UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · “O importante da educação não é apenas...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA REFLEXÕES E DESAFIOS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA Por: Hilca Guedes Machado de Oliveira Orientador: Profª. Vilson Sérgio Rio de janeiro 2015

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

REFLEXÕES E DESAFIOS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA

Por: Hilca Guedes Machado de Oliveira

Orientador: Profª. Vilson Sérgio

Rio de janeiro

2015

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

REFLEXÕES E DESAFIOS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA

Apresentação de monografia à Faculdade Integrada

AVM como requisito parcial para a obtenção do grau

De especialista em Orientação Educacional e Pedagógica

Por: Hilca Guedes Machado de Oliveira

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida e saúde e por

permitir a realização desta pesquisa,

dando-me confiança e determinação.

DEDICATÓRIA

.

Dedico este trabalho aos meus pais

Hildebrando e Sarah pelo amor e

compreensão em todos os momentos

desta e de outras caminhadas. Ao meu

esposo Washington por sua confiança

e credibilidade em minha pessoa. Às

minhas irmãs Hilda e Hilma pelos

constantes incentivos e ao meu filho

William por me proporcionar

momentos felizes.

EPÍGRAFE

“O importante da educação não é

apenas formar um mercado de

trabalho, mas formar uma nação,

com gente capaz de pensar.”

(José Arthur Giannotti)

RESUMO

A presente monografia intitulada “Reflexões e desafios do orientador educacional na escola contemporânea” tem por objetivo identificar qual o papel do Orientador Educacional nas Instituições de Ensino identificando sua contribuição para a formação do cidadão. A escola contemporânea busca alcançar a plena formação do educando, Preparando-o para o exercício da cidadania, organizada por meio de um grupo de profissionais que contribuem e buscam essa formação. Dentre estes profissionais destacamos o Orientador Educacional. A visão que se tem atualmente do Orientador Educacional é muito mais ampla, do que nos tempos remotos, em que se pensava que este apenas tinha o papel de orientar o educando devido aos seus problemas ou na parte profissional e vocacional. Pode-se verificar que ações bem direcionadas pelos orientadores dentro da instituição contribuem para a formação do cidadão, pois acompanham o dia-a-dia dos alunos em todos os aspectos do seu desenvolvimento. Isso se efetiva, por meio da participação de todos os envolvidos no processo educacional. Essa relação permite que os orientadores façam um trabalho de mediação de forma que os alunos sintam-se preparados para enfrentar os desafios exigidos pela sociedade moderna. Dessa forma, sua contribuição é relevante para auxiliar os educandos a tornarem-se mais autônomos e independentes na sociedade atual.

METODOLOGIA

O método escolhido para a realização da presente monografia foi a

pesquisa bibliográfica, que consistiu no estudo de fontes bibliográficas que

tratam da temática.

Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o

levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas,

publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o

pesquisador entre em contato direto com todo o material escrito sobre um

determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na

manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro

passo de toda a pesquisa científica.

A pesquisa bibliográfica contou com o suporte dos seguintes autores:

GIACAGLIA e PENTEADO (2000), GRISPUN (2001,2002,2006,2010,2011),

NÉRICI (1992), dentre outros.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................9

CAPÍTULO I- Trajetória da Orientação Educacional no Brasil ........................11

CAPÍTULO II- O orientador educacional

2.1. O papel do orientador educacional na atualidade .......................................18

2.2.Orientador educacional: formação e atribuições ..........................................22

CAPÍTULO III- Os desafios enfrentados pelo orientador educacional na

educação contemporânea

3.1 O orientador e a escola atual .......................................................................27

3.2 O orientador Educacional e sua prática no contexto escolar .......................29

CONCLUSÃO ...................................................................................................33

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................35

.

ÍNDICE ..............................................................................................................37

FOLHA DE AVALIAÇÃO ...................................................................................38

9

INTRODUÇÃO

A presente monografia constitui-se na pesquisa sobre o tema “Reflexões

e desafios do orientador educacional na escola contemporânea” e tem como

questão central abordar o papel do orientador educacional nas Instituições de

Ensino destacando a necessidade de sua atuação tendo em vista as constantes

transformações ocorridas na sociedade atual.

O tema sugerido é de fundamental relevância tendo em vista que,

atualmente o referido profissional desempenha um papel muito mais abrangente

do que em tempos remotos possuindo um caráter mediador junto aos demais

integrantes da escola na busca pelo diálogo e de ações efetivas que possibilitem

a plena formação do educando preparando-o para o exercício da cidadania

tornando-o dessa forma apto a viver em sociedade.

O objetivo geral desta monografia é demonstrar o papel e o serviço que este

profissional presta para as Instituições Educacionais com a finalidade de

garantir uma educação de qualidade.

São objetivos específicos: a análise da trajetória da orientação

educacional no Brasil e de que forma ela se adequou às necessidades da

educação nos diferentes períodos e as ações que podem ser desenvolvidas

juntos com os demais componentes escolares a fim de proporcionar ao aluno

uma formação que possibilite desenvolver a análise crítica, apontada como o

grande desafio da sociedade moderna.

A metodologia apresentada para a realização desta pesquisa contou com

a pesquisa bibliográfica, onde buscou-se suporte teórico para concretizar o

trabalho. Onde se apresenta no primeiro capítulo. A Trajetória da orientação

educacional no Brasil. Esse capítulo tem a finalidade de demonstrar a trajetória

da orientação educacional no Brasil através da análise das leis que influenciaram

sua atuação e importância.

O segundo capítulo intitulado: O papel do orientador educacional na

atualidade aborda o papel desempenhado pelo orientador nos dias atuais.

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O terceiro capítulo intitulado: O desafio enfrentado pelo orientador

educacional na escola contemporânea retrata a importância de sua prática

pedagógica estar comprometida com a formação da cidadania do aluno.

