UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A CONTRIBUIÇÃO DAS ACADEMIAS NA PSICOMOTRICIDADE

DOS IDOSOS

Por: Victor Fraiz Maudonnet

Orientador

Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

TÍTULO DO TRABALHO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em psicomotricidade

Por: . Victor Fraiz Maudonnet

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus alunos da Terceira

Idade que muito me ajudaram na

realização deste trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais

Consuelo e Arthur, ao meu irmão Paulo, a

minha noiva Maria Carolina pessoas tão

queridas e essenciais à minha vida.

5

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo precípuo analisar o fenômeno,

relativamente recente, do ingresso de pessoas idosas nas academias de

ginásticas, buscando encontrar as causas e efeitos desse ingresso, os

aspectos positivos e negativos dessa opção e, principalmente, se essa

tendência tem trazido melhorias no combate a diversas doenças típicas dessa

idade, tem modificado para melhor a sociabilidade, autonomia, cognição e

autoestima das pessoas da terceira idade e para tanto, além da pesquisa

bibliográfica recorreu-se a entrevista com frequentadores de academias de

ginásticas nessa faixa etária, objeto deste trabalho.

6

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido basicamente a partir de consultas a livros,

artigos e demais publicações, inclusive sites da internet.

Além disso, foram elaboradas pesquisas de campo com pessoas da Terceira

Idade em academias de ginásticas e musculação na cidade do Rio de Janeiro

com o objetivo de se analisar com mais profundidade o tema objeto do estudo.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Aumento da população idosa no Brasil 10

CAPÍTULO II - Atividade física como promotora de saúde e prevenção a

doenças 14

CAPÍTULO III - A crescente demanda de idosos nas academias de ginásticas

20

CAPÍTULO IV - A pesquisa 24

CONCLUSÃO 28

ANEXOS 30

ÍNDICE 38

FOLHA DE AVALIAÇÃO 39

8

INTRODUÇÃO

É nossa proposta apresentar um trabalho que identifique a realidade

das pessoas idosas no contexto histórico e cultural, relacionando esses

aspectos com a recente invasão do público da Terceira Idade nas academias

de ginásticas, a transposição de várias barreiras para que tal fato ocorresse, as

motivações, os benefícios na parte física, social e mental, procurando

identificar as transformações verificadas na autonomia dos idosos após o início

das atividades físicas.

Conforme preceitua a Constituição da República Federativa do Brasil,

promulgada em 5 de outubro de 1988 conhecida como Constituição Cidadã,

em seu artigo 6º, são direitos sociais:

• a educação;

• a saúde;

• o trabalho;

• o lazer;

• a segurança;

• a previdência social;

• a proteção à maternidade e à infância;

• a assistência aos desamparados.

Como podemos observar, o legislador constituinte enumerou 8 (oito)

pontos básicos que serviam de alicerce para garantir os direitos sócias dos

cidadãos brasileiro, cumprindo-nos alertar para o fato de que somente 15

(quinze) anos após a promulgação de nossa Carta Magna, mais precisamente

em 1º de outubro de 2003, foi sancionada a lei nº 10.741, destinada a regular

os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60

(sessenta) anos, mais conhecida como Estatuto do Idoso.

9

Ora, mesmo a Constituição Cidadã, aquela que pensou nos mínimos

detalhes com relação aos direitos e garantias individuais, coletivos e sociais do

cidadão brasileiro, esqueceu-se de contemplar os idosos especificamente.

Não podemos deixar de alertar para o fato de que nosso trabalho, no

aspecto territorial e consequentemente econômico-social, principalmente em

relação à pesquisa, foi desenvolvido no interior de academias de ginástica, com

frequentadores entre a idade de 60 (sessenta) e 85 (oitenta e cinco) anos e não

abordando pessoas no meio da rua, logo se tratando de uma classe de

pessoas privilegiadas que podem bancar uma academia de ginástica.

Desenvolver este trabalho ajudou-nos a compreender com mais

profundidades a CONTRIBUIÇÃO DAS ACADEMIAS NA

PSICOMOTRICIDADE DOS IDOSOS.

10

CAPÍTULO I

O AUMENTO DA POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL

A espécie humana tem nos dias de hoje mais um problema a ser

resolvido: o envelhecimento global, que exige mudanças por parte dos

governos e das sociedades em geral a fim de atender com dignidade essa

população de idosos que cresce a cada dia.

