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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DISTÚRBIO DE COMPORTAMENTO ESQUIZOFRÊNICO: UM PROBLEMA DE APRENDIZAGEM DO ENSINO FUNDAMENTAL NAS ESCOLAS ESPECIAIS VALDOMIRA REIS BISPO DE SOUZA matr. C200187 Orientadora Profª. Mery Sue C. Pereira Rio de Janeiro, dezembro de 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DISTÚRBIO DE COMPORTAMENTO ESQUIZOFRÊNICO: UM PROBLEMA DE APRENDIZAGEM DO ENSINO FUNDAMENTAL

NAS ESCOLAS ESPECIAIS

VALDOMIRA REIS BISPO DE SOUZA matr. C200187

Orientadora

Profª. Mery Sue C. Pereira

Rio de Janeiro, dezembro de 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DISTÚRBIO DE COMPORTAMENTO ESQUIZOFRÊNICO: UM PROBLEMA DE APRENDIZAGEM DO ENSINO FUNDAMENTAL

NAS ESCOLAS ESPECIAIS

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em psicopedagogia.

Por: Valdomira Reis Bispo de Souza

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AGRADECIMENTOS

Aos professores Nilson Guedes de Freitas e Mery Sue C. Pereira os meus orientadores que forneceram orientações seguras, guiando meu caminho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho á minha família pelo apoio recebido, meu esposo WALDEMAR, meus filhos FÁBIO, BRUNO e THAÍS com muito amor, carinho e dedicação.

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RESUMO

No quadro clínico da esquizofrenia simples aparece como sintomas

fundamentais o empobrecimento da vida afetiva, a indiferença e dos impulsos.

Os enfermos que, por qualquer circunstância, são emocional, a vacuidade do

pensamento e o enfraquecimento da vontade conduzidos ao hospital, desde o

início despertam a atenção pela indiferença emocional, a negligência nos

hábitos de higiene, o desânimo e a incapacidade para tomar decisões. Os

pacientes não têm iniciativa, não entram em contato com os outros doentes,

não procuram o médico nem o enfermeiro para queixar-se ou reivindicar

alguma melhoria, permanecendo isolados e sem realizar nenhuma atividade

com fins pragmáticos.

A enfermidade tem início, aproximadamente, na puberdade, desde logo,

vai se apurando uma completa transformação da personalidade e do

comportamento do doente. As aptidões intelectuais decaem, os pacientes se

tornam cada vez mais indiferentes e apáticos, sendo necessária a internação

em serviço especializado. Nos casos leves, a doença passa despercebida e,

muitos jovens de futuro promissor, terminam ocupando postos indiferentes na

escala social. Algumas vezes, os familiares chegam a notar as modificações

sobrevindas na personalidade do enfermo, a indiferença e a incapacidade para

o trabalho.

Em alguns casos, o doente queixa-se de cefaléia, vertigens,

hipersensibilidade aos ruídos, sensações de vazio interior, sentimento de

estranheza, vivência de influência corporal, sintomas que acompanham,

algumas vezes, de distimias depressivas. São freqüentes as formas simples

que se iniciam com manifestações hipocondríacas de natureza vaga e difusa.

A enfermidade progride durante anos até a completa destruição da

personalidade. Entretanto, é possível ocorrer remissões de longa duração, com

precário ajustamento ao meio social. Nos casos típicos, os enfermos

apresentam uma forma de pensamento vago, inconsistente, indeterminado,

com diferentes graus de intensidade, desde a leve indeterminação até a

completa desorganização do pensamento e da linguagem. A família é a proto-

sociedade; o núcleo inicial, no qual o indivíduo vem ao mundo e onde tem suas

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primeiras experiências; é também o seu primeiro “nicho ecológico”; seu

orientador, protetor, estimulador e repressor. É também no seio dessa família e, em função dela, que o indivíduo

molda e plasma seus primeiros modelos, suas pulsões, sentimentos e

emoções, sua personalidade básica – seu “ego”, seu equipamento,

investimento, com o qual deverá enfrentar as complexas situações de sua vida

psíquica durante toda a existência.

É na família que são elaborados e moldados os primeiros sentimentos

gregários do homem, é através dela que a criança toma consciência do mundo

humano circundante, é por seu intermédio que se comunica (no sentido

centrífugo e centrípeto) com seu pequeno mundo, no qual deverá aprender a

conviver no futuro, com o mundo dos homens. O emocional pode ser como os

meios pelo qual o individuo procura manter um relacionamento harmonioso

entre as suas necessidades e as exigências do seu ambiente físico e social.

Os distúrbios de personalidade são responsáveis pelos elementos mais

irracionais entre os membros da sociedade.

As pessoas com distúrbios de personalidade não são facilmente

compreendidas.

As perturbações de personalidade ocorrem quase sempre em resposta

ao contexto social.

As perturbações de personalidade apresentam repetida resposta

autoprejudiciais associadas com pessoas fatigadas, com lesão cerebral,

submetidas a stress violento, imaturas ou que tenham regredido de outra

forma. Os transtornos da personalidade; constituições que por si transtornam a

vida do indivíduo ou incapacitam um desenvolvimento pleno, ou ainda, em

certas circunstâncias, encerram uma maior aptidão para o desenvolvimento de

determinadas doenças psíquicas. A escola deve proporcionar interações

diferenciadas para crianças em diferentes níveis de desenvolvimento,

objetivando que todas tenham acesso aos elementos fundamentais para o

desenvolvimento do psiquismo na escola (Patto, 1991). As expectativas do

professor sobre o desempenho dos alunos funcionam com uma profecia

educacional que se auto-realiza. O uso de habilidades intelectuais alternativas

decorre do desenvolvimento da eficiência cognitiva das pessoas com

deficiência mental. A depressão psicótica da ênfase à perda de testes de

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realidade e ao prejuízo do funcionamento mental, manifestado por ilusões,

alucinações, confusão e memória prejudicada. Grave prejuízo do

funcionamento social e pessoal, manifestado por abstinência social e

incapacidade de desempenhar os papéis domésticos e profissionais habituais.

Pessoas propensas à depressão são caracterizadas por baixa auto-estima,

superego rígido, relações interpessoais de apego e dependência e capacidade

limitada. A memória desempenha um papel especial no processo

psicodinâmico da construção dos pensamentos. Eles estão muito ligados com

os sentidos e é a conexão do mundo das idéias com o mundo lógico. Para que

os pensamentos conscientes sejam gerados é necessário que haja o registro

de milhares de informações e emoções no solo da memória. Esses registros

constituem o alicerce para a formação das idéias. A escola de educação

especial busca o desenvolvimento do aluno portador de deficiência mental.

Assim a educação especial é um conjunto de recursos e de estratégias de

apoio aos alunos e seus familiares. Por tanto a importância da escola para a

vida do deficiente é que é um espaço privilegiado para que se operem enlaces

um trabalho que permita a produção de laços sociais, principalmente para

aqueles que por dificuldades, encontra-se excluídos de uma circulação social.

Educação especial é uma modalidade de ensino que visa promover o

desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de necessidades

especiais, condutas típicas ou altas habilidades, e que abrange os diferentes

níveis e graus do sistema de ensino. “As escolas funcionam como centro

terapêutico, fazendo com que a criança, jovem, e adulto se integrem na

sociedade a partir de um ambiente variado com múltiplas atividades para

despertar o desenvolvimento.” A aprendizagem depende principalmente da

motivação. Criando incentivos, o professor provoca movimentos, reações,

atividades dos seus alunos. A função do professor é de criar incentivos para

que seus alunos se interessem e ofereça oportunidades para que aprendam.

As necessidades de filiar-se, de cooperar, de imitar, levam a criança a manter

relações constantes com o professor e os colegas, decorrendo desse fato

múltiplas oportunidades para que ela tenha experiências e aprenda. O papel de

mediador exige postura compreensiva, diálogo, flexibilidade e delicada firmeza.

A relação entre professores e alunos deve ser uma relação dinâmica,

como toda e qualquer relação entre seres humanos. É importante a existência

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de afetividade, confiança, e respeito entre docente e discente para que melhor

se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão e a aprendizagem. (Gadotti, 1999,

p.2). O sucesso da aprendizagem está na forte relação afetiva entre alunos e

professores, alunos e alunos, professores e professores. Masseto (1996) O

professor deve enfatizar a importância do prazer na escola para despertar o

interesse do aluno pelo saber. O papel do professor deve ser a de um

facilitador de aprendizagem, aquele que provoca no aluno um estímulo que o

faça aprender. A orientação do professor, acompanhando cada passo do aluno,

com a intenção de que ele, gradativamente, liberte-se e demonstre seu

potencial. (Mascellani, 1980, p.128) “O bom professor é o que consegue,

enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu

pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus

alunos cansam não dormem. “Cansam porque acompanham as idas e vindas

de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”

(Freire, 1996, p.96) O papel de educadores junto a crianças com necessidades

especiais é extremamente importante, e cada criança deve ser atendida

respeitando suas próprias características de personalidade. Somente o

profissionalismo aliado ao idealismo e persistência é que torna possível

estabelecer métodos eficientes de trabalho.

Assim a Escola Especial pode ser considerada como a escola que toda

criança deveria ter, pois pesquisa suas potencialidades para proporcionar

estímulo adequado ao seu desenvolvimento, aumentando as chances de

aprendizagem e integração social. A escola deve integrar todas as crianças e

jovens e proporcionar-lhes um ambiente de aprendizagem motivador, exigente

e gratificante. A superação dos desafios é essencial para o desenvolvimento

pessoal de cada um.

A escola tendo plena consciência da educação como fator insubstituível

de desenvolvimento, pode por em prática políticas pedagógicas que consigam

obter avanços claros e sustentados, na organização e gestão dos recursos

educacionais, na qualidade de aprendizagem para todos.

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Sumário

Página INTRODUÇÃO...................................................................................................10 Capítulo I 1 - Identificar distúrbio de comportamento: esquizofrênico, psicose, delírio e

alucinação......................................................................................................... 12

1.1 - Fator família. 1.2 - Problema emocional. 1.3 - Problema de personalidade. 1.4 - Distúrbio de comportamento: causas e efeitos.

Capítulo II

2-Caracterizar o aluno com distúrbio de comportamento e o desenvolvimento escolar...............................................................................................................41

2.1 - Características dos DCS e ações para evitá-las. 2.2 - Afetividade. 2.3 - Interação social. 2.4 - Depressão. 2.5 - Parte cognitiva.

Capítulo III

3 - Relacionar o que proporciona a educação especial para um deficiente mental...............................................................................................................59

3.1 - Fatores do cotidiano escolar. 3.2 - Problema aprendizagem. 3.3 - A relação afetiva entre professor e aluno com deficiência mental. 3.4 - Fatores das dificuldades. 3.5 - Desempenho escolar.

CONCLUSÃO..............................................................................................................88. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................... 89 ATIVIDADES CULTURAIS...............................................................................91 FOLHA DE AVALIAÇÃO..................................................................................92

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INTRODUÇÃO

O estudo refere-se à questão das crianças que apresentam distúrbio de

comportamento e que devido a isso são considerados como alunos problema na sala de aula.

O estudo abordará o comprometimento do funcionamento mental, manifestando-se por delírios, alucinações, psicose, pensamento e comportamento.

No presente trabalho pretendo elucidar a importância da família na vida de um esquizofrênico, o sofrimento e as necessidades da família e o relacionamento afetivo com os pais.

A “esquizofrenia” pode significar um comprometimento grave do funcionamento social e pessoal, caracterizado por retraimento social e incapacidade para desempenhar as tarefas e papéis habituais.

A importância da escola na vida de um portador de deficiência mental. Nesta pesquisa, busca-se analisar de forma teórica e aprofundada o

tema, buscando inicialmente responder a seguinte questão: a sintomatologia psicótica caracteriza-se, principalmente pelas alterações a nível do pensamento e da afetividade e, consequentemente, todo comportamento e toda performance existencial do indivíduo serão comprometidos. Na psicose o pensamento e a afetividade se apresentam qualitativamente alterados, tal como uma novidade cronologicamente delimitada na história de vida do aluno e que passa a atuar morbidamente em toda sua performance psíquica.

A esquizofrenia é uma doença em que a pessoa sofre de uma alteração ou desvio de personalidade, ou seja, a sua personalidade está alterada.

Caracterizada por uma dissociação das funções psíquicas e pela perda de contato com o mundo exterior, ela afeta não só o paciente, mais também toda a sua família e todas as pessoas a sua volta.

Um dos primeiros sentimentos é a diminuição da afetividade, quando a sua total supressão ou ausência, existindo um desligamento do mundo por parte do aluno, que se volta sobre si mesmo (semelhante em parte ao autismo).

Diante destes fatos, a presente monografia, esclarece as causas e suas conseqüências, assim como também a importância dos profissionais qualificados para o problema, dando-lhes um diagnóstico preciso, para que a família do aluno tenha esperança de um dia melhor... Neste trabalho, busca-se conseguir maior compreensão a respeito dos sentimentos de quem não se enquadra no que se costuma chamar de normal. A importância dos professores e dos pais na convivência com esse educando com distúrbio de comportamento, de forma que a escola possa se tornar um local de esperanças. Os aspectos evolutivos das áreas relacionadas à aprendizagem e emocional. Fatores que influenciam o desenvolvimento, a aprendizagem e o desempenho.

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A consideração das influências ambientais sobre o desenvolvimento da personalidade nos primeiros anos de vida e a importância atribuída à dimensão afetiva emocional na determinação do comportamento e seus desvios provocou uma mudança terminológica no discurso da psicologia educacional. Os possíveis problemas presentes no aprendiz, além das causas físicas e intelectuais, os distúrbios emocionais e de personalidades começaram a ser levados em consideração... Se o professor agir de forma que expresse o seu interesse pelo “crescimento” dos alunos respeitando suas individualidades criará um ambiente mais agradável e propício para a aprendizagem. As relações afetivas estabelecidas não podem ser ignoradas, pois estão presentes no desenvolvimento, fazendo parte do ser humano e podem interferir de forma negativa ou positiva nos processos cognitivos. A escola deve trabalhar no sentido de organização dos sistemas afetivos e cognitivos. O relacionamento afetivo pressupõe interação, respeito pelas idéias, pelas opiniões do outro, dedicação, troca e vontade por parte dos envolvidos. Conhecendo seus alunos, escolhendo a melhor forma de trabalhar com eles, o educador propiciará excelentes oportunidades para elevar o rendimento escolar dos educandos, elevando também o auto conceito destes, tornando a aprendizagem mais agradável e produtiva.

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1- IDENTIFICAR DISTÚRBIO DE COMPORTAMENTO: ESQUIZOFRÊNICO, PSICOSE, DELÍRIO E

ALUCINAÇÃO. No quadro clínico da esquizofrenia simples aparece como sintomas

fundamentais o empobrecimento da vida afetiva, a indiferença e dos impulsos.

Os enfermos que, por qualquer circunstância, são emocional, a vacuidade do

pensamento e o enfraquecimento da vontade conduzidos ao hospital, desde o

início despertam a atenção pela indiferença emocional, a negligência nos

hábitos de higiene, o desânimo e a incapacidade para tomar decisões. Os

pacientes não têm iniciativa, não entram em contato com os outros doentes,

não procuram o médico nem o enfermeiro para queixar-se ou reivindicar

alguma melhoria, permanecendo isolados e sem realizar nenhuma atividade

com fins pragmáticos.

A enfermidade tem início, aproximadamente, na puberdade, desde logo,

vai se apurando uma completa transformação da personalidade e do

comportamento do doente. As aptidões intelectuais decaem, os pacientes se

tornam cada vez mais indiferentes e apáticos, sendo necessária a internação

em serviço especializado. Nos casos leves, a doença passa despercebida e,

muitos jovens de futuro promissor, terminam ocupando postos indiferentes na

escala social. Algumas vezes, os familiares chegam a notar as modificações

sobrevindas na personalidade do enfermo, a indiferença e a incapacidade para

o trabalho.

Não existem formas características de início da esquizofrenia simples.

Em alguns casos, o doente queixa-se de cefaléia, vertigens, hipersensibilidade

aos ruídos, sensações de vazio interior, sentimento de estranheza, vivência de

influência corporal, sintomas que acompanham, algumas vezes, de distimias

depressivas. São freqüentes as formas simples que se iniciam com

manifestações hipocondríacas de natureza vaga e difusa. O enfermo de nossa

observação apresentada como exemplo de um caso de esquizofrenia simples,

no início da doença, queixava-se de uma série de transtorno somáticos: dores

de cabeça, dores pelo corpo, vertigens e perda de apetite. Essas alterações

davam ao paciente uma verdadeira sensação de enfermidade, acompanhada

de um pressentimento de ameaça, de um perigo iminente, que não chegavam,

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porém, a determinar o aparecimento de delírio de perseguição ou de influência.

Em muitos casos, verifica-se desde o início a existência de indiferença absoluta

em relação aos problemas pelos quais o enfermo se mostrava antes

interessado. Os doentes não entendem às repreensões, dão respostas

extravagantes, consideradas pelos pais como impertinências ou opõem certa

resistência às solicitações do meio, atribuídas também a manifestações de

rebeldia. Ao serem censurados por sua indolência, fazem projetos, chegam a

tentar uma ou outra ocupação, mas abandonam tudo em seguida. Outros vão

aos poucos se desleixando dos hábitos elementares de higiene e das mais

simples regras de boa conduta, entregando-se completamente a

vagabundagem. Essas formas simples de esquizofrenia raramente chegam ao

hospital ou às mãos do psiquiatra. Muitos desses enfermos terminam nos

asilos de indigentes, ou caem na mendicância ou terminam desempenhando

profissões inferiores, como biscateiros.

A enfermidade progride durante anos até a completa destruição da

personalidade. Entretanto, é possível ocorrer remissões de longa duração, com

precário ajustamento ao meio social.

Por Hebefrênica entende-se, atualmente, um dos quadros clínicos da

esquizofrenia que, em geral, tem início entre 15 e 25 anos de idade, e conduz,

através de um desenvolvimento lento ou às vezes rápido, a um estado de

enfraquecimento da atividade psíquica. A alteração básica do quadro

Hebefrênica consiste no distúrbio do pensamento. Não se trata de uma

perturbação de conteúdo, nem tampouco daquilo que, habitualmente se chama

de “alterações formais”, mas de um transtorno no processo efetivo do pensar,

nas operações psíquicas necessárias à coordenação do pensamento. Em seu

tempo Kraepelin já admitia que a característica desses quadros mórbidos

consiste na “peculiaríssima destruição da correlação ou harmonia interna da

personalidade psíquica”, o que acarretava, como conseqüência, graves

alterações do pensamento. Para Bleuler, a alteração fundamental do

pensamento, nesses enfermos, resume-se a um processo de afrouxamento

(Lockerung) das associações, em virtude do qual se perdem as conexões

lógicas estabelecidas pela experiência individual, instituindo-se novas e

absurdas relações entre os dados do conhecimento. No entanto, apesar dos

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autores clássicos terem assinalado o traço característico do pensamento

esquizofrênico, a alteração apresenta outros aspectos além da simples

decomposição dos laços associativos. Nos casos típicos, os enfermos

apresentam uma forma de pensamento vago, inconsistente, indeterminado,

com diferentes graus de intensidade, desde a leve indeterminação até a

completa desorganização do pensamento e da linguagem.

Em segundo lugar, a inadequação emocional. Os autores clássicos

falavam de “embotamento emocional”, com expressão de uma “demência

afetiva”. Na Hebefrênica, a afetividade não está abolida, ao contrário, o que se

observa é uma alteração qualitativa dos processos afetivos, tornando os

sentimentos desses enfermos inadequados e inteiramente incompreensíveis ao

indivíduo normal. O estado de ânimo é instável, notando-se repentinas e

imotivadas alterações de humor. É possível verificar, muitas vezes, que os

doentes passam de um estado de intensa alegria à profunda tristeza, da euforia

à cólera, sem que se possa perceber a existência de uma causa justificável. Os

processos afetivos se caracterizam, nos hebefrênicos, pelo amortecimento das

emoções e dos sentimentos delicados, revelando alguns enfermos a mais

completa indiferença pela família, pelas pessoas de suas relações anteriores e

por sua própria situação. Desperta a atenção, nesses enfermos, a disparidade

entre os conteúdos ideativos e as reações afetivas. As concepções delirantes

mais extravagantes não se acompanham de uma tonalidade emocional

apropriada. Esta discordância entre o pensamento e os sentimentos se reflete

na conduta desses enfermos: pode rir alegremente diante de um

acontecimento em que a reação normal seria a tristeza.

Os transtornos a volição são extremamente variados. Kraepelin salientou

que, nesses pacientes, “o quadro clínico é quase todo dominado por um

pronunciado sentimento de incapacidade física e mental, sensações

patológicas várias que, gradualmente, levam o doente a renunciar a toda

atividade”. Os enfermos revelam perda de iniciativa e não realizam nenhuma

atividade com fins pragmáticos. Podem-se observar, nesses casos, algumas

manifestações de negativismo e maneirismo, porém menos acentuadas do que

na catatonia. Os estados de agitação dos hebefrênicos sobrevêm de forma

inesperada; nesses casos, o quadro clínico se caracteriza pela excitação

psicomotora, com interrupções em que os doentes se mostram calmos ou

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deprimidos. Nos casos em que a agitação é muito acentuada, observam-se

atos impulsivos, movimentos incessantes e desordenados: o doente anda de

um lado para o outro, corre, grita, rola pelo chão rasga as vestes, tenta destruir

o que encontra ao seu alcance, agride outros doentes. As fugas e as

manifestações de perversão sexual são freqüentes nesta variedade clínica da

esquizofrenia.

As alucinações desempenham aqui um papel pouco expressivo. Em

alguns casos, os doentes fazem referência a vozes que interferem em sua

atividade, vozes imperativas que os comandam ou que repetem os seus

pensamentos. Kraepelin descreveu uma subforma especial de Hebefrênica, a

“demência depressiva alucinatória”, caracterizada pelo curso subagudo, estado

depressivo inicial e intensivas alucinações auditivas e visuais.

Os delírios dos hebefrênicos são desconexos, mutáveis e transitórios,

sem tendência à sistematização. Os enfermos podem expressar idéias de

grandeza, de perseguição, hipocondríacas ou místicas, mas sempre móveis,

fugazes, inconsistentes e contraditórias. O conteúdo dessas concepções

delirantes reflete a tendência de alguns hebefrênicos ao exagero das próprias

qualidades. Os doentes perdem, gradativamente, a capacidade de crítica.