Na Conclusão, destacamos a importância do orientador educacional nas

Instituições de Ensino para que o educando possa alcançar uma formação que

o prepare para o exercício pleno da cidadania na sociedade em que vive.

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CAPÍTULO I

A TRAJETÓRIA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL

Para melhor entendimento da trajetória histórica da orientação

educacional faz-se necessário observar as diferentes posturas e a evolução

conceitual sofrida pela Orientação em sua prática no processo educacional no

decorrer dos anos.

A Orientação surgiu a partir da era industrial, em consequência da nova

forma de vida assumida pelas famílias, onde pais e mães passaram a dedicar-

se ao trabalho fora de casa, afastando-se dos serviços domésticos e dos filhos.

Nesse contexto, o Orientador trabalhava em correspondência às dificuldades

encontradas na realidade do educando procurando atender às suas

necessidades, investindo na adaptação deste à escola, ao lar e ao mercado de

trabalho.

Nos Estados Unidos, por volta de 1930, encontra-se a origem da

Orientação Educacional, inicialmente Orientação Profissional, que surgiu com o

desenvolvimento e a grande necessidade de orientar os jovens na escolha de

profissão que assegurasse êxito no mercado de trabalho. Diante das dificuldades

e inseguranças por estas apresentadas, surgiu a necessidade de maior atuação

do orientador educacional para melhor orientá-los e prepará-los para a vida

pessoal e social.

Devido às mudanças na economia e a crescente onda de industrialização

estabelecida nos países mais desenvolvidos como a França e os Estados

Unidos, o Brasil, influenciado pelo modelo americano de orientação educacional,

fez em 1924 sua primeira tentativa de inserção da orientação educacional na

escola, na cidade de São Paulo, com o intuito de orientar profissionalmente os

alunos matriculados no curso de mecânica. (Grispun, 2006).

Em 1931, a Orientação Educacional torna-se oficial pelo professor

Lourenço Filho que organizou o primeiro serviço Público de Orientação

Educacional e Profissional, sendo extinta em 1935.

A orientação educacional foi introduzida em lei alguns anos depois. Foi a

partir da Reforma de Ensino em 1942, em que surgiu a Lei Orgânica Do Ensino

Industrial que instituiu o Serviço de Orientação Educacional com a finalidade de

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correção e encaminhamento dos alunos com problemas e de elevação das

qualidades morais por meio do regime autoritário buscando a adaptação dos

alunos na sociedade. Nesse período, foram descritas as funções do Orientador

Educacional e feitas as regulamentações do cargo de Orientador.

No período compreendido entre 1942 a 1946, a Orientação Educacional

cultivou a preocupação com a qualificação profissional em resposta ao momento

político econômico em curso. Diante disso, passou a ser vista e valorizada como

sendo legalmente instituída, tornando-se obrigatória no ensino secundário,

primando pela orientação vocacional.

Dessa forma e nesse contexto que a educação ocupou um lugar de

destaque, diante das mudanças da sociedade urbano-industrial, e nesse sentido

fez-se necessário a regulamentação da Orientação Educacional nas escolas

onde, segundo Grinspun (2011, p.28), “[...] está significativamente ligada a sua

origem na área da Orientação Profissional. O orientador poderia ser considerado

como “ajustador”, isto é, cabia a ele ajustar o aluno à escola, à família e à

sociedade a partir de parâmetros eleitos por essas instituições como sendo os

de desempenhos satisfatórios.” O objetivo era imprimir ao ensino a tarefa de

preparação do adolescente para sua satisfatória integração na sociedade, que

começava a fazer-se mais complexa e dinâmica. Era necessário atualizar o

ensino de acordo com as exigências do desenvolvimento industrial.

[...] a reforma da sociedade se daria pela reforma da educação e do ensino, a importância da ‘criação’ de cidadãos e de reprodução/modernização das ‘elites’, acrescidas da consciência cada vez mais explícita acerca da função da educação no trato da questão ‘social’: a educação rural, para conter a migração do campo para as cidades e a formação técnico-profissional do trabalhador, visando solucionar o problema das agitações urbanas. (MORAES, 2000, p.132).

Em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n°

4024/61) instituiu nas escolas de Ensino Médio e Ensino Primário a Orientação

tendo uma ação educativa voltada para a Orientação Educacional e Vocacional

em cooperação com a família.

O Orientador com o status de Orientador Educativo e Vocacional passa a

ser o identificador de aptidões individuais, onde o seu trabalho alcança a todos

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os alunos, não somente aos alunos-problema; passando a oferecer orientação

escolar, psicológica, profissional, da saúde, recreativa e familiar dentro da

escola.

A LDB/61 relacionava a orientação educacional à esfera do atual ensino

médio. Como naquela época essa etapa da educação básica era considerada

como profissionalizante, a orientação educacional fazia-se necessária, uma vez

que os alunos necessitavam de um direcionamento nesse aspecto. Segundo

Grispum (2006), “O orientador respondia, na escola, pelo estabelecimento de um

“clima educativo” que propiciasse ao aluno a consecução de seus objetivos

educacionais, conforme a lei proclamava.” (p.26)

Com a promulgação da Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, que

prevê o exercício da profissão do Orientador com a sua atuação como docente,

além do aconselhamento vocacional e orientações educacionais:

Art. 1º A orientação educacional se destina a assistir ao educando,

individualmente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas escolares

de nível médio e primário visando ao desenvolvimento integral e

harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos

que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício

das opções básicas.

Art. 2º A orientação educacional será atribuição exclusiva dos

profissionais de que trata a presente Lei.

Art. 3º A formação de orientador educacional obedecerá ao disposto no

art.62, 63 e 64 da Lei nº 4.024, de20 de dezembro de 1961 e aos outros

diplomas legais vigentes.

Art. 4º Os diplomas de orientador educacional serão registrados em órgão

próprio do Ministério da Educação e Cultura.

