UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2012. 9. 30. · anos, pautados em...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
AGRESSIVIDADE INFANTIL
Por: Deise Batista da Silva Gibin
Orientador: Prof.(a): Edla Trocoli
Rio de janeiro
2012
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FACULDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
AGRESSIVIDADE INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Infantil.
Por: Deise Batista da Silva Gibin
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AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado sabedoria e saúde.
E a toda a minha família, que me deu muito apoio.
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RESUMO
O presente estudo pretende examinar como pais e professores
devem agir com relação ao comportamento agressivo das crianças.
Precisamos inicialmente, discernir o que é inerente a determinada faixa etária ou
sexo e o que está fora dos padrões esperados pelos mesmos. Outro aspecto
fundamental ao desenvolvimento de comportamento agressivo é o meio
ambiente em que a criança está inserida, família, escola e estímulos recebidos
por meios de comunicação e ainda, fatores individuais, inatos como sexo e
hereditariedade. A educação é um instrumento eficaz contra a violência escolar
e social, somente através desta podemos educar e humanizar os indivíduos.
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METODOLOGIA
Será realizado pesquisas bibliográficas, a sites da internet;
estudos sobre o ECA; Lei Maria da Penha; jornais; revistas e relatos de
experiências vividas no âmbito escolar e a relação entre professor e aluno.
SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Entendendo agressividade infantil de 2 a 6 anos 10
CAPÍTULO II – Influências familiares e escolares 19
CAPÍTULO III – Como lidar com agressividade das criança 27
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
FOLHA DE AVALIAÇÃO 55
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INTRODUÇÃO
Em nossa prática como educadores vê-se a necessidade de se fazer
uma reflexão sobre o comportamento agressivo das crianças.
Weinten( 2002, p.387) define que “agressão é qualquer
comportamento com intenção de ferir alguém física e verbalmente.”
Muitos pais e educadores se sentem impotentes e inoperantes
quanto as formas de violência existentes no cotidiano escolar e familiar.
O alemão Friedrick Froebel ( 1782 – 1852) considerava o início da
infância como uma fase de importância decisiva na formação das pessoas. A
criança, segundo Froebel, trazia também em si uma semente divina de tudo o
que há de melhor no ser humano. Cabia a educação, à partir dos primeiros anos
de vida, desenvolver esse germe e não deixar que se perdesse.
Entende-se que as crianças não devem ser educadas no estudo pela
violência, mas, de modo lúdico, para que possam descobrir seus atributos
naturais, como a justiça o bem, a verdade, que visem ao bem estar de si e do
outro, acima dos interesses egoísticos.
Na obra da autora Fante (2005), encontramos uma explicação
sobre os fatores que podem desencadear a manifestação de comportamentos
agressivos no ambiente escolar, que são: fatores internos que dizem respeito ao
clima escolar, relações interpessoais e características individuais e fatores
externos que englobam o contexto social, meios de comunicação e família.
A responsabilidade do educador deve ser ampliada e adaptada há um
tempo que exige uma maior prevenção contra as atuais formas de violência,
deve-se estar atento para diferenciar as vivências que a criança tem na família e
as que têm na escola, onde ocorre o comportamento agressivo.
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Precisamos considerar que o comportamento agressivo pode ser
passageiro, por motivos temporários, surge então, a necessidade de analisar as
raízes da agressividade desde o início das relações entre crianças ainda na
educação infantil; discernir o que é inerente a determinada faixa etária ou sexo e
o que está fora dos padrões e identificar o contexto familiar em que esta
inserida.
Mostraremos nesta pesquisa que a educação é um instrumento eficaz
contra a violência escolar e social, que é preciso educar e humanizar os
indivíduos, para que este seja capaz de cultivar valores que dão dignidade ao
ser humano superando a cada dia o mal do mundo que habita.
Ressaltaremos a importância de currículos escolares bem
planejados, e sobretudo, ensinarmos a confrontar a realidade de sua existência
com o pensamento crítico.
Analisaremos a importância do educador criar um ambiente com
atividades prazerosas, trabalhar valores morais éticos como solidariedade,
cooperação, amizade, tolerância dentre outros.
Esta pesquisa se baseia em autores nacionais que tratam do tema
em questão, dividido em três tópicos relacionados à agressividade infantil.
No primeiro tópico, abordamos agressividade na faixa etária de 2 a 6
anos, pautados em estudos da Psicologia do Desenvolvimento.
No segundo, as influências do contexto familiar e escolar,
abordando trabalhos de estudiosos da educação.
Faremos um embasamento teórico no terceiro capítulo sobre como
lidar com agressividade das crianças; que práticas utilizar em nosso cotidiano
escolar para amenizar essas manifestações de agressividade.
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CAPÍTULO I: ENTENDENDO A AGRESSIVIDADE
INFANTIL DE 2 A 6 ANOS.
Os psicólogos afirmam que a agressividade é um comportamento
emocional, faz parte da afetividade das pessoas, todos os seres humanos agem
com impulsos agressivos, é natural.
De acordo com Lisboa (2006), mesmo no período pré-natal, a criança
já sente se é aceita ou não e isso poderá ter consequências no comportamento
do bebê; além de que “As crianças ricas ou pobres, produtos de gestações não
desejadas, dificilmente receberão os cuidados necessários para seu bom
desempenho emocional “(p.55).
Nos parâmetros Curriculares Nacionais encontramos uma
concepção da criança, um ser social e histórico que está inserido em uma
sociedade na qual partilha de uma determinada cultura. Esta é marcada pelo
meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele
(BRASIL,1994a).
Precisamos entender as maneiras do comportamento da sociedade, o
que vemos em nosso cotidiano; pessoas ficando menos tempo com suas
famílias e mais tempo no trabalho. Essa ausência dos pais podem comprometer
muito as crianças em seu comportamento na escola, na busca da atenção do
professor elas muitas vezes agem agressivamente.
1.1- Desenvolvimento e personalidade da criança.
Entendemos que a agressividade pode vir a ser um sério problema
social, mas, antes de rotularmos uma criança como agressiva, é preciso levar
em consideração alguns aspectos de seu desenvolvimento, conforme aponta
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Goodenough, (apud SHAFFER,2005), para ele a agressividade se diferencia em
duas etapas: crianças de 2 a 3 anos as agressões são mais físicas, por meio de
chutes e tapas, já nas crianças de 3 a 5 anos as agressões são principalmente
verbais, como dar apelidos e rir dos outros colegas.
