UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · O desejo da minha frequência cardíaca foi...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS DE METODOLOGIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA O CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Por: Juliana Brandão Pinto de Castro Orientador Profª. Mônica Ferreira de Melo Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

NAS AULAS DE METODOLOGIA DO TREINAMENTO

DESPORTIVO PARA O CURSO DE BACHARELADO EM

EDUCAÇÃO FÍSICA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

Por: Juliana Brandão Pinto de Castro

Orientador

Profª. Mônica Ferreira de Melo

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

NAS AULAS DE METODOLOGIA DO TREINAMENTO

DESPORTIVO PARA O CURSO DE BACHARELADO EM

EDUCAÇÃO FÍSICA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Docência do Ensino

Superior.

Por: Juliana Brandão Pinto de Castro

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AGRADECIMENTOS

Um muito obrigada especial a minha

querida madrinha, pelo permanente

incentivo, a minha mãe, ao meu pai (in

memorian), meu irmão, demais familiares,

amigos e professores. Vocês marcaram

meu caminho e serviram de exemplo de

integridade e amor ao próximo. Amo

vocês!

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos meus amigos

professores que, assim como eu,

abraçam esta nobre profissão com amor e

dedicação e que acreditam no poder do

processo de ensino-aprendizagem como

ferramenta para melhoria da sociedade e

formação/educação de cidadãos cons-

cientes de seus direitos, deveres e

potencialidades.

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I

DESCRIÇÃO DAS AULAS DE METODOLOGIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO I 09

CAPÍTULO II

ANÁLISE CRÍTICA E PERSPECTIVAS DAS AULAS DE METODOLOGIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO I 35

CAPÍTULO III

ENSINO x PESQUISA: QUAL O PERFIL DO DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR NA ATUALIDADE? 39

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 50

ÍNDICE 51

6

INTRODUÇÃO

Antes de iniciar o assunto proposto no tema desta monografia, é

relevante para o leitor conhecer brevemente minha trajetória universitária.

Deste modo, ficarão mais claros os anseios e propostas levantados no decorrer

deste trabalho.

A Faculdade de Educação Física foi escolhida em virtude do

interesse pela área da saúde, devido à relação desta com a prevenção. Afinal,

para que esperar uma doença se alojar no organismo para começar a se

preocupar com os hábitos do dia a dia e a qualidade de vida? Sendo assim, se

o tripé da saúde é composto pela interação entre alimentação adequada, sono

restaurador e exercícios físicos, por que não dedicar a formação acadêmica a

um destes fatores? E, além disto, que ofício proporciona levar informações a

respeito de saúde e qualidade de vida para os indivíduos senão a de

professora?

Com isto em mente, foi prestado vestibular para Universidade do

Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e para Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ). Apesar de todos os alertas e críticas quanto à remuneração, a

decisão de ser professora se manteve. Mais especificamente, professora de

Educação Física. Era preciso seguir aquilo que fazia meu coração bater mais

forte. O desejo da minha frequência cardíaca foi abraçado e, após aprovação

em ambas as universidades, a primeira opção foi priorizada para minha

formação acadêmica.

Vislumbrada com o novo mundo, num ambiente tão diversificado e

exalando conhecimento, foi decidido, ao longo do curso, que não poderia me

graduar sem antes passar pela experiência de ser monitora em alguma

disciplina.

Dentre todas as matérias da grade curricular, algumas chamaram

mais atenção, entre elas, a disciplina Treinamento Desportivo. Aulas e

palestras foram assistidas antes mesmo da inscrição na disciplina,

7acompanhando amigos da graduação que já haviam se inscrito. No período

seguinte, foi feita a matrícula nesta matéria, concluindo-se Treinamento

Desportivo I e, em seguida, Treinamento Desportivo II.

Vale ressaltar que, no decorrer da minha graduação, houve uma

diferenciação no currículo da Educação Física. Faço parte da Licenciatura

Plena em Educação Física, a qual inclui os cursos de Licenciatura e

Bacharelado. Os alunos que ingressaram na universidade a partir do 1º

semestre de 2008 já deveriam optar pelo curso de Licenciatura ou pelo de

Bacharelado.

Atenta ao mural exposto no corredor do Instituto de Educação Física

e Desportos (IEFD), apareceu a grande chance de galgar a monitoria em um

documento informando o “Programa para o concurso de seleção” para a

disciplina visada, referente ao Departamento de Ciências da Atividade Física

(DCAF). Após aprovação na seleção, iniciou-se minha trajetória.

Assim sendo, fui monitora da disciplina de Metodologia do

Treinamento Desportivo, com um professor dotado de uma bagagem

significativa de conhecimento e uma didática de ensino que me motivaram e

me ajudaram a determinar minha escolha profissional. Destarte, o envolvimento

com a disciplina se intensificou, assim como a minha determinação profissional

de trabalhar como professora universitária. Hoje, atuo como professora

substituta desta disciplina. Isto me torna uma pessoa realizada, em busca de

novas formas de se trabalhar com o aluno, ajudando-o a construir o seu

conhecimento e se desenvolver como cidadão pleno, na sociedade que está

inserido.

Assim sendo, esta monografia visa justamente trazer relatos e

reflexões acerca desta experiência acadêmica nas aulas de Metodologia do

Treinamento Desportivo I na UERJ, visando sempre uma otimização do

processo de ensino-aprendizagem.

Para tal, este trabalho foi dividido em três capítulos. No primeiro,

descreve-se, de forma breve, o conteúdo da disciplina que é lecionada, a fim

de deixar o leitor a par das informações que são transmitidas. Este capítulo

8inicial aborda o plano de curso, seguido das Unidades em que o mesmo está

dividido. Apesar de ser de cunho bastante específico, foi utilizada uma

linguagem o mais didática possível, para que tanto os profissionais da área

quanto outros indivíduos possam entender claramente do que se trata. Espero

ter alcançado este objetivo!

Em seguida, no segundo capítulo, foi realizada uma análise crítica

das aulas de Metodologia do Treinamento Desportivo I e pautaram-se algumas

perspectivas para esta disciplina. Foi incluso neste capítulo a metodologia e o

ambiente das aulas e os recursos audiovisuais disponíveis na universidade.

No terceiro e último capítulo, há uma reflexão sobre o perfil do

docente do ensino superior na atualidade. Foi dado um maior enfoque no

contraste existente entre a pesquisa (tão valorizada nos cursos de Mestrado e

Doutorado) com o ensino (fundamental para a sala de aula).

Boa leitura!

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CAPÍTULO I

DESCRIÇÃO DAS AULAS DE METODOLOGIA DO

TREINAMENTO DESPORTIVO I

Este capítulo se propõe a apresentar a metodologia empregada nas

aulas de Metodologia do Treinamento Desportivo I, para a turma de graduação

em bacharelado em Educação Física na Universidade do Estado do Rio de

Janeiro (UERJ), no primeiro período de 2012.

Para tal, é relevante informar a distribuição das aulas no decorrer da

semana, a fim de ter-se uma noção da disponibilidade de tempo para

desenvolver os conteúdos da disciplina em questão.

As aulas acontecem às terças e sextas-feiras, em horários

diferenciados. Às terças-feiras, as aulas estão agendadas para 12:30h às

14:10h e, nas sextas-feiras, de 14:20h às 16:00h. Totaliza-se, então, uma

carga horária prevista de 60 horas no período. Mais dados seguem no plano de

curso desta disciplina, no primeiro tópico deste capítulo.

É interessante ressaltar que antes de iniciarem-se as aulas com os

conteúdos propriamente ditos da disciplina Metodologia do Treinamento

Desportivo I, é realizado com a turma um Contrato Pedagógico no primeiro

encontro. O Contrato Pedagógico é um documento que tem como escopo a

construção coletiva e trata do plano de trabalho, metodologia e regras de

organização e desenvolvimento das aulas e vidas. O mesmo visa construir um

processo de ensino-aprendizagem significativo para todos os envolvidos neste

processo.

Este documento contem dados relativos ao horário das aulas,

preferências quanto a organização do espaço, parâmetros para as relações

interpessoais, metodologia a ser adotada e avaliações.

1.1 – Plano de Curso

10

1.1.1 – INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: Universidade do Estado do Rio

de Janeiro (UERJ)

CURSO: Bacharelado em Educação Física

1.1.2 – IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA

DISCIPLINA: Metodologia do Treinamento Desportivo I

CARGA HORÁRIA SEMANAL: 01h40min de aula, duas vezes na semana

(terças e sextas)

PROFESSORA: Juliana Brandão Pinto de Castro

1.1.3 – EMENTA

Treinamento Desportivo. Âmbitos de Intervenção do Treinamento Desportivo.

Qualidade e Quantidade de treinamento. Princípios gerais do Treinamento

Desportivo.

Detecção e seleção de talentos desportivos. Treinamento em Longo Prazo.

Treinamento

Desportivo na Infância e Juventude. Síndrome do Burnout.

1.1.4 – OBJETIVO GERAL DA DISCIPLINA

Ao final do semestre o aluno deverá ser capaz de:

• Ter uma visão crítica e global da importância do Treinamento Desportivo

na Educação Física e na sociedade;

• Aplicar em situação docente seus fundamentos teóricos em atividades de

diferentes características e objetivos;

11

• Analisar o treinamento e o desporto como fenômeno sócio-econômico-

cultural;

• Avaliar a importância do treinamento no processo de formação e no

desenvolvimento da personalidade do indivíduo.

1.1.5 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA DISCIPLINA

• Conceituar treinamento sobre o ponto de vista desportivo.

• Caracterizar Qualidade e Quantidade de treinamento.

