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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU
AVM - FACULDADE INTEGRADA
TEORIAS CURRICULARES E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E EDUCACIONAIS NA PERSPECTIVA
DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA VISÃO INOVADORA DO GESTOR ESCOLAR
Por: Maria Helena
Orientadora
Prof.ª Mary Sue
RIO DE JANEIRO 2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU
AVM - FACULDADE INTEGRADA
TEORIAS CURRICULARES E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS EDUCACIONAIS NA PERSPECTIVA
DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA VISÃO INOVADORA DO GESTOR ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Administração e Supervisão Escolar.
Por: Maria Helena
RIO DE JANEIRO 2011
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a meus filhos, a meus amigos e colegas de classe e pelo tempo a mim despendida pelo corpo docente e pela ajuda sempre solicita da secretaria.
Mais uma etapa vencida e agora mais um recomeço!
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METODOLOGIA A metodologia foi de caráter teórico e bibliográfico e para compor
esse trabalho foram utilizados, artigos oriundos da internet, livros, artigos,
monografias, dissertações teses e outros materiais pertinentes ao assunto.
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RESUMO
Este trabalho monográfico teve por intenção convidar o leitor para mais uma experiência de tentar mais uma vez procurar compreender o por que do Currículo e o Plano Político Pedagógico não conseguem levar a frente propostas de modernização do pensamento acadêmico e discente não só em suas rotinas de ensino-aprendizagem mas ao trabalho baseado nas tendências pedagógicas que direcionam os caminhos a serem trilhados em prol de um educação de qualidade, crítica e moderna, voltados aos interesses de todos.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................6
CAPITULO I
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: AÇÕES E INTENÇÕES DENTRO DA
POLÍTICA EDUCACIONAL VIGENTE................................................................9
CAPITULO II
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E SUAS PRATICAS NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO INTERMEDIADAS PELO GESTOR ESCOLAR.........................................................................................................15
CAPITULO III
A TEORIA CURRICULAR E A CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO: QUEBRA
DE PARADIGMAS............................................................................................23
CONCLUSÃO...................................................................................................35
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................37
WEBGRÁFIA.....................................................................................................38
ANEXO..............................................................................................................39
ÍNDICE...............................................................................................................41
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INTRODUÇÃO
A dificuldade de inovar a educação pela prática do ensino nas
escolas passa por vários níveis, sendo que dois são fundamentais para este
fracasso anunciado: o currículo escolar e as tendências passadas e atuais
pedagógicas que vivem se confrontado, os quais levam ao seguinte cenário:
como provocar uma real transformação da educação por meios das teorias e
tendências que ainda são mal exploradas ou subutilizadas?
Para argumentação da necessidade deste estudo se deve ponderar
sobre o entendimento do que é a Educação e seu propósito. Ferreira (1986)
que descreve a educação como ato ou efeito de se educar promovendo a
capacitação intelectual, moral e física formando seu caráter observável em sua
civilidade e maneirismos. Com este quadro, a atuação do gestor escolar visará
mudanças significativas, pois baseada nessa abordagem o currículo e as
tendências pedagógicas tornam-se imprescindíveis para alcançar esse intento.
Citando Maristela Franco (2006) esta observa que a compreensão de currículo
ainda é reducionista, levando em consideração, de acordo com a teoria
tradicional de ensino, apenas enquanto proposta de disciplinas e conteúdos,
conferindo a este ‘conteúdos implícitos políticos e ideológicos de dominação e
padronização’. Segundo consta a autora, a aplicação prática do currículo
tradicional, como prática pedagógica é fortemente presente ainda hoje. Em
contrapartida, “a Teoria Curricular Crítica, preocupada não com objetivos e
métodos, mas com as intenções desses objetivos, dos conhecimentos e para
quem o são, conferem ao currículo um caráter subjetivo, que exige
comprometimento docente. A prática pedagógica precisa refletir os fins
educativos que se pretende a educação, relacionando-se, portanto com o
currículo, ou seja, com o tipo de indivíduo que se pretende construir”.
(FRANCO, 2006, p. 384).
Quanto à prática, muitas vezes esta não reflete a intencionalidade da
teoria proposta, pois é frustrada pelas práticas herdadas de um ensino arcaico,
como a herança de Bobbit, de ordem tecnicista, que atende a demandas
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específicas do governo e dos empresários, não levando em consideração as
considerações feitas por Ferreira (1986).
Segundo Silva (1999) este currículo que visa apenas ações
mecânicas não consegue ir além deste papel, condenando as práticas
pedagógicas a um arcabouço infinito de repetições sem inovações. Propõe
que: “da mesma forma que uma teoria curricular fundamenta o currículo, o
caráter pedagógico fundamenta uma proposta para a prática; e ambos
precisam também se articular num mesmo propósito para que haja
compreensão das implicações educativas que os envolvem”. (SILVA apud
FRANCO, 2006, p. 385).
Entretanto é necessário entender que tudo se inicia na proposição
do Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP). O PPP acaba servindo a
vários propósitos, de ordem política, econômica e social, mas no âmbito
escolar propriamente dito, este tem um papel de guia, elaborado para
estabelecer como, quando, ponde e porque determinadas medidas,
metodologias e tendências pedagógicas serão subordinadas ao interesse da
escola e do estado. Mesmo levando em consideração as carências e
dificuldades individuais ou de determinados grupos sociais, ela e feita de forma
a atender o senso comum, ou seja, é massificado de forma a atender os
problemas e anseios mais destacados, além de se orientar em satisfazer a
sociedade e as empresas que buscam nas escolas seus futuros, o que
influencia na elaboração do currículo escolar
No estado do Rio de Janeiro, o qual não é exceção, a autonomia de
ação na criação e implantação do PPP é parcial, pois deve obedecer a certos
critérios da política de governo as quais são submetidas e aos orçamentos
anuais recomendados a cada uma delas. Muitas delas, no município do Rio de
Janeiro, têm seu corpo pedagógico imutável por décadas, o que pode levar a
dois caminhos: inércia ou mudança continuada, o que torna uma mudança total
de postura difícil devido há opiniões e críticas divergentes.
A apatia e inércia são galgadas por velhos hábitos arraigados ao
sistema educacional que não promove mudanças devido a ranços políticos e
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comodismos, o que leva a escola a se amparar em um Gestor Escolar que
busque através da LDB/96, da Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988 (CRFB/88) e no Plano Nacional de Educação (PNE), por exemplos, a
força e autoridade necessárias para promover as mudanças necessárias ao
currículo dentro da legalidade e por força das leis.
Para que o Gestor Escolar tenha autoridade e força é necessário a
união de todos os atores sociais, pois o trabalho exige a participação de todos
como observa Tavares (2009), pois o PPP deve ser entendido como a ‘pedra
fundamental’ para cumprir as exigências da comunidade em seu cotidiano.
A partir disto, serão integrados naturalmente os outros atores
sociais, como o corpo Docente, Discente, pais e a comunidade em geral para
trabalhar em favor de todos, especificamente dentro do caminho e metodologia
pedagógica a ser trilhado.
Rafael Moraes Moura da Agencia do Estado (2011), em artigo deste
ano corrente trás consigo bons ventos, pois foi noticiado que o Conselho
Nacional de Educação (CNE) aprovou por unanimidade, as novas diretrizes do
ensino médio, que devem trazer mudanças nas escolas brasileiras, públicas e
privadas, pois o Ministro Fernando Haddad pretende conferir mais autonomia e
flexibilidade às escolas na definição da grade curricular e permitir que os
estudantes de ensino médio noturno tenham mais tempo para concluir os
estudos.