Nesse sentido, Piaget ( 1985) descreve o desenvolvimento afetivo
social das crianças de 2 a 3 anos, como egocêntrica com alguns impulsos
intensos como os de: aquisição ( a criança passa a pegar tudo, a querer tudo,
dizendo que é dela); agressão( reage muitas vezes batendo, chutando, fazendo
birras às frustrações que o ambiente impõe à ela); sexual ( na situação de
banho é frequente encontrar crianças explorando as sensações produzidas pelo
toque a seus órgãos genitais sexuais). Nesse momento, começa-se a exigir da
criança, maior cooperação, obediência e controle. Esse é o início da
internalização das normas, do que pode e não pode.
As crianças de 3 a 4 anos, segundo Piaget, ainda apresenta um
pensamento egocêntrico, ela é incapaz de adotar o ponto de vista do outro e
esforça-se pouco para adaptar a comunicação necessária de quem a ouve.
Nesta fase, a criança se identifica com os adultos que convive, ela imita esses
modelos, ensaia “papéis” em termos do comportamento, dos valores, das
atitudes e da forma de reagir. Dos 5 aos 6 anos a criança já tem um vocabulário
enriquecido e sofisticado gramaticalmente. Os professores e colegas se tornam
influências sociais importantes. Entretanto, as amizades são transitórias e os
interesses mudam rapidamente.
Para Berger ( 2003, p.202), as crianças são mais agressivas com 4
anos do que com 2 anos, pois “à medida que se tornam mais conscientes de si
mesmas e de suas necessidades, as crianças têm maior probabilidade de
defender seus próprios interesses.”
É um momento conflitante para a criança que esbarra nos valores
morais do que é aceito como normal em uma determinada sociedade.
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As crianças não têm compreensão de regras, aprendem inicialmente
suas obrigações morais por intermédio dos pais ou por imposição do seu círculo
social, muitas vezes sem mesmo entender o porquê de ser o certo ou errado.
Ao analisarmos a teoria Walloniana, entendemos que o
desenvolvimento humano é um processo contínuo, cujas características são as
contradições e os conflitos.
A relação com o meio é que caracteriza cada estágio do
desenvolvimento humano, segundo esta teoria, ao mesmo tempo que
representa um instante da evolução mental. De um estágio para o outro ocorre
uma subordinação das condutas anteriores àquelas que emergem; sendo assim,
elas reaparecem em determinadas situações de crise, fazendo o indivíduo
adotar atitudes em desacordo com seu estágio de desenvolvimento.
Para Wallon, há alternância no processo de construção da pessoa
com momentos de dominância afetiva e dominância cognitiva.
Ao longo do desenvolvimento, a afetividade deve ser entendida como
um processo dinâmico.
Dantas (1992), destaca três momentos da afetividade: “afetividade
emocional ou tônica, afetividade simbólica e afetividade categorial”, cada uma
delas se incorpora as conquistas realizadas pela inteligência.
O processo da construção do EU, na teoria Walloniana, configura-se
em três etapas. A primeira é a conquista do eu corporal, que envolve os
estágios impulsivos-emocional, sensório motor e projetivo. À tomada de
consciência de si, apropriação do eu psíquico, corresponde a segunda etapa. A
terceira é marcada pela puberdade e adolescência.
Aos três anos, segundo esta teoria, ocorre uma evolução nas
relações da criança com o ambiente.
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Neste período, se percebe enquadrada num conjunto de grande
importância para ela, este conjunto é que delimita sua personalidade, o centro
de interesses, de sentimentos, de exigências de decepções referentes ao seu
contexto familiar.
A afirmação do EU é concretizada pela oposição e confronto com o
outro, afim de se experimentar a sua autonomia; tentando exercer sua
superioridade em todas as situações.
Na teoria Walloniana, esse personalismo negativo sucede um outro
mais positivo, denominado “estado de graça”, que se manifesta por volta dos
quatro anos. Há uma preocupação consigo mesma e agradar a si significa
agradar aos outros e admirar-se significa ser admirada, pois ainda, neste
período a diferenciação eu-outro não está totalmente resolvida.
Por volta dos cinco anos, segundo esta teoria, caracteriza-se o
período da imitação, onde ocorre a preocupação em se afirmar. A criança neste
período está em plena etapa simbólica e a aquisição desta função auxilia seu
processo na construção do EU.
Este é um período muito importante para a construção da
personalidade, o que for nele vivenciado pode ser extremamente marcante.
Segundo Vygotsky, as condições sócios culturais transformam
profundamente o homem, pois este é um ser social, este desenvolve novos
comportamentos positivos ou negativos de acordo com as influências que
recebe.
O desenvolvimento do indivíduo implica em mudanças quantitativas e
qualitativas do pensamento, a aprendizagem é o produto da ação dos adultos
que fazem a mediação do processo de aprendizagem para a criança. Enfatiza
que no desenvolvimento do indivíduo a linguagem é importante, pois através
desta interação é que conhecerá os seus limites.
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É preciso dar limites bem claros para as crianças, ensinar-lhes a se
colocar no lugar do outro, para que possamos controlar melhor as situações de
agressividade e fazê-las lidar melhor com suas emoções.
Atualmente as crianças devem ser estimuladas a adquirir autonomia
na solução de seus problemas e para isso é preciso dar elas espaço e
liberdade para explorar o mundo ao seu redor.
Psicólogos afirmam que as crianças tem uma grande percepção
sobre o mundo que as rodeiam, buscam soluções para seus conflitos, mesmo
sendo ainda muito pequenas, é nesse momento que o adulto deve auxiliar as
crianças, pois muitas vezes, por não terem muita experiência e nem maturidade
usam de agressividade para solucioná-los.
1.2- Desenvolvimento da moral e autocontrole.
Percebemos que, o desenvolvimento da moral, tem uma forte relação
com a agressividade infantil, pois as crianças ainda não compreendem regras e
tem dificuldades para acatá-las. Para estabelecermos e obtermos relações
sociais satisfatórias e levar em conta as necessidades e sentimentos de outra
pessoa precisamos ser capazes de controlar nosso próprio comportamento,
atendendo a padrões de uma cultura ou sociedade. As crianças, à medida que
crescem tornam-se capazes, gradativamente adquirem habilidades, adotam
regras e restrições de sua cultura e se colocam na posição do outro. Muitas
hipóteses sobre o autocontrole originam-se na teoria psicanalítica.