Art. 5º Constituem atribuições do orientador educacional além do

aconselhamento dos alunos e outras que lhe são peculiares, lecionar as

disciplinas das áreas da orientação educacional.

Art. 6º As disposições desta Lei serão regulamentadas pelo Poder

Executivo, inclusive para definição do código de ética dos orientadores

educacionais.

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Nesta pode-se observar a confirmação da linha psicológica e a função de

prevenção no trabalho do Orientador Educacional por expressar preocupação

pelo desenvolvimento integral e harmonioso da personalidade do educando,

preparando-o para exercer as opções básicas, em especial, no seu art. 3º

fazendo referência à Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, art. 62, 63 e 64

que indicam a formação do orientador educacional abrangendo conhecimentos

em áreas humanas:

Art. 62. A formação do orientador de educação será feita em cursos

especiais que atendam às condições do grau do tipo de ensino e do meio

social a que se destinam.

Art. 63. Nas faculdades de filosofia será criado, para a formação de

orientadores de educação do ensino médio, curso especial a que terão

acesso os licenciados em pedagogia, filosofia, psicologia ou ciências

sociais, bem como os diplomados em Educação Física pelas Escolas

Superiores de Educação Física e os inspetores federais de ensino, todos

com estágio mínimo de três anos no magistério.

Art. 64. Os orientadores de educação do ensino primário serão formados

nos institutos de educação em curso especial a que terão acesso os

diplomados em escolas normais de grau colegial e em institutos de

educação, com estágio mínimo de três anos no magistério primário.

Em 1971 foi promulgada a Lei 5692/71 que tornou obrigatória a existência

da Orientação Educacional nas escolas, sem a distinção entre as escolas de 1º

e 2º graus.

Segundo Nérici (1992), a Lei nº 5692 de71 fixou as diretrizes e Bases para

o ensino de 1° e 2 º graus. Essa Lei instituiu a obrigatoriedade da orientação, o

que permitiu uma educação sempre voltada para o desenvolvimento do país.

“Art. 10. Será instituída, obrigatoriamente, a Orientação Educacional,

incluindo Aconselhamento Vocacional, em cooperação com os professores, a

família e a comunidade” (p.32).

Assim sendo, fica ajustando os três níveis de ensino buscando a

qualificação para o trabalho, instituindo a habilitação profissional no segundo

grau, a iniciação para o trabalho e a sondagem de aptidões no primeiro grau. O

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trabalho do orientador educacional passa a ser auxiliar das tarefas educativas

direcionadas à escola como um todo, envolvendo-se com professores,

administradores e famílias, tendo como responsabilidade ajudar a manter a

unidade escolar e sócio educacional.

[...] o que se pretendia, na realidade, era confirmar um ensino

profissionalizante, obrigatório que, através do aconselhamento

vocacional, ofereceria a oportunidade de escolha de uma

profissão futura, compatível com as necessidades do mercado

de trabalho [...] (GRINSPUN, 2011, p.30).

Outro marco importante foi o Decreto- Lei 72.846/73 que determinou as

atribuições do orientador educacional: “[...] confirmou o caráter psicológico da

Orientação, mantendo a conceituação de tal área, mais uma vez, em uma visão

individualista e pessoal, comprometida com os que precisavam de uma

“orientação” revestida de um aconselhamento psicológico” (p.27).

Na década de 80, ocorreram algumas mudanças, avanços e contradições

na história da orientação educacional. Por parte dos orientadores houve uma

reflexão maior sobre o seu papel social. Para Grispum (2006), “Os orientadores

assumem um papel, mais político e mais comprometido com as causas sociais.”

(p.29). Ou seja, o papel do orientador está relacionado com as mudanças sociais

da época, através de seu questionamento, do seu modo de percepção e da sua

valorização dos conteúdos que serão transmitidos aos alunos, sendo

instrumentos que permitem transformar a sociedade.

A década de 80 apresentou os eventos mais significativos para os

Orientadores educacionais, uma profissão surgida em 1968 e cujos eventos

promovidos vieram demonstrando um movimento de afirmação e negação de

seus pressupostos básicos. Enquanto a classe teve necessidade de afirmar-se

teoricamente para que sua prática fosse legitimada, começou a buscar

identidade própria, rompendo com as benesses do MEC; CADES, em especial

nos eventos da classe. (GRISPUN, 2006 p.28 e 29).

O início da década de 90 foi marcado pela extinção da Federação

Nacional dos Orientadores Educacionais – FENOE, entidade que prestou grande

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defesa aos orientadores educacionais. Porém, o fato mais importante dessa

década diz respeito à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei

9394/96) que não constou mais a obrigatoriedade da existência da Orientação

Educacional nas escolas. No entanto, o artigo 64 desta Lei diz que a formação

de profissionais para orientação educacional na educação básica será feita em

cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, garantindo

nessa forma a base comum nacional.

Assim, a Orientação Educacional passou por vários períodos, que podem

ser assim sintetizados:

• Período Implementador: compreende o período de 1920 a 1941 e está

associada à Orientação Profissional, preponderando a seleção e escolha

profissional;

• Período Institucional – de 1942 a 1961: caracterizado pela exigência

legal da Orientação Educacional nos estabelecimentos de ensino e nos cursos

de formação dos orientadores educacionais; nesse período há a divisão

funcional e institucional; surge a Escola Pública;

• Período Transformador – de 1961 a 1970: pela Lei 4.024/61, a

Orientação Educacional é caracterizada como educativa, ressaltando a

formação do Orientador e fixando as Diretrizes e Bases da educação Nacional;

• Período Disciplinador – de 1971 a 1980: conforme a Lei 5.692/71, a

Orientação Educacional é obrigatória nas escolas, incluindo o aconselhamento

educacional. O Decreto 72.846/73, regulamentando a Lei 5.564/68, sobre o

exercício da profissão de Orientador educacional, disciplina os passos a serem

seguidos;

• Período Questionador - de 1980 a 1990: o Orientador discute suas

práticas, seus valores, a questão do aluno trabalhador, enfim, a sua realidade no

meio social; a prática da orientação volta-se para a concepção de educação

como ato político;

• Período Orientador – a partir de 1990: a orientação volta-se para a

"construção" do cidadão comprometido com seu tempo e sua gente, trabalhando

a subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do diálogo.

