UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM … · Ao Fausto Tozo, padrinho e amigo, por...

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ENFERMAGEM

    TALITA RAQUEL DOS SANTOS

    O uso de diagnsticos e intervenes de enfermagem na preveno e controle

    de infeces relacionadas assistncia sade

    SO PAULO

    2016

  • TALITA RAQUEL DOS SANTOS

    O uso de diagnsticos e intervenes de enfermagem na preveno e controle

    de infeces relacionadas assistncia sade

    Verso corrigida da Dissertao apresentada ao

    Programa de Ps-graduao em Enfermagem

    PPGE da Escola de Enfermagem da Universidade de

    So Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em

    Cincias.

    rea de concentrao: Cuidado em Sade

    Orientadora: Prof Dr Maria Clara Padoveze

    VERSO CORRIGIDA

    A verso original encontra-se disponvel na Biblioteca da Escola de Enfermagem da

    Universidade de So Paulo e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertaes da Universidade de

    So Paulo.

    SO PAULO

    2016

  • AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE

    TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS

    DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Assinatura: ____________________________

    Data: _________________________________

    Catalogao na Publicao (CIP)

    Biblioteca Wanda de Aguiar Horta

    Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

    Santos, Talita Raquel dos

    O uso de diagnsticos e intervenes de enfermagem na preveno e controle de

    infeces relacionadas assistncia sade / Talita Raquel dos Santos. So Paulo, 2016.

    116p.

    Dissertao (Mestrado) - Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo.

    Orientadora: Maria Clara Padoveze

    rea de Concentrao: Cuidado em Sade

    1. Processos de Enfermagem 2. Diagnstico de enfermagem 3. Cuidados de Enfermagem

    4. Infeco Hospitalar 5. Preveno & Controle. I. Ttulo.

  • Nome: Santos, Talita Raquel

    Ttulo: O uso de diagnsticos e intervenes de enfermagem na preveno e controle de

    infeces relacionadas assistncia sade.

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Enfermagem PPGE da Escola de

    Enfermagem da Universidade de So Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em Cincias.

    Aprovado em __/__/____

    Banca Examinadora

    Prof, Dr. .............................................................................................................................................

    Instituio: .........................................................................................................................................

    Julgamento: ........................................................................................................................................

    Assinatura: .........................................................................................................................................

    Prof, Dr. .............................................................................................................................................

    Instituio: .........................................................................................................................................

    Julgamento: ........................................................................................................................................

    Assinatura: .........................................................................................................................................

    Prof, Dr. .............................................................................................................................................

    Instituio: .........................................................................................................................................

    Julgamento: ........................................................................................................................................

    Assinatura: .........................................................................................................................................

  • DEDICATRIA

    Ao meu esposo, com muito carinho, amor e orgulho, por

    sempre acreditar no meu potencial e no me deixar desistir, por tudo

    o que conquistamos e o que ainda iremos conquistar juntos.

  • AGRADECIMENTOS

    Deus foi generoso comigo, ao colocar pessoas de excepcional carter e talento em minha

    trajetria de vida, pessoas que influenciaram meu crescimento e desenvolvimento. Graas a esses

    seres espetaculares, cheguei onde estou e a eles dedico estes agradecimentos:

    Prof Dr Maria Clara Padoveze, por compreender este perodo difcil, no desistir e

    me orientar com clareza para que este trabalho atingisse seu objetivo.

    Prof Dr Lcia Izumi por suas intervenes de grande pertinncia na maturao deste

    projeto.

    Dra Flvia Maia, minha diretora, pelo incentivo realizao da Ps-Graduao e pela

    grande contribuio no processo de desenvolvimento deste trabalho.

    Ao Hugo Duarte Cacique, pessoa que Deus escolheu para ser um comigo, que me deu

    muita fora, amor e estmulo para que este projeto fosse realizado.

    A Rubens e Denise Santos, excelentes pais, pelo carinho e amor e por estimular a mim e

    meus irmos a valorizarmos os estudos.

    Tamires Raquel dos Santos, irm querida, pelas risadas e calma que trouxe nos

    momentos de maior estresse.

    Dra Camila Takao Lopes, madrinha e amiga querida, que me incentivou a iniciar o

    mestrado, realizou minha reviso ortogrfica e me apoiou at o fim deste trabalho.

    Amanda Loos Agra, amiga, pelo ouvido e ombro para que eu pudesse desabafar.

    Ao Fausto Tozo, padrinho e amigo, por compreender meu excesso de sono e me fazer rir,

    deixando os plantes mais leves.

    Aos colegas do Subgrupo de pesquisa, pessoas excelentes, de grande sabedoria e

    humildade, sem os quais a ps-graduao no teria sido a mesma.

    Aos colegas do Hospital Universitrio da USP que me cobriram e compreenderam este

    momento de crescimento profissional.

  • A Enfermagem uma arte; e para realiz-la como arte, requer uma devoo to

    exclusiva, um preparo to rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que

    tratar da tela morta ou do frio mrmore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do esprito

    de Deus? uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!

    Florence Nightingale

  • Santos TR. O uso de diagnsticos e intervenes de enfermagem de enfermagem na preveno e

    controle de infeces relacionadas assistncia sade [dissertao]. So Paulo: Escola de

    Enfermagem, Universidade de So Paulo; 2016.

    RESUMO

    Introduo: A participao do profissional de enfermagem na preveno e controle de infeco

    d-se, predominantemente, por meio da qualificao dos procedimentos tcnicos e reorganizao

    dos processos de assistncia direta e indireta. No Processo de Enfermagem, utilizando o

    raciocnio clnico, so identificados diagnsticos de enfermagem (DE) os quais so direcionados

    cuidados de enfermagem. Dentre as principais classificaes de DE, destaca-se a NANDA

    International (NANDA-I). O uso DE, no processo de enfermagem, favorece a continuidade e o

    aumento da qualidade da assistncia. Objetivo: A fim de contribuir para a atuao do

    profissional enfermeiro assistencial na preveno de Infeco Relacionadas Assistncia Sade

    (IRAS), este trabalho buscou analisar o reconhecimento, por parte do enfermeiro, de respostas

    humanas relacionadas ao risco e ocorrncia de IRAS e intervenes implementadas e verificar a

    correspondncia das intervenes propostas com as requeridas nos protocolos de preveno de

    IRAS disponveis na instituio. Mtodo: Estudo observacional, descritivo, longitudinal e

    prospectivo realizado na Unidade de Clnica Mdica do Hospital Universitrio da Universidade

    de So Paulo, com sujeitos de ambos os sexos, adultos hospitalizados no perodo de maio a

    setembro de 2016. Trata-se de uma amostra no probabilsticas de convenincia. Na primeira fase

    do estudo, foram coletados dados pertinentes para caracterizao do perfil epidemiolgico e

    clnico dos sujeitos, bem como os DE e intervenes mais prevalentes, a partir de anlise de

    pronturios. Aps esta fase, foram comparadas as intervenes propostas pelo enfermeiro com

    aquelas definidas em manuais e protocolos da Comisso de Controle de Infeco Hospitalar

    (CCIH) da instituio, utilizando Mapeamento Cruzado. Resultados: A amostra consistiu de 159

    registros de indivduos, predominantemente idosos, portadores de hipertenso e diabetes, que

    permaneceram hospitalizados em mdia 9,6 dias (DP:+/-7,8). Os principais DE encontrados

    foram: Integridade Tissular Prejudicada, Risco de Quedas e Risco de Glicemia Instvel. As

    principais atividades de interveno foram: Monitorar sinais vitais, Manter decbito elevado a

    30/45, Observar saturao de oxignio e Realizar glicemia capilar. Dentre as atividades

    recomendadas pela CCIH, 81,8% puderam ser mapeadas. Quanto conformidade, apenas as

    atividades: Manter isolamento, conforme apropriado e No molhar curativo de cateter no banho

    obtiveram ndice maior a 60%. Concluso: Os DE e atividades relacionadas mais prevalentes na

    populao em questo foram relacionados principalmente mensurao de parmetros vitais e

    medidas de higiene; as medidas de preveno especficas de infeco estavam prescritas, porm

    em nmero abaixo do esperado.

    Palavras chave: Processos de Enfermagem, Diagnstico de Enfermagem, Cuidados de

    Enfermagem, Infeco Hospitalar, Preveno & Controle.

  • Santos TR. The use of nursing and interventions in the prevention and control of infections

    related to health care [dissertation]. So Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de So

    Paulo; 2016.

    ABSTRACT

    Introduction: The participation of nursing professionals in the prevention and control of

    infection occurs predominantly through qualification of technical procedures and reorganization

    of direct and indirect care processes. By using the Nursing Process working method, nursing

    diagnoses are identified based on clinical reasoning and interventions are implemented towards

    them. Among the major diagnostic classifications of, there is NANDA International (NANDA-I),

    which favors continuity of care with increased quality. Objectives: In order to clarify the role of

    professional nurse care in preventing health-associated infections (HAIs), this study sought to:

    identify both the recognition of human responses related to the risk and occurrence of HAIs and

    interventions implemented by nurses, by investigating the most prevalent nursing diagnoses

    related to the prevention and control of HAIs in hospitalized adults, and nursing interventions

    towards them; ascertain the correspondence of the proposed interventions with the required

    activities in HAI prevention protocols available in the institution. Method: An observational,

    descriptive, prospective and longitudinal study performed at the Clinical Medical Unit of the

    University Hospital at University of So Paulo, with hospitalized adults of both genders,. In the

    first phase of the study relevant data were collected to characterize the clinical and

    epidemiological profile of the subjects, as well as the most prevalent nursing diagnoses and

    interventions in nursing care charting. After this phase, the interventions defined in manuals and

    protocols of the institutional Hospital Infection Control Committee (HICC) were compared with

    those proposed by the Nursing Interventions Classification (NIC) through the cross-mapping

    method. Results: The sample consisted of 159 patients, mostly elderly, hypertensive and

    diabetic, who were hospitalized on average 9.6 days (SD:+/-7,8). The main nursing diagnoses

    identified were: Impaired tissue integrity, Risk of Falling and Risk for unstable blood glucose.

    The main intervention activities were: Monitor vital signs, Maintain bed head at 30/45, Monitor

    oxygen saturation and perform blood glucose testing. Among the activities recommended by

    HICC, 81.8% were mapped into NIC. The conformity only activities: Maintain isolation, as

    appropriate and not wet catheter dressing in the bath had higher index to 60% of actual

    prescription in situations requiring such care. Conclusion: The diagnosis and activities nursing

    related to interventions more prevalent in the population of interest are primarily related to

    monitoring of vital signs and hygiene procedures. Specific actions towards preventing infection

    were prescribed, but in an insufficient number.

