UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO€¦ · 4.1 Panorama geral dos acidentes ofídicos no Brasil ......
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica
PLANTAS MEDICINAIS ANTIOFÍDICAS: EM BUSCA DE NOVAS
POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS. PANORAMA E
PERSPECTIVAS.
Hudson Luiz Almeida Maia
Trabalho de Conclusão do Curso de
Farmácia-Bioquímica da Faculdade
de Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo.
Orientadora:
Profa Dra. Dominique C H Fischer
São Paulo
2019
SUMÁRIO
Lista de Abreviaturas ...................................................................................................... 2
RESUMO........................................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4
2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 5
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 5
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 6
4.1 Panorama geral dos acidentes ofídicos no Brasil ............................................ 6
4.2 Serpentes ............................................................................................................ 11
4.2.1 Serpentes do gênero Bothrops ............................................................... 11
4.2.2 Serpentes do gênero Crotalus .................................................................. 12
4.2.3 Serpentes do gênero Lachesis ................................................................ 13
4.2.4 Serpentes do gênero Micrurus ................................................................ 14
4.3 Venenos: Composição e mecanismo de ação ................................................. 15
4.3.1 Veneno das serpentes Bothrops ............................................................. 15
4.3.2 Veneno das serpentes Crotalus ............................................................... 16
4.3.3 Veneno das serpentes Lachesis .............................................................. 16
4.3.4 Veneno das serpentes Micrurus .............................................................. 17
4.4 Tratamento convencional dos acidentes ofídicos .......................................... 17
4.5 Plantas medicinais com ação antiofídica ......................................................... 20
4.5.1 Euphorbia hirta L. ..................................................................................... 21
4.5.2 Casearia sylvestris Sw. ............................................................................ 23
4.5.3 Schizolobium parahyba Vell. Blake ......................................................... 25
5 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 28
6 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 30
2
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
OMS
SUS
Organização Mundial de Saúde
Sistema Único de Saúde
3
RESUMO
MAIA, H.L.A. Plantas medicinais antiofídicas: em busca de novas possibilidades terapêuticas. Panorama e perspectivas. 2019. 34 f. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. Palavras-chave: Plantas medicinais antiofídicas, Serpentes, Acidentes ofídicos.
RESUMO INTRODUÇÃO: Os acidentes ofídicos são responsáveis por significativas taxas de mortalidade. A Medicina Tradicional lança mão das plantas medicinais, no seu tratamento. Tal conhecimento é transmitido de geração em geração. Pesquisas científicas têm sido realizadas para avaliação da sua real efetividade. OBJETIVOS: O trabalho visou traçar o perfil dos acidentes ofídicos, no Brasil, abordando os animais implicados, seus venenos, além de avaliar plantas medicinais de uso popular, com maior avanço no conhecimento científico, quanto ao potencial terapêutico. MATERIAIS E MÉTODOS: Realizou-se revisão bibliográfica a partir das bases científicas, como: SciFinder®, PubMed®, Academic Google®, entre outras. Foram considerados artigos publicados nos últimos 15 anos, em português e inglês. Estatísticas de ocorrência dos acidentes ofídicos e outros dados gerais foram obtidos de sites de Organizações de Saúde e outros Órgãos oficiais. RESULTADOS: As estatísticas de acidentes com serpentes, no Brasil, confirmaram-nos como problema sério de Saúde Pública, mas, é pouco considerado pelas autoridades em Saúde. Foram abordados os gêneros de serpentes mais implicadas, seus venenos, o tratamento convencional e as plantas medicinais sob o âmbito do uso popular e dos estudos científicos existentes. Selecionaram-se para a abordagem: Euphorbia hirta L. (“erva-andorinha”) (Euphorbiaceae), Casearia sylvestris Sw (“guaçatonga”) (Salicaceae), Schizolobium parahyba Vell. Blake (“guapuruvu”) (Leguminosae). CONCLUSÃO: As pesquisas encontradas na literatura científica, acerca das plantas estudadas, neste trabalho, confirmaram a ação antiofídica, oferecendo embasamento científico ao uso popular. Tanto as plantas medicinais, como os compostos ativos isolados, a partir delas, merecem estudos mais aprofundados e poderão trazer importante contribuição ao tratamento usual.
4
1 INTRODUÇÃO
Nos países tropicais, os acidentes ofídicos são responsáveis por significativas
taxas de mortalidade.
Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da
inoculação de toxinas através do aparelho inoculador, presas, das serpentes. No Brasil,
as serpentes peçonhentas importantes para a Saúde Pública são representadas por
quatro gêneros, Bothrops ("jararaca", "jararacuçu", "urutu", "caiçaca", "combóia"), além
do Crotalus ("cascavel"), Lachesis ("surucucu-pico-de-jaca") e Micrurus ("coral
verdadeira") (BRASIL, 2019).
O acidente ofídico ocorre quando a serpente inocula o conteúdo de suas
glândulas venenosas na vítima (BRASIL, 2019).
No ano de 2017, foram registrados 28.601 casos confirmados de acidentes
ofídicos, no Brasil. A região mais afetada foi a Norte, com 8.830 casos. No mesmo ano,
a incidência nacional foi de 13,8 casos de acidentes para cada 100.000 habitantes e o
número de óbitos chegou a 1547 (BRASIL, 2019).
Em 2017, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu as picadas de
serpentes, no grupo das doenças negligenciadas (CHIPPAUX, 2017).
As ocorrências afetam, principalmente, as pessoas que vivem ou trabalham em
áreas rurais onde, em geral, os Serviços de Saúde são insuficientes, com capacidade
limitada de cura e obtenção do antídoto.
O tempo é um elemento crítico, na evolução clínica destes acidentes, sendo o
fator mais importante no prognóstico. Pacientes tratados, em menos de três horas após
o acidente, apresentam melhor evolução clínica (BERTOLOZZI et al.,2015).
O tratamento usual é feito, geralmente, por soroterapia, que possui ação limitada
na neutralização da toxicidade dos venenos.
