UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO DE …liberdade, importa apenas saber e crer que o encontro...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Por: Iracema Cardoso de Oliveira
Orientador
Prof. Marco A. Larosa
Rio de Janeiro
Fev./2003
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Apresentação de monografia ao Conjunto
Universitário Cândido Mendes como condição
prévia para a conclusão do Curso de Pós-
Graduação em Arte-Terapia em Educação e
Saúde.
Por: Iracema Cardoso de Oliveira
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AGRADECIMENTOS
A minha mãe, Morena, que sempre respeitou meus desejos e apoiou
meus caminhos.
A meu pai, Ademar pela vida e maior herança – honestidade.
A meus amigos especiais Pluft e Neli que, hoje, iluminando o infinito,
aconchegam meu coração.
A minha irmã, Lucia, pela orientação certa há muito tempo atrás.
A Marcela, sobrinha e afilhada muito querida, e Munique, amiguinha,
pelo grande incentivo, apesar da pouca idade.
A meus amigos da E/7ª CRE/DAQ, pelo carinho e compreensão
quando o cansaço e o peso da caminhada atrapalhavam o humor.
A Márcia, Fátima e Célia pelo ‘’jeitinho’’ na acomodação do meu horário
de trabalho.
Ao professor Larosa, meu orientador, pelo Mestre que é em toda a
extensão da palavra.
E a Deus por ter-me concedido a vida até aqui.
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DEDICATÓRIA
A você amiga Lenita
- pelo incentivo;
- pela autenticidade;
- pelas palavras certas nas horas certas;
- pela descoberta de minha vida e conseqüente
liberdade...
agora sei para onde caminho.
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‘’Não importa o seu desejo de encontrar a
liberdade, importa apenas saber e crer que o
encontro com ela exigirá de você uma
responsabilidade de igual tamanho. Uma só
conseguirá ver o caminho da outra, se entre si
trocarem os olhos, o coração e demais
sentimentos.
Aí reside a beleza da liberdade: na escolha feita
por livre vontade e na aceitação do peso de
todos os compromissos.’’ (Hamilton Werneck)
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RESUMO
Existem características próprias da profissão dos educadores e
educadoras que devem ser levadas em conta, uma vez que lidam com a formação
de seres humanos e trabalham com os aspectos cognitivos e afetivos, o que exige
uma diversificação de atitudes para atender às diferentes demandas escolares e
sociais. O objetivo da presente pesquisa é subsidiar o debate acerca da importância
da afetividade no processo de ensino aprendizagem. Objetivou-se ainda a
articulação de meios que favorecem a compreensão de que a relação com os alunos
e alunas exige um aprofundamento de conhecimentos dos aspectos formais e
informais presentes no dia-a-dia dentro do ambiente escolar.
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METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado com base em pesquisa documental
feita em livros e artigos publicados em revistas e periódicos referentes ao assunto
escolhido.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................ 09 CAPÍTULO I. A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO................................................................................
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CAPÍTULO II. PEDAGOGIA DA PRESENÇA............................................ 24 CAPÍTULO III. AFETIVIDADE: A IMPORTÂNCIA PARA PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM.....................................................................
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CAPÍTULO IV. A AFETIVIDADE E A APRENDIZAGEM AO LONGO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO...............................................................
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CONCLUSÃO............................................................................................. 47 BIBLIOGRAFIA........................................................................................... 49 ÍNDICE........................................................................................................ 52 FOLHA DE AVALIAÇÃO............................................................................ 53 ANEXOS..................................................................................................... 54
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INTRODUÇÃO
A vida em sociedade tem sido a preocupação de muitos estudiosos que
entendem as grandes transformações que todo o mundo vem sofrendo, e que
ampliam-se com fenômenos sociais que revestem a humanidade de sentimentos de
incertezas, temores, e impotência frente aos novos paradigmas que ora se
apresentam no contexto social.
O século XX foi marcado por várias invenções, onde a informática, as
telecomunicações, a ecologia, dentre outras, alargaram espaços bastante
significativos, mudando a forma de pensar e as próprias relações entre os seres
humanos, tanto na sua vida familiar quanto nas relações de trabalho. Bernardo Toro,
entretanto, diz que "a maior invenção do século XX são os Direitos Humanos." (apud
Costa, 2001, p.7)
Essa percepção vem de encontro aos anseios de todos os educadores
e educadoras que, convivendo no dia-a-dia com pessoas que dependem da sua
forma de conduzir as relações, podem estar determinando o quanto serão ou não
bem sucedidas na vida escolar e conseqüentemente na vida como um todo.
Se o mundo quase se tornou mecanizado, se os seres humanos quase
se tornaram insensíveis, o homem está despertando a tempo de perceber que a
consistência humana é imbuída de sentimentos, e que precisamos estar atentos a
eles, uma vez que todo o progresso tecnológico e científico do século não garantiu
ao homem alcançar a felicidade.
Surgem assim estudos que buscam resgatar nos seres humanos
sentimentos antes ignorados para o seu bem-estar, uma vez que se almeja alcançar
a qualidade de vida, entendendo que esta só se alcança quando o indivíduo é capaz
de vencer os obstáculos sem traumas. Em uma sociedade caracterizada pela
injustiça social e pelas desigualdades existentes, os educadores e educadoras,
assim como todos os comprometidos com a causa dos menos favorecidos,
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encontram-se em busca de estratégias que permitam resgatar a auto-estima e
valorizar as capacidades individuais em prol de toda a coletividade.
A partir disto, algumas questões se instituem: o estabelecimento de
uma relação, marcada por laços de afetividade entre professor e aluno é
determinante ou não do sucesso deste aluno? Uma relação entre professor e aluno,
onde esteja ausente a afetividade, permite interesse e envolvimento que leva ao
processo de ensino e aprendizagem? Por quê? Para responder a essas questões
torna-se necessário analisar as relações que envolvem a afetividade no cotidiano
escolar, nas interações professor(a)–alunos(as), em termos da construção de
vínculos afetivos e de como estes podem afetar o processo de ensino e
aprendizagem.
Para tanto deve-se observar situações de interação entre professor(a)
e alunos(as), na dinâmica de sala de aula, identificando possíveis situações de
conflito bem como de estabelecimento de vínculos, verificando as possíveis relações
entre as trocas afetivas e o processo ensino-aprendizagem.
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CAPÍTULO I
A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM
Quando se fala em inteligência emocional, temos que ter em mente
três emoções positivas: alegria, prazer e amor. Essas três emoções é que permitem
ao indivíduo relacionar-se bem consigo mesmo e com o outro, e saber lidar com
esses sentimentos contribuem para a formação do indivíduo proativo (guiado por
seus valores, selecionados e interiorizados).
Na área educativa, assim como nas demais torna-se, portanto,
fundamentalmente aprender a "ler" as emoções das pessoas que estão inseridas em
nosso meio, e para isso nada melhor do que nos colocarmos no lugar do outro,
tentando entender o que a outra pessoa está sentindo, e assim, podermos
compreender melhor suas atitudes.
A partir dessa compreensão é que o professor está apto a auxiliar o
seu aluno a tomar consciência de suas emoções. Só com a tomada de consciência é
que se pode unir razão e emoção.
Por outro lado, existem as emoções negativas, que são basicamente
três: raiva, medo e tristeza. Dentro de uma sala de aula, não é difícil encontrar esses
sentimentos nos alunos, assim como em um grupo de professores não é difícil
perceber tais emoções. Goleman, reportando Aristóteles diz: "Qualquer um pode
zangar-se. Isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora
certa, pelo motivo certo e da maneira certa não é fácil". (apud Bomtempo, 1997, p. 9)
Essa reflexão demonstra que os maiores problemas no relacionamento
humano são causados pela falta de controle emocional. Quando o professor não
sabe lidar com seus próprios sentimentos, dificilmente conseguirá lidar com os
sentimentos de seus alunos, principalmente diante de tantas atitudes que os
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aborrecem devido a um comportamento indesejado no momento da aula, como a
indisciplina, o deboche, as conversas paralelas, o desinteresse pelo conteúdo que
está sendo trabalhado.
Sem perder o entendimento de que o professor é um ser dotado de
sentimentos e que o profissionalismo não o torna uma máquina insensível (pelo
contrário, no desempenho de suas funções, ele fica com a sensibilidade mais
apurada), outros funcionários da escola, pertencentes ao corpo técnico e
administrativo, precisam se preocupar também com o seu bem estar, não pensando
somente no aluno. Trabalhar com o professor as suas emoções, oferecendo a ele os
mesmos cuidados que ele terá com os alunos. Que será basicamente:
’’Trabalhar no sentido de criar um ambiente agradável e livre de
tensões na sala de aula. O aluno precisa aprender a ser feliz na
escola, descobrir o prazer de aprender, e de fazer as suas
atividades bem-feitas, aprender que é permitido errar e que o
erro nos faz crescer. Não ter medo de descobrir, assumir e
desenvolver a própria potencialidade.’’ (Bomtempo, 1997, p. 9).
Nesse sentido devemos pensar também em propiciar ao professor um
ambiente agradável e livre de tensões. Criar espaços para a descontração, para a
discussão, para que ele possa extravasar seus sentimentos, falar de seus medos, de
suas incertezas.
Esse espaço só é possível de acontecer numa escola que inclua em
seu calendário brechas para encontros, para "capacitação" ou qualquer outro termo
que se queira usar.
