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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A RELAÇÃO DOS FATORES MOTIVACIONAIS NA EMPRESA MEDLEY E NA INDÚSTRIA FARMACEUTICA DO RIO DE JANEIRO
Cezar Benvenuti
Rio de Janeiro 2º Semestre / 2009
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A RELAÇÃO DOS FATORES MOTIVACIONAIS NA EMPRESA MEDLEY
E NA INDÚSTRIA FARMACEUTICA DO RIO DE JANEIRO
Cezar Benvenuti
Trabalho apresentado à
Universidade Candido Mendes
como requisito para obtenção
do grau de Pós graduação em
Gestão de Recursos Humanos
ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro 2º Semestre / 2009
AGRADECIMENTOS
A Deus e a minha família que sempre estão
ao meu lado em todos os momentos da minha vida.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO I
1.1 Metodologia IV
1.2 Delimitação da Pesquisa IV
2. DESENVOLVIMENTO V
2.1 Motivação V
2.1.2 Teoria dos Fatores de Higiene IX
2.1.3 Teoria da Expectância X
2.1.4 Cliente Interno como Parceiro da Organização XI
2.1.5 Estratégias para a Satisfação do Cliente Interno XIV
3.Empresa Pesquisada XVIII
3.1 Medicamentos Genéricos XVIII
3.2 Mercado Externo XIX
3.3 Comunicação e Sustentabilidade XX
3.4 Organograma XXI
CONCLUSÃO XXII
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA XXIII
RESUMO
Os tempos mudaram alguns anos atrás, o mercado em geral, especificamente
o mercado farmacêutico, se caracterizava por muitos consumidores e uma oferta de
produtos limitada, motivo pelo qual vender e sobreviver no mercado era uma tarefa
fácil, que não precisava de maiores esforços nem de estratégias diferenciadas. Hoje,
a situação é muito diferente, há uma grande oferta de produtos, incluindo-se
similares, genéricos e copias de baixa qualidade, para uma grande variedade de
compradores, além de uma concorrência agressiva. Para poder liderar e se manter
competitivo no mercado como o de nossos dias, é fundamental que estratégias
diferenciadas sejam adotadas pelas empresas, estratégias como pesquisas e
desenvolvimentos de produtos novos, adequação as legislações, e ainda faze-las
trabalharem a favor daqueles que a cumprem, alianças mercadológicas e a
capacitação intelectual obtendo-se, conseqüentemente, a diferenciação de uma
empresa de sua concorrente através de uma forte estratégia especializada em
motivação da força de vendas, que nos dias de hoje tornou-se um fator marcante e
intrínseco ao alcance dos objetivos, e é determinante entre o sucesso e fracasso
nesse mercado aonde o treinamento esta nivelado e as informações são acessíveis
a grande parcela dos profissionais.
INTRODUÇÃO
Ao fim do século XX e começo do novo milênio, o destino de um dos maiores
seguimentos industriais da economia mundial nunca pareceu tão nublado. O século
passado foi coroado de glórias, pois o volume de pesquisas bem-sucedidas, que se
transformaram em produtos rentáveis, foi impressionante, contudo, o mercado
farmacêutico brasileiro viveu, nos últimos anos, uma nova realidade: o advento dos
medicamentos genéricos. Com a chegada deste concorrente, a indústria
farmacêutica de marca, até então estabelecida, observou uma transformação sem
precedentes nas características deste mercado.
Nos últimos anos, a indústria farmacêutica vinha vivendo um período de
aquecimento, refletido nas numerosas contratações para as forças de vendas. A
proliferação de farmácias, únicos estabelecimentos autorizados a vender
medicamentos, era imensa, e já há bastante tempo teve que ser feita uma
modificação na logística de distribuição do mercado. A estrutura existente à época
para a distribuição dos medicamentos era insuficiente. Optou-se por um sistema de
distribuição via distribuidores especializados, passando a inexistir, desde então, uma
relação direta fabricante – varejista.