Nos países industrializados, a população com mais de 60 (sessenta)

anos já supera o número de jovens com até 14 (quatorze) anos, trazendo

temores quanto ao crescimento futuro da economia dos países e da

sustentabilidade de seus sistemas previdenciários.

O Relatório Nacional sobre o Envelhecimento da População Brasileira,

trabalho coordenado pelo Itamaraty, com participação de órgãos do Estado e

entidades civis, mostra o aumento da população de 60 (sessenta) anos ou mais

que em 1940 era de 4% para 9% em 2000. Além disso, a população acima de

80 (oitenta) anos tem aumentado, alterando a composição etária dentro do

próprio grupo, significando que a população idosa também está envelhecendo.

Segundo o Censo do ano 2000, já são quase 15.000.000 (quinze

milhões) de habitantes com mais de 60 (sessenta) anos em meio a 69.000.000

(sessenta e nove milhões) de habitantes, correspondendo antão a 14% da

população adulta e daqui a 20 (vinte) anos poderá ultrapassar 20.000.000

(vinte milhões) de pessoas. O Brasil caminha para já em 2025 tornar-se o sexto

país do mundo com o maior número de pessoas idosas, segundo a

Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo o professor Movam de Mello Moreira, do Instituto de

Pesquisa Sociais da Fundação Joaquim Nabuco (PE), no seu livro

Envelhecimento da população brasileira, diz o seguinte:

11

“... por envelhecimento populacional entende-se o

crescimento da população considerada idosa em uma

dimensão tal que, de forma sustentada, amplia a sua

participação relativa no total da população. A ampliação

do peso relativo a população idosa deve a uma redução

do grupo etário jovem, em consequência da queda da

fecundidade, configurando o que se denomina

envelhecimento pela base.”

A melhoria na qualidade dos serviços de saneamento básico, ao

progresso da medicina, com descoberta de novos medicamentos, ao combate

preventivo das doenças e das campanhas de vacinação e do uso da tecnologia

na detecção e tratamento de vários tipos de doença tem aumentado a

expectativa de vida do brasileiro.

No Brasil, da década de 1980 até os dias atuais, verifica-se uma

acentuada queda na taxa de fecundidade, de 5,6 filhos para 2,1 e a tendência é

de que essa queda continue, trazendo como consequência a diminuição da

proporção de jovens e o aumento da proporção de idosos.

Com esse quadro é necessário que as academias de ginástica

invistam, cada vez mais, no público da terceira idade, tendo em vista que a

infra-estrutura necessária para atender as demandas desse grupo etário em

termos de instalações, programas específicos e mesmo profissionais

adequados qualitativamente e quantitativamente ainda precária. Isso é

necessário porque o grupo com 60 (sessenta) anos ou mais é o que mais

cresce no Brasil.

Os desafios trazidos pelo envelhecimento da população têm diversas

dimensões e dificuldades, mais nada é mais justo do que garantir ao idoso a

sua integração na comunidade. A velhice é um processo normal e inevitável,

não devendo ser trata apenas com soluções médicas mas também com

intervenções sociais, econômicas e ambientais.

12

É importante garantir ao idoso não só uma sobrevida maior mas

também uma boa qualidade de vida. Eles representam um importante grupo

populacional, que tem muito a acrescentar à sociedade pelas suas

experiências de vida, qualificações e potencialidades.

A sociedade moderna tirou do idoso a sua importância como agente da

história. Durante anos a velhice, nas mais variadas culturas, foi reverenciada

como símbolo do conhecimento. Hoje em dia esse reconhecimento só é

encontrado em algumas culturas, como, por exemplo a do índio brasileiro e a

oriental. Os índios brasileiros vêem no idoso o guardião de sua cultura.

De acordo com artigo publicado na Revista Eletrônica Com Ciência no

ano de 2002:

“Na maior parte das sociedades indígenas a transmissão

dos elementos culturais como mitologia, os rituais e os

costumes é feita oralmente e são os idosos que

desempenham essa função fundamental para a

sobrevivência dos povos.”

No Japão, a tradição manda que ao completar 60 (sessenta) anos o

homem compre um blazer vermelho, pois somente com 6 (seis) décadas de

vida há a liberdade de usar a cor dos deuses. Na cultura ocidental o vermelho é

para os jovens e quanto mais velho, mais as cores se tornam pálidas e tristes,

insinuando que a pessoa idosa perdeu a vitalidade, a produtividade, o prazer

pela vida e que não tem mais nada a acrescentar à sociedade.

