UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 14 - gerenciamento de programas:...
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 14 - gerenciamento de programas:...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTANCIA DO GERENCIAMENTO DO TEMPO PARA O
SUCESSO DO PROJETO
Por: Eduardo Pirozzolo Pinto
Orientador
Prof. Nelsom Magalhães
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTANCIA DO GERENCIAMENTO DO TEMPO PARA O
SUCESSO DO PROJETO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão de Projetos.
Por: . Eduardo Pirozzolo Pinto
3
AGRADECIMENTOS
Á Deus por me permitir acordar todos
os dias com muita saúde, aos amigos e
familiares pela compreensão da
ausência e apoio em todos os
momentos.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a minha esposa e
a meus filhos que me inspiro em melhorar
sempre.
5
RESUMO
Esta monografia apresenta a importância do gerenciamento de tempo
para o sucesso de um projeto. Mostra a importância da utilização de
ferramentas para o controle do tempo. Temos que ressaltar a importância e a
crescente demanda dos profissionais na área de gestão de projetos.
Desenvolvida essencialmente através de pesquisas bibliográficas, neste
estudo são abordados temas, conceitos, ferramentas, características e os
fundamentos do gerenciamento de projetos, além de uma análise sobre as
causas que levam ao atraso na entrega dos projetos
6
METODOLOGIA
O trabalho será desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas e
documentais em livros especializados, jornais e revistas, além do material
didático fornecido pelo Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido
Mendes e o PMBOK 4º edição e material de pesquisas em sites na Internet.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Fundamentos do gerenciamento de Projetos 09
CAPÍTULO II
Porque os Projetos atrasam? 22
CAPÍTULO III
Gerenciamento do tempo em Projetos. 25
CONCLUSÃO 36
ANEXOS 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
WEBGRAFIA 39
ÍNDICE 40
8
INTRODUÇÃO
É fato que enfrentamos diversas dificuldades no gerenciamento de
projetos. Os recursos são cada vez mais escassos e temos que fazer mais
atividades, ser mais produtivo, mais ao mesmo tempo economizar e manter a
qualidade do produto a ser entregue.
Para tanto, é preciso planejar, controlar e gerenciar o tempo em seus
projetos. Mesmo sabendo que muitas vezes o próprio tempo pesa contra um
planejamento mais estruturado.
Os empreendedores passaram a dar mais atenção ao mapeamento de
seus processos e a adoção de Técnicas de planejamento e controle dos
serviços. O gerenciamento do tempo é um importante fator de sucesso para os
processos de gestão integrados.
Este trabalho de monografia tem como objetivo mostrar uma visão
ampla sobre gerenciamento de projetos, por meio dos conhecimentos,
habilidades e conceitos que representam os fundamentos do gerenciamento
de projetos. Mostrando que com um bom gerenciamento do tempo na
execução do projeto é possível obter sucesso na entrega do projeto.
9
CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS
1.1 – A história do gerenciamento de projetos
Embora aparentemente o tema gerenciamento de projetos seja
relativamente recente, estudos nos mostram que ele vem sendo estudado há
muitos anos, e todo este conhecimento acumulado permitiu sua evolução co
precisão.
No final da década de 1950, período marcado pelo esforço da Guerra
Fria, muitos projeto militares de grande porte liderados pelo governo dos EUA
demandavam a formulação de um novo tipo de organização de projetos e o
desenvolvimento de ferramentas específicas para seu planejamento e controle.
Depois de o uso militar, essas técnicas foi aos poucos sendo
incorporadas por inúmeras empresas. Além disso, diversos outros fatores
incentivaram a adoção do gerenciamento de projetos, entre eles:
- a reengenharia;
- a globalização;
- a automação de processos;
- a popularização dos computadores;
- a internet.
O gerenciamento de projetos é uma idéia relativamente antiga.
Podemos nos lembrar de centenas de grandes realizações da humanidade, e
teremos anos e mais anos de experiência sobre este tema. Na atualidade, a
demanda dos negócios e a competitividade fazem com que organizações
privadas tenham que estruturar projetos que se equiparem em complexidade
aqueles promovido pelo governo americano no período da Guerra Fria.
Desde os projetos mais antigos, até os complexos projetos realizados
atualmente em áreas como desenvolvimento de software e indústria
10
aeroespacial, o papel do gerente de projeto continua a ser a integração de
recursos humanos e matérias para alcançar um objetivo.
A tarefa central do gerenciamento de projetos sempre foi a combinação
do trabalho de diferentes pessoas para a execução de tarefas que seriam úteis
para os clientes ou as organizações.
Um projeto é formado por um esforço não permanente, ou seja,
temporário, para criação de um produto ou serviço. Como não é permanente,
podemos afirmar que todos os projetos deveriam conter um início, um
desenvolvimento e um fim bem definidos. O projeto é finalizado quando seus
objetivos são alcançados, quando não for mais necessário ou quando ficar
bem claro que seus objetivos não poderão ser atingidos ou não é
compensador seguir em frente.
Embora os projetos sejam temporários, nem sempre os produtos ou
serviços que são os seus resultados também o são.
Os projetos geram produtos, serviços ou resultados exclusivos e
singulares, como, por exemplo, apartamentos, escritórios comerciais ou
automóveis. Embora muitos possam ser similares, diversas customizações e
adequações fazem com que cada projeto seja único.
Outra característica importante dos projetos é a elaboração progressiva,
que possibilita o seu desenvolvimento em etapas incrementais.
1.2 – O que é gerenciamento de projetos?
Pode ser descrito como a aplicação de conhecimento, habilidades,
ferramentas e técnicas as atividades do projeto a fim de atender as suas
demandas, sendo realizado por meio da integração dos seguintes processos:
iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento
(PMI, 2008).
O gerenciamento, ou seja, a aplicação de conhecimento, habilidades,
ferramentas e técnicas para atingir o objetivo do projeto, são realizadas por
uma pessoal responsável: o gerente de projeto, que tem como suas
atribuições:
11
- a identificação das necessidades do projeto;
- o estabelecimento de objetivos claros e palpáveis;
- o atendimento as expectativas de todas as partes interessadas;
- o devido balanceamento entre qualidade, escopo, tempo e custo, que
é realizada obedecendo a chamada teoria da tripla restrição.
