UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Europa, o seu marco inicial foi atribuído...
-
Upload
nguyenquynh -
Category
Documents
-
view
215 -
download
0
Transcript of UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Europa, o seu marco inicial foi atribuído...
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO ESTRATÉGIA DE
MARKETING DAS EMPRESAS
Por: Michele Ferreira dos Santos
Orientador
Prof. Fernando Alves
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO ESTRATÉGIA DE
MARKETING DAS EMPRESAS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Comunicação Empresarial
Por: Michele Ferreira dos Santos
5
RESUMO
Este estudo se concentra na análise de como a responsabilidade social vem
sendo utilizada pelas organizações como meio de marketing para a
divulgação do seu produto. Será analisado o fato de algumas empresas
serem reconhecidas por fazer “responsabilidade social”, pois as mesmas são
consideradas empresas-cidadãs por atraírem a simpatia do público, devido à
realização de ações e projetos que influenciam a percepção da sociedade.
Será verificada a relação que existe entre as empresas e a sociedade,
analisando as dimensões do marketing para causas sociais, como estratégia
empresarial em busca da vantagem competitiva.
Muitas vezes, o uso incorreto do termo “responsabilidade social”, faz
com que algumas empresas façam uso do Marketing social, tentando se
posicionar e conquistar o público de forma ludibriada, pois ambos trabalham
com ações sociais que beneficiam a comunidade, sendo que o marketing
social tem como objetivo elevar os negócios da empresa através da
divulgação de uma imagem positiva e a Responsabilidade Social atua para
melhorar o funcionamento dentro e fora da empresa, visando o bem-estar da
sociedade.
6
METODOLOGIA
O instrumento de pesquisa escolhido para coleta deste trabalho quanto aos
fins, será a pesquisa metodológica. A pesquisa metodológica se refere a captar
informações que serão utilizadas no desenvolvimento da pesquisa feita com os
funcionários da empresa Xerox, onde seus funcionários respondem as
questões relacionadas ao problema apresentado.
Quanto aos meios à pesquisa será de campo, documental e bibliográfica, para
enriquecer o trabalho, serão utilizados como instrumento de busca: livros, sites,
artigos, pesquisas bibliográficas, e de marketing.
A pesquisa de campo será realizada por meio de entrevistas e serão aplicados
questionários com a finalidade de identificar dos funcionários como ocorre o
procedimento do tema Responsabilidade Social, em que ponto ou momento o
problema está localizado, porém somente através de pesquisa que as pessoas
internas podem nos passar informações.
A pesquisa documental é feita através de documentos disponíveis na internet,
no site da empresa para que se tenha um melhor esclarecimento sobre as
atividades da empresa.
A pesquisa bibliográfica é um tipo de pesquisa feita com base em publicações
como revistas, revistas eletrônicas, livros, artigos que estejam relacionados aos
objetivos da pesquisa.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Responsabilidade Social 09
CAPÍTULO II - Marketing Social 22
CAPÍTULO III - Caso Xerox 45
CONCLUSÃO 51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 53
ÍNDICE 55
8
INTRODUÇÃO
Devido às mudanças ocorridas nas últimas décadas, algumas empresas
adotaram um comportamento socialmente responsável, elaborando meios de
se destacar e ter um diferencial competitivo, visando melhorar seu potencial
econômico e contribuir para melhorias do bem-estar da comunidade em que
está inserida.
A Responsabilidade Social tem sido um tema muito discutido na sociedade,
pois a mesma tem o objetivo de desenvolver programas na área social e
minimizar impactos ambientais, que vão de encontro à necessidade da
população. Essa prática tem sido usada por algumas empresas como meio de
fortalecimento da marca e imagem da organização, fidelização de clientes e
diferenciação perante aos concorrentes, dando assim a margem para a
utilização do marketing social, pois elas utilizam a estratégia empresarial como
meio de estabelecer e de divulgar as ações sociais empresariais.
O presente trabalho tem como objetivo analisar os termos: Marketing
Social e Responsabilidade social, observando qual é a função de uma
empresa que é considerada empresa cidadã perante a sociedade e qual é a
finalidade que a mesma organiza programas e projetos sociais.
Serão abordados os conceitos que fazem parte do mercado social para
que se tenha uma idéia melhor dos projetos que a empresa realiza tendo por
objetivo cooperar com a sociedade e gerar retorno institucional e financeiro.
Será apresentado e analisado o caso Projeto Mangueira, que é um projeto
realizado pela empresa Xerox retratando a ação de marketing social e
responsabilidade social.
9
CAPÍTULO I
RESPONSABILIDADE SOCIAL
O CONCEITO
A expressão “responsabilidade social” suscita uma série de
interpretações. Para alguns, representa a idéia de responsabilidade ou
obrigação legal; para outros, é um dever fiduciário, que impõe às empresas,
padrões mais altos de comportamento, que os do cidadão médio. Há os que
traduzem, de acordo com o avanço das discussões, como pratica social, papel
social e função social. Outros a vêem associada ao comportamento eticamente
responsável ou a uma contribuição caridosa. Há ainda os que acham que seu
significado transmitido é ser responsável por ou socialmente consciente e os
que a associam a um simples sinônimo de socialmente irresponsável ou não
responsável (Duarte e Dias, 1986, p. 36).
1.1- Responsabilidade Social
1.1.1- A evolução da Responsabilidade Social
O termo responsabilidade social vem ocupando cada vez mais um
espaço no meio empresarial, e por isso será traçado a evolução do termo, pois
a sua complexidade permite observar as diferentes perspectivas do tema.
O movimento de responsabilidade social teve a projeção nos EUA e na
Europa, o seu marco inicial foi atribuído através da obra Howard R. Bowen, em
1953, instalada “Social Responsibilites of the Businessman”, dando a
possibilidade de debates do tema nas empresas e nos meios acadêmicos,
10
levantando importantes questionamentos, Carroll (1999, p. 259 apud Luciene
Barbosa, 2007, p. 6).
A década de 60 foi marcada por avanços conceituais e um aumento do
numero de estudiosos a cerca da Responsabilidade social, resultando numa
melhor percepção da inclusão das corporações no meio social, reconhecendo
a necessidade das empresas em obrigações com a sociedade (Carroll, 1999,
p. 259).
Nessa década alguns estudiosos propõem o termo: responsabilidade
pública, pois entendem que a responsabilidade social é uma função da gestão
das organizações no contexto da vida pública (Borges, 2001, p. 40)
Na década de 1970 há um desenvolvimento do tema, onde começa a
existir a procura do equilíbrio entre os interesses da empresa e da sociedade,
sendo a responsabilidade social, a função do negócio, através de um conjunto
de ações que beneficiam e que contribuem para a sociedade nas questões
relacionadas à pobreza, exclusão e a degradação urbana, focando nas
dimensões econômicas. A partir desse ponto cria-se a expressão do termo
“sabedoria convencional” referindo à empresa socialmente responsável que
não almeja apenas o lucro, e sim aquela que considera os seus funcionários,
fornecedores, consumidores locais e todas as pessoas, que estão inseridas na
comunidade em que a empresa esta alocada, visando às questões ambientais
e sociais (Carroll, 1999, p. 274).
11
Segundo Freeman (1984, p 38 apud Maria Kreitlon2004, p. 4), os
movimentos sociais, exerceu uma pressão sobre as empresas, em relação a
assuntos do meio ambiente, direito da mulher e do consumidor, direitos civis e
discriminação racial, possibilitando repensar o papel da empresa na sociedade,
devido às mudanças centrais que questionam os dogmas na qual a
organização se concentra na maximização do lucro.
Conforme Tenório (2006 p. 23), a Conferência de Estocolmo, foi à
primeira reflexão conjunta dos diferentes Estados sobre a relação entre a
proteção do ambiente e o desenvolvimento humano. A responsabilidade do
indivíduo é substituída por uma nova percepção de que as empresas possuem
responsabilidades, e como agentes morais devem responder por seus atos,
ampliando assim o conceito e dando a entender que as empresas devem
responder as demandas sociais para sobreviver e se adaptar ao
comportamento das necessidades sociais.
No fim dessa década, novas teorias organizacionais favorecem a
compreensão da empresa como entidade moral, pois as decisões deixaram de
ser tomadas visando apenas o individuo, passando a ser tomada pela própria
organização enquanto estrutura decisória, fundamentando a idéia corporativa,
atribuindo a organização o estatuto de “agente moral”, Lecours (1995 apud
Maria Kreitlon2004, p. 4).