• Conhecer e aplicar os princípios gerais de um processo de Treinamento

Desportivo.

• Situar o treinamento no contexto educacional na infância, juventude e

fase adulta do indivíduo.

• Identificar as características das faixas etárias, reconhecendo

peculiaridades no treinamento para crianças e jovens.

• Compreender a unidade pedagógica constituída com o processo de

Treinamento em Longo Prazo (TLP) e o processo de Detecção e

Seleção de Talentos Desportivos (DSTD).

• Conhecer modelos e procedimentos práticos voltados para a DSTD.

1.1.6 – CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

Unidade I - Conceituação de Treinamento Desportivo

• O treinamento desportivo no contexto da Educação Física

• O treinamento desportivo e sua função pedagógica

• Conceito de desporto

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• Conceito de treinamento

• Treinamento desportivo - sentido estrito e sentido amplo

• Binômio Formação - Educação

• Características de um processo de treinamento desportivo

• Âmbitos de intervenção e objetivos do treinamento desportivo

• Conceitos de treinamento desportivo

Unidade II - Qualidade e Quantidade de Treinamento

• Qualidade de treinamento e efeitos de treinamento

• Quantidade de treinamento (QT): Intensidade, Duração e Frequência de

treinamento.

• Grau de Eficiência de Treinamento (GET)

• Experimentos: Treinamento, em geral, mais eficiente em relação à QT

Unidade III - Princípios Gerais do Treinamento Desportivo

• Princípio da Individualidade Biológica

• Princípio da Adaptação – Síndrome da Adaptação Geral (SAG) –

Supercompensação

• Princípio da Relação Ótima Carga-Repouso

• Princípio da Carga Progressiva (Sobrecarga)

• Princípio da Continuidade (Reversibilidade) do Treinamento

• Princípio da Especificidade do Treinamento

• Princípio da Variabilidade do Treinamento

• Princípio da Interdependência Volume de Treinamento – Intensidade de

Treinamento

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Unidade IV - Estruturação de um processo de Treinamento Desportivo em

Longo Prazo

• Considerações Gerais

• Etapas do Processo de Treinamento em Longo Prazo (TLP)

• Especialização Desportiva Precoce e o Abandono (Síndrome do

Burnout)

Unidade V - Detecção e Seleção de Talentos Desportivos

• Conceitos fundamentais (Detecção, Seleção, Talento e Talento

Desportivo)

• A unidade pedagógica constituída com os processos de treinamento em

longo prazo e de Detecção e Seleção de Talentos Desportivos (DSTD)

• Modelos e procedimentos práticos para a DSTD

Unidade VI - Treinamento na Infância e na Juventude

• Considerações Gerais

• Características psicofísicas na infância e na juventude

• Orientações de treinamento na infância e na juventude

• Preparação Física na Infância e Juventude (Resistência, Força,

Velocidade e Flexibilidade)

• Preparação Técnica e Tática na Infância e Juventude

1.1.7 – METODOLOGIA

14Serão realizadas aulas expositivas, onde o docente incentivará

constantemente a participação dos discentes, visando que os mesmos se

tornem sujeitos construtores do conhecimento.

Será utilizado o recurso audiovisual datashow, com apresentações

de slides no PowerPoint (PPT) e vídeos pertinentes aos conteúdos da

disciplina. Serão recomendados artigos científicos para serem debatidos em

sala de aula, após leitura prévia do mesmo.

A última unidade será ministrada pelos alunos, na forma de

seminários, em relação aos dois últimos tópicos (Preparação Física, Técnica e

Tática na Infância e Juventude). Para tal, a turma será dividida em Grupos de

Trabalho (G.T.s). Os temas serão sorteados. O número de alunos por grupo

dependerá do número de estudantes inscritos na disciplina. De qualquer forma,

objetiva-se uma divisão uniforme.

1.1.8 - AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM

A avaliação do processo de ensino-aprendizagem se dará por meio

de Testes Escritos individuais e por um Seminário realizado em grupo,

ocorrendo da seguinte forma:

Avaliação I – Teste escrito sobre a Unidade I

Avaliação II – Teste escrito com ênfase na Unidade II

Avaliação III – Teste escrito com ênfase na Unidade III

Avaliação IV – Teste escrito com ênfase nas Unidades IV e V

Avaliação V – Seminário

Ressalta-se que as Avaliações não são restritas à repetição do que

foi ministrado ou ao que está nos livros e artigos. Nas avaliações, serão

cobrados do aluno:

a) Raciocínio lógico

15b) Organização das ideias

c) Clareza de expressão

d) Originalidade

e) Capacidade de fazer relações entre fatos, ideias e conceitos

f) Capacidade de aplicação de conhecimentos no cotidiano

Em caso de ausência a alguma(s) avaliação(ões), o aluno deverá

realizar 2ª Chamada.

A mesma será realizada ao final no curso, em data a ser definida,

englobando todas as unidades como conteúdo.

1.1.9 – FONTES DE ESTUDO E PESQUISA

1.1.9.1 – REFERÊNCIAS BÁSICAS

BARBANTI, V. Teoria e Prática do treinamento desportivo. São Paulo:

Edgard Blucher, 1997.

BOMPA, T. O. Treinamento Total para Jovens Campeões. São Paulo:

Manole, 2002.

BOMPA, T. O. A Periodização no Treinamento Esportivo. São Paulo:

Manole, 2001.

BRUCE, E.; JOACHIM, M. Treinamento no Esporte. São Paulo: Phorte, 2000.

GOBBI, S.; VILLAR, R.; ZAGO, A. S. Educação Física No Ensino Superior:

Bases Téorico-Práticas do Condicionamento Físico. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan S.A., 2005.

GRECO, P. J.; BENDA, R. N. Iniciação Esportiva Universal. Belo Horizonte:

UFMG, 1998.

16HEGEDUS, J. La Ciencia del Entrenamiento Deportivo. Buenos Aires:

Stadium, 1984.

HARRE, D. Teoria del Entrenamiento Deportivo. Buenos Aires: Stadium,

1987.

MATVEIEV, L. Fundamentos do Treinamento Desportivo. Lisboa: Livros

Horizontes, 1986.

MATVEIEV, L. O Processo de Treino Desportivo. Lisboa: Livros Horizontes,

1990.

MELLEROWICZ, H.; MELLER, W. Treinamento físico: Bases e Princípios

Fisiológicos. São Paulo: EPU, 1987.

PLATONOV, V. N. Teoria Geral do Treinamento Desportivo. Porto Alegre:

Artmed, 2004.

TANI, G. et. al.. Educação Física Escolar: Fundamentos de uma

Abordagem Desenvolvimentista. São Paulo: EPU - Editora da Universidade

de São Paulo, 1988.

TUBINO, M.J. G.; MOREIRA, S. B. Metodologia Científica do Treinamento

Desportivo. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

VERKHOSHANSKI, Y.V. Treinamento Desportivo – Teoria e Metodologia.

Porto Alegre: Artmed, 2001.

WEINECK, J. Biologia do Esporte. São Paulo: Manole, 1991.

WEINECK, J. Treinamento Ideal. São Paulo: Manole, 1999.

1.1.9.2 – REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

BÖHME, M. T. S. O treinamento a longo prazo e o processo de detecção,

seleção e promoção de talentos esportivos. Revista Brasileira de Ciências

do Esporte 21 (2/3). Jan./Maio, 2000.

17COLANTONIO, E. Detecção, seleção e promoção de talento esportivo:

Considerações sobre a natação. R. bras. Ci e Mov. 2007; 15(1): 127-135.

1.1.9.3 – PERIÓDICOS

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício

1.1.10- MULTI-MÍDIA

http://www.iefd.uerj.br/

http://www.ims.uerj.br/

http://www.nutricao.uerj.br/

1.1.11- OUTRAS FONTES DE PESQUISAS

Sugere-se aos alunos, em vista de conciliar a teoria discutida em

aulas com a prática, visita a Centros de Treinamento (CTs) e conversar com

treinadores e profissionais de educação física ou outros campos da saúde,

como nutricionistas, médicos, fisioterapeutas e profissionais do âmbito da

educação.

1.2 – Unidade I - Conceituação de Treinamento Desportivo

Começam-se as aulas desta Unidade procurando situar para os

alunos o espaço do Treinamento Desportivo dentro do contexto do curso de

Educação Física. Desta forma, fala-se da Teoria e Metodologia Geral do

Treinamento Desportivo (T.M.G.T) e sua relação com as outras disciplinas da

18Educação Física, como a Biomecânica, a Cineantropometria, a Fisiologia, a

Nutrição, a Didática, dentre outras.

Em seguida, são abordados os fatores intervenientes para o alcance

do rendimento esportivo. Ressalta-se a alimentação, saudável e balanceada

em termos qualitativos quanto quantitativos; o treinamento físico, técnico,

tático, psicológico, social e teórico; o descanso, incluindo um sono noturno

restaurador; a influência de fatores endógenos (aqueles que os indivíduos

herdam dos seus ascendentes, também denominado de condição intrínseca ou

carga genética) e as condições de higiene a saneamento básico. Todos estes

itens são fundamentais para o alcance de um nível de rendimento condizente

com o objetivo almejado.

Após esta contextualização, fala-se a respeito dos âmbitos de

intervenção e objetivos do Treinamento Desportivo. São quatro os campos de

intervenção: Treinamento Escolar, Treinamento de Reabilitação, Treinamento

de Preventivo e Treinamento de Rendimento, o qual se subdivide em

Treinamento de Alto Rendimento e Treinamento de Jovens Talentos.