De acordo com Newell (2002), os gerentes de projeto, normalmente,
balanceiam três fatores conflitantes: tempo, custo e um terceiro fator que pode
ser escopo ou qualidade, dependendo da visão adotada.
O PMBOK (2008) descreve como gerenciamentos de projetos incluem o
balanceamento das restrições conflitantes do projeto, que incluem, mas não se
limitam a:
- escopo;
- qualidade;
- cronograma;
- orçamento;
- recursos;
- riscos.
A relação entre esses fatores faz com que se algum deles mudar, pelo menos
um dos outros provavelmente será alterado. Projetos bem-sucedidos são
aqueles que entregam o produto ou serviço especificado dentro do escopo,
prazo, orçamento e com qualidade.
1.3 – Planejamento estratégico
O planejamento estratégico é uma técnica corporativa que proporciona a
análise ambiental de uma empresa, identificando suas oportunidades,
ameaças, pontos fortes e fracos para que saia de seu estado atual (missão) e
chegue ao estado esperado (visão). As ações necessárias para essa transição
normalmente são implementadas por meio de projetos. Atividades como
12
identificar as necessidades de mercado, desenvolver um plano de ação,
controlar mudanças, garantir qualidade, controlar qualidade e gerar resultados
são intrínsecas de estratégia e projetos. As empresas buscam constantemente
o ponto de equilíbrio entre estratégica, os processos e os projetos.
Desde o início dos tempos nosso mundo permanece em constante
estado de mudança. As mudanças que acompanhamos por meio de história
refletem-se diretamente ao ambiente das empresas e, principalmente, em sua
forma de gestão. Podemos dividir nossa história em quatro momentos bem
distintos: era da caça e coleta, era agrícola, era industrial e era da informação.
O planejamento estratégico nada mais é do que um processo pelo qual
a organização se mobiliza para atingir o sucesso e construir o seu futuro, por
meio de um comportamento proativo, considerando o ambiente que a cerca,
tanto o atual quanto o ambiente futuro. Devemos sempre planejar, não
importando o tamanho da organização, pois o sucesso passado não garante o
sucesso futuro. Na formulação do processo estratégico devemos considerar quatro
etapas cíclicas:
- análise do ambiente;
- formulação da estratégia;
- teste e homologação da estratégia;
- implementação, liderança e suporte da estratégia.
As quatro etapas irão municiar o planejamento estratégico quanto aos níveis
operacionais com foco na produção de resultados para o negócio da
organização, afetando, assim, a estratégia coorporativa e a estratégia de
negócio.
O último estágio do processo para a geração de resultados é a
implementação do portfólio de projetos. Os projetos transcendem o nível
estratégico, impactando diretamente nos níveis táticos e operacionais, onde
são realmente implementados.
13
1.4 – Importância e benefícios do gerenciamento de projetos
O gerenciamento de projetos pode ser uma profissão, um trabalho ou
uma atividade, dependendo do perfil da organização. Logo, podemos
apresentar uma definição básica para o gerente de projeto, como aquele
envolvido na liderança do gerenciamento das atividades do projeto, por meio
da sua inicialização, planejamento, execução, controle e encerramento.
Embora algumas atividades possam ser executadas sem a presença
formal de um gerente de projeto, verificamos que, atualmente, na maioria dos
casos a ausência desse profissional pode gerar problemas recorrentes para os
projetos.
O que é um projeto bem-sucedido? Embora existam dezenas de
definições corretas para qualificar um projeto bem-sucedido, praticamente
todas concordam que um projeto bem-sucedido é aquele que:
- produziu todas as entregas planejadas;
- foi completado dentro do cronograma aprovado;
- foi executado dentro do orçamento aprovado;
-foi entregue de acordo com todas as especificações funcionais, de
performance e de qualidade;
- alcançou todas suas metas, objetivos e propósitos;
- atingiu todas as expectativas das partes interessadas.
Projetos são responsáveis por trazer inovação a cada dia nas
organizações. Chamamos de gestão por projetos quando uma organização
visualiza suas principais demandas se organizando por projetos. A gestão por
projetos, compatível com o ritmo acelerado de mudanças imposto pelo mundo
globalizado, ganha foco das principais empresas, exigindo um novo corpo de
conhecimento de seus executivos. As três disciplinas principais da gestão por
projetos são:
- gerenciamento de portfólio: é processo sistemático pelo qual a
organização avalia as oportunidades existentes, transformando-as em projetos
mediante a avaliação de seu alinhamento a estratégia da empresa.
14
- gerenciamento de programas: programas é conjunto de projetos e
iniciativas que tem objetivos comuns e que precisam ser coordenados entre si.
O gerenciamento de programas cuida do compartilhamento de recursos e da
capital intelectual entre os projetos, bem como do gerenciamento dos riscos
globais.
- gerenciamento de projetos: disciplina clássica coberta pelos
processos do PMBOK, que tem como objetivo principal viabilizar a entrega de
projetos individuais que atendam as especificações de prazo, escopo, custo e
qualidade acordadas com o cliente.
Os projetos possuem um caráter finito e delimitado no tempo, isto é,
possuem um início no qual a mobilização de recurso começa a ser construída,
um momento de plena execução, no qual a alocação de recursos é
desmobilizada do projeto.
Estas características são denominadas ciclo de vida do projeto. Cada
organização, cada indústria e até mesmo cada gerente de projeto possui uma
maneira específica de representar esse ciclo. As fases, geralmente, são
determinadas de acordo com práticas da indústria na qual está inserido o
projeto e da organização promotora do projeto, e são típicas de um
determinado produto de projeto.
Ao término de uma fase, é possível que suas entregas sejam revistas
como um todo, o resultado seja validado ou rejeitado, autorizando o projeto a
avançar para a próxima fase ou então demandar alguns ajustes antes de
prosseguir.
Determinada quais entregas específicas de gerenciamento de projetos
necessitam ser realizadas em um dado momento, possivelmente fornecendo
modelos de documentos e disponibilizando ferramentas aceleradoras para sua
execução.
O PMBOK, com seus 42 processos de gerenciamento de projetos, não é
considerado uma metodologia, porque descreve processos de alto nível sem
prescrever especificamente como devem ser implantados.
15
O PMBOK, em sua quarta edição, define 42 processos e existe um
consenso geral sobre o seu uso no gerenciamento de projetos.
