UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · PARA MINIMIZAR A INDISCIPLINA ESCOLAR...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL COMO FERRAMENTA
PARA MINIMIZAR A INDISCIPLINA ESCOLAR
Por: Isabel Cristina da Silva Soares de Lima
Orientador
Profª Geni Lima
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL COMO FERRAMENTA
PARA MINIMIZAR A INDISCIPLINA ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional e Pedagógica.
Por: Isabel Cristina da Silva Soares de Lima
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela fé e perseverança que eu tenho nele e por me dar a oportunidade
de concluir este curso. "A cada vitória o reconhecimento devido ao meu Deus,
pois só Ele é digno de toda honra, glória e louvor” ·
À minha mãe Alcinéia e ao meu padrasto Fernando pelo incentivo e apoio.
Ao meu avô Sabino, que é a minha fonte de inspiração e exemplo nos estudos
por todos estes anos, o meu MUITO OBRIGADA.
Em especial ao meu esposo Alixandre e à minha filha Rebeca que com muito
carinho e apoio, não mediram esforços para que eu alcançasse mais esta
etapa na minha vida.
À professora Geni Lima, pela paciência na orientação e incentivo que tornaram
possível a conclusão desta monografia.
Aos colegas e amigos do Colégio Geração 2000 e em especial aos diretores
gerais Paulo Cezar e Alexandra Paiva, por terem participado diretamente desta
conquista.
Aos meus colegas de curso, destacando a amiga e companheira Marília.
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DEDICATÓRIA
Ao meu marido Alixandre por sua
compreensão; minha filha, pelas noites
acordada até tarde, aguardando a
minha chegada; aos meus amigos do
Colégio Geração 2000.
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RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar a função do Orientador
Educacional frente à indisciplina escolar, bem como descrever a função do
Orientador escolar, além de acompanhar o crescimento indisciplinar frente à
atual situação educacional brasileira.
A falta de entendimento de regras e do estabelecimento de critérios
internos de valores. Problemas relacionados a desajustes familiares, distorções
de valores e de auto-estima que contribuem na ocorrência da indisciplina.
As questões ligadas à indisciplina são de natureza humana e têm sido
um dos obstáculos mais presentes nas escolas. Pretende-se ainda com esse
trabalho identificar concepções de disciplina e como professores, alunos e pais
as incorporam ao seu cotidiano e o desafio do Orientador Educacional para
negociar e prever ações que auxiliem professores no trabalho com alunos tidos
como “indisciplinados”.
Assim sendo, este trabalho tem como objetivo realizar uma reflexão,
através de revisão bibliográfica, da importância da sociedade, da família e da
escola neste quadro de indisciplina escolar. Busca levá-los a repensarem o seu
papel junto aos alunos, assim como a uma reflexão, por parte do professor,
com respeito ao seu trabalho pedagógico, primando pela melhoria da relação
professor-aluno.
Assim, entendemos que este trabalho de pesquisa norteará o serviço de
Orientação Educacional a se integrar aos demais setores da escola.
METODOLOGIA
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Este trabalho foi desenvolvido com um estudo qualitativo de cunho
bibliográfico em que, por meio desta metodologia, abordaremos a questão da
Orientação Escolar como ferramenta para a indisciplina escolar. Tendo como
base os seguintes autores: FREIRE, Paulo; Giacaglia Lia R. A. e Penteado,
Wilma M. A; VASCONCELOS, Celso dos S.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
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CAPÍTULO I - ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 10
CAPÍTULO II - RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO E A
INDISCIPLINA ESCOLAR 16
CAPÍTULO III – ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
E A INDISCIPLINA ESCOLAR 26
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 38
WEBGRAFIA 40
ÍNDICE 41
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre o
papel do orientador educacional e como ele pode agir frente às questões
relacionadas à indisciplina escolar.
Analisando diversos olhares, para Rocha (1996, p. 338),
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“indisciplina é a falta de disciplina, que significa regime de ordem, imposta ou livremente consentida, a ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização”.
Enquanto o dicionário Aurélio (1974, p. 702) aborda o termo como
indisciplina sinônimo de desobediência, desordem, rebelião.
Constatamos, através de pesquisas bibliográficas e práticas escolares, que a
indisciplina escolar vem aumentando cada vez mais.
É grande o desafio que os professores têm encontrado em relação à
indisciplina em sala de aula e na escola, tanto pública como particular. Uma
das questões mais discutidas no âmbito escolar está ligada à indisciplina, essa
constantemente gera muita polêmica, as causas são inúmeras e dificilmente se
chega a uma conclusão.
As manifestações de indisciplina, muitas vezes, podem ser vistas como
uma forma de se mostrar para o mundo, mostrar sua existência, em muitos
casos o aluno tem somente a intenção de ser ouvido por alguém, então para
muitos alunos indisciplinados a rebeldia é uma forma de expressão.
A indisciplina escolar não envolve somente características encontradas
fora da escola como problemas sociais, sobrevivência precária e baixa
qualidade de vida, além de conflitos nas relações familiares, mas aspectos
envolvidos e desenvolvidos na escola como a relação professor-aluno.
O papel da escola é construir situações para que os alunos se
apropriem do conhecimento, através de um ensino interdisciplinar, que mostre
a utilidade dos conteúdos apreendidos e a aplicabilidade dos mesmos no dia-
a-dia, além de reforçar os valores sociais, morais e éticos. Além disso,
problemas psicológicos e sociais atingem diretamente o rendimento escolar,
produto de uma sociedade na qual os valores humanos tais como o respeito, o
amor, a compreensão, a fraternidade, a valorização da família e diversos
outros foram ignorados.
Como se pode observar são muitas as iniciativas para um maior
entendimento e enfrentamento das questões relacionadas à indisciplina.
Contudo, a tarefa não é fácil, posto que envolve várias pessoas –
sociedade,família e escola – (co)responsáveis pelas causas de indisciplina.
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CAPÍTULO I
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
1.1 Breve panorama sobre a história da Orientação Educacional
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Art. 1º. – A Orientação Educacional se destina a assistir ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas escolares de nível médio e primário
visando ao desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o
para o exercício das opções básicas. Art. 5º. – Constituem atribuições do orientador educacional, além do aconselhamento
dos alunos e outros que lhe são peculiares, lecionar as disciplinas das áreas de Orientação Educacional.
Até a década de 70, em todo nosso país, a Orientação Educacional se
apoiou num referencial basicamente psicológico reforçando a ideologia de
aptidões. Com a Lei 5692/71, a Orientação Educacional passa a ser obrigatória
no Ensino de 1º e 2º graus, para atender o objetivo de “qualificação para o
trabalho” e de “sondagem de aptidões”. O artigo 10 refere-se: “Será instituída
obrigatoriedade a Orientação Educacional nas escolas, incluindo
Aconselhamento Vocacional, em cooperação com os professores, a família e a
comunidade”.