Temos a consciência das dificuldades existentes em relação a esses
espaços, uma vez que a contagem de horas-aula e do mínimo de dias letivos, da
forma como é procedida, não favorece atividades extra-classe, devido à
obrigatoriedade da reposição da carga-horária do aluno, o que é um direito que não
lhe pode ser negado.
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Entretanto, no contexto atual, vimos se processarem mudanças
significativas em todos os campos sociais. Mudanças essas advindas de fatores
diversos, como a globalização, que coloca todos os setores em busca de maior
escolarização e o mesmo ocorre com os profissionais da educação. Nos últimos
anos as novas exigências do mercado de trabalho colocam os profissionais já
acomodados em sua situação funcional a buscar novamente os bancos escolares.
Esse fato significa um ganho maior do que o explícito na nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394/96, na qual são estabelecidos
prazos para que os profissionais da educação que ainda não têm o curso superior
possam concluí-lo. Observando mais atentamente o que essa exigência legal está
ocasionando, percebemos que hoje nas escolas estão presentes pessoas de
diferentes faixas etárias e níveis diversos de bagagem teórica e prática.
Tudo isso contribui para que a escola seja um espaço ainda mais rico,
pois estão interagindo professores recém-formados com outros que já possuem
grande experiência da prática educativa. Essa troca é favorável tanto para um grupo
quanto para o outro.
Entendemos que todo o esforço dispensado ao aluno no sentido de
trabalhar as suas emoções, deve ser estendido ao professor.
‘’Devemos partir do princípio de que em educação, como em
qualquer outro setor profissional, a valorização do ser deve vir
antes de qualquer coisa, pois antes de ser aluno, professor,
servente, vigilante, etc; o indivíduo é uma pessoa, dotada de
raciocínio, de sentimentos, de desejos e expectativas de ver no
outro a confirmação do bem e do carinho natural que deve
existir entre os seres.’’ (Costa, 2000, p. 89)
Assim como o aluno precisa aprender a ser feliz e descobrir o prazer
de aprender, o professor tem as mesmas necessidades. Precisa ser feliz para
contagiar seus alunos com sua felicidade. Precisa encontrar prazer também em
aprender. Afinal, o educador é um eterno aprendiz. E encontrando prazer em
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ensinar, reconhecerá seu erro e o erro de seu aluno como parte do processo ensino-
aprendizagem.
Terá ainda coragem de abrir-se aos desafios de uma educação oposta
à tradicional, acolhendo com otimismo projetos inovadores e até inovando a sua
prática pedagógica, a partir do momento que encarar o medo não como obstáculo,
mas como regulador de suas ações, reconhecendo de forma consciente as suas
limitações sem com isso estagnar-se frente às iniciativas.
Só podemos compartilhar com alguém aquilo que possuímos. "nada
pode pela felicidade de outrem, aquele que não sabe ser feliz ele próprio" (Snyders,
1988, p. 21). Portanto, para não se violentar nem violentar o outro, o professor
necessita que as emoções positivas - alegria, prazer e amor - superem as negativas
- raiva, medo e tristeza. Bomtempo (1997) diz:
’’A pouca atenção dispensada às aptidões do coração vem
sendo apontada como uma das causas do mal-estar social,
hoje caracterizado pela depressão, angústia, estresse,
hipertensão e ansiedade, que atormentam o ser humano,
faminto de afeto e compreensão, buscando um pouco que seja
de carinho e atenção.’’ (p. 6)
Existe hoje, graças às pesquisas científicas realizadas nas últimas
décadas, a compreensão de que o emocional exerce grande influência na produção
do trabalho humano e esse é o grande interesse do momento. Bomtempo (1997),
baseada no trabalho de Goleman (1995), enfoca que o ser humano tem fomes a
serem satisfeitas: "alimentação, afeto, reconhecimento, estruturação do tempo,
estímulo dos sentimentos, sexo, identidade, direito a respirar e segurança". (p. 12-
13).
Quando ela cita essas necessidades do ser humano, obviamente não
se refere a um segmento especifico, mas ao sentido amplo da pessoa humana.
Entendemos que essas necessidades são tanto do aluno quanto do professor e dos
demais funcionários ligados à educação, e enfim, de todos os seres humanos,
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independente da área profissional. Puebla (1997), falando sobre a importância dos
sentimentos, considera que:
’’(...) a grande crise que vivemos é uma grande oportunidade
para reencontrar a pureza da vida com a autenticidade e a
sinceridade daquelas almas que não se confundiram com o
egoísmo e a competitividade de nossa época. Ela ainda diz que
estas esperam o reencontro do homem com o seu Ser Interior.’’
(Puebla, 1997, p. 21)
Esse reencontro se dá no momento em que compreendemos os
nossos próprios conflitos e assim o sentimento de egoísmo cede lugar à
solidariedade. Puebla enaltece a sala de aula como espaço para a transmissão de
valores e salienta a importância dos professores praticarem esses valores em todos
os momentos. Ela interpreta a complexidade da vida na época atual, pelo
comprometimento com os conhecimentos intelectuais que nos levou a explorar
quilômetros de um espaço até a pouco inexplorado em detrimento da habilidade e
do espaço para explorar o próprio espaço interno. Segundo Puebla, essa exploração
ficou diluída.
’’Vivemos um momento histórico crucial, em que ainda
podemos colaborar para as criatividades a participação
responsável e a cooperação na construção de uma
comunidade harmoniosa, baseada em Amor, energia de
crescimento e de transformação, respeito, verdade, retidão e
justiça.’’ (Puebla, 1997, p. 20)
Quando defendemos a necessidade de ser trabalhado com e para os
professores a questão da afetividade, é por entender o quanto o ser humano precisa
estar bem para poder lidar com os problemas das pessoas que fazem parte do seu
ambiente. Partindo desse pressuposto, um professor emocionalmente equilibrado
consegue intervir de forma adequada nas relações conflituosas de sua sala de aula,
ou seja, sua participação na vida de seus alunos tenderá a basear-se no respeito e
na justiça.
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O ambiente influência muito nos diversos fatores do desenvolvimento
humano, e o grau de satisfação do indivíduo na escola determina também o quanto
a aprendizagem será alcançada.
Um dos autores que enfoca a necessidade de proporcionar um
ambiente alegre é Snyders, cujos trabalhos têm contribuído para desmistificar o
ambiente escolar como local onde o riso é proibido.
’’O conceito de alegria desenvolvido por Snyders é a alegria de
compreender, de sentir, descobrir a realidade, de poder decifrá-
la e sobre ela atuar, de romper com as inseguranças e
incertezas, buscar a plenitude (...) a alegria que Snyders tem
em mente é a busca da originalidade, da criatividade, da auto-
superação e crescimento constante das potencialidades dos
indivíduos, da supressão (ou pelo menos sua diminuição) das
inseguranças, do medo e incertezas. É a alegria de saber, de
conhecer e poder escolher criticamente as diversas
possibilidades oferecidas pela realidade.’’ (Carvalho, 1996,
p.15)
É preciso mencionar que a alegria proposta por Snyders não significa
abolir o aluno do enfrentamento das dificuldades e dos desafios que são necessários
para o seu crescimento individual. Ele não estará isento a cumprir suas atividades e
a participar do conjunto de normas da escola que freqüenta. Se assim ocorresse,
não estaria a escola contribuindo com a aprendizagem necessária ao indivíduo para
a convivência em sociedade.
Wallon (1992), em sua teoria da emoção, considera afetividade e
inteligência fatores sincreticamente misturados, e defende que a educação da
emoção deve ser incluída entre os propósitos da ação pedagógica.
Esse estudioso analisou que no inicio da vida, a afetividade se
sobressai e que no decorrer do desenvolvimento humano, a história da construção
da pessoa será constituída por uma sucessão pendular de momentos
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dominantemente afetivos ou dominantemente cognitivos. Ele coloca grande
importância na afetividade, e alerta para o fato de que para evoluir, ela depende de
conquistas realizadas no plano da inteligência e vice-versa. E reafirma sua teoria, ao
dizer que:
’’Ela incorpora de fato as construções da inteligência, e, por
conseguinte tende-se racionalizar. As formas adultas de
afetividade, por esta razão, podem diferir enormemente das
suas formas infantis.’’(Wallon, 1992, apud Dantas, 1992, p. 90)
Como se percebe, a afetividade no início do desenvolvimento humano
é pura emoção. O seu amadurecimento ocorre de acordo com os acontecimentos
advindos do meio, e nisso estão envolvidas as pessoas que se tornam parceiros das
experiências do indivíduo.
Dantas (1990), baseada nos estudos de Wallon, fala em três grandes
momentos de organização afetiva: afetividade emocional ou tônica, afetividade
simbólica e afetividade categorial. Se no início as emoções são incontidas e a
nutrição afetiva depende inteiramente da presença concreta dos parceiros, assim
que se constrói a função simbólica da inteligência ela se amplia pela forma cognitiva
de vinculação afetiva. Essas reflexões é que conduzem o pensamento de Dantas
quando diz: "Pensar nessa direção leva a admitir que o ajuste fino da demanda às
competências, em educação, pode ser pensado como uma forma muito requintada
de comunicação afetiva" (Wallon, 1992, apud Dantas, 1992, p. 90).
Outro autor que enfoca o sentido das emoções no contexto de vida e
analisa a forma como a sociedade lida com os conceitos referentes a esta questão é
Maturama. "Vivemos uma cultura que desvaloriza as emoções em função de uma
supervalorização, num desejo de dizer que nós, os humanos, nos distinguimos dos
outros animais por sermos seres racionais" (Maturama, p. 92).
Sabemos que lidar com as emoções requer aprendizagem. O ser
humano vive em constante dilema, pois para conviver de forma harmônica na
sociedade, não pode dar vazão a todos os seus sentimentos. Muitos estudos
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revelam o dualismo existente entre afetividade e razão. La Taille (1992) menciona
que os dois termos são entendidos como complementares.
Ela diz que a afetividade seria a energia que move a ação. A Razão
seria o que possibilitaria o sujeito identificar desejos, sentimentos variados, e obter
êxito nas ações. Se assim interpretados deixa de existir o conflito entre as duas
partes (La Taille, 1992, p. 66). La Taille, baseado em Piaget afirma que:
’’O sistema democrático pede a cooperação. Basta verificar
quais são suas exigências: levar em conta o ponto de vista
alheio, respeitá-lo, fazer acordos, negociações, contratos com o
outro, admitir e respeitar as diferenças individuais, conviver
com a pluralidade de opiniões, de crenças, de credos etc. Além
do mais, pelas características do mundo moderno, somos cada
vez mais levados a ter de encontrar e nos relacionar com
pessoas de culturas diversas, de formação diversa, de religiões
diversas.’’ (La Taille, 1992, p. 69)
Essa autora nos remete ao pensamento de que na sala de aula,
estamos trabalhando para contribuir com a formação de cidadãos democráticos. E
esses cidadãos só se concretizarão nos benefícios democráticos se tiverem
liberdade para pensar e para agir. Essa liberdade deve conduzir a ações
conscientes.
E essa consciência não existe se as ações forem impostas. Portanto, o
papel fundamental do educador seria, nesse sentido, ensinar a pensar. Ensinar o
outro a aprender. E a proposta do pensamento que temos é exatamente perceber de
que forma a afetividade torna o respeito mútuo, possível de ser conseguido na
prática.
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1.1 A pedagogia do afeto
Pedagogia do afeto, termo criado para designar relações interpessoais
de afetividade em sala de aula. Trata-se de introduzir no processo de ensino-
aprendizagem algumas fundamentações teóricas, técnicas e vivências que
possibilitam a troca energética e o toque afetivo, de tal modo que as pessoas possam
intercambiar a amizade, a ternura, a cooperação, o respeito mútuo, e tantos outros
sentimentos positivos, fazendo do ambiente escolar um espaço de bem-estar e
realização pessoal.
Fundamentado na Psicologia Transpessoal é possível aplicar uma
determinada didática em sala de aula para permear de afetividade as relações
docentes e discentes, melhorando a qualidade dos relacionamentos e a
produtividade em sala de aula. (França, 2002).
A expressão popular “melhor prevenir do que remediar”, também se faz
útil na Psicopedagogia Preventiva. Esta, procurando melhorar os processos didático-
metodológicos e as relações interpessoais no ambiente escolar, tenta favorecer uma
aprendizagem que evite causar dificuldades que encaminhem o aluno para a
Psicopedagogia Clínica.
Neste novo milênio, concomitantemente à formação intelectual do
educando, irá se fazendo necessária uma formação emocional. Caso contrário, corre-
se o risco de enfatizar demais o cognitivo, formando estudantes altamente
intelectualizados e “baixamente” equilibrados.
Competência profissional e equilíbrio emocional deverão compor
objetivos curriculares que lancem no mercado de trabalho seres humanos desejosos
de melhor qualidade de vida, de tal modo que trabalhar não seja apenas para
sobreviver ou consumir.
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Sala de aula, este espaço físico no qual convivem seres humanos
desempenhando os papéis de professores e alunos, tem sido a realização pessoal
para alguns e o inferno em vida para outros.
Dependendo do tipo das relações interpessoais que são mantidas em
sala de aula, decorrerá a qualidade de todo o processo de ensinar e aprender, pois
não há como separar o pedagógico do humano.
1.2 O encontro da emoção com o conhecimento
A emoção é a irracionalidade, é a tragédia humana. A razão é a sua
negação, é a nossa redenção. Pense, não se deixe levar pela emoção, diz a
senhora prudência. A mitologia grega apresenta a sabedoria na fria e armada deusa
Palas Atenas, na sua luta permanente contra a ciumenta Hera e no seu arrogante
desprezo frente à frágil Afrodite, a deusa do amor. Nada é mais equivocado. Todo
conhecimento humano se inicia na emoção. Só conhecemos o que amamos ou
odiamos. E só amamos e odiamos o que conhecemos. O cantor baiano Bell
Marques fala com candente franqueza da origem emocional do conhecimento:
‘’Nunca fui um bom aluno. Não gostava de estudar e assistia às
aula por imposição. Se eu precisasse da média cinco para
passar de ano, cinco e meio já me deixava satisfeito. Eu me
sentava no fundo da sala. Era daquele tipo que fica mexendo
com os outros, o perturbador da classe. Além de não gostar de
estudar, eu também não gostava dos professores. Alguns
alunos, quando a aula terminava, iam lá para a frente conversar
com o professor. Eu não. Ia embora correndo. No dia seguinte,
entrava na sala resmungando: "Pô, que saco! É aula do fulano,
então eu vou abusar, vou perturbar". Mas um professor passou
pela minha vida de maneira diferente: Alceu, meu professor de
física. Da classe dele eu não corria. Ninguém conseguia dar
uma aula mais alegre, mais forte e mais clara do que a dele.
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Ele tinha uma forma prática de ensinar. Sem rodeios. Não tinha
mistério nas coisas que dizia. Ele não era de fazer brincadeiras.
Outros professores, como o de química, contavam piadas,
faziam graça. Mas o Alceu não era assim. Não sei qual era o
segredo. Era uma coisa muito dele, uma simpatia. Era a forma
como ele falava, como andava na sala de aula. O respeito e a
admiração pelo professor eram unânimes na minha sala de
aula. Eu entendia facilmente o que ele ensinava. Cheguei até a
ser um bom aluno de física. Mas nas outras disciplinas ... Em
Matemática, por exemplo, não conseguia entender uma palavra
do que o professor dizia. Depois que saí da escola, já me
encontrei com o professor Alceu. Mas ele não sabe dessa
minha admiração. Ele nem deve se lembrar que eu fui aluno
dele (...) Graças ao contato que tive com ele, já no final da
minha vida escolar, eu saberei orientar os meus dois filhos. Se
todos os professores fossem iguais a ele, eu não teria passado
em branco pela escola. Certamente eu teria sido, sem
vergonha nenhuma, um bom aluno.’’ (Rev. Nova
Escola/ago/96)
Bell fala do seu amor pelo educador Alceu. Explica como deste
encontro nasceu o seu amor pela Física. Freud, em visita à escola que estudou,
afirma que o encontro da emoção com o conhecimento é simultâneo ao encontro do
educador com o aluno:
‘’Não sei o que mais nos prendia atenção (em meu tempo de
colégio), o que mais nos importava, a ocupação com as
ciências que nos ensinavam, ou com as personalidades de
nossos mestres. A estes, de qualquer modo, em todos nós se
dirigia uma corrente subterrânea ininterrupta, para muitos entre
nós, o caminho que conduzia às ciências ia através das
pessoas dos mestres; alguns ficavam atolados nesse caminho,
e houve outros a quem o caminho, destarte, foi definitivamente
obstruído. Tentávamos conquistar-lhes a simpatia, ou nos
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afastávamos deles; imaginávamos neles simpatias ou
antipatias provavelmente inexistentes; estudávamos seus
caracteres e formávamos - ou deformávamos - os nossos à sua
imagem e semelhança. Provocavam-nos as mais fortes revoltas
e impunham-nos submissão completa; espiavamo-lhes as
pequenas fraquezas e sentíamos orgulho por suas grandes
virtudes, sua sabedoria e sua justiça. No fundo, queríamos
muito a eles, se para isso nos davam qualquer motivo; não sei
se todos os nossos mestres o perceberam. Mas tínhamos para
com eles, incontestavelmente, uma atitude toda especial, uma
atitude que não deixava de ter seus inconvenientes para os
atingidos. De antemão, nos inclinávamos igualmente a querer-
lhes bem como a detesta-los - a critica-los como a venera-los.’’
(Freud - Programa comemorativo do Jubileu do ginásio K. K.
Erzherzog-Rainer-Realgimnasium /Viena,Austria)
É Walon quem aponta diretamente esta origem do conhecimento
quando estabelece que os nossos primeiros pensamentos são sobre nossas
emoções. Este primeiro elemento da nossa racionalidade compõe a primeira
linguagem humana: a linguagem afetiva. O afeto se difere da emoção enquanto seu
reflexo racional, é a primeira e fundamental criação racional, o pensar a emoção. É
da formação da linguagem afetiva que nos falam o cantor e o psicanalista. Afeto é a
elaboração da emoção pelo pensamento; é a emoção pensada.
A jornada humana da criação e desenvolvimento do pensamento se
inicia na emoção e o seu primeiro passo é o afeto. Pensamento é linguagem e
linguagem é pensamento. A linguagem afetiva é o primeiro e fundamental passo
para a formação da nossa inteligência. A ação educativa só se inicia com ela.
A aprendizagem de um conceito não ocorre através da transmissão
educador/aluno; ela é sempre produto da criação - o aluno só aprende um conceito
se o cria e o educador só o ensina se conseguir desencadear, com os alunos, o
movimento de sua criação. Este encontro do educador com o aluno para a criação
conceitual só acontecerá na formação da linguagem afetiva comum, quando
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educador e educando encararem a aula não como uma imposição institucional,
como uma obrigação determinada pelas necessidades do estômago. Quando a aula
for uma imposição do gosto, do amor, uma obrigação determinada pelas
necessidades do afeto, aí teremos o ponto de encontro em que se inicia toda a
aprendizagem. É isto que nos ensina Rubem Alves:
‘’Educadores, onde estarão? Em que covas terão se
escondido? Professores há aos milhares. Mas professor é
profissão, não é algo que se define por dentro, por amor.
Educador, ao contrário, não é profissão: é vocação. E toda
vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.
Profissões e vocações são como plantas. Vicejam e florescem
em ninhos ecológicos, naquele conjunto precário de situações
que as tornam possíveis e – quem sabe? – necessárias.
Destruído esse habitat, a vida vai se encolhendo, murchando,
fica triste, mirra, entra para o fundo da terra, até sumir.’’
(Rubem Alves, 1982)
Os debates em torno da educação têm enfocado os alunos e as
alunas, na tentativa de contribuir para que a escola trabalhe no sentido de conseguir
oferecer o alcance da liberdade e desenvolvimento na sua formação de cidadão.
Isso requer uma postura tal que no ato da ação educativa exista a
soma da sensibilidade com a eficiência pedagógica. Nesse contexto o compromisso
ético-político do educador é que definirá a excelência pedagógica. Entende-se,
portanto, que a busca pela qualidade do ensino é alcançada com o casamento do
aspecto cognitivo com a aprendizagem emocional.
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CAPÍTULO II
PEDAGOGIA DA PRESENÇA
Compreender a importância da presença no processo ensino-
aprendizagem nos remete a buscar o significado de socialização e de presença. O
primeiro conceito, na abordagem que recebe na área educativa, não pode ser
considerado pelo grau de aceitação do indivíduo às normas da sociedade.
Nos referindo em especial aos educadores e aos educandos, convém
que estes sintam-se inconformados com a situação atual a ponto de querer mudar a
realidade. E o conformismo só levaria à indignação calada e conseqüente
estagnação para ambos. Segundo Costa (1995):
‘’A verdadeira socialização não é uma aceitação dócil, um
compromisso sem exigências, ou uma assimilação sem
grandeza. Ela é uma possibilidade humana que se desenvolve
na direção da pessoa equilibrada e do cidadão pleno.’’ (p. 7)
São muitas as passagens na história de nossa educação que mostram
o quanto a inconformidade mobilizou um número grande de professores e
estudantes que reivindicaram melhorias, tanto de cunho salarial quanto por uma
educação de qualidade. Como exemplo podemos citar o "Manifesto dos Pioneiros",
que contou com a assinatura de vinte e cinco educadores e escritores. O manifesto
foi bastante significativo, pois expressou a importância que se dava a educação, e a
necessidade urgente de sua reorganização.
Também podemos exemplificar a socialização em um momento onde
toda a nação se manifestou pelo inconformismo com uma dada situação política no
país, em 1992, ocasião em que milhares de pessoas criativamente saíram às ruas
em passeata. Os "caras pintadas" deram uma demonstração de cidadania, e o
movimento de cunho político e social nem um pouco significou rebeldia.
25
Sobre a palavra socialização pesa, hoje, um grave equívoco.
Geralmente entende-se por este termo uma perfeita identidade entre os hábitos de
uma pessoa e as leis e normas que presidem ao funcionamento da sociedade. Uma
adesão prática à sua dinâmica, uma submissão ao seu ritmo, uma incorporação
plena de seus valores. (Costa, 1995, p. 26)
Todavia, o que devemos desejar, não são professores omissos e
calados. Mas questionadores, instigadores de situações concretas. O mesmo
devemos querer para o corpo discente.
A pedagogia que devemos desejar não condiz com seres pacatos, mas
exige pessoas dinâmicas e dispostas a se fazerem presentes.
Diante disso, o segundo conceito a ser discutido é a presença, ponto-
chave e objetivo central da pedagogia pretendida. A presença adquiriu no contexto
escolar um significado tão importante e com tal poder de decisão que muitos
estudantes já amargaram uma reprovação por não terem satisfeito a exigência legal
quanto ao número de vezes que deveria fazer-se presente nas aulas. Percebe-se
que nesse caso é atribuído maior valor a quantidade da presença do que à
qualidade da mesma.
Entretanto, não é nesse tipo de presença que recai a nossa
preocupação. A presença que queremos discutir tem um significado muito mais
amplo e não pode ser medido por nenhum instrumento criado pelos técnicos e
administradores da educação. Ela não faz parte do acervo burocrático do sistema
escolar. Para entendermos acerca dessa presença, pensemos num grande público
em uma seção de cinema. Ali estão centenas de pessoas. Mas é possível que
muitas dessas pessoas nunca tenham se visto e existe a possibilidade de nunca
tornarem a se encontrar.
Todas estiveram presentes no mesmo local e no mesmo instante. Mas
não se estabeleceu ali a verdadeira presença. O fato de estarem juntas não significa
26
que tenha se estabelecido um vínculo entre elas. Muitos poderão dizer que foram
sozinhas e retornaram sozinhas.
Nesse sentido, a colocação de Costa (1995), reflete bem o significado
desse tipo de contato humano. Diz ele: "O pão, mesmo abundante, é amargo para
quem o come na solidão ou no anonimato coletivo de um atendimento massivo e
embrutecedor". (p. 23)
A palavra presença, portanto, no domínio da pedagogia que
pretendemos, apresenta um conteúdo de relação muito amplo e que deve conter em
seu bojo sentimentos de afeto, ternura, compreensão, doação e aceitação.
Do ponto de vista da pedagogia da presença o tipo de relação
educador-educando é alicerçada na reciprocidade. No contexto escolar é natural que
no dia-a-dia a relação vá ganhando certo grau de mecanização. A convivência diária
leva ao desgaste atitudes simples, consideradas sem importância e que na verdade
exercem grande influência. São os "pequenos-nada" que fazem a diferença: o
cumprimento entre os colegas, os elogios entre a equipe de professores e
professoras, os pequenos favores, a troca de gentilezas. Esses vão se tornando
atitudes mecânicas e passam até a serem consideradas desnecessárias com o
passar do tempo. Tudo isso ocorre dentro e fora da sala de aula.
Se o clima cordial do início do ano letivo permanecesse ao longo de
seu trajeto, chegaríamos ao final deste com ganhos consideráveis. Mas temos de
encarar a realidade e admitir que ele se desfaz naturalmente e os vícios da rotina
vão ganhando espaço.
A sensibilidade de perceber as diferenças vai sendo abafada pela
familiaridade do cotidiano e com isso surge a padronização, tornando os hábitos
automatizados. Nossos olhos acostumam-se a uma bela paisagem, nossos ouvidos
às belas melodias e embora saibamos de seu encanto, os detalhes já não são
percebidos.
27
Quando alguém vive à beira-mar acaba por não se aperceber do
murmúrio das ondas à sua volta. O hábito é uma espécie de sonho, acompanhado
de obscuro desejo de nada mais ver, de nada mais ouvir, diminuindo as tensões da
vida. Diariamente chamado a responder as tensões da vida. Diariamente chamado a
responder a múltiplas necessidades de grande número de jovens, o educador já não
interpreta corretamente comportamentos que variam com o estado de espírito e as
horas do dia. (Voirin, 2000, p. 7)
Voirin (2000), percebeu o quanto se perde do teor das relações quando
a familiaridade se apodera do contexto escolar. Todavia, apesar de ser inevitável,
podemos cuidar para preservar algumas atitudes simples, mas de grande serventia.
Podemos falar dirigindo o olhar para aquelas pessoas que sabemos encontrarem-se
mais arredias ou com maior dificuldade de interação no grupo, podemos aprender o
nome das pessoas, o que pode significar que ela tem um significado especial para
nós, que ela é única e não simplesmente "mais uma" no grupo.
Miranda e Miranda (1983) citam que estudos terapêuticos realizados
por Rogers e Carkhuff identificaram seis dimensões básicas de atitudes construtivas
que são válidas para o processo de ajuda como um todo. Essas atitudes estão
relacionadas às habilidades interpessoais de pessoas capazes de influenciar as
outras:
1. Empatia: Capacidade de se colocar no lugar do outro, de modo a sentir o que se
sentiria caso se estivesse no seu lugar;
2. Aceitação incondicional ou respeito: capacidade de acolher o outro
integralmente, sem que lhe sejam colocadas quaisquer condição e sem julgá-lo pelo
que ele é, sente, pensa, fala ou faz;
3. Congruência: Capacidade de ser real, de se mostrar ao outro de maneira
autêntica e genuína, expressando através de suas palavras ou atos seus
verdadeiros sentimentos;
4. Confrontação: Capacidade de perceber e comunicar ao outro certas
discrepâncias ou incoerências em seu comportamento - distância entre o que ele
fala e o que ele faz, entre o que ele fala e o que ele é na realidade, entre o que ele
fala e o que mostra;
28
5. Imediaticidade: Capacidade de trabalhar a própria relação terapeuta-cliente,
abordando os sentimentos imediatos que um experimenta pelo outro durante o
processo.
6. Concreticidade: Capacidade de decodificar a experiência do outro em elementos
específicos, objetivos e concretos para que ele possa compreender sua experiência,
às vezes confusa.
Durante a nossa existência, influenciamos e somos influenciados por
outras pessoas, em menor ou maior grau. Mas poucas pessoas são capazes de
fazer-se presentes na existência de alguém. Quando a presença se faz, a
reciprocidade aflora e mesmo sem se dar conta, a existência da pessoa que se fez
presente jamais será esquecida.
Pessoas consideradas resilientes, ao contrário do que muitos pensam,
não alcançaram seus objetivos sozinhas. Por trás de seu desempenho positivo,
sempre existe uma pessoa que tenha exercido forte influência, muitas vezes sem ter
se dado conta disso. Os efeitos da influência não são percebidos de imediato.
Muitas pessoas influenciadas positivamente passam a vida sem notar o
quanto a presença da outra foi significativa para o seu desenvolvimento. Por isso
muitos educadores nem fazem idéia do quanto já contribuíram para o sucesso de
alguns educandos que se não tivessem a oportunidade dessa convivência poderiam
ter um futuro bem diferente.
29
CAPÍTULO III
AFETIVIDADE: A IMPORTÂNCIA PARA PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
A questão da afetividade entre professor(a) e aluno(a)(s) remete à
questão dos modos de ensinar e aprender.
Codo e Gazzotti, definem que a palavra afeto vem do latim affectur
(afetar, tocar) e constitui o elemento básico da afetividade, que é um "conjunto de
fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e
paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou
insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza".
Se o aluno não se envolve de uma forma afetiva com o professor, ele
poderá até fixar algum conteúdo, mas, uma aprendizagem significativa, com certeza
não ocorrerá, o que deixará o processo ensino-aprendizagem com grandes lacunas.
Wallon (1968), traz a dimensão afetiva como ponto fundamental em
sua teoria psicogenética. Galvão (1999) chama a atenção para esta questão na obra
de Wallon:
"As emoções, assim como os sentimentos e os desejos, são
manifestações da vida afetiva. Na linguagem comum costuma-
se substituir emoção por afetividade, tratando os termos como
sinônimos. Todavia, não o são. A afetividade, é um conceito
mais abrangente no qual se inserem várias manifestações." (
p.61)
Na teoria Walloniana, a emoção ocupa um lugar de destaque. Ele
analisa a questão tanto quando descreve os estágios do desenvolvimento infantil
quanto ao elaborar sua teoria sobre as emoções humanas especificamente.
30
Ainda sobre esse tema, Abramovich (1997), traz relatos de experiência
de alguns professores, os quais deixaram claro a relação professor-aluno,
envolvendo a afetividade de forma positiva.
A partir das experiências significativas evidenciadas nesse livro, pude
perceber que os professores que interagiram com os alunos de uma forma mais
próxima e afetiva, foram os que mais contribuíram para a construção do
conhecimento deles e também com o futuro profissional da maioria, isto me fornece,
portanto, um indício, de que a relação afetiva tem importância relevante para a
construção do conhecimento e o gosto por aprender.
Interessante neste momento, discutir também, a questão da construção
de conhecimentos entre os sujeitos envolvidos no processo educativo; de que forma
se estabelecem estas relações; de que forma os sujeitos vão se constituindo. Para
Vygotsky (1984) e Wallon (1968), a aprendizagem envolve sempre a construção do
eu e do outro, entrelaçada à construção do conhecimento.
Compreende-se aqui que a aprendizagem se dá na interação entre os
sujeitos, na produção de cultura e "(...) em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos
processos sócio – históricos, a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos
indivíduos envolvidos no processo. O termo que ele utiliza em russo (obuchenie)
significa algo como "processo de ensino – aprendizagem", incluindo sempre aquele
que aprende, aquele que ensina e a relação entre essas pessoas". (Oliveira, 1993,
p.57).
Marta Kohl esclarece que para Vygotsky o aprendizado é o objetivo do
processo escolar e a intervenção é um processo pedagógico privilegiado. Essa
intervenção se dá de várias formas: mostrar, fazer junto, fazer por, apontar, criticar,
apoiar, etc. Nesse processo, a interação entre professor e os alunos, é fundamental
para o desenvolvimento dos indivíduos envolvidos.
A questão da aprendizagem e do papel do professor no processo de
construção do conhecimento está inserida na sua concepção sobre o
desenvolvimento humano. Um conceito que se destaca com relação ao papel do
31
outro (no caso, o professor) na explicação vygotskiana é o de "mediação", segundo
o qual, nossa relação com o mundo nunca é direta.
Tendo em vista o papel fundamental do outro e a importância da
relação de afetividade que se estabelece no processo ensino-aprendizagem, o
objeto desta pesquisa é estudar a questão da afetividade no contexto escolar,
levando-se em conta a relação entre professor(a) e alunos(as) e sua influência no
sucesso ou fracasso escolar, no interesse ou desinteresse pelo conhecimento.
A investigação da questão da afetividade na educação infantil é campo
pouco explorado pela pesquisa educacional, portanto ela enfatiza que a questão das
emoções e da expressividade se impõe de forma evidente.
O funcionamento psicológico para Vygotsky (1984), fundamenta-se nas
relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quais desenvolvem-se num
processo histórico.
O sócio–histórico, para este autor não é sinônimo de coletivo, no
sentido de impor sobre o indivíduo, e, sim, como processo em que todo o mundo
cultural apresenta-se ao sujeito como "o outro". O "outro" com quem ele se relaciona
é referência externa que permite ao homem constituir-se como ser humano. Este
processo de internalização do material cultural define os limites e possibilidades da
construção pessoal. Este processo permite a constituição do ser autenticamente
humano: na ausência do outro, o homem não se constrói.
32
"Segundo Vygotsky, o ser humano constitui-se como tal na sua
relação com o outro social. O ser humano é membro de uma
espécie biológica que só se desenvolve no interior de um grupo
cultural sua noção de cérebro pressupõe um sistema aberto, de
grande plasticidade. Sua estrutura e seu modo de
funcionamento são construídos ao longo da história da espécie
e do desenvolvimento individual e, nesse processo, a linguagem
ocupa um espaço importante em que a cultura fornece ao
indivíduo os sistemas simbólicos de representação da
realidade." (Ribeiro, 1996, p.37)
Para Vygotsky (1984), a relação que o homem estabelece consigo
mesmo, com a natureza e com outros homens, é uma relação mediada por
instrumentos, signos e símbolos. O instrumento é um artifício usado pelo homem de
forma externa. Por exemplo: um instrumento de trabalho, que transforma a natureza
como o machado que corta mais e melhor que a mão humana. O instrumento é feito
para um certo objetivo. Ele carrega consigo, portanto, a função para a qual foi
cuidado e o modo de utilização desenvolvido durante a história do trabalho coletivo.
É, pois, um objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o mundo. O
instrumento é orientado externamente modificando os objetos e o meio.
Os signos têm função mediadora, assim como os instrumentos. Porém,
eles são orientados internamente, sem que haja modificação do meio, são criados
como meios auxiliares para solucionar um dado problema psicológico (lembrar,
comparar coisas, relatar, escolher, etc.). Eles são representações de outros objetos
ou eventos, agem como instrumentos da atividade psicológica.
A fala tem um papel essencialmente na organização das funções
psicológicas superiores, pois a linguagem é uma função reguladora do
comportamento.
Na teoria de Vygotsky(1984), há uma ligação fundamental entre a
inteligência prática e a fala, ao longo do desenvolvimento humano. Sua teoria mostra
que a origem da fala está diretamente ligada à interação social. A partir dessa
33
interação a linguagem externa social se desenvolve, e num determinado momento
divide-se em fala egocêntrica e fala comunicativa. Ambas são sociais, mas a
egocêntrica emerge quando a criança transfere formas sociais e cooperativas de
comportamento para a esfera das funções psíquicas interiores e pessoais.
A linguagem egocêntrica da criança aparece, principalmente, diante de
situações conflituosas e difíceis, ela não se preocupa e não se dirige a nenhum
interlocutor, é uma fala expressiva que descreve a atividade, "libera a tensão" que
busca planejar uma solução para o problema.
O surgimento da linguagem interior é, para Vygotsky (1984), de
fundamental importância, pois para ele a fala não é apenas um instrumento de
comunicação entre os homens, mas é também "meio de regulação da conduta". A
interiorização da fala torna a criança capaz de se auto-regular, de forma que suas
ações passam a ser voluntárias e conscientes.
Há uma fase no desenvolvimento da criança em que a fala acompanha
a ação e já em uma fase posterior, a fala não só acompanha a ação como também a
antecipa. Por exemplo, quando uma criança pequena faz um desenho, ela somente
lhe dá nome depois de terminada sua atividade. Uma criança mais velha define
primeiramente o que vai desenhar.
A fala tem, portanto, uma importante função organizadora do ato
voluntário; essa função origina-se da capacidade da criança de se submeter a
linguagem do adulto. Num primeiro momento, a criança se subordina a uma ordem
do adulto e orientando sua atenção, realiza atos práticos. Entretanto, ela só será
capaz de cumprir a instrução verbal do adulto de, por exemplo, buscar o peixinho, se
o objeto denominado pela palavra estiver no centro de suas atenções, ou seja, se
ele for "privilegiado". Outro fator que ele interfere, bloqueando essa capacidade de
cumprir uma instrução, é a inércia da ação, que é própria da criança.
No momento seguinte do desenvolvimento, quando a criança já domina
a linguagem, é que ela começa a dar ordens a si mesma, inicialmente através da
fala egocêntrica e depois utilizando-se da fala interior.
34
A teoria de Vygotsky possui a lei da dupla formação, que consiste em
dizer que toda função psicológica humana apareceu duas vezes, uma vez em nível
social (entre indivíduos), ou seja, interpsicológico, e outra vez em nível individual
(interno ao indivíduo), ou seja, intrapsicológico. Nesse processo de passagem da
função psicológica de interpessoal para intrapessoal se dá o processo de
internalização.
Na interação entre aprendizado e desenvolvimento encontramos a
Zona de Desenvolvimento Proximal que é a distância entre o nível de
desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente
de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
companheiros mais capazes.
"A Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções
que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de
maturação, funções que amadurecerão, mas que estão
presentemente em estado embrionário. Essas funções
poderiam ser chamadas do 'brotos' ou 'flores' do
desenvolvimento". (Vygotsky, apud Oliveira, 1993, p.60)
O Nível de Desenvolvimento Real é o nível de desenvolvimento das
funções mentais da criança que se estabeleceram como resultado de certos ciclos
de desenvolvimento já completados.
É na Zona de Desenvolvimento Proximal que a interferência de outros
indivíduos é a mais transformadora. Se o aprendizado impulsiona o
desenvolvimento, então a escola tem um papel essencial na construção do ser
psicológico adulto.
Wallon (1968), propõe o estudo contextualizado das condutas infantis,
para compreender o sistema de relações estabelecidas entre a criança e seu
ambiente. Este autor enfrenta a complexidade do real, procurando compreendê-la e
explicá-la por uma perspectiva dinâmica, multifacetada e extremamente original.
35
A criança a cada idade estabelece-se um tipo particular de interações
entre o sujeito e seu ambiente. Os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas,
a linguagem e os conhecimentos próprios a cada cultura formam o contexto do
desenvolvimento. Conforme a idade a criança interage mais fortemente com um ou
outro aspecto de seu contexto, retirando dele os recursos para o seu
desenvolvimento.
Tanto Vygotsky quanto Wallon, afirmam que não se pode separar a
afetividade e cognição. Para Wallon, ambas não se mantém como junções exteriores
uma à outra, (...) "estão envolvidas em um processo de integração e diferenciação".
(Galvão, 1999, p. 45)
Vygotsky enfoca que o pensamento tem sua origem na esfera da
motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e
emoção. (...)"a compreensão do pensamento humano só é possível quando se
compreende sua base afetivo-volitiva". (Kohl, 1992, p.76)
"A separação do intelecto e do afeto, diz Vygotsky, "enquanto
objetos de estudo, é uma das principais deficiências da
psicologia tradicional, uma vez que esta apresenta o processo
de pensamento como fluxo autônomo de "pensamentos que
pensam a si próprios", dissociado da plenitude da vida, das
necessidades e dos interesses pessoais, das inclinações e dos
impulsos daquele que pensa". (Kohl, 1992, p.76)
Também em relação a manifestação da consciência, esses autores se
aproximam. Vygotsky é quem concebe a consciência como emergindo na
participação em práticas sócio-culturais.
Para Wallon, os estados afetivos, sob forma de emoções encontra-se
na origem da consciência, operando a passagem do mundo orgânico para o social,
do plano fisiológico para o psíquico.
36
As emoções, segundo Wallon, possuem características específicas que
as diferenciam de outras manifestações orgânicas, como aceleração dos batimentos
cardíacos, secura na boca, mudança no ritmo da respiração, etc. Além disso, as
emoções também provocam alterações na mímica facial, na postura, e na forma
como são executados os gestos.
Quanto a natureza das emoções Galvão (1999), destaca seu grande
poder de contágio e seu antagonismo à atividade intelectual, responsável por seu
poder regressivo, isto é, de obscurecer a percepção do exterior e do raciocínio.
"Na vida cotidiana é possível constatar que a elevação da
temperatura emocional tende a baixar o desempenho
intelectual e impedir a reflexão objetiva. (...) é como se emoção
embaçasse a percepção do real, impregnando-lhe de
subjetividade e portanto dificultando reações intelectuais
coerentes e bem adaptadas." (Galvão, 1999, p.66-67)
Ao mesmo tempo, Galvão nos fala da importância da emoção para as
funções intelectuais, que na psicogênese acabam por adquirir importância
progressiva como modo de interação com o meio. Para Wallon, o primeiro contato
da criança com o mundo e as pessoas é emocional. É a emoção que permite as
primeiras construções da criança. "A atividade intelectual, que tem a linguagem
como um instrumento indispensável, depende do coletivo. Permitindo acesso à
linguagem, podemos dizer que a emoção está na origem da atividade intelectual
(...)" (1999, p.66).
Torna-se, nesse sentido, de extrema necessidade para o educador
pensar nesta importância do fator emocional para a aprendizagem e para a
formação de seus alunos.
"Ao educador que lida com aqueles que se encontram nesta
fase por excelência, seriam de grande utilidade recursos
teóricos que sensibilizassem para os traços expressivos da
conduta das crianças – olhar, mímica fisionômica, entonação
37
da fala, qualidade dos gestos, variações posturais – por meio
dos quais se podem obter indícios sobre diversos aspectos da
atividade cognitiva e dos estados afetivos. Além de uma
ampliação de recursos para a leitura dos traços expressivos,
desse processo de leitura dos corpos e rostos esperam-se
contribuições para o trato com as dinâmicas interativas
desencadeadas pelas emoções. (...) Dantas propõe que uma
atmosfera saudável para a aprendizagem suporia ainda uma
elevação da temperatura afetiva, isto é, um sólido vínculo
afetivo entre professor e aluno." (Galvão,1998, p.57-58)
Desta forma as técnicas e vivências praticadas em sala de aula
transcendem este espaço físico limitado por quatro paredes. O espaço psicológico
do aluno é muito mais amplo, e a qualidade de vida aprendida nesse limitado espaço
escolar se desloca para um espaço de vida muito maior. Portanto, uma Pedagogia
do Afeto pode complementar o trabalho maravilhoso de uma Psicopedagogia
Preventiva, não só no seu objetivo de influenciar positivamente a aprendizagem,
mas de otimizar relações humanas afetivas no ambiente escolar.
38
CAPÍTULO IV
A AFETIVIDADE E A APRENDIZAGEM AO LONGO DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO
O homem, diferentemente dos outros animais, que no curso de seu
desenvolvimento vive a experiência individual, adquirida durante toda a sua vida;
vive um segundo tipo de experiência que o transforma num ser diferente dos demais,
pela sua capacidade de assimilação e apropriação da experiência acumulada pelo
gênero humano. Este tipo de experiência para que seja significativa, deve ser
permeada por afetividade, já que cognição e afeto caminham lado a lado na trilha do
conhecimento humano. Por isto mesmo, aprender é uma forma de desenvolvimento
de competências individuais, além de ser um exercício constante em estar de braços
abertos para todo e qualquer conhecimento. Aprendizagem é mudança de
comportamento, seja essa mudança por fatores intrínsecos ou extrínsecos ao sujeito
aprendiz. A realização do processo de aprendizagem depende de três elementos
principais: situação estimuladora, pessoa que aprende a resposta. Sem essa tríade o
processo de aprendizagem se inviabiliza. A teoria comportamentalista conceitua
aprendizagem como o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já
maturo, que se expressa, diante de uma situação problema, sob a forma de uma
mudança de comportamento em função da experiência. Considerando que nessa
cadeia de estimulação ambiental e respostas do sujeito, o processo de
aprendizagem ocorre de maneira mecânica, logo, a afetividade se torna irrelevante.
A teoria cognitivista conceitua aprendizagem como um elemento que provém de uma
comunicação com o mundo e se acumula sob a forma de uma riqueza dos
conteúdos cognitivistas. O processo de aprendizagem compreende algumas etapas.
A necessidade de amor e participação expressa o desejo de todas as
pessoas de se relacionarem afetivamente com os outros, de pertencerem a um
grupo. A vida social é uma necessidade que explica a maior parte de nossos
comportamentos. A necessidade de estima leva-nos a procurar a valorização e o
reconhecimento por parte dos outros. Quando essa necessidade é satisfeita,
39
sentimos confiança em nossas realizações, sentimos que temos valor para os
outros, sentimos que podemos participar na comunidade e ser úteis. Em caso
contrário, sentimo-nos inferiorizados, fracos e desamparados. O sucesso ou
fracasso do aluno, na escola, depende em parte de sua auto-estima, da confiança
que tem em si mesmo. Mas essa auto-estima e essa confiança originam-se da
estima e da confiança que os outros depositam nele.
No que se refere à inteligência e à aprendizagem é necessário
destacar três tipos de aprendizagem: em primeiro lugar, aquela na qual o sujeito
adquire uma conduta nova, adaptada a uma situação anteriormente desconhecida e
surgida dos sancionamentos trazidos pela experiência aos ensaios mais ou menos
arbitrários do sujeito. O ensaio e erro nunca são completamente aleatórios, e para
que a experiência seja proveitosa, o ensaio e erro devem ser dirigidos e o erro ou o
êxito assumidos em função da organização prévia, que como tal, demonstra ser
incompetente ou correta; em segundo lugar existe uma aprendizagem da regulação
que rege as transformações dos objetos e suas relações mútuas; nesta
aprendizagem a experiência tem por função confirmar ou corrigir as hipóteses ou
antecipações que surgem da manipulação interna dos objetos. Os procedimentos
chamados de realimentação, podem ser compreendidos, incluindo na própria
definição dos esquemas de assimilação, os mecanismos de antecipação e retroação
capazes de corrigir a aplicação do esquema e promove a acomodação necessária.
Em último lugar temos a aprendizagem estrutural, vinculada ao
nascimento das estruturas lógicas do pensamento, através das quais é possível
organizar uma realidade inteligível e cada vez mais equilibrada. No nível social
podemos considerar a aprendizagem como um dos pólos do par ensino-
aprendizagem, cuja síntese constitui o processo educativo. Tal processo
compreende todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura, inclusive
os objetivados como instituições que, específica (escola) ou secundariamente
(família), promovem a educação. Através dela o sujeito histórico exercita, assume e
incorpora uma cultura particular, na medida em que fala, cumprimenta, usa
utensílios, fabrica e reza segundo a modalidade própria de seu grupo de
pertencimento.
40
Existem dois tipos de condições para a aprendizagem: as externas,
que definem o campo do estímulo, e as internas que definem o sujeito. Umas e
outras podem estudar-se em seu aspecto dinâmico, como processos, e em seu
aspecto estrutural, como sistemas. A combinatória de tais condições leva a uma
definição operacional da aprendizagem, pois determina as variáveis de sua
ocorrência. Piaget afirmou que as mudanças cognitivas e intelectuais resultam de
um processo de desenvolvimento, definindo-se como um processo contínuo ao
longo de um continuum. Por ser concebido como um fluxo contínuo seu modo é
cumulativo, em cada nova etapa é constituída sobre as etapas anteriores,
integrando-se a elas.
Piaget (1981), concebeu a inteligência como tendo dois aspectos, o
cognitivo e o afetivo. O aspecto cognitivo tem três componentes: o conteúdo, a
função e a estrutura. No entanto, o ritmo de desenvolvimento das crianças pode não
ser igual em virtude dos fatores experienciais ou hereditários. Crianças "brilhantes"
podem se desenvolver rapidamente; crianças "embotadas" podem progredir mais
lentamente, algumas nunca alcançando ou adquirindo completamente as operações
concretas. Equilibração é, segundo Piaget, auto-regulação feita pelo sujeito quando
este recorre a muitas tentativas e erros e muitas regulações na construção do
conhecimento. Todo comportamento tem ambos os elementos: o afetivo e o
cognitivo.
Piaget (1981), considera impossível encontrar um comportamento
oriundo da afetividade, sem nenhum elemento cognitivo. É igualmente impossível
encontrar um comportamento composto só de elementos cognitivos, embora os
fatores afetivos e cognitivos sejam indissociáveis num dado comportamento, eles
parecem ser diferentes quanto à natureza. É óbvio que os fatores afetivos estão
envolvidos mesmo nas formas mais abstratas de inteligência. Para um estudante ou
para um matemático resolver um problema de álgebra, deve haver um interesse
intrínseco, um interesse extrínseco ou uma necessidade de partida. Enquanto
trabalha, estados de prazer, desapontamento, ansiedade tanto quanto sentimentos
de fadiga, esforço, aborrecimento, etc., entram em cena. Ao finalizar o trabalho,
sentimentos de sucesso ou fracasso podem ocorrer; e, finalmente, o estudante pode
experimentar sentimentos estéticos fluindo da coerência de sua solução.
41
O aspecto afetivo tem uma influência sobre o desenvolvimento
intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Ele determina
sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará. De acordo com Piaget, o
aspecto afetivo, em si, não pode modificar as estruturas cognitivas, embora, possa
influenciar quais estruturas modificar. Piaget (1981), escreve:
" embora a questão afetiva cause o comportamento, embora
ela acompanhe constantemente o funcionamento da
inteligência e embora ela acelere ou freie o ritmo de
desenvolvimento, ela, em si mesma, no entanto, não pode
gerar estruturas de comportamento e não pode modificar as
estruturas em cujo funcionamento ela intervém".
Muitas pessoas acreditam que os aspectos afetivos da vida humana
surgem de alguma fonte interna, de forma mais ou menos predeterminada. Para
Piaget, o aspecto afetivo não é mais predeterminado do que a inteligência,
propriamente dita. Na sua visão, há notável paralelo entre os aspectos afetivo e
cognitivo. Primeiro, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou
inteligência. Quando examinamos o raciocínio das crianças sobre questões morais,
um aspecto da vida afetiva, nós percebemos que os conceitos morais delas são
construídos do mesmo modo como os conceitos cognitivos. À medida que os
aspectos cognitivos se desenvolvem, há um desenvolvimento paralelo da
afetividade. Os mecanismos de construção são os mesmos. As crianças assimilam
as experiências aos esquemas afetivos do mesmo modo que simulam as
experiências e as estruturas cognitivas. O resultado é o conhecimento.
Piaget (1981), argumentou também que todo comportamento
apresenta ambos os aspectos: o afetivo e o cognitivo. Não há comportamento
cognitivo puro, como não há comportamento afetivo puro. A criança que "gosta" de
matemática faz rápidos progressos. A criança que "não gosta" de matemática não
faz rápidos progressos. Em cada caso, o comportamento é influenciado pela
afetividade. "É impossível encontrar um comportamento oriundo apenas da
42
afetividade, sem nenhum elemento cognitivo. É igualmente impossível encontrar um
comportamento composto somente de elementos cognitivos".
Piaget (1981), levanta a hipótese de que os primeiros sentimentos
estáveis surgem na criança na mesma idade em que esta termina a construção do
chamado objeto permanente. Na mesma idade, forma-se a vontade enquanto
capacidade de preferir desejos que são menos fortes, mas que têm maior
abrangência do que certos desejos imediatos. A vontade, como Piaget analisa, não
é um impulso que apóia um desejo mais fraco para superar um desejo mais forte;
mas a capacidade intelectual de reorganizar, de administrar os desejos e interesses
de tal maneira que seja possível determinar fins prioritários a longo prazo e, à base
deles, planejar as ações próximas. Isso leva a uma noção central: a noção de
autonomia. Segundo Piaget, uma criança se torna autônoma logo que consegue
refletir sobre as normas e regras em vez de aceitá-las como sendo absolutas e
imutáveis.A capacidade de entrar num discurso livre, assim como autonomia, não
cresce como plantas que precisam de água e luz. Estas capacidades não são o
resultado de um desenvolvimento automático, mas baseiam-se num exercício ativo.
Assim, todas as estruturas cognitivas são adquiridas mediante a prática, também a
autonomia deve ser exercitada. Quanto mais autoritária for a sociedade, tanto mais
difícil será este exercício.
Piaget (1981), considerou o desenvolvimento intelectual como um
processo que ocorre durante a vida toda e que pode ser concebido como tendo os
aspectos cognitivo, afetivo e social. Psicólogos e educadores, nos últimos 30 anos,
voltaram sua atenção ao papel dos conceitos cognitivos. Pelo menos quatro razões
plausíveis podem ser aventadas para explicar porque isto aconteceu. Ele
reconheceu a dimensão afetiva como importante a partir dos seus primeiros escritos.
É claro que Piaget nunca pretendeu fazer desta diferença uma afirmação de valor. É
provável que o tema da cognição lhe tenha provocado os maiores desafios, razão
pela qual tenha recebido maior atenção.
Por ele ter estudado a cognição mais do que a afetividade, pode estar
no fato de ter percebido o estudo científico da dimensão afetiva como mais difícil do
que o estudo da estrutura cognitiva. É possível que ele tenha buscado resolver
43
primeiro aquilo que considerou como questões mais controláveis e, por isso, dedicou
uma quantidade desproporcional de sua energia às questões afetivas.
Fernandez (1990) aborda a questão do lugar do corpo no aprender,
parte do entrelaçamento de fatores psicológicos e somáticos, constitui um problema
intransponível, que tem dado lugar a infrutíferas discussões sobre se o organismo ou
o psiquismo são responsáveis pelos problemas de aprendizagem. Como se o ser
humano fosse construído pela soma entre as partes.
Desde o princípio até o fim, a aprendizagem passa pelo corpo. Uma
aprendizagem nova vai integrar a aprendizagem anterior; ainda quando aprende-se
as equações do segundo, tem-se o corpo presente no tipo de numeração e não
inclui somente como ato, mas também como prazer; porque o prazer está no corpo,
sua ressonância não pode deixar de ser corporal, porque sem signo corporal de
prazer, este desaparece. A transmissão de aprendizagem dos pais para o bebê é um
ato de amor pelo qual a criança toda é um objeto amoroso, seu corpo inteiro,
investido de amor, é acariciado.
A educação da emoção deve ser incluída entre os propósitos da ação
pedagógica, o que supõe o conhecimento íntimo do seu modo de funcionamento.
Tudo o que foi afirmado a respeito da integração entre inteligência e afetividade
pode ser transposto para aquela que se realiza entre o objeto e o sujeito. Deve-se
então, concluir que a construção do sujeito e a do objeto alimentam-se mutuamente,
e mesmo afirmar que a elaboração do conhecimento depende da construção do
sujeito nos quadros do desenvolvimento concreto.
Há que se desvendar os fatores que estão determinando as crises e as
oposições, que podem se prender, entre outros fatores, ao modo de condução do
processo de ensino-aprendizagem, à organização do conteúdo, ou às condições
cognitivas dos alunos. O desvendamento dos desencadeadores dos conflitos é
condição basilar para se entendê-los e administrá-los devidamente. É na confluência
dos conflitos gerados entre o indivíduo e a sociedade, diz Wallon, que se situa a
prática social. Outro ponto importante no pensamento de Wallon é a ênfase dada ao
caráter social da educação. Nesse sentido, a grande lição para os educadores é a
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de que não é na solidão do sujeito que os processos de desenvolvimento e de
aprendizagem ocorrerão, mas no encontro dialético com o outro enquanto sócio
inseparável do eu.
As relações do indivíduo no grupo são, por isso mesmo, importantes
não só para a aprendizagem social, mas fundamentalmente, para a tomada de
consciência de sua própria personalidade. A confrontação com os companheiros
permite-lhe constatar que é um entre outros e que, ao mesmo tempo, é igual e
diferente deles. Enfim, a vida afetiva, social e intelectual supõe, efetivamente, a vida
social.
Rogers postula que o objetivo educacional, se quisermos sobreviver,
deve tornar-se a facilitação de mudança e aprendizagem. Por esse ponto de vista, o
único homem educado é o homem que aprendeu a aprender: o homem que
aprendeu a adaptar-se e mudar, que percebe que nenhum conhecimento é seguro e
que só o processo de buscar conhecimento dá alguma base para segurança. Só de
um contexto interpessoal no qual a aprendizagem seja facilitada surgirão
"verdadeiros estudantes, reais aprendizes, cientistas e intelectuais criativos e
praticantes, indivíduos da espécie capaz de viver em um equilíbrio delicado, mas
sempre mutável, entre o que é atualmente conhecido e os fluentes, móveis e
mutáveis problemas e fatos do futuro". Facilitação de aprendizagem não é
equivalente a ensino como é comumente definido. Não depende necessariamente,
por exemplo, de aptidões particulares do líder, nem de seu conhecimento erudito,
nem de seu planejamento curricular, nem do uso de recursos audiovisuais. Não
depende de aprendizagem programada, aulas, relatórios orais ou mesmo livros, lápis
e papel. Qualquer destes pode, naturalmente, ser utilizado como recurso. De fato,
um facilitador de aprendizagem é principalmente só isso em relação ao aprendiz, um
recurso. Mas como um recurso vivo, o facilitador só pode funcionar em uma relação
interpessoal com o aprendiz. É esta relação que deve, portanto, ser de primordial
importância em qualquer cenário educacional. A primeira dessas atitudes essenciais
é a realidade ou genuinidade. O professor, para ser um facilitador, precisa despojar-
se do tradicional "papel", "máscara" ou "fachada" de ser "O professor" e tornar-se
uma pessoa real com seus alunos. Significa isso que os sentimentos que está tendo,
sejam quais forem, ele precisa aceitar em si próprio e não esconder de seus alunos.
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Se está entediado ou zangado, entusiasmado ou com simpatia, pode estar assim
livremente, sem precisar impor isso aos alunos. Estudantes são livres para
responder de igual maneira.
Uma segunda atitude que deve impregnar a relação entre o facilitador e
o aprendiz é que nasce de duradoura confiança e aceitação, e até mesmo uma
aceitação da outra pessoa como indivíduo digno e valioso. Isto envolve
preocupação, mas não de natureza possessiva ou controladora. É aceitação do
outro como uma pessoa separada, como sendo digna por seu próprio direito e como
merecedora de plena oportunidade de buscar, experimentar e descobrir aquilo que é
engrandecedor do eu. Como a aprendizagem pode muitas vezes envolver uma
mudança na organização do eu, isso ocorre mais freqüentemente quando ameaças
externas ao eu estão minimizadas. E finalmente, em qualquer relação que deva
ocorrer aprendizagem, precisa haver comunicação entre as pessoas envolvidas.
Comunicação por natureza, só é possível em um clima caracterizado por
compreensão empática. Um facilitador de aprendizagem deve ser sensivelmente
cônscio da maneira como o processo de educação e aprendizagem parece ser para
o estudante.
Rogers sustenta que esta espécie de compreensão não valorativa é
praticamente inédita na sala de aula mediana. Aprendizes, para serem bem
sucedidos em suas tarefas escolhidas, precisam de comunicação. Precisam ser
compreendidos, não avaliados, não julgados, não ensinados. Facilitação exige
compreensão e aceitação empática. Mudanças e inovações que são decididas
durante uma experiência intensiva de grupo têm realmente mais probabilidade de
implementação do que em outros casos. É necessário que a educação, no seu
sentido mais geral, tenha conhecimento e seriedade das etapas de desenvolvimento
infantil relacionadas à aprendizagem, para que sejam adotadas práticas
pedagógicas mais adequadas e consistentes, assim como os educadores se
atentem em suas "avaliações pessoais" diante dos "problemas" de seus alunos, e
focalizem sua atenção à dinâmica desses sujeitos em seus processos cognitivo e
afetivo, não ficando unilaterais em suas conclusões precipitadas e rotuladoras, em
muitos casos. A vida afetiva e cognitiva supõe relativamente à vida social, e o
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educador (facilitador) é um "mestre", que juntamente com o aluno deve trilhar por
essa conquista.
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CONCLUSÃO
O conhecimento alcançado em relação ao presente estudo favoreceu
compreender fatos de grande importância para a atuação junto a alunos e alunas,
professores e professoras.
O conjunto das aprendizagens obtidas favoreceu a percepção acerca
da função do professor enquanto agentes educativos em uma sociedade marcada
pela necessidade de afeto, carinho e atenção, ao mesmo tempo que nos propiciou
perceber a grande riqueza que cada um de nossos alunos e alunas, professores e
professoras e demais educadores e educadoras têm dentro de si, e que muitas
vezes não se revelam por falta de oportunidades.
A recomendação é de que sejam abertos espaços para se ouvir mais
as pessoas envolvidas nas escolas, para que estas possam falar não só por meio de
relatórios e fichas escritas que comporão o acervo burocrático, mas que possam
falar com o coração, externando seus sentimentos, percebendo-se como peças
fundamentais para o bom funcionamento de toda a engrenagem que move o destino
da humanidade.
Todos aqueles que pensam nos alunos e alunas e discursam a favor
de se criarem nas salas de aula situações que valorizem as suas capacidades,
incluam os professores e professoras e demais educadores e educadoras da escola
em seu planejamento. Que subsidiem essa equipe de profissionais renovando a sua
energia também com palavras de elogio e reconhecimento, para que assim possam
ser transmissores destes sentimentos de alegria, satisfação, auto-estima e emoção
para os seus alunos e alunas.
Os professores devem ampliar assim a capacidade de tornar o seu
trabalho pedagógico significativo o bastante para tornar-se um instrumento que
contribui com a transformação necessária para a melhoria da qualidade de vida de
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cada um dos seres humanos, que mesmo sem conhecer o sentido amplo da palavra
desejam ser cidadãos.
Tanto para professores quanto para alunos, o processo educativo
envolve a demonstração de competências e habilidades, envolve relacionamentos
humanos nem sempre fáceis, envolve um certo grau de ansiedade, enfim, envolve
até uma série de exigências e de fatores externos ao ambiente de sala de aula.
Podemos considerar que o ambiente de sala de aula tanto pode ser
alegre, agradável, realizador e gratificante, quanto pode ser gerador de ansiedade,
estresse, insegurança ou aversão. Também podemos considerar que esse conjunto
de fatores bons ou ruins, em grande parte, é decorrente das relações pessoais que
se estabelecem entre os próprios alunos, ou entre os alunos e seus professores.
Assim sendo, de grande importância são os tipos de relações
interpessoais mantidas em sala de aula para melhorar a qualidade de vida neste
ambiente. Nesse reduto social composto pelas classes de uma escola, importa
estabelecer relações de amizade, de segurança, de cooperação, de prazer em estar
naquele lugar e com aquelas pessoas. Neste sentido, o contato físico afetivo é um
ótimo condutor de relações harmoniosas entre os membros que compartilham o
ambiente escolar.
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Edições 70. 1968, p.145 - 153.
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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS.................................................................................. 03 DEDICATÒRIA............................................................................................ 04 EPÍGRAFE.................................................................................................. 05 RESUMO.................................................................................................... 06 METODOLOGIA......................................................................................... 07 SUMÁRIO................................................................................................... 08 INTRODUÇÃO........................................................................................... 09 CAPÍTULO I. A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO................................................................................
11
1.1 A pedagogia do afeto............................................................................ 19 1.2 O encontro da emoção com o conhecimento....................................... 20 CAPÍTULO II. PEDAGOGIA DA PRESENÇA............................................. 24 CAPÍTULO III. AFETIVIDADE: A IMPORTÂNCIA PARA PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM.....................................................................
29
CAPÍTULO IV. A AFETIVIDADE E A APRENDIZAGEM AO LONGO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO...............................................................
38
CONCLUSÃO............................................................................................. 47 BIBLIOGRAFIA........................................................................................... 49
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas
Pós-Graduação “Latu Sensu”
Título da Monografia: A importância da afetividade no processo de aprendizagem.
Data da entrega: _______________________________________
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Avaliado por:_______________________________Grau______________.
Rio de Janeiro_____de_______________de 20___
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ANEXOS