As fusões, que em tempo algum, ocorreram com tanta freqüência, têm a
finalidade de, exclusivamente, diminuir custos operacionais e de pesquisa das
indústrias farmacêuticas, com isso verdadeiro gigantes, com faturamentos de
Bilhões de dólares ao ano, contudo, as fusões não visam apenas baixar os custos
de pesquisas reduziu-se muito a força de vendas, que cada vez mais possui um
treinamento aprimorado e muito parecido, devido as constantes trocas que as
empresas fazem em suas direções, migrando uma diretoria inteira e levando consigo
todo capital intelectual e fontes de mercado transformando os profissionais em
pessoas altamente qualificadas para a prática da propaganda médica, com
embasamento médico – cientifico, técnicas de venda, promoção e apoio de
marketing.
Em virtude de fatores muito técnicos este mercado tornou-se muito
competitivo, porém através de um fator que impulsiona as pessoas ao longo do
tempo, ou seja, a motivação, uma pessoa pode ficar mais ou menos motivada
através do passar do tempo, e os profissionais não são equivalentes em suas
necessidades.
Em um segmento de mercado como a Indústria Farmacêutica, que possui
salários muito equivalentes entre as empresas, nunca existiu uma rotatividade tão
grande de profissionais da área de propaganda médica, tornando-se raro o
profissional com identidade direta com a empresa e os clientes. Poderia ser assim, a
motivação, um diferencial na indústria farmacêutica?
O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância da motivação como
ferramenta fundamental para a obtenção de resultados dentro da organização, e
relacionar os fatores de diferenciação da motivação dos profissionais dentro da
empresa Medley, com o mercado da indústria farmacêutica analisando suas
necessidades e expectativas, visando também através de referencias bibliográficas
definir motivação, teoria das necessidades, expectativas e satisfação.
Acredita-se que exista uma relação entre a falta de motivação e a rotatividade
de propagandistas na empresa Medley.
Este tema será abordado neste projeto, pois no mercado farmacêutico atual,
existe claramente uma forte equivalência salarial entre os profissionais da área de
propaganda médica, porém a rotatividade destes profissionais é muito alta, e é
notória a migração entres as companhias farmacêuticas, e falta de motivação de
muitos profissionais do segmento.
1. Metodologia
Neste trabalho a técnica de pesquisa usada será a compilação bibliográfica,
aonde o tema abordado será explicado através de referências teóricas sobre
motivação.
1.1 Delimitação do Tema
A abordagem do tema será um enfoque a relação dos fatores motivacionais
na empresa Medley e no mercado da Indústria Farmacêutica do Rio de Janeiro no
ano de 2009.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Fundamentação Teórica sobre Motivação
2.1.1 Motivação
Existem duas teorias de conteúdo que, apesar de serem questionadas em
termos de validade, constituem ainda a melhor maneira de explicar a motivação das
pessoas. Uma delas é a hierarquia das necessidades humanas e a outra é a teoria
motivação/higiene. Ambas constituem o fundamento das teorias contemporâneas.
(CHIAVENATO, 1999).
Os especialistas já se voltavam para o consumidor, mas ainda buscando sua
demanda com argumentos de venda e ferramentas meramente promocionais. Nos
anos de 1943, tivemos a primeira apresentação de um importante estudo, de autoria
de Abraham Harold Maslow, intitulado "Motivation and Personality", publicado na US
Psychological Review, que trouxe à luz uma brilhante conceituação: a hierarquia de
necessidades humanas, depois editado e lançado pela Harper & Row, no ano de
1954. (KOTLER, 2000)
Segundo Chiavenato (1998) Maslow nasceu em Nova York, em 1908, e
morreu na Califórnia em 1970, e foi um dos fundadores da psicologia humanista.
Propôs Maslow que existem necessidades básicas, e que elas podem ser dispostas
numa hierarquia de importância e prioridade: as necessidades fisiológicas (fome,
sede, abrigo), de segurança (sobrevivência física), as de relacionamento (a
aceitação pelo meio e o sentido de importância), as de estima e status (relevância,
domínio, reputação, prestígio) e, por fim, as de auto-realização (desejo de conhecer,
compreender, sistematizar, organizar e construir um sistema de valores),
apresentada na figura 1.
FIGURA 1 - PIRAMIDE HIERARQUIA DAS NECESSIDADES HUMANAS
FONTE: Batittuci (2000, p.141).
Segundo Kotler (2000) as primeiras necessidades (fisiológicas) dominam o
comportamento da pessoa até que sejam satisfeitas, em seguida a segunda torna-se
preponderante até que seja satisfeita, e nesta ordem até a última.
