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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÉ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE O PERFIL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NOS DIAS ATUAIS MÁRCIA MELLO DE OLIVEIRA ORIENTADOR: PROFESSOR ANTÔNIO FERNANDO VIEIRA NEY Rio de Janeiro Agosto / 2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÉ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PERFIL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NOS DIAS ATUAIS

MÁRCIA MELLO DE OLIVEIRA

ORIENTADOR: PROFESSOR ANTÔNIO FERNANDO VIEIRA NEY

Rio de Janeiro Agosto / 2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÉ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PERFIL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NOS DIAS ATUAIS

MÁRCIA MELLO DE OLIVEIRA Monografia de conclusão do curso de pós-graduação em docência superior enfatizando o serviço de orientação educacional dentro da escola com função mediadora

Rio de Janeiro Agosto / 2002

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AGRADECIMENTOS

A minha querida Marlene pela paciência e colaboração em todos os momentos.

Aos meus filhos, Lucas e Caroline,

por serem meus grandes incentivadores ainda que indiretamente.

E a Deus sempre.

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RESUMO

O profissional de Orientação Educacional vem ao longo de décadas assumindo

funções não específicas o que descaracterizou a necessidade deste profissional

dentro do Sistema Educacional Brasileiro; porém a própria categoria resolveu

assumir suas reais funções no campo da educação – na visão de hoje, um

mediador nas relações dentro da escola. Assim este trabalho visa apresentar uma

Orientação Educacional eficaz definindo quais são as funções de um profissional

desta área.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................6

1 – HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL...............................................8

2 – LEIS QUE AMPARAM O SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.........16

2.1 – Lei 9394/96 – O que Fala sobre Orientação Educacional.........................18

3 – ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E A ESCOLA DE HOJE..................................21

3.1 – O Crescimento deste profissional.............................................................23

3.2 – As Funções do Orientador Educacional Hoje...........................................25

CONCLUSÃO .........................................................................................................27

BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................30

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INTRODUÇÃO

O Orientador Educacional, ao longo dos

anos no Brasil, vem passando por um histórico de 80 anos de transformações no

que diz respeito a especificidade no contexto educacional vigente. Passando por

vários períodos, recebeu várias atribuições: implementador, institucional,

transformador, disciplinador, questionador. Atualmente, resultado de lutas e

iniciativas, é visto como mediador.

Para o entendimento da importância deste

profissional no contexto educacional é importante que a estruturação legal da

função que lhe é atribuída bem como as leis que estruturaram o serviço efetivo

desempenhado por ele sejam aqui especificados perpassando pela regulamentação

desta função em 1942.

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Entendendo esta questão como

prioritária para o bom andamento do Ensino Fundamental é que este trabalho visa

um esclarecimento das reais funções do Orientador Educacional a fim de vê-lo

realmente desempenhando algo produtivo e que, por isso mesmo, seja respeitado

no meio educacional como agente indispensável no processo vigente.

Nos capítulos desta pesquisa serão

apresentados os artigos e leis que regulamentam o cumprimento da função deste

profissional além de informações sobre a atuação eficaz dentro da escola atual com

as peculiaridades no contexto social, ganhando a importância que realmente tem

dentro do sistema educacional.

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HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

O conceito etimológico de educação é

encontrado nos vocábulos latinos, educare e educere onde tanto um como outro

apresentam as fontes iniciais da origem histórica da própria Orientação. Isso

significa que quando estamos identificando o conceito de educação, encontramos

explicitamente os objetivos da Orientação. Em educare temos o guiar, nortear,

orientar o indivíduo; em educere vemos o buscar as potencialidades do indivíduo,

no sentido de faze-las vir de “dentro para fora”. Dessa forma, é identificada uma

estreita relação da Orientação com a educação, fazendo com que suas histórias

sejam coincidentes.

A trajetória da Orientação Educacional,

do ponto de vista institucional, tem início pela área da Orientação Vocacional,

sendo todo seu procedimento voltado para a escolha de uma profissão ou

ocupação.

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Frank Parsons, em Boston, nos Estados

Unidos, em 1908, é considerado o precursor deste movimento orientando seus

alunos fora dos sistemas educativos formais.

“Em todos os países que implantaram a Orientação Educacional nas escolas, ou mesmo fora delas, a característica marcante era a de Orientação Vocacional. A concepção que a Orientação Educacional tinha configurava-se no aconselhamento que marcou significativamente toda sua trajetória. Ela surge no contexto mundial como fruto de movimentos existentes na época, que fizeram eclodir tal prática.”

