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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE TESTAGEM PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Izabel Cristina Pires Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves Junho 2003

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

TESTAGEM PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Izabel Cristina Pires

Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves

Junho 2003

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2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

TESTAGEM PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Objetivos: Formular uma base de

orientação para que o Educador possa

ter um conhecimento geral sobre a

Psicomotricidade, assim como sua

avaliação e tratamento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus em primeiro

lugar,por me dar condições de lutar e

crescer profissionalmente; à

professora Fátima Alves que durante

todo curso atuou também como

supervisora me dando apoio em casos

difíceis de elucidar.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a minha mãe

Telma, minha filha Luiza e meu

marido Anderson que colaboraram

para realização desta pós-graduação e

aperfeiçoamento do meu trabalho.

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RESUMO

A presente monografia intitulada “Testagem Psicomotora na Educação Infantil”,

foi desenvolvida com o propósito de contribuir com os profissionais da área relacionada, a

fim de obterem em suas classes um melhor desenvolvimento psicomotor e assim contribuir

para uma aprendizagem harmoniosa.

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METODOLOGIA

A metodologia foi feita a partir de pesquisa bibliográfica, de forma,

primeiramente, teórica, breve, identificando as áreas que envolvem a Psicomotricidade.

A partir dessa pesquisa, foi feito um trabalho prático a fim de avaliar as crianças,

estar observando as dificuldades psicomotoras de cada criança e trabalhar de forma

preventiva ou reeducativa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

PSICOMOTRICIDADE 11

CAPÍTULO II 13

EDUCAÇÃO PSICOMOTORA 14

CAPÍTULO III 17

DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE 18

CAPÍTULO IV 28

REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA 29

CAPÍTULO V 31

TESTAGEM PSICOMOTORA 32

CAPÍTULO VI 37

EXERCÍCIOS PSICOMOTORES 38

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA 46

ANEXOS 48

ÍNDICE 56

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INTRODUÇÃO

A Psicomotricidade, segundo Jacques Chazaud, consiste na unidade dinâmica

das atividades, dos gestos, das atitudes e das posturas, enquanto sistema expressivo,

realizador e representativo do “ser-em-ação” e da “coexistência com outrem”.

A monografia, Testagem Psicomotora na Educação Infantil, pretende ser um

trabalho norteador para profissionais que atuam com crianças em idade escolar. Esta obra

percorre toda trajetória do desenvolvimento psicomotor e a importância das experiências

vividas e das condições do meio para um aumento de capacidade psicomotora tão

importante para assimilação das primeiras aprendizagens.

No primeiro capítulo, é definido o termo Psicomotricidade, sabendo-se que ela

envolve toda ação realizada pelo indivíduo, que represente suas necessidades e permitem

sua relação com os demais. É a integração psiquismo-motricidade.

O segundo capítulo aborda como e para que serve a Educação Psicomotora,

baseada no movimento, pois é o movimento que permite à criança explorar seu mundo

exterior através de experiências concretas, sobre as quais são contribuídas as noções básicas

para o desenvolvimento intelectual.

No terceiro capítulo analisa as etapas de desenvolvimento da Psicomotricidade,

as quais são indispensáveis para que se estabeleçam condutas educativas que poderão

favorecer os diversos aspectos do desenvolvimento e do conhecimento e, portanto

simplificar a adaptação da criança ao meio em que vive.

O quarto capítulo descreve a Psicomotricidade como uma reeducação, vista

como instrumento para auxiliar a criança a superar dificuldades e inadaptações motoras e

intelectuais nos primeiros anos de sua escolaridade. A reeducação deve ser trabalhada em

função da criança, sua idade, suas necessidades e interesses.

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9 O quinto capítulo revela uma testagem psicomotora realizada com crianças da

Educação Infantil, com o objetivo de descobrir se, no grupo, há alguma criança

apresentando dificuldades psicomotoras. Esta tarefa pode se tornar difícil quando o

profissional não está preparado para observar minunciosamente cada aluno. A testagem

busca descobrir as áreas que devem ser melhor estimuladas.

No sexto capítulo os exercícios práticos são classificados de acordo com cada

área que deve ser bem estimulada. Os exercícios psicomotores têm finalidade fazer com

que adquiram uma noção corporal e espacial bem precisa. A variedade é muito importante,

pois muitas crianças revelam-se incapazes de refazer um mesmo exercício com material

diferente.

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CAPÍTULO I PSICOMOTRICIDADE

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PSICOMOTRICIDADE

O termo Psicomotricidade apareceu pela primeira vez com Dupré em 1920,

significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento. Embora desde 1909,

ele já havia chamado a atenção de seus alunos sobre o desequilíbrio motor, denominando o

quadro de “debilidade motriz”. Verificou-se, então, que existia uma estreita relação entre as

anomalias psicológicas e as anomalias motrizes, o que levou a formular o termo

psicomotricidade.

Harrow (apud Gislene 1999) faz uma análise sobre o homem primitivo

ressaltando como o desafio de sua sobrevivência estava ligado ao desenvolvimento

psicomotor. As atividades básicas consistiam basicamente em caça, pesca e colheita de

alimentos e, para isto, os objetivos psicomotores eram essenciais para a continuação da

existência em grupo. Eles necessitavam de agilidade, força, velocidade, e coordenação. A

recreação, os ritos cerimoniais e suas danças em exaltação aos deuses, e a criação de

objetos de arte também eram outras atividades desenvolvidas por eles. Tiveram que

estruturar suas experiências de movimentos em formas utilitárias mais precisas.

Atualmente o homem também necessita destas habilidades, embora tenha se

aperfeiçoado mais para melhor adaptação ao meio em que vive. Necessita ter um bom

domínio corporal, uma boa percepção auditiva e visual, uma lateralização bem definida,

faculdade de simbolização, orientação espaço-temporal, poder de concentração, percepção

de forma, tamanho, número, domínio de diferentes comandos psicomotores como

coordenação fina e global, equilíbrio.

Harrow cita ainda os sete movimentos ou modelos de movimentos básicos

inerentes ao homem que são: correr, saltar, escalar, levantar peso, carregar, pendurar,

arremessar. Exemplificando, pode-se observar como as crianças se comportam quando

estão envolvidas em alguma atividade durante o dia. Possuem movimentos naturais porque

são inerentes ao organismo humano, não necessitam ser ensinadas e representam a

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12necessidade de se tornarem ativas. A função do educador, portanto, é modelar e tornar

eficiente a execução destes movimentos.

A Psicomotricidade destaca a relação entre a motricidade, a mente e a

afetividade, e este desenvolvimento acontece de etapa por etapa, através de uma

aprendizagem natural.

O estudo da psicomotricidade abrange :

1. A formatação do “eu”, da personalidade da criança, isto é, o desenvolvimento do

esquema corporal, através do qual a criança toma consciência do seu corpo e das

maneiras de expressar-se por meio desse corpo.

2. A criança passa a perceber sua dominância lateral.

3. Estruturação espacial, que é a maneira como a criança se localiza no espaço que a

circunda e como situa as coisas, umas em relação às outras.

4. Orientação temporal diz respeito à maneira como a criança se situa no tempo.

5. Domínio do desenho e grafismo, através de como se expressam por meio de

desenhos.

A criança precisa dominar seu corpo, utilizá-lo com desenvoltura e eficácia, o

que lhe proporcionará bem-estar, tornando fáceis e equilibrados seus contatos com os

outros. Uma criança cujo desenvolvimento psicomotor ocorre harmoniosamente estará

equipada para uma vida social próspera.

A Psicomotricidade ajuda viver em grupo.

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CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO PSICOMOTORA

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EDUCAÇÃO PSICOMOTORA

A Educação Psicomotora abrange todas as aprendizagens da criança; pode ser

usada para todas as crianças, individual e coletivamente. Processa-se por progressões bem

específicas e todas as etapas são necessárias.

A Educação Psicomotora é indispensável nas aprendizagens escolares, iniciando

no maternal, até a 3º série, ajuda a criança a organizar-se, propiciar-lhe melhores

possibilidades de resolver os exercícios de análise, de lógica, de relações entre números.

Os pais são os primeiros educadores, pois no dia-a-dia dispõem de momentos

privilegiados para ajudar a criança. Permitem que a criança enfrente situações propícias

durante as refeições e com os brinquedos, jogos, para que encontre em si mesmas um bom

número de possibilidades para facilitar suas atividades.

Não se deve fazer tudo para a criança, é válido ensinar-lhe os gestos necessários,

demonstrando-os várias vezes e em seguida deixá-la a agir sozinha.

As professoras do maternal estão em primeiro plano da Educação Psicomotora, e

levadas a verificar e reforçar os conhecimentos psicomotores da criança, com a finalidade

de adquirir uma noção corporal e espacial bem precisa. O objetivo é ajudar a criança a

perceber melhor o seu corpo, a dominar seu movimento para melhorar sua expressão

corporal.

É muito importante que a professora demonstre carinho e aceitação integral do

aluno para que este passe a confiar mais em si mesmo e consiga expandir-se e equilibrar-se.

A preocupação dos educadores é com o desenvolvimento absoluto do aluno no

processo ensino-aprendizagem, estimulando de maneira que todas as áreas como

psicomotricidade, cognição, afetividade e linguagem estejam inerligadas.

Um bom desenvolvimento psicomotor proporciona ao aluno algumas das

capacidades básicas para um bom desempenho escolar, e a escola deve contribuir dando

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15recursos para que ele se saia bem, aumentando assim, seu potencial motor. A

psicomotricidade se caracteriza por uma educação que utiliza o movimento para atingir

outras aquisições mais elaboradas, como as intelectuais.

O aluno se sentirá bem à medida que desenvolver integralmente suas próprias

experiências, da manipulação adequada e constante dos materiais que o cercam e também

das oportunidades de descobrir-se. E isto será mais fácil de se conseguir se estiverem

satisfeitas suas necessidades afetivas, sem bloqueios e sem desequilíbrios emocionais.

Os exercícios psicomotores, através do movimento e dos gestos, não devem ser

realizados de forma mecânica, devem ser associados com as estruturas cognitivas e

afetivas.

Alguns pré-requisitos, do ponto de vista psicomotor, são essenciais para que a

criança tenha uma aprendizagem significativa em sala de aula. É necessário que, como

condição mínima, ela possua um bom domínio do gesto e do instrumento. Isto significa que

precisará usar as mãos e dedos para escrever e, portanto, precisará de boa coordenação

motora fina.

Ela terá mais habilidade para manipular os objetos de sala de aula, como lápis,

borracha, régua, se estiver ciente de suas mãos como parte de seu corpo e tiver

desenvolvido padrões específicos de movimentos.Deverá aprender a controlar seu tônus

muscular de forma a saber dominar seus gestos.

A criança também precisa ter uma boa coordenação global, sabendo se deslocar,

transportar objetos e se movimentar em sala de aula e no recreio. Muitos dos jogos e

brincadeiras, realizados nos pátios das escolas, são, na verdade, uma preparação para uma

aprendizagem futura. Com eles, a criança pode adquirir noções de localização, lateralidade,

dominância, e conseqüentemente orientação espaço-temporal. Um fator importante para a

educação escolar é o desenvolvimento do sentido de espaço e tempo. Uma boa orientação

espacial poderá capacitá-la a orientar-se no meio com desenvoltura.

A partir do movimento surgem as noções de tempo, duração de intervalos,

seqüência, ordenação, ritmo. Não se pode esquecer, também como pré-requisito para uma

boa aprendizagem, a acuidade auditiva e visual, estes estímulos devem estar integrados e

bem orientados.

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CAPÍTULO III

DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE

DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE

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1. COORDENAÇÃO GLOBAL, FINA E ÓCULO-MANUAL

Para uma pessoa manipular os objetos precisa ter algumas habilidades essenciais:

movimentar-se no espaço com desenvoltura, habilidade e equilíbrio, e ter o domínio do

gesto e do instrumento. Esses movimentos, desde o mais simples ao mais complexo, são

determinados pelas contrações musculares e controlados pelo sistema nervoso (Brandão,

apud Gislene 1999). Dependem, portanto, da maturação do sistema nervoso.

1.1. COORDENAÇÃO GLOBAL

A coordenação global diz respeito à atividade dos grandes músculos. Depende da

capacidade de equilíbrio postural do indivíduo. Este indivíduo está subordinado às

sensações proprioceptivas cinestésicas e labirínticas. Através da movimentação e da

experimentação, o indivíduo procura seu eixo corporal, vai se adaptando e buscando um

equilíbrio cada vez melhor. Conseqüentemente, vai coordenando seus movimentos, vai se

conscientizando de seu corpo e das posturas. Quanto maior o equilíbrio, mais econômica

será a atividade do sujeito e mais coordenadas serão suas ações.

A coordenação global e a experimentação levam a criança a adquirir a dissociação

de movimentos. Isto significa que ela deve ter condições de realizar vários movimentos ao

mesmo tempo, cada membro realizando uma atividade diferente, havendo uma conservação

de unidade de gesto.

1.2. COORDENAÇÃO FINA E ÓCULO-MANUAL

A coordenação fina refere-se à habilidade e a destreza manual e constitui um

aspecto particular da coordenação global. Uma coordenação precisa de dedos da mão

facilita a aquisição de novos conhecimentos. É através do ato de preensão que a criança vai

descobre pouco a pouco os objetos de seu meio ambiente.

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19 Possuir apenas uma boa coordenação fina não é suficiente. É necessário que haja

controle ocular, ou seja, é a visão acompanhando os gestos da mão, chamada de

coordenação óculo-manual ou viso-motora.

A coordenação óculo-manual se efetua com precisão sobre a base de um domínio

visual previamente estabelecido ligado aos gestos executados, facilitando, assim, uma

maior harmonia do movimento. Essa coordenação é exigida na escrita.

Para Ajuriaguerra (apud Gislene 1999), o desenvolvimento da escrita depende de

diversos fatores: maturação geral do sistema nervoso, desenvolvimento psicomotor geral

em relação à tonicidade e coordenação dos movimentos e desenvolvimento da motricidade

fina dos dedos da mão.

O ensino da escrita exige ainda uma certa coordenação global do ato de sentar. A

criança precisa adquirir uma postura correta para realizar harmoniosamente os movimentos

gráficos, de maneira mais cômoda, mais relaxada.

O desenho e o grafismo desempenham uma habilidade preparatória muito

importante para a escrita e a leitura. Auxiliam a desenvolver a capacidade de pegar o lápis

corretamente, facilitando uma maior harmonia dos movimentos.

2. ESQUEMA CORPORAL

O corpo é uma forma de expressão da individualidade.

O esquema corporal é um elemento indispensável para a formação da

personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada

que a criança tem de seu próprio corpo. A criança passa a percebe-se e perceber os seres e

as coisas que a cercam, em função de sua pessoa.

Todo ser tem seu mundo construído a partir de suas próprias experiências

corporais. Morizot, em palestra proferida no I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade,

afirma:

“Toda relação corporal implica uma relação

psicológica, pois o movimento não é um

processo isolado e está em estreita relação

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20 com a conduta e a personalidade”.

Uma criança quando possui dificuldades em seu esquema corporal, não coordena

bem os seus movimentos. Observa-se que é atrasada quando se despe, as habilidades

manuais lhe são difíceis. Na escola a caligrafia é feia, e a leitura expressiva, não

harmoniosa. O gesto vem após a palavra, a criança perde o ritmo da leitura ou então pára no

meio de uma palavra.

As habilidades motoras são desenvolvidas pela criança de modo ordenado,

identificados por Dauer e Pangrazi, em seu livro, “Dynamic Psysical for Elementary School

Children”:

1) O desenvolvimento em geral avança da cabeça para o pé (cefalocaudal), ou seja, a

coordenação e o controle das partes do corpo ocorrem na porção superior do corpo,

antes que sejam observados na porção inferior.

2) O desenvolvimento ocorre de dentro para fora (proximodistal).

3) O desenvolvimento evolui do geral para o específico. Movimentos grossos ocorrem

antes dos padrões de coordenação motora fina e movimentos refinados.

2.1. ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DO ESQUEMA CORPORAL:

a. O corpo vivido: Tem como objetivo, fazer com que a criança a domine seus

movimentos e perceba seu corpo globalmente, constituindo um todo.

Esta etapa, portanto, é dominada pela experiência vivida pela

criança, pela exploração do meio, por sua atividade investigadora e

incessante. Ela precisa ter suas próprias experiências e não se guiar pelas do

adulto, pois é pela sua prática própria, pela sua exploração que se ajusta,

domina, descobre e compreende o meio. Este ajuste significa que a criança,

mesmo sem a interferência da reflexão, adequa suas ações à s novas situações,

isto é, desenvolve uma das funções mais importantes que é a “função de

ajustamento”.

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21 Ela adquire também uma verdadeira memória do corpo que é

responsável pela eficácia dos ajustamentos posteriores.

No final desta fase pode-se falar em imagem do corpo pois o “eu”

se torna unificado e individualizado.

b. Conhecimento das partes do corpo: Após a percepção global do

corpo vem a etapa da tomada de consciência de cada segmento corporal.

Esta etapa corresponde à organização do esquema corporal devido

à maturação da “função de interiorização”, aquisição importante porque

auxilia a criança a desenvolver uma percepção centrada em seu próprio corpo.

A criança deve situar todos os segmentos, relacionando-os, a fim de

reunificar a imagem corporal, deve apontar, nomear as diferentes partes do

corpo e localizar uma percepção tátil.

c. Orientação espaço-temporal: Tem como objetivo apurar seus

sentidos; perceber as orientações e posições que cada parte do corpo pode

tomar, associar as diversas partes do corpo aos objetos da vida cotidiana.

A criança chega à representação mental dos elementos do espaço

sendo possível graças a primeira fase de descoberta e experiências vividas

pela criança. Ela descobre sua dominância e assim seu eixo corporal. Passa a

ver seu corpo como um ponto de referência para se situar e situar os objetos

em seu espaço e tempo. Este é o primeiro passo para que ela possa, mais tarde,

chegar à estruturação espaço-temporal.

Ela tem acesso a um espaço e tempo orientados a partir de seu

próprio corpo. Chega, pois, à representação dos elementos do espaço,

descobrindo formas e dimensões. Neste momento assimila conceitos como

embaixo, acima, direita, esquerda. Adquire também noções temporais como a

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22duração dos intervalos de tempo, de ordem e sucessão, isto é, o que vem antes,

depois, primeiro, último.

d. Organização espaço-corporal: Após conhecer as partes do corpo,

a disposição, as posições, a criança poderá explorar todas as possibilidades

corporais. Os movimentos serão de duas formas:

i. ANALÍTICA: chegará a um domínio corporal através de

exercícios de coordenação equilíbrio, inibição, destreza.

ii. SINTÉTICA: por um lado, prevendo e adaptando seus

movimentos ao objeto a ser alcançado; por outro, expressando por intermédio

de seu corpo, uma ação, um sentimento, uma emoção.

A criança será levada a descrever um movimento, a compreender as

situações refletidas pelas atitudes e expressões das personagens, e exprimir-se

através de desenho, em suma, a compreender e dominar o diálogo corporal.

3. LATERALIDADE

A lateralidade é a propensão que o ser humano possui de utilizar

preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em três níveis: mão,

olho e pé. Isto significa que existe um predomínio motor, ou melhor, uma

dominância de um dos lados. O lado dominante apresenta maior força

muscular, mais precisão e mais rapidez. É ele que inicia e executa a ação

principal. O outro lado auxilia esta ação e é igualmente importante.

Este item corresponde a dados neurológicos, ou seja , há

predominância de um hemisfério sobre o outro, mas também é influenciada

por certos hábitos sociais.

A lateralidade influi na idéia que a criança tem de si mesma, na

formação de seu próprio esquema corporal, na percepção da simetria de seu

corpo. Assim que a criança descobre seu lado dominante, exercícios

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23simétricos devem ser feitos para fortalecer o lado não dominante, a fim de

estabelecer um equilíbrio de força e de destreza entre os dois lados.

Se uma pessoa tiver a mesma dominância nos três níveis – mão,

olho, pé – do lado direito, diremos que é destra homogênea; e canhota ou

sinistra homogênea, se for esquerdo. Se ela possuir dominância espontânea

nos dois lados do corpo, isto é, executar os mesmos movimentos tanto com

lado como com o outro, é chamada de ambidestra.

Podem ocorrer, entretanto, alguns casos em que a criança apresente

destreza para mão e olho e seja canhota para pés e ouvidos (ou outra

combinação), sendo definida como lateralidade cruzada.

Concorda-se com Brandão quando diz que a lateralidade deve

surgir naturalmente, da própria criança, e não deve ser imposta. Deve surgir

dela mesma, graças à imagem proprioceptiva que tem de seu corpo e às suas

preferências naturais pelo uso de uma das mãos, pés, e olhos.

4. ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL

A estruturação espacial é a orientação, a estruturação do mundo

exterior referindo-se primeiro ao referencial, depois a outros objetos ou

pessoas em posição estática ou em movimento.

A estruturação espacial é essencial para se viver em sociedade. É

através do espaço e das relações espaciais que se situa no meio que nos rodeia,

que se estabelece relações entre as coisas, pode-se fazer observações,

compará-las , combiná-las, veras semelhanças e diferenças entre elas. Nesta

comparação entre os objetos observa-se as características comuns a elas (e as

não comuns também). Através de um verdadeiro trabalho mental pode-se

selecionar, comparar os diferentes objetos, extrair, agrupar, classificar seus

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24fatores comuns e chegar ao conceito destes objetos e às categorizações. Esta

formação de categorias leva à generalização e à abstração.

Muitas atividades realizadas em sala de aula, como a escrita,

dependem da manipulação das relações espaciais entre os objetos. As relações

espaciais, por sua vez, são mantidas por meio do desenvolvimento de uma

“estrutura” de espaço. Sem esta “estruturação” a criança pode se perder ou

distorcer muitas destas relações no seu comportamento, sofrendo por receber

informações inadequadas.

A estruturação espacial não nasce com o indivíduo. Ela é uma

elaboração e uma construção mental que se opera através de seus movimentos

em relação aos objetos que estão em seu meio.

Ela apreende também as noções de situações (através de conceitos

como dentro, fora, no alto, abaixo, longe, perto); de tamanho (através dos

conceitos de grosso, fino, grande, médio, pequeno, estreito, largo); de posição

(por meio das noções de em pé, deitado, sentado, ajoelhado, agachado,

inclinado); de movimento (através dos conceitos de levantar, abaixar,

empurrar, puxar, dobrar, estender, girar, rolar, cair, levantar-se, subir, descer);

de formas (conceitos de círculos, quadrado, triângulo, retângulo); de qualidade

(conceitos de cheio, vazio, pouco, muito, inteiro, metade); de superfícies e de

volumes.

Ao apreender estes conceitos, a criança já atingiu a etapa da

orientação espacial. Isto significa que a criança tem acesso a um “espaço

orientado a partir de seu próprio corpo multiplicando suas possibilidades de

ações eficazes” (Le Bouch, apud Gislene 1999)

Quando uma criança já consegue se orientar em seu meio ambiente,

estará mais capacitada a assimilar a orientação espacial no papel.

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25 A criança, portanto, aprende a ler em um espaço determinado,

sabendo-se que a escrita e a leitura possuem uma direção gráfica: escreve-se e

lê-se de forma horizontal, da esquerda para a direita e de cima para baixo.

Cada letra tem uma forma e uma forma orientada.

Ela desenvolve também a memória espacial, o que lhe permite

descobrir os objetos que estão faltando em determinado lugar e reproduzir um

desenho previamente observado. Além disso, se ela tiver uma memória

espacial desenvolvida, não se esquecerá dos símbolos gráficos e nem das

direções que deverá seguir.

5. ORIENTAÇÃO TEMPORAL

A orientação temporal é a capacidade de situar-se em função de:

a.Da sucessão dos acontecimentos: antes, após, durante;

b.Duração dos intervalos: tempo longo, tempo curto;

c.Renovação cíclica dos períodos : dias da semana, meses do ano,

estações;

d.Caráter irreversível do tempo.

As noções temporais são muito abstratas, muitas vezes são difíceis de

serem adquiridas pela criança.

Piaget (apud Gislene 1999 ) declara:

“O tempo é a coordenação dos movimentos:

quer se trate dos deslocamentos físicos ou

movimentos do espaço, que se trate destes

movimentos internos que são as ações

simplesmente esboçadas, antecipadas ou

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26reconstituídas pela memória mas cujo desfecho

é o objetivo final e também espacial”

As noções de corpo, espaço e tempo têm que estar intimamente

interligadas. O corpo coordena-se, movimenta-se continuamente dentro de um

espaço determinado, em função do tempo, em relação a um sistema de

referência.

Da mesma maneira que a palavra escrita exige que se tenha uma

orientação no papel, através das linhas e do espaço próprio para ela, a palavra

falada exige que se emitam palavras de uma forma ordenada e sucessiva, uma

após a outra, obedecendo a um certo ritmo e dentro de um espaço

determinado.

Para uma criança aprender a ler, é necessário que possua domínio

do ritmo, uma sucessão de sons no tempo, uma memória auditiva, uma

diferenciação de sons, um reconhecimento das freqüências e das durações dos

sons da palavra.

Segundo Kephart (apud Gislene 1999) a dimensão temporal não só

deve auxiliar na localização de um acontecimento no tempo, como também

proporcionar a preservação das relações entre os fatos no tempo.

A palavra tempo é empregada para indicar os momentos de

mudança. O homem se insere no tempo. Ele nasce, cresce e morre e sua

atividade é uma seqüência de mudanças. O seu organismo vive em função de

um certo “relógio interno”, condicionado pelas suas atividades diárias.

Normalmente dorme-se à noite e de dia trabalha-se. Isto significa que, quando

chega a noite, há uma necessidade enorme de recolher-se. A hora de dormir

não é tão determinada pela quantidade de sono como pelo hábito.

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27 As horas das refeições também criadas pelo hábito. Uma pessoa que

almoça todos os dias no mesmo horário saberá precisar as horas pela

necessidade que tem se alimentar. Se passar do horário habitual, muitas vezes

sua fome tenderá a se aquietar, o que leva ao hábito e ao relógio interior.

6. DISCRIMINAÇÃO VISUAL E AUDITIVA

Um aparelho auditivo e visual íntegro é um pré-requisito muito

importante para a aprendizagem da leitura e da escrita.

6.1 DISCRIMINAÇÃO VISUAL:

Vallet define a acuidade visual como a capacidade de ver e

diferenciar objetos apresentados no seu campo visual com significado e

precisão. O que a pessoa vê é o resultado de um processo psicofísico que

integra forças gravitacionais, ideação conceitual, orientação perceptivo-

espacial e funções da linguagem.

Outra habilidade que a criança precisa desenvolver é a retenção

dos símbolos visuais apresentados, tais como letras, palavras, sinais de

pontuação; isto é, deve desenvolver a memória visual. Esta memória visual é

imprescindível para que a criança tenha condições de formar uma imagem

visual das palavras, facilitando o reconhecimento rápido e instantâneo dos

símbolos impressos durante a leitura.

Através da memória visual a criança consegue diferenciar letras que

possuem o mesmo som.

A partir do momento em que a criança tem condições de

discriminar as diversas letras, integrar os símbolos, desenvolver a memória

visual, ela atinge a etapa de organização visual.

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28

6.2 DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA:

Esta capacidade de responder aos estímulos auditivos é o resultado

de uma integração das experiências com a organização neurológica. O homem

possue receptores auditivos que têm capacidade de mandar as estimulações

sonoras para o cérebro para que este processe, selecione e armazene as

informações na memória.

A discriminação auditiva, empregada por Morais, é a capacidade de

se perceber e discriminar auditivamente e sem ambigüidade todos os sons

existentes na língua falada. Já a acuidade auditiva, é a capacidade do indivíduo

de captar e notar a diferença entre vários sons e entre as intensidades

diferentes. Capacidade de captar e diferenciar sons e a intensidade e a altura

que lhes correspondam.

A memória auditiva também é muito importante, pois favorece a

retenção e recordação das palavras captadas auditivamente.

7. PRÉ-ESCRITA

O desenvolvimento da escrita não se deve simplesmente a

exercitação. A escrita é constituída de uma atividade extremamente complexa,

onde participam os aspectos da maturação do sistema nervoso; expressado

pelas atividades motoras;através do desenvolvimento psicomotor geral,

referindo-se a tonicidade e coordenação dos movimentos; e também pelo

desenvolvimento da motricidade fina, ao nível dos olhos e das mãos.

O domínio do gesto, estruturação espacial e orientação temporal

são os fundamentos da escrita. A escrita supõe:

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29 Direção gráfica: horizontalmente da esquerda para direita;

Noções de em cima e embaixo, esquerda e direita, oblíquas e

curvas;

Noções de antes e depois.

A criança precisa atingir o domínio do gesto e do instrumento, a

percepção e compreensão da imagem para reproduzir.

Os primeiros exercícios de pré-escrita visam dar às crianças força

muscular e flexibilidade articular necessárias aos diferentes movimentos da

escrita.

Toda educação psicomotora deve começar antes mesmo que a

criança pegue um lápis na mão. Inicia-se o grafismo propriamente dito só após

ter trabalhado toda educação psicomotora.

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30

CAPÍTULO IV

REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA

REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA

A reeducação psicomotora é dirigida às crianças que sofrem

perturbações instrumentais, as chamadas dificuldades ou atrasos psicomotores.

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31O ideal é diagnosticar as causas do problema e fazer um balanço das

aquisições e das carências, antes de se fixar um programa de reeducação.

A reeducação psicomotora deve começar o mais cedo possível. É

relativamente fácil fazer com que a criança adquira estruturas motoras ou

intelectuais corretas; mas se a criança já assimilou esquemas errados, o

reeducador deverá fazer primeiro que os esqueça, antes de oferecê-lhes os

esquemas corretos.

A reeducação é urgente sobretudo para os problemas afetivos.

Quanto mais tempo passa, mais a criança se bloqueia em um tipo de reação,

sente-se mais angustiada, e as punições ou as observações de seus queridos só

agravam essa angústia. A reeducação a ajudará adotar outro comportamento e,

pouco a pouco, vencer a instabilidade psicomotora.

A reeducação psicomotora envolve todas as ações da criança, sejam

elas motoras, afetivas e intelectuais, adaptando-as ao meio em que vivem,

relacionado-se com pessoas e objetos à sua volta.

A reeducação pode começar entre os dezoito e vinte quatro meses

para as crianças que apresentam atraso motor, grande déficit motor ou

bloqueio afetivo.

Quanto aos problemas de esquema corporal e de estruturação

espacial, trabalha-se com crianças de aproximadamente cinco anos.

Para casos de instabilidade psicomotora e certas dificuldades

motoras, trabalha-se a partir de quatro anos.

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32

Aos seis anos é a idade mais comum para reeducação, pois é na

primeira série que o professor constata, seguramente as deficiências de

organização espacial ou temporal da criança, sua lentidão no trabalho, sua

falta de concentração.

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CAPÍTULO V

TESTAGEM PSICOMOTORA

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TESTAGEM PSICOMOTORA

Acredita-se que a psicomotricidade auxilia e capacita melhor

o aluno, tendo portanto uma melhor assimilação das aprendizagens

escolares. Em vista disso, professores, psicomotricistas, fonoaudiólogos

devem traçar planos visando um melhor desempenho dos alunos no âmbito

escolar, aumentando seu potencial motor, dando condições à criança de se

desenvolver plenamente em seu meio ambiente, pode-se dar o nome a esta

estimulação de PSICOMOTRICIDADE PREVENTIVA.

Foi criada uma Testagem Psicomotora com o objetivo de avaliar

o aproveitamento dos alunos e descobrir quais as áreas precisam ser mais

estimuladas.

A testagem abrange crianças com 5 anos, cursando Jardim III

com áreas mais elementares, e para crianças com 6 anos, estando elas no

CA.

As áreas psicomotoras avaliadas foram subdivididas em:

JARDIM III

1)LINGUAGEM ORAL

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35 1.1) Exame fonético: Observa-se a presença ou ausência de alterações

fonéticas. Neste item são mostradas à criança fichas com ilustrações que

englobam todos os fonemas, visto que com a idade de 5 anos a criança já é

capaz de falar bem todos os fonemas.

As fichas representam: anel, arara, aquário, avião, braço, bombom,

bicicleta, cruz, caminhão, chapéu, dez, faca, gato, guarda-chuva, jacaré, lápis,

palhaço, prato, rato, sapato, tartaruga, trem, urso.

1.2) Compreensão de ordens simples: Observa-se a capacidade de

compreensão para executar as ordens dadas pelo profissional.

Usando blocos lógicos de formas, cores e tamanhos diferentes,

pede-se a criança para empilhá-los e depois

agrupá-los quanto às cores, formas e tamanhos.

2) AUDIÇÃO

2.1) Discriminação auditiva: Observa-se a capacidade de discriminação

auditiva através do uso de instrumentos musicais, tais como chocalho, apito,

tambor.

O profissional faz o som atrás da criança, sem que ela veja, a mesma

deve identificar o som dizendo qual foi o instrumento usado.

2.2) Memória auditiva: Observa-se a capacidade de memorizar o que foi

falado.

Os estímulos dados são: 1-5; A-B; 6-9-3; céu, doce, menino; sala,

gato, telefone, porta; X-carro,20-boneca.

2.3) Atenção: Observa-se a atenção auditiva.

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36São dadas frases alteradas e a criança deve dizer se a frase está certa ou

errada. As frases são: As galinhas latem; Os pássaros voam; O elefante subiu

na árvore.

3) VISÃO

3.1) Semelhanças e diferenças: Observa-se a discriminação visual da

criança.

Ela deve marcar na folha, em anexo, Semelhanças e Diferenças, a figura

que se mostra com alguma diferença. Apenas um desenho deve ser marcado.

3.2) Memória visual: Observa-se a memória visual da criança.

Um cartaz contendo seis figuras, é mostrado durante um minuto, sem

que a criança fale nada. Após a retirada do cartaz à criança deve dizer o que

viu.

As figuras são: relógio, tambor, árvore, coelho, abacaxi, sapo.

4) PSICOMOTRICIDADE

4.1) Esquema corporal: Observa-se o reconhecimento do próprio corpo.

Profissional toca as partes do corpo da criança, que deve dar o nome da

parte tocada.

As partes tocadas são: pé, cabelo, mão, braço, perna, orelha, olho, boca,

barriga.

4.2) Dominância lateral: Observa-se se a criança já tem sua lateralidade

definida, se é destra, canhota, cruzada, ou se ainda não houve maturação

suficiente nesta área.

Pede-se a criança que pegue um objeto em cima da mesa, observa-se

com que mão ela pegou; pede-se que chute uma bola, observa-se o pé usado;

pede-se que olhe pela janela através de um telescópio feito de papel, observa-

se o olho usado.

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374.3) Orientação espacial: Observa-se a capacidade da criança de situar-se

no espaço, e capacidade de mover os objetos em relação ao seu corpo.

Pede-se à criança que coloque o objeto oferecido dentro da lata de lixo;

atrás dela mesma; em cima da mesa; ao seu lado; embaixo da cadeira; na sua

frente.

4.4) Orientação temporal: Observa-se a capacidade da criança de situar-

se em função da sucessão dos acontecimentos.

Pergunta-se à criança se ela estuda pela manhã ou à tarde; se ela dorme

pela manhã ou à noite; janta à tarde ou à noite.

4.5) Ritmo: Observa-se se a criança apresenta ritmo.

Profissional faz batidas com tambor, criança deve repetir seguindo o

ritmo; criança deve marchar e bater palmas ao mesmo tempo.

4.6) Motricidade gráfica: Observa-se a capacidade de compreensão da

imagem para reproduzir no seu papel, seguindo a direção gráfica correta.

Profissional mostra o desenho de uma cruz; círculo; traço vertical; traço

horizontal, criança deve reproduzir o desenho um uma folha branca.

CA

Abaixo serão descritos somente os tópicos acrescentados para esta

faixa etária.

1)LINGUAGEM ORAL

1.1) Exame fonético

1.2) Compreensão de ordens simples

1.3) Organização do pensamento: Observa-se a capacidade da criança

de organizar uma história, se possui pensamento lógico.

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38Dá-se a criança um jogo de peças para que ela monte uma história,

observa-se vocabulário; se a criança conta da esquerda para direita; se ela

compreende a história.

2) AUDIÇÃO

2.1)Discriminação auditiva: Entrega-se a criança uma folha, em anexo,

contendo dois exercícios para que a criança discrimine auditivamente e

marque qual a figura que começa como a da referência, pato e vaca. Dois

exercícios que terminem como o da referência: bola e casa. Nestes exercícios

marca-se apenas um. Dois exercícios que contenham sons que se combinam,

neste marca-se dois.

2.2) Memória auditiva

2.3) Análise e síntese auditiva: Observa-se a capacidade da criança de

analisar e unir sílabas formando uma palavra.

Profissional verbaliza sílabas como: já-ca-ré; bo-ne-ca; ca-dei-ra; ca-der-

no; re-tra-to; sa-pa-to; etc, criança deve uni-las formando a palavra

fragmentada.

2.4) Atenção auditiva

3) VISÃO

3.1) Discriminação visual: Observa-se a capacidade da criança de

visualizar e discriminar visualmente as palavras oferecidas.

A criança recebe uma folha, em anexo, no primeiro exercício existem

dois retângulos onde a criança deve marcar a palavra que está diferente das

demais. Nos seguintes, a criança deve ligar as palavras iguais.

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393.2) Análise e síntese visual: Observa-se a capacidade da criança de

diferenciar e reconhecer rapidamente os desenhos apresentados.

A criança recebe uma folha, em anexo, no primeiro exercício deverá

marcar o retângulo que possui as três figuras que se encontram ao lado

(triângulo,quadrado e círculo); no segundo exercício deverá marcar o

quadrado que possui as duas letras apresentadas ( b a ); no terceiro deverá

identificar as sílabas e marcar o retângulo que após agrupar as sílabas formou

uma palavra.

3.3) Semelhanças e diferenças

3.4) Memória visual

4) PSICOMOTRICIDADE

4.1) Esquema corporal: Acrescenta-se neste item outras partes do corpo:

joelho, cotovelo, dedo, pescoço, testa, queixo.

4.2) Dominância lateral

4.3) Orientação espacial

4.4) Orientação temporal

4.5) Ritmo

4.6) Motricidade gráfica

4.7) Recorte: Observa-se a capacidade da criança articular

adequadamente a tesoura com flexibilidade muscular necessária e boa

coordenação óculo-manual para realizar o movimento.

A criança receberá uma folha, em anexo, contendo dois caminhos onde

deverá recortar por entre eles.

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CAPÍTULO VI

EXERCÍCIOS PSICOMOTORES

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EXERCÍCIOS PSICOMOTORES

Para Lapierre, a educação psicomotora é uma ação pscipedagógica

que utiliza os meios da educação física, com a finalidade de normalizar ou

melhorar o comportamento do indivíduo.

Através do jogo a criança se envolve ativamente colocando seus

sentimentos e emoções através da ação.

Neste trabalho são descritos exercícios práticos classificados em

todas as aquisições psicomotoras apresentadas anteriormente. Evidentemente

o profissional deverá adaptar os exercícios a cada criança, a cada grupo, a

cada classe.

EXERCÍCIOS PARA COORDENAÇÃO GLOBAL:

Arrastar-se no chão;

Rolar;

Andar;

Correr;

Pular;

Pular amarelinha;

Jogos de bola, etc.

EXERCÍCIOS PARA MOTRICIDADE FINA:

Vestir-se sozinha ela mesma, ou uma boneca;

Jogar bolas de gude;

Amassar papel;

Recortar com tesoura;

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43 Usar massinha para modelar;

Girar uma corda;

Brincar de carrinhos, etc.

EXERCÍCIOS PARA CONHECIMENTO DAS PARTES DO CORPO:

Brigas de galo;

Pedalar;

Aplaudir;

Fazer um buraco na areia com o dedo;

Bater os cotovelos na mesa;

Andar de joelhos;

Ficar de olhos vendados;

Tapar os ouvidos;

Apanhar com a boca uma bala dependurada;

Estalar a língua;

Associar objetos a partes do corpo, etc.

EXERCÍCIOS PARA ORIENTAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL:

A criança reproduz uma posição simples apresentada, seja pelo

educador, seja por um desenho:

X Sentada, pernas estendidas;

X De pé, braços levantados;

X Sentada, mãos na cabeça;

X De quatro;

X De pé, mãos no ombro;

X De quatro;

X De pé, bem firme.

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44 Solicitar à criança que associe diferentes objetos aos órgãos dos

sentidos que eles evocam: sopeira ----- nariz; disco ---- ouvido; sabão ----

nariz; máquina fotográfica ---- olhos; bala ---- boca,etc.

Exercício de movimentos simultâneos:

X Levantar os braços e simultaneamente levantar o

joelho esquerdo, depois o direito;

X Dobrar os joelhos levantando os joelhos

simultaneamente;

X Mão esquerda no ombro esquerdo, braço direito

estendido lateralmente, cabeça para a direita, inverter a posição;

As crianças andam livremente, enquanto o profissional bate um tambor,

quando parar de tocar, as crianças deverão parar onde estiverem;

Solicita-se a uma criança, de olhos vendados, que passe por baixo de

uma cadeira. Uma outra criança a ajuda, explicando-lhe os movimentos a

executar.

O profissional executa uma mímica simples: sobe uma escada, abre a

porta, entra na sala, tira o casaco, calça os sapatos... A criança deverá exprimir

verbalmente o que foi feito.

Pede-se à criança que “viva” uma expressão corporal:

X Imite um rosto feliz;

X Imite uma criança chorando;

X Imite alguém bravo;

X Imite alguém sentindo dor de dente;

X Imite alguém chupando limão;

X Imitar alguém sentindo um cheiro desagradável.

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45 Observando uma figura ou foto, representando uma vida cotidiana, a

criança deverá exprimir verbalmente o que faz cada uma das figuras humanas.

EXERCÍCIOS PARA LATERALIDADE:

Pular com um pé só;

Coloca-se um saco de grãos em um dos pés da criança, que deverá pular

sem deixar o saco cair;

Manter-se, durante maior tempo possível, sobre um pé só e depois o

outro;

Dá-se a criança um saco bem pesado, que deverá carregar com o braço

dominante, e o braço que está livre ficará afastado do corpo a fim de manter o

equilíbrio. Tentar mudar de mão;

Girar uma corda de pular com uma mão, depois com a outra;

Jogo cantado “Escravos de Jô”. A criança deverá organizar a direção do

deslocamento; deverá seguir o ritmo, adquirir um movimento regular que

permitirá igualar a distância entre os pontos em que deixa e pega o objeto. O

jogo com várias crianças é mais fácil. Tenta-se fazer o jogo na outra direção.

Tocar a mão direita do colega que está de frente para criança escolhida;

Levantar o joelho esquerdo e tocar com a mão esquerda;

Em fila, as crianças devem andar ao som de uma música. Caminhando

pela sala, cada criança pega com a mão direita, o ombro esquerdo da anterior

ou, com a mão esquerda, o tornozelo direito da anterior...

Pede-se à criança desenho o trajeto que ela percorre ao voltar da escola,

passando ainda pela padaria, pela farmácia...

EXERCÍCIOS PARA ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL:

Colocar na sala diversos obstáculos e pedir para as crianças que façam

um trajeto simples sem esbarrar em nada;

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46 Jogar um papel dentro do cesto de lixo;

Em um balanço, a criança deverá perceber quando está no alto e quando

está embaixo;

Pular por cima de uma corda;

Com giz, desenha-se no chão várias formas geométricas de cores

diferentes. Pede-se a criança que atravesse o rio pisando nas pedras redondas

ou nas pedras azuis;

Arremessar discos ou pedras o mais longe possível, marcando pontos

para quem jogar mais longe;

Passar entre as pernas do profissional, depois do colega;

Em um jogo de figuras, descobrir duas idênticas;

Em um jogo de figuras, descobrir a mãe e o filhote;

Encontrar as duas partes de um animal em um conjunto de pequenas

cartas;

Ditado de posição: a criança deverá pintar de marrom o cachorro que se

encontra no alto da página, depois de cinza aquele se encontra embaixo, à

direita...;

Passar a bola sob as pernas das crianças, estando elas em fila;

Duas crianças, costas contra costas, pegam-se pelos braços e devem se

sentar, devem tornar a se levantar juntas.

EXERCÍCIOS PARA MEMÓRIA ESPACIAL:

As crianças dispostas em fileiras, ou em círculos, conforme uma ordem

bem determinada. Ao som de uma música, deixam as fileiras e se deslocam

pela sala. Quando a música parar, eles deverão formar novamente as fileiras

na mesma ordem;

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47 Todas as crianças estão sentadas, em círculo, em cadeiras. Uma delas

sai da sala. As outras saem do lugar e uma delas ocupa a cadeira da que saiu.A

criança que saiu volta para a sala e deve reconhecer sua cadeira;

Coloca-se cada criança dentro de um arco. Então, pede-se às crianças

que dêem um passo para frente, para trás, um passo à esquerda, que andem em

volta do arco. Depois tira-se o arco de cada criança. Refaz-se, então, o jogo

sem os arcos. Deve-se observar se as crianças guardaram seus pontos de

referência;

As crianças observam uma série de objetos diferentes, colocados sobre a

mesa. O profissional esconde o conjunto dos objetos e dele retira um, sem

mostrá-lo para as crianças. Em seguida, ele descobre os objetos restantes: as

crianças devem dizer qual objeto está faltando;

Memorizar o lugar de diferentes objetos ou de diferentes pessoas:

X No início, desloca-se apenas um objeto de cada vez;

X Mais tarde, serão deslocados dois, três ou quatro

simultaneamente;

X Crianças em silêncio, ficam de costas para o profissional: essas

são as observadoras. Outras cinco crianças são alinhadas pelo profissional. As

observadoras voltam-se e dizem o nome, na ordem das crianças alinhadas, da

esquerda para direita. As observadoras viram-se de novo e o profissional muda

de lugar duas crianças alinhadas. Depois, pede às observadoras que se voltem,

olhem as crianças alinhadas e digam “quem mudou de lugar”.

EXERCÍCIOS PARA ORIENTAÇÃO TEMPORAL:

O profissional pega três objetos, um após o outro; um exemplo: um giz,

uma régua, um vaso de flores, um caderno. A criança deve memorizar a ordem

em que os objetos foram apresentados e depois “expressá-la”;

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48 Uma criança reproduz por meio de gestos três ou quatro ações. As

outras crianças, em grupo, discutem em que ordem ela agiu;

O profissional relembra diversas atividades desenvolvidas ontem, hoje

ou conta o que se fará amanhã; em seguida, ele mostra o material utilizado

para essas atividades. Ao ver o material, a criança deve dizer com o que

brincaram ontem, o que irão jogar amanhã, e o que fizeram hoje.

O profissional mostra cinco desenhos de animais, um após outro, e

depois os esconde. Em seguida, pergunta a uma criança como é o som emitido

pelo primeiro animal, a uma outra como é a voz do segundo etc.

O profissional dá um longo assobio, depois um breve. A criança deve

dizer se o primeiro assobio foi longo; como foi o segundo etc.

Fala-se da manhã e da noite. Na lousa, um desenho representando o sol

em um céu claro (para manhã) e outro desenho representando a lua (para a

noite). Cada criança, uma após a outra, deverá imitar os gestos cotidianos,

feitos ou de manhã ou de noite. As outras crianças devem dizer, em cada

imitação, se tais gestos foram feitos de manhã ou de noite;

As crianças devem responder a perguntas feitas pelo profissional,

introduzidas por “quando”:

X Quando você se veste?

X Quando você coloca maiô?

X Quando você veste seu casaco de lã?

X Quando você viaja para a praia?

EXERCÍCIOS PARA RITMO:

O profissional bate um tambor e as crianças seguem o ritmo,

deslocando-se pela sala. Ele bate uma marcha 0 0 0 0 0, uma corrida 00 00

00 00 00 , uma valsa 000 000 000 000 000. As crianças se expressam

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49livremente. O profissional bate mais rápido, mais fraco, e depois alternar

batidas fortes e fracas oo0 oo0 oo0 o0o o0o o0o;

Bater no tambor sons fracos e fortes... Deixar que as crianças

descubram a diferença entre esta maneira de bater e a batida de apenas um

tom;

Contar uma história em que se batem diferentes ritmos: uma criança

passeando (bater uma marcha); ela avista um cavalo galopando (bater o

galope), o cavalo dispara ... corre devagar... pára... a criança correndo em

direção ao riacho (bater a corrida);

Caminhar acompanhando o ritmo do canto “Marcha Soldado”;

Acompanhar os jogos cantados e batidos com as mãos como “Atirei o

pau no gato”

EXERCÍCIOS PARA GRAFISMO:

A criança sentada diante de uma mesa, sobre a qual coloca-se um

saquinho de grãos ou de areia. Com o dorso da mão, o dedo mínimo colocado

sobre a mesa, a criança empurrará o saquinho até a borda direita da mesa

(esquerda para canhotos);

A criança diante da mesa, rola uma pequena bola ou uma bolinha de

massinha com o dorso da mão: ela desloca apenas a mão, não o braço (o dedo

mínimo permanece encostado na mesa);

Jogo de ioiô;

Em uma caixa cheia de areia, desenhar círculos grandes com o

indicador;

Girar uma pequena corda, mantendo o cotovelo junto ao corpo;

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50 Mãos juntas: abrir os dedos, tornar a fechar; manter as pontas dos

dedos juntas e afastar os punhos;

Brincar com bolinhas de gude;

Amassar uma folha de papel com apenas uma mão, sem apoiar na

mesa, nem a mão, nem o papel;

Virar as folhas de um livro;

Folhear um livro, levantando cada página pelo canto, com o indicador;

Usando massinha:

X Fazer um boneco com apenas uma das mãos;

X Rolar uma bolinha com a palma das duas mãos;

X Formar um boneco e desmanchá-lo. Começar pela extremidade

direita do boneco, trabalhando com o polegar. A borda exterior do polegar que

deve apertar a massinha para esmagá-la;

Trabalhando no plano vertical, usando a lousa ou uma papel a ser

pintado com caneta hidrocor ou pincéis:

X Traçar horizontais: o movimento deve começar na altura dos

olhos e terminar quando o braço estiver inteiramente na horizontal.

EVENTOS CULTURAIS

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51

CONCLUSÃO

A partir da bibliografia consultada conclui-se que a Psicomotricidade tem caráter

de prevenção, quando são usados recursos em sala de aula, proporcionando ao aluno

condições mínimas para alcançar um bom desenvolvimento escolar e na sua vida cotidiana.

Como reeducação, quando é dirigida às crianças que sofrem perturbações instrumentais, ou

seja, dificuldades ou atrasos psicomotores.

A escola é o caminho para integração da criança na sociedade, facilitando seu

acesso ao mundo dos adultos. Professores, psicomotricistas e fonoaudiólogos que atuam em

escolas, devem desenvolver as capacidades motoras, sensoriais dos alunos, levando-os a

sentirem necessidade de valorizarem os instrumentos da cultura e as atividades que se

relacionam à ela.

A partir da testagem psicomotora feita com as crianças, trata-se de diagnosticar as

causas do problema e fazer um balanço das aquisições e das carências, antes de fixar um

programa de reeducação.

A função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo

estão intimamente ligados na criança: a psicomotricidade quer justamente destacar a

relação existente entre a motricidade, a mente, e a afetividade e facilitar a abordagem global

da criança por meio de uma técnica.

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BIBLIOGRAFIA

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• MEUER, A de, STAES, L. Psicomotricidade: Educação e Reeducação.

São Paulo, Manole Ltda, 1991.

• OLIVEIRA, Gislene de C. Psicomotricidade: Educação e Reeducação

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• LOVISANO, Martha. Educação Psicomotora na Pré Escola. Guia

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• FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: Filogênese, Ontogênese e

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• CASANOVA, J. Peña e colaboradores. Manual de Fonoaudiologia. São

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• III CONGRESSO BRASILEIRO E I SEMINÁRIO

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53• COSTALLAT, Dalila Molina de. Psicomotricidade: coordenação

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avaliação e exercitação gradual básica. Rio de Janeiro, globo, 1985.

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54ÍNDICE

INTRODUÇÃO CAPÍTULO I PSICOMOTRICIDADE CAPÍTULO II EDUCAÇÃO PSICOMOTORA CAPÍTULO III DESENVOLVIMENTO DE PSICOMOTRICIDADE 1- Coordenação Geral, Fina e Óculo-manual 1.1- Coordenação Global 1.2- Coordenação Fina e Óculo-manual

2- Esquema Corporal 2.1- Etapas do desenvolvimento do Esquema Corporal

3- Lateralidade 4- Estruturação Espacial 5- Orientação Temporal 6- Discriminação Visual e Auditiva

6.1- Discriminação Visual 6.2- Discriminação Auditiva 7- Pré-Escrita

CAPÍTULO IV REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA CAPÍTULO V TESTAGEM PSICOMOTORA Jardim III 1-Linguagem Oral 1.1-Exame Fonético 1.2-Compreensão de Ordens Simples 2-Audição 2.1-Discriminação Auditiva 2.2-Memória Auditiva 2.3-Atenção Auditiva 3-Visão 3.1-Semelhanças e Diferenças 3.2-Memória Visual 4-Psicomotricidade 4.1-Esquema Corporal 4.2-Dominância Lateral 4.3-Orientação Espacial 4.4-Orientação Temporal 4.5-Ritmo 4.6-Motricidade Gráfica

8 10 11 13 14 17 18 18 18 19 19 20 22 23 24 26 26 26 27 28 29 31 32 32 32 32 32 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 34 34 34

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55 CA 1-Linguagem Oral 1.1-Exame Fonético 1.2-Compreensão de Ordem Simples 1.3-Organização do Pensamento 2-Audição 2.1-Discriminação Auditiva 2.2-Memória Auditiva 2.3-Análise e Síntese Auditiva 2.4-Atenção Auditiva 3-Visão 3.1-Discriminação Visual 3.2-Análise e Síntese 3.3-Semelhanças e Diferenças 3.4-Memória Visual 4-Psicomotricidade 4.1-Esquema Corporal 4.2-Dominância Lateral 4.3-Orientação Espacial 4.4-Orientação Temporal 4.5-Ritmo 4.6-Motricidade Gráfica 4.7-Recorte

CAPÍTULO VI EXERCÍCIOS PSICOMOTORES

CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA ANEXOS ÍNDICE

34 34 34 34 34 34 34 35 35 35 35 35 35 35 35 35 35 35 35 35 35 35 36 37 38 45 46 48 55

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EVENTOS CULTURAIS