A partir das determinações desta lei, a Orientação Educacional
desenvolve a sua prática nas escolas, baseada no autoconhecimento, nas
relações pessoais, sondagem de aptidões e interesses, informações sobre as
profissões e mercado de trabalho. As técnicas de aconselhamento, entrevistas,
aplicação de testes, inventário de interesses, sociogramas, atendimentos a
problemas disciplinares pautam a ação cotidiana do Orientador Educacional.
Portanto, em 26 de setembro de 1973, é assinado o Decreto nº 72.846
regulamentando a Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968 que provê sobre o
exercício da profissão de Orientador Educacional.
GRINSPUN (2002) reúne todos os artigos sobre o tema Orientação
Educacional, situando o profissional desta área em várias questões do
cotidiano escolar, seu histórico e como a legislação rege tal trabalho. Ela situa
o leitor na história da profissão, a qual andou sempre junto à educação, “na
busca das finalidades de um projeto político-pedagógico formulado para a
escola em favor de seus próprios alunos” (GRINSPUN, 2002, p. 17).
Hoje, segundo GRINSPUN (2002) o Orientador Educacional não atua
mais por ser uma profissão que deva existir pela “obrigação”, pois na Lei
9394/96 não há a obrigatoriedade da Orientação,
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“mas por efetiva consciência profissional, o orientador tem espaço próprio junto aos demais protagonistas da escola para um trabalho pedagógico integrado, compreendendo criticamente as relações que se estabelecem no processo educacional.” (GRINSPUN, 2002, p.28)
A Orientação está nomeada, segundo a autora, como fazendo parte da
educação e por esse motivo deve pensar, hoje, nas dimensões sociais,
culturais, políticas e econômicas na qual ela acontece. Por esse motivo,
devem-se definir as tarefas de um orientador engajado com as transformações
sociais, com a do momento histórico em que está inserido.
Para GRINSPUN (2002), Orientação Educacional nos dias de hoje
possui papel mediador junto aos demais educadores da escola, buscando
assim o resgate de uma educação de qualidade nas escolas.
1.2 O papel do orientador Educacional
O orientador educacional é um dos profissionais da equipe de gestão.
Ele trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento
pessoal; em parceria com os professores, para compreender o comportamento
dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles; com a escola,
na organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade,
orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis.
Acredita-se que a função do Orientador educacional está relacionada
apenas ao acompanhamento de problemas, ao atendimento de situações
emergenciais e ao encaminhamento de alunos a especialistas. É
caracterizado, nesse sentido, como um trabalho isolado, desarticulado dos
outros setores, e é semelhante ao que nos fala Vasconcellos (2002,p.80) sobre
a “síndrome do chamamento”:
... O trabalho da orientação é deixar de dar status cientifico à discriminação feita em relação aos alunos .., diante de
qualquer problema o professor já rotulava o aluno ... E contava com o endosso da orientação. Tal prática alimentava uma
outra distorção: a “síndrome do encaminhamento” (prática de mandar o aluno para a orientação ou direção), que por sua vez,
provocava outra síndrome: “síndrome do chamamento” (fica convocando os pais para dizer que o filho tem problema).
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É importante que o Orientador Educacional seja consciente de que sua
prática precisa estar engajada com as novas tendências da educação, para
que possa elaborar novos projetos que promovam a participação do aluno no
planejamento das atividades escolares, considerando-o agente participante do
processo educacional e social. As novas tendências da educação propõem
que se busque formar cidadãos críticos e atuantes. O aluno que é a razão de
existir a escola, necessita do trabalho deste profissional, pois é o Orientador
Educacional quem se preocupa com a formação pessoal, escolar e para a
vida. O Orientador Educacional se faz necessário por ser um mediador entre o
aluno e o meio social. Através de sua atuação contribuirá para elaboração de
novos projetos com alunos, podendo discutir questões como: valores, atitudes
democráticas, entre outros temas que visem à inclusão da escola no contexto
social, político e econômico. O Orientador Educacional poderá contribuir para a
transformação da escola em um local de busca constante de soluções de
problemas, planejando momentos culturais em que a família, juntamente com
seus filhos, possa participar ativamente. Servindo de ligação entre o aluno e a
família, compreendendo a realidade, os interesses e as necessidades dos
mesmos.
A organização da escola, em quaisquer dos seus aspectos, deve ter em
vista a atenção máxima para o educando, a escola existe em função dele, e
portanto, para ele deve ser a criação de condições e de situações favoráveis
ao seu bem estar emocional e ao seu desenvolvimento em todos os
sentidos: cognitivo, psicomotor e afetivo, a fim de que o mesmo adquira
habilidades, conhecimentos e atitudes que lhe permitam fazer face às
necessidades vitais e existenciais.Na promoção destas condições e situações,
um dos fatores mais decisivo é o Orientador. Suas atitudes, práticas e
desempenhos promovem um impacto significativo no educando.
Conforme Grinspun (2001), quando a escola trabalha as questões
sociais, ela está exercendo o seu real papel pedagógico. Todo projeto político
da escola deve estar em consonância com o avanço da própria sociedade. O
trabalho do Orientador Educacional nessa dimensão é contínuo, dinâmico e
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permanente. Sua atuação na escola contribuirá para a aquisição do
conhecimento a ser construído, oferecendo-lhe os meios necessários para tal
atividade.
Segundo Heloísa Lück (1991), “Planejar a Orientação Educacional
implica delinear o seu sentido, os seus rumos, a sua abrangência e as
perspectivas de sua atuação. Vale dizer que esse planejamento envolve antes
de tudo, uma visão global sobre a natureza da Educação, da Orientação
Educacional e de suas possibilidades de ação”.
Durante o planejamento o Orientador Educacional deverá ter disponível
a legislação específica que, como vimos ao regulamentar a profissão, delimitou
suas atribuições. Trata-se da Lei n.º 5564 de 21.12.1968, regulamentada pelo
decreto n.º 72846 de 26.09.1973. Os artigos 8.º e 9.º, do referido decreto,
definem mais especificamente, em âmbito nacional, as atribuições do
Orientador Educacional. Dada a importância de seu conhecimento, esses dois
artigos são transcritos, a seguir.
Art. 8º São atribuições privativas do Orientador Educacional: a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de: 1 - Escola; 2 - Comunidade. b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas. c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global. d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando. e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vista à orientação vocacional. f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando. g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial. h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar. i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específicas do ensino. j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.
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l) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional. Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições: a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade; b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar; c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola; d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de turmas e grupos; e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos; f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários; g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade; h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.
A Orientação Educacional tem certas ações fundamentais clássicas a
serem desempenhadas no contexto pedagógico em que estejam inseridas,
funções essas cujo sentido não é estático, mas sim, transforma-se
continuamente, em razão da interação múltipla de variados fatores, que ocorre
no processo dinâmico da prática social pedagógica.