Apesar da extraordinária diversidade de inicio dos quadros hebefrênicos,

é possível fixar alguns grupos representados pelos casos mais comuns à

experiência de todos os psiquiatras. Em alguns casos, o início se faz de modo

insidioso com um estado de ânimo básico esquizofrênico, dificuldades de

concentração da atividade psíquica, esmorecimentos dos sentimentos

delicados e enfraquecimento da capacidade intelectual. Em pouco tempo o

enfermo se revela incapacitado para o trabalho, fracassa nos estudos, torna-se

negligente, esquecido, grosseiro, pratica atos extravagantes que causam

estranheza ao meio familiar. Em outros casos, os doentes revelam uma

inclinação especial para o fantástico, com tendência a se ocupar-se de

problemas filosóficos ou artísticos os mais absurdos, com predileção pelas

frases altissonantes e afetadas, os jogos de palavras e os gracejos pueris.

Em outros casos a enfermidade se inicia com manifestações exteriores

mais ativas. Os enfermos se mostram inquietos ou ligeiramente excitados,

entregam-se aos abusos alcoólicos e a toda sorte de excessos e

extravagâncias, chegando algumas vezes a promover escândalos públicos.

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Outros não chegam a entrar diretamente em conflito com o meio, mas revelam

a sua instabilidade pela mudança constante de profissão, de emprego, de

residência.

Em determinados casos, a decadência intelectual é acompanhada de

estados depressivos, com a acentuação particular de idéias hipocondríacas. Os

doentes se queixam dos prejuízos que lhes causou o onanismo excessivo ou

se acusam de tendências homossexuais, o que nem sempre corresponde à

realidade. Ao lado dessas alterações, surgem alucinações auditivas, vivência

de influência corporal, roubo do pensamento, vivência de influência na esfera

dos sentimentos, das tendências e da vontade.

As formas de começo com sintomas de neurastenia são freqüentes. As

alterações somáticas precedem os distúrbios psíquicos, ocupando durante

algum tempo o lugar principal no quadro clínico. O enfermo apresenta um

estado de astenia, acompanhado de cefaléia, insônia, vertigens e excitabilidade

nervosa. Estes sintomas surgem, comumente, de moro repentino, sem que se

possa relacioná-los a uma causa aparente. Queixam-se os doentes de uma

série de perturbações da sensibilidade, dores vagas de localização incerta,

aumento da sensibilidade do couro cabeludo, que se apresenta doloroso à

pressão dos dedos, e sensação de calor na cabeça. O diagnóstico dessas

formas neurasteniformes pode oferecer grandes dificuldades. No entanto, já no

início da Hebefrênica verificam-se alguns sinais de decadência intelectual,

enfraquecimento dos sentimentos familiares desinteresse pelas relações

sociais, debilidade da iniciativa e ausência de espontaneidade. Os

esquizofrênicos raramente têm noção da enfermidade, o que não acontece

com os neurastênicos, cujo sentimento de enfermidade é aumentado pelas

preocupações hipocondríacas. É fácil comprovar, na neurastenia, a existência

de uma causa capaz de explicar a astenia e a excitabilidade nervosa. As

queixas hipocondríacas dos neurastênicos acompanham-se geralmente de um

estado de sofrimento e de angústia. Enquanto, nos hebefrênicos, as

preocupações hipocondríacas são vagas, inconsistentes, pueris, sem força de

convicção. Em muitos desses casos duvidosos, podem-se verificar alguns

sinais precoces que têm grande significação para o diagnóstico: são as

caretas, os tiques, o riso imotivado e sem conteúdo, as manifestações de

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negativismo. Certos atos impulsivos, a conduta extravagante e as fugas servem

para orientar o diagnóstico no sentido da esquizofrenia.

As manifestações de tipo histérico, como no início da Hebefrênica, são

mais freqüentes no sexo feminino. Observam-se, nesses casos, crises de

lágrimas e de riso, sugestibilidade, tristeza imotivada, estados de depressão e

de excitação, acasos “conclusivos” e atitudes cataleptiformes.

Os fracassos amorosos, as desilusões na vida social, o abandono de

emprego, as dificuldades nas relações sexuais ou a infelicidade matrimonial,

considerados com freqüência pelos familiares como causas de enfermidade

são, em geral, as suas primeiras manifestações. Ao lado da sintomatologia

histeriforme, que pode causar embaraços ao diagnóstico, observam-se na

Hebefrênica, desde o início, alterações do pensamento, distúrbios senso-

perceptivo, indiferença afetiva, desinteresse pelas condições de higiene, perda

da iniciativa e ausência de noção de enfermidade.

Além dessas formas de começo relativamente simples, nota-se um

grupo caracterizado por alternativas de agitação e depressão. Esses casos

costumam ter início tumultuoso, com o cortejo sintomático de uma psicose

aguda. A agitação ou a depressão é acompanhada da ansiedade, insônia,

delírio confuso, tendência suicida, alucinações visuais, auditivas e sinestésicas,

quase sempre de conteúdo desagradável. Os estados depressivos podem,

algumas vezes, ser interrompidos subitamente por crises de ansiedade,

estados confusionais, obnubilação da consciência, com a prática de atos

impulsivos. Podem-se observar casos de intensa agitação maníaca. “Contudo –

ensina Hoche – na maior parte desses quadros que se sobrepõem aos

distúrbios esquizofrênicos fundamentais é fácil revelar, com um exame mais

atento, a característica da doença originária”.

A catatonia é concebida, atualmente, como um dos quadros clínicos da

esquizofrenia, caracterizando-se pela alternância de períodos de inibição e de

excitação, com predominância na fase de estado de uma série de fenômenos

psico-motores, os chamados sintomas catatônicos, sobressaindo entre eles o

negativismo, a sugestibilidade e as estereotipias. “Sob os sintomas

dominantes, de modo temporário ou permanente, não faltam os distúrbios do

pensamento e da afetividade e, raramente, se nota a ausência completa de

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formações delirantes e de alucinações” (Lange). A moléstia se declara, em

geral, entre 15 a 25 anos de idade.

Os sinais e os sintomas do quadro catatônico são inconfundíveis. O

enfermo catatônico, em geral, é traduzido com dificuldade para o exame.

Colocando numa cadeira, mantém o tronco, a cabeça e os membros superiores

em atitude característica: a cabeça, inclinada para frente, também projetado no

mesmo sentido, e os antebraços em posições rígidas. A fisionomia conserva-se

inerte, indiferente. Muito raramente pestaneja. Os doentes podem permanecer

dias inteiros numa imobilidade absoluta. Não reagem a nenhum estímulo do

meio exterior. Ainda que se empreguem meios brutais de exame – como o

faziam os velhos psiquiatras no afã de demonstrar essa insensibilidade,

introduzindo uma agulha na testa ou na língua do paciente – os enfermos

apenas pestanejam levemente ou desviam a cabeça, em ligeiro movimento de

defesa. Não falam, nem respondem às perguntas do interrogatório. Sentado ou

de pé, o doente persiste na mesma posição por tempo indefinido. No quadro

clínico dominam as estereotipias de atitude, as posições extravagantes, os

maneirismos.

O enfermo catatônico se opõe aos movimentos que se procura imprimir

aos membros, mas quando colocado em uma posição qualquer, a conversa

sem manifestar sinais de fadiga muscular. Nos casos leves, os catatônicos

revelam uma atitude retraída, a fisionomia animada por um sorriso

inexpressivo, e respondem lentamente, quando as perguntas lhes são dirigidas

em voz baixa.

No início da enfermidade e nos períodos de excitação, os doentes

apresentam estados alucinatórios de grande intensidade. Sobressaem, em

primeiro lugar, as alucinações sinestésicas, vindo em seguida às auditivas e

por último, as ilusões e alucinações se atenuam ou mesmo desaparecem.

O distúrbio do pensamento não é tão acentuado como no quadro

Hebefrênica. Não é surpreendente, portanto, quem em alguns casos, passado

o episódio agudo, o enfermo alucinado, excitado ou entuporoso, recupere a

capacidade de raciocínio, sem manifestar sinais de defeito esquizofrênico. A

interceptação do pensamento é um sintoma freqüentemente observado no

quadro catatônico. Os delírios dos catatônicos são variáveis, confusos,

absurdos, habitualmente de matiz depressivo; delírios de culpabilidade, místico,

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de perseguição, de negação, de transformação corporal. Este último contribui

para que os doentes se sintam influenciados por meio de eletricidade ou de

“fluidos magnéticos”. Em muitos casos, o pensamento dos catatônicos

apresenta uma alteração muito semelhante à incoerência dos estados

amenciais.

O ânimo dos catatônicos reflete indiferença. Tudo o que possa acontecer

no hospital lhes é afetivamente indiferente: a mudança de enfermaria, a morte

de um doente próximo ao seu leito, o esquecimento de trazerem a sua refeição,

não provocam neles nenhuma reação emocional. Levados às festas do hospital

ou às sessões cinematográficas, aí permanecem inertes, desinteressados, sem

que esses acontecimentos repercutam neles de modo agradável ou

desagradável. Bleuler cita um exemplo característico da indiferença emocional

dos catatônicos. Por ocasião de um incêndio no hospital em que ele trabalhava,

teriam perecido todos os esquizofrênicos catatônicos se não fossem salvos a

tempo. O fogo já havia invadido a enfermaria e os catatônicos continuavam na

atitude em que foram surpreendidos, indiferentes ao avanço das chamas e ao

pânico dos outros doentes. Foi necessário carregar um por um, porque, por si

mesmos, não tomariam nenhuma iniciativa para escapar ao fogo, e à morte

inevitável. Os enfermos se queixavam algumas vezes de não poder pensar, de

que lhes arrancaram o cérebro ou que têm uma manivela nos instintos, sem

que essas manifestações delirantes sejam acompanhadas dos

correspondentes estados emocionais.

É na esfera da atividade voluntária que se encontram os principais

sintomas do quadro catatônico. No período de estado, verificam-se acentuada

inibição da atividade, adquirindo significação definida os denominados

sintomas catatônicos. Sobressai a repetição automática de movimentos: a

ecopraxia, realização de um ato por imitação, e a ecocinesia, repetição

automática dos movimentos executados diante do doente. Em resultado de

sugestibilidade e da plasticidade muscular, os catatônicos põem manter

durante muito tempo as mais extravagantes posições em que sejam colocados

os seus membros. Esta capacidade de conservar posições impostas é

denominada de catalepsia ou flexibilidade cérea. É imprópria esta expressão

com que se pretende caracterizar um fenômeno ligado essencialmente à

organicidade, porque, na prática, não se observa no processo esquizofrênico

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uma verdadeira catalepsia. O próprio Bumke afirma com segurança que “uma

verdadeira flexibilidade cérea só o observamos depois da encefalite epidêmica

e nunca na esquizofrenia”.

As estereotipias de atitude são freqüentes, consistindo na capacidade

que o doente manifesta de conservar, durante um espaço de tempo

relativamente longo, a mesma posição, a mesma atitude. É de observação

comum no serviço hospitalar que alguns enfermos catatônicos mantêm durante

horas seguidas à mesma posição, ou permanecem sempre no mesmo lugar

(estereotipia de lugar). Nas estereotipias de movimento, “o doente executa de

modo constante e uniforme, um dado movimento qualquer que seja ele,

durante meses e até anos. Podem variar desde simples movimentos dos

dedos, até marchas estereotipadas. Em geral, o mesmo doente conserva de

maneira constante, por anos seguidos, os movimentos adotados desde o

início”.

Em determinados períodos as manifestações da atividade voluntária

estão reduzidas ao grau mínimo ou mesmo abolidas, constituindo o quadro do

estupor catatônico. Bumke assinala que no quadro estupor catatônico há “uma

falta mais ou menos completa de iniciativa e uma fundamental ausência de

reação diante dos estímulos externos”. No estado de estupor, o enfermo não

reage aos estímulos do meio exterior, verificando-se habitualmente, que não

fez o menor movimento no sentido de atender às solicitações do médico.

Nessas condições, adotam posições extravagantes que seriam extremamente

incômodas ao indivíduo normal: pode manter, durante horas, a cabeça a certa

distância do travesseiro; põem conservar as pálpebras e os lábios fortemente

contraídos. Com freqüência, os doentes retêm voluntariamente a saliva na

cavidade bucal, tornando o hálito desagradável. A alimentação, em estado de

estupor, tem de ser feita através de sonda esofagiana. Em alguns casos, o

estupor cessa de modo súbito.

Durante a evolução do quadro catatônico é possível observar períodos

de excitação, sobrevindos de maneira inesperada e sob forma de crises

passageiras. Os estados de excitação catatônica se caracterizam por uma

série e movimentos extravagantes e intempestivos. Sobressaem os

“movimentos desordenados dos membros, os movimentos de expressão

exageradas e deformados, os movimentos de jactação que se assemelham à

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agitação tempestuosa das formas de movimentos de caráter coréico e

atetósico”.

A agitação catatônica pode atingir, em alguns casos, grande intensidade,

somente comparável, aos estados de agitação de natureza epiléptica. O doente

anda de um lado para o outro, salta, grita, rasga as vestes, agride, morde e

tenta destruir tudo o que encontra ao seu alcance. Bumke ensinada que “a

independência de meio exterior é tão evidente nos catatônicos que eles são

capazes de continuar no auge da excitação ainda quando colocados em

completo isolamento”. Acrescenta que “estas explosões motoras produzem a

impressão de uma descarga elementar, sem motivação psicológica, suscetível

apenas de explicação somatógena. Até quando se obtém dos catatônicos

alguma explicação sobre a motivação desses estados, eles nos dizem apenas

que se sentiam obrigados a agir daquela maneira, ou não tinham o poder de

fazer outro modo, ou ainda que eram forçados a rir sem estar alegres ou a

chorar sem estar tristes”.

Nas frases de excitação, observam-se com extraordinária freqüência os

atos impulsivos. São ações isoladas, súbitas, involuntárias e desprovidas de

finalidade. Algumas vezes, os atos impulsivos representam verdadeiras

explosões afetivas, acompanhadas de acessos de riso ou de lágrimas. Em

outras ocasiões, porém, os atos impulsivos se caracterizam pela

“impetuosidade, rapidez e falta de consideração para com o próprio indivíduo

ou para com os demais”.

As alterações da linguagem, nos catatônicos, são muito freqüentes, em

virtude da tendência revelada pelos movimentos a tornarem-se estereotipados.

A mais comum dessas alterações é a verbigeração, repetição incessante

durante dias, semanas e até meses, de palavras e frases pronunciadas em tom

de voz monótono, declamatório ou patético. Frequentemente, os catatônicos

não falam nem respondem ao interrogatório, deixando-nos a impressão de que

se encerra voluntariamente no mais completo mutismo. Em outros casos,

porém, os doentes são respostas sem sentido, absurdas, sem relação com a

pergunta formulada, fenômeno denominado parar respostas ou sintoma de

Ganser. Os fenômenos de eco também ocorrem em relação à linguagem, como

ecolalia, repetição das últimas palavras que chegam ao ouvido.

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Alguns catatônicos exibem várias alterações da mímica: fazem caretas

ou apresentam tiques esquisitos da face. Outros conservam a testa voltada

para cima, o olhar fixo ou as pálpebras fortemente cerradas, projetando os

lábios franzidos, sintoma denominado por Kahlbaum de espasmo bucal e, por

outros autores, de focinho espasmódico. Outras vezes, o enfermo apresenta

abalos musculares, sincinesias, quando começam a articular as palavras ou

quando já está falando.

Leopold Bellak realizou uma recapitulação dos sintomas catatônicos

registrados na literatura psiquiátrica contemporânea, destacando os seguintes:

face inexpressiva, como uma máscara, com excessiva secreção sebácea;

apatia; ausência completa de interesse; depressão e idéias de suicídio;

sentimento de que o mundo é hostil e que todos são culpáveis; acentuada falta

de resolução; dificuldade para compreender o sentido dos acontecimentos;

sensação de vazio anterior; desorganização do pensamento; convicção de que

há algo que não funciona bem em sua cabeça, de que o seu pensamento está

perturbado; desorientação entre direita e esquerda; acentuada reticência e

desconfiança em relação ao observador; mutismo; inatividade; estupor, variável

segundo as circunstâncias externas; negativismo; estereotipia; ecopraxia;

catalepsia; tremores ocasionais; espasmos dos lábios; alucinações auditivas;

automatismos à televisão ou a vozes incitam à fuga; sentimentos ou delírios de

ser seguido, de um novo nascimento de catástrofe, de exaltação ou

identificação com o cosmo.

A enfermidade tem início, habitualmente, com um quadro depressivo

subagudo, acompanhado de algumas perturbações orgânicas. Manifestam-se,

posteriormente, alterações de conduta que não passam despercebidas às

pessoas da família: o enfermo abandona o emprego sem nenhuma razão que o

justifique; ri e chora sem motivos; pratica atos extravagantes e

incompreensíveis.

Denomina-se esquizofrenia paranóide o tipo clínico de enfermidade que

se caracteriza pela predominância de delírio e alucinações. O quadro

paranóide é extremamente rico em manifestações psicopatológicas, encontra-

se nele todos os sintomas da primeira ordem, de Kurt Schneider.

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Na esquizofrenia paranóide, à medida que a enfermidade progride, o

enfermo se integra em seu mundo delirante e alucinatório, afastando-se cada

vez mais da realidade, da qual retira apenas aqueles elementos que

contribuem para fortalecer a sua convicção delirante. A doença tem início na

idade média da vida ou na maturidade. Em toda a sua evolução, não se

observam alterações profundas da personalidade, como ocorre habitualmente

nos tipos simples, hebefrênicos e do catatônico. Entretanto, nas fases tardias, a

maior parte dos casos apresenta acentuado defeito esquizofrênico.

É nesta variedade clínica da esquizofrenia que as percepções delirantes

se manifestam com maior freqüência e adquirem valor excepcional para o

diagnóstico. São dotadas de significação especial e têm para o doente o valor

de sinal, de mensagem, como se através da percepção falasse “uma realidade

superior”. Os traços característicos da vivência consistem em sua significação

alterada e em seu caráter de “imposição” procedente do mundo exterior. O

fundamental, nesse caso, não é o conteúdo da percepção, mas o que ela

representa em si uma mesma como vivência delirante.

As percepções delirantes estão sempre unidas ao difuse

Wahnstimmung, estado de ânimo ou humor delirante que, habitualmente, é

experimentado pelo enfermo como “um sentimento de inconsistência e de

insegurança, que o leva a procurar instintivamente um ponto sólido em que

firma-se e agarra-se” (Jaspers).

Para Kurt Schneider, a percepção delirante não deriva do estado de

ânimo esquizofrênico, ao contrário, consiste em um sintoma que emerge,

concomitantemente, do próprio processo mórbido.

As alucinações são muito freqüentes no quadro paranóide e têm a

particularidade de se manifestarem com a mais completa lucidez de

consciência. Observam-se, aqui a sonorização do pensamento, as vozes

dialogadas, as vozes que interferem na própria atividade, o roubo do

pensamento a divulgação do pensamento e as vivências de influência corporal.

Os fenômenos alucinatórios mais comuns correspondem à esfera auditiva.

Apresentam-se, geralmente, como vozes que censuram, ameaçam ou

interferem diretamente nos atos do paciente. Nos casos em que as alucinações

auditivas se manifestam como vozes dialogadas, o enfermo percebe que várias

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pessoas falam entre si a seu respeito: umas vozes o elogiam, outras comentam

os seus atos, outras condenam a sua conduta.

As alucinações olfativas e gustativas são raras, e geralmente, estão

relacionadas com delírio de envenenamento e com interpretações patológicas

de percepções normais.

Ao lado das percepções delirantes, do humor delirante e das

alucinações, observam-se nos esquizofrênicos paranóide transtornos da

vivencia do eu e alterações afetivas e do comportamento.

Com o evoluir do pensamento psiquiátrico, a descrição sindrômica é

substituída por conceitos evolutivos. A esquizofrenia infantil passa a ser vista

como uma psicose crônica, evolutiva, que caminha pra um estado residual

deficitário, e na qual estão basicamente perturbadas as relações do Eu com o

mundo.

Com a relação às Psicoses Infantis, se aceitarmos a conceituação de

Ajuria-gerra, considerá-la-emos como um “transtorno da personalidade,

decorrente de uma desordem da organização do Eu e da relação da criança

com mundo circundante”. Havia, portanto, uma alteração da consciência do Eu

e de seu relacionamento com a realidade, expressos, sintomatologicamente,

em um quadro caracterizado por isolamento, déficit, anomalia ou ausência de

linguagem e inadequação na manipulação de objetos.

As psicoses do tipo autista são “psicoses crônicas não primitivamente

demências, caracterizadas pela perda do contato com a realidade e a

organização de uma existência autística, marcados por fenômenos específicos

e traduzidos pela dissociação”. São “organização patológicas da

personalidade, ligadas à perda de contado afetivo com a realidade”.

Quaisquer que sejam os autores ou os critérios de avaliação

observamos que seus quadros correspondem a uma desestruturação da

consciência do Eu, independentemente dos fatores etiológicos que a

motivassem, embora Bender considere a ansiedade como núcleo da psicose,

sendo que o manuseio dessa ansiedade daria a conformação do

comportamento posteriormente apresentado pela criança.

Em realidade, poderíamos dizer que dependendo da idade de incidência,

observaríamos maior ou menos desestruturação da consciência do Eu. Assim,

uma criança, ainda em fase inicial de desenvolvimento, não apresentaria a

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demarcação e a identidade do Eu, com um deficiente controle da realidade

assim como também dos sentimentos em ralação ao próprio corpo, sendo esse

vivenciado com estranheza.

A não estruturação do Eu proporcionaria ainda um isolamento intenso,

permanecendo o paciente em um mundo autístico (há autores que consideram

o autista um “dismnésico”), onde se observam os sentimentos de estranheza,

sendo as experiências, provavelmente, avaliadas de modo insólitas, o que

provocaria súbitas alterações de humor.