Para que seja possível aqui compreender a importância do estudo de
necessidades, devemos entender a sua essência. A necessidade pode ser definida
como a iniciativa motivadora da ação de suprir estados de privações humanas.
A necessidade mais básica a qualquer ser humano é a da alimentação. Como
já dissemos, é uma necessidade fisiológica. Os mecanismos geradores das
sensações de fome e sede, nada mais são do que sinalizações críticas do
organismo quando privado de alimentos sólidos ou líquidos. Quando ativados tais
mecanismos e presentes tais sensações, temos estabelecida a necessidade da
alimentação, a mais poderosa dentre todas as necessidades. Enquanto não suprida
esta privação, ou satisfeita esta necessidade, o ser humano simplesmente não se
dispõe a priorizar mais nenhuma outra ação. Diante da fome ou da sede, mal
conseguimos raciocinar de forma coerente e objetiva, bloqueando ou adiando
iniciativas para a satisfação de quaisquer outras necessidades (KOTLER, 2000).
Pode-se incluir ainda aqui, no rol das necessidades fisiológicas, a
necessidade do sono.
Os ciclos biologicamente pré-determinados, o nosso organismo precisa de
uma parada técnica para concluir o complexo procedimento de processar e
transformar os alimentos ingeridos, melhor oxigenar células, distender e relaxar
músculos, fazer fluir para o sangue novos suprimentos de proteínas, vitaminas,
cálcio, amido, etc., estocar reservas, fazer a sua faxina interna.
Pois bem, os mecanismos que regem esta ação disparam comandos que vão
freando a nossa disposição para a atividade, induzindo ao repouso, provocando o
sono, e são percebidos pela sensação do cansaço. A privação do descanso gera a
necessidade do sono. Podemos até resistir por algum tempo, isto variando de
pessoa para pessoa, mas haverá uma hora que qualquer um de nós "cairá de sono"
literalmente.
Segundo Levitt (2001) existe ainda a necessidade fisiológica de abrigo.
Basicamente, tememos o ataque de animais ferozes e a exposição continuada ao
sol, tanto quanto tememos as chuvas, os vendavais, as trovoadas, os raios,
furacões, e toda a sorte de intempéries da natureza. Todavia, tememos também o
ataque de outras pessoas.
Desde as primeiras horas da humanidade, já tínhamos o homem procurando
abrigar-se em cavernas, depois em tendas e choupanas, até evoluir para edificações
com o uso de rochas talhadas e desenvolver logo após a técnica de moldar blocos
feitos à base de terra, palhas e água, levados a fornos em fôrmas.
Assim é que a privação de defesas contra a natureza e seus agentes, e assim
também contra outros seres humanos agressores, gera a necessidade de abrigo.
Mas passando agora para a necessidade de segurança, de sobrevivência física.
Que reação causaria numa cobra venenosa se empunhássemos e aproximássemos
de sua boca uma arma carregada, pronta para disparar contra ela? Obviamente que
apenas o bote e a picada fatal, mais nada.
Segundo Levitt (2001) a diferença está em que o ser humano é o único ser
vivo que tem consciência da morte. Com a evolução da espécie humana,
aprendemos quais são todos os perigos que podem nos expor à morte. Guerras,
disputas, rixas, brigas, armas de fogo, instrumentos cortantes ou perfurantes,
lugares perigosos e situações de conflito, pessoas suspeitas, acidentes, quedas,
lesões, vícios, sujeiras, doenças, envelhecimento, fraqueza, fadiga, etc.
A privação de vida organizada, em paz, harmonia, com cuidados e hábitos
saudáveis, gera a necessidade de segurança.
Adiante se tem definida a necessidade de relacionamento. O ser humano vive
em grupos, em sociedade. É o único ser vivo que estabelece laços com os seus
semelhantes e os nomeia.
Como o ser humano teme a solidão, o abandono, o esquecimento, a
expectativa de privação do convívio em sociedade gera a necessidade de
relacionamento, num nível de plena aceitação pelo seu meio social. Daí a perseverar
em ser querido como filho, neto, irmão, sobrinho, primo, marido, genro e pai,
reconhecido como bom vizinho, torcedor do time vitorioso, aluno exemplar,
funcionário modelo, amigo leal, etc (LEVITT, 2001).