Assim, fica evidente que nem toda comunidade escolar tem clareza
sobre a real função do Serviço de Orientação Escolar. Acredita-se que tal
equívoco justifica-se pelo fato de o Serviço de Orientação Escolar ter
desempenhado, ao longo de muitos anos, um papel disciplinador e,
posteriormente, um papel de psicólogo, de conselheiro, de coordenador. Nesse
sentido, deixou de lado sua principal função social, de formar cidadãos através
de normas e conhecimentos da sociedade em que vivem a fim de poderem
analisar, refletir e agir, de maneira consciente, nas relações que se
estabelecem no convívio social.
Orientadores Educacionais são antes de tudo, educadores, e a
finalidade de toda e qualquer ação orientadora é educativa. Se a escola é uma
instituição que tem por finalidade ensinar bem à totalidade dos alunos que a
procuram, Orientador Educacional têm por função fundamental mobilizar os
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diferentes saberes dos profissionais que atuam na escola, para que a escola
cumpra a sua função: que os alunos aprendam.
CAPÍTULO II
RELAÇÃO PROFESSOR / ALUNO E A INDISCIPLINA ESCOLAR
2.1- O PAPEL DO PROFESSOR
O professor é o grande agente do processo educacional, diz o Dr.
Gabriel Chalita, autor do livro "Educação - a solução está no afeto". E ele
prossegue: "A alma de qualquer instituição de ensino é o professor. Por mais
que se invista na equipagem das escolas, em laboratórios, bibliotecas,
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anfiteatros, quadras esportivas, piscinas, campos de futebol - sem negar a
importância de todo esse instrumental -, tudo isso não se configura mais do
que aspectos materiais se comparados ao papel e à importância do professor.
A interação professor-aluno ultrapassa os limites profissionais e
escolares, pois é uma relação que envolve sentimentos e deixa marcas para
toda a vida. Observamos que a relação professor-aluno, deve sempre buscar a
afetividade e a comunicação como base de construção do conhecimento e
emocional. A dimensão do ensino e da aprendizagem em sala de aula é
marcada por um tipo especial de relação, a qual envolve o professor e aluno
na mediação e apropriação do saber. É importante enfatizarmos essa posição
do professor na relação: trata-se de um mediador e não de um detentor do
saber.
Ser professor não se constitui em uma simples tarefa de transmissão de
conhecimento, pois vai mais além e também consiste em despertar no aluno
valores e sentimentos como o amor do próximo e o respeito, entre outros. O
educador não é simplesmente um repassador de conhecimentos para seus
alunos, pois o seu papel é bem mais amplo, porque ultrapassa uma simples
transmissão de conhecimentos.
É urgente pensar na figura do professor como a de um mediador e não
como “o detentor do saber”. Esse profissional deve estar aberto ao dinamismo,
ao diálogo e às intervenções dos alunos sem perder, no entanto sua
autoridade. Se ele agir isoladamente com se fosse dono de todo o
conhecimento estará se distanciando dos alunos e facilitando para que se
transformem em indisciplinados.
Segundo GADOTTI (1999, p. 2),
“o educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida”.
Os professores devem ter consciência que possui expectativas e
desejos diferentes a respeito de alguns alunos. Desta forma, esta expectativa
do professor, faz com que ocorra uma motivação por parte do aluno,
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melhorando então o seu comportamento. Mas quando o professor possui
expectativas de fracasso, esta se concretiza de forma mais eficaz do que
quando o professor possui expectativas de êxito. Sendo assim, o professor
deve se policiar para não dividir em dois grupos seus alunos. Os que sempre
queremos estar com eles, e os que faríamos qualquer coisa para que
desaparecessem, pois para estes, ele sempre terá expectativas de fracasso.
As expectativas que o professor faz perante os seus alunos, sejam elas boas
ou más, é a mola impulsora do aprendizado.
Quando o professor ignora ou diferencia o tratamento entre os alunos,
está tendo uma postura discriminatória, prejudicando a relação e influenciando
no comportamento dos alunos. Sempre se deve lembrar que a relação
professor – aluno é uma relação profissional. Os preconceitos estabelecidos
pelos professores por determinados grupos de alunos ou de um aluno,
influencia na sua atitude e conduta com relação a esses alunos. Estes
preconceitos são adquiridos nas primeiras impressões sobre os alunos, e
através delas é que irá depender a relação entre o professor e os alunos, se
estas serão boas, más ou se irá se estabelecer uma relação. Por isso, é
necessário que os professores não se prendam em opiniões alheias, para que
não se formem pré-conceitos dos alunos.
Vale lembrar que cada professor adota uma linha própria em sua
atuação. Mas, apesar de constantes aperfeiçoamentos e de pedagogias
progressistas estarem ganhando espaço, ainda há aquele professor que atua
tradicionalmente. O professor usa da sua autoridade para fazer cumprir as
regras sem discussão e o aluno fica sem qualquer possibilidade de agir
espontaneamente.
Então a reação professor e aluno passam a “desenvolver um ódio surdo
e paralisante que, por debaixo da falsa harmonia do respeito formal, destrói o
relacionamento e o compromisso educacional” (VASCONCELLOS, 2000, p.
30).
Em contrapartida, existe a visão liberal, na qual os professores procuram
deixar o aluno livre, permitindo todo tipo de manifestação, julgando que ele
deve ter responsabilidade e para isso precisa ter liberdade total. A teoria do
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“cada um na sua” significa “repressão, implica que o professor na sua trincheira
decreta unilateralmente a paz, encosta de lado a metralhadora do professor
tradicional e levanta a cabeça”. E os alunos, do outro lado da “terra de
ninguém” têm, então, a oportunidade de mandar as suas balas. Perplexo, o
professor cai ferido, perguntando “por que isto se está lhes oferecendo a
liberdade?” (VASCONCELLOS, 2000, p. 32).
A indisciplina passiva não apresenta atos de rebeldia, mas em
contraposição, também não desenvolve qualquer das tarefas que lhe são
propostas. Já na prática liberal, o professor não consegue deixar tudo claro a
respeito do que e como os alunos devem desenvolver suas atividades, e não
consegue trabalhar como deveria, pois não soube colocar parâmetros e limites
para o desenvolvimento das atividades.
Há ainda professores que atuam se equilibrando entre as duas
tendências pedagógicas, em que a procura de aperfeiçoamento e mudança se
faz constante. Sendo assim, se tornam pessoas críticas, com capacidade de
auto-análise, maleáveis e dispostos a modificar a realidade. Mas estes
professores também esbarram em problemas de indisciplina, pois o aluno que
passa por vários professores acaba por não saber agir de acordo com a
proposta de cada um deles, confundindo um pouco as normas. Também se
deve considerar que os fatores externos (emocionais, familiares, sócio-
econômicos) interferem na atitude de cada um.
As normas de convívio devem ser claras para que possam ser
entendidas e aplicadas conforme as necessidades para obter soluções
disciplinares nas escolas. A ideia é tornar claro o que não pode ser feito e ter
punições definidas para cada ato irregular, tudo com o comprometimento de
todos. As normas devem ser definidas em reuniões, escritas e assinadas em
ata.
O professor não pode desistir ou se acomodar. Não pode deixar que a
educação silencie e limite os alunos e que impeça seu desenvolvimento
criativo e participativo em sala de aula. Almeja-se uma educação que valorize
as organizações coletivas e que contribua para a construção da autonomia e
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para o desenvolvimento intelectual dos alunos, a fim de que se conquiste uma
sociedade democrática.
O professor tem grande responsabilidade, pois ele é um dos principais
modelos dos alunos e sua postura influência na conduta, no comportamento e
na disciplina dos mesmos. Os professores devem promover o bem estar na
sala de aula, mantendo um clima de interesse, atenção e respeito, pois a partir
do instante que ele atua como mediador entre o aluno e o objeto de
conhecimento dentro de um ambiente harmônico, estará incentivando os
alunos a interagirem neste mesmo clima. Ele atuará como ponto de equilíbrio
na obtenção da organização e disciplina durante o processo ensino-
aprendizagem.
Os professores devem estar preparados não só profissionalmente, mas
emocionalmente para lidar com os mais variados tipos de alunos, com
diferenças relacionadas à cultura, ao ambiente em que vivem e a família. Por
esse motivo é um grande equívoco professores quererem que os alunos
tenham comportamentos padronizados, já que são tão diferentes em sua
formação.
Geralmente estes professores não preparam bem as suas aulas e lidam
com um aluno “padrão”, “ideal” e não com o aluno concreto que recebem
anualmente em suas classes, com todas as suas diferenças e necessidades;
transmitem conhecimentos abstratos e fragmentados, longe da realidade
deles, fazendo com que a escola se torne enfadonha sem atrativos e distante
de qualquer objetivo concreto que possa levá-los a estudar. Dessa forma,
desmotivados e sem atenção no foco de interesse, passam a preencher o
tempo com comportamentos inadequados e até agressivos como forma de
manifestarem o desapontamento e a revolta com a indiferença do professor.
Os professores atuais devem desenvolver competências relacionadas a
criar, estruturar, dinamizar situações de aprendizagem, estimulando a
autoconfiança dos alunos em suas capacidades individuais.
Frequentemente ouvimos os seguintes discursos: “essa classe é
demais”, “esses alunos não tem jeito”, “os pais são omissos, nunca aparecem”.
Esses discursos são bastante freqüentes, onde professores não preparados
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tentam jogar toda a responsabilidade do fracasso escolar, nos alunos e nos
pais.
Outra causa da indisciplina, é o preconceito, que circula livremente na
escola. Percebemos através das falas, das atitudes dos professores,
funcionários e até mesmo entre alunos as diferenças de tratamento. Os
pobres, os favelados, os negros são mais responsabilizados pelas atitudes de
indisciplina, não raro, injustamente. São classificados de vagabundos,
violentos, delinqüentes, etc.
É preciso que o professor perceba que o aluno indisciplinado não é mais
aquele que conversa ou se movimenta na sala de aula. Mas, sim aquele que
não tem limite, não respeita os sentimentos alheios e que tem dificuldades de
se relacionar com os outros e se autogovernar.
VASCONCELLOS(1995) nos diz que, existem dois tipos de indisciplina:
uma ativa que gera “bagunça” e outra passiva , que é aquela em que o aluno
até faz silêncio, fica quieto, porém o educador não consegue estabelecer
interação com o educando.
Percebemos que alguns alunos agem de forma diferenciada com os
professores, com alguns são totalmente indisciplinados, com outros, prestam
atenção, fazem silêncio, participam da aula, questionam, sugerem, enfim, há
um relacionamento equilibrado, de interação e troca de conhecimentos. VASCONCELLOS (1995, p. 41) nos diz que:
O educador, num primeiro momento, pode assumir a responsabilidade pela disciplina, enquanto articulador da proposta, levando no entanto a classe a assumí-la
progressivamente.Tem como parâmetro não a sua pessoa (“autoridade”) mas as necessárias condições para o trabalho coletivo em sala de aula.
O professor deve organizar e planejar muito bem suas aulas, usando
uma metodologia adequada, a fim de que os mesmos não caiam no improviso
dos conteúdos, procurando dessa forma atender as necessidades e
expectativas de seus alunos, mostrando-lhes onde podem aplicar tais
conteúdos no decorrer de suas vidas, dando significado ao que está sendo
trabalhado.
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O trabalho do professor em sala de aula e seu relacionamento com os
alunos são influenciado e expresso pela relação que ele tem com a sociedade
e com cultura. ABREU e et al (1990, p.115), afirmam que “é o modo de agir do
professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade
que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se
numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete
valores e padrões da sociedade”.FREIRE (1996, p.96), enfatiza que as
características do professor que envolve afetivamente seus alunos afirmando
que:
O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua
aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham
as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.
Quanto à influência do professor na história pessoal do aluno o mesmo autor
enfatiza:
“[...] o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o
professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio,
burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca”. (FREIRE, 1996,p.96)
É importante que os professores reflitam que além das regras
disciplinares, é necessário que os mesmos conquistem os alunos
demonstrando respeito e estima por eles, valorizando seus esforços, suas
atitudes, seus trabalhos, procurando estabelecer normas de convivência como,
hora de conversar, de descansar, pois se o aluno for envolvido na elaboração
e construção das regras disciplinares ele se sentirá comprometido e
responsável por elas. Quando o professor possibilita ao aluno participar da elaboração das
regras disciplinares da sala de aula de modo que ele venha a acreditar nelas, o
mesmo sente-se comprometido pelo cumprimento das mesmas,
proporcionando um ambiente favorável, agradável e harmonioso ao
desenvolvimento da aprendizagem.
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Só se conseguirá a disciplina desejada no momento em que se trabalhar
de forma coletiva na escola, num processo em que todos os professores
tenham uma mesma linha de ação, orientando o aluno, para que se torne
responsável pela sua própria aprendizagem e pelo seu sucesso escolar.
É de fundamental importância que a escola construa seu projeto político
pedagógico com a participação de toda comunidade escolar (professores,
gestores escolares, pais, alunos, equipe técnica e de apoio, representantes
religiosos e associações comunitárias), procurando estabelecer objetivos,
metas, fins, ou seja, parâmetros comuns para a instituição, onde todos sintam-
se responsáveis pela execução e elaboração do mesmo.
A relação entre professor e aluno depende do clima estabelecido pelo
professor, da relação positiva com seus alunos, de sua capacidade de ouvir,
refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e das associações entre o
seu conhecimento e o deles.
