UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · diferentes fatores causadores do conflito no...
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · diferentes fatores causadores do conflito no...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
CONFLITOS: COMO ADMINISTRÁ-LOS AO EMERGIREM NO
DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO
Professora: ADÉLIA ARAÚJO
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
ANDRÉA VELLOSO DE CARVALHO
CONFLITOS: COMO ADMINISTRÁ-LOS AO EMERGIREM NO DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO
Monografia apresentada para o curso de pós-
graduação em Gestão de Recursos Humanos
do Instituto A Vez do Mestre.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu marido e à minha família
pela força e tolerância que predispuseram para
mim, durante toda a minha pós-graduação e à
minha orientadora Adélia.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à minha família que tanta
força me deu para que eu concluísse o curso
de pós-graduação, mesmo diante de
intempéries.
5
RESUMO
Este trabalho monográfico tem como objetivo explanar sobre a
administração de conflitos, através da identificação dos fatores causadores e
com indicação de diferentes modos de atuação para a sua resolução, que é a
técnica mais efetiva por definir o problema, coletar os fatos e selecionar a ação
mais apropriada para a questão. A expressão e a sondagem das diferentes
percepções, interesses e valores permitem que se compreenda ou se interprete
o conflito, como uma forma de assuntos polêmicos que conduzem a sugestões,
ou até mesmo, à implantação de idéias inovadoras. Para tal é fundamental que
se analise o referencial teórico que abrange a gestão de conflitos, o que
possibilitará a indicação de alternativas para administrá-lo, identificando os
fatores causadores. A obtenção de maior conhecimento sobre o assunto foi
devido à metodologia utilizada, descritiva, procedente de material bibliográfico
e de pesquisas em sites institucionais. A forma estruturada de solução a um
conflito é identificar as considerações das partes envolvidas, buscar
alternativas e eleger a mais favorável, isto é, a que contemple ambas as partes.
O gerenciamento do conflito é de fundamental importância por estimular sua
construtividade colaborando para o atingimento dos objetivos de um projeto e
ainda para a desestimulação do conflito destrutivo. As técnicas gerais mais
utilizadas pelos gerentes são: retirar-se temporariamente; mudar o foco; utilizar
a força; fixar um compromisso; resolver o conflito e negociar. A análise das
diferentes percepções, a instalação de um clima afetivo, o foco nas
necessidades individuais e compartilhadas, a construção de um poder positivo
com a participação da equipe, a visualização do futuro, o desenvolvimento de
opções de vantagens mútuas e a implementação de etapas para a efetivação
da ação garantem, ao gerente, a eficácia na solução de um conflito.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................07
I - DIFERENTES FATORES CAUSADORES DO CONFLITO NO AMBIENTE
ORGANIZACIONAL...........................................................................................11
II - AS DIFERENTES METODOLOGIAS DE RESOLUÇÕES DE CONFLITO..22
III – O PERFIL E A ATUAÇÃO DO GESTOR DE PROJETOS PARA
ADMINISTRAR CONFLITOS.............................................................................28
CONCLUSÃO....................................................................................................33
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................37
7
INTRODUÇÃO
O tema deste trabalho monográfico é Gestão de Pessoas e seu título
focaliza a administração de conflitos quando emergem no desenvolvimento de
um projeto. Os problemas organizacionais existem ocasionados, por vezes,
pela instalação de um conflito. Portanto, é fundamental que se estude as
diversas metodologias de resoluções de conflitos, através de processos de
Gestão de Recursos Humanos que tendem a minimizar os impactos sobre a
multiplicidade de percepções.
A metodologia utilizada será a descritiva que abordará a conceituação
do conflito, suas prováveis causas e consequências teóricas. O tema será
desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa eletrônica, em sites
institucionais.
O tema é explanado em três capítulos: no Capítulo 1 aborda os
diferentes fatores causadores do conflito no ambiente organizacional; o capítulo
2 relata as diferentes metodologias de resoluções de conflito, e o 3, discorre
sobre o perfil e a atuação do gestor de projetos para administrar conflitos.
É um estudo de extremamente relevante, tendo em vista que, por vezes,
o conflito é instalado por divergências de percepções podendo gerar soluções
postergadas, ou até mesmo, deixando o problema emergido, sem solução. A
atitude adotada para lidar com o conflito pode gerar algumas reações que
devem ser administradas através da implementação de estratégias adequadas
e condizentes com cada tipo de conflito.
O conflito pode ser percebido de forma negativa, onde é considerado
como algo somente prejudicial tendo que ser evitado, ou minimizando seus
efeitos em caso de surgimento; ou de forma positiva, onde se considera o
conflito favorável, pois as divergências de percepções e opiniões contribuem
para a aprendizagem e para o enriquecimento pessoal e cultural.
