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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A VEZ DO MESTRE O QUE ENSINAR, O QUE SABER? Por:Maria Stela Lima da Silva Oliveira Orientador Prof. Nelsom José V. de Magalhães Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A VEZ DO MESTRE

O QUE ENSINAR, O QUE SABER?

Por:Maria Stela Lima da Silva Oliveira

Orientador

Prof. Nelsom José V. de Magalhães

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A VEZ DO MESTRE

O QUE ENSINAR, O QUE APRENDER ?

Apresentação de projeto de pesquisa à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Docência do Ensino Superior.

Por: . Maria Stela Lima da Silva Oliveira

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AGRADECIMENTOS

à minha colega de cursinho, Carolina.

Ao corpo docente e ao meu orientador

Nelsom José Veiga de Magalhães.

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DEDICATÓRIA

.....dedico esse trabalho a minhas filhas,

Tatiane e Rebeca que me ajudaram na

confecção e aperfeiçoamento do mesmo.

Também a Dilza e Noelia que tanto me

incentivaram a seguir esta carreira.

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RESUMO

No capítulo , a ciência da Educação complementada com a influência e

a necessidade de se conhecer as tendências pedagógicas.

Já no Capítulo II, será destacado as concepções de Ensino e

aprendizagem e o comportamento do aluno no mundo atual.

No Capítulo IV e V, é confrontado os critérios de avaliação e a

necessidade de se adequar os currículos com as necessidades das instituições

de Ensino para melhorar a aprendizagem do aluno.

Finalmente, no Capítulo VI o professor é colocado como tema de estudo,

onde se questiona que é preciso saber ensinar, não basta só o conhecimento.

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METODOLOGIA

Sendo o princípio de que a aprendizagem é um processo complexo,

não se pretende aqui se encontrar soluções fantásticas, mágicas para os

problemas da área do saber. No entanto, situa-se:

a) que todo comportamento humano é aprendido; com a ressalva de

que por exemplo, o ato de respirar, de movimentar partes do corpo;

b) que a aprendizagem é variável e relevante, que pode desempenhar

um papel importante para o futuro dos alunos independente da cor, condição

social, etc;

c) que o aluno e os professores precisam cumprir algumas exigências

ou objetivos da aprendizagem, se quer tornar o seu pensamento, conhecimento

em práticas capacitadoras e produtivas.

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SUMÁRIO

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 – CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO 09

CAPÍTULO 2 – FUNÇÃO ESCOLAR E O CONTEÚDO DO

SABER ESCOLAR

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CAPÍTULO 3 – O ALUNO 22

CAPÍTULO 4 – A AVALIAÇÃO 27

CAPÍTULO 5 – OS CURRÍCULOS 30

CAPÍTULO 6 – O PROFESSOR E A PEDAGOGIA 35

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 41

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INTRODUÇÃO

O aluno de hoje requer uma atenção diferenciada e precisa de

motivação para aprender. Esse aluno precisa mais do que currículos fechados.

Urge criar perspectivas para um futuro melhor para aqueles que buscam na

escola mais do que fundamentos sobre Ciências e Matemática, onde as

disciplinas apresentam conteúdos muito mais calcados em teorias do que numa

prática voltada para a realidade do aluno.

O jovem de 2004 está antenado em relação às mudanças, tem acesso

aos computadores e à televisão. Ele percebe o quanto está “ligado” com o

mundo.Ele reivindica modificações para sua vida, ele se vê num mundo bem

melhor e não abre mão de seus direitos de integrar-se numa sociedade

globalizada.

Enquanto isso, o professor deixou de ser “o todo poderoso”, o “ser sabe

tudo”. Ele agora tem que driblar a indisciplina, desempenhar papéis diferentes

na sala de aula, manter os alunos atentos e motivados. Enfim, o professor

precisa se conectar com o aluno sem fugir dos currículos, sem desapontar as

instituições de ensino.

Saber o que ensinar e como ensinar representa um grande desafio para o

professor da escola atua que necessita trabalhar. em mais de um

estabelecimento de ensino que não dispõe de tempo para concretizar as metas

a que se propõe, que vive “amarrado”a currículos que não atendem à realidade

social em que o aluno se insere. E para alcançar um processo de ensino

abrangente, o docente não pode se fechar num casulo de ação pedagógica

formalizada. Ele há de ter uma ação que considere o informal como base, a fim

de contribuir para o crescimento integral do aluno.

Desenvolver um processo ensino-aprendizagem que proporcione aos

alunos a oportunidade de atingirem seus objetivos para a conquista de uma

profissão que o realize como ser humano, deve ser a meta maior do professor,

apoiado pelas autoridades da Educação.

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CAPÍTULO I

CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO

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As ciências da Educação consideram o educando e correlativamente, o

educador, em termos das condições de aprendizagem, do desenvolvimento do

processo educativo, de suas condições psicológicas, dos meios ou instrumentos

do seu desempenho e das técnicas da sua transmissão.

As principais ciências da Educação são: Psicologia da Educação, que

visa as técnicas de transmissão do conteúdo; a Sociologia da Educação, que

visa ao ambiente social que condiciona a transmissão e recepção desse

conteúdo; e a Pedagogia que formula as teorias explicativas do uso dessas

técnicas.

1.1- Modalidade da Educação

O termo educação pode ser enfocado de várias maneiras, tais como: o

sociológico, o econômico, o psicológico, o biológico, o histórico e o pedagógico.