O professor tem que repensar seu papel, mantendo constante o
processo de auto formação e identificação profissional, tornando-se capacitado
e atualizado dentro das novas propostas de educação e do contexto global,
buscando sempre educar para as mudanças, para a autonomia, trabalhando o
lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus
deveres e de suas responsabilidades sociais.
2.2- O PAPEL DO ALUNO
O pensar de Vasconcellos (2000, p. 57-59) faz refletir sobre a função
social da escola, que deixou de ser o lugar de busca de ascensão social, o que
acarretou uma desorientação enorme em alunos, pais e professores, que
sentem dificuldades de entender a efetiva função social da escola. Deve-se
deixar claro para o aluno que ele deve respeitar o pensar da escola, assim
como esta deve respeitá-lo no que pensa. Criar uma espécie de pacto social,
usando coerência no momento de estabelecer regras escolares.
O aluno, principal alvo das reflexões, precisa conhecer exatamente o
sentido da escola.
23
Para a escola, ter disciplina é manter a ordem, como expressa Passos
(1996, p. 118) e para isso são estabelecidas regras, que servem para
desenvolver nos alunos “uma dependência quase infantil, que os impede de
crescer como sujeitos auto-suficientes e automotivados”.
Disciplina é uma prática social, porém “ter disciplina para realizar algo
não significa ser disciplinado para tudo” (CARVALHO, 1996, p. 137). Em
muitos momentos, é necessário fugir da ordem ou do padrão comportamental
para que o ensino/aprendizagem aconteça.
Precisamos considerar que “disciplina é a postura do aluno em querer
aprender e indisciplina é parte do processo educativo” (VOLKER, 2000, p. 56).
Não é todo dia que o aluno vai para a escola predisposto à aprender, existem
momentos em que ele não quer aprender, que o seu interesse está voltado
para outros assuntos que traz consigo para a sala de aula. Essa indisciplina
pode ser considerada normal, mas o que vem acontecendo nas escolas é a
não-disciplina tida por Volker (2000, p.59) como uma postura contra o
processo educativo, o aluno não tem nenhuma vontade de estar na escola,
não tem respeito por ela e tampouco postura para frequentá-la.
Uma análise crítica sobre família, sociedade e escola, pode concluir
alguns traços dessa postura, porém nem família, nem escola ou sociedade
podem ser consideradas culpadas por isso, apesar de apresentarem fatores
contribuintes para tal acontecimento. O aluno que chega à escola com certo
grau de motivação normalmente é aquele que se adequa às normas e faz
parte do sistema escolar sem causar conflitos. Para estar motivado, é preciso o
incentivo da família para a educação, tornando indispensável à integração
família/escola, assim como é também necessária certa compatibilidade entre o
que é ensinado e seus interesses.
Portanto, as relações professor/aluno e aluno/aluno são essenciais para
manter a disciplina. Tapia (2000, p. 90) considera que “os processos de
ensino-aprendizagem são satisfatórios quando se estabelece uma conexão,
uma sintonia entre o professor e os alunos”.
Os atos caracterizados como indisciplinados na escola estariam
relacionados à atitude do aluno, como por exemplo: falar ao mesmo tempo em
24
que o professor atrapalhando as aulas; responder com grosserias; brigar com
outros alunos ou mesmo entre professor e aluno; bagunçar; ser desobediente;
não fazer as tarefas escolares (OLIVEIRA, 1996).
O aluno que não está integrado ao processo ensino-aprendizagem passa a
apresentar comportamentos que causam preocupação à escola, são
manifestações que surgem na forma de agitação ou, contrária a ela,
comportamentos de apatia e descomprometido. Manifestações pacíficas,
quase estáticas, do silêncio e alienação às regras impostas
(VASCONCELLOS, 2000). Se a disciplina constitui normas impostas para que
haja uma melhoria no ambiente escolar, a anulação ou esquiva do indivíduo da
convivência e da manifestação de seu modo de pensar e se expressar nesse
ambiente é também uma forma de reagir às normas ou regras, portanto é uma
forma de indisciplina.
Volker (apud PERIN e CORDEIRO, 2004) define a indisciplina ou a não-
disciplina, presente nas escolas hoje, como um posicionamento contrário ao
processo educativo, onde o aluno não tem nenhuma vontade de estar na
escola, não tem respeito pela escola e nem postura para freqüentá- la.
Quando a sociedade não oferece condições de emprego e chance
profissional aos jovens, devido à falta de perspectivas, este fica desmotivado e
a tarefa de motivar recai nos professores, que nem sempre tem preparo
profissional ou mesmo vocação para isto,
“além da comunicação explícita, daquilo que o professor diz e explica, ele comunica muitas outras coisas: maneira de raciocinar, estilo cognitivo, personalidade, atitudes, valores. Sabe-se que as atitudes, os valores, a ética se mostram não se demonstram” (TAPIA, 2000, p. 92).
Tapia (2000, p. 113-123) simplifica os fatores motivacionais, reduzindo-
os a quatro grupos: “a informação recebida se processará em melhores
condições se existir atenção, se for considerada útil, se prever que se vai Ter
êxito e se a atividade produzir alguma satisfação”. Relaciona, ainda, a
qualidade motivacional com as funções intrínsecas de cada indivíduo:
satisfazer a própria curiosidade (aluno curioso); cumprir as obrigações (aluno
consciencioso); relacionar-se com os demais (aluno sociável); e obter êxito
25
(aluno que busca êxito). O trabalho a ser desenvolvido na sala de aula deve
procurar uma forma de atingir a todos.
A sociedade mudou, a família também, o aluno de hoje é diferente, mas
a escola continua com seus métodos de ensino como a décadas atrás. Assim,
o comportamento indisciplinado do aluno sinalizaria que algo na escola e na
sala de aula não está ocorrendo de acordo com as expectativas principalmente
dos alunos, e mais, estes estariam reivindicando mudanças necessárias para
que se realize o objetivo da escola: uma educação de qualidade, que desperte
o interesse do aluno pelo aprendizado e pelo ambiente escolar. Segundo
Aquino (1996) "estamos em outro tempo e precisamos estabelecer outras
relações". O aluno precisa ser considerado no meio ou momento histórico em
que está inserido.
CAPÍTULO III
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E A INDISCIPLINA ESCOLAR
Desde seu nascimento, todo ser humano é submetido a regras externas,
assim quando adquire padrões de comportamento se torna um indivíduo
socializado e faz com que atue, sinta e pense de forma semelhante aos
demais com quem convive.
Para Foucault (1992, p. 119) disciplina é “como uma forma de exercício
de poder nos espaços sociais, cuja organização não é garantida no seu
cotidiano pelas leis maiores”. As práticas de poder segundo ele, não são algo
que se possui, não tem lugar e está espalhada por toda parte. A ideia básica
(Foucault, op.cit, p. 130), é de “mostrar que as relações de poder não se
passam fundamentalmente nem ao nível do direito, nem da violência, nem são
basicamente contratuais, nem unicamente repressivas, mas existe uma
concepção positiva do poder”. O autor chama-nos a atenção que a dominação
capitalista não teria condições de se sustentar se fosse baseada na repressão.
Compreende-se que existe um aspecto positivo no poder, quando ele é
assumido através dessas práticas que procuram alcançar a eficácia, controlam
26
as ações para que os homens possam render mais, fazer desenvolver as suas
potencialidades e aperfeiçoar suas capacidades.
Já Vasconcellos defende que:
“A disciplina consciente e interativa, portanto pode ser entendido como o processo de construção da auto-regulação
do sujeito e/ou grupo que se dá na interação social, e pela tensão dialética adaptação-transformação, tendo em vista atingir conscientemente um objetivo.” (VASCONCELLOS,
2000, p. 42).
A pessoa que, de forma passiva, aceita os limites impostos também
pode ser caracterizada como indisciplinada. Isto vem ao encontro das palavras
de Freire, apud Vasconcellos (2000, p. 41): “Ninguém disciplina ninguém.
Ninguém se disciplina sozinho. Os homens se disciplinam em comunhão,
mediados pela realidade”.
A indisciplina escolar sempre foi um obstáculo ao bom andamento
pedagógico. Hoje, porém, as escolas passam por um momento crítico uma vez
que essa situação vem se agravando progressivamente. Ocorrências diárias,
dentro e fora das salas de aula, refletem-se na família e em outras instituições
da sociedade. Por outro lado, a indisciplina escolar pode ser vista como um
mero reflexo da indisciplina generalizada em que se encontra a humanidade
atualmente. Diante do caos instalado, professores e dirigentes não conseguem
exercer seu papel de autoridade, sentindo-se impotentes.
É preciso definir o que seja indisciplina, conceito que pode ser
interpretado de diversas formas. A princípio, um sujeito indisciplinado é o que
apresenta um comportamento desviante de uma norma social. Dessa forma, o
que é considerado comportamento normal em dado segmento da sociedade
pode ser visto como indisciplina em outro contexto, dependendo das normas
explícitas ou implícitas que estejam sendo desrespeitadas.
Observando os conceitos de disciplina no sentido geral, percebe-se que
está diretamente ligada a todos os meios, refletindo principalmente nas escolas
que são responsáveis em ajudar no desenvolvimento dos indivíduos em todos
os seus aspectos. A disciplina, antes de ser cobrada, tem que ser ensinada. O
aluno deve saber o que é disciplina e porque precisa dela. Os hábitos dos
alunos quando trazidos para o ambiente escolar devem ser trabalhados e
27
modificados para que haja um compartilhamento do espaço e
consequentemente de suas atitudes. Nem sempre esse processo de
transformação acontece ocasionando dificuldades de convivência e/ou atritos,
conflitos que podem ser interpretados como indisciplina.
A indisciplina se manifesta em diferentes níveis, indo de pequenas
perturbações (como entrar sem bater, interrompendo a aula) até o vandalismo
e os atos de violência contra a pessoa física. Infelizmente, na atualidade, as
perturbações são vistas como ocorrências normais e inevitáveis, considerando-
se como indisciplina apenas as transgressões de maior vulto, como agressões,
destruição e roubo.
Se por um lado as normas não são claras, por outro vivemos um
momento cultural em que a sociedade como um todo desvaloriza as regras da
boa convivência. Valorizado pela mídia é o levar vantagem, o tirar proveito, ou
seja: individualismo em primeiro lugar na busca pelo prazer e satisfação
imediata.
A indisciplina manifestada por um indivíduo ou um grupo, é
compreendida, normalmente, como um comportamento inadequado, um sinal
de rebeldia, intransigência, desacato, traduzida na “falta de educação ou de
respeito pelas autoridades, na bagunça ou agitação motora". Nessa visão, as
regras são imprescindíveis ao ajustamento, ordenamento e controle de cada
aluno e da classe como um todo. Segundo Wallon (1975, p. 379) o que se
busca é
“obter a tranqüilidade, o silêncio, a docilidade, a passividade das crianças de tal forma que não haja nada nelas nem fora delas que as possa distrair dos exercícios passados pelo professor, nem fazer sombra à sua palavra”.
Neste contexto, o conceito de disciplina está associado à tirania, a
opressão e enquadramento. Sendo assim, "apresentar condutas
indisciplinadas pode ser entendido como uma virtude: desafiar os padrões
vigentes, se opor à tirania muitas vezes presente no cotidiano escolar" (REGO,
1996, p. 85).
A indisciplina pode representar de um lado, a discordância a práticas de
excessivo autoritarismo, tirania e, de outro, estímulo a uma espécie de tirania
28
às avessas, na qual o projeto pedagógico fica submetido à vontade do aluno
ou do adolescente. A vida em sociedade pressupõe a criação e o cumprimento
de regras e preceitos capazes de nortear as relações, possibilitar o diálogo, a
cooperação e a troca entre membros deste grupo social. A escola, por sua vez,
também precisa de regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da
convivência entre os diferentes elementos que nela atuam. Nesse sentido, as
normas deixam de assumir a característica de instrumentos de castração e,
passam a ser compreendidas como condição necessária ao convívio social.
Neste modelo, o disciplinador é aquele que educa, oferece parâmetros e
estabelece limites (REGO, 1996).
Baseando-se nessa definição, é muito importante verificar, então, quais
são essas normas e até que ponto as normas implícitas estão claras. Muitas
vezes as normas explícitas (Regimento Escolar, por exemplo) não são tão
explícitas quanto deveria ser, ou seja, não chegam ao conhecimento de todos
e seu cumprimento não é realizado sequer por professores e funcionários,
dando a impressão de que tais normas não têm valor. Enquanto que as
normas implícitas têm, muitas vezes, relação direta com a educação recebida
em casa. Assim, espera-se que o aluno saiba que deve bater na porta e
aguardar autorização para entrar em sala. No entanto, o que se observa na
prática é que tal conduta nunca lhe foi ensinada ou cobrada.
Os fatores citados estão diretamente ligados ao contexto escolar,
entretanto, sabemos que não estão somente neste contexto os elementos que
promovem a indisciplina. Há toda uma rede social que envolve a escola: a
família, as relações com outros grupos sociais, imagens, que são produzidos
pelos meios de comunicação social, e que atuam diretamente na construção
de modelos, de comportamentos a serem imitados, reproduzidos.
A relação familiar é repleta de afetividade o que dificulta a visualização
dos problemas e dificuldades de forma ampla, ou seja, para um pai é difícil
entender que seu filho possa ter atitudes de desrespeito diante do professor,
por exemplo.
Assim, a agressividade pode surgir dentro do ambiente familiar e é um
dos fatores que podem intensificar o aparecimento da indisciplina do aluno na
29
escola. A interpretação psicanalítica utilizada na educação sugerindo que as
dificuldades de aprendizagem estariam ligadas a problemas emocionais ou
traumas vividos na infância estaria tornando a educação dada aos filhos
permissiva, pelo medo do uso do autoritarismo e com dificuldades para o
estabelecimento de limites, normas ou mesmo valores individuais e coletivos
(PERIN e CORDEIRO, 2002).
Quando os pais possuem dificuldades em exercer sua responsabilidade
de estabelecer limites, transmitir valores para seus filhos, e não o fazem,
podem ser considerados como indisciplinados. Os pais são os principais
educadores. Às vezes, ficam meio confusos frente à atitude dos filhos, e não
sabem como agir, saber o que é correto ou não em determinados momentos,
não querendo assumir uma posição autoritária acabam por permitir tudo com
medo que o filho venha a sofrer algum trauma, acabam tendo atitudes que não
somente geram indisciplina, mas que são indisciplinadas por não fornecer
condições para que a criança tenha comportamentos adequados no convívio
com outras pessoas, independente do contexto envolvido: familiar, escolar,
social, entre outros.
Segundo a professora de psicologia Marilda Lipp, apud Venturi (1999,
p.41), “O comportamento frouxo não faz com que a criança ame mais os pais.
Ao contrário, ela os amará menos, porque começará a perceber que eles não
lhe deram estrutura, se sentirá menos segura, menos protegida para a vida”. A
liberdade em casa pode ser estabelecida mesmo que existam regras, pois ser
livre é ter opção de escolha, poder decidir sobre aquilo que tem vontade, o que
leva a agir com responsabilidade e sem ultrapassar os limites a que está
sujeito.
Quando os pais se preocupam com a educação dos filhos, existe uma
chance maior de que a disciplina se estabeleça, pois “na maioria das vezes, os
pais agem movidos pelo mais legítimo e verdadeiro desejo de acertar, de dar
aos filhos o que de melhor eles têm. Nem sempre, porém o conseguem”
(ZAGURY, 1997, p. 89).
Outra dificuldade está na falta de diálogo. Conforme cita Pereira (2001):
Os pais ocupam-se pouco da educação e do acompanhamento dos filhos, porque dispõem de pouco tempo para eles,
30
ocupados estão o dia inteiro a ganhar dinheiro para o essencial e muitas vezes cedendo com facilidade a chantagens
emocionais dos filhos, no sentido de obterem cada vez mais facilidades e maior permissividade. Também a geração dos
atuais pais é de certo modo vítima de uma progressista indiferenciação de valores que vem se acentuando cada vez
mais. A televisão os media (...) oferecem modelos assentes no incentivo ao consumismo cada vez maior...
De acordo com Vasconcellos (2000, p. 24),
“Os responsáveis pela família de classe pobre acabam tendo que trabalhar mais para poder garantir a sobrevivência. Os de família de classe média e alta, de um modo geral, trabalham mais para poder consumir mais e sustentar um padrão de vida mais elevado que os demais. (...)”.
Há, ainda, o fator da estimulação precoce que faz com que os filhos se
tornem mais críticos cada vez mais cedo. Segundo Zagury (2000, p. 42) “cada
vez mais cedo os pais procuram dar estímulos para os filhos não ficarem para
trás. Só que acabam exagerando”. Por causa disso, acabam incentivando
atitudes não muito éticas e perdem a credibilidade perante os filhos.
Se observarmos, crianças em que os pais não impõem nenhum tipo de
limite percebemos que são crianças que geralmente são rejeitadas pelos
colegas, pois não conseguem respeitar ninguém. Para que a criança saiba
aceitar e respeitar os limites impostos pelos professores, colegas ou amigos
com que convive, é preciso que ela tenha aprendido e exercitado desde o
início de sua vida este tipo de comportamento em sua família. A
permissividade exagerada enquanto a criança é pequena, dificulta mais tarde,
a retirada dessas concessões. A coerência na educação de uma criança
precisa ser pensada, planejada por toda família, inclusive junto com a escola,
quando for o caso.
Escola e família exercem papéis distintos no processo educativo.
Evidencia-se uma confusão de papéis. A principal função da família é a
transmissão de valores morais às crianças. Já à escola cabe a missão de
recriar e sistematizar o conhecimento histórico, social e moral (AQUINO, 1998).
A indisciplina escolar não apresenta uma causa única, reflete uma
combinação complexa de causas. A complexidade é parte do perfil da
31
indisciplina, embora seu conceito seja, ainda, um trabalho não totalmente
compreendido. As diversas causas da indisciplina escolar podem ser reunidas
em dois grupos gerais: as causas externas à escola e as causas internas.
Entre as primeiras, encontramos a influência exercida pelos meios de
comunicação, a violência social e ambiente escolar. As causas encontradas no
interior da escola incluem, necessariamente, o ambiente escolar e as
condições de ensino-aprendizagem, o relacionamento humano, o perfil dos
alunos e a capacidade de se adaptar aos esquemas da escola. E ainda, temos
a própria relação entre educadores - alunos e a intervenção disciplinar que os
primeiros praticam, pois dependendo da situação, podem reforçar ou gerar
modos de indisciplina nesses últimos.
Segundo Vygotsky (1987) “a educação tem papel crucial sobre o
comportamento e o desenvolvimento de funções psicológicas”. Em outras
palavras, o comportamento ou disciplina é aprendido. Baseando-se nestas
premissas, podemos inferir, portanto, que o problema da indisciplina não deve
ser encarado como alheio à família nem tão pouco à escola já que, na nossa
sociedade, elas são as principais agências educativas.
Além destes aspectos, é importante, novamente, enfatizar que o modo
como interpretamos a indisciplina (ou a disciplina) acarreta uma série de
implicações à prática pedagógica, pois interfere não somente nos tipos de
interações estabelecidas com os alunos e na definição de critérios para avaliar
seus desempenhos na escola, como também no estabelecimento dos objetivos
que se quer alcançar.
O trabalho do Orientador exige o maior número possível de informes a
respeito do educando. Assistir todos os educandos, dar ênfase aos aspectos
preventivos do comportamento humano, uma vez que é muito mais fácil evitar
um acidente do que se recuperar do mesmo. O ideal será a Orientação
Educacional agir de maneira preventiva do que curativa, estabelecendo um
clima de confiança e respeito mútuo, incentivando a procura espontânea, logo
que a dificuldade ou uma dúvida surja na vida do educando.
O Serviço de Orientação Educacional deve procurar envolver todas as
pessoas com o processo de educação, para que todos cooperem com este
32
serviço, no sentido de ajudar melhor o educando. É preciso tomar este ofício
como um campo privilegiado de aprendizagem e investigação de novas
possibilidades de atuação profissional. Torna-se necessário, reinventar os
métodos, conteúdos e a relação com alunos, para que se possa preservar a
ética do trabalho pedagógico.
O Orientador Educacional deve agir como fio condutor de todo o
processo não só quanto ao ensino aprendizagem, mas também quanto à
socialização de todos que se encontram envolvidos neste processo. Ele deve
ser um atuante e estar preparado para mediar os profissionais na resolução de
conflitos, agindo não só como mediador, mas também como incentivador,
proporcionando uma interação comum entre todos, inclusive entre os alunos.
Exige-se dele o compromisso de organizar-se de tal forma que permita ao
envolvidos agirem coletivamente, buscando um único ideal, pois assim será
traçado um projeto sólido e duradouro de uma aprendizagem de qualidade.
Quanto ao problema da disciplina na escola, assim como todas as
questões que ela desencadeia, o Orientador deve estar envolvido com sua
equipe, buscando soluções; soluções essas que devem contar com ampla
participação de todos, pois a questão disciplinar é de todos e não se restringe
somente a um profissional.
O Orientador Educacional precisa saber ouvir todos os componentes da
escola, tanto professores, inspetores de alunos, pais de alunos e os demais
funcionários. Muitas vezes os alunos não são os únicos vilões da história, há
muitos professores que gritam com alunos sem necessidade, e funcionários
que acabam discutindo com os pais na recepção, e isso deve ser verificado e
trabalhado pela direção.
O Orientador deve atuar com firmeza no que diz respeito ao resgate da
disciplina e limite dos alunos, chamando a atenção de todos para a
problemática, tendo claro a eficácia da coletividade e quando necessário for,
ter humildade para pedir a interferência de outras camadas não só da
educação, mas também da sociedade como um todo.
O Orientador Educacional como representante da unidade escolar, que
identifica a necessidade de resgatar tais valores deve investir na questão da
33
formação de seus profissionais para que estejam capacitados no
enfrentamento deste problema e buscar parcerias, pois nada adiantará se ele
tentar agir isoladamente como se o problema fosse apenas dele.
Para que o Orientador possa resgatar a disciplina e os limites, não pode
desenvolver um trabalho isolado precisa do comprometimento de todos,
exigindo um compartilhamento de ideias; é trabalho de toda a escola, da
família e com a ajuda de toda a sociedade, como promotoria, juizado de
menores e conselho da criança e adolescente, se a situação exigir tais
interferências e auxílio.
34
CONCLUSÃO
“(...) lutar pela alegria na escola é uma forma de lutar pela mudança no mundo”
(Freire Apud Snyders, 1995: 10).
“A escola deveria ser um local de alegria para os alunos e também para os
professores”
(Snyders, 1996: 33
Através da pesquisa realizada pode-se notar que as principais causas
de indisciplina relacionadas aos alunos são a falta de entendimento de regras
e do estabelecimento de limites. Muitas vezes a própria família falha neste
intento, mesmo sabendo que é ela que deve se responsabilizar em construir
esses valores nos filhos.
Quanto à interação professor-aluno, observamos que não adianta o
professor querer agir com autoritarismo, pois agindo assim, só conseguirá
despertar a raiva dentro do aluno, fazendo-o revoltar-se, gerando o
desinteresse pelas aulas, o desrespeito pelo professor e a indisciplina.
É sempre bom lembrar que quando falamos de alunos indisciplinados,
nos referimos aqueles alunos que, apesar de suas condutas não
caracterizarem crime ou contravenção penal, terminam atrapalhando o bom
andamento da aula ou da escola, portanto,faz-se necessário conscientizar
esses “alunos problemas” dos seus atos, e motivá-los à mudança.
Para que o Orientador possa combater efetivamente o problema da
indisciplina escolar, é necessário que tenha mecanismos legais para fazer isso.
O primeiro passo é a escola ter o seu Regimento Escolar, que deve ser o
suporte de todas as atividades da escola, quer sejam elas educativas,
administrativas ou pedagógicas, o segundo passo é trabalhar esse assunto
coletivamente, e se necessário contar com ajuda de outros setores da
sociedade, ele por sua vez, precisa saber trabalhar em equipe, porque através
desta aliança, ele terá mais forças para minimizar este problema, que na
realidade, não é um problema só dele, mas sim, dos pais, professores,
inspetores, demais funcionários e até mesmo da sociedade.
35
O Orientador Educacional deve estar preparado para lidar com a
indisciplina, sem perder de vista a integração com a família que deve ser
atuante e parceira. Faz-se necessário a realização de um projeto gigante e
muito bem estruturado, tendo como base os temas transversais, que tenha
como enfoque, a reestruturação e o regate de valores éticos e morais que
foram se perdendo ao longo das mudanças rápidas que a evolução e o
progresso foram nos impondo gradativamente.
A Orientação Educacional deve contribuir no preparo dos docentes para
lidar com “alunos-problemas”, através de reuniões diversas com os
professores, equipe de apoio, os familiares e direção, fomentando assuntos
referentes ao bom andamento da aprendizagem; desempenhar palestras nas
turmas; realizar reuniões conscientizadoras com os funcionários e as famílias
para o desenvolvimento das atividades educativas e pedagógicas da unidade
escolar; acompanhar o rendimento das turmas através de relatórios, assistindo
o educando individualmente ou em grupo.
Cabe, ainda, ao Orientador Educacional intervir com ações preventivas
em relação à indisciplina e agressividade. Entre as medidas preventivas está a
criação de um currículo que seja negociado com os interesses dos alunos,
para o qual uma via adequada e ao alcance dos nossos sistemas educativos é
a de trabalhar com os temas transversais.
Assim através destes temas transversais, será mobilizada uma série de
estratégias-chave para a prevenção da disciplina nas escolas: o trabalho
cooperativo, a participação, ações solidárias etc., tudo isso dentro de um clima
comunitário, no qual a ação da Orientação será primordial.
Concluímos que a ação indisciplinar não é um fator restrito somente a
escola, abrange todas as camadas da sociedade, e suas causas na maioria
das vezes são trazidas de fora para dentro da escola, quase sempre por
problemas sociais.
Este desafio só será vencido através de um trabalho contínuo, coletivo,
desenvolvido não só na escola como na família e sociedade como um todo,
para que possamos presenciar, num futuro não tão distante, uma escola onde
o respeito mútuo, a responsabilidade, a consciência dos direitos e deveres e os
36
verdadeiros ideais da educação, sejam contemplados de forma integral, para
que assim o ser humano possa desenvolver-se em sua plenitude.
BIBLIOGRAFIA
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1996;
37
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HTTP:// monografias.brasilescola.com/educação/indisciplina-
agressividade-prevencao> acessado em 27/09/2011
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
40
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 10
1.1- Breve panorama sobre a história da Orientação Educacional 10
1.2- O Papel do Orientador Educacional 11
CAPÍTULO II
RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO E A INDISCIPLINA
ESCOLAR 16
1.1 – O Papel do Professor 16
1.2 - O Papel do aluno 23
CAPÍTULO III
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E A INDISCIPLINA
ESCOLAR 26
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 38
WEBGRAFIA 40
ÍNDICE 41