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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ- REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RELAÇÕES INTERPESSOAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO ENEDINA MEIRE ALVES LEITE MELO SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA-GO 2008

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ- REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RELAÇÕES INTERPESSOAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA

INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

ENEDINA MEIRE ALVES LEITE MELO

SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA-GO 2008

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ENEDINA MEIRE ALVES LEITE MELO

RELAÇÕES INTERPESSOAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Trabalho monográfico apresentado como requisito

parcial para a obtenção do título de especialização em

Psiopedagogia Institucional sob a orientação da

Professora Maria Esther de Araújo Oliveira.

SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA-GO 2008

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Dedicatória

Dedico este trabalho a Deus pelo dom de ensinar, de amar e

ir além do que meus olhos possam contemplar.

A professora Rosana por me incentivar e lutar junto a mim

para que a conclusão desta especialização fosse um freal em

minha vida.

A Escola Municipal Evangélica Araguaia que faz parte de

minha vida estudantil e profissional. Devo a esta Unidade

Escolar meu entusiasmo em defender a tese que ora apresento.

A minha família, em especial a meu irmão Elci Melo que

socorreu-me quando mais precisei.

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Agradecimentos

Às professoras e amigas Farailde Mendes Lima e Ediméa

Moreira Freire que muito me ajudou e incentivou em todo o

processo desta especialização.

À professora Maria Ester de Araújo Oliveira que me orientou

na elaboração desse trabalho dando-me o rumo certo para a

aprovação deste trabalho monográfico.

Ao meu esposo João Leite Neto e meus filhos Hesly Cristina e

João Junior que através de sua compreenção e apoio deram-

me a oportunidade de viver os ideais que defendo como

esposa, mãe e educadora.

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A afetividade domina a atividade pessoal na esfera instintiva,

nas percepções na memória, no pensamento, na vontade, nas

ações, na sensibilidade corporal - é componente do equilíbrio

e da harmonia da personalidade.

Rossini.

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RESUMO

Os seres humano são constituídos de razão e emoção, que tendem a se desenvolver durante

cada fase da vida. È próprio do sistema biológico que as pessoas passam por todas as fases

do desenvolvimento intelectual, por exemplo, do pensamento abstrato com dois, três anos

ao pensamento lógico. Para tal, a criança deve conviver, pois somente convivendo é que se

aprende a falar entre outras coisas. Com as emoções não é diferente. Para que a criança

aprenda a controlar suas emoções, ações e reações a convivência é de suma importância

porque não há como saber que não se deve agir de tal forma, se alguém não lhe disser, mas

dizer o porquê não pode, permite compreender, aceitar as diferenças, ser flexível, refletir e

acima de tudo ouvir.

A comunicação constitui-se nesse processo a principal ferramenta, seja através da fala, do

olhar, de um abraço ou um gesto.

Contudo, promover o desenvolvimento dos aspectos físicos, psíquicos e conectivos pode

ser de qualidade ao haver limites, respeito às fases do desenvolvimento e, principlamente,

afetividade.

Palavras-Chave: Relação Interpessoal, Sala de Aula, Professor/Aluno, Auto-estima,

Comunicação.

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METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido através de pesquisa bibliográfica analítica bem

como a observação direta da relação professor e aluno, desenvolvendo atividades de

integração coletiva entre sala de aula - observação in loco, quanto ao caráter reflexivo e

intuitivo do professor em relação aos obstáculos frente as relações

interpessoais/dificuldades culturais/sociais e ou religiosas.

Será feito um estudo criterioso evidenciando os desafios a serem enfrentados

e sugerindo projetos que trabalhem as relações interpessoais, tendo como campo de

pesquisa prático/teórico a 1ª fase do Ensino Fundamental na Escola Municipal Evangélica

Araguaia.

Os principais autores que servem de referência ao estudo apresentado são:

Celso Antunes, Maria Augusta Sanches Rossini, Elaine Maria Pisani, Pierre Wek, Augusto

Jorge Gury, Pedro Morales, Délcia Enricone, Lev, Semenovitch Vygotsky, Paulo Freire.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................. 10

CAPÍTULO I - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA DESENVOLVER AS

RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA SALA DE AULA

1.1 Conhecimento da Faixa Etária com a Qual se Busca Operar.................................... 13

1.2 Ritmos Externos........................................................................................................... 16

1.3 Temperamentos............................................................................................................ 17

1.4 Personalidades.............................................................................................................. 18

1.5 Conhecimento de Estratégias que Estimulem a Discussão.......................................... 18

CAPÍTULO II - 2 RELAÇÕES HUMANAS ENTRE PROFESSORES E ALUNOS

2.1 A Personalidade do Educador...................................................................................... 20

2.2 Atitudes do Professor Versos Reação dos Alunos....................................................... 22

2.3 Dedicação do Aluno e Conduta do Professor.............................................................. 23

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2.4 O Eu e a Auto-Estima.................................................................................................. 25

2.5 Educar os Pensamentos e as Emoções.......................................................................... 27

2.6 O Significado dos Valores e da Vida Moral................................................................. 28

CAPÍTULO III - A COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA

RELAÇÃO PROFESSOR –ALUNO

3.1 Falar e Dizer.................................................................................................................. 31

3.2 Leitura.......................................................................................................................... 32

3.3 A Palavra, a Verdade e a Mentira................................................................................ 33

3.4 Barreiras à Comunicação.............................................................................................. 35

CONCLUSÃO.................................................................................................................. 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 39

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INTRODUÇÃO

“ Relações Interpessoais e sua importância na interação Professor-Aluno” foi

o tema escolhido para esta monografia visto ser observado a necessidade de um

aprendizado ao gerenciar a inteligência, administrando a usina de emoções, que é

produzida no cerne da alma para trabalhar as relações interpessoais na sala de aula.