Ainda não é uma vitória total, mas mesmo sua parcialidade permite
as escolas brasileiras saírem da influencia estrangeira, principalmente
americana, advinda dos anos 60, 70 e 80 que com suas teorias curriculares
inundam as escolas com seu pensamento e seus modelos. O que falta ainda,
mas esta sempre em constante debate e pequenas vitorias é a crítica a esse
discurso e o desenvolvimento de análises mais adequadas ao contexto
brasileiro.
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CAPITULO I
PROJETO POLITICO PEDAGOGICO:
AÇÕES E INTENÇÕES DENTRO DA
POLITICA EDUCACIONAL VIGENTE
Na Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB/96) o Plano Político
Pedagógico (PPP) é apresentado como documento obrigatório a ser elaborado
por todas as escolas com a participação da comunidade escolar, não
estabelecendo que membros são partes dessa comunidade.
Em seus artigos a LDB/96 prevê as incumbências de todos os
estabelecimentos de ensino, do corpo docente, e dos sistemas de ensino. São
quatro artigos que a compõem, a saber:
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas
comuns e as de seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
III assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;
IV velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
VI articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;
VII informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica (PIMENTEL; SANT’ANNA, 2006, p. 81).
Das dúvidas da interlocução,
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
I participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
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II elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino; zelar pela
aprendizagem dos alunos;
III estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de
menor rendimento;
IV ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de
participar integralmente dos períodos dedicados ao
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento
profissional;
V colaborar com as atividades de articulação da escola com as
famílias e a comunidade. (PIMENTEL; SANT’ANNA, 2006,
p. 81).
Quanto aos sistemas de ensino,
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão
democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas
peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I participação dos profissionais da educação na elaboração
do projeto pedagógico da escola;
II participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas
gerais de direito financeiro público. (PIMENTEL; SANT’ANNA, 2006, p. 82).
Interpretando os artigos da LDB/96, as escolas devem elaborar e
executar seus PPP’s e cabe aos docentes o papel de participar da elaboração
da proposta pedagógica em todos os níveis. Devem definir normas de gestão,
que incluam a participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola e das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes. Desta forma, ficam delineadas os espaços de ação
do professor no que concerne à elaboração do PPP restringe-se ao âmbito
pedagógico, como estabelecido nos artigos 13 e 14 (PIMENTEL; SANT’ANNA,
2006, p. 83).
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Segundo Arouca (2003), em seu estudo sobre a imagem de
professor na LDB/96, a escola vem sendo o centro das referências em
diferentes textos organizadores do trabalho docente o que tolhe a identidade do
professor passando este a ser uma identidade atrelada à escola.
O PPP e as políticas de governo têm um discurso unilateral e
singular não tento espaço a pluralidade e a gestão participativa, pois esta linha
de trabalho ainda é na prática a exceção, mas teoricamente elaborada com
essa temática de autonomia, participação e pluralidade.
Atentando ao fato de que o discurso oficial existente e na boa-fé do
mesmo Gonçalves e Abdulmassih (2001) o projeto político-pedagógico tem
sido, nos últimos anos, objeto de estudos e debates entre os educadores e visa
ser formador de pessoas mais autônomas e humanas.
Para se iniciar um PPP é necessário ter em mente alguns conceitos,
como o que é um plano, planejamento, projeto, programa e o conceito de
participação.
De acordo com Padilha (2001),
Planejar, em sentido amplo, é um processo que "visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro", mas considerando as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja. (PADILHA apud BAFFI, 2002, p. 2).
Abordando o Projeto de cunho Pedagógico, segundo Vasconcelos
(2005),
é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição. (apud BAFFI, 2002, p. 4).
Para Gandin (1993),
o programa, dentro de um plano, é o espaço onde são registradas as propostas de ação do planejador, visando a aproximar a realidade existente da realidade desejada. Desse modo, na elaboração de um programa é necessário considerar
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quatro dimensões: a das ações concretas a realizar, a das orientações para toda a ação (atitudes, comportamentos), a das determinações gerais e a das atividades permanentes. (GANDIN apud BAFFI, 2002, p. 4).
Segundo Lück et al. (1998) a participação tornou-se um conceito
nuclear onde: "o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a
idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando
situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agir sobre elas em
conjunto" (LUCK et al apud BAFFI, 2002, p. 4).
A partir desses conceitos poderá ser organizado e preparado as
etapas para começar a delinear o PPP.
1.1 A ORGANIZAÇÃO DO PLANO POLÍTICO PEDAGÓGICO
Planejar o desenvolvimento da escola é condição imprescindível
para que as perspectivas que se tem sejam traçadas, visando intervenções
responsáveis e conscientes em benefício da coletividade.
Isso pressupõe que o projeto da escola possa atender as dimensões
política e pedagógica que lhe são atribuídas. Política porque traduz
pensamento e ação: exprime uma visão de mundo, de sociedade, de
educação, de profissional e de aluno que se deseja. Tomar decisões, fazer
escolhas e executar ações são todos atos políticos. Pedagógica porque nela
está a possibilidade de tornar real a intenção da escola, subsidiando e
orientando a ação educativa no cumprimento de seus propósitos que, sem
dúvida, passam primeiramente pela formação do ser humano: participativo,
compromissado, crítico e criativo.
Gonçalves e Abdulmassih (2001) tratam da questão relacional da
escola onde:
se pretende ser universal deve contemplar a realidade social de seus membros, buscando através da ação colegiada e participação um tipo de organização, que sustente e dê forma aos seus objetivos, a sua intencionalidade. Dessa maneira, poderá constituir-se uma escola democrática, onde as decisões são tomadas no coletivo, superando assim os grandes conflitos, eliminando relações competitivas, corporativas e autoritárias, diminuindo a fragmentação do trabalho, tornando-
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se monobloco que trabalha em uma única direção, saindo portanto de relações autoritárias e verticais para relações horizontais e dialógicas. É, com certeza, a forma mais viável de se conduzir o processo educativo (p. 5).
Para que essas mudanças aconteçam no interior das escolas,
Spósito (2001) considera que a participação popular nesse âmbito precisa ter
como pressupostos básicos a transparência das ações desenvolvidas nessa
esfera pública; a possibilidade real da comunidade interferir nas decisões
tomadas nesse âmbito; e o entendimento de que a integração família-escola-
comunidade constitui-se no desenvolvimento de mecanismos de representação
e ampliação da participação política. (SPÓSITO apud GARCIA; QUEIROZ,
2004, p. 4).
Para que a participação proposta por Spósito (2001) tenha êxito a
direção da escola deve apresentar a estes a realidade escolar, os problemas
contidos e sua extensão, possível diagnostico debatido com a comunidade
escolar e alternativas de solução e os benefícios a serem alcançados pelo
projeto. O cliente alvo que no caso nada mais é que os alunos. Quanto as
questões estratégicas devem ser apresentadas de forma concisa e de fácil
entendimento as metas, os objetivos, e o resultado geral a partir da execução
do PPP; e os específicos com detalhamento do objetivo geral de forma
coerente com as partes e com o todo do projeto.
Com essas orientações estão satisfeitas as condições para a
participação da comunidade escolar na elaboração do Projeto Político
Pedagógico da escola.
Segundo Garcia e Queiroz (2004)
Contrariamente ao que defendemos, a concepção tecnicista de gestão escolar centraliza poderes na figura do diretor, responsável por tomar as decisões nesse âmbito, restando aos especialistas educacionais, professores e alunos cumpri-las. Essa concepção, que esteve presente por muito tempo nas instituições de ensino e ainda hoje orienta as práticas de algumas instituições escolares, precisa ser superada pela concepção participativa, em que o processo de tomada de decisão é realizado coletivamente. (p. 5-6)
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Na realidade cotidiana, a participação da comunidade escolar apesar
de prevista, não é organizada o que leva aos esforços individuais de cada
grupo o que pode levar a ajudar na elaboração do PPP ou não acrescentar
nada de grande vulto ao mesmo o que traria uma lacuna por não atender a
certas expectativas a serem alcançadas.
Cabe a direção da escola, por meio de seu gestor maior, o diretor,
fomentar mudanças de forma a atender todos os interessados direta ou
indiretamente com o desenvolvimento da escola como balizador dos métodos a
serem trabalhados no ensino-aprendizagem e a manutenção de uma gestão
participativa e democrática.
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CAPITULO II
AS TENDENCIAS PEDAGOGICAS E SUAS PRÁTICAS
NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO INTERMEDIADAS
PELO GESTOR ESCOLAR
A história da educação no Brasil aparentemente possui tendências
bem definidas, uma vez que nela imprimiram suas marcas a Igreja, o Estado e
hoje, preponderantemente, o mercado. As categorias as quais são agrupadas
as tendências possuem simultaneamente a função de intérpretes do real e de
indicadoras de uma prática educativa. Elas só têm sentido quando instrumento
metodológico de análise, ligado à prática educativa e no contexto de um tempo
e de um lugar determinados. Qualquer prática ou estudo em educação precisa
deixar claro, desde o início, as categorias que o orientam. (MIGUEL, 2001, p. 1)
Definir estas categorias remete o autor a classificações, a apegos a
determinadas linhas de pensamento. São estas linhas as definidoras dos
rumos a seguir, por isto representam racionalidades: a forma como se pensa a
educação. Assim, partindo-se do pressuposto que toda a ação educativa
implica necessariamente uma intencionalidade, porque é uma ação política, é
preciso ter o entendimento destas racionalidades para, a partir daí,
movimentar-se. Importante destacar que este processo só acontece no coletivo
referenda-se e consubstancia-se no grupo de professores, momento e espaço
propício para a necessária reflexão e para a distinção entre as diferentes
possibilidades orientadoras do fazer educativo. (MIGUEL, 2001, p. 1)
Entende-se por tendência toda e qualquer orientação de cunho
filosófico e pedagógico que determina padrões e ações educativas, ainda que
esteja desprovida de uma reflexão e de uma intencionalidade mais concreta.
Uma tendência pedagógica é, na verdade, uma inclinação por pensamentos e
comportamentos pedagógicos lidos na história da educação ou mesmo em
outras práticas pedagógicas. (MIGUEL, 2001, p. 2)
Desta forma, uma análise da vida escolar ao nosso redor, sob o
ponto de vista das orientações que determinam a prática educativa nos remete
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a identificarmos tendências ou paradigmas consciente ou inconscientemente
determinantes na linguagem, nas ações, nos instituídos garantindo esta ou
aquela configuração escolar. Entender esta configuração é deslindar estes
pressupostos, compreendendo-os em seu momento e nas determinações
históricas que os configuraram. ((MIGUEL, 2001, p. 3)
Falar historicamente ou cronologicamente de eventos que
estabeleçam as tendências pedagógicas tem variações quanto à classificação
e nomenclaturas o que leva a eleger uma linha de trabalho, sendo a escolhida
a de José Carlos Libâneo (1990) onde as teorias são classificadas em dois
grupos distintos nomeados Liberais e Progressistas.
No primeiro grupo estão centradas as de cunho tradicional,
renovada-progressista; renovada não-diretiva e a tecnicista.
No segundo grupo os grupos de tendência libertadora, libertária e
crítico- social no que tange aos seus conteúdos.
2.1 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS
Segundo Libâneo (1990), a pedagogia liberal defende o conceito de
que a escola tem por função preparar os alunos para o desempenho de papéis
sociais, de acordo com as aptidões individuais. Com essa premissa o aluno
deve adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade de classe,
através do desenvolvimento da cultura individual em um ambiente controlado, a
escola. Com ênfase nas questões culturais, as diferenças entre classes sociais
não são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a idéia de
igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.
2.2 TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL
Essa tendência e marcada por dar maior atenção a formação
humanística e a cultura geral. Em uma escola tradicional, os alunos em sala de
aula são educados e estimulados a atingir o máximo de sua realização pessoal
por intermédio de seu esforço. As diferenças de classes sociais, na prática
escolar não se envolvem com o dia-a-dia do aluno.
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Assim, predomina, por exemplo, no ensino da língua portuguesa,
nessa tendência em questão, o ensino da gramática pela gramática, com
ênfase nos exercícios repetitivos e de recapitulação da matéria, exigindo uma
atitude receptiva e mecânica do aluno. Os conteúdos são organizados pelo
professor, numa seqüência lógica, e a avaliação é realizada através de provas
escritas e exercícios de casa.
2.3. TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA
A tendência liberal renovada ou pragmatista investe no estimulo da
cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. A escola continua,
dessa forma, a preparar o aluno para assumir seu papel na sociedade, observa
Libâneo (1990), adaptando as necessidades do educando ao meio social, por
isso ela deve ser um reflexo (espelho) da vida. Se, na tendência liberal
tradicional, a atividade pedagógica estava centrada no professor, na escola
renovada progressivista, defende-se a idéia de “aprender fazendo”, portanto
centrada no aluno, valorizando as tentativas experimentais, a pesquisa, a
descoberta, o estudo do meio natural e social, etc, levando em conta os
interesses do aluno.
Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma
atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas
um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do aluno,
através da descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a
estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações, segundo Piaget
(1978) (apud LIBÂNEO, 1990, p. 21).
2.4 TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA
Nessa tendência, o papel da escola valoriza a formação de atitudes,
uma transformação de ordem psicológica e cognitiva do individuo. Todo o
esforço deve visar a uma mudança interna, ou seja, a uma adequação pessoal
às solicitações do ambiente.
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Para Libâneo (1990),
Aprender é modificar suas próprias percepções. Apenas se aprende o que estiver significativamente relacionado com essas percepções. A retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao “eu”, o que torna a avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a auto-avaliação. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor apenas um facilitador. No ensino da língua, tal como ocorreu com a corrente pragmatista, as idéias da escola renovada não-diretiva, embora muito difundidas, encontraram, também, uma barreira na prática da tendência liberal tradicional (p. 27).
Em relação aos conteúdos do ensino a ênfase esta nos processos de
desenvolvimento das relações e da comunicação tornando secundaria a
transmissão de conteúdos, pois estes mesmos processos visam facilitar aos
estudantes os meios necessários para buscarem sozinhos os conhecimentos
para seu desenvolvimento. Com este contexto, os métodos usuais são
dispensados prevalecendo basicamente dos característicos, a do professor
como facilitador ajudando-o o aluno a se organizar e pelo esforço do próprio
aluno. (LIBANEO, 1990, p. 29).
2.5 TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA
A escola liberal tecnicista subordina a educação à sociedade, tendo
como função a preparação de recursos humanos. A sociedade industrial e
tecnológica estabelece as metas econômicas, políticas e sociais enquanto a
escola, por meio da educação, proporciona o treinamento e ajusta o
comportamento resposta destes de acordo com as metas delineadas. Segundo
consta no tecnicismo acredita-se que a realidade contém em si suas próprias
leis, bastando descobri-las e aplicá-las. (LIBANEO, 1990, p. 23).
Em suma, atua no aperfeiçoamento da ordem social vigente,
articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a
ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental.
Seu interesse principal é, portanto, produzir indivíduos “competentes” para o
mercado de trabalho, não se preocupando com as mudanças sociais.
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2.6 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS
Segundo Libâneo (1990), a pedagogia progressista designa as
tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais,
sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação.
2.7 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA
As tendências progressistas libertadora e libertária têm, em comum,
a defesa da autogestão pedagógica e o antiautoritarismo. A escola libertadora,
também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, vincula a educação à
luta e organização de classe do oprimido.
Segundo Gadotti (1988), Paulo Freire não considera o papel
informativo, o ato de conhecimento na relação educativa, mas insiste que o
conhecimento não é suficiente se, ao lado e junto deste, não se elabora uma
nova teoria do conhecimento e se os oprimidos não podem adquirir uma nova
estrutura do conhecimento que lhes permita reelaborar e reordenar seus
próprios conhecimentos e apropriar-se de outros.
Como pressuposto de aprendizagem, a força motivadora deve
decorrer da codificação de uma situação-problema que será analisada
criticamente, envolvendo o exercício da abstração, pelo qual se procura
alcançar, por meio de representações da realidade concreta, a razão de ser
dos fatos.
Assim, como afirma Libâneo (1990), aprender é um ato de
conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo
educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa
realidade. Portanto o conhecimento que o educando transfere representa uma
resposta à situação de opressão a que se chega pelo processo de
compreensão, reflexão e crítica.
No ensino da Leitura, Paulo Freire, sintetiza sua idéia de dialogismo:
“Eu vou ao texto carinhosamente. De modo geral, simbolicamente, eu puxo
uma cadeira e convido o autor, não importa qual, a travar um diálogo comigo”.
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2.8 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA
Nesta tendência pedagógica libertadora atua no processo não formal
onde professores e alunos utilizam a realidade para mediar o aprendizado a fim
de atuarem na mesmo num sentido de transformação social. Os conteúdos de
ensino desta tendência são extraídos da problematizaçao da pratica de vida
dos educandos nestes temas geradores advindos desta problematizaçao
busca-se transmitir conteúdos necessários dos quais precisa, alem de fomentar
uma nova forma de relação com a experiência de vida. Quanto ao processo,
resumidamente, se trabalha com a codificação - decodificação e a
problematização da situação, onde os alunos poderão intervir e compreender
de forma critica sua realidade através da troca de experiência em torno da
pratica sócia.(LIBÂNEO, 1990, p. 33).
A escola progressista libertária parte do pressuposto de que
somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em situações novas,
por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu uso
prático. A ênfase na aprendizagem informal via grupo, e a negação de toda
forma de repressão, visam a favorecer o desenvolvimento de pessoas mais
livres.
2.9 TENDÊNCIA PROGRESSISTA CRÍTICO-SOCIAL DOS
CONTEÚDOS
Conforme Libâneo (1990), a tendência progressista crítico-social dos
conteúdos, diferentemente da libertadora e libertária, acentua a primazia dos
conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. A atuação da escola
consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições,
fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da
socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da
sociedade.
Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o princípio da
aprendizagem significativa, partindo do que o aluno já sabe. A transferência da
aprendizagem só se realiza no momento da síntese, isto é, quando o aluno
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supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e
unificadora. Em anexo á uma tabela comparativa com as tendências onde se
pode conhecer e comparar suas aplicações.
2.10 OS GESTORES E A GESTÃO
O Diretor, o Orientador e o Supervisor/Coordenador Pedagógico são
vistos como membros gestores, para gerir a educação que responde aos
ditames que, segundo Paro (1986): “se fundamenta em objetivos educacionais
representativo dos interesses das amplas camadas da população e leva em
conta a especificidade do projeto pedagógico escolar, processo esse
determinado pelos mesmos objetivos”. (p. 87)
Desta forma os objetivos educacionais devem ser formulados dentro
do contexto real e dos conhecimentos que derivam das experiências. A
acomodação é expressão da desistência da luta pela mudança. São autênticos
produtores direitos da educação. Esses fatos colocam a importância do
conhecimento diagnóstico do contexto escolar, fundamentação das dimensões
pedagógicas e os métodos e técnicas administrativas, mais adequadas à
promoção da racionalidade interna e externa.
A elaboração da proposta curricular deve ser contextualizada na
discussão para a construção da identidade da escola através de um processo
dinâmico de reflexão e elaboração contínua. Trata-se de coordenar o processo
de organização das pessoas no interior da escola, buscando a convergência
dos interesses dos seus vários segmentos e a superação dos conflitos
decorrentes deles.
Exemplo do que deve ser feito para melhoria continua da escola,
paralelamente ao currículo escolar, de acordo com as idéias de Porto (2009) a
prática comum a inadequação de muitos alunos a escola, em geral é
condicionada as suas atitudes frente à escola. O que deveria ser feito pelo
Orientador Educacional é identificar se as propostas curriculares e os
programas educacionais atendem a realidade e a demanda dos alunos o que
leva a questionar e procurar identificar os elementos que podem e devem ser
22
modificados dentro do PPP e para isso deve ser feito estudo de impacto junto à
comunidade escolar e identificar as mudanças necessárias a serem feitas e
propor a direção da escola essas mudanças em prol não só dos alunos que
estão na escola como evitar a evasão destes aumentando o problema
relacionado com a evasão e fracasso escolares, que assombram diariamente
as escolas.
Em prol de um contexto participativo e ativo, como descrito acima,
para ter gestores devidamente capacitados a entenderem a sutileza exigida
pelo trabalho e seus pormenores, devesse seguir o que recomenda a Lei
9.394/96: “A formação de profissionais de educação para a administração,
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação
básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a
base comum nacional”.
23
CAPITULO III
A TEORIA CURRICULAR E A CONSTRUÇÃO DO
CURRICULO: QUEBRA DE PARADIGMAS
Historicamente, o currículo, quanto sua aplicação educacional, data
do século XII, atrelado ao controle de projetos de ensino, aprendizagem e
atividade prática na escola.
No Brasil, sua concepção e forma tomaram por base o texto de
Ralph Tyler intitulado "Princípios Básicos de Currículo e Ensino", datado do
final da década de 40, responsável por ser o fundamento de diversas propostas
curriculares por décadas. Nesse texto, se propõe a "desenvolver uma base
racional para considerar, analisar e interpretar o currículo e o programa de
ensino de uma instituição educacional". A base racional proposta pelo autor
centra-se em quatro questões fundamentais que, uma vez respondidas,
permitem a elaboração de qualquer currículo ou plano de ensino (REIS,
ROCHA JUNIOR, 2010, p. 2).
A construção do currículo no Brasil sofreu forte influência americana
principalmente nos anos 60 e 70. A transferência de teorias curriculares
estrangeiras para o Brasil ocorreu em dois grandes momentos. O primeiro
perdurou até o início dos anos 80 quando existiu a tentativa de adaptação
instrumental do pensamento americano. Houve resistência a esse modelo
devido às circunstâncias políticas, econômicas, culturais e educacionais do
Brasil, em contraste com o contexto internacional. Durante o segundo
momento, ocorreram significativas mudanças políticas e econômicas tanto no
cenário nacional como no panorama internacional. (REIS,ROCHA JUNIOR;
2010, p. 1)
Oscilou-se, então, entre a tentativa de rejeição para a simples
experiência americana e a adaptação crítica dessa e de outras experiências na
busca de um desenvolvimento mais independente no campo do Currículo. Foi
nesta segunda perspectiva que no final da década de 1980, acabou por tornar-
se hegemônica.
24
Uma pesquisa realizada por Moreira (1980) analisou criticamente
esse fenômeno e captou o início de uma importante transformação na
teorização curricular no Brasil, a luta por criar um campo mais autônomo, que
não negasse a produção estrangeira, mas que a assimilasse criticamente, em
uma adaptação que envolvesse a análise tanto da adequação à realidade
brasileira como pressupostos ideológicos subjacentes. A consequência acabou
sendo um campo que reflete contemporaneamente uma variada influência de
autores e teorias de diferentes países (MOREIRA apud REIS, ROCHA
JUNIOR; 2010, p. 2).
Os principais autores do currículo no Brasil, afirma Moreira (1996):
reconheceram essas influências, ressaltando, contudo, sua ambivalência. Por um lado, enfatizam a importância de conhecer o que está sendo formulado em países nos quais se desenvolvem significativos estudos de questões curriculares. Por outro, sustentam que devemos ser mais críticos em relação a esse discurso e precisamos desenvolver análises mais adequadas ao contexto brasileiro. (MOREIRA apud REIS, ROCHA JUNIOR; 2010, p. 2).
Segundo Giméno Sacristán (2008), quando definiram o currículo, se
descreve a concretização das funções da própria escola e a forma particular de
evocá-las num contexto histórico e social determinado, para um nível ou
modalidade de educação, numa trama institucional. (SARISTÁN apud REIS,
ROCHA JUNIOR, 2010, p. 4).
Ainda hoje, segundo Coll (1996) as questões formuladas por Tyler
tendem a servir de guias para a maioria dos projetos curriculares elaborados
por administradores ou supervisores dos sistemas educacionais. É verdade,
também, que nem sempre as respostas apontam os mesmos caminhos
trilhados por Tyler, cuja matriz básica era o comportamentalismo. Além disso, a
escolha de divisão e organização escolar precede Tyler no processo de
elaboração curricular, pois, como exemplo, não há informações contidas em
suas proposições quanto à divisão em anos ou em ciclos escolares; sobre a
organização a escolarização por disciplinas ou por núcleos temáticos, sobre
como selecionar as disciplinas que deveriam constar do currículo na educação
infantil.
25
3.1 DESDOBRAMENTOS DO CURRÍCULO
O Currículo e as considerações feitas a esse são vistas por três
perspectivas distintas: tradicional, critica e pós-critica dentro do teor
educacional.
3.1.1 Crítica
Na expectativa tradicional, sua base se encontra na filosofia
positivista de Augusto Comte, através da teoria de currículo de Tyler,
introduzindo no âmbito escolar as dinâmicas criadas por Taylor na linha de
montagem de carros. A teoria linear de currículo de Tyler tem o ensino como
instrução, o pensamento voltado para o tecnicismo, que visa preparar
indivíduos para desempenhar situações definidas. A ação educativa
fundamentada neste paradigma implica em uma dicotomia entre ensino e
aprendizagem, onde o professor é o que ensina e o aluno o que aprende, o
professor é o detentor do saber e o transfere para o aluno para que este o
receba sem questionar (RIBEIRO, 2008).
O currículo na visão de Baffi (2007) constituiu um dos fatores que
maior influência na qualidade do ensino. O curriculo continua a ser
frequentemente identificado, com o "plano de estudo". Currículo significa, neste
caso, pouco mais do que o elenco e a sequência de matérias propostas para
um dado ciclo de estudos, um nível de escolaridade ou um curso, cuja
frequência e conclusão conduzem o aluno a graduar-se nesse ciclo, nível ou
curso.
Mas o currículo não é apenas planificação, mas também a prática
em que se estabelece o diálogo entre os agentes sociais, os técnicos, as
famílias, os professores e os alunos. O currículo é determinado pelo contexto, e
nele adquire diferentes sentidos conforme os diversos protagonistas.
No final dos anos quarenta, Tyler (1974), definiu as quatro questões
básicas que qualquer currículo deveria responder:
a) Que finalidades educacionais deve procurar a escola atingir?
26
b) Como podem selecionar-se as experiências de aprendizagem que podem ser úteis para alcançar estes objetivos?
c) Como podem organizar-se as experiências de aprendizagem para uma instrução eficaz?
d) Como se pode avaliar a eficácia das experiências de aprendizagem? (p. 29).
Estas questões supracitadas remetem a uma suposição que a
natureza do currículo é filosófico e político afastando-se do caráter técnico,
sendo assim, a primeira preocupação é selecionar ou organizar experiências
de aprendizagem, mas definir a finalidade da educação. Cada sociedade tem
sua própria historia e a partir destas a função social da escola deve questionar
e definir um currículo que considere a cultura inserida e os saberes relevantes
a serem trabalhados. Importante função atribuída a esse currículo é a
materialização do mesmo, onde expõe suas intenções e permite ter uma base
para que sirva de orientação e propicie aos diversos agentes que intervêm na
planificação e concretização do processo de ensino e aprendizagem.
Quando se propõe, dentro de uma assertiva de que chegou o
momento de realizá-lo, a reforma curricular não é mais do que a concretização,
dos objetivos definidos para a política educativa de todo o país, tendo em vista
produzir alterações significativas no sistema educativo. É neste quadro
complexo que se irá configurar o currículo, sendo essencial ter presente
questões, tais como:
a) A definição mais ou menos explicita dos objetivos que deverão ser prosseguidos;
b) A tradição curricular do respectivo sistema educativo;
c) O tipo de currículo (aberto ou fechado);
d) O modelo de organização (centrado em disciplinas ou em temas);
e) A seleção das matérias e respectivos conteúdos;
f) A forma como os intervenientes no sistema educativo participarão;
g) As medidas de apoio à mudança curricular, etc. (BAFFI, 2007).
27
Nesta abordagem, o currículo tradicional tem o aluno como um ator
social passivo, sendo o agente da ação somente o professor. Em sua crítica
Paulo Freire comparou esta modalidade pedagógica a um tipo de educação
“bancária” onde as informações são depositadas nos alunos, pois os alunos
são considerados um papel em branco a ser preenchido pelo professor através
de sua pratica pedagógica onde ensinar é transferir conhecimentos. Essa teoria
de currículo ainda regula de forma preferencial o fazer pedagógico de muitos
professores que apesar de todas as evoluções no âmbito das teorias
educacionais ainda se prende a ela para a efetivação de sua pratica de ensino,
seja por opção, seja pelo sistema educacional vigente arraigado em políticas
de interesse muito distante da promoção social. (FREIRE apud RIBEIRO, 2008,
p. 3).
Diante desta realidade, Ribeiro (2008) aponta que
gerou a necessidade de se discutir e estabelecer mudanças, pois havia correntes descontentes com o rumo da educação. Nesse contexto, além de Paulo Freire, surgem às idéias de Louis Altusser que começa a tecer o paradigma critico de currículo em oposição as práticas educacionais baseadas na teoria tradicional de currículo de Tyler levando a discussão o status quo daqueles que detêm o poder, através da problematização e do questionamento entre professor- conhecimento - aluno. A prática pedagógica do professor dentro dessa perspectiva está voltada para a ação-reflexão-ação do ato pedagógico onde o professor reflexivo busca interagir com os alunos numa dialética que envolve o saber ser, o saber fazer de alunos e professores de forma dinâmica e recíproca (p. 3).
Na ação pedagógica baseada nas teorias critica de currículo, a
atenção está voltada não para o que ensinar delineada pela teoria tradicional,
mas sim como ensinar, é a busca de procedimentos metodológicos que
garantam uma maior apreensão e domínio do conteúdo de ensino por parte
dos alunos e que garantam um espaço democrático participativo no âmbito da
sala de aula (RIBEIRO, 2008).
