UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS - Cursos de Pós, MBA ... · A Psicopedagogia como ferramenta...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS – GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Maura Silva de Mello
Orientadora
Prof. Carly Machado
RIO DE JANEIRO
JULHO/2010
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS – GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade
Cândido Mendes como requisito parcial para a obtenção do Grau
de especialista em Psicopedagogia Institucional.
RIO DE JANEIRO
2010
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AGRADECIMENTOS
... Aos professores maravilhosos que
passaram ao longo do curso.
3
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos, por serem minha
fonte de inspiração sempre.
Aos meus pais e irmãos por estarem
sempre ao meu lado.
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RESUMO
A Psicopedagogia como ferramenta mestra da aprendizagem e todos os
processos envolvidos, vem nesse trabalho ser analisada como fundamental na
etapa da Educação Infantil, visto que sua prática, pode contribuir para impedir,
avaliar e intervir nas dificuldades e/ou transtornos ainda na primeira infância, o
que na maioria das vezes facilita o processo interventivo e tratamento
adequado, propiciando que o aprendente tenha uma vida praticamente normal.
Esse diagnóstico cada vez mais precoce através da avaliação psicopegagógica
em conjunto com a equipe escolar é sem dúvida o caminho para uma
diminuição significativa nas dificuldades de aprendizagem nas idades mais
avançadas.
PALAVRAS CHAVE: Psicopedagogia / Desenvolvimento Infantil / Educação
Infantil.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada na produção do trabalho foi pesquisas bibliográficas,
internet, e prática na rotina diária, já que trabalho numa Instituição de
Educação Infantil, possibilitando assim um olhar efetivo dos ganhos para as
escolas de Educação Infantil da atuação de um profissional de Psicopedagogia
no espaço escolar.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I – O desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos 9
1.1 - Piaget 9
1.2 - Outras abordagens importantes : Vygotsky e Wallon 14
CAPÍTULO II – Conceituando Psicopedagogia 16
CAPÍTULO III – A atuação do Psicopedagogo na Educação Infantil 24
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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INTRODUÇÃO
A questão escolhida para o trabalho fala da relação da Psicopedagogia com a
Educação Infantil. A abordagem será feita em torno da forma em que a
Psicopedagogia pode vir a ser utilizada como ferramenta complementar e
preditiva nessa etapa da Educação.
O trabalho se inicia a partir de uma dissertação sobre o
desenvolvimento infantil, passando então para a conceituação de
Psicopedagogia, fechando com as possibilidades interventivas desta na
Educação Infantil.
Em 1996, com a nova LDB, a Educação Infantil ganha novas
perspectivas, sendo incluída na Educação Básica e valorizada como uma
importante etapa de aprendizagem e construção do indivíduo, por isso o
assunto será tratado nesse trabalho com a devida importância.
A reorganização Institucional produzida pela LDB fala sobre o pleno
desenvolvimento do educando, zelando pela aprendizagem e desenvolvimento
integral do aluno, a criança passa a ser respeitada como um sujeito de direitos.
As reformas vieram também contribuir efetivamente para avançar os
estudos e contextualizar a educação de crianças pequenas. Se faz então
necessário uma releitura das práticas curriculares utilizadas, adequando
conteúdos, linguagem e outras...às necessidades da criança, de forma que ela
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possa realmente construir seu conhecimento e fazer com que a aprendizagem
seja efetiva e significativa.
Entre os vários profissionais que devem trabalhar nesse processo, o
Psicopedagogo recebe destaque. São objetivos dessa pesquisa analisar o
desenvolvimento da criança e suas características para melhor definir as
formas de atuação psicopedagógica, o profissional deve se empenhar na
integração com os grupos e a comunidade para explorar todas as informações
colhidas em benefício de cada grupo e/ou aluno, já que a individualidade é fator
indispensável para orientações metodológicas, intervenções junto à equipe de
educadores, e se necessário for também junto às famílias.
O Psicopedagogo vai atuar estimulando as interações, e através de suas
observações em conjunto com uma equipe interdisciplinar, traçar metas
facilitadoras da aprendizagem, da assimilação da produção de conhecimento e
da visão de mundo do aprendente, levando em conta a história social de cada
um em particular.
Vai fazê-los enxergar suas competências e habilidades, reforçando
positivamente suas capacidades de superar obstáculos e dificuldades que
possam vir a aparecer. O objetivo final é definir algumas das formas de
intervenção preventiva, preditiva, investigatória que esse profissional
implementa com sua atuação no espaço escolar, beneficiando toda a equipe,
contribuindo para um melhor rendimento dos alunos e diminuição da evolução
de dificuldades, transtornos ou distúrbios que em alguns casos poderão ser
diagnosticados precocemente e desta forma não evoluírem para casos mais
graves.
No primeiro capítulo o desenvolvimento infantil da criança se 0 a 6 anos
como forma de conhecer e avaliar as principais características e mecanismos
9
que prevalecem nessa fase nos aspectos cognitivo, motor e emocional. Esses
são fatores de suma importância para se avaliar o processo e o modelo de
aprendizagem que a criança utiliza.