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Retomada toda a trajetória do Orientador Educacional percebe -se que

seu trabalho sempre esteve vinculado apenas ao indivíduo e seus problemas,

hoje a figura do orientador está não só ao indivíduo, mas em toda a escola,

ultrapassando a prática com pressupostos psicológicos.

O Orientador Educacional no contexto atual, segundo Grinspun (2001, p. 29), diz

“respeito basicamente ao estudo da realidade do aluno, trazendo para dentro da

escola, no sentido de melhor promoção no seu desenvolvimento”.

Com as várias mudanças ocorridas no setor educacional, em cada

momento foi surgindo um novo perfil de profissional de educação com novos

valores e paradigmas e ao novo perfil de cidadão político-social de educação,

diante do contexto histórico. E, em atendimento a essa nova forma de ensino,

mais mudanças foram se fazendo necessárias para que se fizessem ajustes às

leis até então existentes na busca de aperfeiçoamento da profissão e dos ideais

da orientação na tentativa de adaptá-las às necessidades educacionais.

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CAPÍTULO II

O ORIENTADOR EDUCACIONAL

Ao longo da história da educação brasileira, o Orientador Educacional

assumiu diferentes papeis em razão das diferentes posturas da escola e das

inúmeras mudanças sociais que provocaram discussões sobre a necessidade

da atuação do Orientador Educacional nas unidades de ensino.

2.1 O papel do orientador educacional na atualidade

A educação tem características que acompanham o perfil de

determinadas épocas e o profissional de orientação educacional, por outro lado

é identificado como parte desse processo. Quando observado o trabalho do

orientador educacional, constatamos que primeiramente ele desempenhava o

papel de terapeuta e psicólogo, destinando sua atenção aos alunos problemas

com o objetivo de ajustá-los aos modelos apresentados pela família, escola e

sociedade. Na atual conjuntura, não é mais o ajuste do aluno à escola, família

ou sociedade que prioriza a ação do orientador escolar, mas sim a investida na

formação para a cidadania, voltada para a construção de um novo cidadão que

tenha participação de forma mais consciente e comprometida com o seu tempo

e sua gente. Portanto, de acordo com Grinspun (2002, p.13):

“O cerne da questão não é mais o ajustamento do aluno à

escola, família ou sociedade, e sim a formação do cidadão para

uma participação mais consciente no mundo em que vive. A

orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não

apenas e unicamente cuidar e ajudar os alunos com problemas”

(p. 13).

Na promoção da formação de um cidadão mais crítico e, pensando nesse

desenvolvimento humano integral, a escola se organiza e por intermédio do

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professor promove o conhecimento para os educados. Partindo da apropriação

do conhecimento da realidade escolar e local, o Orientador Educacional faz

atendimento a professores e alunos no intuito de colaborar com um melhor

desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem. Para reforçar esse

pensamento Grinspun (2011, p. 38) menciona que:

O trabalho do Orientador Educacional diz respeito ao cotidiano

escolar que, por sua vez, deve estar relacionado com o

movimento da sociedade local e mundial. Ele procura explicitar

as contradições, a partir de uma realidade concreta, provendo

as articulações necessárias, as mediações possíveis, para que

possamos ter uma educação mais justa, mais solidária, e

democrática. A Orientação tem – cada vez mais – um

compromisso com a qualidade da Educação que todos nós

desejamos.

Grispun (2002) trata a situação em que se encontra a Orientação

Educacional nos dias de hoje. Para ela, atualmente, a orientação possui papel

mediador junto aos demais educadores da escola, buscando assim o resgate

de uma educação de qualidade nas escolas.

A busca de uma escola de qualidade deve ser meta de todos, e a

participação do orientador deve ser significativa nesse processo, onde deve

promover a discussão sobre a prática pedagógica, investigando assim, a

realidade social da comunidade, o processo de aprendizagem dos alunos.

O Orientador é aquele que discute as questões da cultura escolar

promovendo meios/estratégias para que sua realidade não se cristalize em

verdades intransponíveis, mas se articule com prováveis verdades vividas no

dia-a-dia da organização escolar (GRINSPUN, 2006, p. 116).

Atualmente, o Orientador Educacional, no discurso de GRISPUN(2002),

não atua mais por ser uma profissão que deva existir pela “obrigação” pois na

Lei 9394/96 não há a obrigatoriedade da Orientação, mas por efetiva consciência

20

profissional, o orientador tem espaço próprio junto aos demais protagonistas da

escola para um trabalho pedagógico integrado, compreendendo criticamente as

relações que se estabelecem no processo educacional”. (GRISPUN, 2002, p.28)

A atuação do Orientador não está simplesmente voltada para o educando,

mas para toda a base que compõem o contexto educacional, que envolve a

equipe pedagógica, comunidade escolar e o aluno. Contudo, para que o trabalho

possa se desenvolvido é necessário que esses profissionais reflitam sobre a

responsabilidade e o compromisso que é necessário ter para podermos alcançar

uma aprendizagem significativa diante dessa educação moderna. Portanto, o

Orientador Educacional torna-se um facilitador e mediador no ambiente escolar

tendo como parceria os educadores que diariamente estão vivenciando a

necessidade que o aluno possa apresentar. Nesse sentido Nérici (1992, p. 78)

ressalta: Um Serviço de Orientação Educacional dificilmente pode funcionar

adequadamente sem a colaboração efetiva dos professores. Estes devem ser

“postos avançados” da Orientação Educacional, uma vez em que estão em

condições de colherem os melhores dados a respeito do educando, bem como

estão em excelentes condições de poderem intervir na sua aprendizagem,

devido à proximidade dos mesmos em sala de aula.

