UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · efetivamente produziu como a uma satisfação...

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Comprometimento Organizacional e Aderência aos Indicadores de Performance Por: João Wagner Rosário Brandão Orientador Prof. Antônio Medina Niterói 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Comprometimento Organizacional e Aderência aos Indicadores

de Performance

Por: João Wagner Rosário Brandão

Orientador

Prof. Antônio Medina

Niterói

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Comprometimento Organizacional e Aderência aos Indicadores

de Performance

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão Empresarial.

Por: João Wagner Rosário Brandão

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AGRADECIMENTOS

....Aos amigos e parentes, ao corpo

docente do Instituto a Vez do Mestre e

a todos que contribuíram direta e

indiretamente para a confecção deste

trabalho acadêmico e sua constante

atualização.

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DEDICATÓRIA

... Aos meus Pais Wagner e Neli, meu

irmão Pedro por toda a ajuda e empenho

para eu tivesse toda a estrutura

necessária para crescer e vencer como

ser humano e profissionalmente.

João Wagner R. Brandão

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RESUMO

Estamos em um mundo cada vez mais globalizado no qual as fronteiras

físicas estão menores e o acesso a diferentes mercados está mais fácil através

uso generalizado da internet e da conscientização dos próprios consumidores

do seu poder de escolha sobre quais produtos ou quais empresas entregam o

serviço que esteja mais próximo das suas reais necessidades e com qualidade.

Neste cenário de constante mudança, as Empresas de modo geral,

desde as pequenas às médias e grandes, estão enfrentando problemas em

encontrar o modelo de gestão de pessoas que melhor se encaixe na sua

estrutura/cultura organizacional. Diante disto, foi identificada a necessidade de

promover o debate acerca da importância do profissional nas suas diversas

áreas de atuação para aumentar o seu comprometimento junto aos objetivos

traçados no plano de metas da Empresa para o qual mesmo esteja prestando

seus serviços e assim, melhorar o desempenho operacional da Companhia

como um todo, trazendo a este trabalhador, um retorno do seu esforço e

comprometimento que vai desde a ganhos reais sobre aquilo que ele

efetivamente produziu como a uma satisfação própria de fazer parte de um

Time vencedor em diversos outros aspectos.

O objetivo deste trabalho é aumentar o entendimento de todos que

possuem um cargo de gestão e liderança da importância do tema, visto que

estamos em um momento onde a única certeza que temos é de que estamos

em constante mudança. Nesse âmbito, é notório que as empresas busquem

maneiras de diferenciá-las das demais e de fixarem sua marca no mercado de

forma única e quase que exclusiva, exigindo dos colaboradores novas

habilidades e uma maior adaptabilidade ao ambiente que os rodeiam.

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METODOLOGIA

Este trabalho teve como base uma pesquisa biográfica de diversos

estudiosos e escritores do assunto em questão dos quais podemos citar

Maslow, Chiavenato, Taylor, Hawthorne, Herzberg, Daniel Pink, entre outros.

Também foram analisadas diversas publicações sobre o tema como Revistas

(Você S&A), Livros (O Monge e o Executivo) e Artigos publicados na internet

em sítios voltados para a Administração em geral.

Sendo assim, este estudo visa contribuir com o tema, reunindo

conceitos, ideias e discutindo a aplicação prática das mesmas em diversos

cenários.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Liderança - Contexto Histórico 10

CAPÍTULO II - Motivando Pessoas 21

CAPÍTULO III – Aplicabilidade no Meio Corporativo 40

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

WEBGRAFIA 46

ÍNDICE 47

8

INTRODUÇÃO

Devido ao momento histórico do mundo atual, cheio de grandes

oportunidades e novos desafios, as relações humanas que fazem parte da

economia de mercado mostram-se cada vez mais complexas. Está cada vez

mais difícil conseguir o espaço necessário para garantir o sucesso e a

continuidade de uma Empresa. Neste cenário, temas que versam sobre

questões que envolvem liderança e motivação estão entre os tópicos mais

estudados, pois ficou claro que para conseguir vencer é preciso ter

colaboradores engajados e comprometidos com a organização, bem como ao

plano de metas pré-estabelecido para cada parte do processo produtivo.

A visão do líder passou a ser de extrema importância, pois ele

influencia os demais a atingirem suas metas e quanto maior o número de

seguidores, maior a sua influência e os ganhos do time como um todo. Quanto

maior a sua capacidade de estimular os demais, mais evidente e bem-

sucedida é a liderança sob diversos aspectos. Grandes líderes são visionários

e estimulam pessoas e organizações a atingirem objetivos por caminhos que

sozinhas não conseguiriam. Suas estratégias os fazem explorar oportunidades

as quais os demais não perceberiam. São pessoas focadas nas metas, mas

comprometidas com o grupo o qual lideram, pois sabem que seu sucesso,

depende da adesão de todos os envolvidos.

É difícil para um administrador, compreender a razão pela qual as

pessoas tomam certas decisões no trabalho. Mais difícil ainda é prever a

reação dos colaboradores a uma reformulação dos processos internos da

companhia, ainda mais se este novo processo interferir diretamente nas suas

atividades diárias. Com passar dos anos, desenvolveu-se diversas técnicas

práticas e eficientes para aumentar o desempenho individual. E aí entra o

efeito da motivação.

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Todo comportamento é motivado de alguma maneira com exceção de

alguns reflexos involuntários do corpo humano. É preciso estar motivado para

exercer suas atividades da melhor forma possível e superar as expectativas

inicialmente previstas, pois um colaborador pode estar de posse de todas as

ferramentas e qualidades necessárias para execução da sua tarefa e mesmo

assim, pode não aplicá-las corretamente para garantir que esses objetivos

sejam atingidos, pois a motivação refere-se a forças que energizam, dirigem e

sustentem os esforços de uma pessoa. É um combustível pessoal e único que

dá a energia necessária para que as pessoas se superem dia após dia.

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CAPÍTULO I

LIDERANÇA

CONTEXTO HISTÓRICO

“Parece que a liderança se reduz se reduz a uma definição de quatro palavras: identificar e satisfazer necessidades.” (O Monge e o Executivo, p. 71).

Desde os primórdios do nosso Planeta, o conceito de líder existe

e pode ser identificado em diferentes espécies de animais que vivem em

grupos, sociedades, bandos ou família. Na natureza, encontramos vários

exemplos desse modelo organizacional que passou por uma grande e

constante evolução com o passar dos anos devido ao próprio

aprimoramento/evolução das espécies.

Esses modelos são básicos e até mesmo rústicos, diferentes do

conceito de liderança que temos hoje, pois baseiam-se numa relação de

dominação, ou seja, na lei do mais forte (conceito de macho/fêmea alfa que

demonstra sua autoridade através da força, nunca permitindo que os outros

animais se insurjam contra eles), Em paralelo, temos outros modelos mais

complexos e estruturados que se enquadram no sentido de liderança, dentre

os quais destaca-se o do ser humano. Nenhuma outra espécie passou por

tantas mudanças profundas no seu modelo organizacional quanto à espécie

humana e este modelo está em constante evolução. Hoje, chegamos a um

nível social na qual atingimos uma “civilidade” jamais vista em outras espécies.

O ato de liderar é exercido desde muito antes de se elaborarem

definições sobre o tema e ele é diferente dos conceitos do que identificamos

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como sendo liderança nos tempos atuais. Neste processo de análise e

elaboração de ideias, vários modelos de liderança foram desenvolvidos.

No início, o perfil de liderança baseava na identificação de um líder que

tivesse entre outras características: intuição, misticismo e sabedoria. Neste

período, a sociedade era nômade, não tinha um território pré-definido e a

religião era o seu ponto mais forte de união e estabilização dos membros do

grupo. Com a evolução desse modelo e aprimoramento de diferentes técnicas

de sobrevivência, passamos a entender melhor o mundo ao nosso redor.

Estabelecemos um território fixo, aprendemos a domesticar animais e a

entender o clima, estações do ano e as práticas de agricultura. Com isso,

desenvolveu-se a visão do líder como sendo aquele detentor de terras, ou seja,

o dono da fazenda, que levou ao que chamamos de Senhores Feudais.

Durante séculos, assim foi sendo desenvolvida a sociedade humana até que

com a Revolução Industrial, houve uma grande mudança no entendimento do

que seria o perfil de liderança ideal compreendido até aquele momento.

Surgiu um novo perfil baseado no “gerente” responsável por pensar e

analisar todas as variáveis do negócio com poder centralizador na tomada de

decisões que não dava espaço para a interferência do conhecimento ou

criatividade dos seus subordinados. Era um modelo de imposição no qual

“manda quem pode e obedece quem tem juízo” e não havia a visão da

liderança como sendo um processo de ação transformadora e aprimoramento.

