UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO … · 2015-08-24 · Os desenhos infantis...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM
FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DO DESENHO INFANTIL PARA A COMUNICAÇÃO DA
CRIANÇA, COM CRIANÇAS DAS TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E
ENSINO FUNDAMENTAL I, COM O OLHAR ARTETERAPÊUTICO
Por: Elaine Vieira da Silva
Orientador
Profa. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM
FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DO DESENHO INFANTIL PARA A COMUNICAÇÃO DA
CRIANÇA, COM CRIANÇAS DAS TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO
FUNDAMENTAL I, COM O OLHAR ARTETERAPÊUTICO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Arteterapia. Por: Elaine
Vieira da Silva
Rio de Janeiro
2015
AGRADECIMENTOS
... a Deus, aos meus pais, meu marido,
meu irmão e minha cunhada por toda
ajuda e incentivo...
DEDICATÓRIA
...aos meninos da família: meu filho
Miguel e meu afilhado Nícolas que
possibilitaram o melhor entendimento
através dos seus desenhos...
RESUMO
Neste trabalho será abordada a importância e a valorização do desenho
infantil como facilitador para a comunicação da criança. Nesta fase a criança se
expressa e reproduz, através do desenho, experiências vividas que ficaram
guardadas em sua memória. Através desta obra de arte, feita por ela, será
possível conhecer o que está sendo vivenciado e valorizado em sua vida.
Nancy Rabello (2014) assegura que “quando a criança desenha traz imagens
mentais para o papel e cria sua obra de arte. Isso significa transformar o que
tem na imaginação, na linguagem artística. Sendo assim, há uma relação
dialética entre o que imagina e o que desenha, portanto transforma a sua
imaginação em formas gráficas e deixa registrado o que está sentindo, o que
pensa, ou o que desejaria que acontecesse”. Através dos desenhos a criança
tem a oportunidade de expressar aquilo que ela não consegue verbalizar, às
vezes por ser tímida ou viver num ambiente opressor. Esclarecendo como o
desenho pode ajudar na comunicação da criança e demonstrando como ela se
sente no mundo. Será compreendida a importância do desenho infantil com a
análise da evolução do grafismo.
METODOLOGIA
Nesta pesquisa foi feito um estudo dirigido nas turmas de educação
infantil e ensino fundamental I, através de um estudo teórico sobre a
importância e valorização do desenho infantil como meio de comunicação da
vida e sentimento da criança.
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica através de análise de livros e
sites.
Os desenhos infantis observados foram realizados pelos alunos em
atividades livres, sem a interferência do professor e foram utilizados para a
ilustração do assunto.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - Compreensão do desenho infantil 10
CAPÍTULO II – Analisar a evolução do grafismo 17
CAPÍTULO III – Facilitar a comunicação da criança com o mundo
através do olhar arteterapêutico 29
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 41
8
INTRODUÇÃO
“O desenho é uma das manifestações semióticas, isto é, uma das
formas através das quais a função de atribuição da significação se expressa e
se constrói. Desenvolve-se concomitantemente às outras manifestações, entre
as quais o brinquedo e a linguagem verbal (PIAGET, 1973).”
O presente trabalho irá relatar a importância que deve ser dada ao
desenho infantil. É fundamental que pais, professores e educadores conheçam
que a criança tem algumas fases e que elas devem ser orientadas
corretamente, para que possam se expressar, através dos seus riscos, e
posteriormente, pelos seus desenhos, obras de arte. Na fase do desenho é
possível ser desenvolvida habilidades na criança com atividades livres e
dirigidas, cuidando para serem respeitadas as fases em que o indivíduo está
passando. O desenho tem a função de possibilitar a representação da
realidade.
Segundo Nancy Rabello (2014) o desenho infantil é muito importante,
pois, nele sempre tem uma história ser a contada. Mesmo inconsciente a
criança produz algo que marcou uma história de grande valia em os seus
desenhos. Suas obras de artes trazem detalhes importantíssimos da vida e da
memória da criança.
O primeiro capítulo irá tratar sobre o grafismo infantil, ele já pode ser
observado desde muito cedo, chamamos de garatujas os seus primeiros traços
no papel. Esta fase se inicia apenas com um e meio a dois anos de idade. Uma
grande característica do desenho infantil é que ele tem muito que a criança
sabe do objeto e pouco parece com o que ela vê.
É preciso permitir e incentivar a criança para o desenho, pois o mesmo
vai sendo aperfeiçoado com o passar dos anos. A criança vai adquirindo
controle e confiança em seus movimentos e pode começar a definir melhor a
forma desejada, com o passar do tempo.
O segundo capítulo aborda a evolução do grafismo infantil, assim como
há o desenvolvimento do corpo e o aprimorar das habilidades, também o
grafismo precisa desta maturação. Cada criança se desenvolve a seu tempo.
9
Conforme vão crescendo, seus rabiscos ficam mais complexos. Não se
tem uma precisão para datar com certeza quando a criança passará de uma
fase pra para outra. Quando as crianças iniciam seus desenhos, não é possível
identificar formas que conhecemos, é uma mistura de traços.
Não se deve subestimar uma criança no momento em que ela estiver
produzindo sua “obra”, assim, com essa atitude indevida, é possível bloquear
sua criatividade e seu interesse pelo desenho.
O terceiro capítulo mostra o olhar arteterapêutico:
“O olhar arteterapêutico nos abre possibilidades de enriquecimento, de ajuda à criança em relação ao seu estar no mundo, além de trabalhar a sua autoestima e seu autoconhecimento. (...) a leitura dos desenhos, por certo, irá ampliar o conhecimento que se tem das crianças, conhecer seus desejos, seus anseios, saber de suas inseguranças e tristezas (...). Este poderá ser o papel do arteterapeuta na escola, um mediador entre crianças, pais e coordenação”, explica Nancy Rabello.