    Key words: Nursing Process, Nursing Diagnosis, Nursing Care, Hospital Infection, Prevention &

    Control

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Representao da composio de um modelo de terminologia de referncia para

    diagnstico de enfermagem (ISO, 2003)........................................................................................25

    Figura 2. Representao da composio de um modelo de terminologia de referncia para aes

    de enfermagem (ISO, 2003)...........................................................................................................26

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 4.1. Exemplo: Simulao de avaliao de conformidade entre as intervenes propostas

    para Paciente XY e elementos indicados nos documentos da CCIH:...........................................45

    Quadro 6.1 Mapeamento cruzado de Prescries de Enfermagem sugeridas pelos documentos da

    CCIH, com intervenes e atividades de enfermagem da NIC......................................................64

    Quadro 9.1. Sugesto de diagnsticos e intervenes de enfermagem para o cuidado em

    preveno e controle de infeco, para o perfil de indivduos identificados na unidade de Clnica

    Mdica, no perodo de maio a setembro de 2016..........................................................................93

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 6.1. Perfil dos indivduos hospitalizados na Clnica Mdica de maio a setembro de 2016,

    por sexo, idade e tempo de permanncia na instituio. So Paulo, 2016. N = 159 indivduos

    ........................................................................................................................................................50

    Tabela 6.2. Principais causas de internao dos indivduos hospitalizados na unidade de Clnica

    Mdica de maio a setembro de 2016. So Paulo, 2016. N indivduos = 159 ............................51

    Tabela 6.3. Nmero de indivduos hospitalizados na Clnica Mdica investigados quanto

    suspeita de doenas infectocontagiosas, por tipo de doenas. So Paulo. 2016. N = 159 indivduos

    ........................................................................................................................................................52

    Tabela 6.4. Porcentagem de indivduos hospitalizados na Clnica Mdica acometidos por tipo de

    comorbidade. So Paulo, 2016. N = 159 indivduos .....................................................................52

    Tabela 6.5. Principais dispositivos teraputicos utilizados no cuidado a indivduos hospitalizados

    na unidade de Clnica Mdica no perodo de maio a setembro de 2016. So Paulo, 2016. N = 159

    indivduos ......................................................................................................................................53

    Tabela 6.6. Porcentagem do tipo de medicamento utilizado no tratamento intravenoso, nos

    indivduos hospitalizados na unidade de Clnica Mdica no perodo de maio a setembro de 2016.

    So Paulo, 2016. N = 159 indivduos ............................................................................................54

    Tabela 6.7. Nmero de indivduos acometidos por feridas durante a permanncia na unidade de

    Clnica Mdica no perodo de maio a setembro de 2016. So Paulo, 2016. N = 159 indivduos

    ........................................................................................................................................................55

    Tabela 6.8. Nmero de indivduos hospitalizados na Clnica Mdica em precaues especficas e

    causa de isolamento no perodo de maio a setembro de 2016. So Paulo, 2016. N = 159

    ........................................................................................................................................................55

    Tabela 6.9. Nmero de culturas positivas, por microorganismos e espcime clnico. So Paulo,

    2016................................................................................................................................................57

  • Tabela 6.10. Nmero de exames solicitados, por tipo e principais resultados encontrados. So

    Paulo, 2016.....................................................................................................................................58

    Tabela 6.11. Prevalncia de diagnsticos de enfermagem segundo NANDA prescritos aos

    indivduos internados na unidade de Clnica Mdica no perodo de maio a setembro de 2016. So

    Paulo, 2016. N = 159 indivduos ...................................................................................................59

    Tabela 6.12. Prevalncia de atividades de enfermagem atribudas a intervenes NIC prescritos

    aos indivduos internados na unidade de Clnica Mdica no perodo de maio a setembro de 2016.

    So Paulo, 2016. N = 159 indivduos ............................................................................................61

    Tabela 6.13. Porcentagem de conformidade com relao a prescrio "Manter tcnica de

    isolamento, conforme apropriado", segundo o tipo de precauo, em indivduos com necessidade

    de precaues especficas. So Paulo, 2016. N = 39......................................................................67

    Tabela 6.14. Porcentagem de conformidade de cuidados para uso de Cateter Venoso Central

    prescritos e os recomendados pelos documentos da CCIH. So Paulo, 2016. N = 14...................68

    Tabela 6.15. Porcentagem da conformidade de cuidados para uso de Acesso Venoso Perifrico

    prescritos e os recomendados pelo manual da CCIH. So Paulo, 2016. N = 159

    indivduos.......................................................................................................................................70

    Tabela 6.16. Principais Diagnsticos de Enfermagem NANDA atribudos aos indivduos

    hospitalizados na Clnica Mdica em uso de Cateter Venosos Central. So Paulo, 2016. N =

    14....................................................................................................................................................72

    Tabela 6.17. Principais Atividades de Enfermagem, relacionadas a intervenes NIC atribudos

    aos indivduos hospitalizados na Clnica Mdica em uso de Cateter Venosos Central. So Paulo,

    2016. N = 14...................................................................................................................................72

  • Tabela 6.18. Diagnsticos de Enfermagem NANDA mais prevalentes em indivduos

    hospitalizados na Clnica Mdica em uso de Cateter Vesical de Demora. So Paulo, 2016. N = 17

    indivduos.......................................................................................................................................73

    Tabela 6.19. Principais Atividades de Enfermagem NIC atribudas aos indivduos hospitalizados

    na Clnica Mdica em uso de uso de Cateter Vesical de Demora. So Paulo, 2016. N = 17

    indivduos.......................................................................................................................................73

    Tabela 6.20. Diagnsticos de Enfermagem NANDA mais prevalentes em indivduos

    hospitalizados na Clnica Mdica com feridas. So Paulo, 2016. N = 15

    indivduos.......................................................................................................................................74

    Tabela 6.21. Principais Atividades de Enfermagem NIC atribudas aos indivduos hospitalizados

    na Clnica Mdica com feridas. So Paulo, 2016. N = 15

    indivduos.......................................................................................................................................75

    Tabela 6.22. Diagnsticos de Enfermagem NANDA mais prevalentes em indivduos

    hospitalizados na Clnica Mdica em precaues especficas, por tipo de precauo. So Paulo,

    2016................................................................................................................................................75

    Tabela 6.23. Principais Atividades de Enfermagem NIC atribudas aos indivduos hospitalizados

    na Clnica Mdica em precaues especficas, por tipo de precauo. So Paulo,

    2016................................................................................................................................................76

  • LISTA DE ABREVIAES

    ABEn Associao Brasileira de Enfermagem

    AP Angina Pectoris

    AVCIH Acidente Vascular Cerebral Isqumico e/ou Hemorrgico

    AVP Acesso Venoso Perifrico

    BAAR Bacilo lcool-cido resistente

    CCIH Comisso de Controle de Infeco Hospitalar

    CDC Centers for Disease Control

    CIE Conselho Internacional de Enfermeiros

    CIPE Classificao Internacional para Prtica de Enfermagem

    CIPESC Classificao Internacional para Prtica de Enfermagem em Sade Coletiva

    COFEN Conselho Federal de Enfermagem

    CVA Cateter Vesical de Alvio

    CVC Cateter Venoso Central

    CVD Cateter Vesical de Demora

    CVE Vigilncia Epidemiolgica

    DE Diagnsticos de Enfermagem

    DLP Dislipidemia

    DM Diabetes Melitus

    DPOC Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica

  • ESBL Extended Spectrum-beta-lactamases

    HAS Hipertenso Arterial

    HIV Human Immunodeficiency Virus

    HU-USP Hospital Universitrio da Universidade de So Paulo

    IAM Infarto Agudo do Miocrdico

    IC Insuficincia Cardaca

    ICC Insuficincia Cardaca Congestiva

    IOT Intubao Orotraqueal

    IRAS Infeces Relacionadas Assistncia Sade

    ISO Internacional Organization Standardization

    ITU Infeco do Trato Urinrio

    MAE Metodologia da Assistncia de Enfermagem

    NIC Classificao de Interveno de Enfermagem

    NOC Classificao dos Resultados de Enfermagem

    NPP Nutrio Parenteral

    PCIH Programa de Controle de Infeco Hospitalar

    SAE Sistematizao da Assistncia de Enfermagem

    SIDA Sndrome da Imunodeficincia Adquirida

    SNE Sonda Nasoenteral

    SNG Sonda Nasogstrica

    TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ............................................................................................... 22

    1.1 PROCESSO DE ENFERMAGEM E CLASSIFICAES ................................................ 22

    1.2 INFECES RELACIONADAS ASSISTNCIA SADE NO BRASIL E NO

    MUNDO. ................................................................................................................................... 28

    1.3 O PAPEL DA ENFERMAGEM NO CONTROLE DE INFECO RELACIONADA

    ASSISTNCIA SADE ........................................................................................................ 30

    1.4 O PROCESSO DE ENFERMAGEM NA PREVENO DE INFECO

    RELACIONADA ASSISTNCIA SADE ...................................................................... 32

    2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 35

    3. OBJETIVOS ................................................................................................... 37

    3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................ 37

    3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ......................................................................................... 37

    4. MTODO ....................................................................................................... 39

    4.1 DESENHO DO ESTUDO ................................................................................................... 39

    4.2 LOCAL DE ESTUDO ......................................................................................................... 39

    4.2.1 O Hospital .................................................................................................................................39

    4.2.2 O Processo de Enfermagem no HU-USP .............................................................................40

    4.2.3 Cenrio ......................................................................................................................................40

    4.3 FONTE DE DADOS ........................................................................................................... 41

    4.4 PROTOCOLO DE ESTUDO .............................................................................................. 42

    4.4.1 Primeira fase: Identificao dos diagnsticos e intervenes de enfermagem mais

    prevalentes quanto preveno e controle de IRAS em adultos hospitalizados ......................42

  • 4.4.2 Segunda fase: Verificao da correspondncia das intervenes de enfermagem

    estabelecidas com os protocolos de preveno de IRAS da instituio. ....................................43

    4.5 APLICAO DE PR-TESTE ........................................................................................... 46

    4.6 ANLISE DOS DADOS ..................................................................................................... 46

    5. CONSIDERAES TICAS ........................................................................... 48

    6. RESULTADOS ............................................................................................... 50

    7. DISCUSSO ................................................................................................... 79

    8. CONCLUSO...................................................................................................................91

    9. CONSIDERAES FINAIS ............................................................................ 93

    REFERNCIAS .................................................................................................. 95

    REFERNCIAS ................................................................................................. 96

    APNDICES .................................................................................................... 108

  • APRESENTAO

    Sou enfermeira atuante na rea de Terapia Intensiva, em um hospital de ensino do Estado

    de So Paulo. Em meu trabalho, lido constantemente com usurios em situaes de grave estado

    de sade, com alto risco de desenvolvimentos de Infeces Relacionadas Assistncia Sade

    (IRAS).