3.1.2 Teoria Crítica
Quando Bobbitt concebeu esse currículo, acreditamos que talvez
não tenha tido a intenção de, além de padronizar atividades, padronizar
28
pessoas. Essa teoria produziu uma concepção mecanizada de currículo que
perdura até hoje, mas ela abriu espaço para o campo político e econômico,
conferindo ao currículo conteúdos implícitos de dominação e poder, através da
ideologia dominante. Essa foi a percepção de Michael Apple do que vinha
acontecendo com o currículo e que o tornou, segundo Paraskeva (2002), o
grande precursor da Escola de Frankfurt no campo da educação e do currículo
e o primeiro a reavivar, de uma forma explícita, o cunho político do ato
educativo e curricular, colocando a teorização crítica como a saída para a
compreensão do atual fenômeno da escolarização (FRANCO, 2006, p.387).
Sobre a preocupação com as formas de conhecimento difundido
Apple (1994), considera fundamental questionar “para quem é esse
conhecimento”, demonstrando uma preocupação com o que deve ser ensinado
não apenas como questão educacional, mas, sobretudo, como questão
ideológica e política. Destaca a escola e o currículo porque considera “que
discutir sobre o que acontece, o que pode acontecer e o que deveria acontecer
em sala de aula” (...) é uma “tarefa que merece a aplicação de nossos
melhores esforços”. Nesse sentido observa que “enquanto não levarmos à
sério a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real das
alternativas e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo
divorciado da realidade. (APPLE apud FRANCO, 2006, p.388).
Segundo Apple (1994) teorias, diretrizes e práticas envolvidas na
educação não são técnicas, pois encontram-se envoltas pela ética e políticas, e
em última análise envolvem, sendo reconhecida desta forma, escolhas de
ordem pessoal, onde Marcus Raskin, denomina o bem comum.
Franco (2006) cogita que quando um professor afirma que “queria
que os educadores, sobretudo aqueles com interesse específico no que
acontece nas salas de aula, examinassem criticamente as suas próprias idéias
acerca dos efeitos da educação” esse posicionamento refletiria positivamente
em sua prática pedagógica, mas não no sentido de aplicação metodológica,
mas enquanto intenções provocativas à reflexão e à emancipação.
29
Portanto, segundo Silva (1999), as teorias tradicionais pretendem
ser apenas "teorias" neutras, científicas, desinteressadas, concentrando-se em
questões técnicas e de organização, enquanto que:
as teorias críticas e as teorias pós-críticas argumentam que nenhuma teoria é neutra, científica ou desinteressada, mas que está, inevitavelmente implicada em relações de poder. Não se limita a questionar “que conhecimentos”, mas por que esse conhecimento e não outro? Quais interesses fazem com que esse conhecimento e não outro esteja no currículo? Por que privilegiar um determinado tipo de identidade ou subjetividade e não outro? (SILVA apud FRANCO, 2006, p. 388).
Desta forma, é nítido perceber que as teorias críticas pretendem
trazer as relações sociais e sua discussão para a sala de aula com questões
relacionadas à raça, religião, dominação política e ideológica, diferenças
culturais, etc. A intenção é legítima quanto à uma educação voltada para a
redução e até mesmo, nivelação das desigualdades. Trazer essas intenções
para a sala de aula, concretizar essa teorização crítica do currículo na prática
pedagógica não é tarefa fácil. A teoria curricular crítica é vista em crise no
Brasil, resultado do ecletismo do discurso, decorrente da amplidão desmedida
de seus interesses e de suas categorias.
A crise é mais evidente nos trabalhos de Giroux e Peter Maclaren e
são descritas em duas razões: “ausência de sugestões para uma prática
docente crítica e a utilização de um discurso altamente abstrato e complexo,
cujos princípios dificilmente podem ser entendidos e operacionalizados pelos
professores” (apud FRANCO, 2006, p. 389).
No Brasil, Regina Celli Cunha considera que a concepção crítica de
currículo vivencia uma crise de legitimação, por não conseguir, na prática,
implementar seus princípios teóricos. Moreira (1999) revela, ainda, que a
opinião dominante entre especialistas em currículo acerca da crise é de que os
avanços teóricos afetam pouco a prática docente e que essas discussões têm
predominância no campo acadêmico, dificilmente alcançando a escola, não
contribuindo para maior renovação, e que, apesar da crise, a teoria curricular
crítica constitui a mais produtiva tendência do campo do currículo. (FRANCO,
2006, p. 389).
30
3.1.3 Pós-Crítica
A teoria pós-critica busca conjecturar a analise do significado, os
porquês, onde o homem e a sociedade querem chegar com as praticas de
caráter humanista e liberal evocando palavras de ordem como tolerância,
respeito, convivência entre as culturas e a valorização do diferente, ou seja,
quanto aos que não são considerados como parte do conteúdo a ser exposto
por não ser parte do que o sistema estabelece. (RIBEIRO, 2008).
Segundo Macedo (2007), por fim, nas teorizações atuais sobre o
currículo, nas quais se situam as Teorias Pós-Críticas ou Pós-Modernas, essas
teorias, ao abandonarem as metanarrativas típicas das Teorias Críticas,
voltando sua atenção para a compreensão, por meio da linguagem, dos micro-
contextos e das relações de poder, da construção das identidades, das
subjetividades, das diferenças e aprecia o currículo a imagem da construção do
indivíduo com a valorização dos contextos locais e da cultura de grupos
historicamente excluídos (apud GEREZ; DAVID, 2009, p. 4-5).
Ribeiro (2008) critica que na atualidade o professor pouco fala de
currículo, pouco conhece o currículo, é preciso que a escola discuta o currículo
que sedimenta sua prática através da ação do seu Projeto Político-Pedagógico,
pois, enquanto seres formadores de opinião devem procurar fundamentar sua
prática em teorias que lhes dê a possibilidade desenvolver seu fazer
pedagógico de forma a atender as inquietudes dos educandos diante da
sociedade tecnológica, informacional vigente.
3.2 AVALIAÇÃO CURRICULAR
A avaliação curricular, no entendimento que desde os anos oitenta
tem sido consagrado, procura justamente averiguar, em diferentes níveis, a
eficácia dos objetivos que foram definidos para o currículo.
A avaliação curricular constitui um trabalho prévio a qualquer
reforma curricular onde se analisam as causas dos resultados negativos de
todo o sistema de ensino. As causas podem não estar nos currículos, mas em
outros fatores que interferem nas escolas, o que torna tão importante a
31
avaliação para não levar ao erro de corrigir, algo que pode realmente estar
certo e ao mexer, culminar em desastre.
Hoeben (1994), pondera que,
nesse sentido é precavido ao defender parâmetros de uma avaliação do currículo centrada nos resultados. Segundo este autor a mesma deveria considerar apenas questões, tais como: Estão os objetivos ou os efeitos pretendidos com o currículo a ser cumpridos? O tempo é suficiente para os professores poderem ensinar e os alunos aprenderem? A estruturação dos objetivos e dos conteúdos é clara, progressiva e geradora de novas oportunidades de aprendizagem? O currículo está dividido em pequenas unidades que possibilitem uma eficaz construção de instrumentos de avaliação da aprendizagem (testes, observações, etc.)? Face ao rendimento inadequados oferece aos professores possibilidades para deixarem que os alunos recuperem os atrasos? (apud FONTES, 2006).
O currículo eficaz, nesta perspectiva, é todo aquele que apresenta
uma infra-estrutura que facilita a estruturação das oportunidades dos alunos a
aprenderem num tempo e ritmo adequados ao seu desenvolvimento.
(FONTES, 2006).
3.3 PROJETO CURRICULAR BÁSICO
A estudar o texto e as intenções descritas nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), propostos pelo MEC, fica evidente que a matriz
construtivista, na organização do material segue uma racionalidade que em
muito pouco difere daquela enunciada por Tyler, pois ambas as propostas tem
a mesma estrutura básica com objetivos, conteúdo, critérios de avaliação e
orientações didáticas.
O modelo curricular sobre o qual se assentam os PCN foi elaborado
pelo psicólogo espanhol Cesar Coll e tem uma lógica muito próxima das
preocupações de Tyler.
A visão de conjunto dos componentes curriculares do ensino
obrigatório parte do âmbito legal, passando pelas finalidades do sistema
educacional, definidas na LDB 9394/96, com o objetivo de definir as unidades
de tempo do currículo (ciclos) e as áreas nas quais esse currículo está
32
organizado. No desdobramento do modelo, no entanto, o autor não define os
critérios que seriam utilizados para a determinação dos ciclos ou das áreas.
O Projeto Curricular Básico, comenta Coll (1996) apresenta como
componentes curriculares: objetivos finais da área, blocos de conteúdos da
área e orientações didáticas, todos definidos para um determinado tempo – no
caso, os ciclos previamente estabelecidos. A concretização dos objetivos
gerais da área por ciclo se estabelece a partir de aprendizagens específicas,
sendo fundamental a determinação simultânea dos blocos de conteúdos e dos
objetivos finais de cada área.
Para Coll (1996), os conteúdos são
o conjunto de formas culturais e de saberes selecionados para integrar as diferentes áreas curriculares em função dos objetivos gerais da área" Para selecionar os conteúdos, deve-se buscar responder à seguinte questão: que conteúdos devem ser levados em conta na área curricular determinada para que o aluno adquira, no final do ciclo, as capacidades estipuladas pelos objetivos gerais da área? (p.161 e 162).
O conjunto de conteúdos assim selecionados pode ser
subdividido em: a) fatos discretos, conceitos e princípios; b) procedimentos; c)
valores, normas e atitudes.
Pode-se definir cada um dessas subdivisões como:
• Fatos discretos: informações não articuladas
• Conceito: designa o conjunto de objetos, acontecimentos e símbolos com algumas características comuns
• Princípio: enunciado que descreve como as mudanças que ocorrem em um conjunto de objetos, acontecimentos, situações ou símbolos relacionam-se com as mudanças que ocorrem em outros conjuntos
• Procedimento: conjunto de ações ordenadas e finalizadas, ou seja, orientadas para o atingimento de uma meta
• Valor: princípio normativo que preside e regula o comportamento das pessoas em qualquer momento ou situação
• Normas: regras de comportamento que as pessoas devem respeitar em determinadas situações
• Atitude: tendência a comportar-se de forma consistente e persistente ante determinadas situações (COLL, 1996, p. 164).
33
Acompanhando a listagem de conteúdos e os objetivos de cada
área, o projeto curricular deve apresentar um resumo das opções didáticas e
metodológicas, assim como os procedimentos para a avaliação da consecução
dos objetivos gerais das áreas por ciclo. No caso do modelo proposto pelo
autor, esses procedimentos de avaliação devem seguir os princípios do
construtivismo, opção pedagógica assumida por Coll (1996).
É importante focalizar o currículo como mecanismo de libertação e
promoção da vida. Ponce (2006) aborda que por meio da educação, o individuo
é mais pleno e humano no sentido de lhe ser possibilitado a condição de refletir
sobre seus atos, sua vida, dessa forma tornando-se um bom trabalhador,
cidadão com a personalidade formada. Assim sendo, situa a educação como
um direito. Direito que se efetiva a partir de uma educação sustentada nos
princípios democráticos, com práticas humanizadoras e inclusivas. (PONCE
apud FRANCO, 2006, p. 387).
Hoje se visualiza o distanciamento entre o que é efetivado como
currículo na escola e o que é mais justo e adequado.
As recentes reformas realizadas no Brasil e na Argentina evidenciam
aspectos comuns, que podem ser vistos, portanto, como tendências
internacionais em cujo âmbito elas se situam. São elas: a) adoção de um
modelo centralizado de currículo coexistente com processos de desregulação
de outros aspectos de educação; b) recurso a equipes de notáveis para a
definição do conhecimento oficial; c) elaboração de propostas detalhadas,
extensas e complexas; d) associação do currículo com o sistema nacional de
avaliação.
Essa análise serve como ponto de partida para contextualização do
cenário educacional no Brasil e para entender o quanto, a educação está presa
e entrelaçada a questões culturais, políticas e econômicas, sem contar com a
pouca autonomia educacional do país.
Outra questão envolve a tecnologia, onde esta se encontra cada vez
mais inserida na educação, comenta Reis e Rocha Junior (2010), sendo assim,
criou-se há necessidade de interação do professor com estas tecnologias
exigidas pela demanda mundial de uma sociedade agora de informação. As
34
aulas agora têm a oportunidade de se tornarem mais dinâmicas e divertidas,
porém a resistência de uma parcela destes em se adequar a nova realidade.
O grande problema nessa transição encontra suas bases no
currículo tradicional ao qual essa parcela esta ‘acostumada’ e enraizada em
suas metodologias o compromisso não com a educação, mas sim com políticas
educacionais, gestão e formação doutrinatorias que os levaram a essa
situação, marteladas diariamente, por décadas, como o correto a fazer,
independente de sua vontade ou de sua chama interna que em algum
momento se extinguiu frente a força do sistema deixando apenas ao acaso a
oportunidade de se fazer as mudanças necessárias para a virada de mesa.
35
CONCLUSÃO
O caráter pedagógico compreende todos os aspectos envolvidos
com as finalidades que se pretende a educação. A Pedagogia, ocupa-se da
educação intencional, que investiga os fatores que contribuem para a
construção do ser humano como membro de uma determinada sociedade, e
aos processos e aos meios dessa formação.
Portanto, o caráter pedagógico tem fundamental e estreita relação
com a construção de um currículo que oriente a ação educativa e determine
princípios e formas de atuação. Quando os conceitos acerca do que se
pretende tratar são apresentados, entendem-se seus “fins desejáveis” e,
define-se assim, “uma intencionalidade educativa, implicando escolhas,
valores, compromissos éticos” segundo os preceitos de Libâneo. O
desenvolvimento das teorias críticas de currículo se soma à preocupação com
uma prática pedagógica comprometida, porque desejam ir além do estático
formalismo das propostas curriculares.
A partir dessas considerações, fica clara a estreita relação entre
currículo e práticas pedagógicas, mas ainda são tortuosas do porque, no
caminho entre a teoria e a prática, essa relação pouco se materializa? O que
ocorre de errado nesse percurso? Talvez esse problema se apresente quando
ainda na transposição da teoria curricular para o currículo, ou seja, em como as
concepções e finalidades educativas se efetivam no currículo e como são
compreendidas na proposta em questão, em como se entente o currículo que
se pretende materializar.
O currículo se materializa na pratica e é através deles que os
professores escolhem seus temas, conteúdos, procedimentos metodológicos e
avaliativos. Assim de forma consciente ou não ele reproduz as ideologias
contidas no currículo. O que se pretende ensinar depende da concepção de
currículo que está presente na ação de ensinar.
Sendo assim, pode ser validado que ao educador/gestor cabe
analisar informações e teorias, construir um todo de conhecimentos sólidos
36
para fundamentar suas práticas pedagógicas por intermédio do Projeto Político
Pedagógico norteando devidamente as ações requeridas.
Por fim, independente do segmento, tendência, prática, processo,
metodologia escolhidas, ao educar, o educador já está produzindo uma prática
geradora de uma teoria pedagógica, posto que esta constitua aquela, de forma
a não se saber onde começa uma e onde acaba a outra, mas sendo passíveis
de observação, seus resultados ao observar o que os alunos se tornaram;
cidadãos críticos e cientes de sua realidade e prontos a aturam como atores
sociais que pregam a mudança e participam ativamente da mesma ou apenas
mais um pronto a enfrentar a vida sem nada a oferecer e esperar.
As mudanças são inevitáveis e já começaram agora como, quando,
onde e quem são os que serão contemplados só dependerá de quem tem o
poder decisório e de avaliação e cabe aos gestores levar adiante essa missão.
37
BIBLIOGRÁFIA
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GIMENO SACRISTÁN, Juan. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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38
WEBGRAFIA
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FRANCO, Maristela Canário Cella. Teoria Curricular Crítica e Prática Pedagógica: Mundos Desconexos. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2006/anaisEvento/docs/CI-036-TC.pdf. Acesso em:
GEREZ, Alessandra Galve; DAVID, Patrícia Aparecida. Teorias do Curriculo e as Tendencias Pedagógicas: de onde viemos e para onde vamos? In: Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. Artigo. Agosto, 2009. http://www3.mackenzie.com.br/editora/index.php/remef/article/viewFile/1723/1317 acessado em:
MIGUEL, Maria Elisabeth Blanck. Tendências Pedagógicas na Educação Brasileira: permanências e mudanças. Disponível em: http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/eixo05/Maria%20Elisabeth%20Blanck%20Miguel%20-%20Texto.pdf
RIBEIRO, Ruy Coelho. O Currículo e suas implicações pedagógicas no fazer do professor. Artigo NOV/2008. Disponível em: http://www.artigos.com/artigos/ humanas/educacao/o-curriculo-e-suas-implicacoes-no-fazer-pedagogico-do-professor-4432/artigo/. Acesso em:
REIS, Edna dos. ROCHA JUNIOR, Samuel Pimentel. A Construção do Currículo: uma análise do projeto político pedagógico. http://revistadaesab.com/?p=60&pfstyle=wp
SILVA, Delcio Barros da. As Principais Tendências pedagógicas na pratica escolar brasileira e seus pressupostos de aprendizagem. Disponível em: http://www.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm. Acesso em:
UFRJ. Programa de Apoio à Melhoria de Ensino Municipal. Currículo e Conceitos Básicos. Disponível em: http://www.race.nuca.ie.ufrj.br/ceae/ m2/texto4.htm. Acesso em:
39
ANEXO
ANEXO A) Tabela Comparativa com as tendências Pedagógicas..................40
40
Anexo A) Tabela Comparativa com as tendências Pedagógicas.
Nome da Tendência Pedagógica
Papel da Escola
Conteúdos Métodos Professor x
Aluno Aprendizagem Manifestações
Pedagogia Liberal
Tradicional.
Preparação intelectual e
moral dos alunos para assumir seu
papel na sociedade.
São conhecimento e valores sociais
acumulados através dos tempos e
repassados aos alunos como
verdades absolutas.
Exposição e demonstração
verbel da matéria e / ou por meios
de modelos.
Autoridade do professor que exige atitude receptiva do
aluno.
A aprendizagem é receptiva e
mecânica, sem se considerar as características
próprias de cada idade.
Nas escolas que adotam filosofias
humanistas clássicas ou científicas.
Tendência Liberal
Renovadora Progressiva.
A escola deve adequar as
necessidades individuais ao meio social.
Os conteúdos são estabelecidos a
partir das experiências vividas pelos
alunos frente às situações
problemas.
Por meio de experiências, pesquisas e método de solução de problemas.
O professor é auxiliador no
desenvolvimento livre da criança.
É baseada na motivação e na estimulação de
problemas.
Montessori Decroly Dewey Piaget
Lauro de oliveira Lima
Tendência Liberal
Renovadora não-diretiva (Escola
Nova)
Formação de atitudes.
Baseia-se na busca dos
conhecimentos pelos próprios
alunos.
Método baseado na facilitação da aprendizagem.
Educação centralizada no
aluno e o professor é quem
garantirá um relacionamento
de respeito.
Aprender é modificar as
percepções da realidade.
Carl Rogers, "Sumermerhill"
escola de A. Neill.
Tendência Liberal
Tecnicista.
É modeladora do comportamento humano através
de técnicas específicas.
São informações ordenadas numa
seqüência lógica e psicológica.
Procedimentos e técnicas para a transmissão e recepção de informações.
Relação objetiva onde o professor
transmite informações e o
aluno vai fixá-las.
Aprendizagem baseada no
desempenho.
Leis 5.540/68 e
5.692/71.
Tendência Progressista Libertadora
Não atua em escolas, porém
visa levar professores e
alunos a atingir um nível de
consciência da realidade em que vivem na busca
da transformação social.
Temas geradores. Grupos de discussão.
A relação é de igual para igual,
horizontalmente.
Resolução da situação problema.
Paulo Freire.
Tendência Progressista Libertária.
Transformação da personalidade num sentido libertário e
autogestionário.
As matérias são colocadas mas não exigidas.
Vivência grupal na forma de auto-
gestão.
É não diretiva, o professor é
orientador e os alunos livres.
Aprendiagem informal, via
grupo.
C. Freinet Miguel Gonzales
Arroyo.
Tendência Progressista
"crítico social dos conteúdos ou "histórico-crítica"
Difusão dos conteúdos.
Conteúdos culturais
universais que são incorporados pela humanidade frente à realidade
social.
O método parte de uma relação
direta da experiência do
aluno confrontada com
o saber sistematizado.
Papel do aluno como
participador e do professor como
mediador entre o saber e o aluno.
Baseadas nas estruturas
cognitivas já estruturadas nos
alunos.
Makarenko B. Charlot
Suchodoski Manacorda G. Snyders
Demerval Saviani.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................6
CAPITULO I
PROJETO POLITICO PEDAGOGICO: AÇÕES E INTENÇÕES DENTRO DA
POLITICA EDUCACIONAL VIGENTE................................................................9
1.1 A ORGANIZAÇÃO DO PLANO POLÍTICO PEDAGÓGICO......................12
CAPITULO II
AS TENDENCIAS PEDAGOGICAS E SUAS PRATICAS NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO INTERMEDIADAS PELO GESTOR ESCOLAR.........................................................................................................15
2.1 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS............................................16
2.2 TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL..................................................16
2.3. TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA......................17
2.4 TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA............................17
2.5 TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA.....................................................18
2.6 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS..............................19
2.7 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA....................................19
2.8 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA........................................20
2.9 TENDÊNCIA PROGRESSISTA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS.........................................................................................20
2.10 OS GESTORES E A GESTÃO...............................................................21
CAPITULO III
A TEORIA CURRICULAR E A CONSTRUÇÃO DO CURRICULO: QUEBRA
DE PARADIGMAS............................................................................................23
3.1 DESDOBRAMENTOS DO CURRÍCULO................................................25
3.1.1 Crítica...........................................................................................25
3.1.2 Teoria Crítica................................................................................27
3.1.3 Pós-Crítica..................................................................................30
3.2 AVALIAÇÃO CURRICULAR..................................................................30
42
3.3 PROJETO CURRICULAR BÁSICO.......................................................31
CONCLUSÃO...................................................................................................35
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................37
WEBGRÁFIA.....................................................................................................38
ANEXO..............................................................................................................39
ÍNDICE...............................................................................................................41