O conflito pode acontecer em diferentes níveis: discussão; debate;
façanha; imagens fixas; loss of face (ficar com a cara no chão); estratégias;
falta de humildade; ataques de nervos e ataques generalizados.
8
Quanto maior o nível atingido pelo conflito, maior é a dificuldade para
encontrar a solução, e sendo reconhecido pode se tornar uma força positiva
para mudança, por implementar ações construtivas e contempladoras a ambas
as partes, e vice-versa, sendo ignorado ou reprimido, pode crescer e se
agravar.
O objetivo deste trabalho é a análise da contribuição do RH para a
solução de conflitos e desenvolvimento de equipe, a verificação da atuação
adotada na administração do conflito, identificando os fatores causadores e
indicando as diversas maneiras para a aplicação de resoluções de conflito.
O que se verifica diante das divergências de percepção ou com o
surgimento de um conflito é que ao se adotar a técnica mais efetiva que é a
resolução, onde o problema é definido e os fatos são coletados, e a ação mais
apropriada para a questão é selecionada.
Houve um tempo que não ter conflito era sinônimo de ambiente
favorável e bons relacionamentos, por ter o conflito uma interpretação negativa.
Uma das causas do conflito pode ser a divergência de interesses, de
necessidades e de opiniões. Pode ainda, ter origem de forma amigável não
conotando um conflito, e sim uma negociação, o que caracteriza um dos
melhores recursos e o mais utilizado para a solução de um conflito.
Por vezes, pode haver conflito entre objetivos e procedimentos, mesmo
que inseridos num todo, tendo em vista que buscar, cada setor, em primeiro
lugar, relevar os seus objetivos básicos, o que pode ocasionar confronto com
os objetivos de outros setores.
As causas dos conflitos individuais e grupais mais encontradas nas
empresas são: a interdependência das tarefas no trabalho, as diferenças de
personalidade, os recursos compartilhados, as metas diferentes e as diferenças
de informação e de percepção.
O conflito possui diferentes níveis, devido ao fato de surgir, na maioria
das vezes, divergência de opinião, o que pode agravá-lo, com um efeito
destrutivo entre duas pessoas ou grupos. Os níveis podem ser: discussão,
debate, façanha, imagens fixas, loss of face, estratégias, falta de humildade,
ataque de nervos e ataques generalizados.
9
Ao se reconhecer o conflito pode se ter uma força positiva para
mudança, tendo em vista à implementação das ações construtivas e a uma
solução contempladora a ambas as partes. No entanto, sendo ignorado ou
reprimido pode crescer e se agravar.
Um gerente de projetos necessita ter habilidade para o entendimento e
diagnóstico correto da causa do conflito, para que possa adotar estratégias de
comunicação e negociação, criando um clima de confiança e respeito. Deve
ainda conhecer os diversos métodos e processos de gerenciamento de
conflitos interpessoais, forças e fraquezas, para ter como base na sua opção.
O gerenciamento do conflito estimula o conflito construtivo o que faz com
que a equipe contemple os objetivos do projeto. Para Blake e Mounton (1996)
existem seis técnicas gerais na resolução de conflitos: retirar-se
temporariamente; mudar o foco; utilizar a força; fixar um compromisso;
solucionar o conflito e negociar.
Para que haja êxito na atuação de um gerente de projeto diante de um
conflito, ele deve diagnosticar o nível do conflito existente, em relação à (s)
pessoa (s) x grupo (s): intrapessoal, interpessoal, intragrupal e intergrupal.
Posteriormente, o gerente deve administrar as interações de grupo para
tomar decisões-chave em relação ao conflito, no que tange à solubilidade, à
intensidade e à motivação.
Geralmente, os gestores possuem um pouco de cada modo para lidar
com conflitos e tendência para adotar um dos três. Porquanto, o que empurra o
conflito, desafia o opositor, no combate e tende a concluir o conflito com uma
solução desagradável; o que se preocupa em ajudar tem a tentativa de deixar
as coisas solucionadas, através de sua entrega; e o que analisa o conflito
descobre os fatos, as regras e a lógica da discussão, e tem a postura de se
retirar por completo do conflito, com ruptura dos contatos.
Outra preocupação que o gestor deve ter para resolver com eficácia os
conflitos é a criação de um clima afetivo; o esclarecimento das diferentes
percepções; o foco nas necessidades individuais e compartilhadas; a
construção de um poder positivo e com a participação de todos os
colaboradores da equipe; a visualização do futuro, tendo o passado como lição
10
e experiência; o desenvolvimento das opções de proveito mútuo; a
incrementação das etapas para a efetivação da ação; e o estabelecimento de
acordos de benefícios mútuos.
O estilo adotado pelo gerente de projeto na resolução do conflito deve
ser pacífico, assertivo e cooperativo. Tais estilos podem ser: competição,
colaboração e compromisso.