    Em minha atuao profissional, utilizo a ferramenta Diagnsticos de Enfermagem da

    NANDA International (NANDA-I), bem como intervenes de enfermagem da Classificao das

    Intervenes de Enfermagem (NIC) para identificao das respostas humanas aos agravos

    sade e elaborao do plano de cuidado dos usurios sob meu cuidado. Assim, reconheo a

    potencialidade do uso de linguagem padronizada para a continuidade da assistncia e para o

    estmulo ao raciocnio clnico e registro das aes de enfermagem.

    Reunies e discusses do Grupo de Pesquisa de Vulnerabilidade, Adeso e Necessidades

    em Sade, da Escola de Enfermagem da USP, trouxeram minha forma de pensar e exercer meu

    trabalho uma perspectiva nova, enxergando situaes de vulnerabilidade dos indivduos e a

    necessidade de cuidado seguro.

    Essa incurso cientfica, aliada minha experincia profissional em Unidade de Terapia

    Intensiva Adulto, gerou inquietaes quanto identificao, pelos enfermeiros, das situaes

    potenciais e reais de infeco e sobre suas aes em resposta a essa identificao, de forma a

    proporcionar assistncia segura e prevenir infeces.

    Alm disso, surgiu o questionamento se poderia o uso do Processo de Enfermagem

    colaborar para a consolidao de prtica preventiva, individualizando as recomendaes da

    Comisso de Controle de Infeco Hospitalar, para indivduos sob cuidados de enfermagem?

    Na tentativa de responder algumas destas inquietaes, este mestrado foi construdo.

  • 1.INTRODUO

  • 22

    1. INTRODUO

    1.1 PROCESSO DE ENFERMAGEM E CLASSIFICAES

    A enfermagem uma cincia que desenvolve formas de conhecimento que contribuam para a

    sade das populaes. No contato com o usurio de sade, seus familiares e comunidade, os

    conhecimentos de enfermagem so aplicados por meio do Processo de Enfermagem, utilizando-

    se o raciocnio clnico (Cruz, 2008).

    O Processo de Enfermagem, por sua vez, definido como um instrumento metodolgico que

    prov um guia sistematizado para o desenvolvimento de um estilo de pensamento que direciona o

    julgamento clnico necessrio para os cuidados de enfermagem, possibilitando a identificao de

    problemas que precisam da interveno do profissional de enfermagem (Cruz, 2008). Ao longo

    do tempo processo de enfermagem tornou-se sinnimo de Sistematizao da Assistncia de

    Enfermagem (SAE) ou, ainda, Metodologia da Assistncia de Enfermagem (MAE). Seja qual for

    o termo utilizado, trata-se de uma organizao da assistncia de enfermagem (Andrade, Vieira,

    2005; Fuly et al., 2008).

    Ele composto pelas seguintes etapas: histrico de enfermagem e exame fsico, que compe

    a coleta de dados; diagnstico de enfermagem; prescrio de enfermagem e evoluo/avaliao

    de enfermagem. A quantidade de etapas propostas varia de acordo com as interpretaes feitas

    acerca do processo e a fase evolutiva em que se encontra (Andrade, Vieira, 2005).

    Desde a resoluo 272/2002 do Conselho Federal de Enfermagem COFEN, o uso do

    Processo de Enfermagem se tornou obrigatrio. A resoluo 358/2009 do COFEN revogou a

    anterior e apresentou atualizaes quanto ao processo de enfermagem, nela as fases do Processo

    de Enfermagem so assim definidas:

    Coleta de dados de Enfermagem (ou Histrico de Enfermagem) processo

    deliberado, sistemtico e contnuo, realizado com o auxlio de mtodos e tcnicas

    variadas, que tem por finalidade a obteno de informaes sobre a pessoa, famlia ou

    coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo sade

    e doena.

  • 23

    Diagnstico de Enfermagem processo de interpretao e agrupamento dos dados

    coletados na primeira etapa, que culmina com a tomada de deciso sobre os conceitos

    diagnsticos de enfermagem que representam, com mais exatido, as respostas da

    pessoa, famlia ou coletividade humana em um dado momento do processo sade e

    doena; e que constituem a base para a seleo das aes ou intervenes com as

    quais se objetiva alcanar os resultados esperados.

    Planejamento de Enfermagem determinao dos resultados que se espera alcanar; e

    das aes ou intervenes de enfermagem que sero realizadas face s respostas da

    pessoa, famlia ou coletividade humana em um dado momento do processo sade e

    doena, identificadas na etapa de Diagnstico de Enfermagem.

    Implementao realizao das aes ou intervenes determinadas na etapa de

    Planejamento de Enfermagem.

    Avaliao de Enfermagem processo deliberado, sistemtico e contnuo de

    verificao de mudanas nas respostas da pessoa, famlia ou coletividade humana em

    um dado momento do processo sade e doena, para determinar se as aes ou

    intervenes de enfermagem alcanaram o resultado esperado; e de verificao da

    necessidade de mudanas ou adaptaes nas etapas do Processo de Enfermagem.

    So reconhecidos momentos evolutivos no corpo de conhecimento referente ao Processo de

    Enfermagem nos Estados Unidos , que podem ser classificadas como trs geraes. Na primeira

    gerao do Processo (1950 a 1970), as aes de enfermagem eram planejadas em resposta a

    problemas. Nesta fase, o Processo de Enfermagem abrangia: levantamento de dados,

    planejamento, interveno e avaliao. Na segunda gerao (1970 a 1990), passa-se a enfatizar o

    raciocnio clnico, utilizando a expertise da categoria profissional para a formulao de

    diagnsticos. A partir de 1990, na terceira gerao, a mensurao dos resultados alcanados passa

    a ser valorizada. H a consolidao do pensamento crtico, levando a anlises mais complexas de

    mltiplas condies de sade (Gaidzinski et al.,2008; Barros, 2009).

    Weaver et al, 2006 em seu artigo propem p desenvolvimento do processo de

    enfermagem no sculo XXI: A quarta gerao (2010 a 2020) ser galgada na construo do

  • 24

    conhecimento atravs do uso de base de dados e sistemas informatizados associados as

    linguagens padronizadas de enfermagem, permitindo assim, analisar possveis padres de

    associaes dos diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem. Na quinta gerao (2020

    a 2035) prope o refino dos arqutipos do cuidado de enfermagem, empiricamente baseados, ao

    aprimorarmos estes dados poderemos reconhecer perfis epidemiolgicos de diagnsticos,

    intervenes e resultados de enfermagem, associados a populaes especficas. E finalmente, a

    sexta gerao (2035 a 2050) que uma vez conhecido os dados e testados os prottipos de cuidado

    em enfermagem, podero ser desenvolvidos modelos preditivos de cuidados em enfermagem

    baseados em caractersticas pessoais e individuais, podendo ser comparados com os modelos

    empricos derivados de banco de dados internacionais relacionados ao saber em enfermagem

    (Weaver et al.,2006).

    A evoluo do raciocnio clnico no Processo de Enfermagem foi acompanhada pela proposta

    de incluso de linguagens padronizadas ao cotidiano do cuidado, a fim de classificar problemas

    que frequentemente requeriam assistncia de enfermagem (Gaidzinski et al.,2008; Barros, 2009).

    O uso de vocabulrio controlado permite padronizar o registro dos cuidados de enfermagem,

    propiciando utilizao de forma universal, favorecendo, assim, um cuidado e avaliao de

    resultados mais efetivos, alm de permitir a comparao de dados e projetar tendncias para

    alocao de recursos (Chianca, 2003).

    Os elementos centrais utilizados pelas classificaes de enfermagem so embasados nas

    decises fundamentais do processo de cuidar, que abrangem os diagnsticos, intervenes e

    resultados, que, por sua vez, avaliam a efetividade das intervenes (Gaidzinski et al.,2008).

    Diagnsticos correspondem deciso sobre os quais as necessidades de cuidados de

    enfermagem se direcionam. So identificados por meio dos dados encontrados na anlise dos

    componentes biopsicossociais e espirituais dos indivduos, suas famlias e comunidades.

    Intervenes so as decises sobre atividades que melhor atendem s respostas humanas

    levantadas e os resultados podem corresponder meta que se deseja alcanar com as intervenes

    propostas ou o que se alcanou mediante a implementao das intervenes (Gaidzinski et al.,

    2008).

  • 25

    Dimenso

    Foco

    Tempo

    Julgamento

    Grau Potencialidade

    Durao Tempo

    Local Sujeito da informao

    aplicado

    aplicado a

    tem sujeito da informao

    na perspectiva de

    tem local

    No ano de 2003, a ISO (International Organization for Standardization), por meio do Comit

    Tcnico ISO/TC215, props a norma ISO 18104 como Modelo de Terminologia de Referncia

    para a Enfermagem. Esta norma estabelece critrios para avaliar as classificaes existentes e

    permite revises sobre a prpria padronizao. Ela demonstra modelos e descreve o domnio de

    Diagnstico e Ao de Enfermagem, por meio do Diagrama de Classes, apresentando as Classes,

    Atributos das Classes e Associaes entre as Classes. Estas classes representam os componentes

    fundamentais para construo dos diagnsticos e aes/intervenes de enfermagem (ISO, 2003;

    Mata et al., 2012; Cubas et al., 2010). O modelo acima mencionado est representado nas Figuras

    1 e 2:

    Figura 1: Representao da composio de um modelo de terminologia de referncia para

    diagnsticos de enfermagem (ISO, 2003).

  • 26

    Figura 2: Representao da composio de um modelo de terminologia de referncia para aes

    de enfermagem (ISO, 2003).

    Dentre as principais classificaes de diagnsticos de enfermagem utilizadas no Brasil,

    que atendem as requisies da ISO 18104, destacam-se a NANDA-I e a Classificao

    Internacional para a Prtica de Enfermagem (CIPE) (Lunney, 1998; Mata et al., 2012; Cubas et

    al.,2010).

    A taxonomia da NANDA-I surgiu em decorrncia de sucessivas conferncias, sendo a

    primeira, realizada para discusso de diagnsticos de enfermagem, em 1973. A NANDA, at

    2000, classificava os diagnsticos de acordo com a taxonomia I, que se estruturavam em nove

    categorias (Trocar, Comunicar, Relacionar, Valorizar, Escolher, Mover, Perceber, Conhecer,

    Sentir), oriundas do modelo conceitual dos Padres de Respostas Humanas. A partir de ento,

    foram realizadas muitas mudanas at que, por fim, em 2000, foi definida a taxonomia II,

    contendo 13 domnios, 106 classes e 155 diagnsticos (Barros, 2009; Lunney, 1998; NANDA,

    2013).