Nos anos 1980 a retomada do sistema de idéias do liberalismo com a
globalização propõe uma nova visão ao conceito de responsabilidade social
empresarial, devido à alteração na acepção do termo, mercado, pelo fato de
ser o mesmo, que regula e fiscaliza as atividades da organização, cabendo ao
12
consumidor protestar por seus direitos (Tenório, 2006 p. 24). Acredita se que
esses problemas contribuíram para o nascimento das organizações não-
governamentais (ONGs), e na consolidação do terceiro setor (Singer, 2002, p.
14).
A partir desse momento, começam a surgir pesquisas com o objetivo de
medir e administrar a Responsabilidade Social, buscando relacionar
desempenho financeiro, intensificando que as empresas podem ser lucrativas
e responsáveis, destacando o aparecimento de temas: Desempenho Social
Corporativo (CSP), política pública, ética nos negócios, e teoria dos
stakeholders, elevando o debate sobre a responsabilidade social, através do
evento realizado pela Comissão Mundial sobre o Ambiente, popularizado o
termo: desenvolvimento Sustentável (Carroll, 1999, p. 284)
A década de 90 foi marcada por uma ascensão de mudanças
tecnológicas, contribuindo para a consolidação do conceito da
responsabilidade social, devido às expectativas da sociedade civil, que
aumentaram em relação à atuação das empresas na sociedade. Conforme
Tenório (2006 p. 24), essas transformações relacionadas aos principais
acontecimentos sobre a responsabilidade social, que evolui nessa época,
através da Criação do World Business Council for Sustainable Development,
que reuniu 160 empresas em 30 países, tendo como missão, acompanhar o
meio empresarial na mudança para o Desenvolvimento Sustentável.
O desenvolvimento sustentável passou a ser mesclado através dos
fatores econômicos, sociais, ambientais e empresariais, tendo como objetivo
proporcionar a população melhorias da qualidade de vida, dando a
13
oportunidade de a empresa conquistar desde os fornecedores até o
consumidor final, garantindo a sustentabilidade a longo prazo (Tenório, 2006 p.
24).
A ética e a filantropia ganharam uma notoriedade na época, contribuindo
assim para uma definição de responsabilidade social empresarial que se
esforça para cumprir perspectivas que vão de encontro com a necessidade da
sociedade, para o esboço dos grupos que a organização deve considerar em
sua orientação para ser socialmente responsável (Carroll, 1999, p. 299).
Martinelli (1997 apud Marcos Mazolillo, 2005, p. 52), nomeia que a
empresa-cidadã contribui para a transformação do meio social, operando em
uma concepção de estratégia através de um compromisso ético. O nascimento
do chamado terceiro setor pode ser definido como conseqüência das ações,
num contexto que acredita que o estado está fragilizado, pelo fato do mercado
esta inserido num capitalismo selvagem.
Na atualidade se percebe a confirmação das tendências das décadas
anteriores, em integrar a ética empresarial e a cidadania corporativa,
desenvolvendo uma estratégia para reforçar a harmonia social. Neste sentido,
Ashley et al. (2003, p. 5), considera que a responsabilidade social se configura
como uma estratégia de negócios, capaz de maximizar o lucro e o
desenvolvimento organizacional.
Enquanto Melo Neto e Froes (1999, p. 85), afirma que a
responsabilidade social das organizações implica no desenvolvimento de uma
gestão, focando o seu público interno e externo, onde a interna beneficia os
seus empregados e dependentes, os motivando a melhorar o desempenho e
14
criando um ambiente agradável, enquanto a externa está voltada para a
comunidade da área de influência da empresa.
Para Schommer (2000 apud Tenório, 2006 p. 28), as mudanças da
sociedade propõem uma visão da atuação social empresarial, através do
patrocínio para projetos populares referente à cultura, campanhas de
marketing relacionadas à criação de instituições e fundações. Enquanto Mein
(2000 apud Tenório, 2006 p. 29), propõem uma teoria que transitou do padrão
individual para o coletivo e profissional. Sendo assim a atuação de uma
empresa responsável com a comunidade, não deve ser restrita e pode ser
compreendida como uma prestação de contas da empresa para com a
sociedade, pelo fato da mesma ser fornecedora de recursos utilizados, que
formam o seu patrimônio organizacional (Melo Neto e Froes, 1999, p. 84).
O ano de 2001 é marcado pelo Lançamento da Comissão Européia, do
Livro Verde, que promove um quadro europeu para a Responsabilidade Social
das empresas, dando a possibilidade de em 2002, em Joanesburgo, definir um
plano de ação, que destaca entre outros, o combate à pobreza e a gestão dos
recursos naturais, Comissão das comunidades Européias (2001, p. 7 apud
Luciene Barbosa, 2007, p. 13). A responsabilidade social procura criar
melhores práticas, disseminando valores e procedimento no campo
organizacional e ambiental.
1.1.2. O que é Responsabilidade Social
O conceito de Responsabilidade social ganhou uma notoriedade com a
globalização, pois a partir desse momento a complexidade dos negócios,
15
aumentou devido à velocidade das inovações tecnológicas e da informação,
impondo assim uma nova realidade para a sociedade.
Segundo o Instituto Ethos (www.institutoethos.com.br, 2005), a
responsabilidade social empresarial é uma forma de conduzir os negócios que
torna a empresa parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A
empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir
os interesses das diferentes partes: acionistas, funcionários, prestadores de
serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente,
e consegue incorporá-los ao planejamento de suas atividades, buscando
atender às demandas de todos, não apenas dos acionistas ou proprietários.
Atualmente, o compromisso social por parte de uma empresa, tem sido
cada vez mais exigido pela sociedade. O perfil do consumidor atual é mais
exigente, pois ela está cada vez mais ciente de seus direitos e ao mesmo
tempo mais consciência na questão sobre os impactos ambientais do planeta.
Devido a essas grandes transições, as crescentes disparidades e
desigualdades sociais, obrigam a repensar o desenvolvimento econômico,
social e ambiental, fazendo assim a necessidade de resgatar o conceito de
Responsabilidade Social. Segundo Melo e Froes, (2001, p.26-27), a
Responsabilidade Social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e
fomentar a cidadania individual e coletiva. Sua ética social é centrada no
dever cívico. As ações de Responsabilidade Social são extensivas a todos os
que participam da vida em sociedade: Indivíduos, governo, empresas, grupos
sociais, movimentos sociais, igreja, partidos políticos e outras instituições.
16
A responsabilidade social engloba toda e qualquer ação da empresa,
que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.
Conforme os autores, a responsabilidade social pode ser definida como o
compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso
por meio de atos e atitudes, que a afetem positivamente de modo amplo, ou a
alguma comunidade de modo específico, agindo proativamente e
coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua
prestação de contas para com ela (Ashley et al. 2003 p. 6-7).
A essência da doutrina da Responsabilidade Social sob o ponto de vista
empresarial, precisa estar bem clara, para si e para seus empregados, pois só
assim eles terão ciência sobre os efeitos de sua atividade na sociedade e no
meio ambiente.
O conceito de responsabilidade social corporativa, segundo Tinoco
(2001, p 33), deve enfatizar o impacto das atividades da empresa para os
agentes com os quais ela interage, os stakeholders, empregados,
fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores,
competidores, governos e comunidade. A responsabilidade social tem no seu
âmago a ética que deve se materializar em forma de comprometimento com a
incorporação e difusão de valores, conduta e procedimentos que estimulem o
aperfeiçoamento contínuo dos processos empresariais e todos os afetados,
resultando em preservação e melhoria da qualidade de vida da sociedade do
ponto de vista econômico, social e ambiental. Tinoco (2001, p 35), a
responsabilidade social relaciona-se com o conceito da governança corporativa
e da gestão empresarial em situações cada vez mais complexas, nas quais
17
questões ambientais e sociais sobem entre as mais importantes tendo em vista
o êxito e a sobrevivência nos negócios.
Insere-se, ainda, no contexto internacional da globalização dos
mercados, o que amplia as possibilidades de trocas internacionais ao mesmo
tempo em que impõe barreiras e desafios nos campos éticos, cultural, político
e comercial, como:
a) O posicionamento mais consciente e exigente dos clientes, atentos ao
padrão competitivo das empresas em todo o mundo;
b) A questão do dumping social que envolve tanto valores éticos quanto a
argumentações de caráter protecionistas não formais;
c) A prevenção de choques culturais, no âmbito interno e externo as empresas,
e a conquista de aceitação e credibilidade dos novos mercados.
A responsabilidade social, Tinoco (2001, p 37), é convergente com
estratégias de sustentabilidade de longo prazo, incluí a necessária
preocupação dos efeitos das atividades desenvolvidas no contexto da
comunidade em que se inserem as empresas e exclui, portanto, atividades no
âmbito da caridade ou filantropia tradicionalmente praticada pela iniciativa
privada.