Os estilos considerados não-assertivos e não-cooperativos são: evitação
e acomodação.
As atitudes de competição, colaboração e compromisso colaboram para
que a negociação contemple as partes envolvidas, tendo em vista que ambas
adotam o diálogo, facilitando a comunicação; sabem ouvir e perguntar.
As tensões conflitivas oportunizam o crescimento mútuo dos diferentes
interesses das partes envolvidas, o que torna essencial a administração de
situações de conflito para pessoas e organizações como fonte geradora de
mudanças.
Os conflitos nas empresas são, de fato, um dos maiores desafios de um
gerente, tendo em vista serem inevitáveis em um ambiente de projetos,
variando desde um leve atrito até um confronto emocional, diante de equipes
compostas por pessoas com diferentes níveis de educação que trabalham
juntas, tomam decisões e almejam o atingimento de seus objetivos e metas.
11
I - DIFERENTES FATORES CAUSADORES DO CONFLITO NO AMBIENTE
ORGANIZACIONAL
O conflito é parte integrante do processo de evolução dos seres
humanos, desde o início da humanidade. É essencial para o desenvolvimento e
para o crescimento de qualquer sistema familiar, social, político e
organizacional.
Várias são as opções para que os indivíduos ou grupos trabalhem o
conflito, podendo ser ignorado, sanado ou transformado numa situação
auxiliadora na evolução de uma sociedade ou de uma empresa.
Durante algum tempo a inexistência de conflito era interpretada como
ambiente favorável, bons relacionamentos, e em caso de empresa, como
competência, tendo em vista, alguns profissionais terem uma percepção
negativa do conflito, como resultado da ação e do comportamento de pessoas
indesejáveis, com sentimentos negativos o que era prejudicial ao bom
relacionamento entre as pessoas e consequentemente das empresas.
(NASCIMENTO, 2002)
A palavra conflito provém do latim conflictu que se define como
resistência entre lutadores; discórdia; desarmonia; desarmonização, ou seja, é
o elemento fundamental que demarca uma ação dramática que é ocasionada
pelo desdobramento da oposição e da luta entre forças antagônicas.
O conflito pode ter como causa a divergência de interesses, de
necessidades e de opiniões, ou ainda, se originar de forma amigável não
conotando aos participantes um conflito, e sim uma negociação, o que é um
dos melhores recursos e o mais utilizado para a solução de um conflito.
(MARTINELLI e ALMEIDA, 2008)
Outras possíveis causas do conflito são: (NASCIMENTO, 2002)
- frustração de uma ou de ambas as partes, pela incapacidade no atingimento
das metas e na realização de seus desejos, devido a alguma interferência ou
restrição técnica, organizacional ou comportamental;
- diferenças de personalidade que são reveladas no relacionamento cotidiano
através de algumas peculiaridades não admiradas pela outra parte envolvida;
12
- metas diferentes que podem acarretar em tensões devido à busca de seus
alcances;
- divergências de informações e percepções, tendo em vista que cada um
percebe e interpreta conforme seus conhecimentos e referenciais, e nem
sempre há homogeneidade.
Para Hodgson (1996) a existência de diferentes grupos estimula o
conflito, e tendo em vista serem as empresas compostas por subgrupos e
interesses aglutinados, as mesmas devem ter representações que objetivem a
cooperação e a harmonia, onde os conflitos podem surgir como prerrogativas
de diferenças de personalidade ou mal-entendidos. (SALAMAN, 1978, apud
HODGSON, 1996)
É inegável que a procedência de conflitos se encontra nas empresas,
tendo em vista a visão sistêmica, onde as partes podem ser interdependentes
ou coordenadas, se percebendo sempre como a parte mais importante em
relação às demais.
Os objetivos, metas, valores e procedimentos são desenvolvidos em
conformidade a cada unidade, departamento ou divisão de uma empresa, mas
sempre contemplando a sua missão.
Assim sendo, muitas vezes os objetivos e procedimentos podem entrar
em conflito, ainda que estejam inseridos num todo, pois, cada área busca,
primeiramente, considerar seus objetivos básicos, confrontando assim com os
objetivos de outras áreas. (MARTINELLI & ALMEIDA, 2008)
A tendência maior da existência de conflitos é em empresa de maior
porte, pois a quantidade de divisões e subdivisões aumenta a sua
probabilidade.
Em certas situações, o conflito é inerente à função, como no caso de um
advogado defendendo uma causa, que necessariamente está em conflito com
a outra parte, como também no caso de um auditor interno, cuja função é dar o
exemplo, averiguando com transparência e isenção, a situação emergente,
tomando as providências cabíveis, ainda que gerem conflitos.
Os recursos limitados, independente do porte empresarial também
geram conflitos por serem finitos. Não somente o recurso financeiro; outros
13
recursos com tal importância suscitam competição entre colaboradores,
gerando, por vezes, conflitos.