    No Brasil, a NANDA foi apresentada pela primeira vez em uma publicao de 1990,

    realizada pela Universidade Federal da Paraba, liderada pela Dr Marga Coler, no 1 Simpsio

    Nacional de Diagnstico de Enfermagem (Barros, 2009).

    Ao

    Tempo

    Local Alvo

    Significado Receptor de

    cuidado

    Via

    Age em

    tem receptor do cuidado tem via

    tem significado

    Tem local

  • 27

    A classificao de diagnsticos da NANDA-I a mais utilizada mundialmente (Mata et

    al., 2012; Figueiredo et al., 2006) e define diagnstico de enfermagem como: um julgamento

    clnico sobre a resposta de um indivduo, uma famlia ou uma comunidade com relao a

    problemas de sade reais ou potenciais/processos de vida que fornecem a base para uma terapia

    definitiva que busca alcanar resultados nos quais a enfermagem necessria (Barros, 2009).

    Apesar de considerar a comunidade nessa definio, os estudos abordando sua utilizao tm se

    concentrado em ambiente hospitalar (Figueiredo et al., 2006; NANDA, 2013).

    A Classificao das Intervenes de Enfermage NIC resultante de mltiplas pesquisas

    desenvolvidas por um grupo de pesquisadores da Universidade de Iowa, Estados Unidos, tendo

    incio em 1987. Para sua construo contou-se com dados provenientes de revises da literatura,

    validao e crticas de especialistas, alm de grupos focais. A NIC uma taxonomia que inclui as

    principais atividades de enfermagem executadas mundialmente. A utilizao desta nomenclatura

    permite a documentao clnica, comunicao entre os prestadores do cuidado, alm da

    integrao e sistematizao dos dados, gerados pelo cuidar em enfermagem (Moorhead, Delaney,

    1997; Napoleo et al., 2006; Bulecheck et al., 2010; Silva Pereira et al., 2014).

    As intervenes da NIC so compostas por nome de designao, sua definio, lista de

    aes de enfermagem que podem ser implementadas no cuidado e referncias associadas. Na

    quinta edio, a NIC conta com 542 intervenes divididas em sete domnios e 30 classes. Esta

    taxonomia pode ser ligada taxonomia da NANDA-I, favorecendo a continuidade e completude

    do cuidado, alm de propiciar o raciocnio clnico (Moorhead, Delaney, 1997; Napoleo et al.,

    2006; Bulecheck et al., 2010; Silva Pereira et al., 2014).

    Completando o raciocnio clnico do cuidado, A Classificao dos Resultados de

    Enfermagem NOC tem como proposta padronizar os resultados relacionados prtica de

    enfermagem. Em sua quarta edio, contm um total de 385 resultados. Cada resultado

    composto por ttulo, sua definio e um conjunto de indicadores em escala do tipo Likert,

    propostos para avaliar e quantificar a eficcia das intervenes propostas (Moorhead et al., 2010).

    A CIPE um sistema de linguagem padronizada, que pretende representar o domnio da

    prtica da Enfermagem no mbito mundial. Teve seu marco inicial em 1989, ano em que o

    Conselho Nacional de Representantes do Conselho Internacional de Enfermeira(o)s (CIE)

  • 28

    aprovou uma Resoluo para o desenvolvimento de uma classificao dos elementos da prtica

    profissional. Esse sistema favorece a coleta, armazenamento e anlise de dados, contribuindo

    para a prtica dos profissionais da Enfermagem (Garcia, Nbrega, 2013; Nichiata et al., 2012).

    Dado que as principais classificaes de enfermagem utilizadas mundialmente centraram-

    se no cuidado hospitalar, o CIE props um projeto internacional voltado para atendimento de

    extra-hospitalar. A Associao Brasileira de Enfermagem (ABEn) assumiu esse compromisso e,

    em 1996, promoveu a primeira oficina de trabalho que deu origem ao projeto Classificao

    Internacional de Prticas de Enfermagem em Sade Coletiva CIPESC, contribuio brasileira

    para a CIPE (Cubas, Silva, Rosso, 2010; Cubas, Engry, 2008).

    Assim, no desenvolvimento do Processo de Enfermagem, surgiram as classificaes de

    enfermagem, ferramentas que promovem o raciocnio clnico e a avaliao holstica das

    necessidades de sade dos indivduos, permitindo um cuidado amplo e contnuo.

    Dado o potencial das linguagens padronizadas em favorecer registros homogneos e

    sistematizados elas propiciam o levantamento de perfis epidemiolgicos e necessidades de

    cuidado de um dado indivduo ou populao, inclusive no que tange a infeces.

    1.2 INFECES RELACIONADAS ASSISTNCIA SADE NO

    BRASIL E NO MUNDO.

    As Infeces Relacionadas Assistncia Sade (IRAS) so definidas como toda e

    qualquer infeco relacionada presena de um agente infeccioso ou sua toxina, que acomete o

    indivduo, seja em instituies hospitalares, atendimentos ambulatoriais na modalidade de

    hospital dia ou domiciliar, e que esteja associada a algum procedimento assistencial, seja ele

    teraputico ou diagnstico, e que no esteja presente no momento da admisso (Horan, Andus,

    Dudeck, 2008).

    Muitos so os fatores que levam s IRAS, sejam eles individuais, caractersticos de cada

    paciente, como: extremos de idade (recm-nascidos ou idosos), obesidade, desnutrio, diabetes,

    uso de medicamentos (quimioterpicos) e fumo, ou os relacionados instituio de sade: tempo

    de permanncia do paciente nos servios, a necessidade de procedimentos invasivos e o uso

    excessivo de antibiticos (WHO, 2002).

  • 29

    Estima-se que, nos Estados Unidos, ocorram cerca de 721.800 casos de IRAS,

    ocasionando aproximadamente 75.000 bitos (Klevens et al.,2007). Dentre as principais IRAS,

    destacam-se infeces do stio cirrgico, pneumonias, doenas gastrointestinais e infeces da

    corrente sangunea (Magill et al.,2014).

    No Brasil, estima-se que 3% a 15% dos indivduos hospitalizados desenvolvem IRAS

    (Padoveze, Fortaleza, 2014). Segundo o Centro de Vigilncia Epidemiolgica - CVE, no estado

    de So Paulo, a taxa de Pneumonia associada Ventilao Mecnica foi de 13,33/1.000

    dispositivos/dia, a taxa de Infeces do trato Urinrio foi de 5,012/1.000 sondas vesicais/dia e a

    taxa de Infeces Primrias da Corrente Sangunea foi de 4,42/1.000 cateteres venosos

    centrais/dia (Padoveze et al., 2010; CVE, 2013; Padoveze, Fortaleza, 2014).

    As IRAS so um importante problema de sade pblica, pois aumentam a morbidade, o

    tempo de internao, as necessidades de cuidados de sade, ocasionando aumento, tambm, da

    taxa de mortalidade, sobretudo de indivduos em cuidados intensivos. Alm disso, oneram o

    sistema de sade, aumentando os custos necessrios para a realizao do cuidado (Azambuja,

    Pires, Vaz, 2004; Padoveze et al., 2010; Padoveze, Fortaleza, 2014).

    Na tentativa de diminuir o nmero de casos, o Ministrio da Sade determinou a criao

    do Programa de Controle de Infeces Hospitalares (PCIH), que prope aes sistematizadas,

    com o objetivo de reduzir a incidncia dessas infeces. A Portaria n 2.616/98 regulamenta o

    Programa Nacional de Controle de Infeco e prev a implantao da Comisso de Controle de

    Infeco Hospitalar (CCIH). Dentre as atribuies previstas para a CCIH, destaca-se a educao

    permanente, a fim de prevenir e controlar as IRAS (Brasil, 1998).

    A preveno da ocorrncia de IRAS depende dos profissionais da sade e de programas

    eficientes de controle de infeces que norteiem as aes desses profissionais, bem como, de

    medidas de identificao e reduo dos patgenos no ambiente hospitalar e de vigilncia de

    doenas entre indivduos e a equipe de sade. Tais programas requerem educao e cooperao

    de toda equipe envolvida no cuidado ao cliente, seja em ambiente hospitalar ou ambulatorial

    (Gonalves, Kreutz, Lins, 2004).

  • 30

    As aes de preveno de IRAS no cuidado favorecem a qualidade da assistncia, pois

    consideram no somente a estrutura e a organizao dos servios, mas tambm sua distribuio e

    modo de utilizao, assim como a realizao dos processos de assistncia (Lacerda, 2002).

    No intuito de prevenir a ocorrncia de IRAS, intervenes so propostas pelas instituies

    de sade por meio de protocolos que preconizam as boas prticas de sade. Protocolos de

    preveno de infeco so recomendaes desenvolvidas por organizaes governamentais ou

    sociedades cientficas, e em mbito local, pela CCIH, baseadas em evidncias cientficas, visam

    uma padronizao na qualidade assistencial (Dick et al., 2015).

    Para que ocorra a aplicao efetiva destes protocolos, necessrio pensar o cuidado

    individualmente, a fim de centrar as intervenes nas especificidades e necessidades de cada

    indivduo (Pereira, Moriya, Gri, 1996).

    Apesar do reconhecimento da importncia das IRAS para a sade coletiva, os crescentes

    custos de sade e a disponibilidade limitada de recursos e mo de obra qualificada envolvidos no

    controle de IRAS tornam-se obstculos para a preveno efetiva. O dilogo entre os segmentos

    de governo, instituies de sade, trabalhadores da sade e os usurios do sistema um

    elemento-chave para superar estes desafios (Padoveze, Fortaleza, 2014; Victora, 2011).

    1.3 O PAPEL DA ENFERMAGEM NO CONTROLE DE INFECO

    RELACIONADA ASSISTNCIA SADE

    A participao do profissional de enfermagem na preveno e controle de infeco d-se

    predominantemente por meio da qualificao dos procedimentos tcnicos e reorganizao dos

    processos de assistncia direta e indireta, que incluem no somente equipamentos, mas tambm o

    redimensionamento quanti-qualitativo de recursos humanos e novas metodologias de trabalho,

    que resultem em melhores condies para sua efetivao. Esta atuao pode ser identificada nos

    diferentes papeis atribuveis ao profissional enfermeiro (Lacerda, 2002; Santana, 2015).