É interessante observar que no Brasil são muitos os problemas

enfrentados pelos idosos em seu dia-a-dia, quais sejam:

• a perda de contato com a força de trabalho;

• a desvalorização de aposentadorias e pensões;

• a depressão;

13

• o abandono da família;

• a falta de projetos e atividades de lazer;

• o difícil acesso a planos de saúde.

Os idosos brasileiros formam um grupo heterogêneo de 15.000.000

(quinze milhões) de consumidores, 14% da população adulta, a maioria

mulheres, que têm muito mais poder de influenciar hábitos de consumo na

família do que se imagina, vez que são os idosos os responsáveis pela

manutenção de 25% dos lares nacionais, e em virtude da atual crise financeira

que assola todo o mundo, esse números tendem a aumentar.

Pelo crescimento da população da Terceira Idade, cada vez maiores

expectativas de prolongamento da vida humana, pelo desaparecimento das

áreas de lazer nos grandes centros urbanos, é cada vez maior a necessidade

de investimento, tanto público quanto privado, em locais nos quais as pessoas

possam se exercitar, desenvolver o conato social, receber orientações de

profissionais capacitados, tendo em vista que não adianta a vida ser mais longa

se ela não for vivida plenamente.

14

CAPÍTULO II

ATIVIDADE FÍSICA COMO PROMOTORA DE SAÚDE E

PREVENÇÃO A DOENÇAS

Nos dias atuais, a busca pelo prazer, pela satisfação e pelo bem-estar

pessoal é feita não só pelos jovens, mas também pelos idosos.

A atividade física realizada com regularidade é uma das principais

bases para a manutenção de saúde em qualquer idade e constitui um elemento

fundamental para uma boa qualidade de vida.

Dentro da academia podemos encontrar os pilares da

psicomotricidade: afeto, cognição e movimento.

2.1 – Benefícios da Atividade Física

A organização Mundial de Saúde (OMS), agência das Nações Unidas

que propõe a ser responsável pela saúde no mundo, no preâmbulo da sua

Constituição define saúde como “... estado de completo bem-estar físico,

mental e social e não somente ausência de enfermidade e/ou invalides”.

(www.who.int)

A prática de exercícios físicos atua na profilaxia de doenças

melhorando os fatores de risco para o desenvolvimento de diversas patologias.

O médico Dr. Alberto José N Ogata fala sobre os amplos benefícios de

um estilo de vida saudável:

“A saúde e a qualidade de vida das pessoas não se

resumem ao seu estado de saúde, mas envolve um

15

conceito bem mais amplo, incluindo a sensação de bem –

estar das pessoas em seu ambiente familiar, na escola,

no trabalho e no seu contexto sócio-econômico e cultural”

(Revista CONFEF – ano VIII n° 28 junho 2008 16:1)

Quanto aos benefícios das atividades físicas para o ser humano, a

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, afirma em artigo publicado

em sua revista:

“Os benefícios físicos são o aumento da elasticidade,

fortalecimento da musculatura, aumento da massa

muscular, melhora nas articulações, diminuir a perda

óssea, evitando doenças como a osteoporose, aumento

da capacidade pulmonar, com melhora da oxigenação d

organismo, além de baixar a pressão arterial e a glicose.”

(Revista Brasileira de Medicina e Esporte – 1999; 5(6):

207-12)

Além da melhora nos índices acima mencionados, a atividade física

tem a capacidade de tirar indivíduos do sedentarismo, transformando-os em

pessoas ativas e vigorosas e isso se reflete em seu dia-a-dia, em sua

expressão, em seu corpo, na forma de se relacionar com as pessoas, enfim,

em sua visa como um todo.

É cientificamente comprovado que a prática da atividade física

melhora a vida das pessoas, vez que os principais índices de controle de

saúde, como pressão arterial, glicose, colesterol, triglicerídeos, tendem a se

normalizar.