Cabe, porem assinalar que as formas psicóticas da infância podem

apresentar aspectos aparentemente deficitários (Misès, Lang), principalmente

pelo seu conteúdo precário, sendo que em algumas delas, tais aspectos

parecem ser o final de um processo, do mesmo modo que em quase todos os

graus da deficiência mental, podemos ter sintomas vistos como psicóticos

quando analisados isoladamente.

Embora nas psicoses infantis se observem falhas no desenvolvimento

ou um desenvolvimento lento.

O fato é que o relacionamento Eu - mundo está bastante prejudicado,

tanto pelo terreno deficitário inicial pela estruturação psicótica.

O delírio esquizofrênico se manifesta sob duas formas fundamentais: a

percepção delirante e a ocorrência delirante. As percepções reais adquirem um

significado anormal, quase sempre no sentido da auto-referência. A alteração

da significação dos fatos da vida cotidiana e as relações egocêntricas

patológicas estão unidas intimamente. O doente relaciona consigo próprio

todos os acontecimentos no meio exterior, mesmo quando, normalmente, não

se possa encontrar relação de espécie alguma.

Nos surtos agudos da doença, os enfermos apresentam um estado de

ânimo especial, humor delirante, no qual “se encontram funcionados de modo

singular a perplexidade, o sentimento de estranheza, o sentimento de

transformação de si próprio ou do ambiente e a angustia”. Com muita

freqüência o humor delirante conduz à vivência de “fim do mundo”, de “juízo

final” ou de transformação da personalidade em determinada direção:

santificação, transformação demoníaca, feminização.

A ocorrência delirante na mente transtornada do enfermo surge,

subitamente, a certeza de que é Jesus Cristo, salvador do mundo, ou que é um

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reformador político predestinado a realizar a transformação radical das

instituições de seu país. As manifestações mais comuns da ocorrência

delirante são os juízos de ser perseguido ou de ser amado. A mesma estrutura

tem o delírio de ciúme. Em resumo, qualquer que seja a forma do delírio:

persecutório, de grandeza, místico, erótico, surge sempre como ocorrência

delirante.

No delírio ocorre a alteração do conteúdo do pensamento, mas não da

memória e nem da atenção.

Uma convicção subjetivamente e irremovível e uma crença

absolutamente inabalável com impossibilidade de sujeitar-se às influências de

correções quaisquer, seja através da experiência ou da argumentação lógica.

Um pensamento de conteúdo impenetrável e incompreensível

psicologicamente para o indivíduo normal é uma representação vivencial sem

conteúdo de realidade que não se reduz a analise dos acontecimentos

vivenciais.

É irremovível e inabalável porque, diante do paciente delirante não se

consegue demover o conteúdo de pensamento mediante qualquer tipo de

argumentação.

A apresentação de percepção delirante ou de ocorrência delirante

constitui elemento importante para o diagnóstico da esquizofrenia.

São muito freqüentes e constituem o sintoma mais acessível da

moléstia, não oferecendo dificuldade em sua comprovação. As mais comuns

são as alucinação auditivas e sinestésicas; as gustativas e olfativas são raras e

as visuais são excepcionais. Certos tipos de alucinações auditivas trazem o

selo característico da esquizofrenia. Por exemplo, escutar os próprios

pensamentos é um tipo de alucinação que só aparece nesta enfermidade. Esta

forma alucinatória é pouco registrada nas observações clínicas e isso se deve

ao fato de se manifestar, com mais freqüência, nas fases iniciais da doença. De

modo geral, os pacientes não se opõem em emprestar esclarecimentos sobre a

ocorrência, informando de modo claro: “escuto os meus pensamentos” ou

“penso em voz alta”.

Representam elementos de grande importância para o diagnóstico de

esquizofrenia a presença de vozes dialogadas ou a manifestação de vozes que

interferem na atividade do paciente. Muitos enfermos se sentem coagidos com

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essas “vozes” que lhes transmitem ordens, que fazem comentários sobre suas

ações ou sobre os seus sentimentos, ou que interferem diretamente em sua

vontade.

Ainda em relação com a esfera auditiva se encontram os fenômenos de

“roubo do pensamento” e “divulgação do pensamento”. O roubo do

pensamento está vinculado à sonorização do pensamento, às alucinações

auditivas verbais e às vivências de influências na esfera do eu.

Dizemos que a percepção é real, tendo em vista a convicção inabalável

que a pessoa manifesta em relação ao objeto alucinado, portanto, será real

para a pessoa que está alucinando. Sendo a percepção da alucinação de

origem interna, emancipada de todas variáveis que põem acompanhar os

estímulos ambientais (iluminação, acuidade sensorial, etc.), um objeto

alucinado muitas vezes é percebido mais nitidamente que os objetos reais de

fato.

Tudo que pode ser percebido pode também ser alucinado e isso ocorre,

imaginativamente, com maior liberdade de associações de formas e objetos.

Na alucinação, por exemplo, um leão pode aparecer de asas, ou um caracol

que cavalga um ouriço. O indivíduo que alucina pode ter percebido

isoladamente cada uma das formas e, mentalmente, combinado umas com as

outras. O fenômeno alucinatório tem conotação muito mais mórbida que a

ilusão, sendo normalmente associado a estados psicóticos que ultrapassam a

simplicidade e um engano dos sentidos. Na alucinação o envolvimento psíquico

é muito mais contundente que nos necessários à ilusão.

1.1. – Fator Família

A família é a proto-sociedade; o núcleo inicial, no qual o indivíduo vem

ao mundo e onde tem suas primeiras experiências; é também o seu primeiro

“nicho ecológico”; seu orientador, protetor, estimulador e repressor. É também no seio dessa família e, em função dela, que o indivíduo

molda e plasma seus primeiros modelos, suas pulsões, sentimentos e

emoções, sua personalidade básica – seu “ego”, seu equipamento,

investimento, com o qual deverá enfrentar as complexas situações de sua vida

psíquica durante toda a existência.

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É na família que são elaborados e moldados os primeiros sentimentos

gregários do homem, é através dela que a criança toma consciência do mundo

humano circundante, é por seu intermédio que se comunica (no sentido

centrífugo e centrípeto) com seu pequeno mundo, no qual deverá aprender a

conviver no futuro, com o mundo dos homens...

À medida que o deficiente mental não é, apenas, um membro

“improdutivo” da família, como também uma preocupação permanente em

termos de “amparo” e de “vergonha”, além do perigo potencial que representa

diante de sua incapacidade de “bem gerir” os bens comuns e os perigos que

disso possam advir a todo o grupo familiar.

A família se torna assim, o intermediário entre o indivíduo e o meio, o

coletor e o disseminador de informações, o “feedback guidance”, a fonte de

ideologias, de referências e de controle social, além da proteção econômica e

embasamento referencial ao indivíduo na idealização e programação de sua

própria família.

É perfeitamente compreensível que tal processo sofra violento impacto

diante do nascimento de um filho deficiente, tanto no plano teórico como no

dia-a-dia do cotidiano prático.

O nascimento do filho trás, em todas as latitudes e em todas as épocas,

uma concentração de pulsões intensivas exteriorizadas como desejos e

esperanças. Sobre ele, sua saúde física, suas aptidões intelectuais, seus dotes

morais e sua futura atuação social, como herdeiro da cultura familiar e

cavaleira andante das frustrações familiares, repousam tidas as esperanças, as

aspirações e os desejos de amor, de posse, de poder; todos. Ele deverá ser

continuado da espécie, o repositório e o herdeiro da cultura e das tradições da

família, o guia para as gerações posteriores e o orgulho da sociedade.

Haveria que analisar, nessa altura, a problemática “cronológica” disso

decorrente, ou seja, a posição temporal e situacional do deficiente na família.

Uma é a situação da família já estruturada, que sofre o impacto do nascimento

do terceiro ou quarto filho deficiente - totalmente diversa é aquela problemática

emocional diante do deficiente primogênito; outra, ainda, frente ao “último”, o

“temporão”, quando os pais já não têm as condições de luta exigidas pelo

“processo” de homeostase.

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Também deveríamos analisar o mesmo panorama, porém agora visto do

outro lado – de como o filho deficiente mental “sente” sua família como tal. Até

onde com ela se identifica, até onde com ela conta, até onde a considera

realmente como “sua” família. Evidentemente, isso depende da patologia, da

gravidade do caso, dos aspectos evolutivos de formação de uma personalidade

“deficitária” (Lang – Manoni – Mises) a interagir no contexto familiar.

Mediante uma planificação de sua vida, frente à aceitação cultural de

sua realidade já somos capazes de evolvê-los à vida útil, de lhes proporcionar

uma vida digna de ser vivida e de ser aparecida. Mas, até onde a presença do

filho deficiente interfere na psicodinâmica familiar? Até onde sua família o

aceita, até onde se comunica com ele, até onde participa ou o faz participar da

proto-sociedade que ele constitui e como se prepara para integrá-lo, como seu

fruto magnífico, na sociedade à qual pertence?

Como analisar a angústia e a revolta de um pai ao saber que um trauma

de parto ocorreu e seu filho – sua esperança e seu orgulho – será

provavelmente um deficiente mental, um “subumano”? “Que dizer da angústia

de ambos ao terem que explicar ao irmão mais velho, que o “irmãozinho” não é

como ele, que é diferente, que não vai falar direito, que não entende que é

bobo”?

A reformulação implica no reconhecimento do fato real, a aceitação – em

termos culposos – deste fato, com elaboração de falsos reconhecimentos e

falsas esperanças, frutos dos sentimentos de rejeição e conseqüente

superproteção compensadora.

Aos poucos há também o aparecimento de sentimentos positivos

com o filho. Embora de maneira peculiar, a família se habitua ao filho deficiente

e se apega a ele em função de sua própria incapacidade de amá-lo na medida

desejada e que a dependência que aquele filho não desejado lhe impõe.

Está mais madura. As vivências angustiantes pelas quais passou

deixaram marcas. Já não mais é uma família esperançosa lançada

despretensiosamente ao futuro. É agora “a família de um deficiente mental”.

Tem um novo “status” social. Peregrinou por consultórios e hospitais, chorou de

esperanças na entrada e de desespero na saída. Foi aprendendo pouco a

pouco que há muitas como ela que também sofre que também se revoltaram

de início e que hoje oram diariamente agradecendo que seu filho “está melhor

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que o do vizinho”, que aspiram um dia vê-lo ler e escrever, trabalhar, ser

“gente”.

Inúmeras famílias em diversas condições poderiam classificá-las em seis

grupos:

1. Famílias que por ignorância e primarismo social, aceitam a realidade tal

qual se apresenta e convivem com ela, na medida do possível e do

aceitável;

2. Famílias que desagregam rapidamente por total capacidade de

aceitação e restabelecimento;

3. Famílias que buscam relativa adaptação ao novo “status”

freqüentemente baixando o nível familiar para atender as prioridades do

deficiente;

4. Famílias que aprendem a “conviver” com o filho deficiente, embora não

aceitando a realidade de que continuam buscando soluções para

satisfazer suas próprias dificuldades com aparente situação de

adaptação;

5. Famílias que, embora sem condições iniciais, conseguem estabelecer e

enfrentar a situação. Tal fato é extremamente curioso do ponto de vista

social e psiquiátrico já que, paradoxalmente, a presença do deficiente

mental é o elemento “maturisante” de toda família;

6. Finalmente aquelas famílias de alto padrão cultural e adaptativo que,

reconhecendo e conhecendo o problema nos seus mais importantes

aspectos, aceitam a situação real do deficiente como “pessoa” e

estabelecem um concreto clima de integração e normalização familiar.

Também se modificam a medida que o deficiente deixa de ser criança, e

se torna adolescente e adulto, quando novos problemas vem átona e novas

adaptações terão que ser realizadas.

Na medida em que o problema da deficiência mental é melhor conhecido

do que os “remédios” existentes são em maior números e vem sendo melhor

empregados, está crise de realidade se torna menos angustiante e aumentam

nossas esperanças. A maior segurança individual se transmite ao grupo

familiar deste ao grupo social. À medida que o estado se preocupa mais com o

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problema a carga que repousa sobre os ombros da família deverá ser

minimizada e a vida familiar tenderá a ser mais fácil e, possivelmente mais

tranqüila, em termos de presente e de futuro. A própria reformulação da família

contemporânea em face desse futuro, nos acena com um conteúdo emocional

menos angustiante em termos de responsabilidade e de limitação das próprias

capacidades de realização. Ter um filho deficiente mental será – certamente –

sempre um problema angustiante esperamos que o progresso científico, com a

disseminação de conhecimentos e dos meios terapêuticos, a humanidade

possa reduzir as proporções dessa insegurança e dessa angustia.

O futuro nos reserva novos problemas, mais também novas soluções.

Algumas, certamente, visam uma “dinâmica familiar” mais saudável e mais

condizente com nossa civilização de vanguarda.

Essa é uma das razões para enfrentar o futuro com coragem e

esperança.

O papel da família continuará sendo de proteção, de apoio e de

estímulo.

1.2.- Problema Emocional

O emocional pode ser como os meios pelo qual o individuo procura

manter um relacionamento harmonioso entre as suas necessidades e as

exigências do seu ambiente físico e social.

Muitos dos problemas de ajustamento só podem ser compreendidos

levando-se em conta o sentido do “eu”. Entre esses problemas, o sentimento

de inferioridade e o sentimento de culpa talvez sejam os mais importantes.

Para fugir dos sentimentos de inferioridade, o indivíduo desenvolve

mecanismos de defesa. Um deles é a compensação. A compensação

representa uma forma de superar os sentimentos de inferioridade por meio da

busca do êxito seja no mesmo campo em que o indivíduo se sente

inferiorizado, seja em outro. A compensação alivia, mas não suprime o

complexo, pois este já foi incorporado ao sentido do “eu”.

Outro mecanismo de defesa da tensão provocada pela insegurança é a

fuga. Na fuga o indivíduo não procura obter satisfação de suas necessidades,

pois ele se recusa a participar de qualquer situação que possa provocar

fracasso. Como foi submetido a constantes frustrações, ele aprendeu a encarar

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tudo pelo lado negativo e a esperar o pior. Conseqüentemente, prefere não

obter satisfação a ter que enfrentar situações que ele sente como ameaças ao

seu “eu”.

O sentimento de culpa refere-se à ansiedade ou tensão causada pela

transgressão do código de ética individual (consciência moral). A consciência

moral funciona como um juiz de nossas ações, pensamentos ou sentimentos,

pois representa a internalização das regras e valores socialmente aprovados.

Uma mãe que está nervosa e castiga injustamente seu filho, racionaliza

dizendo: “Faço isso pra seu próprio bem”. Para ele seria doloroso admitir que

sua ação fosse precipitada e causada pelo seu nervosismo.

Enfrentar o mundo e seus problemas, por exemplo, é uma coisa

saudável, pois provoca o crescimento do “eu” e o domínio sobre si mesmo.

Fugir do mundo pode ser uma atitude perigosa quando se torna uma forma

dominante de reagir à realidade. A fuga extrema é doentia, autodestrutiva e é

encontrada nas formas mais severas de perturbações mentais.

Os processos anormais de ajustamento conduzem a um modo rígido e

fechado de viver, a uma estagnação no processo de individuação e de

crescimento emocional, ou seja, impedem a auto-realização e a busca de si

mesmo.

A pessoa normal é dominada pela motivação consciente. Ela tenta

equilibrar seus impulsos com as exigências do mundo exterior, ajustando seus

atos ao tempo e ao lugar adequados. Além disso, procura utilizar meios que

estão em consonância com sua consciência moral e com o bem-estar dos

outros.

Na personalidade anormal, o sistema de motivação é cego, em grande

parte inconsciente, e parece não haver uma integração entre os vários

aspectos da vida do indivíduo. Geralmente esse sistema de motivação é

autodestrutivo.

Ao entrar na escola a criança enfrenta uma série de problemas que

exigem dela o desenvolvimento de novos tipos de ajustamento.

Ela será avaliada quanto ao seu aspecto físico, quanto ao seu

desempenho escolar, quanto à sua rapidez para aprender etc. Além disso, ela

deverá aprender a conviver com os colegas, a aceitar a competição, as críticas

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e as rejeições. De algum modo, essas experiências influenciaram sua

personalidade ainda em desenvolvimento.

A criança em idade escolar não tem muita resistência à pressão e à

tensão. Por isso, precisa de auxílio e oportunidade para crescer.

A emoção é um estado psíquico caracterizado por um elevado grau de

prazer ou desprazer e uma atividade motora quase sempre intensa. É uma

experiência mais simples que o sentimento e está relacionada com as

necessidades fisiológicas do indivíduo, como a de defesa, a de ar, a de

alimento, etc. Não sendo satisfeitas essas necessidades, surgem às emoções

de desprazer, medo, raiva, aflição, etc. Porém, uma vez satisfeita uma

necessidade como a de repouso, de movimento, de alimento, aparecem

emoções de prazer, alegria, júbilo, etc. A intensidade das reações emocionais

depende tanto da situação quanto do temperamento da pessoa. São as

relações da criança com os seres do seu ambiente e a maturação das vias

nervosas que determinam as complexas reações emocionais.

As emoções não dependem apenas do temperamento mais também do

tipo de educação, das aprendizagens da criança. A grande diferença nas

maneiras de reagir de duas crianças perante uma mesma situação prova que

aprendemos a ser alegres ou tristes, aflitos ou calmos, amorosos ou

agressivos. É evidente que não se deve menosprezar a influência dos fatores

somáticos cuja ação forma o que denominamos temperamento.

A criança deve ser educada de modo a atuar sobre as suas emoções e

sentimentos, visando a um equilíbrio que se refletirá em vários dos seus

hábitos. O equilíbrio emocional é uma das facetas mais importantes da

personalidade.

Nunca podemos nos esquecer das limitações impostas pela

hereditariedade e pelo ambiente. Se o “ser humano é altamente educável, ele é

justamente educável pelo que a sociedade reconhece como bom e como mal”.

O tipo de educação de uma criança é uma responsabilidade da sociedade em

que ela vive “e esta aprende a controlar a sua conduta de acordo com as

influências sociais” (Starch, Stanton Koerth).

As tensões emocionais de criança em idade escolar são devidas ao

ambiente e ao seu próprio organismo. O lar, a escola, o sexo, os anseios, as

mudanças de ambiente são responsáveis pela maior parte das tensões

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emocionais. Pais que trabalham o dia todo, desentendimentos no lar, escola

desorganizada, brigas com irmãos ou companheiros, falta de recursos

econômicos, duvidas quanto às próprias vocações, saúde precária, alterações

fisiológicas devido ao sexo, tais são alguns fortes motivos para existência de

tensões emocionais.

A criança constantemente sujeita a experiências emocionais intensas, é

quase sempre sob estado de tensão emocional, sente-se insegura. A

insegurança e as bruscas alterações do comportamento emocional são

características marcantes da criança insatisfeita.

Até a idade escolar, a segurança emocional da criança depende dos

seus pais. As discórdias entre estes, as más condições de vida da família, a

falta de respeito pela criança e a incapacidade de compreendê-la por parte dos

genitores são fatores que provocam o desequilíbrio emocional constante.

Os pais devem fazer a criança sentir-se importante quando age de modo

correto e devem demonstrar-lhe que é justamente amada por suas ações

correta. Não devem comparar o procedimento do filho como o de irmão ou

colega. E devem compreender que, afinal de contas, o filho tem nos pais o

ponto de apoio dos seus progressos. A ansiedade profunda, que tão facilmente

percebemos através do roer de unhas, do morder de lábios, do fungar, etc., as

fobias, o negativismo são algumas conseqüências das más relações familiares

da criança. Os traços de caráter do ser humano dependem em boa parte do

entendimento dos pais nas suas relações diárias.

1.3.- Problema de Personalidade

Os distúrbios de personalidade são responsáveis pelos elementos mais

irracionais entre os membros da sociedade.

As pessoas com distúrbios de personalidade não são facilmente

compreendidas.

As perturbações de personalidade ocorrem quase sempre em resposta

ao contexto social.

As perturbações de personalidade apresentam repetidas resposta

autoprejudiciais associadas com pessoas fatigadas, com lesão cerebral,

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submetidas a stress violento, imaturas ou que tenham regredido de outra

forma.

“As características essenciais são padrões mal adaptados,

profundamente enraizados e inflexíveis, de relacionar-se, perceber e pensar

sobre o ambiente e sobre si mesmo, bastante grave para causar prejuízo à

função adaptativa ou angústia subjetiva. Constituem traços difusos da

personalidade e são exibidos em ampla variação de importantes contextos

sociais e pessoais. As perturbações de personalidade são em geral

identificadas na adolescência ou mais cedo; continuam por toda a fase adulta,

embora se tornem menos óbvias na meia-idade ou na velhice.” “Personalidade”

como “a totalidade das tendências individuais emergentes, para agir ou

comportar-se, ou a organização dos traços de caráter, atitudes ou hábitos que

distinguem os indivíduos”. Os distúrbios de personalidade são muitas vezes o

modo pelo qual são enfrentadas as pessoas intoleráveis. Aqueles que sofrem

desta perturbação falham consistentemente em se ver como são vistos pelas

outras pessoas e carecem de empatia com os demais. Seu comportamento é

sempre irritante para os outros, de modo que são rotulados de maus ou, se

forem chamados de doentes, a palavra tem conotação pejorativa. A tendência

para criar um circulo vicioso no qual as já precárias relações interpessoais são

agravadas pelo modo de adaptação da pessoa.

A característica geral das perturbações de personalidade é afetarem

elas, profundamente, as outras pessoas, muitas vezes da mesma forma sutil e

inconsciente pela qual as pessoas que se amam, ou as mães e seus bebês,

afetam umas as outras. Frequentemente realiza um amálgama dos limites

pessoais. Provoca uma falha no conhecimento absoluto do que é meu e do que

é seu. O fracasso em identificar-se com os objetos de amor, introjetados e

reais, pode resultar em perturbações psicóticas, como a paranóia e os estados

maníaco-depressivos. A persistência de um superego extremamente primitivo

pode ser a causa de uma personalidade anti-social.

Os transtornos da personalidade; constituições que por si transtornam a

vida do indivíduo ou incapacitam um desenvolvimento pleno, ou ainda, em

certas circunstâncias, encerram uma maior aptidão para o desenvolvimento de

determinadas doenças psíquicas.