Conforme Antunes (2002) é difícil determinar rumo que a sociedade irar

seguir, mas pode-se afirmar que grande parte da responsabilidade caberá

exatamente à educação e aos profissionais que constituem a equipe

pedagógica. Diante dessa situação, cabe aos profissionais se preocuparem com

o futuro desses novos cidadãos desenvolvendo estratégias que estimulem a

criatividade e autonomia para que possam tornar-se cidadãos críticos.

A Orientação Educacional hoje possui um caráter mediador em conjunto

com os demais educadores da escola atuando com eles no intuito de uma ação

mais efetiva e de uma educação de qualidade. No geral, o orientador deve estar

comprometido com a formação da cidadania do aluno, tanto no individual quanto

no coletivo. Para Grispun (2006):

[...] o orientador tem espaço próprio junto aos demais

protagonistas da escola para um trabalho pedagógico integrado,

compreendendo criticamente as relações que se estabelecem

21

no processo educacional. O orientador, mais do que nunca, deve

estar atento ao trabalho coletivo da escola, atuando

harmoniosamente com os demais profissionais da Educação; o

trabalho é interdisciplinar. (GRISPUN, 2006, p.31).

A concepção da Orientação Educacional atualmente deve estar

comprometida com a construção do conhecimento integral do aluno com a

realidade concreta da vida dos alunos, sendo esses os atores de sua própria

história; com a atividade realizada na prática social, tendo em vista que o

conhecimento se dá no coletivo; com a diversidade da educação, submersos nos

atos da escolha e da decisão do indivíduo; na construção da rede de

subjetividade que é tecida em diferentes momentos; no planejamento e na

efetivação do projeto-político-pedagógico da escola em termos de sua finalidade.

(Grispun, 2006).

O principal papel da Orientação educacional será ajudar o aluno na

formação de uma cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de

seu projeto político-pedagógico. Isso significa ajudar nosso aluno “por inteiro”:

com utopias, desejos e paixões. E escola, como toda sua teia de relações,

constitui o eixo dessa área da Orientação, isto é, a Orientação trabalha na escola

em favor da cidadania, não criando um serviço de orientação para atender a

excluídos (do conhecimento, do comportamento, dos procedimentos, etc.), mas

para atendê-los, através das relações que ocorrem (poder-saber, fazer-saber)

na instituição Escola. (GRISPUN, 2006, p.33).

O Orientador deve, portanto, estabelecer junto aos professores, um

diálogo problematizado, conscientizando-os quanto à necessidade de um

trabalho coletivo e de gestão participativa, construindo alternativas facilitadoras

para que o trabalho pedagógico aconteça da melhor forma possível.

22

2.2 Orientador educacional: formação e atribuições

No ambiente escolar existem profissionais com diferentes tipos de

formação na área pedagógica e que têm como objetivo auxiliar constantemente

no processo de desenvolvimento da criança por meio de suas experiências e

práticas adquiridas no decorrer da sua formação. Dentre esses profissionais,

destacamos o profissional de orientação educacional.

MARTINS (1992, p.30) afirma que o Orientador Educacional é a pessoa

responsável pelo serviço de orientação, cabendo a ele planejar, organizar e

implementar a Orientação Educacional na escola. Segundo o autor, o Orientador

Educacional deve possuir um bom preparo, em nível universitário, que lhe

forneça adequados conhecimentos de Psicologia Educacional, Psicologia da

Criança e do Adolescente, Psicologia Pedagógica, Sociologia Educacional,

Filosofia da Educação, Biologia Educacional, Estatística Educacional, Estrutura

e Funcionamento do Ensino. Ainda segundo o autor, seria importante que todo

o Orientador Educacional tivesse boa experiência no magistério e conhecimento

básico das disciplinas do curso em está orientando (Educação Infantil- Ensino

Fundamental – Ensino Médio, etc.)

O trabalho do orientador educacional é de grande importância e

responsabilidade e para que seja realizado de acordo é necessário que possua

formação adequada e busque atualização constante de sua prática pedagógica

pois somente assim será capaz de elaborar estratégias mais direcionadas para

cada tipo de situação vivenciada que servirá como suporte para que auxilie o

processo de desenvolvimento do aluno e o trabalho do educador.

Segundo Nérici (1992), o mundo está continuamente em evolução e os

profissionais de educação precisam ampliar os seus conhecimentos por meio de

pesquisas científicas e formações continuadas. A atuação do Orientador pode

fazer a diferença diante do processo de ensino e aprendizagem do aluno, uma

vez que a sua prática se fundamente nos aspectos afetivos, emocionais e sociais

do educando.

23

De acordo com o entendimento de Grinspun (2002), o Orientador

Educacional bem instruído e flexível com a sua prática, possibilitará que seu ano

letivo aconteça por meio de novas experiências que poderão resultar na

elevação da auto-estima de seu educando, permitindo que ele acredite mais em

seu potencial e dessa forma conquiste a sua autonomia.

Conforme Furlani (2001), a instituição educacional tem por finalidade

direcionar o seu aluno na busca de novos conhecimentos do mundo em que vive

e por isso necessita estar organizada de maneira em que todo corpo docente e

administrativo estejam juntamente preparados para acrescentar no processo de

desenvolvimento cognitivo, afetivo e social destes alunos. Assim sendo, é

importante que toda a equipe esteja sempre se atualizando para ter condições

de suprir as necessidades que cada educando venha necessitar.

A finalidade do trabalho do Orientador Educacional é a formação de

cidadãos aptos a exercerem a cidadania na sociedade em que vivem e para

obtenha êxito nesse objetivo, deve estar consciente de que é necessário estar

sempre se reciclando e se capacitando na busca para que realmente aconteçam

as mudanças necessárias ao atendimento das necessidades de todos os

envolvidos no processo educacional.