Um gerente de projeto não precisa adotar explicitamente os 42
processos de gerenciamento de projetos para ser considerado um bom
gerente. A aplicação e adequação dos processos do PMBOK dependerão do
contexto e das necessidades do projeto em questão, cabendo ao gerente
julgar quais são adequados a sua realidade. Implicitamente os 42 processos
ocorrem em todos os projetos. De maneira simplificada, podemos dizer que os
processos de gerenciamento de projetos estabelecem ciclos de planejamento,
execução e controle.
Esse ciclo pode ser repetido muitas vezes ao longo de um projeto.
Existe um conjunto de processos que inicia a execução desse ciclo, e outro
que o encerra. Dessa forma, os processos de gerenciamento de projetos
podem ser integrados de acordo com o momento em que são usados. Os
cincos grupos são:
- iniciação;
- planejamento;
- execução;
- encerramento.
Os processos podem ser divididos em áreas, agrupados por requisitos
de conhecimento, ou seja, processos que são tratados por um conjunto de
técnicas em comum e que trabalham com um conjunto similar de entradas e
saídas. As áreas de conhecimento de gerenciamento de projetos, de acordo
com o PMBOK, são:
- integração do gerenciamento do projeto;
- gerenciamento do escopo do projeto;
- gerenciamento de tempo do projeto;
- gerenciamento de custos do projeto;
- gerenciamento de qualidade do projeto;
- gerenciamento de recursos humanos do projeto;
- gerenciamento das comunicações do projeto;
- gerenciamento de riscos do projeto;
16
- gerenciamento de aquisições do projeto.
Os 42 processos podem ser visualizados por grupos de processos ou por área
de conhecimento. O processo de inicialização é composto pelos processos que
obtêm a autorização para o início do projeto ou de sua fase.
- desenvolver o termo de abertura;
- identificar as partes interessadas.
O processo de planejamento é responsável pelo planejamento e
gerenciamento dos projetos, por meio do plano de gerenciamento. Além de
refinar o seu escopo, o seu custo e o agendamento das suas atividades.
Durante o planejamento, a equipe do projeto deve trabalhar com todas as
partes interessadas, de forma a aproveitar o seu conhecimento específico para
o plano de gerenciamento e outros documentos. Segue o conjunto de
processos de planejamento:
- desenvolver o plano de gerenciamento do projeto;
- coletar os requisitos;
- definir o escopo;
- criar a estrutura analítica do projeto (EAP);
- definir as atividades;
- seqüenciar as atividades;
- estimar os recursos das atividades;
- estimar as durações das atividades;
- desenvolver o cronograma;
- estimar os custos;
- determinar o orçamento;
- planejar a qualidade;
- desenvolver o plano de recursos humanos;
- planejar as comunicações;
- planejar o gerenciamento de riscos;
- identificar os riscos;
- realizar a análise qualitativa de riscos;
- realizar a análise quantitativa de riscos;
- planejar as respostas aos riscos;
17
- planejar as aquisições.
O processo de execução é responsável pela execução dos trabalhos definidos
pelo plano de gerenciamento, de forma a atender os requisitos do projeto,
envolvendo a coordenação de pessoas e recursos. Segue o conjunto de
processos de execução:
- orientar e gerenciar a execução do projeto;
- realizar a garantia da qualidade;
- mobilizar a equipe do projeto;
- desenvolver a equipe do projeto;
- gerenciar a equipe do projeto;
- distribuir informações;
- gerenciar as expectativas das partes interessadas;
- realizar as aquisições.
O processo de monitoração e controle é utilizado para o gerenciamento da
execução do projeto, identificando eventuais problemas no momento adequado
e permitindo a tomada de ações corretivas, quando necessário. Segue o
conjunto de processos de controle:
- monitorar e controlar o trabalho do projeto;
- realizar o controle integrado de mudanças;
- verificar o escopo;
- controlar o escopo;
- controlar o cronograma;
- controlar os custos;
- realizar o controle de qualidade;
- reportar o desempenho;
- monitorar e controlar os riscos;
- administrar as aquisições.
O processo de encerramento é utilizado para finalizar as atividades de um
projeto ou de uma de suas fases. Segue o conjunto de processos de
encerramento:
- encerrar o projeto ou a fase;
18
- encerrar as aquisições.
O planejamento, o monitoramento e o controle são processos
independentes e essências para o sucesso do projeto
O planejamento é o responsável pela definição curso das ações a serem
desenvolvidas. É um processo continuo de tomada de decisão que busca a
eficiência e a eficácia do processo produtivo. Sob a ótica do PMI (2008), o ciclo
de vida do projeto é formado por um conjunto de fases logicamente
relacionadas, cada uma contendo normalmente cinco grupos de processos que
apresentam relação de iteratividade e interatividade, e que são implementados
na mesma seqüencia em todos os projetos. São eles: iniciação, planejamento,
execução, monitoramento e controle, encerramento.
O PMI (PMI, 2008) caracteriza o planejamento como um conjunto de
processos que são “realizados para estabelecer o escopo total do esforço,
definir e refinar os objetivos e desenvolver o curso de ação necessário para
alcançar esses objetivos”.
O processo de desenvolvimento de projeto pode incluir desde um
sofisticado processo de gerenciamento de portfólio até a simples orientação de
um executivo durante uma reunião. Qualquer que seja o processo, é
necessário formalizá-lo por meio de um documento: a literatura chama esse
documento de termo de abertura do projeto ou Project charter.
O termo de abertura é um documento que serve como fonte para a
elaboração da declaração preliminar de escopo do projeto. Uma vez nomeado,
a tarefa do gerente será identificar e classificar as partes interessadas do
projeto (stakeholders), utilizando uma série de técnicas. Além disso, ele deve
entender os objetivos do projeto, para posteriormente planejar como atingi-los.
Nesse entendimento inicial, uma questão muito importante é o registro
de premissas e restrições. Segundo o PMBOK (PMBOK, 2008), premissas são
fatores que, para fins de planejamento, são considerados verdadeiros, reais ou
certos sem prova ou demonstração.
Ao contrário das premissas, as restrições limitam o trabalho do gerente
de projeto e sua equipe, mas o seu atendimento está no âmbito do controle
gerencial.
