Felicidade adjetivada: polifonia conceitual, imperativo social*
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · vários tipos, é consenso reconhecer...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
Explorando o Ensino da Matemática.
Por: Joyce de Oliveira Rezende.
Orientador
Professor: Pablo Santos
Duque de Caxias
2012
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS - GRADUAÇÃO ‘’ LATO SENSU’’
FACULDADE INTEGRADA AVM
A Matemática na escola, alguns problemas e suas causas.
Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Docência no Ensino
Superior.
Por: Joyce de Oliveira Rezende.
3
AGRADECIMENTOS
É muito mais difícil aprender a
conduzir-se do que a pilotar
um avião ou domar animais
selvagens, porque somos
seres complexos e cheios de
tendências contraditórias.
(Aléxis Canel).
5
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho foi desenvolvido através de pesquisas
bibliográficas, tendo como base inicial a autora, Ana Catarina
Hellmeister. A consulta de tal bibliografia foi feita na Biblioteca
Euclides da Cunha (UNIGRANRIO – Campus Duque de Caxias) que
cedeu gentilmente seu acervo para consulta.
Também foram consultados trabalhos e teses expostos na
Internet.
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SUMÁRIO
Introdução 7
Capítulo I - A Educação Matemática 10
Capítulo II - A Matemática na Escola, alguns problemas e suas causas 17
Capítulo III - O Livro Didático 20
Capítulo IV - As Mulheres que Contribuíram para a História da
Matemática 23
Capítulo V - Ética Docente 38
Considerações Finais 42
Bibliografia Consultada 43
Bibliografia Citada 45
7
INTRODUÇÃO
A MATEMÁTICA NA SOCIEDADE ATUAL
Observa-se no mundo de hoje a presença da Matemática nas
atividades humanas das diversas culturas. Muitas ações cotidianas
requerem competências matemáticas, que se tornam mais complexas
na medida em que as interações sociais e as relações de produção e
de troca de bens e serviços se diversificam e se intensificam. Em
sociedades como a nossa, permeadas por tecnologias de base
científica e por um crescente acúmulo e troca de informações de
vários tipos, é consenso reconhecer que se tornou imperativo o
desenvolvimento de competências matemáticas. As mudanças no
mundo do trabalho têm sido cada vez mais rápidas e profundas e
exigem capacidade de adaptação a novos processos de produção e
de comunicação. Um olhar sobre o passado também mostra que, em
todas as épocas, as atividades foram uma das formas usadas pelo
homem para interagir com o mundo físico, social e cultural.
A Matemática pode ser concebida como uma fonte de
modelos para os fenômenos nas mais diversas áreas do saber. Tais
modelos são construções abstratas que se constituem em
instrumentos para ajudar na compreensão desses fenômenos.
Modelos matemáticos incluem conceito, relações entre
conceitos, procedimentos e representações simbólicas que, num
processo contínuo, passam de instrumento na resolução de
problemas a objeto próprio de conhecimento. Também não deve ser
esquecido que as atividades matemáticas geraram, ao longo da
história, um corpo de saber – a Matemática, que é um campo
científico, bastante extenso, diversificado e em permanente evolução.
Este saber não é um repertório de conhecimentos antigos e
8
cristalizados, mas sim um conjunto de ideias procedimentos
extremamente poderosos e em evolução constante. Assim,
aprofundar o conhecimento sobre os modelos matemáticos fortalece a
contribuição da Matemática para outras áreas do saber. No sentido
oposto, procurar resolver problemas cada vez mais complexos dos
outros campos do conhecimento promove o desenvolvimento de
novos modelos matemáticos.
Os modelos matemáticos são construídos com vários graus
de abrangência e de sistematização. Nos estágios mais simples, eles
são associados a objetos do mundo físico – são as chamadas figuras
ou sólidos geométricos. Por exemplo, a certa lata pode ser associada
à figura geométrica definida abstratamente como um cilindro. Esses
modelos particulares são, quase sempre, enfeixados em teorias
matemáticas gerais que, por sua vez, se constituem em modelos
abstratos para amplas classes de fenômenos em vários outros
campos do saber. A geometria euclidiana, as estruturas algébricas, a
teoria das probabilidades são exemplos desses modelos matemáticos
mais gerais. Por outro lado, muitas vezes, parte-se de um conceito ou
ente matemático e procura-se no mundo físico um fenômeno ou
objeto que o represente. Nesse caso, tal objeto ou fenômeno é
chamado modelo concreto de ente matemático. Assim, um dado de
jogar pode ser modelo concreto da figura geométrica definida com
cubo. Outros exemplos são os denominados materiais concretos, de
uso frequente como recurso didático no ensino da Matemática. Os
desenhos formam, igualmente, uma classe significativa de modelos
concretos de entes matemáticos e cumprem papel importante nas
atividades em que intervêm as habilidades de visualização. Cabe
observar que os desenhos, mesmo considerados como modelos
concretos, contêm certo grau de abstração em relação aos objetos do
mundo físico.
9
Mais um aspecto fundamental da Matemática é a diversidade
de formas simbólicas presentes em seu corpo de conhecimento.
Língua natural, linguagem simbólica, desenhos, gráficos, tabelas,
diagramas, ícones, entre outros, desempenham papel central, tanto
na representação dos conceitos, relações e procedimentos, quanto na
própria formação desses conteúdos. Por exemplo, um mesmo número
racional pode ser representado por símbolos tais como ½; 0,50; 50%,
ou pela área de uma região plana ou, ainda, por expressões como
meio ou ‘ metade’.
Até que ponto tais alterações formam um professor de
Matemática voltado tanto para o desenvolvimento das competências
técnicas, como para o seu compromisso ético com a sociedade na
qual atua?
10
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
“Os homens são bons ou maus, úteis ou inúteis, graças a sua
educação”. John Locke, 1688, pg.35
Uma reflexão de outra natureza, agora voltada para a
educação matemática das pessoas, revela que, nas últimas décadas,
acumulou-se um acervo considerável de conhecimentos sobre os
processos de construção e aquisição dos conceitos e procedimentos
matemáticos, assim como sobre as questões correspondentes no
ensino e na aprendizagem.
Nesses estudos, tem sido consensualmente defendido que
ensinar Matemática não se reduz à transmissão de informações sobre
o saber acumulado nesse campo. Muito mais amplo e complexo, o
processo de ensino- aprendizagem da Matemática envolve a
construção de um leque variado de competências cognitivas e requer,
além disso, que se favoreça a participação ativa do aluno nessa
construção. Nesse contexto, convém lembrar que as competências
não se realizam no vazio e sim por meio de saberes de diversos tipos,
dos mais informais aos mais sistematizados, estas últimas a serem
construídos na escola.
Indicar um conjunto de competências matemáticas a serem
construídas é sempre um terreno difícil. Por isso, adverte-se que a
relação de competências de natureza mais geral, apontada a seguir,
não esgota todas as possibilidades. Ao contrário, pode e deve ser
11
adaptada em função das diversidades de cada contexto educacional.
É também importante não as encarar como independentes uma das
outras. Tendo isso em conta, um conjunto de competências mais
gerais pode ser citado:
• Interpretar matematicamente situações do dia a dia ou
de outras áreas do conhecimento;
• Usar independentemente o raciocínio matemático, para
a compreensão do mundo que nos cerca;
• Resolver problemas, criando estratégias próprias para
sua resolução, desenvolvendo a iniciativa, a imaginação e a
criatividade;
• Avaliar se os resultados obtidos na solução de
situações- problemas são ou não razoáveis;
• Estabelecer conexões entre os campos da Matemática e
entre essa e as outras áreas do saber;
• Raciocinar, fazer abstrações com base em situações
concretas, generalizar, organizar e representar;
• Compreender e transmitir ideias matemáticas, por
escrito ou oralmente, desenvolvendo a capacidade de
argumentação;
• Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários
tipos de raciocínio: dedutivo, indutivo, probabilístico, por analogia,
plausível, entre outros;
• Comunicar-se utilizando as diversas formas de
linguagem empregadas na Matemática;
• Desenvolver a sensibilidade para as relações da
Matemática com as atividades estéticas e lúdicas;
• Utilizar as novas tecnologias de computação e de
informação.
12
As competências gerais acima esboçadas desenvolvem-se de
forma articulada com competências específicas associadas aos
conteúdos matemáticos (conceitos, relações entre conceitos,
propriedades, procedimentos e algoritmos matemáticos) visados no
ensino do 6º ano ao 9º ano. Esses conteúdos têm sido organizados
em cinco grandes campos: números e operações; álgebra; geometria;
grandezas e medidas; e tratamento da informação.
As atividades matemáticas no mundo atual requerem, desde
os níveis mais básicos aos mais complexos, a capacidade de contar
coleções, comparar e quantificar grandezas e realizar codificações.
Ainda nesse campo, convém lembrar a necessidade de se
compreenderem os vários significados e propriedades das operações
fundamentais e de se ter domínio dos seus algoritmos. Saber utilizar o
cálculo mental, as estimativas em contagens, em medições e em
cálculos, e conseguir valer-se da calculadora é outras capacidades
indispensáveis. Tais competências podem ser associadas à
aritmética, à álgebra e à combinatória, mas, evidentemente, não são
as únicas a serem visadas.
A percepção de regularidades, que pode levar à criação de
modelos simbólicos para diversas situações, e a capacidade de
traduzir simbolicamente problemas encontrados no dia a dia, ou
provenientes de outras áreas do conhecimento, deve ser
gradativamente desenvolvida para se chegar ao uso pleno da
linguagem e das técnicas da álgebra. O uso da linguagem algébrica,
para expressar generalizações que se constituam em propriedades de
outros campos da Matemática, é outra função da álgebra que deve
ser, pouco a pouco, introduzida.
13
O pensamento geométrico surge da interação espacial com
objetos e os movimentos no mundo físico e desenvolve-se por meio
das competências de localização, de visualização, de representação e
de construção de figuras geométricas. A organização e a síntese
desse conhecimento também são importantes para a construção do
pensamento geométrico.
As grandezas e medidas estão presentes nas atividades
humanas desde as mais simples, no dia a dia, até as mais elaboradas
nas tecnologias e na ciência. Na Matemática, o conceito de grandeza
tem papel importante na atribuição de significado a conceitos centrais,
como os de números natural, inteiro, racional e irracional, entre
outros. Além disso, é um campo que se articula bem com a álgebra e
a geometria e contribui de forma clara para estabelecer ligações entre
a Matemática e outras disciplinas escolares.
Associadas ao campo do tratamento da informação, o qual
inclui estatística, probabilidade e combinatória, são cada vez
relevantes questões relativas os dados a da realidade física ou social,
que precisam ser coletados, selecionados, organizados, apresentados
e interpretados criticamente. Fazer inferências com base em
informações qualitativas ou dadas numéricos e saber lidar com os
conceitos de chance e de incerteza também é competências de
grande utilidade.
Um primeiro princípio metodológico amplamente reconhecido
como importante hoje é que o ensino e a aprendizagem da
Matemática devem estar baseados na resolução de problemas. Um
problema não é uma atividade de simples aplicação de técnicas e
procedimentos já exemplificados. Ao contrário, é uma atividade em
que o aluno é desafiado a mobilizar seus conhecimentos
14
matemáticos, procurar apropriar-se de outros, sozinho ou com ajuda
de colegas e do professor, a fim de elaborar uma estratégia que leve
a uma solução da situação proposta.
Historicamente, desde as mais remotas eras, a Matemática
desenvolveu-se resolvendo problemas. A que se estuda hoje, em
todos os níveis, é a Matemática úteis para resolver problemas que
nos surgem vários níveis de aplicação dessa ciência.
Não é à toa que a Matemática já foi caracterizada como “a
arte de resolver problemas”. Nesta caracterização, vemos dois
elementos essenciais, que não devem ser esquecidos. O primeiro
deles é a Matemática lida com problemas, ela não é um corpo de
conhecimentos mortos, aprendidos apenas por amor à erudição. Em
segundo lugar, este saber científico tem um componente criativo
muito grande, não é um simples estoque de procedimentos prontos
para serem aplicados a situações rotineiras. Esse aspecto criativo
aflora naturalmente, e se desenvolve, com a resolução de problemas
genuínos, cuidadosamente adequados ao desenvolvimento cognitivo
e à escolaridade do aluno.
Em geral, o ensino de Matemática por competências vem
associado a outros princípios metodológicos. Entre esses, destaca-se
o que preconiza o estabelecimento de diversos tipos de articulações.
Uma delas é a articulação entre os diferentes campos de
conteúdos mencionados anteriormente. É consensual entre os
educadores que, no ensino, os conteúdos matemáticos não sejam
isolados em campos estanques e auto-suficientes. Uma segunda
articulação que se faz necessário estabelecer é entre os vários
enfoques na abordagem de um mesmo conteúdo. Outra, também
15
importante, é aquela que se deve buscar estabelecer entre as
diversas representações de um mesmo conteúdo.
Os educadores matemáticos têm defendido a ideia de que os
conceitos relevantes para a formação matemática atual devem ser
abordados desde o início da escolarização. Isso valeria mesmo para
aqueles que podem atingir níveis elevados de complexidade, tais
como o de número racional, probabilidade, semelhança, simetria,
entre muitos outros. Tal ponto de vista apoia-se na concepção de que
a construção de um conceito pelas pessoas processa-se no decorrer
de um longo período, de estágios mais intuitivos aos mais
formalizados. Além disso, um conceito nunca é isolado, mas se
integra a um conjunto de outros conceitos por meio de relações, das
mais simples às mais complexas. Dessa maneira, não se deve
esperar que a aprendizagem dos conceitos e procedimentos se
realize de forma completa e num período curto de tempo. Por isso, ela
é mais efetiva quando os conteúdos são revisitados, de forma
progressivamente ampliada e aprofundada, durante todo o percurso
escolar. É preciso, então, que esses vários momentos sejam bem
articulados, em especial, evitando-se a fragmentação ou as
retomadas repetitivas.
Com o objetivo de favorecer a atribuição de significados aos
conteúdos matemáticos, dois princípios têm assumido particular
destaque no ensino atual: o da contextualização e o da
interdisciplinaridade. O primeiro deles estabelece a necessidade de o
ensino da Matemática estar articulado com as várias práticas e
necessidades sociais, enquanto o segundo defende um ensino aberto
para as inter-relaçõesentre a Matemática e as outras áreas do saber
científico ou tecnológico.
16
Além disso, convém observar que as contextualizações
artificiais, em que a situação apresentada é apenas um pretexto para
a obtenção de dados numéricos usados em operações pretensamente
baseadas no cotidiano, mas com aspectos totalmente irreais.
Outro rumo de reflexão é o que indaga sobre o papel do
ensino da Matemática na formação integral do aluno como cidadão da
sociedade contemporânea – sociedade na qual a convivência é cada
vez mais complexa e marcada por graves tensões sociais, produzidas
e mantidas por persistentes desigualdades no acesso de todo cidadão
a bens e serviços, a informações e tecnologia, e às esferas de
decisão política. O ensino de Matemática pode contribuir bastante
para a formação de cidadãos críticos e responsáveis. Em primeiro
lugar, constituindo-se em um ensino que considere todo aluno como
sujeito ativo de seu processo de aprendizagem; que reconheça os
seus conhecimentos prévios e extra-escolares; que incentive sua
autonomia e sua interação com os colegas. Em segundo lugar, sendo
um ensino que procure desenvolver competências matemáticas que
contribuam mais diretamente para auxiliar o aluno a compreender
questões sociais vinculadas, primeiramente, à sua comunidade e,
progressivamente, à sociedade mais ampla.
17
CAPÍTULO II
A Matemática na escola, alguns problemas e
suas causas.
“A educação precisa justificar- se realçando o entendimento humano”.
Howard Gardner, p. 66, 1980.
A ausência no ensino da Matemática analisa a dificuldade de
aprendizagem da Matemática e a situação do profissional dessa
disciplina. Dessa maneira, busca-se um ensino de uma forma mais
dinâmica que possibilite ao aluno enxergar a Matemática como uma
ferramenta auxiliar na resolução dos seus problemas cotidianos,
tornando dessa forma o seu conhecimento (e não apenas o
aprendizado suficiente para promoção de séries) ao mesmo tempo útil
e necessário. Assim, a educação matemática através de seus
resultados de pesquisas, especialmente em sala de aula, se propõe a
indicar propostas pedagógicas buscando contribuir para uma melhor
compreensão dos processos de ensino e aprendizagem da
Matemática visando uma melhoria no seu ensino. Neste contexto, um
aspecto importante a ser discutido é a reconhecida dificuldade que os
alunos da Educação Básica têm em relação a aprendizagem da
disciplina, o que remete a necessidade e análise profunda da questão
e de como os cursos de Licenciatura em Matemática, podem
capacitar os futuros professores de modo que promovam de forma
significativa, o aprendizado desta disciplina.
Até que ponto, tais alterações formam um professor de
Matemática voltado tanto para o desenvolvimento das competências
técnicas, como para o seu compromisso – ético com a sociedade na
qual atua?
18
Segundo o professor Roberto Markarian pode-se resumir a
explicação do porquê de a disciplina ser motivo de tantas
preocupações para alunos, professores e pais, nos seguintes três
aspectos:
• O subdesenvolvimento
Em nações onde a aplicação criativa do conhecimento para o
desenvolvimento de novas tecnologias não constitui parte da
mentalidade dominante, é difícil aumentar o prestígio e o
reconhecimento das ciências básicas, necessárias para tais
desenvolvimentos.
• A Matemática é difícil
A abstração das propriedades quantitativas ou geométricas
que caracterizam as primeiras noções estudadas no curso de
Matemática constitui um processo de complicada assimilação.
Pequenos erros nesse processo tornam muito difíceis a assimilação
de novos conceitos e procedimentos, gerando grandes traumas
futuros. Por outro lado, a memorização de uma nomenclatura
diferente e muito precisa introduz componentes que não são usuais
na vida diária. Por sua vez, tais formas de pensar, de poder
“desmaterializar” os objetos, é parte de nossa relação com a natureza,
o que nos diferencia de outros animais avançados. A compreensão de
propriedades globais de objetos que nos são apresentados não se faz
por mera acumulação. Faz-se por reordenação, por associação de
semelhanças, que são parte fundamental do conhecimento
matemático.
• O ensino da matemática é problemático
O grave problema do ensino da Matemática não é
exclusividade dessa disciplina. Atualmente admite-se que todo o
sistema educacional está em crise. Que a velocidade das mudanças
nos grandes e pequenos processos introduziu imensas dificuldades
19
na sistematização do conhecimento e, portanto, em sua divulgação e
ensino. Sem ser muito rigoroso, pode-se dizer que a interação aluno-
docente que caracteriza o aprendizado dá-se sobre a base do estado
atual do conhecimento e estão fortemente influenciadas pelos
interesses de ambas as partes.
O valor acumulativo do conhecimento matemático é um
aspecto particularmente sentido pelos docentes dos ciclos superiores,
a aceitação e compreensão das dificuldades da Matemática e, por sua
vez, da necessidade de sua aplicação são básicas para poder
analisar o problema do ensino da Matemática em nível alto e com
competência.
20
CAPÍTULO III
O LIVRO DIDÁTICO
O livro didático contribui para o processo de ensino –
aprendizagem como um interlocutor que dialoga com o professor e
com o aluno, Nesse diálogo, tal texto é portador de uma perspectiva
sobre o saber a ser estudado e sobre o modo de se conseguir
aprendê-lo mais eficazmente.
No que diz respeito ao professor, o livro didático
desempenha, entre outras, as importantes funções de:
• Auxiliar no planejamento e na gestão das aulas, seja
pela explanação de conteúdos curriculares, seja pelas atividades,
exercícios e trabalhos propostos;
• Favorecer a aquisição dos conhecimentos, assumindo o
papel de texto de referência;
• Favorecer a formação didática- pedagógica;
• Auxiliar na avaliação da aprendizagem do aluno.
É preciso observar, no entanto, que as possíveis funções que
um livro didático pode exercer não se tornam realidade, caso não se
leve em conta o contexto em que ele é utilizado. Em outras palavras,
as funções acima referidas são históricas e socialmente situadas e,
assim, sujeitas a limitações e contradições. Por isso, tanto na escolha
quanto no uso do livro, o professor tem o papel indispensável de
observar a adequação desse instrumento didático à sua própria
pedagógica, ao seu aluno ao projeto político-pedagógico de sua
escola.
21
Vale ressaltar, ainda, que o livro didático é recurso auxiliar no
processo de ensino- aprendizagem e não pode, portanto, ocupar o
papel dominante nesse processo. Assim, cabe ao professor manter-se
atento para que sua autonomia pedagógica não seja comprometida.
Não é demais insistir que, apesar de toda a sua importância, o livro
didático não deve ser o único suporte de trabalho pedagógico do
professor. É sempre desejável buscar complementá-lo, seja para
ampliar suas informações e as atividades nele propostas ou contornar
suas deficiências, seja para adequá-lo ao grupo de alunos que o
utilizam. Mas amplamente é preciso levar em consideração as
especificidades sociais e culturais da comunidade em que o livro é
utilizado, para que o seu papel na formação integral do aluno seja
mais efetivo.
Essas são tarefas em que o professor é insubstituível, entre
tantas outras.
Segundo a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), a
Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) e a Sociedade
Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), no
Fórum nacional de Licenciatura em Matemática, as diretrizes
compõem um documento em que foi apresentada uma proposta que
não atende aos aspectos que estão diretamente ligados a “ideal”
formação de professores de Matemática. Dizem ainda que as
diretrizes propostas para os cursos de licenciatura contradizem as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação de
professores da Educação Básica. Pode-se considerar então que as
propostas para a formação de professores Matemática, ainda não
atendem plenamente ás expectativas dos próprios formandos e da
sociedade em geral, pois mesmo com as alterações na estrutura
curricular dos cursos bem como no estabelecimento das
22
competências que devem ser desenvolvidas nos futuros professores,
ainda enfrentamos problemas no que diz respeito ao estudo das
propostas feitas pelos estudiosos desta área.
23
CAPÍTULO IV
AS MULHERES QUE CONTRIBUIRAM PARA A
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA.
“O simples aspecto da mulher revela que ela não é destinada nem
aos grandes trabalhos intelectuais, nem aos grandes trabalhos
materiais. Schopenhauer em As Dores do Mundo (Esboço acerca das
mulheres)”. (Daniel C. Morais Filho, 2004, pg. 186).
A história da matemática é tão antiga, que se mistura com a
história da humanidade e não temos relatos, ou pelo menos os livros
não relatam a contribuição feminina nessa ciência.
O objetivo desse capítulo é mostrar que na Matemática não
existe somente homens importantes e sim mulheres que fizeram um
grande marco na história matemática e que enfrentaram dificuldades,
onde superaram todas as barreiras com coragem, talento e
genialidade superior.
Através de uma ordem cronológica, estarei apresentando as
contribuições significativas dessas mulheres:
Contribuição feminina com a ciência da matemática na
antiguidade, vencendo todos os preconceitos e diversidades:
Hipatia de Alexandria
24
Conhecida como a primeira mulher matemática, Hipatia (370-
415 D.C.) também foi filósofa, cientista e erudita. Nascida em
Alexandria, foi criada por seu pai Teon, pois sua mãe morrera
enquanto ela ainda era bebê. Professor universitário de matemática e
importante astrônomo, ele supervisionou todos os aspectos da
educação de Hipatia. Sob sua tutela, ela estudava matemática,
ciência, literatura, filosofia e artes, e ainda praticava vigorosos
exercícios diários com ele.
Depois de frequentar uma escola em Atenas em que Plutarco
(46-120 D.C.) lecionava, Hipatia voltou a Alexandria e se tornou
professora da universidade, onde se diz que ela ocupou a cadeira de
filosofia platônica. Hipatia era considerada um tipo de oráculo, e
alunos de diversas partes do país ia a Alexandria para assistir às suas
palestras inspiradoras sobre matemática e para estudar com ela.
Quase tudo o que se sabe sobre Hipatia vem das cartas que ela
escreveu para um de seus alunos, Sinesius de Cirene, da Grécia, que
posteriormente em 411, se tornou bispo de Ptolomaida. Hipatia
25
sugeriu que Sinesius medisse as posições das estrelas e dos planetas
com um astrolábio e um planisfério, instrumentos astronômicos que
ela havia projetado.
Acredita-se que Hipatia, que manteve as tradições religiosas
da Grécia apesar de o cristianismo ser a fé dominante em Alexandria,
tenha sido vítima de uma disputa de poder entre seu amigo Orestes, o
prefeito romano do Egito, e Cirilo, o patriarca cristão de Alexandria,
que se comprometera a eliminar aquilo que ele considerava crenças
religiosas heréticas. Inflamada por Cirilo, uma multidão a raptou e a
assassinou em 415 D.C.
Alguns historiadores consideram a morte de Hipatia o marco
do fim da era dourada da matemática grega. Duzentos anos mais
tarde, Alexandria foi destruída pelos árabes, pondo fim à tradição
acadêmica de mil anos da Universidade de Alexandria.
Do Século V ao Século XVIII
Convêm ressaltar, entretanto, que durante esse período,
mulheres colaboraram em cálculos astronômicos e vários
matemáticos famosos, tais como Viète, Descartes e Leibniz, foram
convidados para serem professores de algumas nobres em suas
cortes.
Após a morte de Hipatia existe um vazio secular em que o
nome de nenhuma mulher teve seu nome registrado na história da
Matemática.
26
Século XVIII
Maria Gaetana Agnesi
Nascida em Milão, primeira dos vinte e um filhos dos três
casamentos de seu pai, a talentosa e erudita Maria Gaetana Agnesi
se notabilizou em muitas áreas, além da matemática. Bastante
criança ela já dominava o latim, o grego, o hebreu, o francês, o
espanhol, o alemão e vário outras línguas.
Com apenas nove anos de idade teve um discurso publicado
seu em latim em que defendia a educação superior para as mulheres.
Durante sua infância, o pai, um professor de matemática da
Universidade de Bolonha, comprazia-se em receber a intelectualidade
local para ver Maria conversar com doutos professores, sobre os
assuntos que preferissem e em suas línguas. Posteriormente, quando
tinha vinte anos, publicou Propositiones philosophicae, uma coletânea
de 190 ensaios que, além da matemática, se ocupavam de lógica,
mecânica, hidromecânica, elasticidade, gravitação, mecânica celeste,
27
química, botânica zoologia e mineração. Esses ensaios resultaram
das discussões nas tertúlias em casa de seu pai. Em 1749 Agnesi foi
designada pelo Papa Benedito XIV, membro honorário da
Universidade de Bolonha, mas jamais foi professora dessa instituição,
ao contrário do que contam certas narrações imprecisas.
Em 1748, com trinta anos, Agnesi publicou um trabalho em
dois volumes, intitulado Instituzioni Analitiche, escrito com a finalidade
de servir na formação de um de seus irmãos mais novos que revelava
interesse e aptidão para a matemática. O trabalho constitui um curso
de matemática elementar e avançado estruturado especialmente para
espíritos jovens, O primeiro volume se ocupa de aritmética, álgebra,
trigonometria, geometria analítica e, principalmente, cálculo, tratando-
se do primeiro texto de cálculo escrito primariamente para jovens. O
segundo volume trata de séries infinitas e equações diferenciais. Este
volume foi escrito em italiano e, posteriormente, em inglês.
Com a morte de seu pai, Agnesi agregou-se a uma vida de
exclusão, dedicando o resto de sua vida à caridade e o ensino
religioso e diretora de uma escola em Milão. Durante Sua vida, ela
não só ganhou fama pela matemática como também como pela
filosofia, mas também como sonâmbula! Em alguns acontecimentos,
ela, em estado de sonambulismo, acendia uma lâmpada prosseguia
seus estudos e ao acordar, encontrava seus problemas resolvidos.
Infelizmente Agnesi, que muitos nem imaginam ser uma
mulher, ficou apenas conhecida por uma curva de terceiro grau, que
leva seu nome, a chamada “Curva de Agnesi”.
Sophie Germain
Nasceu alguns
sem participar ativam
provocou sua própria
significativos avanços
Aos 13 anos e
sua segurança no ano
biblioteca do pai, ent
conheceu a história d
então velhinho morad
pensamentos e rascu
romanos (que deveria
deu-lhe ordens. Como
Arquimedes não o
Sophie Germain ficou
homem ignorar orde
pensamentos? No mín
ser interessantíssimo
no inspirador: a Matem
inapropriado para uma
alguns anos antes da Revolução Francesa e,
ativamente dos acontecimentos políticos da
rópria revolução: uma revolução feminina que
nços na Matemática e na Física.
nos e confinada em casa pelos pais, que tem
o ano da Queda da Bastilha, Sophie aventuro
então diretor do Banco da França. Na bib
tória de Arquimedes. Conta-se que Arquimed
morador de Siracusa, estava na praia ime
rascunhos de algum problema na areia. S
everiam protegê-lo!) invadiram a praia e um
Como estava desenhando seus raciocínios n
o obedeceu e então o soldado o
ficou impressionadíssima. Afinal, como pod
ordens de um soldado por estar perd
o mínimo, o objeto de estudo de Arquimedes
simo e então, Sophie iniciou seus estudos s
Matemática. Obviamente, os pais de Sophie a
a uma mulher estudar (afinal, que homem se
28
sa e, mesmo
s da época,
a que trouxe
e temiam por
enturou-se na
Na biblioteca,
uimedes, um
a imerso em
ia. Soldados
e um deles
nios na areia,
o matou.
o poderia um
perdido em
edes deveria
dos seguindo
phie achavam
m se casaria
29
com ela?) e tentaram persuadi-la a abandonar os estudos. Mas, como
uma boa adolescente, Sophie contrariou os pais e começou a estudar
a noite, escondida. Conformados de que a matemática era seu
talento, os pais de Sophie a incentivaram.
Com 18 anos, no ano de 1794, foi fundada em Paris a Ecole
Polytechnique, que pretendia "treinar matemáticos e cientistas para a
nação". Obviamente, mulheres não eram aceitas. E, como sempre,
Sophie buscou uma maneira de estudar. Descobriu que um estudante
chamado Le Blanc tinha abandonado seus estudos e resolveu
interceptar sua correspondência. A partir de então, com o pseudônimo
de Le Blanc, Sophie pode trocar correspondências com outros
estudantes e iniciar seu estudo na Ecole Polytechnique. Joseph Louis
Lagrange, grande matemático da época, notou a rápida evolução de
Le Blanc, que passou de um medíocre aluno a um aluno excepcional
em pouco tempo. Quis então marcar uma reunião com o aluno, e
descobriu os planos de Sophie. Lagrange tornou-se a partir de então,
mentor, tutor e confidente de Sophie.
Em 1804, Sophie começou a se corresponder um excepcional
matemático alemão, chamado Carl Friedrich Gauss, ainda usando o
pseudônimo de Le Blanc, com medo de ser recusada por ser mulher.
Gauss e Le Blanc trocaram muitas cartas, até Sophie saber que
Napoleão pretendia invadir a Rússia. Sophie pediu a um general
amigo da família que resgatasse Gauss antes da invasão. Gauss ficou
imensamente feliz e quis saber quem era seu salvador. Foi então que
conheceu Sophie e descobriu que ela era Le Blanc, com quem ele se
correspondia. Gauss escreveu:
“But how to describe to you my admiration and
astonishment at seeing my esteemed
30
correspondent Monsieur Le Blanc
metamorphose himself into this illustrious
personage who gives such a brilliant example of
what I would find it difficult to believe. A taste for
the abstract sciences in general and above all
the mysteries of numbers is excessively rare:
one is not astonished at it: the enchanting
charms of this sublime science reveal only to
those who have the courage to go deeply into it.
But when a person of the sex which, according to
our customs and prejudices, must encounter
infinitely more difficulties than men to familiarize
herself with these thorny researches, succeeds
nevertheless in surmounting these obstacles and
penetrating the most obscure parts of them, then
without doubt she must have the noblest
courage, quite extraordinary talents and superior
genius. Indeed nothing could prove to me in so
flattering and less equivocal manner that the
attractions of this science, which has enriched
my life with so many joys, are not chimerical,
[than] the predilection with which you have
honored it.”
Sophie Germain contribuiu para o desenvolvimento de uma
prova para o Teorema de Fermat usando números primos; descobriu,
entre outras coisas, que, se p é um número primo, então 2p + 1
também é primo; trabalhou também na teoria da elasticidade.
Sophie Germain foi à primeira mulher a ser aceita da
Academia de Ciências de Paris. Além de Matemática, Sophie estudou
31
Química, Física, Geografia, História, Psicologia e publicou dois
volumes com seus trabalhos filosóficos. Ela continuou trabalhando em
Matemática e Filosofia até a sua morte, em 1831.
Século XIX
No final do século passado, à custa de árduos esforços, as
mulheres começaram a estudar Matemática regularmente em
algumas universidades e a obter os primeiros graus de Doutoras em
Matemática. Aos poucos os preconceitos foram sendo quebrados.
Entre as mulheres matemáticas que biografamos acima e as
de hoje, matemáticas profissionais, estão duas mulheres
extraordinárias que viveram entre o final do século passado e o
começo deste, verdadeiramente respeitadas como as “primeiras”
matemáticas: Sofia Kovalevskye Emmy Noether. Suas biografias são
admiráveis. E sobre isso, esperamos falar numa próxima vez.
Amalie Emmy Noether
32
Foi uma matemática e física alemã, uma das mais
importantes matemáticas no campo da Álgebra. Nasceu em de março
de em Erlange, Bavaria (Alemanha) e morreu em de abril de. Foi à
filha mais velha de uma família judia de quatro filhos. Filha de Max
Noether, professor matemático, e de Ida Kaufmann, de uma rica
família de Cologne, ambas as famílias de origem judia.
Embora nascida no final do século, sua obra matemática foi
realizada na primeira metade do século. Seu pai, Max Noether foi um
matemático ilustre da Universidade de Erlanger. Max Noether era um
algebrista, assim como Paul Gordan , também ligado à universidade e
amigo íntimo da família Noether. Por isso, não é de estranhar que
Emmy Noether, que estudou na Universidade, também se tornasse
algebrista. Sua tese de doutorado, sobre Sistemas Completos de
Invariantes para Formas Biquadradas Ternárias, foi defendida em sob
a orientação de Gordan e fez com que Emmy Noether ganhasse
notoriedade, de por seu trabalho em Álgebra Abstrata.
Um ano após sua aposentadoria em, Gordan foi sucedido por
Ernest Fischer, outro algebrista que trabalhava com teoria da
eliminação e teoria dos invariantes. Sua influência sobre Noether foi
grande e, sob sua orientação, sua preocupação passou dos aspectos
algorítmicos do trabalho de Gordan à abordagem axiomática de
Hilbert.
Estudou na Escola Höhere Töchter, em Erlangen onde
estudou alemão, inglês, francês, aritmético e lições de piano. Estudou
também inglês e francês e prestou exames oficiais no Estado de
Baviera, obtendo o certificado e tornando-se professora nas escolas
de meninas Bávaras. Obteve permissão para frequentar a
Universidade de Erlanger. Em 1903, passou no exame em Nürnberg e
33
foi para a Universidade de Göttingen. Estou com Blumenthal, Hilbert,
Klein e Minkowski. Em conseguiu permissão para se matricular em
Erlangen, o que até então era inédito para mulheres na Alemanha. Foi
orientada por Paul Gordan, e com uma tese sobre a teoria dos
invariantes aplicada ao teorema de Hilbert, chegou ao nível de PhD
em pela Universidade de Erlangen, mesmo em uma época em que
não era permitido que mulheres frequentassem universidade na
Alemanha.
Com sua reputação crescendo rapidamente pelas suas
publicações, em foi eleita para o Círculo Matemático de Palermo e, no
ano seguinte, foi convidada a participar do Deutsche Mathematiker
Vereinigung, fazendo parte da reunião anual da Sociedade em
Salzburg. Devido à sua condição feminina, somente após mais de dez
anos ela pôde ingressar nos quadros de Göttingen, graças à ajuda de
colegas como Hilbert, com quem ela publicou um catálogo com o
título de Seminário de física-matemática em, foi aprovada no exame
de habilitação, após superar objeções de parte da faculdade que se
opunha a aula de mulheres. "O que nossos militares pensarão",
argumentavam, "quando retornarem à universidade e verificarem que
têm de aprender aos pés de uma mulher?" David Hilbert ficou muito
irritado com a pergunta e respondeu: “Não vejo em que o sexo de um
candidato possa ser um argumento contra sua admissão como
Privatdozent”. “Afinal, o Conselho não é nenhuma casa de banhos”.
Publicou um artigo de fundamental importância para o
desenvolvimento da Álgebra Moderna, chamado Idealtheorie in
Ringbereichen. Em tornou-se professora, em caráter extraordinário,
de Göttingen e em foi professora do holandês B. L. Van der Waerden,
que publicou posteriormente Moderne Algebre, em dois volumes, com
a maior do segundo volume dedicado aos trabalhos de Amalie.
34
Colaborou com Helmut Hasse e Richard Brauer no trabalho sobre
álgebra não comutativa. Participou do Congresso Internacional de
Matemática de Bologna e também do de Zurique, no mesmo ano em
que ganhou o prêmio intitulado Alfred Ackermann-Teubner Memorial
Prize for the Advancement of Mathematical Knowledge.
Emigrou para os EUA, passando a trabalhar no Bryn Mawr College e
no Institute for Advanced Study, em Princeton, New Jersey.
Depois de dois anos, faleceu em Bryn Mawr, Pensylvania.
Seu trabalho sobre teoria dos invariantes foi usado por Albert Einstein
na formulação da Teoria da Relatividade. O teorema de Noether,
explica as conexões entre simetrias e as leis de conservação em
Física Teórica.
O teorema de Noether emparelha dois conceitos básicos da
Física, sendo um a invariância (simetria) da forma que uma lei física
toma em relação a qualquer transformação generalizada que preserva
o sistema de coordenadas (tanto a nível espacial como a nível
temporal), e sendo o outro a lei de conservação de uma quantidade
física.
Informalmente, podemos apresentar o teorema de Noether
dizendo que "Para cada simetria corresponde uma lei de conservação
e vice-versa”. Embora Noether deixasse a desejar como professora,
pedagogicamente falando, inspirou um grande número de alunos que,
também, deixariam suas pegadas no campo da Álgebra Abstrata.
Suas pesquisas sobre anéis abstratos e teoria dos ideais foram
particularmente no desenvolvimento da Álgebra Abstrata.
Nas cerimônias que se seguiram à sua morte, Emmy Noether
recebeu calorosos elogios de Albert Einstein. Alguém, certa vez,
35
referiu-se a ela como a filha de Marx Noether. Ao que Edmund
Landau replicou: "Marx Noether" foi o pai de Emmy Noether.
Em, fundou-se nos Estados Unidos a Association for Women in
Mathematics (aberta também ao sexo masculino) com o objetivo de
colocar homens e mulheres da matemática em pé de igualdade. Não
há nenhuma superioridade inerente aos homens no que tange o
raciocínio ou criatividade em matemática, como se nota hoje com o
rápido crescimento do número de mulheres entre os que praticam e
criam.
Ada Lovelace.
Filha legítima do poeta Lord Byron, nascida em Londres, na
Inglaterra, viveu uma vida modelo para as senhoras da corte inglesa
do começo do século XIX. Seu pai nunca a viu antes de completar o
primeiro ano.
Casada aos vinte anos, assumiu o nome do marido e o título
de condessa, tornando-se a Condessa de Lovelace, a Sra. Augusta
Ada King. E com o nome de Ada Lovelace entrou para a história como
a primeira programadora.
36
Durante um período de nove meses entre os anos de 1842 e
1843, Ada Lovelace criou um algoritmo para o cálculo da sequência
de Bernoulli usando a máquina analítica de Charles Babbage.
Ada foi uma das poucas pessoas que realmente entenderam
os conceitos envolvidos no projeto de Babbage e durante o processo
de tradução de uma publicação científica italiana sobre o projeto de
Babbage incluiu algumas notas de tradução que constituem o primeiro
programa escrito na história da humanidade.
Em 1980, o Departamento de Defesa dos EUA registrou a
linguagem de programação Ada, em sua homenagem.
Ada faleceu em Londres no dia 27 de Novembro de 1852,
aos 36 anos, de câncer de útero, deixando dois filhos e uma filha,
conhecida como Lady Anne Blunt. Em 1953, cem anos depois da sua
morte, a máquina analítica de Babbage foi redescoberta e seu projeto
e as notas de Ada entraram para história como o primeiro computador
e software, respectivamente.
Ficou conhecida como a primeira programadora de
computadores da História.
Um enigma proposto por Ada Lovelace
Essa mulher do século XIX (toda a sua vida decorreu durante
esse século) foi uma das mulheres mais sobressalentes da História da
Matemática, famosa, sobretudo pelos seus trabalhos com Charles
BABBAGE na invenção da sua máquina de calcular.
37
Certo dia, ao lhe perguntarem a idade, ela respondeu: “Se
trocarmos a ordem dos seus dois algarismos e elevarmos ao
quadrado, obtém-se justamente o ano em que estamos”.
Em que ano teve lugar esta conversa? Em que ano nasceu
Ada BYRON?
38
CAPÍTULO V
ÉTICA DOCENTE
“O prazer de ver todas as coisas que a nossa visão descobre não é
comparável à satisfação proporcionada pelo conhecimento daquelas
que encontramos por meio da filosofia; esse estudo é mais necessário
para regrar os nossos costumes e conduzir-nos por essa vida do que
o uso dos nossos olhos para orientar os nossos passos”.
René Descartes, in
Princípios da Filosofia.
A ética na visão de alguns docentes ainda não é muito
colocada em prática. Porém, é um tema de extrema relevância, visto
que os valores éticos defendidos pelo professor podem ser
determinantes para sua prática docente e, em consequência, para a
sociedade. Nesse sentido, o assunto não deve ser esgotado, mas
esclarecido, de maneira que os mestres possam ter plena consciência
do seu "fazer profissional“.
Mas o que é ética?
Ética é a ciência da moral, que estuda os comportamentos
morais do homem para com uma força metafísica e a sociedade, e
tem como finalidade garantir a integridade de um grupo através do
regime da conduta dos seus membros, de acordo com princípios de
conveniência geral. Segundo Isabel Baptista, doutoranda em filosofia
da educação pela faculdade de Letras da Universidade do Porto, a
ética pode ser entendida ainda, como “uma reflexão de caráter
filosófico sobre os princípios e valores que devem orientar o ser
39
humano- noções como o bem, o mal ou a justiça”. Ainda segundo a
autora, a moral significa
“uma formalização de normas de conduta que
terão de estar de acordo ou subordinadas àquilo
que entendemos por valores éticos, obrigando
no fundo, a considerar o primado da Ética sobre
a Moral”.
Analisados os conceitos de Ética e Moral, cabe-nos a
seguinte reflexão:
Nós, enquanto docentes, temos a clareza de por que
educamos, porque atuamos e intervimos na sociedade e para que o
fazemos? Esta reflexão deveria fazer parte do cotidiano do professor
e dar suporte para todo o fazer pedagógico, até por que a mesma é
norteadora da sociedade que desejamos construir.
Cabe salientar que a ética na sociedade é uma referência
no mundo dos direitos, mas também no mundo dos deveres
profissionais na medida em que através dela definimos ideias,
valores, modos de estar e, essencialmente, modos de ser. Ou seja, a
ética deverá ser um vetor fundamental na identidade dos
profissionais. É impensável que um profissional se defina apenas
como um técnico e se esqueça do por que do seu saber fazer,
especialmente quando trabalha com outros, com a sociedade e para a
sociedade.
Segundo Monti, Schroeder e Mecking “a ética no exercício
profissional é fundamental e o professor deve assumir este
compromisso para que sejam estabelecidas relações de respeito em
40
seu ambiente de trabalho”. Observamos no cotidiano escolar,
situações que causam certos constrangimentos e que podem
comprometer a eficiência e eficácia do processo ensino-
aprendizagem. Situações tais como:
• Discutir assuntos que particularmente dizem respeito a
alunos, em locais inadequados, como corredores, pátios, banheiros,
cantina, ônibus, etc.
• Rotular alunos (este é comprometido, interessado,
aquele não);
• Incoerência de atitudes do professor com aquelas
cobradas dos alunos (faça o que eu digo, mas não faça o que eu
faço);
• Falta de comprometimento do professor com o seu papel
de educador. Atitudes simples no dia a dia do professor são
demonstrações de ética profissional e consequentemente são
refletidas nas atitudes dos alunos, são elas:
• Respeito à origem, raça, credo, sexo, cor e idade de
todos que o rodeiam;
• Tratar assuntos relativos aos alunos com discrição e em
locais adequados, nos quais os discentes não sejam expostos a
conclusões errôneas por parte de pessoas que desconheçam a
íntegra dos assuntos;
• Manter sigilo quando se trata de assunto que possa
expor os alunos a situações constrangedoras;
• Manter coerência nas suas atitudes com aquelas
cobradas dos alunos.
Assim, ao perceber qualquer problema com seus alunos na
relação ensino-aprendizagem, o professor deve discutir com a equipe
41
pedagógica de sua escola, a forma mais adequada de solucioná-lo,
deixando o cargo de profissionais especializados o diagnóstico
devido. O educador, também deve estar consciente da importância de
seu papel como profissional da educação, principalmente por que ele
é o alicerce para o desenvolvimento pleno dos educandos e dos
valores ligados à cidadania dos seus alunos. A convivência
harmoniosa dos seres humanos é proveniente da conduta praticada
pelos mesmos, portanto, a ética é um dos fatores predominantes para
que se materialize uma educação consciente e eficiente. Mas vale
lembrar eu esse compromisso ético transcende aos alunos; há muito
que se discutir sobre ética docente, pois esta não é algo acabado, é
algo em permanente construção. Quando falamos em ética, falamos
de algo que deve contemplar o sentido plural dos valores, da
diversidade, do pensamento e da ação profissional. Os
conhecimentos Matemáticos devem estar associados à realidade da
sociedade, dando a esta disciplina, caráter fundamental na construção
de qualquer argumentação útil, não deixando se limitar apenas em
sala de aula.
A atividade lúdica está sempre ligada a conteúdos
matemáticos que são explorados e aprofundados em sala de aula
utilizando materiais de fácil acesso (canudos, cartolinas, jornais,
barbantes, etc.) ou explorando situações do cotidiano onde a
Matemática está presente.
A arte de resolver problemas, afirmava, muito
adequadamente, que para ensinar é preciso saber muito mais do que
ensina, é preciso conhecer sua matéria, ter interesse e entusiasmo
por ela.
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Matemática está presente na vida cotidiana de todo
cidadão, por vezes de forma explícita e por vezes de forma sutil. No
momento em que abrimos os olhos pela manhã e olhamos a hora no
despertador, estamos “lendo” na linguagem matemática, exercitando
nossa abstração e utilizando conhecimentos matemáticos que a
humanidade levou séculos para construir. É quase impossível abrir
uma página de jornal cuja compreensão não requeira certo
conhecimento matemático e um domínio mínimo da linguagem que
lhe é própria: porcentagens, gráficos ou tabelas são necessárias na
descrição e na análise da vários assuntos.
Na sociedade atual, a Matemática é cada vez mais solicitada
para descrever, modelar e resolver problemas nas diversas áreas da
atividade humana. Apesar de permear praticamente todas as áreas do
conhecimento, nem sempre é fácil (e, por vezes parece impossível)
mostrar ao estudante aplicações interessantes e realistas dos temas a
serem tratados ou motivá-los com problemas contextualizados.
O professor, quase sempre, não encontra ajuda ou apoio para
realizar essa tarefa de motivar e instigar o aluno relacionando a
Matemática com outras áreas de estudo e identificando, no nosso
cotidiano, a presença de conteúdos que são desenvolvidos em sala
de aula. Para isso, é importante compartilhar experiências que já
foram testadas na prática e é essencial que o professor tenha acesso
a textos de leitura acessível que ampliem seus horizontes e
aprofundem seus conhecimentos.
43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AMORIM, Tiago. Palestra: Ética Docente. Rio de Janeiro: Duque de
Caxias, Colégio Estadual Zumbi dos Palmares, em 19/ 04/ 2012.
ARAÚJO, Elizabeth de Melo Bonfin. Reforma Universitária: suas
causas e consequências In. São Paulo: Ibrasa, 1984.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à prática.
(Coleção Perspectivas em Educação Matemática). Campinas, SP:
Papirus, 1996.
___________________. Da realidade à ação: reflexões sobre
educação e matemática. São Paulo: Campinas: Summus / Unicamp,
1986.
Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 11ª Edição. 9º triagem.
Editora Gamma: Rio de Janeiro, 1982.
HELLMEISTER, Ana Catarina. Explorando o Ensino da Matemática:
Artigos: volume I. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2004.
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática. Brasília, MEC-
SEF.
PÓLYA, G. (1981). Mathematical Discovery: On Understanding,
learning, and teaching Problem Solving. New York: John Wiley and
Sons.
44
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensmat_icap1.pdf, acesso em 10/05/2012
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensmat_icap2.pdf, acesso em 10/05/2012
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensmat_icap3.pdf, acesso em 10/05/2012
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensmat_icap4.pdf, acesso em 10/05/2012
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensmat_icap5.pdf, acesso em 10/05/2012
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensmat_icap6.pdf, acesso em 10/05/2012
45
BIBLIOGRAFIA CITADA
MARKARIAN, Roberto. O Ensino da matemática em geral. São Paulo,
Edgard Blucher/ Edusp, 1974.
Revista do Professor de Matemática. São Paulo: Sociedade Brasileira
de Matemática (SBM), 1982-1998. V.1 a 36.
Coleção do Professor de Matemática. Rio de Janeiro: Sociedade
Brasileira de Matemática (SBM), 1993. 14 volumes.