O foco principal deste trabalho monográfico é expor os caminhos viáveis e

necessários para se ter uma boa comunicação que possa influenciar no processo de relações

interpessoais e que desenvolva uma capacidade de autocrítica e reflexão sobre o que somos

e como reagimos diante das fantasias e realidades externas.

Abranger o tema sugerido se torna imprescindível quando analisa-se a

importância das relações interpessoais entre professor e aluno. Este trabalho científico

volta-se para necessidade de discorrer o tema proposto no qual há um poder de superação

pessoal e coletiva no afã de incentivar, atrair e valorizar o indivíduo em suas relações

interpessoais as quais geram emoções e desafios na conquista de espaço e de novos

aprendizados.

Há, no entanto, no contexto escolar a diversidade cultural e social que

interpõe causando barreiras, fazendo-se necessário o uso de mecanismos pedagógicos e

relacionais para resgatar o exercício da ética, fraternidade,diálogo e valorização do

indivíduo e de suas potencialidades.

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Desta forma sugere-se à escola que estabeleça e execute projetos facilmente

incluídos na sua rotina diária, tornando-se atores principais do exercício mental,

desenvolvendo inteligência, conquistando saúde intelectual e emocional, praticando

técnicas que podem melhorar a relação professor-aluno e comunidade escolar.

Os objetivos desta pesquisa serão: conscientizar corpo docente e discente do

valor teórico-prático de exercitarem o poder de argumentação expressado com a liberdade,

segurança, clareza e objetividade, priorizando o estabelecimento de vínculos de simpatia e

de aproximação em suas relações interpessoais, resgatar o respeito mútuo e a liberdade de

expressão, conquistar a confiança suscitando uma cumplicidade que redundará em

crescimento pessoal e coletivo, aplicabilidade de recursos psicopedagógicos e avaliação

constante.

O primeiro passo importante nas relações interpessoais é rever os momentos

e contatos negativos ( atitudes preconceituosas e não realistas)

O segundo passo é o aprimoramento da competência ( apreciar,julgar)

interpessoal para que a competência técnica de cada um seja ressaltada com o intuito de

busca entre a atividade profissional e a interação entre o alunado da sala de aula

trabalhada,a intervenção da família e a reciprocidade coletiva.

O trabalho será desenvolvido através de depoimentos; monitoramento em

trabalhos de grupos;dinâmicas; relatórios de acompanhamento e análise observada entre

professor e aluno; desenvolver atividades de integração coletiva entre a sala de aula

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(trabalho extra e interclasse); observação in loco, quanto ao caráter reflexivo e intuitivo do

professor em relação aos obstáculos frente as relações interpessoais/ dificuldades

culturais/sociais e ou religiosas.

Para que se alcance o objetivo proposto, será feito um estudo criterioso

evidenciando os desafios a serem enfrentados e sugerindo exercícios de aprimoramento nas

relações interpessoais, tendo como campo de pesquisa o 1º Ano da 1ª fase do Ensino

Fundamental na Escola Municipal Evangélica Araguaia.

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CAPÍTULO I

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA DESENVOLVER AS RELAÇÕES

INTERPESSOAIS NA SALA DE AULA

Para desenvolver as relações interpessoais na sala de aula, faz-se necessário

conhecer a faixa etária com a qual se vai trabalhar, saber trabalhar de forma direcionada,

através de projetos porque a relação interpessoal estabelecida somente por meio de

conselhos pode não induzir o aluno à mudança, a transformação. Através da relação

interpessoal há um favorecimento à transformação dos sujeitos através da viabilização de

reconhecimento, aceitação e respeito aos limites do outro, aprende-se, portanto, juntos.

A parceria entre pais e professores facilita o trabalho na construção das

relações interpessoais. Torna-se mais fácil avaliar como o aluno está desenvolvendo a

capacidade de se autoconhecer, daí a necessidade de pais e educadores compreenderem o

que é temperamento e como é formada a personalidade de seus filhos e alunos.

1.1 Conhecimento da Faixa Etária com a Qual se Busca Operar

Acredita-se que não há uma faixa etária específica para trabalhar as relações

interpessoais porque desde o útero a criança cria vínculos e reage as emoções da mãe e aos

estímulos externos.

Percebe-se que a criança que é estimulada, que ainda, no ventre recebe amor,

carinho apresenta comportamento diferenciado das que durante a vida no útero, a mãe tenha

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sofrido, as pessoas não lhe dedicaram atenção, não tenham amado a criança, mesmo antes

de nascer.

Não há faixa etária para se estabelecer relações interpessoais, mas para

estabelece-las precisa-se conhecer quais os recursos e estratégias a utilizar para trabalhar

com uma determinada idade, sendo que a cada faixa etária a criança apresenta

comportamentos, temperamentos e personalidade que no decorrer da convivência com

adultos, de forma mais direta, família e escola, são formados e transformados.