19
O gerente de projeto pode e deve compartilhar a responsabilidade pela
elaboração do plano de projetos e da declaração de escopo com os membros
da equipe, sem esquecer que sua principal atividade é a integração do projeto.
O trabalho de elaboração do plano de projetos é seqüenciado i iterativo, não
devendo ser tratado como um trabalho estático e acabado. Várias versões são
normalmente produzidas até se chegar a uma versão consistente e estável.
O plano de projeto pode ser analisado pelas partes interessadas, e caso
seja considerado pronto para ser executado, devemos registrar essa versão
como linha de base do projeto. A linha de base do projeto contém as metas
originais de escopo, custo, cronograma e qualidade, e todos os indicadores de
desempenho do projeto deverão confrontar a situação corrente do projeto
contra sua versão aprovada.
Um plano bem desenvolvido ajuda muito, mas não é condição suficiente
para o sucesso na sua execução. É necessário que as pessoas envolvidas
conheçam o plano, entendam-no e estejam de acordo com ele. Além disso, o
gerente deve assegurar que todos os membros da equipe tenham
oportunidade de entender e ser treinados nas tarefas que deverão
desempenhar. Os planos, além de conter a forma como as ações deverão ser
desenvolvidas, também devem indicar os padrões esperado de desempenho, o
que não impede que, por ocasião do monitoramento e controle, outras
informações coletadas e avaliadas. A detecção e correção de desvios é o
principal objetivo do monitoramento e controle.
Dificilmente tudo acontece conforme planejado, por isso, os gerente que
possuem mais sucesso são aqueles que sabem se preparar de forma
estruturada para as mudanças e que conseguem identificar em tempo hábil e
responder prontamente aos desvios.
A sistemática de monitoramento e controle normalmente é desenvolvida
por meio de cinco fases: mensuração, comunicação das informações,
avaliação, comunicação dos desvios e implementação de ações corretivas e de
melhoria.
O encerramento do projeto seja porque o projeto atingiu seus
resultados, ou porque a empresa decidiu terminá-lo antes da conclusão final,
20
existem demandas de encerramento de projetos que não podem ser
negligenciadas, como a conferencia se as entregas estão de acordo com as
especificações, o reconhecimento de seu aceite final, o encerramento
administrativo de contratos com clientes e fornecedores, a organização e o
armazenamento da informação relevante gerada nos projetos e a
desmobilização ordenada da equipe de projetos e equipamentos.
Projetos são iniciados, planejados, executados, controlados e
encerrados por pessoas, que são o elo fundamental do gerenciamento de
projetos. O termo stake no mundo corporativo significa participação, interesse
ou o financiador algum empreendimento. As partes interessadas são todas as
envolvidas no projeto, que possam ser afetadas ou exercer alguma influencia
positivo ou negativo, nos seus objetivos e resultados finais. Podemos qualificá-
los em três tipos:
- patrocinadores (sponsor);
- participantes;
- externos.
A complexidade das ações de gerenciamento demandou, ao longo dos
anos, a criação e aperfeiçoamento de ferramentas de planejamento,
monitoramento e controle que aumentasse a eficácia dos processos de coleta,
entrada, tratamento, visualização e análise de dados, bem como os de tomada
de decisão.
Ferramenta pode ser entendida como “alguma coisa tangível, como um
modelo ou um programa de software, usada na realização de uma atividade
para produzir um produto ou resultado” (PMI, 2008).
Segue um conjunto de ferramentas que contribuem para a melhoria da eficácia
dos projetos de planejamento e controle de projetos:
- estrutura analítica do projeto (EAP);
- diagrama de barras (gráfico de Gantt);
- diagrama de rede;
- técnica do valor agregado;
- diagrama de causa e efeito;
21
- diagrama de Pareto;
- diagrama de árvore;
- matriz de responsabilidades;
- planilhas, formulários e gráficos;
- ferramentas informatizadas de gerenciamento.
22
CAPÍTULO II
PORQUE OS PROJETOS ATRASAM?
É notório que as empresas buscam cada vez mais a otimização de
seus processos e conseqüentemente a redução de seus custos através das
mais diversas formas.
Freqüentemente observamos projetos audaciosos e inovadores
buscando sempre meios para produzir mais, gastando-se menos. É a busca
incessante do aumento de produtividade e da competitividade. É neste
contexto, que a gestão de projetos entra como uma poderosa ferramenta na
busca de velocidade para a execução das atividades em geral. Entretanto nem
sempre é isto o que ocorre.
Segue os principais motivos pelos quais os projetos, via de regra, não
cumprem seu cronograma, mesmo em organizações que se dizem praticantes
da gestão de projetos.
Motivo 1: Alterações no escopo do projeto. Estas modificações acontecem por
diferentes motivos, como por exemplo: percepção de que a configuração
encomendada para o produto ou serviço não tem mais tanto interesse no
mercado,quando comparada ao interesse que tinha na época em que o projeto
foi idealizado.
Efeito: Necessidade de revisão parcial e, em alguns casos, total do projeto que
não raro provoca desmotivação da equipe envolvida, não cumprimento do
cronograma, “estouro” no orçamento e insatisfação dos stakeholders.
Causa: Falta de uma análise mais criteriosa na ocasião da matrícula do projeto
provocada muitas vezes pela ansiedade de disparar um projeto o mais rápido
possível e, conseqüentemente, preencher uma lacuna visualizada como
grande oportunidade de negócios.
23
Motivo 2: O tempo entre a conclusão do planejamento/orçamentação do
projeto e a aprovação para o início da execução é longo e este período “morto”
acaba comprometendo o tempo total de conclusão do projeto.
Efeito: Cria-se uma falsa impressão de que a metodologia de gerenciamento
de projeto prejudica a velocidade do projeto.
Causa: Falta de maturidade organizacional capaz de avaliar o impacto negativo
que a postergação da tomada de decisão para o início do projeto, promovida
por cada aprovador em particular, acaba resultando na duração global do ciclo
de aprovação (LEACH, 2000).
Motivo 3: Modificações de legislação, muitas vezes com incremento de
requisitos durante o ciclo do projeto.
Efeito: Necessidade de revisão parcial e em alguns casos total do projeto a
depender da magnitude da modificação.
Causa: Ciclo longo do projeto dando maior oportunidade para que eventos
desta natureza ocorram e falta de visibilidade externa.
Motivo 4: Não existência da cultura de Gestão do Tempo arraigada no
segmento, e conseqüentemente, nas diversas áreas da organização que têm
interfaces fortes com as atividades de desenvolvimento.
Efeito: Questionamentos recorrentes relativos aos motivos pelos quais os
projetos estão atrasando e oscilação entre fases otimistas e pessimistas em
relação ao andamento do projeto. Existe também a tendência da criação de
argumentação para justificar atrasos ou insucessos.
Causa: Falta de incentivo e patrocínio pela Alta Administração em relação a
pasta Gestão de Projetos, além da falta de comprometimento de todos os
responsáveis por atividades do projeto no “dia-a-dia”, muitas vezes havendo
envolvimento de todos os responsáveis somente às vésperas de reuniões de
follow-up.
Motivo 5: Falta de recursos humanos dedicados aos projetos nas diversas
áreas, e por este motivo muitas vezes o projeto tem que aguardar a
24
disponibilidade de um profissional de finanças ou de um profissional de
qualidade, por exemplo, para a execução de alguma etapa crucial devolvendo
ao projeto a condição de prosseguimento.
Efeito: Constantes solicitações de postergações dos prazos por parte de
alguns responsáveis por atividades assumidas na ocasião do início do projeto.
Notem que estas solicitações, não raro, chegam acompanhadas de
justificativas de falta de tempo de dedicação às atividades do projeto por
motivo de outras demandas em atividades concorrentes.
Causa: A estrutura matricial montada para os projetos é “sabotada” por conta
de outras prioridades colocadas pela própria alta administração ou pela
gerência da área responsável pela execução de tal atividade.
Motivo 6: Falta de recursos físicos dedicados aos projetos nas diversas áreas,
e por este motivo muitas vezes o projeto tem que aguardar a disponibilidade de
um equipamento ou de uma área de produção, por exemplo, para a execução
de algum teste ou simulação de processo.
Efeito: O tempo de ciclo do projeto acaba sendo afetado negativamente por
motivos que em nada se relacionam com a natureza ou complexidade do
projeto.
Causa: O compartilhamento de recursos entre as atividades do projeto e as
atividades de rotina da empresa, que num primeiro momento evita maiores
investimentos e com isso acaba gerando uma economia aparente, acaba
impondo restrições a evolução do projeto e conseqüentemente afasta a
oportunidade de usufruir dos benefícios do lançamento de um novo produto.
25
CAPÍTULO III
GERENCIAMENTO DO TEMPO EM PROJETOS
O gerenciamento de tempo vai desde a definição das atividades,
seqüenciamento, definição de recursos por atividades, estimativa de duração e
montagem até o controle do cronograma.
3.1 – Definições das atividades
Definir as atividades que farão parte do cronograma é o primeiro passo
de gerenciamento de tempo e, portanto, a porta de entrada no gerenciamento
de projeto. Assim, o mapa de definição das atividades sofre forte influência de
processos de outras áreas envoltas no gerenciamento de projetos e influencia
também fortemente os demais mapas de planejamento de tempo.
A definição das atividades tem o papel fundamental no planejamento,
execução e controle de um projeto. É por meio das atividades que se delegam
as ações para as pessoas envolvidas no projeto, que se define o trabalho
necessário para o cumprimento das entregas prometidas ao cliente e que se
fará o cálculo do custo do trabalho para o orçamento do projeto. Além disso,
somente após as atividades definidas podemos executar os processos
seguintes do gerenciamento de tempo, fazendo o seqüenciamento e a
estimativa de duração de tempo.
Não somente o gerenciamento de tempo, mas todas as áreas do
gerenciamento de projetos têm no escopo do projeto a base para seu
planejamento. Mas no caso específico do gerenciamento do tempo e,
principalmente, no momento da definição das atividades, essa influencia é
determinante. Três itens derivados da gestão de escopo são fundamentais
como insumos para o processo de definição das atividades.
- declaração de escopo do projeto;
- estrutura analítica de projeto (EAP);
- dicionário da EAP.
26
A decomposição, como ferramentas das atividades, é definida pelo
PMBOK (PMI, 2004) como “a subdivisão dos pacotes de trabalho do projeto
em componentes menores e mais facilmente gerenciáveis, chamados de
atividades de cronograma”.
A EAP tem a função de melhorar a precisão das estimativas de duração
das atividades, o que é fundamental para o gerenciamento do tempo. Quanto
mais detalhada a EAP e a definição das atividades, maior será o número de
entregas e atividades estabelecendo o projeto. Teríamos um grande número
de atividades pequena duração, o que faria nossa estimativa de tempo das
atividades mais precisa, aumentando a precisão do cronograma.
Como acontece para o desenvolvimento da EAP, é factível que durante
a definição das atividades tenhamos condição de padronizar certas partes do
projeto, que é único, não cabendo padronização do todo. Assim, como
complemento da possibilidade de termos modelos de EAP, podemos
igualmente ter modelos de EAPs com suas respectivas atividades, que
serviriam de base para o detalhamento daquela entrega.
Essa padronização de atividades, apesar de limitada em relação ao todo das
atividades do projeto, tem grande importância para o gerenciamento de
projetos, já que por meio dela teríamos condição de comparar sua utilização
nas diversas entregas ou entre projetos, abrindo caminho para a criação do
histórico d atividade. Para estruturas gerencias como os chamados escritórios
de projeto, essa padronização é fundamental para alimentar os processos de
lições aprendidas e melhoria contínua, já que possibilitam a definição de
métricas no âmbito da gerência do projeto, programa e portfólio.
Os marcos são atividades especiais constantes de cronograma, com
função não de exprimir uma ação, mais sim um evento pontual no tempo. Um
marco é uma atividade sem duração e, conseqüentemente, sem trabalho e
custo, não tendo um recurso como a função de executar uma ação. São na
verdade, datas no cronograma representativas de eventos importantes para o
projeto, também conhecidos como milestones.
O marco de maior importância para o gerenciamento do tempo é a
entrega final do projeto.
27
O trabalho de elaboração e detalhamento do escopo do projeto é
progressivo, realizado desde a fase de inicialização e planejamento de projeto
e feito até durante a execução e controle, já que nossa incerteza sobre o
projeto vai diminuir com o passar do tempo. É nesse cenário que se encaixa o
planejamento em ondas sucessivas (Rolling wave planning) que, de acordo
com o PMBOK (PMI, 2004), é uma forma de planejamento de elaboração
progressiva em que o trabalho que será realizado em curto prazo é realizado
em detalhes em um nível baixo da EAP, enquanto o trabalho distante no futuro
é planejado para os componentes da EAP que estão em um nível
relativamente alto.
Os chamados projetos de escopo aberto são aqueles nos quais só se
consegue a definição do escopo total do projeto perto do fim. Nesses casos
extremos, o planejamento é muito prejudicado na sua precisão, já que o
planejamento de tempo, custos, recursos, qualidade e demais áreas é
dependente de um escopo fechado e qualquer mudança nele acarretará
mudanças nessas outras áreas.
3.2 – Seqüenciamentos de atividades
Por meio do processo de seqüenciamento passa a ser viável a
identificação dos diversos relacionamentos lógicos entre atividades, em função
das relações de precedência adequadas. É preciso não só representar, mas
documentar todos os tipos de relacionamento, suas eventuais exigências de
antecipações ou atrasos, e tudo que se faça necessário para que o
desenvolvimento do cronograma seja feito da maneira mais realista possível.
A primeira preocupação do gerente é coletar e ter a disposição os
documentos necessários para o trabalho de seqüenciamento de atividades.
Tais documentos incluem declaração de escopo do projeto, a lista de
atividades obtida por meio da decomposição da EAP, os possíveis marcos
(milestones) impostos pelos diversos stakeholders do projeto e as mudanças
solicitadas.
28
A declaração de escopo é fundamental, já que o gerente precisa ter
uma visão muito clara do produto ou serviço a ser desenvolvido, incluindo suas
características, premissas assumidas, restrições, etc. O que não faz parte do
escopo também precisa está bem claro na declaração, para facilitar o
entendimento do projeto e viabilizar um diagrama de rede coerente com a
realidade do produto a ser desenvolvido.
Existem basicamente três tipos de métodos de diagramação: ADM,
PDM e CDM.
ADM – originalmente inventado nos anos de 1950, o método de
diagrama de setas, também chamado de ADM ou AOA apresenta um formato
no qual as setas representam as atividades o os nós representam as
dependências entre elas.
PDM – o método do diagrama de precedências foi introduzido entre
1962 e 1964 pela Stanford University, por meio do dr. John Fondah. Esse tipo
de representação é o mais comum em quase todos os softwares de
planejamento do mercado.
CDM – outro tipo muito menos utilizado de diagramas de rede, mas
que também deve ser mencionado, é o método de diagrama condicional
(CDM). O conceito foi apresentado em meados dos anos 1960 como um
procedimento para análise de redes com atividades que necessitam de
diferentes distribuições probabilísticas. Sua representação mais comum é feita
por meio da técnica conhecida como Gert (graphical avaluantion), na qual é
possível a inclusão de derivações probabilísticas, múltiplas saídas, descios
condicionais, efeitos recursivos e nós com repetição de eventos (loops).
Existem três tipos de dependências que definem uma seqüência entre
atividades:
- dependências obrigatórias;
- dependências arbitrárias;
- dependências externas.
É fundamental também que sejam considerados, pela equipe técnica
do projeto, antecipações (leads) ou atrasos (lags) que podem influir na relação
lógica entre atividades ou mesmo em sua duração. Essa análise deve ser
29
documentada pela equipe técnica e deve fazer parte integrante do
seqüenciamento de atividades. Um lead leva a antecipação de alguma
atividade sucessora, já o lag sugere um atraso em atividades sucessor.
Outro conceito importante é o que a literatura trata como uma atividade
hammock ou sumário de atividades. É comum também a necessidade de
representar duas ou mais atividades que estejam interligadas por meio de uma
“atividade-mãe” que representa todo o conjunto.
3.3 – Estimativa de recursos
A estimativa de recursos das atividades é a determinação dos
recursos, assim como as quantidades de cada um que serão usados e quando
cada um estará disponível para realizar todo o conjunto de atividades do
projeto. Nesse sentido, o principal insumo para estimar recursos é a própria
definição das atividades a serem realizadas.
Outro dado fundamental é a própria disponibilidade dos diversos
recursos. Esse tipo de consideração representa uma restrição para o processo
de estimativa de recursos e também para todos os demais processos de
geração do cronograma, uma vez que precisamos ajustar a demanda das
atividades pelos recursos, com a disponibilidade real de tempo destes para o
trabalho.
Precisamos definir o que é recursos. É tudo que serve para a execução
das atividades ou que é consumido por elas, os recursos que executam as
atividades são chamados de recurso de trabalho, nos quais o desempenho
determina a duração das atividades e, conseqüentemente, do projeto. Assim,
os recursos se enquadram em três grandes grupos: recursos humanos,
equipamentos e matérias.
Tendo a definição das atividades como as ações necessárias para
cumprir cada uma das entregas previstas na EAP, é preciso estimar os
recursos necessários para a entrega de cada pacote de trabalho esperado. Daí
surge o conceito de trabalho como esforço para que cada recurso (de trabalho)
cumpra seu papel na atividade, o que é diferente da duração da atividade.
30
Um calendário é a programação de datas úteis tanto para o projeto e
suas atividades quanto para os recursos, e irá influenciar a data final das
atividades no cronograma. Assim, existem dois tipos de calendários:
projeto/atividades e recursos. Existe uma relação entre a quantidade de
recursos e a duração das atividades.
Primeiramente, cada atividade possui uma particularidade entre esses
fatores, não sendo possível a determinação de uma relação válida para todos
os casos. Porém, podemos dividir todas as atividades em dois grandes grupos:
as que possuem relação inversamente proporcional entre duração da atividade
e números de recurso e as que não possuem essa relação.
3.4 – Estimando a duração das atividades
Estima duração é um dos aspectos mais difícil e completo do
planejamento de um projeto. Diversos fatores devem ser considerados para
elaboração adequada de uma estimativa: ameaças e oportunidades que
podem surgir ao logo do projeto; a competência e a produtividade dos recursos
envolvidos e a sua curva de aprendizagem. A tentativa é de responder a
clássica pergunta “quanto tempo de mora?” com maior nível de precisão
possível, pois certeza absoluta não existe.
A duração de um projeto considera apenas os períodos (dias ou horas)
efetivamente trabalhados, não incluindo os períodos de descanso (dias/horas
não úteis) ou interrompidos. A duração está relacionada a estimativa de tempo
e não de esforço. Obviamente ambas estão relacionadas. A diferença entre a
data de início e a final de uma atividade é definida como tempo decorrido
(elapsed time),
O esforço necessário, também conhecido como empenho, representa a
quantidade de períodos necessários para completar a atividade.
O processo de estimar a duração das atividades de acordo com o
PMBOK (PMI, 2004) é “obter avaliações quantitativas do número provável de
períodos de trabalho necessários para a conclusão de uma atividade do
31
cronograma”. Outros resultados da estimativa de duração são eventuais
atualizações nos atributos das atividades, e também solicitações de mudanças,
visando adequar os objetivos do projeto.
Durante a execução do projeto observamos que existe uma variação
entre o planejado e o efetivamente implementado. A razão por trás desce
fenômeno é que a duração de uma atividade é uma variável randômica,
principalmente no contexto dos projetos. Isso acontece porque
desconhecemos quais fatores influenciarão a duração, então não é possível
saber exatamente quanto tempo será consumido.
Como toda receita de bolo que precisa de ingredientes, cada processo
necessita de elementos para sua elaboração. Além da lista de atividades e
seus atributos, sugerimos alguns “ingredientes” para que as atividades tenham
uma boa estimativa:
- conhecer o passado;
- conhecer o ambiente do projeto;
- conhecer as premissas e restrições;
- conhecer os riscos;
- conhecer a disponibilidade, capacidade e características do recurso.
Estimar durações de atividades é um desafio. Algumas vezes, o gerente
e sua equipe estarão familiarizados com as atividades, podendo fornecer
estimativas mais confiáveis e que a própria equipe se sinta mais confortável
em cumprir. A seguir as principais técnicas aplicadas para obtenção de boas
estimativas:
- utilizar os dados históricos e documentar seu registro;
- opinião de especialista;
- aplicar a técnica Delphi;
- aplicar as estimativas de três pontos;
- aplicar estimativas paramétricas;
- inferir baseado na similaridade a outras atividades;
- considerar o uso de reservas (“gorduras”)
32
3.5 – O cronograma do projeto
O preparo do cronograma proporciona a base para muitas das funções
importantes que são parte do processo de gerenciamento de projetos, mas
sem uma definição clara dos objetivos e do escopo do trabalho não teríamos
uma base sólida para atribuir recursos ou para administrar o fluxo de caixa.
Certamente que o prazo do trabalho e a gestão da data do término do
empreendimento são os fatores mais críticos e observados na maioria dos
projetos.
Determinar a programação de um projeto não é uma atividade simples.
Na verdade, é uma combinação de arte e ciência. A ciência está em
determinar no diagrama de rede do projeto onde está o caminho crítico, quanto
de folga existe nas atividades não críticas, na definição dos períodos de
trabalho tanto do projeto quanto de cada recurso individualizado etc. No
entanto, outros fatores importantes também devem ser considerados,
envolvendo a questão das restrições de datas impostas e também o
nivelamento dos recursos utilizados nos projetos. A questão relativa a arte é
garantir, com toda a incerteza inerente a projetos, que o cronograma seja
exeqüível, embora tenhamos diversas técnicas para construí-lo, o desafio é
buscar um jeito de executar as diferentes atividades de forma paralela,
otimizando os recursos existentes para que, então, seja possível completar o
projeto no menor prazo.
O desenvolvimento do cronograma deve ser feito interativamente, ou
seja, elaborado de forma progressiva e repetida até o momento em que seus
resultados sejam confiáveis e possam atender aos objetivos do projeto. O
resultado principal desse processo é determinar “as datas de início e término
planejadas para as atividades do projeto”,
As restrições controlam o início ou o final de uma atividade e o grau de
quanto ela poderá ser reagendadas. São classificadas em três categorias:
flexíveis, semiflexíveis e inflexíveis.
Elaborar um cronograma requer o uso de uma análise do diagrama de
rede criado anteriormente no processo de seqüenciamento das atividades.
33
Essa análise faz uso de uma diversidade de técnicas analíticas que tem como
objetivo principal obter as datas mais cedo e as datas mais tarde de cada
atividade, identificando as folgas e qual o conjunto ou caminho das atividades
que determinam a duração total do projeto.
Todas as atividades têm uma faixa de datas permitidas para seu início e
término, sem comprometer a duração total do projeto. Esse fenômeno
acontece porque os diagramas de rede são constituídos por diferentes rotas ou
caminhos. Logo, algumas atividades passam a ter diversas possibilidades para
serem iniciadas e terminadas.
Apesar da existência de outros métodos, o caminho crítico á a base
para o cálculo da maioria dos cronogramas de projeto, programas de
gerenciamento de projeto, metodologias etc. É um processo que determina
quando o trabalho poderá ser feito, tomando como base o diagrama de rede e
as estimativas de duração das atividades, incluindo aí a identificação dos
atrasos e das restrições de data de projeto.
Reduzir a duração do projeto significa diminuir o tamanho do caminho
crítico, existem duas técnicas de aceleração: a conhecida por compressão ou
crashing, e outra, conhecida como paralelismo ou fast tracking.
- compressão (crashing): técnica que leva em conta a relação custo-
cronograma.
- paralelismo (fast-tracking): tipo de técnica que faz com que fases,
pacote de trabalho ou atividades sejam executados em seqüência.
3.6 – Controle do cronograma
Entendemos que, na verdade, não controlamos a variável tempo, mas
sim os fatores de produção e seu comportamento em termos de oferta e
demanda ao longo do desenvolvimento do projeto.
O controle de prazos pode ser visto como um processo de
monitoramento contínuo, envolvendo a análise das causas, seus efeitos sobre
as durações do projeto e se esses desvios estão dentro das margens
34
estabelecidas. Esse processo deve ser estender com os diversos níveis das
estruturas de análise dos projetos, considerando os pacotes de trabalho, a
estrutura analítica organizacional e a estrutura de custos, visando minimizar os
efeitos negativos das possíveis variações no resultado do projeto, a tempo de
os gestores desenvolverem ações necessárias.
O processo de medir o desempenho consiste em comparar o previsto
com o realizado, sobretudo na aplicação e no uso dos recursos, visando
determinar se tal uso contribui para o comprimento dos objetivos do projeto.
O desempenho do projeto deve ser avaliado regular e continuamente,
para que sejam identificadas as variações derivadas da execução em relação
ao plano de gerenciamento de cronograma. O processo envolve: verificar se o
desvio até a data de status é relevante e estão dentro dos critérios de
aceitação estabelecidos no plano de gerenciamento do cronograma e
comparar também as produtividades previstas com as realizadas.
A correção do fluxo de um projeto pode fazer uso muita estratégias
diferentes para trazer de volta o cronograma do realizado para o previsto ou
mesmo o equilíbrio entre e oferta e a demanda por recursos. Reconhecemos
que nem sempre a aplicação dessas estratégias é tão simples quanto sua
descrição, mas é importante que estejam documentadas até para servir de
referência futura para análise do leitor.
Algumas dessas estratégias são:
- replanejamento e reprogramação das tarefas;
- realocação de fundos;
- realocação e redistribuição de recursos;
- análise “ e se”;
- nova designação de autoridade/responsabilidade;
- redução das durações com base nos custos diretos de aceleração.
Outro ponto importante a ser considerado é que os cronogramas podem
ser apresentados de diversas maneiras, dependendo do público e da
mensagem que o gerente de projeto deseja transmitir. Podem ser sumariados
na forma de um gráfico de marcos que comunica quando os principais eventos
do projeto serão concluídos; na forma de um diagrama de Gantt que mostra
35
quando as principais atividades serão executadas; ou detalhados na forma de
uma planilha com diversas linhas e colunas.
3.7 – Análise do valor agregado
O gerenciamento do valor do trabalho realizado (EVM), ou simplesmente
análise do valor agregado. O EVM apresenta-se como a melhor metodologia
para integrar escopo, prazo, custos e progresso do projeto, baseado na
atribuição do custo orçado das tarefas. O EVM é um método bastante
difundido nos Estado Unidos, criado pelo departamento de defesa daquele
país, hoje amplamente utilizado em diversos países, e que objetiva medir o
desempenho dos projetos considerando as quantidades das tarefas realizadas
em termos de custos orçados, associado aos períodos de realização dessas
tarefas, e os custos incorridos acumulados até a data de análise.
A curva S representa graficamente o resultado da acumulação das
distribuições percentuais, parciais, relativas a alocação de determinado fator
de produção (mão de obra, equipamentos e materiais) ao longo do tempo. Por
conseguinte, a curva S pode ser também denominada curva de distribuição ou
agregação acumulada. Basicamente, a curva pode ser empregada como
técnica de planejamento, programação ou como técnica de controle.
36
CONCLUSÃO
Gerenciamento de projetos é assunto sério, muito se investe em
treinamento, processos, ferramentas e estruturas, para aumentar a maturidade
de um ambiente de gerenciamento. Mas ainda é possível observar uma série
de problemas ligados a essa prática. Muito deles estão relacionados a uma
das variáveis mais imponderáveis e implacáveis de todas: o tempo.
Uma verdade incontestável de nossos tempos: projetos atrasam. É difícil
quantificar ao certo o custo do atraso. Mas é certo que existe um custo e é
certo também que atrasos geram insatisfação.
Concluímos que o planejamento, o monitoramento e o controle são
processos interdependentes e essências para o sucesso do projeto. Por meio
do planejamento têm-se planos que visualizam as ações de gerenciamento e
dizem em que ponto se deve estar; enquanto o monitoramento e controle
informam em que ponto se deve estar; enquanto o monitoramento e controle
informam em que ponto se está de fato, possibilitando a obtenção de desvios e
a implementação de ações corretivas. Um planejamento adequado, demarcado
por um monitoramento e controle eficazes, potencializa o sucesso do projeto
ao fornecer melhores estimativas sobre o resultado final desejado e ao
minimizar prazos, custos e aumentando a qualidade.
37
ANEXOS
Verbetes em inglês
crashing - compressão
elapsed time- tempo decorrido
fast tracking – paralelismo
hammock - sumário de atividades
lags - atrasos
leads - antecipações
milestones - eventos importantes para o projeto
project charter - abertura do projeto
Rolling wave planning - planejamento em ondas sucessivas
stakeholders - partes interessadas do projeto
sponsor - patrocinadores
38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BARCAUI, André B.; BORBA, Danúbio; SILVA, Ivaldo M. da; NEVES, Rodrigo
B.;Gerencimento do Tempo em Projetos . 3º Edição, FGV Editora, 2010.
Material Didático fornecido pela AVM – Universidade Candido Mendes
PMI, Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos ( Guia
PMBOK ), 4º Edição, Editora Project Management Institute, 2008
VALLE, A. B., SOARES, C. A. P.; FINOCCHIO Jr.; SILVA, L. S. F.;
Fundamentos do Gerenciamento de Projetos . 3º Edição, FGV Editora, 2010.
39
WEBGRAFIA
PRUBENS VINHA JUNIOR - Por que os projetos atrasam? (parte1)
Disponível em : http://vinhabranco.com.br/?p=56 . Acesso em :08 de jan. 2012.
PRUBENS VINHA JUNIOR - Por que os projetos atrasam? (parte2)
Disponível em : http://vinhabranco.com.br/?p=93 Acesso em :08 de jan. 2012.
PRUBENS VINHA JUNIOR - Por que os projetos atrasam? (parte3)
Disponível em : http://vinhabranco.com.br/?p=106 Acesso em :08 de jan. 2012.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS 09
1.1 – A história do gerenciamento de projetos 09
1.2 – O que é gerenciamento de projetos? 10
1.3 – Planejamento estratégico 11
1.4 – Importância e benefícios do gerenciamento de projetos 13
CAPÍTULO II
PORQUE OS PROJETOS ATRASAM 22
CAPÍTULO III
GERENCIAMENTO DO TEMPO EM PROJETOS 25
3.1 – Definições das atividades 25
3.2 – Seqüenciamentos de atividades 27
3.3 – Estimativa de recursos 29
3.4 – Estimando a duração das atividades 30
3.5 – O cronograma do projeto 32
3.6 – Controle do cronograma 33
3.7 – Análise do valor agregado 35