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“O mundo psicológico interno, a interação do instinto, satisfação,

frustração e ansiedade com a percepção e a imaginação criam padrões de

reações individuais que, formam a personalidade estruturada. A ansiedade cria

mecanismos para a sua diminuição, e as manobras psicológicas de defesa

determinam suas tendências a serem reforçadas ou inibidas. Os “mecanismos

de defesa” mais proeminentes, durante todo o desenvolvimento da

personalidade, dependendo para sua individualização de reações ambientais (

Buckle-Lebovici)”.

A capacidade de restabelecer estados uniformes de comportamento

após o desequilíbrio é a capacidade de se adaptar às mudanças, elementos

básicos de uma satisfatória dinâmica familiar. Evidentemente, em suas raízes

está uma suficiente preparação emocional do indivíduo. Depende, em grande

parte, a estabilidade do meio familiar (Cannon).

Segundo Freud a personalidade, como o conjunto dinâmico de traços

decorrentes de hábitos motores, emocionais e mentais. Levam em

consideração os fatores hereditários e ambientais.

Segundo Dewey & Humber, a personalidade de um indivíduo é

determinada pelo desenvolvimento das potencialidades da herança biológica

em suas relações com o ambiente.

A evolução da personalidade do enfermo deve ser investigada não

apenas em seus aspectos somático e neuropsiquiátrico, mas também social.

1.4.-Distúrbio de Comportamento: Causas e Efeitos

A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que

nem o adolescente nem as pessoas próximas percebem que algo vai errado:

só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período

entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses.

Há pessoas que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão

de poucas semanas ou dias. A pessoa muda seu comportamento e entra no

mundo esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito os parentes.

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Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar

repentinamente e eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente

sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de anos surge

uma crise característica. Geralmente a esquizofrenia começa durante a

adolescência ou quando adulto jovem. Os sintomas aparecem gradualmente ao

longo de meses e a família e os amigos que mantêm contato freqüente podem

não notar nada. É mais comum que uma pessoa com contato espaçado por

meses perceba melhor a esquizofrenia desenvolvendo-se. Os primeiros

sintomas são a dificuldade de concentração, prejudicando o rendimento nos

estudos; estado de tensão de origem desconhecida mesmo pela própria

pessoa e insônia e desinteresse pelas atividades sociais com conseqüente

isolamento. A partir de certo momento, mesmo antes da esquizofrenia ter

deflagrado, as pessoas próximas se dão conta de que algo errado está

acontecendo. Nos dias de hoje os pais pensarão que se trata de drogas, os

amigos podem achar que são dúvidas quanto à sexualidade, outros julgarão

serem dúvidas existenciais próprias da idade. Psicoterapia contra a vontade do

próprio será iniciada e muitas vezes realizada sem nenhuma melhora para o

adolescente. A permanência da dificuldade de concentração levará à

interrupção dos estudos e perda do trabalho. Aqueles que não sabem o que

está acontecendo começam a cobrar e até hostilizar o adolescente que por sua

vez não entende o que está se passando, sofrendo pela doença, incipiente e

pelas injustiças impostas pela família. É comum nessas fases o desleixo com a

aparência ou com mudanças no visual em relação ao modo de ser, corte de

cabelo, indumentárias estranhas e descuido com a higiene pessoal. O

comportamento desorganizado pode ser peculiar, como por exemplo,

resmungar para si mesmo, colecionar objetos estranhos e visivelmente sem

valor. O que contribui ainda mais para o falso julgamento de que o filho é

apenas um “rebelde” ou um “desviante social”. Muitas vezes não há uma

fronteira clara entre a fase inicial com comportamento anormal e a

esquizofrenia propriamente dita. A família pode considerar o comportamento

como tendo passado dos limites, mas os mecanismos de defesa dos pais os

impede muitas vezes de verem que o que está acontecendo; não é culpa ou

escolha do filho, é uma doença mental, fato muito mais grave. A fase inicial

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pode durar meses enquanto a família espera por uma recuperação do

comportamento.

Enquanto o tempo passa os sintomas se aprofundam, o adolescente

apresenta uma conversa estranha, irreal, passa a ter experiências diferentes e

não usuais o que leva as pessoas próximas a julgarem ainda mais que o

adolescente esta fazendo uso de drogas ilícitas. É possível que o adolescente

já esteja tendo sintomas psicóticos durante algum tempo antes de ser levado a

um médico. Quando um fato grave acontece não há mais meios de se negar

que algo muito errado está acontecendo, seja por uma atitude fisicamente

agressiva, seja por tentativa de suicídio, seja por manifestar seus sintomas

claramente ao afirmar que é Jesus Cristo ou que está recebendo mensagens

do além e falando com os mortos. Nesse ponto a psicose está clara, o

diagnóstico de psicose é inevitável. Nessa fase os pais deixam de sentir raiva

do filho e passam a se culpar, achando que se tivessem agido antes nada

disso estaria acontecendo, o que não é verdade. Infelizmente o tratamento

precoce não previne a esquizofrenia que é uma doença inevitável. As

medicações controlam parcialmente os sintomas: não amenizam o

adolescente. Quando isso acontece é por remissão espontânea da doença e

por nenhum outro motivo.

Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia, isto

depende exclusivamente dos conhecimentos e da experiência do médico,

portanto é comum ver conflitos de diagnóstico. O diagnóstico é feito pelo

conjunto de sintomas que o adolescente apresenta e a história como esses

sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. Existem critérios estabelecidos

para que o médico tenha um ponto de partida, uma base onde se sustentar,

mas a maneira como o médico encara os sintomas é pessoal. Um médico pode

considerar que uma insônia apresentada não tenha maior importância na

composição do quadro; já outro médico pode considerá-la fundamental. Assim

os quadros não muitos definidos ou atípicos podem gerar conflitos de

diagnóstico. Que a esquizofrenia é uma doença grave ninguém duvida, pois

afeta as emoções, o pensamento, as percepções e o comportamento. Mas o

que dizer de uma gravidade que pode não deixar seqüelas nem ameaçar a vida

da pessoa, mas pelo contrário permite o restabelecimento da normalidade? A

gravidade então não está tanto no diagnóstico: está mais no curso da doença.

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Não resta a menor dúvida de que muitos casos não se recuperam, mas há

exceções e quando eles surgem toda regra passa a ser duvidosa, pois se

perdem os limites sobre os quais se operava com segurança.

Alguns sintomas a serem identificados da esquizofrenia seriam:

• Audição dos próprios pensamentos (sob formas de vozes);

• Alucinações auditivas que comentam o comportamento da

pessoa;

• Alucinações somáticas;

• Sensação de ter os próprios pensamentos controlados;

• Irradiação destes pensamentos;

• Sensação de ter as ações controladas ou influenciadas por

alguma coisa do exterior;

Os quadros psicóticos merecem atenção especial, tanto pelos prejuízos

imediatos que causa ao adolescente quanto pelas restrições que podem

determinar no seu futuro desenvolvimento.

O panorama dos trabalhos terapêuticos em grupo é amplo, variado, e

tanto os enfoques, quanto as abordagens vêm se multiplicando.

Psicanalistas trabalham com a concepção de grupo como totalidade,

como unidade de análise e de transformação, cuja compreensão e

intervenções dirigem-se ao conjunto, como um todo indissociável.

Bleichmar (1995) na prática o uso de diversidade de técnicas e métodos

de ação terapêutica, delimitam os espaços do singular e do grupal, assimilando

uma direção para a cura.

C. Kupfer alguns psicóticos tiveram a chance de produzir, em períodos

fora de crise, algumas suplências de laço que lhes permitiram estudar,

aprender uma profissão e eventualmente, ter uma circulação social, muitas

crianças não têm a mesma sorte. A interrupção do desenvolvimento as

capturas em um momento anterior a qualquer aprendizagem, ainda que frágil

ou suplente, do universo social. (2001, p.98)

O tratamento da psicose precisa ter como norte o estabelecimento do

laço social.

Viver com os outros é o que constitui e tece de modo estrutural, a teia e

o tecido do sujeito. Se algo está impedindo de se enodar com o outro, de fazer

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laço social, então buscar o reordenamento simbólico desse sujeito, tratar dele

é, entre outras coisas, levá-lo, mais uma vez, à trama social. (2001, p. 77)

A psicoterapia de grupo é um espaço privilegiado para que se operem

enlaces, engendrando um trabalho psíquico que permita a produção de laços

sociais, principalmente para aqueles que por dificuldades subjetivas,

encontram-se excluídos de uma circulação social.

No espaço do grupo é tecida uma trama transferencial: entre os

adolescentes e entre eles os terapeutas, cuja textura e dinâmica coloca em

jogo tanto as singularidades, como os efeitos que o encontro com o outro

produz, na malha intersubjetiva. A proposição de um “grupo” encontra-se

antecipada na nomeação e costumamos dizer, á princípio é algo que está “nas

nossas cabeças”. Trata-se antes demais nada, numa aposta, que os enlaces

se dêem, ao mesmo tempo em que cada um, portador de sua palavra, de seu

lugar, possa se reconhecer e reconhecer o outro, nas semelhanças e

diferenças. No espaço da psicoterapia de grupo esta constituída um laço,

perpassado por identificações, as quais permitem a cada um se assemelhar e

se diferenciar, na compartilha e na busca de significações.

A psicoterapia de grupo encontra campo de aplicação, particularmente

propício, no tratamento de psicóticos. O grau de êxito alcançado, em função do

fortalecimento do ego dos adolescentes, a adaptação á realidade e a

reintegração social dependerão de diversos fatores, dentre os quais

destacamos, primordialmente, a técnica empregada. Graças á regressão,

especialmente profunda, que os psicóticos realizam seu aparente isolamento,

os conflitos excepcionalmente intensos que têm com o meio que os rodeia,

com ainda maior justificação que com os neuróticos, que o método terapêutico

a ser empregado seja o psicanalítico. Através seu enfoque, se poderá

conseguir o mínimo de compreensão necessária, para decifrar e interpretar, de

forma aproveitável, tanto as expressões marcadamente simbólicas de sua

linguagem verbalizada, como as contidas nas atitudes pré-verbais.

Salomón Resnik salientou a utilidade do tratamento analítico de grupos

de psicóticos para a exploração das tensões, que governam as relações

interpessoais, e para o conhecimento de seu “idioma” ou forma especifica de

expressão. Slavson apresenta os grupos que ele denomina “de atividade”

consistem em sessões de jogos coletivos, onde se estimulam a livre expressão

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e a participação das crianças, adolescentes e adultos em tais jogos coletivos.

Sinais de boa recuperação: características que pode servir como

parâmetro, referência para boa recuperação. Esses sintomas não servem como

garantia, mas aumentam as chances dessas pessoas de se recuperarem.

• Capacidade de sentir e expressar emoções (alegria, excitação,

tristeza, desespero, etc.).

• Não apresentar sentimentos de grandiosidade.

• Apresentar alucinações (mais freqüentemente auditivas).

• Aparência de perplexidade no episódio agudo.

• Não se isolar, não apresentar distúrbios do pensamento.

• Idéias de perseguição e conduta de desconfiança também são

sinais de bom prognóstico.

2- CARACTERIZAR O ALUNO COM DISTÚRBIO DE COMPORTAMENTO E O DESENVOLVIMENTO

ESCOLAR

Na situação lúdica, a criança desempenha ações que ainda não domina

na sua vida cotidiana. As interações devem promover aprendizagem e incidir

sobre a zona de desenvolvimento proximal dos alunos, levando-os a dominar

novas funções e novos conceitos. Tanto o professor quanto os alunos que já

dominam uma dada função são agentes de desenvolvimento dos demais,

promovendo o exercício de tal função na relação, de modo que possa ser

apropriada pelo aluno menos experiente naquele momento. Nessa perspectiva,

o erro não deve ser evitado, mas entendido como expressão de que o

desenvolvimento está em processo; assim, ele deve ser corrigido sem

humilhar a criança. Trabalhar o erro significa atuar sobre a zona de

desenvolvimento proximal (Oliveira, 1997; Vygotsky, 1993). A escola deve

proporcionar interações diferenciadas para crianças em diferentes níveis de

desenvolvimento, objetivando que todas tenham acesso aos elementos

fundamentais para o desenvolvimento do psiquismo na escola (Patto, 1991).

As expectativas do professor sobre o desempenho dos alunos

funcionam com uma profecia educacional que se auto-realiza. O uso de

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habilidades intelectuais alternativas decorre do desenvolvimento da eficiência

cognitiva das pessoas com deficiência mental. Os procedimentos utilizados

para estimular essa eficiência têm por base á teoria da modificabilidade

estrutural de Feuerstein (1979), que empregou essa expressão para designar a

modificação permanente que se opera no indivíduo, quando participa de

experiências de aprendizagem mediatizada. Traduz-se por um modo diferente

de apreender a realidade, de estruturá-la e de interagir nela, que é de grande

valia para que as pessoas com deficiência mental possam desempenhar

papéis sociais, integrando-se, na medida de suas possibilidades, ao meio em

que vivem. O empenho com que o professor vai realizar suas atividades terá

como referencial as suas expectativas, que são subjetivas. Algumas turmas

são contempladas com interações que determinam a apropriação de inúmeras

habilidades e funções; e outras, não. O interesse pela adaptação ao meio e a

valorização dos papéis sociais, presentes na maioria das propostas educativas

atuais, decorrem da autonomia como finalidade da educação de pessoas com

deficiência. Na medida em que a escola der a cada um a possibilidade de se

desenvolver em direção a seus objetivos particulares, o interesse pelas

matérias será maior. A participação estimula o interesse pelo assunto. A fim de

que o aluno desenvolva seu raciocínio, convém que seja motivado para isso,

que tenha oportunidade de raciocinar.

A valorização dos papéis supõe não apenas a igualdade de

oportunidades, mas a igualdade de valor entre as pessoas e, em

conseqüência, o desenvolvimento de habilidades, talentos pessoais e papéis

sociais, compatíveis com o contexto de vida, a cultura, a idade e o gênero.

A inserção de pessoas com déficit intelectual torna-se virtualmente

impossível, quando não lhes permitimos desenvolver os instrumentos

necessários para se adaptarem às condições ambientais, que mudam

constantemente. Uma boa adaptação repousa sobre a faculdade de utilizar as

aquisições intelectuais em diversas situações que apresentam características

similares. Estudos sobre a dimensão micro genéticos das organizações

cognitivas, por exemplo, têm trazido algumas contribuições relevantes para o

esclarecimento do funcionamento mental de aprendizes, perante situações de

resolução de problemas (Inhelder e Céllerier 1992). A integração do ser

humano com necessidades educativas especiais no contexto escolar é

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contemplada. Um grande entrave da pessoa com deficiência mental, na

conquista de sua autonomia no meio escolar, provém da percepção negativa

que ela tem de si mesma. As pessoas que crêem que o sucesso escolar está

fora de seu alcance tendem a um subdesempenho escolar, porque essa

percepção negativa inibe a aquisição e a utilização de meios para adaptar-se

às exigências da escola. Na maioria das vezes, elas percebem o esforço de

adaptação como sendo não-gratificante e tornam-se dependentes e mesmo

subordinadas a condutas, escolhas e respostas alheias. Nesse sentido, a

atitude passiva de aceitação do meio escolar, que é largamente adotada pela

escola e pela sociedade com relação às pessoas com deficiência mental, deve

ser substituída por atitudes ativas e modificadoras. Elas precisam ser

colocadas em situações problemáticas para aprender a viver o desequilíbrio

cognitivo e emocional. Se os conflitos são evitados, como poderão chegar a

uma tomada de consciência dos problemas a resolver e como testarão sua

capacidade de enfrentá-los? A situação remete, pois, a quadros conceituais e a

paradigmas educacionais mais amplos, que estão sendo apontados como

propostas para prover o meio escolar de condições favoráveis ao

desenvolvimento da autonomia de alunos com deficiência mental. As atividades

desenvolvidas em sala de aula, utilizando os pressupostos histórico-culturais,

propiciam ao professor e ao aluno a oportunidade de desmistificar as

diferenças hierarquizadas e romper com o ideal de ser humano veiculado pela

ideologia. Apresentamos o desenvolvimento do ser humano na concepção de

Wallon (1981, 1989) sem fazer menção direta a sua relação com a

aprendizagem, contudo precisamos reafirmar que tal relação é constante, uma

vez que a aprendizagem ocorre na interação. Sua teoria aponta a

escola/educação como um meio promotor do desenvolvimento (Galvão, 1995,

p. 114). A sala de aula deve ser um ambiente de cooperação, um espaço

heterogêneo e de troca, onde os alunos que dominam uma dada função

promovam o desenvolvimento desta função em seus colegas. Ao professor

cabe a tarefa de promover a colaboração entre os alunos, socializando e

construindo conceitos. As idéias devem ser constantemente reformuladas no

confronto com a realidade, considerando as contradições sociais. A educação

deve ajudar a criar as condições para que os alunos sejam transformadores da

sociedade e de si mesmos (Werebe, 1986).

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O comportamento dos esquizofrênicos em geral é extravagante,

inadequado e incompreensível. No início da enfermidade, manifestam

tendência ao isolamento, ao encerramento em si próprio, à frieza nas relações

sociais. Mantêm-se afastados, passam a maior parte do tempo vagando sem

entrar em contato com ninguém. Em nenhuma circunstância o enfermo procura

o médico para queixar-se ou para reivindicar alguma melhoria de suas

condições. É pouco comunicativo e, quando interrogado, responde às

perguntas de modo lacônico. As alterações do comportamento dos

esquizofrênicos se revelam particularmente através de atitudes e de

movimentos estereotipados. O quadro completamente desenvolvido observa-se

com freqüência a prática de atos impulsivos, que não têm uma motivação no

mundo exterior. Os atos dos esquizofrênicos não correspondem a nenhum

objetivo e, por isso mesmo, são estranhos e inadequados. O comportamento

do enfermo depende das alucinações e do delírio. Com delírio de perseguição

matem uma atitude de extrema desconfiança em relação às pessoas do

ambiente. Determinados atos extravagantes são condicionadas por

alucinações de conteúdo interativo ou por delírio de influência.

Podem-se observar também atos cometidos contra si próprios,

realizados sob a influência de alucinações de caráter imperativo: morder a

língua, arrancar os próprios olhos. São relativamente freqüentes as tentativas

de suicídio, observadas nas fases iniciais da moléstia principalmente quando

se acompanham de estados depressivos. Em geral, tais tentativas de suicídios

são praticadas de modo imprevistas e podem ser consideradas como atos

impulsivos. Resultados obtidos demonstram avanços significativos dos

alunos que utilizam principalmente vocabulário e aquisição de conceitos, além

da motivação para a realização das atividades propostas. O trabalho necessita

ser sempre acompanhado para que os resultados nunca sejam analisados de

forma superficial. Alunos apresentam mais iniciativa na resolução dos

problemas que lhe são apresentados, demonstra maior funcionalidade e

independência, o que a nosso ver são conquistas valiosas para o portador de

deficiência mental.

Vários alunos já se sobressaem demonstrando conhecimentos que

antes não eram observados em alunos no mesmo estágio de desenvolvimento.

Outros começam a apresentar respostas aos estímulos e oportunidades

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oferecidas através da proposta, devido ao diagnóstico esclarecido e atuação

mais consciente do professor. Considerando a escola a melhor saída para

todos os males, sempre defendeu o conceito de inteligência inovador,

considerando fatores sócio-culturais no desenvolvimento mental. (Helena

Antipoff).

2.1.- Características dos DCS e Ações para Evitá-las

A pessoa sofre de uma alteração ou desvio de personalidade, ou seja, a

sua personalidade está alterada.

Isto é um problema psicológico que apenas a medicação tem ajudado.

No entanto há que compreender melhor o problema para assim se poder

encontrar mais e melhores soluções.

Caracterizada por uma dissociação das funções psíquicas e pela perda

de contacto com o mundo exterior ela afeta não só a pessoa, mas também toda

a sua família e todas as pessoas à sua volta.

Um dos seus primeiros sintomas é a diminuição da afetividade, quando

não a sua total supressão ou ausência, existindo um desligamento do mundo

por parte da pessoa, que se volta sobre si mesmo (semelhante em parte ao

autismo).

As funções intelectuais são igualmente perturbadas o que acarreta

rapidamente a alienação de tudo o que se passa à sua volta.

Muitas destas pessoas passaram por períodos de depressão, stress ou

conflitos antes de entrarem nesta situação o que leva a concluir que estes

problemas desencadearam ou agravaram a esquizofrenia.

A sintomatologia psicótica caracteriza-se, principalmente, pelas

alterações no nível do pensamento e da afetividade e, conseqüentemente, todo

comportamento e toda performance existencial do indivíduo serão

comprometidos. Na psicose o pensamento e a afetividade se apresentam

qualitativamente alterados, tal como uma novidade cronologicamente

delimitada na história de vida da pessoa e que passa a atuar morbidamente em

toda sua performance psíquica.

Os sintomas característicos da esquizofrenia podem ser agrupados,

genericamente, em 2 tipos: positivos e negativos. Os sintomas positivos são os

mais floridos e exuberantes, tais como as alucinações (mais freqüentemente,

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as auditivas e visuais e, menos freqüentes as táteis, e olfativas), os delírios

(persecutórios, de grandeza, de ciúmes, somáticos, místicos, fantásticos),

perturbações da forma e do curso do pensamento (como incoerência,

prolixidade, desagregação), comportamento desorganizado, bizarro, agitação

psicomotora e mesmo negligência dos cuidados pessoais. Os sintomas

negativos são, geralmente, de déficits, ou seja, a pobreza do conteúdo do

pensamento e da fala, embotamento ou rigidez afetiva, prejuízo do

pragmatismo, incapacidade de sentir emoções, incapacidade de sentir prazer,

isolamento social, diminuição de iniciativa e diminuição da vontade.

O reconhecimento precoce da esquizofrenia é uma tarefa difícil porque

nenhuma das alterações é exclusiva da esquizofrenia incipiente; essas

alterações são comuns a outras enfermidades, e também a comportamentos

socialmente desviantes, mas psicologicamente normais. Na esquizofrenia a

única vantagem do diagnóstico precoce é poder começar logo um tratamento, o

que por si não implica em recuperação.