Grinspun:2001/14

Em 1912 surge nas escolas, em Detroit,

nos Estados Unidos , a organização escolar. Através de Jesse Davis ela aparece

com a característica básica de atender à problemática vocacional e social dos

alunos de sua escola.

No Brasil, a Orientação Educacional

teve, em sua implantação, uma grande influência da orientação americana, em

especial o “counseling” (aconselhamento), e da orientação educacional francesa.

Em 1924, no Liceu de Artes e Ofícios,

em São Paulo, surgiram as primeiras experiências com os trabalhos de Roberto

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Mange, engenheiro suíço que começou os primeiros trabalhos para a criação de um

serviço de seleção e orientação profissional para alunos do Curso de Mecânica. Em

1930, na Estrada de Ferro Sorocabana, ainda sob a direção de Mange e de seu

colaborador Ítalo Bologna, teve início um serviço de seleção, orientação e formação

de alunos em cursos de aprendizagem mantidos por aquela instituição. O Centro

Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP) foi originado pelos serviços

de Mange. Tal centro passou a ser modelo para outras ferrovias do país. A

seleção profissional baseada no conhecimento das características individuais e nas

aptidões funcionais para determinadas funções e ocupações encontra-se dentre os

princípios que regiam os trabalhos do CFESP.

Lourenço Filho, em 1931, criou o

primeiro serviço público de Orientação Profissional no Brasil, que depois prosseguiu

no Instituto de Educação da Universidade de São Paulo, tendo sido extinto,

entretanto, em 1935.

Pela Reforma Capanema, a Lei Orgânica

do Ensino Industrial institui o Serviço de ORIENTAÇÃO Educacional, com a

finalidade de “correção e encaminhamento dos alunos-problema e de elevação das

qualidades morais.”. Foi o Brasil o primeiro país no mundo a ter a Orientação

Educacional proclamada obrigatória através de documento legal.

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Surgida na década de 20, a Orientação

Educacional contemporiza com um movimento em prol da educação do povo.

“O governo estava interessado em dar Educação para todas as pessoas. A Educação, então, representaria para o povo uma ascensão social, pela via da escolaridade, abafando, dessa forma, os descontentamentos com a grave crise social e política da década de 20.”.

GRINSPUN:2001/19 Começam a surgir no final da década de

20 reformas educacionais em diferentes estados, como Ceará, Minas Gerais,

Distrito Federal, Bahia e Pernambuco, enfatizando os aspectos inerentes à

formação de uma sociedade democrática, onde os alunos experimentassem as

questões da liberdade no interior da escola.

Dessa forma, um ambiente propício à

orientação foi sendo instaurado, pois de um lado havia o interesse do governo em

promover a escolarização do povo; de outro lado, intelectuais, no poder, assumiam

as reformas educacionais em seus Estados. Assim ela começava a surgir no país

podendo tanto contribuir para a melhoria da educação de seu povo quanto ter um

lugar certo nas reformas que começavam a surgir no país, já que os modelos

importados tinham grande receptividade entre nós.

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É então na década de 30 que ocorre a

implantação da Orientação com o movimento dos educadores que reagiram ao

desinteresse político pela educação. Em 1932, o “Manifesto dos Pioneiros”,

representou um alerta às causas e princípios educacionais face ao momento

vigente que, embora tendo o ideário dos pressupostos liberais e, portanto, a busca

de uma educação integral com base nas aptidões naturais, por outro lado buscava

um trabalho mais dinâmico e ativo para seus alunos.

Em 1942, é regularizada a Orientação

Educacional associada à área da Orientação Profissional. Tida como um ajustador

a quem cabia ajustar o aluno à escola, à família e a sociedade é ela enfocada a

partir de parâmetros eleitos por essas instituições como sendo os de desempenhos

satisfatórios.

Em 1961, com a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, a Orientação volta a ter lugar de destaque legal na

Educação Nacional, incluindo um capítulo, onde é ressaltada agora a formação de

orientadores educacionais para os cursos primário e secundário. Não obstante a

LDB caracterize esses dois tipos de orientadores , o que ocorre realmente é uma

ênfase da Orientação no ensino médio.

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Era, dessa forma, esperado do

Orientador que estabelecesse um “clima educativo” propício ao aluno de modo que

conseguisse alcançar os objetivos educacionais conforme o estabelecido pela lei.

Através da Lei 5564/68, em 1968, foi

regulamentado o exercício da profissão de orientador, ampliando-se o destaque da

Orientação, visto que surgia a profissionalização na área, caracterizando-a por uma

psicologia preventiva da mesma.

A visão foi vista como fato importante

decidido pelos legisladores que lhe deram um lugar de destaque, através dp artigo

10 da Lei 5692/71, instituindo-a obrigatoriamente nos estabelecimentos de ensino

de 1º e 2º graus. A intenção, todavia, era reforçar o ensino profissionalizante

através do aconselhamento vocacional o qual oferecia a oportunidade de escolha

de uma profissão futura, compatível com as necessidades do mercado de trabalho.

Através do Decreto-lei 72846/73, ficaram

determinadas as atribuições do orientador Educacional, confirmando o caráter

psicológico da Orientação, mantendo a conceituação de tal área, mais uma vez, em

uma visão individualizada e pessoal, comprometida com os que necessitavam de

uma “orientação” revestida de um aconselhamento psicológico. Surgia, dessa

maneira, como um reforço na questão ideológica das aptidões naturais dos alunos

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objetivando contribuir para o desenvolvimento integral da personalidade dos

mesmos.

A busca de uma identidade para o

orientador deu-se na década de 80 com uma série de eventos da classe que

procurava um referencial que atendesse a suas reais necessidades, dentro do

contexto mais democrático que o país começava a viver. Entendendo o aluno como

um sujeito histórico, crítico e social o orientador queria dessa forma direcionar o seu

trabalho. As abordagens educacionais vigentes na época, as discussões que eram

mantidas pelos educadores em geral, as leituras feitas, principalmente de autores

mais divulgados foram encaminhando a reflexão sobre educação para níveis outros

além dos do simples fornecimento de escolaridade aos alunos. Assim a Escola

passou a ser questionada quanto a seus objetivos e propósitos. A exclusão social

passou a ganhar espaço em termos de discussão e reflexão.

O orientador, antes visto como um...

“agente de mudanças, um terapeuta que deveria rogerianamente atender os alunos-problema, um “psicólogo” que só deveria trabalhar as relações interpessoais dentro da escola, um facilitador da aprendizagem, vai, pouco a pouco, deixando essas funções / denominações para assumir, com mais competência técnica, seu compromisso político na e com a ela.

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Uma nova situação para os orientadores

educacionais é apresentada no início da década de noventa: a extinção da

Federação Nacional de Orientadores Educacionais (FENOE) em 1990, entidade

criada em 1966, em Porto Alegre, no II Encontro Nacional de Orientadores

Educacionais. Entendendo que deveria ser formado um sindicato único, em que

direitos e lutas fossem definidos e incorporados na mesma entidade , os quais

reunisse os trabalhos da Educação, a maioria dos orientadores presentes ao

Congresso Extraordinário de Orientadores Educacionais fundaram a CNTE

(Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação).

Hoje a Orientação caracteriza-se por um

trabalho muito mais abrangente, no sentido de sua dimensão pedagógica. Atuando

com todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de

uma educação de qualidade nas escolas, este profissional possui caráter mediador

junto aos demais educadores. Está mais do nunca comprometido com a formação

da cidadania dos alunos, considerando, em especial, o caráter da formação da

subjetividade. O enfoque coletivo (a construção coletiva da escola e da própria

sociedade) é o enfoque principal do orientador – antes ligado apenas à orientação

individual – sem, entretanto, perder de vista que esse coletivo é comporto por

pessoas, que devem pensar e agir a partir de questões contextuais, envolvendo

tanto contradições e conflitos, como realizações bem-sucedidas.