Numa equipe composta por pessoas com diferentes níveis de educação
que trabalham juntas, tomam decisões e almejam o atingimento de seus
objetivos, o conflito é quase inevitável. Entretanto, a pressão mercadológica
requer uma equipe cada vez mais ativa.
Por isso, é competência dos gerentes de projeto: a identificação, a
análise e a avaliação dos valores positivos e negativos do conflito, bem como,
seus efeitos no desempenho do projeto e até mesmo, aprender de como e
quando utilizar o conflito para aperfeiçoar a atuação dos colaboradores da
equipe. (RAJ el al, 2006)
As causas dos conflitos individuais e grupais mais encontradas nas
empresas são: (HODGSON, 1996)
- a interdependência das tarefas no trabalho: as atividades desempenhadas e
os sentimentos pessoais causam a interdependência das atividades e são
indicadores de uma das causas do conflito organizacional, pois gera
dificuldades entre gerentes e/ou colaboradores de setores diferentes, em
detrimento da seqüência de tarefas empresariais;
- as diferenças de personalidade: por vezes, no conflito são descobertas
algumas características indesejáveis na outra parte, o que contribui na
antecipação do conflito e no auxílio do controle das desavenças, uma vez que
o conhecimento da personalidade do oponente possibilita a forma de lidar com
ele, beneficiando a comunicação e o relacionamento;
- os recursos compartilhados: o tempo de utilização do computador, a limitação
de verbas para aquisição de equipamentos, o espaço demarcado no setor,
dentre outros são alguns itens que contribuem para a instalação do conflito;
- as metas diferentes: algumas situações onde os indivíduos implantam
objetivos e metas de maneira adequada ao seu segmento se tornam conflitivas
em relação a outros setores, pelo fato da existência de tensões ou diferenças
entre os objetivos e metas dos diversos setores;
- as diferenças de informação e de percepção: gestores de diferentes níveis
hierárquicos ou diversos setores no mesmo nível hierárquico percebem os
14
fatos conforme os valores individuais, o que torna as mesmas informações
diferentes, o que ocorre devido às diferentes funções e responsabilidades, ou
até mesmo, devido às diversas metas estipuladas para cada setor.
O surgimento do conflito se dá, na maioria das vezes, em detrimento de
uma pequena divergência de opinião, podendo se agravar, se tornando hostil e
acarretando num efeito destrutivo entre duas pessoas ou grupos. Assim, o
conflito possui diferentes níveis, a saber: (HODGSON, 1996)
- Nível 1 - Discussão: o conflito é regularmente racional e ocorre de modo
aberto e objetivo.
- Nível 2 - Debate: o grau de objetividade é reduzido, uma vez que as pessoas
podem generalizar e buscar padrões de comportamento.
- Nível 3 - Façanha: existe uma desconfiança de ambas as partes, em relação
à opção da outra parte.
- Nível 4 - Imagens fixas: a outra parte estabelece imagens pré-concebidas
havendo pouca objetividade e as atitudes se tornam imutáveis e inflexíveis.
- Nível 5 - Loss of face: este nível de conflito é caracterizado pela dificuldade
que as partes adquirem em se retirar do problema. Traduzindo se tem: "ficar
com a cara no chão".
- Nível 6 - Estratégias: a comunicação fica restrita a ameaças, reclamações e
punições.
- Nível 7 - Falta de humildade: neste nível acontecem os comportamentos
destrutivos onde os grupos se sentem e se observam com a parte humana
reduzida.
- Nível 8 - Ataques de nervos: há o predomínio da auto-preservação o que se
torna a única motivação, e onde os indivíduos ou grupos se predispõem para
atacar e ser atacados.
- Nível 9 - Ataques generalizados: as direções são: perdedor e vencedor.
Porquanto, um lado perde, e o outro vence.
O conflito pode atingir qualquer um dos níveis supracitados se
originando a partir de uma discussão entre duas pessoas ou até mesmo, de
uma guerra. Quanto maior o nível atingido pelo conflito, maior é a dificuldade
para encontrar a solução.
15
O conflito quando é reconhecido pode se tornar uma força positiva para
mudança, devido à implementação das ações construtivas e a uma solução
contempladora a ambas as partes. No entanto, sendo ignorado ou reprimido
pode crescer e se agravar.
Nas empresas os conflitos podem ser de três tipos: discussão,
competição e conflito, onde a discussão e a competição são consideradas
proveitosas e favoráveis, ao passo que o conflito é analisado como prejudicial.