Esse modelo de gestão foi utilizado durante anos e ainda pode ser

encontrado em algumas companhias, porém ele tem perdido muito espaço

devido ao aparecimento de novas atividades e necessidades da sociedade.

Novos modelos de trabalho tornaram-se essenciais para a sobrevivência da

Organização e paradigmas foram sendo quebrados. Atualmente, muito é

discutido sobre a importância de se manter um equilíbrio entre o foco em

resultados e o desenvolvimento do colaborador, em modelo de liderança e nas

vantagens de ser ter líderes de líderes. A percepção do trabalhador como

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sendo um componente exclusivamente operacional (executor e maquinário)

mudou para um colaborador livre para agir profissionalmente, livre de amarras

e do medo de expor suas ideias e experiências. Este profissional tem

consciência de suas responsabilidades com o seu trabalho e o restante do time

para que suas ações produzam resultados positivos.

Segundo Peter Drucker, há uma mudança significativa no cenário das

empresas atualmente:

Até cerca de 50 anos atrás, cerca de 90% da força de trabalho era classificada como “obrigada” a comparecer ao evento da empresa, sorrindo durante todo o tempo e mostrando o resultado da pesquisa. Esta força de trabalho acabou. (Pereira apud Catho, 2009).

No Brasil, há estudos orientados para a identificação e avaliação

comportamental do perfil de liderança corporativa adotada, visto que as

organizações mudaram seus processos internos para focar na Gestão de

Pessoas dando atenção especial ao aprimoramento de suas lideranças e na

sua capacidade de influenciar a geração de resultados no ambiente

organizacional. Neste caso, observa-se então que quando o colaborador tem

confiança e comprometimento com a Organização e com o seu líder, ele

alcança melhores resultados que aquele que não possui a mesma autonomia

ou que trabalha de forma limitada e vigiada. Liderar é servir e não dominar. O

líder facilita o pleno desenvolvimento do potencial criativo de seus liderados.

A liderança é um tipo de influenciação entre pessoas, uma pessoa influencia a outra em função de relacionamento existentes entre elas. (Chiavenato, 1994, p.144).

A estrutura clássica de liderança se tornou ineficaz em diversos

aspectos, pois exercer o controle sobre os colaboradores no modelo antigo se

mostrou custoso e sem a obtenção dos resultados planejados. Uma visão

13

moderna foi necessária e ela continua sendo foco de estudos e de constante

desenvolvimento.

Após a Segunda Guerra Mundial, houve o período que ficou conhecido

como a “guerra fria”, no qual Estados Unidos da América (EUA) e a União das

Repúblicas Socialistas e Soviéticas (URSS) competiram em diversos campos

para demonstrar sua hegemonia ao mundo. A própria visão do Estado foi

modificada e ele passou a se responsabilizar e a atuar de forma mais

expressiva em algumas áreas como saúde, habitação e educação com foco no

bem estar social. Para gerir essas mudanças derivadas após a crise da década

de 30, foi criado um modelo de gestão burocrático que passou a ser adotado

tanto pelo Estado quanto pelo setor Privado. Esse processo burocrático foi

desenvolvido para adequar normas e regulamentos às formalidades

necessárias ao processo produtivo, que visava estabelecer controle das tarefas

e organizá-las pela rigidez da burocracia bem como às relações humanas,

reconhecendo a importância do colaborador na cadeia produtiva tanto na

Indústria quanto no Estado, mas limitando sua atuação.

Neste modelo de gestão burocratizado foram identificados desvios e

divergências, que foram interpretados como sendo uma espécie de “mal

necessário”, pois suas ideias baseavam-se no controle rígido das atividades

empresariais e não criavam incentivo às boas práticas de gestão corporativa

que reflete o pensamento moderno que objetiva a criação de um ambiente

dinâmico e motivador resultado das mudanças experimentadas pela sociedade

no mundo corporativo.

Consequentemente, houve campo para iniciação de estudos acerca da

valorização do ser humano e suas motivações, com foco no desenvolvimento

de líderes e sua capacidade de manter a Organização próspera mesmo em

tempos difíceis.

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Uma nova abordagem foi desenvolvida, principalmente após as

conclusões sobre um estudo conduzido na década de 30 por Hawthorne no

qual se pesquisou quais os impactos das condições do ambiente sobre a

produtividade dos colaboradores. O intuito era identificar a importância do

indivíduo e do fator humano no processo produtivo de forma que a

Organização se tornasse mais humana e democrática. Concluiu-se que o

empregado não se comporta como um indivíduo isolado, visto que o trabalho é

uma atividade basicamente grupal. Mesmo que segmentado em diferentes

partes e áreas, ele forma parte em um todo e o desafio dos administradores é

desenvolver líderes com habilidades na compreensão, comunicação e

persuasão. O próprio trabalho em um time seria uma motivação para o

empregado. (MARK DAVIS, Richard B. Chase, Nicholas J. Aquilano, 1999, p.

35)

Sendo assim, a necessidade de criação de um ambiente mais favorável

às relações humanas foi identificada, com pessoas melhores tratadas e uma

administração mais participativa no qual os colaboradores possuíssem uma

tarefa mais dinâmica e menos engessada. Passou-se a dar ênfase não mais

ao processo somente e sim às pessoas também, e aos grupos sociais com

base em novas análises psicológicas acerca do efeito da liberdade e confiança

nos colaboradores na execução de seus trabalhos.

Nesse modelo de gestão, o entendimento era que as pessoas

precisariam se recompensadas para serem motivadas a irem além do

esperado e a darem o máximo de desempenho possível. Surgia uma nova

teoria que se sustentava na ideia de que o dinheiro seria o principal motivador

do trabalhador. Com maiores recompensas financeiras, os trabalhadores

produziriam mais. Sendo assim, elas deveriam estar relacionadas diretamente

ao desempenho.

Posteriormente, identificou-se que somente a retribuição financeira não

seria suficiente para manter o colaborador motivado por muito tempo. Receber

um bom salário e benefícios é um estímulo, mas não tem o poder de mantê-lo

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em sua máxima capacidade produtiva por um longo período. Partindo da ideia

de que motivação é realizar suas tarefas com prazer com o objetivo de

alcançar as metas pré-estabelecidas constantemente, a Companhia deverá

oferecer estímulos para os colaboradores. Porém, esses estímulos podem ou

não refletir diretamente na motivação. O colaborador poderá executar suas

atividades de forma eficiente naquele período, mas estará fazendo isto apenas

pelo estímulo, ou seja, na realidade, ele continuará desmotivado. A motivação

foi vista então como algo individual e pessoal que dependeria da vontade do

colaborador em resposta aos estímulos que ele recebeu, onde não bastaria ser

bem remunerado, deveria se ter prazer em realizar suas atividades.

Foram mapeadas também quais as situações que mais ofereceriam

riscos à aplicabilidade do modelo de gestão que visava a motivação do quadro

efetivo das Organizações e questões como a falta de reconhecimento

profissional, delegação de tarefas abaixo das expectativas do colaborador,

atribuição de tarefas repetitivas, falta de oportunidades de executar novas

atividades ou que causavam monotonia e comodismo, falta de plano de

carreira, entre outros são fatores desestimulantes que as Empresas devem dar

atenção. É preciso criar ações para procurar e reter talentos dentro da própria

Companhia para preenchimento de oportunidades. Caso contrário, perde-se

conhecimento e competitividade.

Novos pensadores foram surgindo e dentre os diversos trabalhos

realizados, um dos destaques foi o de Abraham Maslow em sua “Teoria da

Hierarquia de Necessidades” que dizia: “apenas as necessidades não

satisfeitas são fontes de motivação”. (MONTANA & CHARNOVI, 1999, p.205).

Segundo Maslow, há 5 sistemas que orientam o nosso comportamento, que

são divididos hierarquicamente em uma escala indo do mais primitivo e imaturo

ao mais civilizado e maduro: sobrevivência ou fisiológicas; proteção ou

segurança; necessidade de pertencer a um lugar; estima ou ego; e

autorrealização.

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Necessidades fisiológicas constituem o nível mais baixo de todas as

necessidades humanas. Envolvem a alimentação (fome e sede), sono e

repouso (cansaço), abrigo (frio ou calor), ou desejo sexual (reprodução da

espécie). Estas necessidades são relacionadas com a própria subsistência e

existência do indivíduo.

Necessidades de segurança constituem o segundo nível das

necessidades humanas. Induzem a pessoa a proteger-se de qualquer perigo

real ou imaginário, físico ou abstrato (busca de proteção contra a ameaça ou

privação, a fuga ao perigo, o desejo de estabilidade, a busca de um mundo

ordenado e previsível são manifestações típicas destas necessidades). Elas

aparecem no comportamento humano quando as necessidades fisiológicas

estão relativamente satisfeitas.

Necessidades sociais são as necessidades relacionadas com a vida

social do indivíduo com outras pessoas. São as necessidades de associação,

de participação, de aceitação por parte dos amigos, de troca de amizade, de

afeto, amor e experiências. Aparecem quando as necessidades mais baixas

(fisiológicas e segurança) se encontram relativamente satisfeitas. Quando as

necessidades sociais não estão suficientemente satisfeitas, a pessoa se torna

resistente, antagônica e hostil com relação às pessoas que a cercam e as

conduzem geralmente à falta de adaptação social e à solidão. O

relacionamento interpessoal fica difícil e mais atritos são gerados com certa

facilidade.

Necessidades de estima são necessidades relacionadas com a

maneira pela qual a pessoa se vê e se autoavalia, ou seja, com a

autoavaliação e autoestima. Envolvem a autoapreciação, a autoconfiança, a

necessidade de aprovação social e de reconhecimento pelos demais, de

status, de prestígio e de consideração. A satisfação dessas necessidades

conduz a sentimentos de autoconfiança, de valor, força, prestígio, poder,

capacidade e utilidade à sociedade. A frustração pode produzir sentimentos de

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inferioridade, fraqueza, dependência e desamparo, os quais, por sua vez,

podem levar ao desânimo ou a atividades compensatórias.

Necessidades de autorrealização são as necessidades humanas mais

elevadas e que se encontram no topo da hierarquia. São necessidades que

levam cada pessoa a realizar o seu próprio potencial e de se desenvolver

continuamente ao longo da vida. Essas necessidades estão relacionadas com

a plena realização daquilo que cada pessoa tem de potencial e de virtual, da

utilização plena dos talentos individuais.

Ainda segundo Maslow em sua teoria: "existe uma tendência natural

pela qual os indivíduos se tornam cientes de cada uma dessas necessidades,

sendo assim motivados por elas em ordem ascendente." (MONTANA &

CHARNOVI, 1999, p.205). Avançar dentro da hierarquia de Maslow pode ser

comparado a subir um degrau de uma escada por vez. No qual o colaborador

está ciente do próximo degrau e ele pressupõe uma negociação bem-sucedida

do degrau anterior.

Maslow não quis dizer que toda necessidade recebe uma satisfação

completa, visto que ele mesmo achava que é preciso um mínimo de satisfação

antes que uma necessidade deixe de preocupar a pessoa à exclusão de

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outras, mais elevadas. Uma vez alcançado esse ponto, a pessoa ficará livre

para sentir as tensões associadas com o próximo nível da hierarquia e para

experimentar um novo conjunto de comportamentos feitos para satisfazer a

nova necessidade.

A falta de motivação pode causar danos sérios satisfação no trabalho e

impedir ganhos importantes em produtividade e qualidade operacional. No

processo de motivação de colaboradores, as necessidades não satisfeitas

criam tensões e a motivação pode ser descrita como um processo de estimulo

do indivíduo a tomar ações que levarão ao preenchimento de uma

necessidade ou à realização de uma meta desejada.

As organizações precisam passar por transformações profundas em sua

estruturas, revendo os conceitos de lideranças, traçando objetivos claros para

todos. Isso significa que devem tentar minimizar as chances de se ter cenários

que contribuam para a falta de motivação dos colaboradores.

Os grandes responsáveis pela efetivação de mudança nas organizações são os líderes, cujo compromisso é o de promover a formação de equipes à luz de valores e crenças que orientem as políticas e estratégias empresariais, por meio de um estilo de liderança que conduza à integração, à confiança e ao respeito entre seus membros. (Cavalcanti, 2006, p.138).

Sendo assim, o papel do líder nas organizações é muito importante, pois

dentre as suas principais tarefas, ele tem de ser capaz de identificar riscos que

podem interferir negativamente no processo motivacional dos seus liderados.

Há diferentes tipos de liderança, mas quase todas baseiam-se na ideia

de que um líder deve saber determinar, ou seja, saber dar orientações

especificas para a execução da tarefa e deve saber supervisionar o

desempenho obtido pelos seus funcionários. Um líder deve ser capaz de

persuadir, explicar suas decisões e oferecer oportunidades para

esclarecimento de dúvidas, melhorando a comunicação entre ele e seus

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liderados. É muito importante também saber compartilhar, pois a troca de

ideias ajuda na tomada de decisões e delegar a responsabilidade das decisões

e suas execuções.

Outras características importantes de um bom líder são, entre outras,

saber sempre manter o respeito, ética e reconhecimento junto a sua equipe,

deve ouvir atentamente as sugestões e questionamentos de sua equipe para

poder analisar as informações e transmitir de forma transparente as melhores

orientações em busca dos resultados desejados não deixando dúvidas sobre

os objetivos traçados, deve ser ter empatia para entender sua equipe, seus

valores pessoais, dificuldades e trunfos existentes e contribuem para o

crescimento de todos, ser motivado e deve ser resistente à frustração, saber

persistir nos objetivos e ideais traçados, saber dar e receber feedback, pois um

bom líder precisa ter discernimento ao dar feedback de forma a contribuir para

o desenvolvimento de sua equipe e também deve ser tolerante e humilde para

ouvir o feedback o qual poderá conter comentários que nem sempre são

agradáveis, porém necessários para o seu próprio crescimento profissional,

saber motivar a atingir os resultados, visto que um bom gerente deve estar

ciente que os objetivos muitas vezes são muito desafiadores e desta forma

deve ter o dom da comunicação para motivar sua equipe e dar o exemplo em

busca das metas. Além disso, deve se buscar constantemente novas formas

de realizar as tarefas existentes para que permaneçam atrativas e

proporcionem maior satisfação durante o trabalho de todos os envolvidos. Um

bom líder precisa saber quando deve ser mais firme em suas atitudes e

quando deve dar espaço para que seus funcionários possam avaliar melhor o

cenário no qual se encontra. Precisa ser respeitado e não temido e deve saber

lidar com a autoridade que possui, porém, mantendo seu respeito com a

equipe. Deve persistir em suas opiniões e estratégias, mas ceder quando

perceber que obteve contribuições positivas de seus liderados. Deve planejar

as ações do dia, semana e do mês, identificar dificuldades encontradas por

sua equipe, ações realizadas e alternativas para obter maior resultado em

menor espaço de tempo e com maior qualidade.

20

21

CAPÍTULO I

LIDERANÇA

CONTEXTO HISTÓRICO

“Homens e Mulheres desejam fazer um bom trabalho. Se lhes for dado o ambiente adequado, eles o farão – Bill Hewllett , Fundador da Hewllett – Packard” (O Monge e o Executivo, p. 97)

Há algum tempo percebe-se um grande aumento nos estudos que

focam a temática acerca das pessoas e suas motivações. Aquilo que leva

alguém a fazer algo por um período de tempo e o que fazer para torná-la mais

eficaz e assertiva no cumprimento de suas tarefas de maneira duradoura e

sustentável. Especialmente no âmbito corporativo, vemos um forte esforço em

desenvolver novas ideias e novas estratégias motivacionais. As empresas

tornaram-se mais exigentes, assim como os trabalhadores, que buscam não só

o trabalho em si como também a empregabilidade com a construção de um

plano de carreira de sucesso. Devido à complexidade do tema e de suas

inúmeras variáveis, a motivação tem sido objeto de vários estudos, pois tornou-

se um fator muito importante para a garantia de ótimos desempenhos

operacionais para as organizações. Afinal, está comprovado que na maioria

das vezes, um funcionário motivado produz mais e vai além daquilo que se

espera dele que alguém que não está.

Existem várias teorias sobre o assunto e a melhor maneira de aplicá-la

nos diversos tipos de modelos de gestão de pessoas que temos atualmente.

Em comum, nota-se que não basta ter um funcionário participativo e

colaborativo no que se refere à execução de suas atividades e sim, é

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importante ter trabalhadores engajados e comprometidos com a corporação

juntamente com seus objetivos.

Partindo do princípio que motivação é algo que fornece o impulso

necessário para que alguém aja de certa forma, essa “energia” pode ser

gerada pelo ambiente no qual a pessoa está inserida, ou seja, um fator externo

e pela mente do indivíduo, que relacionam-se com o conhecimento do mesmo,

suas crenças e paradigmas desenvolvidos ao longo de sua experiência de

vida. Leva-se então ao comportamento, que pode ser orientado de acordo com

esses estímulos (internos/externos) para a obtensão de um objetivo, no qual

sempre existe um desejo ou uma necessidade a ser preenchida.

Segundo Chiavenato (2004, p. 348), o comportamento humano nas

organizações é visualizado de maneira diferente pelas várias teorias da

Administração. Segundo ele, temos:

Teoria Clássica da Administração: Considera os funcionários da organização

como instrumentos passivos, cuja produtividade varia e pode ser elevada

mediante incentivos financeiros (remuneração de acordo com a produção)

condições físicas ambientais de trabalho favoráveis. É uma posição simplista e

mecanicista.

Teoria das Relações Humanas: Considera os funcionários da organização

como possuidores de necessidades, atitudes, valores e objetivos pessoais que

precisam ser identificados, estimulados e compreendidos para obter sua

participação na organização, ou seja, é uma condição básica para sua

eficiência e é uma posição limitada.

Teoria Comportamental: Considera que os funcionários da organização

percebem, raciocinam, agem racionalmente e decidem a sua participação ou

não participação na organização como tomadores de opinião e decisão e

solucionadores de problemas.

23

Segundo Lewin, o modelo de comportamento humano é o resultado ou

função da interação entre a pessoa e o seu ambiente ou situação de trabalho.

A Pessoa (trabalhador), nessa equação, é determinada pelas suas

características de personalidade em interação com o ambiente em questão. As

necessidades humanas são a representação de forças ativas impulsionadoras

que resultam na motivação e elas produzem padrões comportamentais que

variam de pessoa para pessoa, pois seus valores pessoais e os seus sistemas

cognitivos são diferentes. Com o passar do tempo, um mesmo indivíduo tem

suas necessidades alteradas pelas experiências vividas desde então,

juntamente com a alteração das suas necessidades, valores pessoais e

capacidades. Mesmo sendo inúmeras as diferenças entre as pessoas, o

processo que torna o comportamento humano dinâmico é similar para todos os

indivíduos. Ele é motivado, causado e orientado. (CHIAVENATO, 2004, p.296)

Entre as principais teorias desenvolvidas, Chiavenato, um dos grandes

pensadores dessa temática, elaborou uma na qual todo o comportamento

humano é motivado, causado e orientado por objetivos pessoais e pode ser

explicado pelo ciclo motivacional que seria divido em 6 etapas: Equilíbrio

interno, Estímulo ou incentivo, Necessidade, Tensão, Comportamento ou ação

e Satisfação da necessidade ou frustração ou ainda da compensação por meio

de outro comportamento derivado. (CHIAVENATO, 2004, p.320)

Já Herzberg, formulou uma teoria na qual ele identifica como principais

fatores do processo motivacional duas situações específicas na qual os

Fatores Motivacionais Intrínsecos, como o trabalho a ser executado, realização

pessoal, reconhecimento, ascensão profissional, responsabilidades tem um

peso maior, pois quando são atingidos, provocam satisfação. Estes fatores são

os que se referem ao conteúdo do cargo, às tarefas executadas e aos deveres

relacionados com o cargo em si (procedimento, fluxos e interfaces com demais

áreas da Empresa). São os Fatores Motivacionais que produzem algum efeito

duradouro de satisfação e de aumento de produtividade em níveis de

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excelência, isto é, acima dos níveis nominais. Para Herzberg, a motivação

engloba dentre outros, os sentimentos de realização, crescimento e de

reconhecimento profissional, manifestados por meio do exercício das tarefas e

atividades que oferecem um suficiente desafio e significado para o

colaborador.

As empresas criam ambientes físicos bonitos, limpos, ou criam uma série de programas ditos motivacionais que visam melhorar as relações humanas dentro delas. Na verdade, estão trabalhando com os fatores higiênicos e, ao mesmo tempo, estão desviando a ação dos fatores realmente motivacionais. (BANOV & FIDELIS, 2007, p.44)

Entende-se então que fatores motivacionais são internos e são

sentimentos gerados por cada indivíduo a partir do reconhecimento e da auto-

realização gerada por aquilo que ele fez.

Já os Fatores Higiênicos não elevam a satisfação, mas geram

insatisfação quando não atingidos. Esses fatores estão relacionados com o

ambiente no qual o colaborador executa suas tarefas e são fatores

determinados pela empresa, que fazem parte da sua cultura organizacional.

Os trabalhadores não possuem ação direta sobre eles, visto que eles são de

responsabilidade somente da companhia e de seus respectivos

administradores. Esses fatores são importantes para ajustar os trabalhadores

ao seu meio, porém não são determinantes para gerarem motivação ou

melhorar a produtividade a longo prazo. São fatores que referem-se às

condições que rodeiam o colaborador enquanto o mesmo trabalha, englobando

as condições físicas e ambientais da atividade a ser exercida, a remuneração,

os benefícios sociais, as políticas da companhia, o tipo de supervisão recebida,

o clima de relações entre a direção e os funcionários, os regulamentos

internos, as oportunidades existentes, autonomia funcional entre outros.

25

Os fatores higiênicos, de certa maneira, previnem o baixo desempenho. Assim, a melhora das condições de supervisão, da qualidade das relações humanas, da política da empresa, das condições físicas, dos salários e das práticas administrativas apenas evita que ocorra insatisfação. Um exemplo de fator higiênico é o salário: não motiva, mas a sua ausência ou um salário injusto leva à insatisfação. (BANOV & FIDELIS, 2007, p.44)

Herzberg considera os Fatores Higiênicos muitos limitados na sua

capacidade de influenciar poderosamente o comportamento dos trabalhadores.

A expressão "higiene" foi escolhida para refletir o seu caráter preventivo e para

mostrar que esses fatores se destinam simplesmente a evitar fontes de

insatisfação do meio ou ameaças potenciais ao seu equilíbrio do ambiente

organizacional. Quando esses fatores são atingidos, simplesmente evitam a

insatisfação, uma vez que sua influência sobre o comportamento, não

consegue elevar substancial e duradouramente a satisfação dos funcionários.

Porém, quando são precários, provocam insatisfação e isso sim pode afetar a

produtividade e capacidade operacional da companhia. (CHIAVENATO, 2004,

p.301)

Comparada com a Teoria de Maslow, já mencionada anteriormente, a

Teoria de Herzberg apresenta alguns pontos de concordância, visto que os

Fatores Higiênicos podem ser relacionados às necessidades básicas descritas

na Pirâmide de Maslow (itens 1,2 e parte do 3) enquanto que os Fatores

Motivacionais relacionam-se com as necessidades secundárias (3, 4 e 5).

Segundo Victor Vroom, pessoas possuem expectativas e esperam

recompensas sobre aquilo que produzem e concedem seu esforço em troca

destas. Há uma relação ampla entre os termos e isto leva à motivação. As

pessoas são complexas e cada uma possui sistema individual baseado nas

suas experiências e vivências. A motivação então seria o processo que orienta

a escolha de determinados comportamentos voluntários alternativos. Uma

26

pessoa poderá escolher entre fazer uma escolha entre as opções A, B ou C e

de acordo Vroom, a motivação desta pessoa para escolher uma das

alternativas dependeria basicamente de 3 fatores principais: do valor que ele

atribui ao resultado oriundo de cada opção (chamada de "valência"), da

percepção de que a obtenção de cada resultado está relacionada a uma

compensação (chamada de "instrumentalidade") e da expectativa que ele tem

de poder obter cada resultado (chamada de "expectativa"). (SILVIO LUIZ DE

OLIVEIRA, 1999, p.162)

Diante disso, para que alguém se sinta estimulado a realizar qualquer

tarefa é preciso que ela, ao mesmo tempo, atribua um determinado “peso” à

compensação que será obtida ao se fazer essa atividade, ela também deve

acreditar que realizando essa tarefa ela receberá a compensação esperada e

acreditar que tem condições de completar essa tarefa. Ou seja, motivação =

[expectativa] X [instrumentalidade] X [valor].

As diferentes compensações que serão obtidas ao se realizar as tarefas

A, B ou C terão diferentes valores para cada pessoa. Como exemplo, temos a

perspectiva de um novo emprego que poderá ter como valores positivos uma

remuneração maior e uma maior visibilidade e poderá ter como valor negativo

uma carga maior de trabalho e uma mudança para outra localidade

dependendo da pessoa que estiver analisando a situação em questão.

Identifica-se que a percepção das compensações ligadas aos resultados

varia para cada indivíduo, pois cada pessoa tem uma percepção diferente ao

se alcançar um certo resultado. Essa relação entre desempenho e

compensação, na linguagem de Vroom, é conhecida por "instrumentalidade".

Acerca da expectativa de alcançar o resultado, observa-se que uma

pessoa avalia as chances de ser bem sucedido ou não na obtenção de uma

determinada recompensa comparando os esforços necessários para tanto com

suas próprias capacidades adquiridas. Se ela entender que as chances ligadas

27

a esta alternativa são muito baixas, ela irá fazer sua escolha entre as opções

restantes. Se ela achar que todas as opções são impossíveis de serem

atingidas, ela não fará qualquer esforço para realizar esse trabalho.

Em paralelo, deve-se ter atenção ao se analisar a dimensão dos valores

atribuídos a uma compensação qualquer. O colaborador poderá considerar que

seja de enorme valor uma promoção não pelas perspectivas de carreira que

ela possa oferecer ou pelo aumento na remuneração em si, mas pelo fato de

que esse aumento vai permitir a ele realizar outra coisa que seja seu objetivo

principal (comprar uma casa, um carro, casar-se entre outros) em detrimento

dos demais. Neste sentido, a motivação não é um processo imutável e visto

que ela varia de pessoa para pessoa, em função de seus objetivos pessoais.

Em seu livro (Motivação 3.0), Daniel Pink traz uma nova visão sobre

qual seria a melhor maneira de manter os funcionários motivados. Ele

percebeu que em vários estudos, a ideia de que se deve premiar o

comportamento que se deseja e punir aqueles que não são aceitos pela

organização podem não funcionar e ser menos assertivos quanto ao que se

esperava efetivamente conseguir dos colaboradores.

Ele desenvolveu um estudo no qual se constatou que quando a tarefa a

ser executada tratava-se de uma atividade mecânica e que dependia pouco

das habilidades pessoais e intelectuais do colaborador, o aumento na

remuneração levava a um aumento de produtividade. Isso já havia sido

identificado anteriormente em outros estudos, mas o que realmente chamou a

atenção para esse trabalho foi a constatação de que quando a atividade

necessitava de maior capacidade cognitiva, o resultado era inferior ao

planejado. Isso demonstrou que o sistema de recompensas não funciona de

maneira igual em todos os cenários, pois para atividades que precisam de

talento e raciocínio, o dinheiro não serve e inclusive atrapalha como forma de

compensação e motivação.

28

Claro que o salário é um fator importante na relação colaborador X

organização, visto que as pessoas possuem necessidades básicas que

precisam ser atendidas com um salário justo, porém segundo os estudos de

Pink, para superarmos as metas estabelecidas bem como garantir que os

indicadores de desempenho operacionais sejam superados, o colaborador

deve ter, acima de tudo, autonomia para desenvolver suas ideias e não

somente receber um bônus ou qualquer recompensa exclusivamente em

dinheiro. Só assim, ele terá envolvimento e paixão por aquilo que ele faz e

consequentemente, trará melhores resultados para a corporação.

Percebe-se então que não se consegue motivar ninguém a fazer

qualquer coisa, mas se consegue facilmente inclinar as pessoas à

desmotivação. As pessoas são complexas demais para serem entendidas e a

motivação pode ser influenciada por diversas maneiras como por forças

ambientais, por simples impulso ou até mesmo por crenças pessoais. Sendo

assim, é importante que os líderes conheçam as necessidades de seus

liderados, procurando atendê-las, para que eles tragam a tona sua motivação

interior, beneficiando a si mesmo, a empresa e as pessoas a seu redor.

Como se não bastasse, Cavalcanti (2006, p.101) ainda lembra que

alguns indivíduos, ao realizar determinadas atividades, descrevem-se como

profundamente envolvidos, com o sentimento de estarem vivos e realizados.

Nesse estado, chamado de experiência de fluxo, Cavalcanti explica que as

horas parecem passar como minutos, havendo um funcionamento total do

corpo e da mente. E ainda cita que no caso do esporte, por exemplo,

encontramos com grande frequência essas experiências, portanto, podemos e

devemos estimulá-las no ambiente organizacional.

Nesse sentido, Cavalcanti (2006, p.101) descreve que o exercício da

criatividade também se associa a tal busca, pois, quando estamos imersos em

atividades criativas, sentimos que estamos vivendo de forma realmente

intensa.

29

O fato é que há diversas definições para motivação além das que já

foram citadas acima. Por exemplo, segundo Berelson & Steiner (1964):

“Motivação é um estado interno que dá energia, torna ativo ou move o

organismo, dirigindo ou canalizando o comportamento em direção a

objetivos”(p.89). Temos também a avaliação de Heckhausen que está mais

diretamente relacionada com a motivação no trabalho, na qual diz que:

Motivação é o empenho de aumentar ou manter tão alto quanto possível a capacidade de um indivíduo, a fim de que este possa alcançar excelência na execução das atividades das quais dependam o sucesso ou o fracasso da organização a que pertence. (HECKHAUSEN, 1967, p.32).

Existem diversos aspectos de trabalho e empreendedorismo que são

semelhantes, mas a ideia chave é que ao deixar que as pessoas se envolvam

com a tarefa e com a empresa como um todo criando um ambiente que dê

incentivos para que elas trabalhem com liberdade e interesse é melhor e traz

melhores resultados que construir um meio no qual elas fiquem limitadas e

ameaçadas.

No sítio wordpress.com temos alguns cases de sucesso sobre gestão e

liderança dos quais podemos destacar a necessidade de valorização dos

pontos forte dos colaboradores, conforme descrito a seguir:

“O maior ativo das organizações são os Pontos Fortes dos seus

colaboradores. Principalmente se estes são manifestados nas Posições

Certas. Porém, estes ativos muitas vezes não são bem compreendidos, nem

gerenciados.

Entendemos como Pontos Fortes, o conjunto de talentos,

conhecimentos, habilidades e experiências que propiciam o ótimo

funcionamento e desempenho diferenciado. Dentro desta equação é

importante conceituar o termo Talento.

30

Talentos são capacidades naturais, um conjunto de sentimentos,

pensamentos e comportamentos freqüentes que podem ser aplicados

produtivamente. São manifestações autênticas e portanto energizam aqueles

que os aplicam. Todos temos pontos fortes. Importante é saber quais são e

como podemos capitalizá-los.

A perspectiva dos Pontos Fortes aponta um caminho natural e bem

traçado para aprimorar a contribuição e o engajamento dos colaboradores. Faz

com que a complexa e muitas vezes negligenciada tarefa de gestão de

pessoas se torne significativamente mais fácil e atraente.

Esta abordagem é principalmente fundamentada por dois grandes centros de

estudos: a Penn State University e a Michigan Business School, esta última

com estudos centrados na aplicação da Psicologia Positiva e dos Pontos

Fortes voltados para gestão de negócios e de pessoas.

Hoje existe uma prática testada e aprovada destas abordagens, fazendo

com que mais e mais empresas revejam as suas praticas e adotem os Pontos

Fortes como principal estratégia na Gestão de Pessoas.

Esta abordagem gerou reformulações nos diversos processos de gestão

de pessoas, modificando a forma em que recrutamos e selecionamos, a forma

em que descrevemos os trabalhos, em que alocamos as pessoas de acordo ao

seus pontos fortes, em que fazemos coach, e em que desenvolvemos e

estabelecemos planos de sucessão.

A abordagem dos pontos fortes não implica em ignorar os pontos fracos.

Podemos lidar com eles usando os pontos fortes. Entre os resultados

observados nas organizações que usam essa abordagem podemos mencionar:

• Pessoas mais engajadas.

• As pessoas podem ser elas mesmas uma vez que os seus pontos fortes são

31

respeitados, tendo tanto impacto positivo tanto no desempenho como na

saúde psicológica e fisiológica das pessoas. Uma oportunidade para vantagem

competitiva.

As pessoas sabem que existe um “gap” entre a retórica e a prática de

Gestão de Pessoas. Existe por tanto uma grande oportunidade de obter

vantagens competitivas nas empresas que realmente tratam os Pontos Fortes

dos seus colaboradores como um ativo importante e que ao promover a

manifestação dos mesmos garantem a melhor contribuição.

Porém, poucas ainda compreendem que a melhor maneira de maximizar esta

contribuição é identificando, aproveitando e desenvolvendo os Pontos Fortes

dos seus colaboradores.

As pesquisas mostram que construindo os Pontos Fortes as

organizações irão:

1- Descobrir talentos não utilizados na organização: na medida em que os

Pontos Fortes dos colaboradores não são aproveitados, existem

talentos e energia não usados na empresa. Muito tempo e recursos são

gastos tentando melhorar a performance, porém pouco é dirigido a obter

o melhor das pessoas.

2- Entender as necessidades das pessoas para atrair e reter: As pessoas

gostam de usar seus Pontos Fortes: usando-os são mais confiantes e

se re-energizam. Uma empresa com base nos seus Pontos Fortes

acaba por ser mais atrativa no mercado de trabalho, especialmente para

a Geração Y. sem a oportunidade de aplicar as suas capacidades as

pessoas vão embora.

3- Melhorar a performance individual: A performance individual melhora

significativamente quando focamos nos Pontos Fortes, e são corroídos

quando focamos principalmente na correção dos pontos fracos. Se os

pontos fracos estão concentrados na falta de conhecimento, habilidade

32

ou experiência, o aprendizado ajuda a resolver. Porém, se a falta é

talento, torna-se muito mais difícil, já que estamos lidando com

capacidades naturais da pessoa.

4- Construir o engajamento dos colaboradores: o uso dos Pontos Fortes é

um dos principais impulsionadores do engajamento dos colaboradores,

que por sua vez está ligado à melhoria na retenção, qualidade,

satisfação do cliente, vendas, lucratividade e crescimento do negocio.

5- Desenvolver a flexibilidade: selecionados e alocados na base dos

Pontos Fortes – menos na base do “que fizeram”, e mais na base do

que “poderão fazer” numa variedade de papéis futuros - os

colaboradores tem mais vontade e são capazes de aceitar mudanças de

papéis e de organizações.

6- Melhorar o trabalho em equipe: o foco nos Pontos Fortes da equipe

permite a alocação eficaz de tarefas e, com maior flexibilidade de

papéis, encoraja a cooperação. As emoções positivas geradas pelo uso

dos Pontos Fortes promovem a integração social.

7- Aumentar a diversidade e inclusão positiva: A compreensão dos Pontos

Fortes encoraja as pessoas a valorizar as diferenças. A pessoa que me

parece tão distante tem um papel vital a exercer e pode me poupar das

tarefas que menos prefiro. As equipes que são montadas com pessoas

diferentes tendem a ser mais criativas e com melhor performance.

8- Aumentar a abertura a mudança e a capacidade de lidar com

mudanças: O uso dos Pontos Fortes gera emoções positivas que

facilitam a performance ampliando a perspectiva mental das pessoas,

encorajando-as a descobrir novas formas de pensar e agir, construindo

resiliência e a capacidade de lidar com os efeitos dos eventos negativos.

9- Lidar melhor com a inadequação: A perspectiva dos Pontos Fortes nos

permite entender a inadequação a um trabalho como uma má

33

combinação entre os Pontos Fortes da pessoa e a Posição Inadequada

que ocupa, ao invés de ausência de talentos. Um colaborador

inadequado na posição com um melhor conhecimento de si mesmo e do

que faz melhor tem mais probabilidade de encontrar um trabalho que se

ajuste a ele/ela no futuro.

10- Contribuir para o bem-estar e realização plena dos colaboradores: Além

de ser mais provável que atinjam as metas, as pessoas que usam seus

Pontos Fortes experimentam níveis mais altos de energia, bem-estar e

autenticidade (sentir que estou sendo quem eu sou, ao invés de viver

uma vida que não é minha). Esta combinação de benefícios

organizacionais e individuais oferece a possibilidade de ganho duplo e

com ele a oportunidade de criar um local de trabalho de alta

performance no qual os colaboradores engajados e satisfeitos darão

consistentemente o melhor deles.

Sendo assim a abordagem dos Pontos Fortes revelou-se pragmática, pois

se concentra em aspectos positivos que podem ser aplicado produtivamente, e

humanista, por respeitar e fomentar o melhor que existe em cada um.”

(link para o artigo: http://maisrh.wordpress.com/artigos/hugo-nisembaum/o-business-case-

%E2%80%93-gestao-de-pessoas-nas-organizacoes-com-base-nos-pontos-fortes/)

Alguns pensadores discordam da maneira com a qual as organizações

criaram uma forma de motivar seus funcionários. Em sua obra (Punidos pelas

recompensas), Alfie Kohn descreve diversos problemas relacionados à

questão dos incentivos e recompensas no ambiente de trabalho como forma

de motivar pessoas a adotarem novos comportamentos. Em sua

argumentação, ele questiona a efetividade dos sistemas que temos

atualmente, pois a crença de que as pessoas executarão melhor o trabalho se

lhes forem prometidos algum tipo de incentivo não é uma verdade absoluta.

Considera-se complicado delimitar até onde a maioria dos administradores de

empresas acredita no retorno da aplicação de um sistema de recompensas em

suas organizações. Porém, não há dúvidas de que muitas organizações

34

utilizam algum tipo de programa de incentivos para motivar seus funcionários

vinculando a remuneração ao batimento de alguma meta ou a algum indicador

de desempenho. Raramente percebe-se algum questionamento quanto a essa

crença de que as pessoas de fato apresentarão melhores resultados quando

expostas a este tipo de estimulo e são difundidas diversas práticas para sua

aplicabilidade. Isso está mudando, pois estudos recentes em laboratórios,

locais de trabalhos, salas de aulas entre outros ambientes, demonstram que

nem sempre esse sistema atua de forma positiva na criação de um ambiente

motivado e produtivo. Ao contrário, estes estudos sugerem que as

recompensas podem gerar distúrbios que podem interferir negativamente nos

processos que deveriam ser fortalecidos por elas.

Segundo a ótica de Kohn, a teoria do comportamento, originada com

experiências em animais em ambientes controlados, foi responsável pela

elaboração de programas de incentivos, como aqueles que premiam ou

condicionam um aumento na remuneração ao batimento de metas, bônus

anuais, opções de compras de ações aos mais altos executivos, bem como a

concessão de premiações especiais e distintas aos empregados do mês,

assim como a segmentação de vendedores e a vinculação de suas comissões

aos que estão nos mais altos quartis. As opções de incentivos e recompensas

são inúmeras e hoje, verifica-se que até mesmo gestores de vanguarda, que

incentivam a parceria e o trabalho em equipe, a administração participativa e

estão preocupados em aprimoramentos constantes, acreditam e insistem na

aplicação do sistema de recompensas para implementação e manutenção

dessas reformas. A motivação seria então como uma espécie de suborno para

que possamos conseguir aquilo que precisamos, no qual a maneira com a qual

o utilizamos pode ter mudado com o passar dos anos, mas essencialmente, a

nossa confiança nos subornos, na doutrina behaviorista, continua a mesma de

sempre.

Kohn questiona o fato de que os poucos estudos que analisam esse

sistema de recompensas limitam-se a criticar os detalhes de sua implantação.

35

A impressão geral é que se precisa somente definir a métrica de cálculo do

indicador, do seu incentivo correspondente e definir as regras para a

concessão do benefício que todos os problemas estarão automaticamente

resolvidos. Verificando a literatura acerca deste assunto nos últimos 40 anos,

compreende-se que houve pouca evolução neste sentido e que o pensamento

praticamente não mudou.

Não é que o sistema de recompensas não funcione, mas os estudos

mostram que, de modo geral, as recompensas são eficazes para se obter

algum tipo de aceitação temporária, mas não afetam atitudes e

comportamentos. Se o objetivo for obter uma mudança sustentável e contínua

a longo prazo, observa-se que tanto as recompensas quantos as punições são

ineficazes, pois quando esses incentivos esgotam-se as pessoas retomam o

comportamento anteriormente adotado. Como exemplo dessa dinâmica, há

estudos nos quais se comprova que o oferecimento de incentivos para perder

peso, parar de fumar, usar o cinto de segurança em automóveis além de não

mudar o comportamento do indivíduo, pode piorá-lo. Atitudes que são o

alicerce do nosso comportamento não são alteradas por motivadores

extrínsecos, pois não criam nenhuma ideia de compromisso permanente em

relação ao indivíduo e à tarefa a ser executada. Eles apenas têm o poder de

alterar o que estamos fazendo por um curto espaço de tempo.

Kohn sinaliza que quanto à produtividade, diversos estudos concluíram

que trabalhadores que realizam uma tarefa esperando conseguir algum tipo de

incentivo ou recompensa são menos produtivos que aqueles que não esperam

qualquer tipo de retorno. Ele cita que vários estudos orientados para essa

temática constataram que em adultos e crianças quanto mais as habilidades

cognitivas e pensamentos abertos eram importantes para a conclusão da

tarefa, piores eram os resultados daqueles que trabalharam com o intuito de

obter algum tipo de recompensa ao final da tarefa. Esperava-se que as

recompensas seriam garantias de melhores resultados, mas não foi esse o

resultado conseguido. O problema é que a maioria dos artigos publicados,

36

geralmente focam nos resultados das variações das condições de incentivo e

pouco abordam a questão da recompensa baseada no desempenho em si

tenha efetivamente elevado seus níveis.

Estudos baseados em remuneração sugerem correlações mínimas e até

negativas entre remuneração e desempenho, principalmente nos níveis e

cargos mais altos. Esses trabalhos levem a crer que a remuneração mesmo

que maior, não significa um aumento no desempenho na mesma proporção e

a ideia de tentar recompensar qualidade pode ser infrutífera. Kohn citou um

trabalho realizado nos anos 80, feito por Richard A. Guzzo, Professor de

Psicologia da Universidade de Maryland em conjunto com Professores da

Universidade de Nova York no qual foram feitos uma meta-análise de cerca de

330 comparações de 98 estudos sobre como os programas de intervenção

influenciam a produtividade das pessoas em seu ambiente de trabalho. Os

números pareciam em um primeiro momento, indicar uma relação positiva

entre incentivos financeiros e produtividade, mas, devido às enormes variações

de um estudo para o outro, os testes estatísticos indicaram não existir um

efeito significativo global. Ou seja, os incentivos financeiros não tinham relação

com o número de trabalhadores e suas respectivas produtividades. Pelo

contrário, mostrou-se que os programas de treinamento e de fixação de metas

tinha um efeito muito maior na produtividade e na qualidade do serviço

executado do que os planos de remuneração baseados em desempenho.

Como as recompensas nos fazem obter uma aceitação temporária

daquilo que esperamos que seja feito, parece que inicialmente todos os

problemas estruturais, processuais e de interface entre as equipes foram

resolvidos com uma ação simples e direta sobre o problema. Contudo, deve-se

dar atenção especial aos efeitos negativos que elas causam a longo prazo,

pois o custo para qualquer empresa para tentar corrigir sistemas de

remuneração baseados em recompensas pode ser grande e acabar gerando

efeito sobre a existência da própria empresa em si. As falhas fundamentais do

próprio behaviorismo condenam a chances de influenciar uma mudança de

37

comportamento ou melhorar o desempenho a longo prazo por meio de

recompensas.

Kohn analisou também uma estrutura de seis pontos que avaliava os

custos reais de um plano de incentivos, a qual temos os seguintes princípios:

A remuneração não é um motivador: Pode parecer surpreendente e

até absurdo, pois o dinheiro compra coisas que as pessoas precisam e

querem. Além disso, quanto menos dinheiro se recebe, é provável que mais

as pessoas irão se preocupar com os problemas gerados pela falta dele. Em

diversos estudos, identificou-se que quando as pessoas eram questionadas

sobre o que elas achavam que teria mais importância para seus gerentes e

diretores elas acreditavam que o dinheiro seria a maior preocupação no meio

de uma lista de prioridades. Porém, quando questionadas sobre que as

preocupava mais, a remuneração aparecia frequentemente em quinto ou sexto

lugar. Isso mostra que mesmo que as pessoas estivessem preocupadas com

sua remuneração, o fato não prova que dinheiro apenas seria um motivador e

não há um estudo concreto que possa permitir se supor que pagar mais irá

estimular e motivará as pessoas a trabalharem e produzirem mais e melhor.

Falta de dinheiro pode gerar insatisfação e irritação, no entanto mais dinheiro

não significa necessariamente um aumento de satisfação e muito menos de

motivação.

As recompensas punem: Para muitos administradores, coerção e

medo minam com a capacidade motivacional e criam pessoas reativas e

defensivas. Isso é contra todo o entendimento atual de liderança no mundo

corporativo, pois essas ações podem gerar movimento para que uma tarefa

seja realizada, mas nunca uma motivação para as pessoas que as executarão.

O que os administradores não percebem é que esse conceito também vale

para as recompensas. Tanto a punição quanto a recompensa têm efeito

punitivo porque são manipulatórias, ou seja, “Faça isso e conseguirá aquilo”

não é diferente de “Faça isso e verá o que acontece”. Quando se observa o

38

cenário no qual o sistema de recompensas é aplicado em organizações, é

possível identificar que quando a recompensa é muito desejada e ela é

condicionada a certos comportamentos, os administradores manipulam os

subordinados e é provável que com o tempo, a experiência de ser manipulado

assuma uma forma punitiva. Outro fator é que quando não se atinge as metas

estabelecidas e deixa-se de ganhar a recompensa, essa ação acaba por ter

um caráter punitivo também. O ambiente organizacional acaba se tornando um

local no qual as pessoas sentem-se pressionadas, controladas e não se torna

um ambiente favorável à pesquisa, aprendizagem e ao progresso.

As recompensas rompem relacionamentos: Quando se briga por

recompensas, o clima e o relacionamento entre os funcionários é abalado em

alguns momentos. Pesquisas indicam que programas de incentivo e sistemas

de avaliação de desempenho que acompanham constantemente o trabalhador

reduzem as possibilidades de cooperação entre as pessoas e sem trabalho em

equipe não há qualidade. Há diferentes formas de abalar a cooperação mutua

dos funcionários, principalmente quando se obriga as pessoas a competirem

por recompensas ou reconhecimento ou classifica-as entre si. Quanto mais

essas diferenças são valorizadas, mais nocivo será o impacto, pois aumenta o

sentimento de perda e incapacidade daqueles que perderam. O mesmo ocorre

na relação entre os gestores e suas equipes, pois pode levar a uma falta de

confiança dos seus subordinados junto aos seus líderes. Neste caso, ao invés

de pedir ajuda para resolver determinado problema, elas passarão a esconder

os erros encontrados ou tentarão passar a sensação de que está tudo sob

controle para aqueles que são os outorgantes de incentivos.

As recompensas ignoram razões: Para resolverem qualquer problema

no ambiente de trabalho, os administradores precisam ser capazes de

identificar suas reais causas. Não cabe neste sentido, confiar que apenas a

aplicação de incentivos será suficiente para resolver as diferentes questões

que podem surgir. É preciso tratar bem os funcionários, estar presente junto a

eles, aplicar feedbacks úteis e construtivos, apoio social e oportunidades de

39

autodeterminação. Essa é a essência da boa administração. A remuneração

por desempenho, ao invés de incentivar e melhorar o relacionamento entre

gestores e liderados pode na verdade, prejudicar os gestores na capacidade

de administrar e distanciá-los da realidade de suas equipes.

Recompensas desestimulam a aceitação de riscos: Quando se

estimula as pessoas a pensarem naquilo que irão ganhar empenhando-se em

uma atividade, elas tornam-se menos propensas a assumir riscos ou explorar

possibilidades, novas maneiras de realizar o trabalho de forma eficiente e

prática. Ao se recompensar o funcionário pela sua produtividade, a sua

criatividade é prejudicada, pois a excelência e as recompensas seguem em

rumos opostos. A pessoa torna-se menos investigativa e propensa a pensar

em novas ideias, pois seu foco será limitado a terminar a tarefa o mais breve

possível e atingir a meta pré-estabelecida de forma rápida. Tenta-se minimizar

o desafio da tarefa a fim de terminá-la mais rápido.

Recompensas abalam o interesse: Quando o foco torna-se a

superação de determinada meta, nenhuma motivação externa é mais eficiente

que a motivação intrínseca. As pessoas que fazem um trabalho excepcional

ficam satisfeitas por serem bem pagas, mas elas não trabalham pelo

pagamento e sim, porque gostam daquilo que fazem. Gostar do que faz é a

chave para se dedicar mais e ir além, superando metas e desafios. Assim

como as punições, as recompensas podem atrapalhar essa motivação

intrínseca que termina em um excelente resultado. Quando se trabalha no

sistema de recompensas, o funcionário entende que está sendo pressionado a

realizar o trabalho. Ele sente-se controlado e quanto mais controlado ele se

sentir, maior a tendência de se perder o interesse na atividade com a qual se

está lidando. Isso ocorre porque para o colaborador, se ele está recebendo um

ganho extra para realizar tal trabalho, há a percepção de que a atividade seja

algo que ele não desejaria fazer e acaba por deixá-lo menos entusiasmado

com sua atividade.

40

CAPÍTULO III

Aplicabilidade no Meio Corporativo

“Uma jornada de duzentos quilômetros começa com um simples passo.” (O Monge e o Executivo, p. 97)

Diante do exposto, a maior dificuldade dos Administradores é encontrar

a melhor maneira de aplicar um modelo de gestão e liderança que seja mais

eficaz quanto a gerar uma motivação adequada, constante e que dessa forma,

possa garantir que os indicadores de desempenho sejam constantemente

atingidos e superados, tornando a organização cada vez mais próspera e

estabilizada no mercado no qual atua.

Com base nas principais teorias tradicionais de motivação, de acordo

com Silvio Luiz de Oliveira (Sociologia das Organizações. Uma análise do

Homem e das Empresas no Ambiente Competitivo, 1999, p.163), a

organização precisa ter uma estratégia de liderança forte, motivada e vibrante

na qual o líder deve ter ciência e entendimento do seu papel como referencial

para os demais colaboradores no que se refere a atitudes e comportamentos a

serem seguidos e que suas boas ações devem contagiar todos os que o

cercam.

Deve-se estar consciente que não é possível motivar pessoas, mas que

é possível criar um ambiente no qual as pessoas sintam-se motivadas a

realizarem suas tarefas com excelência, para agirem e obterem um

determinado resultado ou evitar um resultado indesejável. O que motiva as

pessoas são suas necessidades e desejos, e cabe ao líder, identificar qual a

motivação do profissional, o que ele espera conseguir e quais suas metas

pessoais para então orientá-lo da melhor maneira para que ele atinja esses

tais objetivos.

41

Outra questão importante citada por Silvio Luiz de Oliveira e já citada

anteriormente, é que a motivação varia de indivíduo para indivíduo. Cada

pessoa tem a sua motivação pessoal e é ela quem o fará produzir mais e se

tornar cada vez mais comprometido com a organização.

O líder também deve acompanhar seus colaboradores e aplicar

feedbacks constantes para mostrá-lo como ele está indo e posicioná-lo acerca

do seu desempenho, se ele está atingindo suas metas ou não e em qual

estágio ele se encontra. É importante para o colaborador saber como o

trabalho individual dele é importante para a organização e como ele se encaixa

nos objetivos da empresa.

As recompensas podem ser dadas de diversas formas, porém vale

destacar o elogio. Deve-se reconhecer o valor pessoal e saber que as pessoas

cometem erros, mas que seus acertos são devidamente reconhecidos e

divulgados para o restante do Time, para que todos se sintam motivados a

continuar realizando suas tarefas de forma bem feita.

Algumas pessoas mostram-se extremamente influenciáveis e outras são

mais habilidosas na tarefa de induzir os demais. Entre esses, os mais

perigosos são os reativos, que reagem negativamente ao enfrentarem qualquer

tipo de mudança e que conseguem espalhar esse sentimento de derrota e

pessimismo para os demais membros do grupo. É preciso identificá-los e

neutralizá-los o quanto antes, pois por mais que a organização tenha um

ambiente e políticas adequadas ao processo motivacional dos seus

funcionários, algumas pessoas simplesmente nunca estão satisfeitas com a

empresa. Elas podem interferir nos resultados da organização e por isso,

merecem atenção especial. Além do acompanhamento individual do

funcionário e de suas emoções, o líder precisa ter uma capacidade especial

para conseguir identificar o que pode estar prejudicando o desempenho de

seus liderados.

42

Segundo Silvio Luiz de Oliveira (Sociologia das Organizações. Uma

análise do Homem e das Empresas no Ambiente Competitivo, 1999, p.164),

aplicando essas teorias, é possível que a empresa corrija falhas e carências

administrativas de modo a melhorar o desempenho de seus funcionários e

garantir o comprometimento organizacional e aderência aos indicadores de

performance estabelecidos pela empresa para os colaboradores. É um ciclo

formado basicamente por um sistema de desempenho, recompensas e reforço

que será repetido diversas vezes sem uma data fim.

As pessoas variam bastante no modo como reagem a determinadas

situações relativas aos seus trabalhos e podem haver diversas necessidades

em ação ao mesmo tempo ou ainda, podem existir outros fatores além das

necessidades não satisfeitas influenciando a motivação dos colaboradores.

Isso torna o tema extremamente complexo, visto que é difícil mapear e agir

diretamente sobre todas as variáveis. Por isso, espera-se que o líder esteja em

constante aprendizagem e evolução para que o mesmo seja capaz de aplicar

técnicas que estejam em sintonia direta com a organização e a maneira com

que ela trata seus funcionários, assim como do resultado que ela espera dos

mesmos.

Assim, os gestores devem estar atentos às atividades que provocam tal estado emocional em seus colaboradores – a experiência tendo valor por si,mais especificamente, estimular a criatividade no ambiente de trabalho. (Cavalcanti, 2006, p. 101)

Então, observa-se que a motivação está diretamente ligada à Liderança

bem sucedida, uma vez que o Líder é o responsável por identificar e,

principalmente, trabalhar as questões individuais de cada um de seus

liderados.

43

CONCLUSÃO

Avaliando toda a temática do assunto abordado, verifica-se que a

motivação é uma questão extremamente complexa, dinâmica, mutável e fluida.

Ela muda e transforma-se de acordo com o contexto histórico pelo qual se

encontra assim como seu entendimento pelos estudiosos que se dedicam ao

aperfeiçoamento de suas ideias. Ela muda com o ser humano e seu respectivo

estágio de desenvolvimento pessoal, profissional, acadêmico, variando no

tempo e no espaço, de acordo com o meio e o indivíduo. Além de mudar de

pessoa para pessoa, ela muda no mesmo indivíduo em épocas e situações

diferentes. Seus fatores ou razões, ou seja, os seus motivos humanos,

denotam forças diversas, tanto em pessoas e situações diferentes, quanto na

mesma pessoa em situação e momentos distintos. Isso deixa perceptível a

ideia de que uma ação considerada adequada hoje, poderá ser considerada

um erro no momento seguinte dependendo da personalidade do indivíduo (sua

maturidade, experiência de vida, inteligência, caráter, valores pessoais,

atitudes, expectativas e percepções) e da situação (com seus inúmeros fatores

determinantes e influências ambientais, pessoais, financeiras, políticas,

econômicas, religiosas, sociais, psicológicas, culturais, educacionais,

científicas, técnicas, gerenciais e administrativas).

A motivação é o principal combustível para que se consiga o sucesso na

execução de qualquer tarefa, assim como para se superar os objetivos

definidos para ela, tanto em um empreendimento coletivo quanto em um

trabalho individual. Não há espaço no mundo atual para um administrador que

não esteja comprometido com a temática da motivação nas organizações e

suas questões bem como sua aplicabilidade na sua estrutura organizacional.

Ao elaborar este trabalho, procurou-se mapear e analisar as mais importantes

teorias e abordagens desenvolvidas para a liderança de diferentes

profissionais em qualquer área de atuação, com as suas inerentes questões e

direcionamentos. Também buscou-se trazer as mais variadas visões e

entendimentos dos mais diferentes autores para facilitar o entendimento do

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assunto dando-se uma visão macro e abrangente quanto aos aspectos

positivos e diferenciais destas teorias e abordagens, bem como a importância

da motivação para o trabalho em qualquer ambiente profissional.

A administração e a motivação possuem uma relação de parceria e

andam juntas garantindo o sucesso de uma empresa e a evolução profissional

de seus funcionários. Juntas, elas resultam em ações que visam a melhoria do

ambiente corporativo para que a motivação e venha trazer bons resultados

para as organizações. O relacionamento existente entre liderança e motivação

com a finalidade de mostrar como transformar uma organização para torná-la

competitiva e com uma longa existência.

45

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

HUNTER, James C. O Monge e o Executivo: Uma História sobre a essência da liderança. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2004. OLIVEIRA, Silvio Luiz. Sociologia das Organizações. Uma análise do Homem e das Empresas no Ambiente Competitivo. São Paulo: Ed. Pioneira, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2004 DAVIS, Mark; CHASE, Richard B.; AQUILIANO, Nicholas J. Fundamentos da administração da produção. São Paulo: Ed. Bookman. 1999. MONTANA, Patrick J. ; CHARNOV, Bruce H. Administração. São Paulo: Saraiva, 1999. PINK, Daniel. Motivação 3.0. Rio de Janeiro: Ed. Campos, 2010. BERELSON, Bernard; STEINER, Gary Albert. Human behavior: an inventory of scientific findings. California: Ed. Harcourt, Brace & World, 1964. HECKHAUSEN, Heinz. The anatomy of achievement motivation. Nova York, Ed. Academic Press, 1967. BANOV, Marcia R.; FIDELIS, Gilson J. Gestão de Recursos Humanos. 2ª Ed. São Paulo: Érica, 2007. 188 p. BERGAMINI, C.W. Motivação. São Paulo: Atlas, 1996. CAVALCANTI, Vera L. Liderança e Motivação. Rio de Janeiro: FGV, 2006. VERGARA, Sylvia C. Gestão de Pessoas. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2000.

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WEBGRAFIA

Administradores.com.br. Autor Anônimo Artigo. Liderança nas Organizações I. <URL:http://www.administradores.com.br/artigos/lideranca_nas_organizacoes_i/10352/. Data de acesso: 20/07/2012. Administradores.com.br. Cruvinel, Michele Dias. Artigo: Motivação Organizacional, o desafio! <URL:http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/motivacao-organizacional-o-desafio/45291/ Data de acesso: 21/07/2012. Carreira & Sucesso Newsletter. Teixeira, Samara. Artigo: Feedback X Avaliação de desempenho: <URL:http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/gestao-rh/feedback-x-avaliacao-de-desempenho. Data de acesso: 20/07/2012. Mais RH Blog sobre gestão de pessoas. Abreu, Vanderlei. <URL:http://maisrh.wordpress.com/artigos/hugo-nisembaum/o-business-case-%E2%80%93-gestao-de-pessoas-nas-organizacoes-com-base-nos-pontos-fortes/ Data de acesso: 25/07/2012.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Liderança Conceito Histórico 10

CAPÍTULO II

Motivando Pessoas 21

CAPÍTULO III

Aplicabilidade no Meio Corporativo 40

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

WEBGRAFIA 46

ÍNDICE 47