“De acordo com a organização Mundial de Saúde (OMS),

80% (oitenta por cento) dos casos de doenças

cardiovasculares e diabetes e 40% (quarenta por cento)

dos casos de câncer são evitáveis através da mudança do

16

estilo de vida, baseada principalmente por meio da

atividade física, alimentação saudável, eliminação do

hábito de fumar e a adoção de comportamentos

preventivos” (Revista CONFEF ano VIII n° 28 de junho de

2008 16:1)

O estresse, um dos maiores vilões do final do século XX e dos dias

atuais, que diminui a capacidade produtiva do indivíduo, trazendo uma série de

efeitos colaterais, como a depressão, síndrome do pânico, afastamento do

trabalho, é combatido também pelas atividades físicas, haja vista que ao

praticá-las o corpo humano libera endorfina e serotonina, proporcionando

sensação de bem estar.

Hoje podemos verificar, ao visitarmos alguns municípios do estado do

Rio de Janeiro, que muitas prefeituras têm incentivado a prática de exercícios

físicos para toda a sua população, independente de idade, com professores

ministrando aulas e orientando os frequentadores, muitas vezes essas

atividades são desenvolvidas em praias e praças públicas (Rio de Janeiro,

Macaé, Araruama, dentre outras), bem como a iniciativa privada tem adotado

tais ações em prol da melhor qualidade de vida de seus funcionários.

2.2 – A Academia, o Idoso e a Psicomotricidade

Segundo o dicionário Aurélio define-se academia como: "escola onde

se ministra ensino de práticas desportivas ou lúdicas, prendas, etc.” (Aurélio,

1986)

De acordo com alei 10741/2003 toda pessoa é considerada idosa com

idade igual ou superior a 60 anos. Essa definição consta no Estatuto do Idoso

no Artigo 1°

17

Psicomotricidade, segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade

(SBP,1984) “É uma ciência que tem por objetivo estudo do homem através do

seu corpo em movimento as suas relações com o seu mundo interno e

externo.”

A partir da compreensão dos conceitos acima relacionados, é

principalmente no espaço das academias, onde existem pessoas

especializadas e equipamentos adequados, que as pessoas idosas se

desenvolvem nos aspectos cognitivos, afetivos e de movimentos, pilares da

psicomotricidade.

No livro A Atividade Física Para Terceira Idade, seu autor, Canavó,

afirma que “o exercício físico na Terceira Idade pode trazer benefícios tanto

físicos, como sociais e psicológicos, contribuindo para um estilo de vida mais

saudável dos indivíduos que o praticam”.

A chegada da Terceira Idade traz limitações sobre o corpo: já não se

tem a mesma vitalidade, a rapidez dos movimentos e do raciocínio e a mesma

saúde.

A prática de atividades aeróbicas e exercícios, respeitando as

limitações físicas e sempre com orientação especializada contribui para a

conservação da saúde.

Como os idosos apresentam perdas da massa muscular e da massa

óssea é necessário que sejam submetidos a exercícios que atuem revertendo

essas perdas, assim sendo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

(SBME) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SMGG)

colocaram a posição a respeito do assunto “o programa ideal de exercícios

físicos para idosos deve durar de trinta a noventa minutos, se possível todos os

dias da semana, incluindo exercícios aeróbicos, de força muscular, de

flexibilidade”.

18

Cumpre salientar que os exercícios físicos beneficiam na manutenção

da saúde e na prevenção contra a doença, trazendo mais agilidade e força,

atributos necessários para a realização das tarefas diárias, desenvolvimento da

auto-estima, além da manutenção da saúde mental.

A musculação tem se mostrado de grande eficiência para a obtenção

da independência e autonomia dos idosos, evitando lesões e quedas tão

frequentes nessa fase da vida, isto porque os exercícios da musculação são

capazes de aumentar a massa e a força muscular.

Alguns dos principais efeitos benéficos é um programa de musculação

diante essa época da vida são:

• aumento da mobilidade muscular;

• melhora da coordenação motora e agilidade;

• diminuição do risco de lesões;

• aumento da auto-estima

• melhora da capacidade aeróbica;

• aumento de força muscular;

• aumento da densidade óssea;

• aumento da flexibilidade e resistência;

• melhora na função pulmonar e cardiovascular.

Os idosos que já fazem parte desta atividade apresentam uma melhora

significativa na qualidade de vida; muitos se sentem mais dispostos, podendo

realizar as atividades da vida diária com mais segurança, disposição e

facilidade, que antes não eram possíveis.