É importante que o orientador busque uma formação continuada sendo

esta possível de ser realizada por meio de cursos, especializações e experiência

cotidiana com outros profissionais porque o orientador que prioriza a busca de

novas descobertas será capaz de fazer o planejamento de ações adequadas na

consecução dos objetivos traçados no projeto político pedagógico escolar.

A formação continuada não deve se restringir apenas à frequência em

alguns cursos e palestras mas deve ser constituída da fundamentação teórica,

da reflexão sobre a prática e da pesquisa. Um bom profissional da educação

deve ser um protagonista ativo no seu processo de formação, no qual a ação-

reflexão-ação tem predominância no princípio básico da formulação e da

compreensão do contexto ensino-aprendizagem (LIMA, 2007, p.100).

Atualmente é indispensável que o Orientador Educacional, possua boa

formação político-pedagógica, cultural e psicológica, visto que a criança/aluno

24

hoje, não é mais o mesmo de outrora. Assim sendo, há de se questionar: Quem

é esse sujeito/aluno?

Nesse mesmo sentido, Libâneo, (2001) assim se expressa:

“O sujeito/aluno, é um sujeito permeado por um mundo que têm

por base a negação do amor e dos valores humanos, gerando

atitudes de violência e intolerância. Um sujeito desprovido de

otimismo, perspectivas, esperança, sonhos e ideais,

combustíveis essenciais para uma vivência cidadã. Daí percebe

o sujeito/aluno que temos em nossas escolas, sendo preciso

lançar novas perspectivas sobre o sentido da formação da

cidadania, o que se faz necessário educar para participação

social, para o reconhecimento das diferenças entre

vários grupos sociais, para a diversidade cultural, para os

valores e direitos humanos”.

Além de possuir formação adequada, o orientador educacional possui

atribuições que são descritas no Decreto 72. 486/73:

O decreto Nº. 72.846, de 26 de setembro de 1973, regulamenta a lei nº.

5.564, de 21 de dezembro de 1968 (BRASIL, 1968), que provê sobre o Exercício

da Profissão de Orientador Educacional, declara a divisão das atribuições em

“privativas” e “participativas”, ficando assegurada por lei a especificidade da

função do Orientador Educacional, que deverá ser realizada com o envolvimento

de todos que formam a unidade escolar, bem como a família e a comunidade,

em que o Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo

81, item III, da Constituição, Decreta:

[...]

Art. 2º O exercício da profissão de Orientador Educacional é privativo:

I - Dos licenciados em pedagogia, habilitados em orientação

educacional, possuidores de diplomas expedidos por estabelecimentos

de ensino superior oficiais ou reconhecidos.

25

II - Dos portadores de diplomas ou certificados de orientador educacional

obtidos em cursos de pós-graduação, ministrados por estabelecimentos

oficiais ou reconhecidos, devidamente credenciados pelo Conselho

Art. 8º São atribuições privativas do Orientador Educacional:

a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de

Orientação Educacional em nível de:

1-Escola;

2-Comunidade.

b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de

Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Municipal e

Autárquico; das Sociedades de Economia Mista Empresas

Estatais, Paraestatais e Privadas.

c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao

processo educativo global.

d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e

habilidades do educando.

e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com

vista à orientação vocacional.

f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias

ao conhecimento global do educando.

g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a

outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial.

h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.

i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas

as exigências da legislação específica do ensino.

j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.

l) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.

26

Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes

atribuições:

a) Participar no processo de identificação das características básicas da

comunidade;

b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar;

c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;

d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de

turmas e grupos;

e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;

f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários;

g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade;

h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.

27

CAPÍTULO III

DESAFIOS ENFRENTADOS PELO ORIENTADOR

EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

3.1 O orientador e a escola atual

Grandes mudanças culturais e socioeconômicas ocorridas na sociedade

brasileira obrigam de certa forma que a escola mude e redefina seu papel,

fazendo mudanças antes muito tradicionais para criação de novos serviços que

atenda o propósito da escola na formação do aluno. (GRISPUM, 2010).

A Escola, hoje, desempenha um papel muito mais complexo do que antes,

pois com as inúmeras necessidades que surgem com o desenvolvimento da

sociedade é preciso se pensar em uma instituição que vise à educação em um

caráter global, levando em consideração o desenvolvimento do aluno como um

todo (aspecto, físico, intelectual, social, moral, etc.).

Em tempos de desafios, a escola e a sala de aula ao ver de Perrenoud

(1999) tornaram-se um sistema de ensino complexo. Nessa conjuntura, a escola

é caracterizada como um sistema, pois compõem um recorte da vida social e

cultural da humanidade. Assim, ainda na perspectiva de Perrenoud, a escola

“deve organizar de modo próprio os seus saberes a ensinar, regras, linguagens,

costumes e metas com a condição de continuar expressando-se e interagindo

com o todo do qual faz parte”. O aspecto aqui abordado sugere que a escola não

está mais envolvida apenas no instrucionismo, torna-se, pois este espaço

intrínseco à vida externa aos muros escolares. Atribui-se assim, uma função

social à escola. Por sua vez, Candau (2000, p. 13) enfatiza que a função da

escola é “promover a apropriação do conhecimento considerado socialmente

relevante a formação para a cidadania”.

28

Assim, a escola tem que educar com as novas formas de educação

impostas pela prática social e nesse aspecto, a Orientação Educacional, hoje,

Também passa por esse processo de atuação, pois, atua diretamente com

professores, alunos e comunidade escolar.

Segundo GRINSPUN (2006, p. 55) “O orientador educacional dialetiza as

relações e vê o aluno como um ser real, concreto e histórico”. Dessa forma, ele

assume uma postura fundamental dentro da sociedade onde a escola está

inserida, percebendo que a educação faz parte de um contexto global,

envolvendo aspectos políticos, sociais, culturais e econômicos visando dessa

forma, que o aluno é o principal sujeito desse contexto”.