O diagnóstico precoce é melhor do que o diagnóstico tardio, pois

tardiamente muito sofrimento já foi imposto ao paciente e à sua família, coisa

que talvez o tratamento precoce evite. O diagnóstico é tarefa exclusiva do

psiquiatra, mas se os pais não desconfiam de que uma consulta com este

especialista é necessária nada poderá ser feito até que a situação piore e a

busca do profissional seja irremediável. Qualquer pessoa está sujeita a vir a ter

esquizofrenia; a maioria dos casos não apresenta nenhuma história de

parentes com a doença na família. Abaixo estão algumas dicas como

características que servem de parâmetro para observação:

• Dificuldade para dormir, alternância do dia pela noite, ficar andando pela

casa a noite, ou mais raramente dormir demais;

• Isolamento social, indiferença em relação aos sentimentos dos outros;

• Perda das relações sociais que mantinha;

• Períodos de hiperatividade e períodos de inatividade;

• Dificuldade de concentração chegando a impedir o prosseguimento nos

estudos;

• Dificuldade de tomar decisões e de resolver problemas comuns;

• Preocupações não habituais com ocultismos, esoterismo e religião;

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• Hostilidade, desconfiança e medos injustificáveis;

• Reações exageradas às reprovações dos parentes e amigos;

• Deterioração da higiene pessoal;

• Viagens ou desejo de viajar para lugares sem nenhuma ligação com a

situação pessoal e sem propósitos específicos;

• Envolvimento com escrita excessiva ou desenhos infantis sem um

objetivo definido;

• Reações emocionais não habituais ou características do indivíduo;

• Falta de expressões faciais (Rosto inexpressivo);

• Diminuição marcante do piscar de olhos ou piscar incessantemente;

• Sensibilidade excessiva a barulhos e luzes;

• Alteração da sensação do tato e do paladar;

• Uso estranho das palavras e da construção das frases;

• Afirmações irracionais;

• Comportamento estranho como recusa em tocar as pessoas, penteados

esquisitos, ameaças de automutilação e ferimentos provocados em si

mesmo;

• Mudanças na personalidade;

• Abandono das atividades usuais;

• Incapacidade de expressar prazer, de chorar ou chorar demais

injustificadamente, risos imotivados;

• Abuso de álcool ou drogas;

• Posturas estranhas;

• Recusam em tocar outras pessoas;

• Têm mãos desajeitadas e pesadas;

• O desenvolvimento psicológico regride;

• Fala de forma indistinta, confusa ou prolixa.

A tensão e o stress nos quais a pessoa esteve envolvida foram assim

desencadeantes da situação o que leva a crer que todas as técnicas que

aliviem a pessoa das tensões e stress nas quais ela esteve envolvida são bem

vindas.

Mais, uma vez que a pessoa vive sob stress, medos, pânicos e

alterações comportamentais contínuos, tudo aquilo que lhe traga tranqüilidade

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ou que a relaxe será igualmente bem vindo.

Só quando a pessoa está mais tranqüila e estável é que se pode pensar

em fazer um trabalho mais profundo.

Assim o objetivo principal seria dar mais tranqüilidade à pessoa para

assim se poder fazer um trabalho de relaxamento para que a pessoa comece

de novo a deixar de ter medos e pânicos das coisas e pessoas que existem à

sua volta levando-a a sair do seu problema.

Desta forma deveriam ser tentadas outras alternativas em complemento

com as técnicas usadas para assim se poder fazer um trabalho mais global e

abrangentes e dessa forma se tentar dar uma maior ajuda a estas pessoas o

que seria benéfico não só para elas mas para toda a sua família.

Os remédios são a única alternativa para tratar a esquizofrenia, outras

formas de terapia complementam, mas não substituem as medicações. Há,

contudo, uma natural resistência ao uso delas e isso é apenas uma

conseqüência da forma como se entende a doença. Se encararmos a

medicação como algo estranho ao corpo a aversão se dará inevitavelmente,

mas se encararmos as medicações como substâncias reguladoras de

atividades cerebrais desequilibradas, pode vê-las como amigo. O adolescente

não tem nenhuma culpa por uma parte do cérebro estar desregulado, mas

pode usar o lado saudável (o bom senso) para tomar a decisão de se tratar. As

medicações, portanto, só fazem ajustar o que estava desajustado. Infelizmente

no caso da esquizofrenia não conhecemos medicações que realizem essa

tarefa completamente, restabelecendo a normalidade da pessoa. Mas por

enquanto temos uma ajuda parcial. Meia dor é melhor que uma dor completa.

A medicina, a tecnologia e outros meios de saúde estão muito

desenvolvidos, mas ainda não há cura para diversas patologias. Atualmente

encontramos formas atenuantes de administrar a situação e minimizar

sofrimentos do portador de necessidades educacionais especiais e da família.

A melhora, o progresso e os resultados vão depender de vários fatores:

desde condições do portador de necessidades especiais (aspectos psíquicos,

comprometimento da patologia, etc.) aos elementos envolvidos (pais, técnicos,

abordagem terapêutica escolhida, prescrição adequada de medicação,

situação econômica da família, serviços públicos adequados, etc.).

A primeira ajuda é mais importante é a dos pais, através de um

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envolvimento real, vontade, disposição, paciência, responsabilidade e

dedicação. Todos os demais envolvidos serão parceiros neste desafio.

Cada caso exigirá formas diferentes de atendimento e serviços

adequados. Geralmente a escola ou um profissional de saúde poderá ser os

primeiros a apoiar e indicar as formas mais adequadas de ajuda.

Os profissionais mais adequados e confiáveis são aqueles que os pais e

o portador de necessidades educacionais especiais possam trabalhar em

parceria, sejam respeitados em sua singularidade, sintam-se acolhidos e

consigam resultados favoráveis no atendimento.

Principais tipos de tratamento baseiam-se originalmente no efeito

mitigador e sadio de um ambiente benigno, incluindo mais intervenções

corretivas positivas que se justapõem e harmonizam com outros métodos. As

várias abordagens, psicanalítica, psicoterapeutica, de condicionamento, por

outro lado, baseiam-se em formulações teóricas de estrutura e

desenvolvimento psíquico. As terapias somáticas, tais como o emprego de

drogas antipsicóticas é principalmente empírico.

O correto diagnóstico é importante, especialmente em termos

terapêuticos. O prognóstico, infelizmente, é extremamente reservado

especialmente naqueles casos de aparecimento precoce e “não estruturação”

do Eu, mesmo porque a terapêutica é penosa, lenta e estafante, não apenas

para o adolescente como ao terapeuta e, especialmente para a família.

2.2.- Afetividade

Na maior parte dos casos de esquizofrenia existe uma acentuada

redução da afetividade. Alguns enfermos chegam a perceber a diminuição de

seus móveis afetivos. Acontecimentos de importância decisiva não

produzem ressonância afetiva adequada, mesmo quando os enfermos chegam

a perceber a significação de seu conteúdo. A pessoa não reage

emocionalmente diante da morte de um parente próximo, mostra-se indiferente

aos hábitos repugnantes de seus companheiros de tratamento, as ofensas que

recebe ou a agressão física de parte de outro enfermo não tem para ele

nenhuma significação.

Em alguns casos, não se verifica reação afetiva alguma diante da fome

ou do frio. No início da enfermidade, a pessoa percebe a diminuição ou o

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enfraquecimento de suas reações emocionais: os pais, os amigos, os valores

espirituais perdem a sua importância. É possível observar, em alguns

enfermos, a inversão das relações afetiva: o amor que sentia pela mãe, pelo

pai ou pelos irmãos se transforma em indiferença ou às vezes em ódio. Ao lado

disso, aparecem sentimentos e estados de ânimo qualitativamente novos:

emoções de horror, de desespero, de solidão intolerável, de encontrar-se

socialmente abandonado, de ser objeto de ódio universal.

Em raros casos surgem sentimentos de beatitude, de iluminação ou de

felicidade inaudita. Nos enfermos esquizofrênicos é possível observar uma

variedade infinita de estados subjetivos e objetivos que indicam de modo

evidente a transformação qualitativa que a enfermidade opera sobre os

fundamentos íntimos da personalidade. As emoções não são sentidas como

antes.

Normalmente a pessoa se alegra ou se entristece com coisas boas ou

ruins respectivamente. Pode até perceber isso racionalmente e relata aos

outros, mas de forma alguma pode mudar essa situação. A indiferença da

pessoa pode gerar raiva pela apatia conseqüente, mas á pessoa não têm culpa

e muitas vezes são incompreendidos.

Entre as formas atípicas de perturbações afetivas implicam

pseudodemência. As pessoas queixam-se de pensamento vagaroso,

dificuldade de concentração e memória diminuída, demonstrando movimentos

vagarosos durante conversações e atos sociais.

Pode haver mesmo perda de peso, dificuldade para adormecer, prejuízo

severo do ajustamento escolar e dos padrões de alimentação. O afeto em

relação aos pais, ás vezes esperam demonstrações conhecidas, mas a

individualidade de cada um e o convívio diário servirá como indicadores destas

expressões de sentimentos, que podem ser: de amor, carinho, raiva, revolta,

etc. É a mesma relação com qualquer pessoa, onde corre o risco “sentimental

e afetivo” sem garantia de ser gratificado, frustrado, desapontado, reconhecido,

etc.

2.3.- Interação Social

Interação social a maior parte dos esquizofrênicos mantêm contatos

sociais relativamente limitados. Na esquizofrenia, os adolescentes que eram

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socialmente ativos podem tornar-se retraídos, perdem o interesse em

atividades com as quais anteriormente sentiam prazer, tornam-se menos

falantes e curiosos, e podem passar a maior parte de seu tempo isolado ou

mesmo na cama (Hallon). A interação ao longo da vida está presente em todos

os níveis de funcionamento intelectual e comportamental (Piaget).

(1) Disfunção qualitativa em interações sociais, manifestadas em pelo

menos duas das seguintes formas:

(a) Pronunciada inabilidade no uso de múltiplos comportamentos não-verbais

tais como olhar olho no olho, expressões faciais, posturas corporais, e gestos

para regular interação social.

(b) Impossibilidade para desenvolver relacionamento com colegas apropriadas

para o nível de desenvolvimento.

(c) Falta de espontaneidade na busca de demonstrar felicidades, interesses ou

conquistas para outras pessoas.

(d) Falta de reciprocidade social ou emocional.

(2) Disfunção qualitativa em comunicação, manifestada por pelo menos

uma das seguintes formas:

(a) Atraso ou total falta de desenvolvimento de linguagem falada.

(b) Em indivíduos com fala adequada, com disfunção na habilidade de iniciar

ou manter uma conversação com outros.

(c) Uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática.

(d) Falta de brincadeiras variadas e espontâneas de “fazer de conta” ou

imitação social apropriada para o nível de desenvolvimento.

O sistema de valores empregado pela sociedade, um sistema onde

“status”, intelecto e produção são colocados a serviços do mundo materialista,

onde somente tem valor, tudo que pode ser medido, pesado ou transformado

em bens materiais.

A matéria é mais importante do que o próprio homem.

Nesta sociedade, todas as pessoas que não se enquadrem neste

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sistema são marginalizadas e todo o dinheiro gasto com elas é considerado

improdutivo, portanto inútil gastá-lo.

Os valores humanos, obviamente muito mais significativos para o próprio

homem, são pouco lembrados e, muitas vezes, negados.

A sociedade, onde são reconhecidos os valores humanos, a pessoa com

deficiência mental é considerada antes de tudo pessoa sui generis com todas

as características humanas, movida pelos valores essenciais da vida, que não

podem ser quantificados, mas sim qualificados e por tanto valorizados.

Neste sentido a pessoa com deficiência mental deve ser respeitada, não

por sua deficiência ou por ser uma coitada, mas por sua existência como ser

humano.

2.4.- Depressão

Atualmente sabemos que os adolescentes são tão susceptíveis à

Depressão quanto os adultos, mostrando assim que esse transtorno deve ser

encarado seriamente em todas as faixas etárias. A depressão pode interferir de

maneira significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral

do adolescente, podendo até levar ao suicídio.

Quase todas as pessoas, sejam jovens ou idosas, experimentam

sentimentos temporários de tristeza em algum momento de suas vidas.

"Depressão", está falando de uma doença com sintomas específicos, com

duração e gravidade suficiente para comprometer seriamente a capacidade de

uma pessoa levar uma vida normal

Não devemos, nem por brincadeira, julgar as pessoas deprimidas como

se elas estivessem ficando loucas, nem tampouco devemos achar que há

motivos para o deprimido se envergonhar.

A Depressão é um problema como tantas outras da medicina, sem

motivos para vergonha e com real necessidade de tratamento.

A Depressão afeta pessoas de todas as idades, de todas as

nacionalidades, em todas as fases da vida.

Esse assunto é também tratado aqui, na secção de adolescência,

porque muitas pessoas apresentam uma primeira crise de depressão durante a

adolescência, apesar de nem sempre essa crise ser reconhecida. Segundo os

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especialistas, a depressão comumente aparece pela primeira vez em pessoas

com idade entre 15 e 19 anos.

De fato, observou-se nas duas últimas décadas um aumento muito

grande do número de casos de depressão com início na adolescência e na

infância.

De modo geral os adolescentes se deparam com várias situações novas

e pressões sociais, favorecendo condições próprias para que apresentem

flutuações do humor e mudanças expressivas no comportamento.

Alguns, entretanto, mais sensíveis e sentimentais, podem desenvolver

quadros francamente depressivos com notáveis sintomas de

descontentamento, confusão, solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia.

Os traços afetivos da personalidade talvez sejam as condições capazes

de explicar a razão pela qual alguns adolescentes se tornam deprimidos

enquanto outros não. Embora as tensões da vida cotidiana do adolescente

sejam importantes fatores para o aparecimento da depressão muitos jovens

passam por acontecimentos desagradáveis sem desenvolver depressão.

A tristeza, comum nos momentos de reflexão da adolescência, é uma

experiência normal que geralmente não progride para depressão se a pessoa

não tiver outros requisitos emocionais propícios ao desenvolvimento do

transtorno afetivo.

As novas relações sociais do adolescente, notadamente com os pais e

com o grupo de iguais também podem ser e forte fonte de ansiedade, confusão

e sentir que ninguém o entende. Paralelamente, sobrevém a angústia de estar

só e de ser incapaz de decidir corretamente seu futuro.

Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver

inserido numa família que também está em crise, seja por separação dos pais,

por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias dificuldades

econômicas, doença física ou morte.

Angustiados e confusos, podem adotar comportamentos agressivos e

destrutivos contra a sociedade. Por isso tem sido comum observarmos o

adolescente manifestar sua depressão através de uma série de atos anti-

sociais, distúrbios de conduta, e comportamentos hostis e agressivos.

Entre adolescentes a depressão também pode ser "mascarada" por

problemas físicos e queixas somáticas que parecem não ter relação com as

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emoções. Estes problemas podem incluir alterações de apetite ou distúrbios de

alimentação, tais como anorexia nervosa ou bulimia. Alguns adolescentes

deprimidos podem sentir extremamente cansados e sonolentos o tempo todo, e

exaustos mesmo depois de terem dormido por várias horas.

Embora a depressão atípica seja a norma entre crianças e adolescentes,

a depressão franca ou típica também pode ser comum. O jovem deprimido

confia pouco em si mesmo, tem auto-estima baixa, experimenta alterações no

apetite e no sono, se auto-acusa e tem lentidão dos pensamentos. A baixa

auto-estima faz com que veja a si mesmo como sem valor, feio,

desinteressante e cheio de falhas pessoais (veja Sofrimento Moral).

Estes sentimentos angustiantes e depressivos levam, invariavelmente, a

prejuízo na saúde, na escola, no relacionamento familiar e social.

Durante um Episódio depressivo o jovem costuma sentir-se inquieto ou

irritado, isolar-se de amigos ou familiares, ter dificuldade de se concentrar nas

tarefas, perder o interesse ou o prazer em atividades que antes gostava de

realizar, sentir-se desesperançado e ter sentimentos de culpa e perda do

prazer em viver. Pode também ter alterações do sono, por exemplo, ir dormir

mais tarde do que costumava fazer, acordar cedo demais, ter sonolência

durante o dia; e do apetite, que o leva a ganhar ou perder peso.

Muitas vezes, o adolescente deprimido pode tentar suicídio. Faz isso de

forma franca ou velada. De forma velada age de maneira inconsciente,

envolvendo-se em atitudes completamente imprudentes.

Quando uma pessoa fala a respeito de cometer suicídio, ao contrário do

que pensam muitos, a coisa mais importante a fazer é levá-la a sério. As

pessoas que falam em suicídio podem estar, de fato, pensando em praticá-lo e,

sendo jovens ou não, a maioria dos que tentam o suicídio sempre dão uma

espécie de "aviso" sobre suas intenções.

Os principais sinais de advertência para o risco de transtorno do humor

que, eventualmente, pode resultar em suicídio são:

1. Mudanças acentuadas na personalidade;

2. Mudanças acentuadas na aparência;

3. Alterações nos padrões de sono;

4. Alterações nos hábitos alimentares;

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5. Prejuízo no rendimento escolar;

6. Falar sobre morte ou suicídio;

7. Provocar ferimentos em si próprios;

8. Pânico ou ansiedade crônica;

9. Distribuir objetos pessoais.

Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica

decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo, o

rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou uma

briga importante com os pais. A incidência de êxito entre adolescentes que

realmente tentam por fim à própria vida é maior entre o sexo masculino do que

entre o sexo feminino.

Grosso modo, podemos dividir os adolescentes vulneráveis ao suicídio

em três grupos:

1. Adolescentes com sintomas clássicos de depressão, tais como tristeza e

desesperança;

2. Perfeccionistas que estabelecem para si mesmos padrões muito alto de

desempenho;

3. Garotos que expressam sua depressão com comportamentos agressivos ou

atitudes de se expor a situações de risco.

Algumas pessoas são mais suscetíveis à depressão que outra tal como

ocorre com qualquer outra doença. Além disso, a depressão resulta de uma

combinação de múltiplos fatores e não de apenas uma causa.

De modo geral, as tensões da vida cotidiana, agravadas pelo panorama

existencial próprio da adolescência, são importantes fatores que contribuem

para o aparecimento da depressão nos jovens. O medo do fracasso, a

discriminação da faixa etária e a pressão para realizar inúmeras tarefas podem

contribuir para o aparecimento da depressão

Os fatores genéticos têm importante papel no desenvolvimento de

depressão. A ocorrência de depressão é muito mais freqüente nas pessoas

que têm familiares também com transtornos depressivos. Além disso,

atualmente as pesquisas concentram-se principalmente na área bioquímica da

depressão.

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Muitos jovens deprimidos podem se beneficiar de um programa de

tratamento adequado. O primeiro passo, evidentemente, é procurar a

experiência de um profissional capacitado para diagnóstico, aconselhamento,

tratamento e ajuda. Juntamente com o adolescente, os familiares e o médico

podem chegar a uma decisão sobre o tipo mais adequado de tratamento para o

adolescente. Para alguns adolescentes, o aconselhamento pode ser a única

terapia necessária. Muitas vezes o tratamento medicamentoso é indispensável

mais, mesmo com ele, o aconselhamento que envolve o adolescente e sua

família é bastante benéfico.

Existem vários antidepressivos eficazes que podem ser utilizados no

tratamento da depressão na adolescência, especialmente nos casos mais

graves. As principais classes destes medicamentos são os antidepressivos.

A depressão psicótica da ênfase à perda de testes de realidade e ao

prejuízo do funcionamento mental, manifestado por ilusões, alucinações,

confusão e memória prejudicada. Grave prejuízo do funcionamento social e

pessoal, manifestado por abstinência social e incapacidade de desempenhar

os papéis domésticos e profissionais habituais. Pessoas propensas à

depressão são caracterizadas por baixa auto-estima, superego rígido, relações

interpessoais de apego e dependência e capacidade limitada.

O aspecto fundamental de envolvimento excessivo em atividades sem

uso de julgamento, premência da fala, distração, fuga de idéias, perda difusa

de interesse ou prazer, distúrbio no sono e apetite, mudança no peso, energia

diminuída, sentimento de culpa ou de inutilidade e pensamento suicida.

Perturbação cognitiva, capacidade de concentração ou de tomar decisões,

pensamento vagaroso e com o aumento da distração a fala pode ser

totalmente incoerente e indistinguível daquela de um esquizofrênico.

Esforços terapêuticos são dirigidos com vistas a alterar aquela

proporção, fornecendo à pessoa capacidade aumentados para lutar, seja com

drogas ou técnicas psicoterapêuticas e manipulações ambientais, tentando

modificar o impacto de várias tensões. Mudanças ambientais podem conduzir a

alguma melhora da condição e quando os sintomas desaparecem, é o que

chamamos de remissão.

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2.5.- Parte Cognitiva

A memória desempenha um papel especial no processo psicodinâmico

da construção dos pensamentos. Eles estão muito ligados com os sentidos e é

a conexão do mundo das idéias com o mundo lógico. Para que os

pensamentos conscientes sejam gerados é necessário que haja o registro de

milhares de informações e emoções no solo da memória. Esses registros

constituem o alicerce para a formação das idéias.

A memória não é um mero armazém de informações e experiências,

mas uma função psicológica que deve ser usada como suporte da arte de

pensar, como apoio à criatividade e como fator preponderante no processo de

formação da inteligência. Ela não tem o papel de um depósito temporário, mas

é a esfera onde ocorre a elaboração das informações e das emoções durante a

execução de diferentes tarefas cognitivas, exemplo, a compreensão, o

aprendizado e o raciocínio. (Vygotsky, 2001, p.198)

A teoria do condicionamento considera que o que leva a pessoa a

aprender é um reforço externo (uma recompensa dada quando a pessoa

produz a resposta considerada correta), a teoria cognitiva dá maior importância

a aspectos internos, racionais, como objetivos, intenções, expectativas e

planos do indivíduo.

Para Bruner, o desejo de aprender é um motivo intrínseco, que encontra

tanto sua fonte como sua recompensa em seu próprio exercício. O desejo de

aprender torna-se um “problema” apenas sob circunstâncias especifica, como

nas escolas em que um currículo é estabelecido e os alunos são obrigados a

seguir um caminho fixado.

A teoria cognitiva elaborada por John Dewey e Jerome Bruner concebe

a aprendizagem como solução de problemas. É por meio da solução dos

problemas do dia a dia que os indivíduos se ajustam a seu ambiente. Da

mesma forma deve proceder a escola, no sentido de desenvolver os processos

de pensamento do aluno e melhorar sua capacidade para resolver problemas

do cotidiano.