Com a avançar dos anos, o ser humana começa a perceber que muita

coisa vai se transformando em sua vida, no seu corpo, até mesmo nos seus

sentimentos, hoje vista que passa de uma condição ativa, com emprego,

19

consequentes colegas de trabalho, a presença dos pais, da mulher ou do

marido, dos filhos morando sob o mesmo teto, a convivência com amigos

conquistados na mais tenra idade, para uma condição passiva, pois já não há

mais o emprego, em virtude da aposentadoria, o que o afasta dos antigos

colegas de trabalho, os pais já se foram, os filhos já têm a vida e moradia

independentes e os amigos já começam a rarear, sendo que é exatamente

nesse momento que a depressão, a ansiedade e o cansaço ocupam espaço na

vida dos idosos.

Ao vislumbrar tal quadro, eis que é chegada a hora do idoso, de seus

familiares e algumas vezes até de médicos apontarem para o caminho das

academias, que passarão a funcionar como espaço de socialização, onde ele

encontrará muitas das coisas de que precisa para recuperar a alegria de viver,

tais como:

• encontro de pessoas com a mesma faixa etária;

• pessoas com as mesmas dificuldades;

• ambienta saudável e acolhedor;

• retorno de regras e horários em seu dia-a-dia;

• melhora significativa em seus movimentos;

• percepção de um melhor desempenho da memória.

Todos esses benefícios surgem em função da prática de exercícios e

do convívio em academias, ou seja, as partes de cognição , afetividade e

motora desenvolvidas em um mesmo espaço, reforçando a posição da

Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) quando afirma que “a

atividade física deve maximizar o contato social, reduzindo a ansiedade e a

depressão comuns nessa faixa etária”.

O lazer e a sociabilização devem integrar um programa bem sucedido,

que deve ser, sempre que possível.

20

CAPÍTULO III

A CRESCENTE DEMANDA DE IDOSOS NAS

ACADEMIAS DE GINÁSTICAS

Hoje observamos cada vez mais a presença de pessoas idosas nas

academias de ginástica e nosso objetivo é demonstrar os motivos pelos quais

tal fenômeno está ocorrendo.

3.1 - Histórico das academias de ginásticas no Brasil

Na década de 1930 surgem as primeiras academias no Brasil e as

pioneiras foram a Associação Cristã de Moços (ACM) e a Escola de Dança de

Ballet Municipal segundo J Novaes em seu livro Ginástica em Academia no

Rio de Janeiro: uma perspectiva histórica descritiva.

A partir da década de 1940 surgiu o modelo de academia que hoje

predomina na Brasil, com base na ginástica, oferta de lutas e/ou halterofilismo

e com a atuação de profissionais de formação superior, mas foi na década de

1070 que as academias se multiplicaram pela cidade do Rio de Janeiro, época

em que os jovens eram os principais frequentadores desses espaços,

procurando principalmente a beleza corporal, incentivados pela propaganda

intensa que os meios de comunicação divulgavam à época, associando o corpo

bonito ao sucesso pessoal.

Se já tínhamos observado a multiplicação das academias de ginásticas

na década de 1970, na de 1980 deparamo-nos com uma explosão quantitativa

das academias, surgindo em vários bairros, grandes ou pequenas, atendendo

pessoa das mais variadas camadas sociais, ainda sendo frequentadas

primordialmente pelo público jovem e tal movimento, o crescimento quantitativo

das academias, fez com que paralelamente houvesse um inédito interesse pelo

21

curso de Educação Física nas universidades públicas, que eram as únicas que

ofereciam esse tipo de curso na ocasião.

Na década de 1990 é verificado um novo e promissor fenômeno nas

academias de ginástica: o ingresso da dita terceira idade.

3.2 – Mudança de Mentalidade

Chega o pessoal da terceira idade ao “templo da beleza” e abre

caminho para transformá-lo em “templo da saúde”, com significativas

mudanças tanto na “cabeça” do público frequentador, quanto na “cabeça” das

academias. ( vide em anexo 1)

O frequentador mais jovem começa a mudar sua visão de academia,

que antes era puramente estática, e passa a valorizar primordialmente s saúde,

com o surgimento dentro das academias de lojas oferecendo sucos,

sanduíches naturais e vitaminas, chegava-se assim à época da “saúde é que

interessa”.