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LEIS QUE AMPARAM O SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

A Orientação Educacional está presente

explicitamente na Lei 4024/61 através de sete artigos: 38 (V), 52, 53, 57, 62, 63 e

68. No art. 38 há a instituição da Orientação Educativa e Vocacional em

cooperação com a família. A Orientação recebeu a qualificação de educativa, ao

invés de educacional, como era concebida até então, porque os legisladores da

época achara que havia um termo próprio na língua vernácula e não era preciso

recorrer a outras fontes. No art. 52 há a determinação de que o ensino normal fique

encarregado da formação de orientadores para o ensino primário. Os arts. 62 e 64

tratam especificamente da Orientação Educativa; o 62 legisla quanto à formação de

orientadores para a educação média e estabelece que as Faculdades de Filosofia

criarão cursos especiais com esse objetivo, aos quais terão acesso os licenciados

em Pedagogia, Filosofia ou Ciências Sociais, bem como os diplomados em

Educação Física, pelas Escolas Superiores de Educação Física, e os inspetores de

ensino, todos com estágio mínimo de três anos no magistério.

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A Lei 4024/61 apresenta implicitamente a

Orientação Vocacional em vários artigos, sendo que o Pe. José de Vasconcelos, no

Parecer 18/62, que trata da Disciplina ou Prática Vocacional, diz que “ toda a Lei de

Diretrizes e bases se poderia chamar de vocacional, no sentido mais amplo do

termo”.

Convém esclarecer aqui que o termo

Orientação Profissional, que aparece na Lei Orgânica, tem o nome trocado para

Orientação Vocacional, que limita-se à identificação das aptidões individuais.

Embora não sendo explicitada na Lei em

termos de conceito, a Orientação Educacional está caracterizada por seu aspecto

preventivo e psicológico. O significado dado pela lei é em relação apenas à

formação do orientador educacional.

Na LDB, o orientador aparece como um

profissional muito presente para cumprimento das diretrizes governamentais, no

que se refere à educação.

A Orientação Educacional, pela Lei de

Diretrizes e Bases, deveria ser um instrumento para atingir os fins pelos quais ela

propugnava. Deveria assim contribuir para a formação integral da personalidade do

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adolescente, para seu ajustamento pessoal e social. Os objetivos dela então

deveriam ser orientar os estudos, guiar os jovens em sua formação cívica, moral e

religiosa, capacitar para a solução de problemas emocionais, para a escolha de um

planejamento e para um planejamento de vida futura, assistir os alunos nas

atividades extracurriculares e no bom uso das horas de lazer, incentivas as práticas

de higiene física, esportes e cuidados com a saúde e favorecer um melhor

relacionamento dos jovens com a família, a escola e a comunidade. As principais

áreas de abrangência da Orientação Educacional seriam a orientação escolar,

psicológica, profissional, da saúde, recreativa, familiar.

Essa dimensão psicológica pode ser

verificada na formação dos orientadores, regulamentada pelo Parecer 347/62, que

fixa o currículo mínimo para o Curso de Orientação Educativa, e pela posterior

Resolução. das nove disciplinas que deveriam compor o curso, quatro eram da área

de Psicologia, duas eram referentes à Orientação Educacional, uma à área da

Orientação Profissional, uma à Administração e outra à estatística.

Lei 9394/96 – O que Fala sobre Orientação Educacional

A Lei 9394/96 tem em seu artigo 64 uma

colocação em relação à formação dos profissionais da educação. Diz que a

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“formação de profissionais de educação para administração, planejamento,

inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita

em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da

Instituição de ensino, garantida nesta formação a base comum nacional”.

Com muitos pontos novos, a Lei 9394/96

tem a flexibilidade e a autonomia como aspectos principais. Une os diversos níveis

de ensino e suas diferentes modalidades. Em relação a Orientação Educacional, é

evidente o destaque à sua importância já que os legisladores contemplaram a

formação desse profissional como um valor proclamado.

Há aqui o destaque dos pontos básicos

da relação da Orientação com a legislação educacional do país:

• a Orientação Educacional, complementada ou direcionada como Orientação

Profissional;

• há ênfase na parte da psicometria ou do encaminhamento da escolha

profissional;

• a legislação específica da Orientação Educacional também privilegiou o aspecto

psicológico, sendo posteriormente criados instrumentos e técnicas que

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legitimassem, na prática, as proposições teóricas da psicologia e a ideologia

subjacente à legislação;

• a formação do orientador educacional oscilou durante toda a evolução da

legislação: graduação, pós-graduação (stricto sensu) e, pela nova Lei, poderá

ser em um nível ou em outro;

• orientador crítico que se pretende formar, atento aos aspectos social, político e

econômico de nossa sociedade, em tese deverá ser atendido, para participar

dos objetivos e princípios da nova legislação educacional.

A Orientação Educacional estará sempre

presente na legislação educacional, não porque assim determinam seus artigos,

mas porque na essência ela estará subjacente à consecução dos objetivos

pretendidos para a educação do país.

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ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E A ESCOLA DE HOJE

Como foi visto, ao longo da história, a

orientação educacional passou por vários períodos.

No período implementador – de 1920 a

1941 – apareceu associada à orientação profissional, com ênfase nos trabalhos de

seleção e escolha profissional. No período institucional – 1942 a 1960 - ocorre toda

a existência legal da Orientação nas escolas. De 1961 a 1970, a Orientação

caracteriza-se como educativa – Lei 4024/61 – até a profissionalização dos que

atuam nesta área, através da Lei 5540/48. Floresceu o aspecto preventivo da

Orientação Educacional.

No período seguinte – 1971 a 1980 – a

Orientação estava dentro da escola e não assumia seu papel, recebendo críticas

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por não resolver os problemas e conflitos que a própria escola não dava conta de

resolver.

Na década de 80 – período questionador

– ela é marcada por muitos cursos de reciclagem. O orientador quer participar mais

do planejamento escolar. Começa a criar possibilidades para esta participação e

questiona a atuação dentro da escola.

Finalmente é chegado o período

mediador. Aqui é preciso lembrar que os alunos que estão sendo formados vivem

em um novo tempo, onde ciência e tecnologia trazem novas necessidades e alguns

desconfortos do progresso. As conquistas trazem novos valores, novas leituras da

realidade.

O Orientador em sua prática deverá

valorizar a criatividade, permitir o sonho, recuperar a poesia. O conhecimento não

exclui o sentimento, o desejo e a paixão. Não padronizar como numa linha de

montagem (escola), mas encontrar em cada um este espaço e deixá-lo fluir, existir.

Faz parte do trabalho o diálogo. O aluno, centro de toda atenção, responsável

maior pelo trabalho, merece que a prática seja realmente comprometida com uma

formação realmente cidadã. Para isso o aluno deve ter voz e participar ativamente

como sujeito e não como coisa.

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O Crescimento deste Profissional

Hoje o Orientador Educacional tem um

perfil mediador e a definição de sua prática vem sendo construída ao longo de sua

história.

Mírian P. S.Zippin Grinspun, em seu livro, afirma

que o Orientador Educacional ajuda na formação do homem como um ser político,

vendo-o como cidadão...

“... apoiando, discutindo, argumentando, questionando, debatendo, enfim, procurando refletir sobre esse indivíduo no espaço/tempo em que vive e em suas interferências e participações para uma sociedade mais justa e democrática. É ele quem pensa, age e decide; o orientador leva-o a pensar agir e decidir... trabalha com a subjetividade, com a cultura, com a ética, com a formação das identidades, com o imaginário, com as representações sociais. Campo amplo e extenso formado por redes de conhecimento, teias de sentimentos e valores.”

2001/170

Assim, o papel do Orientador na dimensão

contextualizada diz respeito, basicamente, ao estudo da realidade do aluno,

trazendo-o para dentro da escola, no sentido da melhor promoção do seu

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desenvolvimento. Não de forma padronizada, onde todos tenham que agir da

mesma maneira, mas dentro da pluralidade, do coletivo onde seja importante

ressaltar a individualidade.

As questões de auto-estima, auto-

imagem e auto-realização, entre outras, são questões básicas para a prática do

Orientador e deverão ser desenvolvidas e trabalhadas junto aos alunos em sua

realidade.

Essa realidade será tratada a partir dos

valores da ética e do significado histórico que determina. O aluno dentro deste

contexto histórico, precisa ser compreendido em uma visão maior, com todos os

componentes da teia social. Segue um exemplo de angústia de um profissional:

“como trabalhar com filhos de traficantes com visão de marginalidade se para elas

seus pais são heróis?”

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As Funções do Orientador Educacional

Hoje a concepção de Orientação

Educacional precisa estar comprometida com alguns pontos básicos, ou seja:

• a construção do conhecimento, através de uma visão da relação

sujeito-objeto;

• a realidade concreta da vida dos alunos, vendo-os como agentes

de sua própria história;

• a responsabilidade do processo educacional na formação da

cidadania onde sejam valorizadas as questões do saber pensar,

saber criar, saber agir e saber falar da própria prática pedagógica;

• a atividade realizada na prática social, levando-se em consideração

que é dessa prática que provém o conhecimento, e que ele se dá

como um empreendimento coletivo;

• a diversidade da educação, questionando valores pessoais e

sociais;

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• a construção da rede de subjetividade que é tecida em diferentes

momentos na escola e por ela;

• O planejamento e a efetivação do projeto político-pedagógico da

escola em termos de sua finalidade.

Por todas as suas funções é possível

que se pretenda uma Orientação de maior qualidade. Os pressupostos teóricos que

a alicerçam sinalizando para uma prática diversificada (portanto, não são as

técnicas que vão responder por um modelo único de Orientação), permitem que tal

análise seja feita, interpretando esses dois momentos como indispensáveis para a

consecução dos objetivos que ela deseja alcançar.

O principal papel da Orientação será

ajudar o aluno na formação de uma cidadania crítica, e a escola, na organização e

realização de seu projeto pedagógico.

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CONCLUSÃO

Por tudo que foi apresentado neste

trabalho não restam dúvidas de que a Orientação Educacional e a Escola estão

intimamente ligadas sendo impossível a existência de uma sem a efetiva prática da

outra tal é o envolvimento e o elo que as unem.

É imprescindível que o profissional de

Orientação Educacional conscientize-se de que sua função existe e que é hora de

tomar posse de seu campo de atuação não só para sua realização como

profissional, mas para o bem de alunos que motivados e orientados pela sua

atuação terão condições de melhor desempenharem sua cidadania dentro de uma

sociedade que os respeite e os valorize ao perceberem o quanto são atuantes

(agentes), capazes de agir e transformar.

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O objetivo maior deste trabalho é

exatamente mostrar a força que este profissional tem nos dias atuais. A trajetória

da Orientação Educacional assim como a da própria Educação foi longa com

diferentes caminhos, trilhados de diferentes formas. O que importa, porém, é que

estamos vivendo novos tempos, um novo milênio e é evidente que a orientação do

século que se passou tem que se adequar e incorporar à realidade do século XXI.

O mundo que nos é apresentado é cheio

de novidades onde o conhecimento é cada vez maior, e a criatividade vem se

desenvolvendo diferenciadamente. A tecnologia não é mais a mesma. Mudanças

irreversíveis se apresentam a cada dia no cotidiano de cada um. O contexto social

é outro. Temos um mundo em que se vive a complexidade do próprio sujeito no

campo da complexidade social. O mundo mudou, as instituições mudaram. O

Orientador Educacional precisa mudar. É o momento de encarar com determinação

sua verdadeira função no contexto educacional e agir diante de todas as mudanças

dessa nova era.

Não se pretende aqui romper com

conhecimentos advindos da própria prática, ditos científicos. O que se pretende

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aqui é um dia-a-dia de buscas incessantes onde o alvo especial seja o aluno,

principal razão da escola.

O mundo atual fala muito em valores e

pouco se pratica em termos de análise reflexiva sobre os mesmos. O objetivo de

mostrar as áreas de atuação do Orientador Educacional é de que seja notável a

colaboração e a ação mediadora de seu papel na educação.

A Orientação Educacional deve mostrar-

se, portanto, mais do que nunca, viva e atuante evidenciando sua função de

parceria com a educação em todos os sentidos.

Sendo o indivíduo não só razão, fica

claro que ele também é sentimento e que suas relações fundam-se na aceitação

do outro como um legítimo outro, diferente dele. Sendo assim é necessário que se

entenda educação como uma busca constante ao alcance do desenvolvimento e

aperfeiçoamento do indivíduo. É essa a missão do Orientador. Novos tempos,

novas mentes, nova prática; todos centrados num só objetivo – o aluno: cidadão

hoje e amanhã.

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BIBLIOGRAFIA

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Primeiras Séries do 1º Grau, Edições Loyola, São Paulo, 1993.

GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin (Org.). A Prática dos Orientadores Educacionais.

Editora Cortez, 4ª edição, São Paulo, 2001.

GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin. A Orientação Educacional, Conflito de

paradigmas e alternativas para a escola. Editora Cortez, São Paulo, 2001.

LÜCK, Heloísa. Ação Integradora – Administração, Supervisão e Orientação

Educacional. Editora Vozes, 18ª edição, São Paulo, 2001.

GAMDIN, Danilo. Planejamento como Prática. Edições Loyola, São Paulo, 2000.