Os recursos e estratégias que funcionam com uma criança de três a cinco

anos podem não funcionar com uma criança de sete porque as crianças se desenvolvem,

aprendem e mudam sua percepção de mundo que as cerca, e de si mesmas. O que no

passado era importante pode não ser mais.

As relações interpessoais podem ser trabalhadas em qualquer

faixa etária, mas na Educação Infantil e séries(ciclo) iniciais do

Ensino Fundamental, devem prevalecer cuidados com a

coerência na descoberta do eu e construção da auto estima...

( ANTUNES,2003, p.46).

Segundo Rossini,(2002, p.72-82) até os sete anos de idade a criança

desenvolve as bases necessária para que trabalhe e estabeleça relações com o mundo. Nessa

fase as crianças apresentam muita energia, gostam de brincar, imitar as coisas e pessoas e,

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por meio do jogo, desenvolvem segundo Rossini,(2002, p.74) suas habilidades intelectuais,

físicas, psicossociais, emocionais.

Até essa faixa etária a criança passa por internalizadas imitações, imaginação

a mil, egocentrismo complexo de inferioridade, sente-se aos quatro anos rei da situação;

portanto está pronto para inserir o lápis em seu cotidiano (já aos sete anos a criança deseja

tudo,constitui-se a fase de queixar, onde deve ser estabelecido limites) dos quatro anos e

meio aos seis anos apresenta-se curiosa,principalmente, em relação á descoberta de sua

sexualidade, há a possibilidade de complexo de Édipo que pode bloquear a alfabetização.

Dos sete aos catorze anos considerado o segundo período da fase infantil,

ocorrem alterações físicas muito importantes provocadas pela puberdade. Compreende-se o

afloramento e desenvolvimento das emoções, a criança apresenta coordenação geral.

A aprendizagem que até os sete anos embasava-se nas atividades concretas,

dos sete aos onze anos passa a fazer uso do conceito de reversibilidade, consegue fazer

classificação, seriações,correlações, relações de ordem, adição e multiplicação.No fim

dessa fase a criança apresenta pensamento lógico, interesse pela leitura, o seu querer

mostra-se organizado, surgindo sentimentos que facilitam a sua integração com o grupo

social.

Rossini (2002, 89-96) afirma ainda que a partir dos quatorze anos a criança

constitui o pensar permitindo o desenvolvimento cognitivo denominado período formal ou

da inteligência abstrata. Nessa fase deixa de ser o centro das atenções, adquiri senso de

responsabilidade, acentua-se o desejo de participar da sociedade e desperta o interesse pelo

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sexo oposto.Usando o diálogo como ferramenta principal, a criança dos doze aos quatorze

anos não poupa argumentos para sanar suas dúvidas, porque os adolescentes se vêem

repletos de dúvidas e quando o professor conhece a faixa etária dos alunos, os conhece, tem

uma relação de amizade, torna-se fácil para o professor conversar sobre sexualidade, sobre

as dúvidas, além dos alunos sentirem que podem confiar no professor,fazendo a ele

perguntas pessoais e íntimas.

1.2 Ritmos Externos

Os ritmos externos influenciam os ritmos internos (fases do

desenvolvimento humano em seus diferentes aspectos). Uma criança pode manifestar

diversos tipos de comportamento, de temperamento de acordo com o estímulo que ela

sofra, ou seja, o meio exerce influência na ação e reação das pessoas. De acordo com os

ritmos externos, os ritmos internos manifestar-se-á. Por isso, os professores devem atentar-

se para a necessidade de conhecer os seus alunos, descobrir como aprendeu, como reagem

as diversas situações e ambientes.

As atitudes do professor constituem-se em ritmos externos e portanto deve

preocupar-se com o tom de voz, a expressão facial, os quais são capazes de provocar oas

ritmos externos e induzir a manifestação de um comportamento positivo ou negativo

dependendo deste ritmo, segundo Rossini (2202, p.62) o ser humano é uma grande antena

parabólica que capta “ as ondas” do exterior e do interior, também reagindo de acordo com

os estímulos percebidos.

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1.3 Temperamentos

Toda criança apresenta temperamento sendo diferentes de uma criança para

outra e de uma situação para outra. Não há temperamentos estáveis, pois diante de uma

mesma situação dependendo do estado emocional em que a criança estiver, sua reação

poderá ser totalmente diferente, mesmo tendo reagido de uma outra forma no dia anterior

mediante a mesma situação.

Os temperamentos dependem dos estímulos externos e do que eles provocam

no interior de cada criança. Percebe-se, então que não pode se determinar que uma criança

seja boa ou ruim por apresentar temperamentos ora complexos, pois não pode-se dizer que

um temperamento é bom ou ruim.

Pais e professores podem ajudar através das relações interpessoais a moldar

os temperamentos ensinando a criança a controlar as suas emoções, sua forma de reagir

uma vez que com o decorrer do tempo os tipos de temperamentos vão determinando a

constituição de uma considerável personalidade.

Segundo Rossini (2002,p.96) pais e educadores devem “sentir” ou identificar

os temperamentos predominantes e agir sobre eles acalmando-os ou despertando-os de

acordo com a situação. Percebe-se que a ação pedagógica é de suma importância para a

formação da personalidade da criança.

Para trabalhar os temperamentos o professor deve prestar atenção no

comportamento do aluno e através de música, poesias, dramatizações, das palavras, fazer

com que o aluno transforme-se, descubra-se.

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1.4 Personalidade

A personalidade forma-se no decorrer das experiências compartilhadas. O

convívio da criança com os pais, familiares, com os colegas na escola, com os professores

propiciam à criança a formação da personalidade porque o meio exerce influência na

formação da personalidade, desde que a criança internalize o que acontece a sua volta.

O processo de formação da personalidade depende do meio, por isso pais e

educadores devem estar atentos em relação à ação da criança para ensiná-la valores e

perceber como estão sendo internalizados.

... tanto a cultura num sentido mais amplo, como a família ou

outros grupos estariam permanentemente propondo atividades

e valores para serem internalizados; assim também a educação

formal, as relações sociais mais amplas, ou os processos grupais

o que uma pessoa estiver sujeito contituirão fatores ambientais

que permanentemente estarão exercendo influências sobre a

personalidade. (PISANI, 1996, p.22).

1.5 Conhecimento de Estratégias que Estimulem a Discussão

Acredita-se que as estratégias e metodologias constituem recursos muito

importantes no desenvolvimento das relações interpessoais.

Cabe ao professor propor a estratégia, seja ela um debate, uma peça teatral

ou um jogo, mas precisa-se que o professor estabeleça regras, proporcione momentos para

discussão do tema abordado.

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Tanto no emprego de uma como de outra estratégia, é essencial

a nítida separação entre dois momentos ou atos diferenciados: o

da apresentação da estratégia, que normalmente intitulamos de

“maquete”, seguida de reflexões e discussões sobre os mesmos e

os sentimentos e, emoções que essa ação permite despertar.

(ANTUNES, 2003,p.51)

No desencadear dos trabalhos faz-se necessário ao professor a capacidade de

ouvir os alunos, de induzir os tímidos a expressarem suas opiniões e intermediar a

oportunidade de falas para que a comunicação não fique apenas com os mais desinibidos e

eufóricos. Ao ouvir os alunos faz-se necessário nortear a expressão do pensamento, da

manifestação de sentimentos de encontro com os objetivos propostos pelo tema. Quando a

proposta já foi apresentada as estratégias para o momento de reflexão também faz-se

importante porque a posição em que os alunos estejam também influência no afloramento

da discussão.

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CAPÍTULO II

RELAÇÕES HUMANAS ENTRE PROFESSOR E ALUNOS

A figura do professor é de suma importância no processo de ensino-

aprendizagem. No decorrer de décadas a ênfase do processo de ensino-aprendizagem

enfocava-se no professor como dono do saber, mais tarde, o professor tornou-se o mediador

da aprendizagem

No processo de mediar a aprendizagem o professor dá ênfase na didática

questionando-se sobre o que fazer para que o aluno aprenda, mas ao trabalhar relações

interpessoais percebe-se que a necessidade de não apenas pensar na didática, mas pensar

também como o professor comporta-se mediante os alunos, como é a personalidade do

professor, o que a postura, a personalidade do professor pode gerar nos alunos e faz-se

importante refletir sobre o papel do professor na educação.

2.1 A Personalidade do Educador

O indivíduo desenvolve-se constantemente, nunca está pronto e acabando,

estando sujeito a sofrer transformações. Os professores não podem ficar bitolados em

sua prática, sentir que sabe tudo e que o que aprendeu já é suficiente.

O professor deve ser flexível, receptivo as possibilidades de mudanças da

forma de pensar e agir, mas para isso deve ser reflexivo, pensar sobre o que fez, o que

fazer para melhorar, pensar sobre o porque agiu de certa forma visando o

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autoconhecimento, o aperfeiçoamento da prática, do jeito de ser para melhor medir o

processo de ensino-aprendizagem, melhor compreender os alunos, ouvindo-os e

fazendo o possível em prol da qualidade das relações interpessoais.

Acredita-se que muitos alunos vêem no professor um exemplo e desejam ser

e agir como eles. Por isso se faz necessário que o professor esteja seguro de sua prática

e de si mesmo respeitando o aluno em seu desenvolvimento. Cabe ao professor criar

um ambiente em que o educando possa sentir-se seguro pela confiança, atenção e

carinho demonstrada a ele.

A maioria dos alunos têm tendência inconsciente a

imitar os seus educadores, sejam os seus pais ou seus

professores. Só isto já justifica o cuidado que se deveria tomar

na escolha e na formação dos membros do corpo docente,

porém, mais ainda; os alunos, são extremamente sensíveis ao

estado emocional do seu professor. (WEK, 2002, p.70)

No contexto das relações interpessoais mostra-se o sujeito ativo cujas ações

dependem da personalidade e ao mesmo tempo em que as situações, as experiências

transformam a personalidade.

Para estabelecer boas relações entre professor e aluno faz-se necessário que

o professor sinta interesse pelo educando, busque conhecê-lo, ajudando-o a desenvolver os

seus pensamentos, emoções, trabalhar as dificuldades de aprendizagem sem promover

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exclusão, falar de maneira que seus alunos compreendam, para que os alunos consigam

assimilar o conteúdo e ser paciente, manter o equilíbrio emocional para que ao somar tudo

o professor, através do seu jeito de ser, instigue o aluno a aprender significativamente.

2.2 Atitudes do Professor Versos Reação dos Alunos

Segundo Wek, (2002, p.73) há três tipos de atitudes do professor, cada

atitude do professor provoca reações no aluno.

Existem professores sem atitudes que não interessam em conhecer o aluno,

em observar a progressão da aprendizagem, mediante o desinteresse do professor os alunos

apresentam baixo rendimento e a sala de aula resume em desordem..

Há aqueles que controlam os alunos, repreendendo-os o tempo todo e não

permite que o aluno manifeste os seus pensamentos e emoções. De modo geral a reação do

aluno perante o professor ditador é de submissão, o que consequentemente tornará os

alunos revoltados, agressivos e a sala de aula apresenta um silêncio o tempo todo em que o

professor estiver presente, mas quando ele sai os alunos libertam-se fazendo da sala de aula

um espaço para brincadeiras.

Outros professores já são líderes, preocupam-se em envolver os alunos nas

atividades, promovem espaço para cooperação, preparam os alunos para ouvir críticas e

fazem uso constante da motivação, estimulando os alunos a querer aprender, a confiar.

Geralmente, os alunos do professor “líder” gostam de participar, estudar e construir os seus

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próprios conceitos, nesse contexto, a sala de aula apresenta-se da mesma forma, tanto com

a presença do professor ou sem ela.

Percebe-se que no desenvolver das relações interpessoais a atitude do

professor é fundamental no desenvolvimento afetivo e cognitivo do aluno e segundo Wek,

(2002,p.76) nas relações humanas entre professor e aluno são os processos de liderança que

dão os resultados mais produtivos e colocam o ensino no mais alto padrão.

O professor portanto, deve ser um líder-educador, pois este, trabalha

embasado no autoconhecimento, na reflexão, no amor ao que faz, na capacidade de

permitir-se conhecer o outro e Fernandes, (2001, p.39) afirma que através dos séculos, os

grandes mestres da humanidade, como Cristo, Confúcio, Gondhi, etc., têm mostrado que a

postura que facilita a relação entre líder e liderado é a do amor. Mostra-se então, que os

melhores professores são os que promovem a harmonia, sendo esta a postura que

desenvolve a afetividade nos alunos porque este sentimento é de suma importância para as

relações interpessoais.

2.3 Dedicação do Aluno e Conduta do Professor

A conduta do aluno influência o comportamento do professor com relação a

sua proximidade e ensino em sala de aula, por outro lado a conduta do professor também

causa influência positiva ou negativa na visão do aluno, por isso o professor deve conhecer-

se bem e procurar conhecer a realidade social e familiar do aluno. Quando o professor

conhece a realidade do seu aluno e faz uso de sua proximidade a ele como um recurso

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didático, estabelecendo um relacionamento interpessoal com a sala buscando saber o

porque da atitude do aluno.

Percebe-se que o professor dedica-se mais ao aluno que mostra-se mais

interessado, que participa da aula e apresenta-se motivado. Quando o educando não

demonstra interesse dentro da sala de aula o professor sente-se mal por não estar

encontrando um caminho para alcançar seus alunos.

Poderíamos nos perguntar quem educa quem. A influência é

mútua. Se a classe não corresponde, sentimo-nos menos

motivados para dedicar esforços extras. Se apenas gritando

conseguimos, um pouco de ordem..., prendemos a gritar.

(MORALES,2001,p.63)

Acredita-se que o professor não pode submeter-se a ação desmotivada do

aluno reagindo também desmotivadamente.

Faz-se necessário que o professor seja capaz de romper a influência negativa

que o desinteresse do aluno exerce sobre a prática. Por isso o professor precisa buscar

meios para motivar os alunos que estão desmotivados. O professor não deve sentir-se

culpado por haver na sala de aula alunos desmotivados, mas deve reconhecer e assumir que

é responsabilidade do professor reverter a desmotivação proporcionando ao aluno o

reconhecimento dos sentimentos, dos valores, promovendo a educação da auto-estima e

ensinando ao aluno como conviver com seus sentimentos.

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2.4 O Eu e a Auto-Estima

...O que sabemos de nosso “eu” é que é uma entidade em

permanente transformação; pois as células de nosso corpo são

constantes e progressivamente substituídas, de forma que

nenhuma das que agora temos, tínhamos há oito anos atrás. Se

isso vale para a realidade biológica das células, vale ainda mais

para nossos pensamentos, nossas emoções e isso tudo torna

extremamente difícil nossa auto-imagem.

(ANTUNES,2003,p.20)

Acredita-se que a criança desenvolve a fala e a escrita de acordo com o seu

desenvolvimento cognitivo,afetivo,neurosensório-motor e a criança aprende a falar, por

exemplo, porque convive com adultos e está constantemente em contato com os sons.

No desenvolvimento do autoconhecimento e da auto-estima não é diferente.

A criança descobre-se porque convive com adultos que vai ensinando-lhe como conviver

em grupo, como deve comportar-se em diferentes situações contribuindo com a

aprendizagem da criança.

Por meio do convívio social com adultos as crianças tornam-se capazes de

autoconhecerem-se em menos tempo porque sem a presença de um adulto acredita-se que

gastar-se-ia mais tempo para a criança autoconhecer-se.

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Quanto mais uma criança compreende sobre seus próprios

conceitos, mais facilmente identificará a necessidade de

mudanças nos mesmos; quanto mais compreender os conceitos

dos outros, mas facilmente estabelecerá relações de convívio.

Assim, pois, o “eu” é simplesmente um conceito aprendido

como outro qualquer e sujeito às mesmas possibilidades e

mudanças em direção positivas. (ANTUNES,2003, p.23)

Faz-se necessário que o professor ajude a criança a autoconhecer-se para que

haja uma postura segura em suas ações de forma que ela conviva com liberdade e aceite

suas limitações e habilidades em bases consistentes, podendo identificar com facilidade

onde necessita haver mudanças para melhoria em sua aprendizagem.

Cabe ao professor ensinar a criança a importância da relação interpessoal, de

compreender os motivos que induzem as ações do outro e que respeitando o próximo é que

as pessoas são aceitas de forma digna. A aceitação, o autoconhecimento determina a auto-

estima da criança, por isso precisa-se que os professores não utilizem o erro como forma de

reprovação, mas como uma etapa importante para a aprendizagem, assim a criança não

sentir-se-á culpada por errar, aprenderá que o erro faz parte do processo de aprendizagem e

que na vida perder não faz de uma pessoa um derrotado, pois perder e vencer faz parte da

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vida e saber perder é muito importante; assim como faz-se necessário reconhecer no erro a

possibilidade de fazer melhor, a possibilidade de mudança.

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O erro deve apresentar-se como oportunidade para o professor mostrar a

criança que ela é capaz, motivá-la a perceber que ela pode fazer melhor do que faz. A

personalidade da criança que aprende a conviver com suas dificuldades e habilidades

depende do meio, do que os pais e professores pensam,falam e como agem com essa

criança.

...Se aceitarmos e valorizarmos nossos alunos, se os

considerarmos capazes de desenvolver competências e

habilidades, necessárias para lidar com seus estudos e se os

julgarmos suficientemente importantes para reservarmos

tempo em ouvi-los, contribuiremos para que desenvolvam

padrões consistentes e realistas,sintam-se encorajados a não se

intimidar com o fracasso e aprendam a agir de forma

independente e responsável. (ANTUNES,2003,p.23)

2.7 Educar os Pensamentos e as Emoções

O professor não pode enfocar-se somente na valorização da aprendizagem

do conteúdo. Precisa-se de professores capazes de gerenciar os pensamentos e emoções de

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seus alunos induzindo-os ao autoconhecimento, ao enfrentamento de suas emoções porque

não adianta ter uma carreira profissional bem sucedida e considerar-se infeliz.

Cabe ao professor mostrar aos alunos que se sentir feliz ou infeliz só

depende dele, que não deve sentir-se vítima. Deve ter esperança, acreditar nas

possibilidades positivas, perceber quantas coisas boas a vida lhe oferece.

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Espera-se que os professores sejam capazes de possibilitar aos alunos a

percepção da importância de eliminar os pensamentos negativos para deixar de ser vítima

de seus problemas.

Os professores fascinantes devem ajudar seus alunos a se

libertar do cárcere intelectual. Como? Independentemente da

matéria que ensinam, devem mostrar, pelo menos uma vez por

semana, que eles podem e devem gerenciar seus pensamentos e

emoções.(CURY,2003, p.149)

2.5 O Significado dos Valores e da Vida Moral

Não é tarefa fácil ensinar valores no processo de ensino-aprendizagem

escolar.

Ensinar valores não significa que todos os alunos terão as mesmas respostas

em relação a uma situação, porque os significados de valores e da vida moral diferem ,

enquanto um acredita que determinada ação não infere nos seus valores e na sua vida moral

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o outro acredita que sim. Tais comportamentos e pensamentos dependem da cultura a qual

o aluno encontra-se inserido.

Os significados de valores e da vida moral são instáveis, ou seja, pode sofrer

transformações de acordo com as mudanças que acontecem na sociedade, na cultura, por

isso cabe aos professores repensarem sua prática, perceber as mudanças sócio-culturais para

encontrar a melhor forma para ajudar os seus alunos na aquisição de valores.

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A moralidade é um sistema de regrar para distingui um “bom

comportamento” de outro que não o é. Acrescenta Brown que a

moralidade não é estática, mas que está em contínua evolução.

Isso talvez seja devido às rápidas mudanças sócio-culturais que

criaram contradições internas, ocasionadas por moralidade

novas e circunstancias imprevistas. (BROWN apud

ENRICONE et. al,1992,p.37)

O aluno convive em diversos grupos sociais, interage com diversos tipos de

pessoas, com diversos tipos de valores e significados. Seja numa festa, na escola, no clube,

na igreja, na família, seja com pessoas cujo contato restringe-se pela comunicação por

MSN, e-mail, Orcut, e assim o aluno encontra-se perdido, pois torna-se difícil definir

valores, o que é bom ou o que é ruim.

Precisa-se que o professor seja mediador e induza o aluno a pensar e refletir

para tornar mais fácil a percepção dos pontos positivos e negativos que permeiam os

diferentes significados e da vida moral para que o aluno possa sentir-se seguro quanto a sua

prática e possa ser responsável pela conseqüência de suas ações, pois em meios a tantos

conceitos e significados de valores o aluno pode acabar não se sentindo sensibilizado com a

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mediação de educação familiar, da educação escolar e optar por outro conceito negando

aqueles que lhe são apontados.

...a teoria moral de um indivíduo se forma a partir de seu

próprio conjunto idiossincrático de dados morais que podem

levar o indivíduo a rejeitar a maior parte da moralidade

convencional. (BROWN apud ENRICONE et. al,1992,p.49).

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CAPÍTULO III

A COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA

RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

A comunicação constitui-se fundamental recurso no desencadear das

relações interpessoais na relação professor-aluno porque muitas dificuldades que as pessoas

enfrentam na convivência, têm origem em problemas de comunicação. Por isso, faz-se

necessário conhecer o conceito de comunicação para conseguir induzir o aluno a falar, seja

pela palavra ou expressão corporal; pois, através da comunicação o aluno descobre e visa

compreender o próximo.

Estabelece a comunicação quando deseja-se trocar idéias, discutir sobre

algum assunto para que ambas as partes cheguem a um consenso; para isso precisa-se que

os indivíduos compreendam bem o que esta sendo falado porque só existe comunicação

quando ambos entendem a linguagem que está sendo utilizada.

O professor deve falar de forma que os alunos consigam entender a

mensagem, por isso acredita-se que o professor precisa conhecer a realidade do aluno e sua

cultura. Conhecer o aluno requer ouvi-lo, trocar idéias, debater temas propostos. Quando o

aluno compreende o que o professor fala ele se sente à vontade para participar,

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mas quando o professor tem uma linguagem diferente dos alunos, eles dificilmente

compreenderão a mensagem e, portanto não participam por exemplo, numa sala de aula

de quarto ano formado por alunos provenientes da fazenda, ou de uma família em que os

pais não são escolarizados o professor não terá sucesso ao usar palavras complexas, fora da

realidade das crianças, porque além de não compreenderem a mensagem, ainda sentirão

medo de perguntar e consequentemente não participarão das aulas.

3.1 Falar e Dizer

Acredita-se que a fala, uma vez que existe associada ao pensamento consiste

em muito mais que dizer. O ato de dizer encontra-se associado a reproduções, como

declarações, recitações, enquanto que a fala molda e transforma essas expressões.

O pensamento concretiza-se através da fala e a fala propicia a transformação

do ensinamento porque o ato de falar sugere questionamentos, decisões, imaginação e

reflexões. Percebe-se que o pensamento depende da linguagem, do desenvolvimento da

fala, portanto, cabe aos professores mostrarem aos alunos a diferença entre falar e dizer

através da convivência diária e da troca de idéias que propicia a exploração da oralidade do

aluno e, consequentemente o seu desenvolvimento intelectual.

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desenvolvimento da fala interior depende de fatores externos: o

desenvolvimento da lógica na criança, como estudos de Piaget

demonstraram, é uma função direta de sua fala socializada.

(VIGOTSKY,2003,p.62).

O papel do professor direciona-se a induzir a criança a ser espontânea, a

falar, a trabalhar em grupo e não somente reproduzir, mas, construir pensamento através do

transformar o dizer em fala e a informação em conhecimento.

A criança aprende a falar ouvindo os pais, os familiares. Depois aprende a

falar convivendo com os coleguinhas na escola, com o professor. Assim vai tornando-se

capaz de expressar oralmente os seus pensamentos, passando a ter lógica ou ser

expressados claramente quando a criança consegue não só reproduzir o que ouve, mas a

criar a sua própria fala a partir do que ouve, do que vê, do que sente e do que imagina.

O professor ao dizer algo deve provocar nos alunos através de sua fala o

desejo de falar, de expressar suas opiniões, de não ficarem alienados ao que ouvem, ao que

lêem, que aprendam a questionar, a duvidar e a construir a sua própria fala.

3.2 Leitura

Precisa que a leitura seja prática constante na sala de aula, seja através da

leitura de um livro, de uma história, de dinâmicas em que o aluno tenha que ler as regras do

jogo, criação de frases entre outras numerosas possibilidades.

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O professor precisa ser um contador de histórias para que a criança

apaixone-se pela leitura e sinta necessidade e prazer ao ler. Por que a criança que gosta de

ler torna-se um bom orador? Porque para falar bem faz-se necessário fazer da leitura um

hábito.

O professor deve escolher livros e textos que despertem a curiosidade dos

alunos, que tenha uma linguagem que favoreça a compreensão, a interpretação do texto. A

leitura ajuda a melhorar o vocabulário, mas só ajuda o aluno a falar, quando o professor cria

oportunidades para que os alunos possam expressar as suas compreensões do texto, o que

chamou a atenção, com que o concreto e/ou discordo. Há alunos que por não lhes serem

oportunizados momentos para discutirem suas opiniões, são bons escritores, mas não

conseguem expressar verbalmente as suas idéias.. Todo estudante necessita descobrir que

acima de tudo se disse: “ falar bem não representa “dom” de criaturas iluminadas, mas

conquista de pessoas comuns que não temem a rotina do treinamento.”

(ANTUNES,2003,p.33)

3.3 A Palavra, a Verdade e a Mentira

Aos pais e professores cabe a responsabilidade de ser claro mediante o

conceito de verdade e mentira porque o desenvolvimento da formação de um conceito na

mente da criança depende da clareza com que os pais e professores definem as palavras.

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Ao ensinar a criança o conceito de verdade e mentira os pais e professores

devem ter cuidado, explicar com amor e com tom de voz paciente, não ser agressivo com a

criança, mas dizer-lhe a verdade sobre a palavra mentirosa faz com que a criança possa

internalizar os conceitos adquirindo valores para conviver bem na sociedade.

Não é possível imaginar o crescimento do ser humano sem que

exista clara diferença entre o que é fantasia e o que faz parte da

essência do viver. Tirar esse direito é desrespeitar o crescimento

e marca-lo com prejuízos que o tempo cedo ou tarde cobrará.

(ANTUNES,2008, p.36)

A mentira associada à fantasia permite a criança o desenvolvimento da

criatividade dos pensamentos, mas pais e professores precisam ensinar a criança que a

fantasia é fantasia, assim como as lendas são lendas, portanto, não atribui-lhe valores reais,

não associa-las a realidade como acontecimento verdadeiro.

Precisa-se que a verdade seja falada para a criança compreender o porque do

“não” e o porque do “sim” para que a criança não fique com ressentimentos de ouvir não,

ou sinta-se que pode tudo ao ouvir sim. Mostra-se necessário que pais e professores

preparem seus filhos, seus alunos para ouvirem “não” por exemplo separação dos pais e

morte.

A criança sente-se segura e confia no adulto com o qual convive, por isso

precisa-se que a relação entre criança e adultos seja sustentada pela prática da verdade. A

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criança confia plenamente no que o professor fala. Geralmente as crianças admiram o

professor ao ponto de imitá-lo, por isso o professor deve ter o cuidado com o que fala,

porque sua fala tornar-se-á verdade indubitável por esse fato sua expressão corporal

também se torna importante porque nem só a fala comunica. Embora seja criança, consegue

compreender o que é certo, o que é errado, o que pode, o que não pode, sem ser necessárias

mentiras. Quando o professor ou os pais mentem para a criança e ela descobre a verdade,

ela se sente decepcionada, passa a desconfiar e, muitas vezes, não acredita mais no que o

professor ou os pais falam. Ao não confiar sente dificuldade de falar sobre o que sente,

pensa e deseja.

3.4 Barreiras a Comunicação

Estabelecer comunicação pode tornar-se artificial quando o ambiente não é

agradável seja por sentir barulhos como ruídos ou por bloqueios gerados pelo ato de um

aluno não permitir que o colega fale , não saber valorizar o colega ou seus pensamentos,

não ouvir as reflexões, não dar atenção e por não aceitar as ideias, sentindo-se sábio e

menosprezando o próprio colega.

Quando uma das pessoas durante a comunicação reage de forma mencionada

acima torna-se difícil estabelecer uma boa comunicação porque as pessoas não gostam de

ser menosprezadas; as pessoas gostam de receber carinho e atenção, gostam de ser ouvidas,

de que suas idéias e sua pessoa seja valorizada, portanto, é difícil comunicar-se com alguém

que possui valores diferentes e interferindo na suas ações e reações.

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As dificuldades de comunicações podem surgir pelo fato de não

se ouvir bem, de haver entre os interlocutores experiências e

valores diferentes, assim como maneiras variadas de reagir

enfrentar situações. (BERGO,2002, p.53)

Para Bergo (2002, p.54) a compreensão desempenha papel importantíssimo

no treino da comunicação por isso precisa-se que as pessoas aprendam a colocar-se no lugar

do outro, para compreende-la para que haja simpatia, que um goste do outro e estabeleçam-

se as relações interpessoais, ou seja, que haja uma facilidade na convivência.

A reflexão constitui instrumento de suma importância no processo de auto

conhecimento porque a reflexão visa questionar o porquê dos atos, para então perceber a

necessidade de mudança de transformação, superando as dificuldades que se tornam

obstáculos impedindo uma boa comunicação e, consequentemente as relações interpessoais.

Segundo Bergo,(2202,p.55) para melhorar a comunicação, torna-se

necessário interessar-se verdadeiramente pelo outro e se dispor a fazer algo para que o

relacionamento evolua de maneira proveitosa. Portanto, mostra-se necessário aceitar o

outro como é, ouvi-lo, colocar-se no lugar do outro, observar suas atitudes porque as

pessoas não são iguais, cada uma apresenta habilidades diferentes; portanto, a observação e

o diálogo são imensuráveis aos processos de compreensão do outro.

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CONCLUSÃO

Embasado nas pesquisas realizadas tornou-se possível compreender que o

ser humano é dotado de sentimentos,emoções,informações e conhecimentos e devem ser

trabalhados , acima de tudo, respeitados pelo professor.

Professores e alunos convivem todos os dias e assim, cria-se vínculos dos

quais favorecem a aprendizagem. O vínculo é favorável quando o respeito, a amizade é

recíproca .Quando há antipatia dificilmente faz-se um vínculo.

Através das relações interpessoais o aluno aprende a controlar as emoções, a

falar, a ter autonomia, pois as crianças que se sentem amadas pelos pais, que são

valorizadas e amadas pelo professor são crianças seguras e felizes.

Um aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem, que é agressivo ou

retraído, muitas vezes só precisa de alguém que o olhe, que o ame, que lhe diga o que é

certo, o que é errado, que o pegue pela mão e diga: “Você é capaz.”

Contudo as relações interpessoais são vínculos afetivos que devem,para a

qualidade de vida e de aprendizagem, estender-se de casa à escola e da escola à sociedade.

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