Subseqüentemente, tem-se a privação de estima e status gera a necessidade
de relevância, domínio, reputação e prestígio. É exatamente em busca de estima e
status que agimos ao procurarmos nos destacar em qualquer ramo de atividade ou
meio de convívio social.
Obter uma promoção, assumir uma posição de comando incumbir-se de
responsabilidades, evoluir acima da média, ser sempre convidado e bem-vindo,
prestar auxílio e socorro, ser lembrado para conselhos e orientações, ser reputado
por decisões sensatas e corretas, granjear respeito e notoriedade.
Mas avançando para a necessidade de auto-realização. Ela decorre da busca
pessoal e individual do ser humano pelo constante crescimento do seu
conhecimento, pela sua capacidade de plena compreensão do mundo à sua volta,
agindo segundo um conjunto de valores que pôde experimentar e aceitar para si,
organizando então a sua vida com parâmetros que lhe permitem avaliar e determinar
metas e objetivos a realizar com sucesso.
O reconhecimento e a determinação de tais necessidades humanas, e assim
também do seu ordenamento hierárquico, ditado pela preponderância entre elas,
serve a qual finalidade mercadológica (LEVVIT, 2001)?
Vejam que com o seu brilhante estudo da hierarquia de necessidades,
Maslow proporcionou-nos um sistema capaz de identificar e ordenar as
necessidades que os consumidores estejam buscando satisfazer ao pretender
adquirir produtos (LEVVIT, 2001).
2.1.2 Teoria dos Fatores de Higiene
Outra teoria de motivação que tem exercido grande influencia sobre o
pensamento administrativo é a teoria da motivação/higiene, de Frederick Herzberg,
aonde os resultados mostram que ao falar sobre condições que fazem sentir-se bem
ou satisfeitas, as pessoas mencionavam fatores intrínsecos ao trabalho em si, que
incluíam: realização, reconhecimento, o trabalho em si, responsabilidade, avanço e
crescimento. Herzberg deu o nome de motivadores às fontes de satisfação, já que
lhes pareceram necessárias para que houvesse aprimoramentos substanciais no
desempenho do trabalho. Herzberg também notou que, ao falar sobre condições que
deixavam insatisfeitas com o trabalho, as pessoas mencionavam fatores externos ao
cargo, mais a ele relacionados – fatores tais como administração e política da
companhia, supervisão, relacionamento com supervisor, condições de trabalho,
salário, relacionamento com os colegas, vida pessoal, relacionamento com os
subordinados, “status” e segurança. Herzberg chamou essas fontes de insatisfação
dos fatores de higiene ou manutenção, porque formam o ambiente de trabalho,
mantê-lo em boa ordem ou estado pareceu-lhe necessário para evitar
descontentamentos, que poderiam fazer o desempenho cair abaixo de um nível
aceitável. (HAMPTON, 1992).
As idéias de Herzberg combinam com as de Maslow, os “motivadores”
contribuem principalmente para a satisfação das necessidades de ordem mais
elevada – estima e auto - realização, os “fatores de higiene” contribuem para a
satisfação de necessidades de ordens mais baixas – fisiológicas, segurança e de
afeto. (HAMPTON, 1992).
2.1.3 Teoria da Expectância
Segundo Chiavenato (1998) uma das teorias mais aceitas a respeito da
motivação é a chamada teoria da expectância ou da instrumentalidade, proposta por
Vroom em 1964. A teoria argumenta que a tendência para agir de uma certa maneira
depende da força da expectativa de que a ação possa ser seguida por algum
resultado e da atratividade desse resultado para o indivíduo. Em termos práticos,
isso significa que um empregado estará motivado a se esforçar quando acreditar que
seu esforço o levará a uma boa avaliação do desempenho, ao qual lhe
proporcionará recompensas da organização, como bônus, prêmio, promoção,
gratificação ou aumento salarial, e que essas recompensas satisfarão os seus
objetivos individuais. Uma cadeia de relações está por trás disso.
A Teoria da expectância é contingencial: a motivação para o trabalho é
determinada pela percepção do indivíduo quanto as relações entre esforço e
desempenho e a atratividade das varias recompensas associadas com os diferentes
níveis de desempenho. A lógica da teoria é que as pessoas querem aquilo que elas
podem e quando elas querem. Se um pessoa deseja uma promoção e percebe que
o bom desempenho pode levá-la a ela, certamente trabalhará bastante para
alcançar o bom desempenho. Ela estará motivada a trabalhar bastante porque na
ponta final está a promoção desejada.
Os três aspectos básicos dessa teoria são: Expectância (probabilidade
esperada pelo individuo de que seu esforço no trabalho será seguido por um certo
desempenho na tarefa) Instrumentalidade (probabilidade esperada pelo individuo de
que um certo desempenho alcançado o levará a obter recompensas do trabalho) e
Valência (valor atribuído pelo individuo as varias recompensas do trabalho).
2.1.4 Cliente Interno como Parceiro da Organização
Os clientes internos, ou seja, os funcionários, são os principais responsáveis em
todos os níveis por interagir com os clientes externos, sejam os fornecedores ou os
consumidores, pois eles são os instrumentos usados para que o alvo, o cliente
externo, seja plenamente atingido NACFUT & LIGOCKI (2003). O cliente interno
passa boa parte de sua vida dentro das organizações e depende delas para a sua
subsistência e sucesso pessoal. Nesse sentido, cabe destacar, como apontado por
BATITUCCI (2000), a importância do atendimento das necessidades básicas
humanas, aspecto bastante estudado por Maslow, através da sua Teoria da
Hierarquia das Necessidades Humanas.
Essa teoria reúne todas as necessidades humanas em cinco grandes blocos de
necessidades, que em princípio envolvem todos os tipos de carências e aspirações
do homem, desde as mais concretas e materiais – que estão prioritariamente ligadas
aos aspectos de perpetuação da espécie, sobrevivência, proteção e ajuda convívio e
relacionamento – até as não-mensuráveis e mais sofisticados, como
reconhecimento, oportunidades ao potencial e realização. Por isso, separar o
trabalho da existência das pessoas é muito difícil, devido à grande importância e
impacto que nelas provoca.
Para CHIAVENATO (1999), os clientes internos ao aplicarem esses
investimentos esperam um retorno razoável, não só baseado em incentivos
financeiros, mas também em uma perspectiva de crescimento profissional, carreira
etc., conforme ilustrado na figura abaixo. Logo, se o retorno for bom e sustentado,
há uma maior tendência para a manutenção ou aumento do investimento. Surge,
portanto, um caráter de reciprocidade na interação entre as pessoas e a
organização, o caráter de atividade e de autonomia dos clientes internos.
FIGURA 2 - OS PARCEIROS DAS ORGANIZAÇÕES
Parceiros da organização Contribuem com Esperam retornos de
Clientes internos Trabalho, esforço,
conhecimentos e
habilidades.
Salários, benefícios,
retribuições e satisfações.
FONTE: Chiavenato (1999, p. 06).
Dessa forma, as organizações dependem dos clientes internos para poderem
funcionar, atingir resultados positivos, obter competitividade e sucesso no mercado.
Na realidade, elas não existem sem as pessoas, uma vez que são elas que lhes dão
vida, dinâmica, impulso, criatividade e racionalidade. Assim, ao perceberem
atualmente que o seu parceiro mais íntimo é o cliente interno, pois ele contribui com
os seus conhecimentos, capacidades e habilidades, as organizações estão
ampliando a sua visão e atuação estratégica principalmente no que se refere às
formas de relacionamento com esse cliente, finaliza o autor supracitado.
Segundo MOLLER (1999), essa nova maneira de relacionamento com as pessoas é
decorrente da “revolução na consciência de qualidade que envolve, antes de
qualquer coisa, uma nova forma de pensar a respeito da qualidade”. Ao invés de se
concentrar apenas na qualidade do produto, a nova consciência de qualidade
abrange também a qualidade dos esforços do indivíduo. O novo modo de pensar
acrescenta novas dimensões à idéia de desenvolvimento da qualidade: melhorar as
relações humanas, fortalecer a comunicação, formar espírito de equipe e manter
padrões éticos elevados.
Cabe destacar, como apontado por TACHIZAWA (2001), que os valores de
desenvolvimento pessoal e profissional, trabalho em equipe, abertura para a
participação, liberdade para a criatividade e aprendizado, disposição para mudança,
transparência e segurança, quando presentes na cultura e, portanto, vivenciados
pelos clientes internos, são capazes de transformar o resultado da organização, no
que se refere à qualidade e produtividade.
O que finaliza NACFUT & LIGOCKI (2003), cliente interno é o responsável
direto pela satisfação do cliente externo, pela qualidade do atendimento e pela
comunicação. Ele significa o diferencial competitivo que promove o sucesso
organizacional, isto é, ele constitui a competência básica da organização. Além do
que, ele influencia o processo produtivo e de proteção de serviços, garante o clima
organizacional, e quando satisfeito com o seu trabalho e com a organização, faz a
propaganda boca-a-boca para os clientes externos, ressalta a relevância do cliente
interno no relacionamento com o cliente externo e com a própria organização e
afirma que o vínculo estreito entre a satisfação dos funcionários e a satisfação dos
clientes cria uma relação de co-responsabilidades entre empresa e os funcionários.
Assim, a medida da satisfação dos funcionários proporciona um importante indicador
dos esforços da empresa no sentido de melhorar a satisfação dos clientes e o
desempenho operacional. O cliente interno é um espelho que reflete a imagem da
empresa para o cliente externo, a sua satisfação e o seu comprometimento
correspondem a um veículo de atração e fidelização dos clientes externos.
2.1.5 Estratégias para a Satisfação do Cliente Interno
De acordo com PINHO, (1995), o diagrama da satisfação total dos seres
humanos no trabalho foi desenvolvido pelo grupo de Recursos Humanos da BR,
tomando como base o diagrama de causa e efeito ou espinha de peixe de Ishikawa.
Esse diagrama tem o princípio bastante semelhante à Teoria da Hierarquia das de
Maslow, pois o cliente interno para obter a sua satisfação total, e conseqüentemente
a qualidade total e a produtividade, deve ter passado dos círculos mais internos para
os mais externos, como ilustrado na figura abaixo.
FIGURA 3 - DIAGRAMA DA SATISFAÇÃO TOTAL DOS SERES HUMANOS
FONTE: Pinho (1995).
Segundo esse diagrama, a organização deve enfatizar as questões abaixo
apresentadas para ampliar o círculo de satisfação, conduzindo as suas atividades à
melhoria da qualidade e aumento da produtividade. PINHO (1995):
Criatividade e auto-realização: a liberdade oferecida aos clientes internos
estimula a criatividade. As pessoas se auto-realizam com as suas criações, por isso
é importante valorizar as idéias dos funcionários e aceitar sugestões. A liberdade
para expor suas idéias e colocá-las em prática, na medida em que se adequarem as
necessidades da empresa é mais um ponto importante para proporcionar satisfação
ao cliente interno, que tem mais produtividade à medida que se sente valorizado.
Cooperação e integração: para estimular e desenvolver o trabalho em
equipes, uma vez que essa dinâmica promove a integração das pessoas e a
parceria no trabalho, desenvolve também as relações interpessoais positiva. O clima
organizacional da empresa conta na hora da formação de grupos, que impulsionam
a organização e a execução das tarefas. A relação entre funcionários e gerência
também influencia o clima organizacional, pois é esperado que os funcionários
tenham respeito e cooperação com a gerência e não, medo e submissão.
Reconhecimento e valorização: o fato de o trabalhador ter a sua atividade e
desempenho reconhecidos e valorizados estimula o seu prazer em trabalhar. Isso
pode ser reconhecido através de valores monetários, como também através de um
elogio, comissão por venda anual, festinhas em comemoração a aniversários, etc.
Comunicação e informação: é importante manter um canal de comunicação
aberto e permanente, caracterizado como um sistema de mão-dupla, permitindo
assim um sistema de informações transparentes, estimulando o feedback.
Recompensa e motivação: a motivação deriva de realização, crescimento,
responsabilidade e outros fatores intrínsecos similares presentes em um cargo. A
recompensa está relacionada com as contribuições do trabalhador, pode ser
caracterizado por um aumento no salário ou até mesmo um investimento no plano
profissional.
Conhecimento e aprendizado: a troca de conhecimentos e a oportunidade
para aperfeiçoamento estimulam a satisfação dos clientes internos.
Participação e envolvimento: o desenvolvimento de um sistema de
gerenciamento participativo promove o envolvimento de todos no trabalho, como
também o compartilhamento das decisões e dos resultados do trabalho.
Bem-estar físico, mental e social: um clima organizacional saudável e positivo
no ambiente de trabalho cria condições para que as pessoas melhorem a sua
qualidade de vida no trabalho e fora dele, estimulando o exercício de hábitos
saudáveis nas dimensões físicas, mental, social e espiritual.
Autonomia e independência: delegar responsabilidade, autoridade e trabalho
significam acreditar na capacidade do trabalhador em resolver problemas, tomar
decisões e assumir riscos. Isto facilita o desenvolvimento de um ambiente de auto-
gerenciamento e cria condições para o empowerment.
Confiança e respeito: é preciso estabelecer uma relação de confiança e
respeito mútuo com os funcionários, para estimular as reações positivas e sadias no
ambiente de trabalho. A partir de então, torna-se possível eliminar o medo, aceitar e
reconhecer as diferenças individuais.
Desenvolvimento e crescimento: é interessante promover o desenvolvimento
das pessoas através da educação e do treinamento permanente e contínuo. Isto
valoriza e cria condições para o auto-desenvolvimento dos funcionários. Isso pode
ser obtido através da oferta ao funcionário de algum tipo de treinamento para o
aperfeiçoamento de suas tarefas, bem como agregando valor ao serviço executado,
valorizando-se a pessoa por trás da tarefa.
Segundo Chiavenato (1999), cliente interno corresponde a todos os
funcionários de uma organização, que são responsáveis por conquistar e cativar o
consumidor (cliente externo).
3. EMPRESA PESQUISADA
A Medley Indústria Farmacêutica é uma empresa do Grupo francês sanofi-
aventis, ocupa a 3ª colocação do ranking das indústrias farmacêuticas do Brasil. O
bom desempenho se deve, principalmente, ao sucesso no mercado de genéricos,
cuja liderança vem mantendo desde 2002. Em 2008 o faturamento da Medley foi de
458 milhões de reais. A Sanofi-Aventis emprega no Brasil mais de 3.800
colaboradores e dispõe de uma capacidade de produção local superior a 300
milhões de unidades anuais, graças às unidades de Suzano (sanofi-aventis) e de
Campinas e Sumaré (Medley). Com duas unidades fabris, em Campinas/SP
(matriz), e Sumaré/SP, a Medley produz comprimidos, cápsulas, drágeas, líquidos,
pomadas, cremes e suspensões. No total, somadas as equipes da força de vendas,
a empresa emprega cerca de 1500 colaboradores.
O sucesso da Medley liga-se diretamente à administração coerente, que
valoriza os projetos sociais, e à política de Recursos Humanos, que se preocupa
com o crescimento interno e o desenvolvimento pessoal e profissional dos
colaboradores. A companhia já foi eleita em seis oportunidades pelo Guia Exame
(Editora Abril) como uma das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil
(2002, 2003, 2004 e 2006, 2007 e 2008).
3.1 Medicamentos Genéricos
Respeito, inovação, qualidade, eficácia, os adjetivos podem ser os mais
variados, mas todos se complementam e ajudam a traduzir a relação entre a Medley
e o segmento de medicamentos genéricos no Brasil. A empresa foi a primeira a ser
aprovada pelo governo federal para realizar seus próprios testes de equivalência
farmacêutica e, mesmo antes da liberação dos genéricos no país, desempenhou
papel de destaque em campanhas que tinham por objetivo auxiliar no fornecimento
de produtos econômicos e de qualidade à população brasileira, sempre com o intuito
de transformar a saúde em um bem acessível a todos.
O amplo portfólio de medicamentos genéricos da Medley (127 produtos) é
todo produzido dentro dos rigorosos padrões de qualidade da Anvisa. Além disso, a
empresa procura trabalhar sempre para conscientizar as pessoas sobre a
importância da orientação médica, a correta assistência farmacêutica e a qualidade
de vida oferecida pelos genéricos.
O reconhecimento a todo esse trabalho pode ser observado na liderança em
prescrição médica que se reflete diretamente no mercado. Atualmente, dos 20
genéricos mais vendidos do país, 13 são da marca Medley.
Com grande investimento em testes de bioequivalência e equivalência
farmacêutica, além da aquisição de equipamentos de alta tecnologia, a Medley
desenvolve e produz uma diversificada linha de medicamentos genéricos, com a
mesma eficácia e segurança dos produtos de referência, porém, com preços muito
mais acessíveis para a população.
3.2 Mercado externo
Há cerca de cinco anos a Medley iniciou o trabalho junto ao mercado externo.
Em 2009, além de ingressar em novos países da América Latina, a empresa estuda
a possibilidade de ampliar a gama de produtos a serem exportados. O foco da
Medley na área de exportação se concentra na busca de parceiros locais, que
conheçam o mercado de atuação, já que A Medley fornece todo o aporte do ponto
de vista regulatório, logístico, legal, financeiro e de marketing, mas não atua com
presença física.
Como em qualquer projeto de desenvolvimento internacional, desbravar e,
principalmente, conhecer o mercado ao qual estaríamos nos lançando foi
fundamental. Pelo fato da empresa deter o know-how para fabricação de produtos
cobertos pelos mais altos padrões de qualidade e a preços extremamente
competitivos. Além disso, as exigências das regulamentações brasileiras fizeram
com que a empresa tivesse uns dos melhores dossiês de registro de fármacos do
mundo, aceitos sem necessidade de grandes adequações em diversos países com
grande mercado potencial de exploração.
3.3 Comunicação e Sustentabilidade
Proporcionar saúde e bem-estar ao maior número possível de pessoas. É
essa diretriz que move os passos da Medley em todas as suas ações de
comunicação. Nesse sentido, a empresa reforça sua imagem institucional por meio
dos patrocínios esportivos. Para a Medley, associar sua marca e produtos com
esportes e atletas é uma maneira de incentivar a prática esportiva e reforçar os
benefícios de uma vida mais saudável.
A Visão da Medley é ser uma marca internacionalmente admirada pela
excelência de sua atuação e pela sua contribuição para uma sociedade mais
saudável.
A Missão da Medley é facilitar e ampliar à saúde por meio de produtos, serviços e
iniciativas, em total integração com os parceiros e colaboradores, sempre com
entusiasmo, responsabilidade e respeito pelos valores da sustentabilidade.
3.4 Organograma
Diretor Geral
Diretor Industrial
Diretor Vendas
Diretor Fin.
Gerente PCP
Diretor Marketing
Gers Nacional. Vendas
Gers Regional. Demanda
Gerente Op.
Qualidad
Gerentes Produtos
Gerente Inteligênci
a
Gerente Juridico
Gerente Finanças
Ger. Produção
Treinam. Vendas
Ger. Eng. Industrial
Ger. Adm. Vendas
Gerente Eventos
Suporte Vendas
Ger. Adm Pessoal
Gerente RH
Tecno. Inform.
Auditor Interno
Segurança Patrimonio
Diretor RH
CONCLUSÃO
Em um mercado competitivo como a Indústria Farmacêutica, as empresas
investem milhões em técnicas, informações, auditorias de mercado e pesquisas de
novos produtos, mas sem uma equipe de vendas muito motivada os objetivos não
são alcançados com sucesso, pois segundo Herzberg, ao falar sobre condições que
deixam os funcionários insatisfeitos com o trabalho, as pessoas mencionam fatores
externos ao cargo, mais a ele relacionados – fatores tais como administração e
política da companhia, supervisão, relacionamento com supervisor, condições de
trabalho, salário, relacionamento com os colegas, vida pessoal, relacionamento com
os subordinados, “status” e segurança.
Segundo Maslow, existem necessidades básicas, e que elas podem ser
dispostas numa hierarquia de importância e prioridade: as necessidades fisiológicas
(fome, sede, abrigo), de segurança (sobrevivência física), as de relacionamento (a
aceitação pelo meio e o sentido de importância), as de estima e status (relevância,
domínio, reputação, prestígio) e, por fim, as de auto-realização (desejo de conhecer,
compreender, sistematizar, organizar e construir um sistema de valores).
Portanto para o alcance da motivação do funcionário, deve-se levar em
consideração suas necessidades básicas e de auto – realização para lhe propor
uma remuneração, e avaliar suas necessidades de relacionamento, fisiológica e
status para uma adequada proposta de qualidade de vida.
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