Os que atuam mais diretamente na prática educativa escolar; os

professores diretores de escolas são educadores que costumam abordar

questões de educação apenas sob o prisma de sua formação acadêmica ou de

suas experiências em instituições específicas.

Planchard (1975:26) assinala que educar em seu sentido etimológico, é

conduzir de um estado para outro, é agir de maneira sistemática sobre o ser

humano, tendo em vista prepará-lo para a vida num determinado meio. O termo

educativo (educação) parece sintetizar aqueles dois outros: criação, tratamento,

cuidados que se aplicam aos educandos visando adaptar seu comportamento e

expectativas e exigências de um determinado meio social.

A educação tem ,de fato, uma função adaptadora. Há vínculos reais

entre o ser humano que se educa e, o meio natural e social; há um certo grau de

adaptação às exigências desse meio. A educação é, também, uma prática ligada

à produção e reprodução da vida social, condição para que os indivíduos se

formem para a continuidade da vida social.

As concepções pragmáticas concebem a educação como um processo

imanente do, desenvolvimento humano, cujo resultado é a adaptação do

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indivíduo do meio social. Por isso, educar-se é desenvolver-se, é auto-atividade

provocada pelos interesses do organismo, suscitados pelo ambiente físico e

social.

A educação nunca pode ser a mesma em todas as épocas e lugares,

devido a seu caráter socialmente determinado. As normas sociais, os valores, os

modelos de vida, de trabalho e se relações entre as pessoas correspondem a

modelos socialmente dominantes encarnados pelas classes que detêm o poder

econômico e político.

1.2- Várias formas de educar

Admitindo-se que toda educação implica numa relação de influências

entre seres humanos, a educação indica a atividade formativa nas várias

instâncias com vista a alcançar propósitos explícitos, intencionais, visando

promover a aprendizagem mediante a atividade própria dos sujeitos. Implica,

portanto, a existência de ambientes organizados, objetivos e conteúdos

definidos em função de necessidades dos sujeitos e os objetivos sócio-políticos,

métodos e procedimentos de intervenção educativa para obter determinados

resultados, para distinguir-se daqueles processos educativos informais, mais

difusos e espontâneos.

Há uma distinção entre as modalidades de educação intencional: a não-

formal e a formal. Que é uma educação não-formal? A educação formal seria

aquela estruturada, organizada, planejada intencionalmente, sistemática. Neste

sentido, a educação escolar é tipicamente formal! A educação não-formal são

atividades com caráter de intencionalidade, porém com baixo grau de

estruturação e sistematização, implicando certamente relações pedagógicas,

mas não formalizadas. Tal é o caso dos movimentos sociais organizados na

cidade e no campo, os trabalhos comunitários, atividades de animação cultural,

os meios de comunicação social, os equipamentos urbanos culturais e de lazer

(museus, cinemas, praças, áreas de recreação)...”não aprendemos apenas

através da educação formal de uma sala de aula, a vida nos ensina através das

experiências que fazemos no mundo. Isso implica em nosso contato com a

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realidade que nos cerca, a curiosidade que dela temos e os meios

empregados.”(Prof. Vilson Sérgio de Carvalho UCAM/AVM)

1.3- Tendências Pedagógicas da Escola Moderna

Foram criadas várias teorias pedagógicas com a finalidade de ordenar e

sistematizar os fatos de determinados assuntos. Essas teorias não são

estáticas, novas conclusões podem alterá-las ou serem desconsideradas.

Algumas são contestadas e outras julgadas de pouca importância. No entanto, o

termo teoria é comumente associado â idéias abstratas e com o uso de

vocabulários especializados que para o leigo não tem o menor significado.

Para o professor, o conhecimento teórico é importante pois esclarece

como se processa o mecanismo de aprendizagem e lhe permite o uso dos

princípios que julgar adequados a cada situação que se apresente.

Os estudos mais recentes adotam, com relação às teorias de

aprendizagem, duas grandes linhas: a comportamental(ou behaviorista) e a

cognitiva.

Dentre os especialistas mais importantes abaixo estão esquematizados

os enfoques das teorias:

Jean Piaget

a) Linha teórica

• Interesse pela natureza do conhecimento

• Pesquisa da evolução mental da criança

• Correlação entre fases evolutivas e aquisição de conhecimento

• Aprendizagem como Processo Intrínseco

b) Contribuição ao Processo Educacional

• Aprendizagem como Processo Ativo

• Situações concretas

• Vivências da descoberta

• Orientação em sentido concreto-abstrato, simples-concreto

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• Valorização do jogo

c) Características do educando

• Participação ativa

• Redescobridor

• Agente da própria aprendizagem

d) Características do educador

• Consultor

• Orientador

• Organizador de situações

Frederico Skinner

a) Linha teórica

• Modelagem do comportamento

• Condicionamento operante

• Influência do meio ambiente no comportamento

• Relação reforço-aprendizagem

b) Contribuição ao Processo Educacional

• Programação na instrução

• Valorização da transmissão cultural, acúmulo de conhecimentos e

de práticas sociais

c) Características do educando

• Passivo

• Receptor de informações

• Ser modável

d) Características do educador

• Programador de situações de reforço

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• Controlador de aprendizagem