Em vista das diversas definições de responsabilidade social, e para
melhor analisar estes conceitos, Melo Neto e Froes (2001, p. 39-42), as
classificou como:
a) Atitude e comportamento empresarial ético e responsável;
b) Um conjunto de valores; Postura estratégica empresarial;
18
c) Estratégias de: relacionamento, marketing institucional, valorização das
ações da empresa (agregação de valor), Recursos Humanos,
Produtos/Serviços, integração social;
d) Estratégia social de inserção na comunidade e desenvolvimento da
comunidade;
e) Promotora da cidadania individual e coletiva;
f) Exercício da consciência ecológica e da capacitação profissional.
De acordo com Carrol (1979, p. 499-500 apud Luciene Barbosa, 2007,
p. 39), a responsabilidade social pode ser subdividida em quatro tipos, a saber:
1) Responsabilidade econômica: localiza-se na base da pirâmide por ser o
principal tipo de responsabilidade social encontrado nas empresas. Para se
obter responsabilidade econômica faz-se necessário produzir bens e serviços a
sociedade, com um valor que garanta a continuidade das atividades da
empresa, de forma a satisfazer e maximizar a lucratividade aos acionistas.
2) Responsabilidade legal: define o que a sociedade considera importante no
comportamento de uma empresa que atende a metas econômicas dentro de
uma estrutura com exigências legais. No mínimo, espera-se que as empresas
sejam responsáveis pela observância das leis municipais, estaduais e federais,
por parte dos funcionários.
3) Responsabilidade ética: inclui comportamentos ou atividades que a
sociedade espera das empresas, mas que não são necessariamente
codificados na lei e podem não servir aos interesses econômicos diretos da
empresa.
19
4) Responsabilidade discricionária ou filantrópica: é puramente voluntária e
orientada pelo desejo da empresa em fazer uma contribuição social não
imposta pela economia, pela lei ou pela ética. Por exemplo, doações feitas a
obras beneficentes; contribuições financeiras a projetos comunitários ou
instituições de caridade que não trazem retorno para a empresa.
A responsabilidade social pode ser vista também como um fator
competitivo, onde Camargo (2001, p. 94), afirma que o investimento social
agrega valor à imagem da empresa, trazendo como conseqüência uma
imagem positiva perante empregados, fornecedores, consumidores,
colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidades.
Atualmente fabricar um produto de qualidade não é suficiente: o valor ético
tornou-se muito importante. Melo Neto e Froes (2001, p. 24), esclarecem que a
empresa lucra socialmente com a maior credibilidade e confiança, devido os
clientes que nela depositam, reflete num aumento da venda de seus produtos
e serviços, com reforço de imagem e com a maior capacitação profissional da
mão-de-obra local.
1.1.3. Responsabilidade Social no Brasil
A responsabilidade social se apresenta como um tema cada vez mais
importante no comportamento das organizações, exercendo impactos nos
objetivos, estratégias e no próprio significado da empresa.
Segundo Ashley (2005, p. 23), no Brasil e no mundo cresce a
preocupação com a responsabilidade social empresarial, tanto em trabalhos
20
acadêmicos quanto no dia-a-dia das próprias organizações. Muitos têm sido os
motivos apontados para a necessidade de se pensar e refletir sobre o tema,
mas ainda não chegou a um consenso sobre exatamente o que será tal
responsabilidade, como deveria ser implantada no âmbito das organizações ou
como mensurar e incluí-la nos cálculos gerais de cada organização.
Esse movimento intensificou-se no Brasil a partir de 1990, com o
surgimento de diversas organizações não-governamentais e com o
desenvolvimento do terceiro setor. Instituições como a Fundação Abrinq, o
Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), o instituto Ethos de
Responsabilidade Social e a Rede de Informação do Terceiro Setor (Rits)
foram criadas com o objetivo de destacar a importância das ações sociais para
os negócios e para sociedade. Assim, termos e expressões como filantropia,
cidadania empresarial, ética nos negócios, voluntariado empresarial e
responsabilidade social foram incorporados ao vocabulário corporativo.
O Instituto Ethos (2008), afirma que a empresa demonstra ser
socialmente responsável a se comprometer com ações voltadas para o futuro
da sociedade, ao investir em processos produtivos que visem à conservação
do meio ambiente e ao se preocupar com o uso racional de recursos naturais,
cujos valores são de grande interesse das empresas e da coletividade.
O levantamento feito pelo Instituto Ethos, revela que aumentou o
número de ações em responsabilidade social praticadas pelas empresas
brasileiras, mas que a RSE no Brasil é ainda um processo em construção. As
práticas que se referem às relações de consumo e às relações de trabalho
são freqüentemente adotadas por impactarem mais diretamente as
21
empresas, resultando em demandas e pressões do consumidor ou dos
trabalhadores, bem como de regulamentações relativas aos setores em que
algumas empresas atuam.
22
CAPÍTULO II
MARKETING SOCIAL
O CONCEITO
2.1- Marketing Social
2.1.1. O que é Marketing Social
O marketing social pode ser abrangido como uma estratégia
organizacional, que tem uma meta, uma forma de divulgar os resultados que a
sociedade necessita para a melhoria da qualidade de vida dos diversos
públicos, com os quais se relaciona, abrangendo desde o consumidor final até
os seus empregados.
O marketing social surgiu na década de 50 com a intenção de lançar na
Índia um planejamento familiar, e a partir desse momento, o mesmo foi criando
várias campanhas com a finalidade de promover causa. De acordo com Kotler
(2005, p. 91), o marketing social é muito importante e recompensatório, pois é
através dele, que se concentram várias táticas para alcançar os objetivos,
fazendo com que aos poucos, as pessoas mudem seus valores, ações e
comportamentos. Por isso que hoje não achamos no mundo inteiro uma
empresa de sucesso que não esteja engajada no contexto da responsabilidade
social junto às comunidades em que atua.
a) Posicionamento e Imagem O posicionamento de uma marca é definido através de seu segmento
de mercado em que a marca está inserida, deixando claro para o consumidor o
seu segmento, podendo ser de produto ou serviço. O nome da marca influi
23
para o reconhecimento da marca pelo consumidor, dependendo de como foi
lançado no mercado, a lembrança pode tornar-se agradável e fácil de ser
lembrada.
De acordo com Cobra (1990 apud CROOCO e GIOIA, 2006, p. 124), o
posicionamento e a “arte de configurar a imagem da empresa e o valor
ofertado do produto em cada segmento, de forma que os clientes possam
entender e apreciar o que a empresa proporciona em relação à concorrência”.
Para Rocha e Christensen (1999, p. 53) O posicionamento desejado
pela empresa, tanto no ponto de vista corporativo, do negócio, ou do produto,
pode ser muito diferente da imagem que é efetivamente projetada no mercado.
A imagem de uma empresa é formada por seu posicionamento atual e
passado, experiências pessoais e conhecimentos adquiridos ao longo do
tempo pelos compradores em seu contato com a empresa e seus produtos,
imagens projetadas pelas empresas e produtos concorrentes, impactos do
ambiente externo etc.
A imagem de um produto ou serviço é definida a partir do primeiro encontro
entre a marca e o consumidor. A imagem deve ser entendida como algo bom,
que cause uma boa lembrança, gerando uma satisfação maior para o consumo
da mesma, tornando-se insubstituível.
De acordo com Keler (apud CROOCO e GIOIA, 2006, p. 102), Imagem “é a
percepção sobre uma marca refletida pelas associações que o consumidor
mantém na memória”.
b) Comunicação e Marketing Institucional
Faz parte do marketing institucional, as fermentas utilizada na
construção de uma marca de um produto ou serviço, através de aspectos
propostos e estudados pela organização para o lançamento de uma marca no
mercado.
24
Segundo Vaz (apud CROOCO e GIOIA, 2006, p. 102), o marketing
institucional é, portanto, aquele que busca associar ao nome da organização
“valores e conceitos consagrados pela opinião publica”.
Para Kotler e Roberto (1992, p. 25), o marketing social é uma estratégia
de mudança de comportamento, ele combina os melhores elementos das
abordagens tradicionais da mudança social, num esquema integrado de
planejamento e ação, além de aproveitar os avanços da tecnologia das
comunicações e na capacidade do marketing.
Segundo Melo Neto e Froes, (2001, p. 74) o verdadeiro marketing social
atua fundamentalmente na comunicação com os funcionários e seus
familiares, com ações que visam aumentar comprovadamente o seu bem-estar
social e o da comunidade. Essas ações de médios e longos prazos garantem
sustentabilidade, cidadania, solidariedade e coesão social, pois a empresa
ganha produtividade, credibilidade, respeito, visibilidade e, sobretudo vendas
maiores.
O Marketing Social trabalha com objetivos definidos, metas
mensuráveis, pesquisas e avaliações quantitativas e qualitativas, que
aprimoram o de conhecimentos e técnicas visando o bem estar social.
