UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO...
Transcript of UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO...
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
SHEILA GOMES NASCIMENTO
COMPLICAÇÕES IDENTIFICADAS NOS PACIENTES EM PÓS OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO NO ANO
DE 2008
SALVADOR - BAHIA
2009
SHEILA GOMES NASCIMENTO
COMPLICAÇÕES IDENTIFICADAS NOS PACIENTES EM PÓS OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO NO ANO
DE 2008
Monografia apresentado à Universidade Castelo Branco e a Atualiza Associação Cultural, como exigência do Curso de Pós – Graduação Lato Sensu em Cardiologia.
SALVADOR – BA
2009
SHEILA GOMES NASCIMENTO
Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do Título de Especialista em Enfermagem em Cardiologia.
Salvador, 29 de maio de 2009
COMPLICAÇÕES IDENTIFICADAS NOS PACIENTES EM PÓS OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO NO ANO
DE 2008
EXAMINADOR: Nome: _____________________________________________________________________ Titulação: __________________________________________________________________
PARECER FINAL: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________
Se somos os únicos que podemos imaginar isto, Se somos os únicos que sonhamos com isto, Se somos os únicos que necessitamos disto. Então ninguém mais pode fazer isto. Somos os únicos!
Morales, 1983.
SUMÁRIO
1 Introdução 10
2 Referencial Teórico 13
3 Metodologia 45
4 Resultados, análise e discussão 49
5 Conclusão 68
Referências 71
Apêndices 79
RESUMO
Este estudo teve como objetivo identificar as complicações apresentados por pacientes no pós operatório de revascularização do miocárdio internados na Unidade de Pós Operatório Cardiovascular no ano de 2008. A coleta de dados ocorreu no período de março a abril de 2008, no Hospital público de Alta Complexidade Referencia em Cardiologia localizado na cidade do Salvador-BA. Utilizou-se instrumentos de coleta que permitiram identificar problemas de enfermagem que serviram de base para a identificação dessas complicações. Foram avaliados relatórios e evoluções de enfermagem e médica de 75 pacientes. A análise dos resultados não demonstrou diferenças significantes entre os pacientes quanto a sexo, idade, tempo cirúrgico e co-morbidades. As principais complicações apresentadas nos pacientes em caráter de urgência foram arritmias e choque cardiogênico com 23,1% dos pacientes, distúrbio de coagulação em 15,4%; tamponamento cardíaco, IRA com diálise, sangramento e desmame tardio da VM em 7,1% dos pacientes. Dentre as complicações que retardaram a alta identificou-se a síndrome do baixo débito com 76,7% e as alterações pulmonares com 63,3% dos pacientes. Ao final do estudo, concluiu-se que a identificação do destas e demais complicações identificadas no estudo se faz viável em terapia intensiva, uma vez que contribuiu para a melhoria da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados aos pacientes em pós-operatório de revascularização do miocárdio. Palavras Chaves: Cirurgia cardíaca; enfermagem; complicações; pos operatório.
LISTA DE ABREVIATURAS
BIA Balão intra- aórtico
CEC Circulação extracorpórea
DLP Dislipidemias
DPOC Doença pulmonar obstrutiva crônica
DVP Doença vascular periférica
DM Diabetes mellitus
ECG Eletrocardiograma
HAS Hipertensão arterial sistêmica
ADH Hormônio anti diurético
HDA Hemorragia digestiva alta
IAM Infarto agudo do miocárdio
ICO Insuficiência coronariana
IRA Insuficiência renal aguda
IRC Insuficiência renal crônica
NANDA North American Nursing Diagnosis Association
PAM Pressão arterial média
PEEP Pressão positiva expiratória final
PVC Pressão venosa central
RM Revascularização do miocárdio
SAE Sistematização da assistência de enfermagem
UTI Unidade de terapia intensiva
VM Ventilação mecânica
1 INTRODUÇÃO
O pós-operatório de revascularização do miocárdio é um período de muita atividade na
Unidade de Terapia Intensiva, onde a observação contínua e a monitorização são obrigatórias.
O objetivo neste momento baseia-se na manutenção da estabilidade hemodinâmica do
paciente, uma vez que, a cirurgia cardíaca provoca grande impacto na fisiologia
cardiovascular, assim como em outros sistemas. A assistência da enfermagem, neste
momento, inclui a identificação das alterações que representam complicações e aquelas que
fazem parte de uma recuperação normal.
Segundo Potter (1995, p. 321), a enfermagem como profissão é única na medida em que se
dedica humanista e holisticamente às reações do paciente frente aos problemas de saúde reais
e potenciais. A equipe de enfermagem que assiste pacientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca deve ter um conhecimento que facilite a capacidade de perceber uma grande
variedade de questões, bem como informações altamente definidas e específicas. Isso vem
sendo gradualmente instituído através do processo de enfermagem que segundo Gallo (1997,
p. 201), serve como uma estrutura sistemática na qual a enfermagem busca informações,
responde as indicações clínicas, identifica e responde as questões que afetam a saúde do
paciente.
Com os avanços em cuidados pré-operatórios, técnicas cirúrgicas, materiais e métodos de
circulação extracorpórea (CEC), métodos de proteção miocárdica, anestesias e cuidados
intensivos pós-operatórios, houve uma diminuição da morbimortalidade da revascularização
do miocárdio (GARCIA, 1995, p. 165), o que ocasionou a indicação cirúrgica em grupos de
pacientes cada vez mais complexos (OLIVEIRA, 1990, p.66), o que torna de grande
importância conhecer as indicações e os resultados das operações de revascularização do
miocárdio.
A complexidade de cuidados requeridos por pacientes que se encontram no período pós-
operatório de revascularização do miocárdio, cujas condições de saúde podem variar de
minuto a minuto necessitando de intervenções fundamentadas em um método que privilegia a
tomada de decisão, despertou o interesse em organizar a assistência prestada a estes com base
no processo de enfermagem. Tais cuidados passaram a ser fundamentais para promover a
recuperação desses pacientes, tendo como principais fatores contribuintes a prevenção de
complicações embasadas na identificação das necessidades básicas afetadas, subseqüente
fatores de risco e características definidoras que estabelecem o diagnóstico de enfermagem.
Segundo Knobel (2005, p. 206), o planejamento da cirurgia e do período pós operatório ajuda
a minimizar os riscos de complicações. Para isso, de acordo com Gallo (1997, p. 201), são
indispensáveis o rápido reconhecimento e a intervenção de alterações nas condições do
paciente porque o indivíduo submetido à cirurgia cardíaca é com freqüência mais instável do
que aqueles submetidos a outras cirurgias.
Diante da complexidade voltada ao cuidar de pacientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca, surgiu o interesse e, identificar as principais complicações no pos operatório de
cirurgia cardíaca, na intenção de contribuir para uma assistência de enfermagem sistematizada
e de qualidade, definindo-se como pergunta de investigação: Quais as complicações
identificadas nos pacientes em pos operatório de revascularização do miocárdio no ano de
2008?
Através da análise retrospectiva dos prontuários de pacientes em pós-operatório de
revascularização do miocárdio e da revisão de literatura, o presente estudo tem por objetivo
identificar as complicações apresentadas nos pacientes no pós-operatório de revascularização
do miocárdio no ano de 2008 internados na Unidade de Pós Operatório de Cirurgia
Cardiovascular do Hospital de referência na cidade de Salvador-BA. Os objetivos específicos
foram: caracterizar os pacientes submetidos a RM quanto a sexo, idade e co-morbidades
associadas a fim de estabelecer o perfil desses pacientes.
Acredita-se que as complicações identificadas servirão de base para a elaboração do plano de
cuidados de enfermagem, considerando a individualidade do paciente, proporcionando uma
melhor qualidade na assistência prestada a estes, além de contribuir com benefícios de forma
global às Instituições hospitalares, aos profissionais e acadêmicos de enfermagem.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2. 1 A Insuficiência Coronária
As doenças cardiovasculares tem se apresentado nas últimas décadas, em proporções
expressivas dentre as causas de morbidade e mortalidade, tanto nos países desenvolvidos
como naqueles em desenvolvimento. No Brasil, é a principal causa de morte, vitimando
300.000 brasileiros por ano (NETO,2001, p. 29).
Algumas mortes ocorrem subitamente, como conseqüência de oclusão coronária aguda ou de
fibrilação do coração, enquanto outras mortes ocorrem lentamente, ao longo do período de
semanas, ou de anos, em conseqüência do enfraquecimento progressivo do processo de
bombeamento cardíaco (MACHADO et al, 2001, p. 96).
Porto (2000, p. 451),define a insuficiência coronária como uma desproporção entre a oferta e
o consumo de oxigênio ao nível da fibra miocárdica, seja por diminuição da oferta, seja por
aumento de consumo, onde fenômeno fisiopatológico essencial é a isquemia miocárdica.
Berleze (2005, p. 21) refere que o principal fator responsável pela manutenção da pressão
média da raiz da aorta é o debito cardíaco. Todas as vezes que houver diminuição do débito
cardíaco, ocorrerá diminuição de oxigênio para as fibras miocárdicas. O aumento da
contratibilidade, da freqüência cardíaca, da pré e pós carga estão relacionadas com o aumento
do consumo de oxigênio.
Os fatores responsáveis pelo aumento da resistência coronária estão relacionados com a
pervidade das artérias que irrigam o coração, podendo ser anatômicos (aterosclerose ou
trombose), ou funcionais (espasmos) (MICHEL,1999,p. 57).
Segundo Smith et al (2000) a causa mais freqüente de diminuição do fluxo sanguíneo
coronário é a aterosclerose. Indivíduos que tem predisposição genética para a aterosclerose,
ou aqueles que ingerem quantidade excessiva de colesterol e de substâncias gordurosas,
grande quantidade de colesterol gradualmente se depositam abaixo do endotélio, em muitos
pontos das artérias. Gradualmente essas áreas de depósitos são invadidas por tecido fibroso, e
frequentemente, tornam-se calcificadas, resultando no desenvolvimento de placas
ateroscleróticas que se projetam para o lúmen nos vasos e bloqueiam inteiramente ou em parte
o fluxo sanguíneo.
O grau de lesão do músculo cardíaco causado pela constricção aterosclerótica, é
principalmente, determinado pela extensão da circulação colateral que já se desenvolveu ou
que se pode desenvolver dentro de minutos após a oclusão (CINTRA, 2000, p. 47).
Para Guyton (2002, p. 1425), o processo esclerótico desenvolve-se além dos limites do
suprimento sanguíneo colateral necessário para fornecer o fluxo sanguíneo requerido, e,
algumas vezes, os próprios colaterais desenvolvem aterosclerose, quando isso acontece, o
músculo cardíaco torna-se então, gravemente limitado em sua produção de trabalho. Essa é
uma das causas mais comuns de insuficiência cardíaca e ocorre em grande número de pessoas
idosas.
Segundo Gomes (1988, p 10) na aterosclerose há um aumento na formação de células
musculares lisas na íntima, juntamente com um acúmulo de macrófagos, um número variável
de linfócitos, formação de grandes quantidades de matriz de tecido conjuntivo contendo
colágeno, fibras elásticas e proteoglicanos. O lipídio acumula-se nos indivíduos
hiperlipidêmicos nas células musculares lisas e nos macrófagos, causando muitas vezes o
desenvolvimento de células espumosas.
2. 2 A Cirurgia Cardíaca
A cirurgia cardíaca é realizada quando a probabilidade de sobrevida com vida útil é maior que
com o tratamento clínico e tem sido realizada para aumentar os tempos de vida e os níveis de
atividade de muitos indivíduos. (BRUNNER; BRAUNWALD;1998,1991)
As técnicas cirúrgicas para o tratamento de insuficiência coronária tiveram início há mais de
60 anos na tentativa de melhorar o fluxo sanguíneo miocárdico, no entanto apenas no início
da década de 60 com o desenvolvimento da cinecoronariografia por Sones e Shine (1962),
pode – se definir as lesões anatômicas que serviram de base para as operações de
revascularização miocárdica (RM), atual.
Em 1968, Green et al realizaram a primeira RM direta usando a artéria torácica interna
esquerda como enxerto. Com a padronização da técnica e a melhora clínica precoce,
rapidamente as intervenções nas artérias coronárias passaram a ser utilizadas em todo o
mundo (SILVA, 1997, p.65).
Brilhantes et al, (1998), refere que nessa época, as pontes de safena foram consideradas como
os condutores vasculares ideais para a RM, por serem de fácil remoção e preparo, além de
existirem em extensão suficiente para a realização de múltiplos enxertos.
Dallan (1998, p. 520), refere que apesar das pontes de safenas se manterem pérvias em grande
número de pacientes, com o emprego preventivo de drogas que diminuem a adesividade
plaquetária, após alguns anos passou-se a observar a formação aterosclerótica ou novas
oclusões nas mesmas. Seu emprego então se tornou preocupante em pacientes jovens.
Estudos realizados pelo mesmo autor, obtidos em reoperações ou necropsias resultaram que,
após alguns meses da operação, a maioria desses enxertos apresentou algum grau de
hiperplasia da camada íntima; embora essa hiperplasia não seja a responsável pela obstrução
do enxerto, ela constitui o substrato para o desenvolvimento da aterosclerose na veia.
Favaloro (1970, p. 12) referiu que os enxertos venosos apresentam maior incidência de
trombose, fibrose das camadas médias e adventícias, arteriosclerose e hiperplasia da camada
íntima; devido a isso vários autores demonstraram que a utilização da artéria torácica interna
apresenta maior taxa de enxertos pérvios e maior sobrevivência ao longo prazo.
A artéria radial vem sendo uma alternativa de grande importância na RM especialmente como
complemento da artéria torácica interna, na busca de RM completa com enxertos arteriais.
(DANTAS, 1997, p. 51). Em contrapartida evidências de espasmos constatados
angiograficamente no pós-operatório imediato sugerem que o enxerto com artéria radial pode
ter um tono vascular diminuído com o tempo. A administração de bloqueadores de canal de
cálcio torna-se obrigatório nesse período inicial (BRAILE, 1998, p. 817).
Dentre dos enxertos utilizados para RM, a artéria torácica interna é considerado o enxerto
ideal para o tratamento cirúrgico da insuficiência coronária, mantendo-se patente imediata, e
tardiamente, em comparação com outros enxertos (JATENE, 1996, p. 140).
Segundo Oliveira (1997, p. 500) o emprego desta técnica baseia-se no fato de que as artérias
mamárias raramente são sede de ateromas e seu diâmetro é semelhante ao das artérias
coronárias principais destacando como contra indicação ao uso das artérias torácicas internas,
a existência de doenças obstrutivas das artérias subclávias.
O emprego de ambas as artérias torácicas internas associadas às pontes de veia safena não foram capazes de suprir todas as necessidades de irrigação miocárdica. Surgiram, então as pontes seqüenciais de veia safena, as anastomoses seqüenciais de artérias mamárias, o emprego de artérias radiais , das cefálicas, epigástricas e gastroepiplóides, veias safenas conservadas, além dos veno enxertos artificiais, todos com inconvenientes (RABELO, 1997,p 112).
As artérias gastroepiplóides apresentam o inconveniente da abertura e exploração da cavidade
abdominal com os óbvios desconfortos e riscos, já as artérias radiais podem levar a
claudicação do braço e mão (Idem, 1997).
Tipicamente, após uma cirurgia de derivação coronária o local perianastomótico da derivação
é muitas vezes envolvido em uma nova lesão de aterosclerose, que provavelmente está
relacionada a trombos murais que prontamente se formam nesses locais (SMITH, 2000).
Recentes publicações descrevem uma alternativa para a revascularização do miocárdio (RM),
a cirurgia minimamente invasiva para tratamento de artérias interventriculares, com bons
resultados iniciais. Uma outra técnica para RM é a videoassistida com uso de toracoscópio
sem circulação extracorpórea (BENETI; SENRA; 1997, 2001).
Na atualidade, as técnicas utilizadas rotineiramente para o tratamento da insuficiência
coronária obstrutiva incluem os enxertos de artérias torácicas internas e as pontes de safena
autógena (OLIVEIRA, 1997, p. 499).
A intervenção sobre os ramos da artéria coronária esquerda e os segmentos distais da
coronária direita obrigou o emprego da circulação extracorpórea e da parada cardíaca anóxica,
com a finalidade de permitir a imobilização cardíaca, necessária para a feitura de tais
anastomoses (GOFFI et al, 1997).
Segundo Lagudis (2005, p. 222), os segmentos da safena são obtidos de um ou ambos os
membros inferiores do próprio paciente, sendo retirados através de incisões longitudinais
sobre o percurso da veia safena magna. A área ideal para o inicio da dissecção é o maléolo
medial, devido seu menor diâmetro e maior regularidade de calibre sendo, por isso um
enxerto mais adequado. Os ramos colaterais venosos devem ser cuidadosamente ligados junto
à veia, evitando-se a constrição da veia safena ou sua angulação. A ligadura frouxa,
especialmente se realizada com fio grosso, ou a falta de ligadura dos ramos colaterais, poderá
provocar sangramento grave no pós-operatório (GOFFI et al, 1997).
A veia removida é canulada através de sua extremidade distal e perfundida com sangue heparinizado do próprio paciente ou com solução isotônica de cloreto de sódio gelado. Ao ser preparada, deve-se evitar distensão excessiva de sua parede, cuja lesão endotelial pode acarretar a oclusão precoce da ponte ou propiciar o aparecimento de lesões degenerativas. As válvulas existentes na veia safena poderão ser cuidadosamente seccionadas (IGLÉSIAS, 1993, p 38).
De acordo com Alcalde et al (2003), a abordagem cirúrgica mais comumente usada para RM
é a incisão de esternotomia mediana. O esterno é aberto com uma serra esternal desde o
manúbrio até abaixo do processo xifóide. As costelas são afastadas para expor o mediastino
anterior e o pericárdio. Uma vez aberto o pericárdio e exposto o coração e a aorta, é instituída
derivação cardiopulmonar.
2.3 Circulação Extracorpórea (CEC)
Segundo Golffi, (1997), a circulação extra corpórea pode ser considerada um sistema de
suporte seguro para a cirurgia cardíaca, se avaliada a partir do fato de que a mortalidade
hospitalar para a cirurgia de enxerto coronário tem se aproximado de zero nos últimos anos.
Entretanto, existem importantes efeitos lesivos da circulação extracorpórea que contribuem
para a mortalidade e morbidade intra-hospitalares e que devem ser levadas em consideração
no tratamento pós-operatório imediato.
Para realização da revascularização do miocárdio utiliza-se uma máquina de desvio
cardiopulmonar, também chamada bomba oxigenadora, que assume a tarefa de oxigenar o
sangue do paciente e circula-lo por todo o corpo (GALLO, 1997, p.201). De acordo com
Altamiro (2002, p.321), antes da implantação do desvio, o tubo da bomba é preparado com
solução eletrolítica equilibrada. O sangue venoso não oxigenado do paciente é levado para a
bomba através da cânula colocada no apêndice atrial direito, ou por duas cânulas, uma das
quais é colocada diretamente na veia cava inferior e outra na veia cava superior. Uma outra
cânula é colocada na aorta descendente a fim de retornar o sangue oxigenado para a
circulação sistêmica do paciente. A heparina é administrada através do desvio cardiopulmonar
para evitar a coagulação extra vascular maciça à medida que o sangue circula pelas partes
mecânicas do sistema de desvio.
Segundo Pinho (2000, p. 125), recorre-se ao uso de hipotermia profunda e um período
contínuo de parada circulatória total durante a reparação, a temperatura corporal do paciente é
reduzida para aproximadamente 20º C por uma combinação seqüencial de resfriamento da
superfície e, em seguida, resfriamento central por um líquido de perfusão frio durante a
circulação extra corpórea. A parada circulatória total tem sido empregada por períodos de 30 a
75 minutos. Para cada queda de 1º C da temperatura corporal, as exigências metabólicas
diminuem em 7%. Isso ajuda a proteger os principais sistemas orgânicos de possíveis lesões
isquêmicas e efeitos adversos da perfusão não pulsátil durante o desvio cardiopulmonar
(GALLO, 1997, p.203).
De acordo com este mesmo autor, a aorta é grampeada em cruz imediatamente acima das
artérias coronárias, afim de que nenhum sangue circula através das mesmas, de modo que o
miocárdio se torne isquêmico. Infundi-se uma solução cardioplégica, eletrolítica equilibrada,
rica em potássio, cristalóide ou sanguínea para o interior da raiz aórtica, fria a 4º C, sob
pressão. A elevada concentração de potássio causa imediata assistolia e relaxamento, e o frio
provoca hipotermia miocárdica. Essas protegem contra a isquemia miocárdica, diminuindo a
necessidade metabólica do tecido miocárdico. A solução cardioplégica adicional é infundida
na raiz da aorta a cada 15 a 30 minutos ou sempre que volta a atividade elétrica do coração. O
potássio, é utilizado em concentrações de 15 a 35 mEq/l, nesta concentração bloqueia a fase
“rápida” inicial (corrente de sódio para dentro) da despolarização celular miocárdica
(KIRKLIN, 1996, p. 42).
Segundo Rabelo (1997,p. 54),o pinçamento cruzado da aorta tem a desvantagem, entretanto,
de produzir uma isquemia miocárdica global e imediata que pode levar ao edema miocárdico
e à lesão de células miocárdicas. Kirklin (1996, p. 42) refere que o edema miocárdico ,
quando suficientemente grave, reduz a função diastólica ventricular, reduzindo a
complacência. A função diastólica ventricular é reduzida adicionalmente por alterações nas
propriedades mecânicas intrínsecas do miocárdio, após a isquemia global. Essas mudanças
impedem o desenvolvimento de uma pré carga apropriada para a pressão diastólica final
ventricular e reduzem, assim, o débito cardíaco.
A magnitude da necrose miocárdica é um fator determinante da condição do paciente no pós-
operatório e da probabilidade de sobrevida, sem dúvida por causa do seu efeito no débito
cardíaco no período pós-operatório imediato (KIRKLIN, 1996, p. 42).
De acordo com Guaragna (2005, p. 186), utiliza-se também a hipotermia tópica colocando-se
soro fisiológico gelado sobre o coração, para o interior do pericárdio, já que a perfusão da
solução cardioplégica através das artérias coronárias ocluídas ou comprometidas pode não
produzir um resfriamento miocárdico desigual. Estas abordagens associadas mantêm a
temperatura miocárdica em 8º C a 15º C. Depois de concluída a cirurgia, o permutador de
calor reaquece o sangue para a temperatura central do paciente, voltar à 37º C.
Para Gallo (1997, p.202), à medida que a perfusão e o reaquecimento continuam, um ritmo
cardíaco espontâneo pode voltar, pode desenvolver-se a fibrilação ventricular ou pode ser
necessário um marca-passo para iniciar um ritmo. Depois que é estabelecido um ritmo
fidedigno para manter o débito cardíaco e a pressão arterial, reduz-se o desvio cardiopulmonar
total para o desvio parcial. Quando se mantém pressões arteriais adequadas, o coração do
paciente assume total responsabilidade pelo débito cardíaco e se interrompe o desvio.
A heparinização é revertida pela administração de sulfato de protamina se o paciente não pode
manter o débito cardíaco adequado durante o processo de desuso, podendo-se instituir agentes
inotrópicos positivos ou a contrapulsação por balão intra-aórtico (SENRA, 1998).
De acordo com Forrom et al (2001) as manifestações dos efeitos lesivos da CEC incluem uma
tendência anormal a hemorragia, uma reação inflamatória difusa, caracterizada por um
aumento da permeabilidade capilar com perda subseqüente de plasma através dos capilares,
aumento do líquido intersticial, leucocitose e febre; disfunção renal, vasoconstricção
periférica e talvez central, resultando em problemas hemodinâmicos e metabólicos. Todos
esses fatores contribuem para a disfunção de órgãos e subsistemas no pós-operatório imediato,
um estado que alguns investigadores chamam de “síndrome pós perfusão” ou “ síndrome pós
bomba”.
Segundo Buffalo et al (1998), a circulação do sangue em superfície não endoteliais como os
tubos plásticos e soletes da CEC, ativa as enzimas e complementos que desencadeiam a
reação inflamatória sistêmica pós perfusão responsável por grande parte das complicações pós
operatórias, especialmente as pulmonares.
Segundo Silvio et al (2002), esta exposição exerce efeitos diretos e indiretos sobre as
plaquetas que resultam na aglomeração e embolização e redução do número das mesmas, uma
redução nas suas importantes propriedades de adesão e agregação com vários efeitos
secundários sendo as proteínas lesadas pela exposição do sangue à superfície não fisiológica;
estes fatores contribuem para o surgimento de algum grau de desnaturação das proteínas, e as
lipoproteínas liberam gorduras livres durante o processo, levando a microembolia gordurosa.
Este mesmo autor refere ainda que a ativação do sistema de complemento como sendo o
responsável pela resposta infamatória sistêmica. Essa ativação resulta na formação de um
complexo de glicoproteínas (C5 a C9) que auxilia a lise das membranas e a fagocitose.
Resulta também na produção de anafilaxinas potentes (entre elas, C3a e C5a), que aumentam
a permeabilidade vascular, causam contração do músculo liso, medeiam à quimiotaxia
leucocitária e facilitam a agregação de leucócitos e liberação de enzimas.
O cérebro é o órgão mais rapidamente lesado pela parada circulatória total e seu “tempo de
parada circulatória total, seguro” é considerado um fator limitante do tempo de duração. Os
dados experimentais indicam que a parada circulatória total por 30 minutos a 20º C é, de fato
“segura” (KIRKLIN, 1996, p. 40).
A Circulação extracorpórea, se mantida por tempo prolongado e se apresentar variações
importantes de pressão arterial, poderá levar a alteração neurológica. A manutenção da
hipotensão com as instabilidades pode trazer hipoperfusão cerebral a áreas mais vulneráveis,
acarretando, portanto déficit neurológico único ou múltiplos déficits neurológicos (ATRA,
2001, p. 45).
2.4 O Pós Operatório de Cirurgia Cardíaca
O início da fase crítica no pós-operatório começa com o término do procedimento cirúrgico
durante a fase de transferência do paciente entre o centro cirúrgico e a unidade de pós-
operatório (SOMMERS et al, 1993).
Segundo Magnoni (2001, p. 104) a mudança na forma de monitorização de um sistema para o
outro oferece risco para problemas relacionados ao tubo traqueal e ventilação mecânica,
hipotensão ou hipertensão súbita, arritmias, mudanças inadvertidas nas medicações em uso,
problemas com cateteres invasivos, monitorização e sangramento. Evaro (2001, p. 102)
completa referindo que o paciente deve ser transferido sob monitorização eletrocardiográfica
contínua, traçados de pressão arterial, artéria pulmonar e/ou átrio esquerdo, sistema de
ventilação conectado a reservatório de oxigênio e com todas as drogas em uso de bombas de
infusão, sempre acompanhado pelo anestesista e cirurgião.
Segundo Apte (1992), a troca de informações entre anestesista, cirurgião e intensivista é
realizada com o objetivo de checar antecedentes mórbidos e doenças associadas, além de
estabelecer balanço hídrico e sanguíneo, intercorrências anestésicas, dificuldade de intubação
e ventilação, dificuldade técnica e/ou acidentes cirúrgicos, alterações metabólicas, nível de
hipotermia, técnica cirúrgica utilizada, tipo de proteção miocárdica, tempo de perfusão e
anóxia.
Segundo Gallo (1997, p.203), os objetivos imediatos da enfermagem no pós operatório de
cirurgia cardíaca incluem a manutenção adequada da ventilação, oxigenação e estabilidade
hemodinâmica. Os cuidados de enfermagem devem orientar-se pelo tipo de operação
realizada, as ordens pós-operatórias e avaliação antecipada, resolução de problemas e
habilidades técnicas que o enfermeiro em cuidados intensivos possui.
Com a estabilização do paciente do ponto de vista hemodinâmico e respiratório, segundo
Bierman (1992), a amostra de sangue arterial é colhida para determinação de gasometria
arterial, hematócrito, hemoglobina, sódio, potássio, uréia, creatinina, glicemia e lactato sérico.
Coagulograma completo é colhido na rotina desde que o paciente apresente sinais de
sangramento ou coagulopatia no período periopertório. Eletrocardiograma é realizado
juntamente com radiografias de tórax. Exames bioquímicos são repetidos a cada seis horas de
evolução até a alta da unidade, e radiografia de tórax e eletrocardiograma uma vez por dia no
período de manhã; a qualquer alteração encontrada esses exames devem ser repetidos e
comparados aos anteriores.
Martins (2005), refere que o alongamento do mediastino é normal no pós-operatório de
cirurgia cardíaca, mas pode representar sangue acumulado; seriar as radiografias pode ser útil,
a radiografia de tórax pode documentar acúmulo de sangue, dentro do espaço pleural, que não
foi drenado.
Segundo Smulders (1989), tubos são colocados no mediastino e ou espaço pleural, permitindo
o escoamento do sangue das cavidades pleurais e pericárdicas, devendo ser ordenhados de 15
em 15 minutos nas primeiras horas, de acordo com a rotina do hospital. A drenagem
sanguínea deve ser avaliada a cada hora nas primeiras 12 horas. Ao sistema pode ser aplicada
aspiração contínua (20cm de água), a aspiração direta de sangue e coágulos deve ser evitada
pelo risco de infecção, citando o autor que a quantidades acima de 100 ml/h devem constituir
sinal de alerta para a possibilidade de reinternação cirúrgica e ou presença de coagulopatia.
Martins (2005, p. 105) considera sangramento excessivo 200ml/h (3ml/kg/h), nas primeiras
duas horas ou que persiste ao redor de 100ml/h (1,5 ml/kg/h), a partir da terceira hora do pós-
operatório imediato. Nessa situação deve-se pensar nas seguintes possibilidades: excesso de
heparina circulante, distúrbio de coagulação e ou hemostasia cirúrgica deficiente.
Este mesmo autor ressalta a importância da verificação rotineira da patência dos drenos. A
presença de coágulos pode levar à obstrução desses drenos, mascarando um sangramento
aumentado e podendo evoluir para um tamponamento cardíaco. Outro fato importante
segundo o mesmo, é a observação durante a mobilização do paciente no leito, pois pode
ocorrer aumento na drenagem, sinalizando para possíveis volumes coletados, destacando a
importância de se observar também a existência de escape de ar, que sugere presença de
pneumotórax e ou fístulas.
O débito urinário constitui valiosa medida de função miocárdica, ainda que sujeita a algumas
variáveis. A drenagem vesical deve ser retirada entre o primeiro e o segundo dias de pós-
operatório, podendo ser mantida em pacientes prostáticos (BIERMAN, 1992).
A sondagem nasogástrica deve ser colocada no centro cirúrgico ou na chegada à Unidade de
pós-operatório para descompressão gástrica. Durante a colocação, podem ocorrer hipertensão,
bradicardia, taquicardia ou arritmias, caso o paciente não esteja bem, sedado (MARTINS et
al, 2005). A proteção gástrica pode ser usada para prevenir a ocorrência de ulcerações,
devendo ser evitados antiácidos e bloqueadores H2, por predisporem à infecção pulmonar por
aumento do pH gástrico (APTE, 1992). Em geral o paciente fica em jejum por mais de 12
horas e algumas horas após extubação inicia-se a dieta líquida, progredindo rapidamente para
a dieta voluntária (KNOBEL, 2005, p. 208).
Pereira, (1999) refere que eletrodos atriais e ventriculares temporários devem ser deixados ao
final do procedimento cirúrgico, o que permite o rápido diagnóstico de arritmias supra
ventriculares e sua reversão, citando que quando este estiver sendo usado, deve ser mantido
protegido e isolado de eventuais descargas elétricas.
Segundo Gallo (1997, p. 281), o paciente no pós-operatório imediato é ventilado por um
respirador de volume mecânico ou ventilação mandatória intermitente ou modalidade de
controle auxiliado. Em alguns centros, utilizam-se 05cm de pressão expiratória positiva final
(PEEP), para diminuir a atelectasia e o sangramento pós operatório. Na presença deste, o
enfermeiro deve fazer o controle da ausculta pulmonar, a fim de avaliar colocação do tubo
endotraqueal se esta seletivo ou não e avaliar presença de pneumotórax e/ou secreções; aplicar
o monitor de saturação de oxigênio, obter radiografias torácicas e gasometria arterial nos
primeiros 15 a 30 minutos pós internação na unidade de terapia intensiva.
A oximetria de pulso é utilizada para avaliação “on line” do estado de perfusão periférica e
saturação de oxigênio arterial. Esta reflete de forma imediata, qualquer alteração com a
oxigenação durante o período de ventilação, reduzindo a necessidade de exames de
gasometrias arterial (SOMMERS, 1993).
Knobel (1999, p. 102) e Bordin (2005, p. 225), citam como importante a execução da
aspiração traqueal de forma suave e sempre na medida da necessidade para manutenção do
tubo traqueal livre de secreções, afim de evitar traumatismos endobronquial e indução de
broncoespasmo; deve-se atentar para presença de secreções ou sangramento e o volume dos
mesmos.
Pereira (1999, p 251), refere ser pacífico que a ventilação mecânica deve ser utilizada por 8 a
12 horas no pós-operatório imediato. Neste intervalo de tempo, o anestésico utilizado no
transoperatório é metabolizado e o sistema cardiovascular aproxima-se da estabilização. Entre
os benefícios da ventilação mecânica, incluem-se o melhor controle da acidose, da hipóxia e
da hipercabia, assim como reduções de atelectasias. A retirada do tubo deve ser realizada o
mais precocemente possível, desde que as condições ventilatórias assim o permitam, evitando
risco maior de infecção pulmonar (SOMMERS, 1993).
É instalado o cateter venoso central e arterial em todo pós-operatório de cirurgia cardíaca,
pois este constitui uma via segura para infusão de medicamentos, além de oferecer a medida
da pressão venosa central (PVC). O cateter arterial, além de oferecer constantemente a
pressão arterial sistêmica, serve também como via de coleta de exames laboratoriais
(KNOBEL, 2005, p. 245).
De acordo com Bordin (2005), para agilizar o atendimento do paciente no pós-operatório
imediato de cirurgia cardíaca, a enfermagem deve ter atenção no preparo do Box, para que
não faltem materiais considerados imprescindíveis para o atendimento, tais como: um
respirador a volume, previamente testado com parâmetros considerados básicos; montagem de
transdutor de pressões, para pressão arterial média (PAM, e pressão venosa central (PVC); o
monitor deve estar ajustado com o canal para eletrocardiograma (ECG), para entrada de
pressão invasiva e oximetria de pulso; bomba de infusão para drogas administradas
continuamente; sondas e luvas estéreis para aspiração do tubo endotraqueal; frascos de
exames laboratoriais; as saídas de gases devem permanecer montadas com duas saídas de
oxigênio (uma com válvula estabilizadora para o respirador, outra para o fluxômetro de
oxigênio); duas saídas de ar comprimido (uma com válvula estabilizadora para o respirador e
outra com fluxômetro para nebulização imediata no momento da extubação); duas válvulas
para vácuo (uma para dreno de tórax que permanece sob aspiração contínua, e outra para
aspiração do tubo endotraqueal); manter o carro de emergência montado e lacrado, próximo
ao paciente para atuação imediata de possíveis intercorrências.
Segundo Scherer (2005), as principais formas de monitorização hemodinâmica para pacientes
em pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca são: monitorização da pressão arterial e da
pressão venosa central. Os pacientes que apresentam instabilidade hemodinâmica com estado
de baixo débito tem sua pressão sistólica subestimada em até 30mmHg. Por esta razão, deve-
se evitar o uso de medidas indiretas da pressão arterial, pelo menos nas primeiras 48 horas do
pós-operatório, por este motivo os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca permanecem com
cateter intra arterial (em geral na artéria radial), por pelo menos 48 horas. A pressão arterial
média em pós-operatório deve ser mantida acima de 70mmHg, até o limite de 100mmHg.
Este mesmo autor refere como monitorização das pressões atriais a pressão venosa central
(PVC), e o cateter de artéria pulmonar (Cateter de Swan Ganz). Neste é instalado um
dispositivo de monitorização em uma das vias de acesso venoso central, devendo este estar
posicionado na veia cava superior ou no átrio direito, fornece uma medida da pressão de
dentro do átrio direito, que é equivalente à pressão diastólica final do ventrículo direito, se não
há valvulopatia tricúspide significativa. Aquele , é usualmente indicado nas situações de alto
risco, sendo introduzido segundo a técnica de Selding, por acesso pelas veias jugular,
subclávia ou femoral, com monitorização das ondas de pressões e cardíacas. São elas: pressão
do átrio direito, pressão capilar pulmonar, pressões da artéria pulmonar, débito cardíaco,
índice de ejeção ou sistólico, índice da resistência vascular sistêmica, índice de resistência
vascular pulmonar, oferta de oxigênio, saturação venosa mista de oxigênio, consumo de
oxigênio e extração de oxigênio.
Segundo Magnoni (2001) o cateter atrial esquerdo fornece medidas precisas das pressões de
enchimento em cavidades esquerdas, tendo seu uso reservado a pacientes com severa
disfunção ventricular esquerda e hipertensão pulmonar. Sua remoção deve ser feita antes da
retirada dos drenos torácicos para permitir a drenagem na presença de eventual sangramento.
De acordo com Bordin (2005), os drenos de tórax são retirados, se a drenagem for igual ou
inferior a 50ml em 6 horas. Este mesmo autor completa com algumas intervenções de
enfermagem como: a verificação de sinais vitais a cada hora, avaliação dos pulsos periféricos
(pediosos, tibial, poplíteo, radial, femoral, braquial e carotídeo), observação contínua de sinais
de cianose em mucosas labial, leitos ungueais, pavilhões auriculares e extremidades,
avaliação da pele, atentando para a temperatura e coloração.
Segundo Rizolli (2005, p. 65), um dos eventos mais comuns na população submetida à
cirurgia cardíaca é a hiperglicemia, que muitas vezes não é detectada, ou pouco valorizada ou,
ainda mal manejada, acarretando sérios riscos pós-operatórios, como surgimento de acidose
metabólica, distúrbios hidroeletrolíticos ou infecções; Bordin (2005) cita que mesmo a
população não diabética é sujeita à hiperglicemia no período transoperatório, a qual deve ser
corrigida e acompanhada como se o paciente fosse diabético. Para isso deve-se fazer um
controle com a realização do hemoglicoteste de acordo com a prescrição médica.
Pereira (1999) refere que no pós-operatório imediato ocorre uma retenção hídrica pelo
aumento da produção do hormônio antidiurético (ADH), e da aldosterona; além disso, há uma
fuga de fluxo sanguíneo da região dos túbulos renais. Vê-se também aumento do corticóide
que faz perder potássio e nitrogênio. O aumento do ADH ocorre por estímulo dos
barorreceptores e receptores atriais, ventilação mecânica, liberação de catecolaminas, dor e
ansiedade.
Este mesmo autor cita que o potássio plasmático requer especial atenção no pós-operatório de
cirurgia cardíaca, seus níveis devem permanecer em torno de 4,5mEq/l.
Gallo (1997, p. 205) registra como importante à medição do débito urinário no momento da
admissão na unidade de terapia intensiva, e após, a cada hora. Por causa da hemodiluição
durante o desvio cardiopulmonar, deve-se controlar a diurese pós-operatória obrigatória.
Frequentemente o débito urinário excede 100-200ml/horas e a densidade é baixa. Este
constitui valiosa medida de função miocárdica, ainda que sujeita a algumas variáveis. No pós-
operatório imediato deve ser medido e anotado o volume de diurese a cada hora (BIERMAN;
BORDIN; 1996, 2005)
Segundo Martins (2005), a monitorização de todas as variáveis cardiovasculares só traz
benefícios ao paciente e facilita o trabalho pós-operatório. A enfermagem deve estar atenta
para os sinais e sintomas característicos de baixo débito cardíaco, manifestados por
hipotensão persistente, taquicardia, oligúria, palidez e acidose. Nesta situação, de acordo com
Pereira (1999), ocorre aumento da extração de oxigênio dos tecidos e logicamente, cai à
saturação de oxigênio venoso de valores normais acima de 75% a valores anormais de 60%. A
pressão de oxigênio venoso cai de 40mmHg para 25mmHg. O tratamento reside em
manipular os determinantes do débito cardíaco: freqüência cardíaca e ritmo, pré-carga, pós-
carga e contração ventricular.
Segundo Knobel (2005, p. 206), os pacientes que não melhoram com fluidos, catecolaminas e
ventilação mecânica têm indicação de balão intra aórtico (BIA), o mais precocemente possível
para que o miocárdio possa ser mais bem nutrido pela ação do enchimento coronariano na
diástole ventricular.
Outro parâmetro importante citado por Gallo (1997, p. 206), é a avaliação e controle da
temperatura do paciente, utilizando as temperaturas da artéria pulmonar ou da membrana
timpânica que são consideradas como indicadores precisos da temperatura central. As
temperaturas retais não se relacionam com as medidas da temperatura central até após as
primeiras 08 horas no pós-operatório. Deve-se realizar o reaquecimento de forma lenta para
evitar a instabilidade hemodinâmica devido à rápida vasodilatação. Evitar tremores porque
estes aumentam o metabolismo, o consumo de oxigênio, a produção de dióxido de carbono e a
sobrecarga miocárdica.
A realização da avaliação neurológica no pós-operatório é citada por Berleze (2005, p. 52),
incluindo nível de consciência, reação pupilar, capacidade para realizar comandos, força e
movimentos das extremidades, no início, a cada hora e sempre que for observada uma
alteração, até que o paciente esteja completamente recuperado da anestesia. De modo geral, os
pacientes voltam inconscientes para a unidade de cuidados intensivos, como conseqüência da
anestesia e com o despertar gradual. Deve-se orientar e tranqüilizar frequentemente o
paciente.
2.4.1 Complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca
As complicações mais freqüentes são: baixo débito cardíaco, lesões pulmonares, hipertensão
arterial, sofrimento cerebral, sangramento excessivo, insuficiência renal aguda e síndrome
vasoplégica (KNOBEL, 1999, p. 206).
Segundo Manrique (2000, p. 23), a síndrome do baixo débito no pós-operatório de cirurgia
cardíaca pode incidir em cerca de 10% a 15% dos pacientes, dos quais 2% a 3% necessitam
de suporte mecânico no período pós-operatório para adequado controle hemodinâmico. De
acordo com Piegas et al (2001), o baixo débito cardíaco envolve desde desequilíbrios
volêmicos até alterações mecânicas. Nestas situações, deve-se considerar a função ventricular
pré-operatória, o balanço hídrico e sanguíneo do intra-operatório, o ritmo e a freqüência
cardíaca. Estes podem resultar de anormalidades na pré carga, contratibilidade cardíaca,
freqüência cardíaca e pós-carga.
Segundo Gun (2000), a síndrome do baixo débito manifesta-se clinicamente pela diminuição
da perfusão dos tecidos, com conseqüente hipóxia e liberação do metabolismo anaeróbio e
pela alteração vascular com conseqüente aumento da resistência periférica, acidose, hipóxia,
hipercapnia, sobrecarga volêmica, vasoconstricção e pneumotórax hipertensivo.
As causas mais freqüentes de baixo débito cardíaco são: hipovolemia, tamponamento
cardíaco, falência miocárdica, disfunção ventricular direita, hipertensão pulmonar, embolia
pulmonar, bradiarritmias, taquiarritmias e síndrome vasoplégica (MANRIQUE, 2000, p. 25).
A causa mais freqüente de hipovolemia é a perda sanguínea durante o ato cirúrgico ou o pós-
operatório imediato, que, em geral, decorre de falha na hemostasia ou de transtorno da
coagulação. A perda de, aproximadamente 5% da volemia leva ao aparecimento dos sintomas
(MANRIQUE, 2001, p. 25). Nas primeiras horas do pós-operatório, a diminuição súbita do
ritmo da drenagem associado ao aumento da área cardíaca na radiografia do tórax, acrescido
de aumento da pressão venosa central, devem levar a suspeita de tamponamento cardíaco.
(FORROM et al, 2001)
Segundo Forrom (2001), o derrame pericárdico, que poderá levar ao tamponamento cardíaco
no pós-operatório, está normalmente relacionado àqueles pacientes que apresentam
sangramento aumentado. Outros fatores foram citados como possíveis determinantes de
sangramento no pós-operatório como: o uso de anticoagulantes, antiagregantes plaquetários,
deficiência de fatores de coagulação, hepatopatias, uremia, re-operações, politransfusões,
cardiopatias congênitas cianogênicas, tempo de CEC aumentado, disfunções valvares e uso de
assistência circulatória mecânica. A falta de resposta à administração de catecolaminas ou a
resposta discreta obtidas após sua administração reforçam essa hipótese. Outros sinais, como
abafamento das bulhas cardíacas e pulso paradoxal, também devem ser considerados.
(ABBOUD, 2001)
A incidência do infarto do miocárdio periopertório na literatura varia de 1,4% a 23%
(ABRAMOV, 2000). Recentemente foi publicada na Revista Socesp a incidência de infarto
do miocárdio de 0,8% em 3.220 pacientes submetidos à revascularização do miocárdio
somente com enxertos artérias. (TATOULIS, 1999, p. 22).
O Ministério da Saúde (1979) definiu o diagnóstico do infarto agudo (IAM), quando na
presença de dois dos seguintes critérios: dor torácica prolongada, alterações
eletrocardiográficas típicas e curva enzimática característica. No pós-operatório imediato, a
confirmação desse diagnóstico utilizando esses critérios é praticamente impossível.
A avaliação clínica para o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio (IAM) no pós-
operatório imediato de cirurgia cardíaca segundo Moreira (2001), não é possível na maioria
dos casos; isso porque a dor torácica é uma constante envolvendo as regiões anteriores do
tórax e epigástrica decorrente da esternotomia mediana, drenos mediastinais e pleurais. Outro
fator contribuinte é a imobilização prolongada, a qual pode causar dor em região dorsal e
cervical, acrescenta-se também a intubação oro traqueal, esta pode ter como conseqüência dor
em região mandibular. A dispnéia pode decorrer de congestão venocapilar, secreções de vias
aéreas superiores, atelectasias pulmonares, derrame pleural, pneumotórax e presença dos
drenos pleurais e mediastinal. A diaforese ocorre secundária à hipoglicemia, à hipóxia, à
hipotensão arterial, à dor intensa a náuseas e vômitos. Além disso, os mecanismos
fisiopatológicos do IAM perioperatório são vários, pois ocorre na indução anestésica, durante
a CEC ou no período pós-operatório.
Oliveira (2001, p. 56), cita como alterações clínicas mais comuns do IAM perioperatório a
instabilidade hemodinâmica e ou a presença de arritmia ventricular grave, afirmando que na
presença dessas alterações, deve-se avaliar cuidadosamente o paciente para excluir esse
diagnóstico. Alguns fatores estão associados ao IAM perioperatório, a doença tri-arterial, à
disfunção ventricular esquerda, à angina instável pré-operatória, e ao tempo de CEC superior
a 120 minutos (GUN, 2001). De acordo com Gallo (1997, p. 202), a angina depois do desvio
da artéria coronária pode indicar uma falha do enxerto. Ele enfatiza que o enfermeiro deve ser
capaz de diferenciar a angina da dor incisional. A típica dor da esternotomia mediana é
localizada, não se irradia e pode ser aguda, surda, dolorosa ou cruenta. É com freqüência, pior
na respiração profunda, tosse ou movimentos. A angina é em geral, precordial ou subesternal,
não bem localizada e, frequentemente, descrita como uma sensação compressiva e não é
afetada pela respiração ou movimentos.
Para Senra (2001, p. 156), a ocorrência da parada cardiorespiratória se dá nas fases precoces
de pós-operatório de cirurgia cardíaca, com elevado potencial de gravidade. Mesmo na
presença de miocárdio bem preservado e de adequado suporte farmacológico, a parada
cardíaca pode ocorrer inesperadamente durante o transporte do centro cirúrgico, na Unidade
de terapia intensiva e durante a convalescença na enfermaria.
Distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos após cirurgia cardíaca com circulação extra
corpórea são muito comuns e, ao serem identificadas, devem receber tratamento imediato.
Sendo assim se faz necessário à realização do balanço hídrico parcial a cada 06 horas e
balanço hídrico total a cada 24horas (BORDIN, 2005, p. 421)
Moreira (2001, p. 56), refere que a disfunção renal em cirurgia cardíaca tem prevalência de
aproximadamente 35% após a CEC. A insuficiência renal aguda que necessita suporte
dialítico acontece em cerca de 1,5% dos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca. Segundo
Amodeo (2001), as principais causas de insuficiência renal aguda em cirurgia cardíaca são o
uso de contraste nefrotóxico antes da cirurgia, uso de drogas nefrotóxicas, CEC prolongada,
clampeamento de aorta prolongado, embolização de placas ou cristais de colesterol,
comprometimento funcional da perfusão renal e presença de doença base do parênquima
renal.
Para Bojar (1999, p. 87), os problemas pulmonares são as causas mais significativas de
morbidade no pós-operatório de cirurgia cardíaca sendo a insuficiência respiratória é uma
complicação freqüente, requerendo aproximadamente 5% dos pacientes requererão suporte
ventilatório adicional, em decorrência de pobre ventilação e ou oxigenação. Devido à
diminuição ou mesmo ausência de fluxo pulmonar durante a CEC, os pulmões são mais
sujeitos à disfunção que qualquer outro órgão.
Segundo Bianco (2001, p. 79), a instalação da insuficiência respiratória encontra-se na
dependência do seguinte fatores: efeitos das alterações ocorridas no intra-operatório,
secundária a anestesia e CEC, gerando tanto alterações nas trocas na membrana alvéolo
capilar pulmonar como ventilatórias. Alterações pós-operatórias concorrem ainda para:
estabelecimento ou perpetuação do quadro de insuficiência respiratória; disfunção ventricular
esquerda, hiper hidratação, broncoespasmo, distúrbios hidroeltrolíticos, endocrinológicos,
nutricionais, mau posicionamento da cânula endotraqueal e má programação de parâmetros
ventilatórios. De acordo com este mesmo tal diminuição associada à reação inflamatória
pulmonar mediada pelo complemento, resultará em seqüestro neutrofílico na vasculatura
pulmonar e peroxidação de radicais livres de oxigênio da membrana lipídica. Isso produz
vasoconstricção pulmonar e aumento da permeabilidade da barreira alvéolo capilar pulmonar.
Após a toracotomia, a complacência dos pulmões e da caixa torácica decresce
significativamente. Alterações na mecânica da caixa torácica levam ao decréscimo do volume
expiratório forçado e da capacidade residual funcional (SMITH, 2000). Knobel (1999, p. 205)
afirma que após a toracotomia ocorre também uma redução da força inspiratória e
incoordenação na expansão da caixa torácica, culminando com decréscimo do volume
corrente e da eficácia respiratória e aumento do consumo de oxigênio e do gasto energético
com a função respiratória.
Para Bianco (2001, p. 52), a insuficiência respiratória crônica caracteriza-se pela incapacidade
em se retirar o paciente do ventilador nas primeiras 48 a 72 horas, após a cirurgia, por
comprometimento primário da oxigenação ou por insuficiência ventilatória.
O desenvolvimento do broncoespasmo é um gerador de dificuldades na ventilação mecânica,
podendo este ser precipitado por sobrecarga hídrica, reação a medicamentos, transfusões
sanguínea, e uso de betabloqueadores (TIMERMAN, 1996). Lesão do nervo frênico e
paralisia diafragmática são citadas por Bojar (1999), como desencadeandes da insuficiência
respiratória sua etiologia está voltada para o uso de solução salina gelada, lesão por
resfriamento, lesão direta do nervo frênico ou desvascularização durante a dissecção da artéria
mamária interna esquerda. Pereira (1999) cita que é necessário evitar infecções induzidas pela
ventilação e baratrauma ou volutrauma.
Dentre as arritmias de pós-operatório de cirurgia cardíaca, a fibrilação atrial é a mais comum
e a que mais preocupação traz ao clínico. Além dos riscos provocados pela freqüência
cardíaca rápida, existe sempre a possibilidade de tromboembolismo periférico (OLIVEIRA,
2001, p. 101).
Ramos (2001, p. 302) refere, que o consumo de oxigênio miocárdico pode ser influenciado
pelas variações cardíacas e da pressão arterial. Taquicardias rápidas encurtam o tempo de
diástole com conseqüente redução da perfusão miocárdica. A queda da pressão na raiz da
aorta diminui a pressão de perfusão coronariana, agravando ainda mais a relação entre a oferta
e o consumo de oxigênio.
As complicações digestivas em pós-operatório de cirurgia cardíaca, mais importantes são:
hemorragia digestiva, complicações isquêmicas e complicações medicamentosas. (TACLA,
2001, p. 52). A ocorrência de quadros abdominais caracterizados por distensão e íleo
paralítico , decorrente de baixo fluxo mesentérico durante a perfusão intra operatória e
segundo Abboud (2001) ocorrido com freqüência.
Guaragna et al (2005, p. 357), refere que nos pacientes submetidos a procedimentos
cardíacos, com sistemática utilização de drogas antiplaquetárias e anticoagulantes, a
possibilidade de sangramento é maior, já que, muitas vezes, se encontram em instabilidade
hemodinâmica decorrente da própria cirurgia cardíaca. Outra situação agravante é a utilização
de drogas anestésicas, principalmente os halogenados, que podem levar a falência hepática de
graves consequênciais no pós-operatório, muitas vezes irreversíveis.
Ainda este mesmo autor, cita que independentemente da causa, o sangramento persistente
tende a se auto perpetuar em virtude da depleção progressiva dos fatores de coagulação e
plaquetas. Os locais mais comuns de sangramento considerados por ele são: linhas de sutura
(anastomoses), periósteo esternal, leito da mamária, sítio de canulação.
As principais complicações neurológicas são: encefalopatia tóxica metabólica, confusão
mental, acidente vascular cerebral, encefalopatia anóxia isquêmica, crise convulsiva e
alterações do sistema nervoso periférico (ATRA, 2001, p. 51).
Segundo Pereira (1999, p. 89), os distúrbios neurológicos são originados de microembolismos
como ar, gordura, fragmentos de ateromas e plaquetas. O baixo fluxo cerebral durante a
circulação extracorpórea, a idade, doenças neurológicas prévias, CEC prolongada, parada
total além de 40 minutos, são situações que aumentam o risco de lesão cerebral.
Este mesmo autor refere que mais da metade dos pacientes apresentam transtornos
psiquiátricos, necessitando de sedação com haloperidol chamando a atenção para a
necessidade de estar atento quanto à hipertermia e às convulsões.
De acordo com Atra (1999, p. 87), a artéria aorta, sua parede calcificada ou a placa ulcerada
na luz do vaso são causas importantes de acidente vascular cerebral. O clampeamento da aorta
e a incisão para a colocação da CEC são pontos importantes e de cuidado, uma vez que a
embolização pode ser desencadeada por tais manobras, acarretando uma “chuva de êmbolos”
para o cérebro.
As complicações do sistema de coagulação são citadas por Pereira (1999, p. 102), são elas: a
heparinemia, surge quando não foi suficientemente neutralizada, causando sangramento nos
drenos e punções; o rebownd de heparina , decorrente da liberação de heparina seqüestrada na
microcirculação, ocorrendo cerca de três horas após a chegada do paciente à sala de
tratamento intensivo pós operatório; o consumo de fatores de coagulação, é uma situação de
sangramento excessivo; plaquetopenia e disfunção plaquetária; hiperfibrinólise e a coagulação
intravascular disseminada.
A fisiopatologia da vasoplegia após CEC é multifatorial, tendo como principal mecanismo a
relação com a cascata de complemento, a ativação de células sanguíneas, a liberação de
citocinas e a indução da síntese de óxido nítrico. (GALLO, 1997, p. 205)
As reações provocadas pela protamina são: hipotensão sistêmica , reações anafilactóides e hipertensão pulmonar catastrófica. A protamina causa significante redução da resistência vascular periférica. Essa hipotensão ocorre quando o aumento do débito cardíaco é insuficiente para compensar a resistência periférica diminuída. A protamina diminui o tono vascular, induzindo a liberação de óxido nítrico. (VIARO et al, 2001, p 12)
A síndrome vasoplégica caracteriza-se, clinicamente, por taquicardia, oligúria, boa perfusão
periférica, importante hipotensão arterial refratária a altas doses de catecolaminas, e notável
tendência a sangramento difuso. (GUN, 2001, p. 165)
Viaro (2001, p. 265), relata que pacientes que fazem uso prolongado dos inibidores da enzima
de conversão da angiotensiana antes da cirurgia cardíaca, em geral, necessitam mais de
catecolaminas no período pós-operatório, e que aqueles que não voltam a receber a droga no
pós operatório enfrentam risco de comprometimento da microcirculação, o que pode ser uma
razão a mais para o aparecimento da síndrome vasoplegica.
As alterações nas pressões arteriais são citadas por Gallo (1997, p. 231), a hipotensão pode ser
produzida por volume intravascular diminuído, vasodilatação como conseqüência do
reaquecimento, fraca contratilidade ventricular esquerda ou arritmias; já a hipertensão é
particularmente perigosa no pós operatório de cirurgia cardíaca, porque pode produzir ruptura
ou vazamento nas linhas de sutura e aumentar o sangramento, este pode resultar de história
pregressa de hipertensão, níveis aumentados de catecolaminas ou renina, hipotermia e dor.
Outra complicação é a infecção, hoje em dia, com a complexidade das cirurgias realizadas,
caso as técnicas de assepsia, anti-sepsia e antibioticoprofilaxia não sejam seguidas
rigorosamente, essas cirurgias tem um final catastrófico por causa de uma infecção.
(ABBOUD, 2001, p. 85)
Freire (2001, p. 32), atribui vários fatores que podem favorecer o aparecimento de infecção de
sítio cirúrgico: obesidade, idade avançada, duração do tempo de hospitalização, infecção em
outros sítios, índice de gravidade da doença, má vascularização, má aproximação das bordas,
presença de tecido necrótico, corpo estranho, tempo cirúrgico, além de outros problemas
técnicos referentes ao ato cirúrgico.
Nas infecções de sítio cirúrgico em cirurgia cardíaca incluem-se as incisões esternais, safena e
radial, que podem ser superficiais ou profundas, e as infecções de órgãos e espaços, como as
mediastinites e as endocardites. (OLIVEIRA,2001, p. 54)
Segundo Timermam (2001, p. 203), outras infecções que podem acometer os pacientes em
pós operatórios da cirurgia cardíaca são relacionadas aos procedimentos de terapia intensiva,
principalmente quando o paciente permanece por um tempo maior na UTI, em decorrência de
complicação clínica e ou cirúrgica. Temos, nesses casos, pneumonias, relacionadas à
ventilação mecânica, infecções urinárias, infecções relacionadas a cateteres e sepse.
Senra (2001, p. 52) descreve que as complicações relacionadas ao uso do cateter de artéria
pulmonar iniciam-se com a colocação (punção arterial, pneumotórax e hemotórax, arritmias,
lesões valvulares e de artéria pulmonar, e perfurações no ventrículo direito) e se mantem
durante seu uso (infecções, fenômenos embólicos e fragmentação do cateter). Mas o
tratamento inadequado por má coleta ou interpretação dos dados talvez seja a complicação
mais freqüente.
3 METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa exploratória de natureza quantitiva, do tipo descritiva, intitulada
Identificação das Complicações em Pacientes no Pós-Operatório de Revascularização do
Miocárdio no ano de 2008.
A pesquisa exploratória segundo Marconi e Lakatos (1990), tem o objetivo de formulação de
questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a
familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma
pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos.
Para Oliveira (1997), o estudo de natureza descritiva permite controlar, de forma simultânea
um grande número de variáveis e por meio de técnicas estatísticas de correlação, especificar o
grau pelo qual diferentes variáveis encontram-se relacionadas, dando ao pesquisador uma
visão abrangente do modo como as variáveis estão ocorrendo.
A abordagem quantitativa como o nome já diz, quantifica opiniões e dados, nas formas de
coleta de informações com o emprego de recursos e técnicas estatísticas. (OLIVEIRA, 1997)
A quantificação científica envolve um sistema lógico que sustenta a atribuição de números e
que os resultados sejam eficazes. A literatura mostra que, em termos gerais a quantificação
científica é uma forma de atribuir números a propriedades, objetos, acontecimentos, materiais,
de modo que proporcione informações úteis. (FACHIN, 2002)
O estudo contou com a experiência vivenciada pela autora em Unidade de Pós Operatório de
Cirurgia Cardiovascular. Para construção do referencial teórico foram utilizados livros e
textos específicos que versam sobre o assunto abordado, artigos coletados nas bases de dados
do Lilacs (Literatura Latina Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), e MEDLINE
publicadas nos últimos cinco anos.
O campo de pesquisa foi a Unidade de Pós Operatório Cardiovascular fundada em 2006, do
Hospital de Referência em Cardiologia, situado na cidade de Salvador – BA. Este vem
ultrapassando a marca de setecentas cirurgias realizadas, desde a criação da Unidade de Pós
Operatório Cardiovascular até agora; com capacidade para realizar até sessenta cirurgias
cardíacas por mês, permitindo a realização dos mais complexos procedimentos na área
cardiovascular, tornando-se uma referência no país, tanto no que se diz respeito à estrutura
física quanto ao corpo clínico. Esta unidade consta de 09 leitos destinados ao pós-operatório
de cirurgia cardíaca sua equipe tem composição multidisciplinar formada por equipes
cirúrgicas, enfermeiras, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem, médicos intensivistas, além
de psicólogos e assistentes sociais.
No ano de 2008, quatrocentos e quarenta e nove pacientes foram submetidos à cirurgia
cardiovascular, dos quais cento e oitenta e um (40,31%) foram submetidos à revascularização
do miocárdio. Os sujeitos do estudo foram selecionados randomicamente, num total de setenta
e cinco (41,44%) pacientes submetidos à revascularização do miocárdio com circulação
extracorpórea, com o objetivo de identificar as principais complicações em pacientes no pos
operatório de cirurgia cardíaca. Os critérios de inclusão no grupo foram ter sido submetidos à
revascularização do miocárdio com circulação extracorpórea e não terem sidos submetidos a
outros procedimentos no ato cirúrgico.
Considerou-se neste estudo as variáveis, sexo, idade, doenças associadas, complicações
apresentadas, tempo de circulação extracorpórea, evolução pós-operatória hospitalar, situação
de ocorrência, e tipos de enxerto, sendo levantado uma estatísticas das principais
complicações acometidas aos pacientes em pós-operatório de revascularização do miocárdio e
suas principais co-morbidades, a fim de estabelecer o perfil da amostra (APÊNDICE C).
As operações foram classificadas quanto à situação de ocorrência de acordo com a rotina do
hospital em operações eletivas (com programação prévia), emergenciais (pacientes sem
preparo prévio) e urgência (pacientes com antecipação da operação por indicação médica).
Para o levantamento dos dados foi elaborada uma planilha contendo os aspectos relacionados
aos fatores de riscos para coronariopatia e a evolução pós-operatória. Tendo como variáveis a
hipertensão arterial sistêmica, doença pulmonar obstrutiva crônica, diabetes mellitus,
dislipidemias, tabagismo, sedentarismo, cardiopatia isquêmica, insuficiência renal e
coagulopatias; em relação à evolução pós-operatória foram agrupadas as intercorrências que
retardaram a alta da terapia intensiva; sendo consideradas as complicações: insuficiência renal
aguda (claudicação da diurese associada a escórias nitrogenadas elevadas); tempo de
ventilação mecânica superior a doze horas, distúrbio psicomotor, arritmias (fibrilação atrial,
Bloqueios átrio ventricular transitório); acidose (respiratória ou metabólica), alterações
significativas nos níveis pressóricos (hipertensão ou hipotensão), alterações metabólicas
(hipoglicemia ou hiperglicemia), infecção, insuficiência renal com a necessidade de diálise,
insuficiência respiratória, sangramento com necessidade ou não de reoperação, coma e óbito.
Após estabelecido contato prévio com a instituição, prestado esclarecimento quanto aos
objetivos da pesquisa , natureza do trabalho e possíveis repercussões do processo
investigatório e aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital referido, foi dado
início a coleta de dados, realizada no mês de novembro de 2008, tendo como fonte de dados
os prontuários de pacientes adultos , de ambos os sexos, submetidos à revascularização do
miocárdio; sendo avaliado o período pós-operatório na unidade de terapia intensiva.
A coleta de dados foi realizada pela autora tendo como fonte de dados os prontuários,
realizada três vezes por semana na unidade do arquivo médico. Os dados foram registrados
em planilhas específicas contendo as variáveis definidas para este estudo e analisados
estatisticamente através do programa Excel Xp. Os resultados estão apresentados em tabelas e
gráficos seguidos pela discussão.
4 RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO
No ano de 2008, cento e oitenta e um pacientes foram submetidos à cirurgia de
revascularização do miocárdio, sendo que apenas 75 (41,4%), foram submetidos à RM com o
uso de circulação extracorpórea. A tabela I apresenta as características dos pacientes
avaliados.
Tabela I - Distribuição percentual das características dos pacientes em pós-operatório de revascularização do miocárdio, Hospital de Referência, Salvador - BA, 2008.
Características Nº %
Sexo
Masculino 53 70,6%
Feminino 22 29,3%
Faixa etária
40-49 anos 08 10,7%
50-59 anos 23 30,7%
60-69 anos 25 33,3%
70-79 anos 17 22,7%
> 80 anos 02 2,6%
Estilo de vida
Tabagista 13 17,3%
Não tabagista 62 82,7
Etilista 03 4%
Não etilista 72 96%
Número de patologias associadas
01 02 2,7%
02-03 35 46,7%
04-05 25 33,3%
> 06 13 17,3%
Antecedentes Familiares para Coronariopatia
Sim 63 84%
Não 08 10,7%
Sem informação 04 5,3%
Sedentarismo
Sim 07 9,3%
Não 0 0
Sem informação 68 90,6%
Obesidade
Sim 09 12%
Não 66 88%
__________________________________________________________________________________
Analisando-se a distribuição percentual da cirurgia de revascularização do miocárdio quanto
ao sexo acometido, observou-se a predominância no sexo masculino com percentual de
70,6%, este resultado está em concordância com outros estudos realizados por Garcia (1995);
Brilhantes (1999); Lagudis (2005); Oliveira (2001).
10,7
30,733,3
22,7
2,6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
40 - 49 anos
50 - 59 anos
60 - 69 anos
70 - 80 anos
> 80 anos
%
%
%%
%
%
Gráfico 1 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência, segundo a faixa etária. Salvador-Bahia, 2008.
Analisando-se a distribuição percentual dos pacientes submetidos à RM segundo a faixa
etária, observou-se um maior percentual para aqueles contidos na faixa etária de 60-69 anos,
com um percentual 33,3% , seguida pela faixa etária de 50-59 anos (30,7%). O menor
percentual foi observado para faixa etária de maiores de 80 anos (2,6%), seguidas pelos
pacientes contidos na faixa etária de 40-49 anos com percentual de 10,7%. O número de
pacientes com idade igual ou superior a 60 anos submetidos à revascularização do miocárdio
em nossa casuística atingiu o percentual de 59,2%, sendo considerada um fator de risco, tanto
para a mortalidade como para intercorrências graves. Segundo Lagudis (2005), o fator idade é
uma determinante crítica de complicações e mortalidade pós revascularização do miocárdio,
embora essa importância atribuída à idade varie amplamente. Silva (1997), acrescenta
afirmando que a perda severa fisiológica com o envelhecimento, afeta os vários sistemas em
graus variados, contribuindo para uma morbidade elevada da população idosa, especialmente
para complicações não cardíacas, como disfunções renais, neurológicas ou falência de
múltiplos órgãos. O envelhecimento produz progressivas mudanças cardíacas estruturais,
podendo ser observados espessamento das valvas aórtica e mitral, ocorrendo calcificação e
fibrose as quais levam ao aumento em sua espessura e rigidez, podendo interferir com o
fechamento. Embora esses fenômenos possam levar à estenose aórtica (a mais acometida
entre todas as válvulas), não é freqüente o comprometimento funcional por estes mecanismos
(KITZMAN, 1990). Nos vasos sangüíneos, observa-se a degradação da matriz extracelular,
especialmente das fibras de elastina, produzindo diminuição da elasticidade da parede
vascular, conferindo-lhe maior rigidez (BIZBIZ, 1997)
10,7
25,3
5,3
1617,3
16
6,7
2,7
0
5
10
15
20
25
30
40 - 49 anos 50 - 59 anos 60 - 69 anos 70 - 80 anos > 80 anos
Masculino
Feminino
%
%
%
%%
%
%
%
%
Gráfico 2 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência segundo sexo e faixa etária. Salvador-Bahia, 2008.
Analisando-se a distribuição percentual dos pacientes submetidos à RM segundo sexo e faixa
etária, observou-se que a distribuição etária da população feminina diferiu da população
masculina, sendo este identificado no sexo feminino a partir dos 50 anos; observando-se um
predomínio discreto do sexo feminino na faixa etária de 60-69 anos, estudos realizados por
Almeida (2003); Castro (1999), demonstram que há um aumento na incidência de cardiopatias
isquêmicas com o avançar da idade no sexo feminino, principalmente após a menopausa, isso
vem modificando o perfil populacional referente à incidência de doenças isquêmicas no
tocante a distribuição da faixa etária e sexo à medida que se avança a idade.
Quando ao estilo de vida, observou-se uma taxa de 17,3% para os pacientes que referiram
hábito tabágico, sendo este considerado como um dos maiores fatores de riscos para o
surgimento de doenças coronarianas, neste grupo foi observado um predomínio de alterações
pulmonares como atelectasias, hipoxemias e insuficiência respiratória; o que evidenciou a
influencia deste hábito em relação às ocorrências de complicações no pós-operatório, fato que
retardou o desmame do ventilador mecânico. Segundo Castros (1999) há uma relação entre
lesões endoteliais e o fumo, acreditando-se que o evento inicial da aterosclerose seja as
alterações estruturais e funcionais do endotélio provocadas pelo fumo, Zaslavsky (1999)
refere que o fumo modifica o perfil lipídico resultando em lesões endoteliais e aumentando a
pressão arterial sistêmica, Castro (1999) considera o tabaco como um agente plausível para a
hipertensão em decorrência de seu conteúdo em nicotina, sódio e alcatrão.
No estudo três pacientes (4%) eram etilistas, destes dois (66,7%) apresentaram agitação
psicomotora e um (33,3%) sangramento no intra-operatório, o que confirma a associação
realizada em estudos por Guaragna (2005) no Hospital São Lucas da PUCRS, onde ele
considera a relação do uso abusivo de álcool com um maior risco de sangramento, disfunção
hepática e agitação no pós-operatório.
Os pacientes obesos constituíram um percentual de 12%, fato que segundo Guaragna (2005)
aumenta o risco de doenças coronarianas e de acidente vascular cerebral além de constituir
um fator de risco independente para mediastinite, principalmente se associada ao uso de
artéria mamária; a mediastinite esteve presente em três (25%), dos pacientes todos do sexo
feminino, não havendo registros nenhum para o sexo masculino. Castro (1999) refere que os
pacientes com obesidade abdominal (também chamada central, visceral, andróide ou
obesidade masculina), têm risco cardiovascular aumentado.
Avaliando-se os dados considerando os antecedentes familiares, observou-se uma alto
percentual para cardiopatias isquêmicas em 84% dos pacientes, estando estes distribuídos em
coronariopatias, hipertensão e diabetes mellitus, constatando-se que embora os antecedentes
familiares constituam um fator de risco não modificável, ele deve ser considerado na
realização da anamnese (ZASLAVASKY,1999).
Quanto ao número de patologias associadas observou-se uma alto percentual de pacientes
portadores de duas ou três doenças associadas a coronariopatias (46,7%), estando estas
distribuídas em hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemias; apenas dois (2,7%) dos
pacientes apresentaram como única alteração patológica a coronariopatia, demonstrando a
complexidade do quadro patológico da população de estudo, apontando a necessidade de uma
constante atualização do profissional que lhe prestará assistência.
86
56
100
41,3
10,7
6,7 8
43,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
HAS
DLP
ICO
DM
IRA
DPOC
DVP
IAMp%
%
%
%
%
%
%
%
%
Gráfico 4 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência, segundo co-morbidades associadas. Salvador-Bahia, 2008.
Em relação às doenças associadas, foi observado que 86% da população do estudo era
hipertensa; seguida da dislipidemia com 56%; e o diabetes mellitus com 41,3%. Na atualidade
a HAS tem sua importância como um dos principais fatores de riscos para o desenvolvimento
arterial de doença coronariana, do acidente vascular cerebral, da insuficiência cardíaca, da
insuficiência renal e da doença arterial periférica (LAGUDIS,2005).
Viegas (2003) cita que essas condições respondem por grande parte das morbi-mortalidades
cardiovasculares nos países desenvolvidos; este mesmo autor considera que a dislipidemia e a
hipertensão arterial sistêmica juntamente com o tabagismo são consideradas como os maiores
fatores de riscos para a doença aterosclerótica coronária. Nos pacientes diabéticos foi
observado a presença de um maior número de co-morbidades, o que pode ser um reflexo do
comprometimento renal e vascular periférico.
O diagnóstico pré-operatório de insuficiência coronariana correspondeu a 100% dos casos;
45,3% dos pacientes haviam apresentado infarto agudo do miocárdio prévio, merecendo estes
atenção especial, pois de acordo com Pereira (1999) os mesmos possuem uma pré disposição
para um prognóstico ruim.
O IAM continua sendo uma das principais causas de morte da atualidade, de acordo com a
Franken et al (2002), 80% das mortes atribuídas ao IAM ocorre em indivíduos com idade
superior a 65 anos. A recanalização da artéria coronária culpada, mediante o uso de
fibrinolíticos e dos procedimentos de revascularização, promoveu um impacto significativo no
tratamento do IAM, reduzindo a sua mortalidade para menos de 10%.
O estudo realizado pelo Grupo de estudo em Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, intitulado GUSTO V (2001), registrou um índice de mortalidade menor que 6%
em 30 dias, para os infartados submetidos a RM. Em nossa casuística, somente um (1,3%),
paciente já havia sido submetido anteriormente à revascularização do miocárdio, sendo a
cirurgia considerada como sem intercorrências.
Os pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), tiveram um percentual de 10,7%; nestes
foram realizadas apenas estímulo com diurético de alça, não tendo havendo necessidade de
realização de diálise, fato destoante com outros estudos, já que segundo Antonello (2005) os
pacientes portadores de IRC tem maior probabilidade de necessitar de método dialítico no pós
operatório.
Os portadores de vasculopatia periférica neste estudo apresentaram um percentual de 8%,
segundo Senra (1998), considera esta como uma contra-indicação para a realização da
extração da veia safena ou da artéria mamária em caso de obstrução da artéria subclávia,
conferindo importância para escolha da extremidade adequada para extração do enxerto.
O menor percentagem observado para os fatores de riscos foi relacionada aos portadores de
DPOC, presente em cinco (6,7%), dos pacientes analisados, contribuindo para o aumento do
percentual de complicações pulmonares (atelectasias, broncoespasmo, congestão pulmonar,
hipoxemia e insuficiência respiratória), utilização de corticóides, aminofilina e
broncodilatadores, além de dificuldade de desmame de ventilação mecânica, maior
permanência na UTI e aumento da mortalidade no pós operatório, esta última demonstrada
por um (1,3%) caso de insuficiência respiratória seguida de óbito.
9%
58%
33%
biarterias
triarterias
multiarterias
Gráfico 5 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência segundo achados coronariográficos.Salvador-Bahia, 2008.
De acordo com os achados coronariográficos, os pacientes foram classificados em biarterias,
triarterias e multiarterias, segundo o número de ramos principais acometidos (coronária
direita, circunflexa, tronco coronário esquerdo e seus ramos), com oclusões de 50 a 100%. No
estudo sete (9%) pacientes foram classificados coma biarterias, quarenta e três (58%) como
triarterias dos quais seis haviam sido submetidos à angioplastia coronária, tendo um deles sido
submetido à revascularização do miocárdio há 10 anos, por oclusão do enxerto, sendo o único
caso de reoperação no estudo; vinte e cinco pacientes (33%) foram classificados como
multiarterias deste, apenas dois (2,7%), haviam realizado angioplastia coronariana. Do total
da população investigada quinze (20%) apresentaram lesão em tronco coronário esquerdo; o
predomínio de pacientes portadores de lesões triarterias, em 57,3% dos casos foi também
observado por outros autores (SILVA et al, 1997), que acreditam que esses achados se devem
à evolução do tratamento clínico, idade, terapêutica cardiológica intervencionista previamente
utilizada. A presença de lesão de tronco de coronária esquerda em 20% dos casos é também
concordante com a literatura que variou de 12 a 26% (GARCIA, 1995).
83%
16%
1%
Art. Tóracica Esquerda e
Veia Safena
Veia Safena
Art. Tóracica Esquerda e
Direita
Gráfico 6 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência segundo tipo de enxerto utilizado. Salvador-Bahia, 2008.
Analisando o percentual quanto ao tipo de enxerto utilizado observou-se que 82,2% dos casos,
houve utilização associada da artéria torácica esquerda e safena. Em 16,4% dos casos a veia
safena foi o único enxerto utilizado. Em apenas um (1,3%), paciente foi utilizado as artérias
torácicas esquerda e direita, tendo este sido submetido à RM, onde foi realizado enxertia com
a veia safena. É sabido que os enxertos venosos apresentam maior incidência de trombose,
fibrose das camadas média e adventícia, arteriosclerose e hiperplasia da camada íntima em
comparação à artéria torácica interna. Devido a isso, vários autores demonstram que a
utilização da artéria torácica interna apresenta maior taxa de enxertos pérvios e maior
sobrevivência em longo prazo (OLIVEIRA,1990).
Tabela 2 Distribuição percentual dos pacientes submetidos a revascularização do miocárdio no Hospital de Referência segundo o grau de revascularização. Salvador-Bahia, 2008.
Variáveis Nº(35) %
RM completa 27 77,1%
RM incompleta 08 22,6%
Em nossa casuística o grau de revascularização foi identificado em apenas trinta e sete
(49,3%), pacientes; deste total 77,1% foram submetidos à RM completa. Não houve relação
significativa de morbidade e ou mortalidade no tocante a essa variável.
Tabela 3 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência segundo à situação de ocorrência. Salvador-Bahia, 2008.
Variáveis Nº %
Eletiva 70 93,3%
Urgência 05 6,7%
Setenta (93,3%) pacientes foram submetidos à RM eletivamente, observou-se neste grupo um
menor percentual de intercorrências grave, uma vez que a cirurgia eletiva possui um menor
risco de intercorrências devido à adequada avaliação e preparo pré-operatório do pacientes.
Esta variável foi incluída no estudo, pois de acordo com Lagudis (2005) estimar-se que os
pacientes submetidos a RM em caráter de urgência apresentam risco cirúrgico duas a cinco
vezes maiores que àqueles submetidos a RM eletivamente.
Tabela 4 Distribuição percentual das complicações apresentadas nos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência em caráter de urgência. Salvador-Bahia, 2008.
Complicações Nº %
Tamponamento cardíaco 01 7,7%
Reoperação 01 7,7%
Insuficiência renal com diálise 01 7,7%
Desmame da VM tardio 01 7,7%
Sangramento no intra-operatório 01 7,7%
Distúrbio de coagulação 02 15,4%
Choque cardiogênico 03 23,1%
Arritmias 03 23,1%
Analisando as complicações graves ocorridas nos pacientes submetidos à RM em caráter de
urgência, observou-se que 22,66% dos pacientes apresentaram complicações graves no pós-
operatório sendo estas distribuídas em tamponamento cardíaco seguido de reoperação,
insuficiência renal com necessidade de método dialítico por hemotransfusão lenta, desmame
de ventilação mecânica tardio, sangramento no intra-operatório, distúrbio de coagulação,
choque cardiogênico e arritmia cardíaca (fibrilação atrial e extra- sístoles). Observou-se neste
grupo uma média de 4,2 dias de utilização de drogas vasoativas (noradrenalina, dobutamina,
nitroglicerina, anocoron e dopamina), além de politransfusões. Este resultado demonstra o
quanto importante é a conduta adequada da equipe multidisciplinar no pré-operatório.
Tabela 5 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência segundo os procedimentos intra-operatórios realizados. Salvador-Bahia, 2008.
Variáveis Freqüências Percentuais
Tempo de circulação extracorpórea
Menor 120 minutos 68 90,7%
Maior 120 minutos 07 9,3%
Uso de balão intra-aórtico
Sim 35 46,7%
Não 40 53,3%
O tempo de circulação extracorpórea, variou de 30 a 138 minutos com tempo médio de 85,6
minutos, ocorrendo um percentual de 9,3% dos casos com tempo de circulação extracorpórea
maior que 120 minutos. Neste estudo, o tempo de circulação extracorpórea não demonstrou
quantitativo significante de diferença no tocante a complicações. A circulação extracorpórea
utilizada na revascularização do miocárdio é um procedimento padrão para o tratamento
cirúrgico da insuficiência coronariana, por apresentar ótimas condições de segurança nos
resultados; no entanto, segundo Pinheiro (2002); Ramos (2002) a mesma contribui de forma
decisiva para as complicações pós-operatórias e falência de múltiplos órgãos. Autores como
Pinho (2000); Moreira (2001); Timerman (1996) preconizam que o tempo de circulação
extracorpórea maior que 120 minutos predispõe uma evolução para um tempo maior de
ventilação mecânica, isso porque a circulação extracorpórea é um dos principais fatores que
retardam o desmame em cirurgia cardíaca, devido ao importante distúrbio fisiológico causado
pela resposta inflamatória ao circuito extracorpóreo, além de outras complicações não
cardíacas; no estudo o tempo de CEC não teve relação com o tempo sob ventilação mecânica.
O uso do balão intra aórtico foi observado em 46,7% dos pacientes submetidos à
revascularização miocárdica, sendo utilizado em seis (8%) pacientes no pré-operatório. O
balão intra-aórtico é utilizado eletivamente em pacientes com fração de ejeção ventricular
menor ou igual a 30%, imediatamente antes da cirurgia (GUARAGNA, 2005). Em nossa
casuística a fração de ejeção ventricular foi identificada apenas em vinte e dois pacientes,
ocorrendo uma variação de 17% à 76%; destes sete pacientes apresentavam disfunção severa
do ventrículo esquerdo (fração de ejeção menor que 35%). Ramos refere que presença de
reserva fisiológica reduzida predispõe ao risco de alguma forma de falência caracterizada pela
isquemia, infarto, edema pulmonar, insuficiência cardíaca e arritmias. Um estudo realizado no
Hospital São Lucas da PUCRS em 2000 demonstrou que a utilização do balão intra aórtico no
pré-operatório reduziu a incidência de infarto perioperatório. (GUARAGNA, 2005)
O tempo de cirurgia variou de duas horas e trinta minutos a quatro horas, resultando em um
tempo médio de três horas e um segundo, havendo apenas dois casos de intercorrência no
intra-operatório, onde um paciente apresentou instabilidade hemodinâmica, com labilidade
pressórica e dificuldade para o desmame da circulação extracorpórea e o outro sangramento
importante.
Quanto ao tempo de ventilação mecânica 57 (76%), foram extubados em menos de 12 horas e
18 (24%) tiveram o desmame ventilatório retardados, destes últimos sete (9,3%) necessitaram
ser traqueostomizados. Segundo Berleze (2005) a insuficiência respiratória cronificada no pós
operatório de cirurgia cardíaca é definida como a incapacidade de retirar o paciente da
ventilação mecânica 48 a 72 horas após a cirurgia cardíaca.Guaragna afirma que quando a
intubação é necessária por mais de dez dias, a traqueostomia deve ser considerada. A
utilização da traqueostomia facilita a aspiração de secreções porém reduz o risco de lesões de
cordas vocais e isquemia produzidas pelo tubo endotraqueal.
Tabela 06 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio
no Hospital de Referência segundo as complicações apresentados no pós-operatório.
Salvador-Bahia, 2008.
Complicações N (75) %
Insuficiência Renal Aguda 58 77,3%
Insuficiência Renal com diálise 05 6,7%
Hiperglicemia 50 66,7%
Hipocalemia 35 46,7%
Hipomagnessemia 15 20%
Acidose Metabólica 19 25,3%
Hemorragia 15 20%
Hemorragia digestiva 01 1,3%
Hipotensão 38 50,7%
Crise hipertensiva 38 50,7%
Anemia 33 44%
Arritmias 31 41,3%
Tamponamento cardíaco 03 4%
Choque Circulatório 11 14,7%
Choque Séptico 03 4%
Reação anafilática 01 1,3%
Atelectasias 26 34,7%
Insuficiência Respiratória 10 13,3%
Pneumonia necrozante 01 1,3%
Distúrbios Psicomotor 10 13,3%
Depressão 03 4%
Infecção 06 8%
Mediastinite 02 2,7%
Deiscência de safenectomia 02 2,7%
Úlcera por pressão infectada 02 2,7%
Infecção do trato respiratório 04 5,3%
Escara 04 5,3%
Óbito 08 10,7%
Analisando-se a ocorrência de complicações apresentadas pela população estudada observou-
se uma alta percentagem de disfunção renal não dialítica, necessitando estes pacientes de
estímulos com diuréticos de alça; apenas 6,7% dos pacientes analisados apresentaram IRA
com necessidade de diálise por hemofiltração lenta contínua, já que estes geralmente
apresentam estado geral gravemente comprometido, não tendo benefícios com a hemodiálise
convencional, sendo assim é instituída a hemodiálise lenta contínua, a qual proporciona
menores variações hemodinâmicas devendo por isso sua utilização ser considerada. A IRA
pode ser associada a um estado de hipofluxo renal secundário a um débito cardíaco
comprometido, ou a ocorrência de hemólise durante a CEC prolongada (AMODEO, 2001).
A hiperglicemia alcançou um percentual de 66,7% esta é observada tanto em pacientes
diabéticos como naqueles não diabéticos, sendo geralmente devidas à reação orgânica ao
trauma, com produção e liberação de hormônios hiperglicemiantes (RIZZOLLI, 2005).
A instabilidade pressórica (hipotensão e hipertensão) esteve presente em 50,7% dos pacientes;
tanto a hipotensão quanto a hipertensão foram identificadas com freqüência no pós-operatório
imediato. A hipertensão sustentada associa-se com a ocorrência de AVC, ruptura de linhas de
sutura, dissecção de aorta, disfunção ventricular, isquemia e arritmias (GUARAGNA, 2005),
daí a importância de sua detecção e controle através da monitorização contínua e uso de
terapêutica apropriada. Segundo Guaragna (2005), a PAM deve ser mantida em torno de
90mmHg, pois a resistência vascular sistêmica deve ser reduzida o suficiente para diminuir o
consumo de oxigênio sem afetar a pressão de perfusão coronariana.
As arritmias estiveram presentes em 41,3% dos pacientes, estas foram distribuídas em
fibrilação atrial com percentual de 25,3% dos pacientes, destes dois (2,7%) pacientes
necessitaram de cardioversão elétrica; segundo Bartholomay, Kalil e Kruse (2005), a
fibrilação atrial muitas vezes influencia a evolução clínica, aumentando o tempo de internação
e os custos hospitalares, esta arritmia é considerada a taquiarritmia mais comum, a taxa de
percentagem apresentada no estudo está em concordância com a literatura que variou de 16 a
33% (GUARAGNA, 2005; CASTROS, 1999; OLIVEIRA, 2001), esta pode ocasionar
fenômenos tromboembólicos (BERLEZE, 2005); 4% dos pacientes analisado apresentaram
bloqueio átrio ventricular sendo necessário a utilização de marcapasso.
A reação anafilática, hemorragia digestiva e pneumonia necrozante foram identificadas cada
uma em apenas um paciente, demonstrando um percentual de 1,3%; segundo Guaragna
(2005) a hemorragia digestiva alta é a alteração gastrointestinal mais frequente, sendo
representada por gastrite de estresse e úlcera péptica, que podem ser agravadas ou causadas
pela cirurgia cardíaca, esta está em concordância com a literatura que variou de 1 a 2%
(SENRA, 1998; TACLA,2001)
O caso de pneumonia necrozante resultou de uma insuficiência respiratória importante
associado à empiema bilateral necessitando da realização de uma pleurostomia, evoluindo
para choque misto (cardiogênico e séptico), e óbito tardio; não foi encontrado artigo científico
relacionado a esta complicação.
O percentual total de mortalidade foi de 10,7%, não havendo diferença com relação ao tipo
de enxerto utilizado, análise coronariográficas, tempo de CEC e tipo de revascularização. Em
relação à estratificação quanto ao sexo, houve uma maior mortalidade no sexo feminino
(9,1%) enquanto no sexo masculino este foi de 6,4%. Analisando-se a faixa etária dos óbitos
ocorridos, 83,3% dos pacientes estavam incluídos na faixa etária superior a 60 anos, apenas
um paciente (16,7%) estava na faixa etária de 50-59 anos. Segundo Franken (2002) os idosos
portadores de IAM são geralmente classificados como subgrupo de alto risco, associado,
portanto, a maiores índices de morbidade e mortalidade.
50,959,1
0
20
40
60
80
100
Masculino
Feminino
%%
%
Gráfico 3 Distribuição percentual dos pacientes submetidos à revascularização do miocárdio no Hospital de Referência segundo o número de intercorrências e o sexo. Salvador-Bahia, 2008.
Em relação ao número de intercorrências graves segundo o sexo dos pacientes acometidos
observou-se maior percentual (59,1%) no pós-operatório nos pacientes do sexo feminino,
enquanto no sexo masculino obteve-se um percentual de 50,8%; este resultado está em
concordância com outros estudos realizados por Almeida et al (2003) no Centro de pesquisa
René Rachou - Fiocruz e Ferreira et al (2003) no Hospital Santa Genoveva em Goiânia.
Segundo estes autores o risco aumentado para complicações em cirurgia cardíaca entre as
mulheres, é atribuído a vários fatores como o menor diâmetro das artérias no sexo feminino,
diagnóstico e tratamento das doenças isquêmicas do coração em estágios mais avançados.
Segundo Castro (1999), fatores como a redução do estrógeno com a idade, possivelmente,
interferem nas diferenças de riscos encontrados entre os sexos. De acordo com Poli, (1999), o
estrógeno promove um perfil lipídico menos aterogênico, atuando diretamente sobre as
artérias, especialmente as cerebrais e coronarianas, favorecendo o fluxo sanguíneo. O padrão
hormonal pós menopausa com predomínio de andrógenos favorecem um perfil lipídico mais
aterogênico, que se aproxima em semelhança ao masculino.
Tabela 7 – Distribuição percentual estratificada dos pacientes submetidos à revascularização
do miocárdio no Hospital de Referência segundo as intercorrências que retardaram a alta da
UTI. Salvador-Bahia, 2008.
Complicações Nº (30) %
Síndrome do baixo débito 23 76,7%
Alterações pulmonares 19 63,3%
Hipertensão 10 33,3%
Distúrbios de coagulação 10 33,3%
Reoperações 06 20%
Insuficiência renal com diálise 04 13,3%
Sepse 03 10%
O tempo de internação na Unidade de Terapia Intensiva variou de 02 a 85 dias resultando em
uma média de 8,6 dias, tendo como principais intercorrências que retardaram a alta a
síndrome de baixo débito cardíaco e as alterações pulmonares (atelectasias, derrame pleural,
empiema, infecção do trato respiratória e insuficiência respiratória); sendo identificado um
percentual de 33,3% para a hipertensão e distúrbios de coagulação; A síndrome do baixo
débito compõe a hipovolemia identificada em um (1,3%) paciente, infarto agudo do
miocárdio (1,3%), tamponamento cardíaco (4%), bradiarritmias (2,7%), taquiarritmias
(25,3%), síndrome vasoplégica (1,3%) e o choque cardiogênico (14,7%) (KNOBEL, 2005). A
gravidade do quadro clínico desses pacientes é bem caracterizada pela presença do choque
cardiogênico sua importância é verificada em todos os modelos desenvolvidos como
preditores de mortalidade (ALMEIDA, 2003); destes pacientes cinco (6,7%) evoluíram para
óbito. Autores como Silva et al (1997); Guaragna (2005); Almeida (2003) referem que em
geral a causa mais freqüente de óbitos é a síndrome do baixo débito cardíaco o que neste
estudo ocorreu em 20% dos pacientes.
Considerando a totalidade dos casos a necessidade de reoperação obteve um percentual de 8%
o que destoa da literatura, pois de acordo com Guaragna (2005) o percentual de retorno do
paciente ao bloco cirúrgico varia de 2 a 5%; Os casos de reoperação por sangramento
apresentaram percentual estratificado significativa de 20%; segundo Iglesias, Dallan, Oliveira
(1994), os pacientes idosos tem maior necessidade de reoperações por sangramento, embora
Moraes et al (1989) não confirme essas observações.
A sepse apresentou um menor percentual, segundo Berleze (2005), esta é de ocorrência rara
no pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca, entretanto o mesmo afirma que os pacientes
podem apresentar sítios de infecção, em geral nos cateteres, eventualmente pulmonares ou no
trato urinário, que se desenvolvem após longa permanência hospitalar. Almeida et al (2003)
afirma que uma vez instalada a sepse, com choque séptico, a mortalidade pode ser tão elevada
quanto 70%.
5 CONCLUSÃO
Considerando-se os objetivos desse estudo, pode concluir que a população de idosos foi a que
mais frequentemente se submeteu a RM com CEC, sendo a faixa etária mais acometida a 60-
69 anos, com maior predominância do sexo masculino; observou-se um aumento significativo
no número de caso no sexo feminino também nesta faixa etária com um maior percentual de
complicações nestas, apesar de perfazerem um quantitativo menor. Quanto às lesões
coronarianas houve um predomínio de lesões triarterias. As co-morbidades com maior
percentual foram à hipertensão, dislipidemia e diabetes mellitus. O conhecimento dos
principais fatores de riscos oferece uma oportunidade de implementar medidas preventivas e a
identificação do perfil desses pacientes se faz importante já que contribui com a
implementação da assistência a ser prestada a essa população.
Apesar dos progressos da cirurgia cardíaca que determinam uma melhora geral nos resultados
da revascularização do miocárdio, a percentagem de complicações permanece relativamente
constante. Estas contribuem significativamente para a mortalidade e para o prolongamento do
período de internação hospitalar. O percentual de óbito foi relativamente significante,
correspondente a 10,7% dos casos.
Conclui-se que a maioria das complicações identificadas possui uma ligação considerável
com a utilização da circulação extracorpórea, consequentemente com os riscos apresentadas
no estudo. Um aspecto a ser considerado é que os modelos de estratificação de riscos não
estimam com precisão o risco de intercorrências dos pacientes, uma vez que são derivados de
um grupo de variáveis comumente encontradas, não levando em consideração características
ocorridas de forma infrequente na população e que podem ser decisivas para o resultado de
um indivíduo em particular. Embora os pacientes individualmente, tenham características
únicas eles também apresentam vários aspectos em comum e as considerações das
similaridades nos permitem antecipar riscos e prever resultados para o conjunto; outro aspecto
importante é a possibilidade de intervir nos resultados esperados, otimizando a condição do
paciente cirúrgico.
Deve-se ressaltar a importância da avaliação do paciente nos períodos pré e trans operatórios ,
uma vez que o paciente poderá apresentar problemas no pré ou no trans operatório, que irão
interferir diretamente no período pós-operatório, já que o resultado final da cirurgia cardíaca
depende de muitos fatores: da indicação da cirurgia, das condições clínicas do paciente, do
pré-operatório, do transoperatório (equipe de anestesia), do ato cirúrgico em si (experiência de
cirurgiões), do transporte adequado do bloco cirúrgico para a Unidade de Terapia Intensiva,
dos cuidados no pós-operatório e por fim, do acompanhamento ambulatorial do paciente em
longo prazo.
Faz-se necessário ressaltar que paciente em pós-operatório de cirurgia cardíaca necessita de
cuidados de excelência dirigidos não apenas para os problemas fisiopatológicos, mas também
para questões psicossociais, ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas
aos problemas físicos.
Os resultados obtidos nesse estudo favorecem um direcionamento da assistência com base no
processo de enfermagem e subsidiam estudos similares. Considera-se fundamental o
desenvolvimento e a divulgação de estudos relacionados a esse assunto, no intuito de
direcionar o raciocínio dentro de uma base de conhecimento, permitindo uma análise em
profundidade dos problemas dos pacientes que demandam ações específicas de enfermagem,
contribuindo para o desenvolvimento científico da profissão.
Acredita-se que o presente estudo contribuirá para o planejamento do cuidado ao paciente que
se encontra no período pós-operatório, além de contribuir na fundamentação e formulação de
um protocolo voltado para a sistematização da assistência de enfermagem, resultando na
implementação de ações rápidas e eficazes para a resolução dos problemas identificados,
fornecendo uma aproximação dos enfermeiros aos princípios científicos que regem sua
atuação.
Por fim o conhecimento dos problemas de saúde de um grupo de pacientes com características
comuns, direciona a assistência de enfermagem, fornecendo subsídios para a elaboração do
plano de cuidados, implementação de intervenções, treinamento e qualificação da equipe.
O presente estudo teve como limite o fato que muitas informações não foram possíveis de
serem colhidas pela ausência de registro nos prontuários, como a fração de ejeção,
identificada em outros estudos como preditora de óbito hospitalar após cirurgia de
revascularização do miocárdio.
REFERÊNCIAS
ABBOUD, C.S. Infecção em pós operatório de cirurgia cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http://www.revistasocesp.com.br/11/05/1156.asp. Acesso em 19/09/2008.22:00 ABRAMOV D, TAMARIZ MG et al. Trends in corinary bypass surgery results: a recent, 9-years study. Ann thorac surg 2000; 70:84-90. ALCALDE, R., SABBAG, E., GRANATO, A, et al. Manual de condutas de enfermagem em cirurgia cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, 2003;2; (Sup A): 1-7 ALMEIDA et al. Fatores preditores da mortalidade hospitalar e de complicações graves em cirurgia de revascularização do miocárdio. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. Belo Horizonte; 2003, 80:41-50. ALTAMIRO, R.C Acompanhamento Tardio de Cirurgia de Ravascularização Miocárdica. In: CASTRO I - Cardiologia – Princípios e Prática.Rio de Janeiro: Artes Médicas Sul, 1º ed, 2002, p 1968-71. AMERICAN NURSES ASSOCIATION. (1980). Nursing: A social policy statemet. Kansas City: Author. AMODEO, Celso. Avaliação Renal em Cirurgia Cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1157.asp. Acesso em 17/09/2008.18:30 APPARECIDA, M.A.,RODRIGUES, A.L., CESARETTI, I.U. Enfermagem na Unidade de Centro Cirúrgico. São Paulo: EPU, 2º ed, 1997, p.233. APTE NM, KARNAD DR, MEDHEKAR TP, et al. Gastric colonization and pneumonia in intubated critically ill patients receiving estress ulcer prophylaxis: a randomized, controlled trial. Crit care med 1992;20:590-3 ATRA M, GABBAI AA. Comprometimento do plexo braquial na cirurgia cardíaca para revascularização do miocárdio por esternotomia mediana – avaliação Clínica. Arq. Neuropsiquiatr 1999;57 (4):976-81 ____________. Alterações do sistema nervoso e periférico no pós operatório de cirurgia cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1159.asp. Acesso em 19/09/2008.22:00 BENETI, F.J. Video Assisted coronary bypass sugery cardiac surg. 1995; 10: 620-5.
BERLEZE, Diovanne. Rotinas na admisão do paciente na unidade de pós operatório de cirurgia cardíaca. In Guaragna, JC. Pós operatório em cirurgia cardíaca. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005 p. 17-23. BIANCO, A.C Arritmias no pós operatório de cirurgia cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1169.asp. Acesso em 17/09/2008.18:30 BIERMAN MI, STEIN KL, et al. Pulce oximetry in the postoperative care of cardiac surgical patients. A randomized controlled trial. Chest 1992;102:1367-70.
BIZBIZ L, ALPEROVICH A, ROBERT L. Aging of the vascular wall: serum concentrations of elastin peptides and elastase inhibitors in relation to cardiovascular risk factors. The EVA study. Atherosclerosis 1997; 131: 73-8.
BORDIN, A.C. Rotinas de Enfermagem para Pacientes em Pós Operatório Imediato de Cirurgia Cardíaca. . In Guaragna, JC. Pós operatório em cirurgia cardíaca. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005 p. 345- 50. BOJAR, MR. Respiratory management. In: Manual of Perioporative Care in Cardiac Sugery. 3º ed. Boston: Blackwell Scientific Publications; 1999. p.177-212.
BRAGA CG. A resposta psicossocial de impotência e o "locus de controle" de pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 1999.
BRAILE, D., SOARES, M. Revascularização Miocárdica com Cirurgia Minimamente Invasiva, resultados em 46 pacientes. Rev. Brasileira de Cirurgia Cardíaca, 1998, 13 (3) p 194-7.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução n.1, de 13 de junho de 1988. Normas de pesquisa em saúde- Aspectos éticos da pesquisa em seres humanos.Brasília (DF): Ministério da Saúde; 1998. Cap.2, p. 4-7.
BRAUNWALD, Eugene. Tratado de Medicina Cardiovascular.Rio de Janeiro: Roca, 3º ed, v.02, 1991. BRILHANTES, J.J, LAGREDIS. S. Risco Cirúrgico do Cardiopata. In: KNOBEL, E. Condutas no Paciente Grave. São Paulo: Atheneu, 2ºed, 1999, p 985-94. BRUNNER & SUDDART. Tratado de Enfermagem médico cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 8º ed, 1998. BUFFALO E, BARUZZI ACA, SOUZA JAM. Pós operatório de cirurgia cardíaca. In: Knobel E. condutas no paciente grave. 2 ed. São Paulo, Atheneu, p 1117-22, 1998.
CARVALHO C.C, OLIVEIRA, E.M, SOUZA, J.A. Pós Operatório em Cirurgia Cardíaca. In: In: KNOBEL, E. Condutas no Paciente Grave. São Paulo: Atheneu, 2ºed, 1999, p 1031-41. CASTELLANOS BEP, JOUCLAS VMG. Assistência de enfermagem perioperatória: um modelo conceitual. Rev.Esc Enfermagem USP 1990 dezembro; 24(3):359-70. CASTRO, I. Cardiologia princípio e prática. Porto Alegre: Artmed editora, 1999, p. 217- 20. CINTRA, E.A; NISHIDE, V.M. ; NUNES, W.A. Assistência de enfermagem ao paciente gravemente enfermo. São Paulo: Atheneu, 2º ed, 2003. p.1-10. DANTAS, C., ROLIM, A., OLIVEIRA, C. Cirurgia de revascularização completa do miocárdio sem circulação extra corpórea: Uma realiadade. Rev. Brasileira de Cirurgia Cardíaca, 1997, 12 (2) p 115-21. DALLAN, L.A, OLIVEIRA S.A, LEMOS, P.C. Cirurgia das Artérias Coronárias. In: GOFFI, F.S. Técnica Cirúrgica – Bases Anatômicas, Fisiopatológicas e técnicas de cirurgia.São Paulo: Atheneu, 4º ed, 1998 p. 422-31. EVARO, P.B, RIBEIRO P.J.et al. Vasoplegia em cirurgia cardíaca: fisiopatologia, diagnóstico e conduta. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1159.asp. Acesso em 19/09/2008.22:00 FACHIN, Odélia. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: Saraiva, 3º ed, 2002. p. 273. FAVALORO R.G., EFFLER, D.B. Direct my cardiol revascularization by saphenous vein graft: prevent operative technique and indication. Ann thorac surg. 1970; 10; 97-111. FORROM, J.A, PINHEIRO, J.A. Tamponamento Cardíaco no Pós Operatório de Cirurgia. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 07, Nº 2, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1154.asp. Acesso em 19/09/2008.19:30 FREIRE, Ronald, GUN, Carlos. Admissão do paciente na Unidade de pós operatório – procedimentos de rotinas. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1165.asp. Acesso em 19/09/2008.22:00 GALDEANO, L. E et al. Diagnóstico de Enfermagem de pacientes no período transoperatório de cirurgia cardíaca. Rev Latino-Am. Enfermagem, vol 11, Nº 2, Ribeirão Preto Mar./Apr. 2003. GALLO, B. M.; HUDAK, C. M. Cuidados Intensivos de Enfermagem: uma abordagem holística. 6 ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 1997.p. 326-39.
GARCIA C, et al. Cirurgia de revascularização miocárdica na lesão de tronco de coronária esquerda em pacientes acima de 65 anos de idade. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. 1995; 64: 217-20. GEORGE, J.B et al. Teorias de Enfermagem – Os fundamentos à prática profisssiona.Porto Alegre: Artemed, 14º ed, 2000, p.21-32 GOLDMAN L. ADLER J. General anesthesia and noncardiac surgery in patients with heart disease. In: Braunwald E. Zipes DP, Libby P. heart Disease. 6 ed. Philadelphia. WB Sauders Company., p 2084-95, 2001 GOMES, A. M. et al. Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. 2 ed. São Paulo: EPU, 1988. GOODE, W.J., HATT, P.K. Métodos em pesquisa social. São Paulo: Nacional, 1968, p. 13. GORDON, M. Towards theory-based diagnostic categories. Nursing Diagnosis, 1990 __________ Nursing diagnosis: process and application. 3th ed. New York: McGraw-Hill Book; 1994. GOFFI, F. S. Técnicas ciúrgicas. Bases Anatômicas, fisiológicas e técnicas de cirúrgia. São Paulo: Atheneu, 4º ed, 1997, p. 1742-55 GUARAGNA, J.C et al. Pós Operatório em Cirurgia Cardíaca.1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005; p 01-35 GUN, Carlos. Infarto Agudo do Miocárdio no Pós Operatório Imediato. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1170.asp. Acesso em 17/09/2008.21:00 GUYTON, A.C; HALL, E, J. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 10ed, 2002, p. 270- 282. IGLÉSIAS, J.C., DALLAN, L.A. et al. Octogenários: Resultados de 3659 necrópsias (12 anos de observação). Rev. Brasileira de Cirurgia Cardíaca, 1993, 08; (2) p 39-43. JATENE, F., DIAS, R. et al. Dissecção minimamente invasiva da veia safena para obtenção de enxerto venoso na cirurgia de revascularização do miocárdio. Rev. Brasileira de Cirurgia Cardíaca, 1998, 12 (3) p 244-7. ___________ . Cirurgia de revascularização do miocárdio com uso de enxerto completo. Relato de caso. Rev. Brasileira de Cirurgia Cardíaca. São Paulo,1996, 11 (4) p 307-10. KIRKLIN JW, Cardiac sugery. New York: Churchill-Livingstone, 2º ed,1996.
KITZMAN DW, EDWARDS WD. Mini-review: Age-related changes in the anatomy of the normal human heart. J Gerontol 1990; 45: M33-9.
KNOBEL E, MEYER EC, BARBAS CSV, LORENZI FILHO G. Insuficiência respiratória aguda. In : Condutas no paciente grave. São Paulo: Atheneu; 2º ed, 1999. KNOBEL, M., RODRIGUES, R.G, NUSSBACHER, A. Pós Operatório em Cirurgia Cardíaca de Adultos. In: In: KNOBEL, E. Terapia Intensiva Cardiológica. Rio de Janeiro: Atheneu, 1º ed, 2005, p385-99. LAGUDIS, S., MACHADO, F.S, ERLICHMAN, M.R. Risco Cirúrgico do Cardiopata. In: KNOBEL, E. Terapia Intensiva Cardiológica. Rio de Janeiro: Atheneu, 1º ed, 2005, p 371-383. LISBOA, S., DALLAN, L. et al. Revascularização Completa do Miocárdio: com uso exclusivo de enxertos artérias. Rev. Brasileira de Cirurgia Cardíaca, 1998, 13 (3) p 187-93. MARCONI , M.A .; LAKATOS ,E.M . Técnicas de pesquisa : planejamento e execução de pesquisas , amostragens e técnicas de pesquisas , elaboração análise e interpretação de dados . São Paulo: Atlas, 2º ed, 1990. MACHADO, L.A et al. Seguimento Clínico de Portadores de Cardiopatia Isquêmica Crônica e depois de Revascularização Direta do Miocárdio. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 10, Nº , ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/10/02/965.asp. Acesso em 18/08/2008.14:00 MAGNONI, D. et al. Terapia Nutricional no Pós Operatório Cirurgia Cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1166.asp. Acesso em 17/09/2008.22:00 MANRIQUE, Ricardo. Hemostacia em la cirurgia cardíaca. 1973 (Tese de doutorado) Universidade de San Marcos, facultad de Medicina de San Francisco. _____________ . ___________ . Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1167.asp. Acesso em 18/09/2008.19:00 ____________. Abordagem pré operatória de pacientes em uso de anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Rer Soc. Cardiol Estado de São Paulo 2000;3: 351-60 MASLOW, A.H. Motivation and personality. New York: 2º ed, 1970, Harper & Row, Publishers. MARTINS, R; GUARAGNA, J.C. Infarto Agudo do Miocárdio no Pós Operatório de Cirurgia Cardíaca. . In Guaragna, JC. Pós operatório em cirurgia cardíaca. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005 p. 117-124. MICHEL JLM. Validação de instrumento para coleta de dados de pacientes coronariopatas. [Dissertação]. São Paulo: Escola Paulista de Medicina/UFSP; 1999.
MOREIRA, Dalmo. Insuficiência respiratória no pós operatório de cirurgia cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1158.asp. Acesso em 19/09/2008.22:00 NETO, J.F et al. Miocárdio Hibernado: o que considerar como viável para indicar revascularização? Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/10/02/968.asp. Acesso em 07/10/2008.00:30 OLIVEIRA HF, AQUINO VLA , CALBO VC. A percepção da enfermeira sobre o sistema da assistência de enfermagem perioperatória. Rev Paul Enfermagem 1990 set/dez.; 9(3):97-101. OLIVEIRA, S.A, DALLAN L.A, LISBOA, L.A. Novas técnicas cirúrgicas de revascularização do miocárdio. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 07, Nº 2, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/10/02/972.asp. Acesso em 01/10/2008.18:30 OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica; projetos de pesquisas, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 1997, p.32.
OLIVEIRA, S. A. Cirurgia de revascularização do miocárdico. Rev Soc Cardiol do Estado de São Paulo, 1990; 1:2-8
PASSIK CS, ACKERRMANN DM, PLUTH JR, EDWARDS WD. Temporal changes in the causes of aortic stenosis: a surgical pathologic study of 646 cases. Mayo Clin Proc 1987; 62: 119-23.
PEREIRA, A.H., WENDER. O.C. Pré e pós operatório cirurgia vascular. In : BARRETO, S.M. et al. Rotinas em Terapia Intensiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993, p 286-291. PEREIRA, E. Cuidados Pós Operatórios Imediatos de Cirurgia Cardíaca. In: In: CASTRO I - Cardiologia – Princípios e Prática.Rio de Janeiro: Artes Médicas Sul, 1º ed, 1999, p 1059-65. PIEGAS,L.S GUN, C et al. Síndrome de Baixo Débito no Pós Operatório de Cirurgia Cardíaca. . Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 07, Nº 2, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1168.asp. Acesso em 19/09/2008.22:00 PIMENTA CM, DALM DA, GRAZILIANO KU, KIMURA M, MIYADAHIRA AMK. O ensino da avaliação do paciente: delineamento do conteúdo pelo diagnóstico de enfermagem. Rev Latino-Am Enfermagem 1993 julho; 2(1):69-76. PINHO C, CARAMELLI B. Controle clínico do paciente cirúrgico para procedimentos não cardíacos. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 10 (3), 2000.
POLI, M. Climatério / Menopausa. In: Cardiologia princípio e prática. Porto Alegre, 1999, p.242-45. POTTER, P.A., & PERRY, A.G. Grande Tratado de Enfermagem Prática- Clínica e prática hospitalar.São Paulo: 1º ed, 1995 p.101-22 PORTO, C.C; RASSI, S., SILVA, E.P. Semiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 4º ed, 2000 p. 327-52 RABELO, R., BERNARDES, R., GOMES, M. et al. Revascularização completa do miocárdio: Pontes seqüenciais de veia safena, anastomoses seqüenciais da artéria torácica interna e enxertos compostos. Rev. Brasileira de Cirurgia Cardíaca. São Paulo, 1997, 12 (2) p 110-114. RAMOS, R.F., OLIVEIRA, G.B. Infarto agudo do miocárdio no pós operatório imediato. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 07, Nº 2, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1168.asp. Acesso em 19/09/2008.22:00 REEVES, J.S., & PAUL, C. Visão geral do processo de enfermagem. In Geroge, J.B. Teorias de Enfermagem – Os fundamentos à prática profissional. Porto Alegre: Artemed, 2000 p.11-19. RIZOLLI, J. Manejo das Patologias Endocrinológicas no Pré e Pós Operatório de Cirurgia Cardíaca. In Guaragna, JC. Pós operatório em cirurgia cardíaca. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005 p. 267-80 SANTOS, MF. Avaliação pré operatória pra cirurgia cardíaca. In: Castro I ed. Cardiologia – Princípios e prática. Porto Alegre: artmed, 1999, p1005-8 SCHERER, L; MARTINS, V. Monitorização Hemodinâmica no Pós Operatório de Cirurgia Cardíaca. In Guaragna, JC. Pós operatório em cirurgia cardíaca. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005 p. 83-94 SILVA, L., NASCIMENTO, C.et al. Revascularização do miocárdio em idosos. Rev. Brasileira de Cirurgia Cardíaca, 1997, 12 (2) p 132-40. SENRA D.F, IASBECH J.A, OLIVEIRA A.S. Pos operatório em cirurgia cardíaca de adultos. Rev. Soc Cardiol Estado de São Paulo 1998; 8 p 446-54. _________. Hemodinâmica à beira do leito. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1163.asp. Acesso em 19/09/2008.11:00 SMITH, L., BENNETT, J.C., WYNGAARDEN, J.D. Tratado de medicina interna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 22º ed, 2000, p 303- 27. SONES, J., SHILEY, E.K. Cinecoronary arteriography mad concepts cardiovasc. 1962;31: 735-7.
SOMMERS MS, STERVENSON JS, ET AL. Mixed venous oxygen saturation and oxygen partial pressure as predictors of cardiac index after coronary artery bypass grafting. Heart lung 1993;22:112-20. TACLA, Mounib. Complicações Digestivas no Pós Operatório de Cirurgia Cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1155.asp. Acesso em 19/09/2008.19:30 TATOULIS J, BUXTON BF, et al. Total coronary revascularization: techniques and results in 3,220 patients. Ann thorac surg 1999;68:2093-9
The GUSTO V Investigators. Reperfusion therapy for acute myocardial infarction with fibrinolitic therapy or combination reduced fibrinolitic and platelet glycoprotein IIb/IIIa inhibition: the GUSTO V randomized trial. Lancet 2001; 357: 1898-9.
TIMERMAN A, SOUSA JEMR, PIEGAS LS, BIANCO ACM. Pos operatório de cirurgia cardíaca – Insuficiência respiratória. In: Urgências cardiovasculares. São Paulo: Sarvier; 1996, p. 341-72 ______________. Parada Cardíaca no pós Operatório de Cirurgia Cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 11, Nº 5, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1171.asp. Acesso em 19/09/2008.19:30 VIARO, F., REIS, C.L, et al. Arritmias no pós operatório de cirurgia cardíaca. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, vol 07, Nº 2, ano 2001. Disponível em: http:// www.revistasocesp.com.br/11/05/1178.asp. Acesso em 19/09/2005.22:00
VIEGAS, M. O; FERREIRA, L. B. Perfil epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca no Hospital Santa Genoveva em Goiânia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia.2003,14:1-10.
WEI JY. Mechanisms of disease: Age and the cardiovascular system. N Engl J Med 1992; 327: 1735-9.
ZASLAVSKY, C. Perfil populacional: o que mudou e a repercussão no estudo epidemiológico. In: Cardiologia princípio e prática. Porto Alegre, 1999, p.213-17
APÊNDICES
APÊNDICE – A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO De: Sheila Gomes Nascimento Para Complexo Cardiovascular Ana Nery Ilmo Senhor Diretor
Este presente Termo de Consentimento tem por finalidade solicitar a autorização para a realização da pesquisa intitulada Complicações identificadas em pacientes no pós operatório de revascularização do miocárdio no ano de 2008, que será apresentada à Universidade Castelo Branco em junho de 2009 como pré requisito para aquisição do título de Especialista em Enfermagem em Cardiologia.
Trata-se de um estudo randômico, onde será utilizado o método exploratório descritivo de natureza quantitativa, objetivando a identificação das principais complicações apresentados nos pacientes em pós operatório de revascularização do miocárdio no ano de 2008.
Será resguardado ao Ilmo sr. Diretor o direito de aceitar ou recusar a autorização da pesquisa , bem como retirar seu consentimento em qualquer etapa da mesma, ficando o pesquisador à disposição para esclarecer dúvidas a respeito do estudo, sendo todos os gastos por conta da autora.
A coleta de dados ocorerrá no mês de novembro de 2008, sem interferir nas atividades da instituição. Os resultados serão disponibilizados para esta instituição, através de uma cópia do referido estudo, que será usado somente para fins científicos, de acordo com o decreto nº 93933 outorgado pelo Conselho Nacional de Saúde em 1997 no Rio de Janeiro e a Resolução nº 196196 sobre a pesquisa envolvendo seres humanos. Diante do proposto, solicito à autorização do Ilmo sr. Diretor para a realização da pesquisa nesta instituição.
______________________________________________
(Sheila Gomes Nascimento – Pós Graduanda em Enfermagem em Cardiologia) __________________________________________ (Prof Mestre - Orientador)
APÊNDICE B Registro pacientes
Sexo Idade Tempo CEC
Tempo anóxia
Enxertos Patologia base
Complicações Drogas
BIA Lesão arterial
Obstrução arterial
Tempo internamento
Dor
114 115 116
APÊNDICE - C Manual de códigos das variáveis para estudo do perfil dos pacientes participantes do estudo intitulado Complicações identificadas no Pós Operatório de Revascularização do Miocárdio no ano de 2008. Dados Demográficos Definição Sexo 1- Masculino
2- Feminino Idade 1- 40 a 49 anos
2- 50 a 59 anos 3- 60 a 69 anos 4- 70 a 79 anos 5- > 80 anos
Tempo de CEC 1- < 120 minutos 2- > 120minutos
Enxerto 1- Safena
2- Mamária Lesões arteriais
1- Coronária direita 2- Descendente anterior 3- Circunflexa 4- Tronco coronário esquerdo 5- Acinesia, discinesia, hipocinesia
em ventrículo esquerdo. Grau de obstrução arterial
1- 50% 2- 75% 3- 99% 4- Ocluída
Drogas utilizadas no pós - operatório 1- Dobutamina 2- Noradrenalina 3- Nitroglicerina 4- Nipride 5- Dopamina
Situação Cirúrgica 1- Urgência 2- Eletiva
Tempo de internamento na UTI 1- até 04 dias 2- > 5 dias
Grau de Revascularização 1- Completa 2- Incompleta
Complicações
1- Insuficiência Renal Aguda 2- Insuficiência Renal Aguda com diálise 3- Ventilação mecânica por mais de 12
horas 4- Distúrbio psicomotor 5- Arritmias 6- Acidose metabólica
Complicações
7- Hipotensão 8- Hipertensão 9- Infecções 10- Insuficiência respiratória 11- Síndrome de baixo débito cardíaco 12- Síndrome vasoplégica 13- Distúrbio hidroeletrolíticos 14- Alterações sanguíneas 15- Parada cardio- respiratória 16- Óbito
Patologias de base 1- Angina pectoris 2- Diabetes mellitus 3- Dislipidemias 4- Hipertensão 5- Doença pulmonar obstrutiva crônica 6- Etilismo 7- Tabagismo 8- Insuficiência renal crônica 9- Infarto agudo do miocárdio prévio 10- Angioplastia prévia 11- Doença coronariana 12- Doença Arterial periférica 13- Miocardiopatia isquemica