Começa a haver uma substancial mudança na maneira de encarar os

objetivos finais que levam alguém a uma academia; a propaganda em cima de

um corpo perfeito já não é a principal atração, tanto que recentemente ocorreu

um fato inusitado, que circulou pela internet, dando conta de que a cidade de

São Paulo amanheceu com um outdoor de propaganda de uma academia de

ginástica, que trazia a imagem de uma modelo, de corpo escultural, ao lado da

seguinte frase: “Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?”

Uma cidadã ao ler tal anúncio, não resistiu e enviou uma carta à tal

academia, cujo teor é o seguinte:

22

“Ontem vi um outdoor com a foto de uma modelo

escultural de biquíni e a frase: “Neste verão, qual você

quer ser? Sereia ou Baleia?”

Respondo:

Baleias sempre estão cercadas de amigos. Baleias têm

vida sexual ativa. Engravidam e têm filhotinhos

fofos...Baleias amamentam

Baleias andam por aí cortando os mares, conhecendo

lugares legais como as Banquisas de gelo da Antártica e

os Recifes de Coral da Polinésia.

Baleias têm amigos golfinhos. Baleias comem camarão à

beça.

Baleias esguicham água e brincam muito.

Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados.

Baleias são enormes e quase não têm predadores

naturais.

Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.

Sereias não existem... Se existissem, viveriam em crise e

existencial:

- Sou um peixe ou um ser humano?

Não têm filhos, pois matam os homens que se encantam

com sua beleza.

São lindas, mas tristes e sempre solitárias...

- Prefiro ser baleia.”

Constata-se, pelo texto acima, que a mentalidade dos frequentadores

de academia de ginástica mudou de uns tempos para cá, pois a visão de um

corpo perfeito não é mais prioritário, leva-se em conta a vida como um todo e

os aspectos sociais e de saúde são mais valorizados.

Tal valorização é detectada primordialmente na opção dos idosos pela

entrada nas academias de ginástica.

23

Os idosos, recém-chegados às academias de ginástica, têm a

impulsioná-los para dentro das mesmas tanto a recomendação médica, quanto

a vontade própria e constatam, em pouquíssimo tempo de freqüência, uma

considerável melhora nos aspectos cognitivo, afetivo e motor, chegado a

rejuvenescer ante o contato com os jovens e a nova postura (ativa) perante a

vida.

As academias vislumbraram nesse novo segmento (idosos) um filão

especial a ser explorado e assim passaram a adotar formas diferenciadas de

atendimento: oferecimento de descontos, profissionais preparados para

atendimento diferenciado e outros mimos no intuito de atrair e segurar esse

público.

24

CAPÍTULO IV

A PESQUISA

A fim de chegarmos a respostas à situação problema “ Pode o

ingresso dos idosos nas academias melhorar sua autonomia psicomotora?”

elaboramos um questionário que submetemos a trinta alunos na faixa etária de

60 (sessenta) a 85 (oitenta e cinco) anos, praticantes de atividades físicas em

academias na cidade do Rio de Janeiro, nos bairros do Engenho Novo, Grajaú,

Tijuca, Catete e Gávea, sendo a idade média de 74 anos.

Do universo pesquisado, a maioria dos freqüentadores é do sexo

feminino: vinte e um entrevistados, correspondendo a 70%. Isso se explica em

razão de três fatores a saber:

• maior longevidade feminina;

• preocupação mais presente nas mulheres com relação a estética

e beleza;

• pelo tabu, que ainda existe, principalmente na Terceira Idade, de

que as academias ainda são um espaço para mulheres e jovens.

O idoso ao vencer o preconceito em relação a academia de ginástica

como lugar para pessoas jovens, sente-se bem ao frequentá-la vindo com

assiduidade, sendo inclusive os alunos mais fiéis. A frequência três vezes por

semana foi a opção escolhida pela maior parte dos alunos entrevistados, 20

(vinte) deles que corresponde a 66% dos alunos pesquisados.

Ao perceber a academia de ginástica como um espaço prazeroso que

lhe trás bem estar físico e social, o idoso procura transformá-la num local que

de certa forma substitui antigos ambientes corriqueiros e produtivos, tal como

seu ambiente de trabalho do qual se afastou por conta da aposentadoria,

incorporando esse tempo passado por conta da academia como rotina em sua

vida.

25

Conforme nos revelou a pesquisa, muitas deles são frequentadores a

mais de três anos, exatamente 80% dos que responderam a pesquisa. O

gráfico abaixo mostra essa realidade.

