcional ao erro,

representado pelo ganho proporcional � , o segundo proporcional à integral do erro,

representado pelo ganho integrativo � e o terceiro proporcional à derivada do erro,

representado pelo ganho derivativo (BASILIO; MATOS, 2002).

A função de transferência, equação 6, de um controlador PID segue o mesmo

procedimento usado para os outros controladores já descritos, = � + � + (6)

Os três parâmetros que precisam ser ajustados (sintonizados) no controlador PID

para se ter um controle adequado são, � , � e . O modo de ação derivativo tem a

capacidade de prever para onde o processo está caminhando, ou seja, ele antecipa o

caminho do processo através do cálculo da derivada do erro sendo quantificado pelo

parâmetro de sintonização, (SMITH; CORRIPIO, 2012).

Os controladores P, PI e PD também podem ser obtidos a partir de um controlador

PID, bastando apenas alterar os parâmetros Ti (tempo integral) e/ou Td (tempo derivativo).

Deseja-se indicar agora a motivação prática para o uso de modos integrais e

derivativos de controle. A figura 6 mostra o comportamento de um sistema de controle

por realimentação típico quando o mesmo é sujeito a uma perturbação degrau. Observa-

se que o valor da variável controlada aumenta no tempo zero devido a uma perturbação.

Os resultados das respostas a essa perturbação estão em destaque na figura 6 e nas

seguintes condições: sem ação de controle, sob ação de controle proporcional (P), sob

controle proporcional-integral (PI) e sob controle proporcional-integral-derivativo (PID).

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Figura 6 - Resposta de um sistema de controle típico com os modos de controle.

Fonte: (Coughanowr; Koppel, 1978).

Nos dias de hoje, grande parte das malhas de controle industriais apresentam

tecnologia PID clássica, com as regras clássicas de sintonia de Ziegler e Nichols. Essas

regras são usadas até no presente, no controle dos parâmetros dos controladores

industriais e também serão utilizadas neste trabalho (GOODWIN; GRAEBE;

SALGADO, 2000).

3.5 Sintonia Clássica de Controladores PID

A sintonia de controladores pode ser definida como o procedimento de se ajustar

os parâmetros do controlador de realimentação para se obter uma resposta específica de

malha fechada. A dificuldade de sintonia aumenta com o número de parâmetros que

necessitam de ajustes. Um controlador simples, proporcional (P) ou integral (I), necessita

apenas de um ajuste, pois apresenta somente um parâmetro. Já o controlador

proporcional-integral (PI) apresenta uma dificuldade maior para ser ajustado devido a

presença de dois fatores, o ganho e o tempo de restauração. Por fim, o controlador

proporcional-integral-derivativo (PID) apresenta o maior grau de dificuldade para ser

ajustado, pois possuem três parâmetros, o ganho, o tempo de restauração e o tempo

derivativo (SMITH; CORRIPIO, 2012). A velocidade de resposta para os ajustes de

sintonização das malhas de realimentação pode levar muitos minutos ou até mesmo horas,

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tornando esse procedimento cansativo e demorado devido sua ocorrência ser realizada

por tentativa e erro, em alguns casos.

3.5.1 Estabilidade

A maioria dos processos industriais é estável em malha aberta, mas em malha

fechada para casos onde os ganhos do controlador são aumentados a certos valores, o

sistema pode entrar numa zona de oscilações, tornando-se instável (ALVES, 2013).

Pode-se estudar a estabilidade de um sistema de malha fechada no domínio de

Laplace, a partir do conhecimento dos parâmetros e das equações desse sistema (ALVES,

2013). Para explicar essa observação será utilizado um exemplo de Alves (2013, p.113)

de um sistema de terceira ordem representado pela equação 7: � = + (7)

A malha fechada do sistema segue a equação 8:

� = � �++ � �+ � (8)

Onde � é a variável controlada, � é o ganho proporcional e � é o valor de

referência.

Considera-se o controlador com ação proporcional, ou melhor, GC = K, e

introduzindo o ganho em malha fechada � = �� � na equação 9:

� = + + + + (9)

Para verificar a estabilidade, é necessário observar o local das raízes da equação

característica do denominador no plano complexo “s”. Essas raízes do denominador são

chamadas de pólos da função � .

Os critérios de estabilidade podem ser verificados no plano complexo “s”

mostrado pela figura 7. A estabilidade depende da posição das raízes da equação

característica, ou seja, se todas as raízes estiverem no semiplano esquerdo, o sistema é

estável, porém será instável se as raízes estiverem no semiplano direito.

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Figura 7 - Plano complexo “s” e os critérios de estabilidade.

Fonte: Alves (2013, p.114).

3.5.2 Métodos de Ziegler e Nichols

Existem dois métodos indicados como regras de Ziegler e Nichols, sendo o

primeiro baseado na resposta do sistema em malha aberta e o segundo em malha fechada.

As regras de sintonia propostas por Ziegler e Nichols (1942) para o controle PID

básico, determinam os valores dos parâmetros proporcional, integral e derivativo (KC, Ti,

Td) do controlador, com objetivo de garantir as especificações de desempenho e as

necessidades de cada aplicação, de maneira ágil e eficaz, baseado na resposta transitória

a controlar (OGATA, 2007).

Apesar desses métodos terem sido criados há mais de 60 anos, ainda estão

presentes em muitas indústrias na sintonia de controladores PID por apresentarem

resultados satisfatórios e eficazes na busca de parâmetros (BAHAVARNIA;

TAVAZOEI, 2013). Ao longo do tempo foram desenvolvidas muitas regras para sintonia

de controladores PID, porém ainda não conseguiram substituir as regras de Ziegler e

Nichols em termos de simplicidade e facilidade de uso para se conseguir bons ajustes dos

parâmetros do controlador (DEY; MUDI, 2009).

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3.5.2.1 Método de resposta ao degrau

No primeiro método de Ziegler e Nichols para ajuste de um controlador PID, em

malha aberta, obtém-se experimentalmente a resposta de uma planta ou processo à uma

entrada em degrau unitário como mostrado na figura 8. Pode-se obter as respostas através

de experimentos em ambientes de simulação, como Matlab®, ou em ambientes reais,

instalações de plantas. Se o processo não apresentar integradores, então a resposta ao

degrau unitário pode ter característica de um S como mostrado na figura 8. Caso o formato

da resposta seja diferente de S, supostamente a planta apresente integradores e este

método não será aplicado (ÅSTRÖM; HÄGGLUND, 2004).

Figura 8 – Curva de resposta em forma de S.

Fonte: (OGATA, 2002).

A resposta em formato em S representada na figura 8, pode ser caracterizada por

duas constantes quando uma reta tangente é traçada no ponto de inflexão da curva. No

cruzamento da tangente traçada com o eixo das abscissas, do tempo, obtém-se o atraso L

do sistema. Já na intersecção entre a reta tangente e a reta igual a K (paralela ao eixo das

abscissas), obtém-se T representada pela constante do tempo que o sistema leva para

estabilizar nas condições desejadas para o processo (VALÉRIO; COSTA, 2006).

A equação 10 representa a função de transferência de um sistema de primeira

ordem com retardo de transporte e apresenta semelhanças com as características

apresentadas pela curva de resposta na figura 8 (BAHAVARNIA; TAVAZOEI, 2013).

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� = + − (10)

A tabela 1 proposta por Ziegler e Nichols é usada para ajustar os valores dos

parâmetros (proporcional, integral e derivativo) dos controladores PID, PI (sem a parte

derivativa) e somente P (proporcional) dos sistemas que apresentam seus modelos

matemáticos aproximados da equação 10 (O’DWYER, 2009; RUIZ, 2005).

Tabela 1 – Regras de Sintonia de Ziegler e Nichols (Primeiro Método)

Tipo de controlador KC Ti Td

P T/L ∞ 0

PI 0,9 T/L L/0,3 0

PID 1,2 T/L 2L 0,5L

Fonte: Adaptado (RUIZ, 2005)

Quando os dados apresentados na tabela 1 para os parâmetros KC, Ti e Td são

substituídos na equação característica (equação 6) do controlador PID, obtém-se o modelo

do controlador sintonizado, conforme o primeiro método de Ziegler e Nichols (OGATA,

2007).

3.5.2.2 Método de resposta em frequência

O segundo método de Ziegler e Nichols é aplicado quando a curva de resposta do

sistema que está sob a ação de uma excitação em degrau unitário não apresenta formato

em S, ou seja, o processo apresenta integradores. Esse segundo método pode ser realizado

tanto em ambientes de simulações quanto em instalações físicas da planta, onde os

parâmetros integradores e derivativos são ajustados respectivamente de acordo com as

equações 11 e 12 (OGATA, 2002; ZIEGLER; NICHOLS, 1942). � = ∞ (11) = (12)

Introduzindo os valores, mostrados nas equações (11) e (12), de Ti e Td no

controlador em malha fechada, e dessa forma empregando somente a ação proporcional

(KC) com variação no valor do ganho proporcional de zero até um valor crítico K (KCR),

a resposta do controle de processo apresenta oscilações constantes e é caracterizada por

um período crítico (PCR), como destacado na figura 9 (OGATA, 2002).

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Figura 9 – Oscilação mantida no período crítico.

Fonte: (OGATA, 2002).

O segundo princípio de Ziegler e Nichols é obedecido se a resposta do sistema

apresentar oscilações constantes e dois valores precisos: o ganho crítico (KCR) e o período

crítico (PCR). Dessa forma, Ziegler e Nichols propuseram ajustar os valores de KC, Ti e Td

de acordo com a tabela 2 (OGATA, 2002).

Tabela 2 – Regras de sintonia de Ziegler e Nichols (Segundo Método)

Tipo de controlador KC Ti Td

P 0,5 KCR ∞ 0

PI 0,45 KCR 1/1,2 PCR 0

PID 0,6 KCR 0,5 PCR 0,125 PCR

Fonte: (OGATA, 2002)

O modelo do controlador sintonizado de acordo com o segundo método de

Ziegler e Nichols é obtido quando os valores indicados na tabela 2 substitui os

parâmetros KC, Ti e Td do controlador PID em sua equação característica (equação 5)

(OGATA, 2002).

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4 METODOLOGIA

4.1 Processo Proposto

O processo em estudo nessa monografia é baseado em Alves (2013, p.113) e

representado pela equação �� = + quando um controlador PID representado

pela função transferência � = � = � + � + , é sintonizado de acordo

com o método de resposta em frequência de Ziegler-Nichols. O processo a ser

considerado é de terceira ordem e representado pela figura 10.

Figura 10 – Processo Proposto.

Fonte: Adaptado de Matas (2012, p. 20). A equação global do sistema pode ser representada pela equação 13:

� = � = ��.��+ ��.�� = �( + ��+ ). �++ �( + ��+ ). �+ (13)

Onde: G(s) = equação global, GC = função de transferência do controlador PID e GP =

equação de processo. Os parâmetros proporcional, integral e derivativo são representados

por KC, Ti e Td.

Os parâmetros do controlador da simulação do processo em destaque foram

obtidos utilizando a tabela 2 e o conhecimento do ponto crítico, ganho crítico e período

crítico, demonstrados segundo o item 3.5.2.2 da revisão. Após serem determinados, o

ganho e o período crítico da função transferência, resultando em KCR = 8, PCR = 3,63.

Com a tabela 2, os parâmetros do controlador foram obtidos KC = 4,8, Ti = 1,81 e Td =

0,45 (ALVES, 2013, p.120).

Substituindo os valores dos parâmetros KC = 4,8, Ti = 1,81 e Td = 0,45 na equação

global (13) tem-se a equação global (14):

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� = � = , + , + , + + , + , + , (14)

Onde: G(s) = equação global

A sintonia de controle no estudo desse processo visa encontrar os melhores

parâmetros, proporcional, integral e derivativo, do controlador PID para obter uma

resposta comparativa com o gráfico representado pela figura 11.

O gráfico da figura 11 apresenta uma boa rejeição ao distúrbio da carga, e um

sobrepasso de 50% na variação do set point, considerado elevado para muitas aplicações.

O sobrepasso e as oscilações podem ser reduzidos através de ajustes dos parâmetros do

controlador PID que foram desenvolvidos ao longo desse estudo.

Figura 11 – Sinal de Saída do Processo em variável desvio.

Fonte: (ALVES, 2013).

4.2 Sistema Computacional

Para a simulação da dinâmica de resposta foi empregado o software

MATLAB/SIMULINK, versão 8.5, com o objetivo de comparar as características das

respostas diante da sintonia dos parâmetros dos controladores PID que serão propostos

no desenvolvimento do trabalho.

MATLAB/SIMULINK é um software de alta performance voltado para

o cálculo numérico. Ele tem capacidade de integrar análise numérica, cálculo

com matrizes e construção de gráficos em ambiente fácil de usar.

A simulação do processo foi realizada a partir do Simulink que utilizou uma

disposição lógica dos blocos que quando interligados a outros comandos retornaram a

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resposta gráfica do processo e o modo de utilização do software foi demonstrado no

apêndice.

Além do uso da ferramenta Simulink, também foram simuladas as respostas pelo

modo M-file, que são arquivos-texto que contém uma sequência de comandos do Matlab.

4.3 Simulações

4.3.1 Simulink

O modelo do processo proposto foi simulado com auxílio da ferramenta Simulink

do software Matlab.

De acordo com a modelagem proposta no item 4.1, o processo em estudo foi

simulado aplicando diversos ajustes nos parâmetros proporcional, integral e derivativo,

com a intenção de gerar respostas comparativas com o sinal de resposta da figura 11

proposta por Alves (2013, p. 113).

Com auxílio do Simulink, o sistema em estudo foi formado por um conjunto de

blocos organizado de acordo com o processo proposto e representado pela figura 12.

Figura 12 – Modelo Estudado.

Fonte: Autoria Própria.

4.3.2 M-file

Ao executar os comandos em sequência, m-file, do programa Matlab, possibilitou

obter a curva da resposta ao degrau unitário do sistema através dos ajustes dos parâmetros

proporcional, integral e derivativo.

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Para chegar nessas respostas, foi necessário substituir os valores dos parâmetros

do controlador PID na equação global do sistema representado pela equação (13): � = � = ��.��+ ��.�� = �( + ��+ ). �++ �( + ��+ ). �+ (13)

Da equação (13) e dos seguintes valores dos parâmetros nela substituídos foram

obtidas: primeira curva Kp = 4,8; Ti = 1.81; Td = 0,45, segunda curva Kp = 4,8; Ti = 2; Td

= 0,73 e terceira curva Kp = 4,8; Ti = 3,6; Td = 0,9 e os resultados das respostas ao degrau

unitário foram analisados.

A simulação dessa resposta foi realizada por uma sequência de comandos

inseridas na linha de comando do Matlab como demonstrado na figura 13.

Primeiramente, foi calculada a equação global de acordo com a substituição dos

parâmetros do controlador PID e deixou a equação na forma de fração polinomial, ou

seja, � � �� � como demonstrado abaixo.

O exemplo mostrado foi da primeira curva da resposta ao degrau. Substituindo os

parâmetros propostos por Alves (2013) Kp = 4,8; Ti = 1.81; Td = 0,45 na equação (13),

foi obtida a equação (14): � = , + , + ,+ + , + , + , (14)

Para realizar a simulação, foi necessário inserir os coeficientes do numerador e do

denominador, além da função “step”, os quais estão representados pela figura 13.

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Figura 13 – Programa de simulação para resposta ao degrau unitário.

Fonte: Autoria própria

Após inserir os comandos bastou clicar em enter para gerar o gráfico da resposta

ao degrau unitário.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O modelo representado pela figura 14 apresentou uma resposta de saída parecida

com o sinal de saída do processo descrito por Alves (2013) e mostrado na figura 11. Para

obter esse resultado comparativo, usou-se o método de resposta em frequência de Ziegler

e Nichols para o processo em estudo quando um controlador PID esteve presente na malha

de controle.

A partir do ponto crítico, ganho crítico KCR = 8 e período crítico TCR = 3,63, e da

tabela 2 foi possível encontrar os valores dos parâmetros proporcional, integral e

derivativo. Os valores determinados de Kp, Ti e Td foram respectivamente 4,8, 1,81 e 0,45.

Dessa forma, aplicando esses valores no controlador do modelo estudado foi obtido o

sinal de resposta, figura 14, da simulação da equação global G(s) (equação 14). Essa

resposta (figura 14) pode ser comparada com o sinal de saída proposto por Alves (2013)

e mostrado na figura 11.

Figura 14 – Sinal da resposta do modelo estudado.

Fonte: Autoria Própria.

Os sinais de respostas descritos por Alves (2013) e por essa monografia

apresentaram um perfil de saída bem próximos. Foi possível constatar uma sobre-

elevação na carga (processo) relacionada ao problema regulador (entre os tempos de 25

e 30 segundos). A pequena diferença observada foi em relação a sobre-elevação de

entrada, do set point, causada pelas diferenças de cálculos dos parâmetros em estudo do

problema servo. Por parte de Alves (2013), o parâmetro derivativo (Td) gerou um valor

igual a 0,47. Já pelos cálculos desenvolvidos nesse estudo foi obtido um valor de 0,45

para o mesmo parâmetro, influenciando em uma sobre elevação menor como observada

no sinal de saída entre os tempos 0 e 5 segundos.

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Os parâmetros foram variados da seguinte forma: primeiro caso, mantiveram-se

os parâmetros integral e derivativo constantes, e variou-se o parâmetro proporcional. Já

no segundo caso, o parâmetro integral foi variado enquanto os outros dois se mantiveram

constantes. No terceiro caso, o parâmetro variado foi o derivativo e o proporcional e

integral permaneceram constantes.

No primeiro caso, a constante proporcional KP foi variada acima e abaixo de 4,8

com objetivo de melhorar o sinal de resposta do processo em estudo quando comparado

ao sinal proposto por Alves (2013, p.113). A observação comparativa mostrou que em

ambas as mudanças do ganho proporcional, os sinais de respostas foram mais oscilatórios

e apresentaram um tempo maior de estabilização. Houve um maior sobressinal obtido

para a variação na carga (processo) quando o ganho proporcional foi diminuído (curva da

resposta em vermelho) em relação ao proposto por Alves (2013).

As respostas de saída para as variações do ganho proporcional estão mostradas na

figura 15 e foram identificadas da seguinte forma: para os parâmetros, Kp = 4,8; Ti = 1,81;

Td = 0,45, representados pela curva azul são aqueles propostos por Alves (2013). Já os

parâmetros, Kp = 6; Ti = 1,81; Td = 0,45, representados pela curva verde mostrou o

comportamento da variação do ganho proporcional acima do valor proposto por Alves.

Por fim os parâmetros, Kp = 2; Ti = 1,81; Td = 0,45, representados pela curva vermelha

mostrou o sinal de saída para variação do ganho proporcional abaixo do valor proposto

por Alves.

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Figura 15 – Respostas de saída para variações do ganho proporcional.

No segundo caso, o parâmetro variado foi a constante de tempo integral (Ti).

Dessa forma, a figura 16 apresentou os sinais de respostas de acordo com as curvas e seus

respectivos parâmetros: a resposta representada em azul foi proposta por Alves (2013) e

apresentou os seguintes valores para os parâmetros Kp = 4,8; Ti = 1,81; Td = 0,45. O sinal

de saída mostrado pela curva verde, apresentou uma variação do parâmetro integral acima

do valor proposto por Alves e seus valores foram: Kp = 4,8; Ti = 4 ; Td = 0,45. Os

parâmetros Kp = 4,8; Ti = 1,2; Td = 0,45 foram representados pela curva vermelha e houve

variação da parcela integrativa abaixo do valor proposto por Alves. Das respostas obtidas,

foi possível verificar que para um valor integrativo abaixo de 1,81 (curva vermelha), o

sistema apresentou um sinal de saída inferior ao proposto por Alves (2013), pois notou-

se um maior sobressinal para variação no set point, um maior tempo de estabilização e

um aumento oscilatório da resposta.

Por outro lado, para um valor integrativo acima de 1,81 (curva verde), o sistema

apresentou um comportamento mais controlado, devido à redução de 20 % de sobre

elevação de entrada (set point) e ao perfil menos oscilatório do sinal de resposta. O

sistema demorou um tempo maior para estabilizar a perturbação na carga (processo) como

verificado pela curva verde na figura 16.

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Figura 16 - Respostas de saída para variações do parâmetro integral.

Fonte: Autoria própria

No terceiro caso, as mudanças foram feitas nos parâmetros derivativos, ou seja,

mantiveram as partes proporcional e integral constantes e alteraram o valor derivativo

acima e abaixo do valor do estudo proposto por Alves (2013, p.113).

As respostas de saída do sistema foram representadas pela figura 17 e mostradas

pelos seguintes parâmetros: os valores de Kp = 4,8; Ti = 1,81; Td = 1,25 estão relacionados

ao sinal de saída proposto por Alves(2013) e representado pela curva azul da figura 17.

Já os parâmetros Kp = 4,8; Ti = 1,81; Td = 1,25, mostrou que o termo derivativo foi variado

acima do valor proposto por Alves e a resposta de saída está apresentada pela curva verde.

Quando a parcela derivativa foi variada abaixo do valor proposto por Alves, foi obtida a

resposta de saída representada pela curva vermelha dos parâmetros Kp = 4,8; Ti = 1,81;

Td = 0,2.

Desses sinais de saída na figura 17, observou-se um melhor comportamento do

sinal de resposta quando o parâmetro derivativo esteve acima daquele proposto pelo autor,

representado pela curva verde, a qual apresentou uma resposta menos oscilatória, um

tempo menor de estabilização e uma redução do sobressinal para variação no set point e

na carga, causadas pelas perturbações degrau unitária.

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Figura 17 - Respostas de saída para variações do parâmetro derivativo.

Fonte: Autoria própria.

Sintonizando os parâmetros nos seguintes valores: Kp = 4,8; Ti = 2; Td = 0,73 foi

obtida a melhor resposta, representada pela curva verde, das simulações no Simulink. A

figura 18 mostra um comparativo dos sinais de saída da melhor resposta (curva verde) e

da resposta proposta por Alves (2013, p.113) representada pela curva azul. Foi observado

que quando o sistema é sintonizado pelos parâmetros Kp = 4,8; Ti = 2; Td = 0,73, foi

encontrada uma resposta melhor ajustada (curva verde) quando comparada ao sinal de

saída proposto por Alves (2013) (curva azul).

Constatou-se que o melhor sinal de saída (curva verde) apresentou um tempo

menor de estabilização (próximo a 7,5 segundos), uma resposta menos oscilatória e uma

redução do sobressinal para a variação de entrada do set point (de 1,5 para 1,2) e da carga

(abaixo de 1,2) quando comparado ao proposto por Alves, mostrada pela figura 18.

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Figura 18 – Melhor sinal de resposta (verde) comparada com Alves (azul).

Fonte: Autoria Própria

Além dos resultados obtidos das simulações no Simulink, foram realizadas

algumas simulações das respostas ao degrau unitário em uma sequência de comandos do

software Matlab conhecida como m-file. Dessa forma, foram obtidas três respostas ao

degrau unitário com os diferentes valores dos parâmetros aplicados no controlador PID.

As resposta foram apresentadas pela figura 19.

Na primeira resposta apresentada pela curva azul na figura 19, os parâmetros

usados foram os mesmos propostos no estudo de Alves (2013) Kp = 4,8; Ti = 1.81; Td =

0,45, e foi observada uma resposta bem parecida com a demonstrada pelo Simulink. O

programa 1 representa a sequência de comandos para simulação dos parâmetros Kp = 4,8;

Ti = 1.81; Td = 0,45.

Programa 1:

num = [0 0 2.178 4.80249 2.6445];

den = [1 3 5.178 5.80249 2.6445];

step(num,den)

Na segunda resposta obtida pela curva verde da figura 19, foram testados os

parâmetros que apresentaram a melhor sintonia a partir do Simulink, representados por

Kp = 4,8; Ti = 2; Td = 0,73. Esses mesmos parâmetros foram simulados por m-file e foi

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verificado que o sinal de resposta para esses fatores apontou um aumento de sobressinal

para variação no set point quando comparado a melhor simulação conseguida a partir do

Simulink. O programa 2 representa a sequência de comandos para simulação dos

parâmetros Kp = 4,8; Ti = 2; Td = 0,73.

Programa 2:

num = [0 0 2.4 4.8 2.4];

den = [1 3 5.4 5.8 2.4];

step(num,den)

A melhor resposta encontrada para o degrau unitário da simulação m-file, foi

obtida pela curva vinho da figura 19, pois foi observado que dobrando os valores dos

parâmetros integral e derivativo propostos por Alves (2013) e mantendo constante o valor

do ganho proporcional, Kp = 4,8; Ti = 3,6; Td = 0,9, foi possível encontrar uma resposta

melhor sintonizada (curva vinho) em comparação a resposta de Alves(2013).

Dessa melhor resposta (curva vinho), observou-se uma importante redução do

sobressinal do set point e diminuição da oscilação do sinal de saída do sistema. Além

disso, o tempo de estabilização foi mais rápido quando comparado com as demais

respostas (curva azul e verde). O programa 3 representa a sequência de comandos para

simulação dos parâmetros Kp = 4,8; Ti = 3,6; Td = 0,9.

Programa 3:

num = [0 0 4.32 4.752 1.296];

den = [1 3 7.32 5.752 1.296];

step(num,den)

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Figura 19 – Respostas ao degrau unitário

Fonte: Autoria Própria

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6 CONCLUSÕES

Baseado no caso proposto por Alves (2013), pode-se concluir que a sintonia de

controladores PID de um sistema de terceira ordem em malha fechada é efetiva em alguns

casos, nos quais os ajustes dos parâmetros proporcional, integral e derivativo resultaram

em uma resposta mais rápida, menos oscilatória e com um sobressinal reduzido. No

entanto, foi notado que alguns valores inseridos no controlador apresentaram respostas

não tão eficientes para o controle do processo proposto. No estudo, o melhor

comportamento obtido do modelo simulado no Simulink apresentou os seguintes valores

dos parâmetros de controle Kp = 4,8; Ti = 2; Td = 0,73, observou-se uma resposta com um

tempo menor de estabilização (próximo a 7,5 segundos), uma resposta menos oscilatória

e uma redução do sobressinal para a variação no set point (de 1,5 para 1,2) e na carga

(abaixo de 1,2). A partir dessas constatações, verificou-se a importância do ajuste do

ganho integrativo e derivativo na sintonia de controle. O mesmo ocorre para a simulação

a partir do m-file do Matlab, foi verificado que duplicando os valores das parcelas

integrativa e derivativa do controlador PID, Kp = 4,8; Ti = 3,6; Td = 0,9 quando comparada

ao estudo proposto, obteve um melhor comportamento da resposta ao degrau unitário em

relação ao tempo de estabilização, oscilação e sobressinal. Dessa forma, sintonizar

controladores pode melhorar o comportamento e controle dos processos, garantindo uma

boa produtividade, baixo custo e qualidade do produto final.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE

Instruções sobre o uso do Simulink/Matlab versão 8.5.

Para acessar o Simulink, primeiro o Matlab versão 8.5 foi aberto, pois apesar de

ser uma aplicação específica, este não trabalha independente e utiliza suas ferramentas de

cálculo. Após ter aberto o software, clicou no ícone “Simulink library” na barra de

ferramentas do Matlab ou digitou-se “simulink” na linha de comando e logo em seguida

pressionou-se enter, como mostrado na figura 20 pelas setas vermelhas a seguir:

>> simulink <enter>

Figura 20 – Acesso Matlab

Fonte: Autoria própria.

Após essa etapa, a janela da biblioteca de blocos do Simulink foi aberta, como

mostrado na figura 21. Os diagramas de blocos foram criados clicando no ícone “Creat a

new model” destacado pela seta vermelha na barra de ferramentas do Simulink.

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Figura 21 – Biblioteca de Blocos do Simulink

Fonte: Autoria própria.

Os blocos foram arrastados da biblioteca para o editor do Simulink como

representado na figura 22.

Figura 22 – Editor do Simulink

Fonte: Autoria própria.

Os diagramas de blocos foram demonstrados no item 4.3, relativo à simulação do

processo em estudo. Alguns exemplos de blocos foram expostos pela tabela 3.

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Tabela 3 – Funções de alguns blocos encontrados no Simulink.

Símbolo Nome Diretório Função

Sum

Math Operations

Adiciona ou subtrai sinais de

entrada

Gain

Math Operations

Multiplica o sinal de entrada por uma

constante

Integrator

Continuous

Integra um sinal

Mux

Signal Routing

Combina vários sinais de entrada

em uma saída

Scope

Sinks

Exibe os sinais gerados durante a

simulação

Fonte: Matlab, versão 8.5.

Quando o modelo foi completo, os blocos foram configurados e os parâmetros

ajustados para efetuar a simulação do sistema. Para configurar esses parâmetros, bastou

clicar duas vezes em cada bloco a ser ajustado.

Depois da etapa de ajustes, o modelo estava pronto para ser simulado, para realizar

essa operação bastou clicar no ícone “Start Simulation” localizado na barra de tarefas do

modelo (Figura 22 – editor do Simulink).

Abrindo o bloco “Scope”, é possível acompanhar a resposta da simulação do

modelo em tempo real e armazenar os resultados da simulação, os quais podem ser

obtidos na área de trabalho do Matlab.

O ícone help do próprio software Matlab/Simulink disponibiliza um tutorial

completo das informações adicionais de cada bloco.