(HANDY, 1983, apud HODGSON)
Na discussão, as contribuições das diferentes percepções podem
acarretar numa solução ideal com discussões produtivas e construtivas. Para
tal é imprescindível a existência de uma liderança compartilhada, confiável e
confidente que propicie aos membros do grupo a se posicionarem abertamente
em relação aos fatos e às suas percepções, e ainda que o tratamento das
questões esclareça os objetivos e se foque em fatos conhecidos, nas metas
planejadas e nos métodos adotados. (MARTINELLI & ALMEIDA, 2008)
Na competição, os padrões são estabelecidos para que haja um
desempenho superior onde as pessoas são motivadas para produzir e
trabalhar mais. Neste caso, a competição somente será útil se for aberta, onde
todos ganham, tendo em vista que nas competições fechadas uma pessoa
ganha sobre a outra, o que pode gerar conflitos destrutivos.
Dentro e fora das empresas, por vezes, surgem conflitos que não são
nem discussão e nem competição. Tais conflitos têm como razões principais: a
desconfiança, perspectivas divergentes e focos individuais para a solução do
conflito. Assim, podem se transformar em conflitos destrutivos que ocorrem
quando: as pessoas se sentem insatisfeitas e desmotivadas; a tarefa a ser
desempenhada se torna menos importante do que o conflito estabelecido e ao
impedir a cooperação entre si dos grupos ou pessoas envolvidas. (SPARKS,
1992)
No caso supracitado, as consequências são: desavenças profundas,
rompimento de relacionamentos, enfoque nas posições e desprezo pelas
necessidades da negociação.
16
Os conflitos se tornam construtivos quando propiciam a abertura da
discussão de um tema ou solucionam algum problema em evidência, o que
favorece para o aumento do interesse individual, o envolvimento em uma
questão, e até mesmo, para a descoberta de certas habilidades que algumas
pessoas nem percebiam possuir.
Outro fator a ser abordado em relação ao conflito é a área onde decorre.
De um modo geral, os conflitos abrangem as áreas: social e tradicional.
Na área social os conflitos acontecem em detrimento do grau de
complexidade e implicação social. A sociedade brasileira é evoluída em relação
ao social e ao tecnológico, mas em contrapartida, é precária em relação à
habilidade para negociações.
Os conflitos tradicionais agrupam pessoas com o mesmo interesse o que
corrobora para a solidariedade. Eles surgem pela competição entre as pessoas
com recursos disponíveis, mas escassos; pela divergência de objetivos entre
as partes e pelas tentativas de autonomia ou libertação de uma pessoa em
relação à outra. (NASCIMENTO, 2002)
Lebel (1984, apud Marttinelli & Almeida, 2008) por perceber que o
desacordo não possui somente uma dimensão propõe o conflito em três níveis:
quanto aos comportamentos, quanto aos contrários e quanto aos momentos da
ação. Para o autor conflito é "... um reconhecimento e um confronto de nossas
diferenças; ele constitui uma fonte de enriquecimento mútuo potencial; é uma
ocasião de fecundação; é um germe de progresso".
Quanto aos comportamentos, o autor destaca o seguinte:
- as falhas conflitantes que não existem, a não ser, aparentemente, uma vez
não existir um desacordo latente verídico;
- os conflitos de opinião que são dotados de divergências de opinião ou de
julgamento sobre o tema do desacordo, devido às diferenças de educação,
cultural, de personalidade ou de referenciais. São os que apresentam maior
dificuldade na solução, tendo em vista se estabelecerem entre duas pessoas
que concordam com a opinião, no entanto, discordam na distribuição. Tais
conflitos são apenas, financeiros, intelectuais, estéticos e morais.
Em relação aos contrários, tem-se:
17
- os conflitos individuais que ocorrem no nível interpessoal e que tem como
consequência os conflitos coletivos, pois quaisquer pessoas ou pequenos
grupos se opõem uns com os outros;
- os conflitos entre irmãos, colegas e vizinhos que são considerados de igual
para igual;
- os conflitos hierárquicos abrangem a chefia e seus colaboradores; pai e filho;
fornecedor e cliente;
- os conflitos raciais que comprometem a diferenciação entre raças, no que diz
respeito às pessoas envolvidas no processo;
- os conflitos entre as instituições e as organizações sociais, onde acontecem
as disputas entre diferentes organizações das sociedades, normalmente, tendo
como tema o poder ou a disputa mercadológica;
- os conflitos com neutralidade ideológica onde os adversários não se afastam,
tendo somente uma contestação de ordem técnica;
- os conflitos espontâneos e os conflitos voluntários são resultantes de
procedimentos decididos;
- os conflitos de posse são os que se voltam para a partilha de recursos e para
problemas de qualidade de vida, o que significa, de certa forma, uma oposição
entre a opinião e os interesses.