Implementando as estratégias para satisfazer necessidades que não estão
sendo atendidas, estabelecendo novos paradigmas sociais.
Outro conceito muito importante que analisaremos é o de marketing
social, pois para diferenciar os dois conceitos, é necessário um bom
entendimento sobre o que é Marketing. Utilizando um enunciado clássico
realizado por Kotler (2000, p. 30): “Marketing é um processo social por meio do
25
quaisquer pessoas e grupos de pessoas, obtêm aquilo de que necessitam e o
que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços
de valor com outros”.
O marketing é uma ferramenta muito utilizada em divulgação de
produtos e serviços, dependendo da necessidade de cada grupo ou pessoa,
sendo de grande importância, pois torna algo complexo em algo simples de ser
entendido por consumidores e vendedores, atuando de forma clara e objetiva
para alcançar resultados rápidos.
O marketing é uma área de conhecimento destinado a satisfazer as
necessidades pessoais, alcançando os objetivos empresarias e individuais,
envolvendo a identificação e a satisfação das necessidades humanas, pois é
através desse recurso que uma empresa entra com o diferencial competitivo,
resultando assim em um sucesso financeiro. O marketing tem como objetivo
transformar aquela necessidade particular ou social em oportunidade de
negócio lucrativo.
O marketing também envolve todas as formas de canais de vendas que
o acompanham, com os mais variados custos, porém se não atentarem as
necessidades, com certeza não obterão um fim lucrativo desejado. Sendo
assim, uma empresa para obter sucesso e um futuro promissor, precisa de
uma estratégia que é formulada no início, para escolher de que meios ela
seguirá para alcançar suas metas, aumentando assim cada vez mais o seu
papel na administração das informações estratégicas voltadas para clientes e
concorrentes.
26
Para alcançar o resultado com o marketing, é indispensável saber
projetar o produto certo, no momento certo e tomar as decisões corretas,
portanto Kotler E Keller (2006, p.2), abrangem que o marketing está em toda
sociedade, formal ou informal, afetando o nosso cotidiano, por estar em tudo
que fazemos, pois é através das pessoas que a organização obterá sucesso.
2.1.2 - Marketing social no Brasil
O marketing social no Brasil tem seu início no ano de 1954, onde foi
apresentado ao curso de administração de empresas da Fundação Getúlio
Vargas (FGV). Na década de 1960, com a criação da Associação dos
Dirigentes Cristão de Empresas (ADCE), organização esta, criada com o
objetivo de prover aos gestores brasileiros a idéia de um comprometimento
entre suas organizações e a sociedade, praticou de maneira pioneira as
atividades de marketing social no país. Neves (2001).
Os filiados a ADCE buscavam alimentar e satisfazer a sua fé por meio
de projetos entre as suas empresas e a comunidade. Ao realizar esse trabalho
de cunho pessoal, levando em consideração que ajudar as pessoas não era o
objetivo de suas empresa, os filiados ao ADCE, naquele momento, estavam
agindo de maneira pioneira, ao que se refere ao marketing social, além de
satisfazer as necessidades de alguns grupos de indivíduos, acabavam
propagando o nome e a imagem de suas organizações.
No ano de 1990, a empresa e creme dental Kolynos (hoje rebatizada
com o nome de Sorriso no ano de 1996) desenvolveu uma campanha que
ajudou a ampliar a sua marca no mercado nacional. Este trabalho, denominado
“Sorriso saudável, futuro brilhante”. As atividades deste projeto consistia em
utilizar profissionais da área odontológica, em visita as escolas de todo o país,
para que promovessem a saúde bucal entre os alunos. Neves (2001).
27
Durante a mesma época da década de 1990, eventos como a ECO-92 e
a “Ação da cidadania contra a miséria e pela vida”, causaram grande impacto
na sociedade brasileira e proporcionaram ao “marketing social no Brasil”, duas
importantes ferramentas para o desenvolvimento desta ciência, a Agenda 21 e
o Balanço social.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), ao definir a agenda 21
(2009) “como um instrumento de planejamento para a construção de
sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia
métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.”
No atual momento, os indivíduos no momento de escolha, tendem a
olhar a empresa, não apenas pela qualidade de seus serviços e produto, mas
também, pelo o que estes produtos e serviços proporcionam a sociedade
Neves (2001).
As empresa brasileiras hoje utilizam o marketing social com o objetivo
de gerar uma imagem positiva a elas, trazendo para si mais obrigações do que
as necessárias (pagamento dos salários dos funcionários, pagamento de
impostos e etc). Neves (2001).
As ações de marketing social compreendem diversas atividades, tais
como: análise de ambiente e diretriz legal, formulação de estratégias,
implementação e controle, onde são importantes as considerações a respeito
das influências legais, políticas de concorrência e ética.
O marketing social, procura atingir a sociedade como um todo, sem
distinções entre os stakeholders, não apenas os empregados. Neves (2001).
Neves (2001) relata em sua obra que a cada dia que passa, as
atividades de marketing social estão sendo cada vez mais discutidas, e que em
breve a imagem da empresa estará mais vinculada ao que ela proporciona
para a sociedade, do que do que a qualidade de seus produtos e serviços.
28
2.2- Responsabilidade Social e Marketing Social
2.2.1. A relação entre Responsabilidade Social e Marketing Social
Nesse sentido, podemos perceber que a Responsabilidade Social e o
Marketing Social estão conectados, desde que a organização saiba utilizar os
dois fatores de forma ética, não só divulgando as suas ações sociais e nem
apenas construindo para um diferencial do seu produto.
Segundo Tenório (2006 p. 45), a responsabilidade social empresarial
surge com as mudanças de valores da sociedade pós-industrial, valorizando o
ser humano, respeitando o meio ambiente e desenvolvendo uma sociedade
justa, com organização que se preocupa não apenas com o econômico e sim
como os objetivos do desempenho social.
A responsabilidade social pode traduzir vantagens para a empresa em
relação ao fortalecimento de sua marca e imagem, propondo uma
diferenciação em relação aos seus concorrentes, efetuando uma retenção de
talentos, atraindo investidores e dedução fiscal (Melo Neto e Froes, 1999 apud
Andréia Levek et al. 2002, p. 20), então essa relação com o marketing pode
ser detectada através do conceito definido por Cobra (2003, p. 68), o marketing
social é um intercâmbio de valores, que são dimensionados desde o físico até
o político, que vende idéias ou propósitos que proporcionam o bem-estar
social.
O conceito de marketing social deve ser bem definido e elaborado, pois
existe uma diferença de posição nas atividades do marketing social, onde esse
é ligado à promoção de serviços públicos e plataformas políticas. Para Kother
29
e Armstrong (1995, p. 11 apud Fernando Tenório 2006 p. 47), o marketing
social tem como objetivo determinar as necessidades, desejos e interesses
dos públicos-alvos, proporcionando ao cliente um valor superior adquirido, na
prestação de serviços e produtos. Enquanto o marketing social pode ser
caracterizado como uma estratégia na mudança do comportamento,
combinando mudanças sociais e ações de transformações nos impactos
sociais, podendo ser utilizada por qualquer organização, lucrativa ou sem fins
lucrativos.
Segundo Andréia Levek et al. (2002, p. 21), o marketing social pode ser
aplicado somente pela empresa com parcerias de entidade do terceiro setor,
onde o mesmo deve necessitar de seu apoio, para oferecer uma campanha
que venha ter uma causa que beneficie a sociedade ou parte dela, enquanto a
responsabilidade social caracteriza o modo em que a empresa amplia o
mercado, não sendo motivado apenas como um ato de filantropia ou ações
beneficentes, pois a mesma deve ser alinhada aos objetivos da empresa.
A Responsabilidade social modifica muito a estratégia da empresa, visto
que a mesma engloba toda a sociedade, influenciando competitivamente e
ampliando a sua participação no mercado, sendo assim a mesma é
beneficiada com ações que proporcionam o bem estar momentâneo,
satisfazendo as necessidades dos consumidores, ficando notório o
investimento nela, devido à mesma representar fontes de incentivos,
agregando valor para a marca da corporação.
Do ponto de vista organizacional, o marketing social pode intervir na
responsabilidade social, porém a empresa deve estar atenta em utilizar as
30
estratégias do marketing social, tendo a percepção de que modo irá fazer, pois
a utilização do marketing em ações relacionadas ao social, deve ser usada
como mecanismo de exercício de responsabilidade social, possibilitando uma
vantagem competitiva para a empresa (Andréia Levek et al. 2002, p. 23).
A grande diferença entre o marketing social e responsabilidade social, é
que o marketing social tem como objetivo a mudança de comportamento da
sociedade com o bem-social, utilizando ferramentas mercadológicas e técnicas
de Marketing e a responsabilidade social, engloba fatores sociais que
envolvem as empresas, pessoas e governo, Andréia Levek et al. (2002, p. 23).
Portanto, o marketing social deve ser incorporado na estratégia da empresa,
atuando no processo de globalização como mais um desafio a ser vencido
pelas corporações, em busca de produtividade, usando a responsabilidade
social como cooperadora para contribuir com ações que beneficiem a
sociedade de forma ética.
2.2.2- A importância da Responsabilidade Social e do Marketing Social para a
empresa
A Responsabilidade Social sob o ponto de vista empresarial, precisa
estar bem clara para si e para seus empregados, pois só assim eles terão
ciência sobre os efeitos de sua atividade na sociedade e no meio ambiente. A
idéia de responsabilidade social incorporada aos negócios, é recente, sendo a
mesma elaborada devido à necessidade de novas demandas e a pressão por
31
transparência nos negócios, forçando assim as organizações a adotarem uma
nova postura, Ashey (2002, p.6 apud Andréia Levek et al. 2002, p.)
Em razão desses aspectos, pode-se acreditar que uma empresa ganha
com isso, conseguindo adquirir uma melhor visibilidade, maior demanda e
valorização de suas ações, menor custo de capital, preferência dos
investidores na seleção de seus investimentos. Ashey, (2006, p. 58), define
que a maior conscientização do consumidor e da conseqüente procura por
produtos e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente e comunidade,
valorizando aspectos éticos ligados à cidadania, pois o mundo empresarial vê
na responsabilidade social uma nova estratégia para aumentar seu lucro e
potencializar seu desenvolvimento.
Outro fator importante para uma empresa que assume a
responsabilidade social são as vantagens competitivas, representadas por um
maior retorno e produtividade, devidas o mercado recompensar essas
empresas com um melhor acesso às informações, dando mais segurança aos
direitos societários.
Tinoco (2001, p.45) enfatiza que a responsabilidade está relacionada
com a gestão de empresas em situações cada vez mais complexas, nas quais
questões ambientais e sociais são crescentes e mais importantes para
assegurar o sucesso e a sustentabilidade nos negócios.
A importância do Marketing social, para a organização envolve diversos
fatores, porque o mesmo está relacionado às atividades nas quais uma
empresa deve se adaptar. Podemos definir o marketing social como um
32
processo inovador, possibilitando um maior entendimento ao modo de lidar
com idéias, atitudes, conceitos, ações, comportamentos e/ou práticas, visando
promover transformações sociais específicas.
Segundo Cobra (2009, p. 15) "O mundo vive uma era de grandes
transformações. O consumidor deixa de ser consumidor de uma única região
para se tornar consumidor mundial". Sendo assim a competitividade exige que
as empresas possuam uma estratégia diferenciada ao lidar com o seu
consumidor final, existindo assim uma necessidade de criar estratégias para
que se institua uma relação de confiança, dando a possibilidade de enfrentar
as mudanças contínuas do ambiente.
Contudo, atuar na sociedade e gerar um sistema de gestão ambiental
não faz com que a empresa torne-se socialmente responsável. As empresas
devem preocupar-se primeiramente com os colaboradores organizacionais.O
verdadeiro marketing social atua fundamentalmente na comunicação com os
funcionários e seus familiares, com ações que visam aumentar
comprovadamente o seu bem-estar social e o da comunidade.
Essas ações de médio e longo prazo garantem sustentabilidade,
cidadania, solidariedade e coesão social, a empresa ganha produtividade,
credibilidade, respeito, visibilidade e, sobretudo, vendas maiores (Melo Neto e
Froes, 2001, p. 74). Sendo assim, o marketing social, importante para a
organização interagir com a sociedade, promovendo o bem-estar, conciliando
os fatores da empresa com a produtividade e fidelidade de seus clientes e para
a comunidade que tem a possibilidade de se conscientizar socialmente. O
33
marketing social pode ser aplicado somente pela empresa ou mediante
parceria com uma entidade do terceiro setor que necessite de seu apoio para
que ambas possam em conjunto melhor oferecer uma campanha em virtude de
uma causa que afeta a sociedade ou parte dela.
Conforme a análise da importância da Responsabilidade social e do
Marketing social, será compreendida a forma que outros fatores influenciam
diretamente o processo dos termos na empresa perante a sociedade:
1) Ética Tendo em vista esse enfoque da responsabilidade social para as
empresas, é imprescindível analisar os princípios éticos, pois para alcançar
uma boa conduta, a organização socialmente responsável, adota princípios
éticos, valores morais que sejam adequadamente corretos para uma
sociedade.
Devido à valorização da sociedade para a empresa, as mesmas
precisam estar atentas, não só com as suas responsabilidades econômicas e
legais, mas também com as suas responsabilidades éticas, morais e sociais.
De acordo com Carroll (2000, p.36 apud, Ashey, 2004, p.50), a
responsabilidade ética está relacionada com atividades e práticas que tenham
comportamentos esperados de forma positiva ou aqueles que são
considerados proibidos por terem sentido negativo, visto pelos padrões éticos
de uma sociedade, apesar de não ser ditados por lei. Essas responsabilidades
abrange uma série de normas e expectativas de comportamento, para
34
manterem a relação de empresa-sociedade correta, de acordo com as frentes
morais.
Os valores morais de um grupo determinam o que é ser ético para si e,
a partir daí, que se elaboram severos códigos éticos que precisam ser
adotados sob pena de ferirem os valores morais já estabelecidos.
Hoje esses valores têm um peso tão grande para uma empresa que eles
implicam desde os lucros e a credibilidade das organizações, influenciando na
sobrevivência da economia global. Por isso é necessário obedecer a leis, ter
um comportamento considerado correto e ético, e até mesmo procurar sempre
está envolvido de alguma forma com projetos filantrópicos nas comunidades
em que estão inseridas.
Para Zadek (1998, p.1.424 apud Ashley, 2004, p.52), esse rigor com a
responsabilidade social e ética empresarial, nada mais é do que as pressões
econômicas ligadas à globalização, fazendo com que elas precisem se auto-
analisar habitualmente, tendo um papel cada vez mais amplo e complexo nas
funções tradicionais.
Ser ético hoje para as empresas, não se trata mais de uma opção
estratégica e sim uma questão de confiabilidade e prestígio para a sociedade,
pois atualmente não se avalia uma empresa com padrões ultrapassados, e sim
através de referenciais como a marca e a imagem.
2) A Teoria dos Shareholders e a Teoria dos Stakeholders
Segundo Luciene Barbosa (2007, p. 14) A discussão sobre a
responsabilidade social podem ser citadas de acordo com duas teorias
35
recorrentes na literatura sobre responsabilidade social: a Teoria dos
Shareholders e a Teoria dos Stakeholders.
A Teoria dos Shareholders põem uma visão que acredita na obrigação
de uma empresa a geração de lucros, sendo o seu principal objetivo a
maximização do lucro, perseguido pelas organizações. (Fisher, 2004, p. 395
apud Luciene Barbosa, 2007, p. 15).
Em concordância com a Teoria dos Shareholders, Friedman (1970 apud
Luciene Barbosa, 2007, p. 16), argumenta que a responsabilidade social da
empresa, está relacionada com a riqueza, apoiando a doutrina clássica
econômica, defendida pelas corporações. Sendo assim a mesma deve se
preocupar em cumprir apenas as questões econômicas, produzindo bens e
serviços, assegurando que o compromisso das corporações é para com o
acionista e não em disponibilizar capital em atividades de cunho social, isso
afastava de seu compromisso de gerar lucro.
Em complemento à visão de Friedman, McGuire, Sundgren e
Schneeweis (1988, p. 855 apud Luciene Barbosa, 2007, p. 17), salientam que
os investimentos em Responsabilidade Social implicam em aumento dos
gastos, comprometendo o desempenho financeiro e colocando a organização
em desvantagem competitiva em relação aos concorrentes que atuam com um
menor compromisso socioambiental.
Segundo Luciene Barbosa (2007, p. 17), em seu livro “Capitalismo e
Liberdade”, Friedman é enfático ao expor suas considerações sobre
responsabilidade social, devido à aceitação ao termo como prática
empresarial, pois isso pode possibilitar a instabilidade no modelo de livre
36
competição do mercado. Dando entendimento que as empresas deveriam
orientar suas ações para a geração de lucros, garantindo sua sobrevivência,
propondo que o bem estar social não faz parte de sua função.
Enquanto a teoria dos stakeholders foi definida por Freeman (1984, p.46
apud Luciene Barbosa, 2007, p. 17-18), como qualquer grupo ou indivíduo que
pode afetar ou é afetado pelo alcance dos objetivos organizacionais.
Clarkson (1995, p. 112 apud Luciene Barbosa, 2007, p. 18), propõem que há
os grupos de stakeholders voluntários e involuntários. Os primeiros suportam
os riscos, porque investem seu capital na organização, enquanto os
involuntários são expostos aos riscos das atividades organizacionais como um
todo, propondo assim que as empresas têm como responsabilidade, criar e
distribuir riqueza a todos os seus stakeholders, não devendo favorecer grupos
de interesse específicos.
O autor também acrescenta que priorizar a maximização de lucros como
única responsabilidade social é autodestrutivo para a organização. Cabe
mencionar que, sob a perspectiva da Teoria dos Stakeholders, o desempenho
social corporativo é avaliado em termos de atendimento a demanda de
múltiplos públicos de interesse e que satisfazer as demandas dos stakeholders
é um custo inevitável, por terem legitimidade social.
Para Luciene Barbosa (2007, p. 19), a compreensão de satisfação das
demandas dos stakeholders deve ser assimilada como um investimento
estratégico para a organização, devido às mesmas permitirem o
desenvolvimento de respostas específicas e viabilizando a construção de
vantagens competitivas sustentáveis, pois ao investir estrategicamente na
37
satisfação dos stakeholders, as organizações desenvolvem novas habilidades
e adquirem vantagem competitiva.
2.2.2 - A importância da Responsabilidade Social e do Marketing Social para
Sociedade
A importância da responsabilidade empresarial para a sociedade, pode
estar relacionada com a idéia de alguns autores defenderem que a mesma é
uma obrigação que a empresa assume com a sociedade (Friedrich e Ferrel
(2000, p. 68), implicando em maximizar os efeitos positivos sobre os
stakeholders e minimizar os efeitos os negativos de suas ações na sociedade.
Por isso a responsabilidade social pode ser vista como uma
manifestação de ações sociais para algumas classes da sociedade. Para
Ostergard (1999 apud Ashley et al.200, p.7), as ações sociais discricionárias
da empresa, formam uma estratégia que muitas das vezes não está
relacionada com os objetivos estratégicos, devido a necessidade de
investimento nessas áreas, existindo um investimento social, alcançando
pontos fortes do core business, melhorando os recursos e maximizando os
retornos para a sociedade, guiando assim, ao conceito de filantropia
estratégica, onde muitos adeptos se beneficiam desse fato nos meios sociais,
para o alcance de novas oportunidades.
Para Melo Neto e Froes (1999, p. 84), a relação da sociedade e
humanidade, está relacionada a uma forma de prestação de contas de seu
desempenho, pois a empresa consome recursos da sociedade, renováveis ou
não, mas que é patrimônio gratuito e coletivo da humanidade; logo, contraem
38
“uma dívida social”, sendo seu compromisso restituir à sociedade, o que dela é
absorvido, por meio de investimentos na área social e no meio ambiente.
Uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de
atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma
comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no
que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação para com ela
(Ashley et al., 2003, p.06).
A importância do Marketing social para a sociedade está relacionada
com a crescente preocupação das empresas em relação às melhorias para a
qualidade de vida, pois a mesma passa investir melhor nos indivíduos, devido
a grande cobrança existente em relação às causas sociais.
Assim, o Marketing social pode ser entendido como uma estratégia de
mudanças comportamentais e atitudes, que pode ser utilizada em qualquer tipo
de organização (pública, privada, lucrativa ou sem fins lucrativos), desde que
esta tenha uma meta final de produção e de transformação de impactos
sociais (Araújo, 2001, p. 27). Portanto o Marketing social pode ser empregado
por qualquer pessoa na sociedade que tem a pretensão de criar meios que
venham minimizar os impactos sociais. O programa de marketing para causas
sociais pode ser desenvolvido por meio de uma aliança estratégica entre uma
empresa e uma organização voluntária ou beneficente, comprometida com a
área de interesse social definida ou diretamente em benefício da causa em si
(Pringle e Thompson, 2000, p. 03). Sendo assim a sociedade é restabelecida
dos recursos que a empresa utiliza a seu favor, todo vez que a mesma realiza
campanhas que conscientize a sociedade.
39
Partindo dessa análise, algumas organizações realizam ações
beneficentes que desenvolvem métodos de gestão socialmente responsáveis,
sendo capaz de atender a diferentes anseios, não só das comunidades, mas
de toda a sociedade. Analisaremos algumas dessas ações:
1) Cidadania Empresarial
Melo Neto e Froes (2001, p. 26), afirmam que a Responsabilidade
Social é um estágio mais avançado no exercício da “cidadania corporativa”,
chamando a atenção para as ações de responsabilidade social, devido exigir
periodicidade, método e sistematização e, principalmente gerenciamento
efetivo por parte das empresas-cidadãs.
Para Ashley (2000, p.7), o termo Cidadania Empresarial se expandiu
através de uma conferência, ocorrida em 1996 onde o presidente dos Estados
Unidos, Bill Clinton, disseminou e incentivou a prática da cidadania. Martinelli
(1997, p. 83 apud Reis 2007, p. 284), propõe que a cidadania empresarial é
manifestada na cultura da empresa, quando a organização assume um
compromisso que define a política em relação a cada indivíduo, e a mesma
deve ser praticada com valores, respeitando os interesses de cada parte.
A organização que adota uma postura proativa em relação aos
problemas sociais, colocando-se à disposição da sociedade, consegue atingir
os valores necessários para obter cada vez mais credibilidade. Soares (2002,
p.137), acredita que principalmente nos países emergentes, a empresa não
deve limitar as suas ações, os objetivos de produção e comercialização de
bens e serviços, pois o alcance de suas ações é maior sobre essas áreas, até
anos recentes, privativas da ação dos poderes públicos.
40
Uma empresa que desenvolve a cidadania deve possuir objetivos
sociais definidos, pois a sua atuação na sociedade agrega um diferencial ao
seu papel de “agente social”, disponibilizando ações que apóiam o
desenvolvimento da sociedade. Para Martinelli (1997p. 85 apud Reis 2007, p.
287), empresa-cidadã, passa a agir na transformação do ambiente social,
buscando avaliar a sua contribuição à sociedade e se posicionando de forma
proativa nas suas contribuições para os problemas sociais.
Segundo Rohden (1998, p46), o conceito da Cidadania Empresarial
encampa a noção de co-responsabilidade da empresa pelos problemas da
sociedade, definindo como empresa-cidadã “aquela que não foge aos
compromissos de trabalhar para a melhoria da qualidade de vida de toda a
sociedade”.
2) Filantropia
Para Melo Neto e Froes (2001, p. 26-27), as primeiras ações
filantrópicas surgiram quando os empresários passaram a doar recursos para
causas sociais como um gesto de caridade.
A filantropia pode ser definida por meio de atitudes individuais de
empresários, se diferenciando da noção de responsabilidade social, pois a
filantropia é uma ação individual, que se refere à ação organizacional,
sugerindo cidadania por parte da empresa, pois normalmente estão ligadas ao
desejo de realizar um ato de caridade, não firmando um compromisso social.
Para Luciene Barbosa (2007, p. 20), as ações de caráter filantrópico têm cunho
assistencial, pois as obras são imediatas e não visam o comprometimento
41
junto à sociedade, sendo as mesmas carentes de uma continuidade, não tendo
caráter estratégico para a organização.
Filantropia e responsabilidade social nos negócios não guardam
similaridade, Ashley et al. (2003, p.87), atribui que responsabilidade social
exige uma relação de longo prazo entre empresa e seus stakeholders,
enquanto a filantropia apregoa apenas a doação de recursos materiais ou
financeiros. As ações de responsabilidade social estão relacionadas a uma
consciência de cidadania e à promoção da sustentabilidade e da auto-
sustentabilidade das comunidades, abrangendo todos os grupos de
stakeholders, ao passo que a filantropia privilegia ações assistencialistas que
ajudam grupos sociais desfavorecidos e que assumem a forma de doações.
(Melo Neto e Froes, 2001, P. 27).
As ações filantrópicas somente geram ganhos sociais e econômicos
quando ocorre a convergência entre os atos de filantropia e os interesses dos
stakeholders, ficando claro que a filantropia não busca retorno algum, apenas
o conforto pessoal e moral de quem a pratica.
Na visão do Instituto Ethos, a responsabilidade social está orientada
para cadeia de negócios da entidade e seus stakeholders, enquanto a
filantropia se constitui em uma ação social externa da organização voltada para
a comunidade em que atua, mas desprendida de qualquer vínculo com seu
modelo de negócio (www.institutoethos.com.br, 2006).
As instituições que primam pela gestão socialmente responsável
entendem que, ao agir desta forma, estão em conformidade com valores éticos
e atingem todos os interessados (stakeholders) na organização, como
42
fornecedores, clientes, consumidores e governo. Quando as organizações
adotam um comportamento socialmente responsável, assumem o papel de
agentes de mudança dentro da sociedade civil (Rico, 2004, p.73 apud Luciene
Barbosa (2007, p. 24),).
3) Balanço social
O Balanço social é um documento publicado anualmente, reunindo um
conjunto de informações sobre as atividades econômicas, ambientais e sociais
desenvolvidas pela empresa, que apresentam os seus principais
compromissos públicos, as metas para o futuro, os problemas que enfrentará e
os possíveis parceiros com quem pretende trabalhar para equacionar os
desafios previstos. Por meio do balanço social, a empresa mostra o que fez
pelos empregados, seus dependentes e pela população, sobre quem exerce
influência direta. Segundo Menegasso (2002, p.8), o balanço social é um
instrumento pelo qual a empresa divulga o investimento em projetos e /ou
ações sob a ótica da responsabilidade social.
Para Tenório (2006, p.37), o balanço social surgiu com a crescente
demanda, por parte da sociedade, de informações a respeito dos impactos que
as atividades empresariais exercem sobre os trabalhadores, a sociedade, a
comunidade e o meio ambiente. Os relatórios tradicionais priorizam
informações de ordem financeira, econômica e patrimonial e não abordam
elementos qualitativos ou fazem superficialmente, sendo, portanto,
insuficientes para a avaliação do desempenho empresarial.
43
Segundo Kroetz (apud Tenório 2006, p.38), pode se identificar quatro
fases para implementação do balanço social:
1) Fase política – Traduzida na tomada de consciência, por parte do corpo
diretivo da entidade, da necessidade do balanço social como instrumento
gerencial e de relações públicas; tomada de consciência da responsabilidade
social da entidade, incluindo nesse estágio a “venda” da proposta para todo o
quadro funcional, pois a construção de um balanço social depende do
engajamento da totalidade do grupo organizacional.
2) Fase operacional - Etapa em que se busca implantar de forma operacional a
demonstração do balanço social, exigindo, muitas vezes, o aperfeiçoamento da
estrutura sistêmica organizacional e de seus vários subsistemas, viabilizando a
coleta, o tratamento e geração de informações.
3) Fase de gestão – Mediante a integração dos novos objetivos sociais no
negócio, durante a qual o balanço social passa de simples instrumento de apoio
à gestão, adicionando os objetivos sociais e ecológicos aos objetivos
econômicos, afetando o processo da tomada de decisão nos diversos níveis da
entidade, transformando-se em subsídio para o planejamento estratégico.
4) Fase de avaliação – Etapa em que são avaliados os procedimentos
utilizados na preparação e comunicação das informações, bem como a
influência que as mesmas exerceram na tomada de decisão e implementação
de novas posturas administrativas, identificadas com a responsabilidade social
e ecologicamente corretas. É a fase da retroalimentação do sistema,
44
reavaliando todos os procedimentos, informações, implementações e
resultados, oriundos da análise do balanço social.
Os benefícios proporcionados pela implantação do balanço social,
conforme Kroetz (apud Tenório 2006, p.38), destacam-se:
1) A identificação do grau de comprometimento social da empresa com a
sociedade, os empregados e o meio ambiente;
2) A evidenciação, através de indicadores, das contribuições à qualidade de
vida da sociedade;
3) A avaliação da administração através de resultados sociais, e não somente
financeiros.
45
CAPÍTULO III
CASO XEROX
Histórico da Empresa
A empresa estudada é a Xerox, que é uma empresa de tecnologia em
processamento de documentos, que oferece soluções de escritório para um
mundo em transformação. A empresa está presente no Brasil há 40 anos,
constituindo-se na terceira maior subsidiária de sua corporação, e possuem
profissionais e parceiros de negócios em todo o país, incluindo seis filiais,
fábricas (Bahia e Amazonas), dois centros de Atendimento a clientes,
Televendas e o Centro de Desenvolvimento de Software de Vitória e
revendedores autorizados. Sua matriz, a Xerox Corporation, está presente em
todo o mundo com 61.100 profissionais e um faturamento de US$ 15,7 bilhões.
O novo modelo de negócio da Xerox baseia-se em estratégias de simplificação
de processos para oferecer mais agilidade a seus clientes em todo o mundo.
A organização tem como missão tornar agentes de mudança
inovadoras, usando a Xerox Lean Six Sigma, para constantemente buscar a
melhor maneira de ajudar os clientes a vencer os seus desafios e criar novas
tecnologias, produtos e serviços que proporcionem melhores resultados para
eles.
Sua visão é “criar condições para que as pessoas identifiquem as
melhores maneiras de realizar um trabalho de excelência”, sendo um líder de
mercado em tecnologia de documentos, produtos e serviços que melhorem o
processo de trabalho de seus clientes e os resultados de seu negócio.
Xerox e a Responsabilidade Social
A Xerox foi uma das primeiras empresas brasileiras a assumir a sua
responsabilidade social através do engajamento em projetos comunitários de
46
longo prazo. O instituto Xerox foi criado em 1996, com o objetivo de fazer com
que os projetos sociais passassem definitivamente a fazer parte da estratégia
corporativa, consolidando a imagem de empresa cidadã através de um claro
direcionamento de atuação em Educação Complementar, aliada à Iniciação
Esportiva, que são os projetos da Vila Olímpica e CAMP Mangueira;
Diversidade Étnica; e Preservação do Meio Ambiente.
Os esforços relativos à responsabilidade social da Xerox são uma
extensão da crença da empresa de que uma corporação bem-sucedida tem
que participar da sociedade. A empresa realiza a maioria de seus serviços
filantrópicos através da Xerox Foundation (Fundação Xerox). A fundação
contribui com cerca de US$ 15 milhões a cada ano através de cinco áreas:
preparação para educação e força de trabalho, ciência e tecnologia, assuntos
culturais, assuntos nacionais e atividades relativas a funcionários/comunidade.
Uma vez competitiva, ela contribui efetivamente para o desenvolvimento
econômico do país. Voltada para os programas educacionais, hoje um dos
seus promissores nichos de negócio, a Xerox cumpre sua vocação e renova o
compromisso com a educação e a cultura.
De acordo com o diretor executivo José Pinto Monteiro está há 30 anos
na empresa e sabe bem o que esse assunto significa: “A Xerox tem a
responsabilidade social no DNA. A dimensão deve ser uma estratégia da
empresa. É um equívoco investir sob a forma de ações, sem um foco, e sem
ter, inclusive, como mensurar os resultados”.
A Xerox e o Meio Ambiente
A Xerox é pioneira no projeto e criação de produtos “livres de resíduos”.
Em um mundo de recursos limitados, a Xerox utiliza materiais e energia de
modo eficiente para minimizar desperdícios e emissões. Em 2001, a Xerox
economizou centenas de milhares de dólares através da iniciativa de nova
47
manufatura de produtos e de reutilização de peças, desviando 150 milhões de
libras estimados de resíduos de depósitos de lixo. A maioria das copiadoras,
impressoras e multifuncionais da Xerox é projetada para ser manufaturada
novamente ao final do ciclo de vida inicial. Os clientes também se beneficiam
com as iniciativas da Xerox. Os cartuchos de cópia/impressão substituíveis em
quase todos os equipamentos de escritório da Xerox podem ser retornados
sem custos para serem reutilizados, manufaturados novamente ou reciclados.
Para alguns produtos Xerox, o programa de retorno inclui recipientes de toner,
frascos usados e até mesmo toner usado, o primeiro da indústria.
A cada ano, a Xerox renova seu compromisso com o meio ambiente
através da implementação do padrão de sistema de gerenciamento de meio
ambiente ISSO 14001. Todas as instalações de manufatura Xerox obtiveram
registro.
Programa Social
A preocupação da empresa com a comunidade se manifesta em todos
os níveis, mas as comunidades carentes sempre mereceram um olhar
especial. Exemplos mais evidentes da postura solidária da Xerox do Brasil é o
Projeto Olímpico da Mangueira no Rio de Janeiro, de repercussão
internacional, e outro similar, em Manaus, o da Casa do Zezinho, em São
Paulo. Mas existem muitas outras iniciativas sociais realizadas pelo Brasil
afora.
As atividades do Instituto Xerox são feitas em núcleos de atuação
chamados Células de Solidariedade, e que estão espalhados em todas as
regiões do País, em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília,
Fortaleza, Maceió e Florianópolis, por exemplo.
A Xerox implementou também outros projetos direcionados à
comunidade da Mangueira, como o Espaço Cultural Digital, equipado com seis
computadores e que permite que os moradores da comunidade tenham acesso
48
à Internet; um projeto de apoio a portadores de deficiência física, fomentando a
prática esportiva e ressocialização dos jovens; e a Casa das Artes, com
oficinas de fotografia, música, dança e outras atividades artísticas.
Há também um projeto de integração de adolescentes ao mercado de
trabalho chamado Círculo dos Amigos do Menino Patrulheiro da Mangueira
(CAMP Mangueira), onde adolescentes entre 14 e 18 anos são preparados de
forma intensiva, a fim de serem encaminhados a empresas conveniadas, como
aprendizes.
É importante ressaltar que todas as Células de Solidariedade
desenvolvem ações dos mais diversos tipos em suas respectivas cidades,
entre elas a reciclagem de materiais, projetos culturais, o apoio de bibliotecas,
o ensino de ofícios como marcenaria e panificação, entre outros.
Projeto Olímpico
Projeto Olímpico da Mangueira a Vila Olímpica da Mangueira tem um
espaço de 35 mil metros quadrados. A área apresenta um campo de futebol
society circundado por uma pista de atletismo, uma piscina semi-olímpica, uma
quadra poliesportiva e uma área para arremessos de pesos e dardos. Os
participantes praticam sete modalidades desportivas: Atletismo (modalidades:
corrida: velocidade, resistência e barreiras, salto: altura, distância e vara,
arremessos: pesos, disco, dardo, martelo), Basquete Feminino, Futebol de
campo, Futebol de salão, G.R.D. (Ginástica Rítmica Desportiva), Natação e
Capoeira. Um dos mais conhecidos projetos sociais desenvolvidos pela
empresa é o Projeto Olímpico, no Morro da Mangueira, na zona norte do Rio
de Janeiro, no qual a empresa investe anualmente cerca de US$ 1 milhão.
O projeto foi criado em 1987, visando a atender crianças e jovens, entre
8 e 17 anos, e estimular a prática de esportes. Hoje, o projeto inclui apoio
jurídico, fisioterápico e atendimento médico. Os 35 mil metros quadrados da
49
Vila Olímpica incluem áreas para a prática de atletismo, além de piscina semi-
olímpica e quadra poliesportiva.
Graças a esse trabalho, atletas da Vila Olímpica da Mangueira já
conquistaram resultados expressivos em campeonatos estaduais e nacionais
de diversas categorias. Todos os anos, cerca de 1,5 mil crianças e jovens da
Mangueira participam dos trabalhos desenvolvidos na Vila Olímpica. O único
requisito é que estejam estudando.
Em 1999, o projeto ganhou destaque na ONU e foi premiado pelo
governo dos Estados Unidos como o melhor projeto social de empresa
americana.
No caso da parceria Mangueira/Xerox, as possíveis ações diretas de
pessoas envolvidas no projeto tinham, sim, por objetivo alterar
comportamentos, especialmente das crianças e adolescentes de baixa renda,
estabelecendo melhoramentos de padrões de vida e contribuindo na formação
cidadania.
Os inúmeros projetos e iniciativas estão dando à empresa resultados
esperados: dentro dela, um grupo motivado, assíduo, que gosta de trabalhar;
do lado de fora, trabalhos que alcançam repercussão internacional, como o
projeto Olímpico da Mangueira. O diretor do instituto acredita que a
“disseminação da importância de se investir” levou ao aumento das iniciativas,
e se recusa, por hora, a acreditar que há outras causas por detrás disso: “Não
dá para baratear as ótimas iniciativas dos empresários. Isso só diminui o
interesse das pessoas pelo assunto”, afirma.
A empresa Xerox desenvolve vários programas sociais, o Projeto
Olímpico da Mangueira é um projeto de destaque para a empresa, adquirindo
uma imagem de empresa responsável. Podemos notar que a Xerox até hoje
financia os projetos sociais com exclusividade.
As empresas estão cada vez mais investindo em responsabilidade
social, pois elas representam fontes de incentivos tornando-as mais
competitivas e agregando valor a sua marca.
50
Segundo Ashley (2003, p. 6) responsabilidade social pode ser definida
como o compromisso que uma organização deve ter para a com a sociedade,
expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo
amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente e
coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua
prestação de contas para com ela.
51
CONCLUSÃO
Este estudo se concentrou na análise de como a responsabilidade
social vem sendo utilizada pelas organizações como meio de marketing, para
a divulgação do seu produto. Foi analisado o fato de algumas empresas
serem reconhecidas por fazer “responsabilidade social”, por atraírem a
simpatia do público, devido à realização de ações e projetos que influenciam
a percepção da sociedade. Verificou-se a relação que existe entre as
empresas e a sociedade, analisando as dimensões do marketing para causas
sociais, como estratégia empresarial em busca da vantagem competitiva.
O uso do Marketing social por algumas empresas, que tentam se
posicionar e conquistar o público de forma ludibriada.
O Estudo de caso da empresa Xerox, mostrou o engajamento da
empresa em projetos sociais e seu investimento em Responsabilidade Social,
tornando-a mais competitiva e agregando valor a sua marca.
52
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
INSTITUTO ETHOS de Responsabilidade Social. O novo contexto econômico e a responsabilidade social das empresas. Disponível em <http://www.ethos.org.br>. Acesso em 15 de Julho de 2012.
XEROX. Xerox se destaca no compromisso com Sustentabilidade, Diversidade, Governança e Ética http://www.xerox.com/news/news-archive/2011/bra-destaca-0811/ptbr.html. Acesso em 15 de julho de 2012.
REVISTA EXAME. Projeto Olímpico Mangueira - Xerox
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0754/noticias/projeto-olimpico-mangueira-xerox-m0044460 Acesso em 15 de julho de 2012.
53
BIBLIOGRAFIA CITADA
ARAUJO, Luis. Aprendizagem organizacional e organização de
aprendizagem. São Paulo: Atlas, 2001.
ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e Responsabilidade Social nos
Negócios.SãoPaulo:Saraiva,2003.
BORGER, F. G. Responsabilidade Social: efeitos da atuação social na
dinâmica empresarial. 2001.Tese (Doutorado em Administração) -
Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia e Administração, São
Paulo.
CARROLL, A. Corporate Social Responsibility: Evolution of a Definitional
Construct. Business & Society, v. 38, n. 3, 1999.
DUARTE, Gleuso Damasceno; DIAS, José Maria A. M. Responsabilidade
social: a empresa hoje. São Paulo: LTC – livros técnicos e científicos, 1986
CHURCHILL, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2003. COBRA, Marcos. Administração de marketing. São Paulo: Atlas, 1990. COBRA, Marcos. Administração de Marketing no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009 CROOCO, Luciano; et al GIOIA, Ricardo Marcelo. (coordenador). Fundamentos de marketing: conceitos básicos. São Paulo: Saraiva, 2006 (coleção de marketing; v. 1). CROOCO, Luciano; et al GIOIA, Ricardo Marcelo. (coordenador). Marketing: perspectivas e tendências. São Paulo: Saraiva, 2006 (marketing: v. 4).
54
KREITLON, M. P. A Ética nas Relações entre Empresas e Sociedade: Fundamentos Teóricos da Responsabilidade Social Empresarial. In: Anais do XXVIII ENANPAD, Curitiba, 2004. KOTLER, Philip; ROBERTO, Eduardo L. Marketing Social. Estratégias para alterar o Comportamento Público. Rio de Janeiro, Campus, 1992. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2003. LEVEK, Andrea et al. (2002). A responsabilidade social e a sua interface com o marketing social. Revista FAE, Curitibav.5, n.2. MELO NETO, Francisco Paulo de. Responsabilidade Social e cidadania empresarial: a administração do terceiro setor / Francisco Paulo de Melo Neto, César Froes. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 1999. MENEGASSO, M.E. Responsabilidade social das empresas: um desafio para o Serviço Social. São Paulo, 2001. (Texto apostilado). NEVES, M. Patrão – A bioética de ontem, hoje e amanhã: interpretação de um percurso. In ARCHER, Luís [et al.] – Novos desafios à bioética. Porto: Porto Editora, 2001. ISBN 972-0-06036-0. p. 20-30. OLIVEIRA, José Antônio Puppim de. Empresas na sociedade: sustentabilidade e responsabilidade social. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. PRINGLE, Hamish; THOMPSON, Majorie. Marketing Social. São Paulo: Makron Books, 2000 ROCHA, Ângela da; CHRISTENSEN, Carl. Marketing: teoria e prática no Brasil.SãoPaulo:Atlas,1999. ROHDEN, Fabíola. Filantropia empresarial: a emergência de novos conceitos e práticas. Anais do Seminário Empresa Social. São Paulo, set. 1996. SINGER, Peter. Ética Prática. 3ª ed. Trad. Jefferson L. Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 2002 TENÓRIO, F.G. Responsabilidade Social Empresarial. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.