Freud sugere três componentes para a personalidade: o id, que
representa os motivos e impulsos inconscientes; o superego, que se incorpora a
consciência ou sentido do que é certo e errado; e o ego, que é responsável pelo
equilíbrio ou ajuste das demandas conflitantes das necessidades e impulsos de
alguém, bem como de sua consciência e da realidade.
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De acordo com a teoria psicanalítica os processos do ego são
racionais da personalidade que ajudam a idealizar meios de satisfazer suas
necessidades básicas, sem incorrer em punição ou desaprovação social.
Os teóricos da aprendizagem social não explicam o autocontrole das
crianças, entendem que se dá por meio da observação e imitação do outro que
lhe serve como modelo.
Sugere Piaget (1994) que para ocorrer o desenvolvimento da moral
infantil, são necessários espíritos que se interpenetrem e que se relacionem
entre si, conquanto, em igualdade e com reciprocidade, não criando um respeito
unilateral, mas, sim um respeito mútuo, resultando na cooperação. Um ambiente
coercivo, de um aprendizado pela imposição dos adultos ou mais velhos, nada
contribuem para o desenvolvimento da moral das crianças, apenas caracterizam
a falta de afetividade no ambiente familiar e a falta de orientação para o
desenvolvimento de condutas morais.
A relação entre pares é outro fator importante no desenvolvimento
das crianças, por volta dos quatro anos identificam seus melhores amigos e
parceiros que não gosta. A rejeição entre pares nos contextos escolares é um
determinante proximal para o comportamento agressivo, pois podem relacionar-
se com a popularidade.
À medida que as crianças vivenciam experiências positivas ou
negativas na convivência com seus pares as diferenças individuais de
adaptação vão se destacando na formação dos grupos. Por volta dos quatro
anos algumas crianças enfrentam dificuldades no relacionamento com seus
pares, como: rejeição e assédio. Essas experiências negativas podem impactar
seu desenvolvimento sócio emocional e sua adaptação.
Embora o autocontrole seja um componente chave para o
ajustamento social, o excesso ou falta de controle podem ser sinal de má
adaptação.
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O psicólogo Lawience kohlberg (1974), ampliou o trabalho de Piaget
e propôs três níveis de julgamento da moral: Nível pré-convencional, consiste
em dois estágios. No primeiro estágio as crianças julgam o que é certo ou
errado, basicamente através das consequências das ações; ainda não
internalizou as convenções da sociedade, obedece apenas para evitar
punições. No segundo a orientação moral da criança é bastante individualista,
concreta e egocêntrica, o respeito é baseado em troca igual, não há lealdade
nem respeito mútuo.
No segundo nível, o da moralidade convencional, estágio três; o foco
está nos valores sociais e nas relações interpessoais. Procura-se aprovação
para ser bom, mostra motivos válidos e se preocupa com o outro. No estágio
quatro, a perspectiva social, a criança se preocupa em atender a ordem social,
em apoiar e justificar essa ordem; preocupa-se em cumprir seus deveres e
mostra respeito pela autoridade.
No nível pós-convencional, o julgamento moral é inerente ao que o
indivíduo considera certo ou errado independente do que é ditado pela
sociedade, neste caso deixa de ser regra absoluta, passa a ser questionada. No
estágio cinco, a ênfase é dada pela imparcialidade, fundamentada nos direitos
democráticos, há oposição às leis, se estas violarem os princípios de igualdade,
liberdade e justiça. O estágio seis é caracterizado pelos princípios universais
éticos: igualdade dos direitos humanos e o respeito pela dignidade dos seres
humanos como indivíduos. É o estágio mais elevado do desenvolvimento da
moral, caracteriza-se por uma expectativa moral racional e envolve a aplicação
do senso de comprometimento moral.
Piaget e Kohlberg acreditavam que o desenvolvimento da moral
depende do progresso das capacidades cognitivas gerais dos estágios morais,
cada estágio evoluindo a partir do precedente e substituindo-o. Para Piaget o
que estimula o progresso do realismo moral para o relativismo moral é a
igualdade de condições entre os companheiros. Kohlberg afirmava que o que
leva a uma maturidade moral maior é a participação em instituições
democráticas.
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As crianças por volta dos cinco anos já reconhecem as questões
morais, preceitos relacionados a justiça, igualdade e bem estar dos outros e
distinguem as convenções sociais, regras arbitrárias a de conduta, costumes e
tradições. Reagem espontaneamente às violações das regras morais dos
companheiros, dando razões para obedecer a tais regras. Seus julgamentos
morais não está relacionado à resistência a trapaças ou a violações das normas
sociais, suas ações, podem não ser condizente com suas crenças estabelecidas
sobre justiça e igualdade; agem de forma ainda ligada a seus próprios
interesses quanto sua noção de justiça.
A crescente onda de agressividade remete-nos ao estudo da empatia.
Estudos atuais mostram que a mesma refere-se a diversos aspectos cognitivos
e afetivos da formação do indivíduo como: o ajustamento social, o desempenho
acadêmico, a saúde mental e aceitação pelos pares são importantes para o
desenvolvimento sociocognitivo infantil.
Segundo Falcone ( 1998), empatia constitui-se de habilidades sociais
com três componentes: cognitivo, afetivo e comportamental. O componente
cognitivo consiste na capacidade de adotar perspectivas dos demais e inferir
seus pensamentos e sentimentos. O componente afetivo, se caracteriza pela
predisposição para experimentar preocupação e compaixão pelas outras
pessoas. O componente comportamental resulta na habilidade de expressar
compreensão e reconhecimento para com os sentimentos e pensamentos de
outrem.
A empatia relaciona-se a formação de vínculos afetivos, à qualidade
dos relacionamentos interpessoais e habilidade de comunicação. Falcone
(1998). Deficiências nestas habilidades resulta em efeitos ruins para a saúde
mental e convívio social gerando preconceito social e violação dos direitos das
outras pessoas.
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As crianças têm oportunidades de experimentar e expressar
diferentes emoções, que satisfazem suas necessidades físicas e emocionais
desestimulando o egocentrismo, através de variáveis ambientais que favorecem
o desenvolvimento da empatia.
Várias técnicas tem sido usadas na socialização infantil para se
envolverem em comportamentos pró-sociais: modelação, observação, a
indução, a instrução direta e as primeiras atribuições de responsabilidades.
