UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS...
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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE CINCIAS
DEPARTAMENTO DE QUMICA E BIOQUMICA
ESTUDO DAS METODOLOGIAS DE COLHEITA E
CONSERVAO DE AMOSTRAS PARA ANLISE DE
COMPOSTOS ORGNICOS EM GUAS DE CONSUMO
HUMANO
Raulise Ctea de Carvalho Bragana Neto
Mestrado em Qumica Tecnolgica
Lisboa
2011
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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE CINCIAS
DEPARTAMENTO DE QUMICA E BIOQUMICA
ESTUDO DAS METODOLOGIAS DE COLHEITA E
CONSERVAO DE AMOSTRAS PARA ANLISE DE
COMPOSTOS ORGNICOS EM GUAS DE CONSUMO
HUMANO
Raulise Ctea de Carvalho Bragana Neto
Dissertao de mestrado orientada por:
Prof. Doutor Fernando Jos Vieira dos Santos e
Doutor Vitor Vale Cardoso
Mestrado em Qumica Tecnolgica
Lisboa
2011
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Since chemistry is the backbone of life, its contributions and
accomplishments towards the well-being of humankind have earned its
celebration worldwide
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Estgio Profissionalizante realizado na Empresa EPAL, S.A., no
Laboratrio Central Departamento de Qumica Orgnica sob orientao
do Dr. Vitor Vale Cardoso e o Professor Fernando Santos, da Faculdade
de Cincias da Universidade de Lisboa.
Organograma da EPAL .
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Agradecimentos
i
Agradecimentos
Foi para mim altamente gratificante ter podido estagiar no
Laboratrio Central da EPAL, onde os conhecimentos e a experincia por
mim adquiridos so verdadeiramente relevantes. Porm, s foi possvel
graas ao apoio recebido dos profissionais e no s. A todos eles quero
expressar os meus sinceros agradecimentos.
A Eng. Maria Joo Benoliel e a Dr.. Elisabete Ferreira, agradeo a
oportunidade de realizar este estgio no Laboratrio Central da EPAL.
Ao Dr. Vitor Vale Cardoso, agradeo os conhecimentos
transmitidos, disponibilidade e todos os momentos de confraternizao e
amizade.
Ao Professor Doutor Fernando Jos Vieira dos Santos agradeo
pela disponibilidade.
A Dr.. Carina Reiche, Dr. Ana Penetra, Dr. Alexandre Rodrigues,
Antnio Pato e Dr. Andr Lopes pela ajuda e o acolhimento prestado
durante estes meses.
Aos meus queridos pais por tudo quem tem feito por mim e sem
esquecer os meus queridos irmos.
Aos meus amigos agradeo por todo apoio e pacincia que tiveram
comigo nestes ltimos meses.
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Objectivo
iii
Objectivo
Os principais objectivos deste trabalho so:
1. Monitorizao das condies de armazenamento de amostras de
gua por refrigerao no Laboratrio e por refrigerao no
transporte das amostras desde a colheita at entrada no
Laboratrio, destinadas a anlise de compostos orgnicos.
2. Avaliao da estabilidade dos compostos orgnicos na gua de
consumo durante o perodo mximo de armazenamento de
amostras de gua no Laboratrio e durante o transporte de
amostras de gua desde a colheita at ao Laboratrio, atravs de
ensaios de recuperao. Compostos orgnicos em estudo: VOCs,
Pesticidas, HAPs, entre outros.
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Objectivo
-
Resumo
v
Resumo
Este trabalho teve como objectivo a monitorizao da eficcia do uso de
acumuladores trmicos e gelo, em arcas trmicas de armazenamento de
amostras aps a colheita, por monitorizao da temperatura de
armazenamento de diversos tipos de frascos de amostragem usados para
a posterior anlise de compostos orgnicos em guas. Realizou-se
tambm a monitorizao das condies de armazenamento de amostras
de gua no Laboratrio. Salienta-se que as metodologias implementadas
foram de acordo com a norma ISO 5667 3.
Inicialmente colocaram-se sondas de temperatura no interior da arca
trmica, no frigorfico e no interior dos frascos de amostragem durante
24h. Pela anlise dos resultados obtidos verificamos que o
armazenamento das amostras usando acumuladores trmicos desde a
colheita at ao laboratrio no o mais adequado. O uso de gelo mais
eficaz que os acumuladores trmicos no que diz respeito a conservao
da amostra para um perodo mximo de 8h possvel de ocorrer em rotina
em locais de amostragem longe do laboratrio.
O estudo de estabilidade de diversos compostos orgnicos em gua ultra
pura e em gua da torneira durante o perodo mximo de conservao
dessas amostras no laboratrio. Desta forma pretendia-se fazer possveis
ajustes ao mtodo de conservao usado em rotina (temperatura, uso de
conservantes, tipo de frasco) de modo a minimizar as perdas dos
compostos orgnicos.
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Resumo
Os compostos orgnicos estudados foram: Acrilamida, Bifenilos
Policlorados, Cloreto de vinilo, Hidrocarbonetos Aromticos Polinucleares
e Trihalometanos.
Palavras chave: gua, conservao, estabilidade, compostos orgnicos
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Simbologia
vii
Simbologia
- Factor de separao ou selectividade
C0 concentrao inicial do analito da amostra
K Coeficiente de partio ou de distribuio
Ki Coeficiente de distribuio relativo a uma espcie i.
Kj Coeficiente de distribuio relativo a uma espcie j.
Kfs Constante de distribuio entre a fibra de revestimento e a matriz.
khs Constante de distribuio entre o headspace e a amostra
qn - Fraco do soluto que permanece na fase aquosa aps a extraco
com a fase orgnica.
[s] Concentrao do soluto na fase orgnica.
[s] Concentrao do soluto na fase aquosa.
Vf Volume da fibra de revestimento
Vh Volume do headspace
Vs Volume da amostra
TIC Total ion corrente (Corrente inica total)
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Simbologia
-
Abreviaturas
ix
Abreviaturas
ACRL- Acrilamida
DBPs Disinfection by products (sub produtos da Desinfeco)
DAD Diode array Detector (Detector de rede de dodos)
EPAL Empresa Portuguesa de guas Livres, S.A
ECD Electron capture detection (Detector de captura electrnica)
FLD Fluorescence Detector (Detector de fluorescncia)
FCUL Faculdade de Cincias da Universidade de Lisboa
GC Gas Chromatography (Cromatografia Gasosa)
HAP Hidrocarbonetos Aromticos Polinucleares
HPLC High Performance Liquid Chromatography (Cromatografia Lquida
de Alta Eficincia)
ISO International Organization for Standardization
IPUC International Union of Pure and Applied Chemistry
LLE Liquid liquid extraction (Extraco lquido lquido)
LC-MS Liquid Chromatography Mass Spectrometry (Cromatografia
Lquida acoplada espectrometria de massa)
NOM Natural Organic Matter (Matria orgnica natural)
PCB Polyclorinated biphenyl (Bifenilos Policlorados)
SPE Solid phase extraction (Extraco em Fase Slida)
THM - Trihalometanos
TOX Compostos orgnicos halogenados totais
VOC Volatile Organic Compounds (Compostos Orgnicos Volteis)
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Abreviaturas
-
ndice Geral
xi
ndice
Agradecimentos ...................................................................................... i
Objectivo ............................................................................................... iii
Resumo .................................................................................................. v
Simbologia ........................................................................................... vii
Abreviaturas .......................................................................................... ix
Captulo 1 - A gua ............................................................................... 1
1.1 - Controlo da Qualidade da gua .................................................. 3
1.2 Legislao em Portugal ............................................................... 4
Captulo 2 - Monitorizao das condies de armazenamento de amostras de gua .................................................................................. 7
2.1 - Monitorizao das condies de armazenamento de amostras de
gua ................................................................................................... 9
Captulo 3 - Compostos Orgnicos ....................................................... 13
3.1 - Classificao ............................................................................ 15
3.1.1 - Acrilamida .......................................................................... 15
3.1.2 - Bifenilos Policlorados .......................................................... 16
3.1.4 - Hidrocarbonetos Aromticos Polinucleares .......................... 17
3.1.5 - Compostos Orgnicos Volteis ............................................ 18
Captulo 4 - Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua . 23
4.1 - Introduo ............................................................................... 25
4.2 - Colheita da amostra ................................................................. 27
4.3 - Refrigerao e congelamento de amostras ................................. 28
4.4 - Adio de Conservantes ............................................................ 30
4.5 Transporte de amostras ........................................................... 31
4.6 Conservao de amostras de gua ............................................ 31
Captulo 5 - Tcnicas de Preparao da Amostra ................................. 33
5.1 -Introduo ................................................................................ 35
5.2 Extraco Lquido Lquido (LLE) ............................................... 35
-
ndice Geral
5.2.1 Vantagens e Desvantagens ................................................. 39
5.3 - Extraco em Fase Slida (SPE) ................................................ 40
5.3.1 Vantagens .......................................................................... 43
5.4 Mtodo de Purge & Trap ........................................................... 43
5.5 Tcnica do Headspace .............................................................. 44
5.6 Tcnica de Microextraco em Fase Slida ............................... 45
Captulo 6 - Tcnicas de Separao ..................................................... 49
6.1 Introduo ............................................................................... 51