80%

10%10%

Tempo de academia

Mais de 3 anos

1 a 2 anos

Menos de 1 ano

Gráfico 1

O ingresso na academia de ginástica, se por indicação médica ou por

vontade própria mostrou que o médico, conhecedor das limitações de nosso

organismo com o passar dos anos é um grande incentivador das atividades

físicas, porém, a vontade espontânea das pessoas de Terceira Idade foi a

principal causa da entrada do público alvo da pesquisa nas academias

apresentando 60 % das respostas.

A melhora na autoestima desses idosos foi logo sentida pela maioria.

Dores musculares que antes limitavam alguns movimentos já não são mais

sentidos. O equilíbrio foi melhorado. Os que registraram não haver mudanças

em sua autonomia já chegaram à academia com boas condições físicas. (ver

gráfico 2)

26

90%

10%

Melhora na autonomia

Sim

Não houve alteração

Gráfico 2

No que concerne às taxas de glicose, colesterol, triglicerídeos e

pressão arterial, 28 (vinte e oito) pesquisados (93,33) sentiram melhoras

enquanto 2 (dois) alunos mantiveram os mesmos índices de antes de

começarem a fazer com regularidade e orientação adequada, os exercícios

físicos. Alguns alunos atribuíram a normalidade nas taxas metabólicas aos

exercícios praticados durante os anos de academia. (ver gráfico 3)

94%

6%

Melhoras nas taxas metabólicas

Sim

Não houve alteração

Gráfico 3

Cumpre-se observar, que dentre todos os questionários não houve um

sequer que apresentasse piora em qualquer dos itens medidos.

27

Ao concluirmos a pesquisa deparamo-nos com um fato que muito nos

chamou a atenção, qual seja, o envolvimento, o entusiasmo, a boa vontade, a

alegria e o interesse dos alunos. Sentimos que foram externados por um grupo

de pessoas com idade entre sessenta e oitenta e cinco anos, sentimentos

estes que demonstram claramente que a psicomotricidade como promotora da

autoestima e saúde está presente na vida desses rejuvenescidos idosos que

colaboraram com a nossa pesquisa.

Juvenal, poeta romano, que nasceu aproximadamente entre os anos

50 e 60 dc já naquela época preconizava a importância do equilíbrio da saúde

física e mental através da sua célebre frase, conhecida como a “Máxima de

Juvenal”

“Mens sana in corpore sano”

28

CONCLUSÃO

Chegamos ao coroamento de um trabalho que teve inicio no mês de

fevereiro de 2008 cujo ciclo ora se encerra com a apresentação desta

monografia.

Para chegarmos até aqui, não fizemos uma viagem monótona nem

solitária: tivemos o constante acompanhamento e orientação de nossos

mestres, o apoio, a ajuda e a integração com os colegas e foi ouvindo a todos,

professores e colegas, que pudemos estabelecer um plano de pesquisa.

A profissão que exercemos, como professor de Educação Física em 5

(cinco) academias de ginástica em diferentes bairros da cidade do Rio de

Janeiro, foi importantíssima para a escolha e desenvolvimento desta

monografia, haja vista que toda a pesquisa, que nos trouxe valiosas

informações, teve como palco os variados locais de trabalho.

Muitas vezes, por estarmos diretamente envolvidos em um

determinado trabalho, falta-nos uma visão mais consciente do que realmente

acontece ao nosso redor, razão pela qual o desenvolvimento deste trabalho

acadêmico obrigou-nos como que sir em espírito de nossos ambientes de

trabalho para observá-los em outra perspectiva, de fora para dentro.

Foi justamente essa observação que nos fez constatar que uma ínfima

quantidade de pessoas ditas da Terceira Idade tem condições de desfrutar dos

benefícios da autonomia psicomotora, vez que ainda não há em nosso país um

investimento público considerável para atender essa população de faixa etária

acima dos 60 (sessenta) anos, a não ser academias de ginásticas, o que alija a

grande maioria dos idosos.

O poder público, através de algumas tímidas ações, vem tentando

reverter esse quadro oferecendo atividades físicas em praças, praias e

estacionamento.

29

Tais ações são dignas de aplausos, mas ainda são insuficientes para

atendes o que dita o artigo 3º do Estatuto dos Idosos, que afirma:

“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e

do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta

prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer,

ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao

respeito e a convivência familiar e comunitária.”