Portanto, o papel do Orientador Educacional é buscar elementos que

propiciem momentos de debates sobre a vivência do aluno no seu cotidiano e

relacionar com os conteúdos no processo ensino-aprendizagem. Esse trabalho

do Orientador Educacional incluirá toda equipe pedagógica, ou seja, diretores,

professores, supervisores, coordenadores e que os pais e os alunos devem fazer

parte deste trabalho. Compreende-se que para isso o Orientador Educacional

terá que buscar embasamentos teóricos para aperfeiçoar sua compreensão da

história da sociedade relacionando aos nossos dias, e assim poder trabalhar com

o coletivo em todos os aspectos, ou seja, questões de relacionamento,

afetividade, ética, enfim, que a prática educativa por meio do seu trabalho seja

transformada.

Desta forma fica a exigência de uma atividade que seja significativa e

significadora, integrada e integradora, como aponta Vasconcellos (2004, p.72):

[..] visando uma melhor qualidade do trabalho pedagógico. Os

papeis desempenhados pelos especialistas nessa linha, são tão

relevantes que, no caso de ausência de agentes que os ocupem

formalmente, serão exercidos por outros profissionais no interior

das instituições; não estamos pois falando de “cargos”, mas de

funções decisivas, tarefas imprescindíveis da prática educativa

transformadora.

29

3.2 O Orientador Educacional e sua prática no contexto escolar

A escola evoluiu, mudou seus paradigmas e postura:

[...] não só as Instituições mudaram, como mudaram os sujeitos que a

estruturam, e nessas instituições estão inseridas todos nós, sujeitos sociais.

No caso da escola, em especial, ocorreram mudanças significativas

também: na escola em si, nos alunos, nos professores, nas famílias que se

relacionam com/na escola e na própria sociedade que com ela interage, seja o

Estado ou as demais Instituições que temos. (GRINSPUN, 2011, p.15)

Diante destas transformações, a escola precisou redefinir suas estruturas

organizacionais e seus objetivos pedagógicos e para um modelo novo de gestão

democrática resignificando o seu papel através da participação de todos,

respeitando as diferenças culturais e as muitas realidades envolvidas no

processo educacional.

O orientador educacional deve trabalhar desenvolvendo a inter-relação

entre professor e aluno, provocando a interação social entre aluno-aluno,

relacionando-se diretamente com os docentes, e discentes, ajudando-os em seu

desenvolvimento pessoal, a fim de agir adequadamente em relação a eles e

acompanhar o processo ensino-aprendizagem, provocando a busca de

conhecimentos, hábitos e atitudes de convívio, bem como, a cooperação e o

respeito humano.

Na escola, o orientador deve envolver-se na organização e realização da

proposta pedagógica, orientando, ouvindo e dialogando com os pais e

responsáveis. Mas para que seu trabalho obtenha êxito é necessária a

participação coletiva e integrada de todos os que compõem a comunidade

escolar, pois somente com o envolvimento de todos os membros escolares no

processo educativo, se conseguirá estabelecer objetivos para a solução de

problemas e tomada de decisões na execução de ações visando e obtendo

assim melhores resultados no âmbito educacional. É importante ressaltar que a

administração escolar não ocorre sozinha, mas com toda comunidade escolar,

porque a vontade coletiva é condição fundamental para que a educação ocorra

efetivamente nesse novo modelo de gestão democrática.

30

A gestão participativa se assenta, portanto, no entendimento de que o

alcance dos objetivos educacionais, em seu sentido amplo, depende da

canalização e do emprego adequado da energia dinâmica das relações

interpessoais ocorrentes no contexto de sistemas de ensino e escolas, em

torno de objetivos educacionais, concebidos e assumidos por seus

membros, de modo a constituir um empenho coletivo em torno de sua

realização. (LÜCK, 2008, p. 22).

E para que tenha um caráter social e pedagógico, a ação participativa

como prática social deve vir revestida de ética, solidariedade e compromisso.

Esta prática educacional deve estar comprometida com a cidadania do aluno

fazendo com que o mesmo tenha a capacidade de escolher, decidir e

principalmente ser um indivíduo crítico. O Orientador deve, portanto, contar a

com a colaboração consciente e comprometida da equipe pedagógica e da

comunidade escolar para promover uma educação de qualidade para o

educando.

O Orientador trabalha para promover com a sua prática alterações de

significado da importância da escola contribuindo dessa maneira para o

desenvolvimento pessoal do aluno, colaborando com a processo de integração

Escola - Família - Comunidade

O orientador educacional deve assessorar os professores em sua prática

educativa encaminhando e avaliando as relações entre os alunos e a escola,

buscando ação integrada com a coordenação pedagógica e os professores para

obter sucesso na prática educativa.

Como afirma Conceição:

O orientador educacional deve ser o agente de informação qualificada

para a ação nas relações interpessoais entro da escola, adotando a prática da

reflexão permanente com professores, alunos e pais, a fim de que eles

encontrem estratégias para o manejo de problemas recorrentes. Esse

profissional não deve assumir posturas isoladas. Sua formação deveria ser

precisa, mas na prática atuam nessa função vários tipos de profissionais. Além

do aspecto da formação, também enfrentamos a variação de modelos.

31

Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000), a Orientação Educacional é

um processo educativo que se desenvolve paralelamente ao processo de ensino

– aprendizagem. As atividades técnicas desse processo podem ser agrupadas

nas funções de: planejamento, coordenação, avaliação e assessoramento.

Nestas funções, segundo as autoras, podem ser definidas tanto as

atividades específicas que o Orientador Educacional irá exercer como aquelas

que serão desenvolvidas em parceria com os professores e outros profissionais.