A Medicina Tradicional de diferentes populações, no mundo, dispõe de
tratamentos antiofídicos à base de plantas medicinais que é, geralmente, empírico e
transmitido de geração em geração, pelas famílias. A partir deste conhecimento,
espécies vegetais usadas na cura ou alívio da sintomatologia foram abordadas em
pesquisas científicas para averiguar seus efeitos (DE PAULA et al., 2010).
5
No presente trabalho foram abordadas espécies vegetais utilizadas, na medicina
popular, investigadas pela Ciência, de forma a conhecer sua origem botânica, sua ação
antiofídica, mecanismo de ação e os compostos responsáveis por ela. Em paralelo,
averiguou-se a dimensão do problema do ofidismo, buscando conhecer as estatísticas
referentes à epidemiologia dos acidentes, as principais serpentes envolvidas, bem
como seus venenos, efeitos, mecanismos de ação no organismo, além do tratamento
convencional e suas eventuais limitações.
Por fim, foi avaliado o potencial uso de algumas das espécies vegetais estudadas,
como forma de tratamento alternativo ou complementar ao convencional usado,
atualmente, nestes casos.
2 OBJETIVOS
O trabalho presente trabalho visou traçar o perfil dos acidentes com serpentes, no
Brasil, conhecer os animais e seus venenos, bem como avaliar algumas das plantas
antiofídicas de uso popular, que apresentam maior avanço no conhecimento científico,
averiguando o potencial de virem a ser indicadas na terapêutica.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados científicos foram obtidos, por meio de revisão bibliográfica realizada a
partir das bases científicas, como: SciFinder®, MedLine®, Lilacs®, PubMed®,Science
Direct®, Google Acadêmico®, Scielo®, entre outras, além de dados oficiais e /ou
estatísticos de sítios de Organizações de Saúde ou de outros Órgãos oficiais, bem
como trabalhos de cunho acadêmico.
A pesquisa foi efetuada com base nas seguintes palavras-chave, consideradas,
individualmente e de forma combinada: “acidentes ofídicos”, “soroterapia”, “tratamento”,
“serpentes”, “picadas de cobra”, ”plantas medicinais”, “plantas medicinais antiofídicas”,
“composição química”, “compostos antiofídicos”, compostos bioativos”, “mecanismo de
ação”, “toxinas ofídicas”, “medicina tradicional”, “estatística”, “epidemiologia”, “medicina
tradicional”.
Os artigos de interesse para o trabalho foram selecionados, a partir dos resumos
ou da leitura do texto, na íntegra, conforme o caso. Foram considerados artigos
6
redigidos, em português e inglês, e publicados nos últimos 15 anos, tendo sido
excluídos aqueles não enquadrados aos critérios anteriores e aqueles não
relacionados, diretamente, ao tema desenvolvido.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Panorama geral dos acidentes ofídicos no Brasil
Com base nas estatísticas oficiais encontradas, buscou-se traçar o panorama dos
acidentes com serpentes venenosas, no Brasil, nos últimos 15 anos. Embora os dados
disponíveis chegassem até o ano de 2017, pode-se ter uma ideia da frequência de
ocorrência dos acidentes registrados para obter um quadro geral a respeito.
Pretendeu-se saber se há predominância de regiões ou estados atingidos, a
evolução do quadro dos acidentes, a possível sazonalidade destes registros e,
posteriormente, investigar as serpentes mais envolvidas e o desfecho dos episódios,
entre outros aspectos.
Os dados bibliográficos confirmaram a seriedade dos casos de ofidismo, no
Brasil. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2019), a incidência de acidentes, em
2017, foi de 13,8 casos, por cem mil habitantes, considera-se um número razoável,
diante da população de mais de 200 milhões de habitantes, o que mostra a
necessidade do governo zelar pela Saúde Pública, igualmente, frente a este problema.
Com base nos dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2019) elaborou-se o
gráfico (Figura 1), a seguir, que mostra o número de acidentes, por região do Brasil, no
período de 2000 a 2017. De forma geral, constata-se que, o número de acidentes
registrados variou de acordo com a região do país.
7
Figura 1 - Casos de acidentes com serpentes venenosas, por região do
Brasil, no período de 2000 a 2017.
De 2000 a 2004, o maior número de casos registrados deu-se, na região Sudeste.
Desde 2005, até as últimas estatísticas disponíveis, em 2017, tal comportamento
passou a ser observado na região Norte. Os fatores responsáveis por esta alteração,
no quadro, não foram estabelecidos, na literatura, mas, muito provavelmente, estejam
relacionados a alterações ambientais.
Na região Norte, o número de acidentes relatados alcançou o mais alto nível, com
cerca de 10.000 casos, no período de 2005 a 2014, tendo decaído, a partir de 2015,
mas, ainda assim, permaneceu alto e superior às demais regiões (Figura 1).
A região Norte, bem como, a Nordeste e a Sudeste, permanecera, entre aquelas
com maiores números de registros, o que pode estar relacionado, possivelmente, ao
fato destas regiões abrigarem áreas de florestas e matas, favorecendo tais ocorrências
(PINHO, PEREIRA, 2001).
Em relação às regiões Sul e Centro-Oeste, as diferenças de registros foram
pequenas, mas, até 2006, prevaleceu o maior número de casos, na primeira. Em 2008
e 2009, tiveram o mesmo número de relatos e de 2010 a 2017, houve inversão do
quadro, com a prevalência de casos na região Centro-Oeste (Figura 1). Nestas, as
ocorrências permaneceram em níveis muito inferiores às demais áreas, com números
de casos, em torno de 2000 a 3000 casos, de 2001 a 2017. De 2010 a 2017, observa-
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se prevalência de ocorrência na região Centro-Oeste em relação à Sul, o que seria de
se esperar, em função das condições climáticas, em geral, mais quentes e, portanto,
favoráveis ao desenvolvimento das serpentes. No período anterior, entre 2001 e 2008,
tal perfil foi inverso, na maior parte dos anos, ou o mesmo, dependendo do ano. Em
2000, o número de acidentes, nestas regiões foi o mais baixo de todos, tendo chegado
a cerca de 1000, nestas duas regiões.
Não foram pesquisados os dados do clima destas regiões, no período
investigado, portanto, nada se pode inferir acerca da possível influência climática, na
alteração ou inversão dos quadros observados, assim como em relação ao
comportamento das serpentes, nos períodos mencionados, podendo estar relacionados
a alterações ambientais.
Deve-se levar em consideração, ainda, que nem todos os casos de acidentes com
serpentes são notificados, podendo, portanto, interferir nas estatísticas.
O aumento do número de ocorrências evidencia a necessidade de ser dada maior
atenção para o problema, por parte das autoridades em Saúde e das Políticas
Públicas, para que haja maior auxílio governamental, na resolução ou minimização das
consequências.
Entretanto, em 2017, os acidentes ofídicos foram considerados entre as “doenças
negligenciadas”, pela Organização das Nações Unidas (CHIPPAUX, 2017), indo na
contramão do desejado, tendo em vista a seriedade da situação das áreas mais
carentes e distantes do país, com recursos sanitários, e de Saúde Pública, deficitários.
É de suma importância que, os governantes mobilizem esforços na obtenção de
verbas para que, as vítimas recebam o tratamento devido, em tempo hábil, evitando
óbitos ou as sequelas desses acidentes.
Considerando os dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2019), na Figura 2,
foram dispostos dados acerca dos estados em que foi verificado maior número de
acidentes ofídicos, no país. As estatísticas mostraram que os mais afetados,
encontram-se, coincidentemente, nas regiões com maiores números de casos de
9
ofidismo (Figura 1) (Norte, Sudeste, Nordeste). Os estados foram: Pará (região Norte),
seguido de Minas Gerais (região Sudeste), Bahia (região Nordeste) e São Paulo
(região Sudeste).
.
Figura 2 - Estados com maior incidência de casos de acidentes ofídicos,
no período de 2000 a 2017, no Brasil
No tocante ao número de óbitos, decorrentes de picadas de serpentes, dados do
Ministério da Saúde (BRASIL, 2019) mostraram que, em geral, as regiões com maior
número de registros (Figura 3), no período de 2000 a 2017, foram a Norte e a
Nordeste, coincidindo com aquelas que apresentaram maior incidência de acidentes
registrados (Figura 1). Considerando a ocorrência de zonas mais carentes, nestas
regiões, provavelmente, a falta de antídotos, de medicamentos ou materiais médicos
adequados ao atendimento das vítimas e a dificuldade de acesso aos centos de saúde
devem ter contribuído para este desfecho.
10
.
Figura 3 - Incidência de óbitos, por região, em decorrência de
acidentes ofídicos, no período de 2000 a 2017, no Brasil
Em relação às espécies de serpentes peçonhentas responsáveis pelos acidentes
no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2019), as mais importantes, entre
as peçonhentas, pertencem aos gêneros Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus. No
ano de 2017, entre os casos notificados como relacionados a acidentes ofídicos, cerca
de 86 % estão relacionados às serpentes do gênero Bothrops; 11 % ao Crotalus; 2 %
ao Lachesis e 1 % ao gênero Micrurus.
Na avaliação do número de acidentes, por estado, em 2017, o estado do Pará
apresentou o maior número de notificações (4298) com Bothrops. Em Minas Gerais
houve maior número de notificações por acidentes com Crotalus (676). No Amazonas,
o maior número de acidentes notificados foi de Lachesis (207). Em Pernambuco foram
31 registros com Micrurus (BRASIL, 2019).
Tendo em vista os resultados encontrados, a revisão abrangeu os gêneros mais
relacionados aos acidentes ofídicos, no Brasil. Tais gêneros de serpentes foram
abordados nos itens seguintes, visando conhecer melhor suas características e
venenos.
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4.2 Serpentes
As serpentes pertencem à classe Reptilia, ordem Squamata e subordem
Serpentes (Ophidia) (PINCHEIRA-DONOSO et al.,2013). Com relação aos hábitos
alimentares, são exclusivamente carnívoras, alimentando-se de animais de pequeno ou
grande porte, dependendo da espécie (BELLINI et al., 2015).
Os animais abrangidos pelo tema deste trabalho são as serpentes
peçonhentas. Seu aparato venenífero é composto de glândula de veneno, que
produz e armazena o veneno, glândula acessória, ductos veneníferos, músculos
compressores e os dentes modificados, ou presas, responsáveis por inocular o
veneno, na vítima (SOUSA, 2014) (Figura 4).
Figura 4 - Serpente peçonhenta. Detalhe do aparelho inoculador de
veneno
As serpentes peçonhentas de maior importância, no Brasil, pertencem aos
gêneros Bothrops, Crotalus, Lachesis, Micrurus e foram abordadas, nos itens
seguintes quanto a suas características e venenos (BRASIL; 2019).
4.2.1 Serpentes do gênero Bothrops
O gênero Bothrops é um gênero de serpentes da família Viperidae. São
conhecidas, como: "jararacas", "jaracuçus" e "urutus", entre outras denominações
populares, cujos acidentes causam altas taxas de morbidade e mortalidade (FITA;
COSTA NETO; SCHIAVETTI, 2010).
Ocupam variedade de habitats, desde florestas de várzea, até florestas de
montanha semi-decíduas, savanas e formações abertas de montanha. Seu porte é
médio a grande e podem chegar a ter, até, 1,5 metros de comprimento. Possuem
http://segundoanobiologia.blogspot.com/2013/10/
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coloração variável, sendo mais comuns aquelas de cor verde, preto-e-brancas e
amarelas. Alimentam-se de pequenos anfíbios, como lagartos e rãs, pequenos
roedores e aves (SANTOS et al., 1995).
No Brasil, há cerca de 30 espécies, sendo endêmicas de cada região, por
exemplo a Bothrops jararacuçu é encontrada no cerrado, em florestas tropicais e
na região sudeste. A Bothrops jararaca é encontrada nas regiões sul e sudeste e a
Bothrops atrox é encontrada sobretudo na região norte (Figura 5) (PINHO;
PEREIRA, 2001).