    O enfermeiro atuante na CCIH realiza procedimentos de vigilncia epidemiolgica,

    responde pela emisso de parecer tcnico sobre compras de materiais e procedimentos, realiza

    auditorias e monitora a aplicao do Programa de Controles de IRAS, decide sobre o cronograma

    e agenda de reunies, realiza recomendaes sobre precaues e isolamento, orienta sobre

  • 31

    acidentes biolgicos e participa na elaborao do regimento interno da CCIH (Pereira, Moriya,

    Gri, 1996; Barbosa, 2007; Santana, 2015)

    O controle de IRAS constitui um dos parmetros para garantir a qualidade do cuidado

    prestado. Como forma de assistncia indireta, ao enfermeiro em atuao gerencial, cabe a

    elaborao de programas com este objetivo; alm da organizao hospitalar, examinar as

    caractersticas e finalidades do hospital, tipo de gerenciamento, assistncia e clientela, bem como

    os aspectos relacionados infra-estrutura, necessrios para um cuidado livre de infeco (Costa

    Valle et al., 2008).

    Alm disso, destacam-se os servios de limpeza, esterilizao e desinfeco de insumos e

    ambientes, aes estas, tambm, frequentemente geridas e realizadas por profissionais de

    enfermagem que so responsveis por cumprir um papel assistencial indireto. (Pereira, Moriya,

    Gri, 1996; Lacerda, 2002, Santana 2015).

    A temtica de IRAS de crucial importncia para a equipe de enfermagem que realiza a

    assistncia direta, por serem os profissionais de sade que mais tempo permanecem ao lado dos

    indivduos, realizando a maioria dos procedimentos, muitos deles invasivos, aos quais

    ultrapassam as barreiras naturais do organismo. Esses procedimentos, se realizados com os

    cuidados e as medidas de biossegurana necessrias para evitar uma infeco cruzada, trazem

    benefcios sade do indivduo sob cuidado (Costa Valle et al., 2008).

    Dando nfase aos apontamentos acima mencionados, aspectos relacionados equipe de

    enfermagem podem influenciar na qualidade de seu trabalho e so determinantes para garantir a

    efetividade da preveno e controle de IRAS. Estudos apontam que fatores como nmero de

    trabalhadores de enfermagem por leito, estresse do trabalhador e burnout so diretamente

    relacionados ao nmero de ocorrncias de casos de IRAS em unidades hospitalares (Cimiotti et

    al., 2012).

    O processo de preveno de IRAS de responsabilidade profissional e tica de todos os

    membros da equipe multidisciplinar. Sendo o controle das IRAS inerente ao processo de cuidar, o

    enfermeiro, utilizando o cuidado como principal objetivo de sua atuao profissional, torna-se

    responsvel por prestar um cuidado livre de riscos de infeces (Pereira et al., 2005).

  • 32

    Assim, a atuao eficiente e qualificada da equipe de enfermagem de grande

    importncia estratgica na preveno e controle das IRAS, e contribui de forma significativa para

    melhoria do cuidado em sade (Pereira, Moriya, Gri, 1996; Santana, 2015).

    1.4 O PROCESSO DE ENFERMAGEM NA PREVENO DE INFECO

    RELACIONADA ASSISTNCIA SADE

    O profissional de enfermagem o profissional de sade que permanece beira leito por

    mais tempo, atuando no cuidado direto ao usurio de sade, sendo, portanto, de fundamental

    importncia para a preveno e controle de IRAS. Ao executar seu processo de trabalho, esse

    profissional utiliza o Processo de Enfermagem, instrumento de trabalho especfico da categoria,

    que leva ao olhar integral das necessidades de sade dos indivduos, levando ao planejamento da

    assistncia para atingir os objetivos traados (Costa Valle et al., 2008; Andrade, Vieira, 2005)

    A implementao do Processo de Enfermagem pode revelar-se particularmente til,

    sobretudo se os enfermeiros da assistncia forem treinados para incluir em sua prtica uma

    perspectiva de controle de infeco. Ao realizar a avaliao regular do progresso apresentado

    pelo indivduo sob os cuidados, os registros do Processo de Enfermagem fornecero informaes

    acessveis para identificar tanto os indivduos com IRAS, quanto aqueles em risco de desenvolv-

    las, bem como propor intervenes que estimulem a preveno (Pereira, Moriya, Gri, 1996).

    A documentao das fases do Processo de Enfermagem permite obter informaes com

    maior rapidez e preciso, levando ao reconhecimento do perfil epidemiolgico de cada unidade

    de internao. Assim, o desenvolvimento dessa prtica, com nfase na metodologia sistematizada

    de assistncia poder permitir uma seletiva vigilncia clnica por meio dos registros feitos pelo

    enfermeiro assistencial (Pereira, Moriya, Gri, 1996).

    Alm disso, ao utilizar vocabulrio controlado na documentao das fases do Processo de

    Enfermagem em sua atuao para preveno e controle de IRAS, o profissional garantir a

    compreenso de sua importncia por toda equipe. Isso ir assegurar a continuidade do cuidado

    em prol de um resultado esperado e levar reflexo crtica de quais aspectos do cuidado podem

    levar a IRAS e como minimizar esse efeito (Schulz et al., 2014).

  • 33

    Assim, dado que foi realizada uma reviso preliminar da literatura, no perodo de

    novembro de 2014 a janeiro de 2015 com o objetivo de estabelecer a relao do Processo de

    Enfermagem, com uso de linguagem padronizada, com a preveno e controle de IRAS. Foram

    considerados os artigos do perodo de 2004 a 2014 em ingls, portugus e espanhol. Foram

    utilizados como descritores: Infeco Hospitalar, Processos de Enfermagem, Preveno &

    Controle e Cuidados de Enfermagem, pesquisados nas bases de dados Literatura Latino

    Americana e do Caribe em Cincias da Sade (LILACS), Scientific Eletronic Library Online

    (Scielo), Public/Publish Medline (PubMed/MEDLINE) e Base de Dados de Enfermagem

    (BDENF) e pouco foi encontrado, surgiram as seguintes questes:

    Quais os diagnsticos de enfermagem relacionados ao risco e presena de IRAS

    identificadas em adultos hospitalizados?

    Quais as intervenes de enfermagem propostas para adultos com objetivo de preveno e

    controle de IRAS no ambiente hospitalar?

    Essas intervenes esto em conformidade com as atividades preconizadas nos protocolos

    de preveno de IRAS da CCIH da instituio?

  • 34

    2. JUSTIFICATIVA

  • 35

    2. JUSTIFICATIVA

    Grande a importncia da atuao do profissional de enfermagem para a preveno e

    controle de IRAS, seja em mbito administrativo ou assistencial. Ao realizar seu trabalho, esse

    profissional busca executar o cuidado de maneira segura, procurando isentar o paciente sobre seu

    cuidado de danos recorrentes da assistncia.

    Cabe ao profissional enfermeiro, assim, reconhecer situaes potenciais de risco e atuar

    de maneira a prevenir ou minimizar os riscos possveis. Ao utilizar a documentao das fases do

    processo de enfermagem de maneira padronizada, ele levado a refletir de maneira crtica acerca

    das aes necessrias para resolver ou prevenir possveis problemas de enfermagem. Sendo

    assim, o Processo de Enfermagem uma ferramenta potencial para a identificao de situaes

    que envolvam a necessidade de resoluo ou minimizao do risco de IRAS.

    Ao realizar essa pesquisa, poderemos esclarecer a participao da enfermagem no

    reconhecimento de situaes que demandem preveno e controle de IRAS, utilizando de recurso

    prprio da profisso: as linguagens padronizadas de enfermagem.

    Alm disso, ao identificarmos a potencialidade do Processo de Enfermagem para a

    preveno de IRAS, por propiciar a identificao de risco potencial, planejamento de metas,

    planeja intervenes a serem implementadas e avaliar metas alcanadas, poderemos ampliar os

    recursos de avaliao, utilizando de vocabulrio controlado, garantindo a conformidade dos

    dados, continuidade da assistncia e a segurana do paciente, com vista a guiar o raciocnio

    clnico dos enfermeiros para a preveno de IRAS.

  • 36

    3. OBJETIVOS

  • 37

    3. OBJETIVOS

    3.1 OBJETIVO GERAL

    Analisar o reconhecimento no Processo de Enfermagem, por parte do enfermeiro, de

    respostas humanas relacionadas ao risco e ocorrncia de IRAS e intervenes prescritas, bem

    como correspondncias destas com os protocolos de preveno disponveis na instituio.

    3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    1. Descrever as caractersticas/perfil dos adultos hospitalizados na unidade de Clnica

    Mdica do Hospital universitrio da USP.

    2. Identificar os diagnsticos de enfermagem mais prevalentes relacionados

    preveno e ao controle de IRAS em adultos hospitalizados.

    3. Identificar as intervenes de enfermagem mais prevalentes para preveno e controle

    de IRAS em adultos hospitalizados.

    4. Correlacionar a correspondncia das intervenes propostas com as requeridas nos

    manuais e recomendaes de preveno de IRAS disponveis na instituio, cenrio

    da pesquisa.

  • 38

    4. MTODO

  • 39

    4. MTODO

    4.1 DESENHO DO ESTUDO

    Trata-se de um estudo observacional, descritivo, prospectivo e longitudinal, por meio da

    identificao dos diagnsticos e intervenes de enfermagem propostos no cuidado ao paciente

    adulto hospitalizado com risco de IRAS ou com IRAS.

    Foi estabelecida a correspondncia das intervenes prescritas pela enfermagem com as

    intervenes preconizadas nos protocolos da CCIH; esta etapa foi realizada atravs da

    metodologia de mapeamento cruzado (Lucena, Barros, 2005).

    4.2 LOCAL DE ESTUDO

    4.2.1 O Hospital

    O estudo foi realizado no setor de Clnica Mdica do Hospital Universitrio da Universidade

    de So Paulo (HU-USP). O HU-USP um estabelecimento de sade de nvel secundrio, possui

    236 leitos e est localizado no Subdistrito do Butant, na cidade de So Paulo. Atende em suas

    dependncias habitantes do Subdistrito do Butant e populao USP (funcionrios, alunos e seus

    dependentes) (dados do anurio estatstico HU-USP, 2015; http://www.hu.sup.br/). O HU-USP

    foi idealizado em 1967 e iniciou suas atividades em 1968. Teve implantada a rea de Pediatria e

    Obstetrcia em 1981, a Clnica Mdica em 1985 e, logo em 1986, a Clnica Cirrgica. Em 2000,

    visando melhorar a qualidade do atendimento passou por um Redirecionamento Assistencial e,

    finalmente em 2003, retomou sua misso acadmica (http://www.hu.sup.br/).

    Localiza-se no campus da Cidade Universitria, ocupando 36.000 m de rea construda,

    distribudos em seis andares, com vrios setores e departamentos, so eles: 236 leitos, 10 salas de

    Centro Cirrgico, 4 salas de Centro Obsttrico, 12 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Adulta,

    10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Peditrica e outros 6 leitos de Unidade de Terapia

    Neonatolgica; dispe de 7 leitos de Recuperao Ps-anestsica, 57 consultrios de

    Atendimento Ambulatorial, 13 consultrios de Pronto Atendimento, 5 consultrios de Triagem,

    11 leitos de Observao Adulto, 12 leitos de Observao Peditrica, 2 leitos de Observao

    Obsttrica, 5 Anfiteatros e 17 salas de aula (dados do anurio estatstico HU-USP, 2015;

    http://www.hu.sup.br/).

  • 40

    Conta, tambm, com uma equipe multidisciplinar composta por mdicos, enfermeiros,

    tcnicos de enfermagem, fonoaudilogos, odontlogos, psiclogos, nutricionistas, assistentes

    sociais, farmacuticos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. O Corpo Clnico formado por

    295 profissionais que atuam em quatro grandes clnicas: Mdica, Cirrgica, Obsttrica e

    Peditrica, alm das Especialidades de Apoio (http://www.hu.sup.br/).

    4.2.2 O Processo de Enfermagem no HU-USP

    Nas unidades de Clnica Mdica o Processo de Enfermagem realizado de maneira

    informatizada, atravs do programa PROCEnf. Este sistema busca auxiliar o profissional

    enfermeiro na tomada de deciso quanto aos diagnsticos, intervenes e resultados de

    enfermagem (Fontes, Monteriro da Cruz, 2007; Peres et al., 2009; Peres et al., 2012; Lima, Melo,

    2012) .

    Para a documentao da fase do diagnstico do Processo de Enfermagem nessa instituio, o

    PROCEnf utiliza a taxonomia II da NANDA-I. Na prescrio de enfermagem, utilizada a

    linguagem da NIC. A taxonomia da NOC utilizada apenas como norteador para traar as

    intervenes da NIC mais acuradas; nesta instituio no h a seleo de indicadores de

    resultado, at o momento. O sistema permite a impresso da lista de intervenes, e relaciona

    cada interveno ao diagnstico de enfermagem gerador por meio de cdigo numrico (Fontes,

    Monteriro da Cruz, 2007; Peres et al., 2009; Peres et al., 2012; Lima, Melo, 2012).

    O PROCEnf tem por finalidade melhorar a qualidade das informaes de enfermagem,

    otimizar o tempo gasto para realizao do Processo de Enfermagem, apoiar decises clnicas e

    apoiar o gerenciamento, bem como o ensino e pesquisa. Ele permite lanar dados coletados

    atravs da entrevista de enfermagem, acomoda as decises dos enfermeiros acerca dos dados

    levantados, integra a avaliao padronizada, gera hipteses diagnsticas, alm de gerar relatrios

    (Fontes, Monteriro da Cruz, 2007; Peres et al., 2009; Peres et al., 2012; Lima, Melo, 2012).

    4.2.3 Cenrio

    O cenrio no qual foi aplicado o estudo a enfermaria de Clnica Mdica. Esta unidade de

    internao possui 41 leitos, atende indivduos de cuidados mnimos, intermedirio e de alta

    dependncia. Para classificao dos indivduos, segundo o perfil assistencial, a unidade utiliza a

  • 41

    escala segundo Fugulin, 2005. Nesta unidade foram realizadas 91,3 admisses por ms. Em 2015

    houve um total de 1.096 internaes nesta unidade (dados do anurio estatstico HU-USP, 2015).

    A clnica mdica, em 2015, apresentou IRAS em uma densidade de incidncia por 1.000

    indivduos/dia no total de 8,6. Ocorreram neste perodo 69 IRAS, destacando 2 casos de infeco

    do stio cirrgico, 13 infeces respiratrias, 17 de stio urinrio, 1 infeco da corrente

    sangunea associada a cateter e 5 infeces da corrente sangunea sem o uso de cateter (Relatrio

    anual da CCIH, 2015; http://www.hu.sup.br/).

    Segundo informaes colhidas por contato informal junto aos responsveis da unidade, a

    unidade apresenta uma mdia diria de oito indivduos em precaues especficas para a

    preveno de disseminao de patgenos.

    A escolha dessa unidade justifica-se por apresentar um nmero relevante de indivduos com

    maior risco para aquisio de IRAS, ou que estejam em situaes de precaues especficas para

    doenas transmissveis.

    Apesar de possuir condies semelhantes, a Unidade de Terapia Intensiva no foi escolhida,

    por ser campo de trabalho da pesquisadora principal. Optamos, assim, por outra unidade a fim de

    evitar possveis vieses a pesquisa.

    4.3 FONTE DE DADOS

    Foram considerados sujeitos da pesquisa pronturios de indivduos de ambos os sexos,

    maiores de 18 anos, internados na unidade de Clnica Mdica, no perodo de maio a setembro de

    2016.

    Esse perodo foi escolhido por atender a uma amostra de convenincia da populao adulta

    hospitalizada na instituio do estudo. Consideramos que, como as IRAS em adultos so

    raramente influenciadas por sazonalidade (Gnatta et al., 2014), o perodo de eleio deve

    corresponder ocorrncia mdia anual.

    Foram excludos os indivduos que estiveram em cuidados paliativos, por apresentarem um

    plano de cuidados sinttico e diferenciado, no correspondente ao usualmente utilizado, por zelar,

    principalmente, por medidas de conforto, evitando excesso de intervenes.

  • 42

    4.4 PROTOCOLO DE ESTUDO

    O protocolo do estudo foi desenvolvido em duas fases sequenciais.

    4.4.1 Primeira fase: Identificao dos diagnsticos e intervenes de enfermagem

    mais prevalentes quanto preveno e controle de IRAS em adultos hospitalizados

    4.4.1.1 Coleta de dados

    A primeira fase foi executada por meio da coleta de dados na unidade da Clnica Mdica,

    em que foram levantados os dados para identificao dos principais diagnsticos e intervenes

    de enfermagem atribudas aos indivduos hospitalizados nesta unidade.

    Os dados foram coletados pela pesquisadora principal diariamente no perodo pretendido,

    a fim de identificarmos as mudanas no plano de cuidados. Os dados foram coletados apenas

    pelas informaes contidas em pronturio, no havendo qualquer interao da pesquisadora com

    os indivduos da amostra.

    O instrumento de coleta de dados para a primeira fase est apresentado no Apndice I do

    projeto em questo.

    Foram considerados os indivduos com data da internao a partir do incio da coleta de

    dados. Os dados dos indivduos, que aceitaram fazer parte da pesquisa, foram seguidos at

    receberem alta, necessitarem de transferncia para outra unidade ou at o fim da coleta de dados,

    o que ocorreu em primeiro lugar.

    Os profissionais de enfermagem da unidade no foram informados do contedo da pesquisa,

    a fim de minimizar possveis interferncias na realizao da rotina do Processo de Enfermagem.

    As variveis que foram identificadas na primeira fase do projeto incluram:

    Data de nascimento

    Sexo

    Principal causa e data de internao

    Uso de precaues especficas (tipo de isolamento: contato, gotcula ou aerossol;

    agente etiolgico identificado ou suspeito).

  • 43

    Presena de fatores que favorecem IRAS (dispositivos invasivos, uso de

    medicamentos imunossupressores).

    Comorbidades (hipertenso, diabetes no controlada, neoplasias sanguneas e slidas,

    doena pulmonar obstrutiva crnica, doenas imunossupressoras, anemias etc.). As

    comorbidades foram elencadas somente quando havia diagnstico mdico relatado em

    pronturio.

    Presena de feridas (Cirrgicas ou crnicas)

    Exames laboratoriais pertinentes: exames de imagem, culturas e pesquisa de vrus.

    Diagnsticos de enfermagem identificados pelo enfermeiro.

    Intervenes de enfermagem prescritas para atender aos diagnsticos acima

    mencionados.

    Os dados foram coletados utilizando-se de um instrumento previamente estabelecido

    (Apndice I), elaborado pela prpria pesquisadora. Aps a fase inicial da coleta de dados, foi

    feita a consolidao das informaes identificadas, visando identificar os diagnsticos e

    intervenes mais prevalentes encontrados.

    4.4.2 Segunda fase: Verificao da correspondncia das intervenes de enfermagem

    estabelecidas com os protocolos de preveno de IRAS da instituio.

    Nesta fase, os documentos de referncia utilizados foram os seguintes:

    Manual da CCIH

    Lista de agravos que requerem precaues especficas para evitar a transmisso de

    patgenos no ambiente intra-hospitalar.

    A partir da anlise destes documentos, foram identificadas e listadas as prticas de preveno

    de IRAS, recomendadas nos documentos da CCIH (Apndice II) (Cassettari et al., 2009)

    supracitados, a serem realizadas pela enfermagem e que se aplicam ao perfil da Unidade

    O Apndice II apresenta os procedimentos analisados na coleta de dados. Listamos neste

    apndice somente os procedimentos contidos no Manual de Preveno das Infeces Hospitalares

    (Cassettari et al., 2009).

  • 44

    Para cada sujeito de estudo, foi feita uma verificao de correspondncia entre a lista

    indicativa do manual da CCIH e as intervenes de diagnsticos propostos pela enfermagem

    segundo a NIC. A correspondncia foi realizada pelo mtodo de mapeamento cruzado e

    obedeceu as seguintes etapas (Lucena, Barros, 2005; Chianca, 2003; Silva Pereira et al., 2014,

    Moorhead, Delaney, 1997):

    1. Anlise do manual da CCIH e identificao das intervenes de enfermagem

    propostas.

    2. Seleo das intervenes/atividades da listagem NIC correspondente para cada

    interveno de enfermagem identificada no manual.

    As regras propostas para realizao do mapeamento foram:

    1. Selecionar uma interveno/atividades da NIC para cada interveno proposta nos

    Protocolos da CCIH.

    2. Selecionar uma interveno/atividades da NIC baseada na similaridade entre a

    interveno proposta pelo protocolo da CCIH.

    3. Determinar uma palavra-chave constante nas intervenes proposta pelo protocolo da

    CCIH, a qual auxiliou na identificao/atividade mais apropriada na NIC.

    4. Utilizar preferencialmente os verbos empregados nas intervenes propostas pelo

    protocolo da CCIH.

    5. Mapear as intervenes propostas pelo protocolo da CCIH que usam dois verbos, em

    duas diferentes intervenes/atividades da NIC, quando as aes forem diferentes.

    6. Identificar as intervenes proposta pelo protocolo da CCIH que no puderem ser

    mapeadas, por qualquer motivo.

    Aps esta etapa, foi analisada a presena de conformidade das intervenes de enfermagem

    propostas no Processo de Enfermagem realizado na unidade com aquelas determinadas pelos

    protocolos da CCIH, bem como se houve a ausncia de prticas recomendadas, a fim de tentar

  • 45

    compreender a dinmica de aplicao de cuidados em indivduos em risco de desenvolvimento de

    IRAS.

    A conformidade foi considerada por meio de avaliao numrica, sendo atribudo os valores

    da seguinte forma: (1) quando Presente, (0) quando Ausente e (NA) quando No Aplicvel. O

    ndice de conformidade foi calculado pela soma dos valores atribudos/soma dos itens aplicveis

    ao caso do paciente x 100. Itens identificados como NA no foram contabilizados na composio

    do ndice de conformidade. O Quadro 4.1exemplifica a avaliao da conformidade.

    Quadro 4.1. Exemplo: Simulao de avaliao de conformidade entre as intervenes

    propostas para Paciente XY e elementos indicados nos documentos da CCIH:

    Itens avaliados, segundo os elementos

    indicados nos documentos da CCIH

    Conformidade nas intervenes de

    enfermagem prescritas pela equipe de

    enfermagem

    Item A 1

    Item B 0

    Item C NA

    Item D 1

    Item E 0

    Resultado do ndice de Conformidade para o Paciente XY:

    Soma de valores atribudos = 2

    Soma dos itens com elementos de recomendao da CCIH aplicveis ao caso do

    paciente = 4

    ndice de conformidade = 2/4*100 = 50%

  • 46

    Considerou-se a conformidade como presente, sempre que a interveno proposta na

    prescrio de enfermagem zelou pelos mesmos princpios estabelecidos nos documentos da

    CCIH, no necessitando apresentar exata correspondncia de texto escrito com as recomendaes

    da CCIH.

    4.5 APLICAO DE PR-TESTE

    Uma etapa de pr-teste de ambas as fases foi realizada anteriormente ao incio da primeira

    fase com total de 10 pronturios, durante uma semana, para avaliao da pertinncia, adequao

    das tcnicas e dos instrumentos para a coleta de dados, favorecendo o seu ajuste.

    4.6 ANLISE DOS DADOS

    As informaes obtidas na coleta de dados foram organizadas em planilhas do Microsoft

    Office Excel 2007. Foram realizadas anlises descritivas, com apresentao por meio de tabelas e

    quadros para anlise dos resultados, conforme a pertinncia.

    Identificamos o percentual de intervenes proposto pelo protocolo da CCIH, que foram

    possveis de serem mapeadas para classificao da NIC. Um quadro com as correspondncias

    entre elas foi construdo.

    Foram considerados como de maior prevalncia os diagnsticos e intervenes de

    enfermagem que aparecerem em, ao menos, 20% dos casos avaliados.

    Por fim, foram elencados os principais diagnsticos e intervenes de enfermagem utilizados

    na preveno e controle de IRAS.

  • 47

    5. CONSIDERAES TICAS

  • 48

    5. CONSIDERAES TICAS

    O projeto foi submetido avaliao do Comit de tica de Pesquisa da Escola de

    Enfermagem da Universidade de So Paulo e do Hospital Universitrio da USP e considerado

    aprovado mediante o registro CEP-HU/USP:1479/15.

    A permisso do acesso ao pronturio dos indivduos pertencentes amostra foi solicitada

    mediante apresentao do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Apndice III),

    segundo a resoluo 466 de 2012.

    A pesquisadora se comprometeu a no medir esforos para identificar o paciente,

    convidando-o a participar da pesquisa e solicitando sua permisso, mediante a assinatura do

    TCLE, para acessar os dados de seu pronturio, garantindo o anonimato dos dados.

    Outros documentos foram providos conforme a solicitao dos respectivos Comits de tica

    em pesquisa.

  • 49

    6. RESULTADOS

  • 50

    6. RESULTADOS

    A coleta de dados foi realizada no perodo de 15 de maio a 15 de setembro de 2016 e

    abrangeu um total de 159 sujeitos, sendo 48,7% do sexo masculino e 50,3% do sexo feminino. A

    mdia de idade dos sujeitos foi de 62,5 anos (mediana = 65; DP = +/- 18,8), os indivduos

    participantes permaneceram hospitalizados em mdia 9,6 dias (mediana = 7; DP= =/- 7,8),

    conforme a tabela a seguir:

    Tabela 6.1. Perfil dos indivduos hospitalizados na unidade de clnica mdica de maio a setembro

    de 2016, por sexo, idade e tempo de internao na instituio. So Paulo, 2016. N = 159

    indivduos.

    Masculino n:79 (%) Feminino n: 80 (%)

    Idade

    At 40 anos

    41 60 anos

    61 80 anos

    Mais de 80 anos

    Tempo de internao

    At 10 dias

    11 20dias

    Mais de 20 dias

    6 (3,7)

    22 (13,8)

    36 (22,6)

    15 (9,4)

    54 (33,9)

    18 (11,3)

    7 (4,4)

    20 (12,5)

    17 (10,6)

    28 (17,6)

    15 (9,4)

    59 (37,1)

    17 (10,6)

    4 (2,5)

    As principais causas de internao decorreram, principalmente, de Insuficincia Cardaca

    Congestiva (ICC), Pneumonias, Infarto Agudo do Miocrdico (IAM), Acidente Vascular

    Cerebral Isqumico e/ou Hemorrgico (AVCIH), Angina Pectoris e Insuficincia Renal.

  • 51

    Tabela 6.2. Principais causas de internao indivduos hospitalizados na unidade de Clnica

    Mdica de maio a setembro de 2016. So Paulo, 2016. N indivduos = 159.

    Principais causas da internao Nmero de casos Porcentagem (%)

    ICC 25 15,7

    Pneumonias 22 13,8

    Pneumonia bacteriana 13

    Outras pneumonias 9

    IAM 15 9,4

    AVCIH 12 7,5

    Angina Pectoris 10 6,2

    Insuficincia Renal 10 6,2

    Crnica 8

    Aguda 2

    Embolia 8 5,0

    E trombose 3

    Com cor pulomonare agudo 2

    Sem cor pulmonare agudo 3

    DPOC 7 4,4

    ITU 5 3,1

    Outros 52 32,7

    AVCIH: Acidente Vascular Cerebral Isqumico e Hemorrgico, DPOC: Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica, IAM:

    Infarto Agudo do Miocrdio, ICC: Insuficincia Cardaca Congestiva, ITU: Infeco do Trato Urinrio.

  • 52

    Alm das hipteses diagnsticas mencionadas acima, alguns paciente foram investigados

    quanto a possveis outros diagnsticos, que incluam algumas doenas infectocontagiosas. A

    tabela 6.3 a seguir revela o nmero de indivduos que foram investigados quanto suspeita de

    doenas infectocontagiosas.

    Tabela 6.3. Nmero dos indivduos hospitalizados na unidade de clnica mdica investigados

    quanto suspeita de doenas infectocontagiosas, por tipo de doenas. So Paulo. 2016. N = 159

    indivduos.

    Doena infectocontagiosa Nmero de indivduos

    investigados

    Porcentagem (%)

    Tuberculose 12 7,5

    H1N1 6 3,8

    Meningite 3 1,9

    Escabiose 1 0,6

    HIV 1 0,6

    HIV: Human Immunodeficiency Virus

    As principais comorbidades apresentadas por estes indivduos no perodo da coleta de

    dados esto apresentadas na tabela 6.4, a seguir:

    Tabela 6.4. Porcentagem de dos indivduos hospitalizados na unidade de clnica mdica

    acometidos por tipo de comorbidade. So Paulo, 2016. N = 159 indivduos.

    Comorbidade Nmero de casos Porcentagem (%)

    HAS 106 66,6

    Tabagismo 64 40,2

    DM 55 34,5

  • 53

    Comorbidade Nmero de casos Porcentagem (%)

    IC 40 25,1

    Insuficincia renal 33 20,7

    DLP 31 19,4

    Etilismo 30 18,8

    DPOC 27 16,9

    Hipotiroidismo 19 11,9

    Neoplasias 7 4,4

    Slida 6

    Sangunea 1

    Insuficincia Heptica 5 3,1

    SIDA 7 4,4

    Asma 7 4,4

    HAS: Hipertenso Arterial; DM: Diabetes Melitus; DLP: Dislipidemia; IC: Insuficincia Cardaca; DPOC: Doena

    Pulmonar Obstrutiva Crnica; SIDA: Sndrome da Imunodeficincia Adquirida.

    Durante o perodo de hospitalizao todos os indivduos possuram ao menos um

    dispositivo para acesso venoso perifrico; no houve indivduos em uso de cistostomia e

    traqueostomia. Os indivduos que necessitaram de intubao orotraqueal (IOT) foram extubados

    em menos de 24 horas ou transferidos para UTI. Dentre os cateteres venosos centrais (CVC)

    instalados, 12 foram do tipo Shilley, utilizados para o procedimento de hemodilise.

    Tabela 6.5. Principais dispositivos teraputicos utilizados no cuidado indivduos hospitalizados

    na Unidade de Clnica Mdica no perodo de maio a setembro de 2016. So Paulo, 2016. N = 159

    indivduos.

  • 54

    Tipo de dispositivo

    teraputico

    Nmero de indivduos em

    uso

    Porcentagem (%)

    AVP 159 100

    CVD 17 10,6

    CVC 14 8,8

    CVA 9 5,6

    Drenos 4 2,5

    IOT 3 1,8

    SNG 2 1,2

    SNE 2 1,2

    Gastrostomia 1 0,6

    AVP: Acesso Venoso Perifrico; CVC: Cateter Venoso Central; CVD: Cateter Vesical de Demora; CVA: Cateter

    Vesical de Alvio; SNG: Sonda Nasogstrica; SNE: Sonda Nasoenteral, IOT: Intubao Orotraqueal.

    Dentre os principais medicamentos utilizados no tratamento por terapia intravenosa,

    destacam-se o uso de antibiticos e corticides.

    Tabela 6.6. Porcentagem do tipo de medicamento utilizado no tratamento intravenoso, nos

    indivduos hospitalizados na unidade de Clnica Mdica no perodo de maio a setembro de 2016.

    So Paulo, 2016. N = 159 indivduos.

    Tipo de medicamento

    intravenoso

    Nmero de indivduos em

    tratamento

    Porcentagem (%)

    Antibitico 76 47,7

    Corticide 43 27,7

    Antiretroviral 12 7,5

  • 55

    Tipo de medicamento

    intravenoso

    Nmero de indivduos em

    tratamento

    Porcentagem (%)

    Antifngico 8 5,0

    Antineoplsico 1 0,6

    Durante o perodo de internao, alguns indivduos apresentaram perda da integridade da

    pele, seja por feridas cirrgicas conseqentes de parte do tratamento, ou por feridas crnicas

    decorrentes da morbidade. Leses por presso tambm foram consideradas como feridas

    crnicas, dado o longo perodo necessrio para sua cicatrizao. O nmero de feridas crnicas e

    cirrgicas apresentadas encontra-se na tabela a seguir.

    Tabela 6.7. Nmero de indivduos acometidos por feridas durante a permanncia na unidade de

    Clnica Mdica no perodo de maio a setembro de 2016. So Paulo, 2016. N = 159 indivduos.

    Tipo de ferida Nmero de indivduos acometidos Porcentagem (%)

    Crnicas 9 5,6

    Cirrgicas 6 3,7

    Quanto s precaues especficas, alguns indivduos permaneceram em isolamento para

    investigao diagnstica por suspeita de possvel doena transmissvel. A CCIH recomenda,

    tambm, manter precaues de contato em indivduos transferidos de outro servio de sade, a

    fim de evitar a disseminao de micro-organismos oriundos destes servios, os indivduos neste

    caso permanecem em isolamento at resultado de culturas de vigilncia negativas. A tabela 6.8

    mostra o nmero de indivduos em isolamento, por tipo de precauo especfica.

    Tabela 6.8. Nmero de indivduos em precaues especficas e causa de isolamento no perodo

    de maio a setembro de 2016. So Paulo, 2016. N = 159.

  • 56

    Tipo de precauo especfica Nmero de paciente em

    precauo

    Porcentagem

    Contato 20 12,5

    Resistncia microbiana 14

    Indivduos aguardando resultado de

    exames microbiolgico.

    5

    Investigao diagnstica 1

    Aerossis 12 7,5

    Investigao diagnstica 7

    Tuberculose confirmada 5

    Gotcula 7 4,4

    Investigao diagnstica 7

    Na tabela acima, cabe salientar que, embora a hiptese diagnstica de meningite tenha

    sido levantada em pronturio, em dois casos os indivduos no estiveram em isolamento por

    gotculas segundo anotaes pesquisadas. possvel que o isolamento tenha sido praticado,

    porm sem registro no pronturio. Alm disso, um paciente esteve em investigao de

    tuberculose e H1N1 concomitantemente. Aps pesquisa de BAAR negativa, este saiu do

    isolamento por aerossol e permaneceu em isolamento por gotcula.

    Dentre os indivduos pesquisados, 14,4% apresentaram algum resultado positivo de

    cultura, dentre os quais 8,8% apresentavam microorganismo multirresistente. Os principais

    microorganismos que apresentaram resistncia aos antimicrobianos testados foram E.coli

    ESBL+ (Extended Spectrum-beta-lactamases), Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenmico

    e Morganella morganii resistente a cefalosporina de terceira gerao. A tabela a seguir revela os

    microorganismos identificados segundo o espcime clinico coletado.

  • 57

    Tabela 6.9. Nmero de culturas positivas, por microorganismos e espcime clnico. So Paulo,

    2016.

    Micro-organismos Espcime clnico Nmero de culturas

    positivas

    Staplhylococcus hominis Hemocultura 3

    Candida albicans Urina 1

    Cryptococcus neoformans Hemocultura 1

    Escherichia coli Urina 1

    Enterococo fecalis Urina 1

    Klebsiella pneumoniae Hemocultura 1

    Steptococcus pneumoniae Hemocultura 1

    Staphylococcus epidermidis Hemocultura 1

    Staphylococcus aureus Hemocultura 1

    Escherichia coli ESBL+ Urina 7

    Prega cutnea 2

    Hemocultura 1

    Klebsiella pneumoniae resistente a

    carbapenmicos

    Prega cutnea 3

    Urina 2

    Morganella morganii resistente a

    cefalosporina de 3 gerao

    Lquido pleural 1

    Ponta de cateter 1

  • 58

    Micro-organismos Espcime clnico Nmero de culturas

    positivas

    Hemocultura 1

    ESBL: Extended Spectrum-beta-lactamases

    Para auxiliar no diagnstico, os principais exames de imagem utilizados incluram:

    radiografia, tomografia e ultrassom. Tambm foram utilizados a broncoscopia e pesquisa de

    BAAR (Bacilo lcool-cido resistente); a pesquisa de vrus somente foi documentada em um

    paciente e teve resultado negativo.

    Tabela 6.10. Nmero de exames solicitados, por tipo e principais resultados encontrados. So

    Paulo, 2016.

    Tipo de exames solicitados Principais resultados Nmero de exames

    Tomografias 71

    Derrame pleural 15

    reas cerebrais hipoatenuantes 5

    Processo inflamatrio/infeccioso 4

    Radiografias 54

    Derrame pleural 12

    Congesto pulmonar 10

    Infiltrado pulmonar 9

    Consolidao pulmonar 5

    Ultrassonografia 24

    TVP 3

  • 59

    Tipo de exames solicitados Principais resultados Nmero de exames

    Nefropatia crnica 3

    Cistos renais 2

    Broncoscopia 5

    BAAR 6

    Positivos 5

    Pesquisa de vrus respiratrio 1

    BAAR: Bacilo lcool-cido resistente

    Para nortear o cuidado destes indivduos, foram traados planos de assistncia atravs da

    metodologia do Processo de Enfermagem, utilizando nomenclatura NANDA para identificao

    de diagnsticos representativos das necessidades de cuidado e NIC para prescrio de aes de

    enfermagem que busquem atender a essas necessidades. No total, foram identificados 52

    Diagnsticos de Enfermagem (DE) NANDA na amostra estudada. A Tabela 6.11 revela os

    principais DE, utilizados para atender o perfil de indivduos descrito acima.

    Tabela 6.11. Prevalncia de diagnsticos de enfermagem segundo NANDA identificados no

    cuidado aos indivduos internados na unidade de Clnica Mdica no perodo de maio a setembro

    de 2016. So Paulo, 2016. N = 159 indivduos.

    Diagnstico de Enfermagem

    NANDA

    Nmero de indivduos com DE

    prescrito

    Porcentagem

    (%)

    Risco de Quedas 73 45,9

    Integridade Tissular Prejudicada 69 43,3

    Risco de Glicemia Instvel 59 37,1

    Desobstruo Ineficaz de Vias Areas 46 28,9

  • 60

    Diagnstico de Enfermagem

    NANDA

    Nmero de indivduos com DE

    prescrito

    Porcentagem

    (%)

    Dor Aguda 43 27,0

    Dficit de Autocuidado para Banho e

    Higiene

    42 26,4

    Perfuso Tissular Renal Ineficaz 36 22,6

    Risco de Sangramento 30 18,8

    Risco de lcera por Presso 29 18,2

    Perfuso Tissular ineficaz

    cardiopulmonar

    26 16,3

    Dbito Cardaco Diminudo 25 15,7

    Risco de Infeco 21 13,2

    Risco de Perfuso Renal Ineficaz 18 11,3

    Percepo Sensorial Visual e Auditiva

    Ineficaz

    17 10,6

    Hipertermia 15 9,4

    Proteo Ineficaz 15 9,4

    Padro Respiratrio Ineficaz 14 8,8

    Intolerncia a Atividade 12 7,5

    DE: Diagnstico de Enfermagem, NANDA: North American Nursing Diagnoses Association

    Atravs do raciocnio clnico, os diagnsticos de enfermagem elencados na tabela 6.11

    foram norteadores para elaborao de intervenes de enfermagem, as quais foram indicadas nas

  • 61

    prescries realizadas pela equipe. Ao todo, foram identificadas 119 atividades de enfermagem

    atribudas a intervenes da NIC. As mais prevalentes esto indicadas na Tabela 6.12.

    Tabela 6.12. Prevalncia de atividades de enfermagem atribudas a intervenes NIC prescritos

    aos indivduos internados na unidade de clnica mdica no perodo de maio a setembro de 2016.

    So Paulo, 2016. N = 159 indivduos.

    Atividades de Enfermagem - NIC Nmero de indivduos com aes

    da NIC prescritos

    Porcentagem

    (%)

    Monitorar sinais vitais 153 96,2

    Observar padro respiratrio 114 71,6

    Manter decbito elevado a 30/45 99 62,2

    Realizar glicemia capilar 94 59,1

    Verificar saturao de oxignio 80 50,3

    Banho de chuveiro em cadeira 78 49,05

    Monitorar grau de desconforto e dor 72 45,2

    Pesar 70 44,0

    Auxiliar deambulao 65 40,8

    Hidratar a pele 65 40,8

    Medir volume de ingeridos e

    eliminados

    55 34,5

    Observar caractersticas da tosse/

    expectorao

    46 28,9

    Observar sangramento 45 28,3

  • 62

    Atividades de Enfermagem - NIC Nmero de indivduos com aes

    da NIC prescritos

    Porcentagem

    (%)

    Realizar higiene oral 41 25,7

    Aplicar ungento em equimoses 38 23,8

    Observar edema 37 23,2

    Manter grades elevadas 36 22,6

    Manter campainha ao alcance das

    mos

    30 18,8

    Realizar higiene ntima 30 18,8

    Manter repouso relativo 30 18,8

    Manter jejum 29 18,2

    Realizar banho no leito 29 18,2

    Observar sinais sugestivos de

    precordialgia

    26 16,3

    Manter restrio hdrica 25 15,7

    Sentar em poltrona 25 17,7

    Trocar frasco de restrio hdrica 25 15,7

    Manter tcnica de isolamento

    conforme apropriado

    23 14,4

    Trocar/Realizar curativo em intervalo

    apropriado

    21 13,2

    Aplicar ungento em leses 20 12,5

  • 63

    Atividades de Enfermagem - NIC Nmero de indivduos com aes

    da NIC prescritos

    Porcentagem

    (%)

    Observar/auxiliar banho de chuveiro 20 12,5

    Aplicar pomada 19 11,9

    Auxiliar alimentao 19 11,9

    Oferecer alvio da dor 19 11,9

    Monitorar temperatura 18 11,3

    Realizar mudana de decbito de 2/2h 18 11,3

    Estimular mudana de decbito 16 10,06

    Manter itens pessoais ao alcance das

    mos