6.2 -Cromatografia Gasosa ............................................................... 52
6.3-Cromatografia Lquida de Alta Eficincia .................................... 52
Captulo 7 - Sistema de Deteco ........................................................ 53
7.1 Detectores Selectivos (ECD,DAD,FLD) ......................................... 55
7.2 Espectrometria de Massa ............................................................ 58
7.2.1 Introduo ......................................................................... 58
7.2.2 - Instrumentao .................................................................. 59
Captulo 8 - Procedimento Experimental .............................................. 63
8.1 - Monitorizao das condies de armazenamento de amostras de
gua ................................................................................................. 65
8.1.1 Material e equipamento ....................................................... 65
8.1.2-Amostras .............................................................................. 65
8.1.3 Monitorizao da temperatura das amostras de gua em
frascos de amostragem .................................................................. 68
8.2 - Avaliao da estabilidade dos compostos orgnicos na gua de
consumo .......................................................................................... 71
8.2.1- Equipamentos ..................................................................... 71
8.2.3 Amostras usadas no estudo da estabilidade........................ 77
8.2.4 Reagentes usados nos mtodos de ensaio ........................... 78
8.2.5 Gases ................................................................................. 79
8.2.6 - Tcnicas de preparao de amostras ................................... 81
8.2.7 - Extraco Lquido Lquido ................................................ 82
8.2.8 - Extraco em Fase Slida ................................................... 84
-
ndice Geral
xiii
8.2.9 Preparao da amostra para anlise de Acrilamida .............. 86
8.2.10 Purge & Trap ..................................................................... 86
8.2.12 Tcnica do Headspace ....................................................... 87
Captulo 9 - Apresentao e Discusso dos Resultados ........................ 89
9.1. Monitorizao das condies de armazenamento de amostras de
gua no transporte ........................................................................... 91
9.1.1 Monitorizao das condies de armazenamento de amostras
usando acumuladores trmicos ..................................................... 91
9.1.2 Monitorizao das condies de armazenamento de amostras
usando gelo. .................................................................................. 94
9.1.3 - Monitorizao das condies de armazenamento dos
compostos orgnicos volteis ......................................................... 98
9.2. Monitorizao das condies de armazenamento de amostras de
gua no Laboratrio ........................................................................ 100
9.2.1 Monitorizao das condies de armazenamento de amostras
no frigorfico ................................................................................. 100
9.3- Avaliao da estabilidade dos Compostos Orgnicos na gua de
consumo ......................................................................................... 101
9.3.1- Estudo da estabilidade da Acrilamida ................................. 103
9.3.2- Estudo da estabilidade dos Bifenilos Policlorados................ 108
9.3.3- Estudo da estabilidade dos Compostos Orgnicos Volteis .. 111
9.3.4 - Estudo da estabilidade dos Hidrocarbonetos Aromticos
Polinucleares ................................................................................ 114
9.3.5- Estudo da estabilidade dos Trihalometanos ........................ 131
Captulo 10 - Concluses Finais ......................................................... 145
Captulo 11 - Referncias Bibliogrficas .............................................. 151
Anexos ................................................................................................... I
-
ndice de Figuras
ndice de Figuras Figura 1: Seleco de pontos de amostragem do consumidor da cidade de
Lisboa . ............................................................................................... 10
Figura 2: Sistema de Abastecimento da EPAL. ..................................... 12
Figura 3.1: Estrutura da Acrilamida . .................................................. 15
Figura 3. 2: Estrutura dos PBCs.. 13
Figura 3. 2: Estrutura do Cloreto de vinilo .... 17
Figura 5.1 :Extraco Lquido Lquido .............................................. 36
Figura 5.2: Cartucho usado na extraco em fase slida . .................... 40
Figura 5.3: Processo de extraco dos compostos volteis na amostra. 45
Figura 7.1:Detector ECD .... 56
Figura 7.2:Esquema do Detector Rede de Dodos (Imagem adaptada) ... 57
Figura 7.3:Detector de Fluorescncia. (a) Entrada da amostra; (b) sada
da amostra; (c) fotoclula; (d) filtro ou monocromador; (e) lmpada ...... 58
Figura 8. 1:Conservao de amostras usando acumuladores trmicos. 69
Figura 8.2:Conservao de amostras usando o gelo. ............................ 69
Figura 8.3:Equipamentos utilizados na monitorizao das condies de
armazenamento de amostras. .............................................................. 70
Figura 8.4:Cromatgrafo Lquido WatersAlliance HT e Espectrmetro de
Massa Micromass Quattro microAPI. .................................................... 71
Figura 8.5:Cromatgrafo Gasoso equipado com detector de captura de
electres (ECD). ................................................................................... 72
Figura 8.6:Cromatgrafo Gasoso associado a um Espectrmetro de
massa (GC-MS) e a um sistema de Purge & Trap. ................................. 73
Figura 8.7:Cromatgrafo Lquido equipado com DAD e FLD. ................ 74
Figura 8.8:Cromatgrafo Gasoso equipado com detector de captura de
electres (ECD) e sistema de headspace. 75
Figura 8.9 :Sistemas utilizados em LLE e para concentrar a amostra. .. 84
Figura 8.10: Sistema utilizado em SPE e para a concentrao de
amostras. ............................................................................................ 85
-
ndice de Figuras
xv
Figura 9.1:Comparao da temperatura mnima obtida para os diferentes
frascos com a temperatura imposta pela ISO 5667-3 durante o processo
de monitorizao das condies de armazenamento das amostras num
perodo de 24h.. 92
Figura 9.2:Comparao da temperatura atingida no frasco de
amostragem para HAPs (1L) usando gua desmineralizada e a gua da
torneira e da temperatura na arca trmica usando acumuladores
trmicos como sistema de refrigerao, durante 24h. ........................... 93
Figura 9.3:Evoluo temporal da temperatura no interior dos frascos de
amostragem quando armazenados em arcas trmicas contendo gelo. ... 94
Figura 9.4:O intervalo de tempo em que as amostras demoram a atingir a
temperatura de 2C. Estas amostras foram armazenadas no gelo durante
24h. .................................................................................................... 95
Figura 9.5:Comparao da temperatura atingida no frasco de
amostragem para HAPs (volume 1L) usando gua desmineralizada e a
gua da torneira e da temperatura na arca trmica usando o gelo como
sistema de refrigerao, durante 24h. .................................................. 97
Figura 9.6:Monitorizao do comportamento dos VOCs em gua ultra
pura durante o perodo de armazenamento de 24h.em gelo. ................. 99
Figura 9.7:Evoluo temporal da temperatura no interior dos frascos de
amostragem quando armazenados no frigorfico a uma temperatura de
5 3C ................................................................................................ 100
Figura 9.8:Estudo da estabilidade da acrilamida em gua ultra pura. . 104
Figura 9.9:Estudo da estabilidade da Acrilamida em gua ultra-pura
clorada sem adio do tiossulfato de sdio. ......................................... 105
Figura 9.10: Reaco qumica ocorrida no estudo da Acrilamida em gua
ultra pura e sem adio do tiossulfato de sdio. .................................. 106
Figura 9.11:Estudo da estabilidade da Acrilamida na gua da torneira,
com adio de um surrogate (acrilamida 13C). ..................................... 107
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ndice de Figuras
Figura 9.12:Estudo da estabilidade dos Bifenilos Policlorados em gua
ultra pura. ......................................................................................... 109
Figura 9.13:Estudo da estabilidade dos Bifenilos Policlorados em gua da
torneira. ............................................................................................. 110
Figura 9.14:Estudo da estabilidade do Cloreto de vinilo em gua ultra
pura. Estas amostras foram armazenadas no gelo antes de serem
analisadas durante 17h. ..................................................................... 112
Figura 9.15:Estudo da estabilidade do Cloreto de vinilo em gua ultra
pura. .................................................................................................. 113
Figura 9.16:Estudo da estabilidade do Naftaleno em gua-ultra pura. 115
Figura 9.17:Estudo da estabilidade do Acenafteno em gua ultra-pura.
.......................................................................................................... 116
Figura 9.18:Estudo da estabilidade do Fluoreno em gua ultra-pura. . 117
Figura 9.19:Estudo da estabilidade do Fenantreno em gua ultra-pura.
.......................................................................................................... 118
Figura 9.20:Estudo da estabilidade do Acenaftileno em gua ultra-pura.
.......................................................................................................... 119
Figura 9.21:Estudo da estabilidade do Antraceno em gua ultra-pura.
.......................................................................................................... 120
Figura 9.22:Estudo da estabilidade do Fluoranteno em gua ultra-pura.
.......................................................................................................... 121
Figura 9.23:Estudo da estabilidade do Pireno em gua ultra-pura. ..... 122
Figura 9.24:Estudo da estabilidade do Benzo(a)antraceno em gua ultra-
pura. .................................................................................................. 123
Figura 9.25:Estudo da estabilidade do Criseno em gua ultra-pura. ... 124
Figura 9.26:Estudo da estabilidade do Benzo(b)fluoranteno em gua
ultra-pura. ......................................................................................... 125
Figura 9.27:Estudo da estabilidade do Benzo(k)fluranteno em gua ultra-
pura. .................................................................................................. 126
-
ndice de Figuras
xvii
Figura 9.28:Estudo da estabilidade do Benzo(a)pireno em gua ultra-
pura. .................................................................................................. 127
Figura 9.29:Estudo da estabilidade do Dibenzo(a,h)antraceno em gua
ultra-pura. ......................................................................................... 128
Figura 9.30:Estudo da estabilidade do Benzo(g,h,i)perileno em gua
ultra-pura. ......................................................................................... 129
Figura 9.31:Estudo da estabilidade do Indeno[1,2,3-cd]pireno em gua
ultra-pura. ......................................................................................... 130
Figura 9.32:Estudo da estabilidade do Clorofrmio usando como matriz a
gua ultra-pura durante o perodo de armazenamento no laboratrio. 132
Figura 9.33:Estudo da estabilidade do Clorofrmio em gua da torneira
durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ......................... 133
Figura 9.34:Estudo da estabilidade do Tetracloreto de carbono em ultra-
pura durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ................. 134
Figura 9.35:Estudo da estabilidade do Tetracloreto de carbono em gua
da torneira durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ........ 135
Figura 9.36:Estudo da estabilidade do Tricloroeteno em gua ultra-
puradurante o perodo de armazenamento no laboratrio. .................. 136
Figura 9.37:Estudo da estabilidade do Bromodiclorometano em gua
ultra puradurante o perodo de armazenamento no laboratrio. .......... 137
Figura 9.38:Estudo da estabilidade do Bromodiclorometano em gua da
torneira durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ............ 138
Figura 9.39:Estudo da estabilidade do Dibromoclorometanoem
guaultra-pura durante o perodo de armazenamento no laboratrio. . 139
Figura 9.40:Estudo da estabilidade do Dibromoclorometano em gua da
torneira durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ............ 140
Figura 9.41:Estudo da estabilidade do Tetracloroeteno em gua ultra-
pura durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ................. 141
Figura 9.42:Estudo da estabilidade do Tetracloroeteno em gua da
torneira durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ........... 142
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ndice de Figuras
Figura 9.43:Estudo da estabilidade do Bromofrmio em gua ultra pura
durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ......................... 143
Figura 9.44:Estudo da estabilidade do Bromofrmio em gua da torneira
durante o perodo de armazenamento no laboratrio. ......................... 144
-
ndice de Tabelas
xix
ndice de Tabelas
Tabela 3.1:Estrutura de outros compostos orgnicos volteis estudados
........................................................................................................... 21
Tabela 3.2:Estrutura dos VOCs responsveis pelo cheiro e sabor
estudados ........................................................................................... 22
Tabela 8.1:Frasco de amostragem usados para a colheita de amostras de
gua destinadas anlise de compostos orgnicos .............................. 67
Tabela 8.2:Volume do Padro de fortificao usado durante o estudo da
estabilidade dos compostos orgnicos em gua ultra-pura e em gua da
torneira. .............................................................................................. 80
Tabela 8.3:Volume da amostra usada durante a LLE ........................... 83
Tabela 9.1:Perodo de conservao das amostras no laboratrio ...102
-
ndice de Tabelas
-
ndice de Anexos
xxi
ndice de Anexos
Anexo 1:Classificao dos parmetros de qualidade em grupos Segundo a
frequncia de amostragem e anlise ..................................................... III
Anexo 2:Frequncia mnima de amostragem e anlise de gua destinada
ao consumo humano fornecida por uma rede de distribuio ................. V
Anexo 3:Frequncia mnima de amostragem e anlise de gua destinada
ao consumo humano por uma entidade gestora em alta .................... VII
Anexo 4: Frequncia mnima de amostragem e anlise de guas
superficiais ........................................................................................... IX
Anexo 5:Classificao dos parmetros de qualidade das guas
superficiais em grupos (GI, G2, G3) segundo a frequncia de amostragem
e anlise ............................................................................................... XI
Anexo 6:Identificao, tipo de recipiente e processo de conservao das
amostras a ensaiar no laboratrio ...................................................... XIII
Anexo 7:Resultado obtido para a monitorizao das condies de
armazenamento de amostras de gua por refrigerao no Laboratrio . XX
Anexo 8:Resultado obtido para a monitorizao das condies de
armazenamento de amostras desde da colheita at Laboratrio ......... XXII
Anexo 9:Propriedades da Acrilamida e das solues usadas durante o
trabalho prtico ................................................................................ XXIV
Anexo 10:Propriedades dos Bifenilos Policlorados ......................... XXXVII
Anexo 11:Propriedades do Cloreto de vinilo .......................................... XL
Anexo 12:Propriedades dos Hidrocarbonetos Aromticos Polinucleares XLI
Anexo 13:Propriedades dos Trihalometanos ....................................... XLV
-
ndice de Anexos
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Captulo 1 A gua
1
Captulo 1 - A gua
-
Captulo 1 A gua
2
-
Captulo 1 A gua
3
1.1 - Controlo da Qualidade da gua
A gua constitui um recurso indispensvel sobrevivncia da
biosfera, do Homem e de todas as espcies existentes na terra.
A dependncia do Homem relativamente ao ar, a gua uma
relao directa e vitalcia.
O uso e a gesto dos recursos hdricos disponveis no so apenas um
problema quantitativo, tambm considerado um problema qualitativo.
A gua por possuir caractersticas fsico qumicas, por estar na
natureza associada a vrias substncias existentes em soluo e/ ou em
suspenso pode interferir na sua qualidade [1].
A qualidade da gua, ou seja, o seu uso para fins especficos, mais
precisamente para o consumo humano tem vindo a ser uma preocupao
constante das autoridades competentes.
Logo, o objectivo principal das entidades gestoras de
abastecimento de gua demonstrar o nvel de qualidade da gua de
acordo com a lei em vigor, manter um controlo operacional que permita
identificar, isto , rastrear possveis anomalias na qualidade de gua e
desta forma pr em prtica medidas preventivas e eficazes [2].
Os parmetros de qualidade so classificados segundo a frequncia de
amostragem e anlise. De acordo com a norma em vigor os parmetros
de qualidade da gua esto divididos da seguinte forma: parmetros
controlo de Rotina I, parmetros de controlo de rotina II e parmetros de
controlo de inspeco [2].
-
Captulo 1 A gua
4
Na EPAL, o controlo destes parmetros de qualidade da gua
inicia-se com a recolha das amostras nas diversas origens utilizadas para
a produo de gua para o consumo humano. O controlo de processos
nas Estaes de Tratamento de gua (Fbricas da Asseiceira, Vale da
Pedra) e nas captaes subterrneas so uma forma de fiscalizar a
eficincia do tratamento e os respectivos parmetros. Para alm destes
controlos tambm existem o controlo legal, operacional /vigilncia, os
estudos complementares sobre a qualidade da gua, o controlo de
produtos qumicos utilizados no tratamento e o controlo dos materiais
usados em contacto com a gua de consumo humano. [2].
1.2 Legislao em Portugal
A gua como um bem necessrio para os seres humanos, tem
vindo a ser submetida a vrios estudos cientficos de forma a melhorar a
sua qualidade e consequentemente, o desenvolvimento de novos mtodos
analticos. O crescimento populacional ao nvel mundial e a necessidade
de melhorar a sade pblica das nossas populaes possibilitou criao
de normas com o intuito de monitorizar a qualidade da gua para o
consumo humano.
Em Portugal, a monitorizao da qualidade de gua baseada
segundo o Decreto de Lei n236/98, de 1 de Agosto que estabelece
normas, critrios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o
meio aqutico e melhorar a qualidade das guas em funo dos seus
principais usos, sendo este decreto lei aplicado a guas doces
subterrneas e guas superficiais destinas produo de para consumo
humano [3]. O Decreto de Lei n306/2007, de 5 de Setembro, estabelece o
regime de qualidade da gua destinada ao consumo humano com o
objectivo de proteger a sade humana dos efeitos nocivos resultantes da
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Captulo 1 A gua
5
eventual contaminao e assegurar a disponibilizao tendencial de gua
salubre, limpa e desejavelmente equilibrada na sua composio [4]. O
decreto lei 103/2010 de 14 de Setembro estabelece as normas de
qualidade ambiental para as substncias prioritrias e outros poluentes,
tendo em vista assegurar a reduo gradual da poluio e alcanar o
bom estado das guas superficiais no termos definidos na Lei da gua
(Lei n 58/2005 de 29 de Dezembro) [5,6].
-
Captulo 1 A gua
6
-
Captulo 2 Monitorizao das condies de armazenamento de
amostras de gua
7
Captulo 2 - Monitorizao das
condies de armazenamento de
amostras de gua
-
Captulo 2 Monitorizao das condies de armazenamento de
amostras de gua
-
Captulo 2 Monitorizao das condies de armazenamento de
amostras de gua
9
2.1 - Monitorizao das condies de armazenamento de amostras
de gua
A amostragem, ou seja, o nmero mnimo de colheita de amostra de gua
realizada com o intuito de verificar a conformidade das guas [5].
A colheita da amostra uma operao extremamente importante, uma
vez que pode condicionar o resultado analtico e a sua interpretao. A
amostra recolhida deve ser homognea e assuas caractersticas fsico
qumicas devem ser mantidas o mximo possvel. Para isso, necessrio
que a preservao, ou seja, a conservao da amostra seja realizada da
melhor forma desde do local de colheita at ao Laboratrio. A escolha do
recipiente de colheita extremamente importante, uma vez que pode
afectar os resultados. Logo, o recipiente no deve ser uma causa de
contaminao, no absorva ou adsorva os constituintes a dosear e no
reaja com outros constituintes da amostra. O uso de materiais de metal
desaconselhvel devido aos problemas de corroso [2,5,6].
A forma mais adequada para conservar as amostras durante o transporte
mant-las uma temperatura especfica parmetro em causa,
normalmente a 5 3C em arcas trmicas sem a presena de luz. No
caso das amostras que so submetidas a um tratamento de desinfeco,
o cloro e os seus subprodutos podem interferir nos mtodos analticos
usados para anlise de determinados parmetros [7].
As amostras devem ser entregues no Laboratrio no prprio dia da
colheita, onde se realizaro as anlises de imediato, ou se proceder
conservao das mesmas Pelo que se deve adicionar um agente redutor
s amostras, como o tiossulfato de sdio ou o cido ascrbico, de modo a
eliminar a presena de cloro nas amostras [6].
-
Monitorizao das condies de armazenamento de amostras de gua
10
Os recipientes que transportam as amostras devem ser protegidos,
selados de modo a no sofrerem um processo de deteriorao e no
perderem o seu contedo durante o transporte [7].
A amostragem realizada pela EPAL nas torneiras do consumidor da
cidade de Lisboa efectuada de acordo com os seguintes critrios:
A cobertura de todas as zonas habitacionais da cidade de
Lisboa;
A seleco dos pontos em funo da localizao geogrfica:
Figura 1: Seleco de pontos de amostragem do consumidor da cidade de
Lisboa [2].
Dependendo do local de captao da amostra, esta poder ser analisada
directamente ou no. Esta etapa depende do grau de turvao da
amostra que pode ser eliminada atravs de um processo de remoo das
partculas em suspenso filtrao. O volume da amostra que deve ser
recolhido para uma anlise completa da gua, depende do tipo de
parmetro em estudo [2].
-
Captulo 2 Monitorizao das condies de armazenamento de
amostras de gua
11
As guas destinadas para o consumo humano, guas superficiais e as
guas subterrneas, devem ser submetidas a um processo de
tratamento. Aps o tratamento adequado, a gua no pode pr em causa
a sade das populaes e no deve causar a deteriorao ou a destruio
das diferentes partes do sistema de abastecimento [2].
A gua superficial classificada de acordo com o tipo de tratamento a
que submetido. Desta forma existem trs tipos de guas superficiais:
A1 gua submetida ao tratamento fsico e desinfeco, A2 gua
submetida ao tratamento fsico, qumico e desinfeco e A3 gua
submetida ao tratamento fsico, qumico de afinao e desinfeco [2].
A gua subterrnea pode ser utilizada como origem de gua para
consumo humano, s se a sua qualidade for superior ou igual `a
categoria A1 das guas doces superficiais destinadas ao consumo
humano [2].
A principal captao de gua superficial para a produo de gua para o
consumo humano da EPAL a do Rio Zzere Albufeira de Castelo de
Bode associada a Estao de Tratamento Fbrica da Asseiceira. A
capacidade de nominal de produo de gua nesta estao de 625 000
m3/dia. Para alm desta captao existe a captao do Rio Tejo Valada
do Ribatejo associada a Estao de Tratamento Vale da Pedra, com
uma capacidade nominal de produo 225 000 m3/dia [2].
-
Monitorizao das condies de armazenamento de amostras de gua
12
Figura 2: Sistema de Abastecimento da EPAL [8].
As captaes subterrneas da EPAL usadas para a produo de gua
para o consumo humano so: Nascente de Olhos de gua, Poos de
Alenquer, Poos das Lezrias, Poos da Ota e Furos de Valada [2].
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
13
Captulo 3 - Compostos Orgnicos
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
15
3.1 - Classificao
3.1.1 - Acrilamida
um composto orgnico produzido pela primeira vez em 1983.A
sua estrutura qumica de uma amida, com uma ligao dupla
insaturada. produzido industrialmente a partir do acrilonitrilo, por
tratamento com cido sulfrico ou clordrico [1].
Figura 3.1: Estrutura da Acrilamida [10].
As suas principais aplicaes em qumica so como intermedirio
qumico, como monmero devido s suas propriedades, como floculante
(produo de poliacrilamida usadas na produo de guas para consumo
domstico e industria), amaciador e auxiliar de reteno de pigmentos na
produo de papel [1].
um produto com baixa presso de vapor, uma elevada
solubilidade em gua, muito txico e irritante. Por ingesto e absoro
pode provocar efeitos txicos ao nvel do sistema nervoso [8,9].
Por ser considerado pela Comisso da Unio Europeia como um
produto cancergeno, foi necessrio introduzir no grupos de parmetros
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
16
qumicos a serem controlados para efeitos de qualidade da gua para
consumo humano [13].
3.1.2 - Bifenilos Policlorados
Os Bifenilos Policlorados (PCBs) so compostos aromticos
clorados e apresentam-se como uma mistura de ismeros com diferentes
percentagens de cloro. So poluentes persistentes porque so resistentes
biotransformao e so bioacumulveis devido as suas caractersticas
fsicas e qumicas [14].
Existem 209 configuraes possveis dos Bifenilos Policlorados,
embora s 150 faam parte dos grupos de compostos que so uma
ameaa para o ambiente [15]. A maior parte dos PCBs so compostos
incolores, inodoros, com baixa solubilidade em gua e baixa tenso de
vapor[16].
Figura 3.2: Estrutura dos PBCs [15].
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
17
So solveis na maior parte de solventes orgnicos, gorduras e de difcil
degradao, ou seja, so considerados compostos muito estveis [15].
A sua produo iniciou-se em 1930 e podem ser usados em vrios
sectores, como por exemplo, fluidos dielctricos para condensadores e
transformadores, fluidos hidrulicos, pesticidas, entre outros[16].
3.1.4 - Hidrocarbonetos Aromticos Polinucleares
Os Hidrocarbonetos Aromticos Polinucleares (HAPs) so
compostos qumicos constitudos apenas por tomos de hidrognio e
carbono. Estes elementos encontram-se ordenados em forma de dois ou
mais anis aromticos e so formados a partir da combusto incompleta
de substncias orgnicas (e.g., resduos vegetais, madeira, matria
orgnica e outros materiais.) [17]
Os primeiros estudos destes compostos foram em 1775, e em 1929
foi isolado o primeiro HAP [18].
A fuso entre os anis permite-nos obter uma gama muito variada
de HAPs. Neste momento existem cerca de 100 HAPs reconhecidos pelo
IPUC, embora s 16 HAPs (naftaleno, antraceno, acenaftileno,
acenafteno, benzo(a)antraceno, benzo(b)fluoranteno, benzo(g,h,i)perileno,
criseno, dibenzo(a,h)antraceno, fluoreno, indeno(1,2,3c,d)pireno,
fenantreno, benzo(k)fluoranteno, benzo (a) pireno, fluoranteno e pireno)
so estudados de acordo com a sua aplicabilidade ao nvel industrial,
ambiental e toxicolgico[17].
Estes compostos so lipossolveis na membrana celular e podem
ser absorvidos no organismo dos humanos por inalao, exposio oral e
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
18
drmica. O seu metabolismo gera compostos epoxdicos com
propriedades carcinognicas e mutagnicas[17].
A sua estrutura qumica responsvel pela sua baixa solubilidade
em gua e baixa biodegradao. Logo, torna-se persistente e permanece
no solo durante muito tempo [17].
Dependendo do tipo de contaminao (por ex., solo) estes
compostos podem ser detectados em concentraes diferentes nos
diversos compartimentos ambientais [19]
3.1.5 - Compostos Orgnicos Volteis
Os compostos orgnicos volteis (VOCs) so compostos
constitudos essencialmente por cadeias ou anis de carbono, associados
ao hidrognio, e possivelmente ao oxignio, azoto e a outros componentes
[35].
As principais fontes de produo destes compostos so: actividade
humana, mais precisamente, actividade industrial e a processos de
combusto. Como resultado destas aces, temos as emisses de
poluentes que, em contacto com o vapor de gua existente na atmosfera
reagem e voltam a superfcie da terra sob a forma de chuva, e
consequentemente, a contaminao do solo por adsoro e da gua
subterrnea com estes poluentes [35].
Estes compostos aparecem na gua como subprodutos do processo
de desinfeco, atravs da reaco entre o cloro e a matria orgnica
natural existente na gua bruta. Dos subprodutos da desinfeco
existentes os mais conhecidos so os THMs [35].
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
19
A outra fonte de produo dos VOCs o uso dos pesticidas volteis
na agricultura de forma a eliminar as pestes [35].
3.1.5.1 - Trihalometanos
O processo de desinfeco nas guas destinadas para o consumo
humano tm como objectivo eliminar bactrias e vrus. Durante este
processo compostos orgnicos e inorgnicos presentes na gua reagem e
do origem a produtos txicos de desinfeco, denominados desub -
produtos da desinfeco (disinfectionby-products,DBPs) [20].
Os DBPs so constitudos por vrios compostos sendo os mais
importantes os Trihalometanos (THMs). Deste grupo fazem parte os
seguintes compostos: clorofrmio, bromodiclometano,
dibromoclorometano, e bromofrmio [20].
Os THMs foram identificados pela primeira vez em 1974 e a sua
concentrao em gua, e o tipo de composto formado dependem dos
seguintes factores:
A concentrao e o tipo de desinfectante (e.g., cloro, dixido de
cloro);
O tipo de composto orgnico existente na gua e a sua
concentrao (e.g., matria orgnica natural (NOM) ou cidos
hmicos ou flvicos e compostos antropognicos;
O tipo de composto inorgnico existente na gua e a sua
concentrao por exemplo, ies iodeto e brometo;
pH;
Tempo de reaco;
Alcalinidade;
Temperatura de reaco;
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
20
3.1.5.2 - Cloreto de vinilo
O cloreto de vinilo faz parte do grupo dos compostos orgnicos
volteis que podem aparecer em guas superficiais devido ao aumento
das emisses gasosas. Em gua de consumo, estes compostos podem
surgir como subprodutos resultantes do tratamento, como constituinte
dos materiais de sistema de distribuio ou por ineficincia do sistema
de tratamento [15].
Figura 3.3: Estrutura do Cloreto de vinilo [16]
um produto de sntese utilizado essencialmente no fabrico de cloreto
de polivinilo conhecido como cloroetileno, que produzido a partir do
dicloroeteno de etileno, por reaco com hidrxido de potssio em
soluo alcolica. Pode ser ainda obtido por halogenao do etileno. As
suas principais caractersticas: gs incolor que liquefaz em mistura
frigorfica, solvel em lcool, ter, tetracloreto de carbono, benzeno e
ligeiramente solvel em gua
[1].
A contaminao da gua de consumo pelo cloreto de vinilo, usado
no fabrico de peas com que entra em contacto, levou publicao em
diversos pases de normas muito exigentes em relao qualidade de
quaisquer materiais que na rede de distribuio contactem com a gua
de consumo [1].
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
21
O seu metabolismo produz metabolitos altamente reactivos e com
efeitos mutagnicos, sendo a reaco dependente da dose envolvida. O
cloreto de vinilo apresenta uma toxicidade reduzida, mas os efeitos sobre
o fgado, mesmo na presena de teores reduzidos, torna-o perigoso [1].
3.1.5.3 - Estrutura dos outros Compostos Orgnicos Volteis
estudados
Tabela 3.1: Estrutura de outros compostos orgnicos volteis
estudados
Composto Estrutura
Benzeno
1,2 dicloroetano
Epicloridrina
-
Captulo 3 Compostos Orgnicos
22
3.1.5.4 - Estrutura dos Compostos Orgnicos Volteis responsveis
pelo cheiro e sabor
Tabela 3.2: Estrutura dos VOCs responsveis pelo cheiro e sabor
estudados
Composto Estrutura
Isoborneol
Borneol
2-metilisoborneol
2,4,6 tricloroanisole
2,3,6 tricloroanisole
Geosmina
2,3,4 tricloroanisole
2,4,6 - tribromoanisole
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
23
Captulo 4 - Colheita, Transporte e
Conservao de amostras de gua
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
25
4.1 - Introduo
Todos os tipos de gua so susceptveis de sofrer modificaes,
com maior ou menor rapidez, em consequncia de fenmenos fsicos,
qumicos ou biolgicos, que podem ocorrer no perodo entre o momento
em que feita a colheita da amostra de gua e o momento em que
desenvolvido o ensaio [18].
Estas variaes dependem de propriedades qumicas e biolgicas
da amostra, da temperatura, da exposio a luz, do tipo de recipiente
onde armazenada a amostra, diferena entre o tempo de colheita e o
tempo de anlise e de alguns factores pela qual a amostra submetida,
por exemplo, agitao durante o transporte. Para alm destes factores
existem factores como [18]:
a. Presena de bactrias, algas e outros organismos podem degradar
certos constituintes da amostra. Estes organismos podem tambm
modificar a natureza dos compostos existentes de forma a criarem
novos produtos. Esta actividade biolgica afecta a concentrao de
oxignio dissolvido, dixido de carbono e compostos como: azoto,
fsforo e em alguns casos o silcio.
b. Alguns compostos podem ser oxidados pelo oxignio dissolvido
presenta na amostra ou pelo oxignio atmosfrico (por exemplo
compostos orgnicos, Fe (II) e sulfuretos).
c. Algum compostos podem precipitar a soluo (por ex. carbonato de
clcio, metais e compostos metlicos como Al(OH)3) ou perdidas na
fase gasosa ( por ex.O2, cianetos e mercrio)
d. O pH e a condutividade podem ser modificados e o CO2 dissolvido
pode ser alterado atravs da absoro de CO2proveniente do ar.
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
26
e. Os metais dissolvidos ou metais em estado coloidal, como certos
compostos orgnicos, podem sofrer a adsoro irreversvel na
superfcie do recipiente ou nas amostras.
f. Produtos polimerizados podem despolimerizar e os compostos
simples podem polimerizar.
As mudanas ocorridas num determinado composto especifico no
dependem s do tipo de gua, mas tambm da condio sazonal [18].
H que salientar que essas mudanas so em muitos casos
suficientemente rpidas para modificar a amostra num curto espao de
tempo. Em todos os casos, o mais importante minimizar o mximo
estas reaces e no caso dos analitos, a anlise deve ser realizada com o
mnimo atraso possvel [18].
A gua doce e a gua subterrnea podem ser armazenadas com
sucesso. No caso da gua potvel, a conservao pode ser resolvida
atravs da refrigerao, uma vez que estas guas so menos susceptveis
a reaco qumica e biolgica [18].
Em muitos casos, se as amostras so analisadas em 24h,a
refrigerao como tcnica de conservao entre 1C 5 C suficiente.
Os efluentes das estaes de tratamento industriais ou municipais
devem ser conservadas imediatamente aps a sua colheita devido sua
elevada actividade biolgica [18].
A colheita das amostras de gua para ensaio uma operao que
envolve cuidados especiais. Ela condiciona os resultados analticos e a
sua interpretao. Uma amostra deve ser homognea, representativa e
obtida sem modificar as suas caractersticas fsico-qumicas [18].
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
27
Do mesmo modo o processo de conservao seleccionado para
estabilizao de cada parmetro analtico, deve reflectir as possveis
causas de variao da sua composio entre a colheita da amostra e a
sua anlise. No entanto, deve ser tido em conta que as tcnicas de
conservao apenas conseguem retardar as alteraes qumicas e
biolgicas que, inevitavelmente, continuam a dar-se aps a colheita e
preservao, apresentando por isso um perodo de conservao restrito
[18].
4.2 - Colheita da amostra
O modo como se procede colheita de uma amostra especfico do
parmetro a analisar na amostra e pode condicionar os resultados a
obter em ensaios fsico qumicos [18].
O recipiente usado deve colher e armazenar amostras que foram
previamente seleccionadas de acordo com os seguintes critrios [18]:
a) Minimizar a contaminao de amostra atravs do recipiente e do
tipo de material que feito a tampa do recipiente, por exemplo,
lixiviao dos compostos inorgnicos atravs do vidro
(especialmente vidro soda), compostos orgnicos e metais dos
plsticos. Algumas tampas coloridas podem conter nveis
significativos de metais pesados.
b) A capacidade de limpar e tratar as paredes do recipiente de forma
a reduzir a superfcie de contaminao atravs de vestgios de
compostos como: metais pesados ou radionucleares.
c) A inrcia qumica e biolgica dos recipientes e das suas tampas
tm como objectivo minimizar e prevenir a reaco entre os
compostos e o recipiente.
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
28
d) Os recipientes podem sofrer alteraes devido a adsoro ou
absoro dos analitos. Vestgios de metais so particularmente
susceptveis a estes efeitos, mas outros compostos (ex. detergentes,
surfactantes, fosfatos) tambm podem afectados.
Os novos recipientes devem ser lavados com detergente de forma a
eliminarmos a sujidade existente e dos resduos provenientes dos
produtos de armazenamento. Em seguida enxaguar com gua que possui
uma qualidade apropriada. O uso de reagentes de limpeza ou de
solventes podem causar interferncias, e.g. contaminao residual pelo
fosfato existente na composio dos detergentes [18].
Os procedimentos de preparao dos frascos de amostragem
devem ser validados atravs de ensaios em branco que demonstrem a
correcta lavagem e preparao desses frascos e ausncia de possveis
interferentes [18].
4.3 - Refrigerao e congelamento de amostras
A refrigerao ou o congelamento de amostras eficaz se o
processo for aplicado logo aps a colheita de amostras. Esta etapa
necessita de arcas trmicas ou refrigeradores no local onde feita a
recolha de amostras. Qualquer que seja a temperatura aconselhada para
a refrigerao, a temperatura do local onde a amostra armazenada deve
ser controlada [18].
A refrigerao da amostra (gelo ou refrigerador a temperatura entre
1 `5C) e o seu armazenamento, em maior parte dos casos o suficiente
para conservar a amostra durante o trajecto at ao Laboratrio.
Refrigerao no pode ser considerada como um processo de
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
29
armazenamento a longo termo, principalmente no caso das guas
residuais [18].
A amostra deve ser colocada e armazenada a uma temperatura
inferior em relao a temperatura observada durante a captao da
amostra [18].
Quando as amostras contm analitos que so afectados pela
actividade biolgica ou quando no possvel realizar-se uma conservao
no local de colheita, a temperatura da amostra deve ser monitorizada
assim que esta chega ao laboratrio. Este passo importante para as
amostras que requerem um transporte de longas horas [18].
As amostras devem ser analisadas ou congeladas imediatamente
ao chegar ao Laboratrio. Durante o transporte, a temperatura do
sistema de refrigerao deve ser monitorizada [18].
Em geral, o armazenamento de amostra a temperatura de -20C
permite que esta permanea conservada por longos perodos de tempo.
Se as amostras forem congeladas, o recipiente deve ser de plstico ou
ento no deve ser enchido por completo, de forma a reduzir o risco do
recipiente danificar-se. Para alguns analitos, como nutrientes a melhor
forma de conserva a amostra congelar. Neste caso o congelamento com
gelo seco o procedimento mais adequado. Para anlise de compostos
volteis, clulas, bactrias ou microalgas o congelamento da amostra no
a tcnica mais adequada para a conservao, uma vez que pode ocorrer
a perda do material durante o descongelamento. Todavia necessrio
controlar a tcnica de congelamento e descongelamento de forma que, a
amostra volte ao seu estado inicial. Neste caso o uso de recipientes de
plstico (Ex: cloreto polivinilo ou polietano) so os mais recomendados. O
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
30
procedimento de descongelamento de amostras pode ser visto na ISO
5667 -1 [18].
4.4 - Adio de Conservantes
Certos compostos qumicos e fsicos podem ser estabilizados pela
adio de compostos qumicos selectivos directamente na amostra logo a
seguir a sua colheita ou previamente no frasco [18].
Determinados reagentes so necessrios para a conservao
especfica de certos compostos (por ex., a determinao do oxignio,
cianetos totais e sulfuretos) que requerem que a conservao seja
realizada no local de colheita [18].
essencial que os conservantes usados no interfiram. prefervel
usar conservantes concentrados, uma vez que a quantidade necessria
para adicionar a amostra ser inferior quando comparado com a
quantidade necessria de um conservante diludo. O uso de conservantes
slidos (por ex., NaOH) deve ser evitado porque pode ocorrer aquecimento
no local e afectar a amostra [18].
Acidificao pode solubilizar os compostos coloidais, logo os cidos
devem ser usados com cuidado porque o objectivo da anlise
determinar os compostos que se encontram dissolvidos na amostra [18].
Precaues similares devem ser tomadas em conta para anlise de
amostras com alguma toxicidade, como certos componentes como por
exemplo, os metais pesados que apresentam uma elevada toxicidade
quando se encontram na sua forma inica. As amostras devem ser
analisadas assim que for possvel [18].
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
31
essencial ter um branco, particularmente para vestgios ou
elementos, de forma a termos a noo de uma possvel adio da
quantidade do analito (ex. cidos podem introduzir quantidades elevadas
de arsnio, chumbo e mercrio) atravs dos conservantes. Neste tipo de
caso, a quantidade do conservante usado no tratamento de amostra de
gua deve ser conhecido de a forma a ser usado na preparao do teste
do branco [18].
4.5 Transporte de amostras
Os frascos que transportam as amostras devem ser protegidos e
selados de modo a no sofrerem um processo de deteriorao e a no
perderem o seu contedo durante o transporte. As arcas trmicas que
transportam os frascos de colheita devem proteger estes de uma
contaminao externa e de uma possvel quebra, e no devem ser uma
fonte de contaminao. Durante o transporte as amostras devem ser
mantidas temperatura especificada para o parmetro em causa e
devem, quando necessrio, ser protegidas da luz [18].
As amostras devem ser entregues no laboratrio no prprio dia de
colheita, onde se realizaro de imediato as anlises ou se proceder
conservao das mesmas de acordo com o descrito neste procedimento
em normas de ensaio especfico para determinado parmetro [18].
4.6 Conservao de amostras de gua
Certos constituintes podem ser estabilizados pela adio de compostos
qumicos, quer directamente amostra aps a colheita, quer previamente
ao recipiente ainda vazio [18].
-
Captulo 4 Colheita, Transporte e Conservao de amostras de gua
32
A adio dos agentes de conservao preferivelmente efectuada
sob a forma de solues bastante concentradas de forma a que se
utilizem apenas pequenos volumes que tornem desprezvel a diluio
correspondente das amostras [18].
Quando as amostras de gua a ensaiar no so conservadas no
local, a conservao temporria garantida pela refrigerao a uma
temperatura de 5 3C [18].
Caso as amostras no sejam analisadas imediatamente aps a sua
recepo no laboratrio, devem ser usados os mtodos de conservao de
amostras, de acordo com cada parmetro analtico, a analisar nessas
amostras [18].
-
Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
33
Captulo 5 - Tcnicas de Preparao
da Amostra
-
Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
-
Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
35
5.1 -Introduo
A preparao da amostra um processo extremamente importante
em todos os processos analticos. O principal objectivo desta tcnica
extrair, ou seja, isolar e concentrar o analito das espcies que possam
interferir na anlise qumica, uma vez que as amostras so muito diludas
e complexas [21,24].
Com o aumento da contaminao da gua a nvel mundial, muitos
contaminantes podem estar presentes na gua em concentraes
vestigiais. Sendo assim, surge a necessidade do desenvolvimento de
tcnicas de preparao de amostras que possibilitem a pr concentrao
dos analitos da matriz com o intuito de melhorar a sua capacidade de
deteco [21,24].
As tcnicas de preparao de a amostra mais usadas em qumica
orgnica so extraco lquido-lquido (LLE), extraco em fase slida
(SPE), microextraco em fase slida (SPME) e extraco sorptiva em barra
de agitao (SBSE) [18,21]
5.2 Extraco Lquido Lquido (LLE)
A LLE uma tcnica clssica de separao indirecta, baseada na
noo do equilbrio heterogneo da distribuio de um soluto entre duas
fases imiscveis ou parcialmente imiscvel, uma fase orgnica e a outra
aquosa. A separao das fases ocorre devido a diferena de solubilidade
que o soluto apresenta perante as duas fases imiscveis. [24].
-
Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
Figura 5.1: Extraco Lquido Lquido [22]
A partio dos solutos entre duas fases dada atravs do coeficiente
de partio ou de distribuio K:
s
sK
(Equao 3.1)
sendo [s] a concentrao do soluto na fase orgnica e [s]a concentrao
do soluto na fase aquosa.
Esta equao apresenta a lei da distribuio de Nernst que
representa a partio do soluto existente no equilbrio em ambas as fases.
Desta forma, a razo existente entre as duas concentraes constante
para cada temperatura e independente dos seus valores [24].
-
Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
37
H que salientar que a eficincia do processo de extraco est
relacionada com a capacidade do analito ser mais solvel no solvente
utilizado durante a extraco do que na fase onde se pretende extrair, ou
seja, quando o valor do coeficiente de distribuio aproxima-se muito de 1
[24].
A fraco do soluto, q, uma relao entre a sua concentrao na
fase aquosa e a fase orgnica aps a extraco. Nesta etapa, a fraco de
soluto est relacionada com o coeficiente de partio e com os volumes das
respectivas fases atravs da seguinte equao:
n
KVV
Vnq
(Equao 3.2)
sendo V o volume da fase aquosa e V o volume da fase orgnica.
Pela anlise da equao 3.2 possvel afirmar que quanto maior for
o coeficiente de partio, menor a fraco de soluto que permanece na
fase aquosa. Para uma extraco mais eficiente deve-se efectuar um maior
nmero de pequenos passos extractivos com pequenos volumes de
solventes, do que apenas uma nica extraco com um volume total de
solvente [24].
A selectividade ou a separao relativa,, um parmetro
extremamente importante no que diz respeito extraco de vrios
componentes. Este parmetro definido pela razo entre os respectivos
coeficientes de distribuio e pode ser expressa da seguinte forma:
i,j = Ki/Kj( Equao 3.3)
-
Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
onde Ki e Kj so os coeficientes de distribuio das duas espcies (i e j). A
selectividade deve ter um valor superior a 1, de forma que a separao seja
possvel e quanto mais elevada for o seu valor, mais eficiente ser a
extraco [24].
A eficcia de uma extraco lquido lquido depende da
transferncia de massa existente entre as duas fases. Este mecanismo
ocorre na superfcie de contacto das duas fases e o lquido submetido a
uma agitao vigorosa, seguido de um perodo de repouso de forma que o
equilbrio seja restabelecido [24].
O equilbrio existente neste tipo de processo normalmente envolve
condies no ideais porque as duas fases apresentam um comportamento
distante da idealidade. Sendo assim, a escolha do solvente de extraco
extremamente importante e requer um conhecimento experimental ou
emprico do sistema antes de proceder sua seleco [24].
A escolha do solvente adequado para a extraco vai de acordo com os
seguintes critrios:
Dissolver facilmente a substncia a extrair;
Elevada selectividade, capacidade e estabilidade;
Elevada pureza para minimizar a contaminao da amostra [25];
Baixa miscibilidade com a fase aquosa (< 10%) [25] e baixa
viscosidade;
Ser facilmente separvel da substncia extrada;
No reagir quimicamente com a substncia a extrair;
Tenso superficial moderada;
Ponto de ebulio inferior ao soluto a extrair, para que na sua
evaporao no haja perdas significativas;
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
39
5.2.1 Vantagens e Desvantagens
A maior vantagem desta tcnica a sua simplicidade e pelo facto de
no necessitar de equipamentos complexos. Permite a utilizao de uma
gama variada de solventes puros e comercialmente disponveis, permitindo
desta forma uma disperso elevada de solubilidade e selectividade.
Tambm permite controlar as recuperaes obtidas atravs da escolha de
solventes de extraco adequados e atravs da manipulao da amostra
[24].
Em contrapartida, as amostras com elevada afinidade para a gua
so parcialmente extradas pelo solvente orgnico, ocorrendo desta forma
uma perda do analito; as impurezas dos solventes so concentradas com a
amostra, o que incita o uso de solventes ultra -puros; existe a necessidade
de usar grandes quantidades de solvente, consequentemente o aumento da
poluio ambiental; grande consumo do tempo caso ocorra a formao de
emulses; a existncia de impurezas solveis no solvente orgnico pode vir
a dificultar a anlise; pode ocorrer a adsoro do analito no material de
vidro; difcil automatizao devido aos possveis erros que possam surgir;
alguns solventes orgnicos podem ser txicos e consequentemente
prejudiciais a sade do operador [24].
Embora esta tcnica apresente estas desvantagens, pode ser
aplicada para a anlise de uma gama elevada de compostos porque
apresenta uma elevada selectividade para o analito de interesse [24].
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
5.3 - Extraco em Fase Slida (SPE)
A extraco em fase slida um processo onde ocorre a reteno do
analito num suporte slido e a eluio realizada por um lquido que
atravessa a parte slida [18].
As primeiras aplicaes foram h 5 dcadas atrs, mas em s em
1978 apareceram novos cartuchos e em 1979 os cartuchos em forma de
seringa.
Esta tcnica baseada nas propriedades das superfcies slidas para
adsorver compostos orgnicos, uma vez que existe diferenas na afinidade
de vrias molculas para activar centros localizados na superfcie do
material adsorvente, permitindo desta forma a separao de misturas de
diferentes molculas [18].
um processo em que podemos visualizar duas fases imiscveis,
uma slida e outra lquida. Normalmente esta tcnica realizada em
cartuchos, os quais so constitudos por um invlucro e pelo enchimento
[18].
Figura 5.2: Cartucho usado na extraco em fase slida [20].
Corpo da Coluna
Enchimento Minidiscos
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
41
O dispositivo completo constitudo pelo corpo da coluna, pelo
enchimento e dois minidiscos como podemos ver na Figura 4.2. Os discos
so normalmente constitudos por polietileno de 20m de poro, cuja
funo conter o suporte slido na coluna [18].
A fase estacionria, ou seja, o enchimento a parte principal de todo
o processo, uma vez que proporciona de uma forma selectiva o isolamento
e/ou a concentrao do soluto [18].
Uma das caractersticas mais importantes da fase estacionria ser
reactivo com intuito de facilitar a modificao da sua superfcie atravs de
uma reaco qumica e ao mesmo tempo ser estvel de forma a permitir a
utilizao de uma gama variada de amostras e solventes. Podemos
encontrar vrios tipos de enchimento como carvo grafitizado, terra de
diatomceas, alumina, florisil, slica, slica ligada e polmeros porosos
macroreticulares. Os enchimentos mais usados so em slica e em slica
ligada [18].
As etapas mais importantes da extraco em fase slida so:
Condicionamento
Consiste em preparar a base do adsorvente de modo a que a
sua superfcie fique mais hidroflica. Tambm serve para eluir
quaisquer impurezas orgnicas adsorvidas na base do
cartucho que possam interferir na anlise.
Passagem da amostra (adsoro)
A amostra passa pela fase slida com ajuda de um ligeiro
vcuo aplicado na extremidade inferior da coluna ou com uma
presso positiva aplicada na extremidade superior da coluna.
O fluxo deve percorrer a coluna numa velocidade constante.
Lavagem
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
Esta etapa destina-se a remover sais e outros materiais no
desejados. Nesta etapa usa-se normalmente uma mistura de
gua com 5-20% de um solvente orgnico. A concentrao do
solvente orgnico no deve ser muito elevada para que no
ocorra a eluio parcial dos analitos.
Secagem
Esta etapa tem como finalidade a remoo da gua existente
na coluna atravs de uma presso de baixo vcuo durante
alguns minutos ou por passagem de ar ou azoto atravs da
coluna.
Eluio dos analitos
Os analitos adsorvidos so removidos da coluna de SPE e
voltam a uma fase lquida com ajuda de um solvente ou
mistura de solventes adequados. O solvente de eluio
escolhido deve eluir completamente os analitos na fase slida,
usando volumes pequenos.
Esta tcnica de extraco est associada a vrias interaces
qumicas como por exemplo a interaco entre a fase estacionria/o
analito existente na soluo, analito/matriz e entre a matriz/fase
estacionria [18].
Na fase estacionria possui mais de que uma interaco devido aos
solventes utilizados e consequentemente, podemos identificar os vrios
tipos de interaces: adsoro, apolar, polar, troca inicas, covalentes e
mltiplas [18].
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
43
5.3.1 Vantagens
A preocupao ambiental est presente em todos os domnios, logo o
uso de tcnicas de preparao de amostras menos poluentes
extremamente importante [18].
Quando comparado com os outros mtodos de ensaio tradicionais de
extraco, o SPE apresenta-nos inmeras vantagens: selectividade,
rapidez, eliminao de emulses, maior segurana para o operador e para
o meio ambiente, econmico, reprodutibilidade de resultados [18].
Neste momento esta tcnica usada em vrias reas: farmacolgica,
qumica, bioqumica, industria alimentar, agrcola e muitas outras reas
[18].
5.4 Mtodo de Purge & Trap
O mtodo Turge &Trap um mtodo de preparao da amostra que
surgiu no incio dos anos 70. Mais tarde Bellar e Lichtenberg
automatizaram o mtodo, e consequentemente passou a ser utilizado
essencialmente na anlise de compostos volteis [15].
Durante este processo os compostos volteis so arrastados da amostra de
gua, ou seja, ocorre a extraco do composto voltil Purga, atravs de
um fluxo de um gs extremamente puro e inerte, o hlio. O analito
aprisionado por uma armadilha (Trap), contendo um adsorvente orgnico,
a uma temperatura baixa. A desadsoro, ou seja, a transferncia do
voltil ou dos compostos retidos feita por aquecimento da armadilha e
em seguida so enviados para o cromatgrafo gasoso para anlise [15]
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
A eficincia da adsoro e da desadsoro em funo da massa,
empacotamento, tipo do adsorvente e da sua afinidade para com os
analitos de interesse. H que existir uma conjugao entre as propriedades
fsicas e qumicas do adsorvente com a caracterstica do analito em estudo.
Uma qualidade do Purge & Trap a capacidade de alcanar baixos
nveis de deteco para os analitos em estudo. Esta tcnica aumenta
significativamente a sensibilidade e a robustez relativamente as outras
tcnicas [29].
5.5 Tcnica do Headspace
Esta tcnica usada por vrios mtodos analticos, por exemplo,
Mtodos Espectromtricos (Espectrometria de massa (MS), Espectrometria
de Infravermelho associada a Transformada de Fourier (FT-IR),
Cromatografia gasosa entre outros. Mas na GC onde a adaptao do
mtodo mais eficaz, uma vez que o GC o mtodo ideal para anlise de
compostos de baixo ponto de ebulio [32]
O mtodo HS - GC est dividido em duas fases, sendo a primeira
fase aquela em que a amostra (lquido ou slido) colocada em vials,
deixando um volume livre de fase gasosa e o vial capsulado. Este vial
termostatizado a uma temperatura constante at atingir o equilbrio entre
as duas fases. Em seguida uma alquota da fase gasosa do vial
(Headspace) introduzida no Cromatgrafo gasoso, sendo transportada
pelo gs de arraste [32].
O transporte do composto pode ser realizado de vrias formas:
manualmente, por exemplo atravs do uso de uma seringa ou
automaticamente, aumentando a presso na amostra que se encontra no
vial e arrastando depois a fase gasosa com o auxlio do gs de arraste.
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
45
Parmetros como o volume e o tempo da extraco dos volteis da fase
gasosa no vial devem ser optimizados[32].
Figura 5.3: Processo de extraco dos compostos volteis na amostra. [33]
5.6 Tcnica de Microextraco em Fase Slida
A microextraco em fase slida (SPME) uma tcnica de
adsoro/desadsoro, que foi desenvolvida na Universidade de Waterloo
nos anos 90 pelo grupo de Janusz Pawliszyn, e que comeou a ser
comercializada a partir de 1994. Esta tcnica surge como alternativa SPE
nas situaes em que a tcnica no demostrava ser adequada, como por
exemplo, anlises de compostos semi volteis com pontos de ebulio
bastante acima do ponto de ebulio do solvente de desadsoro/eluio.
Com a aplicao de um elemento adsorvente/absorvente num cilindro
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
possibilitou a reutilizao da mesma fase diversas vezes, melhorando desta
forma a capacidade de concentrao e selectividade [39].
Neste processo a agulha da seringa inserida no orifcio de um septo
de um frasco de amostra e empurra o mbolo, ficando a fibra exposta
amostra ou ao headspace acima da amostra. Os compostos volteis
presentes na matriz so adsorvidos/absorvidos pelo revestimento da fibra,
permitindo que a fibra atinja um equilbrio de adsoro/ absoro num
perodo mximo de 30 minutos. A fibra recolhida, a agulha do frasco
retirada do frasco de amostra e introduzida no injector de um GC. Os
compostos orgnicos sofrem uma desadsoro trmica e entram na coluna
de GC [40].
A remoo e o transporte do analito da matriz para a fibra de
revestimento inicia-se logo que a fibra de revestimento entra em contacto
com a amostra [41].
Normalmente a extraco por SPME considerada completa quando
a concentrao do analito atinge um equilbrio de distribuio entre a
matriz de amostra e a fibra de revestimento. Na prtica significa dizer que
o equilbrio atingido quando a quantidade da amostra extrada
constante dentro dos limites do erro experimental e independente do
tempo de extraco. A condio de equilbrio pode ser descrita pela
equao [41:].
n = KfsVfVsC0/KfsVf +Vs( Equao 3.4)
onde n a quantidade extrada pelo revestimento, Kfs a constante de
distribuio entre a fibra de revestimento e a matriz, Vf o volume da fibra
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
47
de revestimento, Vs o volume da amostra, C0 a concentrao inicial do
analito da amostra[41].
Esta equao assume que a matriz da amostra pode ser
representada como uma fase homognea nica, o sistema de headspace
no esta presente, que existe uma relao de proporcionalidade directa
entre a concentrao da amostra e a quantidade do analito extrado [41].
Se o sistema em causa for headspace, a equao a termos em
conta a seguinte [41]:
n = KfsVfVsC0/KfsVf +KhsVh+Vs( Equao 3.5)
onde Khs a constante de distribuio entre o headspace e a amostra, Vh
o volume do headspace e o Vs o volume de amostra.
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Captulo 5 Tcnicas de Preparao da Amostra
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Captulo 6 Tcnicas de Separao
49
Captulo 6 - Tcnicas de Separao
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Captulo 6 Tcnicas de Separao
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Captulo 6 Tcnicas de Separao
51
6.1 Introduo
A cromatografia como um mtodo instrumental de anlise permite
obter informaes quantitativas e qualitativas dos componentes existentes
numa mistura. Esta informao s possvel ser obtida aps a separao
de vrios componentes dessa mistura [27].
Como tcnica de separao, a cromatografia teve a sua notabilidade
no incio do sculo XX com o botnico russo Michael Semenovich Tswett
[28].
A descoberta desta tcnica foi um passo essencial no
desenvolvimento do uso da adsoro como tcnica em cincia de
separao. um mtodo fsico de separao em que os componentes
quando separados so distribudos entre duas fases, a mvel e a
estacionria. Dependendo da natureza da fase mvel e a fase estacionria,
a cromatografia pode ser classificada de diferentes formas. Se a fase mvel
for um gs, um lquido ou fluido supercrtico estamos perante a
cromatografia gasosa (GC), cromatografia lquida (LC) e cromatografia de
fluido supercrtico (SFC), respectivamente. No caso da fase estacionria ser
slida ou lquida, estamos perante uma tcnica de cromatografia de
adsoro ou de partio, respectivamente [27,29].
A juno de vrios processos repetidos de partio, adsoro e
desadsoro permite o movimento dos constituintes da amostra ao longo
da fase estacionria. A separao o resultado da diferena das
constantes de distribuio de cada um dos componentes de uma mistura
[28].
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Captulo 6 Tcnicas de Separao
52
6.2 -Cromatografia Gasosa
Neste tipo de processo o transporte dos componentes efectuados na
coluna realizado pela fase mvel. Nesta fase o gs de arraste usado deve
ser quimicamente inerte, com elevada pureza e com baixo teor de oxignio
e gua. Dos gases de arraste mais usados H2, He, N2 e Ar, o He o mais
usado devido a sua baixa condutividade trmica, por ser inerte e por ter
uma baixa densidade, permitindo obter uma velocidade de fluxo elevada
[27,28].A gama de aplicao deste mtodo depende das diferentes classes de
composto e principalmente da estabilidade trmica do composto [27].
O sistema do GC desenhado de forma a que o cromatgrafo possa
ser combinado com outros equipamentos, dependo do tipo de estudo a ser
efectuado. Os componentes que podem ser combinados com o GC so:
dispositivo de introduo da amostra, coluna e fornos de coluna,
detectores [27].
6.3-Cromatografia Lquida de Alta Eficincia
Este tipo de cromatografia distingue-se das outras pelo facto de usar
na fase mvel uma presso muito elevada para obrigar o solvente a passar
atravs de colunas fechadas constitudas por partculas muito finas de
adsorvente. O uso deste tipo de presso associado reduo no dimetro
das partculas da fase estacionria conduz ao aumento da adsoro e a
uma separao mais eficiente da amostra, ou seja, com alta resoluo [25].
Em HPLC as tcnicas de deteco mais usadas so:
Selectivas (por ex., UV, FLD, DAD);
Tcnicas hifenadas (por ex., LC MS/MS, LC - MS);
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Captulo 7 Sistema de Deteco
53
Captulo 7 - Sistema de Deteco
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Captulo 7 Sistema de Deteco
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Captulo 7 Sistema de Deteco
55
7.1 Detectores Selectivos (ECD,DAD,FLD)
Os detectores cromatogrficos so transdutores que transformam as
caractersticas qumicas e fsicas de um analito eludo em sinais elctricos.
Os sinais recebidos vo ser relacionados com a concentrao do analito
usado [30].
Um detector ideal de GC aquele que deve reunir vrios requisitos
como por exemplo, a sensibilidade adequada de forma a obtermos sinais
elevados para todos os componentes da mistura, a quantificao da
amostra deve ser reprodutvel, confivel e boa resposta linear. Na prtica,
no existe um detector com todas as essas caractersticas. Os que esto
disponveis podem ser agrupados da seguinte forma: os detectores de
concentrao, cuja resposta afectada pela quantidade do gs que flui no
detector e os detectores de massa em que a sua resposta proporcional
quantidade de soluto por unidade de tempo, mostrando-se independente
no fluxo de gs de arraste [47].
Os requisitos mais importantes dos detectores de HPLC so:
Elevada sensibilidade e resposta previsvel;
Resposta para todos os solutos;
A mudana de temperatura e o fluxo de transporte no devem
afectar a anlise;
Resposta independente relativamente a fase mvel;
Deve ser seguro e fivel;
Fornece informao qualitativa no pico de deteco;
No deve destruir a amostra;
O Detector de Captura Electrnica (ECD) para a cromatografia
gasosa foi inventado em 1957 pelo Dr. James E.Lovelock. Este tipo de
detector possui uma elevada capacidade de resposta para a maior parte
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Captulo 7 Sistema de Deteco
56
dos compostos halogenados. Durante o processo de resposta ocorre a
formao de uma nuvem electrnica resultante da mudana da
condutividade de uma mistura gasosa de ies e electres livres [29].
Na sua forma original, a fonte radioactiva dos ECD produzia
electres (partculas de ies). As primeiras fontes eram constitudas por
trtio absorvido em prata, mas devido a sua instabilidade trmica, surgiu a
necessidade de ser substitudo por um composto mais estvel, o nquel [29].
Com a necessidade de anlises em quantidades de amostras
vestigiais, surgiu a necessidade de se criar detector com maior
sensibilidade - ECD. Este detector de dimetro 10 vezes inferior em
relao ao ECD assegura uma deteco extremamente baixa, ou seja,
concentraes muito pequenas. O uso da alta velocidade no sistema, reduz
o tempo de residncia do analito e consequentemente, a possibilidade de
contaminao da amostra [27,28]
Figura 7.1: Detector ECD (Imagem adaptada [31])
Os Detectores de Rede de Dodos (DAD) so detectores onde a
radiao policromtica, aps atravessar a amostra, dispersa-se numa
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Captulo 7 Sistema de Deteco
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superfcie de difraco e incide numa rede de dodos. Este tipo de detector
permite seleccionar o melhor comprimento de onda a ser utilizado durante
a separao do composto, traduzindo-se numa vantagem para o mtodo
analtico. Uma outra vantagem deste detector a capacidade de avaliao
da pureza dos picos, que realizada por comparao dos espectros de
absoro dos picos cromatogrficos adquiridos durante a eluio [30].
Figura 7.2: Esquema do Detector Rede de Dodos (Imagem adaptada) [30]
O Detector por Fluorescncia considerado um detector com uma
elevada sensibilidade e particularmente importante, nas anlises
vestigiais, quando a concentrao do soluto baixa [30].
A vantagem deste tipo de detector a baixa capacidade de ocorrer
problemas de instabilidade instrumental causados pela temperatura ou
mudana de fluxo. Em contrapartida, nem todos os compostos so
fluorescentes [30].
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Captulo 7 Sistema de Deteco
58
Figura 7.3: Detector de Fluorescncia. (a) Entrada da amostra; (b) sada da
amostra; (c) fotoclula; (d) filtro ou monocromador; (e) lmpada (Imagem
adaptada [30])
7.2 Espectrometria de Massa
7.2.1 Introduo
A Espectrometria de Massa uma tcnica que teve o seu incio em
1897 com J.J.Thomson da Universidade de Cambridge durante os estudos
sobre as descargas elctricas em gases que proporcionou a descoberta dos
electres. O primeiro MS criado pelo Thomson na primeira dcada do
sculo XX designava-se por parbola espectrogrfica, em que o grande
objectivo era determinar a razo massa/carga de ies. Estes ies gerados
por gases residuais num ctodo atravessavam campos elctricos e
magnticos, movendo-se desta forma numa trajectria parablica,
proporcional sua razo [28]
Esta tcnica baseia - se num princpio cientfico que promove a
gerao de ies que so posteriormente detectados [28].
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Captulo 7 Sistema de Deteco
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7.2.2 - Instrumentao
Os espectrmetros de massa so constitudos por um conjunto de
trs componentes: fonte de ies/cmara de ionizao, analisador de
massas e detector [28].
7.2.2.1 Fonte de Ies/ Cmara de Ionizao
O mtodo normalmente usado na formao de ies positivos de um
dado composto a electroionizao. Uma pequena quantidade de amostra
vaporizada introduzida na fonte de ies de espectrmetro de massa que
se encontra a uma presso muito baixa (cerca de 10-6torr). Estas
molculas passam por uma fenda, entram na cmara de ionizao e vo
colidir com um feixe de electres energticos (70 eV) emitidos por filamento
aquecido. Durante esta interaco, uma certa quantidade de energia dos
electres transferida para as molculas da amostra. Durante a coliso
dos electres com as molculas da amostra, apenas uma fraco de
energia (15 a 20 eV) transferida e as molculas so ionizadas. De um
modo geral, devido ao facto das molculas orgnicas apresentarem uma
energia de ionizao da ordem dos 10 a 12 eV, o excesso de energia, faz
com que ies formados se fragmentem, de uma forma caracterstica[28]
7.2.2.2 Analisador de Massa
Existem vrios tipos de analisadores de massa, como o analisador de
tempo de voo, ion trap, analisador de sector magntico e analisador de
quadrupolo [28].
As principais caractersticas de um analisador so o limite superior
de massa, a transmisso e a resoluo. O limite superior de massa
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Captulo 7 Sistema de Deteco
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determina o valor da razo m/z que pode ser medido. A transmisso a
razo entre o nmero de ies que so detectados e o nmero de ies com
uma diferena de massas muito baixa [28].
O analisador mais usado o quadrupolo, devido ao baixo custo,
facilidade de utilizao e por fornecer um bom rigor nos valores de massa
medidos. No entanto, a resoluo limitada e a transmisso diminui
linearmente com m/z sendo limite superior de m/z cerca de 3000.
constitudo por quatro barras metlicas paralelas, de seco transversal
hiperblica ou circular, perfeitamente alinhadas entre si e equidistantes de
um eixo central. Os quadrupulos tm um potencial com uma componente
fixa de corrente contnua (U) e outra de rdio frequncia aplicada
(Vcost(t)), onde V a amplitude e a frequncia [28].
7.2.2.2.1 Modo de Varrimento Contnuo (full scan) e Monitorizao
de ies seleccionados (SIM)
O modo de varrimento o processo a partir do qual os dados so
gerados. Os espectros gerados so registados no modo full scan e o varrimento
realizado numa gama de massas seleccionada. As intensidades de todos os
ies em cada espectro de massa so somadas, dando origem ao traado de
corrente inica total (TIC). Cada pico obtido representa um composto e a
ele est associado um espectro de massa.
O modo SIM, feita uma prvia seleco de dois ou trs ies
caractersticos de cada composto, normalmente os mais intensos e maior
m/z no especto. Deste modo h um aumento da sensibilidade, porque o
tempo de um ciclo dividido por um nmero muito menor de ies, h
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Captulo 7 Sistema de Deteco
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tambm um aumento da selectividade, porque s os compostos com os
ies seleccionados so detectados.
7.2.2.3 - Detector
O multiplicador de electres faz com que os ies ao