Figura 5 - Bothrops atrox. Exemplar de serpente.
4.2.2 Serpentes do gênero Crotalus
O gênero Crotalus (Viperidae) apresenta uma única espécie representante,
no Brasil, a Crotalus durissus, com subespécies que variam de coloração (Figura
6) e de distribuição geográfica. São serpentes conhecidas por possuírem chocalho
característico na extremidade da cauda, sendo denominadas, popularmente,
como: "cascavéis" ou "bioquiras”. Encontra-se na maioria dos estados brasileiros,
exceto no Acre e no Espírito Santo. Adaptam-se aos mais diferentes habitats,
entretanto, ocorrem, geralmente, em áreas de floresta aberta, regiões de baixa
vegetação, rochas e, dificilmente, em florestas de maior densidade. Alimentam-se,
principalmente, de roedores e de pequenos mamíferos (HOYOS; ALMEIDA-
SANTOS, 2016).
PASSOS
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Figura 6 - Crotalus durissus terrificus. Exemplar de fêmea da espécie.
4.2.3 Serpentes do gênero Lachesis
Entre as principais espécies deste gênero, estão: Lachesis stenophrys, L.
melanocephala, L. muta muta (Figura 7) e L. muta rhombeata (Viperidae),
ocorrendo, somente, as duas últimas, no Brasil, sendo encontradas desde o norte
do Rio de Janeiro até a Paraíba.
São, popularmente, denominadas de: “surucucu”, “surucucu-pico-de-jaca”,
entre outras. Apresentam certa semelhança física com as serpentes do gênero
Crotalus, no que tange à troca de pele e à vibração da cauda, porém não emitem
o ruído característico de chocalho (PARDAL et al., 2007).
São consideradas as maiores serpentes venenosas de toda a América. Há
exemplares que possuem até 4,5 metros de comprimento, característica de
destaque para serpentes peçonhentas. Seu habitat são as florestas tropicais e
Atlânticas. Possuem hábitos noturnos, alimentando-se de pequenos mamíferos
Ocorrem desde o norte do Rio de Janeiro até a Paraíba. Por ser uma
serpente de hábitos noturnos, dificilmente causa acidentes em humanos e se
alimenta de pequenos mamíferos (LIMA; HADDAD JUNIOR, 2015).
R. D.SAGE
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Figura 7- Lachesis muta muta. Detalhe de exemplar.
4.2.4 Serpentes do gênero Micrurus
As serpentes deste gênero pertencem à família Elapidae. São,
popularmente, denominadas "cobras corais" (Figura 8) e não apresentam a
fosseta loreal. Alimentam-se, basicamente, de outras serpentes e de anfisbênios,
nome genérico dado aos répteis escamosos como, por exemplo, os animais da
família Amphisbaenidae, denominados de “cobra-cega”. Seu colorido é
característico, apresentando-se vermelho, preto e branco ou amarelo. Seu
tamanho varia de 0,80 a 1,60 metros (FREITAS, 2003).
O gênero apresenta ampla distribuição, no território brasileiro, sendo a
maioria das espécies ocorrentes, na Bacia Amazônica, em regiões de floresta
mais densa ou de mata aberta, além de haver espécies encontradas, na Mata
Atlântica e no cerrado, no sudeste e centro-oeste do país.
Jaime Culebras
15
Figura 8- Micrurus corallinus. Detalhe de exemplar da “cobra coral”.
4.3 Venenos: Composição e mecanismo de ação.
4.3.1 Veneno das serpentes Bothrops
O veneno das serpentes do gênero Bothrops apresenta, entre os seus
principais componentes: as fosfolipases A2, as metaloproteinases e as
sererinoproteases de venenos de serpentes, entre outros constituintes, que variam
de acordo com a espécie (SOUSA et al., 2013).
As fosfolipases A2 estão relacionadas aos problemas de coagulação,
miotoxicidade, formação de edemas no local da picada, inibição da agregação
plaquetária e hipertensão. As serinoproteases agem nos fatores de coagulação,
devido à semelhança com a trombina, interferindo na agregação plaquetária,
fibrinólise e coagulação.
As metaloproteases causam dano tecidual acompanhado de inflamação local
e sangramento (OLIVEIRA et al., 2016). Apresentam algumas diferenças, entre
elas, que podem estar relacionadas ao sítio catalítico, destacando-se as classes
P-III e P-I. A primeira leva aos danos no local da picada, provoca hemorragias,
ativa os fatores da cascata de coagulação e inibe a agregação plaquetária. A
Pedro Bernardo
16
classe P-I, igualmente, está envolvida em reações locais e na ativação de fatores
de coagulação e inibição de agregação plaquetária (SOUSA et al., 2013).
4.3.2 Veneno das serpentes Crotalus
As serpentes do gênero Crotalus apresentam grande especialização de seu
aparelho venenífero, possuindo sofisticado sistema de produção e
armazenamento das toxinas. A toxicidade deste veneno depende de fatores,
como: espécie, idade, alimentação e, inclusive, fatores externos, como o clima.
Os constituintes químicos do veneno são os seguintes: crotoxina, crotamina,
convulxina e girotoxina. A crotoxina possui duas subunidades, sendo a fosfolipase
A2 que possui, principalmente, ação neurotóxica e miotoxicidade e a crotapotina,
que inibe atividades enzimáticas, potencializando os efeitos da fosfolipase A2.
A crotamina que possui atividade mionecrótica e induz a paralisia
espasmódica, na musculatura esquelética, bem como, induz a agregação
plaquetária, com isquemia cerebral, podendo causar convulsões e levar à morte. A
girotoxina é neurotóxica e lesa o labirinto (CUNHA; MARTINS, 2012).
4.3.3 Veneno das serpentes Lachesis
O veneno das serpentes do gênero Lachesis possui efeitos clínicos
semelhantes ao Bothrops, apesar de ter compostos diferentes. Entre estes efeitos,
mencionam-se: hemorragias, inflamação local e ação coagulante.
Entre os principais componentes, deste veneno, encontram-se:
metaloproteinases, do "tipo-trombina" ou giroxina, enzima L-aminoácido oxidase,
enzimas do tipo cininogenase e enzimas do tipo lectina.
As metaloproteinases são responsáveis pelas ações hemorrágica e
proteolítica e induzem ao edema. Aquelas do "tipo-trombina" agem na coagulação
sanguínea.
As enzimas L-aminoácido oxidases conferem a coloração característica
amarelada do veneno. A cininogenase interfere na coagulação sanguínea e age,
também, na fibrinólise, na inflamação, possuindo, ainda, ação cardiovascular.
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A lectina, por sua vez, interfere na cascata de coagulação sanguínea
(FURTADO, 2007).
4.3.4 Veneno das serpentes Micrurus
O veneno das serpentes do gênero Micrurus, possui componentes que
diferem, consideravelmente, de uma espécie para a outra. São espécies de difícil
acesso e manutenção em cativeiro, por isto, não há muitos registros sobre seu
veneno, na literatura. Em estudo de 2017 de AIRD e colaboradores, com seis
espécies, a saber: Micrurus corallinus, M. lemniscatus carvalho, M. lemniscatus
lemniscatus, M. paraenses, M. spixii spixii e M. suriamensis, foram arrolados seus
constituintes comuns: a fosfolipase A2, as toxinas de três dedos, a fosfolipase B e
fatores de crescimento endotelial vascular.
Em geral, os efeitos gerais atribuídos ao veneno das serpentes do gênero
Micrurus são os neurotóxicos, miotóxicos, hemorrágicos e cardiovasculares, tendo
sido comprovadas as ações enzimáticas anticoagulantes, indutoras de edema,
miotóxicas e lipossômicas (AIRD et al., 2017).
4.4 Tratamento convencional dos acidentes ofídicos
O tratamento convencional dos acidentes com serpentes peçonhentas é
baseado na administração de soros antiofídicos. Estes são produzidos a partir dos
próprios venenos das serpentes, sendo injetados em cavalos para que possam
produzir os anticorpos necessários, que serão devidamente processados e
purificados para uso humano (Instituto Vital Brasil,2019). Além disto, são
custeados e distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para todo o Brasil,
sendo que, toda a ocorrência com animais peçonhentos, deve ser notificada às
autoridades de Saúde.
O custo de produção de soros é considerado alto, segundo MORAIS e
MASSALDI (2006), esse custo pode variar de US$ 2,4 a US$ 25 dólares para
cada dez mililitros de soro antiveneno. Dependendo das variáveis no
processamento, rendimento e purificação do produto, isto onera o SUS.
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Em geral, os soros são usados, em associação, devido à dificuldade de a
serpente ser identificada de forma precisa.
No caso dos acidentes, com serpentes do gênero Bothrops, o protocolo de
tratamento específico indica a administração rápida do soro antibotrópico e, na
sua falta, devem ser usadas associações, como: antibotrópico-crotálico ou
antibotrópico-laquético além do tratamento geral, para manter o paciente
hidratado, de analgésicos para a dor e antibiótico, caso exista indicativo de
infecção.
No tratamento específico dos acidentes, com serpentes do gênero Crotalus,
é indicado o uso do soro anticrotálico ou antibotrópico-crotálico e o tratamento
geral para a hidratação do paciente. Deve-se, também, induzir à diurese osmótica,
normalmente utiliza-se manitol 20 % e deve-se usar o bicarbonato para
alcalinização da urina, mantendo o pH acima de 6,5, pois a urina ácida
potencializa a precipitação da mioglobina no túbulo.
O tratamento específico para acidentes com o gênero Lachesis, é feito com o
soro antilaquético ou antibotrópico-laquético, juntamente, ao tratamento geral,
igualmente, com a hidratação, administração de analgésicos para a dor e, caso
exista evidência de infecção, antibióticos.
Os casos de acidente com Micrurus devem ser considerados como de alto
potencial de gravidade. Utiliza-se o soro específico antielapídico e o tratamento
geral é feito com manutenção da ventilação, nos quadros de insuficiência
respiratória e, naqueles mais graves, são administrados anticolinesterásicos
(BRASIL, 2001).
A administração dos soros não é desprovida de problemas, podendo ocorrer
diversas reações adversas como mostra a Tabela 1.
19
Tabela 1 - Efeitos adversos leves e graves causados pela soroterapia antiofídica utilizada nos acidentes com serpentes venenosas.
Soro Efeitos adversos
Referência Leves Graves
Antibotrópico Alergia, prurido, rubor cutâneo, urticária, tosse seca, rouquidão, náusea e vômito
crise de asma e choque anafilático
(SORO ANTIBOTRÓPICO, 2015)
Antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico
crise de asma e choque anafilático
(SORO ANTIBOTRÓPICO (PENTAVALENTE) E ANTICROTÁLICO , 2016)
Antibotrópico (pentavalente) e antilaquético
Reação muito comum: prurido,
rubor cutâneo, urticária, tosse seca, rouquidão, náuseas, vômito, cólicas abdominais, diarreia. Reação comum: febre baixa,
prurido ou urticária generalizados.
Reação Comum: artralgias,
linfadenopatia, edema periarticular e proteinúria. (SORO
ANTIBOTRÓPICO (PENTAVALENTE) E ANTILAQUÉTICO, 2016)
Anticrotálico
Reação muito comum: prurido,
urticária, rubor facial, angioedema, exantema morbiliforme, taquicardia, rinorreia, espirros, tosse, náuseas, cólica abdominal e diarreia; Reação comum: dor, edema, hiperemia e
equimose. Reação tardia: febrícula, urticária,
erupções cutâneas, possível comprometimento articular, geralmente, nas grandes articulações, edemas sem rubor, dor, dificuldade de movimentação, enfartamento linfoganglionar produzindo adenopatias de intensidade variável, resultando em gânglios palpáveis, móveis e dolorosos. Reações Raras: podem ocorrer
vasculite e nefrite. Reação incomum: pirogênica,
resultando em febre alta (até 39ºC), calafrios e sudorese.
Reações raras: palidez,
dispneia, edema de glote, insuficiência respiratória com hipoxemia, taquicardia intensa, bradicardia, hipotensão arterial que podem evoluir para choque em sí
(SORO ANTICROTÁLICO, 2015)
Antielapídico (bivalente)
Reação muito comum: coceira
pelo corpo, manchas avermelhadas na pele, vermelhidão no rosto, congestão nasal, respiração com assovio, tosse seca, náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia. Reação comum: febre baixa;
manchas ou erupções avermelhadas na pele com coceiras, inchaço com dores nas grandes articulações, ínguas. Reação incomum: febre alta (até
39ºC), calafrios e sudorese.
Reação rara: choque anafilático ou o edema de glote, inciando com formigamento nos lábios, palidez, falta de ar, respiração com assovio, pressão baixa e desmaios.
(SORO ANTIELAPÍDICO, 2016)
20
No tratamento usual, soros antiofídicos podem causar reações locais e
formação de edema. Este tipo de reação, quando não tratada, pode causar: dor,
limitação de movimentos e, até, sequelas, no membro afetado.
Em alguns pacientes, outros sintomas podem ocorrer, como: alergias
(Tabela 1) o que pode levar à parada do tratamento e, algumas vezes, até, a sua
interrupção total para poder tratar tais efeitos.
O alto custo de produção dos soros antiofídicos onera o Sistema Público de
Saúde (SUS). Apesar de serem distribuídos para todo o país, por meio do Sistema
Único de Saúde, nas regiões mais pobres, rurais e afastadas, ainda, persiste o
problema do deslocamento da vítima até os centros especializados, que tenham
ou possam solicitar o soro adequado ao tratamento da picada pela serpente, que
atingiu a vítima (FELIX-SILVA et al.,2017).
4.5 Plantas medicinais com ação antiofídica
Ao longo de séculos, as plantas medicinais vem tendo seu uso consagrado
por comunidades rurais, populares e indígenas, por meio do conhecimento
tradicional e, muitas vezes, por não terem acesso a outras formas terapêuticas
(UPASANI et al., 2017). Por meio delas, muitas enfermidades são tratadas.
A ciência tem se interessado, cada vez mais, por esta área de pesquisa, em
busca de novas alternativas terapêuticas e, sobretudo, da comprovação da
eficácia das espécies empregadas na Medicina Tradicional (LEONTI; CASU,
2013).
Particularmente, no que tange às plantas medicinais empregadas,
popularmente, para o tratamento de acidentes antiofídicos, a pesquisa
bibliográfica, referente aos últimos 15 anos, mostrou que há amplo número de
espécies utilizadas, tendo-se disposto dez, entre as mais mencionadas, na
literatura científica, no período, na Figura 9.
21
Figura 9 - Distribuição da frequência de menções das dez espécies vegetais
mais citadas, na literatura científica, nos últimos 15 anos,
empregadas no tratamento de picadas de serpentes peçonhentas.
Considerando o resultado da revisão bibliográfica realizada, constatou-se
que, entre estas dez espécies, três foram as mais citadas, neste período (Figura
9), com relação ao uso no tratamento das picadas de serpentes peçonhentas,
citando-se: Euphorbia hirta L., Casearia sylvestris Sw. e Schizolobium parahyba
Vell. Blake., o que levou a selecioná-las para o presente trabalho, sendo tratadas,
a seguir.
4.5.1 Euphorbia hirta L.
A espécie Euphorbia hirta L. (Euphorbiaceae), cuja sinonímia é
Chamaesyce hirta (L.) Millsp. (THE PLANT, 2019) é conhecida, popularmente,
como “erva-andorinha”, “erva-de-santa-Luzia”, “folha-de-leite”. É planta herbácea
anual, podendo alcançar, até, 50 cm de altura (KUMAR; MALHOTRA; KUMAR,
2010, PINTO et al., 2014). As folhas são verdes com intensa pigmentação
avermelhadas Apresenta inflorescências com aglomerado de flores chamado
22
ciátio, solitárias, variando de verdes a avermelhadas (SILVA; CORDEIRO;
CARUZO, 2014) características (Figura 10).
Figura 12 - Euphorbia hirta L. (Euphorbiaceae). A. Hábito herbáceo. B.
Detalhe das inflorescências e das folhas.
Em várias localidades, no mundo, a espécie é empregada, popularmente, no
tratamento de picadas de serpentes, sendo preparada na forma de decocto da
planta toda, incluindo as raízes (KUMAR; MALHOTRA; KUMAR, 2010).
Em testes com camundongos, o seu extrato metanólico levou à inibição da
fosfolipase A2 e quase total (94 %) da ação hemolítica do veneno da serpente
Naja naja da família Elapidae. Tais atividades foram atribuídas, por GOPI e
colaboradores (2015), ao glicosídeo flavonoídico 3-O-ramnosídeo de quercetina
(Figura 13). Tais ações foram constatadas, à proporção de 1:20
(veneno/glicosídeo).
Figura 13 - Estrutura do 3-O-ramnosídeo de quercetina. Composto
ao qual foi atribuída a ação antiofídica de Euphorbia
hirta L. (Euphorbiaceae).
O flavonoide inibiu, igualmente, outras enzimas, como as serinoproteases e
as metaloproteases, com ação hemorrágica, comuns nos venenos de serpentes
da família Viperidae, além de ter levado à redução do edema. Constatou-se,
B A Ton Rulkens Ton Rulkens
23
igualmente, ter aumentado a sobrevida dos animais, apesar de não ter inibido,
totalmente, a letalidade do veneno.
4.5.2 Casearia sylvestris Sw.
A espécie Casearia sylvestris SW. (Salicaceae) (ex-Flacourtiaceae),
conhecida na cultura popular, como: “guaçatonga”, “erva-de-lagarto” ou “erva-de-
bugre”, entre outros, é encontrada, desde o México, até a Argentina e Uruguai. No
Brasil, existem registros de sua ocorrência, em praticamente todos os estados,
estando presente em diferentes biomas, na Amazônia, na Caatinga, no Cerrado,
na Mata Atlântica, etc.
É planta arbustiva ou arbórea, com folhas simples, flores pequenas e creme-
esbranquiçadas agrupadas em inflorescências denominadas glomérulos
(DARABAS; et al.; 2009) (Figura 14).
Figura 14 - Casearia sylvestris Sw. (Salicaceae). A. Hábito
arbustivo/arbóreo. B. Detalhe de folhas de ramo com
inflorescências.
Existem inúmeros relatos do seu uso popular, como: antisséptica,
cicatrizante, anestésica tópica, antiúlcera e antiofídica. O nome “erva-de-lagarto”
foi-lhe atribuído em função dos lagartos que, ao serem picados por serpentes,
ingerem as folhas desta planta (OLIVEIRA; et al., 2010).
B A Fernando Tatagiba
24
Os extratos aquosos das folhas apresentaram atividade inibitória sobre a
fosfolipase A2, prevenindo as lesões teciduais e o edema causados pela
inoculação do veneno da serpente (FERREIRA et al.,2011).
As ações da planta como a antimicrobiana, contra fungos, bactérias e outros
patógenos (ARAÚJO et al., 2015), responde pelo seu uso no tratamento de
ulcerações cutâneas e feridas, em geral, favorecendo, certamente, o tratamento
daquelas causadas pela picada de serpentes.
A constatação da atividade inibitória contra a fosfolipase A2 do extrato de C
sylvestris levou à inibição das ações miotóxicas, anticoagulantes e indutoras de
edema causadas pelo veneno de diversas espécies de Bothrops e também de
toxinas isoladas. Adicionalmente, os resultados indicaram ser capaz de neutralizar
a atividade hemorrágica (CARVALHO, et al. ,2013).
O estudo revelou, ainda que o extrato da espécie, promoveu certa proteção
contra o dano muscular induzido pelo veneno de algumas serpentes Bothrops,
além de ter impedido a ação no bloqueio neuromuscular, induzido pela fosfolipase
A2 (CARVALHO, et al., 2013).
Constatou-se, também, que a inibição das ações enzimáticas e miotóxicas,
reduziu o edema e aumentou o tempo de sobrevida, em experimentos in vivo.
A atividade inibitória dos venenos foi atribuída ao ácido elágico (Figura 15),
indicando que as hidroxilas nas posições 3 e 3’, aumentam a capacidade de
inibição dos efeitos tóxicos (DA SILVA; et al., 2008).
Figura 15 - Estrutura química do ácido elágico. Composto
ativo de Casearia sylvestris Sw.
25
As folhas de guaçatonga demonstraram atuar na reversão do bloqueio
neuromuscular e atuou na mionecrose induzida pela bothropstoxina-I, causados
pelo veneno da serpente Bothrops jararacuçu (CITRA-FRANCISCHINELLI; et al.;
2008).
CAVALCANTE et al. (2007) constataram, igualmente, a atividade de extratos
da planta sobre o bloqueio neuromuscular de fosfolipases A2 de toxinas de
serpentes do gênero Bothrops e, também, do Crotalus, em estudos com
camundongos, tendo neutralizado parte do dano muscular, inclusive da crotoxina.
Os autores concluíram que a espécie tem potencial para futura elaboração de
tratamento alternativo, no tratamento de acidentes ofídicos. Tal constatação
fundamenta o uso popular da espécie, que é usada, também, em picadas de
serpentes.
C. sylvestris possui registro no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia
Braseira, entretanto, com outra indicação de uso, como antidispéptico (BRASIL,
2011).
Outro fator positivo que corrobora com a utilização desta planta para fins
medicinais, é o fato de haver um estudo avaliando a toxicidade, mostrando ser
uma espécie segura, mesmo utilizada em tratamentos prolongados, tendo sido
sugerida sua inclusão entre as plantas oferecidas pelo SUS (AMENI e
colaboradores, 2015), por suas outras propriedades.
4.5.3 Schizolobium parahyba Vell. Blake
Schizolobium parahyba Vell. Blake (Leguminosae) (ex-Fabaceae) é espécie
medicinal, conhecida, popularmente, como: “guapuruvu”, “pau-de-vintém”,
“bacuruva”, “birosca”, “bandarra” e “faveira”.
É espécie é arbórea, podendo chegar à altura de 20 a 30 metros e o
diâmetro do tronco alcança, até, 80 cm. As folhas são compridas, compostas,
podendo chegar a 1 m e bipinadas e as flores amarelas são grandes, ocorrendo
em cachos (TOZZI et al., 2016) (Figura 16).
26
A espécie ocorre em biomas de florestas neotropicais e úmidas, como: a
Mata Atlântica e a Floresta Amazônia (MARGIS et al., 2011), sendo encontrada,
desde o sul da Bahia até Santa Catarina (MELLO et al., 2015).
Figura 16 - Schizolobium parahyba Vell. Blake (Leguminosae). A.
Hábito arbóreo. B. Detalhe de ramo florido.
O extrato aquoso de folhas, desta espécie, levou à inibição dos efeitos letais
e hemorrágicos, tendo mostrado ação anti-hemolítica indireta, frente ao veneno de
espécies Bothrops, na pesquisa realizada por PANFOLI e colaboradores (2010).
Efeito semelhante foi verificado, por MENDES et al. (2008), também, para o
extrato aquoso da planta, que inibiu a ação do venenos de serpentes Bothrops e,
igualmente, de Crotalus, em testes com camundongos. Os autores constataram a
inibição de enzimas indutoras das atividades coagulante, fibrinogenolítica,
hemorrágica e miotóxica causadas pelos venenos das serpentes, além da inibição
parcial do dano local aos tecidos, quando aplicaram o extrato, diretamente, no
local da picada.
Resultados semelhantes foram obtidos no estudo de VALE e colaboradores
(2008), ao testar o extrato aquoso de guaçatonga, frente ao veneno de serpentes
Bothrops. O extrato inibiu, totalmente, a letalidade, a coagulação e ação
hemorrágica. Mostrou, ainda, inibição parcial da hemólise, além de ter inibido a
atividade fibrinogenolítica, ambas de forma dose-dependente. Observaram que
houve precipitação de proteínas, sugerindo que taninos e outros compostos da
B
A Eugênio A. Melo
Harri Lorenzi
27
planta agiram em conjunto, possivelmente, respondendo pela inibição específica
da atividade fibrinogenolítica.
Em 2011, VALE e colaboradores isolaram quatro constituintes químicos
desta espécie. Destes, dois demonstraram causar inibição das atividades
hemorrágicas e fibrinogenolíticas dos venenos de espécies das serpentes
Bothrops. Os pesquisadores identificaram estes constituintes como sendo
galocatequina e o 3-O-glicosídeo de miricetina (Figura 17). Ambos mostraram
eficácia na neutralização dos referidos efeitos e a galocatequina, ainda, exibiu
efeito inibitório sobre a miotoxicidade das peçonhas. Este foi o primeiro relato do
efeito antiofídico, destes compostos, obtidos a partir da guaçatonga.
galocatequina 3-O-glicosídeo de miricetina
Figura 16 - Schizolobium parahyba Vell. Blake. - Estrutura química dos
constituintes ativos contra o veneno de Bothrops jararacussu
e B.neuwiedi, segundo estudos de VALE e colaboradores
(2001).
Em 2014, MARTINES e colaboradores, avaliaram o efeito da planta na lesão
renal aguda provocada pelo veneno de serpentes do gênero Bothrops em ratos
Wistar machos pesando entre 250 a 300 g. Os resultados mostraram que o extrato
aquoso não alterou o quadro de necrose tubular, portanto, não impediu o dano
renal.
Com relação à toxicidade desta planta, o estudo realizado com modelos, em
camundongos, apontou para a ocorrência de inflamação, com presença de
infiltrado inflamatório, linfocitário (MENDES et al., 2009). Entretanto, os autores
28
não verificaram outros danos, sugerindo que a toxicidade de S. parahyba seja
baixa, servindo de estímulo a estudos que avaliem a dose segura a ser
administrada em humanos.
Em resumo, as três espécies vegetais, usadas na Medicina popular e
abordadas, no trabalho, confirmaram ser de interesse. Euphorbia hirta L., a “erva
andorinha”, mostrou importante atividade, sendo atribuída ao flavonoide 3-O-
ramnosídeo de quercetina que, isolado, inibiu, totalmente, a fosfolipase A2 e
quase, totalmente (94 %), a ação hemolítica do veneno das serpentes Naja naja
(Elapidae), além de ter reduzido a ação hemorrágica e o edema.
O extrato aquoso da planta Casearia sylvestris Sw., a “guaçatonga”, levou à
redução do edema, inibiu a ação miotóxica e anticoagulante do veneno de
Bothrops, além de ter inibido a fosfolipase A2, no caso de venenos de Bothrops e
de Crotalus e neutralizou o bloqueio neuromuscular causado pelo veneno de
Crotalus. Além disto, pelo fato de não ter apresentado toxicidade considerável,
mesmo em tratamentos longos, confirma-se, igualmente, como planta promissora.
A ação fibrinogenolítica do extrato aquoso de Schizolobium parahyba Vell.
Blake, a “guapuruvu”, contra o veneno de espécies de Bothrops foi atribuído aos
compostos galocatequina e ao flavonoide 3-O-glicosídeo de miricetina. Além disto,
o extrato apresentou efeito inibitório sobre a miotoxicidade dos venenos.
Os estudos de toxicidade desta espécie necessitam ser complementados,
para estabelecer a dose segura, entretanto, ainda de forma incipiente, o extrato
aquoso da planta, mostrou-se pouco tóxico, ao menos em nível renal em
camundongos.
5 CONCLUSÕES
Os acidentes ofídicos, no Brasil, apresentaram números expressivos, que
confirmam ser um problema de Saúde Pública e deveriam receber maior cuidado
e atenção pelas autoridades de Saúde, de forma a evitar mortes, reduzir as
sequelas e melhorar a qualidade de vida das vítimas das serpentes peçonhentas.
29
A Medicina popular apresenta diversas plantas usadas nos acidentes
ofídicos. Estudos científicos poderão aprimorar o conhecimento tradicional e,
assim, oferecer, tratamento à base das plantas mais promissoras, sendo barato e
de fácil acesso à população mais atingida, que coincide, geralmente, com aquela
de estados de menor poder aquisitivo, na região Norte/Nordeste, principalmente,
onde há grande frequência de ocorrência de acidentes com serpentes
peçonhentas. O uso daquelas, com estudos mais avançados e completos, no
futuro, poderá ser disponibilizado pelo SUS, com esta finalidade.
Quatro gêneros de serpentes peçonhentas respondem pela maioria dos
acidentes, no país, sendo que o Bothrops, ao qual pertencem as espécies
conhecidas como “jararaca”, causou 86 % (20.218 casos) do total de acidentes
notificados, no ano de 2017.
A revisão bibliográfica mostrou escassez de trabalhos científicos sobre o
tema abordado. Na literatura científica, cerca de dez plantas medicinais foram as
mais citadas em estudos relativos aos acidentes ofídicos e, destas, três
apresentaram maior número de pesquisas realizadas (33 estudos), em sua maior
parte, em animais, sugerindo a continuidade dos estudos, em função dos
resultados promissores.
As espécies vegetais Euphorbia hirta L., Casearia sylvestris Sw. e
Schizolobium parahyba Vell. Blake, abordadas no trabalho, confirmaram a ação
antiofídica, dando fundamento ao uso popular.
30
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