À medida que se desenvolvem as crianças mudam seus
comportamentos agressivos, atingindo seu pico aos quatro anos , onde a
agressividade tente ser mais hostil que instrumental. Aos 2 e 3 anos observa-se
as diferenças sexuais na agressividade, na pré-escola a agressividade verbal
se sobressai.
Para o convívio em sociedade a empatia é fundamental, porque
promove a benevolência, a tolerância e a compaixão, além de ser um elemento
indispensável para o desenvolvimento infantil saudável e feliz.
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CAPÍTULO II: INFLUÊNCIAS FAMILIARES E
ESCOLARES
De acordo com a análise do artigo da revista Construir Notícias
(2007), muito tem-se falado na influência genética para a formação dos seres
humanos. As crianças herdam tendências, mas, não se pode afirmar que a
personalidade de uma criança é influenciada somente por seu genes. A maneira
pela qual a sua natureza genética irá manifestar vai depender da forma como é
criada.
O artigo diz que “as crianças que nascem geneticamente
predispostas à agressividade precisam apenas de um pouco de ajuda de seus
pais.”( pág. 9). A maneira que a criança é educada é que determina a
manifestação da herança genética de seu temperamento e não apenas do seu
DNA.
2.1- Influências familiares
Os pesquisadores que se centram diretamente nos padrões de
interação familiar, pontuam várias dimensões relevantes em que as famílias
diferem e que parecem ser significativas para a criança. São elas: o tom
emocional, da família, a responsividade do progenitor em relação à criança, a
maneira pela qual o controle é exercido e a quantidade e a qualidade da
comunicação.
Segundo Maccoby ( 1980), o tom emocional é o primeiro elemento
importante para a criança e parece ser relativo a carinho versus hostilidade do
lar. De um lado, um progenitor que se importa com a criança, que é carinhoso,
que expressa afeição, é sensível e empático em relação aos sentimentos dela e
que regularmente ou frequentemente põe as necessidades das crianças em
primeiro lugar e de outro, pais que rejeitam seus filhos, verbalizam ou
expressam através de seus comportamentos que a criança é indesejável.
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Psicólogos descobriram que crianças oriundas de famílias
carinhosas e amorosas têm um apego mais seguro nos dois primeiros anos de
vida, são mais empáticas, mais altruístas, autoestima mais elevada, são mais
responsivas quantos os outros se machucarem ou sofrerem, apresentam QIs
mais altos na pré-escola e na escola primária.( Maccoby, 1980; Schaefer, 1989).
O carinho também torna as crianças mais responsivas à orientação, o
carinho e a afeição dos pais reforçam o que eles dizem e a eficiência de sua
disciplina ( MacDonald,1992).
Um segundo elemento a responsividade dos pais em relação à
criança, como afirma Bornstein (1989) são os país responsivos, aqueles que
percebem os sinais das crianças e respondem com sensibilidade às
necessidades das crianças. Esses pais têm filhos que aprendem a se comunicar
mais rapidamente, apresentam desenvolvimento cognitivo mais rápido, QIs mais
alto, apresentam apego seguro, são mais obedientes as solicitações do adulto e
socialmente são mais competentes.
Os pais inevitavelmente se defrontam com a tarefa de controlar o
comportamento dos filhos, a disciplinar seus filhos, isto nos remete ao terceiro
elemento o do controle que é a consistência das regras, quais são as
consequências se desobedecê-las. Alguns pais são muito claros, outros são
vagos em relação ao que é esperado ou tolerado. Os estudos sobre famílias
mostram que os pais claros e consistentes têm filhos menos desobedientes e
desafiadores. As crianças de famílias com regras consistentes também são mais
competentes e seguras de si mesmas ( Baumrind, 1973) e menos agressivas (
Patterson, 1979).
O nível de expectativas que os pais têm em relação ao
comportamento da criança influencia sua personalidade. Estudos revelam que
as expectativas mais altas parecem estar relacionadas a resultados melhores.
As crianças cujos pais exigem bastante delas, que obedeçam as regras, que
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sejam, relativamente maduras para a idade, apresentam autoestima mais
elevada, demonstram altruísmo e generosidade em relação ao outro. Quando os
pais esperam que a criança seja tão independente e disponível conforme a
idade, parece estimular um sentimento de competência na criança.
Outro elemento de controle parental de acordo com Hellen Bee
(1996) é o grau de restritividade imposto. Os pais restritivos usam
frequentemente frases imperativas, não tendem a explicar as regras para as
crianças, ao invés disso, usam seu poder para controlá-la. Outros pais, já são
mais permissivos, por causa do sentimento de impotência em controlar a
criança. Esses pais são poucos imperativos e utilizam poucas regras. Há casos
em que os pais se utilizam da permissividade em defesa da filosofia específica
de criação dos filhos que é enfatizada pela liberdade e oportunidade de
exploração.
De acordo com os estudos de Hellen Bee ( 1996), há relevância entre
a restritividade e a permissividade. Os filhos dos pais restritivos dificilmente
serão desobediente ou agressivos; mas, provavelmente serão tímidas e poderão
apresentar dificuldade em seus relacionamentos. Por outro lado, a
permissividade resultará em filhos que apresentarão pouca consideração pelos
outros e independência moderada. A autora defende que as crianças
respondem positivamente a regras claras e consistentes, a pedidos com
expectativas realistas, combinados a moderada restritividade.
O papel da punição é ressaltado pela autora como pertencente ao
controle em relação ao comportamento da criança.
A mesma cita Gerald Peterson ( 1975), “a punição funciona. Se você
emprega-la adequadamente, ela produzirá rápidas mudanças no
comportamento de outras pessoas”(página 19). A autora relata que a punição
efetiva, que vai produzir mudanças positivas ao comportamento da criança sem
efeitos colaterais negativos ou indesejados, é aquela aplicada no início da
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apresentação de mau comportamento, nivelado a baixa emoção e branda
punição. Salienta que as crianças aprendem tanto através da observação
quanto de nossas ações.
Os padrões de comunicação são colocados por Hellen Bee pela
diferença entre a quantidade e riqueza da linguagem falada para criança “e
quantidade de conversa e sugestões por parte da criança encorajadas pelos
pais. Ouvir e falar são importantes.”(página, 377) e a importância de se
demonstrar para a criança que o que ela diz tem valor e que suas ideias são
relevantes e consideradas nas questões familiares.