Com esse olhar mais sensível e propiciar um ambiente correto para essa
análise dos desenhos, o arteterapeuta observa a criança que se expressa
através dos seus desenhos, pois muitas vezes não sabem relatar o que sentem
ou o que estão vivendo e assim, relatam graficamente e também através das
cores. Nestes desenhos podem ser encontradas muitas respostas para alguns
problemas e assim surgirão sugestões para um melhor convívio e
desenvolvimento no dia a dia da criança.
10
CAPÍTULO I
COMPREENSÃO DO DESENHO INFANTIL
“Eu não pinto as coisas como as vejo,
mas sim como as penso.” Pablo Picasso
Desde os tempos pré-históricos, o humano procurava representar, pelo
desenho, o seu dia a dia. Nesta época, começa a surgir a arte rupestre. O
homem primitivo desenha suas impressões no seu habitat: cavernas, em
peles de animais ou em árvores, tudo que o cercava era registrado em seus
rabiscos, inclusive personagens de sua imaginação. A criança, na fase pré-
escolar não é diferente, elas adoram desenhar e dar forma aos seus
pensamentos. Com o desenho elas possuem a possibilidade de expor seus
sentimentos e expressar suas emoções em relação a si mesmas e ao
mundo. Quando ela desenha traz para o seu papel imagens de sua mente,
transformando o que imagina em arte, dando formas para sua imaginação.
http://pt.slideshare.net/Mariinazorzi/arte-rupestre-25279063 - 28/07/15
Desenhar é uma atividade divertida e mexe com o lúdico, e através dela,
a criança pode expressar seus sentimentos utilizando traços e cores. Esta é
uma fase onde a criatividade não tem fim, o lúdico está muito aflorado e
desenhar é muito importante. Este simples ato, não é feito com
compromisso, é algo que flui com suavidade e livremente. Quando produz
seus desenhos a criança conversa com ele, mostrando que é mais uma de
11
suas brincadeiras, mas essas obras de arte carregam, em algumas vezes,
uma história interessante onde a criança expressa sua realidade, mostrando
como está o seu mundo, sua vida.
O desenhar está presente na maioria das atividades das escolas de
educação infantil e em muitas destas escolas o desenho não é valorizado
pelo profissional ou responsável que está com a criança. Quando dizem que
não sabem desenhar quase sempre não recebem atenção ou orientação do
profissional para melhorar seus rabiscos. Em algumas escolas não há um
retorno construtivo por parte dos profissionais, que ao receber um aluno com
seu desenho não demonstra interesse nesta obra tão rica. É um conteúdo
muito mais rico que conseguimos imaginar. É necessário estar sempre
preparado para ajudar as crianças na produção de seus desenhos. É preciso
que ela receba condições tanto materiais como pedagógicas para conseguir
se expressar de forma livre e criativa em seus momentos de criação.
É possível bloquear, interromper o ato criador e expressivo se o adulto,
ansioso, em ver uma evolução rápida no grafismo da criança fazendo com
que a criança fique desmotivada em continuar desenhando. Ficará insegura
com o resultado ou a avaliação que poderá ser recebida. Alguns professores
alegam que oferecem desenhos prontos porque os alunos não sabem
desenhar e então, ao dar estes desenhos prontos para a criança colorir, o
profissional deixa de respeitar e valorizar a personalidade infantil mostrando
para os pequenos que eles não são capazes de produzir os seus próprios
desenhos, suas próprias “capinhas” de seus trabalhos.
Nancy Rabello (2014) afirma que “os desenhos, que algumas vezes vi
em escolas, que trazem para as crianças são desenhos prontos,
mimeografados e neles a criança só tem de pintar, e com isso, inibe a
criatividade”. Atividades de artes devem ser de maneira livre e criadora,
deixando a criança criar com espontaneidade, sem a utilização de materiais
com desenhos prontos, também não se deve ensiná-las a colorir, elas devem
ser sensíveis em criar o seu.
Utilizar o desenho livre em casa ou em sala de aula ajuda a estimular a
criatividade, organizar pensamento, coordenação motora, entre outros. A
12
criatividade não é ensinada e sim estimulada na hora da criação do desenho.
O desenho é para a criança algo que frui do imaginário e ela desenvolve
utilizando sua criatividade. Derdyk (2003, p.64) escreve que: “A criança, em
um determinado momento, percebe que tudo que está depositado no papel
partiu dela. Não lhe foi dado, foi inventado por ela mesma. Inaugura-se o
terreno da criação”.
http://avisala.org.br/index.php/assunto/tempo-didadico/ver-alem-dos-rabiscos/ 28/07/15
Fayga Ostrower (2004) diz que “a criatividade é inerente à condição
humana”.
Porcher diz que “O desenho é um ato de inteligência, desenhar é um ato
de inteligência. Isto quer dizer notadamente que, para as crianças, ele
representa uma das maneiras fundamentais de apropriar-se do mundo e, em
particular do espaço”. (1982, p.106)
É importante os profissionais entenderem que quando a criança está
desenvolvendo o seu desenho, depositando toda a sua imaginação e
criatividade, ela está realizando e imprimindo no papel, experiências,
vivências e momentos importantes do seu mundo. Isto é fundamental para o
seu desenvolvimento, pois se expressar artisticamente é estar registrando a
sua personalidade.
Mas não só isso que esse fazer simples, mas muito importante,
possibilita. Em muitas vezes, o desenho infantil, pode parecer sem sentido
13
para os adultos, mas nestes traços podemos visualizar o que a criança sabe
daquele objeto e que os riscos, aparentemente igual para nós, para ela são
únicos e cheios de significados. Se for criticada pelo adulto, com o tempo, a
criança não desenha mais com espontaneidade, fica preocupada em
produzir formas perfeitas, com medo da avaliação de certo ou errado do
adulto. Eles passam para as crianças que o desenho tem que parecer muito
com o real.
