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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A INFLUÊNCIA DO COMPUTADOR NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA POR: KATIA DE REZENDE OLIVEIRA ORIENTADORA: FABIANE MUNIZ RIO DE JANEIRO MARÇO/2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DO COMPUTADOR NO

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA

POR: KATIA DE REZENDE OLIVEIRA

ORIENTADORA: FABIANE MUNIZ

RIO DE JANEIRO

MARÇO/2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DO COMPUTADOR NO

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA

OBJETIVOS: Verificar a importância da psicomotricidade no

desenvolvimento psicomotor de uma criança que

passa a maior parte do seu tempo disponível em

frente a um computador.

RIO DE JANEIRO

MARÇO/2004

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AGRADECIMENTOS

A todos os meus colegas de turma que

sempre me incentivaram; a minha orientadora

Fabiane pelo carinho e atenção; ao meu

namorado Alexandre e às minhas amigas

Cláudia e Kátia.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia aos meus amados

sobrinhos: Matheus, Liz, William e Paulo

Vitor, fonte de inspiração para um trabalho

feito com muito amor.

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RESUMO

A harmonia do desenvolvimento com todos os seus componentes é

tão importante quanto a aquisição de tantas performances numa determinada

idade, ou de tantos centímetros. Não se trata para criança de realizar uma

corrida de obstáculos, o mais rapidamente possível, mas desenvolver seu

corpo e sua mente de maneira equilibrada.

Um pouco por todo o mundo, a evolução desregrada no que diz

respeito à construção de zonas habitacionais e comerciais reduziu de forma

drástica os espaços verdes e de lazer onde crianças e jovens desenvolvam as

suas aventuras, jogos e brincadeiras. Hoje a maioria associa o seu tempo livre

à possibilidade de passar todo o dia em casa experimentando aquele novo jogo

de computador, visionando programas novos de televisão, videogames, etc.

Fatos esses que levam ao sedentarismo precoce dessas crianças e a um

desenvolvimento psicomotor comprometido.

Este trabalho mostra através de pesquisas bibliográficas, pesquisa

de campo e internet que há uma grande preocupação com nossas crianças que

passam horas a fio em frente ao computador, e que existem formas de

equilibrar o uso dessa máquina tão poderosa com as brincadeiras que ficaram

no passado mas tão importantes para o nosso desenvolvimento.

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METODOLOGIA

A metodologia idealizada se destina a fundamentar o conteúdo do

trabalho, tornando o tema apresentado mais atraente e de fácil compreensão.

Através de pesquisas bibliográficas, pesquisa de campo, internet e

observação de M. de 10 anos de idade, pude enriquecer minha monografia.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 8

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 8

CAPÍTULO II 27

O COMPUTADOR E A CRIANÇA 27

CAPÍTULO III 35

O COMPUTADOR E O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 35

CAPÍTULO IV 40

PROBLEMATIZAÇÃO 40

CAPÍTULO V 47

DEPOIMENTOS DE PAIS 47

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 53

ANEXOS 54

ÍNDICE 58

FOLHA DE AVALIAÇÃO 60

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INTRODUÇÃO

O trabalho consiste em verificar a importância da psicomotricidade

na reeducação psicomotora de crianças que apresentam problemas no seu

desenvolvimento psicomotor por ficarem a maior parte de seu tempo disponível

em frente a um computador.

A psicomotricidade é a relação do pensamento e da ação,

envolvendo também a emoção. Tendo em mente estes fundamentos, devemos

proporcionar situações para que nossas crianças tirem maior proveito de suas

experiências solidificando uma base e conseqüentemente, representando um

futuro de habilidades e sucesso.

Nos dias de hoje, a preocupação continua sendo a mesma: da

criança interagir em grupo e desenvolver-se. Porém os meios que favorecem

esse acontecimento mudaram do lúdico para o super tecnológico. A criança

perde muitas horas em frente ao computador e não aproveita o tempo livre com

atividades que trabalhem o corpo e a criatividade, acarretando problemas de

coordenação motora, equilíbrio, sedentarismo precoce, etc.

Segundo Esteban Levin (1997), a infância existe atualmente como

um objeto de consumo. A criança não brinca mais, para ficar na frente da TV,

computador e brinquedos eletrônicos. Se diz que existem crianças muito

inteligentes, mas pouco criativas, justamente por estarem presas ao

computador.

Devemos ficar atentos ao desenvolvimento da criança, procurando

sempre reconhecer os progressos e as dificuldades. O elogio tanto serve de

reforço para o bom resultado, como serve de incentivo para melhorar o que

ainda não é satisfatório.

Através da psicomotricidade podemos levar progressivamente a

criança ao controle e domínio de seu próprio corpo.

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CAPÍTULO I

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

“Devemos amar o nosso corpo com o mesmo

amor que amamos a Deus.”

Santo Tomás de Aquino

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O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

Durante o período de gestação ocorre o desenvolvimento do corpo,

do feto. Órgãos, músculos, ossos e todo o sistema nervoso se preparam para

um funcionamento independente da mãe e mais auto-suficiente.

Após o nascimento, a criança passará vários anos de sua vida se

aperfeiçoando. Seu corpo ainda necessitará de ajustes que surgirão com o

passar do tempo e com as experiências vividas. A criança deverá aprender.

Aprender a comer, falar, andar, correr, se proteger, se comportar, brincar, ler,

escrever e muito mais.

Aprender significa “adquirir experiência, adquirir conhecimentos,

reter na memória”. Estas são as etapas da aprendizagem, as quais superamos

de forma natural. Inicialmente o nosso corpo é o instrumento que nos permite

experimentar o mundo. Descobrimos como controlar este corpo e a partir daí,

conhecemos o mundo. Com o conhecimento vivenciado o cérebro começa a

armazenar as informações que despertam nossa atenção, o que consideramos

importante e que jamais esqueceremos. As experiências motoras (realizadas

com o próprio corpo) permitem o contato com o mundo e, conseqüentemente,

proporcionarão o amadurecimento e a aprendizagem.

Após longo período de descobertas e armazenamento de

informações começa a surgir a necessidade de relacionar o que guardamos

com as novas situações vividas. Devemos agora nos adaptar a novas

situações utilizando o nosso pensamento. Estas mudanças são mais

significativas durante os primeiros anos de vida e determinarão os futuros

comportamentos e habilidades. A maneira como a criança percebe o mundo

será responsável pelos processos de desenvolvimento e maturação (mudanças

físicas e comportamentais). O desenvolvimento é um processo contínuo

interligado a maturação.

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O desenvolvimento psicomotor evolui paralelamente ao

desenvolvimento mental. A motricidade apresenta-se como reação global onde

os fenômenos motores e psicológicos se entrelaçam.

A criança deve saber o que pode fazer, como pode fazer e quando

pode fazer. Ela só aprenderá fazendo. Não é ouvindo a maneira de fazer, mas

sim experimentando por si mesma.

Quanto mais cedo permitir que a criança realize por si mesma as

atividades, melhores serão os resultados. Permita que ela segure a mamadeira

ou a colher, o copo, coloque a água no copo, abra as gavetas, lave as mãos,

tome seu banho, escove os dentes, penteie os cabelos, vista a roupa, calce as

meias e sapatos.

Sabemos que muitas vezes o relógio é um grande inimigo, mas não

podemos esquecer o quanto é importante para a criança realizar estas

atividades. Quanto mais cedo ela começar a treinar, melhor e mais rápido ela

os executará.

Este passo também é importante para desenvolver a independência

da criança. Independência resultará em amadurecimento.

Desde cedo a criança também deverá se organizar e ter

responsabilidades. Estabelecer rotinas e regras (quando fazer e como fazer)

através de brincadeiras, ficará bem mais fácil e agradável.

A importância de um ambiente rico em estimulações é sem dúvida

essencial ao desenvolvimento psicomotor pleno e saudável.

“Aprendendo a aprender com a psicomotricidade“ - Simone de Salles

C. S. Almeida, professora e psicomotricista do Núcleo de Aprendizagem

Integrada – 1998.

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1.1 - Conceito

1.1.1 - O Desenvolvimento Motor Segundo Vitor da Fonseca

Fonseca considera a motricidade como psicomotricidade e meta

motricidade. Esta motricidade não se fica só pelo plano motor, mas vai muito

mais além.

O ser humano possui estruturas neurológicas sobrepostas sobre

outras estruturas mais básicas. Estas estruturas permitem o simbolismo, a

linguagem, etc. Desde o nascimento que o ser humano traz essas estruturas,

implicadas no comportamento, e são elas que permitem o aparecimento da

linguagem.

O desenvolvimento do ser humano, quer no aspecto neurológico,

quer motor, realiza-se no mundo ”sócio-cultural”, num meio ao qual o sujeito

tem que se adaptar e apropriar-se da experiência sócio-histórica.

Para Fonseca (apud PÉREZ, 1994, p. 55): “A ontogênese da

motricidade começa com o que denomina a primeira dimensão maturativa ou

inteligência neuro-motora”. Esta primeira dimensão é composta por

comportamentos inatos e organização “tônico-emocional“. A inteligência

neuromotora, segue-se à inteligência sensório-motora. Esta fase, vai dos 2 aos

6 anos e nela se incluem atividades motoras de locomoção, preensão e

suspensão.

A fase seguinte foi denominada de inteligência perceptivo-motora.

Está relacionada com a noção de corpo, lateralidade, orientação no espaço e

no tempo.

Por último, Fonseca (1984) fala da inteligência psicomotora, que

integra as anteriores e permite a ação no mundo.

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1.1.2 - O Desenvolvimento Motor e Desenvolvimento Perceptivo-

Motor Segundo H. Williams.

Williams revela que o conceito de desenvolvimento perceptivo-motor

é mais adequado, pois define aquela parte do desenvolvimento infantil que se

preocupa com as transformações no processo perceptivo-motor. A este

respeito, Pérez (1994) pensa que o desenvolvimento perceptivo-motor se

refere ao domínio dos comportamentos motores básicos. Estes

comportamentos permitem uma relação com o meio ambiente.

Williams (apud PÉREZ, 1994), divide os comportamentos perceptivo

motores em quatro categorias: comportamentos motores globais,

comportamentos motores finos, comportamentos perceptivo-auditivos, visuais e

tático-quinestésicos e consciência corporal.

Assim, os comportamentos motores globais estão relacionados com

os movimentos globais do corpo. Estas habilidades incluem os saltos, as

corridas, as recepções, etc. Os comportamentos motores finos estão

relacionados com a manipulação de forma precisa de objetos pequenos.

Habitualmente, estas atividades são referenciadas como “óculo-manuais e

visuo motoras”.

Os comportamentos perceptivo-auditivos, visuais e tático-

quinestésicos estão relacionados com a aquisição, detecção e reconhecimento

de estímulos simples, através dos sentidos.

Consciência corporal: este termo encontra-se relacionado com o

esquema corporal e permite o conhecimento do próprio corpo, dos seus

movimentos e do meio ambiente que o rodeia.

1.1.3 - O Modelo Teórico do Desenvolvimento Motor de David L.

Gallahue

Este autor dedicou-se ao desenvolvimento motor infantil. Gallahue

(1982) defende que no desenvolvimento motor existe uma série de fases, que

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correspondem cronologicamente a momentos concretos da vida, destacando a

existência de diversos estádios em cada uma das fases.

Para este autor, junto das fases e dos estádios há vários aspectos e

fatores que influenciam o desenvolvimento motor (fatores físicos e fatores

mecânicos).

Para Gallahue (1982), a evolução da motricidade processa-se

através de diferentes fases, caracterizadas por uma série de comportamentos

motores. Graficamente, coloca na base da pirâmide os movimentos reflexos e

no vértice as “habilidades motoras especializadas”. Nas fases intermédias

encontram-se as habilidades rudimentares, as habilidades motoras básicas e

as habilidades motoras específicas.

Perez (1994) considera que a força muscular, a resistência

muscular, a resistência cardiovascular, a flexibilidade, etc. são qualidades ou

fatores relacionados com a aptidão física que vão contribuir para a plena

expressão da motricidade.

Segundo Pérez (1994, p. 63), Gallahue pensa que:

“... O centro de gravidade, a base de sustentação, a linha

da gravidade, as leis da inércia, da aceleração, da ação-

reação, etc., são conceitos que permitem uma melhor

compreensão de muitos fenômenos evolutivos da

motricidade.”

Gallahue (1982) destaca uma série de pontos característicos do seu

pensamento teórico:

- O desenvolvimento motor parte de uma metodologia dedutiva no

estudo do desenvolvimento;

- O ser humano progride motrizmente do simples para o

complexo, do geral para o específico;

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- Cada sujeito deve superar cada fase para optar por

comportamentos motores mais complexos;

- Os seres humanos podem encontrar-se em diferentes fases em

tarefas distintas;

- Existem fatores físicos e mecânicos que intervêm nas execuções

motoras.

“Quando penso nos seres vivos, aquilo que vejo em

primeiro lugar e me chama a atenção é esta massa em

uma só peça, que se move, se dobra, corre, salta, voa ou

nada; que grita, fala, canta e que multiplica os seus atos e

as suas aparências, as suas estratégias, seus trabalhos e

a si mesma, em um meio que a admite e do qual não se

pode distraí-la.“

Paul Valery (Reflexões Simples sobre o Corpo)

1.2 – Estrutura e Desenvolvimento Psicomotor

A partir de nossa perspectiva, a estrutura psicomotora implica

enlaçar a mecânica motora à estrutura discursiva.

Não há desenvolvimento possível sem uma estrutura que o origina e

o sustenta.

Tanto a maturação do aparelho neuromotor como o crescimento

(mudanças no tamanho, no volume e no peso corporal) e o processo

psicogenético permanecerão referidos à estrutura subjetiva que humaniza um

sujeito.

O termo desenvolvimento ou “desenrolamento” (desdobrar, estender

ou desfazer um rolo) implica no desdobramento das diferentes funções motoras

e fisiológicas.

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Para desatar o que permanece enrolado no corpo, isto é, para

desenvolver, é necessário que nasça um sujeito, o que supõe uma inscrição da

letra no corpo. A partir daí, o tempo unidirecional e cronológico será

transtornado pelo tempo descontínuo e dissonante do outro, tempo diacrônico

e sincrônico que opera a partir de uma lógica subjetiva.

Não há um desenvolvimento igual ao outro. Nem sequer são

processos iguais como a maturação ou as mudanças peso-estaturais. A

estrutura subjetiva torna-os singulares.

Na estrutura não há tempo generalizável nem cronológico: o que

opera é o tempo lógico próprio do universo significante. Sem estrutura não há

desenvolvimento psicomotor possível. É a estrutura que virtualiza esta

possibilidade.

Não podemos esquecer que o sujeito nunca se desenvolve. O

sujeito se estrutura ou não há sujeito. O “ou“ opera aqui como disjunção e não

como conjunção. Neste sentido, uma criança se desenvolve, mas um sujeito

não. Não podemos homologar sujeito a criança, como tampouco estrutura a

desenvolvimento. Podemos estabelecer a seguinte equação:

Estrutura = Sujeito Desenvolvimento Criança

A estrutura está para o desenvolvimento, assim como o sujeito está

para a criança.

O desenvolvimento está sempre em relação com as funções

motoras, verbais, perceptivas, entre outras. Como sabemos, o desenvolvimento

psicomotor evolui para a maturação de acordo com a seguinte lei neuromotora:

A direção do crescimento e da maturação é invariavelmente céfalo caudal,

próximo distal. Progredindo do simples para o complexo, do geral para o

específico, do extenso para o seletivo na obtenção da informação, e do

homogêneo para o heterogêneo.

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Não obstante, é nestes sistemas que o sujeito imaginariamente se

reconhece. Eles são parte do funcionamento imaginário do eu, e portanto se

organizam de forma singular, transformando-se em certo suporte narcisistico.

Quando determinada função falha, neste caso, a motora, o sujeito

está em jogo nesta falha, pois opera como dimensão subjetiva e puramente

motora.

“O maturativo se mantém simplesmente como limite, mas não como

causa.” (Jerusalinsky, 1988, p. 32)

Tal como o consideramos, o desenvolvimento psicomotor se realiza

por esses pontos de ligação, de encontro1, tyché, onde o sujeito se representa

nessas organizações que são suas funções motoras e corporais. Deste modo,

distanciamo-nos cada vez mais da concepção da ontogênese, da sucessão de

supostos estágios psicológicos e psicomotores.

Não há desenvolvimento fora do discurso, justamente porque não há

estrutura.

Caberia esclarecer que, tendo-se constituído um sujeito (a

estrutura), o desenvolvimento psicomotor poderia falhar devido, por exemplo, a

alguma problemática neuromotora que limitasse ou impedisse seu

desenvolvimento. Nestes casos, as crianças acederiam a uma imagem e

esquema corporal, mas falhariam na realização, na execução (por exemplo,

uma criança com uma paralisia cerebral que não pode aceder à bipedestação).

Ao desejar mover seu corpo e não poder (neste caso pôr-se a andar) a criança

se confrontará com seu próprio limite, aquele que lhe impõem seu corpo, que

não será o mesmo que o que lhe impõem a imagem e a palavra. Justamente

porque estrutura e desenvolvimento não são a mesma coisa, embora possuam

“pontos“ de encontro.

1 Tomamos a noção aristotélica de tyché como esse encontro (casual) frustrado e ao mesmo tempo único que singulariza o desenvolvimento das funções corporais de um sujeito. Aristóteles diferencia pontualmente dois conceitos o “automoton“ (o que pertence a ordem do natural) e a “tyché “ (o que pertence a ordem do humano). Cf. ARISTÓLELES. Física I e II. Buenos Aires: Biblos, p. 89 e Apêndice II.

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Enquanto certas posturas da psicanálise consideram o corpo como

um organismo mais uma imagem, para a psicomotricidade o corpo é organismo

+ imagem + esquema corporal. Considerado especificamente a nível do

funcionamento psicomotor será: o neuromotor + uma imagem de movimento +

projeto motor.

Na conclusão na temática que se propõe a partir das perguntas

sobre a estrutura de um sujeito e o desenvolvimento de uma criança, propõe-se

situar sinteticamente tanto as diferenças como as articulações (o que se

denomina os pontos de tyché) possíveis entre ambas.

A estrutura é a linguagem; implica um corte sincrônico e uma

constância; constitui-se em relação com o outro e é constituinte; não se

desenvolve.

O desenvolvimento é do corpo em seus aspectos motores, verbais,

mentais; implica uma diacronia (corte horizontal); constrói-se em relação com a

demanda do outro; supõe um processo de construção, de aprendizagem e de

maturação. É possível cair no erro de achar que a estrutura e o

desenvolvimento nunca se tocam, o que poderia ser ilustrado graficamente do

seguinte modo:

Estrutura Desenvolvimento

A proposta do autor é diferente: considera-se pontos de tyché, de

encontro, de entrecruzamento que ilustrou graficamente deste modo:

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Estes pontos de ligação e enlace se articulam e imbricam pelas

funções paterna e materna (ou melhor, da ordem da transmissão familiar) que

ligam à dialética da demanda e do desejo.

Não se trata da satisfação das necessidades fisiológicas, mas das

funções paterna e materna, assim definidas por Lacan:

“A função da mãe na medida em que seus cuidados

levam a marca de um interesse particularizado, mesmo

que fosse por via de suas próprias faltas. A do pai:

enquanto seu nome é o vetor de uma encarnação da lei

do desejo.”

Se há desenvolvimento ordenado na experiência subjetiva, é pela

singular dialética da demanda de amor e da encenação do desejo. Os pontos

de tyché são resposta ás demandas do outro, a partir dos quais a criança se

ordenaria numa série significante.

Estes pontos de ligação marcam as diferenças entre a criança e o

adulto. No adulto o desenvolvimento não só já terminou, como é impossível

imaginarmos um adulto com corpo de criança e uma criança com corpo de

adulto. Estas diferenças explicam a posição diversa do terapeuta na clínica

infantil e na clínica de adultos, desestimando as propostas teórico-clínicas que

tentam equipará-los. A criança não é um adulto em miniatura. Sua estruturação

só acaba de decidir-se a partir da puberdade.

Finalmente, a estrutura que queremos situar é inteiramente

governada pela ordem simbólica, ao passo que o desenvolvimento é

governado pelos embates do imaginário.

Os pontos de intersecção entre a estrutura e o desenvolvimento não

tendem a sepultar suas diferenças substanciais e fundamentais, mas a situar

alguns laços possíveis, não com o afã da busca da perfeição e da globalidade

mas, pelo contrário, com a intenção de articular um vazio sem enchê-lo de

todo.

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O corpo como instrumento em desenvolvimento é da ordem do ter, o

sujeito como estrutura é da ordem do ser, mas onde o tem, ele é.

O desenvolvimento psicomotor e a estrutura de um sujeito, conotam,

por um lado, uma sucessividade diacrônica e, por outro, um valor sincrônico.

Não se trata de uma evolução no sentido ”clássico” do termo, pois não se

abandona o “estágio“ anterior para aceder a um novo período. Não são

“estágios, períodos, ou etapas“ já consolidados; o que está em jogo é uma

estrutura. Nessa legalidade simbólica transcorre o desenvolvimento psicomotor

de um sujeito.

Finalmente, a estrutura subjetiva e o desenvolvimento psicomotor

nos remetem não tanto ao movimento do corpo que falta para que este seja

perfeito ou adequado a um fim específico, mas a seu estilo, ou seja, ao que

falta ao movimento para transformar-se em gesto significante.

1.3 - O Desenvolvimento Psicomotor ao Longo da História

Consideraremos algumas cenas da história da humanidade,

relacionadas com o desenvolvimento psicomotor da criança.

Sucessivas cenas e cenários no decorrer da história nos informam

acerca do interesse e da preocupação do adulto em controlar a criança, de

modo especial, o movimento do seu corpo: a criança era atada, enfaixada e

imobilizada durante longos períodos de tempo, mediante qualquer tipo de

recurso.

Lloyde de Mause cita Bartholomaeus Anglins (por volta de 1230):

“E por sua fraqueza as pernas da criança podem

facilmente logo entortar-se e curavar-se e tomar diversas

formas. E por isso os membros e as pernas das crianças

são submetidos por bandas e outras travas ordenadas,

para que não se torçam nem se deformem.”

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Submeter o corpo da criança desta ou daquela forma era uma

prática comum na antiguidade. Era considerada sumanamente necessária para

evitar os movimentos e para exercer um controle efetivo sobre o pequeno ser.

Pelas investigações históricas e antropológicas, sabe-se hoje que

quase todos os povos, inclusive o Egito antigo, “enfaixavam” ou envolviam as

crianças em panos desde a mais tenra idade.

Lloyd de Mause afirma que, nas poucas regiões onde não se

enfaixavam as crianças, como na antiga Esparta e nas terras altas da Escócia,

as práticas de fortalecimento e correção eram mais rigorosas.

“... como se não houvesse outra alternativa a não ser

enfaixar as crianças, ou carreçá-las de um lado para o

outro, nuas, fazê-las correr de um lado para o outro sobre

a neve sem roupa.”

Era também costume atá-las para transportá-las, imóveis, como se

fossem uns pacotes.

Esta prática se prolongou por toda a Idade Média e continuou até o

começo do século XIX. Mas inclusive neste século era habitual colocar nos

meninos e nas meninas “faixas e corpetes de osso, madeira ou ferro”,

espaldeiras, “colares de ferro“ ou qualquer outro instrumento, com o fito de

conseguir “posturas“ adequadas.

Para conformar a postura corporal e impedir que a criança

engatinhasse (coisa que era considerada em diversas épocas própria dos

animais), também se usaram ”andadeiras”.

O rei Luis XIII, nascido em 1601, quando completou os dez meses,

teve atados à sua roupa uns tirantes ou andadeiras cuja finalidade era ensinar

a criancinha a andar, mas eram usados sobretudo para manipulá-lo e controlá-

lo como uma marionete.

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Em 1826, o doutor William P. de Wees assim define a envoltura que

era tradicionalmente realizada:

“(...) consiste em privar totalmente a criança do uso dos

seus membros, envolvendo-a com uma faixa interminável

até fazer que se pareça com um pedaço de madeira. Com

isso, se produzem escoriações na pele, a carne fica

oprimida até quase gangrenar, a circulação fica quase

interrompida e a criança não tem a menor oportunidade

de se mover. Seu peitinho está cercado por uma faixa...

aperta-lhe a cabeça para lhe dar a forma que bem

aprouver à parteira, e a criança é mantida nesse estado

mediante a pressão devidamente ajustada.”

O pequeno infante de outras épocas não apenas era amarrado e

enfaixado, mas desde o nascimento se achava rodeado de um clima onde a

morte ocupava o lugar central. Então se implementavam as mais diversas

medidas (amuletos, exorcismos, purificações, receitas miraculosas, etc), para

afastar as forças maléficas e mortíferas que lhe armavam ciladas.

Na realidade, essas medidas tão comuns na antiguidade, encobriam

o desejo hostil dos progenitores para com os seus filhos. O sacrifício de

crianças é a expressão mais concreta desse exaltado e proibido desejo de

morte que a criança suportava (e muitas vezes suporta).

O sacrifício de crianças era praticado pelos celtas da Irlanda,

gauleses, escandinavos, fenícios, moabitas, amonitas e, em determinados

períodos, pelos israelitas...

Emparedar as crianças nas muralhas ou enterrá-las nos alicerces,

edifícios ou pontes, para reforçar as estruturas, era freqüente também desde a

época em que se construíram as muralhas de Jericó (7000ac) até o ano de

1843, na Alemanha.

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A partir do século IX ac, na sociedade espartana, submetia-se o

recém-nascido a um exame e o conselho dos anciãos decidia se a criança

servia para o serviço militar. Se o neném fosse considerado demasiadamente

fraco, era abandonado, e se fosse apto para o serviço militar, o estado

adotava-o formalmente em função da instrução militar.

Em Atenas também se examinava o recém-nascido, que era

abandonado se fosse considerado incapaz; se fosse aprovada, a criança era

representante do pai e recebia uma educação para a paz. No entanto, era aos

escravos e às amas-de-leite que se confiava a tarefa de cuidar da criança e

educá-la. Estes podiam aplicar-lhe castigos físicos. Em contraste com o modelo

espartano, cultivava-se o corpo (ginásio) e a alma (música), em função do

ideal: “subordinar o corpo ao espírito”.

Em ambas as sociedades, o direito de viver depende da autoridade

do estado ou da autoridade paterna, transformando-se em costume o fato de

abandonar (sacrificar) as crianças menores, caso não atingissem o tamanho

ideal que a sociedade arbitrariamente fixava.

Em Roma, a lei nas doze tábuas concedia ao pai o direito de vender

o filho; nelas se especificava claramente que se vendia o direito a fazer uso das

capacidades intelectuais e físicas da criança. O código romano estabelecia que

o filho era uma propriedade e que, como tal, pertencia ao pai (pater familias).

O ideal era posto na utilidade e no uso da criança, e não na

preparação para a guerra nem tampouco na formação moral e espiritual. Na

sociedade romana a educação escolar duplicava a “tirania paterna“; aplicavam-

se “rigorosos castigos “ corporais através da vara, da correia e da mais cruel

flagelação. E os mestres eram considerados como gente “habituada a bater”. O

direito romano concedia ao pai o poder absoluto de dar e tirar a vida, de

obrigar, controlar, indicar e castigar o filho, baseando-se no seu próprio juízo,

sendo o único responsável quanto a explorá-lo, usá-lo e comerciar com ele. O

”costume“ de abandonar os filhos pequenos continuou de pé na idade Média. A

porta da igreja, os conventos e os mosteiros foram comumente usados com

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esta finalidade; as crianças que conseguiam sobreviver se tornavam servos.

Esses costumes se reproduziram, sob diversas formas, até o final do século

XVIII.

Em Roma tirar a vida de uma criança só começou a ser considerado

como assassinato a partir de 374. Anteriormente (desde o século v antes da

era cristã) se a criança recém-nascida apresentasse alguma malformação, a

parteira impedia que sobrevivesse depois de prévia consulta aos pais.

Diversos autores estão de acordo ao afirmar que, a partir do século

XVII e princípio do século XVIII, foram paulatinamente ocorrendo mudanças

gerais na concepção da infância e nas relações entre pais e filhos.

Para Aries, essas mudanças se deviam basicamente ao papel que a

educação foi adquirindo: a criança é preparada para o mundo adulto através da

educação escolar.

Tanto o meio e a nova estrutura familiar como também a escola

separaram a criança do adulto.

No entanto, o desenvolvimento do conceito de infância foi

acompanhado por métodos de educação cada vez mais severos:

“As atenções da família, da igreja e dos moralistas e

administradores arrebataram-lhe a criança a liberdade de

que até então havia desfrutado no meio dos adultos.

Fizeram a criança conhecer a vara do castigo e as celas

carcerárias, numa palavra, os castigos reservados

geralmente a prisioneiros provenientes das camadas mais

baixas da sociedade.” (Aries, op. cit.)

Para De Mause, as mudanças que se desenvolvem a partir do

século XVIII seriam devidas à evolução dos pais que, geração após geração,

começam a discriminar e a diferenciar as necessidades das crianças.

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Linda A. Pollock cita outros autores que fundamentam a mudança

descrita em fatores tais como: “o apogeu do capitalismo“ (MOYLES, 1979;

SHORTER, 1976; STONE, 1977), e “o aparecimento do espírito de

benevolência” (MITTERAUER & SIEDER, Sears, 1975; SHORTER, STONE,

TRUMBACH, 1978).

Pollock realiza uma analise crítica e sistêmica das fontes e provas

que levam às teses centrais de Aries e de De Mause, a saber:

a) No passado, não houve uma elaboração conceptual da infância.

Os pais se mostraram indiferentes ou por demais cruéis com as crianças;

b) Essa atitude nos pais se inferia de certos costumes, como por

exemplo, o infanticídio, o enfaixamento imobilizador, o abandono dos filhos, o

uso de amas-de-leite, a aprendizagem escrita. Tudo isso provocaria um

distanciamento e um desapego do laço entre pais e filhos e um sistema

“repressivo“ de aprendizagem.

A análise de Pollock a leva a relativizar e a reelaborar as teses

expostas.

Para essa autora, o enfaixamento, a imobilidade ou a bandagem são

mais um sinal inequívoco de preocupação do que de descuido ou indiferença

por parte dos pais.

Compartilham esta tese diversos autores (NARVICK, 1976 e

TRUMBACH, 1978) e diversos estudos antropológicos que, por exemplo,

sustentam que, na sociedade maia a bandagem e o enfaixamento eram meios

de controle e, fundamentalmente, meios de proteção.

Além dessas variantes mais benévolas sobre a problemática da

infância, podemos perguntar-nos: como terá influenciado no desenvolvimento

psicomotor de una criança o estar enfaixada e imobilizada durante um extenso

período?

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Para De Mause, no passado, o desenvolvimento psicomotor ficava

retardado por causa dos maus-tratos. Na opinião deste estudioso, as crianças

foram consideradas “malignas”, pelo menos até o século XIII. Posteriormente

se começou a admitir que as crianças também tinham alma.

Diz De Mause:

“... a combinação do enfaixamento apertado, do descuido

e dos maus-tratos em geral das crianças, naquela época,

produziu ao que parece aquilo que hoje chamamos de

crianças ‘retardadas’.” (DE MAUSE, op. cit.)

Ele tira essa conclusão da coleta de dados acerca do momento em

que a criança se punha a andar.

Desses dados se poderia deduzir que esse retardamento

caracterizou todo o desenvolvimento e não apenas a função do andar.

Pollock, cujo trabalho parte do século XVI, defende uma posição

contrária à tese de De Mause, considera não só que na antiguidade já existia o

conceito de infância, mas também que - segundo autobiografias e diários de

adultos e de crianças daquela época - os maus tratos não seriam tão comuns

como pensam outros autores.

No que se refere ao andar, Pollock cita diferentes fontes, desde o

século XVI até o século XIX. E conclui: “o andar foi uma etapa de grande

interesse para aqueles pais que a isso se referem em seus diários.”

(POLLOCK, op. cit, p. 260)

No entanto, reconhece que os autores de diários íntimos (utilizados

como fonte de dados) representavam uma parcela pequena da sociedade. Pois

naquela época eram bem poucas as pessoas que sabiam ler e escrever.

Indo além da opinião de cada autor, vemos que o funcionamento da

função de andar ocupa um lugar central nas respectivas conclusões.

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Nos autores até aqui citados, o parâmetro usado para definir o

atraso no desenvolvimento da criança é o fator temporal. Postula-se que o

desenvolvimento psicomotor se acha a serviço do prazer pulsional e não da

satisfação. Aí se inscreve a função motora na linguagem e é a partir daí que se

armará ou não um ”atraso”. Somente na medida em que o corpo subjetivado da

criança for receptáculo da inscrição do outro, poderá ficar ”atrasado” ou não o

seu desenvolvimento.

A partir das fontes consultadas pode-se conjeturar que, na

antiguidade, a dificuldade da criança pequena em estruturar a própria postura e

a sua motricidade dependia da relação que estabelecia com as pessoas que

cuidavam dela, amas-de-leite, escravos, tutores ou encarregados da sua

educação.

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CAPÍTULO II

O COMPUTADOR E A CRIANÇA

“Criança, símbolo santo!

Criança, símbolo da pátria!

Criança, símbolo do paraíso!

Criança, fonte de luz e esperança!”

Maria Helena S. Fontes

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O COMPUTADOR E A CRIANÇA

Certos autores defendem a idéia de que o computador pode mudar o

paradigma pedagógico, que visa o processo ensino-aprendizagem. Como? Se

dermos ênfase no ensino, informatizando os métodos tradicionais, teremos o

paradigma construcinonista. O aluno interage com os ambientes de

aprendizagem e deixa de ser passivo, isto é, ele não é mais instruído, ensinado

e passa a trabalhar na construção do seu próprio conhecimento.

Segundo José Armando Valente do Núcleo de Informática Aplicada

à Educação – NIED, o computador na escola criou celeumas, insegurança e

até receio por parte dos professores que temem ser substituídos pela máquina.

Hoje em dia, as máquinas têm um grande potencial para promover o

aprendizado e a criatividade em crianças com problemas de atenção ou

naquelas que necessitam de um auxílio terapêutico. Porém, os computadores

podem induzir à passividade, tolher a criatividade e a socialização das

crianças, afastando-as das brincadeiras da sua idade. Tem-se notado que o

computador tolhe o raciocínio de comunicação afetiva. Todavia, os pais exigem

o uso do computador nos colégios. Se a escola não dispuser de todos os

recursos existentes na sociedade, ela não estará preparada para enfrentar os

desafios do próximo século. Sendo assim, o aluno não estará pronto para

enfrentar o século XXI.

A informática está cada vez mais presente na vida do ser humano.

Vem transformando a maneira de pensar e de se relacionar com outras

pessoas e objetos, enfim, muda todo um relacionamento com o mundo. A

representação deste mundo moderno passa pelas “mãos” do computador.

É um dos objetivos fundamentais da fase pré-escolar, trabalhar a

representação do mundo.

A criança, principalmente nesta fase de experimentação da

representação, deve ter acesso ao computador e outras tecnologias que a

levem a este novo mundo de representação.

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O computador nesta concepção ganha um significado especial. A

aquisição da língua escrita, usando este instrumento conta com muito mais

subsídios (teclado é um universo para o aprendiz) e menos obstáculos. A

criança, neste ambiente, não encontra os obstáculos psicomotores que

encontra com os instrumentos lápis e papel, assim pode se desenvolver melhor

no seu processo de aquisição do código escrito.

E a criança vai “desaprender” a escrever com papel e lápis? Só irá

“desaprender” se não treinar. Por isso é importante que a escrita no ambiente

papel e lápis deva ser trabalhada em um processo psicomotor paralelo a

aquisição da língua escrita como processo cognitivo (no computador).

2.1 - Crianças na Rede

Foi-se o tempo em que as crianças só pensavam em televisão,

boneca e carrinho. Hoje elas querem é navegar pela Web, papear nos chats ou

nos programas de comunicação instantânea, fazer downloads, brincar com

joguinhos, e até usar e abusar da internet, essa nova fonte de informações,

para se salvar nas pesquisas escolares. Herói ou vilão, o computador está

indiscutivelmente cada vez mais presente nos lares e na vida de todos,

inclusive dos pequenos.

O Professor Titular do Departamento de Ciência da Computação da

USP, Valdemar W. Setzer2, é do time dos que criticam a utilização precoce do

computador.

De acordo com ele, essa máquina força certo tipo de atividade

intelectual que não é própria para as crianças. “Elas perdem a criatividade,

adquirem rigidez mental, diminuem a sociabilidade e terão mais dificuldade

para se adaptar e ser útil profissionalmente” afirma. Pode colocar software que

quiser, pode ser joguinho eletrônico ou educacional, o computador, segundo o

professor, sempre força um tipo de raciocínio matemático chamado lógico-

2 Waldemar W. Setzer: Professor Titular do Departamento de Ciência da Computação da USP e autor do livro “Meios Eletrônicos e a Educação: Uma Visão Alternativa”, Editora Escrituras.

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simbólico, que não é adequado para a criança. “Ela não deveria pensar

quadrado, desse jeito matemático. Se uma criança consegue pensar quadrado

assim, já está pensando como adulto, já não é mais ‘criança’”, alerta. “No caso

do computador, nós estamos queimando etapas de anos e anos que a criança

teria que passar. O desenvolvimento tem que ser muito paulatino, muito

devagar, para que vá acompanhando o desenvolvimento total físico e

psicológico. Existe idade para tudo”, conclui Valdemar, que recomenda o uso a

partir dos 16 ou 17 anos.

A professora da PUC-RJ Maria Lucena3 pensa de forma contrária.

Na sua opinião, quanto mais cedo a criança for exposta à tecnologia, menos

temores e preconceitos desenvolverá, ao desmistificar e entender as

capacidades da máquina, melhores situações surgirão para a formação e

construção do seu conhecimento e para a formação de suas capacidades

lógicas e cognitivas. Entretanto, para Marisa, é necessário um certo cuidado

para não haver exageros. “Pretender que uma criança que ainda não esteja

com suas habilidades motoras devidamente coordenadas use um mouse é

perda de tempo”, explica. Algumas crianças estão familiarizadas desde cedo

como, por exemplo, João Pedro Coelho. Com três anos, o menino vive pedindo

ao tio para entrar em sites de bichos, principalmente os que tenham fotos de

tartarugas. “É um momento muito divertido”, conta Fernando Coelho, o tio-

coruja.

O professor da USP também critica a internet. Segundo ele, navegar

pela rede é mais prejudicial que o computador em si, pois coloca o mundo

inteiro à disposição da criança com tudo que é bom e também ruim. “O pai

pode comprar um software e achar aquilo adequado para seu filho. A internet é

diferente, ela é aberta, não há ninguém ali para controlar”, explica. A dentista

Carla Ramos desmaiou quando viu o filho de 11 anos entrando num site que

enaltecia Bin Laden e outros terroristas. Recuperada do susto, chamou um

técnico e instalou um filtro especial no computador. O engenheiro João Paulo

3 Marisa Lucena: Doutora em Engenharia de Sistemas, Especialista em Informática na Educação e Coordenadora do Kidlink no Brasil.

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Freire também passou por um episódio desagradável. “Além da conta de

telefone ter triplicado, descobri que meus filhos entravam em chats de sexo e

recebiam e-mails com baixarias. Não tive opção, coloquei senha até para ligar

o computador”, lembra. A artista plástica Cláudia de Castro optou pela

praticidade e colocou o micro na sala de visita para poder vigiar os sites que a

filha de nove anos visita.

Para Marisa Lucena, a ética deve fazer parte dos ensinamentos e do

uso diário. O que não se pode fazer na internet é o que não se deve fazer no

dia-a-dia. A postura, o comportamento e os valores não mudam só porque a

pessoa está num espaço virtual. “É bem verdade que os perigos e tentações

estão dentro de casa, mais à mão e mais freqüente. Mas os pais que tem

certeza que estão dando uma boa criação e oportunidades de ampliação de

horizontes com acompanhamento próximo e assíduo aos seus filhos não

devem se preocupar. Colherão os frutos que plantaram”, opina.

A professora da PUC e coordenadora da ONG Kidlink acha também

que a criança pode perfeitamente ter um computador no seu quarto, cabendo

aos pais estabelecer os limites sobre quando, como e por que usá-los.

“Isso faz parte da lista das coisas a ter e administrar: o uso de

celular, de telefone, televisão, e som no quarto, do tempo de banho, das

companhias”, esclarece. A violinista Regina Cruz está tranqüila em relação ao

filho de 14 anos. ”Não adianta ficar proibindo, o Zeca pode fazer na casa dos

amigos aquilo que não deixo em casa. Eu confio na educação que dou pra ele,

sei que ele não vai ficar dando o nome e telefone dele para estranhos. Ele sabe

se proteger. Por isso deixo ele acessar a internet no micro de seu quarto. Só

proíbo o uso depois das dez da noite, pois ele acorda muito cedo pra ir pro

colégio”, conta.

Falando em colégio, vários professores começaram a reclamar das

“pesquisas” que seus alunos fazem com a ajuda do computador. Muitas vezes,

a criança apenas entra num site de busca, encontra algumas páginas sobre a

matéria, cola o texto num documento Word e imprime sem se dar o trabalho de

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conferir a seriedade da página que foi pesquisada. Algumas escolas até

passaram a exigir que os alunos façam o trabalho na biblioteca fora do horário

de aula. Para Marisa Lucena, geralmente, quando há preguiça, é a pesquisa

que não é interessante e a criança, como qualquer ser humano, precisa estar

motivada e reconhecer algum sentido no que deve ou tem que fazer. “Quando

não havia internet, elas xerocavam materiais dos livros e revistas e também

‘copiavam e colavam’, só que dava mais trabalho, lembra. A pesquisadora vai

mais longe e lembra que a internet é um excelente espaço para

especializações. Além de pesquisarem o necessário há a possibilidade de irem

além, conforme o nível de interesse”, garante.

Sem dúvida o tema é bem polêmico. De um lado, a idéia de que a

criança precisa encontrar tempo para brincar, estar em contato com a natureza

e amadurecer lentamente. Do outro, a necessidade de correr para acompanhar

o ritmo cada vez mais acelerada do mundo e suas conexões. O que fazer?

Proteger os baixinhos das desvantagens do computador e também da internet

ou orientá-los a usar essa poderosa máquina de forma adequada? Eis a

questão!

2.2 – O Computador no Banco dos Réus

O número de computadores pessoais existentes no Brasil já

ultrapassou a marca de 8 milhões. As crianças e adolescentes estão se

tornando os principais usuários, trocando o futebol, as bonecas e até o

namorado ou namorada por horas a fio em frente ao monitor.

Segundo Ana Maria4 é difícil falar do impacto do computador na vida

da criança.

“É difícil falar de impactos de algum tipo de tecnologia quando se

trata de crianças. Da mesma forma que para maior parte dos adultos, o rádio, o

telefone ou a televisão não geraram nenhum impacto, porque já existiam

4 Ana Maria Nicolaci da Costa: Psicóloga do Departamento de Psicologia da PUC-RIO, autora de “Na Malha da Rede”.

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quando eles nasceram, para as crianças de hoje o computador é somente uma

das máquinas que fazem parte do seu mundo. É ‘natural’”.

Já para Waldemar Setzer5 é desastroso. “Ao usar um computador a

criança é obrigada a assumir atitudes físicas e mentais de adultos, o que

produz prejuízo psicológicos e psíquicos terríveis. Em qualquer uso, o

computador força pensamentos lógico-simbólicos e uma linguagem formal

(mesmo que irônica) que são inadequados a crianças. Em educação não pode

haver queima de etapas, sob risco de desajustes futuros.”

Quanto a idade ideal que a criança deve começar a utilizar o

computador, Ana Maria afirma: “Crianças bem pequenas já ficam fascinadas

com a telinha e com o mouse. Muitas das histórias infantis podem ser

encontradas em CD-ROM’s. Muitos pais brincam com seus filhos pequenos

fazendo uso do computador. Não creio que exista uma idade ideal para

começar a usá-lo. Há muito que se pode fazer num computador e a criança vai

fazer aquilo que estiver ao seu alcance.”

Segundo Valdemar “é óbvio que exista uma idade ideal, como ocorre

com o automóvel. Só que este pode causar um desastre físico, ao passo que,

no caso do computador, o desastre é principalmente mental. Considerando o

tipo de raciocínio forçado pelo computador e a evolução das crianças, chega-se

a determinar que ele não deve ser usado antes da puberdade e do ensino

médio. O tremendo auto-controle que ele exige (pesquisas recentes indicam

que 6% dos usuários de Internet são viciados nela), levou-me a idade ideal de

16-17 anos.”

Quanto à educação, pergunta-se se o computador dá maior

liberdade para a criança educar-se.

Ana Maria diz que não há a menor dúvida. A curiosidade infantil,

aliada a atração que o computador exerce sobre as crianças pode proporcionar

incursões através de um universo inesgotável de informações. Se os pais e a 5 Valdemar Waingort Setzer: Matemático do Instituto de Matemática da USP, autor de “O Uso de Computadores na Escola”.

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escola também souberam guiá-la em suas incursões, ela poderá se beneficiar

mais ainda. Acho que a pior coisa que os adultos podem fazer é tentar coibir

esse tipo de curiosidade por conta de sua própria tecnológica.

Para Valdemar: “se ele der, está tudo errado. Criança não deve

educar-se a si própria? Pois não tem maturidade para isso. Além disso, o

computador transmite informação, mas educar-se não é informar-se. A gradual

aquisição de conhecimento é essencial na formação, mas, no ensino básico,

ela deve ser sempre contextual e plena de realidade. O computador é virtual e

descontextualizado. Os programas educacionais são feitos para alunos

abstratos, não para a garota que está lá, a frente da professora. Eles não têm a

capacidade de ‘imposição dela e muito menos sua intenção. Educar é uma

arte.”

Para a psicologia Ana Maria uma criança que nunca usou um

computador estará em grande desvantagem em praticamente todas as

atividades.

Para o matemático Valdemar Waingort, as crianças que usam os

computadores perdem a criatividade, adquire rigidez mental, diminuem a

sociabilidade e terão mais dificuldade para adaptar-se e ser úteis

profissionalmente.

Nos profissionais aqui citados, observa-se uma grande divergência

de opiniões quanto ao uso do computador pelas crianças. No entanto, o

homem de hoje, em face das constantes mudanças no sistema de produção e

dos serviços na área tecnológica e social, deve adaptar-se às constantes

mudanças, ser crítico e saber pensar.

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CAPÍTULO III

O COMPUTADOR E O DESENVOLVIMENTO

PSICOMOTOR

“A modernidade é importante, mas não

deve violentar o homem...”

Ziney Santos Moreira

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O COMPUTADOR E O DESENVOLVIMENTO

PSICOMOTOR

O mundo psicomotor surge na escola. O mesmo material: corta,

libera a expressão afetiva, seja da agressividade, disputa e luta, seja da busca

da interação, do contato dual afetivo e prazeroso.

No momento da verbalização, o grupo se expressa, as crianças

sentam-se relaxadas, juntas umas das outras, livres posturalmente,

relacionando-se com o professor de uma maneira.

Na sala de aula, cria-se um espaço para o corpo: o movimento, o

dinamismo e a liberdade são vividos intensamente pelas crianças.

A inibição e o bloqueio psicomotor podem levar ao isolamento, a

criança se torna “observadora” do mundo ativo e espontâneo dos

companheiros.

Para ir ao encontro da linguagem do corpo é preciso desenvolver

todas as possibilidades do movimento corporal o que exige a descoberta do

próprio corpo pela via da sua sensibilização, vivência e conscientização, ou

seja, perceber os aspectos físicos e psíquicos do corpo e suas inter-relações.

Na medida em que a linguagem seja ela corporal (mímica), falada ou

escrita, se constitui numa forma de se expressar perante o mundo. O

desenvolvimento psicomotor é responsável por uma expressão corporal mais

eficiente e está intimamente ligada ao desenvolvimento da linguagem falada ou

escrita.

Nos dias de hoje, a preocupação continua sendo a mesma, da

criança interagir em grupo e desenvolver-se. Porém, os meios que favorecem

esse acontecimento mudaram do lúdico para o super tecnológico. Algumas

crianças passam grande parte do tempo jogando no computador e no

videogame, enquanto o playground do prédio está quase vazio e o dia de sol

convida para brincar ao ar livre.

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Ao pensarmos na importância do brincar no desenvolvimento global,

encontramos na literatura que o jogo seja de que tipo for, é o meio natural da

criança se auto-expressar, já que detém a oportunidade de libertar seus

sentimentos e descontentamentos, através da utilização do brinquedo.

Através de uma pesquisa questionou-se por que “meninos de rua”

têm coordenação motora global superior a criança de classe média? A resposta

obtida foi que embora o senso comum diga que crianças pobres encontram-se

prejudicadas em seu desenvolvimento de forma geral, observa-se que muitas

crianças de classe média encontram grandes dificuldades no seu

desenvolvimento psicomotor e em seu conseqüente aprendizado escolar. Isto

se deve a atitudes de pais, que, por diversos tipos de sentimentos ligados ao

medo e a ansiedade tentam proteger seus filhos de experiências externas ao

ambiente familiar. Outro fator preponderante diz respeito à cultura ocidental e a

uma época marcada pelos recursos audiovisuais como instrumentos

determinantes na aquisição dos conhecimentos. A vida destas crianças se

restringe ao computador e a televisão e, portanto, não se ocupam mais com

atividades que possam estimular o seu desenvolvimento motor e social. A

criação das crianças por babás, ocasionando, muitas vezes, uma total

escassez de estímulos ou estímulos inadequados também irá repercutir no seu

desenvolvimento de uma forma geral.

É importante salientar que existem muitas desigualdades entre as

crianças que entram na escola, provenientes de seu meio sócio-econômico-

cultural e familiar.

3.1 – A Importância das Condições Afetivas ou

Psicológicas para o Desenvolvimento Corporal

O desenvolvimento psicomotor e corporal conta com a interação de

fatores múltiplos, como: condições nutricionais, afetivas e estimulação. Muitos

estudiosos contribuíram na elucidação das interferências psicológicas no

desenvolvimento corporal, porém o estudioso que mais ressaltou as condições

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afetivas como determinantes nas estruturas psicomotoras foi Henri Wallon.

Para Wallon o aspecto afetivo encontra-se num estágio anterior a qualquer tipo

de comportamento e é através das interações afetivas que a criança irá

desenvolver primeiramente a expressão gestual, os movimentos e depois a

representação dos mesmos através do pensamento. O aspecto afetivo também

é determinante na estruturação corporal e na configuração do tônus corporal de

um indivíduo. Uma boa ou má evolução da afetividade é refletida através da

postura das atividades e do comportamento de uma forma geral. Por este

motivo um distúrbio psicomotor também pode estar ligado ao tipo de estímulo

afetivo recebido pela criança no decorrer da sua história evolutiva.

3.2 - A Importância de Um Esquema Corporal Bem Organizado

O corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para

conhecer e interagir com o mundo. Através da sua consciência corporal a

criança está se colocando perante o seu meio e este servirá de base para o

desenvolvimento cognitivo, para a aprendizagem de conceitos fundamentais

como embaixo, em cima, ao lado, atrás, direita, esquerda, etc. A idéia de seu

corpo estar situado no espaço em um determinado tempo também a ajudará a

compreender as noções espaço-temporais e ajudá-la a se situar no mundo. O

domínio corporal (do tônus corporal) irá favorecer uma maior precisão nos seus

movimentos e domínio sobre suas ações e expressões. Uma criança com

perturbações no esquema corporal pode não conseguir se locomover em um

espaço predeterminado, em situar-se no tempo, em coordenar seus

movimentos, apresentando lentidão na realização de qualquer atividade,

confunde as noções de embaixo, em cima, ao lado, linhas horizontais e

verticais e não consegue se direcionar. O hábito visomotor pode não ser

adquirido e sua escrita fica atrapalhada, já que não identifica os limites da

folha, não é capaz de trabalhar com vírgulas, pontos, nem armar corretamente

contas de somar.

Quanto à parte visomotora, pergunta-se: Como se define a imagem

corporal no caso de crianças cegas? De acordo com Dolto, a criança cega

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conserva sua imagem corporal inconsciente de maneira mais intensa e mais

rica, porém esta permaneceria inconsciente por um tempo maior que nas

crianças que enxergam.

3.3 – A Psicomotricidade no Desenvolvimento da Criança

O movimento, assim como o exercício, é de fundamental importância

no desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança. Estimula a

respiração e a circulação, de modo que nutre as células e promove a

eliminação de detritos celulares.

Graças ao exercício físico são fortalecidos os músculos e os ossos.

O movimento permite à criança explorar o mundo exterior através de

experiências concretas, sobre as quais são construídas as noções básicas para

o desenvolvimento intelectual.

É a exploração que desenvolve a criança e a consciência de si

mesma continua desde os primeiros dias de vida.

A harmonia do desenvolvimento com todos os seus componentes é

tão importante quanto a aquisição de tantas performances numa determinada

idade, ou de tantos centímetros. Não se trata para a criança de realizar uma

corrida de obstáculos, o mais rapidamente possível, mas desenvolver seu

corpo e sua mente de maneira equilibrada.

Desta maneira, julgar um bom desenvolvimento de uma criança é

muito mais complexo do que parece: não é suficiente apreciar baseado num

manual a conformidade ou não de referenciais indicadores, é preciso ter em

vista o conjunto da criança e de suas condições de vida familiar e não se

preocupar com uma anomalia isolada.

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CAPÍTULO IV

PROBLEMATIZAÇÃO

“O único meio de evitar os erros é

adquirir experiência. Mas a única

maneira de adquirir experiência é

cometer erros.”

Dostoievski

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PROBLEMATIZAÇÃO

Para agir no mundo é preciso que a motricidade de uma criança

funcione, fruto da maturidade orgânica que, embora seja condição, não é

suficiente por si só. Para que transforme movimentos sem finalidade ou

significado em atos, serão necessárias as relações de afeto. Inicialmente dos

pais, que o tornam um indivíduo com história, vontades e sentimentos.

Podemos, então, falar em desenvolvimento psicomotor.

Algumas vezes essas instabilidades psicomotoras surgem nas fases

em que situações ocorridas no ambiente tais como separações, novos

casamentos dos pais, perda de alguém próximo, nascimento de um irmão e

desemprego na família, causam insegurança ou sofrimento, que a criança

demonstra com sua instabilidade corporal, via privilegiada da comunicação

infantil.

Nesses casos, atenção, carinho e disponibilidade que reasseguram

e reafirmam o amor da família são fundamentais para superar essas

dificuldades. Quando esses fatos desequilibram a estrutura familiar de forma a

impossibilitar essa ajuda, a criança fixa esses comportamentos, aprisionada no

próprio sofrimento, e compromete cada vez mais seu desenvolvimento. Daí a

necessidade de se considerarem as possibilidades de experiências

diversificadas à criança que apresenta defasagens psicomotoras. A avaliação e

o diagnóstico dos distúrbios psicomotores contextualizam na história da

criança. O sintoma é, pois um pedido de ajuda.

Cada criança é única. O esquema do desenvolvimento é comum a

todas as crianças, mas as diferenças de caráter, as possibilidades físicas, o

meio e o ambiente familiar explicam que com a mesma idade crianças

perfeitamente “normais” possam comportar-se de maneiras diferentes; o bebê

que anda com 11 meses não está mais perto do normal do que aquele que

anda com 16 meses. A criança que progrediu inicialmente muito rápido vai

reduzir o ritmo de suas aquisições e vai ser alcançada por aquela criança que

parecia “atrasada” alguns meses antes.

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Nos primeiros anos de vida, os principais educadores são os pais,

ou aqueles que, às vezes, os substituem. Os pais devem estar conscientes da

importância da influência do meio sobre a evolução de seus filhos.

4.1 – Obesidade na Infância Facilitada pelo Avanço

Tecnológico

O ganho de peso nas crianças acontece geralmente em função de

uma combinação de fatores, incluindo: hábitos alimentares errôneos,

propensão genética, estilo de vida da família, status sócio-econômico, fatores

psicológicos e etnia. A obesidade é mais prevalente nas raças hispânicas, afro-

americanas e índio-americanas, particularmente meninas.

Crianças acima do peso não são necessariamente as que se super

alimentam. Infelizmente muitos dos alimentos que elas gostam contêm alto

valor calórico e a criança não precisa necessariamente ingerir grandes

quantidades para ganhar peso. Estudos mostram que o consumo excessivo de

refrigerantes e sucos industrializados ricos em calorias podem piorar o

problema.

O fator ambiental é causa de uma grande porcentagem da

obesidade. Os hábitos nutricionais familiares inadequados, como a ingestão

excessiva de carboidratos simples (açúcar e doces) e gorduras, além de

lanches muito calóricos são adotados por algumas crianças desde o início da

infância. Os hábitos sociais, onde a atração principal é a comida, são

constantes em nossa sociedade em todos os níveis sócio-econômicos e faixas

etárias. As formas de vida sedentárias facilitadas pelos avanços tecnológicos

(máquinas automáticas, TV, controle remoto, automóveis, escadas rolantes,

elevadores, videogames, computadores, etc), diminuem cada vez mais o

esforço físico de todas as pessoas, especialmente das que não praticarem

exercícios para compensar a menor atividade.

A pouca ou a falta de atividade também é fator determinante na

obesidade infantil. O controle de peso envolve o balanceamento da ingestão

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43

alimentar com a energia que se gasta nas atividades diárias. Apesar de dieta

ser muito importante, baixos níveis de atividade física têm maior relação com a

obesidade do que o consumo alimentar.

O fato de ficar por muito tempo assistindo televisão não requer gasto

energético e geralmente vem acompanhado por lanches ou alimentos de alto

valor calórico. A Associação Americana do Coração (The Heart American

Association) relata que, em média, as crianças assistem a 17 horas de

televisão por semana. E nessa conta não é considerado o tempo que a criança

passa jogando videogames ou no computador. Outro estudo concluiu que o

risco de obesidade é 5 vezes maior em crianças que assistem a mais de 5

horas de televisão por dia, comparado às crianças que assistem de 0 a 2 horas

por dia.

Estudos sobre obesidade familiar concluíram que os fatores

genéticos são importantes na determinação da obesidade. A criança

descendente de uma pessoa obesa corre o risco de aproximadamente 40% de

se tornar obesa; e na criança cujos ambos os pais são obesos esse risco

aumenta par 80%. E a influência dos pais vai além. Uma mãe que aprecia

pratos fartos e gordurosos acaba transmitindo suas preferências alimentares ao

seu filho.

Um problema funcional ou orgânico dos núcleos hipotalâmicos

cerebrais, onde se encontram os centros de apetite e da saciedade também

pode levar a uma ingestão alimentar descontrolada.

A quantidade de tecido adiposo pode ainda ser influenciada por

variações hormonais. A deficiência do hormônio de crescimento, o excesso de

insulina, o excesso de hidrocortizona, os estrógenos e a deficiência de tiroxina

estão relacionados com um aumento na gordura corporal. O hipotireoidismo,

que pode ser acompanhado de uma distribuição de gordura regular, com atraso

no crescimento estatural, ósseo e no desenvolvimento psicomotor também é

uma das causas endógenas (orgânicas) da obesidade.

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De qualquer forma, cerca de 90% das obesidades infantis

correspondem a do tipo simples, caracterizada por uma maior distribuição de

gordura corporal, regular e homogênea, em uma criança que cresce e se

desenvolve de forma normal ou acelerada, com antecedentes de uma ingestão

calórica aumentada e diminuição da atividade física.

4.2 – A Psicomotricidade e a Reeducação Psicomotora

A psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades,

dos gestos, das atitudes e posturas, enquanto sistema expressivo, realizador e

representativo do “ser-em-ação” e da coexistência com outrem (Jaques

Chazaud).

O que caracteriza uma criança inadaptada, seja qual for o tipo ou

inadaptação é a falta por razões constitucionais, acidentais, afetivas, etc, de

certas etapas de elaboração de seu Ego corporal.

A educação deve ser pensada em função da criança, de sua idade,

necessidade e interesses e não tendo em vista apenas um objeto particular,

por exemplo, a aprendizagem da leitura e da escrita; ou em função de uma

filosofia e ainda menos em função de uma tradição.

As necessidades e os interesses da criança podem ser

estabelecidos através da observação objetiva dos estágios de desenvolvimento

e do comportamento nas diferentes idades.

A determinação do estágio de desenvolvimento da criança é

indispensável para que se estabeleçam as condutas educativas que poderão

favorecer os diversos aspectos de desenvolvimento e do conhecimento e,

portanto, simplificar a adaptação da criança ao meio em que vive.

Como critério de avaliação, podemos sugerir:

1- Observação do desenvolvimento psicomotor;

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2- O desenho, em especial, da figura humana, que está

intimamente ligada à evolução do esquema corporal

4.3 - O Comportamento Social

Os primeiros anos de vida têm uma importância capital: o

desenvolvimento da inteligência, da afetividade, das relações sociais é tão

rápido que sua realização determinará em grande parte as capacidades

futuras.

O meio ambiente terá de ser favorável para que a criança tenha uma

maturação normal fazendo com que sua inteligência seja desenvolvida.

A educação psicomotora é preventiva na medida em que garante à

criança que está iniciando sua vida escolar, um aprendizado mais eficiente dos

conteúdos exigidos na educação formal. A educação psicomotora com caráter

preventivo deve ser praticada desde a mais tenra infância como uma educação

de base e com ela a criança deve ser capaz de tomar consciência de seu

corpo, da lateralidade, de situar-se no espaço, de dominar seu tempo e adquirir

uma boa coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora

com caráter reeducativo tem objetivos delineados por um diagnóstico prévio e

tem como sujeito de sua ação indivíduos que apresentam algum distúrbio

psicomotor com uma etiologia definida, com causas múltiplas ou sem motivo

aparente.

A função da Psicomotricidade é intervir sobre o corpo através de

situações vivenciadas para estimular a organização cognitiva, perceptiva e

possibilitar a readaptação funcional dos músculos e da maturidade relacional. E

o seu objetivo é contribuir para a tomada de consciência da realidade pessoal

do indivíduo possibilitando a este assumir o seu próprio crescimento psíquico,

valorizar a disponibilidade, a perfeição de ajustamento, a autonomia e o

investimento relacional, tendo em vista uma melhor adaptação ao meio.

A reeducação psicomotora é a terapêutica que através do corpo age

sobre as funções psíquicas ou instrumentais da adaptação (Dayer).

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46

Para a Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora a reeducação

psicomotora é uma atividade terapêutica, objetivando a correção das

alterações do desenvolvimento psicomotor. Na reeducação lida-se diretamente

com os sintomas.

Através da terapia psicomotora que visa a tomada de consciência

do corpo como lugar de sensação, expressão e criação, podemos reabilitar

crianças que apresentem distúrbios no seu desenvolvimento psicomotor, seja

por fatores psicológicos, ambientais, sociais, etc.

É muito importante saber que a escola irá receber essa criança para

implantar e reforçar a sabedoria, mas que o seu desempenho dependerá de

como ela foi preparada no seu ambiente familiar.

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CAPÍTULO V

DEPOIMENTOS DE PAIS

“Nós podemos saber mais do que podemos

falar.”

Michael Polan, filósofo.

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DEPOIMENTOS DE PAIS

5.1 - Pesquisa de Campo

Sra. G. (35 anos) Bancária e Sr. P. (39 anos) Desenhista-projetista.

Filha de 10 anos, possui computador em casa, é usuária; passou a

utilizar o computador com 5 anos. Fica no computador de 30 a 40 minutos,

depende. Costuma brincar com outras crianças de casinha, queimado, dançar,

etc. Seus pais limitam o tempo que a filha usa o computador. Acham horrível

crianças que passam horas no computador e não brincam mais de correr,

pular, etc. Acham que a violência que estamos vivendo prende as suas

crianças em casa e acabam ficando horas no computador e sugerem outras

formas de distração como televisão, jogos educativos, etc. Dizem que o uso

sem limite do computador afeta o desenvolvimento da criança e que precisam

impor limites justamente para que não deixem de brincar, correr e saltar, por

quererem ficar só em frente ao computador.

Sra. C. (37 anos) Bancária e Sr. W. (40 anos) Militar.

Filho de 8 anos, não possui computador em casa, só na escola. É

usuário na escola e passou a utilizá-lo com 4 anos. Fica no computador 1 hora

(escola). Costuma brincar com outras crianças de jogar futebol, carrinho, etc.

Como o filho usa o computador na casa da avó, ele fica à vontade, ninguém

limita o tempo que ele utiliza. Acham que a criança precisa gastar energia e

que não é nada bom passar horas no computador, sem brincar, correr, pular,

etc. Não acham que a violência que estamos vivendo influencia no fato das

crianças ficarem presas em casa e usaram direto o computador. Sugerem que

para distrair uma criança tudo é válido: jogar, pular, ficar no computador, tudo é

válido. Acham que o uso do computador sem limite afeta o desenvolvimento da

criança e que é preciso impor limites para as crianças que não querem mais

correr, brincar, saltar, só para ficarem no computador.

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Sr. S. (37 anos) Corretor e Sra. E. (34 anos) comerciaria.

Filhos de 8 e 12 anos. Possuem computador em casa e o filho de 12

anos é usuário. Passou a utilizar o computador com 10 anos e fica 1 hora,

tempo esse limitado pelo pai. Costuma brincar com outras crianças de

videogame. Limitam o tempo que o filho usa o computador como citado acima.

Acham que crianças que passam horas no computador são espertas, mas

muito carentes de infância. Não vêem influência nenhuma quanto a violência

que estamos vivendo ao fato da criança ficar presa em casa e utilizar o

computador o tempo todo. Acham que existem outras formas de distraí-las

como estudar, fazer cursos e praticar esportes e que o uso do computador sem

limite afeta o desenvolvimento da criança e sugerem que para crianças que

não querem mais saber de brincar para ficar direto no computador, os pais

imponham o limite de uso, explicando o porquê.

Sra. I. (58 anos) Telefonista.

Neta de 12 anos não possui computador em casa, nem na escola,

portanto, não é usuária. Costuma brincar com outras crianças de videogame e

bonecas. Quanto às crianças que passam horas no computador e não brincam

mas de correr, pular, etc. acha muito ruim, porque não têm infância e tornam-se

adultos muito cedo e com stress. Não acha que a violência que prende nossas

crianças em casa influência no uso excessivo do computador pois existem

outras maneiras da criança brincar, como de escolinha, por exemplo. Acha que

o uso do computador sem limite afeta o desenvolvimento da criança e também

os estudos. Quanto ao fato das crianças que não querem mais brincar de

correr, pique e de saltar por só quererem ficar em frente ao computador, acha

que deve se tentar convencer a criança dizendo que ela não pode só ficar em

frente ao computador jogando estes jogos eletrônicos, porque faz mal para o

cérebro e pode afetar seus estudos.

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Sra. R. (38 anos) Auxiliar de Escritório e Sr. L. (42 anos) Gerente de

RH.

Filha de 12 anos. Possui computador em casa. É usuária e passou a

utilizá-lo com 8 anos. Fica mais ou menos 1 hora em frente ao computador.

Costuma brincar com outras crianças de boneca. Limitam o tempo de uso do

computador quando vêem que está demais. Quanto às crianças que passam

horas no computador e não brincam mais, acham que deveria ser administrado

mais o tempo, pois estão perdendo um bom tempo da infância. Acreditam que

a violência que prende nossas crianças em casa influência no uso excessivo do

computador, mas que existem outras formas de distraí-las, como brincar com

outras crianças de brincadeiras de criança. Acham que o uso sem limite do

computador afeta o desenvolvimento da criança por elas ficarem sem contato

umas com as outras. Quanto às crianças que não querem mais brincar só para

ficarem no computador, sugerem que não as deixem ficar no computador,

desligando o mesmo para que não fiquem jogando.

Sr. M. (38 anos) Supervisor de vendas e Sra. R. (37 anos) do Lar.

Filho de 12 anos. Possui computador em casa, é usuário e passou a

utilizá-lo com 10 anos. Fica no computador de 1 a 2 horas. Costuma brincar

com outras crianças de correr, jogar futebol, videogame, etc. Limitam o tempo

em que o filho usa o computador em no máximo 2 horas. Acham muito ruim

crianças que passam muitas horas em frente ao computador e que a violência

que estamos vivendo contribui para isso. Sugerem o esporte como forma de

distraí-los e acham que o uso sem limite do computador afeta o

desenvolvimento da criança. Quanto ao fato das crianças que não brincam

mais para ficar em frente ao computador, sugerem limitar a utilização do

mesmo e criar oportunidades esportivas em jogos coletivos.

Sr. P. (30 anos) Auxiliar de câmbio e Sra. M. (28 anos) Carteira.

Filhos de 6 e 12 anos. Não possuem computador em casa e nem na

escola, portanto os filhos não são usuários. Não costumam brincar com outras

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crianças, mas brincam de bola e soltar pipa. Acham errado crianças que

passam horas no computador pois elas precisam correr e pular para exercitar o

corpo. Quanto à violência em que estamos vivendo, acham que influencia no

fato das crianças ficarem presas em casa e acabarem indo para o computador,

mas que existem outras formas de distraí-las como jogar bola, pular corda, etc.

Acham que o uso sem limite do computador afeta o desenvolvimento da

criança e que devemos orientá-las a correr, saltar, moderadamente é claro,

pois faz bem ao corpo.

Esta pesquisa de campo foi feita através da elaboração de um

questionário padrão no qual foram obtidos depoimentos de pais de crianças na

faixa etária de 08 a 12 anos. O objetivo foi retratar a opinião dos pais quanto ao

uso excessivo do computador por nossas crianças e quais seriam as soluções

sugeridas para conciliarmos desenvolvimento e tecnologia sem prejudicá-las.

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CONCLUSÃO

Conclui-se através da elaboração dessa pesquisa que o

computador, se usado com moderação, não afetará o desenvolvimento

psicomotor de uma criança. Mas se os pais ou responsáveis não derem limites

a essas crianças elas se tornarão obesas, sem criatividade, viciadas nos jogos

de videogame e nos famosos jogos de computadores em que existem lojas

especializadas para tal distração.

É lógico que se deve acompanhar a evolução do mundo, mas é

importante ressaltar que existem normas já pré-estabelecidas e devemos

respeitá-las.

A tecnologia está aí, ótimo, maravilhoso! Mas as crianças também

estão, e para que elas evoluam tão bem quanto a nossa tecnologia, deve-se

observá-las e orientá-las desde os seus primeiros dias de vida. Impor regras,

impor limites, educá-las para que tomem consciência de si mesmas e do

mundo à sua volta.

É tarefa dos pais prepará-las para esse mundo, e dos profissionais

da área da educação e da saúde ajudá-las a desenvolverem-se de forma plena

e saudável até a sua fase adulta.

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BIBLIOGRAFIA

ALTSCHULLER, Cláudia. Criança na rede. Revista Bolsa de Mulher. Seção

Família, 4 mar. 2002.

BRIKHAN, Lola. A linguagem do movimento corporal. São Paulo: Summus,

1989.

EDUCAÇÃO: ESPECIALISTA DIZ QUE FALTA O ESTÍMULO À

CRIATIVIDADE NAS ESCOLAS. Jornal Semanal, 18 dez. 2002. Disponível

em: <http://www.jsemanal.com.br>. Acesso em 12 nov. 2003.

FONSECA, Vitor da. Manual de observação Psicomotora. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1995.

FURLANETTO, Ivo Augusto. O computador na educação. Jornal O Globo,

Jornal da Família, Rio de Janeiro, 2 dez. 1998.

LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor do nascimento até 6

anos: conseqüências educativas, a psicocinética na idade pré-escolar. 7

ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

LEVIN, Steban. A infância em cena. Petrópolis: Vozes, 1997.

OLIVEIRA, G. Psicomotricidade. Petrópolis: Vozes, 1997.

O PORTAL DA EDUCAÇÃO NO BRASIL. Revista Galileu. n. 101, dez. 1999.

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ANEXOS

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QUESTIONÁRIO PADRÃO

Pesquisa de campo com pais de crianças na faixa etária de 08 a 12 anos.

1) Qual a idade do(s) seu(s) filho(s)?

2) O(A) senhor(a) tem computador em casa?

3) Seu(s) filho(s) é(são) usuário(s)?

4) Com quantos anos seu filho(a) passou a utilizar o computador?

5) Quantas horas seu filho(a) passa em frente ao computador?

6) Ele costuma brincar com outras crianças?

7) De quê ele(a) costuma brincar?

8) O(A) senhor(a) limita o tempo que seu filho(a) utiliza o computador ou

deixa-o(a) à vontade?

9) O que o(a) senhor(a) acha de crianças que passam horas no

computador e não brincam mais de correr, pular, etc...?

10) O(A) senhor(a) acha que a violência em que estamos vivendo

influencia no fato das crianças ficarem presas em casa e portanto

acabam indo para o computador por ser a única foram de diversão?

11) O (A) senhor(a) acha que existem outras formas de distraí-los?

12) Se afirmativa, quais o(a) senhor(a) sugere?

13) O(A) senhor(a) acha que o uso sem limite do computador afeta o

desenvolvimento da criança?

14) Qual a sugestão para este tipo de problema: O que fazer com crianças

que não querem mais brincar de correr, saltar, brincar de pique, por só

quererem ficar em frente aos jogos de videogame, computadores, etc?

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 8

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 8

1.1 - Conceito 11

1.1.1 - O Desenvolvimento Motor Segundo Vitor da Fonseca 11

1.1.2 - O Desenvolvimento Motor e Desenvolvimento Perceptivo Motor

Segundo H. Williams

12

1.1.3 - O Modelo Teórico do Desenvolvimento Motor de David L. Gallahue 12

1.2 - Estrutura e Desenvolvimento Psicomotor 14

1.3 - O Desenvolvimento Psicomotor ao Longo da História 19

CAPÍTULO II 27

O COMPUTADOR E A CRIANÇA 27

2.1 - Crianças na Rede 29

2.2 - O Computador no Banco dos Réus 32

CAPÍTULO III 35

O COMPUTADOR E O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 35

3.1 - A Importância das Condições Afetivas ou Psicológicas para o

Desenvolvimento Corporal

37

3.2 - A Importância de Um Esquema Corporal Bem Organizado 38

3.3 - A Psicomotricidade no Desenvolvimento da Criança 39

CAPÍTULO IV 40

PROBLEMATIZAÇÃO 40

4.1 - Obesidade na Infância Facilitada Pelo Avanço Tecnológico 42

4.2 - A Psicomotricidade e a Reeducação Psicomotora 44

4.3 - O Comportamento Social 45

CAPÍTULO V 47

DEPOIMENTOS DE PAIS 47

5.1 - Pesquisa de Campo 48

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 53

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ANEXOS 54

ÍNDICE 58

FOLHA DE AVALIAÇÃO 60

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da Monografia: A Influência do Computador no Desenvolvimento

Psicomotor da Criança.

Data da Entrega: 27/03/2004

Avaliação:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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_______________________________________________________________

_____________________________________________.

Avaliado por: __________________________________ Grau ____________.

_____________________. _______ de _____________ de ______