Participando do planejamento, da caracterização da escola e da

comunidade, segundo as autoras (2000, p.15), o Orientador pode contribuir para

decisões que se referem ao processo educativo como um todo. É importante

que ele participe de todas as decisões de ordem técnica a serem tomadas em

âmbito escolar, em função do seu preparo, de suas funções e do seu

conhecimento da escola, da comunidade e dos alunos, visando um melhor

atendimento à educação integral dos alunos.

Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000) na coordenação, o Orientador

deve acompanhar o desenvolvimento do Currículo na parte que diz respeito ao

seu setor de trabalho, isto é, possibilitar a elaboração e o desenvolvimento dos

planos de ensino segundo os objetivos da sua área de trabalho, desenvolver

atividades específicas relacionadas ao seu campo, organizar arquivos de dados

pessoais de alunos que sejam necessários para uma melhor desenvoltura do

seu trabalho e desenvolver atividades educativas (visitas, festas, programas

preventivos a saúde, higiene e segurança, atividades culturais, entre outras).

Na avaliação, segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000, p. 34),é papel

do orientador educacional adequar os resultados do processo ensino -

aprendizagem aos objetivos educacionais, identificar com os professores e com

a Supervisão Pedagógica as causas do baixo rendimento escolar dos

educandos, constatar os resultados do plano de atividades do setor ao qual

pertence, esclarecer para a comunidade e, em especial, para os pais dos alunos,

sobre os programas de ensino (o porquê e a importância do que se foi

trabalhado), estabelecer critérios para um bom desempenho dos outros setores

da instituição educacional e obter a produtividade da escola como um todo e não

de uma maneira isolada.

32

No assessoramento, o Orientador colabora com a supervisão pedagógica

durante o planejamento a avaliação das suas atividades e auxilia os professores

na elaboração, na execução e avaliação dos seus programas de ensino.

Para que o orientador possa realizar suas funções é necessário que haja

planejamento de suas ações. O planejamento envolve uma visão global sobre a

natureza da educação, da Orientação Educacional e de suas possibilidades de

ação. Por isso, se faz necessário a utilização do planejamento para auxiliar,

nortear e dar continuidade ao trabalho do orientador educacional.

De acordo com Lück (2008), o planejamento da Orientação Educacional

resulta em delinear o seu sentido, os seus rumos, a sua abrangência e as suas

perspectivas de atuação. “O planejamento cuidado e acurado de suas ações

possibilita ao orientador educacional obter maior e melhor controle das

circunstâncias e de situações, em vez de ser controlado por elas.” (p.38).

Mediante uma prática pedagógica planejada, o orientador educacional poderá:

1- Construir e estabelecer a relevância de seu trabalho;

2- Garantir a natureza peculiar da prática da Orientação Educacional;

3- Estabelecer uma imagem positiva da Orientação Educacional;

4- Dar à prática profissional um caráter sistemático e contínuo;

5- Demonstrar a importância e a relevância da Orientação Educacional para

o desenvolvimento da prática pedagógica da escola como um todo.

Esses aspectos devem, no entanto, ser considerados no escopo da

concepção de que o planejamento adequado e que efetivamente contribui para

a superação de concepções limitadas da realidade, em vez de negá-las, ou

contrapô-las a uma ótica idealizada da realidade, considera-as dialeticamente.

(LÜCK, 2008, p.38).

33

CONCLUSÃO

Analisando a legislação correspondente à educação, de maneira

particular a Orientação Educacional no Brasil e levando-se em consideração o

contexto histórico, pode-se observar o quanto foi preciso se reformular no setor

educacional, para que houvesse a real adequação do papel da Orientação

Educacional nas unidades de ensino e se percebesse a importância da ação do

Orientador diante de tantos desafios enfrentados pela escola na atualidade, que

superam o preparo somente no âmbito profissional, buscando alcançar a

formação do educando de forma integral para uma vida satisfatória em

sociedade.

Ao longo da história da educação brasileira, pode-se ver as

transformações sofridas e as conquistas trazendo (re) significação de educação

da prática escolar. Para cada momento, um novo contexto, uma nova exigência

de ser enquanto sujeito social e uma nova forma de ser e fazer educação vai

sendo imposta em resposta ao ser social que se pretende formar e a qual

sociedade servir.

Foi a partir daí que o orientador educacional surgiu, ganhou força, e

sobreviveu além da obrigatoriedade. Ele deixou de ser uma imposição para

tornar-se uma escolha das unidades escolares ratificando a democracia e

justificando a autonomia das escolas: Não é obrigado se ter um orientador

educacional. É livre a escolha entre trabalhar ou não com esse profissional

promotor de condições que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem

enquanto auxiliar da prática docente.

A escola de hoje reclama a presença do orientador educacional para que

se façam os ajustes num caminhar que promova, não apenas o conhecimento,

mas a aproximação entre as pessoas dentro e fora do espaço escolar para que

juntos possam superar com o seu trabalho as dificuldades de aprendizagem, de

socialização, de desigualdade social, etc., apoiados na realidade, respeitando a

diversidade e levando em consideração que, o aluno é um sujeito responsável

34

Pela construção e transformação da sociedade em que vive.

Ao concluir, reforçamos a importância do orientador educacional nas escolas,

até porque nunca antes foi tão necessário a inserção do profissional em

orientação educacional devido a escola, hoje, exercer um papel muito mais

complexo do que anteriormente, tendo que educar o sujeito para o exercício

pleno da cidadania.

35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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37

ÍNDICE

CAPA

FOLHA DE ROSTO

AGRADECIMENTOS

DEDICATÓRIA

RESUMO

METODOLOGIA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - A TRAJETÓRIA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL

CAPITULO II – O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ATUALIDADE

CAPÍTULO III- OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELO ORIENTADOR

EDUCACIONAL NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA

3.1 O orientador e a escola atual

3.2 O orientador e sua prática no contexto escolar

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

38

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes - UCAM

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Vilson Sérgio Conceito: