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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O QUE É GLOBALIZAÇÃO E COMO FICA NESSE CONTEXTO O MERCADO FINANCEIRO: FUSÃO DE BANCOS, UMA OBSERVAÇÃO DO CASO ITAÚ UNIBANCO MAIRA SEONAID VIANA CURVELO SEPÚLVIDA Orientador Prof. Carlos Cereja Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O QUE É GLOBALIZAÇÃO E COMO FICA NESSE CONTEXTO O

MERCADO FINANCEIRO: FUSÃO DE BANCOS, UMA OBSERVAÇÃO DO CASO ITAÚ UNIBANCO

MAIRA SEONAID VIANA CURVELO SEPÚLVIDA

Orientador

Prof. Carlos Cereja

Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O QUE É GLOBALIZAÇÃO E COMO FICA NESSE CONTEXTO O MERCADO FINANCEIRO: FUSÃO DE BANCOS, UMA OBSERVAÇÃO DO CASO ITAÚ

UNIBANCO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção de título do especialista em Gestão Empresarial.Por: Maira Seonaid Viana Curvelo Sepúlvida

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DEDICATÓRIA

Aos meus familiares dedico o presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Registro aqui o meu apreço pelo apoio de vocês, pois sem ele teria sido bem mais difícil concretizar minha jornada acadêmica no decorrer do curso. E a tradução desse apoio se deu, sobretudo, quando os privei de minha presença e vocês souberam compreender a minha ausência devido aos meus afazeres acadêmicos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos professores e aos colegas de turma do curso, pois nossos momentos de troca de conhecimento foram de suma importância. Todos vocês tiveram uma presença positiva na minha caminhada acadêmica, que agora se encerra com o fim do curso.

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RESUMO

O mercado financeiro é considerado o mais importante dos mercados por

oferecer subsídios a todos os segmentos econômicos, pois por ele o dinheiro é gerido, intermediado, oferecido e procurado, e aquele que oferece sustentação à economia dos países: sistemas financeiros sólidos associam-se à estabilidade econômica. De outra parte, é reconhecidamente um mercado singular em sua complexidade. A partir das duas últimas décadas do século XX a economia mundial entrou em um novo ritmo: em virtude do processo de globalização inaugurou-se um novo padrão de concorrência e cresceu substancialmente a competitividade entre as organizações. O setor financeiro não ficou imune à nova realidade. As instituições deste segmento vêm buscando desde então adotar novas estratégias e implementar alianças estratégicas para enfrentar este ambiente, visando competitividade e sustentabilidade no longo prazo. A fusão entre empresas é uma dessas alianças e no mercado financeiro tem sido predominante entre os bancos. Estes são os temas abordados na pesquisa, cujo foco recai sobre a fusão dos bancos brasileiros Itaú e Unibanco, criando o Itaú Unibanco Holding, e sobre a forma de enfrentamento adotada na nova empresa para suplantar os principais desafios do processo de integração. A pesquisa conclui que no caso em estudo estes desafios vêm sendo perfeitamente vencidos.

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METODOLOGIA

Para desenvolver este trabalho, optou-se por uma pesquisa de caráter

teórico-qualitativo, tendo-se procedido a revisão de literatura, a partir dos seguintes

temas: o mercado financeiro; evolução do mercado financeiro no Brasil; globalização

no mercado financeiro; efeitos da globalização (acirramento da concorrência e

competitividade); estratégia; alianças estratégicas entre empresas; fusão entre

empresas; fusão no mercado financeiro; fusão de bancos, o caso do Itaú Unibanco;

e o enfrentamento dos desafios no processo de integração entre Itaú e Unibanco.

Trata-se de pesquisa bibliográfica sobre os temas propostos, explorada em

livros, papers e periódicos, capazes de fornecer os dados mais relevantes e atuais

sobre o tema. (LAKATOS e MARCONI, 2003).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I - O mercado Financeiro 10 CAPÍTULO II- Globalização no mercado financeiro 17 CAPÍTULO III- Estratégia 23 CAPÍTULO IV- Fusão entre empresas 30 CAPÍTULO V- Fusão de bancos: o caso Itaú Unibanco 38 CONCLUSÃO 44 REFERÊNCIAS 56 ANEXOS 51

ÍNDICE 53

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INTRODUÇÃO

No cenário atual pelo qual transitam as empresas, marcado por um novo ritmo

na economia mundial (efeito do processo de globalização), alianças como

aquisições, fusões e incorporações vêm sendo consideradas estratégicas para

suportar a grande concorrência e competitividade, representando não apenas uma

alternativa de aproveitar oportunidades como também a melhor forma de

enfrentamento deste ambiente visando à sobrevivência nos mercados com

sustentabilidade.

Instituições que atuam no mercado financeiro, tradicionalmente de imensa

importância para a economia dos países, específico, complexo e competitivo, são

desafiadas duplamente nesse sentido, sobretudo após a crise financeira global de

2008, que originou forte desaceleração da economia, com recessão, culminando

com uma crise de liquidez, e que no Brasil teve efeitos adversos para muitos

agentes deste mercado.

As fusões entre empresas são vistas pela literatura especializada como um

empreendimento estratégico e excelente oportunidade para a otimização dos

negócios frente a cenários incertos.

No curso recente da história, desde a década de 90 as fusões têm sido

utilizadas por todos os tipos de empresas, em diferentes segmentos e portes. A

partir do início do limiar do século XXI, verificou-se o crescimento do número de

fusões, que incluiu o setor financeiro, ocorrendo principalmente entre bancos.

O Brasil não ficou imune a esse processo. Várias empresas tornaram-se

fusionadas, em segmentos diferenciados.

No setor financeiro, essa também tem sido uma forte tendência, inclusive

porque o sistema financeiro nacional evoluiu significativamente nas últimas décadas

e já apresenta certo grau de sofisticação e maturidade, estando razoavelmente

desenvolvido e competitivo.

A fusão entre os bancos Itaú e Unibanco é o maior exemplo de fusão no

Brasil no setor financeiro. Anunciada em 2008 e efetivada em 2009, é considerada o

maior negócio já realizado entre instituições financeiras no País, pois criou a Itaú

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Unibanco Holding, atualmente o maior banco privado do Hemisfério Sul, com

atuação global, concorrendo e competindo com grandes bancos internacionais.

No entanto, a fusão entre empresas, do segmento financeiro ou não, apesar

de vantajosa, não é um processo simples tampouco fácil de se levar a cabo,

passível de operacionalização sem levar em consideração as diferentes dimensões

sobre o qual recai.

Trata-se de um empreendimento reconhecidamente complexo e de risco, que

oferece desafios de várias ordens, em particular, no processo de integração entre as

empresas, quando são enfrentadas questões como as culturas organizacionais das

instituições envolvidas, as perspectivas para seus funcionários e a comunicação

institucional sobre a fusão. Segundo os autores, esses são fatores determinantes

para o sucesso ou o fracasso da fusão, motivo pelo qual devem ser orientados por

um pensamento estratégico, devendo-se adotar medidas estratégicas nesse sentido.

A fusão entre Itaú e Unibanco é o tema desta pesquisa, cujo problema é

saber como tem sido o processo de integração entre esses bancos?

Seu objetivo central é verificar o enfrentamento dos desafios postos no caso

em estudo. Dos objetivos secundários fazem parte: apresentar um panorama geral

do mercado financeiro e sua evolução no Brasil; refletir sobre a globalização no

mercado financeiro e seus efeitos; analisar o pensamento estratégico no âmbito das

empresas, aí incluídas as noções de alianças estratégicas e fusões.

O estudo se justifica não apenas pela importância do mercado financeiro na

economia como um todo como também do processo de fusão, cada vez mais

intenso nesse mercado. Essa perspectiva destaca a sua relevância.

O trabalho estará dividido em cinco capítulos e mais a conclusão. No primeiro

será um apanhado sobre o mercado financeiro e no segundo fala das estratégias

adotadas nesse mercado.O terceiro capítulo trata da estratégia adotada por muitos

bancos, a fusão entre empresas, enquanto o quinto capítulo é um aprofundamento

da fusão do banco Itaú com o Unibanco.

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CAPITULO I

O MERCADO FINANCEIRO

O mercado financeiro é tomado como o conjunto de instituições e operações

que se ocupam do fluxo e canalização de recursos monetários entre diferentes

agentes econômicos, correspondendo ao lócus de negociação financeira entre

emprestadores (ofertadores) e tomadores de empréstimos.

Os ofertadores, ou investidores, são agentes superavitários (pessoa física ou

jurídica) enquanto que os tomadores são agentes deficitários (pessoas, empresas ou

governos). (SECURATO, 2009; CAVALCANTI, MISUMI e RUDGE, 2005).

De acordo com Carvalho et al (2007, p. 238):

Relações financeiras são aquelas que envolvem como agentes fundamentais unidades superavitárias e deficitárias, as quais transacionam meios que permitem a realização imediata de gastos desejados em troca de direitos sobre rendas futuras. Relações financeiras, portanto, envolvem a negociação de contratos em que se registram obrigações ativas e passivas por parte de unidades superavitárias e deficitárias, respectivamente.

O juro é o valor de remuneração das negociações financeiras (em termos

percentuais, taxa de juros), sendo referência comum como moeda de troca desse

mercado. Segundo Securato (2009), o equilíbrio do mercado financeiro está

relacionado ao valor das taxas de juros, pois a taxa que os emprestadores desejam

fornecer precisa ser exatamente igual à taxa que os tomadores desejam captar.

Gitman (2010, p. 33) afirma que os mercados financeiros (que compõem o

ambiente financeiro) “fornecem um foro no qual fornecedores de fundos, tomadores

de empréstimos e investidores podem negociar diretamente”.

Rudge e Cavalcante (1998, p. 3) explicam que no mercado financeiro são

transferidos recursos dos ofertadores para os tomadores, criando condições de

liquidez, isto é, maior capacidade de conversão de ativos em dinheiro.

Definem o mercado financeiro como “o local onde o dinheiro é gerido,

intermediado, oferecido e procurado, por meio de canais de comunicação que se

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entrelaçam na formação de sistemas”. Sistemas financeiros sólidos, por sua vez,

associam-se diretamente à estabilidade econômica dos países.

Esta perspectiva fornece a justa medida da importância do segmento

financeiro no desenvolvimento e crescimento da economia dos países. Na plenitude

de suas funções (gerir investimentos e poupança), o setor mobiliza os recursos

financeiros, utiliza-os de forma mais eficiente, otimizando-os, além de promover

investimentos que ampliam a capacidade produtiva e impulsionam a economia.

(MISHKIN, 2000).

Andrezo e Lima (2007, p. 14) afirmam que:“(...) há uma aceitação generalizada

dos impactos positivos que um sistema financeiro desenvolvido proporciona na economia,

em termos de produtividade, acumulação de capital, aumento de poupança e investimentos

e crescimento econômico”.

O mercado financeiro estrutura-se (i) pelo mercado monetário (cujas

operações se desenvolvem em curto prazo); (ii) pelo mercado de crédito (destinado

a operações de financiamento de curto e médio prazo); (iii) o cambial (que opera

conversão de moeda de um país para outro); e (iv) pelo mercado de participações

de capital (destinado a operações de médio e longo prazo e também de prazo

indeterminado). (ASSAF NETO, 2009).

O mercado de capitais é de grande importância para o processo de

desenvolvimento econômico, conforme destaca Assaf Neto (2009, p. 111), pois

ele:“É o grande municiador de recursos permanentes para a economia, em virtude da

ligação que efetua entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e

aqueles carentes de recursos de longo prazo, ou seja, que apresentam déficit de

investimentos”.

Nesse mercado, os preços das ações refletem as expectativas dos agentes

econômicos sobre as perspectivas do país e o desempenho das empresas. As

mudanças que ocorrem no país “aumentam ou diminuem a confiança nas empresas

abertas e influenciam no preço de suas ações”. (CAVALCANTI, MISUMI e RUDGE,

2005, p. 87).

Deste modo, um mercado de capitais forte (que reúne investidores e

tomadores de recursos de maneira eficiente, que oferece alternativas de aplicação

para a poupança dos investidores e que assegura que os tomadores poderão suprir

suas necessidades de recursos de investimento em termos de montante, prazo e

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taxa) é uma das condições essenciais para o desenvolvimento econômico.

(CAVALCANTE, MISUMI e RUDGE, 2005).

No Brasil, os principais agentes do mercado de capitais são: (i) a Bolsa de

Valores de São Paulo (BOVESPA), que desde 2001 integra todas as bolsas

brasileiras; (ii) as empresas de capital aberto (com ações, títulos e valores

mobiliários registrados e admitidos para negociação na Bolsa de Valores ou no

mercado de balcão, formado por instituições auto-reguladoras); (iii) os fundos de

investimentos; (iv) os investidores; (v) os intermediários financeiros (bancários ou

não); e (vi) o governo federal, através da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e

do Banco Central (BACEN), “principal poder executivo das políticas traçadas pelo

Conselho Monetário e órgão fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional”. (ASSAF

NETO, 2009, p. 71).

Segundo a Bovespa (2000), o mercado de capitais é a maior fonte de

financiamento das empresas brasileiras nos seus projetos de longo prazo.

Porém, apesar da reconhecida importância do mercado de capitais, é preciso

considerar que a forma mais usual de negociação no mercado financeiro é a

concessão de crédito, que corresponde, segundo Carvalho et al (2007), ao

empréstimo de recursos de um agente para outro por prazo determinado,

remunerado através do pagamento de juros.

E o mercado de crédito é onde usualmente operam os intermediários

financeiros, instituições que se ocupam da canalização de recursos do emprestador

ao tomador. (CARVALHO ET AL, 2007).

De acordo com Contador (1974), a intermediação financeira cumpre, nos

países capitalistas, a importante tarefa de canalizar e transformar eficientemente os

recursos de poupança em investimento. “(...) Quanto mais desenvolvido o estágio de

intermediação financeira, maior tende a ser a formação de capital e mais eficiente a

alocação de recursos”.

Daí serem, os intermediários financeiros, considerados os principais

representantes do sistema financeiro.

Mishkin (2000, p. 22) afirma que o processo de financiamento indireto usando

intermediários financeiros, chamado de intermediação financeira, é o principal

caminho para movimentar fundos emprestadores para tomadores e considera que,

na verdade: “(...) apesar de a mídia concentrar grande parte de sua atenção no mercado de

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títulos, particularmente o mercado de ações, os intermediários financeiros são uma fonte de

financiamento bem mais importante para as empresas do que os títulos”.

Dentre os intermediários financeiros de concessão de crédito destacam-se os

bancos, que, segundo Cavalcante et al (2007), possuem papel fundamental no

sistema econômico (a atividade bancária é uma das mais antigas indústrias), pois,

ao invés de serem meros intermediadores entre investidores e tomadores, são

agentes que alteram a liquidez de seu ativo em resposta a uma demanda,

contribuindo para o desenvolvimento da economia.

Reed e Grill (1995, p. 5) afirmam que o empréstimo

bancário é muito importante para a economia. Tendo como

principal função estender o crédito e disponibilizá-lo, os bancos

comerciais prestam “um grande serviço social; estas atitudes

aumentam a produção, expandem os investimentos de capital e

proporcionam um padrão de vida mais alto”.

Bancos comerciais em maiores estágios de desenvolvimento têm o poder de

criar e recriar moeda, podendo ampliar sua base de depósitos e ofertar ainda mais

crédito, sendo esta a principal característica que os diferencia das demais

instituições do mercado financeiro, que não possuem tal capacidade.

(CAVANCANTE ET AL, 2007; ASSAF NETO, 2009).

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1.1Evolução do mercado financeiro no Brasil

No Brasil, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) é estruturado e

regulamentado pela Lei de Reforma Bancária (de 1964); pela Lei do Mercado de

Capitais (1965); e a Lei de Criação dos Bancos Múltiplos, de 1988, sendo

“constituído por todas as instituições financeiras, públicas ou privadas, existentes no

país”. (ASSAF NETO, 2009, p. 67).

Na perspectiva histórica, foi a partir da década de 80 que o SFN sofreu

alterações radicais até constituir-se institucionalmente no formato atual.

Andrezo e Lima (2007) destacam dois aspectos que consideram de extrema

importância nesse processo: a criação dos bancos múltiplos e a promulgação da

Constituição Federal de 1988, que, no artigo 192, disciplinou o Sistema Financeiro

Nacional.

Já Almeida (citado por GOLDNER e ARAÚJO, 2005) aponta quatro grandes

eventos nesse sentido:

• O choque heterodoxo causado pela implantação do Plano Cruzado, em

fevereiro de 1986 (marco de reestruturação bancária no sentido da

informatização, da diminuição de agências e funcionários e maior

flexibilidade);

• A reforma bancária de 1988 (que criou a possibilidade de formação dos

bancos múltiplos (que aglutinam na mesma instituição várias carteiras);

• O Plano Collor, que bloqueou a liquidez do sistema financeiro através

do confisco de recursos em contas corrente, investimentos, poupança

etc; e

• A implantação, em 1994, do Plano Real.

A implantação do Plano Real no Brasil merece destaque, pois, com o passar

do tempo, deu fim à instabilidade inflacionária dominante, alterando

significativamente o cenário do mercado financeiro nacional.

Segundo Goldner e Araújo (2005, p. 5), o Plano Real:

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“(...) proporcionou o controle da inflação em nossa economia através de mecanismos que permitiram uma ampla abertura ao comércio exterior, e, da mesma forma, aumentou a integração de nosso sistema financeiro aos mercados financeiros internacionais, provocando intensas modificações”.

Nos anos 90, com a estabilização da moeda, surgem diversas inovações no

mercado financeiro nacional. Andrezo e Lima (2007) destacam o fim do anonimato

do investidor, as diversas novas formas de captação de recursos externos, as

regulamentações sobre privatização e as publicações do Código de Defesa do

Consumidor e do Código de Defesa do Consumidor Bancário.

O novo contexto de abertura econômico-financeira1 da década de 90, se de

um lado obrigou o mercado de capitais brasileiros a uma profunda adaptação, por

outro, forneceu as condições para que grandes bancos internacionais entrassem no

mercado brasileiro de forma agressiva. (ANDREZO e LIMA, 2007; GOLDNER e

ARAÚJO, 2005). Por esta razão, foi importante a criação de mecanismos de

reestruturação e fortalecimento do mercado financeiro e do mercado de capitais

nacional.

Andrezo e Lima (2007) resumem que nas últimas quatro décadas o mercado

financeiro brasileiro teve grande desenvolvimento através da criação de

mecanismos, instituições e produtos financeiros mais sofisticados que objetivaram a

ampliação da poupança nacional e a transformação dos recursos de poupança em

investimento, respondendo à crescente demanda dos investidores (nacionais e

estrangeiros). De acordo com esses autores, na atualidade há inclusive uma relativa

variedade de serviços financeiros que buscam atender às necessidades de

tomadores e investidores.

Para Carvalho et al (2007), o Sistema Financeiro Nacional já apresenta um

certo grau de sofisticação na medida em que possui um mercado de capitais

razoavelmente desenvolvido e competitivo e um considerável número de grandes

bancos.

Segundo o BACEN (2010b), o Brasil possui o maior e provavelmente o mais

complexo sistema financeiro na América Latina. 1 Segundo Anjos e Farah (2002), o processo de abertura econômica é entendido como a redução dos impostos incidentes sobre os bens importados, bem como a eliminação dos obstáculos existentes nos regulamentos, leis, controles, normas, que impedem a livre movimentação das mercadorias e capitais estrangeiros. De acordo com os autores, esse processo ocorreu no Brasil ao longo da década de 1990 e representou o alinhamento do País à onda de expansão do comércio e de capitais liderados pelas empresas dos países desenvolvidos.

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É possível afirmar que, do ponto de vista da história recente, foi notável a

evolução do sistema financeiro nacional com as reformas estruturais implementadas,

permitindo progressivo fortalecimento e ajuste dos mercados financeiros e de

capitais no País.

A atual estrutura do sistema financeiro reflete a busca por parte dos agentes e

autoridades monetárias em adequar as instituições às variações de conjuntura tanto

a nível interno quanto externo, permitindo que as mudanças no setor produtivo

sejam acompanhadas por mudanças compatíveis no sistema financeiro de forma a

dar sustentabilidade ao seu crescimento.

Esta perspectiva permitiu ao Brasil apresentar significativa resiliência

econômica à recente crise financeira mundial, de 2007/2008.2

Isso ficou expresso através da recuperação das atividades econômico-

financeiras a partir do segundo semestre de 2009 e pela dissipação da crise na

BOVESPA: o índice Ibovespa continuou em recuperação no mesmo período

(sobretudo, em função das revisões em alta para o crescimento mundial e da

elevação do Brasil à categoria de grau de investimento pela agência de classificação

de risco Moody’s, atribuindo perspectiva positiva para a aplicação de investimentos

estrangeiros no País). (BACEN, 2010a).

No entanto, paralelamente a esse incremento, o advento da globalização

trouxe um novo ritmo para a economia mundial. Este tema é analisado no próximo

item da pesquisa.

2 A crise refere-se à tomada de empréstimos externos nos Estados Unidos, a partir do setor imobiliário, que revelou um aumento insustentável do endividamento dos cidadãos daquele país em relação a hipotecas. Segundo Wolf (2009), essa situação redundou na chamada ‘crise do subprime’, que eclodiu como choque financeiro, reverberando para todos os países a partir de 2007, uma vez que a economia norte-americana é a maior do mundo e detentora da moeda mais importante.

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CAPITULO II

GLOBALIZAÇÃO NO MERCADO FINANCEIRO

Sabe-se que o tema ‘globalização’ possui múltiplas dimensões, que dificultam

significativamente uma elaboração conceitual ou teórica a seu respeito.

(GONÇALVES, 1996).

Do ponto de vista econômico, Singer (1997) afirma que o impulso que o

processo de globalização tomou nas últimas duas décadas do século XX pode ser

compreendido como resultante da superação de barreiras à circulação internacional

de mercadorias e de capitais, alterando significativamente o cenário das relações

internacionais e definindo uma nova ordem econômica mundial.

Cavalcante e Misumi (2002, p. 315) argumentam que o processo de

globalização pode ser interpretado como “a abertura das fronteiras nacionais para a

expansão do comércio mundial”.

Segundo Harvey (2002), esta nova ordem deriva da transição sofrida pelo

capitalismo no contexto dos grandes avanços tecnológicos da informação e

comunicação ocorridos neste período, que culminaram com a drástica alteração do

espaço temporal, que aboliu barreiras (o tempo e o espaço desapareceram como

dimensões materializadas da vida social), envolvendo segmentação e efemeridade.

No entanto, para Chesnais (1996, p. 13), o que frequentemente se conhece

como globalização é na verdade um processo de mundialização do capital, que

instaurou um novo regime institucional de internacionalização da economia (um

regime de acumulação financeirizado), fundando uma nova configuração do

capitalismo mundial “nos mecanismos que comandam seu desempenho e sua

regulação”.

Na visão do autor, trata-se de um processo de valorização do capital no

conjunto das regiões do mundo onde há mercados e recursos, e, portanto, de

dominação financeira, ou “dominância da esfera financeira sobre a esfera produtiva

em escala global”, como também identifica Gonçalves (2003, p. 45).

Sua essência está na elevada transferência de excedentes para a órbita

financeira – mais especificamente para as instituições financeiras e para segmentos

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empresariais e sociais que também compartilham desta vantagem. (MINELLA,

2003).

Assim, de acordo com Chesnais (apud CORAZZA, 2005, p. 133), “(...) é da

esfera financeira que é necessário partir se desejamos compreender o movimento

em seu conjunto”, uma vez que suas tendências essenciais são comandadas cada

vez mais claramente pelas operações e opções de um capital financeiro mais

concentrado e centralizado que em nenhum outro período precedente do

capitalismo: “a pedra angular dessa construção é a esfera financeira”.

Minella (2003) afirma que a hegemonia financeira trazida pela globalização

tem suas bases em quatro fontes:

• Na universalidade do capital como recurso;

• No papel único do capital como mercadoria (pois, diferentemente de

outros recursos negociados pelas empresas, o capital financeiro é

trocado por ele mesmo);

• No fato de que as empresas não financeiras e governos buscam capital

frequentemente, abordando principalmente os bancos, que coordenam

suas atividades; e

• Na urgência do relacionamento, pois, sem capital, as empresas podem

se ver frente à possibilidade de falência.

A perspectiva colocada se compatibiliza com a centralidade dos fenômenos

financeiros verificada na atualidade, a ‘financeirização da economia’, expressa como

valorização financeira superior ao crescimento do produto real; como lógica,

concorrência e macroestrutura financeiras (que envolvem e subordinam a dinâmica

da acumulação real); como processo de globalização e integração dos mercados

financeiros (que desconhecem fronteiras e poderes nacionais); e pelas crises

financeiras que se tornaram autônomas e passaram a ser causas das crises

econômicas reais. (CORAZZA, 2005).

A globalização financeira é um fenômeno caracterizado por três dimensões

que se reforçam mutuamente: (i) maior integração entre os sistemas financeiros

nacionais, principalmente dos países desenvolvidos; (ii) acirramento da concorrência

em relação ao sistema financeiro internacional; e (iii) o avanço do processo de

internacionalização da produção de serviços financeiros. (GONÇALVES, 1996).

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De fato, a partir da globalização, as grandes e rápidas transformações por

que passaram os sistemas financeiros (desregulamentação dos mercados,

liberalização dos fluxos de capitais, internacionalização dos negócios e flexibilização

do setor) permitiram ao capital transitar com maior liberdade entre os países,

significando mobilidade crescente. E isso deveu-se em especial pela adoção de

novos instrumentos financeiros, pelas facilidades proporcionadas pelo avanço das

telecomunicações e da informática e por medidas governamentais diversas.

(MINELLA, 2003; GOLDNER e ARAÚJO, 2005).

De acordo com o BACEN (2010b), enquanto que no comércio a globalização

da economia se dá de forma lenta e por meio dos blocos econômicos, no setor

financeiro mundial já representa uma aldeia global; a moeda hoje é um bem global.

Prova disso são as estimativas de que 11 trilhões de dólares trafegam

incessantemente ao redor do planeta em busca de bons lucros, não importando em

qual idioma. Particularmente na América Latina, o serviço de dívida interna e externa

transfere anualmente uma massa crescente de recursos para a órbita financeira

local e internacional. (MINELLA, 2003).

Não se pretende aqui discutir benefícios ou prejuízos desse processo já

instaurado (até porque fugiria do escopo desta pesquisa), mas refletir sobre suas

características, reflexos e efeitos no mercado financeiro, frente à irreversibilidade da

globalização nesse setor, como aponta Corazza (2005).

Principalmente porque o ambiente financeiro tornou-se altamente

concorrencial e competitivo. Mudanças tecnológicas, demográficas e regulamentares

alteraram a estrutura do setor, tornando, por extensão, mais complexas as

atividades dos mercados financeiros. Uma nova conjuntura surgiu, obrigando as

instituições deste segmento à busca de alternativas para a conquista de novos

mercados. (REED e GRILL, 1995; GOLDNER e ARAÚJO, 2005).

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2.1Efeitos da globalização: acirramento da concorrência e

competitividade

Do exposto no item anterior, é possível afirmar que a globalização se

caracteriza pela expansão dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais,

pela maior integração entre os sistemas econômicos nacionais e pelo acirramento

da concorrência nos mercados internacionais na economia mundial.

Denota especial atenção este último aspecto, pois por meio dele inaugurou-se

um novo padrão de concorrência internacional no sistema capitalista, exigindo das

empresas “estratégias e políticas mais agressivas orientadas para uma inserção

mais ativa no sistema mundial de comércio”. (GONÇALVES, 2003, p. 116).

Numa concepção clássica, Possas (1999, p. 160) define a concorrência como

o “processo por meio do qual se busca a apropriação de poder de compra em

economias capitalistas”. Caracterizando-se por tentativas de construção de

vantagens próprias visando ao lucro, e sendo um processo contínuo, a concorrência

entre agentes econômicos que atuam em um mesmo segmento é um dado

intrínseco à economia mercantil.

No entanto, conforme esta autora, as vantagens de um concorrente são

sempre passíveis de ser igualadas, suplantadas ou tornadas obsoletas por seus

rivais e suas estratégias. A própria dinamicidade da concorrência conduziria a

modificações nas características de produtos, serviços e processos de produção,

que, em consequência, alteram a dimensão concorrencial e a capacidade dos

agentes econômicos de se apropriar do poder de compra. (POSSAS, 1999).

Daí a importância de uma análise externa e interna dos principais

concorrentes pelas empresas. (OLIVEIRA, 2007). Segundo Porter (1992), a

identificação correta dos concorrentes certos pode produzir uma variedade de

benefícios estratégicos que se enquadram em quatro categorias gerais: ampliar a

vantagem competitiva, melhorar a estrutura atual da empresa, ajudar no

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desenvolvimento do mercado e deter a entrada de novos concorrentes no mesmo

tipo de negócio em que a empresa atua.

Na atualidade, o acirramento da concorrência remete à noção de

competitividade, cuja influência e implicações repercutem no comportamento dos

mercados, exigindo das empresas uma postura proativa e mais flexível no sentido

de reagir e adaptar-se ao cenário de incertezas e de mudanças contínuas,

analisando o ambiente, prevendo e antecipando-se a essas mutações. (POSSAS,

1999).

Observando o aspecto dinâmico do processo concorrencial, Ferraz et al

(1996, p. 3) definem competitividade como “a capacidade da empresa formular e

implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam ampliar ou conservar, de

forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”.

Os autores ressaltam o caráter extrínseco desse fenômeno (uma vez que

relacionam a competitividade ao ambiente de negócios, considerando o mercado e

variáveis econômicas, argumentando que graus de competitividade são

influenciados por aspectos externos da concorrência) e associam o posicionamento

à sobrevivência futura no mercado.

Ou seja, competitividade seria a perspectiva de desempenho e eficiência

empresarial, expressos na participação alcançada no mercado ao longo do tempo e

cujo fator determinante é um conjunto de aspectos que transcendem ao nível

organizacional (ou da firma), e que se relacionam com o mercado e o sistema

produtivo. A competitividade englobaria fatores empresariais (sobre os quais a

empresa tem poder de decisão); estruturais (associados ao ambiente concorrencial

no qual a empresa está inserida, e, portanto, limitada em suas intervenções); e

sistêmicos (referentes ao sistema de regras no qual a empresa está inserida, de

modo que não pode intervir). (FERRAZ ET AL, 1996).

Para tanto, as empresas devem adotar mecanismos estratégicos que indicam

níveis de competitividade – por exemplo, aumento da eficiência produtiva (com

redução de custos), qualidade e inovação, dentre outros, voltados para capacitá-las

a concorrer em preço, esforço de venda e diferenciação de produtos “em

consonância com o padrão de concorrência vigente no seu mercado”. (FERRAZ ET

AL, 1996, p. 7).

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Esta abordagem da competitividade parece de grande importância, pois o

contexto presente, pelo qual transitam todos os segmentos da economia, é

caracterizado:

• Pelo oferecimento de uma variedade cada vez maior de produtos e

serviços (para as empresas a diversificação visa ao giro do estoque,

dada a importância de se ter estoque reduzido atualmente);

• Pelo oferecimento de novos produtos e/ou serviços (pela criação

constante e inovação);

• Pelo oferecimento de produtos e serviços a preços mais competitivos

(significando que o preço não é mais o único fator determinante de

competitividade) e com qualidade quase sempre similar (um dos

aspectos mais valorizados atualmente, decorrente da crescente

conscientização e exigência do consumidor). (CONTADOR, 2009).

Concorrência e competitividade estariam então diretamente relacionadas ao

emprego de estratégia e a escolhas estratégicas no setor de atuação, que

conduzam a resultados empresariais satisfatórios. (POSSAS, 1999). Sua avaliação

requereria uma perspectiva além da tradicionalmente empregada (que se baseia em

preços e atividade comercial) para incluir a influência da estratégia nesses

processos. Nessa linha de raciocínio, Kupfer (1991, p. 26) declara que

competitividade é:

“(...) função de adequação das estratégias das empresas individuais ao padrão de concorrência vigente no mercado específico. Em cada mercado vigora um dado padrão de concorrência, definido a partir da interação entre estrutura e condutas dominantes no setor”.

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CAPITULO III

ESTRATÉGIA

Porter (1992) identifica cinco forças competitivas de mercado que se

traduzem em fatores que determinam a rentabilidade e o desempenho das

empresas. São eles: (i) os concorrentes entrantes potenciais (que se referem às

ameaças de novos concorrentes no mesmo tipo de negócio); (ii) os fornecedores

(em relação aos quais o poder de barganha pode influenciar nos resultados das

empresas); (iii) os concorrentes (pois a rivalidade pode definir os rumos do negócio);

(iv) os compradores ou consumidores (cujo poder de negociação também pode

determinar os rumos do negócio); e (v) os substitutos (que se relacionam a produtos

ou serviços da concorrência que competem pela mesma venda).

No entanto, segundo Porter (1998, p. 5), essas forças competitivas podem ser

encaradas como grandes aliadas das organizações, pois são capazes de moldar

suas estratégias de atuação.

Para este autor, estratégia significa “a busca deliberada de um plano de ação

para desenvolver e ajustar a vantagem competitiva de uma empresa”. Sendo assim,

“a essência da formulação estratégica é como lidar com a competição”. Ter

posicionamento estratégico é fundamental para a sobrevivência das empresas.

(PORTER, 1998, p. 11).

Para Oliveira (2007, p. 181), define-se estratégia como:“(...) um caminho ou

maneira ou ação formulada e adequada para alcançar, preferencialmente de maneira

diferenciada, as metas, os desafios e os objetivos estabelecidos, no melhor posicionamento

da empresa perante o seu ambiente”.

A sua finalidade é estabelecer quais serão os caminhos, os cursos, os

programas de ação que devem ser seguidos para que os objetivos e desafios das

empresas sejam alcançados, antecipando o futuro. A adoção do pensamento

estratégico no ambiente organizacional está relacionada à utilização adequada de

recursos humanos, físicos, financeiros e tecnológicos de modo a minimizar

problemas e maximizar oportunidades de negócios. (OLIVEIRA, 2007).

Por isso é importante manter o pensamento estratégico na atualidade, apesar

de que, conforme Oliveira (2007, p. 183), a estratégia não é o único fator

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determinante do sucesso ou fracasso de uma empresa: “a competência de sua

cúpula administrativa é tão importante quanto a sua estratégia”. De acordo com este

autor:

“É bem possível uma empresa alcançar o sucesso inicial, sem real conscientização de suas causas; entretanto, é muito mais difícil continuar bem, ramificando-se em novos empreendimentos e negócios, sem a apreciação exata do significado de suas estratégias”. (OLIVEIRA, 2007, p. 185).

Esta perspectiva indica a necessidade de adoção de estratégias adequadas

que tragam efetivamente benefícios frente à concorrência, e que as escolhas certas

dentre diferentes estratégias sugeridas pela literatura no campo da administração de

empresas, da economia e do marketing são fundamentais nesse processo. As

escolhas feitas pelos executivos devem recair sobre um determinado tipo de

estratégia que seja o mais adequado, “(...) tendo em vista sua capacitação e o

objetivo escolhido”. (OLIVEIRA, 2007, p. 184).

A estratégia deve ser estabelecida e revisada de modo a favorecer as

oportunidades possíveis. Segundo Oliveira (2007, p. 45), o executivo deve identificar

todas as oportunidades, sendo que cada uma delas deve ser “analisada em temos

de sua contribuição efetiva para a empresa”. Em seguida, “escolhe-se um grupo das

melhores oportunidades para a formação de uma ‘carteira estratégica’ de

oportunidades”.

Além, disso a escolha da estratégia deve levar em conta eventuais ameaças,

pois:

“No atual ritmo de mudanças ambientais, nenhuma empresa pode considerar-se imune às ameaças do ambiente, tais como a obsolescência do produto ou a saturação do mercado. Por essa razão, todas as empresas devem fazer revisões periódicas de suas estratégias de produto-mercado e outras atividades dentro de um processo contínuo de identificação das ameaças e oportunidades externas”. (OLIVEIRA, 2007, p. 63).

O diagnóstico sobre a melhor estratégia a ser adotada deve, portanto,

considerar o ambiente e as variáveis mais importantes onde a empresa se insere,

pois é esse ambiente que proporcionará as oportunidades a serem usufruídas e as

ameaças a serem evitadas. De acordo com Oliveira (2007, p. 64), para enfrentar

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esta situação ambiental, “a empresa deverá ter pleno conhecimento de seus pontos

fortes e fracos; e esse processo de análise interna e externa deverá ser integrado,

contínuo e acumulativo”.

No campo da estratégia empresarial, o planejamento é um dado relevante,

pois por meio dele a estratégia se articula, estabelecendo-se um conjunto de ações

a serem seguidas.

O planejamento relaciona-se diretamente às decisões organizacionais e pode

ter caráter operacional, tático e estratégico. Este último, o planejamento estratégico,

associa-se a uma postura estratégica em grandes ações a serem adotadas pelas

empresas para melhor interagir, usufruir e gerar vantagens competitivas. Por isso, é

normalmente de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa, na medida em

que diz respeito:

“(...) tanto à formulação de objetivos quanto à seleção dos cursos de ação a serem seguidos para sua consecução esperada. Também considera as premissas básicas que a empresa, como um todo, deve respeitar para que o processo estratégico tenha coerência e sustentação decisória”. (OLIVEIRA, 2007, p. 48).

Referindo-se a um processo gerencial desenvolvido para o alcance de uma

situação desejada, de maneira mais eficiente e efetiva (na medida em que possibilita

o estabelecimento do rumo a ser seguido pela empresa, com vistas à obtenção de

um nível ótimo na sua relação com o ambiente), o planejamento estratégico

demanda prazos mais longos de execução do que o planejamento operacional e o

tático, tem maior amplitude do que esses, possui menos flexibilidade e envolve

maiores riscos. (OLIVEIRA, 2007).

Tendo isso em vista, conforme Oliveira (2007, p. 293), este tipo de

planejamento não pode ser compreendido como uma fórmula pronta e estática, pois

não se trata de uma receita, mas sim de um processo “contínuo, abrangente e

participativo, cujos benefícios para a empresa vão aflorando ao longo do tempo, de

maneira racional, lógica e estruturada”. Admitindo várias metodologias, refere-se à

construção de um futuro planejado, a partir da mobilização de esforços e recursos

presentes.

Rasmussen (1997) afirma que, por definição, este processo dirige-se ao

planejamento futuro levando em conta os pontos fortes e fracos (limitações) da

organização e as alterações do ambiente externo, em diferentes aspectos, em

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especial em relação à competitividade, exigindo engajamento, comprometimento e

comportamento proativo através de iniciativas e antecipações. É, por isso: “A

ferramenta primordial que a alta gestão de empresas possui no fim do século XX para obter

vantagens sobre os seus competidores e conseguir identificar oportunidades no seu

macroambiente operacional”. (RASMUSSEN, 1997, p. 33).

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3.1Alianças estratégicas entre empresas

Sob a perspectiva estratégica e de obtenção de competitividade frente à nova

realidade econômica, Rasmussen (1989) defende a implementação de parcerias e

alianças empresariais em todos os tipos de organização, que considera ferramentas

poderosas para o crescimento e expansão de uma empresa ou grupo, permitindo

sua penetração em novos mercados, no curto prazo, e evitando investimentos em

novas unidades produtivas.

Segundo Lorange e Ross (1996), as alianças entre empresas não é

exatamente um fenômeno novo, datam do início do século XX. Porém, nas últimas

duas décadas têm sido implementadas do ponto de vista das estratégias

empresariais, em função de quatro fatores determinantes: (i) a tendência crescente

de internacionalização das empresas (que aumenta a competitividade de modo

geral); (ii) a rapidez do desenvolvimento tecnológico (que reduziu o ciclo de vida de

produtos e aumentou a demanda de investimentos em pesquisa e desenvolvimento

(P&D); (iii) a grande necessidade de soluções de caráter sistêmico; e (iv) a

emergência de um número cada vez maior de concorrentes.

Esses fatores teriam provocado nos últimos anos a adoção extensiva destas

alianças.

Lorange e Ross (1996) definem uma aliança estratégica como a realização de

acordos de cooperação entre duas ou mais organizações concorrentes e

competidoras ao longo de uma escala contínua de longo prazo. Na visão desses

autores, trata-se de uma modalidade de negócio cuja característica é a

complementaridade entre objetivos estratégicos.

Numa aliança estratégica há um compartilhamento de habilidades,

conhecimentos, competências e de esforços em diferentes setores da estrutura

organizacional das partes envolvidas (administrativo, gerencial e tecnológico, entre

outros), com o intuito de trazer ganhos e benefícios mútuos para esses agentes no

seu campo específico de atuação. Tais esforços se dirigem:

• Aos fornecedores, a fim de criar maior poder de negociação, de

compra e de obtenção de bons contratos no longo prazo;

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• Aos consumidores finais, oferecendo mais e melhores produtos e

serviços e satisfazendo as suas necessidades (o que mantém as

vendas);

• Para o desenvolvimento e exploração de novas tecnologias e recursos

tecnológicos que a economia globalizada exige; e

• Para o desenvolvimento de um patamar de produção que evite a

entrada de novos participantes no negócio. (LORANGE e ROSS,

1996).

As alianças estratégicas podem ocorrer em diferentes setores da economia e

entre empresas de vários portes. Podem acontecer por diferentes motivações e

propósitos e também de forma vertical (envolvendo fornecedores e compradores da

cadeia de suprimentos das organizações) ou horizontal (envolvendo empresas

concorrentes). (LORANGE e ROSS, 1996).

Lorange e Ross (1996) considerem que as alianças estratégicas são

empreendimentos de risco, pois o grau de cooperação entre as empresas pode ir de

um mínimo, quando as transações se dão em um mercado livre, até o máximo,

quando há integração total e internalização hierárquica de processos e

procedimentos.

Entretanto, argumentam que quando essas alianças são bem sucedidas (e

para tanto é preciso ter desde o início objetivos estratégicos explícitos e

harmonizados) trazem muitos benefícios. Além dos citados por Rasmussen (1989),

observam que elas promovem graus de interação que podem estabelecer

expressivos diferenciais competitivos no mercado e a inserção das empresas em

mercados globais, em negociações internacionais.

Lorange e Ross (1996) identificam basicamente cinco tipos de alianças

estratégicas, que se classificam em conformidade com o grau de integração

institucional, de formalização e de interdependência entre as empresas envolvidas:

(i) empreendimento cooperativo informal; (ii) empreendimento cooperativo formal; (iii)

participação acionária; (iv) joint venture; e (v) fusões e aquisições.

Informa Oliveira (2001) que, no Brasil, até a década de 1980, fusões e

aquisições eram raras. Entretanto, na década seguinte tornaram-se mais comuns,

pois passaram a representar uma alternativa estratégica para empresas em

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dificuldades financeiras ou interessadas em unir esforços a fim de ampliar mercado

e reduzir custos.

Entre 1994 e 2000, o número anual de transações do gênero no País dobrou,

indo de 175 casos a 353 ocorrências respectivamente. (OLIVEIRA, 2001). Já até

setembro de 2009, o volume de fusões e aquisições entre empresas brasileiras

movimentou 116,7 bilhões de Reais, com aumento de 33,4% sobre o mesmo

período de 2008. Presume-se que esse número expressivo tenha ocorrido em

função da recente crise internacional, que gerou oportunidades aproveitadas pelas

grandes empresas nacionais. (GANDRA, 2009).

Até março de 2010, o ritmo das fusões e aquisições voltou a um patamar

recorde, assumindo proporção inédita, informa notícia veiculada pelo jornal O Globo.

Entre dezembro e fevereiro, foram protocolados na Secretaria de Assuntos

Econômicos (SAE), do Ministério da Fazenda, 161 pedidos de avaliação desse tipo

de negócio, a uma média de 53,6 ao mês. (O GLOBO, 2010).

Acredita-se que até o fim deste ano o volume desse tipo de transação no

Brasil terá um salto de 20%. Pesa nesta decisão a expectativa dos investimentos no

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, no Pré-Sal, e

nas Olimpíadas e Copa do Mundo nos próximos anos. (O GLOBO, 2010).

No setor financeiro brasileiro, a partir da década de 90, as alianças

estratégicas entre empresas do segmento tornaram-se mais freqüentes em função

da estabilidade do mercado financeiro e de taxas de inflação em patamares

moderados, tendo-se verificado grande estímulo ao processo de fusão entre

empresas. (GOLDNER e ARAÚJO, 2005).

Para fins desse estudo, analisa-se mais detidamente este processo como

forma de aliança estratégica, cujo grau de interdependência entre as organizações é

o mais alto dentre todos os tipos. (LORANGE e ROSS, 1996).

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CAPITULO IV

FUSÃO ENTRE EMPRESAS

O conceito de fusão remete a uma das espécies de reorganização societária,

que, de uma perspectiva estratégica, altera estrutura e conformação das empresas e

cujos propósitos podem incluir: (i) a necessidade de reestruturação de grupos de

empresas; (ii) de separação de divisões ou áreas de uma empresa; (iii) a

concentração de empresas; (iv) a redução de custos administrativos e operacionais;

(v) preparação para alienação; (vi) ampliação do poder de mercado; (vii) superação

de barreiras naturais e regulatórias; (viii) redução da competição; (ix) possibilidade

de cumprimento de restrições regulamentares; (x) conciliação de interesses

conflitantes de diferentes grupos de acionistas; e (xi) necessidade de planejamento

tributário (ANAN JÚNIOR, 2009).

A fusão corresponde à ideia de união de duas ou mais empresas já

existentes.

De uma perspectiva legal, segundo o artigo 228 da Lei 6.404, de 15 de

dezembro de 1976, a fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais

sociedades para formar uma sociedade nova que lhes sucederá em direitos e

obrigações. (BRASIL, 1976).

Do ponto de vista jurídico, trata-se de “uma forma de união, tal como a

incorporação, em que há o desaparecimento de uma ou mais pessoas jurídicas,

para que surja outra, com maior dimensão e capacidade econômica”. (MAIA, 1972,

p. 44). Deste modo, empresas que se fundem extinguem-se para formar uma nova

empresa, podendo ocorrer esse processo “entre sociedades de tipos jurídicos

distintos”. (YOUNG, 2008, p. 22).

Gitman (2010) complementa informando que a combinação resultante da

fusão entre duas ou mais empresas origina uma terceira que mantém a identidade

de uma delas e que as fusões ocorrem normalmente quando as empresas

combinadas são da mesma magnitude, ao contrário das incorporações, que

geralmente são combinações entre empresas desiguais em tamanho.

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Conforme Bulgarelli (2000), entre empresas fusionadas há transmissão

integral do acervo líquido patrimonial, isto é, fundem-se os patrimônios das

empresas envolvidas, sendo estes agrupados em uma só sociedade, que absorve

ativos e passivos das outras que a geraram.

As fusões podem ser horizontais (entre empresas com a mesma atividade e

linha de negócios); verticais (entre empresa e fornecedor); e conglomerada (entre

empresas cujas atividades não são tão relacionadas). (GITMAN, 2010).

De acordo com Gitman (2010), o processo de fusão entre empresas possui

motivações que visam a alcançar com maior facilidade certos objetivos estratégicos,

dentre eles: crescimento; diversificação; sinergia; levantamento de fundos; aumento

da capacidade administrativa ou tecnológica; aumento de liquidez; e defesa contra

aquisições.

Coelho (2004, p. 482), por sua vez, considera que as operações de fusão

realizam-se geralmente com o objetivo de alcançar economia de escala, pois:

“As empresas possuem capacitação que, unidas, podem ser otimizadas e potencializadas. Alem disso, as operações permitem a eliminação de departamentos burocráticos de uma delas, concentrados os serviços no da outra, e a redução do tamanho ou quantidade de estabelecimentos”.

Segundo Wood Jr. et al (2004), há grandes vantagens nas fusões. Os autores

citam, entre as principais, maior poder de mercado; superação de barreiras de

entradas; redução de custos no desenvolvimento de produto ou serviço; maior

velocidade de entrada no mercado; menor risco no desenvolvimento de produto ou

serviço; maior diversificação; e afastamento de competição excessiva pela

eliminação dos concorrentes.

Para Bulgarelli (2000), a principal vantagem oriunda das fusões é a

possibilidade de se alcançar uma participação maior no mercado, visto que as

empresas adquirirem vantagem competitiva no cenário empresarial, ganhando com

isso “musculatura” para concorrência local e internacional. Essa junção propicia a

ocupação de maiores fatias do mercado.

Se do ponto de vista corporativo a fusão é uma solução administrativa, de

outro, pode levar a práticas restritivas ou monopolistas, acarretando um desequilíbrio

no mercado e na conjuntura social. (BULGARELLI, 2000). Por esta razão, esta

aliança é regulamentada pelas autoridades competentes dos países. No Brasil, as

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principais autoridades a esse respeito são o Banco Central e o CADE – Conselho

Administrativo de Defesa Econômica, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, que

compõe o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC). A utilização da

fusão (assim como de outros tipos de alianças) deve seguir os requisitos legais,

devendo a nova sociedade cumprir todos os trâmites exigidos para a sua

constituição.

Apesar de vantajoso, o processo de fusão não é tão simples de

implementação e o modo de atuação sobre os desafios que surgem, sobretudo no

período imediato após a fusão, são determinantes para o sucesso da operação, e,

muitas vezes para a sobrevivência da nova empresa. Tais desafios são intensos e

ocorrem em diferentes áreas da nova organização.

Entre eles Wood Jr. et al (2004) relacionam: (i) dificuldade de integração

(porque a nova empresa surge de outras com culturas organizacionais e sistemas

distintos); (ii) avaliação inadequada do processo; (iii) dívidas decorrentes do

processo; (iv) inabilidade para obter sinergia (ou seja, as empresas juntas teriam que

produzir resultados superiores à produção das participantes da fusão de forma

individual, o que nem sempre ocorre); (v) diversificação demasiada; e (vi) gerentes

focalizados em aquisições desconsiderando outras estratégias.

De acordo com esses autores, o processo de integração pode ser apontado

como um fator determinante para o sucesso ou o fracasso de uma fusão entre

grandes empresas. Afirmam a esse respeito que:

“(...) os mecanismos estratégicos e organizacionais que contribuem para o sucesso de um processo de integração pós-fusão ou aquisição não são bem entendidos. Por isso, muitas fusões e aquisições transformam-se em processos traumáticos e destroem valor. (...). Por trás dos maus resultados de muitos processos de fusão e aquisição encontra-se uma abordagem reducionista que não reconhece a complexidade de todas as dimensões envolvidas”. (WOOD JR. et al, 2004, p. 41 e 44).

E dentro do processo de integração, em sua pesquisa empírica junto a 54

casos desses empreendimentos corporativos, Wood Jr. et al (2004) identificaram

que respeito aos indivíduos e muita atenção com a comunicação são fatores que

garantem o seu sucesso, pois este é um processo complexo cujos impactos

repercutem nos funcionários, afetando carreiras. Assim:

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“(...) ações e posturas de como evitar medidas impositivas, melhorar a estratégia de comunicação, reduzir ao mínimo as demissões e desenvolver uma atitude de dignidade e respeito com relação aos funcionários são especialmente importantes”. (WOOD JR. et al, 2004, p. 44).

Já para Costa et al (1999), o principal aspecto negativo nas fusões é o risco

de o choque entre as culturas das empresas envolvidas superar as vantagens do

porte da instituição criada.

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4.1 Fusão no mercado financeiro

No mercado financeiro, em vários países do mundo, o processo de fusão no

setor bancário tem sido o mais amplamente prevalente, pois há nessas instituições

uma imperiosa necessidade de crescimento em tamanho como forma de concorrer

com outras corporações participantes do cenário financeiro internacional. (BACEN,

2010b).

Essa perspectiva aponta para duas realidades emergentes, a saber:

1) Que concorrência e concentração neste setor caminham na mesma

direção, pois há evidências em estudos de melhoras em termos de custos e/ou

margens de lucro para o conjunto dos atores envolvidos nesse processo. (CANUTO,

2000); e

2) Que as crescentes fusões bancárias reforçam a ideia de que o porte nesse

tipo de instituição é vital para torná-la competitiva, uma vez que os bancos têm

concentrado cada vez menos suas atividades em intermediação financeira e mais na

prestação de serviços para maiores contingentes de clientes. O processo de

‘desintermediação’ financeira seria uma das razões para a ‘onda de fusões’ entre os

bancos. (COSTA ET AL, 1999).3

Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo relato de Costa et al (1999, p.

154), a “mania de fusões” ressurge de tempos em tempos porque, cada vez que

ocorre uma grande fusão, as cotações das ações em Bolsa “reagem com um salto,

estimulando a própria fusão, em uma relação reflexiva”. Nos anos 90 no mercado

daquele país forças econômicas, como a competição internacional intensificada, o

aumento de empreendedores muito ágeis, uma explosão de novas tecnologias de

informação (indústria da qual os bancos são os maiores clientes) e as

desregulamentações impulsionaram o mercado de fusões. Vide as fusões entre

Citicorp eTravelers e BankAmerica e NationsBank, no final desta década. (CANUTO,

2000).

3 Sobre esse aspecto, evidencia-se que, após as fusões, há um afastamento relativo do envolvimento dos bancos com pequenos clientes, criando uma lacuna importante de ser preenchida por outras fontes e instituições. (CANUTO, 2000).

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Na Europa, a fusão dos bancos UBS e Swiss Bank e dos bancos alemães

Deutsche e Dresdner em fins da década de 90 e início de 2000 respectivamente

(esta última consolidando US$ 1,2 trilhão em ativos) foram consideradas

megafusões e também confirmaram essa perspectiva. (CANUTO, 2000).

No sistema bancário, de acordo com Schulman (citado por CARRERAS e

MEIRELES, 2009), cada vez mais no mundo haverá menos bancos e bancos

maiores, pois a se considerar o cenário da globalização, as ações de muitos bancos

seguem uma mesma tendência, marcada por aquisições e fusões.

Segundo Canuto (2000), as fusões entre bancos de grande porte, muito

comuns no limiar do século XXI, são devidas a cinco causas:

• A mudanças tecnológicas, que têm aumentado substancialmente as

economias de escala presentes no fornecimento de serviços

financeiros; as novas ferramentas de engenharia financeira são melhor

manejadas por grandes instituições. Além disso, já há evidência de

que, em termos de ganhos de escala, a tradicional atividade bancária

através de filiais e agências é superada pelos caixas automáticos, pelo

online banking e pelas centrais de atendimento telefônico;

• À emergência de capacidades instaladas em excesso, pois quando há

operação abaixo das escalas eficientes, linhas de produto

insuficientemente diversificadas ou mesmo de ineficiência operacional,

a resolução dos problemas via fusões ou aquisições é mais

conveniente do que através das falências, já que se preserva valor;

• À melhora substantiva nas condições financeiras de alguns grandes

bancos, com grande rentabilidade;

• À globalização financeira, com o crescente traslado internacional de

títulos, bens e serviços, para a qual as fusões são instrumento de

consolidação de mercados e de fornecedores dos serviços financeiros.

A globalização teria tornado inevitável esse processo sendo que sua

importância para a economia vem sendo crescentemente renovada

(BACEN, 2010b; NAKANE e ALENCAR, 2004); e

• Ao fato de que a desregulamentação financeira teve difusão gradual e

está longe de ser concluída e esgotada em toda a sua extensão:

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causas e consequências apontariam para a continuidade das fusões

bancárias.

A respeito das vantagens da fusão entre bancos, Costa et al (1999, p. 154)

afirmam que:

“A fusão entre dois bancos pode complementar, geograficamente, seus mercados e reduzir, proporcionalmente, custos, em função de um melhor aproveitamento que ambos terão com uma infraestrutura de maior porte. Atualmente, os grandes bancos unem-se porque seus crescimentos estão ameaçados. O objetivo não é tanto dominar o mundo quanto reduzir custos e ampliar a oferta de serviços”.

O Brasil acompanhou todo este movimento, sobretudo depois da entrada em

vigor da Medida Provisória nº 1.179 e da Resolução nº 2.208, ambas de 3 de

novembro de 1995, que implantaram o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao

Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER). Após um período de crise

(em que dezenas de bancos ‘quebraram’, gerando enormes custos financeiros e

sociais, pois não se ajustaram espontaneamente às transformações promovidas

pela globalização) o PROER passou a ordenar a fusão e incorporação de bancos, a

partir das regras definidas pelo Banco Central, e assim evitar uma crise sistêmica no

País. (BACEN, 2010b).

Entre 1994 e 2003, o número de instituições financeiras bancárias no Brasil

sofreu uma redução da ordem de 33%, um processo que envolveu liquidações de

vários bancos, aquisições, incorporações e fusões. A consolidação de aquisições,

incorporações e fusões mais recentemente se deve em especial pela busca de

ganhos de escala por parte das instituições bancárias nacionais, a exemplo das

internacionais, de modo a alavancarem volumes de operações que proporcionem

retornos adequados. (NAKANE e ALENCAR, 2004).

Um exemplo foi a incorporação do ABN Amro Real, em 2007, pelo Santander,

que já havia incorporado as operações do Banespa, fazendo surgir no cenário

brasileiro um grande competidor local, com volume de capital e presença nacional e

internacional consideráveis. Outro foi a fusão do Banco do Brasil com as unidades

da Nossa Caixa, em 2008, criando um grande banco público para competir com os

grandes bancos privados instalados no País.

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O acirramento do número de fusões bancárias implica considerar, com Costa

et al (1999, p. 154), que estas são apontadas como o melhor caminho para atingir

ganhos de escala. De acordo com os autores, “com elas, as instituições financeiras

protegem-se da crescente competição internacional, ganhando competitividade”, em

especial se seguirem o modelo de fusão que preza a união entre instituições fortes

em áreas afins e complementares.

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CAPITULO V

FUSÃO DE BANCOS: O CASO ITAÚ UNIBANCO

Em novembro de 2008 foi anunciada a criação do Itaú Unibanco Holding,

instituição financeira de capital aberto, a maior fusão bancária já ocorrida no Brasil.

O banco Itaú (segundo maior banco privado do País; com ativos que

somaram 295 bilhões de Reais em 2007; 3.526 agências; 60 mil acionistas; 23.739

caixas eletrônicas; 14,8 milhões de cartões de crédito e 65.089 colaboradores) unir-

se-ia ao Unibanco (quanto maior banco privado do Brasil; com ativos de 149,60

bilhões de Reais em 2007; 29 milhões de clientes; 952 agências; e 34.215

colaboradores, além de 54,94 bilhões de Reais em recursos administrados pelo

UAM, Unibanco Assar Management). (ITAÚ, 2008; UNIBANCO, 2008).

A compra do ABN Amro Real, terceiro maior banco privado do Brasil, pelo

grupo Santander, em 2007, foi um dos acontecimentos que motivou esta fusão, pois

com esta compra criou-se um tipo de concorrente nunca visto no País até então,

com escalas global e local (os bancos estrangeiros sempre tiveram uma dimensão

menor no Brasil do que os nacionais, cenário alterado com a compra do ABN Amro

Real pelo Santander). (FUCS, 2008). A criação do novo banco pretendeu enfrentar a

intensa competição.

Outras motivações foram a dimensão do mercado brasileiro e as grandes

oportunidades que ele vem oferecendo (FUCS, 2008), bem como a crise financeira

global de 2008, que, apesar de ter afetado boa parte das principais instituições

financeiras de todo o mundo, abriu muitas e novas oportunidades para Itaú e

Unibanco separadamente. (ITAÚ UNIBANCO, 2009).

As negociações para a fusão, que duraram cerca de 15 meses, ocorreram em

sigilo e foram realizadas pessoalmente pelos representantes dos bancos envolvidos,

sendo que muito poucas pessoas estiveram presentes nessas conversas. Em

outubro de 2008 começou a ser redigido o contrato que selaria a união e depois de

poucos dias o empreendimento foi comunicado ao presidente do Banco Central

(Henrique Meirelles) e ao presidente da República. (FUCS, 2008).

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Na época, os representantes dos bancos fusionados alegaram que, além de a

fusão ser importante para o desenvolvimento econômico do Brasil, atendeu a uma

prerrogativa mútua de ambos os bancos, qual seja, de ser em pouco tempo um

competidor global, em um cenário de integração crescente e irreversível da

economia mundial. (FUCS, 2008).

O maior negócio de todos os tempos no Brasil, aprovado pelo Banco Central

em fevereiro de 2009, envolveu um valor de mercado da ordem de 90 bilhões de

Reais e redundou na criação do Itaú Unibanco Holding, que ultrapassou a liderança

do Banco do Brasil no ranking dos maiores bancos brasileiros (quebrando um tabu

no País) e do Bradesco, segundo colocado.

O controle do novo banco ficou a cargo da empresa IU Participações, criada

na época, cujo capital foi dividido entre os acionistas dos dois bancos, cada um com

metade das ações com direito a voto. Tratou-se, portanto, de uma fusão com o

controle compartilhado igualmente, embora o Itaú detenha uma participação maior

no capital total do novo banco. (FUCS, 2008).

Com ativos de 575 bilhões de Reais, o Itaú Unibanco Holding tornou-se o

maior banco de todo o Hemisfério Sul e o 14º do mundo por valor de mercado, pois

a fusão não se limitou à mera soma dos bancos envolvidos. (FUCS, 2008; FUCS,

2009). De acordo com Fucs (2008), eles reforçaram a musculatura para explorar o

mercado internacional e se tornar uma potência global, a primeira multinacional

brasileira do setor financeiro. A figura no anexo 1 ilustra os dados do novo banco à

época da fusão.

Segundo o último Relatório Anual de Sustentabilidade do Itaú Unibanco

Holding, divulgado um ano após a fusão, em 2009 o novo banco já contava com 608

bilhões de Reais em ativos (o maior montante entre os conglomerados financeiros

privados do Hemisfério Sul); 39,8 milhões de clientes; 102 mil colaboradores; 88 mil

fornecedores; 4,9 mil agências e postos de atendimento bancário (além de mais de

30 mil caixas eletrônicos), em mais de 1.100 municípios brasileiros, cobrindo todo o

território nacional; e atuação em 12 países das Américas, Europa e Ásia. (ITAÚ

UNIBANCO, 2009).

O lucro líquido alcançou 10,1 bilhões de Reais neste mesmo ano, com

rentabilidade de 21,4% sobre o patrimônio líquido médio. O patrimônio consolidado

atingiu 50,7 bilhões de Reais. As ações do banco valorizaram 61,5% em

comparação à cotação de 2008 e seu calor de mercado em bolsas de valores

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alcançou 175,1 bilhões de Reais, cifra que coloca o Itaú Unibanco entre os nove

maiores bancos do mundo, segundo a empresa Bloomberg de análise financeira.

(ITAÚ UNIBANCO, 2009).

O Itaú Unibanco encerrou 2009 como um dos maiores bancos do mundo em

termos de capitalização de mercado, com sólida base de capital e alto padrão de

governança corporativa.4

Para 2010, suas prioridades são consolidar a sua atuação no Brasil, preparar

a organização e seus colaboradores para atuar em um banco que também compete

no mercado internacional, apoiar o crescimento das operações de crédito e ampliar

o ganho de escala em todos os segmentos de clientes. (ITAÚ UNIBANCO, 2009).

5.1 O enfrentamento dos desafios no processo de integração

Conforme colocado anteriormente, a literatura identifica alguns pontos

nevrálgicos da fusão entre empresas, em especial no processo de integração, que

pode envolver choque entre culturas diferentes, problemas com funcionários e

problemas de comunicação. Em relação a esses fatores, determinantes para o

sucesso ou fracasso da fusão, deve-se agir com estratégia. (COSTA et al, 1999;

WOOD JR. et al, 2004).

Itaú e Unibanco são dois bancos que acumularam uma grande experiência na

gestão de fusões por terem sido, eles próprios, produto da união de vários bancos

ao longo da história. (FUCS, 2009). Essa experiência talvez tenha sido um elemento

facilitador na tomada de medidas estratégicas para o enfrentamento dos desafios

apontados pela literatura quanto ao processo de integração.

A integração do Itaú Unibanco começou pelo compartilhamento dos caixas

eletrônicos, sendo que não houve uma política de redução do número de agências.

(FUCS, 2008). 4 Governança corporativa pode ser definida como “o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia, protegendo investidores, empregados e credores, facilitando, assim, o acesso ao capital”, garantindo a confiabilidade da empresa sob a ótica dos stakeholders, grupos de seu interesse. (SILVA, 2006, p. 16).

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Fucs (2009) considera que muitas vezes o conflito entre culturas gera fissuras

profundas que podem levar anos para cicatrizar.

No que diz respeito às diferenças culturais, é possível afirmar que a

integração foi facilitada pela semelhança entre as culturas de um e outro banco e

pela estratégia de construção de uma cultura organizacional baseada nas práticas

de governança corporativa, já cultivadas pelas instituições separadamente. (ITAÚ

UNIBANCO, 2009).

Esse processo redundou, em meados de 2009, na classificação do Itaú

Unibanco Holding entre as 100 melhores empresas para se trabalhar no Brasil pelo

Great Place to Work Institute (GPTW), quando a integração ainda estava em pleno

andamento. (FUCS, 2009).

Segundo Fucs (2009), este foi um fato surpreendente, pois nessa fase o nível

de insatisfação dos funcionários costuma crescer em progressão geométrica. Em

geral, as mudanças atingem todas as áreas da organização. O corte de pessoal é,

quase sempre, inevitável e as incertezas em relação ao futuro se multiplicam.

No caso em estudo, logo após a fusão foi fechado um acordo com o sindicato

dos trabalhadores do setor, tendo sido criado um centro de realocação de

funcionários e um Plano de Demissão Voluntária (PDV), pelo qual ofereceu-se um

pacote financeiro atraente para estimular pessoas com mais de 50 anos já

aposentadas a deixar a instituição. Cerca de 2 mil pessoas que seriam demitidas

foram aproveitadas em outras áreas, 45% delas nas agências. Em 2009, o turn over

(indicador que mede a rotatividade de funcionários nas empresas) ficou em 5% do

total, pouco acima das médias históricas do Itaú e do Unibanco separadamente, o

que demonstrou a conquista de sinergias desejadas. (FUCS, 2009).

Além de não ter ocorrido corte significativo de pessoal, com 102 mil

funcionários, tornou-se a empresa com maior número de empregados da

classificação do Great Place to Work Institute. (FUCS, 2009).

Outro ponto relevante mencionado pela literatura como desafio das fusões é a

comunicação.

No caso da união entre Itaú e Unibanco, a estratégia de comunicação foi

essencial no processo de transição. Além de usar os canais convencionais, como e-

mail e jornal interno, o novo banco lançou um hot site em sua intranet para reunir as

informações sobre a fusão. Todos os membros da diretoria gravaram depoimentos

no canal privativo de TV para os funcionários. Em 2009, o banco criou uma área de

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endomarketing para concentrar as ações de comunicação interna e distribuir aos

funcionários o conteúdo multimídia a ser gerado pela área de recursos humanos.

Nesse mesmo ano, a meta seria incorporar o sistema das agências na rede de

comunicação. (FUCS, 2009).

Segundo a diretoria de RH do Itaú Unibanco, o objetivo das mensagens de

comunicação foi explicar as dificuldades e os desafios do novo banco, assim como

manter o pessoal atualizado sobre as ações tomadas para acelerar a integração.

Elas reforçavam os valores por meio dos quais o Itaú Unibanco queria ser

reconhecido pela sociedade, como a ética e a responsabilidade social e ambiental.

Mostraram, também, que o banco vai privilegiar a meritocracia e a remuneração será

cada vez mais atrelada a resultados. No aspecto da carreira, o recado era que o

banco oferece excelentes oportunidades, inclusive no exterior, onde pretende

concentrar sua expansão nos próximos anos. (FUCS, 2009).

De acordo com Fucs (2009), além de equacionar as questões trabalhistas e

investir na comunicação, o novo banco convidou os funcionários a participar do

processo de fusão. Com o apoio de uma das maiores empresas de consultoria em

gestão do mundo, foram formados 19 grupos de funcionários nas diferentes áreas

do negócio para identificar as melhores práticas adotadas pelo Itaú e pelo Unibanco

antes da fusão.

Foi feita também uma pesquisa com nove mil funcionários para saber quais

eram os valores já presentes na organização e os que deveriam ser reforçados no

novo banco, com o objetivo de aproveitar o que as duas instituições tinham de

melhor. Em todas as áreas de negócios, procurou-se o que existia de melhor em

cada banco, para fortalecer a atuação do novo banco e assegurar a excelência no

atendimento aos clientes. (ITAÚ UNIBANCO, 2009).

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CONCLUSÃO

Este trabalho abordou inicialmente o mercado financeiro e sua evolução no

Brasil, bem como os efeitos da globalização nesse mercado, particularmente o

acirramento da concorrência e a alta competitividade.

Na sequência, analisou-se a reconhecida importância da adoção de

estratégias pelas empresas no sentido de fazer frente ao ambiente atual de negócios

e garantir sobrevivência e sustentabilidade no longo prazo. Dentro do pensamento

estratégico, abordou-se a importância do estabelecimento de alianças entre

empresas, dentre as quais as fusões.

Foi demonstrado que no mercado financeiro, com as características que a

globalização lhe conferiu, as fusões entre bancos já são uma realidade incontestável

desde a década de 90 para atingir esse patamar e viabilizar uma atuação

internacional.

Sendo as fusões, conforme revisado neste estudo, uma tendência no

mercado, é possível afirmar que haverá ainda muitos empreendimentos desse tipo

entre bancos, inclusive porque esse é um processo recente na economia mundial.

Na economia brasileira dá-se o mesmo. São recentes as fusões bancárias e

este é um curso que, certamente, modificará a feição do mercado financeiro

nacional, que caminha, a cada dia, para maior maturidade, uma vez que a economia

tem se mostrado estável, conferindo credibilidade. Os agentes financeiros do Brasil

já podem se arriscar um pouco mais.

Os objetivos da pesquisa foram analisar o processo de fusão entre os bancos

Itaú e Unibanco, e, em especial analisar como vem sendo conduzido até o momento

o processo de integração no Itaú Unibanco Holding.

Acredita-se que estes objetivos tenham sido atingidos, pois explorou-se o

caso em estudo, apresentando-se as motivações, circunstâncias, prerrogativas e

expectativas da fusão, dados, números e informações no momento da união, em

2008, além de seus primeiros resultados, um ano depois, em 2009.

Na revisão de literatura a respeito do tema fusão entre empresas, ficaram

claros os desafios enfrentados pelas organizações envolvidas no empreendimento,

sendo o principal deles referente à integração, que ocorre no momento pós-fusão e

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que demanda tempo e o estabelecimento de estratégias específicas, sob pena de

incorrer em fracasso.

Alguns aspectos e dimensões não podem ter importância reduzida nesse

sentido, principalmente em relação à possibilidade de haver choque entre culturas,

em relação à nova situação de funcionários e colaboradores, que pode levar à

insatisfação, e à necessidade de conduzir adequadamente o processo do ponto de

vista comunicacional, visando tornar claro o empreendimento do ponto de vista

interno da nova empresa.

Na observação desses aspectos no caso Itaú Unibanco, conclui-se que a

integração entre esses agentes desde o início definiu-se como um processo muito

bem elaborado, pois realizou-se com a adoção das medidas estratégicas

necessárias.

O novo banco não tem problemas de ordem cultural, inclusive porque as

culturas de ambos separadamente eram semelhantes, não apresentou baixas

significativas de funcionários e adotou estratégias de comunicação não somente

válidas como corretas do ponto de vista técnico, tornando a integração mais e mais

transparente para seu quadro de funcionários.

Acredita-se que o processo de integração do Itaú Unibanco ainda não esteja

de todo completo. Porém, a julgar pelas informações obtidas, relatadas nesta

pesquisa, será vitorioso e poderá servir como modelo, um ponto de referência e

excelência para outras instituições (deste segmento ou não) que resolvam se

envolver nesse tipo de empreendimento como forma de fazer a nova empresa mais

competitiva e um player no mercado internacional.

A fusão entre Itaú e Unibanco pode ser considerada, até o momento, muito

bem planejada e sucedida, como foi demonstrado pelos números apresentados, que

apontam para o crescimento do novo banco.

O estudo das alianças estratégicas entre empresas e da aquisição, fusão e

incorporação entre instituições do mercado financeiro ainda é recente no Brasil. Por

este motivo, recomenda-se a elaboração de novas pesquisas sobre esses temas,

que se considera emergentes dentro do novo quadro econômico mundial e nacional.

Evidentemente, o trabalho aqui realizado não pretendeu esgotar o assunto. Sugere-

se, nesse sentido, o aprofundamento dos aspectos aqui destacados e também a

abordagem de outros aspectos aqui não mencionados, que julga-se tão importantes

quanto.

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Webgrafia

UNIBANCO. Relatórios Anuais 2003-2008. Disponível em: < www.unibanco.com.br > Acesso em maio de 2010. ITAÚ HOLDING FINANCEIRA. Relatórios Anuais 2003-2008. Disponível em: < www.itau.com.br > Acesso em maio de 2010. ITAÚ UNIBANCO. Relatório Anual de Sustentabilidade – 2009. Disponível em: < http://www.itauunibanco.com.br/relatoriodesustentabilidade/2009/download/RS_ItauUnibanco_2009.pdf > Acesso em julho de 2010. GANDRA, Alana. Volume de fusões e aquisições de empresas movimentou R$116,7 bilhões até setembro. Agência Brasil, 18 de novembro de 2009. Disponível em: < http://agenciabrasil.ebc.com.br/arquivo/node/330154?page=7 > Acesso em julho de 2010.

BACEN, Banco Central do Brasil. Relatório de Estabilidade Financeira. Abril, 2010. Disponível em: < http://www.bcb.gov.br/?RELESTAB201004 > Acesso em julho de 2010a. BACEN, Banco Central do Brasil. Intervenções, Liquidações e Privatizações. Saneamento e Desestatização. PROER. Disponível em: < http://www.bcb.gov.br/?PROER > Acesso em julho de 2010b. BOVESPA, Bolsa de Valores de São Paulo. O Mercado de Capitais: sua importância para o desenvolvimento e os entraves com que se defronta no Brasil. Relatório BOVESPA 2000. Disponível em: < http://www.bovespa.com.br > Acesso em julho de 2010. BRASIL, Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm > Acesso em julho de 2010.

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Anexo 1

FIGURA 1 – Detalhamento da formação do Itaú Unibanco Holding

FONTE: FUCS (2008).

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Detalhamento da formação do Itaú Unibanco Holding......................... 51

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ÍNDICE INTRODUÇÃO..........................................................................................................07 Capítulo I . O mercado financeiro............................................................................10

1.1 Evolução do mercado financeiro no Brasil ..................................................14 Capítulo II . Globalização no mercado financeiro ....................................................17

2.1 Efeitos da globalização: acirramento da concorrência e competitividade....20 Capítulo III. Estratégia .............................................................................................23

3.1 Alianças estratégicas entre empresas ........................................................27

Capítulo IV. Fusão entre empresas ,,,,......................................................................30

4.1 Fusão no mercado financeiro ....................................................................34

Capítulo V. Fusão de bancos: o caso Itaú Unibanco .............................................38 5.1 O enfrentamento dos desafios no processo de integração .......................40 CONCLUSÃO ..........................................................................................................43 REFERÊNCIAS .......................................................................................................45 ANEXO 1.................................................................................................................50 ÍNDICE.....................................................................................................................52