Quanto aos momentos da ação, se deve atentar quanto:
- aos fatos: as pessoas, por possuírem percepções peculiares, interpretam os
mesmos fatos de formas diversas;
- às causas: ainda que se concorde sobre o mesmo fato, as explicações são
variadas em detrimento das percepções, uma vez que a interpretação está
atrelada aos sistemas individuais de referência, desencadeando, portanto, as
causas que são: interesse direto, contexto social, tensões psicológicas e
divergências pessoais, intelectuais ou morais;
- aos obstáculos: a identificação do conflito é de difícil identificação,
especialmente se contiver conteúdos ocultos dos propósitos;
- aos objetivos: os mesmos objetivos não são contemplados, em curto prazo,
uma vez haver pessoas diferentes envolvidas numa situação, com dificuldades
para a solução do conflito com um objetivo comum;
18
- aos meios: as pessoas podem concordar em relação ao obstáculo, mas
discordar no que diz respeito à estratégia ou ao método aplicado;
- aos valores: os critérios de avaliação são estabelecidos de formas diferentes
em relação ao plano moral, prático ou político.
As classificações supracitadas não são totalmente independentes umas
das outras, havendo certa proximidade. (MARTINELLI & ALMEIDA, 2008)
O conflito não necessariamente, tem consequências destrutivas, pois
pode ter resultados benéficos para as partes envolvidas, tendo em vista, o
interesse entre os participantes de resolvê-lo, predominantemente, pela
negociação.
A maneira de se comportar num relacionamento requer um aprendizado
com disciplina onde se entende e se respeita a opinião alheia. As origens do
conflito num gerenciamento de projetos variam conforme o ciclo de vida do
projeto. Assim, para que se obtenha um gerenciamento eficaz dos conflitos é
fundamental a identificação e a análise correta das fontes de conflito e seus
relacionamentos, pois um relacionamento cooperativo em uma equipe de
projeto acontece quando os objetivos são mútuos e compatíveis para todos.
O conflito numa empresa pode ter várias percepções. Para Verma
(1966) existem três tipos de visão de conflitos entre pessoas ou grupos:
tradicional, contemporânea e interacionista.
O tradicional, que dominou no final do século XIX a meados dos anos de
1940, tem uma visão ruim com um impacto negativo tantos nos projetos quanto
nas organizações, uma vez que o desempenho diminui, ao passo que o nível
de conflito aumenta, devendo ser evitado. Nessa percepção, o conflito é
constituído de violência, destruição e irracionalidade. Por isso, os gerentes
reagiam mais comumente, suprimindo os conflitos, utilizando de sua
autoridade, o que fazia com que o conflito fosse ignorado com repressão dos
potenciais aspetos positivos que não emergiam. (RAJ el al, 2006)
A visão contemporânea também denominada de comportamental do
conflito prevaleceu no final dos anos de 1940 até meados dos anos de 1970, e
percebe os conflitos como naturais e inevitáveis nas organizações que podem
ter aspetos positivos ou negativos. Portanto, deve ser aceito e sua existência
19
deve ser refletida, uma vez poder beneficiar os projetos, através de um
gerenciamento eficaz em lugar de sua eliminação.
Para Péricles, filósofo grego do século V a.C., “em vez de pensar em
conflito e discussão como uma parede que bloqueia ou paralisa as pessoas,
deve-se refletir que é uma ação preliminar e indispensável para qualquer sábia
tomada de decisão”.
Atualmente, o que predomina é a visão interacionista que defende os
conflitos como necessários ao desempenho da equipe. A visão contemporânea
aceita o conflito, ao passo que a interacionista o estimula, por considerar que a
harmonia, a paz, a tranquilidade e a cooperação mútua num projeto podem
tornar tal projeto estático, apático e estagnado em relação aos desafios de
mudança e inovação. Por isso, nessa percepção, os gerentes aceitam um nível
mínimo de conflito para a manutenção de um ambiente autocrítico, viável,
criativo e inovador.
Num ambiente de projeto a probabilidade de conflito aumenta devido a
competições entre os objetivos departamentais e pessoais e as necessidades
de recursos. Porquanto, um bom gerente de projeto requer um potencial muito
maior nas habilidades interpessoais do que conhecimento técnico. Segundo
Filley (1975) existem oito condições que favorecem um conflito numa equipe de
projeto. São elas: (RAJ el al, 2006)
- funções duvidosas onde limite, autoridade e responsabilidade não são
explicitadas;
- objetivos incompatíveis entre os colaboradores da equipe;
- problemas de comunicação com consequentes equívocos;
- dependência de terceiros para execução da própria tarefa;
- especialização ou diferenciação o que gera conflito nos egos profissionais;
- necessidade de consenso para a tomada de decisão;
- reação de algumas pessoas a regras e regulamentos impostos pelo gerente;
- não resolução de conflitos anteriores, o que torna o clima tenso, podendo
acarretar num intenso conflito destrutivo.
O conflito pode abranger não somente a equipe de projeto, incluindo o
gerente como também, os clientes, stakeholders internos (fornecedores,
20
gerentes funcionais, alto gerenciamento, pessoal administrativo) e ainda
stakeholders externos que não estão inseridos diretamente no projeto.