Em relação ao âmbito do Treinamento Escolar, inicia-se o

diferenciando da Educação Física Escolar. Esta é um direito de todos aqueles

matriculados no sistema formal de ensino e um dever do Estado, portanto, é

obrigatória. Já o Treinamento Escolar é relativamente democrático, visto que é

excludente. Quem participa são os indivíduos que apresentam um talento

acima da média quando comparados a seus pares. Ou seja, o aluno precisa

não apenas ter interesse em participar dos treinos escolares, mas também ser

talentoso e confirmar este talento ao longo do processo.

O Desporto Escolar tem dois objetivos principais: Contribuir para a

formação-educação integral e obter elevados rendimentos desportivos em

médio e longo prazos. Mais a frente será explicada, apesar de leigamente os

termos formação e educação serem utilizados como sinônimos, a diferenciação

entre ambos.

Quanto ao Treinamento de Jovens Talentos, pode-se dizer que ele

nada mais é do que o Treinamento Escolar realizado fora da escola,

19comumente realizado em clubes e escolinhas. Seu escopo, assim como o

âmbito anterior, são elevadas performances desportivas em médio e longo

prazos e o desenvolvimento integral do indivíduo (incluindo a os processos

formativo e educativo). Ressalta-se que não se busca resultados imediatos

neste momento, a fim de preservar a integridade do aluno e respeitar seu

estágio maturacional, de crescimento e desenvolvimento.

Já no Treinamento de Alto Rendimento, objetiva-se a obtenção de

elevadas performances desportivas em curto prazo. Neste âmbito se encaixam

os atletas de alta performance e atletas amadores.

O Treinamento Preventivo, também conhecido como Desporto para

Todos, é um âmbito voltado para a Promoção da Saúde e Qualidade de Vida.

Ele visa à manutenção da saúde, através da melhoria da aptidão física geral.

Para tal, são focadas três valências físicas a serem desenvolvidas: A

Resistência e Potência Aeróbica, a Força Muscular e a Flexibilidade. Com

indivíduos idosos, visa-se também desenvolver o Equilíbrio.

No Treinamento Preventivo deseja-se que o treinamento

desencadeie adaptações orgânicas que cursem com um fator de proteção

contra as doenças hipocinéticas, ou seja, aquelas que têm o sedentarismo

como fator de risco e melhor aptidão para as atividades da vida diária.

Por fim, mas não menos importante, tem-se o Treinamento de

Reabilitação, o qual tem como finalidades a reabilitação total ou parcial

(restaurar função) do indivíduo, reintegrando-o à sociedade e prevenir uma

recidiva (enquadrando-se na prevenção secundária).

Após as abordagens a respeito dos âmbitos de intervenção, inicia-se

a conceituar Treinamento e Desporto. O Treinamento Desportivo constitui a

parte mais ampla do fenômeno chamado desporto. O entendimento da

essência do desporto em seu conjunto é importante para o entendimento da

problemática do Treinamento Desportivo.

Desporto, no sentido estrito, refere-se à competição propriamente

dita. No sentido amplo, caracteriza-se como fenômeno social multifacético,

possibilitando a consecução de objetivos muito mais amplos do que os

20puramente desportivos (abarca a competição, a preparação para a mesma e

todas as relações específicas na área tomadas em conjunto).

Em relação ao conceito de Treinamento, pode-se dizer que Treinar

significa tornar apto, habilitar, adestrar para determinada tarefa ou atividade.

Em uma visão geral, é utilizado nas mais variadas áreas, abrangendo um

processo que visa, através de exercícios, atingir um nível mais elevado na área

do objetivo proposto. De um modo geral e concreto: treinamento promove

adaptações orgânicas que determinam aumento de rendimento. Desta forma, o

treinamento é usado para toda aprendizagem (aperfeiçoamento) organizada no

sentido de obter maior rendimento físico, psíquico, intelectual e motor.

Como citado anteriormente, será tratado agora a diferenciação entre

os processos de formação e educação. Fala-se, então, no Binômio Formação-

Educação. O processo de treinamento é pedagógico e biológico e engloba os

processos Formativo e Educativo.

O processo Formativo está relacionado ao desenvolvimento

morfológico e orgânico. Está voltado para a capacidade de rendimento e

relaciona-se com as preparações físico, técnico e tática.

Já o processo Educativo é um processo pedagógico voltado para a

pré-disposição para o rendimento. Ele está voltado para as preparações

psicológica, social e teórica, as quais Tubino (2003) denomina como

“Treinamento Invisível”.

Posteriormente, abordam-se as características atuais do

Treinamento Desportivo, incluindo o caráter científico do processo de treino, a

necessidade de planejamento (sistematização) das ações, a importância do

diálogo entre treinador e atleta e de respeito ao Binômio Formação-Educação,

além da necessidade do Treinamento ser voltado para uma

modalidade/disciplina desportiva específica (ou, ao menos, esportes que

tenham características similares).

Em seguida trata-se nas aulas das tarefas (ou conteúdos) de um

processo de Treinamento Desportivo, que são justamente as preparações

física, técnico-tática, psicológica, social e teórica. Elas são comentadas de

21forma mais superficial, pois o aprofundamento a respeito de cada uma delas

acontece na disciplina Metodologia do Treinamento Desportivo II.

Prosseguindo na matéria, são transmitidas as Etapas de um

processo de Treinamento Desportivo. São elas as etapas de Diagnóstico,

Prognóstico, Decisão, Realização, Avaliação e Feedback (também chamado de

Retroalimentação). Comentam-se sobre as seis etapas, com uma ênfase na

primeira. É na etapa de Diagnóstico que se realiza o levantamento de

informações a respeito do indivíduo que será treinado, da instituição a que se

está vinculado e ao rendimento almejado.

Conclui-se a primeira unidade sugerindo que a turma elabore o seu

próprio conceito sobre o que vem a ser o Treinamento Desportivo.

1.3 – Unidade II - Qualidade e Quantidade de Treinamento

Esta Unidade é bastante conceitual e trata da caracterização de

Qualidade de Treinamento, de Quantidade de Treinamento (QT) e de Grau de

Eficiência do Treinamento (GET). Finaliza-se a Unidade II informando a

respeito de experimentos que visaram descobrir qual treinamento, em geral, é

mais eficiente em relação à Quantidade de Treinamento.

Antes de trazer o conceito de Qualidade de Treinamento, explica-se

o Fenômeno do Estresse, também denominado como Síndrome da Adaptação

Geral (SAG). A SAG é composta por três fases. São elas: Reação (ou Alarme),

Adaptação (ou Treinamento) e Fadiga crônica. Esta última fase não se deseja

alcançar no âmbito do treinamento desportivo, a qual engloba o

sobretreinamento (overtraining).

O organismo tenta a todo instante manter o seu estado de equilíbrio,

conhecido como homeostase (ou homeostasia). Ao ser exposto a agentes

estressores (ou estressantes), sejam eles físicos, químicos ou mentais,

ocorrem mudanças no organismo, o qual lança mão de mecanismos de defesa

a fim de manter sua homeostase. A tais mudanças, dá-se o nome de

22alterações, respostas agudas ou imediatas. Caso os agentes estressores

sejam constantes/sistemáticos/frequentes/regulares, ocorrem adaptações no

organismo, o que se denomina como respostas crônicas (tardias) ou efeitos de

treinamento. Tais adaptações orgânicas levam ao aumento de rendimento

(AR).

Após esta explanação que se conceitua Qualidade de Treinamento.

Os agentes estressores, no campo em questão, são os estímulos de

treinamento, que nada mais é do que o tipo de treinamento. A Qualidade de

Treinamento é o tipo de treinamento. É ela quem determina as características

das adaptações nos diversos sistemas orgânicos. A Qualidade de Treinamento

é determinada pelos meios, métodos e organização metodológica do

treinamento.

No capítulo seguinte será abordado o Princípio do Treinamento que

está diretamente relacionado com o tipo de treinamento (da sessão de

treinamento, do programa de treinamento).

Seguindo tais embasamentos teóricos, é falado sobre Treinamento

Geral e Treinamento Especial. Para discernir um do outro é preciso observar as

características da atividade/esforço/rendimento almejado.

O Treinamento específico é constituído por

estímulos/exercícios/solicitações específicas sobre o organismo, determinando

efeitos específicos no organismo (sejam eles bioquímicos, morfológicos,

psicológicos e/ou fisiológicos). Este tipo é mais bem explicado quando se

aborda o Princípio da Especificidade na Unidade seguinte.

O Treinamento específico conteúdo mais importante para o

treinamento, pois é ele quem determina as adaptações específicas no

organismo, necessárias para o aumento de rendimento específico. Ou seja, o

rendimento é dependente do treinamento específico (fator exógeno) e da

capacidade de adaptação específica (fator endógeno). Apesar de sua

relevância, o rendimento é prejudicado quando prevalece o treinamento de

fatores gerais.

Aproveitando o ensejo, explica-se que o rendimento tem composição

23multifatorial (em qualquer âmbito de intervenção do Treinamento Desportivo). A

maioria das modalidades/disciplinas desportivas são dependentes de diferentes

tipos de treinamento, que podem ter objetivos diferentes. Como exemplo há o

remo, que exige um treinamento da Resistência e de Força específicos. Por

estes treinamentos gerarem adaptações diferentes, diz-se que o organismo

assume uma posição de compromisso em termos de adaptação e fala-se sobre

os treinamentos concorrentes.