A Psicopedagogia, como uma ciência, será conceituada no segundo
capítulo,. Já que o trabalho se propõem a traçar uma relação entre a Educação
de crianças pequenas e a Psicopedagogia, é necessário que se entenda não
só o conceito, mas de onde veio e quais as linhas de atuação na prática.
Por último, já no terceiro capítulo, através da Psicopedagogia serão
indicadas as intervenções adequadas na fase da Educação Infantil. Como
podem ser utilizadas técnicas e formas preditivas de ação, em que casos o
psicopedagogo pode atuar e/ou não, e como pode se tornar uma membro
efetivo da equipe.
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CAPÍTULO I
O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 A 6 ANOS
Nesse capítulo vou abordar a teoria de três ilustres pensadores:
Piaget, Wallon e Vygotsky que muito contribuíram para a Educação
através de suas bases teóricas e pesquisas sobretudo a respeito do
desenvolvimento Infantil.
1.1 - Piaget
Jean Piaget, biólogo nascido na Suíça que se dedicou ao estudo da
psicologia, Epistemologia e Educação. Defendeu a Tese da Epistemologia
Genética, e diz que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento.
Sobre a construção do conhecimento, segundo La Taille (1992) Piaget
acredita que o mesmo é elaborado espontaneamente pela criança de acordo
com o estágio de desenvolvimento em que ela se encontra.
A visão piagetiana recebe destaque nesse trabalho para a dissertação
sobre o desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos. Como falado anteriormente,
Piaget defende a Epistemologia Genética e para tal, se pauta resumidamente
em: investigação da gênese das estruturas lógicas do pensamento infantil,
compreensão sobre como essas estruturas funcionam e por último busca sobre
como essa criança põe em ação esse conhecimento. Crianças de várias idades
e seus próprios filhos foram utilizados por Piaget em seus estudos para a
formulação de suas teorias.
Baseado na sua formação de Biólogo, Piaget conclui que os seres vivos
em geral precisam se adaptar ao meio em que vivem por uma questão de
sobrevivência. Surge então o conceito de adaptação que passaria então a ser
utilizado como ferramenta para seus estudos sobre o desenvolvimento.
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A Psicologia de Piaget está fundamentada na idéia de equilibração e
desequilibração. Um desequilíbrio acontece quando o indivíduo entra em
contato com um novo conhecimento, e surge pela “necessidade de
sobrevivência” de se voltar ao equilíbrio. Para conseguir o equilíbrio de volta
se dá início a um processo chamado por Piaget de assimilação desse
conhecimento adquirido, incorporando às suas estruturas já esquematizadas
(esquematização) através da ação interativa. Isso provoca mudanças no
indivíduo e inicia-se o processo de acomodação, gradativamente a pessoa se
organiza internamente já com esse novo elemento.
Passado o processo de internalização do novo conteúdo esse indivíduo
passa por uma adaptação externa. Acontece então um novo desequilíbrio que
pode ser causado por carência, curiosidade, dúvida etc. Esse movimento é
constante e o domínio afetivo acompanha sempre o cognitivo processo
endógeno.
Traçando um comparativo ele coloca a inteligência como a adaptação, já
que é ela que tem a função de organizar o sujeito na estruturação do meio em
que vive. A adaptação então é dividida em três fases em que o sujeito participa
ativamente, a assimilação, a esquematização e a acomodação. Importante
ressaltar, que Piaget considera que existe um paralelo constante entre a vida
afetiva e cognitiva, ele afirma:
“ A afetividade e a inteligência são, portanto,
indissociáveis e constituem os dois aspectos
complementares de toda a conduta humana”.
(Piaget, 2001, p.22).
Piaget trabalhou o desenvolvimento humano em estágios, estágios
esses que são marcados por características próprias e determinantes tanto no
aspecto cognitivo quanto no emocional e motor. É de extrema importância que
o Psicopedagogo tenha domínio sobre essas características, o que lhe
proporcionará avaliações mais objetivas e intervenções e diagnósticos
precisos.
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O primeiro estágio abrange crianças de 0 a 2 anos, e é chamado de
estágio sensório – motor. Essa fase é descrita por Piaget como egocentrismo;
a visão que o bebê apresenta do mundo está centrada no seu próprio corpo, e
por isso age como se ele fosse na verdade o centro do universo.
As mudanças de comportamento que acontecem nessa fase são de
ordem prática, ou seja, podem ser observadas a partir das modificações
motoras e perceptivas da criança.
O pico dessa fase é alcançado quando a criança já consegue atingir
objetos afastados ou escondidos, o que demonstra através da sua ação que já
apresenta uma organização espaço - tempo - causa.
Observa-se também avanços nos reflexos e hábitos, ao que chamamos
de reações circulares primárias, a criança manifesta um comportamento de
transição de um hábito simples para uma ação inteligente.
As reações circulares secundárias são marcadas por uma característica
específica: a intencionalidade, apesar de ainda apresentar hábitos simples, a
criança já demonstra a assimilação dos objetos, e posteriormente os esquemas
de ação.
Entre os 10 e 24 meses, acontecem as reações circulares terciárias, a
ação é reproduzida intencionalmente e repetida de formas variadas sempre
que a criança tiver um novo objetivo.