Segundo Thamhain e Wilemon (1975) são onze as fontes de conflito no
gerenciamento de um projeto, a saber:
- prioridades do projeto ou incompatibilidade de objetivos;
- procedimentos administrativos;
- opiniões técnicas e comparação de desempenho;
- incerteza da tarefa e requisitos de informação;
- dúvida em relação à função e à responsabilidade;
- diferenças de interpretação: holística ou não;
- personalidades, cultura e costumes diferentes dos membros da equipe;
- alocação de recursos;
- orçamento e custos;
- cronogramas;
- problemas de comunicação.
O conflito causa estresse, mas é inevitável, além de ser parte integrante
de um projeto. Porquanto, o gerenciamento do estresse se faz mister e é
imprescindível na gestão de um projeto e componente precípuo na capacitação
de um Gerente de Projeto, que precisa saber administrá-lo, particularmente em
pessoas com pouca resistência emocional ou física.
Todo cargo contém certo grau de estresse, mas o gerente de projeto
passa por um grau alto de estresse, em detrimento das demandas, datas-limite
e problemas durante todo o desenvolvimento do projeto. Para que administre, a
contento, o estresse é importante que o gerente saiba seu conceito, como e por
que surge.
Segundo Selye (1974) o estresse é uma resposta inespecífica e
psicológica do corpo humano a uma exigência excessiva, ou seja, é uma
resposta a pressões, responsabilidades e ameaças reais ou imaginárias do
ambiente. É a percepção da ameaça e a expectativa de um desconforto futuro
que excita, alerta ou ativa, o organismo. Os fatores que geram o estresse são
denominados de estressores. (RAJ el al, 2006)
21
O entendimento entre a relação do estresse e desempenho pode se dar
através da verificação da habilidade da pessoa na realização de uma atividade
proposta, ou seja, definir a dificuldade do trabalho e o esforço necessário para
desempenhá-lo. Posteriormente é necessário observar a capacidade real da
pessoa para a execução do trabalho proposto, isto é, se tiver capacidade maior
do que a necessária para desenvolver a tarefa pode ocasionar frustração e
desmotivação; se a capacidade se igualar ao que foi solicitado seu
desempenho será melhor e se for menor que a requerida, pode chegar à
exaustão física e mental.
Para Gmelch (1993) o estresse é um fato normal na vida, e para ele, o
mais importante é aprender a utilizá-lo construtivamente, visando melhorar o
desempenho. A pessoa deve trabalhar conscientemente para manter seu
desempenho em nível que não permita a exaustão.
Para gerenciar de forma eficaz o estresse é importante o controle da
fisiologia. Para Servan-Schreiber (2004) a aplicação de um método composto
por três estágios é eficaz. Os estágios são:
- voltar a atenção para o interior, onde se põe de lado as preocupações por
alguns minutos, o que proporciona ao coração e ao cérebro tempo suficiente
para que o equilíbrio se recupere. Para tal, se inspira, profundamente por duas
vezes, concentrando-se a atenção na respiração até o término da expiração,
ficando sem respirar por alguns segundos, antes de inspirar, novamente e
mantendo o foco na respiração durante o maior período de tempo possível,
sem pensar em nada;
- imaginar que está respirando através do coração. Para tal, enquanto a pessoa
continua respirando lenta e profundamente, visualiza e sente cada inspiração
(oxigênio nutrindo o corpo) e expiração (expulsão dos resíduos que não
necessita mais) passando pelo coração;
- conscientizar do calor e da expansão desenvolvidos no seu peito. No início
desse terceiro estágio tal consciência é tímida, emergindo discretamente.
22
II - AS DIFERENTES METODOLOGIAS DE RESOLUÇÕES DE CONFLITO
O conflito é definido de diversas formas, existindo duas possibilidades de
ação diante dos conflitos: negativista, onde o conflito é percebido como algo
somente prejudicial devendo ser evitado, ou ainda, ao surgir, minimizar seus
efeitos; positivista, onde se verifica as consequências favoráveis decorrentes
do conflito, relativas às divergências de percepções e opiniões, o que é uma
contribuição para a aprendizagem e para o enriquecimento pessoal e cultural.
Ainda que existam circunstâncias negativas, se deve buscar os aspectos
positivos oriundos do conflito. (FOLLET apud HAMPTON, 1991)
Assim, um gerente de projetos deve primeiramente, ter habilidade para
entender e diagnosticar, de forma correta, a causa do conflito, para que
posteriormente, conforme as personalidades das pessoas envolvidas no
conflito, verificar que estratégias de comunicação e negociação adotar para
criar um clima de confiança e respeito.