De acordo com os pesquisadores pais autoritários resultam em
crianças menos habilidosas com os outros, têm autoestima baixa, apresentam
agressividade e não sobressaem na escola. Pais permissivos costumam ter
filhos agressivos, em relação aos companheiros da escola apresentam
imaturidade, são menos independentes e dificilmente assumem
responsabilidades. Pais competentes são aqueles que possuem um bom nível
de controle e carinho, estabelecem limites claros e respondem bem ás
necessidades das crianças, seus filhos apresentam mais independência, podem
apresentar um comportamento mais altruísta, são autoconfiantes, tiram boas
notas na escola. Pais negligentes são aqueles pais que não se envolvem com a
criança, não estabelecem relação emocional, esses filhos costumam apresentar
perturbações em seus relacionamentos e alto nível de hostilidade.
2.2- Influências Escolares
A escola pode desencadear comportamentos agressivos quando
utiliza atividades pautadas nos interesses dos adultos e não leva em
consideração os desejos da criança desrespeitando sua individualidade.
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Na fase pré-escolar as crianças por apresentarem características
egocêntricas, agem agressivamente ao desejarem possuir um objeto ou
brinquedo e até mesmo pela disputa da atenção do professor, pois ainda não
têm consciência clara sobre as regras sociais impostas no ambiente.
Conforme destaca Silva ( 2006), os comportamentos agressivos
devem ser identificados pelos professores e tratados de forma adequada, pois é
observado comumente que castigos e ameaças verbais podem ser percebidos
pelas crianças não como uma punição, mas como forma de receber atenção dos
pais e professores por seus comportamentos agressivos inadequados. Sendo
que nestes casos, as ações tomadas não são punitivas, mas sim reforçadoras.
Precisamos entender um pouco mais sobre a relação de infância e
escola. Como base utilizaremos a obra do historiador francês Philippe Ariés,
que se dedicou às concepções de criança e família, da idade média aos dias
atuais. Tendo como base a obra do educador italiano Franco Frabboni, em seu
texto: A Escola Infantil entre a Cultura da Infância e a Ciência Pedagógica e
Didática, organizou o entendimento histórico da criança por meio de três
identidades: Primeira, criança-adulto ou a infância negada dos séculos XIV, XV.
A segunda: Criança-filho-aluno ou criança institucionalizada dos séculos XVI,
XVII. E a terceira identidade: Criança-sujeito social ou sujeito de direitos do
século XX.
A ideia que prevalecia sobre a criança e a infância , foi buscada por
Philippe Ariés, na leitura e nas artes da idade medieval. O autor afirma que as
crianças eram desenhadas com feições de adulto, em escala menor. “Até por
volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava
representa-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à
falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância no
mundo”(ARIÉS, p.50).
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A sociedade medieval era marcada pela ausência do sentimento de
infância. Para eles a infância era considerada um mistério, escondia uma
natureza sagrada que o homem não podia profanar; era um ser sem
humanidade, sem um conceito social preciso; que só se tornaria pessoa se
fosse inserida precocemente na sociedade adulta.
A mortalidade infantil predominava, naquela época, pelas
precárias condições de saúde e higiene. A morte de crianças era considerada
natural, talvez por acreditarem que a criança pequena não tinha “alma”.
Ariés, ensina sobre a prática do infantício:
(...)um fenômeno muito importante e que começa a ser mais conhecido:
a persistência até o fim do século XVII do infanticídio tolerado. Não
se tratava de uma prática aceita, como a exposição em Roma. O
infanticídio era um crime severamente punido. No entanto, era
praticado em segredo, correntemente, talvez camuflado sobre a
forma de um acidente: as crianças morriam asfixiadas, naturalmente,
na cama dos seus pais, onde dormiam. Não se fazia nada para
conservá-las ou para salvá-las. (...) O fato de ajudar a natureza a
fazer desaparecer criaturas tão pouco dotadas de um ser suficiente
não era confessado, mas tampouco era considerado como vergonha.
Fazia parte das coisas moralmente neutras, condenadas pela ética
da Igreja e do Estado, mas praticadas em segredo, numa
semiconsciência, no limite da vontade, do esquecimento e da falta de
jeito (Ariés, 1978, p.17).
Existia contudo, um sentimento de “paparicação” pela criança. As
pessoas se divertiam com os pequenos como se fossem animais de estimação.
Ariés dizia que “esse sentimento da infância pode ser ainda melhor
percebido através das reações críticas que provocou: (...) algumas pessoas
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rabugentas consideravam insuportável a atenção que se dispensava, então, às
crianças (...).”(Ariés, 1978, p.17).
Muitas escolas de Educação Infantil, atualmente, tem um pouco
desse sentimento de “paparicação”.
Concluímos, que nesse período, a identidade da criança está definida
pelo não-sentimento de infância; mas, isso não quer dizer que lhes faltavam
carinho, afeto, ou que eram abandonadas e desprezadas, mas sim, que os
adultos não distinguiam a criança, não havia uma consciência da particularidade
infantil.
O período dos séculos XVI e XVII, segundo o autor, marca a segunda
identidade: a criança-filho-aluno ou a criança institucionalizada. Frabboni
declara que há uma “virada de página”. Há uma mudança na posição da família
e na sociedade, juntamente com a revolução industrial. Surge a família
moderna. O sentimento de afetividade, reconhecimento, cuidado e continuidade
da família predominam. As crianças tornam-se o centro do interesse educativo
dos adultos.
Citando Ariés: “Os pais não se contentavam mais em pôr filhos no
mundo, em estabelecer apenas alguns deles, desinteressando-se dos outros. A
moral da época lhes impunha proporcionar a todos os filhos, e não apenas o
mais velho – e, no fim do século XVII, até mesmo às meninas -, uma preparação
para a vida. Ficou convencionado de que essa preparação fosse assegurada
pela escola.”( Ariés, 1978, p. 277)
O meio de educação é a escola. A criança foi separada dos adultos
próximos, deixou de aprender sobre a vida por meio do contato direto com os
adultos. Foram mantidas à distância na escola.
Ainda Ariés, “A escola confinou uma infância outrora livre num regime
disciplinar cada vez mais rigoroso, que, nos séculos XVIII e XIX, resultou no
26
enclausuramento total do internato”(Ariés, 1978, p.277). O ensino as crianças e
aos jovens foi confiada aos religiosos.