Nessa fase podemos dizer que a criança já domina determinados
esquemas por ela conhecidos frente à novas situações e desafios. Na fase
sensório – motor a criança experimenta situações subjetivas, mas é desta
forma que ela dá início ao processo de exploração e conhecimento do mundo
que a rodeia.
Essas conquistas são imprescindíveis para a aquisição de estruturas de
pensamento superiores. O processo de evolução cognitiva é estruturada
através da ação e da percepção, por isso a necessidade de estímulos que
levem a construção de estruturas mentais de tempo, espaço, número, etc, isso
leva ao processo de descentralização, o que permite que a criança tenha a
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condição de organizar e mover o seu pensamento livremente entre passado,
presente e futuro.
Nessa fase normalmente a criança não se utiliza da linguagem nem da
representação através das imagens mentais, mas já faz uso de gestos,
pinturas, desenhos, imitações... Estão interessados em ações de sucesso
imediato, mas já são capazes de coordenar entre si, percepções e movimentos
reais sucessivos no contato direto com os objetos.
As crianças de 2 a 6 anos se encaixam no estágio do pensamento
simbólico ou pré – operatório. Diferente da fase sensório – motor, as crianças
nessa fase já conseguem elaborar conceitos.
Através do uso da linguagem e da capacidade de representação mental,
as situações passam a ser internalizadas pela criança. Novos esquemas
mentais são construídos a partir dos obtidos anteriormente , o que estimula que
a criança experimente novas situações e desafios.
O egocentrismo já não é marca tão presente, e dá lugar ao
conhecimento mais objetivo, ligado ao mundo que o cerca e não mais somente
ao seu redor. A ligação da criança mais objetiva com o meio em que vive
possibilita um aumento da sua capacidade de pensamento.
Ainda não se observa uma função reversível do pensamento, ela não
consegue organizar os objetos e acontecimentos em categorias lógicas gerais,
mas conseguem fazer em partes específicas.
Observa-se o surgimento da linguagem, que vai favorecer a construção
de novos esquemas e uma reestruturação dos anteriores. O pensamento
simbólico também surge, possibilitando a substituição da ação direta (prática)
pela representação mental, possibilitando ainda que a criança supere limites
existentes na fase anterior.
Essa nova habilidade adquirida, de operar através de representações
mentais, contribui para que gradativamente diminua o subjetivismo no
desenvolvimento da criança, levando a uma maior objetividade na sua
organização interna, consequentemente facilitando a aquisição de
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conhecimento. A imitação está muito presente nessa fase, e cria para a criança
um novo universo de significações e possibilidades de representações.
Portanto podemos concluir que essa fase é fundamental ao
desenvolvimento humano. A concepção de infância hoje, tem um olhar mais
amplo e crítico, a criança como ser social, é um sujeito histórico que se
apropria e participa da cultura. Cada criança constrói ao longo do seu
desenvolvimento o seu próprio modelo de mundo, além de conceitos que
levará para toda a vida.
Vemos então a necessidade de nos preocuparmos com as instituições
que trabalham com os pequenos alunos, pois sabemos o quanto é significativo
o estímulo e o trabalho desenvolvido pela escola para uma formação
satisfatória e integral desse indivíduo.
A criança é um ser criativo e capaz de participar ativamente do processo
de construção do seu conhecimento, desde que sejam oportunizadas situações
aonde a criança experimente, vivencie, brinque, se movimente,...trabalhando
com suas necessidades emocionais básicas,se constituindo enquanto sujeito
através dos sentidos e significados elaborados a partir das suas vivências,
desenvolvendo a consciência da sua própria capacidade de aprender, espírito
crítico, gosto pela descoberta, pensamento próprio, linguagem, formas de
expressão...
O educador é peça fundamental na Educação Infantil, pois é ele que
com um olhar individualizado e diferenciado, poderá fazer uso das suas
práticas pedagógicas considerando as necessidades educacionais, emocionais
e motoras de seus alunos. Ao mesmo tempo deve ser o mediador dessa
criança com os processos de descoberta, aprendizagem sendo um elemento
fundamentalmente estimulante e determinante em manter acesa a chama e a
vontade de aprender.
1.3 – Outras abordagens importantes : Vygotsky e Wallon
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Lev Vygotsky,nasceu na Rússia, em Moscou. Formou-se em Direito,
apesar disso se destacou por suas críticas literárias a obras de Arte. Teve
interesse especial pela Psicologia. Um dos conceitos mais significativos
deixado por ele, diz respeito à ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal) que
pode ser basicamente definido da seguinte forma: a criança pode adquirir tudo
em termos intelectuais quando lhe é dado o devido suporte educacional.
Para Vygotsky, a criança já nasce com um mundo social, e segundo
Oliveira (1992) afirma que vai se desenvolvendo a partir da interação com
adultos e/ou crianças mais experientes.
Ele nos fala sobre a dimensão social do desenvolvimento humano, tendo
como um de seus pressupostos a idéia de que o ser humano se constitui na
sua relação com o outro social. A cultura é parte desse processo, que ao longo
do desenvolvimento da espécie e do indivíduo molda o funcionamento
psicológico do homem, e que portanto este só se desenvolve quando incluído
num grupo cultural.
Vygotsky fundamenta a idéia de que as funções psicológicas superiores
são construídas ao longo da história social do homem, trabalhando com uma
concepção de que o cérebro é um sistema aberto, de uma plasticidade
essencial para que estrutura e modos de funcionamento sejam moldados ao
longo da espécie e do desenvolvimento individual, sem que seja necessário
transformações morfológicas no cérebro.
Para compreender melhor Vygotsky a respeito do desenvolvimento
humano como processo sócio - histórico, citamos a idéia de mediação
valorizada pelo autor. O homem enquanto sujeito de conhecimento não tem
acesso direto aos objetos...mas uma cesso mediado pela realidade em que
está inserido, recortes do real significados pelo sistema simbólico que dispõe. E
novamente surge a cultura nesse discurso , pois é ela quem fornece ao
indivíduo, segundo a visão vygotskiana, o universo simbólico de
representações da realidade, e por meio dele as significações: ordenação e
interpretação do mundo real. Conclui-se que as funções psicológicas
superiores, são construídas de fora para dentro do indivíduo. Piaget valoriza a
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idéia de que o indivíduo se desenvolve de dentro para fora a partir de suas
vivências, experimentações, estímulos , ação e percepção...essas são
ferramentas imprescindíveis na construção e evolução cognitiva, na construção
de estruturas mentais de tempo, espaço, número, etc... conquistas para a
aquisição de estruturas de pensamento superiores, o que permite que a
criança tenha a condição de organizar e mover o seu pensamento livremente
entre passado, presente e futuro.
Podemos dizer então que Piaget privilegia o desenvolvimento biológico,
enquanto Vygotsky o social.
Henri Wallon, nasceu na França, o neto do político francês Henri
Alexandre Wallon foi filósofo, médico, político e marxista convicto. Teve
destaque na política , mas simultaneamente dava continuidade aos seus
trabalhos científicos.
Para Wallon, como estudado por Dantas (1992) o
desenvolvimento infantil acontece a partir de fatores orgânicos e
influências do meio em que o indivíduo vive. Na verdade para os três
pensadores o desenvolvimento infantil precede da interação com o meio
em que vive e nasce, apesar de tratarem de formas diferentes essa
interação social. Sobre o homem como ser essencialmente social, Piaget
escreve:
“ Se tomarmos a noção social dos diferentes
sentidos do termo, isto é, englobando tanto as
tendências hereditárias que nos levam à vida
em comum e à imitação ( no sentido Durkheim)
dos indivíduos entre eles, não se pode negar
que, desde o nascimento, o desenvolvimento
intelectual é simultaneamente, obra da
sociedade e do indivíduo.”
17
(Piaget,J – Paris, Droz, 1977, p.242 (em
português Estudos Sociológicos, Rio de
Janeiro, Forense, 1973 ).
Já para Wallon,o ser é essencialmente social, ou seja, é impossível se
pensar em um indivíduo fora do contexto da sociedade em que nasce e vive, o
homem é um ser geneticamente social. Diferente de Piaget, para Wallon a
dimensão afetiva ocupa lugar central para o desenvolvimento do indivíduo. A
consciência afetiva é a forma através da qual o psiquismo surge da vida
orgânica, e representa a primeira manifestação de vínculo com o ambiente
social. Esta dimensão realiza a transição do estado orgânico do ser e sua
etapa cognitiva, racional, portanto ela é simultaneamente social e biológica.
A visão walloniana nos traz o conceito de que o sujeito individual é
precedido de um organismo estruturado em: possibilidades e limites,
antecedido por um acúmulo cultural que estrutura sua consciência, tendo início
quando lhe são impostas as formas de sua língua.
Resumindo, esse sujeito será sempre datado e preso às suas pré-determinações biológicas e estrutura histórica. Piaget, “luta” contra isso, e diz que só as relações sociais que permitem o livre intercâmbio de pontos de vista, permitem a autonomia. Portanto as relações sociais não representam para ele a base de estruturação do sujeito, pois em cada sujeito existem mecanismos que lhe são íntimos, e irredutíveis a interferências sociais.
Wallon enfatiza a construção que passa do corpo, pela função tônica, pelas emoções, passando pela imitação.
Piaget procura compreender esse processo através dos esquemas sensório-motores e do movimento entre assimilação e acomodação, identificadas através da imitação e do jogo.
Ambos o autores concordam que o surgimento da representação será marcada por uma função simbólica, a capacidade de evocar objetos ausentes através da representação mental, relacionando objeto real e significado.
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CAPÍTULO II
CONCEITUANDO PSICOPEDAGOGIA
“ Depois pegou o cajado e começou a acordar
as ovelhas que ainda dormiam. Ele havia
reparado que, assim que acordava, a maior
parte dos animais também começava a
despertar. Como se houvesse alguma
misteriosa energia unindo sua vida à vida
daquelas ovelhas que há dois anos percorriam
com ele a terra, em busca de água e alimento.
... Sempre acreditara que as ovelhas eram
capazes de entender o que ele falava. Por isso
costumava às vezes ler para elas os trechos de
livros que o haviam impressionado, ou falar da
solidão e da alegria de um pastor no campo, ou
comentar sobre as últimas novidades que via
nas cidades por onde costumava passar.”
(Paulo Coelho – O alquimista).
As ovelhas, através do meio, e da interação como seu pastor,
aprenderam o que deveriam fazer, a que horas deveriam acordar,...podemos
dizer que nesse processo acontece a aprendizagem, e temos os requisitos
necessários para isso.
A aprendizagem não tem hora nem lugar para acontecer...mas se não
for estimulada, não tiver as intervenções necessárias, as particularidades
observadas adequadamente...pode não acontecer, ou acontecer de forma
problemática.
Quando a dificuldade aparece, a Psicopedagogia é uma ferramenta para
instrumentalizar a “resolução” de cada problema, de compreender as
dificuldades da aprendizagem, avaliando e reconhecendo questões que
perpassam, vão além apenas do “problema”, ampliando as reflexões e
abordagens psicopedagógicas em relação ao diagnóstico e as intervenções
nessa aprendizagem baseando-se para isso no desenvolvimento da criança,
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levando em conta o processo como único e individual, contando
principalmente com a epistemologia genética e o desenvolvimento afetivo.
Para aprendizagem cito a definição de Dabas ( 1988 ):
“ Aprendizagem é o processo pelo qual um sujeito, em sua interação com o meio, incorpora a informação oferecida por este, segundo suas necessidades e interesses.
Elabora esta informação através de sua estrutura psíquica, constituída pelo interjogo do social, da dinâmica do inconsciente e da dinâmica cognitiva, modificando sua conduta para aceitar novas propostas e realizar transformações inéditas no âmbito que o rodeia .”
A Psicopedagogia é a área de estudos de caráter teórico – prático e
interdisciplinar que propicia ao profissional se utilizar da teoria em benefício das
tarefas de educar ou de ensinar, o que se pode chamar de processo de
ensinagem. Representa um apoio pedagógico, uma alternativa para a solução
de problemas no processo ensino – aprendizagem.
A atuação do psicopedagogo está relacionada aos aspectos psíquicos e
subjetivos presentes na aprendizagem, e ainda aos processos cognitivos e às
influências familiares e sociais.
Esse profissional portanto precisa ter uma visão ampla e irrestrita, para
que a partir de uma atuação comprometida, tenha uma compreensão global do
seu “paciente” e da sua forma de aprender, somente desta forma, poderá traçar
formas interventivas satisfatórias e adequadas a cada caso.
O ponto de partida para a Psicopedagogia é a aprendizagem e a relação
do sujeito com esse processo; levando-se em conta que aprendizagem é o
processo pelo qual o sujeito através da sua interação com o meio e de seus
conhecimentos adquiridos, incorpora a informação oferecida segundo suas
necessidades e interesses.
O sujeito elabora essa informação através da sua estrutura psíquica,
social, inconsciente e cognitiva. Para que aconteça a aprendizagem então,
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deve se levar em conta fatores objetivos (habilidade cognitiva) e subjetivos
(vontade, desejo de aprender).
A Psicopedagogia vem suprir uma lacuna, visando compreender os
problemas de aprendizagem, refletindo sobre as questões relacionadas ao
desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, implícitas nas situações em
que acontecem a aprendizagem.
Essa ciência surge e traz consigo questionamentos a respeito da sua
construção na formação de profissionais eficazes e capazes de abranger uma
multiplicidade de áreas do conhecimento, visando atender às inúmeras
necessidades geradas pelo processo de ensinagem, se encontrar num
movimento constante e aberto às mudanças, capaz de sobretudo usar a
criatividade, e através dela construir e reconstruir saberes e conhecimentos a
favor de um indivíduo aprendente.
Deve portanto se traduzir em uma “arte” em constante mutação, flexível
e envolvente...que não se estremece frente à grandiosidade de sua missão de
buscar um mundo mais cooperativo, aonde as diferenças sejam minimizadas.
Os primeiros Centros Psicopedagógicos que se têm notícia, surgiram na
Europa por volta de 1946 sob a direção de Boutonier e Mauco. Esses centros
agregavam conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia,
para atuarem, empenhados em readaptar crianças com comportamentos
socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com
dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes (MERY apud
BOSSA, 2000, p. 39).
A Argentina, influenciada pela Europa, foi a primeira cidade a
oferecer o Curso de Psicopedagogia segundo a renomada psicopedagoda
Alicia Fernández, aonde surgiu há mais de 30 anos. (apud BOSSA, 2000,
p. 41).
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Nos anos 70 as equipes de psicopedagogos já diagnosticavam e
tratavam pacientes nos Centros de Saúde Mental, em Buenos Aires.
Na época, após o tratamento, os pacientes apresentavam melhoras em
seus problemas de aprendizagem, mas começavam a apresentar distúrbios
de personalidade. O olhar e a escuta clínica psicanalítica, foram incluídos
como ferramentas complementares e até hoje se caracterizam como perfil
do psicopedagogo argentino (Id. Ibid., 2000, p.41).
A corrente argentina se diferencia da brasileira principalmente pela
aplicação de testes “alguns dos quais não sendo permitidos aos
brasileiros...” (Id. Ibid., p. 42), por serem consideradas práticas pertinentes
apenas aos profissionais da Psicologia (cf. BOSSA, p. 58).
Foi também na década de 70 que a Psicopedagogia surgiu no Brasil,
quando as dificuldades de aprendizagem eram vinculadas a uma disfunção
neurológica, disfunção cerebral mínima (DCM), com essa visão, ficavam de
fora os aspectos sócio pedagógicos, aspectos esses que também
comprometiam seriamente a aprendizagem (Id. Ibid., 2000, p. 48-49).
Inicialmente na Europa, as famílias recorriam aos médicos para
tratarem os problemas de aprendizagem apresentados, hoje essa conduta
ainda é repetida no Brasil. Com os avanços da Psicopedagogia e o
sucesso de sua prática, as famílias e instituições escolares passam a ver
esse profissional, como o “especialista” capaz de diagnosticar e traçar
metas, objetivos e intervenções para cada caso.
Assim como na Europa, a Psicopedagogia no Brasil foi concebida
enfatizando um modelo “médico” de atuação. Baseado nessa forma de ver
os problemas ocasionados ao longo do processo de aprendizagem, a partir
de 1970, deu-se início aos cursos de formação de especialistas em
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Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a
duração de dois anos (Id. Ibid., 2000, p. 52).
A Psicopedagogia no Brasil recebeu contribuições significativas para o
seu desenvolvimento. Entre elas podemos citas alguns profissionais: Sara
Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, e outros.
Segundo Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma prática
alimentada por conhecimentos vindos da Medicina e da Psicologia, para
depois se firmar enquanto uma ciência, dotada de um conhecimento
independente e complementar, dedicada a um objeto de estudo,
denominado de processo de aprendizagem, e de ferramentas e estratégias
diagnósticas, corretivas e preventivas próprias (VISCA apud BOSSA,
2000, p. 21).
Essa nova vertente que define a Psicopedagogia, surge
principalmente a partir da década de 80, com na influência das pesquisas
de Maria Helena Souza Patto, é quando o fracasso escolar passa a ser
explicado a partir de uma visão sócio – política.
A dificuldade da criança passa a ser avaliada mais profundamente,
não mais como um problema patológico apenas, mas com a possibilidade
da interferência de fatores externos e outros, como por exemplo a não
adaptação do aluno ao ambiente escolar por ser completamente diferente
do que encontra no meio familiar.
Num período anterior os “pré” conhecimentos e vivências do aluno, ou
seja, aquilo que ele já trazia consigo antes de freqüentar a escola, não era
valorizado como um ponto de partida para o início da vida escolar, o que
dependendo dessas experiências sociais adquiridas principalmente no
âmbito familiar, poderia intervir negativamente na vida escolar do aluno.
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Os obstáculos e as dificuldades de aprendizagem recebem uma nova
abordagem a partir da valorização das explicações de cunho social e político
para os problemas de aprendizagem.
Partindo destes conceitos não podemos deixar de enaltecer a
importância para a Psicopedagogia do entendimento do sujeito na sua
totalidade, de perceber esse mesmo sujeito como autor do seu processo de
aprendizagem, aonde tudo e todos estão envolvidos. Cabe ao psicopedagogo
investigar, descobrir as necessidades, para então dar conta de auxiliar o sujeito
nas suas dificuldades de aprendizagem, além de intervir para possivelmente
previni-las.
“ O que é Psicopedagogia?
“ Você me pergunta:
Só posso lhe responder,
que é uma arte, ofício e paixão!
Um saber que se constrói
com muita informação.
Um fazer de cada dia,
em trabalho de mudança,
conquistando para a vida
adulto, jovem e criança.
Para a psicopedagogia,
cada ser é ensinante
e ao mesmo tempo aprendente.
Dirige-se ao conhecimento
de um modo muito envolvente,
e encontra-se a si mesmo
em processo de autoria.
Se quiser de fato conhecê-la,
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venha se apropriar, desvendar,
estudar...
O caminho foi aberto
quando decidiu perguntar.”
(Júlia Eugênia Gonçalves, Para
entender Psicopedagogia, João
Beauclair, p.25).
Concluindo, como diz João Beauclair, vivenciar a Psicopedagogia é um
estado de ser e estar sempre em formação, projeção e em processo de
permanente criação. Uma área de conhecimento interdisciplinar complexa, que
integra e sintetiza diferentes ciências. É um campo de atuação para a
compreensão dos processos e das aprendizagens humanas. Essa ciência
estuda as causas do não - aprender e atua com diagnósticos e tratamentos
para aqueles que apresentam dificuldades no aprender. Ela procura ir além dos
conhecimentos inerentes à Psicologia e a Pedagogia, se coloca em movimento
de abrangência global para se fazer presente e entender os diferentes
aspectos presentes nos processos de ensinagem, percebendo que eles
acontecem sob influências familiares, educacionais e sociais.
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CAPÍTULO III
A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
“ Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
Cora Coralina
Para que a criança tenha um desenvolvimento pleno, precisamos que
ela esteja inserida num contexto que lhe permita exercitar e satisfazer suas
necessidades próprias do estado infantil, ela precisa de um ambiente saudável
e equilibrado afetivamente, aonde receba amor de verdade. Além disso precisa
de estímulos que façam manter acesa a curiosidade natural desse estado, e
que faz dessa criança um ser “ansioso” por saber e aprender.
Sabemos que nesse percurso muitas coisas podem interferir nos
processos de aquisição e construção do conhecimento. Cada criança tem um
talento próprio, e muitas das vezes esse talento não é bem explorado,
consecutindo numa “dificuldade” de aprendizagem, se é que assim podemos
chamar.
Buscando que essas dificuldades sejam minimizadas ainda nas fases
iniciais da formação do sujeito, na primeira fase formal de aprendizagem e por
consequência nas fases subseqüentes, defende-se cada vez mais a teoria da
importância da especialização e formação dos profissionais que atuam nesta
etapa da educação.
A ação do psicopedagogo na Educação Infantil vai de encontro à idéia
de colaborar efetivamente com a formação desses professores e educadores,
trocando saberes, e colocando em prática a proposta de uma visão mais ampla
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sobre a compreensão do desenvolvimento e da aprendizagem dos seus
alunos, sobre as relações entre afetividade e cognição.
Consideramos educadores também os pais e responsáveis, que juntos
coma escola estabelecendo uma relação de parceria, poderão contribuir
favoravelmente na formação do indivíduo. Essa questão é bastante citada nas
teorias de Huguet.
Desta forma podemos dizer então que uma das funções do
Psicopedagogo será auxiliar , trabalhando como mediador, transmitindo
informações, agregando conhecimentos sobre a família em benefício do
desempenho escolar do aluno, enfim um importante elo de comunicação.
A práxis da Psicopedagogia vai também contribuir com o educador à
medida que funciona para ele como suporte teórico além de na prática agregar
a este profissional um olhar reflexivo, que o leve a repensar o seu modo de
atuar, de maneira a “adequá-la” a cada um de seus aprendentes e suas formas
de aprender. Uma vez “treinado” o professor de Educação Infantil estará apto a
suprir as necessidades individuais e coletivas do seu aluno, além de valorizar o
espaço escolar como um todo, que atua direta e/ou indiretamente nas
construções das crianças.
Não podemos deixar de falar da motivação que esse profissional pode
proporcionar aos docentes, que motivados, consequentemente passarão um
entusiasmo para seus educandos. O profissional motivado vai alêm dos
parâmetros financeiros ou estabilidade profissional. São fatores inerentes à
cada um de nós, características próprias que determinam o que de fato
despertam o desejo de atingir um determinado objetivo frente a determinados
estímulos. Segundo Bergamini, podemos dizer que a motivação é um fator
diretamente ligado à produtividade, ao rendimento do funcionário.Percebe-se
que em situações aonde o docente pode explorar a sua prática, demonstrando
suas habilidades e criatividade, seja elogiado pela realização de um trabalho,
se perceba como um membro importante para a equipe e tenha as suas
necessidades específicas ouvidas,...esse profissional se mostra motivado.
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Cada pessoa tem seus anseios e expectativas e é diante disso que fica mais
fácil perceber o que este profissional precisa para se sentir motivado.
Continuando na relação com o corpo docente, segundo Eloisa Fagalli e
Zélia do Vale, em Psicopedagogia Institucional Aplicada (2009), através da
relação com o psicopedagogo, a equipe escolar pode elaborar propostas de
trabalho mais eficazes moldadas a partir da observação do grupo de alunos,
facilitando a interação da criança com o meio e construção dos seus saberes,
ou seja, a partir do conhecimento da” história” de cada aluno, todos os
profissionais envolvidos no processo de aprendizagem, têm a possibilidade de
estabelecer uma prática pedagógica que favoreça as construções de
aprendizagem daquela criança ou grupo.
O psicopedagogo, através do diálogo, reflexões, formação, ... contribui
para um profissional mais qualificado e consequentemente que atue de forma
mais segura, estabelecendo vínculos importantes com seus alunos, e fazendo
com que a aprendizagem aconteça de forma mais leve, tranqüila e significativa.
Fator fundamental no processo de ensinagem, o afeto está relacionado
também com a segurança do educador. Campos (2003,p.213) fala sobre a
importância desse vínculo afetivo, e declara que dificilmente os alunos de um
professor sem prazer e inseguro, construirão seus conhecimentos sem
problemas.
Em especial, a criança, constrói seu conhecimento baseado nos seus
vínculos afetivo-cogntivo e morais. Aprendem bastante na base das trocas que
estabelecem com os outros, com o meio e com os objetos de conhecimento,
sendo a mediação do professor (educador) fundamental para que a
aprendizagem aconteça de forma saudável e bem estruturada (Maria Balestra,
A Psicopedagogia em Piaget, 2003).
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Esse é mais um desafio do psicopedagogo no espaço escolar, trabalhar
com os professores e equipe a importância da afetividade para essas crianças
em fase de construção. Todas as aprendizagens passam por experimentações
afetivas, daí o diferencial de um olhar único e cuidadoso, fazendo com que
cada indivíduo seja respeitado, que cada aprendizagem tenha significado para
ele, que seu conhecimento prévio (adquirido em vivências particulares) seja
valorizado e utilizado para a elaboração de novos conceitos, que a
aprendizagem possa ser significada para essa criança, pois sem significado o
saber não têm porquê de aprender, portanto os significados são necessários
para que a escola possa organizar suas formas de intervenção pedagógica de
forma a contribuir e facilitar o processo de aprendizagem.
Refletir sobre a dinâmica ensino-aprendizagem é uma tarefa que deve
fazer parte do cotidiano de todos os educadores envolvidos no contexto
educacional para que o educando tenha uma aprendizagem significativa, que
realmente faça sentido para ele. Por isso enfatizamos o indivíduo como um ser
único e social, que tem desejos e necessidades, que precisa ser respeitado
como tal, para que se constitua como sujeito autônomo através das estruturas
formadas por si mesmo diante das relações e experiências vivenciadas.
O psicopedagogo vai estar presente nos momentos em que for preciso
para mediar, intervir, investigar, observar, formar, ... instrumentalizar o
professor e a equipe escolar com teoria e prática que lhes permitam juntos,
traçar um plano interventivo, auxiliando a criança que apresenta alguma
dificuldade. A partir da análise global do aluno, terão dados suficientes para a
partir da particularidade da criança, traçar estratégias que minimizem a
dificuldade e enalteçam as habilidades e talentos da criança, fazendo com que
ele própria encontre outros caminhos para aquela determinada “ construção”.
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De fato, o que interessa mais na ação psicopedagógica na Educação
Infantil, é a capacidade de antever e intervir precocemente nas possíveis
dificuldades, analisadas através do “histórico” (experiências, vivências, formas
de se relacionar e construir aprendizagem) do aluno, eliminando desta forma
uma dificuldade que antes de existir já foi pré diagnosticada e “tratada”. Esse
trabalho se torna possível à medida que haja uma relação estreita
psicopedagogo / equipe escolar, um trabalho de equipe determinado a
conhecer seus alunos e suas histórias, uma prática com bases firmes no
diálogo e na reflexão, esforço conjunto em aprender as diferentes formas com
as quais seus educandos aprendem, uma equipe unida por um interesse único:
respeitar a singularidade de cada aluno. Conhecendo cada um, se tem a
possibilidade de oferecer uma maior diversidade de meios para se
desenvolverem e desta forma diminuir as possíveis dificuldades nos processos
de aprendizagem.
O psicopedagogo então, peça chave nessa estrutura, detentor de uma
prática interdisciplinar, capaz de ensinar e aprender, de contribuir para a
formação de educadores, de unir saberes, todos em busca de um aluno mais
bem assistido, tendo seus desejos valorizados e estimulados, fazendo com que
se mantenha entusiasmado em buscar o conhecimento, significando esses
saberes em seu mundo, gerando experiências de aprendizagem, criatividade e
habilidades para garantindo que consigam acessar diversas e variadas fontes
de informação, melhorando sem dúvida o processo ensino – aprendizagem.
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CONCLUSÃO
A escola mudou com o passar dos tempos, assim como as famílias,
suas formas conceitos e estruturas. Dentro desse novo contexto, mudanças se
fizeram necessárias principalmente no campo da Educação, área que dá a
sustentação primária à formação do indivíduo enquanto sujeito e aprimora a
sua disposição para que a aprendizagem se desenvolva cada vez mais. Entre
as mudanças citadas , podemos falar sobre a importância e destaque que a
Educação Infantil ganhou nos últimos anos.
A Psicopedagogia surge como uma possibilidade de compreender,
assimilar e analisar os problemas que extrapolam apenas o aspecto da
aprendizagem, refletindo sobre possíveis fatores relacionados ao indivíduo que
interfiram no processo ensino aprendizagem. Daí sua importância hoje no
âmbito escolar, ou seja atuando diretamente no espaço escolar, aonde
efetivamente usará de seu conhecimento pré estabelecido, vivências e teorias
para buscar mudanças no contexto escolar, exigindo dos educadores
constantes reflexões sobre suas práticas, transformando atitudes visando atuar
dando à aprendizagem uma conotação significativa para o aluno, independente
de suas necessidades específicas.
Cabe ao Psicopedagogo adotar uma postura de avaliar cada indivíduo
sob um olhar absolutamente específico, e a partir dele perceber suas
deficiências, habilidades e competências, para então junto com a equipe
escolar e família buscar juntos uma estratégia. Podemos dizer então que este
profissional é um importante e significativo elo de ligação entre os
componentes envolvidos no processo de ensinagem: escola, família e aluno.
Até pouco tempo atrás, as crianças que apresentavam algum tipo de
dificuldade eram encaminhadas a profissionais da saúde, para que fosse
testado e assim certificado o seu estado de normalidade. Caso isso não se
confirmasse, esses alunos eram encaminhados para escolas especiais,
causando muitas vezes desmotivação e dificuldades em estabelecer relações
sociais, pois a crianças se via como diferente dos demais.
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A Psicopedagogia vem iluminar os possíveis fracassos e dificuldades na
escola e intervir de forma positiva resgatando a auto estima do aprendente, e
motivando educandos a refletirem e adaptarem suas práticas, tornando o
ensino uma ação prazerosa, e não mais mecânica. Surge a chance de snar
dificuldades e promover desafios, para alunos que não acreditavam que era
possível.
Poderíamos resumir a participação do Psicopedagogo no espaço escolar
com uma citação de Paulo Freire:
“ Não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do
que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e
de quem aprende.”
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