No presente estudo o que mais nos chamou a atenção foi a acolhida

carinhosa com que os adultos da Terceira Idade receberam os questionários da

pesquisa, o pronto atendimento em respondê-los e o interesse em ver a obra

pronta: muitos nos chegaram a pedir para ler a monografia.

A surpresa que sentiram ao se verem como objeto de estudo, apesar

do alto nível de escolaridade dos mesmos e de uma boa situação financeira,

deixo-nos nítido que os idosos estão sedentos à espera de estímulos para

reagirem positivamente.

Ao analisarmos os questionários aplicados na pesquisa junto aos

alunos da Terceira Idade, foi com grata satisfação que concluímos que as

atividades desenvolvidas nas academias de ginásticas tornaram os idosos mais

seguros de si, mais felizes, mais saudáveis, mais dispostos a encarar os

desafios a que a vida nos expõe e enche-nos de orgulho saber que somos uma

das peças desse processo.

.

30

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1>> Fotos; Anexo 2 >> Atividades Culturais; Anexo 3 >> Questionários.

31

ANEXO 1

FOTOS

Foto 1: Aluna praticante de musculação a cinco anos

Foto 2: Sr Almir aos 84 anos em plena prática do exercício

32

Foto 3: Trabalho de resistência muscular localizada

Foto 4: Trabalho aeróbico

33

Foto 5: Exercício abdominal com bola

Foto 6: Sra Franca, 85 anos, na cadeira flexora

34

ANEXO 2

ATIVIDADES CULTURAIS

35

36

ANEXO 3

QUESTIONÁRIO

1- Idade: _______ 2- Sexo: ( ) Mas ( ) Fem

3- Bairro: ___________________________

4- Frequência semanal na academia:

( ) Seg ( ) Ter ( ) Qua ( ) Qui ( ) Sex ( ) Sab ( ) Dom

5- Há quanto tempo frequenta academia?

( ) Menos de 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) Mais de 3 anos Quanto? __

6- Seu ingresso na academia foi em virtude de indicação médica?

( ) Sim ( ) Não

7- Caso tenha respondido não, qual o motivo da indicação?

_________________________________________________

8- Após o ingresso na academia, sentiu mudanças positivas em relação a:

( ) tônus muscular ( ) equilíbrio ( ) alimentação

( ) resistência ( ) flexibilidade ( ) autoestima

( ) força ( ) sono ( ) sociabilidade

( ) memória ( ) outros:_______________________

9- Percebeu melhora na sua autonomia?

( ) Sim ( ) Não

10- Constatou melhora em relação a:

( ) taxa de glicose ( ) taxa de triglicerídeos

( ) taxa de colesterol ( ) pressão arterial

( ) outras:____________________________________________

37

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988 artigo 6º.

BRASIL. Decreto-Lei n.º 10741, de 1º de outubro de 2003. Estatuto do Idoso –

artigo 1º e 3º

BME – Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.

CANAVÓ. A Atividade Física para Terceira Idade. Informe Phorte. São Paulo,

2001 ,9.

IBGE – Projeção da população do Brasil – WWW.ibge.gov.br

NOBREGA, A. C. L. et al. Posição Oficial da Sociedade Brasileira de

Medicina do Esporte e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia:

Atividade Física e Saúde no Idoso.

NOVAES, J. Ginástica em Academia no Rio de Janeiro: Uma perspectiva

histórica descritiva. Rio de Janeiro:Sprint,1991.

________________. Revista Brasileira Medicina. Esporte, 1999.

SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Artigo Atividade

Física x Idade – WWW. sbgg.org.br/publico/artigos/atividades

TERCIO; MARINA, L. Série Novo Ensino Médio. Geografia. Cap.18.

WWW.consciencia.br/reportagens

WWW.saudeemmovimeto.com.br/conteudos

38

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O aumento da população idosa no Brasil 10

CAPÍTULO II

A atividade física como promotora de saúde e prevenção a doenças 14

2.1 – Benefícios da atividade física 14

2.2 – A academia, o idoso e a psicomotricidade 16

CAPÍTULO III 20

A crescente demanda de idosos das academias de ginásticas 20

3.1 – Histórico das academias de ginástica no Brasil 21

3.2 – Mudança de mentalidade

CAPÍTULO IV

A pesquisa 24

CONCLUSÃO 28

ANEXOS 30

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

BIBLIOGRAFIA CITADA 37

ÍNDICE 38

39

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: