UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · desenvolvimento histórico das relações...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS
Por: Juliana Gaio Souza
Orientador
Prof. Mário Luiz Trindade Rocha
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão Empresarial.
Por: Juliana Gaio Souza
3
AGRADECIMENTOS
Aos professores do curso pelas
valiosas lições que aprendi e pelo
apoio pedagógico que me deram para
confeccionar este trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, aos
meus irmãos, amigos e ao meu marido
pelo apoio e incentivo que me deram
nesta jornada.
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RESUMO
A Gestão de Pessoas compreende a importante função de gerenciar pessoas
nas organizações, sejam estas públicas, sejam privadas. As mudanças
ocorridas no mundo do trabalho provocaram alterações no modo como as
pessoas passaram a ser consideradas no contexto organizacional. Assim, a
cada dia, surgem novas discussões sobre como valorizar as pessoas no
trabalho, pois essas constituem fonte de produção de novos conhecimentos e
são molas mestras para o pleno funcionamento das organizações. Sabemos
que nem sempre foi assim. Nos primórdios da administração científica, os
modelos de gestão enfatizavam a busca de formas de manter as pessoas
adaptadas à organização e com maior produtividade. Isso se mostrou
inadequado e até mesmo desastroso, pois várias conseqüências para a saúde
das pessoas foram percebidas, assim como para a produtividade no trabalho.
Atualmente, buscam-se formas da organização oferecer condições de trabalho
que possibilitem a saúde e a satisfação do trabalhador, conjugadas ao
desempenho de excelência no trabalho. As organizações procuram se adaptar
às necessidades das pessoas. Com base nessa concepção, várias estratégias
de gestão têm sido traçadas, e diversos temas emergiram para buscar
compreender a ação humana no trabalho. Diante do exposto, a presente
monografia pretende analisar todo o histórico da relação do homem com o
trabalho, e do contexto em que este se insere dentro das organizações.
Pretende-se ainda verificar como, nos dias atuais, o capital humano é
gerenciado nas empresas e se está alinhado com as estratégias empresariais.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada para produzir este trabalho foi uma pesquisa
bibliográfica, na qual foi possível coletar dados reais e informações suficientes
para a elaboração do tema proposto “Gestão Estratégica de Pessoas”.
A base da pesquisa bibliográfica foi estruturada principalmente em
autores que fazem uma análise histórica do tema proposto, como Fleury
(1987), assim como as diferentes teorias acerca da gestão de pessoas dentro
das organizações, como Tachizawa (2001), Marras (2000), Robbins (2202) e
França (2208).
A pesquisa procurou demonstrar também as tendências no assunto,
contemplando as práticas que estão sendo utilizadas nos dias de hoje,
buscando autores como Kaplan e Norton (2004), Capellin (2005) e Bruno-Faria
(2006).
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A visões do mundo e o ambiente de trabalho 10
1.1 Relações do homem com o trabalho – Histórico 10
1.2 As diferentes visões de mundo 15
1.3 Antecedentes da Gestão de Pessoas
18
CAPÍTULO II - Estratégias organizacionais x Gestão de pessoas 21
2.1 Conceitos de cultura organizacional 21
2.2 Conceitos de clima organizacional 22
2.3 A importância da cultura e do clima organizacional
23
2.4 A relação entre gestão de pessoas e estratégia organizacional 25
CAPÍTULO III – Práticas e tendências em Gestão de Pessoas 31
3.1 Modelo de gestão de pessoas baseada em competências
31
3.2 Balanced Scorecard 33
3.3 Tendências em gestão estratégica de pessoas 37
3.3.1 Busca por profissionais criativos 37
3.3.2Gestão da diversidade nas organizações 37
3.3.3Ambiente de trabalho amigável às famílias
38
3.3.4Qualidade de vida no trabalho 39 CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA 41
8
ÍNDICE 43 FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
INTRODUÇÃO
As organizações estão inseridas em um contexto social, político,
econômico e cultural e, portanto, sofrem alterações ao longo do tempo em
função das mudanças que ocorrem no ambiente externo.
Essas mudanças impactam a maneira como as pessoas são tratadas no
ambiente de trabalho e no modo de gerenciá-las, formas estas muito
diferenciadas ao longo do tempo.
Há bastante tempo, se busca explicações sobre quais as melhores
maneiras de administrar pessoas no ambiente de trabalho. A importância
destas explicações justifica-se uma vez que as pessoas são essenciais para os
resultados desejados pela organização e, portanto, merecem especial atenção.
A gestão de pessoas retrata uma concepção de mundo organizacional
em que as pessoas pensam, refletem e geram novas idéias sobre o trabalho
que realizam e, essa forma de ver as pessoas, impacta no modo de como ser
gerenciadas, motivo pelo qual se depreende a relevância social do presente
estudo.
Este estudo visa tratar da importância que as pessoas passaram a ter
no mundo do trabalho e as mudanças ocorridas neste cenário ao longo do
tempo, relacionar as várias visões de mundo e a forma como interferem no
ambiente de trabalho, estudar a relação das ações de gestão de pessoas com
as estratégias organizacionais e analisar casos concretos no atual cenário de
algumas empresas e suas linhas de atuação em gestão de pessoas.
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A globalização das atividades, a crescente competitividade e demais
mudanças no contexto externo à organização causam impactos diretamente
nas políticas de gestão de pessoas. As organizações desejam atrair
profissionais mais criativos e proativos e estes buscam organizações em que
se sintam realizados, valorizados e reconhecidos pelo seu desempenho.
Não há dúvidas que a gestão de pessoas é a área mais desafiadora
para os gestores, pois não se trata de uma ciência exata. Porém, percebe-se
uma crescente preocupação com o desenvolvimento desta área dentro das
organizações.
O presente trabalho pretende analisar a importância que as
organizações, nos dias atuais, dão à gestão de pessoas e se esta se relaciona
com as estratégias organizacionais.
No primeiro capítulo será tratada a importância que as pessoas
passaram a ter no mundo do trabalho situando as principais mudanças que
levaram à denominação de gestão de pessoas, bem como a relação entre
diferentes visões de mundo e o modo como as pessoas são consideradas no
ambiente de trabalho. No segundo capítulo será estudado como as ações de
gestão de pessoas se relacionam com as estratégias organizacionais. E, por
fim, no terceiro capítulo serão abordadas as práticas e tendências em gestão
de pessoas.
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CAPÍTULO I
AS VISÕES DO MUNDO E O AMBIENTE DE TRABALHO
“As relações de trabalho constituem a particular forma de
relacionamento que se verifica entre os agentes sociais que ocupam
papéis opostos e complementares no processo de produção
econômica: os trabalhadores, que detêm a força de trabalho capaz de
transformar matérias-primas em objetos socialmente úteis,
adicionando-lhes valor de uso; e os empregadores, que detêm os
meios para realizar esse processo. Esta definição deixa de ser tão
simples quando se verificam empiricamente e através do
desenvolvimento histórico das relações de produção na sociedade
capitalista, as inúmeras e diversas possibilidades de concretização
que assumem as categorias sociais ocupadas por ambos os agentes.
Ela se presta, entretanto, para ressaltar que, independentemente da
complexidade de aspectos assumidos em cada situação peculiar, as
relações do trabalho são determinadas pelas características das
relações sociais, econômicas e políticas da sociedade abrangente.”
(Fischer, 1987:19)
1.1 Relações do homem com o trabalho - Histórico
O trabalho sempre fez parte da vida dos homens, porém, ao longo do
tempo, sua forma de organização, suas relações e sua importância variaram
de acordo com o contexto social, histórico e cultural. Da mesma forma muda a
concepção que a sociedade e as pessoas têm dele.
11
Nas sociedades tribais, por exemplo, era exercido de forma coletiva e
solidária. Depois, com as peculiaridades próprias às diversas sociedades e
épocas históricas, assumiu as formas de escravidão e servidão.
Para os nômades o trabalho representou a possibilidade de ter acesso
ao consumo organizado de uma série de bens que melhoravam sua vida.
Trabalhavam por conta própria e viviam basicamente da caça e da coleta.
Quando se transformaram em sedentários, precisaram de ajuda para executar
alguns tipos de atividades que não podiam realizar sozinhos, principalmente a
agricultura e a pecuária. Formaram-se então as tribos, onde as pessoas
dividiam suas tarefas em um regime de cooperação (Tumeneff, 1934).
No entanto, as guerras vitoriosas produziram escravos, que eram
considerados como coisas, e não como pessoas. Supunham riqueza para seu
dono, e seu aproveitamento econômico provocou sua aceitação no império
romano. Com a queda deste, observaram-se mudanças nas relações sociais e
econômicas.
Surgiu um regime político chamado feudalismo, onde o senhor feudal
concentrava vários poderes públicos e privados. Os seus vassalos, que
prestavam serviços de forma dependente do senhor, trabalhavam e recebiam
como pagamento habitação, sustento e proteção para eles e suas famílias.
Com o desenvolvimento das cidades, surge um tipo de economia
urbana que foi substituindo a economia feudal. Pequenos descobrimentos
técnicos e práticos permitiram o surgimento de diversas profissões que se
desenvolveram nas cidades- burgos.
Nasce o trabalhador livre que se associava formando grêmios que
regulavam o trabalho dos seus membros e lutavam para defender seus
direitos ao trabalho.
O liberalismo influenciou todos os campos da atividade humana e ,no
aspecto legal, se caracterizou por autonomia da vontade com a
correspondente liberdade contratual, que situava as relações de trabalho sob
12
um regime de dependência voluntária, na qual a lei da oferta e da demanda
assinalava os salários a satisfazer (Koshiba e Pereira, 2004).
Com o êxodo rural e o rápido crescimento das cidades, houve o
aparecimento da era do maquinismo e as grandes indústrias, o que resultou
num excedente de mão-de-obra, levando as relações entre chefes e
empregados a regredirem às relações dos tempos de escravidão, com
jornadas enormes, salários baixos, condições de higiene e segurança nulas.
Na primeira metade do século XIX, o liberalismo começou a ser
questionado devido às péssimas condições às quais a população estava
submetida.
Em 1847 surgiu o Manifesto Comunista de Marx e Engels, o que levou
ao fortalecimento do movimento sindical, como forte agrupamento de
trabalhadores que lutavam pela defesa de seus direitos humanos e como
trabalhadores.
O sindicalismo provocou uma sensível melhoria nos níveis médios de
vida dos operários na Europa e Estados Unidos. Aparecem as primeiras
tentativas de organizar racionalmente a produção e a prestação de serviços do
trabalhador com objetivo de reduzir custos e incrementar o rendimento com
esforços menores e melhor aplicados. Era o começo do período que iria ser
conhecido como o estudo científico do trabalho e a pesquisa de reações e
relações do homem que trabalhava (Macedo, 2001).
A Revolução Industrial fez com que o trabalhador fosse perdendo a
identidade com o seu trabalho e, em conseqüência, surgiu a abordagem
clássica de administração.
Em 1900, Taylor foi um dos precursores da Escola da Administração
Científica baseando sua pesquisa no princípio de que o homem era um ser de
natureza econômica, dando ênfase nas tarefas.
Pouco tempo depois Fayol deu ênfase na estrutura das organizações e
foi o pioneiro no surgimento de uma nova corrente chamada Teoria Clássica.
13
Ford revolucionou as indústrias quando propôs uma linha de produção
em uma fábrica de automóveis nos Estados Unidos. Com essa linha de
produção, o trabalhador se desapropriou da sua relação com o produto de seu
trabalho.
Em contraposição aos pressupostos formais das teorias propostas por
Taylor e Fayol, surgiu, a partir da década de 1930, a abordagem humanística
da administração enfatizando as pessoas, os grupos e a organização informal,
em uma corrente denominada Escola das Relações Humanas.
Esta escola surgiu graças ao desenvolvimento das ciências sociais e em
particular da psicologia social. Pesquisava os fatores que influenciavam na
produção, procurando relações entre condições de trabalho e a incidência de
fadiga e monotonia entre os empregados (Chiavenato, 2000).
Ainda foi detectada a necessidade de conciliar a função econômica da
organização industrial de produzir bens e/ou serviços para garantir o equilíbrio
externo, com a função social de distribuir satisfações entre os participantes
para garantir o equilíbrio interno.
No período entre as duas guerras mundiais, a composição da força
laboral teve grandes mudanças, pois mulheres, pessoas idosas e jovens de
ambos os sexos, sem preparação e sem experiência, foram empregados nas
indústrias, principalmente as bélicas.
Como consequência várias técnicas de recrutamento, seleção e
treinamento de pessoal tiveram que ser desenvolvidas e utilizadas largamente
para garantir a produtividade das indústrias.
A Teoria das Relações Humanas foi duramente criticada por
superestimar os aspectos informais e emocionais da organização, se
mostrando incompleta e parcial, reforçando apenas os aspectos omitidos e
rejeitados pela teoria clássica.
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Neste sentido, surgiu uma nova visão de teoria administrativa baseada
no comportamento humano nas organizações que redimensionou e atualizou
os conceitos da Teoria das Relações Humanas.
Em 1950 surgiram os estudos sobre as relações indivíduo com o
trabalho e com a organização. Estes concebiam a organização como um
organismo social que tem vida e cultura próprias, um sistema.
No campo motivacional destacou-se a Teoria da Motivação de Maslow,
em 1954. Segundo essa teoria as necessidades humanas são organizadas em
cinco níveis hierárquicos, que inclui desde as necessidades fisiológicas, de
segurança, sociais, de estima até as necessidades de auto-realização.
Dessa forma, enfatiza as necessidades do ser humano, não
considerando a situação onde está colocado. Sua maior contribuição foi o
reconhecimento e a identificação das necessidades individuais com o objetivo
maior de motivar o trabalhador.
Herzberg (1957) propôs uma teoria de motivação no trabalho
denominada Teoria dos Fatores Higiênicos. Segundo a teoria existiam dois
fatores que influenciam no comportamento. São eles os fatores higiênicos, que
se relacionam com a tarefa, sendo variáveis extrínsecas ao cargo que não
aumentam a satisfação, porém reduzem a insatisfação, e os fatores
motivacionais, que se relacionam aos sentimentos de desafio ao realizar uma
tarefa, sendo variáveis intrínsecas ao cargo.
McGregor (1960) observou que existe um conflito entre as necessidades
dos indivíduos e das organizações. Na tentativa de amenizar esse conflito ele
propõe duas teorias. Em um primeiro momento, propôs a Teoria X, que se
baseia na teoria tradicional mecanicista e pragmática. Em um segundo
momento, propôs a Teoria Y, que se baseia na concepção moderna a respeito
do comportamento humano.
Neste sentido vemos a evolução do conceito de material humano,
recursos humanos e dimensão humana. Na era industrial clássica, que data da
Revolução Industrial até a década de 50, encontra-se um ambiente
15
conservador, com foco na padronização de comportamentos, onde as pessoas
são recursos de produção. Predominava o conceito de mão de obra.
Na era industrial neoclássica, que vai da década de 50 até 1990,
acentua-se a competitividade. A tecnologia passa a influenciar o
comportamento na empresa e os recursos humanos se tornam o mais
importante recurso organizacional.
Na era da informação, de 1990 até os dias atuais, o mundo globalizado
requer agilidade e inovação das empresas. Há necessidade de informação em
tempo real. As pessoas passam a ser consideradas parceiras da organização.
A era da Globalização do Capital modificou o paradigma econômico
financeiro e transformou as sociedades nacionais em sociedades globais que,
com a liberalização do comercio exterior, facilitou o surgimento das
multinacionais. As consequências desta nova era levaram a transformações no
modo de produção e nas relações de trabalho. “A existência de um ‘mercado
global’ reforça a demanda por bens e serviços de qualidade, o que gera a
ampliação da competição”. Chaves (1999, p.12).
O ambiente gerado por esse mercado globalizado força as organizações
a levarem em consideração as multinacionais e a enquadrarem-se ao mercado
atual, onde as empresas internacionalizadas caracterizam-se por estruturas
enxutas, redução de níveis hierárquicos, busca de flexibilidade, orientação para
busca de qualidade, capacitação contínua de seus profissionais, fluxo de
diálogo e outras.
Observa-se que desde o australopitecus, já são três milhões de anos
passados. Não houve nenhum período da história do homem em que se
observam tantas mudanças ocorrendo ao mesmo tempo como nos dias de
hoje. Viver e trabalhar hoje são desafios muito maiores e mais complexos do
que em décadas anteriores. O homem precisa estar preparado para enfrentar
os desafios da globalização e do ciclo de vida curto dos produtos e do próprio
conhecimento para poder sobreviver e vencer.
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1.2 As diferentes visões de mundo
Há bastante tempo se buscam explicações sobre quais as melhores
maneiras de administrar pessoas no ambiente de trabalho. Em função do
contexto econômico, político e social, esses modos de gerenciar
caracterizaram-se de formas muito diferenciadas ao longo do tempo.
Os diferentes nomes atribuídos ao gerenciamento das pessoas no
contexto organizacional revelam um pouco o impacto que estas mudanças
ocorridas no mundo, sejam elas sociais, políticas, econômicas ou culturais,
exercem no ambiente de trabalho. Eis alguns deles: administração de recursos
humanos, gestão do capital intelectual, gestão de talentos humanos, gestão de
pessoas ou até mesmo gestão com pessoas.
Essas diferentes denominações revelam concepções diversas sobre o
homem no trabalho que, por sua vez, revelam diferentes visões de mundo.
Segundo Mato et al (2001), há três diferentes visões que caracterizam o
mundo em que vivemos. São elas a mecânica, a econômica e a holística.
Essas visões determinam as formas como as organizações interpretam a
realidade, a fim de compreendê-la e as ações que realizam para transformá-la.
Na visão mecânica, buscam-se soluções técnicas para todos os
problemas organizacionais e as pessoas são vistas como recursos humanos.
Essa visão perdura desde os séculos XVI e XVII, sendo consolidada no século
XVIII. Num mundo mecânico é possível separar todas as partes que compõem
um todo, substituí-las e, principalmente, esperar que tudo permaneça imutável.
O que se deseja nesse caso é um ambiente estável, pois a visão mecânica
tenderá a não tolerar mudanças rápidas ou repentinas.
Com base na visão mecânica de mundo, a preocupação que se tinha
com relação ao trabalhador não era com o treinamento para o exercício das
atividades diárias do trabalho, mas com o adestramento. O homem não era
encarado com bons olhos, pois era visto como um irresponsável, vadio e
17
negligente e, portanto, deveria ser acompanhado bem de perto para que
produzisse muito.
Como consequência, com o passar do tempo, percebeu-se um elevado
absenteísmo, uma queda no rendimento e aumento da rotatividade. As
pessoas eram separadas naquelas que pensavam e nas que o executavam.
Qualquer organização que ainda esteja formulando os seus princípios e
premissas na visão mecânica do mundo por certo terá que encarar uma série
de desafios praticamente insuperáveis.
Os fenômenos no ambiente organizacional que sugerem o fim gradual
da abordagem mecanicista se traduzem em greves, falências e pessoas
desnorteadas, seja porque não conseguem entender o que está acontecendo,
seja porque estão insatisfeitas demais com o que as culturas organizacionais
lhes oferecem.
Já na visão econômica do mundo, os autores destacam que os gerentes
passaram a ser considerados capital intelectual, os quais, do mesmo modo
tratavam àqueles que gerenciavam. Somente era considerado importante “o
que tem ou o que agrega algum valor econômico.” Eram gerentes competitivos
que tinham como preocupação usar o seu capital intelectual para “criar vanta-
gens competitivas para sua organização e da tecnologia da informação, que
lhe permite prescindir do capital humano não necessário” (Mato et al,2001, p.
13).
Na visão holística de mundo os gerentes são formados como cidadãos
que são talentos humanos, com imaginação, intuição, curiosidade e motivação,
capazes de perceber e criar além de suas experiências e conhecimento
prévios. O princípio que norteia a ação dos gerentes com essa visão é o de
aprender fazendo, na busca do desenvolvimento do seu talento para gerenciar
outros talentos.
Nos dias atuais as pessoas não são recursos como os financeiros,
materiais e outros que as organizações utilizam, mas ocupam um lugar
privilegiado nestas. Assim, o homem deve ser considerado, em sua
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complexidade, como alguém que pensa, reflete, produz idéias novas e é capaz
de provocar mudanças. Ele aprende, modifica o ambiente onde está inserido e
a si próprio.
Desse modo, pode-se concluir que o homem sofre influência das
modificações nas organizações, assim como ele modifica o ambiente onde
trabalha a partir da sua atuação. Percebe-se aqui uma visão holística ou
sistêmica do mundo.
Algumas das principais mudanças observadas em empresas brasileiras
nos anos 90 e na primeira década dos anos 2000 são alterações do perfil das
pessoas exigido pelas empresas, que passam a procurar um profissional
autônomo e empreendedor, deslocamento do foco da gestão de pessoas do
controle para o desenvolvimento, maior relevância das pessoas no sucesso da
empresa, sendo a inteligência e a criatividade um fator competitivo para a
organização.
A gestão de pessoas retrata uma concepção de mundo organizacional
em que as pessoas pensam, refletem e geram novas idéias sobre o trabalho
que realizam. Esta forma de ver as pessoas impacta no modo como devem ser
gerenciadas. Cabe destacar que nem sempre os homens são tratados como
pessoas, pois muitas vezes ainda se observam condutas típicas da visão
mecânica: o profissional sendo vigiado e controlado no trabalho.
Na realidade, as diferentes visões de mundo encontram-se presentes
nos dias atuais e quando entram em conflito, muitas vezes, fazem surgir novas
concepções.
1.3 Antecedentes da Gestão de Pessoas
O Departamento de Recursos Humanos surgiu no século XIX, com a
necessidade de contabilizar os registros dos trabalhadores, as faltas e os
atrasos.
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Os chamados chefes de pessoal tinham como características a
inflexibilidade, o estrito seguimento das leis e eram conhecidos por serem
donos de uma frieza incalculável, principalmente na hora de demitir
funcionários.
Na década de 1920, o movimento de relações humanas trouxe um novo
desafio ao chefe de pessoal, pois o novo modelo de administrar teve como
base de mudança a relação entre os empregados e os empregadores
(Casado, 2002).
Antes, a administração operava à base da força e do autocratismo e, no
novo modelo o que passava a prevalecer era aumentar a produtividade pela
eliminação de conflitos e seus respectivos custos. A ordem era preocupar-se
com o indivíduo e com suas necessidades.
Apesar de todo o tumulto gerado, pois nesta época não havia ninguém
preparado para tais mudanças, o movimento continuou a evoluir, passando
para outro estágio, o behaviorismo, cuja base também era fundamentada no
comportamento humano e entendia que a simples satisfação no trabalho
geraria a eficiência.
Neste novo contexto, a função de chefe de pessoal começou a ser
valorizada e este deveria se preocupar ainda mais com o empregado e com a
organização, pois nesta época surgiram as questões legais e sindicais.
O chefe de pessoal passou a ser um gerente de pessoal, porém, ele
continuava diretamente ligado às relações burocráticas que sempre existiram,
cumprindo e fazendo cumprir regras e normas.
Na década de 1950 iniciou-se a transformação do departamento. Foi
nesse período que a função de gerente de pessoal passou a ser denominada
como gerente de recursos humanos.
Chiavenato (2004) mostra que nos dias de hoje a área de Recursos
Humanos ou Gestão de Pessoas é de suma importância nas organizações e
está numa posição estratégica. As organizações passaram a considerar os
20
profissionais como colaboradores e os mesmos participam e opinam nas
tomadas de decisões, nas ações e investimentos e como apoiadores nos
processos de mudanças.
De acordo com Kaplan e Norton (2004), o capital humano é
considerado, juntamente com o capital da informação e o capital
organizacional, ativo intangível da organização. O valor desses ativos
intangíveis, que decorre do grau em que tais recursos contribuem para
realização da estratégia, não pode ser medido de maneira separada e
independente e respondem por mais de 75% do valor da empresa.
Atualmente todas as empresas podem e devem concentrar seus
investimentos no capital humano e, de maneira mais ampla, seus
investimentos em todos os ativos intangíveis, para criar valor diferenciado e
sustentável, por meio da alavancagem de seus ativos intangíveis.
Constata-se a tendência de substituição gradual da economia movida a
produtos e baseada em ativos tangíveis pela economia movida a
conhecimentos e serviços, baseada em ativos intangíveis.
21
CAPÍTULO II
ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS x GESTÃO DE
PESSOAS
Para que as empresas compreendam e tracem ações para a gestão de
pessoas que nelas atuam é necessário que se conheçam os valores que
compartilham e os aspectos que compõem essa cultura.
Torna-se vital conhecer como os fundadores de uma organização a
conceberam, assim como os dirigentes a definem para conhecer um pouco
sobre a cultura predominante na organização e identificar os valores
compartilhados por todos os membros da organização.
2.1 Conceitos de cultura organizacional
A cultura se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições,
regras morais que permeiam e identifica uma sociedade. É a identidade própria
de um grupo humano em um território e num determinado período.
22
Fleury e Sampaio (2002) destacam que a origem do termo cultura
remonta à sociedade romana. Seu significado foi mudando ao longo do tempo
e desde 1871 já se encontrava definição para o fenômeno.
A cultura tem sido objeto de estudo de diversas ciências, principalmente
da sociologia e da antropologia. No entanto, somente na segunda metade do
século XX que as pesquisas iniciadas abriram as portas para o estudo da
cultura organizacional como hoje é conhecida, no campo das ciências
administrativas.
Segundo Barbosa (1999), o conceito de cultura organizacional situa-se
entre dois campos de conhecimento: a antropologia e a administração. A
antropologia se faz presente pelo conceito de cultura, e a administração, pelo
de organização.
Para os autores que utilizam outro enfoque, descrito por Bateman &
Snell (1998) como racionalismo científico, a cultura organizacional é um dos
aspectos das partes que compõem uma organização. Algo que pode ser
mensurado, manipulado e mudado como outras varáveis, como a estratégia, a
estrutura, os sistemas, o estilo e o satff (Peters & Waterman, 1982).
As definições que a cultura organizacional tem recebido apresentam
diversos termos em comum, como costumes, valores, crenças e modo de agir.
“Cultura organizacional é um padrão de pressupostos básicos
compartilhados que um grupo aprendeu ao resolver seus problemas
de adaptação externa e integração interna e que funcionou bem o
suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos
membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir com
relação a esses problemas.” (Schein, 1992:52).
Ela tem um caráter histórico mais profundo, remetendo às origens da
organização, ao processo de definição dos seus valores básicos e à
modelagem dos padrões culturais.
Para Marras (2000), o conjunto de valores e crenças, que denominamos
de cultura organizacional, é mutável, dinâmico e dependente das mudanças
23
dos cenários que permeiam o interno e o externo da empresa, fazendo com
que se entenda a cultura como um processo constante de adaptação às
contínuas mudanças que o tempo e o espaço produzem através das mutações
dos próprios sistemas de valores que o sustentam.
Uma das justificativas para o interesse do estudo desse fenômeno pela
administração deve-se à expansão geográfica das empresas multinacionais
fazendo com que as organizações tivessem que compreender as
características diferentes de cada cultura com as quais passou a se relacionar
e com a diversidade cultural dos profissionais de outros países que se
integraram às organizações brasileiras.
2.2 Conceitos de clima organizacional
Sá Leitão, Guimarães e Rosal (1998, p.5) consideram clima
organizacional como:
“Somatório das percepções que os empregados têm de todo um
contexto organizacional que influencia diretamente a convivência de
cada indivíduo no ambiente de trabalho, trazendo conseqüências
para os desempenhos individuais e, portanto, para o desempenho da
organização.”
Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2002, p.239) conceituam clima
organizacional como “a qualidade ou propriedade do ambiente institucional que
é percebida ou experimentada pelos membros da organização e influencia o
comportamento dos mesmos”.
Tamayo, Lima e Silva (2004, p.88) concluem, a partir da análise das
proposições dos autores que distinguem o clima da cultura organizacional, que
o primeiro é manifestação da cultura, ele é um dos produtos ou artefatos desta.
Além disso, acrescentam que “a cultura refere-se basicamente a pressupostos
compartilhados, e o clima a percepções compartilhadas”.
Alguns autores analisam também o clima específico para alguma coisa.
Bruno-Faria (1996) e Bruno-Faria e Alencar (1998), por exemplo, analisaram o
24
clima para a criatividade, a partir da identificação de um conjunto de fatores
que atuam como estímulos e barreiras a esta no ambiente de trabalho. A
percepção do ambiente de trabalho é voltada para as condições propícias ou
não à emergência de idéias novas e de valor no ambiente de trabalho.
Fleury e Sampaio (2002, p.291) sinalizam que o clima organizacional
refere-se à percepção que as pessoas têm da organização em que trabalham;
percepção que pode ser influenciada por fatores conjunturais externos e
internos à organização.
2.3 A importância da cultura e do clima organizacional
A preocupação com a avaliação da cultura e do clima organizacional se
deve principalmente às consequências que trazem para os resultados
esperados pelas empresas.
Uma forma de avaliar a cultura é proposta por Fleury e Sampaio (2002,
p. 291), os quais utilizam uma metáfora, em que o diagnóstico de cultura em
uma organização é comparado a uma cebola cujas camadas adquirem
diferentes representações. A primeira camada representa um ambiente
construído da organização, isto é, comportamento das pessoas. A parte mais
profunda da cebola ilustra as histórias, os mitos, os heróis e os fundadores. O
núcleo representa os valores da organização. As políticas e as práticas
organizacionais refletem os valores e constituem elementos-chave da mudança
e podem atravessar essas diferentes camadas.
Fleury e Sampaio (2002)
25
Um dos aspectos que Fleury e Sampaio (2002) ressaltam na realização
de um diagnóstico da cultura organizacional é a adoção de uma perspectiva
histórica a partir da análise do contexto no qual a organização foi criada e do
papel dos seus fundadores.
A importância de avaliar o clima organizacional tem sido ressaltada por
diferentes autores. Tamayo (1999, p. 243) observa que, embora as pessoas
não percebam o ambiente de trabalho de uma mesma forma, “existem sempre
elementos comuns na percepção e na interpretação do ambiente
organizacional”. E são justamente as percepções compartilhadas entre as
pessoas no trabalho que constituem o clima organizacional que é passível de
medição.
Existem diferentes definições na literatura da área e diferentes ações
organizacionais traçadas com o objetivo de aprimorar o clima no trabalho. A
partir da avaliação da cultura e do clima, as organizações podem traçar
estratégias específicas às suas realidades destinadas à gestão de pessoas.
Pretende-se assim que as pessoas trabalhem em um clima favorável à sua
saúde e à efetividade organizacional.
2.4 A relação entre gestão de pessoas e estratégia organizacional
“Deve, portanto um príncipe não ter outro objetivo e outro
pensamento nem dedicar-se a outro empreendimento rotineiro que
não os relacionados com a guerra e a organização e disciplina das
tropas, pois a prática da arte da guerra é a única coisa que se espera
daquele que governa” (Maquiavel, séc. XVI p. 97).
O conceito de estratégia nasceu da necessidade de realizar objetivos
em situações de concorrência, como é o caso na guerra, nos jogos e nos
negócios. Segundo Aristóteles o objetivo da estratégia é a vitória.
Albuquerque (2002, p.38) a define como “formulação da missão, dos
objetivos da organização, bem como de políticas e de plano de ação para
26
alcançá-los, considerando os impactos das forças dos ambientes e a
competição”.
Trata-se de um elemento vital para as organizações. Estas necessitam
definir uma visão estratégica, a fim de se posicionarem de forma adequada no
cenário globalizado.
A estratégia organizacional é o conjunto de objetivos, decisões e ações
da empresa para que possa atender a qualquer tempo, melhor que seus
concorrentes, às necessidades e desejos do meio ambiente. Diz respeito ao
“como” a organização vai realizar a visão a que está se propondo.
Para se definir uma estratégia é preciso levar em conta os recursos
disponíveis, as condições externas, as capacidades reais e os imprevistos. O
principal recurso das organizações são as pessoas.
De fato, as organizações são grupos de pessoas que utilizam recursos
para realizar objetivos e alcançar um desempenho de alto padrão. A gestão
estratégica de pessoas é responsável pela elaboração de planejamento e de
políticas que visem provocar mudanças favoráveis nos resultados da empresa,
utilizando como diferencial os recursos humanos disponíveis.
“Gestão estratégica é um conjunto de decisões tomadas
previamente acerca do que deve ser feito a longo prazo. Gestão, em
síntese, é por em prática uma estratégia tanto no nível microssocial
quanto no nível macrossocial, ou seja, operacionalmente, as
estratégias devem direcionar a gestão da organização”
(Tachizawa et al, 2001, p.61).
Segundo Cattani (1997), em tempos de competitividade recrudescente,
torna-se fundamental conquistar o comprometimento e a lealdade dos
trabalhadores. Friedman, Hatch e Walker (2000) ressaltam que vários
pesquisadores tiveram sucesso ao descobrir a correlação entre investimentos
em capital humano e desempenho empresarial, entendendo capital humano
27
como a noção que vê as pessoas nas organizações não como recursos
perecíveis a serem consumidos, mas como bem de valor a ser desenvolvido.
Fleury e Fleury (2000, p.58) destacam que o primeiro marco de es-
truturação e formalização do sistema de gestão de pessoal aconteceu com a
introdução do taylorismo-fordismo nas empresas, quando se definiram alguns
princípios para gestão de pessoal e contratualização das relações
empregatícias. Com isso os autores ressaltam que as pessoas eram
selecionadas a partir da premissa de “o homem certo para o lugar certo”.
Esses autores evidenciam que na gestão estratégica de pessoas “as
políticas de gestão de pessoal não devem ser passivamente integradas às
estratégias de negócio, mas devem ser parte integrante desta estratégia”
(Fleury, 2000, p.62).
As pessoas consideradas como recursos não têm valorizadas as suas
capacidades. Durante muito tempo a área de recursos humanos caracterizava-
se mais como um mundo à parte no contexto organizacional e parecia pouco
contribuir para os seus resultados.
A área de gestão de pessoas classicamente era dividida em várias
subáreas, cada uma delas responsável por assuntos específicos, sem a
interação necessária entre as partes. Assim, treinamentos eram planejados e
desenvolvidos sem relação com o desempenho que os profissionais
apresentavam no trabalho, nem tampouco se associavam às metas
organizacionais. Muitos treinamentos eram feitos porque as pessoas tinham
interesse, mesmo que já apresentassem os conhecimentos e habilidades que
eles objetivavam desenvolver.
Com o passar do tempo, a área que trata de gestão de pessoas deixou
de ser um núcleo isolado na organização e passou a ser parte integrante de
um todo, que para ter êxito em seu funcionamento, precisava estar muito bem
articulada. Com isso, passou a ser mais valorizada na organização. Afinal, as
pessoas são essenciais para os resultados desejados por esta e, portanto,
merecem atenção.
28
Dois autores que se dedicam a estudos na área de gestão pessoas
chamam atenção para o fato de que a década de 90, com seus desafios de
crescente competitividade e globalização das atividades, levou ao alinhamento
definitivo das políticas de gestão de recursos humanos às estratégias
empresariais. Mas para isso, salientam que se acrescentou “à prática
organizacional o conceito de competência como base do modelo para se
gerenciar pessoas” (Fleury, 2000, p. 64).
Pfeffer e O’Reilly III (2001) estudaram o que eles chamam de valor
oculto das organizações, a saber, as pessoas, e mostraram, através de
pesquisas em organizações consideradas bem sucedidas de diversos ramos
de negócios, que as organizações que implantaram práticas de recursos
humanos no intuito de valorizar seus funcionários obtiveram incremento
significativo em vendas, diminuição de rotatividade de pessoal (turnover) e
aumento no índice de sobrevivência.
Albuquerque (2001, p.40-41) destaca que “a estratégia de recursos
humanos deve seguir as etapas do processo de formulação e implementação
da estratégia coorporativa baseando-se na visão do negócio para desenvolver
as diversas etapas da estratégia funcional que irão integrar a estratégia da
organização”. O autor chama atenção para necessidade de não ficar somente
no discurso, mas buscar formas de obter “vantagens competitivas sustentáveis
a longo prazo, com equipes qualificadas e comprometidas com os objetivos
mais amplos da organização”.
A estratégia de uma organização descreve como ela pretende criar valor
para os seus acionistas, clientes e cidadãos. Se os ativos intangíveis da
organização, dentre eles o capital humano, representam mais de 75% de seu
valor, a formulação e a execução da estratégia deve tratar explicitamente da
mobilização e alinhamento destes.
Uma pesquisa feita pela consultoria Price Waterhouse Coopers
(Leonard, 1999) mostrou que, enquanto muitas empresas já consideram o
departamento de gestão de pessoas como parte essencial de suas operações,
somente 27% dos representantes afirmaram incluir ou procurar os profissionais
29
de recursos humanos quando estão começando seu ciclo de planejamento
estratégico.
Outra pesquisa, da Watson Wyatt Canadá, também mostra que é
incipiente ainda a participação dos departamentos de gestão de pessoas na
formulação da estratégia das organizações (Brown, 2001). A pesquisa
entrevistou gerentes de 539 empresas canadenses e mostrou que mais de
83% dos gerentes entrevistados consideraram a gestão de pessoas como
“importante” ou “muito importante” para as empresas. No entanto, somente
36% destas têm a gestão de pessoas participando “muito” ou de forma
“completa” no desenvolvimento de sua estratégia.
Existe uma crescente evidência que de que as organizações bem-
sucedidas colocam as pessoas em primeiro lugar. São exemplos concretos a
Intel, a Microsoft, a Motorola, a Hewlett-Packard, entre outras. As organizações
que colocam as pessoas em primeiro lugar possuem uma força de trabalho
mais dedicada e comprometida.
Robbins (2002) mostra que os executivos destas empresas perceberam
que seus funcionários representam sua única verdadeira vantagem
competitiva. Os concorrentes podem igualar a maioria de seus produtos,
processos, locações, canais de distribuição e outros aspectos. O que é muito
mais difícil de ser emulado é uma força de trabalho formada por gente
altamente capacitada e motivada. A característica que diferencia as empresas
bem-sucedidas na quase totalidade dos setores da economia é a qualidade
das pessoas que elas são capazes de conseguir e manter.
Há pelo menos quatro práticas que diferenciam essas empresas:
valorização da diversidade cultural, buscando ativamente uma força de
trabalho com diversidade, seja de raça, faixa etária ou sexo; estímulo ao
convívio familiar, ajudando aos funcionários a equilibrar suas
responsabilidades profissionais e pessoais, através de programas como
horários flexíveis de trabalho e a instalação de creches; treinamento de
constantes, garantindo a capacitação e atualização do corpo funcional;
30
fortalecimento dos funcionários, transferindo autoridade e responsabilidade
para os níveis mais baixos da estrutura da organização.
Pessoas e grupos trabalham em organizações, fornecedoras de bens e
serviços para a sociedade. Para produzir, as organizações necessitam de
normas, rotinas, procedimentos e estratégias. Torna-se evidente a
necessidade de articulação dos interesses da organização e seus processos
de produção com as igualmente legítimas reivindicações das pessoas e dos
grupos que nela trabalham.
O entendimento das diferenças individuais é importante em muitos
aspectos da administração das organizações. Compreender como as pessoas
são e como agem ajuda a preparar e tomar decisões.
As organizações são grupos de pessoas que utilizam recursos para
realizar objetivos. O principal recurso são as pessoas e para trabalhar
eficazmente com elas são necessárias ferramentas comportamentais da
administração: entendimento das diferenças individuais, da cultura
organizacional e de processos como motivação, dinâmica de grupos e
comunicação. Gestores de alto desempenho devem desenvolver suas
competências para trabalhar eficazmente com pessoas.
31
CAPÍTULO III
PRÁTICAS E TENDÊNCIAS EM GESTÃO DE PESSOAS
“Quando quero entender o que está acontecendo hoje e prever o que vai acontecer amanhã, olho para o ontem” (Oliver Wendell Holmes).
3.1 Modelo de gestão de pessoas baseada em competências
Um dos principais aspectos da gestão de pessoas com base em
competências é a associação da área e função de gestão de pessoas com as
estratégias organizacionais.
Brandão e Guimarães (2002, p.59) chamam a atenção para o fato que
“diversas empresas têm recorrido à utilização de modelos de gestão de
competências, objetivando planejar, selecionar e desenvolver as competências
necessárias ao negócio.”
“A partir do modelo de análise de competência proposto, ocorre uma
mudança de foco: a questão se desloca das competências do indiví-
duo para as das organizações. Introduz-se, assim, a noção de
empresa como um portfólio de competências” (Fleury, 2002, p.57).
32
Percebe-se também, como observam Fleury e Fleury (2000, p.66), “uma
elevação do nível educacional do corpo de empregados; uma preocupação
com pessoas mais comprometidas, cujas competências agreguem valor ao
negócio”.
A competência é definida de diferentes formas, mas se nota que
predomina a idéia de associar as competências individuais ou das equipes
com as estratégias organizacionais.
Fleury (2002, p.55), por exemplo, define competência como um saber
agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir co-
nhecimentos, recursos, habilidades, que agregue valor econômico à
organização e valor social ao indivíduo.
São várias também as categorizações de tipos de competências, tais
como: organizacionais, humanas, profissionais, técnicas, gerenciais, dentre
outras.
“As competências organizacionais referem-se a atributos necessários
à organização que lhes “conferem vantagem competitiva, geram
valor distintivo percebido pelos clientes e são difíceis de ser imitadas
pela concorrência” (Brandão, Guimarães, 2002, p.58).
Se pensarmos em organizações públicas, o foco deixa de ser na
vantagem competitiva e recai na qualidade do atendimento ao cidadão.
Brandão e Bruno-Faria (2003, p.51), ao identificarem as competências de uma
organização pública, observaram que a idéia de ter um atributo difícil de ser
imitado pela concorrência, não se aplica a uma empresa de tal natureza e que
seria melhor defini-la como “um atributo subjacente à organização, que lhe
permite atingir seus objetivos estratégicos.”
Brandão e Bahry (2005, p.180), ao tratarem de métodos e técnicas para
mapeamento de competências, utilizam a classificação de competências em
humanas ou profissionais entendidas como “combinações sinérgicas de
conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissio-
nal em determinado contexto ou em determinada estratégia organizacional”.
33
Quando esses autores falam em combinação sinérgica de conhe-
cimentos, habilidades e atitudes expressas no desempenho sinalizam que é a
partir do desempenho no trabalho que os profissionais demonstram as compe-
tências e, portanto, a importância de avaliar o desempenho no trabalho.
O mapeamento de competências evidencia claramente a relação entre
as estratégias da organização e as pessoas. Mapear é identificar, com uso de
diferentes técnicas (entrevistas, pesquisa documental, questionários e outras),
as competências que as pessoas detêm e as que necessitam desenvolver para
realizar as competências organizacionais.
A gestão de pessoas baseada em competências envolve mudanças no
modo de selecionar pessoas para trabalhar na organização ou para exercer
funções diferenciadas na mesma organização (seleção interna), nas ações de
treinamento, de desenvolvimento e de educação voltadas para o
aprimoramento profissional dos empregados e nas formas de remuneração
diferenciadas que valorizem as diferentes contribuições dos empregados.
3.2 Balanced Scorecard (BSC)
Para construir um sistema de mensuração que descreva a estratégia é
preciso um modelo geral de estratégia. Carl Von Clausewitz, o grande
estrategista militar do século XIX, salientou a importância de um modelo para
organizar o raciocínio sobre estratégia.
Kaplan e Norton (1992) descrevem o Balanced Scorecard, que oferece
esses modelos para descrição de estratégias que criam valor. É um sistema
balanceado de mensurações. Poderosa ferramenta gerencial que tem como
princípio fundamental “o que se pode medir, se pode gerenciar”.
O BSC se utiliza de um mapa estratégico, também proposto pelos
autores em 2004, que nada mais é que um diagrama que descreve a
estratégia mediante a identificação de relações de causa e feito explícitas entre
os objetivos nas quatro perspectivas deste.
34
A primeira perspectiva é o desempenho financeiro, indicador de
resultado, critério definitivo do sucesso da organização. A estratégia descreve
como a organização pretende promover o crescimento de valor sustentável
para os acionistas.
O sucesso com os clientes-alvo, segundo ponto do BSC, é o principal
componente da melhoria do desempenho financeiro. Além de medir através de
indicadores de resultado como satisfação, retenção e crescimento o sucesso
com os clientes, a perspectiva de clientes define a proposta de valor para
segmentos de clientes-alvo. A escolha da proposição de valor para os clientes
é elemento central da estratégia.
Como terceiro fator, os processos internos criam e cumprem a
proposição de valor para os clientes. O desempenho dos processos internos é
um indicador de tendência de melhorias que terão impacto junto aos clientes e
nos resultados financeiros.
Por fim, como quarta perspectiva, os ativos intangíveis são a fonte
definitiva de criação de valor sustentável. Os objetivos de aprendizado e
crescimento descrevem como pessoas, tecnologia e clima organizacional se
conjugam para sustentar a estratégia. As melhorias nos resultados de
aprendizado e crescimento são indicadores de tendência para os processos
internos, clientes e desempenho financeiro.
O desenvolvimento e alinhamento dos ativos intangíveis induzem a
melhorias no desempenho de processos, que, por sua vez, impulsionam o
sucesso para os clientes e acionistas.
O alinhamento estratégico determina o valor dos ativos intangíveis. A
quarta perspectiva do mapa estratégico do Balanced Scorecard, aprendizado e
crescimento, trata dos ativos intangíveis da organização e de seu papel na
estratégia. Esses ativos intangíveis são classificados em três categorias:
capital humano, capital da informação e capital organizacional. O valor destes,
que decorre do grau em que tais recursos contribuem para realização da
estratégia, não pode ser medido de maneira separada e independente.
35
Kaplan e Norton (2004) mostram que quando os três componentes da
perspectiva de aprendizado e crescimento – capital humano, capital da
informação e capital organizacional – estão alinhados com a estratégia, a
empresa desfruta de alto grau de prontidão. Ela tema a capacidade mobilizar e
sustentar o processo de mudança necessário para executar sua estratégia.
Contudo, Alexandria (2002) demonstra em pesquisas e estudos que dois
terços das organizações não criam forte alinhamento entre suas estratégias e
os programas de gestão de pessoas e tecnologia da informação.
Os ativos intangíveis foram definidos por Stewart (1991) como
“conhecimentos existentes na organização para criar vantagem diferencial” ou,
pelo mesmo autor em 1998, como “capacidade dos empregados da empresa
para satisfazerem as necessidades dos clientes”. O valor desses ativos decorre
da efetividade do seu alinhamento com as prioridades da organização e não do
quanto valem isoladamente. Quanto mais estreito for o alinhamento dos ativos
intangíveis com a estratégia, maior será seu valor para organização, assim
como os que não estiverem alinhados não criarão muito valor, por maior que
tenha sido seu custo.
O arcabouço do mapa estratégico cria condições para que os capitais
humano, da informação e organizacional sejam representados como ativos,
que acabarão sendo convertidos em caixa, o mais líquido dos ativos, por meio
do aumento de receita e da redução das despesas. Kaplan e Norton (2004)
introduzem o conceito de prontidão estratégica como meio de descrever o grau
de preparação dos ativos intangíveis para suportar a estratégia da
organização.
A prontidão estratégica é semelhante a liquidez. Quanto mais alto o
nível desta, maior rapidez com que os ativos intangíveis contribuirão para gerar
caixa. A força de trabalho que alcançou níveis satisfatórios de prontidão
estratégica é um dos fatores que possibilitam o aumento da receita ou criação
de valor par os acionistas.
36
A perspectiva de aprendizado e crescimento é o fundamento de toda
estratégia da organização. O desempenho nessa área oferece indicadores de
tendência definitivos, pois representam os ativos intangíveis que criam valor
por seu alinhamento com a estratégia organizacional. Alavancam-se os efeitos
do capital humano quando este se concentra nas poucas funções estratégicas
que implementam os processos mais importantes para esta estratégia. O
capital da informação é mais valioso quando fornece a infra-estrutura vital e as
aplicações estratégicas que complementam o capital humano para a promoção
do desempenho notável nos processos estratégicos. Os fatores
organizacionais, ainda mais intangíveis – cultura, liderança, alinhamento e
trabalho em equipe – também são vitais para o sucesso da implementação da
estratégia.
“O movimento do Balanced Scorecard encorajou as organizações a
enfrentar o desafio de mensuração. Hoje, as empresas têm
condições de medir o que almejarem, em vez de almejarem apenas
o que forem capazes de medir. As organizações aprenderam que o
simples ato de tentar mensurar as potencialidades dos empregados,
os sistemas de conhecimento e o capital organizacional, não importa
o grau de precisão, enfatiza a importância desses vetores para a
criação de valor.” (Kaplan e Norton, 2004).
3.3 Tendências em gestão estratégica de pessoas
3.3.1 – Busca por profissionais criativos
Segundo Chiavenato (1999), as organizações voltadas para o futuro
terão que educar, treinar, motivar e liderar as pessoas que trabalham na
empresa, oferecendo oportunidade de realização pessoal.
Muito se fala na literatura de gestão de pessoas e no discurso das
organizações sobre a necessidade de ter profissionais criativos. São inúmeras
as definições de criatividade. Embora diversas, é comum a consideração
desse fenômeno como multifacetado e que se refere à geração e de-
37
senvolvimento de idéias, processos ou produtos que tenham algum grau de no-
vidade e que agreguem valor para a organização (Bruno-Faria, 2003).
Bruno-Faria (1996) realizou um estudo no Banco do Brasil, a fim de vali-
dar um questionário que tinha por objetivo avaliar o clima para a criatividade. O
instrumento foi denominado Indicadores de Clima para a Criatividade (ICC) e
considerava um conjunto de fatores que atuam como estímulos e um outro
grupo de itens retratam as barreiras à criatividade no ambiente do trabalho.