Em seguida, conceitua-se a Hierarquização da Performance

Desportiva (ou Rendimento Esportivo), que é a ordenação dos fatores

determinantes do rendimento desportivo de acordo com o grau de importância

para este rendimento. Explica-se quem, quando, como e por que se hierarquiza

o desempenho.

Frisa-se, então, a importância de uma dosagem ideal do

treinamento, visto que a maioria dos eventos desportivos é dependente de

componentes biologicamente diferentes e de importância diferente. A dosagem

ideal é determinada pela análise do rendimento desportivo, pelas

particularidades individuais do treinado, e por fatores exógenos (extrínsecos).

Posteriormente fala-se sobre a Quantidade de Treinamento (QT),

que é o produto da Intensidade de Treinamento (IT), Duração de Treinamento

(DT) e Frequência de Treinamento (FT). Esquematicamente, representa-se tal

esquema da seguinte maneira: QT = IT x DT X FT.

Assim como a Qualidade de Treinamento em determinado período

de tempo é estabelecida pela Qualidade dos estímulos que a compõem, a QT é

estabelecida pela quantidade (intensidade, duração e frequência) dos

estímulos que a compõem.

Em seguida, explica-se o que vem a ser cada um dos componentes

da QT. A Intensidade de Treinamento expressa o nível ou grau de esforço em

um período de tempo determinado. Por exemplo, pode-se mencionar a IT de

uma sessão de treinamento (ST).

A Intensidade de Treinamento (IT) é determinada e controlada por

elementos de natureza fisiológica, psicológica, bioquímica e física

24(biomecânica). Algumas formas de mensuração são: a Frequência Cardíaca

(FC), a percepção subjetiva de esforço (Escala de Borg, por exemplo), a

concentração de lactato sanguíneo, a velocidade de deslocamento, a massa do

indivíduo (leigamente denominada de peso) e o comprimento (altura, distância

alcançadas).

A Intensidade de Treinamento se subdivide em IT Absoluta (ITA) e

IT Relativa (ITR).

A Intensidade de Treinamento Absoluta (ITA) é considerada sob

duas perspectivas: 1ª) Como capacidade máxima de esforço individual. 2ª)

Quando a IT não está estabelecida com base na capacidade máxima de

esforço.

A Intensidade de Treinamento Relativa expressa um percentual da

capacidade máxima de esforço.

A Duração de Treinamento (DT) expressa o tempo (duração) da

exposição ao esforço de treinamento em um período de tempo determinado. A

DT é determinada e controlada por elementos de natureza temporal (unidades

horárias). Exemplo: segundos, minutos, horas.

A Frequência de Treinamento (FT) expressa o número de ST

realizadas em determinado período de tempo (dia, semana, mês, etc.).

A designação frequência de estímulos é utilizada para expressar o

número de estímulos aplicados em uma ST onde se aplica o método de

treinamento intervalado.

Outro conceito também explicado nesta Unidade é o Volume de

Treinamento (VT). O Volume de Treinamento expressa a Quantidade de

Treinamento quando se quer referenciar a DT e FT em um período de tempo

determinado. Nesse sentido, se busca separar DT e FT da IT, em que pese a

constante relação entre os fatores que compõem a QT. A representação do

Volume de treinamento é: VT = DT x FT.

Já a Densidade de Treinamento promulga, em termos comparativos,

o número de ST realizadas em determinado período de tempo (dia, semana,

25mês, etc.). Assim, é feita referência a maior ou menor densidade de

treinamento.

Outro conceito essencial para prosseguir na matéria é o de Grau de

Eficiência de Treinamento (GET). O GET é determinado pelo quociente entre o

Aumento de Rendimento (AR) alcançado e a Quantidade de Treinamento (QT)

em determinado período de tempo. O grau de eficiência pode ser assim

representado: GET = AR/QT. O GET expressa a importância do treinamento

“econômico”. É válido diferenciar “eficiente” e “eficaz” a fim de esclarecer

melhor este conceito. Eficiente é quando se alcança o objetivo almejado com o

menor dispêndio/economia de energia (ou outro recurso) possível. Já eficaz é

quando o objetivo é alcançado, independente de maior rapidez ou economia.

Quanto aos experimentos que visaram descobrir qual treinamento,

em geral, que é mais eficiente em relação à Quantidade de Treinamento,

comenta-se sobre os estudos experimentais. Estes foram realizados por grupos

homogêneos ou gêmeos homozigóticos, constitucionalmente e

condicionalmente semelhantes, que foram submetidos à mesma alimentação,

vivendo no mesmo ambiente e realizaram treinamento aeróbio, em bicicleta

estacionária.

Todavia, são apontadas três críticas a estes experimentos realizados

por Meller & Mellerowicz (1987): foi uma intervenção de curta duração, teve-se

um N pequeno e não houve grupo controle.

Após a explicação dos três estudos experimentais, inicia-se o

conceito de Limiar de Treinamento, que é o nível mínimo de estimulação (QT)

necessário para que sejam desencadeadas adaptações orgânicas que

acarretem Aumento de Rendimento (AR). O empirismo indicava que pequena

QT não acarretava AR. Portanto, para que haja AR é necessário que o Limiar

de Treinamento seja alcançado.

Assim, estímulos positivos acarretam AR, estímulos neutros mantém

o estado de treinamento (ET) e estímulos negativos levam a perda das

adaptações orgânicas.

O Limiar de Treinamento é dependente dos seguintes fatores:

26estado de treinamento (ET), constituição física, idade, etc.

1.4 – Unidade III - Princípios Gerais do Treinamento Desportivo

O Treinamento Desportivo é uma ciência e, como tal, tem seus

princípios. Alguns princípios, dependendo da fonte de consulta, são

denominados de diferentes formas. O mais importante, então, é atentar para o

conceito.

Na disciplina, apresentam-se os principais princípios: Princípio da

Individualidade Biológica; Princípio da Adaptação (também chamado de

Síndrome da Adaptação Geral); Princípio da Relação Ótima Carga-Repouso;

Princípio da Carga Progressiva (Sobrecarga); Princípio da Continuidade

(Reversibilidade); Princípio da Especificidade; Princípio da Variabilidade do

Treinamento; Princípio da Interdependência Volume-Intensidade de

Treinamento (VT–IT).

O Princípio da Individualidade Biológica explica a variedade entre

elementos da mesma espécie. As diferenças individuais são morfológicas e

funcionais quanto às características físicas e capacidades físicas, e

psicológicas, cognitivas e sociais, por exemplo, quanto aos componentes da

personalidade. O Sucesso do Programa de Treinamento depende do respeito à

Individualidade Biológica.

Alguns procedimentos pertinentes à individualização do treinamento

são: levantamento da história clínica do indivíduo, realização de exame físico,

realização de testes laboratoriais, levantamento da história esportiva,

realização de testes físicos voltados para a avaliação da aptidão física e

características físicas. O mesmo pode ser feito quanto às características

psíquicas, etc.

Certos aspectos devem ser considerados no Princípio da

Individualidade Biológica. São eles: aspectos sociais, educacionais,

ocupacionais, econômicos, nutricionais, viagens e monotonia (falta de variação

27nos treinamentos).

Com o respeito a este princípio do treinamento tem-se a adequação

do treinamento às características individuais em relação aos pontos fortes e

fracos.

Quanto ao segundo princípio, o Princípio da Adaptação,

relembramos a Síndrome da Adaptação Geral (SAG) – lembrando que a

repetição é a mãe do aprendizado. A SAG também é conhecida como o

Fenômeno do Estresse. Associa-se, então, a adaptação do organismo aos

estímulos de treinamento constantes/sistemáticos/frequentes/regulares,

gerando, assim, aumento do rendimento.

Em relação ao Princípio da Relação Ótima Carga-Repouso, ressalta-

se a importância da relação entre QT e tempo de recuperação para os efeitos

de treinamento. Os estímulos de treinamento levam ao desgaste das reservas

de energia (como o glicogênio muscular e hepático), gerando uma diminuição

momentânea da capacidade de rendimento. Com o repouso e uma alimentação

adequada há uma recuperação energética seguida de uma recuperação

energética ampliada (também chamada de Assimilação Compensatória ou

Restauração Energética Ampliada). Este é o momento mais propício para a

aplicação de um novo estímulo de treinamento. Esta é a lei fundamental de

maior formação de energia.

Existem quatro formas de recuperação: contínua, imediata, posterior

e estressante.

Quando há uma adequada relação entre o estímulo de treinamento e

o repouso, ou seja, com intervalos adequados, há o aproveitamento da

supercompensação energética, levando à adaptação do organismo àquele

estímulo.

Entretanto, uma inadequação da relação pode acarretar o

Sobretreinamento (overtraining), caso haja intervalos curtos entre uma sessão

de treinamento e outra ou pode haver a perda do estímulo, no caso de

intervalos longos demais.

28Logo, alguns fatores exógenos e endógenos são relevantes no

tempo de recuperação e precisam ser conhecidos. São eles: alimentação,

repouso, nível de condicionamento, idade, gênero, Qualidade de Treinamento,

Quantidade de Treinamento, viagens, estilo de vida e fatores ambientais.

No Princípio da Carga Progressiva explica-se que o termo Carga de

Treinamento é utilizado como sinônimo de Quantidade de Treinamento (QT).

Tal explicação é feita para evitar conflitos de entendimento quanto à carga

externa, a qual diz respeito à quilagem mobilizada em um exercício físico.

A QT deve estar relacionada com o rendimento do indivíduo e com a

capacidade do indivíduo suportá-la. O aumento da QT dá-se pela manipulação

da IT, DT e FT. A preocupação deve ser com todos os fatores que influenciam

o rendimento.

A orientação geral quanto ao aumento da QT é primeiro aumentar a

DT, depois a FT, seguida pela incrementação da IT e diminuição das pausas

durante as ST. As formas básicas de aumento da QT são Linear, Parabólica e

em Saltos.

O Princípio da Continuidade do Treinamento ressalta que a

continuidade do treinamento é determinante para a consecução dos objetivos

de treinamento. As adaptações não são permanentes e perduram, em termos

qualitativos e quantitativos, em função da manutenção de um limiar de

treinamento. Este princípio também é chamado de Princípio da Carga

Contínua.

A continuidade é imprescindível para a obtenção do rendimento

(performance) almejado e para a constante evolução do rendimento. Assim,

devem-se evitar interrupções no treinamento, executar repetições e controles

frequentes, analisar os efeitos das QT, observar as qualificações obtidas e

considerar as fases de desenvolvimento da forma desportiva.

O Princípio da Especificidade do Treinamento proclama que

estímulos de treinamento específicos (treinamento específico) determinam

adaptações orgânicas específicas ao treinamento e um aumento de rendimento

específico.

29Deste modo, são dados exemplos quanto às adaptações específicas

quanto aos aspectos fisiológico e psicológico e quanto ao aspecto

biomecânico.

Há também o Princípio da Variabilidade do Treinamento. Sabe-se

que uma mesma tarefa de treinamento perde os efeitos em termos da QT,

meios e método, mostrando-se necessário variar o treinamento. Todavia, no

desporto de alto rendimento, com o predomínio do treinamento específico, as

possibilidades de variação do treinamento tornam-se mais limitadas.

Desta forma, o princípio da variabilidade requer maior atenção com

atletas de alto nível, visto que a crescente especialização torna a variabilidade

mais problemática. A possibilidade de escolha de conteúdos, meios e métodos

é menor, assim como as variações de IT, DT e FT. Apesar de simples, podem

não se adequar às necessidades do treinamento.

Por fim, aborda-se o Princípio da Interdependência Volume-

Intensidade de Treinamento (VT–IT). Relembrando que o Volume de

treinamento (VT) expressa a Quantidade de Treinamento (QT) quando se quer

referenciar a DT e FT em um período de tempo determinado. Nesse sentido, se

busca separar DT e FT da IT, em que pese a presença e a constante relação

entre os fatores que compõem a QT.

O AR depende do aumento da IT e do VT de modo interdependente,

considerando a performance desejada. Destaca-se aqui que a IT é

determinante para o GET e que a DT e FT se relacionam com a formação de

base. Êxitos desportivos dependem de alta IT e grande volume de treinamento,

pois estes são interdependentes. A estimulação predominante dependerá do

período de treinamento.

A recomendação para aumentar QT e IT sem que ocorra

sobretreinamento é através da alternância entre o aumento da QT e da IT e do

balanceamento entre QT e IT, recaindo-se sobre o caráter ondulatório do

processo de treinamento. Em geral tem-se: maior VT, menor IT e vice-versa.

30

1.5 – Unidade IV - Estruturação de um Processo de

Treinamento Desportivo em Longo Prazo

Ao iniciar esta Unidade, fala-se sobre Treinamento em Longo Prazo,

a Periodização de um Processo de Treinamento Desportivo, os Ciclos de

Treinamento: Macrociclo, Mesociclo e Microciclo e sobre a Unidade ou Sessão

de Treinamento. Destaca-se, então, que o foco neste momento é o

Treinamento em Longo Prazo. Os demais tópicos serão tratados no segundo

módulo da disciplina de Metodologia do Treinamento Desportivo.

Portanto, em relação ao Treinamento em Longo Prazo, algumas

dúvidas comuns são sanadas, como por exemplo: O que é, quem participa, em

que âmbito é aplicado e quando deve ser iniciado.

Algumas considerações gerais são feitas em relação ao Treinamento

em Longo Prazo (TLP). Este é um processo que se prolonga por muitos anos,

indo da base ao alto nível. É assim, pois, na prática, comprovou-se que

performances máximas são alcançadas quando as bases do treinamento são

lançadas na infância e juventude. Logo, os treinos devem ser desenvolvidos

em diferentes períodos do desenvolvimento do jovem atleta e precisa estar

adequado à idade e à lógica do aperfeiçoamento desportivo.

O TLP tem como consequências: planificação sistemática em longo

prazo do processo de treino, determinação e ordenação dos objetivos de treino.

Determinados componentes de treino terão precedência.

Os objetivos do TLP são: aumento progressivo das exigências do

treino, melhoria contínua da capacidade de performance desportiva,

aproveitamento dos momentos ideais para a realização das tarefas do

treinamento.

O início do TLP depende das particularidades individuais e da

modalidade desportiva e suas características, como em que idade a

performance de alto nível é alcançada e o tempo necessário para preparação

do atleta de alto nível para aquela modalidade/disciplina desportiva.

31O TLP é constituído por três etapas: etapa de Base, de

Desenvolvimento (ou de Construção) e de Alto Nível (ou Otimização). Há uma

variação das características qualitativas e quantitativas de treinamento em

cada uma destas fases.

Nesta Unidade também se aborda a Especialização Desportiva

Precoce (EDP), que é quando o treinamento específico é aplicado em um

momento em que deveria estar predominando o treinamento geral.

Alguns fatores que podem ocasionar a EDP são: a valorização social

do desporto de rendimento; o valor atribuído à competição; a pressão de

responsáveis e de dirigentes por resultados; a organização de competições

infantis e juvenis; o desconhecimento da TMGT, dentre outros.

Como consequência, tem-se: Lesões, contusões, enfermidades,

estagnação motora, limitação dos resultados, pressão psicológica, aversão à

prática, etc.

Por fim, aborda-se na Unidade IV a Síndrome do Burnout. Esta

síndrome é composta por um conjunto de sinais e sintomas decorrentes de um

estado de esgotamento físico e/ou mental. A Síndrome do Burnout pode

acarretar o abandono precoce do desporto. É como se, metaforicamente

falando, a chama da vontade pela prática do exercício físico se apagasse.

Possíveis causas para a síndrome são: excesso de treinamento,

estresse psicofísico excessivo, ausência de vida social, pressão psicológica por

vitórias, perda do prazer na prática desportiva, falta de motivação e lesões.

A Síndrome do Burnout ocorre, em geral, entre os 12 e 17 anos, que

é quando vai havendo uma mudança de interesses, havendo mais vontade por

explorar relacionamentos com outros indivíduos em virtude, entre outros

fatores, do boom hormonal que acontece neste período.

1.6 – Unidade V - Detecção e Seleção de Talentos Desportivos

32Os âmbitos de intervenção do Treinamento Desportivo em que a

Detecção e Seleção do Talento Desportivo (DSTD) se fazem necessárias são

no Treinamento Escolar e no Treinamento de Jovens Talentos.

Há uma relação intrínseca entre o talento e o desporto. Pode-se

destacar que o desporto de rendimento implica em elevados resultados

desportivos e caracteriza-se por uma área de comparação e de revelação das

possibilidades humanas. O alto rendimento é consequência do talento

individual.

E o que vem a ser este talento? O talento pode ser conceituado

como uma aptidão natural ou habilidade adquirida, uma inteligência

excepcional. É uma faculdade ou um grupo de faculdades com certas

especificidades notavelmente superiores à média.

A ideia de talento está ligada a habilidades otimamente

desenvolvidas, atitudes motoras que podem ser detectadas cedo, maestria de

movimento, potencial acima da média para a realização de façanhas atléticas e

pré-requisitos específicos para um tipo de esporte.

Dentro do Treinamento Desportivo, pode-se, então, inferir que o

talento é um conjunto de condições básicas da criança ou do jovem para o

desenvolvimento do desempenho esportivo.

Como se vê, a ideia de talento está vinculada ao alto rendimento, ao

potencial para se alcançar o mesmo (talento potencial e talento confirmado), ao

desenvolvimento do talento, a composição multifatorial do talento e está ligado

a uma tarefa específica.

Assim, conforme Joch (1992), talentoso é aquele que, com

disposição, prontidão para o desempenho e possibilidades, apresenta um

desempenho acima da média comprovada para aquela faixa etária, obtido

graças ao acompanhamento de um treinamento que visa o desenvolvimento da

performance.

Em função do exposto é coerente presumir que seria difícil um

indivíduo apresentar talento para toda e qualquer atividade. Há, por

33conseguinte, necessidade de especialização (o que significa tratar a parte,

particularizar, especificar).

Depara-se, com isto, com o que parece ser um paradoxo: o Princípio

da Especificidade, o qual reforça a necessidade de especialização e

Necessidade de generalização (que visa oferecer uma vivência multivariada

como base para um posterior desenvolvimento).

Há algumas noções importantes para o estudo da evolução do

talento. Este é o resultado de um desenvolvimento temporal longo e da

mudança do predomínio da abordagem geral para a abordagem específica.

Segundo Harre (1987), a identificação do talento desportivo é um

processo de determinação das pré-condições do rendimento, que uma pessoa

deverá ter a fim de poder alcançar um alto nível de desempenho, e que deverá

obter-se através do emprego de adequadas técnicas de diagnóstico.

Há algumas normas e princípios para o reconhecimento do talento

desportivo. A DSTD começa com a Educação Física obrigatória na escola e

durante as atividades ao ar livre, informais e formais, em clubes, centros

comunitários, praças, condomínios, campos de várzea, etc. O talento é

reconhecido mediante prolongada DSTD e na estrutura de competições e

campeonatos.