A opinião dos pais em relação aos desenhos das crianças pequenas
também tem seu valor. Malchiodi (1998), arteterapeuta, afirma:
“As observações feitas por pai/mãe podem ter um impacto no desejo e
na motivação das crianças para fazer arte; mesmo os pais mais bem
intencionados têm por vezes interpretado mal o conteúdo do desenho de
um filho, talvez inconscientemente desencorajando-o de continuar a
desenhar”. (Malchiodi, 1998, p.22)
“É importante que preservemos nos desenhos a criatividade da criança,
não querendo que desenhe casinhas iguais às nossas ou patinhos que são
parecidos com o número 2, ou ainda, que suas árvores sejam sempre verdes
e frondosas. Já vi muitos adultos dizendo que ‘não é assim que se faz... vou
fazer aqui e você copia’. Isso tolhe a liberdade e a criatividade. Se o desenho
feito não parece com o real, aos olhos dos adultos, no entanto, para a
criança, está perfeito. Isso é o que importa.” (Nancy Rabello, 2014)
http://magnoliamoura.blogspot.com.br/2011/07/grafismo-infantil-um-desafio.html- 28/07/15
14
Para se comunicar com os adultos ou com os outros, a criança utiliza de
suas garatujas, usando dos seus conhecimentos sobre a família, ela
desenha seus brinquedos, reproduz lugares que visitou ou que deseja visitar.
Cria histórias fantasiosas com personagens de sua imaginação e super-
herois. Ferreira (1998, p.45) afirma que, “a constituição da criança não pode
ser explicada apenas pelos fatores biológicos. Os fatores culturais e sociais
também constituem a criança”.
O fazer artístico tem grande chance de trazer enriquecimentos e
conhecimentos, trazendo oportunidades de ser criativo, respeitando cada
fase do seu desenvolvimento.
Para nós adultos, é difícil compreender esses traçados. Nessa etapa,
parecem rabiscos sem ordens e sem significados, mas para quem o produz
ele é cheio de valores.
Ao desenhar a criança imprime o que conhece do mundo real e sua
imaginação, utilizando de fatos da realidade, traz vivências do seu dia a dia.
É uma maneira de fazer a comunicação com o mundo e com quem a cerca
através do desenho e não das palavras, pois ainda não as domina. É preciso
perceber que as crianças têm um sentimento diferenciado ao dos adultos em
relação a sua arte. Por isso, ao apreciar uma obra de arte infantil, é preciso
considerar que a criança passa por fases de desenvolvimento e que se deve
respeitar todo o seu simbolismo, ideias, sua individualidade.
Em um trabalho artístico, não se faz necessário uma avaliação, não tendo
certo ou errado quando se trata de uma expressão artística.
De forma inconsciente e também consciente o indivíduo traz para o seu
desenho informações importantíssimas. Jung dizia que os desenhos
carregam símbolos do inconsciente. Jung (in FURTH, 2006) diz que
informações do inconsciente são representadas através de símbolos que
aparecem nos desenhos.
As “obras de arte” destes pequenos artistas trazem valores de sua cultura,
credo. Fazer esses desenhos é comum no mundo infantil. Elas são
formuladas e criam formas através das experiências vividas e influenciadas
pelo meio em que vive.
15
PCNs/Arte (2000, p.20): A arte de cada cultura revela o modo de
perceber, sentir e articular significados e valores que governam os diferentes
tipos de relações entre os indivíduos na sociedade. A arte solicita a visão, a
escuta e os demais sentidos como portas de entrada para uma compreensão
mais significativa das questões sociais.
Da autora - Desenho da Santa Missa feito por uma criança de 6 anos
Segundo Arno Stern (1974) educador alemão que faz pesquisas sobre o
desenho infantil há mais de sessenta anos, podemos usar os desenhos em
três áreas: testes para serem usados por psicólogos, na psicanálise e nas
áreas terapêuticas. Ele também é usado em escolas para possibilitar, através
do olhar da Arteterapia, a criança possa ser mais bem compreendida.
Aurora Ferreira (2004 p.53) afirma que, “O importante é que a arte da
criança seja valorizada e que os adultos não permitam que as crianças
passem pelas etapas de desenvolvimento de forma incorreta, trazendo
consequências futuras”.
Barbosa (1991, p.4) afirma que:
“Arte não é apenas básico, mas fundamental na educação de um país
que se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma
forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário
e é conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser
humano”.
16
Para finalizar, um trecho do texto Montessori:
“... não ensinamos desenho diretamente à criança. Nós a preparamos
indiretamente, deixando-a livre para a misteriosa e divina tarefa de produzir
coisas de acordo com seus próprios sentimentos. Assim, o desenho vem
satisfazer uma necessidade de expressão, da mesma forma que a
linguagem; e quase toda ideia pode buscar expressão por meio do desenho.
O esforço de aperfeiçoar essa expressão é muito similar ao que a criança
desenvolve quando se esforça para aperfeiçoar sua linguagem a fim de ver
seu pensamento traduzido em realidade. Esse esforço é espontâneo; e o
verdadeiro professor de desenho é a vida interior, que a partir de si mesma,
se desenvolve, atinge o refinamento e busca irresistivelmente nascer para a
existência externa sob alguma forma empírica. Até a menor das crianças
tenta espontaneamente desenhar os objetos que vê (...). O desenvolvimento
universal da maravilha linguagem das mãos não virá de uma ‘escola de
desenho’, mas de uma ‘escola do novo homem’, que fará essa linguagem
brotar espontaneamente como água de uma fonte inesgotável. Para conferir
o dom do desenho, devemos criar um olhar que veja, uma mão que obedeça,
uma alma que sinta; e para esta tarefa a vida toda deve colaborar. Nesse
sentido, a própria vida é apenas uma preparação para o desenho. Se
estivermos vivos, a centelha interior da visão fará o resto.
(MONTESSORI, 1918)
ANALISA
Vanessa Coutinh
p.63),
“Desde o nasci
princípio, guiados pe
por uma infinidade d
verbos que a huma
seus primeiros mome
http://www.prof2000.pt
A criança se e
estudiosos, cientista
se expressar com es
realiza algo com extr
Vanessa Coutin
buscam apontar se
forma de brincar. Nã
suficiente que saib
expressão possíveis
CAPÍTULO II
ALISAR A EVOLUÇÃO DO GRAFI
outinho cita, em seu livro Arteterapia com
ascimento, temos forte necessidade de n
s pelo instinto de sobrevivência, e com o p
de de outras razões. Expressar, comunica
umanidade busca desde seus primórdios, e
omentos”.
0.pt/users/hjco/viseuweb/gravasco/sentir.htm - 03/08
uma criança de um ano de idade
se expressa livremente quando está br
ntistas pesquisaram sobre este assunto: o br
om espontaneidade, a pessoa não está contid
m extrema vontade, afirma Read.
outinho (2013, p. 64), diz que “Existem
se o brincar seria uma forma de arte ou a
. Não entrarei nesse mérito, uma vez que co
saibamos serem ambos, o brincar e a
veis de serem utilizadas pelas crianças”.
17
RAFISMO
com crianças (2013,
e nos expressar. A
o passar do tempo,
nicar, relacionar são
s, e o bebê, desde
3/08/15 - Desenho de
tá brincando. Vários
: o brincar infantil. Ao
contida, de forma que
em discussões que
ou a arte seria uma
e considero
a arte, formas de
18
A evolução das etapas do desenho da criança se dá de forma
semelhante para todas e independe do meio em que ela vive, da cultura,
localidade, etc. Pode ser que suas vivências venham aparecer em suas
obras de arte, porém as fases do grafismo são semelhantes.
Será relatado neste capítulo, as fases da evolução do grafismo,
mostrando as etapas de maneira simples e prática.
Para cada etapa, o indivíduo tem um jeito de decidir como será feito o
seu elemento. Não é exata a combinação entre a idade em que a criança
está e a fase do grafismo. Fazendo referência a Jean Piaget, Vasconcelos
(2001, p. 24) diz:
“Para Piaget, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por
estágios. Por volta do dois anos, ela evolui do estágio sensório-motor, em
que a ação envolve os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos
(como sugar a mamadeira) e o pensamento se dá somente sobre as coisas
presentes na ação que desenvolve, para o pré-operatório”.
http://www.prof2000.pt/users/hjco/viseuweb/gravasco/sentir.htm - 03/08/15 - Desenho de
uma criança de 2 anos de idade
É um assunto que ainda precisa ser muito estudado por existir uma
enorme variação de criança para criança desenvolvendo-se cada uma a seu
jeito.
A grafia infantil tem variações de ser expressa, pois varia de acordo
com a idade em que a criança se encontra. Existem momentos em que
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esses desenhos são comuns. Para Lowenfeld (1977), existem alguns
estágios desse grafismo.
Estágios da evolução do grafismo
1º – Estágio da rabiscação – Prolongamento dos gestos:
É uma fase muito importante no desenvolvimento e formação da criança. É
preciso que o profissional responsável da educação que esteja responsável
por aquela criança, tenha o conhecimento, a formação necessária sobre o
desenvolvimento e evolução do grafismo na infância para melhor orientar o
seu aluno.
Derdyk (2003, p. 15) cita que... “Se o arte-educador da pré-escola não
possuir uma vivência prática e afetiva das linguagens expressivas, facilmente
incorrerá em erros grosseiros na avaliação daquelas garatujas e rabiscos
aparentemente inúteis”.
Viktor Lowenfeld (1977) separa a evolução do grafismo em quatro
estágios, neste primeiro é caracterizado por um traço próprio cheio de
personalidade. Esta fase se passa por volta de um ano a quatro anos de
idade, com variações, no surgimento de movimentos motores, gestos
instintivo, ação motora. Esses desenhos realizados no início da infância são
realizados com ação e gestos grandes com amplitude, utilizando as mãos, os
braços e o corpo. Momento de exploração e conhecimento do corpo. Não
são gestos organizados, acontecem sem o propósito de desenhar
determinada imagem. Elas não têm o objetivo de realizar desenhos, não tem
a intenção, fazem instintivamente. Mas se pode observar o registro no papel
e perceber a força, a cor, o traço, o movimento.
20
http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/galeria-apurando-olhar-producoes-artisticas-
educacao-infantil-749246.shtml#ad-image-6- 28/07/15
São gestos que resultam em prazer, ampliando suas necessidades
motoras. Neste estágio, mais prazeroso que intencional, a criança se
expressa, libertando e demonstrando através do seu traçado seus
sentimentos, ternura, medo, agressividade.
Para a pesquisadora Rhoda Kellogg (1985), o movimento da rabiscação
da primeira infância tem um papel fundamental nos desenhos futuros. Ela
diz,
“... dos rabiscos iniciais, nascem as formas circulares, triangulares,
irregulares, a cruz e o x, denominado por ela de diagramas básicos. A cruz e
o x podem parecer simples, mas a construção das duas perpendiculares,
com horizontal/vertical ou com linhas oblíquas, é uma ação importante”.
2º – Estágio de início da figuração – Figuras reconhecíveis:
Nesta fase a criança libera uma descarga de energia natural sobre o
papel juntamente com o material que está sendo usado. Essa
experimentação pode rasgar e até furar o papel. O educador fica um pouco
preocupado e indeciso neste momento. Não se deve reprimir a criança neste
momento, isso tudo faz parte desta fase. É a fase de estimular a liberdade de
criar, oferecendo materiais de acordo com o momento.
21
Não é correto que o profissional faça comentários e nem perguntas em
relação ao que a criança desenhou. Ela entra agora na fase da fabulação,
etapa em que a criança começa a dar nomes às suas produções. Nesta
etapa é importante entender a criança e o que ela produz. Derdyk (2003, p.
15) comenta:
“Para o educador da pré-escola, é essencial absorver a noção da
possível inter-relação e interdependência de todas as instâncias físicas,
psíquicas, emocionais, culturais, biológicas, simbólicas, enfim, de tudo o que
ocorro para o pleno desenvolvimento da criança”.
Segundo Viktor Lowenfeld (1977), este segundo estágio acontece por
volta de quatro aos sete anos de idade, que se classifica por início da
figuração. É a fase em que os rabiscos vão ficando reconhecíveis, definindo
os seus significados. Elas percebem que podem fazer uma relação entre o
desenho e o pensamento.
http://www.prof2000.pt/users/hjco/viseuweb/gravasco/sentir.htm - 03/08/15
22
http://www.prof2000.pt/users/hjco/viseuweb/gravasco/sentir.htm - 03/08/15
Existe uma constante mudança nos símbolos que a criança
experimenta em seu desenho. Constantemente ela vai modificando o seu
objeto está sempre em busca de conceituar a forma ao fazê-lo, repetindo os
elementos em sua arte.
Em alguns momentos de produção artística, a criança mexe o papel,
vira a folha diversas vezes enquanto cria e fala sobre sua expressão gráfica.
O criante começa a perceber que existe uma relação entre sua obra, o
pensar e sua realidade.
Nesta fase a criança começa a representar a figura humana por um
círculo não regular e dele desenha os braços e pernas, aprimorando-o
posteriormente com mais detalhes, enriquecendo esta figura. Por conta deste
momento, esta estrutura feita nesta fase, é a base para os desenhos das
figuras humanas futuras.
23
Desenho feito pelo Miguel de 4 anos- “Este é o meu amigo David”
http://avisala.org.br/index.php/assunto/tempo-didadico/ver-alem-dos-rabiscos/ 03/08/15
Lowenfeld (in FERREIRA, 2010) diz que nesta etapa a criança não
consegue demonstrar em sua criação a proporção correta dos tamanhos
reais, de acordo com a realidade. Podendo dar preferência em fazer em
tamanhos maiores aquilo que mais lhe agrada. Aparecem alguns exageros e
figuras repetidas. Suas figuras são desalinhadas e com figuras enfileiradas
não se preocupando com o espaço. Por volta dos seis anos, a criança
organiza melhor seu espaço. Já realiza desenhos de árvores, casas,
pessoas e imprime detalhes de sua cultura.
24
Sobre isso, Sans (1995, p.48) afirma:
“A criança que está fantasiando em suas estórias, brincadeiras,
desenhos e, de modo geral, misturando sonho e realidade, está fazendo uso
mais intenso da inteligência e está se aproximando cada vez mais de
conquistar uma nova visão do mundo”.
Desenho feito por uma criança de apenas 5 anos – “Vovó Rosa pegando sol”
Está dentro da normalidade que a criança ainda esteja com
características da primeira fase ao pintar. Existe a evolução no desenho mas
ela ainda pinta com rabiscos.
Segundo Lowenfeld (1997), a criança usa a cor de acordo com a sua
emoção e por prazer, não se preocupa em copiar a realidade, fazendo o uso
da cor de acordo com o seu agrado, seu gosto.
3º – Estágio da figuração esquemática – Desenha o que sabe:
Acontece por volta de sete a dez anos, faz uma organização espacial
melhor em sua obra aparecendo, com mais frequência, casas, árvores,
carros, pessoas que fazem parte de sua cultura.
Algumas características desta fase, denominada simbólico-esquemática
aparecem: linha de base ou linha do chão, figura humana de frente, na linha
25
do chão ficam as árvores, casas. Colore com cores reais com as vistas,
folhas verdes, sol amarelo. Utiliza também a borda da folha como linha do
“chão”. Nicolau (1995, p.14) diz sobre este momento:
“Dependendo de suas experiências emocionais, a criança
poderá usar a borda do papel como linha de base, omiti-la,
desenhá-la dupla ou curva. Outro processo de representar o
espaço é do rebatimento ou dobragem, quando os objetos são
desenhados perpendicularmente à linha de base. E há ainda outro
tipo de representação, os raios X, em que é mostrado o interior
dos objetos”.
Uma das características desta etapa é a transparência. Segundo
Lowenfeld a transparência acontece quando a criança desenha o que
aparece fora e dentro do seu modelo. Ela nos mostra o interior, por exemplo,
de um carro, uma casa, o bebê que está dentro da barriga da mamãe que
está grávida.
Nicolau (1995, p.14) diz:
“Os desenhos, as pinturas e realizações expressivas das
crianças não apenas representam seus conceitos,
percepções e sentimentos em relação ao meio, como
também possibilitam ao adulto sensível e consciente uma
melhor compreensão da criança”.
Meu sobrinho desenhou o papai, a mamãe grávida e ele.
26
4º- Estágio da figuração realista – Representa o que vê:
Nesta etapa recomenda-se a usar estímulos que remetem as
experiências do cotidiano da criança, explorando o potencial criativo
incentivando-a com o uso de desafios para assim estimular sua curiosidade.
Aos dez anos de idade, a criança, produz seus desenhos com muito cuidado
e detalhes. Cabe ao professor elogiar, incentivar, dando valor à criação
artística da criança, assim haverá um progresso em suas criações havendo
mais interesse e curiosidade nas realizações de seus desenhos.
Aurora Ferreira (2012, p.47) diz que “O papel do professor é sempre
demonstrar segurança, afetividade e tranquilidade aos seus alunos”.
Este estágio é denominado por Viktor Lowenfeld (1997) por idade da
“turma”, pois percebe que a criação pode ser melhor quando se está em
grupo e não sozinha. Ela, a criança, já consegue copiar tudo que a cerca,
super-heroi, vídeo game e os desenhos dos amigos. Sobre este fato, Louis
Porcher (1982, p. 128) explica:
“O fato é que a partir desse momento, e cada vez mais (até
o fim da adolescência, na verdade, se é que ela ainda está
desenhando e pintando) a criança copia. Mas ela tem
também consciência da imperfeição das suas cópias, as
quais não conseguem, aliás, equilibrar o seu sentimento de
impotência. Ela desanima, e passa a fazer decalques.
Decepciona-se mais e mais; sente vergonha, e abandona:
é o famoso “eu não sei desenhar”.
Neste momento o professor deve incentivar a criança a explorar o seu
processo criador para realizar desenhos pessoais e não utilizar sua
criatividade realizando cópias de desenhos prontos que coopera na
destruição do seu potencial criador.
27
A isso Aurora Ferreira (2012, p. 46) diz que “O desenho mimeografado,
o desenho pronto, deve ser abolido das atividades artísticas da criança, pois
sua prática interfere negativamente no desenvolvimento da criança, no
processo de percepção, no raciocínio e na criatividade”.
Aproximadamente aos 12 anos, a criança dá inicio ao uso da
perspectiva, é a etapa que termina o grafismo infantil. Ela é detalhista e
produz suas obras sem falhas, com perfeição. Começa a ficar mais crítica e
diminui a espontaneidade.
http://www.prof2000.pt/users/hjco/viseuweb/gravasco/sentir.htm - 03/08/15
Cada criança evolui em seu tempo, umas mais rápidas, outras mais
devagar e essa evolução deve ser no tempo da criança, sem acelerar a
passagem das etapas; elas são carregadas de sentimentos, emoções. A arte
que a criança faz não tem importância, o que importa é a criança.
Nancy Rabello (2014, p.58) diz:
“Acredita-se que estas etapas acontecem no desenvolvimento
infantil, independentemente de classe social ou mesmo cultural,
porém as crianças menos estimuladas permaneçam mais em
alguma etapa ou demoram em atravessar cada etapa,
diferentemente das mais estimuladas ou, ainda, crianças com
necessidades educativas também podem permanecer em uma
fase por mais tempo ou mesmo não atingir a fase que vem a
seguir, permanecendo em um determinado estágio do desenho”.
28
CAPÍTULO III
FACILITAR A COMUNICAÇÃO DA CRIANÇA COM O MUNDO ATRAVÉS DO OLHAR
ARTETERAPÊUTICO
“O desenho é a maneira que as crianças têm de se
comunicar e de se posicionar no mundo”.
Nancy Rabello
A arteterapia segundo Phillippini (2000):
“... considerá-la como um processo terapêutico, que ocorre através da
utilização de modalidades expressivas diversas. As atividades artísticas
utilizadas configurarão uma produção simbólica, concretizada em inúmeras
possibilidades plásticas, diversas formas, cores, volumes, etc. Esta
materialidade permite o confronto e gradualmente a atribuição de significado às
informações provenientes de níveis muito profundos da psique, que pouco a
pouco serão apreendidos pela consciência”.
A Arteterapia possibilita a utilização de experiências e criatividades
humanas para obter o seu autoconhecimento e transformação. É a soma dos
saberes.
É necessário que se tenha um olhar variado em relação ao desenho que
a criança faz. Ao olhar o desenho infantil é possível ter variados pontos de vista,
mas o que será tratado neste capítulo é um olhar mais apurado, o olhar do
arteterapeuta. Por isso, é importante valorizar tudo o que for usado pelo criante:
o espaço da folha, a força que foi usada no desenho, as cores, tudo isso traz
uma história importante sobre a criança.
Quando se trabalha interpretando as garatujas destes pequenos artistas,
é papel do arteterapeuta, ser um mediador, levando informações para os pais e
os educadores, para que eles conheçam todo o simbolismo existente nestes
29
desenhos, assim terão mais conhecimentos sobre esta criança, para que ela
melhor se relacione.
http://muletacientifica.blogspot.com.br/2015/04/tudo-sobre-arteterapia-no-combate.html -
31/07/15
Desta forma, o arteterapeuta, irá reunir imagens contidas nos desenhos
realizados pelas crianças para descobrir o que cada figura traz de informação e
simbolismo, através de diálogos com os criadores. Sabendo que nem todos os
detalhes tem algo a contar, sem necessidade de ficar decifrando todo rabisco
feito pela criança.
Nancy Rabello (2014, p.16) diz que:
“O olhar arteterapêutico nos abre possibilidades de enriquecimento, de
ajuda à criança em relação ao seu estar no mundo, além de trabalhar a sua
autoestima e se autoconhecimento. Isso poderá ocorrer caso seja realizado um
trabalho posterior à interpretação dos desenhos, sendo que a leitura dos
desenhos, por certo, irá ampliar o conhecimento que se tem das crianças,
conhecer seus desejos, seus anseios, saber de suas inseguranças e tristezas.
Isto significa visualizar o seu mundo interno, podendo transformar traçados
aflitos em traçados mais amenos, cores fortes em cores que transmitem
serenidade e harmonia, sempre partindo de um trabalho realizado com a
criança, com consentimento dos pais, o que não acontece de um dia para o
outro, fazendo parte de um processo (sendo realizado em sessões com
arteterapeutas e nunca na sala de aula). Este poderá ser um papel do
arteterapeuta na escola, um mediador entre crianças, pais e coordenação”.
30
Desta maneira, o arteterapeuta consegue perceber a evolução do
grafismo da criança. Se essa evolução está de acordo com a idade em que está
e com o meio sociocultural em que vive.
https://sites.google.com/site/seourpicz/1/people-and-society/br/9/criancas-desenho-page-
46 03/08/15
Por ainda não conseguirem se expressar por palavras, por estarem em
desenvolvimento, às crianças não entendem seus sentimentos e não
conseguem identificá-los e sem perceber registra-os em seus desenhos
retratando também suas necessidades. Portanto ao desenhar, a criança, traz
para seus trabalhos importantes informações, e é papel do arteterapeuta ter
este olhar mais sensível, buscando informações e respostas para estes
possíveis problemas.
http://rosanagonzales.blogspot.com.br/2012/10/analise-de-desenho-para-o-curso-de-
pos.html - 03/08/15
31
Ao desenhar, a criança, retrata em seu desenho, seus sentimentos e
necessidades. Muitas vezes sem perceber que estão deixando registrado algo
tão importante e valioso de sua vida, inconscientemente, pois ainda estão em
processo de formação e desenvolvimento. Estes rabiscos trazem mensagens
que não se tem uma total compreensão, pois vem do inconsciente da criança.
Uma simples representação ou figura comum pode nos contar algo muito
além do que parece familiar.
Ainda observamos símbolos que aparecerão nos desenhos, mas a
criança não saberá defini-los, pois são feitos de maneira inconsciente e, sem
saber como, os registram no papel. Estar consciente sobre o que desenha e o
que significa cada elemento feito só serão possíveis quando se trabalha com o
adolescente e o adulto. A criança ainda não consegue definir tais elementos. Os
adolescentes ou até mesmo as crianças mais velhas conseguem demonstrar
esses sentimentos, raiva, tristeza, etc.
http://www.prof2000.pt/users/hjco/viseuweb/gravasco/sentir.htm - 03/08/15 - Desenho
de uma criança de 11 anos.
Ao trabalhar o desenho com crianças maiores, é possível o arteterapeuta
conversar com a criança sobre a sua obra. Esta conversa possibilitará uma
possível resposta às questões em que a criança esteja passando, trazendo
informações para que o arteterapeuta oriente os pais e a escola sobre a
criança.
32
Quando acontece algum problema escolar, em sala de aula, ou quando o
comportamento do aluno modifica, chamando a atenção da escola. Nesse caso,
é possível que o arteterapeuta utilize deste método, o desenho, para uma
avaliação deste comportamento aparecendo através do desenho feito pela
criança e que seja avaliado e analisado pelo profissional da arteterapia.
Rabello (2014, p. 18) diz que...
“Entendendo o valor do desenho, passará a observar os detalhes,
as cores, os temas abordados, dando ao desenho o valor que
deve ser dado a esta via de expressão usada pelas crianças. Mas,
cabe ressaltar que esta atitude deve ser um estudo e não a uma
atitude impensada, procurando símbolos,onde não há, criando
situações e análise inadequadas e, portanto, devem ser
assessoradas e supervisionadas por arteterapeutas capacitadas
para esta atividade na escola. Devemos usar o bom senso de
deixar a criança criar e desenhar, sem estarmos sempre buscando
analisar o seu fazer”.
O arteterapeuta pode, neste caso, colaborar com os professores e
coordenadores a observar os desenhos dos seus alunos e ver como é o
pensamento, personalidade, como age o aluno que ele orienta e é responsável.
Rabello (2014, p. 19) afirma que,
“O olhar que vamos utilizar não é muito diferente do que acontece ao
irmos admirar uma obra de arte. Até porque, os desenhos podem e
devem ser considerados como obra de arte. É um olhar que busca
descobrir o que está contido nas linhas, no colorido, na harmonia da
representação e, para melhor compreensão destes desenhos, deixar que
o nosso eu interior fale, assim como o olhar da intuição, além dos nossos
conhecimentos teóricos”.
Dentro do universo da arteterapia existem diversos tipos de materiais a
serem utilizados de acordo com a necessidade de cada indivíduo em cada
momento vivido. Mas o desenho é uma ferramenta importantíssima e
33
fundamental para o trabalho e sondagem do arteterapeuta. É preciso ter um
olhar sensível e sutil, com atenção e cuidado. Buscando o que está entre as
linhas, o que não é perceptível.
O que deve ser valorizado no desenho do criante é o conteúdo da
mensagem com histórias de sua vida e não se ele desenha bem, não julgar pela
estética do grafismo, pela beleza.
Jung dizia que encontramos no desenho muitos símbolos do nosso
inconsciente. É comum usar o desenho como ferramenta para realizar o
trabalho do arteterapeuta trazendo informações e representações simbólicas do
inconsciente.
http://respostacarioca.com.br/grande-exposicao-2aparte/ 03/08/15
Segundo Nancy Rabello,
“... os símbolos são fenômenos naturais, trazendo significados
subjacentes. Os símbolos vão além do que se vê, são inseparáveis para quem
os desenha ou os sonha ou os pinta, ou escreve”.
Faz-se necessário conhecer um pouco da história da pessoa antes de
observar e analisar o seu desenho, pois um mesmo símbolo não significa a
mesma coisa para duas pessoas, tendo significado único dentro de cada
história de vida.
A criança precisa ter momentos para realizar os seus desenhos livre,
para que possa se expressar com criatividade e liberdade. Não utilizando de
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desenhos prontos, pois os mesmos não acrescentam nada no desenvolvimento
da criança e nem possibilita obter conhecimentos gráficos das crianças.
Estimular sempre o desenho de forma livre, com esses desenhos pode
se conhecer um pouco mais da vida da criança observada, sem que ela se sinta
incomodada ou invadida. Através de uma conversa simples com a criança, o
arteterapeuta analisa este desenho.
A cor está presente em nosso dia a dia e em tudo que nos cerca. Para
analisar um desenho infantil através do uso das cores é preciso ver em que
frequência à cor é usada e em quais locais, para que seja possível adquirir
afirmações.
Para um arteterapeuta analisar um desenho deve-se observar todos os
detalhes, as cores e suas nuances, seus contrastes e o uso de uma só cor em
um mesmo trabalho. Mas para observar e tentar “interpretar” todos esses
pormenores o profissional deve ter um bom conhecimento teórico.
https://sites.google.com/site/seourpicz/1/people-and-society/br/9/criancas-desenho-
page-46 03/08/15
Cada cor nos remete a um sentimento, amor, carinho, raiva, alegria,
entre outros.
A cor por si só não nos afirma informações em relação à vida da criança,
ela nos indica algo.
“Como arteterapeutas, devemos abrir nosso olhar, buscar as
simbologias e as relacionar, assim como usar da nossa intuição e do
nosso conhecimento, conhecer quem desenha olhar mais de uma
produção daquela criança e ver o que é constante e o que se repete. Se
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a criança usa cores de acordo com o mundo que vê e percebe ou se usa
da imaginação, ou se faz desenhos ou pinturas estereotipados, se as
cores que usa são sempre as mesmas, ou se usa uma gama de cores
nas suas pinturas e desenhos”. Nancy Rabello (2014)
Não pode se dizer que uma cor é boa ou ruim, positiva ou negativa,
tentando analisar o desenho e a cor utilizada pela criança em um único
desenho, sem nenhum histórico antes, é um equívoco. Até porque existem
tantas cores usadas ou não em um mesmo desenho.
Em alguns casos, algumas crianças utilizam uma única cor em seus
desenhos, deve-se tomar cuidado pra não rotular a criança antes de investigar o
porquê desta escolha, é preciso investigar. Será que não possuía outras cores
disponíveis? O olhar cuidadoso e investigativo do arteterapeuta de entrar em
cena neste momento.
Rabello (2014) afirma que
“... cada desenho nos diz algo, mas sempre deve ser dentro de um
contexto. Nunca isolado”.
http://respostacarioca.com.br/grande-exposicao-2aparte/ 03/08/15
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CONCLUSÃO
Foi observado, neste trabalho, a importância do desenho infantil, o
estímulo que deve ser dado à criança em se expressar e estimular sua
criatividade. A utilização do desenho infantil e sua prática rotineira nas salas de
aula e escolas como ferramenta de investigação em alguns casos de
comportamentos indevidos dos alunos têm ajudado os responsáveis,
coordenadores e professores a entenderem melhor esse indivíduo.
Para que essa “investigação” seja bem feita, é preciso que a criança se
sinta confortável e confiante em se expressar. Não se deve bloquear esse fazer
tão simples e divertido para as crianças. Desenhar livremente é tão prazeroso
quanto brincar e isso acontece de forma espontânea, sem forçar ou obrigar a
criança em fazer. Ela tem que ser estimulada e não pressionada.
Foi observado que algumas crianças, na educação infantil, têm alguns
medos em desenhar, em se expressar graficamente. Elas se rotulam dizendo
que não sabem desenhar, tem receio do julgamento dos adultos e dos seus
próprios amigos. Tem medo do julgamento estético.
Pode-se dizer que o desenho é um meio de se expressarem por formas,
linhas e cores. Transformando a imaginação em traços, passando por estágios,
que acontece paralelamente com o crescimento e com todo o desenvolvimento
da criança.
Vygotsky (1991, p. 95) diz que: “A aprendizagem e o desenvolvimento
estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança”.
O professor responsável, precisa obter conhecimentos sobre esta
evolução do grafismo e observar se sua criança, ao qual ele é responsável, está
de acordo com o desenho que produz, sabendo também que existe uma
flexibilidade nesta evolução; cada criança evolui a seu tempo.
Os pais, professores de pré-escola, os coordenadores e os
arteterapeutas devem entender e conhecer o valor destas obras de artes feitas
por nossas crianças e a importância que esses desenhos possuem na vida
delas. Esse material riquíssimo nos ajuda a ter um olhar diferente, um olhar
mais exato e sensível em relação à criança que o cria.
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Com o tempo a criança vai perdendo a sensibilidade, por conta de tantas
exigências e valorizações desnecessárias neste momento da infância. Deve-se
ter um equilíbrio da parte do adulto para não criticar tanto.
O arteterapeuta colabora nesta observação e prática constante deste
fazer, não podendo ser feita de qualquer maneira e por qualquer pessoa.
“O que a Arte na Escola principalmente pretende é formar o conhecedor,
fruidor, decodificador da obra de arte. Uma sociedade só é artisticamente
desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta qualidade há
também uma alta capacidade de entendimento desta produção pelo público”.
Ana Mae Barbosa (1991, p. 13)
38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Perspectiva, 1991.
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PORCHER, L. Educação Artística: Luxo ou necessidade? São Paulo: Editora
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39
RABELLO, Nancy. O desenho infantil – Entenda como a criança se comunica
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VYGOSTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Editora Martins
Fontes, 1991.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - Compreensão do desenho infantil 10
CAPÍTULO II – Analisar a evolução do grafismo 17
Estágios da evolução do grafismo
1° - Estágio da rabiscação – Prolongamento dos gestos 19
2° - Estágio de início da figuração – Figuras reconhecíveis 20
3° - Estágio da figuração esquemática – Desenha o que sabe 24
4° - Estágio da figuração realista – Representa o que vê 26
CAPÍTULO III – Facilitar a comunicação da criança com o mundo
através do olhar arteterapêutico 29
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 41