Duas idéias novas surgem ao mesmo tempo: a noção da fraqueza da
infância e o sentimento da responsabilidade moral dos mestres. O
sistema disciplinar que elas postulavam não se podia enraizar na
antiga escola medieval, onde o mestre não se interessava pelo
comportamento de seus alunos fora da sala de aula. (...) A nova
disciplina se introduziria através da organização já moderna dos
colégios e das pedagogias, com série completa de classes em que o
diretor e os mestres deixavam de ser primi inter pares para se
tornarem depositários de uma autoridade superior. Seria o governo
autoritário e hierarquizado dos colégios que permitiria, a partir do
século XV, o estabelecimento e o desenvolvimento de um sistema
disciplinar cada vez mais rigoroso. Para definir esse sistema,
distinguiremos suas três características principais: a vigilância
constante, a declaração erigida em princípio de um governo e em
instituição e aplicação ampla de castigos corporais” (Ariés, 1978,
p.277).
Desse período, podemos concluir que a criança-filho-aluno, paga um
preço muito alto pela conquista de sua identidade. Como diz Frabboni: é a
criança institucionalizada. “(...) o direito de ser criança é legitimado somente sob
a condição de pertencer a esse tipo de família ou escola”(Frabboni, 1998, p.67).
como cita o autor: “A criança existe somente como minha, tua, nossa, sua
criança, ou seja, dentro de uma estreita privatização de relações e
definições”(Frabboni, 1998, p.67).
O autor ressalta que a terceira identidade, criança-sujeito social ou
sujeito de direitos é analisada não só pela sua idade cronológica mas, também
pelas diferentes infâncias: Crianças de nível econômico alto, crianças que
participa da formação de renda da família, que nem sempre podem estudar.
Crianças nas grandes cidades que ficam nas ruas acompanhadas ou não,
pedindo esmolas e as crianças que participam da execução das tarefas
caseiras, aprendendo desde cedo uma profissão.
27
Essa etapa, como diz o autor, é marcada pelo avanço tecnológico e
por mudanças éticos-sociais. Como educadores responsáveis, precisamos
considerar essas diferentes crianças, suas situações de socialização, condições
de vida, seu tempo de brincadeiras, de escolarização. Esses são requisitos
necessários para compreendê-las como sujeito social portadoras de direitos.
Seguindo o pensamento de Frabboni, a escola será capaz de
compreender que a criança é:
“(...) séria, concentrada, empenhada em ampliar – por si mesma- seus
próprios horizontes de conhecimento ( através de uma constante
atividade exploradora e interrogativa); (...) que possui grande
voracidade “cognitiva” e saboreia uma descoberta após a outra e que
escolhe sozinha seus próprios itinerários formativos, suas trilhas
culturais, livre dos elos impediam seus crescimento; (...) sabe observar
o mundo que a cerca; sabe perscrutar e sonhar com horizontes
longínquos; (...) sai do mito e da fábula porque sabe olhar e pensar
com sua própria cabeça”.(Frabboni, 1998, p. 69).
A criança é protagonista de sua própria história, é capaz de interagir
com outras pessoas e crianças, assim como influenciar significativamente, é
capaz de mostrar sua realidade. Cabe a escola ajuda-las nesse processo
tratando-as com respeito, consideração e aceitar sua particularidade.
CAPÍTULO III: COMO LIDAR COM A
AGRESSIVIDADE DAS CRIANÇAS.
Conforme Içamitiba (p.36), homens e mulheres tiveram seus
comportamentos modificados radicalmente nos últimos 50 anos, influenciando
bastante a educação dos filhos. O que valia na educação que os pais receberam
precisa ser atualizado para a dos filhos.
28
Já ficou provado que as crianças observam seus pais em busca de
orientação. Pais que são fisicamente agressivos se surpreendem ao verem seus
filhos imitando suas características.
3.1- Evolução da mulher e de sua maternidade.
Para compreendermos melhor as crianças de hoje é necessário analisarmos
as mudanças mais recentes do comportamento das mulheres, conforme aponta
Içamitiba em sua obra “Quem ama educa”:
Mãe feminista, esta mãe mudou o rumo da história da educação, fez valer
dentro de casa a valorização da mulher; seus filhos vivem a ausência de suas
mães, por causa de suas carreiras profissionais, porém, segundo o autor, é na
maternidade que a mãe feminista se perde, pois o instinto materno parece ser
mais forte que ela mesma. Por amor, ela passa a poupar o filho de esforços
necessários para o seu crescimento, fazendo para ele o que ele mesmo deveria
fazer. Perdoa sem cobrar as consequências das ações de um filho pequeno,
autorizando-o a fazer o que tem vontade e não o que ele deveria fazer.
Ignorando o conhecimento dos atuais padrões elementares de uma boa
educação da formação de um cidadão. “O que educa são as consequências –
transformar erros em aprendizados através de ações diretamente relacionadas
aos erros” Içamitiba (p.41).
Com toda a evolução da mulher das últimas décadas, como mãe evoluíram
muito pouco. As mães feministas, diz o autor, não impõe o que é necessário a
seus filhos: limites, respeito, obediência, dever, são permissivas as vontades
deles, perdendo assim sua autoridade de educadora.
A presença da mãe é sem dúvida muito importante para a formação do filho.
Mas o tempo de permanência não garante uma boa educação e sim o seu
preparo como educadora. “A educação hoje é um projeto racional, mesmo que
29
regado a muito amor: mesmo porque é preciso muito amor para não desistir de
educar” içamitiba (p.45).
Segundo, o autor, os filhos da Mulher Maternal, são criados, em sua maioria,
por conceitos muito antigos e não interiorizaram preocupações éticas e nem
atitudes cidadãs. Outros, criados por mães que conseguiram mudar esses
paradigmas, têm criado filhos mais respeitosos, responsáveis e felizes. Essas
crianças querem aprender fazendo, constroem seus conhecimentos através de
erros e acertos; é importante que pais e educadores estabeleçam claramente o
que é certo e o que é errado.
Mulher Polivalente é a mulher contemporâne, é dona do seu nariz,
competente, estudada, cuida-se na aparência e na saúde, é liberal ou
corporativa, mora sozinha ou não, conforme sua escolha, se diverte com
companhia masculina, ou com amigas, ou sozinhas, se dá bem com a família.
Os filhos das mulheres polivalentes, geralmente são únicos, como seus pais,
são bastante ocupados. Frequentam a escola cedo, geralmente aos 2 anos de
idade. Geralmente são bons alunos, bastante autônomos, espertos, questionam
ordens e argumentam suas posições.
3.2 – Brincar X Brigar
O ato de brincar é de grande importância na construção do desenvolvimento
integral da criança. “O brincar é uma necessidade básica e um direito de todos.
O brincar é uma experiência humana, rica e complexa” ALMEIDA (M.T.P,2000).
O brincar é uma característica primordial na vida das criança. Segundo
CUNHA ( 1994,p.11), em seu livro “Brinquedoteca: um mergulho no brincar” o
brincar para criança é importante porque:
30
• É bom, é gostoso e dá felicidade, e ser feliz é estar mais predisposto a ser
bondoso, a amar o próximo e a partilhar fraternalmente;
• É brincando que a criança se desenvolve, exercitando suas
potencialidades;
• Brincando que a criança aprende com toda riqueza do aprender fazendo,
espontaneamente, sem pressão ou medo de errar, mas com prazer pela
aquisição do conhecimento;
• A criança desenvolve a sociabilidade, faz amigos e aprende a conviver
respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo;
• Aprende a participar das atividades, gratuitamente, pelo prazer de brincar,
sem visar recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o hábito de estar
ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa;
• Prepara-se para o futuro, experimentando o mundo ao seu redor dentro
dos limites que a sua condição atual permite;
• Brincando, a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo sua
vocação e buscando um sentido para sua vida.
Fica claro que o brincar para a criança não é uma questão só de diversão,
mas também de educação, socialização, construção e pleno desenvolvimento
de suas potencialidades.
A escola deve aproveitar o potencial educativo do ato de brincar, através
desta atividade o educador poderá esclarecer dúvidas observando a
personalidade e conhecimentos prévios das crianças. O conhecimento sobre
cada criança se torna mais evidente diante da observação das situações de
brincadeira e agressividade.
É através do brincar, como aponta Lima ( 1991), que a criança vai conhecer,
aprender e se constituir como um ser pertencente ao grupo, ou seja, o jogo e a
brincadeira são meios para a construção de sua identidade cultural. O jogo e a
brincadeira são também situações de construção e de significado, de indagação
e transformação do mesmo. Longe de promover unicamente uma conquista
31
cognitiva, essas atividades envolvem emoções, afetividade, estabelecimento e
ruptura de laços e compreensão da dinâmica interna que perpassa a ligação
entre as pessoas.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação infantil ( 1998 ), o
brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da
identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se
comunicar por meio de gestos, sons e, mais tarde, representar determinado
papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas
brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes,
tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem
também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da
utilização e experimentação, por meio da interação e da utilização e
experimentação de regras e papéis sociais.
A brincadeira, além de promover prazer físico e emocional, de certa forma,
faz com que a criança domine os impulsos agressivos naturais da espécie
humana, os quais devem ser controlados e manipulados por ela, para que não
sofra uma carga de angústia. A agressão entre crianças parece ser, uma
resposta à frustração. Bee ( 1986 ) diz que muitos pesquisadores distinguem
duas formas de agressão: A Agressão instrumental é dirigida para alcançar
uma recompensa que não seja o sofrimento da outra pessoa. A criança que
toma o brinquedo de outra criança está mostrando uma agressividade
instrumental se sua intenção foi ficar com o brinquedo, e não ferir o
companheiro. A agressão hostil, tem como objetivo atacar a outra pessoa.
Para Machado ( 2002), a agressividade da criança é inata, no entanto a ação
das pessoas com as quais convive pode intensifica-la ou moderá-la, ou seja, a
educação imprópria provoca o seu descontrole. Emoções que afloram na
agressividade podem ser consideradas normais, positiva e saudáveis, se
levarem a criança à independência pessoal. Caso essa agressividade não seja
bem elaborada, a criança começa a apresentar atitudes negativas, que chocam
32
e até mesmo magoam. Tais atitudes podem ser resultantes de problemas
emocionais não resolvidos e de orientações inadequadas.
No cotidiano escolar podemos ver o quanto a necessidade de brincar e as
atitudes agressivas se entrelaçam. O educador durante essas atividades pode
trabalhar a concentração das crianças na realização de atividades, orientar nas
incidências de conflitos, realizar a exploração de espaços com criatividade,
desenvolver a autonomia e autocontrole na troca de experiências e a
possibilidade de conhecer as crianças através da observação.
A criança necessita brincar para ser ela mesma, para construir
conhecimentos, expressar suas emoções, desenvolver-se, entender o mundo
que a cerca, pode-se afirmar que a criança tem o direito de brincar e que os
adultos têm o compromisso de possibilitar o exercícios desse direito,
assegurando a sobrevivência dos sonhos e promovendo uma construção de
conhecimentos vinculada ao prazer de viver.
Entendemos que se quisermos conhecer cada criança, é preciso percebê-la
a partir do ponto de vista dela própria, possibilitando no ambiente escolar um
momento para atividades lúdicas, onde poderemos perceber diferentes formas
de comunicação, pois é através das brincadeiras que as crianças se conhecem,
se relacionam com os outros, experimentando situações de vida, explorando
objetos e vivenciam situações com competição e cooperação.
A escola precisa entender a necessidade que as crianças têm de correr,
brincar e jogar investindo em atividades lúdicas com o intuito de amenizar a
agressividade das crianças e possibilitar a formação de sujeitos solidários,
humanos e cooperativos. “O brincar é uma necessidade básica e um direito de
todos. O brincar é uma experiência humana, rica e complexa”
(ALMEIDA,M.T.P,2004).
De acordo com a LDB art. 29, a educação tem como finalidade o
desenvolvimento integral das crianças em seus aspectos físicos, psicológicos,
33
intelectuais e sociais em complemento a ação da família e da comunidade. As
atividades lúdicas podem proporcionar esse desenvolvimento.
A escola recebe crianças cheias de energia, que não conseguem ficar imóvel
por muito tempo. É preciso pensar em metodologias que atendam essa
necessidade de se movimentarem, evitando a transmissão do conhecimento
mantendo-as paradas por quatro horas. “Vejam uma regra incompreensível para
as crianças: para aprender o que se ensina na escola é preciso ficar sentado
numa cadeira, sem se mexer, sem falar. Tanto é que, em qualquer oportunidade
que apareça, as crianças a transgridem” FREIRE (1997, p. 162).
Explorar o universo infantil exige do educador conhecimento teórico, prático,
capacidade de observação, amor e vontade de ser parceiro da criança nesse
processo. “A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar
um amigo, um guia, um animador, um líder – alguém muito consciente e que se
preocupe com ela e que faça pensar, tomar consciência de si e do mundo e que
seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma
sociedade melhor” (ALMEIDA, 1987, p. 195).
A educação lúdica pode ser para o educador competente um instrumento de
unificação, de libertação e de transformação das reais condições em que se
encontra o educando. É uma prática desafiadora, inovadora, possível de ser
aplicada. É possível também fazer o mapeamento da criança em sua trajetória
lúdica durante sua vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando
dessa forma entender e compreender melhor suas ações e fazer intervenções e
diagnósticos mais seguros ajudando o indivíduo ou o coletivo. As informações
obtidas pelo brincar permite diagnosticar: ideias, valores, estágios do
desenvolvimento, comportamentos dos envolvidos nos diferentes ambientes
lúdicos, conflitos e problemas. Podendo assim, definir através de uma escolha
criteriosa, as ações lúdicas mais adequadas para cada criança envolvida,
respeitando assim o princípio básico de individualidade de cada ser humano e
34
ajudar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motriz, linguístico e na
construção da moralidade.
É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, ampliar o seu
relacionamento social e respeitar a si mesma e ao outro.
Segundo BARROS ( 2005, p. 2) No brincar a criança se humaniza, aprendendo conciliar de forma
efetiva a afirmação de si mesma à criação de vínculos afetivos duradouros. É brincando que a criança encontra resistência e descobre manobras para enfrentar o desafio de andar com as próprias pernas e pensar, aos poucos, com a própria cabeça, assumindo responsabilidade por seus atos.
Um ambiente de cumplicidade e respeito na sala de aula gera momentos
agradáveis, carinhosos e de interação entre as crianças e educadores
fortalecendo as relações pessoais com maior confiabilidade.
Através da Ludicidade a criança compartilha sua alegria de brincar,
desenvolve a expressão verbal, ouve e respeitam opiniões, permite ser liderado
e exercita sua liderança.
No ambiente escolar a agressividade pode ser amenizada através de
atividades lúdicas que enfatizam valores.
Os jogos e brincadeiras no convívio social das crianças proporciona a criação
de valores, interação com os outros, respeito e obediência as regras sociais.
Segundo Dallari (1986, p.64 apud BARROS,2005 p. 4):
A civilização do consumo e da competição econômica desvirtuou
totalmente a noção de criança feliz. Em lugar dela colocou, na
realidade, a criança acomodada, que deve buscar distração olhando
passivamente as imagens de televisão ou usando, como um
autômato, os brinquedos caros postos à sua disposição. O que se
35
quer, realmente, é que a criança não incomode, mesmo que sua
alegria seja apenas aparente, o consumo convencional e
padronizado da alegria, que mata na criança a capacidade de ser
espontânea e de ter a felicidade autêntica, que brota de seu espírito.
Segundo CUNHA (1994) O brinquedo é um tipo de treinamento divertido
para a criança, através dele é que ela começa a aprender, conhecer e
compreender o mundo que a rodeia. Existem brinquedos para toda a faixa
etária. Brinquedos que servem para adultos brincarem e crianças assistirem não
são estimulantes. Bom brinquedo estimula a imaginação e desenvolve a
criatividade. Brinquedos que ensinam apenas a repetir mecanicamente o que os
outros fazem são prejudiciais, irritantes e monótonos.
Conforme o autor, criança gosta de brincar com brinquedos que possibilitem
a ação e movimento, com isso, aprendem a coordenar olhos, mãos e o corpo,
garantindo com naturalidade e prazer uma maior saúde física e mental no futuro.
Brinquedo sério é aquele que educa a criança para uma vida mais saudável,
livre, solidária, onde o companheirismo e a amizade sejam os pilares básicos.
Para uma melhor qualidade educativa na formação lúdica, é necessário o
educador ter conhecimento das diversas formas de brincar, e nem sempre pra
isso é necessário se ter dinheiro, só é preciso imaginação, ser criativo e
acreditar em sonhos. Os estudos feitos por SINGER & SINGER, ( 1990) citado
por PAPALAIA ( 2000) mostra que o brincar de faz-de-conta é um ótimo recurso
para a realização desse sonho. Através do faz-de-conta, as crianças aprendem
a compreender o ponto de vista de outra pessoa, a desenvolver habilidades na
resolução de problemas sociais e expressar sua criatividade; As crianças que
com frequência brincam de faz-de-conta tendem a cooperar mais com outras
crianças e tendem a ser mais populares e mais alegres do que aquelas que não
brincam de modo imaginativo; Os adultos e as crianças que brincam de faz-de-
conta tendem a ter uma relação mais saudável e prazerosa; As crianças que
brincam de faz-de-conta tem mais facilidade de criar suas próprias imagens e
ser protagonista da ação lúdica.
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Quanto maior for as possibilidades e a qualidade do brincar maior será o
desenvolvimento cognitivo.
Conclusão
A criança no início do seu desenvolvimento é um ser incompleto e aberto
com necessidades educativas, desde que nasce. Precisamos orienta-las com
carinho e respeitando as fases do seu desenvolvimento levando-as a encontrar
o caminho do equilíbrio emocional. Com uma boa educação, desde a infância, é
que conseguiremos formar adultos equilibrados, saudáveis fisicamente como
emocionalmente.
Esperamos que este tema possa contribuir com uma aprendizagem
qualitativa em um ambiente escolar pautado no entendimento e respeito de
todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem. Para isso é
necessário que a equipe pedagógica, os professores e os alunos e a família
busquem novas metodologia, procurem entender e conhecer melhor seus
alunos assumindo assim o seu verdadeiro papel frente aos novos desafios que a
educação contemporânea nos exige.
As normas da sociedade devem ser transmitidas para as crianças, visando
diminuir as agressões entre os alunos nas instituições escolares.
A qualidade de ensino deve ser a meta de todos: professores, famílias, da
sociedade e dos políticos; para que o país possa se afirmar internacionalmente,
na esfera política, económica e social. Se houver investimentos para a
formação do povo haverá crescimento econômico para a nação e diminuição da
violência em nosso país.
37
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41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
ENTENDENDO A AGRESSIVIDADE INFANTIL DE 2 A 6
ANOS
1.1. Desenvolvimento e personalidade da criança 10
1.2. Desenvolvimento e autocontrole 14
CAPÍTULO II
INFLUÊNCIAS FAMILIARES E ESCOLARES
2.1. Influências familiares 19