A DSTD deve basear-se nos fatores determinantes do rendimento

que apresentam um papel decisivo na obtenção do rendimento desportivo

máximo: são, principalmente, aqueles que dependam em grande medida da

disposição hereditária, as características antropométricas, algumas

capacidades físicas (velocidade, coordenação), e aptidões para participar de

um jogo.

O grau de manifestação dos fatores determinantes do rendimento

deve ser avaliado em relação ao desenvolvimento biológico.

É preciso que o talento possua um Perfil Psicológico Positivo (de

vencedor). Tal perfil engloba um indivíduo participativo, com prontidão, que não

se intimida nos momentos e situações difíceis, é líder e busca vencer.

34Considera-se aqui os fatores principais do rendimento relacionados

ao TD geral, indicadores de certo nível de rendimento e de predisposição, a

saber: altura e peso corporal, velocidade na corrida, resistência, coordenação,

habilidade nos jogos e capacidade de desempenho desportivo multilateral.

Informação sobre a história desportiva prévia também se mostra

relevante, sendo válido considerar a participação do indivíduo em treinamentos

e em competições, Quantidade de Treinamento, interesses desportivos,

interesses dos pais sobre o seu desenvolvimento desportivo e registros

desportivos anteriores.

O reconhecimento do talento desportivo durante o programa de

treinamento dos jovens (desenvolvimento do talento desportivo) ocorre através

da análise dos fatores determinantes do rendimento, das aptidões gerais às

específicas.

Conclui-se esta Unidade com os indicadores do talento desportivo,

que são quatro: indicador do nível de rendimento, indicador do ritmo de

crescimento do rendimento, indicador da estabilidade do rendimento e do

potencial de crescimento e indicador da tolerância à carga de treinamento.

1.7 – Unidade VI - Treinamento na Infância e na Juventude

(Seminários)

Esta Unidade é desenvolvida na forma de seminários pelos alunos

inscritos na disciplina, possibilitando que eles assumam o papel efetivo na

construção do conhecimento. Visa-se abordar aqui características psicofísicas

na infância e na juventude, orientações de treinamento na infância e na

juventude, Preparação Física na Infância e Juventude (onde são priorizadas as

seguintes valências físicas: Resistência, Força, Velocidade e Flexibilidade) e

preparação Técnica e Tática na Infância e Juventude.

35

CAPÍTULO II

ANÁLISE CRÍTICA E PERSPECTIVAS DAS AULAS DE

METODOLOGIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO I

2.1 – Metodologia das aulas

As aulas são realizadas por meio de aulas expositivas participativas.

Ou seja, predominantemente as informações acerca do conteúdo da disciplina

são transmitidas por mim, buscando sempre a participação dos alunos nas

explanações.

Segundo Brown (1985 apud GODOY, 1997, p.76), “os principais

propósitos de uma aula expositiva são: a) Transmitir informações; b) Gerar

compreensão; c) Estimular o interesse”.

Tais informações são transmitidas visando que os alunos consigam

assimilá-las e transformá-las em conhecimento. Destarte, consigam absorver o

que é falado, mostrado e discutido, permitindo uma aprendizagem efetiva e

significativa.

De acordo com Masetto (2003, p.30):

É importante que o professor desenvolva uma atitude de parceria e co-responsabilidade com os alunos, planejando o curso juntos, usando técnicas em sala de aula que facilitem a participação e considerando os seus alunos adultos que podem se co-responsabilizar por seu período de formação profissional.

Ou seja, em prol do crescimento dos discentes, busca-se assegurá-

los de autonomia. Isto não significa deixá-los sem assistência, mas

conscientizá-los de que estão inseridos no processo e que precisam fazer sua

parte.

36Apesar da predominância das aulas serem de cunho teórico, busca-

se sempre uma ligação com a prática. Afinal, conforme afirmativa de Per Henrik

Ling (1776-1839), pai da ginástica escolar sueca: teoria sem prática é como um

corpo sem espírito e prática sem teoria é como um espírito sem corpo, um

corpo puramente animal.

Em relação à teoria, Pimenta e Anastasiou (2008, p.179) trazem em

uma ideia interessante:

[...] o papel das teorias é o de iluminar e oferecer instrumentos e esquemas para análise e investigação, que permitam questionar as práticas e, ao mesmo tempo, pôr as teorias em questionamento, uma vez que são explicações sempre provisórias da realidade.

A maioria das aulas são realizadas com o recurso audiovisual data

show, através do programa PowerPoint. Todavia, tendo em vista que aquilo

que se escuta, com facilidade se esquece, o que se vê, se lembra, mas quando

se faz, se aprende, ao final do período a turma é dividida em grupos. Cada um

destes grupos fica responsável pela apresentação de um seminário, relativo a

ultima unidade da disciplina.

Desta maneira, o aluno fica responsável por ensinar, conquistando

um dos fatores importantes para o aprendizado. Dentre tais fatores,

sobressaem também o fazer (praticar), o estado emocional (que será

mencionado novamente no tópico seguinte) e a importância da repetição.

Antes da apresentação dos seminários, os grupos de trabalho tem

um tempo de aproximadamente quatro semanas ou mais para buscar

referências para a confecção da parte escrita. O material trazido é avaliado e

lido por mim. No feedback são feitas considerações sobre o conteúdo,

correções gramaticais, sugestões de material para pesquisa, visando sempre

aprimorar o que está sendo produzido.

Este trabalho escrito é divulgado para a turma uma semana antes da

apresentação do seminário. Visa-se, com isto, que todos os alunos possam

estar cientes do assunto que será abordado e estejam com uma maior

37bagagem para uma análise critica do conteúdo que é apresentado na

exposição oral e visual.

Os alunos responsáveis pelo tema dispõem também do data show,

precisando apenas informar com antecedência pra que o material seja

reservado na secretaria do curso. As práticas pertinentes ao tema também são

sugeridas. Estas podem ser realizadas no ginásio da universidade ou em

alguma das salas disponíveis para tal propósito.

2.2 – Ambiente de sala de aula

São utilizadas para a realização das aulas, frequentemente, três

salas do andar do curso de Educação Física, variando conforme o dia da

semana. Tais salas são arejadas, sendo uma mais ampla que as outras. Esta

sala mais ampla dispõe apenas de ventilador para refrescar o ambiente. As

outras duas salas possuem ar condicionado. Porém, todos os três recursos são

barulhentos, o que obriga a um aumento no tom de voz, além de um incômodo

auditivo para os presentes neste ambiente.

As cadeiras são acopladas a um apoio para escrita, sendo grande

parte voltada para alunos destros.

A parte do espaço físico, é significante ressaltar o ambiente

emocional desta sala. Tenha claro que não se trata de nenhum misticismo

quando se levanta este assunto aqui. A questão é que um estado emocional

adequado propicia uma aprendizagem muito mais significativa. A fim de que os

alunos tenham entusiasmo pela matéria, o professor deve estar motivado para

ensinar, contagiando os alunos de forma positiva, além de deter o

conhecimento das teorias e das técnicas de incentivo (PILETTI, 1993).

Piletti (1993) corrobora com tal visão, defendendo que o ambiente de

aula deve subsidiar aos alunos um lugar de educação e compensação. Para

tal, destacam-se as fontes de incentivo para a aprendizagem, as quais incluem

38os recursos didáticos, os procedimentos de ensino, o conteúdo, as atividades

práticas e os exercícios.

O ato pedagógico é muito mais do que incitar intelectualmente o

conhecimento. Há uma forte relação afetiva atrelada ao processo de ensino-

aprendizagem. Relação esta estabelecida entre professor e aluno e entre os

próprios alunos entre si. A necessidade de estabelecimento destes vínculos

não pode ser negligenciada e será aprofundada no capítulo seguinte.

2.3 – Recursos audiovisuais

As salas disponíveis para as aulas são munidas, como já citado

anteriormente, de data show. Possuem também um quadro negro, para escrita

com giz.

O recurso do data show é aproveitado, onde o programa PowerPoint

é a ferramenta de auxílio para montagem dos slides referente ao conteúdo da

disciplina em questão.

Os slides costumam ter figuras condizentes com as informações

apresentadas. Tais informações são expostas predominantemente na forma de

tópicas. Deseja-se, com isto, que o conteúdo seja bem compreendido e que as

aulas fiquem mais dinâmicas.

Estes slides são disponibilizados para os alunos por meio de uma

pasta disponível na xerox ou via e-mail eletrônico. É um material base para os

estudos, mas reforça-se sempre a importância de não haver uma limitação dos

estudos a este material.

São recomendadas pesquisas em sites, leitura de livros da

biblioteca, de revistas científicas, diálogo com professores atuantes na área e a

própria troca entre os alunos inscritos na disciplina.

39

CAPÍTULO III

ENSINO x PESQUISA: QUAL O PERFIL DO DOCENTE

DO ENSINO SUPERIOR NA ATUALIDADE?

Neste último capítulo serão abordadas questões relativas à que

docente se faz necessário nas universidades, como os modelos ideológicos

vêm influenciando a ação do coletivo dos professores de ensino superior e o

fato da ação de pesquisar o ensinar torna-se uma possibilidade e um desafio

para a construção da identidade do docente (como profissional da educação –

professor) e para a revisão das ações em sala de aula.

Assim sendo, quanto aos modelos ideológicos e a ação de

professores, pode-se inferir que a profissão docente é uma prática educativa,

ou seja: como tantas outras, é uma forma de interferir na realidade social.

Neste caso, tem-se uma intervenção mediante a educação. Portanto, a prática

educativa é também uma prática social.

Neste processo, estão imbricados dois elementos: o

institucionalizado (ligado à prática - forma de educar, tradições e culturas) e os

sujeitos (ligados à ação - modo de agir, pensar, valores, compromissos –

conhecimento e esquemas teóricos de leitura de mundo). Ambos os elementos

interagem. É importante compreendê-los para alterar as instituições com a

contribuição das teorias. Este é o desafio da Pedagogia moderna –

harmonização da reprodução e depuração das tradições educacionais das

instituições. Esta transformação deve valorizar a tradição, mas não pode deixar

que a tradição leve ao imobilismo. Pesquisar a prática (epistemologia da

prática) é um caminho para a sua transformação.

Pimenta e Anastasiou (2008) destacam que a prática educativa

tende a conservar e reproduzir as práticas dominantes. Para transformá-la é

necessário desmascarar seu caráter histórico herdado do habitus e das

instituições.

40Habitus são sistemas de disposições estruturantes, duradouras e

transferíveis; ou seja, princípios geradores e organizadores de práticas

naturalmente/espontaneamente orquestrados. Já a institucionalização refere-se

a realidades sociais cristalizadas pelo habitus; são regras que definem e

determinam posições e relações, de maneira convencional, em determinada

área. A institucionalização possui aspectos positivos e negativos.

Nesse processo de transformação, é importante, também,

conhecer os modelos/enfoques de prática docente. São três:

1) O tradicional ou prático-artesanal (moldado na prática – um

fazer empírico), para o qual ensinar é transmitir conhecimentos vinculados a

modos, usos, costumes, crenças e hábitos consagrados e valorizados

socialmente; reproduzindo-os e conservando-os. Para estes, o professor já

nasce pronto, a docência é um dom inato.

2) O técnico ou academicista, que tem viés científico, valoriza a

transmissão de conhecimentos elaborados e produzidos pela pesquisa

científica (um fazer técnico – domínio de técnicas, recursos e estratégias).

3) O hermenêutico ou reflexivo, para o qual o ensino é uma

atividade complexa. Neste enfoque, o professor deve desenvolver seus

saberes, criatividade e sensibilidade. Sua formação deve considerar o contexto,

a história e a sociedade e compreender o ensino como objeto de análise,

pesquisa, crítica e desenvolvimento democrático-participativo.

As autoras comentam, ainda, que os professores encontram-se

diante de um paradoxo e de grandes exigências. Espera-se deles que sejam

lideranças catalisadoras (aceleradoras) de transformações positivas nos alunos

e na sociedade. Por outro lado, espera-se que sejam, também, elementos de

resistência aos riscos à sociedade.

Nada obstante a esses paradoxos e exigência, há iniciativas na

área de formação de professores que apontam para a melhoria da

profissionalização do docente e na aprendizagem dos estudantes.

Quanto ao pesquisar o ensinar, será explicado a seguir o porquê

41desta nova tendência. Primeiramente, é importante ressaltar que a atual

legislação exige um percentual significativo de docentes com conclusão de

cursos de especialização, mestrado e doutorado nas instituições de ensino

superior. O objetivo principal destes cursos é a prática sistemática da pesquisa.

Todavia, um excepcional pesquisador não é, necessariamente, um excelente

docente.

A seguir, para esclarecer a afirmativa anterior, segue um quadro

montado a partir do livro de Pimenta e Anastasiou (2008) com a diferenciação

entre pesquisa e ensino, com os componentes presentes nos dois métodos.

Contrasta-se a pesquisa (tão valorizada nos cursos de Mestrado e Doutorado)

com o ensino (fundamental para a sala de aula), destacando:

1) Os sujeitos envolvidos

2) Tempo

3) Resultados

4) Método

5) Conhecimento

PESQUISA ENSINO

Sujeitos Envolvidos Pesquisador + orientador Professor + pares institucionais + alunos

Tempo

Previsto em blocos. Passível de alterações justificadas por

imprevistos, levantamento de novos problemas, questões e/ou processos. Ou seja, há

certa flexibilidade.

Não há flexibilidade. O processo de ensinagem, com seu conteúdo

programático, tem que se enquadrar ao semestre ou ano letivo.

Resultados

É o conhecimento gerado ao término da pesquisa.

Este resultado pode acusar a confirmação da teoria existente ou levar à revisão parcial ou até

total do referencial teórico estudado.

Espera-se que o ensino propicie novas elaborações e sínteses dos

conhecimentos e processos, tanto por parte dos professores quanto pelos

alunos. Deseja-se ampliação da herança cultural,

possibilitando uma apreensão qualitativamente superior dos quadros

teóricos e da própria realidade.

42

PESQUISA ENSINO

Método

Há uma estreita e direta relação entre o objeto de

estudo, o campo de conhecimento ao qual ele se

refere e o método de apreensão de seus

determinantes. Por isso, o método é definido ao propor-se o problema a ser

pesquisado. Trabalha-se, habitualmente,

com métodos já existentes, os quais refletem modelos científicos já testados.

Não comporta modelos preestabelecidos com etapas a serem seguidas. Exige um processo de reflexão

sistemática, exigindo pesquisa daqueles que pretendem efetivá-lo com

competência e seriedade. Depende da visão de ciência, de

conhecimento e de saber escolar do professor.

Caso este tome a disciplina que leciona como um fim em si mesma, transmite o

conhecimento de forma neutra e descontextualizada.

Caso considere a ciência de modo diferente, respeita-se a forma de

apreensão objetivada pelos sujeitos envolvidos, conforme as metas e

objetivos do processo pedagógico, sendo o método construído em parceria.

Conhecimento

Por ser histórico e temporal, forma um resumo que

precederá as novas sínteses dos quadros teóricos futuros.

Este novo conhecimento refuta ou confirma hipóteses,

podendo incorporar ou superar teorias existentes,

possibilitando ou não novas teorias científicas.

Diferentemente da pesquisa, os conhecimentos a serem trabalhados são conteúdos já existentes, sistematizados, elaborados e organizados em sínteses.

Deve ocorrer sob a orientação do professor, mas sob responsabilidade

conjunta. Os conhecimentos precisam ser

traduzidos pelos sujeitos do processo com base no quadro teórico da disciplina,

do programa de aprendizagem e do curso como um todo.

Quadro 1 – Comparação entre pesquisa e ensino.

(PIMENTA & ANASTASIOU, 2008)

Visto tal contrastação, comprova-se que um excelente docente

precisa de desempenho pedagógico e didático, diferente dos requisitos

necessários a um reconhecido pesquisador. Isto corrobora, segundo as

autoras, com a questão de que realmente o recém-formado em um curso de

pós-graduação não sai necessariamente preparado para a carreira de

professor, em função desta nítida distinção entre o processo de pesquisa e o

43processo de ensino-aprendizagem.

Além disto, é válido ressaltar que o professor deve pesquisar a

própria prática docente, pesquisar o processo de ensinar. A partir de então,

surgem algumas indagações:

– Como tem acontecido o desenvolvimento profissional continuado

do docente do ensino superior?

– Profissionalmente, qual a valorização dada ao domínio do método

de ensino pelos docentes universitários, pelas instituições de ensino superior e

pelo sistema legal?

A partir das ponderações acima, pode-se concluir que um bom

profissional deve pesquisar para aprender, sendo necessário que aprenda a

pesquisar e que pesquise o ato de ensinar. Deve também deter profundo

domínio do conteúdo que irá lecionar, pois, citando Paulo Freire, só se ensina

aquilo que se sabe.

Será abordada agora a questão do ensinar à ensinagem. No

passado, houve um momento em que ensinar era mais importante que

aprender – dava-se ênfase apenas nos métodos, recursos e no professor

(figura central do processo) – base no contexto didático.

Quanto às finalidades da docência, com Rousseau e a Escola Nova

passou-se a valorizar os interesses, a motivação, e a atividade da criança

(figura central do processo). O professor passou a ser o “orientador” e

“organizador” das situações de ensino (aprendizagem no centro do processo).

O conjunto de avanços na Psicologia Cognitiva, na Didática, na

profissionalização dos professores contribuiu para a superação do dilema entre

ensinar e aprender, quem determina o quê.

Em relação às Finalidades da Docência, pelas abordagens de

Candau, Libanio, Danilov e Benedito conclue-se que: “A ação de ensinar não

se limita a simples exposição dos conteúdos, mas inclui a necessidade de um

resultado bem sucedido daquilo que se pretendia fazer - no caso, ensinar.

44Logo, a aula não deve ser dada nem assistida, mas sim construída,

feita pela ação conjunta de professores e alunos.

Temos, então, desafios do professor universitário:

1- Superar um modelo centrado na fala do professor, na qual se

toma o “dizer” do conteúdo como ato predominantemente do ensino e a

repetição do aluno como ato de aprendizagem, em direção a uma nova sala de

aula, coabitada pelo “dizer” da ciência (através ou não do dizer do professor) -

quanto à leitura da realidade (e a ação sobre ela), da qual o aluno, como futuro

profissional, terá de dar conta.

2- Selecionar, do campo científico, os conteúdos e os conceitos

a serem aprendidos.

O processo de Ensinagem é aquele compartilhado ao trabalhar os

conhecimentos, no qual concorrem conteúdo, forma de ensinar e resultados

mutuamente dependentes (PIMENTA e ANASTASIOU, 1998).

O papel do professor será o de desafiar, estimular, ajudar os

alunos na construção de uma relação com o abjeto de aprendizagem que, em

algum nível, atenda a uma necessidade deles, auxiliando-os na tomada de

consciência das necessidades apresentadas socialmente a uma formação

universitária.

Quanto ao professor e o aluno: ciência, conhecimento e saber

escolar, ressalta-se que a ensinagem na universidade exige considerações

sobre a ciência, o conhecimento e o saber escolar, determinantes do trabalho

de alunos e professores. A maioria dos professores da educação superior teve

nos seus cursos de graduação uma formação pautada pela visão moderna do

conhecimento.

Derivada da especialização, cada disciplina que cursou tinha função

em si mesma, sendo assim avaliada. Sem haver um entrelaçamento curricular

das disciplinas, cabendo ao aluno fazer a síntese de que fosse capaz, o

processo geralmente culminava num estágio, quando então deveria fazer uma

síntese e a aplicação de toda a teoria estudada nas diferentes disciplinas.

Assim justificava-se a situação do estágio ao final do curso.

45No âmbito educativo, a retalhação da ciência em disciplinas isoladas

e autônomas em relação aos fenômenos e aos problemas da realidade,

gerando uma perda da visão da totalidade e do significado social e humano do

conhecimento, impossibilita que se veja a complexidade do que é o

“tecidojunto” (MORIN, 2001). Desta forma, o trabalho de ensinar pouco

contribui para o desenvolvimento do pensamento analítico, interpretativo e

crítico do aluno. Pouco contribui para alterar suas estruturas mentais de

pensamento e de compreensão do mundo. Pouco colabora para formar novos

hábitos e atitudes. Pouco fornece, enfim, para sua formação científica

profissional e humana.

Em relação ao saber escolar: Pelo conhecimento o homem adquire a

capacidade de dominar a natureza, transformá-la, adaptá-la às suas

necessidades e que todo o conhecimento presente em cada época se constitui

pela acumulação de atos singulares sendo, portanto, determinado pela

totalidade do conhecimento existente até então. Em todos os autores citados,

relação e parceria são os princípios essenciais: da universidade com a

realidade onde está inserida; dos professores entre si, na sua profissionalidade

e com seus alunos: dos alunos entre si – num compromisso com a realidade

histórica.

Surge, então, a indagação: Docência do ensino superior: ensinar a

quem? O professor competente é aquele capaz de expor e explicar um

conteúdo com clareza, propriedade e manter o aluno atento. Mas é importante

identificar quem são os alunos que participarão do projeto da instituição. É

necessário elaborar e analisar, também com os alunos, instrumentos que

permitam caracterizar o grupo em termos de origem geográfica e social,

experiências anteriores de escolarização, faixa etária, turno, os motivos que os

levaram ao curso, expectativas quanto a ele e à disciplina, a forma pela qual

operacionalizam suas próprias aprendizagens, o nível de conhecimento que

possuem, habilidades que dominam e outros dados que sejam importantes

para a compreensão das pessoas de cada aluno e das características dessa

geração universitária com quem se partilha a sala de aula.

46Então, quem são os alunos? Os alunos são o sujeito deste processo.

Destarte, é necessário elaborar e analisar os alunos como instrumentos que

permitam caracterizar o grupo: origem geográfica social, escolarização, faixa

etária, turno, profissão, expectativas, aprendizagens, conhecimento,

habilidades.

E quem são os alunos que chegam ao ensino superior? Os alunos

que chegam à universidade vêm de um esforço centralizado no vestibular. A

memorização foi à tônica dominante. O sistema não privilegiou a

aprendizagem. O baixo nível de conhecimentos é evidenciado na falta de

domínio da língua e as dificuldades na interpretação, redação e leitura de

textos.

Há, então, um desinteresse, uma falta de conhecimento,

passividade, individualismo, além de outros problemas, o que é resultado direto

do tratamento adotado pelas instituições. As mesmas tendem a considerar o

aluno como “cliente” que está ali pagando por um “produto”, sendo a função do

professor tornar este produto atraente, numa situação em que o importante é o

certificado e não necessariamente a qualidade das aprendizagens.

Responsabilizar-se pela aprendizagem aponta para a necessidade

de transformar esta lógica do lucro na educação, o que supõe a discussão de

valores com o alunato, a explicação deles e em que base se quer fundamentar,

para que se estabeleça um contrato de trabalho formativo, com

responsabilidades claramente assumidas pelos alunos, os professores e a

instituição.

Quanto à heterogeneidade, diversidade de maturidade e aluno

trabalhador, é um problema que pode se tonar oportunidade e, para isso, o

professor precisa conhecer seus alunos e, pelo vínculo que constrói com o

grupo de trabalho, destaque e aproveite a experiência de todos os

participantes.

Sobre hábitos de estudo, dificuldades de raciocínio e falta de tempo

de estudar, conhecer as dificuldades leva a programar, o mais coletivamente

possível, ações entre docentes e discentes a fim de encontrar as dificuldades

47encontradas. Quanto mais cedo forem percebidas as dificuldades e traçadas as

linhas de ação, maiores serão as possibilidades de superação dos problemas

no decurso dos anos.

Sobre falta de criticidade e questionamento, faz-se necessário uma

mudança na postura de professores e alunos diante da ciência e do

conhecimento. Para tal, é preciso que as instituições de ensino superior

possibilitem oportunidades de desenvolvimento profissional de seus

professores por meio de programas de pós-graduação stricto sensu de

programas institucionais de formação contínua, no âmbito da própria

instituição, com base nos problemas e nas necessidades que são ali

identificados, seja mediante avaliações externas, seja, principalmente,

mediante avaliações internas.

48

CONCLUSÃO

A aprendizagem é marcada pela continuidade e mudança. É

recriada, incessantemente, a partir do que o aluno trás de novo com o seu

poder de imaginar, criar, reinventar e produzir cultura.

O processo de ensino-aprendizagem é uma atividade criadora em

que a imaginação, a fantasia e a realidade interagem na produção de novas

possibilidades de interpretação, expressão e ação pelos discentes, assim como

novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos.

Busca-se, no decorrer das aulas de Metodologia do Treinamento

Desportivo I, que o aluno tenha uma visão crítica a respeito das informações

que são transmitidas, o que é primordial para a construção do indivíduo

enquanto cidadão.

Através do diálogo e das trocas de conhecimentos no ambiente da

sala de aula, o aluno reproduz e representa o mundo. Essa reprodução

acontece mediante um processo ativo de reinterpretação do mundo, abrindo

lugar para invenção e a produção de novos significados, novos saberes e

novas práticas.

O processo de ensino-aprendizagem reverencia-se naquilo que os

sujeitos conhecem e vivenciam. O brincar envolve a articulação entre o já dado

e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a

fantasia. As aulas tem, então, como escopo, impulsionar o aluno a novas

possibilidades de compreensão de ação sobre o mundo.

Este processo propicia diversas possibilidades: a construção e a

ampliação da cognição e da interação social; o aprender a olhar as situações

dando-lhes novos significados; o estabelecimento de novas relações entre os

objetos físicos e sociais; a argumentação e a negociação; a organização de

novas realidades, a partir da imaginação; regulamentação das ações

individuais e coletivas, a partir de ideias e regras e do processo de constituição

de conhecimentos pelo aluno.

49Portanto, a sala de aula é o espaço de apropriação e constituição de

conhecimentos e habilidades no âmbito da linguagem, da cognição dos valores

e da sociabilidade.

A educação é um fenômeno cultural, uma vez que se configura

como um conjunto de práticas e conhecimentos construídos e acumulados pelo

aluno nos contextos históricos e sociais, em que se insere. Com isso, a

liberdade de aprender e por em prática o que foi aprendido transita em todos os

momentos em que o aluno está em processo de construção do conhecimento.

Logo, objetiva-se que o professor acadêmico esteja capacitado para

exercer sua atividade de auxiliador deste processo de ensino-aprendizagem da

melhor maneira possível. Para tal, é preciso que haja uma formação adequada

deste profissional tão importante na caminhada dos alunos rumo ao mercado

de trabalho.

50

BIBLIOGRAFIA ANDREOLA, Balduíno A. Dinâmica De Grupo - Jogo da vida e didática do futuro. 16ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

GODOY, Arilda Schmidt. Revendo a aula expositiva. In: MOREIRA, Daniel Augusto (org.) Didática do ensino superior: teorias e tendências. São Paulo: Pioneira, 1997. p. 75 - 82. MASETTO, Marcos Tarciso. Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo: Summus, 2003. PILETTI, Claudino. Didática geral. 16ª ed. São Paulo: Ática, 1993. PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino superior. 3. ed., São Paulo: Cortez, 2008. TUBINO, M. J. G.; MOREIRA, S. B. Metodologia Científica do Treinamento Desportivo. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

51

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

SUMÁRIO 05

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I

DESCRIÇÃO DAS AULAS DE METODOLOGIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO I 09

1.1 – Plano de Curso 09

1.2 – Unidade I - Conceituação de Treinamento Desportivo 17

1.3 – Unidade II - Qualidade e Quantidade de Treinamento 21

1.4 – Unidade III - Princípios Gerais do Treinamento Desportivo 26

1.5 – Unidade IV - Estruturação de um Processo de Treinamento Desportivo em Longo Prazo 30 1.6 – Unidade V - Detecção e Seleção de Talentos Desportivos 31

1.7 – Unidade VI - Treinamento na Infância e na Juventude (Seminários) 34

CAPÍTULO II ANÁLISE CRÍTICA E PERSPECTIVAS DAS AULAS DE METODOLOGIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO I 35

2.1 – Metodologia das aulas 35

2.2 – Ambiente de sala de aula 36

2.3 – Recursos audiovisuais 36

CAPÍTULO III

ENSINO x PESQUISA: QUAL O PERFIL DO DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR NA ATUALIDADE? 39

52

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 50

ÍNDICE 51