• Manipulador de comportamentos

Carl Rogers

a) Linha teórica

• Homem como centro de todos os atos

• Funcionamento ótimo da personalidade na consecução de uma

vida plena

• Natureza do homem com características positivas

b) Contribuição ao Processo Educacional

• Respeito às potencialidades

• Aprendizagem como Processo Ativo

• Importância da prática na aprendizagem significativa

c) Características do educando

• Centro do Processo

• Participação ativa

• Sujeito da aprendizagem

d) Características do educador

• Responsável por um clima de liberdade e compreensão

• Facilitador da aprendizagem

• Estimulador da socialização

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Bruner

a) Linha teórica

• Motivação intrínseca

• Transferência da aprendizagem

• Importância do pensamento intuitivo

b) Contribuição ao Processo Educacional

• Interesse no currículo em espiral

• Valorização da estrutura da matéria

• Cultivo da excelência do produto

• Correlação etapa de desenvolvimento-aprendizagem

c) Características do educando

• Participante ativo

• Ser social

• Busca de desenvolvimento intelectual ótimo

• Centro do processo

d) Características do educador

• Incentivador da aprendizagem

• “Modelo de competência”

• Consultor

• Informado

Lev Vygotsky

a) Linha teórica

• Relações entre pensamento e linguagem

• Rejeita a identificação do desenvolvimento do conhecimento da

história da Humanidade com as etapas do desenvolvimento individual

b) Contribuição ao Processo Educacional

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• Estimulação da consciência crítica

• Respeito aos valores culturais de seu ambiente

• Aprendizagem como processo ativo e interativo

• Valorização da construção do conhecimento, apontando para

“Zona Proximal ou Potencial”

• Enfatiza a importância do erro, não como tropeço, mas como um

trampolim na rota da aprendizagem

• Desenvolver e pesquisar a Educação Especial

c) Características do educando

• Sujeito não é apenas passivo, regulado por forças externas que

vão moldando

• Sujeito não é somente ativo, regulado por forças internas; ele é

interativo

• Sujeito questionador e participante

d) Características do educador

• Sujeito ativo e interativo

• Tem posição mediadora ou facilitadora no processo

• Presença motivadora e não impositiva

Paulo Freire

a) Linha teórica

• Processo educativo seria m ato positivo

• Educação popular

• Oposição a Educação Bancária

• Democratização da Educação reflexão

• Ensino dos conteúdos

• Associação a uma leitura crítica da realidade

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b) Contribuição ao Processo Educacional

• Escola Cidadã (prepara a criança para tomar decisões)

• Temas geradores

• Projeto Político Pedagógico

• Criador do Programa de Alfabetização de adultos

• Educação para todos (Escola Aberta)

c) Características do educando

• Participação ativa autônomo

• Crítica social

• Politizado

• Possuidor de auto-avaliação

d) Características do educador

• Provocador de situações

• Animador cultural num ambiente em que todos aprendam em

comunhão

• Politizado, interativo

• Valoriza as experiências vividas pelos alunos

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CAPÍTULO II

FUNÇÃO DA ESCOLA E O CONTEÚDO DO SABER ESCOLAR

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O que leva o aluno aprender e quando é o momento mais propício à

aprendizagem e como fazer chegar ao aluno o conteúdo que se pretende

ensinar.

De acordo com Fernando Fernandez (pág.63 - Transgressão e

mudança na Educação,1998) na atualidade, quando se trata de aproximar-se do

saber escolar, isso deva ser uma maneira radicalmente diferente a como se

planejava há 20 anos, quando não existia a síndrome do excesso de informação,

ou há 40, quando se pensava que as disciplinas se articulavam por regras

estáveis, ou há 80, quando muitos campos disciplinares estavam em fase de

definição.

Em todos os casos, as circunstâncias sociais, culturais e históricas

produzem (e não numa relação de causa e efeito) formas de representação da

realidade e respostas aos problemas diferentes.

2.1. – Processo ensino- aprendizagem

Segundo Telma Weinz (O diálogo entre o Ensino e aprendizagem – 2ª

Ed., Editora Ática, 1978), o salto importante que se deu no conhecimento

produzido sobre as questões de ensino-aprendizagem já permite que o

professor olhe para aquilo que o aluno produziu, enxergue aí o que ele já sabe e

identifique que tipo de informação é necessário para que seu conhecimento

avance. Isso se torna possível porque, nas últimas décadas muitas pesquisas

têm ajudado a consolidar uma concepção que considera o processo de

aprendizagem como resultado da ação do aprendiz. Nessa abordagem, a função

do professor é criar as condições para que o aluno possa exercer a sua ação de

aprender participando que favoreçam isso.

No momento em que o professor entende que o aprendiz sempre sabe

alguma coisa e pode usar este conhecimento para seguir aprendendo, ele se dá

conta de que a pura intuição não é mais suficiente para guiar seu trabalho. Para

interpretar adequadamente o que está acontecendo com a aprendizagem do seu

aluno, o professor precisa de um conhecimento que é produzido no território da

ciência. Isso porque, na verdade, a gente consegue ver apenas o que se tem

instrumento para compreender.

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De acordo com Hernandez (Transgressão e mudança na Educação –

Editora Artemed, 1998), a figura do professor em sala de aula deveria ser de

mediador de cultura, um facilitador de estratégias, de interpretação dos

fenômenos, objetos de pesquisa.

2.2. – Individualização do Ensino e Reformulação de Objetivos

Como reformular objetivos quando estamos preocupados com o

crescimento e desenvolvimento da pessoa do aluno, quando desejamos

oferecer-lhe condições e iniciativa próprias.

O homem realiza em liberdade e não pressionado por situações pré-

determinadas. O verdadeiro ser se constrói pela espontaneidade e autonomia

para determinar as próprias normas. O aluno só aprende quando compreende.

Quando não se compreende o que se aprende não há uma “boa” aprendizagem.

Segundo Hernandez, a educação escolar deve possibilitar a aquisição

de estratégias de conhecimento que permitam ir além do mundo tal como

estamos acostumados a representá-lo, por meio de códigos lingüísticos e sinais

culturais estabelecidos e “dados” pelas matérias escolares e pela bagagem

outorgada pelo grupo social ao qual pertence. Esta visão do conhecimento é

uma forma de teoria ou ideologia para interpretar a realidade, que se encontra

limitada em boa parte pela persistência do currículo acadêmico organizado por

disciplinas com uma única forma possível de levar adiante o ensino.

Acreditava-se que para aprender seria necessária a repetição e seguir a

risca o que lhe foi ensinado. A finalidade era memorizar o que o professor

escrevia ou ditava. A proposta da educação sempre foi preparar a escola infantil

para o ensino fundamental, este, para o ensino médio. Assim não há uma

preocupação com o presente do aluno e não se leva em conta a experiência e

as necessidades que têm em cada período.

Segundo Juracy C. Marques, os processos de grupo são inerentes às

situações ensino-aprendizagem sempre que examinam em sua conformação

características de sala de aula: um grupo mais ou menos numeroso de aluno

tendo como seu líder formal o professor. Esse tipo de configuração pedagógica

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terá por certo suas limitações, mas proporciona uma série de aprendizagem

social que de outra forma não seriam, provavelmente, atingidas pelas

sucessivas gerações que buscam na educação um meio de realização e

desenvolvimento.

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CAPÍTULO III O ALUNO

“Num certo sentido, temos dois cérebros, duas mentes

e dois tipos diferentes de inteligência: racional e emocional.

Nosso desempenho na vida é determinado pelas duas –

não apenas o QI, mas a inteligência emocional também

conta. Na verdade, o intelecto não pode dar o melhor de si

sem a inteligência emocional”.

Goleman, Daniel (Inteligência Emocional, RJ, Objetiva-

1995).

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3.1- O comportamento do aluno

Nos dias atuais não é possível compreender uma escola com padrões

tais onde o aluno fique apenas por algum tempo, onde lhe serão passadas

informações prontas, onde irá receber padrões e valores que deverão ser

seguidos de acordo com o que seus professores determinam e esperam.

A Educação atual não pode conceber o aluno numa posição passiva,

pois o espaço escolar é essencialmente gerador, aglutinador e defensor da

cultura, onde são produzidas a cada momento situações naturais que

provocarão chances para que o aluno construa o seu próprio aprendizado.

“A escola é um ambiente adequado para formação dos futuros atores,

sociais que tomam consciência dos problemas globais, podem trazer estes

conhecimentos adquiridos para sua vivência e experiências locais, contribuindo

para solução dos problemas que afetam sua comunidade...” (Pedagogia levada

a sério-página 33).

O comportamento do aluno é determinado pelo comportamento do

professor, é o inverso, poderia, também ser verdadeiro. O comportamento do

professor juntamente com o do aluno, seria determinado por um terceiro fator o

clima da sala de aula.

Se na escola, dentro da sala de aula, os alunos estão submetidos a uma

educação formal, dirigindo sem pontos de vista e sua formação de acordo com

uma filosofia da escola, de mundo, de universo que é a filosofia educacional:

fora da sala de aula os alunos estão sujeitos a um conjunto de outras influências

que agem sobre as suas cognições, necessidades e atribuições de valores. Fora

da sala de aula, nos grupos de participação, mas principalmente como resultado

da comunicação de massa, os alunos são expostos a um conjunto de dados que

influencia a formação de uma opinião, isto é, estão participando de uma visão

dos problemas correntes, do próprio conhecimento formal, após terem vivido

experiências comuns ou terem sido submetidos a tipo de campanha ou

propaganda educacional.

Durante vários séculos a influência mais decisiva na formação de uma

opinião foi a imprensa.

“Pois, filósofos e educadores concordam quanto aos valores a serem

preservados e serem transmitidos. A questão é que a crença se dá no atacado e

no abstrato, enquanto sua transmissão se faz no concreto das relações

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cotidianas. Aí se instala a contradição. Ficam desacreditadas as solenes

exposições pedagógicas sobre disciplina e respeito dos direitos do outro quando

a escolha é conivente com brincadeiras agressivas, os repetidos sermões sobre

limites ficam sob suspeita.’

3.2 – Formação dos cidadãos

A escola enquanto instituição está inserida num contexto que direciona

no sentido de acatar determinações legais. Dentro da própria umidade escolar

há uma hierarquia administrativa, um corpo docente, uma equipe técnica e os

elementos de apoio que precisam conviver de forma harmoniosa no sentido de

proporcionar ao educando uma expectativa de paz que possa construir seu

saber. É através da relação democrática na escola, entre todos os elementos

que formam a comunidade escolar que o aluno construirá sua formação

democrática.

É esse caminho que conduz o aluno a construir a sua formação de

cidadania dentro dos princípios democráticos, com o relacionamento entre

aluno-aluno.

É nesse dia-a-dia, nessa relação dialógica, que o educando poderá

construir a sua formação para a real cidadania.

Dentro desse espaço e tempo, as diferenças sociais e culturais ficam

expostas, assim é necessário que se avance com a elaboração de diversidades

que transformem o espaço escolar num espelho de riqueza humana e

conseqüentemente possa o aluno construir a sua posição como cidadão livre e

democrático.

3.3 – Educação e aprendizagem

Em nossos dias já não se pode divorciar o Ensino da aprendizagem.

Esse binômio faz parte de um processo integral onde, sabe-se hoje, só terá

ocorrido o Ensino se tiver acontecido a aprendizagem. O Ensino é a atividade

direcional que o professor exerce sobre o processo de aprendizagem de seus

alunos.

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Aprender para compreender

Quando não se compreende o que se aprende, não há uma “boa”

aprendizagem.

No entanto, durante muito tempo, acreditava-se que, para aprender,

seria indispensável a repetição e seguir a risca o que lhe foi ensinado. A

finalidade era memorizar o que o professor escrevia ou ditava. A proposta da

educação sempre foi preparar a escola infantil para o Ensino Fundamental, este,

para o Ensino Médio. Assim não há uma preocupação com presente do aluno e

não se leva em conta a experiência e as necessidades que tem, um em cada

período.

O que se aprende deveria ter relação com a vida dos alunos e dos

professores, deveria ser interessante para eles. A educação deve possibilitar

aprender para ir além do mundo que se está acostumado, ensinar os alunos a

interpretar significados mutáveis com que os indivíduos das diferentes culturas e

tempos históricos dotam a realidade de sentido. Ao mesmo tempo que lhes abre

as portas para compreender suas concepções e as quem os rodeiam.

Aproximar do conhecimento escolar, as diferentes linguagens que se

reflitam nos saberes, nas disciplinas e, nas matérias com a realidade dos alunos.

Pensar e aprender

É mais fácil formar um professor para seguir alguns passos específicos

pré-definidos e estáveis de um planejado curricular do animá-lo sobre os pontos

de interação entre a experiência dos alunos e as evidências de uma disciplina ou

de um problema de pesquisa.

Todas as teorias de aprendizagem estão de acordo em que o aluno não

aprende senão ativamente. Este aspecto se destaca tanto sob o ponto de vista

dos conceitos de homem, como no que diz respeito ao conceito de

aprendizagem. (Clifton Bchadwick)

A existência de diferenças individuais de um estudante para o outro, em

termos de suas capacidades, interesses e motivações, estilos próprios de

codificação,... é um fato bastante óbvio e facilmente observável. As teorias de

aprendizagem, em conseqüência, estão totalmente de acordo com a idéia de

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que o processo educacional deve levar em conta essas diferenças, quando da

planificação das experiências de ensino-aprendizagem. É fato conhecido que

todos os estudantes tem diferenças em termos do ritmo com que aprendem, não

apenas existem diferenças de estudante para estudante, como também o

mesmo indivíduo apresenta diferenças em termos da rapidez com que aprende

uma classe de objetivos ou outro.

Educar para compreender

Interpretar vem a ser compreender e manifestar explicitamente essa

compreensão. Sempre estamos interpretando, mas nem sempre uma atividade

intelectual é interpretativa. Interpretar é, portanto decifrar, é um procedimento

quase automático no diálogo. Isso faz com que dialogar signifique reconhecer a

linguagem e os gestos do outro com um anúncio para estabelecer uma forma de

relação.

Toda interpretação é uma representação, mediante símbolos, de uma

concepção de algo. O grau de interpretação depende da familiaridade, da

competência, do conhecimento que o intérprete tenha da situação.

Sabendo interpretar, o aluno aprende a realizar leituras idiossincrásicas

sobre determinados fenômenos, protege-se das interpretações “corretas”, de

maneira que, no processo de interpretação, ganham na prática de reconhecer

como suas representações (e as que atuam sobre eles) se vão conformando.

Reconhecer a complexidade dos alunos e das situações de

aprendizagem pode servir de antídoto diante do reducionismo da pedagogia

baseada nos enfoques insurreais que hoje circulam, ao amparo do domínio de

um discurso psicológico denominado Construtivismo na Educação (Hernandez,

1997 a).

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CAPÍTULO IV A AVALIAÇÃO

“Para as pesquisas intelectuais fora do quadro escolar,

libertamo-nos, por mais atraentes que sejam, para recorrer ao

trabalho de biblioteca, de documentação crítica de

argumentação pessoal, que são a base da pesquisa

desinteressada”. (Celestin Freinet – “Abaixo os manuais

escolares”, citado in Elise Freinet (23)).

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É preciso estar bem claro que a avaliação não poderá ser vista apenas

como medida, pois para se concluir uma avaliação é preciso que se tenha

aplicado vários tipos de medida.

Para que haja uma avaliação real, que responda às interrogações do

professor quanto à aprendizagem do aluno, é preciso serem atentados alguns

aspectos.

Usa-se, para medir, instrumentos de medidas (provas, testes, etc) estes

instrumentos devem ser freqüentes e variados.

Avaliar é também questionar o trabalho do professor.

Não pode o professor esquecer que os instrumentos da avaliação

(prova, testes, etc) não medem totalmente tudo o que o professor deseja já

saber, são apenas elementos do conjunto maior que é o programa de avaliação

de rendimento do aluno.

Na visão geral, o trabalho do professor para fazer um julgamento

correto, não pode estar restrito ao resultado de uma prova é muito maior, mais

abrangente e detalhado, para que conhecendo o aluno e se auto-avaliando, o

trabalho escolar possa ser desenvolvido dentro dos padrões considerados

ideais.

4.1 – Critérios de avaliação

Duas funções são primordiais no processo de avaliação que são:

recapitulação (armazenamento) e seleção social. A avaliação permite, por um

lado, que o indivíduo recorde ou compreenda da informação que foi apresentada

ou estudada em sala de aula; por outro lado a avaliação está vinculada à

promoção dos alunos (de uma etapa para outra). A avaliação do currículo prevê

uma continuidade no funcionamento do processo educacional.

A avaliação deverá prever alguns critérios:

1) Educação é um processo que tem objetivos de promover

mudanças no alunado.

2) As transformações que se processam no indivíduo e as

comparações com as expectativas que a cultura tem e que foram definidas em

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termos de objetivos e implementados pela escola só podem ser verificados

através da avaliação.

3) Nestes termos avaliação é um processo que abrange análise de

objetivos, planejamento e desenvolvimento de meios adequados de resumir e de

interpretar os dados obtidos.

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CAPÍTULO V OS CURRÍCULOS

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O trabalho de desenvolvimento de currículos consiste em decidir o que

se vai ensinar, a quem deve ser ensinado, quando e como na medida em que os

sistemas educativos aumentam a individualização, dão um papel mais ativo para

o aluno, utilizam amplamente os recursos para aprendizagem, é inevitável que o

estudo de currículo inclua maiores informações sobre metodologia. A tendência

clássica, tanto dos professores quanto dos planejadores de currículos, tem sido

a de enfatizar muito o domínio da matéria, quase excluindo os estudos de

metodologia.

Obviamente, o domínio de conteúdos continuam sendo importante, mas

é essencial que se conheça muita coisa em termos de avaliação formativa e

somativa, de psicologia da aprendizagem, de planejamento do ensino.

5.1- Quem planeja

Os guias curriculares não podem e não devem ser universais, isto é,

planejado por especialistas fora da escola e entregues aos professores para que

os executem, mesmo quando se lhes dêem treinamento.

As comissões curriculares na instituição escolar são as responsáveis

pelo planejamento dos guias curriculares a serem desenvolvidos pelos

professores.

É, portanto, contraditório ao conceito de currículo, como instrumento

flexível, estabelecer a priori guias curriculares sem que os professores que o vão

implementar conheçam os princípios básicos e os fundamentos da escola, das

disciplinas e a seleção do conteúdo. Estas disciplinas e conteúdos podem

satisfazer a um tipo de expectativa cultural de grupos estilistas e fracassarem,

porém quando implementados em grupos de periferia cujos índices sócio-

econômicos sejam mais baixos ou ainda serem ineficientes, e nem mesmo

serem implementados.

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5.2 – Objetivos

Às vezes os educadores envolvidos no planejamento de currículo ao

definirem os objetivos propostos, os julgam importantes não pelo que lhes

significam, ou pelas conseqüências que possam ter mais simplesmente porque

são importantes nas suas próprias concepções.

A seleção do conteúdo por parte do professor ou da equipe que planeja

currículo não pode ser casual, ou seguir simplesmente. O saber da fantasia de

cada especialista, não obstante seu grau de inteligência. O planejamento,

principalmente o trabalho em geral com o currículo, tornar-se-á

responsabilidades de unidades cada vez menores.

Ainda que o ideal fosse o planejamento de mudanças curriculares feitas

pelos próprios professores, esta condição é muito precária e difícil, uma vez que

lhes falta fundamentação teórica suficiente nos vários domínios do planejamento

de currículos. Desta forma, torna-se necessário a distância de especialistas que

trabalhem junto das escolas (Organização e Planejamento – pág.59).

De acordo com Fernando Hernandez, o currículo escolar realiza um

processo de alquimia transformadora e redutora com respeito aos temas e

problemas abordados pelos especialistas disciplinares. Estudantes passam

desde o Ensino Médio, Ensino Fundamental a prendendo matérias que se

distanciam do seu dia-a-dia, pois nem sempre, terminado os estudos tudo o que

estudaram já sofreram modificações.

A importância de se divulgar as inovações para aprender a partir do

ponto de vista dos outros, a importância de facilitar as renovações do currículo

construindo com os alunos e com outros professores um currículo integrado à

realidade e necessidades

regionais. A progressão geométrica no volume de produção de informação é um

dos aspectos que hoje tem um peso maior na vida das pessoas, podendo

produzir o que Umberto Eco prognosticava: “o excesso de informação mudará

nossas cabeças.” O que estabelece a necessidade de aprender como

relacionar-se com a informação para que se mantenha o efeito de fragmentação,

quando ”todos sonham, mas quase ninguém tem idéia”.

É importante destacar que, diante do pensamento único da escola em

torno do qual o conhecimento só pode ser representado no currículo a partir da

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versão de algumas disciplinas, a concepção transdisciplinar emerge como uma

das características que hoje aparece no âmbito da pesquisa. Pelo fato do

conhecimento transdisciplinar surgir de um contexto particular de aplicação, ele

desenvolve suas estruturas teóricas, métodos de pesquisa e modos de

aplicação próprios, não podem ser localizados num mapa disciplinar pré-

determinado.

Na reflexão sobre o currículo escolar, ainda que comece a estabelecer

algumas aproximações, há ainda um longo caminho a ser explorado; sobre tudo

por causa da compartimentação do currículo escolar criada e mantida, não só

pelas determinadas didáticas especiais que atuam como espécies sindicais, a

partir das quais se estabelecem “os conteúdos” que se deve ensinar.

5.3 – Conteúdo

A necessidade de ensinar a relacionar ou combinar conceitos e

procedimentos que, pelas matérias curriculares, foram ensinados anteriormente

de maneira separadas, em lições, unidades, ou cursos, é uma questão que

sempre esteve no centro das discussões sobre como ensinar na Escola. Fazer

com que os alunos aprendam os procedimentos que lhes permitam continuar

aprendendo ao longo de toda a sua vida, e, sobretudo, para que o conhecimento

escolar seja atualizado e responda á necessidade de que a Escola ofereça um

suporte básico para explorar as diferentes parcelas da realidade e da

experiência dos próprios alunos (“como indivíduos e como grupo parte de uma

coletividade que se debate entre o singular e o global” – Libâneo; Pedagogia,

pedagogos para quê?).

Efland (1997) oferece uma alternativa para levar à prática o currículo

transdisciplinar baseado na noção de “rede” e centrado na exploração de

“idéias-chaves”. Essa noção é diferente da estrutura proposta por Bruner em seu

currículo espiral baseado nas disciplinas.

A perspectiva de Eflante supõe organizar o currículo a partir de “idéias-

chaves” que transcendem a uma disciplina e que se definiriam a partir do próprio

conhecimento especializado das disciplInas. Essas “idéias-chaves” atuariam

como estações de conexão entre linhas de transporte metropolitano, que, por

sua vez, seriam os temas objetos de pesquisa pelos alunos.

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Levar em conta uma perspectiva transdisciplinar do saber na

organização do currículo implica que os alunos possam aprender, entre outras, a

questionar toda forma de pensamento único, a reconhecer as concepções diante

de qualquer fenômeno que estude; a incorporar uma visão crítica, a introduzir

opiniões, e colocar-se na perspectiva de um “certo relativismo”(Lynch, 1995).

A opção pela transdisciplinaridade vinculada ao currículo integrado é

uma possibilidade diante da situação de incerteza e desconcerto de muitos

professores para responder às mudanças que hoje tem lugar na sociedade, os

saberes, os alunos e a própria educação escolar.

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CAPÍTULO VI O PROFESSOR E A PEDAGOGIA

“Chamamos agora a atenção dos professores para uma questão

fundamental. Trata-se da compreensão da provisoriedade do

conhecimento. O que estamos discutindo hoje, talvez não faça

mais tanto sentido daqui a três, cinco ou dez anos. Os avanços

tecnológicos’as mudanças rápidas da sociedade batem à nossa

porta, exigindo uma reavaliação constante de nossas crenças e

conhecimentos articulados e das ações que praticamos. O que

os alunos de vinte, trinta anos atrás precisavam saber , difere

bastante do que os alunos d hoje necessitam para uma

participação efetiva na sociedade em que vivem.”

(Multieducação p.23)

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De acordo com Libâneo (Pedagogia e Pedagogos, para quê – 2002,

pág.25) a profissão de professor e de pedagogo têm sido abalada por todos os

lados: baixos salários, deficiências de formação, desvalorização profissional

implicando baixo status social e profissional, falta de condições de trabalho, falta

de profissionalismo. Esses fatores, por sua vez, rebatem na desqualificação

acadêmica da área.

Para Libâneo (Pedagogia e Pedagogos, para quê – 2002, pág 29), a

Pedagogia ocupa-se, de fato, dos processos educativos, métodos, maneiras de

ensinar, mas antes disso, ela tem um significado bem mais amplo, bem mais

globalizante. Ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa

na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da

ação educativa.

6.1 – Professor não, educador sim

“... um bom sistema educacional ter três propósitos elementares: acesso

aos recursos disponíveis, partilha das idéias, valores e conhecimento, permitir a

divulgação de assuntos e desafios individuais.” (Carly Machado; AVM)

Os profissionais que atuam ou estão capacitados para atuar no processo

educacional, precisam ser estimulados para uma reflexão constante sobre as

múltiplas formas de romper com os estereótipos, preconceitos e discriminações

ainda existentes no espaço da sala de aula.

Para Libâneo, para o enfrentamento de exigências colocadas pelo

mundo contemporâneo são requeridos dos educadores novos objetivos, novas

habilidades cognitivas, mais capacidade de pensamento abstrato e flexibilidade

de raciocínio, capacidade de formação geral e profissional implicando o repensar

dos processos de aprendizagem e das formas do aprender a aprender, a

familiarização com os meios de comunicação e o domínio da linguagem

informacional, o desenvolvimento de competências comunicativas e capacidade

criativa para análise de situações novas e cambiantes.

O desenvolvimento da ciência pedagógica e a reflexão teórica sobre a

problemática educativa na sua multidimensionalidade, entretanto, seria o

pressuposto para a reconfiguração da identidade profissional dos professores,

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para além de sua especialização na Ciência, matéria de ensino em que deve ser

formado. Há, assim, evidências de que a pedagogia e o curso de formação

profissional que lhe corresponde não só esgotou suas possibilidades de

investigação teóricas, como têm pela frente grandes tarefas sócio-políticas.

6.3 – Para ensinar, não basta só saber

Num país com alto índice de exclusão (desemprego), como o Brasil, a

expectativa de se alcançar meio para o próprio sustento tornou, a carreira de

professor um “bico”, cada vez mais reforçado pela concepção de que: quem

sabe, ensina. O exercício do Magistério reveste-se de uma ação técnica

desprovida de significado social de compromisso com a forma e o conteúdo. A

amplitude desse cargo sugere algo que: Todos podem ser professores que

ensinam a todos.

Uma outra variante na forma d conceber o professor foi criada com

binômio Qualidade X Quantidade. Com o crescimento do número de escolas

com uma população abrangendo camadas populares nunca antes

freqüentadoras da escola, vemos um crescimento também do professorado, que

agora, entre os leigos, engloba profissionais de outras áreas porém com

escolaridade. Continuam servindo ao projeto de seleção “escravocrata”, desta

vez porém, mediante a reprovação escolar, que marginaliza a maioria da

população brasileira, mas socialmente transfere “a culpa para os próprios

indivíduos” apoiada na legitimidade científica de várias concepções de

desenvolvimento e aprendizagem postas a serviço dessa exclusão: defasagem

cultural, deficiência racial ou nutricional, visão inatista de inteligência e aptidão

herdadas, originando a idéia de que aprendizagem cognitiva é dom que uns têm

e outros não... enfim as camadas pobres são afastadas da escola de forma legal

e com aceitação e até colaboração desse profissional, que agora se transmuda

em baluarte da cultura dominante (Magister Dix). Encobre se com isso a falta de

investimento na educação, a falta de escolas reais para todos e principalmente o

despreparo do professor no enfrentamento do aluno real.

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CONCLUSÃO

Só a escola tem o poder de transformação. Nela se formam os cidadãos,

as gerações que governarão o mundo. Só ela será capaz de dar esperança,

fazer sonhar.

É preciso no entanto que na escola, essencialmente na sala de aula,

professores e alunos estejam sintonizados, que os objetivos sejam planejados,

mas que haja flexibilidade, de acordo com as necessidades dos alunos.

O professor, dentro da sala de aula, não precisa ser o mais poderoso,

nem o ‘sabe-tudo’, só tem que olhar o aluno, ver suas necessidades, facilitar a

aprendizagem. Sendo assim, o educador deveria gerenciar sua turma como um

maestro faz com sua orquestra com tantos instrumentos diferentes, mas onde

todos têm um tempo para tocar, ser ouvido.

Para aprender o que ensinar, o professor precisa ter autonomia e

flexibilidade na escolha de seus métodos de ensino, na escolha de teorias

pedagógicas, nas avaliações.

O aprendiz tem que ser a pessoa mais importante dentro de uma

instituição de Ensino. Tudo tem que lhe favorecer para que aprenda a aprender,

que seja motivado de forma incansável e que o objetivo maior, que é a

aprendizagem seja sempre alcançado.

O conhecimento só faz sentido quando se aprende, quando o aprendiz

cheio de coragem traça seu futuro criando objetivos, transformando sua vida.

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BIBLIOGRAFIA 1. MARQUES, Juraly C.. A aula como processo. Editora Globo, 1978. 2. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? Editora Cortez, 2002. 3. HERNANDEZ ,Fernando. Transgressão e mudança na educação. Editora Artemed,1998. 4. CHADWICK ,Clifton B.; ROJAS ,Alicia Mabel. Tecnologia e desenvolvimento curricular. Editora ABT,1980. 5. LHURLER ,Mônica Gather. Da avaliação dos professores à avaliação dos estabelecimentos escolares. Editora Ática,2001. 6. WEISZ ,Telma; SANDEZ, Ana. O diálogo entre o Ensino e a aprendizagem. 2ª ed., Editora Ática, 1978. 7. GARCIA, Walter F.. Educação Brasileira Contemporânea. Editora McGraw-Hill do Brasil Ltda, MEC,1976. 8. SANCHEZ ,Celso; ARAÚJO , Mª Esther; CARVALHO,Vilson Sérgio de; MACHADO, Carly; CARDOS, Marcelo; MACIEL, Tânia M. S. Barros; AGARERZ, Vera Lúcia Vaz; BUTO, Verônica de Matos. Pedagogia levada a sério. Editora Wak,2004. 9. BARROS, Maria Lúcia Mitchel. Coletâneas de monografia. SME, RJ, 2001.

10.COLL, César. Aprendizagem e discurso na sala de aula. Editora ArtMed,

1999.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

(CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO) 09

1.1- Modalidade da Educação 10

1.2- Várias formas de educar 11

1.3- Tendências pedagógicas na escola moderna 12

CAPÍTULO II

(FUNÇÃO DA ESCOLA E O CONTEÚDO DO SABER ESCOLAR) 18

2.1- Processo ensino-aprendizagem 19

2.2-.Individualização do Ensino e Reformulação de Objetivos 20

CAPÍTULO III

(O ALUNO) 22

3.1-O comportamento do aluno 23

3.2- Formação dos cidadãos 24

3.3-Educação e aprendizagem 24

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CAPÍTULO IV

(A AVALIAÇÃO) 27

4.1-Critérios de avaliação 28

CAPÍTULO V

(OS CURRÍCULOS) 30

5.1- Quem planeja 31

5.2-Objetivos 32

5.3-Conteúdo 33

CAPÍTULO VI

(O PROFESSOR E A PEDAGOGIA) 35

6.1- Professor não, educador sim. 36

6.2- Para ensinar, não basta só saber. 37

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 41