Tal estudo comprovou que a criatividade é dependente de aspectos do
indivíduo, do grupo de trabalho, do contexto organizacional e, até mesmo, de
fatores externos à organização, em um processo complexo e dinâmico.
Assim, a criatividade deve ser uma preocupação tanto daqueles que
traçam as estratégias organizacionais, como daqueles que gerenciam
diretamente as pessoas no trabalho.
3.3.2 Gestão da diversidade nas organizações
Loden e Rosener (1991) classificam a diversidade em dimensões
primárias e secundárias. As dimensões primárias referem-se aos seguintes
aspectos: idade, etnia, gênero, habilidade física, raça e orientação sexual. A
dimensão secundária diz respeito à: educação, localização geográfica,
salário/renda, estado civil, experiência militar, filiação, crença religiosa e
experiência no trabalho.
Heringer e Miranda (2005) analisam desigualdades em relação à
diversidade em nosso país. Elas destacam que “aqueles, entre nós, que
nascem pobres tendem fortemente a permanecer pobres; e os que nascem
ricos também mantêm a sua posição”. Essas são marcas típicas de nosso país
que ainda não se modificaram até hoje. As autoras destacam que alguns tipos
são historicamente discriminados, principalmente, a população afro-brasileira
que ainda são os mais pobres em nosso país.
Outro aspecto que traz à tona questões culturais é a terceirização.
Segundo Valença e Barbosa (2002), esta prática em que a empresa se
38
concentra nas atividades estratégicas e conta com o apoio de outras empresas
especializadas para atividades auxiliares, constitui também desafios dadas as
diferenças culturais que podem emergir do confronto de culturas de empresas
distintas.
Esses são alguns dos exemplos que ilustram a questão da diversidade e
que merecem a atenção daqueles que gerenciam pessoas e, de forma mais
ampla, os que definem as políticas organizacionais. A complexidade da inter-
relação entre aspectos dos indivíduos e do ambiente do trabalho deve ser
considerada na gestão de pessoas.
Segundo Robbins (2002), programas eficazes de diversidade vão muito
além da simples contratação de uma força de trabalho diversificada. Eles
também incluem a criação de ambientes de trabalho amigáveis à família, a
oferta de treinamento para diversidade e o desenvolvimento de programas de
mentores (funcionário mais velho e experiente que patrocina e apóia um
funcionário menos experiente).
3.3.3. Ambiente de trabalho amigável às famílias
Cappellin (2005) discute a difícil missão de conciliar a vida familiar e o
trabalho, em um contexto marcado pela crise do emprego. Ela ressalta que
não se tem envidado esforços no país no sentido de estabelecer normas que
contribuam para a conciliação entre trabalho e vida familiar.
A criação de um ambiente de trabalho amigável às famílias foi motivada
inicialmente pela preocupação dos administradores com a melhoria da moral
dos funcionários, o aumento da produtividade e a redução do absenteísmo.
3.3.4 Qualidade de vida no trabalho
“A gestão da qualidade de vida no trabalho é a capacidade de
administrar o conjunto das ações, incluindo diagnóstico, implantação
de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no
ambiente de trabalho alinhada e construída na cultura organizacional,
39
com prioridade absoluta para o bem-estar das pessoas na
organização.” (França, 2008).
As características do mundo moderno cuja tônica é a pressa, o excesso
de atividades, de informações e as exigências de alto nível de qualificação
profissional para fazer frente a um mercado altamente competitivo, dentre
outros aspectos, trazem conseqüências para a saúde física e mental do
trabalhador. A sociedade como um todo vive novos paradigmas sobre os
modos de vida dentro e fora do trabalho, construindo uma cultura relativa às
demandas de qualidade de vida no trabalho.
Tolfo e Piccinini (2001) analisaram pesquisas que evidenciam
características presentes em empresas consideradas as melhores para se
trabalhar no Brasil, conforme revista Exame dos períodos de 1997, 1999 e
2000. Alguns dos fatores mais destacados foram, em ordem decrescente de
importância, o orgulho do trabalho e da empresa, a clareza e abertura na
comunicação interna, a oportunidade de carreira, a camaradagem no ambiente
de trabalho, iniciativas de treinamento e desenvolvimento e a inovação no
sistema de trabalho.
De acordo com Fernandes (1996) a expressão “qualidade de vida no
trabalho” está associada à melhoria das condições físicas, programas de lazer,
estilo de vida, instalações, atendimento a reivindicações dos trabalhadores,
ampliação do conjunto de benefícios.
As necessidades das pessoas e os novos desafios no trabalho têm
estimulado a estruturação das atividades de qualidade de vida nas empresas,
caracterizando uma nova competência, uma nova especialização gerencial.
40
CONCLUSÃO
A gestão de pessoas é uma das áreas mais desafiadoras dentro de uma
organização, pois não há verdades absolutas e nem conhecimentos definitivos
sobre como lidar com pessoas. Cada vez mais os gestores contam com
diversas ferramentas comportamentais da administração, como o
entendimento da diversidade, da cultura organizacional. Práticas e estratégias
na área vêm surgindo e o seu desenvolvimento dentro das empresas tornou-se
prioridade.
É fundamental o entendimento de que as organizações devem oferecer
ao seu pessoal oportunidade de crescimento, e que os funcionários sintam
orgulho do trabalho que fazem. Assim, tanto as pessoas como a organização
saem ganhando e a tendência é que cresçam juntas.
Sem desconsiderar as influências externas, pode-se afirmar que a
energia de uma organização advém, sobretudo, da motivação e do trabalho de
seu pessoal. Fica claro que a correta aplicação de uma política de gestão de
pessoas alinhada à estratégia da empresa é fator crítico de sucesso. As
políticas e práticas de recursos humanos de uma organização representam
forças importantes para a modelagem das atitudes e comportamentos dos
funcionários.
41
As empresas devem estar atentas a estas mudanças na vida corporativa
e devem estabelecer estratégias que envolvam o seu conjunto de pessoas
para levá-las ao sucesso, fazendo daquela organização um grupo harmônico,
coeso, competitivo, aguerrido, inovador, comprometido visando tornar a
empresa vencedora e seus funcionários pessoas realizadas e felizes.
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44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
As visões do mundo e o ambiente de trabalho 10
1.1 - Relações do homem com o trabalho – Histórico 10
1.2 - As diferentes visões de mundo 15
1.3 - Antecedentes da Gestão de Pessoas 18
CAPÍTULO II
Estratégias organizacionais x Gestão de pessoas 21
2.1 - Conceitos de cultura organizacional 21
2.2 - Conceitos de clima organizacional 22
2.3 - A importância da cultura e do clima organizacional 23
2.4- A relação entre gestão de pessoas e estratégia organizacional 25
CAPÍTULO III
Práticas e tendências em Gestão de Pessoas 31
3.1 - Modelo de gestão de pessoas baseada em competências 31
3.2 - Balanced Scorecard 33
3.3 - Tendências em gestão estratégica de pessoas 37
3.3.1 Busca por profissionais criativos 37
3.3.2Gestão da diversidade nas organizações 37
3.3.3Ambiente de trabalho amigável às famílias 38
3.3.4Qualidade de vida no trabalho 39
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE 43
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Instituto A Vez do
Mestre
Título da Monografia: “Gestão Estratégica de Pessoas”
Autor: Juliana Gaio Souza
Data da entrega: 16/07/2009
Avaliado por: Conceito: