UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa e da moderna administração foi a...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A GESTÃO ESCOLAR FRENTE À INCLUSÃO DE ALUNOS COM
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE (TDAH)
ORLY MARY GOMES DA ROCHA
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A GESTÃO ESCOLAR FRENTE À INCLUSÃO DE ALUNOS COM
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE (TDAH)
ORLY MARY GOMES DA ROCHA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva.
Rio de Janeiro
2014
AGRADECIMENTO
Agradeço a oportunidade de conquistar mais uma etapa a Deus.
À minha família: base de tudo.
Aos amigos: companheiros e indispensáveis.
À orientadora deste estudo, Professora Mary Sue Pereira, pela atenção.
E a todos que colaboraram com este estudo.
DEDICATÓRIA
Às pessoas com Transtornos do Déficit de Atenção e Hiperatividade em
respeito ao esforço diário para serem compreendidos.
RESUMO
O presente trabalho é um estudo bibliográfico que apresenta uma reflexão acerca do papel do Gestor Escolar no processo de inclusão de crianças que apresentam características e sintomas do TDAH e tem como objetivo geral uma análise da Gestão Escolar na perspectiva da inclusão de alunos com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade na escola regular. O TDAH é um dos temas de maior relevância no campo educacional e da saúde na contemporaneidade e tratar dessa questão é fator fundamental para o atendimento de qualidade aos estudantes diagnosticados com TDAH nos contextos das escolas. O gestor escolar contemporâneo tem, entre outras funções, promover a inclusão, com destaque neste estudo para as crianças com este transtorno, entendido como um distúrbio frequente e considerado como a causa principal do insucesso escolar.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 11
O GESTOR ESCOLAR E A INCLUSÃO
CAPÍTULO II 19
O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
CAPÍTULO III 29
A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO COM TDAH
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 40
ANEXOS 41
8
INTRODUÇÃO
Após transformações ocorridas no conceito de gestão escolar, a prática
do gestor na atualidade é percebida como uma atividade capaz de incitar os
componentes de uma equipe a atingir novos objetivos e a cumprir funções
empenhadas com a construção de uma educação inclusiva comprometida com
o respeito às diferenças e de qualidade.
O gestor escolar contemporâneo tem, entre outras funções, promover a
inclusão, com destaque neste estudo para as crianças com Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade –TDHA, entendido como um distúrbio
frequente e considerado como a causa principal do insucesso escolar. Assim, a
escola precisa enfrentar à demanda de atender cada indivíduo com suas
limitações e/ou diferenças, para que todos tenham a oportunidade de participar
do ambiente escolar e do processo de ensino/ aprendizagem.
A inclusão requer mudanças sociais e, no contexto escolar, muito ainda
precisa ser feito. Inicialmente, é necessário refletir a respeito do compromisso
que a escola tem com o desenvolvimento de cidadãos éticos e tolerantes. Este
é o princípio da inclusão e da escola inclusiva que precisa educar o cidadão
contemporâneo para ser capaz de estabelecer relações sociais, baseadas nas
diferenças. Mas, apesar de a inclusão ser um dos princípios da escola atual,
existem ainda instituições que excluem alunos com dificuldades, limitações e
deficiências.
A transformação necessária para a construção de uma escola inclusiva
envolve vários níveis como o administrativo, o filosófico e o pedagógico que
inclui as práticas docentes.
Partindo deste ponto de vista a ação gestora desempenha um papel
fundamental no contexto da inclusão, assegurando o uso de estratégias
9
diferenciadas no trabalho de intervenção com os alunos dificuldades de
aprendizagem, deficiências, transtornos e/ou dificuldades específicas.
Neste estudo, destaca-se dentre as atribuições que compõem uma
gestão inclusiva, a tarefa de divulgar aos professores e toda a comunidade
escolar que convive com crianças que apresentam características e sintomas
do TDHA, informações e orientações, dando suporte teórico-técnico-
metodológico que viabilizem a convivência diária e, como consequência, a
inclusão.
O TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um
transtorno neurobiológico que não tem uma causa específica e única que seja
comprovada. Aparece na infância e é caracterizado pelos sintomas de
desatenção, inquietude e impulsividade, sendo motivo de grande preocupação
de todos os profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem,
especialmente dos professores.
O presente trabalho é um estudo bibliográfico que apresenta uma
reflexão acerca do papel do Gestor Escolar no processo de inclusão de
crianças que apresentam características e sintomas do TDAH e tem como
objetivo geral uma análise da Gestão Escolar na perspectiva da inclusão de
alunos com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade na escola
regular.
Para tanto, a pesquisa está organizada de forma que o primeiro
capítulo apresenta um breve histórico da gestão escolar e aponta o Gestor
Escolar como elemento indispensável para viabilizar mudanças estruturais na
escola, incentivando práticas pedagógicas inclusivas direcionadas aos alunos
com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
No segundo capítulo são apresentadas contribuições teóricas para a
conceituação e o entendimento do TDAH e a viabilidade da inclusão de alunos
com este transtorno. E, o terceiro capítulo analisa práticas pedagógicas
inclusivas direcionadas aos estudantes com TDAH que, com frequência,
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apresentam sintomas como desatenção e dispersão, que prejudicam seu
desempenho escolar.
A análise teórica deste estudo tem base no referencial de teóricos, a
saber: Lück (2000), Paro (1999) e Veiga (2000), entre outros que discutem a
temática da gestão, incluindo Sage (1999) que orienta os gestores no processo
inclusivo. Quanto ao tema da inclusão escolar estão Galati (1998), Mantoan
(2003) e Sassaki (2003) e na discussão sobre TDAH, Cirio (2008), Rohde e
Benczik (2009), Barkley (2009), Mattos (2005) e Santos (2006), entre outros. O
estudo é complementado com as referências da legislação afim e de
documentos como as Declarações de Salamanca e Jomtien, que orientam a
temática da inclusão.
O entendimento da diversidade exige que a escola esteja “aberta” para
novas práticas metodológicas que estimulem a capacidade de aprendizagem
de todos os alunos. Esta postura inovadora pode tornar possível a qualquer
aluno o desenvolvimento de suas capacidades. Aqui a atuação da gestão
escolar entende e respeita as diferenças como intrínsecas ao ser humano,
tendo consciência da singularidade de cada sujeito.
Diante do exposto, justifica-se a temática estudada e o destaque ao
papel do gestor escolar no apoio ao professor e toda a comunidade escolar. O
processo de inclusão não deve excluir a orientação para a família, estimulando
a parceria da escola-família para complementar o tratamento do TDAH.
Logo, o gestor escolar deve ter como objetivo a construção de uma
escola que efetivamente inclua a todos e assegurar o processo de inclusão (já
normatizado pela legislação) incentivando a criação e a implementação de
propostas pedagógicas que assegurem o ritmo da aprendizagem de cada um,
aspecto importante no processo educacional de alunos com Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade.
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CAPÍTULO I
O GESTOR ESCOLAR E A INCLUSÃO
O presente capítulo tem como objetivo apresentar um breve histórico
sobre a Administração/Gestão Escolar pontuando alguns dos momentos mais
significativos, bem como, destacar a importância do papel do gestor e as
principais habilidades e competências exigidas para a realização de uma
gestão comprometida com a escola inclusiva e, em particular, com alunos com
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
1.1 Breve Histórico da Gestão Escolar
Com origem no latim administrare, a palavra administrar, no sentido
etimológico significa: ato de gerir, de governar, de dirigir negócios públicos ou
privados. Assim, por administração, entende-se ser a própria ação de
administrar.
Em diferentes momentos da história encontramos a tarefa
administrativa com o objetivo de garantir a produção ou reprodução da vida
material, social e política. Assim, estendemos que a administração é tão antiga
quanto à própria história do homem. No início da exploração dos recursos
naturais para suprir suas necessidades o homem já “administrava” as
dificuldades encontradas no meio ambiente, sendo obrigado a contar com os
demais membros de da tribo para sua sobrevivência. Neste momento o homem
organizava, montava estratégias, enfim, realizava tarefas administrativas
(SANTOS, 2002).
De acordo com Santos (2002), o estudo da administração é o
desdobramento da própria história do homem, das transformações
econômicas, sociais e políticas e, neste contexto, destacamos neste capítulo
alguns momentos da trajetória histórica da administração. Para o autor a
história da administração inicia oficialmente no ano 5.000 a.C, na Suméria,
12
quando os antigos sumerianos procuravam melhorar a maneira de resolver
seus problemas práticos, exercitando assim a “arte de administrar”.
No período 500 a.C. os chineses estabeleceram a Constituição de
Chow1, na tentativa definir regras e princípios administrativos, adotando um
sistema organizado de governo para o império.
Já na Idade Média as autoridades da Igreja ficaram conhecidas como
administradores natos; buscavam inspiração para a realização de negócios do
povo judeu. Os resultados administrativos do povo judaico resultaram na
construção das grandes catedrais e mosteiros que ainda hoje permanecem
fazendo parte da história.
Santos (2002, p.37) destaca na evolução da história da administração a
Igreja Católica Romana e as Organizações Militares como exemplo de
instituições administrativas:
a Igreja Católica Romana pode ser considerada a organização formal
mais eficiente da civilização ocidental que através dos séculos vem provando a força de atração de seus objetivos, a eficácia de suas técnicas organizacionais, espalhando-se por todo mundo e exercendo influência sobre os comportamentos dos fiéis.
O autor explica que as Organizações Militares evoluíram das ordens
informais dos cavaleiros medievais e dos exércitos dos séculos XVII e XVIII até
os tempos modernos quando encontramos uma rígida hierarquia de poder e a
adoção de princípios e práticas administrativas características a todas as
empresas do mundo moderno.
Para Ferreira e Aguiar (2001) o evento que provocou o aparecimento
da empresa e da moderna administração foi a Revolução Industrial, ocorrida no
1. Constituição de Chow era constituída de oito regulamentos e as Regras de Administração Pública de Confúcio. (www.infopedia.pt).
13
final do século XVIII, prosseguindo ao longo do século XIX, ocasionando
profundas mudanças econômicas, sociais e políticas.
Destacamos ainda no histórico da administração a importância do
século XX marcada pelos estudos do americano Frederick W. Taylor ao
apresentar os princípios da Administração Cientifica e o estudo da
Administração como Ciência.
Na história da administração Taylor é reconhecido como o precursor
da Teoria da Administração Científica, iniciando a prática da divisão do trabalho
e ao enfatizar tempos e métodos para assegurar o objetivo "de máxima
produção a mínimo custo", seguindo os princípios da seleção científica do
trabalhador, do tempo padrão, do trabalho em conjunto, da supervisão e da
ênfase na eficiência (PARO, 1999).
Na década de 40 é importante destacar a contribuição de Elton George
Mayo, conhecido como o criador da Teoria das Relações Humanas e, mais
posteriormente, com novas ideias sobre o Comportamento Organizacional.
De acordo com Paro (2000) a Teoria de Mayo surge como um
movimento de oposição à Teoria Clássica da Administração dando ênfase às
pessoas e tendo como origem a necessidade de humanizar e democratizar a
tarefa de administrar.
No contexto da administração escolar brasileiro tem destaque como
momento importante de mudanças o início da década de 80, período em que a
sociedade se mobiliza em favor da campanha “Diretas Já”, movimento
responsável pela abertura de novos espaços em diversos setores da
sociedade. A sociedade em todos os setores luta contra os conceitos
conservadores.
Este período chamado de Nova República dá início à transição
democrática E segundo Ferreira e Aguiar (2001, p. 49) acontecem inúmeros
debates sobre a administração na educação que foram aprofundados pela
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sociedade brasileira “fazendo ressurgir” o tema da participação social que havia
sido esquecido durante o Estado autoritário.
A partir da Constituinte de 1988 que a gestão democrática e
participativa fica estabelecida como princípio da educação brasileira. O termo
administração escolar vai sendo substituindo por gestão. O conceito de gestão
é intensificado na década de 90 com a promulgação da atual Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96).
Conforme declara a legislação, Lück (2000, p. 36) ressalta que a gestão
educacional precisa ser compreendida como um processo coletivo de
planejamento, organização e desenvolvimento de um projeto político-
pedagógico, representando um novo paradigma na educação, apresentando
novas ideias e orientações a partir da compreensão da rede de relações que se
estabelecem no contexto educacional:
(...) o conceito de gestão está associado ao fortalecimento da democratização do processo pedagógico, à participação responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efetivação mediante um compromisso coletivo com resultados educacionais cada vez mais efetivos e significativos.
Neste contexto a gestão escolar evidencia a possibilidade de resgatar o
papel social da escola apresentando importantes mudanças, principalmente, o
principio a gestão democrática que valoriza a participação de todos os
envolvidos no processo e as ações que promovam a educação inclusiva.
Portanto, o cenário atual da gestão escolar precisa seguir em direção
na defesa da escola pública de qualidade, sob a organização de uma gestão
democrática e inclusiva a fim de atender às demandas da sociedade
contemporânea.
1.2 O Gestor e os Conceitos Inclusivistas
É evidente a diferença do conceito de gestão e administração escolar e
para melhor compreender a mudança do termo administração para gestão,
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temos etimologicamente a palavra gestão com origem no latim gentio, que por
sua vez vem de genere trazer em si, produzir.
Portanto, gestão é o ato de administrar um bem fora de si (alheio), mas
também é algo que traz em si, porque nele está contido. É o conteúdo deste
bem é a própria capacidade de participação sinal maior de democracia. (PARO,
2000, p.36).
De acordo com Lück (2002, p. 56) a gestão compreende concepções
não consideradas pelo conceito de administração, como: a democratização do
ensino, o processo democrático de elaboração do projeto político-pedagógico
de cada escola; a compreensão da questão dinâmica das relações
interpessoais na organização; o entendimento da instituição como espaço
dinâmico sendo necessária uma atuação especial de liderança e, ainda, o
entendimento de que a mudança dos processos pedagógicos envolve
alterações nas relações sociais da organização.
Entretanto, a autora afirma que numa concepção anterior os “diretores”
seguiam ordens de “cima para baixo”, as quais, geralmente, não estavam de
acordo com a realidade. Portanto, não podiam tomar decisões no seu ambiente
escolar, consequentemente, não se comprometiam com as ações realizadas, e
nem com seus resultados (LÜCK, 2002).
Na atualidade, a gestão escolar constitui uma dimensão de atuação que
tem como objetivo promover a organização, a mobilização e a articulação das
condições materiais e humanos necessárias à garantia do avanço dos
processos sócio educacionais dos estabelecimentos de ensino. O gestor
assumindo as características de uma instituição que atenda às exigências e
demandas sociais.
Neste contexto, a prática gestora tem vivido um processo de expansão
decorrente das inúmeras transformações onde enfrenta muitos desafios e,
entre eles a inclusão que tem como objetivo assegurar o processo inclusivo de
todos os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
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altas habilidades/superdotação, nas classes regulares de ensino e, com
destaque neste estudo parta os alunos com Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH).
Historicamente a escola, considerada um espaço educativo, se
organizou apenas para receber os alunos que se “enquadravam” nos padrões
de normalidade estabelecidos pela sociedade excludente. Durante muito tempo
a escola negou as diferenças, distanciando-se de propostas inclusivas
destinadas a atender à diferença e a diversidade onde muitos ficaram sem
direito de participar do processo de educação formal. Hoje a educação
inclusiva consiste em não deixar nenhum aluno de fora do ensino regular,
desde o início da escolarização.
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na
época do Império e, desde então, a luta pela inclusão e pela escola inclusiva
tem uma longa trajetória na história da humanidade, tendo como marco
importante a Conferência Mundial de Educação Especial, que contou com a
participação inúmeros países e diversas organizações internacionais, reunidos
na cidade de Salamanca (Espanha) em junho de 1994.
A Declaração de Salamanca é uma resolução das Nações Unidas que
trata dos princípios, política e prática em educação especial, também
conhecida Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. O
movimento, realizado na Espanha (1994) pela UNESCO resolve que a
diversidade e necessidade específicas das crianças com deficiência em
diferentes contextos, devem ter direitos reconhecidos de forma igualitária
Atualmente a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) é o principal marco na organização do
sistema educacional inclusivo que fortalece o conceito de educação especial e
foi construída em um trabalho conjunto com a SEESP e o Ministério da
Educação O documento esclarece que o movimento mundial pela educação
inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, em defesa do
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direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem
nenhum tipo de discriminação.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (2008) constitui um paradigma educacional fundamentado na
concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como
valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade de direitos
objetivando romper com a exclusão dentro e fora da escola (Política Nacional
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva - 2008
MEC/SEESP). Assim, educação inclusiva deve acompanhar os avanços do
conhecimento e das lutas sociais, visando constituir políticas públicas
promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos.
De acordo com Glat (2007, p. 16) a educação inclusiva requer uma
escola onde o acesso e a permanência seja possível a todos os alunos e
mecanismos como seleção e discriminação sejam substituídas por ações que
removam barreiras para o desenvolvimento de todos. Para tanto, a escola
para tornar-se inclusiva a escola precisa formar seus professores e equipe de gestão, e rever formas de interação vigentes entre todos os segmentos que a compõem e que nela interferem, precisa realimentar sua estrutura, organização, seu projeto político pedagógico, seus recursos didáticos, metodologias e estratégias de ensino, bem como suas práticas avaliativas.
É notório que o conceito de escola inclusiva está ligado à modificação
da estrutura, do funcionamento e da reposta educativa, de modo que se tenha
lugar para todas as diferenças individuais, inclusive aquelas associadas a
alguma deficiência. Assim, a proposta de uma educação inclusiva necessita da
reestruturação de todos os aspectos que constituem a escola, envolvendo a
gestão de cada instituição escolar.
Em relação à inclusão escolar de alunos com TDAH na perspectiva
legal temos o princípio de que a educação é direito de todos e para todos. Sob
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esta perspectiva, destacamos a Resolução CNE/CEB nº 02/2001 que institui as
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação que estabelece:
Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: I- dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.
Assim, a inclusão escolar, mais do que uma “sentença legal” ou política
de transformação de práticas educativas é uma mudança de valores que vão
resultar na formação de sujeitos preparados e dispostos a participar das
dinâmicas realizadas no interior da sociedade.
Sob esta perspectiva, Santos (2006, p.49) ressalta que o gestor precisa
realizar um trabalho que tenha foco na educação inclusiva e “colabore com a
vivência da diversidade priorizando as singularidades das pessoas e as
aprendizagens ocasionadas dos encontros com a multiplicidade”.
A gestão necessita ter o compromisso com o processo de inclusão e
estar preparados frente à realidade e às necessidades que a escola inclusiva
apresenta como: a preparação dos ambientes físicos, competência dos
profissionais que participam da instituição e a disseminação de atitudes
inclusivas, para que cada membro da escola seja consciente do seu papel e
sua importância na inclusão.
Portanto, o gestor é visto como líder cooperativo na transformação da
escola e de todos os seus membros, onde a realização da prática gestora
tenha significados para todos os integrantes da equipe, através de um trabalho
capaz de articular o desenvolvimento de diferentes competências através de
práticas inclusivas.
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CAPITULO II
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
Neste capítulo são apresentadas as considerações teóricas sobre o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH, bem com causas,
sintomas e outras informações que caracterizam o trabalho estudado.
O TDAH é um dos distúrbios mais comuns entre os alunos na escola
da atualidade. Os alunos com este transtorno podem apresentar características
de desatenção, serem inquietos, impulsivos e agitados durante as aulas, não
conseguindo se concentrar na realização das atividades individuais ou
coletivas. Este transtorno que não é exclusivo da infância e tem afetado
inúmeras pessoas, entre crianças, jovens e adultos, permanecendo na vida
adulta em 70% dos casos.
Silva (2003, p.26) esclarece que na década de 1930 as crianças que
apresentavam condutas relacionadas ao TDAH tinham diagnósticos diferentes,
como Cérebro Danificado ou Lesionado, entretanto, após algum tempo
começou a ser utilizada a denominação Disfunção Cerebral Mínima.
[...] em 1957, o termo hiperatividade, começa a ser usado, pois acreditava que o transtorno era uma patologia exclusiva de meninos, tendente a mudar ao longo do seu desenvolvimento [...] percebia os sintomas enquanto parte de uma “hiperatividade fisiológica”, como se ela fosse de origem puramente genética ou causada por danos provocados pelo ambiente, consequentes de acidentes com lesões cerebrais.
Assim, passou-se a utilizar a expressão Síndrome da Criança
Hiperativa, para se referir ao transtorno.
Qualquer pessoa pode vir a ter o TDAH, independente do sexo, do grau
de escolaridade, do nível cultural ou situação socioeconômica. Alguns estudos
já relatam que a hiperatividade é mais comum em meninos do que em
meninas, mas isso não descarta que meninas também têm a mesma
possibilidade de vir a ter esse transtorno. Elas apresentam maiores problemas
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de humor e emoção enquanto os meninos apresentam problemas de
desatenção, agitação, impulsividade e agressão (CIRIO, 2008)
De acordo com Pastura, Mattos e Araújo (2010, p. 87) o TDAH pode
ocasionar alguns prejuízos na vida das pessoas com este transtorno. No caso
do desempenho escolar muitos estudos comprovam que existe uma relação
entre o mau desempenho escolar e o TDAH. Alunos com este transtorno
apresentam maiores taxas de abandono escolar, tem maior chance de
repetência, suspensão e expulsão. Outra comprovação é a de que, alunos com
TDAH possuem, em média, menos anos de estudo quando comparados com
outras crianças, além de apresentarem pior desempenho em testes de
aritmética e leitura.
Com diagnóstico complexo de ser realizado alguns autores como
Mattos (2007), afirmam que
a crianças com TDAH, muitas vezes são rotuladas como mal educadas, desinteressadas, ou até mesmo, com dificuldades de visão ou audição ou problemas de aprendizagem que dificultam seu desempenho acadêmico, ao invés de serem encaminhadas para profissionais da área de saúde para terem um diagnóstico mais adequado. Sabe-se, no entanto, que não podemos dizer que tais crianças não são capazes de aprender, e que, em geral, têm níveis normais ou elevados de inteligência.
O TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que
surge na infância e acompanha o indivíduo por toda sua vida. É importante
tornar evidente que os conceitos não determinam as especificidades de cada
individuo, sendo este um ser único. Entretanto, a partir do conceito abordado
por alguns pesquisadores do tema é possível a identificação das causas e dos
sintomas.
Com base em informações publicadas pela ABDA - Associação
Brasileira do Déficit de Atenção (2007) as crianças com Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade – TDHA apresentam alterações na região frontal
orbital e suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma
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das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies
animais e é responsável pela inibição do comportamento, isto é, controlar ou
inibir comportamentos inadequados, pela capacidade de prestar atenção,
memorização, autocontrole, organização e planejamento. O que parece estar
alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de
substâncias químicas chamadas neurotransmissoras, principalmente dopamina
e noradrenalina, que passam informação entre células nervosas (neurônios).
Mattos (2008) informa que a pessoa com TDAH apresenta alguns
sintomas declarados no Manual Diagnóstico – DSM-IV (1995):
• Forma predominantemente desatenta, quando existem mais sintomas da
desatenção. Este, segundo os estudos de Mattos (2008), é a forma mais
comum na população em geral;
• Forma predominantemente hiperativa / impulsiva, quando existem mais
sintomas da hiperatividade e impulsividade, esta é a forma mais rara e a
• Forma combinada, quando existem muitos sintomas das duas outras formas
mencionadas acima. Esta é a forma mais comum nos consultórios e
ambulatórios, provavelmente porque causa mais problemas para o próprio
portador e para os demais, o que leva os pais a procurarem ajuda para o filho,
A temática do TDAH é observada desde a antiguidade. Todavia, o tema
passou a ser discutido e difundido recentemente, pois cresce em larga escala o
diagnóstico de crianças com o transtorno, demandando então a atenção a esse
problema que se encontra frequente principalmente nas escolas.
De acordo com Fonseca (1998 apud RAZERA, 2001, p. 29) data de
1877, na Europa, os primeiros relatos da hiperatividade, mas, nesse caso, o
autor direciona que não eram destacados os pontos negativos dos sintomas da
hiperatividade; ao contrário “[...] a importância da hiperatividade no
desenvolvimento infantil em crianças com problemas mentais”.
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Houve na França, em meados de 1897, relatos sobre crianças com
sintomas característicos do TDAH. Mas, somente no século XX o transtorno
começa a ser identificado, como afirma Razera (2001, p. 34); “o crédito
científico costuma ficar com George Still e Alfred Tredgold, sendo eles os
primeiros autores a dedicar atenção clínica séria a uma condição
comportamental infantil que se aproximava do que hoje se denomina como
TDAH”.
Barkley (2002, p. 49) afirma que no início o TDAH era visto como um
problema ligado a maneira como as crianças aprendem voluntariamente inibir
seu comportamento e a aderir às regras de conduta social – não apenas da
etiqueta social, mas aos fundamentos da moral da época. O conceito atribuído
pelo autor sobre a visão que se tinha do TDAH é semelhante às descrições
relatadas pelos teóricos atuais.
Atualmente, ainda é comum percebemos confusão quanto à
denominação do TDAH e, segundo Razera (2001), isto acontece em função
dos diversos nomes empregados ao transtorno. De acordo com o manual
DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual, 4ª edição) o TDAH se caracteriza
por uma combinação de dois grupos de sintomas:
1. Desatenção
- não presta atenção a detalhes e faz erros por descuido nas tarefas escolares,
trabalhos ou outras atividades;
- tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou jogos;
- parece não escutar quando lhe falam diretamente;
- não segue as instruções até o final e não termina tarefas escolares,
atribuições domésticas ou deveres (que não seja devido a comportamento
opositivo ou incapacidade de entender as instruções);
- tem dificuldade em organizar tarefas e atividades;
- evita, desgosta ou é relutante em se engajar em tarefas que exigem esforço
mental mantido;
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- perde coisas necessárias para as tarefas e atividades, tais como brinquedos,
obrigações escolares, lápis, livros ou ferramentas;
- é facilmente distraído por estímulos externos;
- é esquecido em atividades diárias.
2. Hiperatividade/Impulsividade
- agita mãos ou pés ou se remexe na cadeira;
- abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentada;
- corre ou escala em demasia em situações impróprias;
- tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de
lazer;
- está sempre "a todo o vapor";
- fala demais;
- é impulsiva;
- dá respostas precipitadas, antes de ouvir a pergunta inteira;
- tem dificuldade de aguardar sua vez;
- se intromete na conversa dos outros ou a interrompe.
De acordo com a psicóloga Mônica Duchesne, da Associação
Brasileira do Déficit de Atenção (2000), uma consequência da hiperatividade é
a baixa autoestima das crianças, que surge quando elas notam que são
diferentes das demais - em alguns casos, são as únicas a não concluir o dever
e Isso pode criar um estigma que traz repercussões sociais.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade não tem uma causa
específica e comprovada. Na atualidade as pesquisas que investigam a causa
deste transtorno demonstram que ele pode ser causado por diversos fatores,
dentre os mais comuns encontram-se a disfunção orgânica, genética,
psicológica e social (ROHDE; BENCZIK, 1999).
Já foi divulgado que a criança com características do TDAH, poderia ter
uma lesão cerebral e, assim, em 1918, o neurologista americano Strauss
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levanta a hipótese de que os distúrbios de aprendizagem e os de
comportamentos poderiam ter como base uma lesão cerebral mínima.
(MOYSÉS e COLLARES, 1992, p. 34). Entretanto, os autores afirmam que
através de novas pesquisas percebemos que “[...] as alterações características
da patologia relacionam-se mais a disfunções em vias nervosas do que
propriamente a lesões nas mesmas”.
Em GOMES (2006) encontramos que o TDAH é um distúrbio
comportamental heterogêneo com múltiplas causas possíveis que podem ser:
neuroanatômicas e/ou neuroquímicas, origem genética, lesão do Sistema
Nervoso Central e fatores ambientais.
O TDAH é considerado um dos principais problemas crônicos na
infância e é caracterizado por três sintomas básicos: impulsividade, falta de
atenção e hiperatividade física e mental. Para Rohde e Benczick (1999, p. 37) a
hiperatividade:
É um problema de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação (a hiperatividade) e a impulsividade. Este transtorno tem um grande impacto na vida da criança ou do adolescente e das pessoas com as quais convive (amigos, pais, professores). Pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social bem como a um baixo desempenho escolar. Muitas vezes, é acompanhado de outros problemas de saúde mental.
O TDAH é preocupante, pois, além todos os fatores apresentados
pode causar muitas comorbidades, ou seja, várias outras alterações mentais
como: ansiedade, depressão, mudança constante de humor, Síndrome de
Tourette (tiques), problemas de aprendizagem e Transtorno Desafiador,
Opositor e de Conduta.
Diante deste quadro concluímos que não é simples a realização do
diagnóstico de TDAH, pois o mesmo precisa ser realizado com base em uma
conversa detalhada sobre o histórico da vida do indivíduo. Para iniciar
processo de diagnóstico do TDAH é importante considerar alguns aspectos
fundamentais que de acordo com Silva (2009, p. 224) se traduz em:
25
- Procurar um médico especializado no assunto para que você possa expor
suas ideias sobre a possibilidade de possuir esse tipo de funcionamento
comportamental;
- Relacionar para ele suas dificuldades e desconfortos nas áreas acadêmica,
profissional, afetivo-familiar e social, citando exemplos situacionais claros;
Verificar se esses problemas o acompanham desde a infância;
-Certificar-se de que suas alterações se apresentam em um grau (intensidade)
significativamente maior quando comparado a outras pessoas de seu convívio,
que se encontram na mesma faixa etária e em condições socioculturais
semelhantes;
- Eliminar a presença de qualquer outra situação médica ou não médica que
seja capaz de explicar as alterações apresentadas no seu comportamento,
bem como os transtornos que elas lhes causam no dia a dia.
Não é tarefa da escola o diagnóstico do TDAH, entretanto, Batista
(apud CASTRO; NASCIMENTO 2009, p. 24-25) com base no Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV esclarece-nos
indicando características que favorecem a compreensão do transtorno e seus
tipos:
O TDAH Tipo Predominante Desatento refere-se ao comportamento de
crianças com predomínio de sintomas de desatenção. Sendo que a criança
deve apresentar seis ou mais sintomas de desatenção que persistem há pelo
menos seis meses e ter menos de seis sintomas de
hiperatividade/impulsividade. Assim, crianças com esse Tipo de TDAH:
- Frequentemente deixam de prestar atenção a detalhes ou cometem erros por descuido em atividades escolares, brincadeiras ou outros; - Têm dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; - Facilmente se distraem com acontecimentos alheios às atividades; -Apresentam frequentemente esquecimento em atividades diárias; -Não seguem instruções, regras e não conseguem terminar seus deveres escolares ou domésticos; - Na maioria das vezes parecem não escutar quando lhes dirigem a palavra;
26
- Tanto na escola quanto em casa vivem perdendo coisas necessárias para tarefas e atividades; - Não gostam de se envolver em tarefas que exigem muito esforço mental; - São crianças criativas, sonhadoras e que “vivem no mundo da lua”.
O tipo de TDAH, denominado Tipo Predominante Hiperativo/Impulsivo,
refere-se ao comportamento de crianças com predomínio de sintomas de
hiperatividade e impulsividade. Sendo que a criança deve apresentar seis ou
mais sintomas de hiperatividade/impulsividade e menos de seis sintomas de
desatenção que persistem há pelo menos seis meses. As crianças com esse
tipo de TDAH apresentam as características:
-Quando estão sentadas com muita frequência se remexem ou agitam as mãos ou os pés na cadeira; - Têm dificuldades para se relacionarem socialmente por em muitas vezes apresentar um comportamento agressivo, impulsivo e autoritário; - Com frequência encontram dificuldades para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer; - Apresentam dificuldades em situações que precisam ficar sentadas por muito tempo; - Falam sem parar, “não tem freio na língua”; - Respondem perguntas antes mesmo que elas sejam concluídas; - Frequentemente se metem e interrompem assuntos de outros; - Sentem dificuldades para esperar por sua vez.
O TDAH do Tipo Cominado refere-se ao comportamento de crianças
com predomínio de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Sendo que a criança deve apresentar seis ou mais sintomas de
hiperatividade/impulsividade e seis ou mais sintomas de desatenção que
persistem há pelo menos seis meses. As crianças com esse tipo de TDAH
apresentam todos os tipos de sintomas citados acima no item 1 e 2.
- Frequentemente deixam de prestar atenção a detalhes ou cometem erros por descuido em atividades escolares, brincadeiras ou outros; - Têm dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; - Facilmente se distraem com acontecimentos alheios às atividades; - Apresentam frequentemente esquecimento em atividades diárias; - Não seguem instruções, regras e não conseguem terminar seus deveres escolares ou domésticos; - Na maioria das vezes parecem não escutar quando lhes dirigem a palavra; -Tanto na escola quanto em casa vivem perdendo coisas necessárias para tarefas e atividades;
27
- Não gostam de se envolver em tarefas que exigem muito esforço mental; - São crianças criativas, sonhadoras e que “vivem no mundo da lua”.
O TDAH do Tipo Predominante Hiperativo/Impulsivo refere-se ao
comportamento de crianças com predomínio de sintomas de hiperatividade e
impulsividade. Sendo que a criança deve apresentar seis ou mais sintomas de
hiperatividade/impulsividade e menos de seis sintomas de desatenção que
persistem há pelo menos seis meses. As crianças com esse tipo de TDAH:
-Quando estão sentadas com muita frequência se remexem ou agitam as
mãos ou os pés na cadeira;
-Têm dificuldades para se relacionarem socialmente por em muitas vezes
apresentar um comportamento agressivo, impulsivo e autoritário;
-Com frequência encontram dificuldades para brincar ou se envolver
silenciosamente em atividades de lazer;
- Apresentam dificuldades em situações que precisam ficar sentadas por muito
tempo;
- Falam sem parar, “não tem freio na língua”;
- Respondem perguntas antes mesmo que elas sejam concluídas;
- Frequentemente se metem e interrompem assuntos de outros;
- Sentem dificuldades para esperar por sua vez.
O tipo de TDAH- Cominado, refere-se ao comportamento de crianças
com predomínio de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Sendo que a criança deve apresentar seis ou mais sintomas de
hiperatividade/impulsividade e seis ou mais sintomas de desatenção que
persistem há pelo menos seis meses. As crianças com esse tipo de TDAH
apresentam todos os tipos de sintomas citados acima no item 1 e 2.
Há ainda, somados aos sintomas citados, as dificuldades das
relações sociais nas crianças com TDAH que de acordo com Barkley (2002),
por terem deficiência de atenção e dos processos cognitivos responsáveis por
receberem e processarem as informações das mais diferentes fontes, não
28
compreendem de forma correta os sinais para o bom desenvolvimento das
interações sociais e o conhecimento das normas que regulam essas
informações
[...] apresentam dificuldade de controlar seus impulsos e seguir as normas, têm dificuldades para resolver problemas, podem ser bruscos ou lentos, movem-se em excesso, dão respostas inadequadas, não conseguem controlar suas emoções e tem dificuldade de relacionamento com os outros.
É fundamental ressaltar que diante de tantas características e tipos do
mesmo transtorno, fica complexo diagnosticar. O diagnóstico depende das
informações dos pais, escola, criança, especialistas e dos médicos.
Quanto ao tratamento farmacológico do TDAH podemos citar os
Estimulantes que são utilizados desde a década de 30 no tratamento
do transtorno, os Antidepressivos Tricíclicos para diminuir a agressividade e
melhorar os sintomas de ansiedade e depressão habitualmente presentes em
portadores de TDAH. Os Antidepressivos, os Neurolépticos que são reservados
para os casos em que existe a hiperatividade e déficit de atenção e também
retardo mental associado. E, finalmente a Cafeína pouco utilizada para o
tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade devido às
facilidades para a prescrição do Metilfenidato, a Ritalina (ABDA, 2012).
É importante ressaltar que o uso de remédios para tratar deste
transtorno é, frequentemente, motivo de receio. Entretanto, de acordo com os
especialistas, não há dúvida sobre a eficácia dos medicamentos no tratamento.
Assim, veremos no capítulo seguinte, que o sucesso escolar de crianças
e adolescentes com TDAH requer uma combinação de intervenções
terapêuticas, cognitivas e de acompanhamento. Com esse apoio, a maioria
pode, perfeitamente, acompanhar as classes regulares.
29
CAPITULO III
A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO COM TDAH
Este capítulo analisa práticas pedagógicas inclusivas direcionadas aos
estudantes com TDAH que, com frequência, apresentam sintomas como
desatenção e dispersão, que prejudicam seu desempenho escolar.
Para que se efetive a inclusão no contexto escolar torna-se fundamental
a elaboração de uma prática pedagógica que considere a promoção do
processo inclusivo uma prioridade. Neste “caminho” matricular o aluno é
apenas uma pequena parcela do grande caminho a ser percorrido neste
âmbito.
Desse modo, torna-se importante considerar que a inclusão não pode
ser apenas para atender às determinações legais, mas sim, é necessária para
que as diferenças sejam respeitadas e que todos possam estabelecer relações
com outras pessoas e assim se adaptar ao seu contexto sociocultural.
Na inclusão escolar dos alunos com TDAH, o acompanhamento do
processo envolve uma abordagem múltipla, englobando intervenções
psicossociais e psicofarmológicas. No âmbito das intervenções psicossociais, o
primordial deve ser a intervenção educacional, através de informações claras e
precisas à família a respeito do distúrbio.
É importante que os envolvidos, professores, coordenadores orientação
educacional inspetores, ou seja, todo corpo escolar, conheça as melhores
estratégias para o auxilio deste educando na organização e no planejamento
das suas atividades a serem desenvolvida no âmbito escolar.
Desta maneira Ferreira e Guimarães ( 2003, p.118) apontam que:
na escola inclusiva, deve haver planejamento individualizado e suporte psicoeducacional para o desenvolvimento de cada educando.
30
Para considerar uma proposta de escola inclusiva, é preciso pensar como os professores devem efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa.
Assim, quando contextualizamos a temática do TDAH no contexto da
escola, pensamos num processo de inclusão integrada com a família. O
tratamento de crianças com TDAH exige um esforço coordenado entre os
profissionais das áreas médicas, saúde mental e psicológica, em conjunto com
os pais.
Neste processo a família tem um papel fundamental, tendo como
responsabilidade gerir este tratamento. O tratamento adequado garante
desenvolvimento desse aluno. Em alguns casos a utilização do medicamente
será necessária ficando a cargo da família a viabilização desde recuso. É
consenso que o papel da família deve ser cada vez mais ressaltado, pois é
uma parceira vital no processo de inclusão, tanto social quanto escolar, do
portador de deficiência. Diante disto, Santos (2006, p. 35) adverte:
[...] o que infelizmente ainda acontece é que muitas vezes a escola assume um papel de superioridade em relação à família, acreditando que podem “mandar” os alunos especiais a procurar por auxílio de fonoaudiólogas, psicólogas, entre outras áreas da saúde.
Para a eficácia do tratamento o mesmo deve ter a combinação de vários
procedimentos de profissionais diversos. A este tratamento denominamos de
intervenção multidisciplinar, que inclui nessa abordagem:
- O treinamento dos pais quanto à verdadeira natureza do TDAH e um
desenvolvimento de estratégias de controle efetivo de comportamento;
- Um programa pedagógico adequado, aconselhamento individual e familiar,
quando necessário para evitar o aumento de conflitos na família;
- O uso de medicação quando necessário.
31
Outros procedimentos são os tratamentos com medicamentos que
podem ajudar a melhorar os sintomas do TDAH. O remédio atua estabilizando
o desequilíbrio químico nos neurotransmissores, que no caso são responsáveis
pela regulação do humor, da atenção e do controle do impulso. De acordo com
Rohde e Benczik (1999, p.67):
No Brasil, dispomos apenas de um representante dessa classe de remédios. É o metilfenidato comercializado com o nome de Ritalina. Outra classe de medicações bastante utilizada no nosso meio e que também demonstrou clara eficácia para o alívio dos sintomas deste transtorno em vários estudos é a dos antidepressivos tricíciclos [...], por exemplo, a nortriptilina, comercializada com o nome de Pamelor e a imipramina, comercializada com o nome, entre outros de Tofrani.
O TDAH é definido a partir de quatro principais características que são a
hiperatividade, a instabilidade de atenção (ou concentração, distração),
agitação e a impulsividade. Decorrentes destes sintomas, outros podem surgir
como distúrbios emocionais e dissociais de aprendizagem e de aproveitamento
escolar.
É neste contexto que a escola encontra-se como responsável por
conduzir à criança e encaminhar sua convivência com outras crianças no
ambiente escolar. As intervenções escolares devem ter como foco principal o
desempenho integral deste individuo.
Torna-se importante destacar que a relação entre o professor e o aluno
com TDAH poderá favorecer o surgimento de meios para estimular e reforçar
positivamente boas atitudes do aluno com o transtorno, onde os “elogios e
outras formas de atenção, como um sorriso, um sinal, são as ferramentas mais
básicas de manejo que os professores têm à disposição”. (BARKLEY, 2002, p.
251).
Para Benczik (2000), a criança portadora do TDAH apresenta
dificuldade para adaptar-se à escola e à sala de aula. O professor precisa
também de orientação do profissional que trabalha com crianças portadoras
deste transtorno, podendo lhe ajudar a compreender as limitações da criança e
32
oferecer sugestões que podem facilitar o desempenho motor e cognitivo da
criança, como também reduzir a sobrecarga de suas atividades cotidianas.
O professor precisa estabelecer em sala de aula uma rotina que deixe
claras as regras estabelecendo, com clareza, os limites a serem seguidos. Para
Mattos (2005) é necessário “fixar” na parede as regras da sala e, assim, a
criança com TDHA estará o tempo todo em contato com elas. E, além das
regras, é fundamental informar ao aluno, o que ele deve fazer em cada
atividade, a cada dia, e o que o espera no fim do ano letivo.
Em relação à adaptação do currículo para crianças com TDAH,
lembramos que na educação inclusiva, é fundamental entender a flexibilização
ou adaptação como a resposta educativa que é dada pela escola para
satisfazer as necessidades educativas de um aluno ou de um grupo de alunos,
dentro da sala de aula comum, na medida em que o que se faz ou deve-se
fazer são ajustamentos, adequações do currículo existente às necessidades do
aluno.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional promulgada em
1996, assegura às pessoas com e transtornos globais do desenvolvimento o
direito à educação, preferencialmente na rede regular de ensino, para tanto,
exigindo adaptação e ou flexibilização de currículos, métodos, técnicas e
recursos para atender as especificidades do alunado.
Dando esclarecimentos sobre as ênfases da Declaração de Salamanca,
Carvalho (1997, p. 60) faz as seguintes afirmações:
Na escola, os aspectos a serem revistos para o desenvolvimento de uma proposta inclusiva foram: currículos, espaços físicos sem barreiras, organização escolar, pedagogia que explore conteúdos significativos e os processos de avaliação do aprendizado do aluno e das “respostas educativas” que a escola oferece.
As necessidades específicas do sujeito precisam ser atendidas de
diferentes formas através da intervenção pedagógica e/ ou suportes adicionais
33
especializados: recursos didáticos, materiais metodologias e currículos
adaptados, bem como tempos diferenciados, durante todo ou parte do seu
percurso escolar (Glat & Blanco, 2007)
Considerando que o TDAH é caracterizado por manifestações de
atividade motora excessiva, desatenção e impulsividade, sugerimos que as
adaptações curriculares para este transtorno visam garantir atendimentos
educacionais especiais. A escola tem que efetivamente viabilizar meios para
que este processo ocorra assegurando o educando seu direito de
desenvolvimento integral.
Neste contexto, é fundamental o papel do professor no diagnóstico de
uma criança com TDAH, através de relatórios e dos comportamentos
apresentados em sala de aula, o professor pode ajudar essa criança a se
desenvolver e até mesmo a minimizar suas queixas, pois é responsável pela
saúde mental e aprendizagem de crianças e adolescentes. Compreender uma
criança significa ser capaz de fazer prognósticos razoavelmente precisos sobre
seu comportamento (CIRIO, 2008).
Aos educadores cabe a orientação a cerca das posturas ideias a serem
apresentadas em sala de aula, frente aos alunos que necessitam de um
acompanhamento especial, onde as rotinas diárias consistentes precisam ser
trabalhadas frequentemente desenvolvendo assim um hábito uma rotina diária,
pois por meio da repetição este aluno apresentará melhor rendimento.
O professor deve ter conhecimentos consistentes sobre as causas e as
consequências, o modo de funcionamento dos processos psicológicos básicos
(como atenção, memória, linguagem, inteligência) e como eles podem estar
alterados nos casos de TDAH para poder desenvolver práticas pedagógicas
dinâmicas para a intervenção do transtorno.
É indicado o uso de recursos diversificados pelo professor em suas
aulas a fim de possibilitar ao aluno com TDAH experiências acadêmicas
perceptivas, integradas e dinâmicas. Diversos materiais didático-pedagógicos
34
como o Tangran, o Lego e os blocos lógicos (madeira/coloridos), são
possibilidades ricas na resolução de problemas e construção de conceitos.
Para as crianças menores com TDAH os autores sugerem as vivências
lúdicas que otimizam o brincar e, ainda, as atividades que promovem a
adaptação do aluno, estimulando as relações sócio interativas.
As orientações citadas são particularmente para as crianças da
educação infantil (creches e pré-escolas) portadoras de TDAH, em especial os
meninos, que se mostram agitados, irriquietos, movendo-se sem parar pelo
ambiente, mexem em vários objetos e falam muito, pedindo constantemente
para sair de sala e apresentam dificuldades para manter atenção em atividades
muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes (ABDA, 2002).
O trabalho pedagógico realizado com o aluno com TDAH o professor
precisa criar oportunidades que prevaleçam aprendizagens exploratórias e
investigativas como indica Farrel (2008, p.98):
- Encorajar o estudante com TDAH a explorar os mais variados materiais sobre
um determinado conteúdo/assunto que será trabalho/ensinado em sala de aula,
antes que o ensino ocorra. Ajudá-lo na escolha do material mais indicado;
aquele que mais lhe chamou a atenção, pois assim estará familiarizado e
estimulado em prestar a atenção no próximo “passo” da aula. Para isso, o
professor precisa explorar pesquisar e conhecer os materiais escolhidos
previamente, assim é mais provável que o aluno seja capaz de responder as
atividades propostas com mais autonomia e atinja o objetivo de finalizá-las
integralmente.
- Utilizar metodologia preferencialmente visual – as crianças com TDAH
aprendem melhor visualmente, portanto, escrever palavras-chave ao mesmo
tempo em que fala sobre o assunto, resulta no sucesso da prática pedagógica
em relação à fixação do conteúdo pelo estudante;
35
- Estimular a criatividade por meio de tarefas que exijam a exploração, criação
e construção do aluno. Evitar as atividades “passivas” como questionários com
respostas tipo “marcar x”;
- Ser claro e objetivo ao definir as regras de comportamento dentro da sala de
aula, criando, juntamente com a turma, um “código de conduta” simples, com
poucas palavras, para facilitar a memorização e escrever em uma tabela e
expor em lugar visível, entre outros.
De acordo com Cirio (2008) as tarefas propostas aos alunos com TDAH
não devem ser demasiadamente longas e necessitam serem explicadas “passo
a passo”, enquanto as provas precisam ser adaptadas a fim de favorecer este
contexto, ou seja, é necessário incluir efetivamente o aluno com TDAH.
É fundamental ressaltar que o professor tem papel fundamental no que
diz respeito ao acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno com
TDHA e, neste processo romper com a comparação entre o aluno com o
transtorno com os demais (MATTOS, 2005).
O autor continua explicando que é preciso que o professor realize
intervenções pedagógicas, proporcionando situações e experiências para que o
indivíduo com o transtorno tenha sucesso nas tarefas realizadas: “[...] justiça
não é dar a todo mundo a mesma coisa, mas dar a qualquer um o que cada um
precisa”. O aluno com esse transtorno necessita de estratégias pedagógicas
diferenciadas que lhe possibilitem acesso ao conhecimento.
Para tanto, há necessidade de formação continuada dos profissionais
diretamente envolvidos no atendimento a crianças e seus familiares, pois o
professor tem papel fundamental neste processo pedagógico e no
acompanhamento contínuo desse aluno. A falta de qualificação e de
informação dos professores pode contribuir para que os alunos com TDAH,
tenham dificuldade de ser incluídos.
36
É consenso entre os autores pesquisados que o professor e os
profissionais que participam do processo educacional do aluno com TDHA
deve romper com a prática comparativa entre os alunos e romper com a ideia
de homogeneidade entre os sujeitos. Pois, mesmo sabendo que a
aprendizagem é um processo individual, ocorre no coletivo.
Assim, a realização de um trabalho coeso, com práticas pedagógicas
de intervenção que contemplem tanto o atendimento individualizado como no
grupo, é a o ponto de partida e de chegada para o sucesso dos estudantes e
para os avanços na educação inclusiva.
Sob esta perspectiva, a tarefa do professor é buscar meios que
potencializem a sua prática pedagógica para que os alunos com TDAH possam
ser incluídos na sala regular e alcançar, em seu ritmo, a construção da
aprendizagem.
Assim, através de uma ação pedagógica integrada com outros
profissionais e voltada para as necessidades do aluno com TDHA a escola
torna-se capaz colaborara não apenas com a aprendizagem, mas, também,
com seu desenvolvimento.
37
CONCLUSÃO
A inclusão de alunos com Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH), caracterizado por manifestações de atividade motora
excessiva, desatenção e impulsividade, precisa ser compreendida em seu
contexto amplo e não apenas conceitual, sendo assim, é necessário atribuir ao
processo de inclusão, ações efetivas desde seu ingresso a instituição e no que
se refere, sobretudo, ao acolhimento do individuo e de sua família.
Neste contexto, a inclusão de alunos com TDAH compreendidas suas
características e necessidades vai contribuir com o objetivo de
desenvolvimento cognitivo dentro de suas especificidades e em seu contexto
educacional, a partir das adequações pedagógicas propostas.
É fundamental ressaltar que o Transtorno de Déficit de Atenção – TDAH
é uma disfunção cerebral e não uma doença e, desse modo, a forma mais
adequada de diagnosticá-lo é através do histórico pessoal do indivíduo do
aluno.
A construção de uma escola inclusiva requer a participação da família
que precisa efetivamente realizar seu papel frente às intervenções necessárias
que só a mesma tem autonomia de atuação. Desse modo, o papel dos
responsáveis na educação dos filhos com transtorno global do
desenvolvimento – neste estudo – o TDAH, é fator importantíssimo no
processo de inclusão escolar, já que são eles quem melhor conhecem seus
filhos.
Destacamos ainda neste processo de inclusão de alunos com TDAH, o
importante papel da gestão escolar, que deve trabalhar efetivamente pelo
desenvolvimento de cada educando. Portanto, a inclusão dos alunos com
TDAH deve ser um compromisso do gestor com a dimensão da atividade
pedagógica de sua função priorizando uma ação planejada eficaz ao processo
de Educação Inclusiva.
38
BIBLIOGRAFIA
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39
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transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Revista de Psiquiatria Clinica,
v. 32, n. 6, 2010.
40
ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
EPÍGRAFE 05
RESUMO 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 11
O GESTOR ESCOLAR E A INCLUSÃO
1.1. Breve Histórico da Gestão Escolar 11
1.2. O Gestor e os Conceitos Inclusivistas 14
CAPÍTULO II 19
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)
CAPÍTULO III 29
A INCLUSÃO ESCOLAR DA CRIANÇA AUTISTA
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 40
ANEXOS 41
41
ANEXO
DICAS PARA OS PROFESSORES.
1- Estabeleça rotinas: Mantenha a sala de aula organizada e estruturada. O
estabelecimento de uma rotina diária em sala de aula facilitará o entendimento
e a aprendizagem de todas as crianças. Estimule o aluno a limpar sua mochila
semanalmente e a mantê-la organizada também.
2- Crie as regras da sala de aula: Regras claras e objetivas ajudam na
manutenção da disciplina em sala de aula. Essas regras podem ser fixadas em
um painel localizado em local de fácil visualização pelos alunos.
Consequências negativas por quebra das regras também podem ser fixadas no
painel, assim como consequências positivas (prêmios) por comportamentos
assertivos.
3- Agenda escola-casa: Trata-se de uma estratégia comumente usada pelos
professores. Através dela, informações importantes poderão ser trocadas sobre
o comportamento do aluno em sala de aula, no recreio escolar, ou sobre a
execução de deveres de casa e atividades. Enfim, pais e professores poderão
manter um canal de comunicação para saber como está a criança ou
adolescente.
4- Sentar na frente na sala de aula: Será mais fácil monitorar e ajudar o
estudante com dificuldade nos estudos e com um comportamento desatento ou
hiperativo sentando-o na frente na sala de aula, próximo ao quadro e ao
professor. Isso irá facilitar o controle e manejo e comportamentos inadequados
em sala de aula, além de permitir que o professor faça intervenções ou elogie
boas atitudes desse aluno.
5- Matérias mais difíceis no início da aula: Não apenas os que tem TDAH,
mas todos os estudantes estão mais aptos à aprendizagem no início do horário
letivo. Portanto, as disciplinas mais difíceis podem ser “privilegiadas” nesse
momento, com maiores chances de serem assimiladas, enquanto no final do
dia todos estão mais cansados, e os conteúdos mais difíceis podem ser
ensinados nesse momento.
42
6- Pausas regulares: Todos nós possuímos uma determinada capacidade
para permanecermos atentos. Isso significa que após um determinado tempo,
nossa capacidade atencional diminui muito, assim como nosso desempenho.
Portanto, permitir pausas regulares entre as atividades é uma conduta
importante para que os alunos possam relaxar por alguns minutos.
7- Ensine técnicas de organização e estudo: Normalmente, crianças e
adolescentes apresentam dificuldade para se organizar e planejar os estudos.
Se esses estudantes tivessem TDAH será ainda maior. Portanto, o professor
pode exercer um papel importantíssimo no estabelecimento de técnicas de
organização para favorecer o estudo em casa.
8- “Tempo extra” para responder às perguntas: Por que não? Estamos
lidando com um aluno que apresenta dificuldade no controle da atenção,
desorganizado, mas que se conseguir um tempo extra, pode atingir os
objetivos propostos pelo professor. Logo, permitir um tempo extra para
responder às perguntas propostas durante a aula ou durante a prova pode e
deve ser realizado.
9- Questione sobre dúvidas em sala de aula: O professor deve questionar o
portador de TDAH, assim como outros estudantes dificuldades acadêmicas,
sobre dúvidas em sala de aula. Isto ajudará na assimilação de conceitos e
favorecerá a atenção do aluno.
10- Estimule e elogie: Portadores de TDAH comumente apresentam baixa
autoestima, pois estão constantemente recebendo críticas, podendo se tornar
desestimulados com a escola. Elogiando e estimulando seu esforço, o aluno se
sentirá valorizado, sua autoestima será protegida e teremos grandes chances
de observar um crescimento acadêmico. Estimule o aluno com palavras de
incentivo. Faça cartazes para serem colocados no mural de recados com as
regras do bom comportamento, recompensas por bom comportamento e
consequências pelo desrespeito às regras.
11- Premie o bom comportamento em sala de aula: Também chamado de
esforço positivo. Essa estratégia visa a estimular que comportamentos
assertivos sejam potencializados e o interesse pelos estudos aumente,
promovendo a melhoria do desempenho acadêmico de todos. Implemente um
programa com pontuação e recompensas por bom comportamento, também
43
chamado de economia de fichas. Você pode escrever um contrato entre você e
o aluno em que ele concorde em realizar seus trabalhos de sala e associar-se
a uma premiação em caso de sucesso. Ao final do capítulo há exemplos de
premiações em sala de aula.
12- Traga a aula para o dia a dia do aluno: Temos mais um fator para a
melhoria acadêmica de qualquer estudante: a motivação. Muitas crianças e
adolescentes encontram dificuldade em entender a necessidade de algumas
disciplinas. Portanto, a contextualização da matéria ensinada pode ser uma
boa alternativa para atrair o interesse do aluno. A matemática será muito mais
interessante caso o aluno aprenda a utilizá-la concretamente em sua rotina
diária. O português pode envolver a utilização de recortes de jornais e revistas,
assim como geografia e história. Enfim, existem inúmeras formas de tornar as
disciplinas interessantes para os alunos. Ao final do capítulo, há orientações
sobre estratégias para atrair a atenção do aluno em sala de aula.
13- Seja simpático: Costumo me lembrar de meus professores do colégio e os
melhores eram sempre aqueles dinâmicos, extrovertidos, que se
movimentavam em sala de aula, motivadores, engraçados e que chamavam os
alunos pelos nomes. Oscile a entonação e o volume de voz para atrai a
atenção. O professor pode ser um excelente modelo de comportamento para
seus alunos. Portanto, seja empático!
14- Dividir trabalhos por partes: Uma vez que crianças e adolescentes com
TDAH apresentam dificuldade na organização para a execução de trabalhos
escolares, ensiná-los a dividir em várias etapas pode ser uma grande
estratégia para facilitar a resolução e a conclusão, tornando o trabalho menos
exaustivo.
15- Agenda e lista de atividades diárias: Atualmente nossas crianças e
adolescentes têm muitas atividades. São aulas particulares, aulas de inglês,
futebol, judô etc. Bem, ensiná-los a utilizar uma agenda ou uma lista de
atividades diárias pode auxiliar muito na organização e no planejamento de seu
tempo.
16- Leitura sobre os transtornos comportamentais: Professores devem ter
algum conhecimento técnico sobre os problemas comportamentais escolares.
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Portanto, leia bastante sobre o TDAH e outras condições comportamentais que
acometem crianças e adolescentes.
17- Seja assertivo: O professor é figura central e modelo de aprendizagem
para seus alunos, portanto seja assertivo em suas colocações. Evite críticas,
pois o aluno com TDAH normalmente apresenta um prejuízo muito grande em
sua autoestima. Prefira elogios, mas caso a crítica seja necessária, converse
separadamente com o aluno para evitar expor suas dificuldades acadêmicas e
comportamentais aos outros estudantes.
18- Esteja alerta e antecipe problemas: Muitas vezes as mudanças
comportamentais dos alunos seguem um padrão. Identificando precocemente
esse padrão de comportamento, professores podem antecipar situações
problemáticas, como por exemplo: sempre que um aluno começa a levantar da
carteira, outros o seguem e em segundos todos estão conversando e
dispersos. O professor pode se antecipar e combinar que será permitido que o
aluno se levante da carteira após os exercícios terem sido concluídos e com
sua autorização. Lembre os alunos sobre o comportamento esperado para
essa ou aquela atividade em sala de aula.
19- Faça contato visual: Olhe nos olhos de cada aluno e chame-os pelo nome
para atrair e captar a atenção. Dessa forma os estudantes estarão mais alertas
e atentos às suas orientações e ensinamentos.
20- Utilize a internet: Alunos que apresentam dificuldade na cópia em sala de
aula podem se beneficiar da colocação de textos e de deveres de casa na
internet ou na distribuição de materiais impressos pelo professor.
21- Estimule a prática de esportes: A prática de atividade física deve ser
estimulada sempre. Aí entra com maior ênfase o papel do profissional de
educação física. Crianças e adolescentes com TDAH comumente apresentam
dificuldades de relacionamento social e são estabanadas nas atividades físicas.
Esportes coletivos são excelentes ferramentas para estimular a socialização,
melhorar a autoestima, além de ensinar sobre a importância do trabalho em
equipe, do respeito às regras, de seguir uma hierarquia de comando e de
respeitar a autoridade do professor.