Piaget, o estudo da inteligência envolveria uma análise de como o ser

humano se torna progressivamente capaz de construir o conhecimento. Ele

argumenta que não existem conhecimentos resultantes do mero registro de

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observações.

Todo conhecimento pressupõe uma organização que só os esquemas

mentais do sujeito podem efetuar. Todo conhecimento provém das ações. É a

partir delas que a criança organiza seus primeiros conceitos. Eles são práticos,

constituindo-se em adaptações sensório-motoras ao mundo que a cerca. A

cognição se transforma em virtude de um contínuo processo de

experimentação dos conceitos elaborados pelo indivíduo, a partir da ação. A

aquisição do conhecimento seria resultante do conflito conceitual entre a

realidade elaborada mentalmente pelo indivíduo e o fato concreto. A mente não

é formada por capacidades independentes, mas constitui-se em uma estrutura

organizada em que cada parte depende do sistema geral. Desde que á criança

sejam concedidas oportunidades progressivas para agir sobre o mundo que a

rodeia (quer físico ou social), seu desenvolvimento cognitivo deverá ocorrer

como uma construção natural, ao se reequilibrarem esquemas e estrutura, ao

longo de contínuas assimilações e conseqüentes acomodações.

Para Vygotsky, o desenvolvimento mental é o processo de assimilação

ou “apropriação” da experiência acumulada pela humanidade no decurso da

história social. As conquistas do desenvolvimento social foram gradualmente

acumuladas e transmitidas de geração em geração. Assim se consolidaram e

se tornaram um patrimônio da humanidade. O desenvolvimento mental da

criança inicia-se em um mundo humanizado. Todas as suas relações com o

ambiente, mesmo com os fenômenos naturais, são medidas pelos adultos. Ele

enfatiza as origens sociais do pensamento. O pensamento forma-se e evolui

com o contato social, ou seja, nas interações grupais. Nos processos de

interações sociais criam-se os sistemas de signos (a linguagem, a escrita, o

sistema de números) e os instrumentos (os objetos que usa para transformar a

natureza). A internalização dos sistemas de signos provoca transformações

comportamentais e estabelece o elo entre as formas iniciais e avançadas do

desenvolvimento cognitivo.

Segundo Escartí (2002), são estruturas cognitivas que constituem a

base do comportamento humano e que influenciam a conduta social do sujeito

e as suas respostas emocionais e afetivas perante um grupo. Cognição social é

a análise dos comportamentos humanos tendo em conta as condições

pessoais e da situação. Se por um lado, a parte social, reconhece a

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importância do envolvimento no comportamento humano, por outro lado, a

parte cognitiva, realça a influencia que tem os processos de pensamento e as

estruturas mentais que possibilitam o processamento de informação e

interferem na construção da nossa realidade do mundo.

Para W.R.Bion, quando a criança adquire a possibilidade de tolerar

frustrações do seio ausente, passará a ser capaz de formar uma imagem

mental, ou seja, começará a mentar. Esse é o ponto crucial sobre a capacidade

de “pensar” (1962, p.37).

O portador de necessidades educacionais especiais pode ás vezes não

ter a mesma capacidade cognitiva para entender a situação que o aflige, mais

isto não impede que possamos conversar (desenhar, consolar, brincar) com ele

de forma mais simples, falando do sentimento que ele vivencia: se está com

medo, triste, deprimido, chateado, com raiva, etc.

3 - RELACIONAR O QUE PROPORCIONA A EDUCAÇÃO

ESPECIAL PARA UM DEFICIENTE MENTAL.

A escola de educação especial busca o desenvolvimento do aluno

portador de deficiência mental. Assim a educação especial é um conjunto de

recursos e de estratégias de apoio aos alunos e seus familiares. Por tanto a

importância da escola para a vida do deficiente é que é um espaço privilegiado

para que se operem enlaces um trabalho que permita a produção de laços

sociais, principalmente para aqueles que por dificuldades, encontra-se

excluídos de uma circulação social.

Educação especial é uma modalidade de ensino que visa promover o

desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de necessidades

especiais, condutas típicas ou altas habilidades, e que abrange os diferentes

níveis e graus do sistema de ensino.

Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as

necessidades especificas de seu alunado.

Na Classe Especial encontram-se caminhos e meios facilitadores para a

aprendizagem dos educandos com necessidades educacionais especiais,

através de uma política de ação pedagógica, recursos educacionais mais

individualizados e conta com um professor especializado.

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Na escola inclusiva o processo educativo deve ser entendido como um

processo social, onde todas as crianças portadoras de necessidades especiais

e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo

possível do normal.

O seu principal objetivo é fazer com que a escola atue através de todos

os seus escalões para possibilitar a integração das crianças que dela fazem

parte.

A inclusão e a integração embora ambas constituam formas de inserção

do portador de necessidades educacionais especiais, a prática da integração

vem dos anos 60 e 70, e baseou-se no modelo médico/clínico da deficiência.

Neste modelo os educandos portadores de necessidades educacionais

especiais precisavam modificar-se (habilitar-se, reabilitar-se, educar-se) para

tornarem-se aptos a satisfazerem os padrões aceitos no meio social, familiar,

escolar, profissional, recreativo, ambiental.

A prática da inclusão vem da década de 80, porém consolidada nos

anos 90, segue o modelo social da deficiência, segundo a tarefa consiste em

modificar a sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes

físicos, etc.) para torná-la capaz de acolher todas as pessoas que apresente

alguma diversidade, estamos falando de uma sociedade de direitos para todos.

O desenvolvimento da consciência de cidadania não pode restringir-se à

questão de direitos e deveres das pessoas em geral, mas deve abranger as

questões referentes aos grupos excluídos ou rejeitados pela sociedade. A

escola, enquanto agente que educa crianças, jovens, adultos e idosos, precisa

oferecer oportunidades para este tipo mais abrangente de formação de

cidadãos. Mais do que isso, a escola precisa oferecer oportunidades de

desenvolvimento de comportamento e atitudes baseados na diversidade

humana e nas diferenças individuais dos seus alunos. Quando os educandos

dos mais diferentes estilos estudam juntos, podem se beneficiar com os

estímulos e modelos comportamentais uns com os outros.

O ser humano necessita passar por esse tipo de experiência para se

desenvolver integralmente. A convivência na diversidade humana pode

enriquecer nossa existência desenvolvendo, em variados graus, os diversos

tipos de inteligência que cada um de nós possui. O fato de cada pessoa

interagir com tantas outras pessoas, todas diferentes entre si em termos de

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atributos pessoais, necessidades, potencialidades, habilidades, etc. é à base

do desenvolvimento de todos para uma vida mais saudável, rica e feliz.

A educação especial para um portador de deficiência mental, da forma

como vem sendo feita pode ser uma condição necessária e benéfica na

perspectiva do rendimento escolar e social futura. Á medida que a todos

acolher, educar e ensinar, respeitando as diferenças individuais e

principalmente estimulando o desenvolvimento da capacidade do aluno em

aprender. O aluno quando bem estimulado, alcança barreiras para o progresso

futuro, vive mais disposto e feliz.

A escola busca a qualidade do ensino, procurando desenvolver as

potencialidades dos alunos. Investindo no esporte, informática, dança, música,

teatro, artes plásticas, brinquedoteca, oficina vivencial de ajuda técnicas e

pedagógicas.

Estudar é importante. Vencer na vida é desenvolver suas

potencialidades em todos os aspectos. A escola deve investir no esporte e na

cultura como educação, dando as crianças à expectativa de realizar seus

sonhos.

A inclusão é uma proposta, um ideal. Se quisermos que nossa

sociedade seja acessível, que dela todas as pessoas com deficiência possam

participar em igualdade de oportunidades, é preciso fazer desse ideal uma

realidade a cada dia. A ação de cada um de nós, das instituições e dos órgãos,

deve ser pensada e executada no sentido de divulgar os direitos, a legislação e

implementar ações que garantam o acesso de todos. Sabemos que mudar o

contexto atual de uma hora para outra é impossível. Desejar uma sociedade

acessível e se empenhar pela sua construção não podem significar o

impedimento de acesso das pessoas com deficiência aos serviços atualmente

oferecidos, pelo contrário, mantemos nosso olhar no ideal, mas os pés na

realidade.

A inclusão é processo e envolve mudanças em TODOS nós, por isso é

um trabalho longo e desafiador! Igualdade de oportunidades para todos é

nosso desejo futuro.

Rivail (1814-1824) ”É pela educação, mais do que pela instrução que se

transformará a humanidade, porque educação é conjunto de hábitos

adquiridos. Somente a educação poderá reformar o homem, transformar a

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humanidade. A educação, sendo bem compreendida, será a chave do

progresso moral, essa educação que tende a fazer homens instruídos e

moralizados, homens de bem, amantes da paz independentes de bandeiras, ou

de situações ou posições geográficas que os separem. Falamos de educação

moral, a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que possibilita o

surgimento de hábitos saudáveis, porque educação é conjunto de hábitos

adquiridos”.

3.1.- Fatores do Cotidiano Escolar

Nas escolas de ensino especiais da rede particular do Rio de Janeiro,

reconhecida pelo MEC até a 4 série, onde junto com a escolaridade é

desenvolvido todo um trabalho para que a criança possa se organizar através

da fisioterapia, psicomotricidade, atendimento médico, fonoaudiologia,

psicologia, equoterapia, hippoterapia, assistente social, artes, capoeira, música,

dança, teatro, professores especializados, informática, natação, educação

física, psicopedagogia e oficina pedagógica. Sítio localizado em Teresópolis,

onde serve de local para passeios, recreação e colônia de férias das crianças.

O sítio sorriso serve como centro de equitação terapêutica e reabilitação e local

para cursos de equitação terapêutica, oferecendo toda infra-estrutura para

atendimento aos portadores de deficiência com equipe formada por

profissionais que trabalham na escola. A escola de educação especial conta

com um espaço no qual seus alunos possam usufruir do contato com o mundo

do brinquedo. Brinquedos ganhos e reciclados são catalogados e organizados

em prateleiras. Brinquedoteca é um espaço preparado para estimular a criança

a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos,

dentro de um ambiente especialmente lúdico. É um lugar onde tudo convida a

explorar, a sentir e a experimentar. Os brinquedos favorecem a aprendizagem

de todas as crianças e do aluno portador de deficiência mental em particular,

porque possibilitam experiências concretas. Brinquedoteca é um lugar mágico,

envolvente, convite ao brincar, ao explorar, ao mergulhar sem limites, a não ser

nos próprios limites da imaginação.” O brinquedo favorece a expressão da

criança, envolve-a no brincar, valoriza a afetividade, cultiva a sensibilidade e

principalmente, possibilita o estar por um tempo na infinitude da infância”. As

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escolas funcionam como centro terapêutico, fazendo com que a criança, jovem,

e adulto se integrem na sociedade a partir de um ambiente variado com

múltiplas atividades para despertar o desenvolvimento. Atendem a todos que

de uma forma ou de outra necessitem de sua colaboração á nível de:

estimulação essencial, escolaridade especial, distúrbio de aprendizado, atraso

de aprendizado, etc. A prática da avaliação da aprendizagem no cotidiano

escolar, deve apontar para a busca do melhor para cada educando. Neste

sentido uma avaliação inclusiva é aquela que é um instrumento para o ensino

adaptativo, uma avaliação que facilita e promove a diversificação e a

flexibilização das formas de ajuda educativa que os distintos alunos recebem

ao longo de seu processo de aprendizagem (Coll e Onrubia, 1999). A

atualização de professores é uma das tarefas que realiza, sistematicamente,

inúmeros cursos, encontros e seminários para professores de educação

especial. A política de formação em serviço posta em prática assegura,

também, aos profissionais que lidam com a educação especial o acesso à

bibliografia especializada e a participação em trabalho inovador e criativo.

O Núcleo Curricular Básico Multieducação, eixo da política educacional,

apresenta aos professores da rede particular de ensino diferentes concepções

teóricas, sem se ater a uma teoria salvadora, numa perspectiva pluralista de

construção de conhecimento. A Multieducação tem sido discutida através de

programas de televisão interativos, abordando-se diferentes temas de

relevância para os professores que atuam em educação especial. A proposta

específica da educação especial tem sido discutida e registrada com a

participação dos professores.

A importância dessa orientação é o fato de serem contempladas

múltiplas saídas face à diversidade de contextos sócio-culturais que compõem

o universo das escolas particulares do Rio de Janeiro. Os professores

regentes de sala de leitura dinamizam acervos de literatura infantil e juvenil,

livros para professores, vídeos, CD-rooms e outras mídias impressas ou

digitais, inserindo as diversas práticas leitoras no cotidiano escolar, a partir da

compreensão de que o texto, nas suas diferentes possibilidades, é o ponto de

partida e de chegada para a formação de leitores críticos, criativos, capazes de

ler e escrever sua própria história.

Compreendidas no contexto do projeto político pedagógico de cada

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escola, a sala de leitura busca desenvolver ações integradas à sala de aula,

atendendo também a toda a comunidade escolar através de atividades tais

como empréstimos dos acervos disponíveis, rodas de leitura, oficinas, e

mostras de trabalhos, entre outras.

A mostra de dança incentiva a expressão corporal em oficinas para

alunos.

Sempre se enfatizou a atenção dada á criança “como cidadão do

amanhã,” sempre se “respeitou” o bebê, o menino, a menina, porque neles se

estampava e se esculpia o “homem do futuro”, sempre se procurou “educar”

evitando-se influências “nocivas” no processo de socialização. Essas

precauções e direções que influenciaram o processo educativo, principalmente

na família, podem nos levar, hoje como “cidadãos do futuro”.

3.2.- Problema de Aprendizagem Pensa-se que todas as pessoas com deficiência têm problemas de

aprendizagem e esses são inerentes à condição de deficiência. Esta é uma

questão básica sobre a qual é importante refletirmos, principalmente nos dias

de hoje, pois vivemos um momento em que a inclusão escolar tem sido a nota

dominante de todas as discussões pedagógicas e educacionais, e a educação

de qualidade para todos buscada como o objetivo principal da educação. Será

que a crença geral de que todas as pessoas com alguma deficiência terão

necessariamente dificuldades de aprendizagem é um fato ou um conceito pré-

concebido? A experiência no campo tem mostrado que as duas afirmativas

mostram um fundo de verdade. Embora seja possível observar grande número

de indivíduos com problemas físicos ou funcionais sem qualquer dificuldade de

aprendizagem há também muitos outros que são prejudicados em seu

processo de desenvolvimento e aprendizagem devido à deficiência que

possuem. Vê-se, portanto que estamos diante de uma situação muito complexa

– o significado de aprendizagem e de distúrbios ou problemas de

aprendizagem para as crianças e jovens com deficiência. Inicialmente deve-se

salientar que, seja referindo-se as pessoas com deficiência ou não, as

questões aprendizagem e problemas de aprendizagem possuem várias

vertentes e várias origens. Se pensarmos em aprendizagem como um

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processo do indivíduo para a aquisição de competências e habilidades que

torne possível e prazeroso seu funcionamento e interação com mundo ao seu

redor, podemos dizer que os distúrbios ou problemas de aprendizagem

ocorrem quando essa competência não é atingida. As razões para que isso

ocorra podem ser várias e uma das principais funções dos educadores é ser

capaz de identificar e discriminar as verdadeiras causas dessas

dificuldades. Sabe-se que as dificuldades de aprendizagem podem ser

causadas por problemas físicos, por problemas neurológicos, por problemas

afetivos emocionais ou por problemas pedagógicos. O problema de

aprendizagem para algumas crianças pode ter o significado de revelar que ela

não está sendo satisfatoriamente atendida, sendo necessárias mudanças nas

estratégias pedagógicas, para outras pode significar um pedido de ajuda diante

de um ambiente altamente frustrador, caso em que a problemática pode estar

principalmente relacionada a questões afetivas emocionais ou pode ainda

significar um gesto de esperança frente a um ambiente que precisa rever seu

atendimento a essa criança, caso de crianças em que o problema de

aprendizagem pode estar relacionado a comportamentos anti-sociais. Mas,

sabe-se também, que na maioria das vezes suas causas estão relacionadas a

um conjunto de fatores que muitas vezes incluem todos esses problemas. Por

esta razão uma das funções mais importante do profissional que trabalha com

as questões de ensino-aprendizagem é poder perceber o significado desse

distúrbio para a criança em questão.

Para as crianças e jovens com deficiência esses distúrbios terão o

mesmo significado e, principalmente, poderão estar nos mostrando que não

sabemos como oferecer o mundo para aqueles que são diferentes de nós.

A maior carência no atendimento das crianças com deficiência é um

desconhecimento de suas capacidades e limites e de seus caminhos para a

aprendizagem. As pessoas com deficiências físicas ou funcionais têm uma

forma peculiar de relacionar-se com o mundo, e, portanto de aprender, que

está relacionado com sua deficiência específica. Por exemplo, as crianças

cegas relacionam-se com o mundo por meio de uma organização perceptiva

diferente daqueles que enxergam, e isso precisa ser respeitado. Mas, muitas

vezes o que se vê é uma tentativa de impor a elas a maneira que

consideramos correta de aprender e fazer as coisas, ao invés de procurarmos

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compreender e nos inteirar da sua própria maneira de aprender e fazer as

coisas. A aprendizagem, no sentido amplo, resulta de toda a estimulação

recebida pelo indivíduo. No período escolar, a atuação do professor implica em

reconhecer as dificuldades da criança, considerando o que não é “normal” no

seu comportamento em uma determinada fase. Nota baixa no colégio nem

sempre é sinônimo de falta de interesse ou atenção. Em alguns casos, o fraco

desempenho pode ser explicado pelos transtornos de aprendizagem –

disfunções que afetam o sistema nervoso central e comprometem tarefas

específicas, como leitura, escrita ou matemática.

“O problema de aprendizagem prejudica o desenvolvimento acadêmico

da criança e não pode ser explicado por problemas emocionais, como

mudança de escola ou separação dos pais. Quanto mais cedo houver

diagnóstico, melhor será o prognóstico”. Podemos considerar o problema de

aprendizagem como um sintoma no sentido de que o não-aprender não

configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de

comportamentos, nos quais se destaca como sinal de descompensação.

A origem de toda aprendizagem está nos esquemas de ação

desdobrados mediante o corpo. Para a leitura e integração da experiência é

fundamental a integridade anatômica e de funcionamento dos órgãos

diretamente comprometidos com a manipulação do entorno, bem como dos

dispositivos que garantem sua coordenação no sistema nervoso central.

A investigação neurológica é necessária para conhecer a adequação do

instrumento ás demandas da aprendizagem. O sistema nervoso sadio se

caracteriza no nível de comportamento, pelo seu ritmo, sua plasticidade, seu

equilíbrio. Isto lhe garante harmonia nas mudanças e conseqüência na

conservação. Pelo contrário acontece quando há lesões ou desordens corticais

(primárias, genéticas, neonatais ou pós-encefalíticas, traumáticas, etc.),

encontramos uma conduta rígida, estereotipada, confusa, viscosa, patente na

educação perceptivo-motora (hipercinesias, espasticidade, sincinesias, etc.), ou

na compreensão (apraxias, afasias, certas dislexias).

É necessário estabelecer se o sujeito se alimenta corretamente, em

quantidade e qualidade, pois o déficit alimentar crônico produz uma distrofia

generalizada que abrange sensivelmente a capacidade de aprender. Também

são fatores importantes as condições de abrigo e conforto para o sono, para o

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aproveitamento maior das experiências.

Tais perturbações podem ter como conseqüência problemas cognitivos

mais ou menos graves, mas que não configuram por si sós, um problema de

aprendizagem.

Quando o organismo apresenta uma boa equilibração, o sujeito defende

o exercício cognitivo e encontram outros caminhos que não afetem seu

desenvolvimento intelectual dado as conseqüências sociais que ocasiona a

carência na aprendizagem, sobretudo na infância. Tais transtornos aparecem

especialmente no nível da aprendizagem da linguagem, sua articulação e sua

lecto-escrita, e se manifestam numa série de perturbações, tais como a

alteração da seqüência percebida, a impossibilidade de construir imagens

claras de fonemas, sílabas e palavras, a inaptidão gráfica, etc.

Problemas de aprendizagens especiais de outra ordem, no nível da

análise e síntese dos símbolos, na aptidão sintática, na atribuição significativa.

No meio ambiente material do sujeito, as possibilidades reais que o meio

lhe fornece, a quantidade, a qualidade, freqüência e abundância dos estímulos

que constituem seu campo de aprendizagem habitual, interessam neste

aspecto as características de moradia, bairro, escola, a disponibilidade de ter

acesso aos lugares de lazer e esportes, bem como aos diversos canais de

cultura, isto é, os jornais, o rádio, a televisão, etc. e finalmente a abertura

profissional ou vocacional que o meio oferece a cada sujeito. O fator ambiental

é especialmente determinante no diagnóstico do problema de aprendizagem,

na medida em que nos permite compreender sua coincidência com a ideologia

e os valores vigentes no grupo.

A aprendizagem depende principalmente da motivação. Criando

incentivos, o professor provoca movimentos, reações, atividades dos seus

alunos. A função do professor é de criar incentivos para que seus alunos se

interessem e ofereça oportunidades para que aprendam. As necessidades de

filiar-se, de cooperar, de imitar, levam a criança a manter relações constantes

com o professor e os colegas, decorrendo desse fato múltiplas oportunidades

para que ela tenha experiências e aprenda.

O sucesso ou fracasso do aluno, na escola, depende em parte de sua

auto-estima, da confiança que tem em si mesmo. Mas essa auto-estima e essa

confiança originam-se da estima e da confiança que os outros depositam nele.

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Os problemas de aprendizagens são considerados de forma tão

importante, que suscitaram um grande número de programas terapêuticos,

quer de caráter psicológico, quer pedagógico e sempre com finalidade de se

encontrarem métodos adequados para superar o problema. O fato de algumas

pessoas encontrarem dificuldades em aprender a ler, escrever e calcular, são

problemas isolados, em função daquilo que a sociedade exige.

3.3.-A Relação Afetiva entre Professor e Aluno com Deficiência Mental

Os sentimentos de insegurança e ansiedade têm origem no medo do

desconhecido, geralmente o pensamento é preenchido por idéias, fantasias,

expectativas frente à situação nova que deverá ser enfrentada, via de regra

sentida como ameaçadora e perigosa.

Os educadores e pessoas em geral costumam sentir isto em situações

que requerem novas adaptações e modificações da forma de pensar sobre a

questão ou fato.

Quanto mais seguro e calmo o educador estiver frente a qualquer que

seja a situação, a ansiedade dos pais, do educando se dissolverá com

facilidade. Para isso o educador deve se sentir respaldado, informado e

sensível, evitando posturas radicais, imposições, descasos, resistências, etc. O

modelo de comportamento do educador influenciará decisivamente no

comportamento dos pais e dos educandos. É sempre bom lembrar que cabe ao

papel do educador ser o mediador da situação, nunca ser o ditador (achando

que sabe o que é melhor para o educando) ou ser um juiz (julgando os

comportamentos de forma moral, quer seja dos pais ou do educando).

O papel de mediador exige postura compreensiva, diálogo, flexibilidade

e delicada firmeza. Salientamos também que cabe aos pais procurarem

informações e situações que acolham suas dúvidas e medos, permitindo uma

aproximação saudável e equilibrada sobre a nova situação. Essa postura

favorece sensivelmente o apoio ao filho e a acomodação benéfica para todos,

evitando desgastes e conflitos.

As mediações intencionais promovidas pelo professor na sala de aula

devem trabalhar com a heterogeneidade e o respeito à mesma, contribuindo

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para o crescimento coletivo, ao incrementar a troca (Fontana, 1994). O aluno

precisa aprender a conviver com a diferença sem segregar, crescendo com o

conflito e o intercâmbio, tornando-se um ser humano com suas múltiplas

dimensões trabalhado na totalidade (Oliveira, 1984). As relações afetivas na

interação professor-aluno são essenciais para a aprendizagem, sendo

fundamentais para a expansão das atividades e do pensamento do ser

humano, proporcionando condições para a construção da consciência (Gala;

Lane, 1995, Machado, 1995).

Só é possível ao professor atuar com eficiência junto aos jovens, se

tentar compreender, não só a situação em que o jovem se encontra, mas o

próprio jovem.

A educação existe como mediadora entre conhecimento e prática. É ela

que pode abrir nossos olhos para o conhecimento de realidades diversas. Para

que possamos educar para a diversidade, precisamos, como educadores, nos

libertar de grilhões como a indiferença e o desrespeito e ter uma consciência

livre de preconceitos escusos e mesquinhos, que diminuem o outro e matam

lentamente quem os nutre.

Inúmeros ensinamentos, mas nada substituirá o olhar das crianças

quando falamos sobre respeito e educação como a única instância capaz de

vencer as barreiras da indiferença. O olhar de esperança também deve ser o

nosso, e é isso que faz toda a diferença: o nosso olhar em relação ao outro, um

olhar de respeito nunca de desprezo e desvalorização.

O dia em que aprendermos fizermos e vivermos tudo isso na prática

saberemos que nossa caminhada rumo ao conhecimento não cumpriu

simplesmente os requisitos de que precisávamos para sairmos das instituições

escolares e acadêmicas. Verificaremos que a educação foi capaz de nos

alcançar profunda e interiormente, destruindo tudo aquilo que construímos mal,

e finalmente voltaremos ao melhor estado que o ser humano pode ter em sua

existência: a visão que uma criança tem do outro. Suas ações são sempre as

mais sinceras e completamente despidas de qualquer tipo de preconceito.

Ter suas opções e particularidades respeitadas é direito de qualquer ser

humano.

Como espaço onde pessoas em processo de desenvolvimento físico,

intelectual, moral e emocional convivem horas seguidas diariamente, a escola é

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lugar ideal para a construção de novas práticas e atitudes. A derrubada de

estereótipos e o combate aos preconceitos são tarefas às quais os professores

devem dedicar boa parte de seus esforços. Afinal, é papel da educação libertar

o aluno e ampliar seus horizontes.

A relação entre professores e alunos deve ser uma relação dinâmica,

como toda e qualquer relação entre seres humanos. Na sala de aula, os alunos

não deixam de ser pessoas para transformar-se em coisas, em objetos, que o

professor pode manipular jogar de um lado para outro. O aluno não é um

depósito de conhecimentos memorizados que não entende, como um fichário

ou uma gaveta. O aluno com toda dificuldade e dentro de suas limitações ele é

capaz de pensar, refletir, discutir, ter opiniões, participar, decidir o que quer e o

que não quer. O aluno é gente, é ser humano, assim como o professor.

Compreendendo a limitação, o professor precisa compreender os alunos e as

razões de seu comportamento. Para isso, pode lançar mão de observações

constantes do comportamento de seus alunos, utilizarem entrevistas e

conversas informais com os alunos e seus pais, etc.

Os preconceituosos não permitem que conheçamos as pessoas como

realmente são. Na verdade, toda pessoa tem um potencial muito grande de

aprendizagem. Cabe ao professor reconhecer o potencial de seus alunos e

contribuir para sua realização. Professores que gostam do que fazem que

sejam generosos nas avaliações, que se mostram tolerantes e amigos, que

ouvem os alunos e estimulam sua participação, obtêm melhores resultados do

que professores competentes em sua matéria, mas frios e distantes em relação

à classe. Quanto mais jovem os alunos, mais importante é o relacionamento

afetivo. Um sorriso, um abraço, uma palavra amiga, costumam ter efeitos

positivos mais expressivos sobre a aprendizagem do que inúmeros conselhos e

ordens. A criança precisa de disciplina. No entanto, a disciplina só auxiliará na

formação do caráter se for coerente e baseada no amor. Exigências

incoerentes e injustiças afetam muito sua formação. Castigos, punições

severas, humilhações e críticas não ajudam ninguém a melhorar seu

comportamento. Ao contrário, criam mais revoltas e desajustamento.

É importante a existência de afetividade, confiança, e respeito entre

docente e discente para que melhor se desenvolva a leitura, a escrita, a

reflexão e a aprendizagem. (Gadotti, 1999, p.2).

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O sucesso da aprendizagem está na forte relação afetiva entre alunos e

professores, alunos e alunos, professores e professores. Masseto (1996) O

professor deve enfatizar a importância do prazer na escola para despertar o

interesse do aluno pelo saber. O papel do professor deve ser a de um

facilitador de aprendizagem, aquele que provoca no aluno um estímulo que o

faça aprender. A orientação do professor, acompanhando cada passo do aluno,

com a intenção de que ele, gradativamente, liberte-se e demonstre seu

potencial. (Mascellani, 1980, p.128) O professor precisa aprender a combinar

autoridade, respeito e afetividade, ao mesmo tempo em que estabelece

normas, deixando bem claro o que espera dos alunos, deve respeitar a

individualidade e a liberdade que trazem com eles, para poder desenvolver o

senso de responsabilidade. “O ideal consiste em que a criança aprenda por si

só, que a razão dirija a própria experiência. A falta da prática de pensar,

durante a infância, retira dela essa faculdade para o resto da vida”. (Elias,

2000, p.32).

Dora Incontri diz que” O amor verdadeiro é sempre educativo e a

educação verdadeira é sempre um ato de amor. A relação entre amor e

educação é intrínseca, indissociável”.

Paulo Freire diz que” Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar

possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

“O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente,

sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e

das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das

pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem

deixar sua marca”. (Freire, 1996, p.73) Professores, amantes de sua profissão,

comprometidos com a produção do conhecimento em sala de aula, que

desenvolvem com seus alunos um vínculo muito estreito de amizade e respeito

mútuo pelo saber, são fundamentais. Professores que não medem esforços

para levar os seus alunos à ação, à reflexão crítica, à curiosidade, ao

questionamento e à descoberta são essenciais. Professores que ao respeitar

no aluno o desenvolvimento que este adquiriu através de suas experiências de

vida (conhecimentos já assimilados), idade e desenvolvimento mental, são

imprescindíveis. (Gadotti, 1999, p.2) O professor não apenas transmite uma

informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes

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atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar

respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as

opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do

professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos.

Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas

dificuldades. (Libâneo, 1994, p. 250) “O bom professor é o que consegue,

enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu

pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus

alunos cansam não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas

de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”

(Freire, 1996, p.96)

Um professor deve buscar um aperfeiçoamento constante, ter um

carinho especial pela profissão que abraçou e saber utilizar sua autoridade com

moderação e imparcialidade.

“Boa técnica de motivação é ter uma conversa em particular com o

aluno. Em que se procura explorar o sentimentalismo e também, quando

necessário, falar francamente com o aluno, chamando-o ás suas

responsabilidades. É imprescindível que ele sinta, apesar das verdades, se

necessário, que o professor é seu amigo e tudo está fazendo para ajudá-lo”.

(Nérici, 1992, p.190)

Um professor competente está sempre pronto a refletir sobre sua

metodologia, sua postura em aula, a replanejar sua prática educativa, a fim de

estimular a aprendizagem, a motivação dos seus alunos, de modo que cada

um deles seja um ser consciente, ativo, autônomo, participativo e agente crítico

modificador de sua realidade. (Mascellani,1980,p.128)

O professor, para desenvolver nas crianças hábitos salutares e favorecê-

las no controle do seu comportamento emocional, deve conhecer muito bem

seus alunos e suas famílias, as condições econômicas e morais destas, bem

como os costumes da comunidade, evitando, tanto quanto possível, os

julgamentos apressados. O bom educador sabe que a chamada criança-

problema é na realidade uma criança com problemas. E rotulá-la de problema,

revoltada, má, etc. não tem sentido prático algum, não facilita o trabalho do

mestre.

Refletir em torno dos papéis em que assumimos nos vínculos que

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estabelecemos em nosso convívio clarifica as qualidades, crenças e valores,

facilitando uma visão sob diferentes pontos de vistas de pessoas, coisas e

situações.

“Podemos nos ver, ser e existir, sobretudo pela afetividade. É as

vivências afetivas o fundamento da nossa existência heróica ou aprisionada no

automatismo. São as marcas afetivas que dão vitalidade, sentido e colorido a

nossas ações e aos nossos vínculos”. (Nery, 2003, p.15).

As situações é fruto do condicionamento prático da autoconsciência,

pois errando ou acertando a pessoa estará em contínua aprendizagem,

aprimorando-se e evoluindo suas habilidades e potencialidades. Aqui

estaremos em contato com a autoconsciência criativa, que é quando a pessoa

adquiriu uma personalidade instropectiva, reflexiva e que autotranscende os

prazeres palpáveis e objetivos.

Na opinião de diversos pedagogos é o amor pedagógico, para que

verdadeiramente a educação possa acontecer. Provavelmente todos já

tenhamos visto, ouvido ou lido a frase: educar é amor, que talvez tenha sido a

maneira mais econômica de expressar o que esses educadores pensam sobre

educação. O amor é a sustentação do universo. Tudo está nele estribado.

Estando impregnados de amor seremos fortes, superaremos os obstáculos,

venceremos as dificuldades. Talvez tenha sido por isto que o maior educador

de todos os tempos nos tenha deixado como máxima o amor. A síntese

primorosa de seu ensino: amar, e ensinai disse ele. Amar-se amando o

próximo como a nós mesmos é a recomendação do educador, por excelência.

Amar-se é uma necessidade, é o primeiro passo. Como posso amar o próximo

se não amo a mim mesmo, como exteriorizar algo que não há em meu

coração? Para dar é preciso ter, só posso dar daquilo que possuo.

3.4.- Fatores das Dificuldades

A maioria dos casos de deficiência mental pode ser identificada na

infância, entretanto, muitas crianças só são diagnosticadas quando vão para a

escola.

Isso é porque muitas crianças com deficiência mental apresentam grau

leve da patologia e os testes de inteligência para crianças pequenas não são

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muito confiáveis e válidos.

Ao entrar na escola as solicitações intelectuais aumentam

significativamente e a eventual deficiência mental torna-se mais evidente.

Em algumas pesquisas, a maioria das crianças que freqüentam classes

especiais para os deficientes mentais educáveis tem origem em camadas

socioeconômicas mais baixas, segundo Laura Vanina Stefanini. Têm-se

realizado numerosas investigações para avaliar os efeitos relativos da

hereditariedade e do ambiente sobre o funcionamento mental dessas crianças.

Autores mais antigos (mas nem por isso menos verdadeiro) acreditam

que a hereditariedade é um fator determinante, acham que grande quantidade

de pessoas subnormais se encontra em zonas de baixo nível socioeconômico,

transmitindo com mais freqüência os fatores genéticos da deficiência mental.

Haveria assim, nas zonas socioeconômicas pouco desenvolvidas, uma

necessidade de adaptação social menos exigente, fazendo com que esses

casos de DM leve ou moderada passassem muito menos percebidos. Havendo

migração dessas pessoas para centros mais desenvolvidos as deficiências

seriam mais freqüentemente detectadas (Gesell, 1940).

Muito embora os elementos ambientais não devam nunca ser ignorados,

cada pessoa herdaria um esquema pessoal e próprio de desenvolvimento, o

qual determinaria sua capacidade de adaptar-se a seu ambiente.

Outros investigadores, mais ambientais, têm comprovado que as

crianças provenientes de zonas menos desenvolvidas seriam submetidas a um

ambiente sem muitos estímulos, o que resultaria em desenvolvimento mental

mais acanhado. Skeels e Harm pesquisaram um grupo de crianças cujas

madres tinham um QI baixo, ou cujos pais tinham um status socioeconômico

mais baixo, mas que foram adotados por outras famílias de ambientes mais

desenvolvidos. Essas crianças alcançaram níveis mentais dentro do normal,

sugerindo que a estimulação ambiental influía mais que o dote genético.

Na maioria dos casos de Deficiência Mental (DM), especialmente os de

nível leve e moderado não se pode identificar as causas, ficando aí uma

discussão acirrada entre autores organicista, que consideram a prevalência dos

fatores constitucionais da DM e os autores sociológicos, para os quais

prevaleceriam as causas ambientais, como por exemplo, a falta de estímulos

adequados e em épocas precoces da vida.

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É um erro acreditar que a maioria das crianças com DM tem um aspecto

físico diferente das outras. A maioria dessas crianças é portadora de DM leve e

não se distinguem fisicamente das outras crianças. As exceções são os casos

de DM grave e severa, bem como na Síndrome de Dowm, onde elas guardam

alguns aspectos comuns entre si ditas sem necessidades educativas especiais.

Outro engano leigo é achar que o nível de funcionamento mental se

mantém sempre igual e definitivo em todos os casos. Nos casos de deficiência

mental leve os programas educativos intensivos e adequados podem atenuar

significativamente essa situação.

A lesão no cérebro pode causar graves problemas de aprendizagem e

de adaptação ou, outras vezes, só desvio menores. As expressões lesão

cerebral, lesão neurológica ou causa orgânica são sinônimos e se referem a

um estado no qual as células do cérebro foram destruídas ou sofreram algum

dano suficiente para causar um prejuízo no desempenho da pessoa. Essas

lesões podem estar limitadas a áreas específicas do cérebro ou podem ser

generalizadas (difusas) em todo tecido nervoso. Quando a lesão está

localizada falamos em “lesão focal” e pode afetar somente as funções

reguladas por essa parte do cérebro. Por outro lado, se a lesão é difusa, pode

causar uma diminuição em muitas funções cerebrais, como por exemplo, da

aprendizagem e do comportamento.

As lesões podem produzir-se em qualquer etapa do desenvolvimento.

Pode ser conseqüência de fatores genéticos, de agentes tóxicos, de carências

físicas e nutricionais, de doenças infecciosas ou agressões diretas sobre o

cérebro.

Quando o Retardo Mental se deve a uma lesão do sistema nervoso

central (SNC), há, pouca esperança de restaurar as áreas lesadas. Nesses

casos, muitas vezes, o cérebro desenvolve um rendimento máximo nas áreas

intactas para compensar o mau funcionamento das zonas danificadas.

Os efeitos da Deficiência Mental entre as pessoas são diferentes.

Aproximadamente 87% dos portadores têm limitações apenas leves das

capacidades cognitivas e adaptativas e a maioria deles pode chegar a levar

suas vidas independentes e perfeitamente integradas na sociedade. Os 13%

restantes pode ter sérias limitações, mas em qualquer caso, com a devida

atenção das redes de serviços sociais, também podem integrar-se na

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sociedade.

O atraso no desenvolvimento dos portadores de deficiência mental pode

se da em nível neuro-psicomotor, quando então a criança demora em firmar a

cabeça, sentar, andar, falar. Pode ainda dar-se em nível de aprendizado com

notável dificuldade de compreensão de normas e ordens, dificuldade no

aprendizado escolar. Mas, é preciso que haja vários sinais para que se

suspeite de deficiência mental e, de modo geral, um único aspecto não pode

ser considerado indicativo de qualquer deficiência.

A avaliação da pessoa deve ser feita considerando-se sua totalidade.

Isso significa que o assistente social, por exemplo, através do estudo e

diagnóstico familiar, da dinâmica de relações, da situação do deficiente na

família, aspectos de aceitação ou não das dificuldades da pessoa, etc.

analisará os aspectos sócio-culturais.

O médico, por sua vez, procederá ao exame físico e recorrerá a

avaliações laboratoriais ou de outras especialidades. Nesse caso, serão

analisados os aspectos biológicos e psiquiátricos. Finalmente psicólogo,

através da aplicação de testes, provas e escala avaliativa especifica, avaliará

os aspectos psicológicos e nível de deficiência mental.

Mesmo assim, o diagnóstico de deficiência mental é muitas vezes difícil.

Numerosos fatores emocionais, alterações de certas atividades nervosas

superiores, alterações específicas de linguagem ou dislexia, psicoses, baixo

nível sócio econômico ou cultural, carência de estímulos e outros elementos do

entorno existencial podem estar na base da impossibilidade do ajustamento

social adaptativo adequado, sem que haja necessariamente deficiência mental.

Existem ainda aqueles órfãos ou abandonados, que se encontram

"internados" em instituições ou abrigos dirigidos à infância pobre e por isso

mesmo sofrem um empobrecimento em suas capacidades psicossociais.

Diferentemente dos meninos de rua, são pouco criativos e repetitivos,

mas apresentam igualmente dificuldades para tomar decisões ou criar projetos

de vida próprios após os 18 anos, quando precisam ser "desligados" da

instituição, por necessidade jurídica e/ou para abrir vagas para outros. Da

mesma forma que os meninos de rua, necessitam de um forte suporte em sua

auto-estima, de forma a propiciar modificações pessoais.

Ainda entre aqueles que se encontra em situação de risco psicossocial,

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estão aqueles em que a "dificuldade de aprendizagem escolar" e/ou o "mau

comportamento" em sala de aula criam precocemente o estigma de serem

aqueles que não dão certo na escola e nem darão certo na vida. Procurando

responder ou acalmar a dificuldade que a instituição-escola tem em lidar com a

aprendizagem do aluno que recebe, desenvolveu-se uma prática disseminada,

a necessidade de recorrer aos saberes psiquiátricos e psicológicos para

legitimar que o fracasso escolar está no aluno e não no sistema."

O fracasso escolar é fonte de tensões emocionais que prejudicam a

aprendizagem e dificultam o ajustamento do educando. O professor tem meios

para despertar na criança a confiança e para compreender que se ela é

rejeitada em seu lar é também incapaz de aceitar a afeição dos estranhos nos

primeiros contatos. A criança rejeitada tende a perder seu amor próprio, não

crê no amor dos familiares e na amizade dos amigos. É muito sensível e,

dependendo do temperamento, é passivo ou agressivo. O professor deve

compreender que essa conduta reflete a constância das frustrações do menor

e assim propiciar-lhe um ambiente saudável, onde os trabalhos, por mais

difíceis que sejam, causem prazer. E entender também que a hostilidade, a

revolta, a falta de afeição de uma criança demonstra na realidade insegurança

emocional, incapacidade para controlar sua conduta e, em síntese, dificuldade

em amar e ser amada.

A dificuldade do educando apresenta, em caráter permanente ou

temporário, algum tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla

condutas, típicas ou altas habilidades, necessitando por isso, de recursos

especializados para desenvolver plenamente seu potencial ou superar ou

minimizar suas dificuldades.

O ser humano, aceitando suas condições, limites, realidade e

principalmente seu ser (físico, mental e emocional), constrói uma vida de ir “em

busca de”com base em suas possibilidades e potencialidades. Ou seja, traça

objetivos que condizem com seu verdadeiro querer e necessidade, respeitando

seus limites, o tempo e as condições do meio alinhando seus valores, sonhos e

metas.

Mesmo aqueles que mais sofrem as conseqüências desastrosas do

nosso governo, devem ir em busca de seus direitos e deveres, com base em “si

próprios”, para aquilo que eles priorizam.

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Para Vygotsky a memória funciona de modo intenso e melhor naqueles

casos em que é envolvido e orientado por certo interesse e que o último

elemento a orientar a memória é o colorido emocional do que foi memorizado.

Ele chega a chamar de regra pedagógica á exigência de certa emocionalidade

por intermédio da qual se deve por em prática todo o material pedagógico.

Afirma que “não devemos nos esquecer de atingir o sentimento do aluno

quando queremos enraizar alguma coisa na sua mente”. (2001, p.195)

Cury afirma que ensinar a matéria estimulando a emoção dos alunos

desacelera o pensamento, melhora a concentração e produz um registro

privilegiado na memória. Por outro lado, as emoções podem ser de ordem

negativa, como: medo, vergonha, depressão, ansiedade, angústia etc. A dor

emocional também produz seus efeitos no processo de ensino aprendizagem.

Trabalhar com as emoções do aprendente, ensinando-o a gerenciar os

pensamentos e emoções, ajuda-o a “pensar antes de reagir, a não ter medo do

medo e a ser líder de si mesmo, autor da sua história, a saber, filtrar os

estímulos estressantes e a trabalhar não apenas com os fatos lógicos e

problemas concretos, mas também com as contradições da vida”. (2003, p.66,

109).

“... o jogo passou a ser reconhecido como comportamento espontâneo

em uma sociedade, correspondendo às possibilidades de auto-educação, uma

vez que não é um comportamento isento, mas sim, processo de assimilação

(Piaget, 1978) do real a propósito de objetos que refletem a vida num grupo

humano de dimensões variadas.

Essa condição nos leva a refletir sobre o momento em que a criança, ao

relacionar-se com o mundo dos adultos, demonstra em determinadas

situações, não compreender a realidade que a cerca, como por exemplo,

determinadas regras, atitudes e conceitos daquilo que se passa ao seu redor.

E, por isso, assimila o real à sua maneira, procurando satisfazer suas

necessidades afetivas, intelectuais e motoras, o que justifica um equilíbrio

pessoal no mundo físico e social.

Com a criança portadora de deficiência mental a situação não é

diferente, porém, se processa numa intensidade superior e mais longa, porque

suas dificuldades de assimilar o real e agir sobre ele, na maioria das situações,

esbarra na deficiência. O que não quer dizer que seja um limite fim, mas um,

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ponto a ser trabalhado e desenvolvido porque, como sabemos, a criança

portadora de deficiência mental tem potencialidades “latentes” que precisam

ser suscitadas, conscientizadas.

Desta forma, o jogo, por refletir o prazer da ação sem a expectativa de

resultados, por ser um fim em si mesmo e por se dirigir à preocupação

dominante da satisfação pessoal, aparece como elemento essencial, a

contribuir, seja pelo exercício repetitivo do prazer funcional — jogo de

exercício; seja pelo simbolismo na representação ou imitação do real — jogo

simbólico; e/ou pelo socializante das convenções ou regras — jogo de regras”

(Piaget, 1978), na promoção do equilíbrio da criança portadora de deficiência

mental, com o mundo estranho que a cerca e na alteração positiva do seu

desempenho motor."

3.5.-Desempenho Escolar

O papel de educadores junto a crianças com necessidades especiais é

extremamente importante, e cada criança deve ser atendida respeitando suas

próprias características de personalidade. Somente o profissionalismo aliado

ao idealismo e persistência é que torna possível estabelecer métodos eficientes

de trabalho.

Assim a Escola Especial pode ser considerada como a escola que toda

criança deveria ter, pois pesquisa suas potencialidades para proporcionar

estímulo adequado ao seu desenvolvimento, aumentando as chances de

aprendizagem e integração social.

Seu currículo abrange o mesmo conteúdo programático do ensino

regular, porém, acrescido de alguns programas especiais criados para

proporcionar aquisição de habilidades e estabelecimento de hábitos sociais, de

higiene e de trabalho, ajudando a criança a preparar-se para uma melhor

integração consigo mesma, com sua família e a sociedade.

A escola deve integrar todas as crianças e jovens e proporcionar-lhes

um ambiente de aprendizagem motivador, exigente e gratificante. A superação

dos desafios é essencial para o desenvolvimento pessoal de cada um.

A escola tendo plena consciência da educação como fator insubstituível

de desenvolvimento, pode por em prática políticas pedagógicas que consigam

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obter avanços claros e sustentados, na organização e gestão dos recursos

educacionais, na qualidade de aprendizagem para todos.

Os professores muitas vezes levam anos para descobrir certas facetas,

enquanto os pais, com as suas observações feitas em casa e conhecendo as

aptidões tendências da família, poderiam colaborar fornecendo esses dados.

Quanto ao lazer é importante saber como a família usa o seu tempo

livre, ou pelo menos, pensa a respeito, para a escola poder colaborar,

adaptando o programa livre e treinando o filho de acordo com as condições

reinantes, em casa.

Partindo-se do princípio de que pais e professores tem as mesmas

metas, que estão preocupados com as mesmas coisas, isto é, provocar o

desenvolvimento emocional e social do deficiente, pode imaginar formas de

colaboração que tendem a substituir parte da mão-de-obra profissional por

mão-de-obra voluntária, com pequeno treinamento básico.

As crianças que estão em escolas especiais se beneficiam de uma

colaboração ativa de seus pais e seus mestres, levando para casa a

continuação do treinamento recebido na escola, procurando continuar a mesma

motivação, procurando produzir os mesmos resultados com a mesma escala

de recompensas pelos sucessos alcançados, na busca de metas que seriam

escolhidas em colaboração tanto a curto como á longo prazo, juntando as

expectativas dos pais com as experiências dos educadores.

E o mais importante quando se identifica a dificuldade que têm as

crianças deficientes mentais de aplicarem num determinado ambiente

habilidades adquiridas em outro ambiente; isto torna necessário fazer com que

a casa seja uma continuação da escola, ou que atividades que devam ser

executadas no lar nele devam ser apreendidas.

O principal problema da educação das crianças deficientes mentais é a

aquisição de habilidades tanto físicas como sociais, emocionais, cognitivas, de

linguagem e comunicação, que não requerem em muitos casos recursos

pedagógicos especiais, e carinhosa atenção e que podem ser apreendidas

pelos filhos de seus pais, mediante orientação ou supervisão que pode ser

dada em grupo.

Muitos educadores consideram hoje que o envolvimento paterno deveria

ser considerado o componente central da educação. No entanto, poucos pais

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esperam grandes solicitações por parte dos professores, para um envolvimento

mais íntimo e participação na avaliação e na fixação de metas de ensino;

poderá ás vezes ficar surpresos quando os professores pedirem que colaborem

em programas de ensino que exigem substancial tempo e energia de sua parte.

Daí a particular necessidade da ação interfamiliar, da motivação dos

pais, da sua mobilização para enfrentarem os problemas de seus próprios

filhos.

A vida escolar propicia ao educando oportunidades de modificar muitos

dos seus sentimentos e proporciona meios para alterações fundamentais de

suas emoções. Os sentimentos estéticos, por exemplo, se desenvolvem

através de bem organizadas aulas de música, desenho, trabalhos manuais e

leitura. Os sentimentos morais e sociais são desenvolvidos durante os jogos e

as aulas de moral e educação cívica e social. Os sentimentos intelectuais,

como a benquerência pelas obras de arte e pelos estudos científicos, se

desenvolvem logo no primeiro ano escolar, desde que o professor compreenda

o papel que tem a desempenhar e possua recursos didáticos para favorecer o

desabrochar de sentimentos elevados como o de companheirismo, de amor

pelos semelhantes, de respeito pelas autoridades e pessoas mais velhas, de

júbilo pelas realizações científicas e artísticas, etc. O professor deve ter sempre

em mente que educa mais pelo que é do que pelo que diz.

Torna-se necessário na escola o conhecimento dos hábitos da criança e

das condições morais, sociais e econômicas em que vive. Na escola de ensino

fundamental o objetivo do professor deve ser o de descondicionar a criança

dos seus maus hábitos e de reforçar os bons, orientando-a no sentido de que

passe a controlar melhor sua conduta e a compreender as maneiras de ser das

pessoas com as quais convive. Reforçando os bons hábitos e as boas atitudes,

o professor estará orientando a criança para manter constantes os traços

positivos de sua personalidade, os quais permitirão um ajustamento normal ao

ambiente.

A escola não deve ser mais considerada como ”um lugar onde se treina

a mente”. A escola é a instituição encarregada de guiar o desenvolvimento

físico e mental das crianças e de tratar daqueles que têm um desenvolvimento

anormal. Por isso o professor deverá conhecer suficientemente seus alunos,

lançando mão de vários meios para obter informações precisas sobre a

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personalidade e a história do educando. Os exames, as provas que visam aferir

o que foi aprendido pelo aluno em cada disciplina, não são suficientes para que

se possa fazer um juízo de suas capacidades. Entretanto, não raro o

julgamento da personalidade do educando é feito na base dos pontos obtidos

por ele em provas que medem apenas a capacidade de retenção.

O rendimento escolar do educando é aferido pelas provas de evocação

e de reconhecimento e pelos trabalhos feitos pelo mesmo. As provas são um

meio para que o professor verifique se o aluno compreende e retém o que é

ensinado, ou se compreende, mas não se exercita no lar. Mostrará também em

que disciplinas é melhor a aprendizagem. O estudo das provas e médias

obtidas pelos alunos revelará ao professor a ascensão ou queda do rendimento

de um para outro mês mais não revelará o porquê do progresso ou do

decréscimo. Entretanto, o educador sente a inevitável necessidade de

conhecer essas causas. O estudo dos questionários, que se encontram na

pasta do educando e da sua ficha completa ficarão ao alcance do professor

elementos básicos para o entendimento do comportamento e dos problemas

mais profundos da personalidade da criança.

As limitações impostas pelas instituições sociais, principalmente a

escola. O currículo é o mais importante fator que limita a educação das

crianças, a organização da escola, a assistência dada é outro fator significativo.

O educador precisa conhecer o nível de desenvolvimento cultural da

comunidade onde a escola se situa. Precisa compreender a influência que tem

o tipo de vida dos pais de alunos sobre estes e sobre a escola. É evidente que

a escola tem uma função bem mais importante que a de transmitir cultura, de

habilitar as crianças a manejarem os instrumentos da cultura. Ela é também

uma renovadora dessa cultura.

O professor necessita conhecer muito bem as necessidades e desejos, a

fim de poder guiar o desenvolvimento dos seus alunos, precisa conhecer as

teorias da aprendizagem para poder ensinar e anular os maus hábitos do

educando, e necessita conhecer profundamente seus alunos para poder

desenvolver neles hábitos sadios e traços de personalidade positivos.

O desempenho é fundamental para a inferência de que esta ocorrendo

aprendizagem.

Aprendizagem é um fenômeno não observável diretamente, só pode ser

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inferida do comportamento ou do desempenho de uma pessoa. Algumas

características acerca daquele desempenho são indicadores chaves do

desenvolvimento da aprendizagem ou da aquisição de uma habilidade. O

desempenho deve ser persistente, ou seja, relativamente constante. O

resultado da prática, a melhora no desempenho não deve ser passageira, deve

ter duração mais prolongada no tempo.

O trabalho em grupo favorece o desenvolvimento da capacidade para

solucionar problemas, pois permite a apresentação de hipóteses mais variadas

e em maior número.

A direção autoritária da classe, em que o professor manda e os alunos

só obedecem, prejudica o desenvolvimento do raciocínio: se os alunos não

participam da formulação do problema, é natural que tendam a atribuir ao

professor a responsabilidade pela solução. Nessa situação, os alunos tornam-

se dependentes das respostas do professor, ao invés de desenvolverem sua

criatividade.

Proporciona aos alunos oportunidades de pensar por si próprio, por meio

da criação de um clima democrático na sala de aula, de maneira que os alunos

sejam encorajados a expressar suas opiniões e a participar das atividades do

grupo.

Dar a cada estudante a oportunidade de desenvolver os estudos de

acordo com seu ritmo pessoal. O êxito e a aprovação devem ser baseados nas

realizações de cada um. A escola deve considerar o impulso universal de todos

os seres humanos no sentido de concretizar suas próprias potencialidades, e

não reprimir tal impulso. A fim de estimular a solução de problemas, a escola

deve aproximar o ensino da vida real, deixar margem para a independência,

apresentar a matéria em forma de problema, utilizar uma linguagem acessível,

favorecer o trabalho em grupo e estimular a participação dos alunos. “É por

intermédio das modificações comportamentais da área afetiva que a escola

pode contribuir para a fixação dos valores e dos ideais que a justificam como

instituição social”. Elias (1996, p.99)

Na medida em que a criança pode, através de relações sociais, exprimi

seus afins inconscientes, ela pode canalizar suas energias. É essa energia

canalizada que levara atingir os objetivos superiores tais como o estudo, o

desejo de cultura, o amor ao saber, o interesse em direção á este ou aquele

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assunto correspondendo aptidões particulares da criança.

Hoje a Educação Especial ocupa espaço na literatura, na mídia, nos

congressos, principalmente a partir da Conferência de Educação para Todos

(1990), e posteriormente com a Declaração de Salamanca, que desencadeou o

debate versando sobre o movimento mundial da inclusão para todos. Na

literatura já há conhecimento produzido suficiente para avançar além do

discurso ideológico, produzindo conhecimento para uma educação inclusiva de

qualidade (Sailor, Gee e Karasoff, 1993; Glat, 1998 e Godoy 1999).

"A teoria em si não transforma o mundo. Pode contribuir para sua

transformação, mas para isto tem que sair de si mesma. Entre a teoria e a atividade prática

transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, de organização de meios

materiais e planos concretos de ação: tudo isso como passagem indispensável para

desenvolver ações reais e efetivas. Nesse sentido, uma teoria é prática na medida em que

materializa, através de uma série de mediações, o que antes só existia idealmente, como

conhecimento da realidade ou antecipação ideal de sua transformação". VASQUEZ (1977

p.206-207).

Para se aproximar de ideários inclusivos há que se ter políticas

educacionais que impliquem em tomadas de decisões, em todos os níveis

(político, governamental, social, comunitário, individual) que reflitam em um

sistema menos excludente.

As atividades especiais são um projeto inovador que reúne bem-estar,

conforto, segurança, lazer e atendimento especializado em um único lugar.

Uma iniciativa das escolas especiais da rede particular do Rio de

Janeiro, sempre em busca dos melhores serviços para o desenvolvimento da

pessoa com deficiência, seja física, mental ou sensorial.A integração é total e

as atividades são separadas por idade, aptidão ou desejo de aprender algo

diferente. Basta ter vontade de preencher o tempo com algo útil e agradável.

As atividades podem também complementar o período escolar,

melhorando sua qualidade de vida e dando à sua família a tranqüilidade de

saber que seu filho está desempenhando outras atividades em um ambiente

seguro e protegido.

A escola tem como objetivo alcançar o desenvolvimento da função

sensorial e motora, através do desenvolvimento psicomotor, visual, auditivo,

manual, tátil e linguagens para uma melhor organização das funções mentais

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superiores como: percepção, atenção, concentração, memória e linguagem.

Buscando a prontidão do aluno para iniciar seu processo de

alfabetização.

Para isso, a equipe é composta de médico neurologista e homeopata,

fonoaudiólogos, psicólogos, pedagoga, professoras especializadas,

fisioterapeutas, psicomotricistas e assistente social.

O desenvolvimento pedagógico se faz através do potencial do aluno.

Esse potencial irá sendo trabalhado até chegar uma prontidão, para que

leve o aluno a discriminação dos símbolos básicos para a aprendizagem

efetiva.

A escola oferece avaliação, orientação e acompanhamento psicológico a

criança/ adolescente, visando promover a reabilitação do comportamento

afetado pelos aspectos psicológicos baseando-se na possibilidade de

superação da dificuldade, na valorização das potencialidades e na capacidade

de alcançar respostas adaptativas a convivência social que lhe proporcione

melhor qualidade de vida.

Entendendo este ser na sua integralidade o trabalho da Psicologia se

inclui dentro de uma intervenção maior, multiprofissional, tornando-se assim

parte de uma intervenção global em que se faz também importante e

necessário a participação da família.

A escola se preocupa em avaliações pedagógicas, associados aos

diagnósticos das principais dificuldades e potencialidades de cada aluno.

Na revisão sistemática de todos os conteúdos desenvolvidos em cada

sala de aula, levando-se em conta a clientela existente, o funcionamento

cerebral e as orientações dos parâmetros curriculares nacionais.

O mais importante do que as mudanças físicas que são difíceis de

efetivar, são as mudanças de concepção, de atuação e de intervenção de toda

a equipe de profissionais envolvidos nesse trabalho. Algumas das modificações

sugeridas exigem uma completa reflexão sobre tudo aquilo que foi um dia

aprendido, revisão de alguns pilares da prática pedagógica e reformulação de

toda uma postura profissional.

Durante as atividades nas oficinas, os professores atuam com os alunos

e a intenção é pesquisar novos recursos e metodologias para o

desenvolvimento deles.

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Na oficina vivencial de ajudas técnicas e pedagógicas, são estudados os

materiais que trazem benefícios ao aluno portador de necessidade educativa

especial, em relação ao seu conforto e autonomia. As pesquisadoras observam

como as crianças se saem nas atividades e que dificuldades apresentam –

sobretudo de locomoção – procurando desenvolver materiais sob medida, que

melhorem o desenvolvimento, a autonomia e o conforto dos alunos. Os

professores das escolas especiais da rede particular do Rio de Janeiro, além

de se apropriar da técnica e da linguagem, estão desenvolvendo projetos

pedagógicos que utilizam a animação em desafios concretos de sala de aula. A

partir daí, pensar em formas de socializar e generalizar esse conhecimento. O

projeto leva crianças a conhecer jogos antigos, a montar brinquedos ópticos e a

produzir um curta de animação. “A animação possibilita desenvolver uma

infinidade de propostas, o estimulo à expressão, o trabalho com a escrita e a

elevação da auto-estima do aluno, tudo integrado com diversos conteúdos”.

Através da animação, a criança dá vida a personagens de seu imaginário e

transforma suas idéias em narrativas, descobrindo potencialidades que muitas

vezes as rotinas familiares e escolares sufocam.

“A criança desenvolve a capacidade de interligar o real ao imaginário e,

assim, favorece a constituição de novos conhecimentos e valores”. Brincar é

uma atividade que deve ser incentivada e encarada com seriedade pelos

adultos, respeitando-se os movimentos em que crianças e adolescentes

desejam brincar, jogar, construir algo novo, valendo-se da elaboração dos

conhecimentos existentes.

Os jogos são tecnologias intelectuais, compreendidas, segundo o

filósofo Pierre Levy, como elementos que promovem a construção ou a

reorganização de funções cognitivas como a memória, a atenção, a criatividade

e a imaginação e contribuem para determinar o modo de percepção e

intelecção pelo qual o sujeito conhece o objeto. As atividades lúdicas são

inerentes ao ser humano, independentemente do momento histórico que

estamos vivendo. O que muda são os artefatos, as tecnologias utilizadas, mas

o prazer de brincar é estruturado para o homem. O brincar sempre foi e será

uma linguagem utilizada para criar, imaginar, pensar, construir, aprender,

enfim, tornar-nos sujeitos desejantes.

As aulas de arte/oficina têm como maior objetivo promover as aptidões

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de cada aluno através de atividades que a escola oferece. Através da capoeira,

os alunos têm o objetivo de conseguir promover um desenvolvimento físico e

social melhor, aumentando o interesse pelas atividades físicas com boas

condições e aptidões. Os setores de fonoaudiologia e psicomotricidade têm

como grande objetivo a reabilitação da comunicação no que se refere aos

transtornos da fala, linguagem, voz, motricidade oral e distúrbios de

aprendizagem, favorecendo melhor integração do individuo ao meio social. O

trabalho de fisioterapia começa a partir do primeiro mês de vida, respeitando a

evolução corporal associando técnicas próprias para o desenvolvimento.

Todo processo de organização têm maior importância tanto na

estruturação corporal, como na preparação para alfabetização. É necessário

que o menor possua boa acuidade visual, convergência, motricidade ocular.

Para isso a ortoptica tem o papel de maior importância dentro do processo de

organização.

Hoje a concepção de deficiente não é mais de deixá-los numa instituição

e esperar o tempo passar. O tempo perdido não se recupera. Hoje recupera-se

o deficiente quando sabemos aproveitar o tempo, estudando e ajudando- o, e

sabendo primeiro que a obrigação é nossa e de todos.

Andar, falar, saber usar as mãos, compreender, ouvir, controlar as

emoções, saber usar sua visão, todas essas funções são comandadas pelo

cérebro. Se o cérebro não comanda devidamente, é porque ele está doente,

Isto quer dizer que a nossa criança antes de estudar precisa tratar do cérebro.

Não podemos mais deixar a nossa criança numa instituição esperando o tempo

passar. Pensando nesta profunda causa é que a escola vem tentando com

muito esforço, muita luta e muito trabalho, ser uma instituição que possa

realmente tratar do cérebro do nosso aluno.

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CONCLUSÃO

A escola de educação especial busca o desenvolvimento do aluno portador de deficiência mental. Assim a educação especial é um conjunto de recursos e de estratégias de apoio aos alunos e seus familiares. Portanto a importância da escola para a vida do deficiente é que é um espaço privilegiado para que se operem enlaces um trabalho que permita a produção de laços sociais, principalmente para aqueles que por dificuldades, encontra-se excluídos de uma circulação social. As expectativas do professor sobre o desempenho dos alunos funcionam com uma profecia educacional que se auto-realiza. O uso de habilidades intelectuais alternativas decorre do desenvolvimento da eficiência cognitiva das pessoas com deficiência mental. Os procedimentos utilizados para estimular essa eficiência têm por base á teoria da modificabilidade estrutural de Feuerstein (1979), que empregou essa expressão para designar a modificação permanente que se opera no indivíduo, quando participa de experiências de aprendizagem mediatizada. Traduz-se por um modo diferente de apreender a realidade, de estruturá-la e de interagir nela, que é de grande valia para que as pessoas com deficiência mental possam desempenhar papéis sociais, integrando-se, na medida de suas possibilidades, ao meio em que vivem. O empenho com que o professor vai realizar suas atividades terá como referencial as suas expectativas, que são subjetivas. Algumas turmas são contempladas com interações que determinam a apropriação de inúmeras habilidades e funções; e outras, não. O interesse pela adaptação ao meio e a valorização dos papéis sociais, presentes na maioria das propostas educativas atuais, decorrem da autonomia como finalidade da educação de pessoas com deficiência. Na medida em que a escola der a cada um a possibilidade de se desenvolver em direção a seus objetivos particulares, o interesse pelas matérias será maior. A participação estimula o interesse pelo assunto. A fim de que o aluno desenvolva seu raciocínio, convém que seja motivado para isso, que tenha oportunidade de raciocinar. A convivência na diversidade humana pode enriquecer nossa existência desenvolvendo, em variados graus, os diversos tipos de inteligência que cada um de nós possui. O fato de cada pessoa interagir com tantas outras pessoas, todas diferentes entre si em termos de atributos pessoais, necessidades, potencialidades, habilidades, etc. é à base do desenvolvimento de todos para uma vida mais saudável, rica e feliz. A educação especial para um portador de deficiência mental, da forma como vem sendo feita pode ser uma condição necessária e benéfica na perspectiva do rendimento escolar e social futura. Á medida que a todos acolher, educar e ensinar, respeitando as diferenças individuais e principalmente estimulando o desenvolvimento da capacidade do aluno em aprender. O aluno quando bem estimulado, alcança barreiras para o progresso futuro, vive mais disposto e feliz.

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ATIVIDADES CULTURAIS

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Sensu” Distúrbio de Comportamento Esquizofrênico: Um Problema de Aprendizagem do Ensino Fundamental nas Escolas Especiais Data da Entrega______________________________ Auto Avaliação ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Avaliado por:_____________________Grau________ _____________ ___ de ___________ de 2007