UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE … · A monstruosidade (ou o monstro) é a metáfora que...
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Pretendemosentender por qual motivo os monstros, representados
por nós e para nós, interferem em nossa cultura. Dualidade (e) X
Dualismo (ou);
• Viajamos ao passado cultural das maiores civilizações da
antiguidade ;
• Entender de onde veio o fascínio pelo horrendo, e que
acontecimentos deram vazão ao que estava escondido em nosso
inconsciente;
• Egito: lugar de seres híbridos; monstros antigos são idolatrados
como divindades, bons e maus simultaneamente;
• Mesopotâmia: rica cultura e seus intrigantes mitos reutilizados por
outras culturas, como a greco-romana;
• Grécia: pensaremos uma “Teratogonia” para demonstrar que os
monstros não surgem por acaso. Se os deuses são espelhos dos
homens; suas imagens e semelhanças, os monstros são criados para
explicar o desvirtuamento do caráter social.
Foco: a relação cultura,
mitologia e imaginário como formação da
monstruosidade.
Saber a razão que leva a cultura contemporânea a
reproduzir figuras monstruosas com novas
contextualizações e novas roupagens;
Em vista do retorno de figuras monstruosas que
assomam a mídia, surge a necessidade de análise e
comparação do contexto atual do tema com
representações anteriores.
Definir as características recorrentes entre uma civilização e outra para conceber um estudo da monstruosidade através de culturas midiáticas contemporâneas.
Investigar as representações da monstruosidade a partir de dois âmbitos: estético e mitológico, buscando problematizar a construção das imagens monstruosas que promovam a desconstrução de fronteiras entre sagrado e profano, o belo e o feio, o bem e o mal, a ordem e a desordem.
A reunião dos vestígios, histórias e teorias (do imaginário,
da mídia, da estética e da complexidade) costuram o que
pretendemos como organização teórico-metodológica para
entendermos como nos representamos em vários meios
midiáticos (fotografia, televisão, cinema, revistas, sistemas
eletrônicos interativos e aparelhos para produção de
realidade e relacionamento virtual).
O que é o monstro?
Monstros são aqueles seres que pretendem provocar a sensação de
desconforto, medo, sentimento que proporciona um estado de alerta,
“uma relação de estranheza entre nós e o mundo que nos cerca” (JEHA,
2007, p. 07).
Simbolizam nossos “ritos de passagem”, símbolo de ressurreição. “O
monstro está presente para provocar ao esforço, à dominação do medo,
ao heroísmo” (CHEVALIER, GHEERBRANT, 2007, p. 615). O monstro
como a imagem de um certo eu que é preciso ser vencido para
desenvolver um eu superior.
Para José Gil, em “Monstros”(2006) etimologia da palavra “monstro”
tem uma relação com o olhar. Para o lingüista estruturalista francês
Émile Beneviste (1902-1976) a etimologia de monstrum tem a ver com o
sentido de moneo (advertir). O monstro é um conselho, uma
“advertência” divina dada pelos deuses (1969, p. 257 apud GIL, 2006,
p.73).
O que é o monstro?
Assim, em geral, qualquer coisa estranha, incomum, extraordinário,
singular, maravilhosa, um prodígio maravilhoso, é nomeado
“monstro/monstruosidade”. Os monstros são raramente vistos e isso
os torna seres extraordinários. Mas quando alguém diz ver um
monstro, este se torna um “laço de comunicação social particular”
(GIL, 2006, p.74), uma diferença feita carne. A monstruosidade (ou o monstro) é a metáfora que usamos para referir
o mal transposto para o reino estético, das sensibilidades e emoções.
Os homens precisam de monstros para se tornarem mais humanos,
para pensar sua própria humanidade.
Os monstros são as representações dos nossos medos e perigos
presentes na experiência humana.
Nosso medo noturno de monstros, provavelmente tem suas origens nos
princípios da evolução de nossos ancestrais primatas, cujas tribos foram
desbastadas por horrores cujas sombras continuam a elicitar nossos
gritos de macacos em teatros escuros. (SHEPARD, 1997, p. 275 apud
QUAMMEN, 2007, p. 238).
Demônio PAZUZU, 2007
(Fonte: http://www.louvre.fr/oeuvre-notices/statuette-inscrite-du-demon-pazuzu) ).
“O Exorcista” (The Exorcist, William Friedkin,
1973, Estados Unidos, 122 mim, 00:10:00)
A onipresença do monstro na Antiguidade Clássica
“eu sou um enigma para a esfinge e, no entanto não a devorei. Decifra-me, disse eu à
esfinge. E esta ficou muda” (Clarice Lispector). Enfrentar monstros é superar medos. É
enfrentar a esfinge e deixá-la muda. Os medos representados em todos os tempos e em
todas as culturas são arquetípicos, “são experiências universais básicas que determinam
a vivência e o comportamento do indivíduo, tanto no presente como no futuro”.
3.1 De daemons e raças
Os daemons (daemonae) gregos eram os invisíveis seres divinos que foram distribuídos
por Zeus, para cada deus e todo ser humano importante, tornando-se uma espécie de
criatura guardiã responsável por dar bons conselhos e guiá-los (deuses e humanos)
adequadamente. “Os daemons poderiam aparecer como um belo rapaz ou uma sábia
serpente” (MASON, 1999, p.19, tradução nossa). Era por meio do daemon que a
comunicação entre deuses e mortais era possível. “É o daemon quem conduz as preces
humanas até os deuses e a vontade dos deuses até os mortais” (natureza mercurial do
daemon) (MACK, 2010, p.32).
1) Raça de Ouro- Homens virtuosos que morrem e viram daímones (gênios bons). 2)
Raça de prata- Hybris, seres impuros, daímones hipctônicos. 3) Raça de bronze-
bélicos, mortos anônimos. 4 )Raça de heróis- semideuses. 5 )Raça de ferro- recebem de
Pandora o bem misturado ao mal.
William-Adolphe BOUGUEREAU (1825-1905): O remorso de Orestes, 1862. (Fonte: http://www.chrysler.orgonte: http://www.chrysler.org)
ALETO: castiga delitos morais. Não
deixa dormir em paz. Espalha pestes
e maldições
MEGERA: grita as faltas cometidas
initerruptamente.
TISÍFONE:vingadora
dos assassinatos
(matricídio). Açoita os
culpados,
enlouquecendo-os
3.2 De feios e de monstros a Grécia antiga está repleta..............................54 ANEXO 5- Junito BRANDÃO (1924-1995): A primeira geração divina, 1996 (Fonte: Mitologia Grega, 1996, p. 21).