Os conflitos estruturais podem ser resolvidos através da mudança de
procedimentos, pessoas, estruturas e relacionamento de hierarquia. Para isso,
o gerente de projeto necessita ter conhecimento dos diversos métodos e
processos de gerenciamento de conflitos interpessoais, forças e fraquezas, o
que embasará sua opção mais apropriada conforme as circunstâncias.
O gerenciamento do conflito estimula o conflito construtivo que colabora
para atingir os objetivos do projeto e desestimula o conflito destrutivo que
impede de atingi-los. Tal desafio deve ser aceito somente por gerentes de
projeto com muita experiência em sua profissão.
Para Blake e Mounton (1996) existem seis técnicas gerais na resolução
de conflitos:
- retirar-se temporariamente: desistência ou recusa no tratamento do conflito no
momento em que surge, com base no fato de que haverá melhor compreensão
da situação apresentada e tempo para que se prepare uma negociação com
probabilidade de obtenção de benefícios. Essa técnica também se reporta a
recusa do tratamento do conflito, definitivamente, acreditando-se que ele
desaparecerá, naturalmente;
23
- mudança de foco: dispensa dos pontos de discordância e ênfase nas áreas
de concordância, o que mantém a harmonia e evita situação de confrontos. É
uma técnica indicada quando os problemas e objetivos são mais importantes
do que as posições pessoais e aspirações das partes envolvidas. É necessário
que o conflito tenha uma conclusão, pois com tal técnica, se isso não
acontecer, ele ressurge com mais intensidade;
- utilização da força: utiliza o poder da posição que ocupa para resolver o
conflito, que nada mais é do que um ponto de vista imposto e não negociado.
Tal postura deve ser tomada diante de situações onde decisões têm que ser
rápidas, diante de um problema vital para o bom andamento do projeto, ou
ainda, quando o gerente tem certeza de sua posição com base nas
informações que possui. Tal técnica demanda redução de tempo, no entanto o
relacionamento fica abalado resultando em dificuldades de futuros negócios
entre as empresas. É recomendado em casos extremos por ser uma situação
de “ganha-perde”;
- fixação de um compromisso: recebe-se algo em troca de uma solicitação. As
partes envolvidas cedem em alguns pontos, assumindo compromissos e
resolvendo o conflito. Os fatores mais importantes, nesse caso são o
relacionamento e a confiança;
- resolução do conflito: é a técnica mais efetiva, pois o problema é definido, os
fatos são coletados, a situação é analisada, as idéias e os pontos de vista
individuais com perspectivas diferentes são incorporadas e a ação mais
apropriada é selecionada. Porquanto, a colaboração de ambas as partes facilita
a obtenção de um consenso e um compromisso final;
- negociação: o conflito é percebido como um problema onde se tenta
encontrar uma solução aceitável por todos. O problema é definido
objetivamente, com todas as informações necessárias, gerando e analisando
alternativas que são selecionadas para atender ambas as partes. É
denominada de técnica do “ganha-ganha” por contemplar a todos, mesmo que
não seja em tudo, mas com soluções aceitáveis para todos.
Para efeito de memorização e didaticamente, as técnicas supracitadas
podem ser disponibilizadas da seguinte forma:
24
ESTILO DESCRIÇÃO EFEITO
Retirar-se temporariamente
Retirar-se de uma real ou potencial situação de conflito, temporariamente.
Não resolve o problema.
Mudar o foco
Enfatizar as áreas de concordância em detrimento das diferenças.
Fornece apenas uma resolução de curto prazo.
Empregar a força
Forçar seu ponto de vista independentemente dos outros; oferece soluções do tipo “ganha-perde”.
Sentimentos de vingança podem voltar de outras maneiras.
Firmar um compromisso
Procurar uma troca que traga algum grau de satisfação para todas as partes.
Fornece uma resolução definitiva do conflito.
Resolver o problema
Tratar o conflito como um problema a ser resolvido, examinando-se todas as possíveis alternativas; requer diálogo aberto e atitude proativa dos dois lados.
Fornece uma solução de longo prazo.
Negociar
Incorporar todos os vários pontos de vista e visões das diferentes perspectivas; conduz a um consenso e compromisso.
Fornece uma solução de longo prazo.
Para Sparks (1992, apud Marttinelli & Almeida, 2008), "o resultado de
uma permuta é um acordo aceitável, mas não necessariamente o melhor", ou
seja, a tensão existente é atenuada, mas não efetivamente extinta, uma vez
que uma ou ambas as partes pode ficar descontente e descomprometida, o
que torna a harmonia superficial.
O autor supracitado analisa o conflito, considerando-o em três tipos:
terminal, paradoxal e litigioso, que serão descritos a seguir na forma como
acontecem e as respectivas conseqüências para o grupo envolvido.
O conflito terminal abrange ações de ganha-perde de uma ou ambas as
partes que são:
- aceitar a própria posição como a louvável, acreditando ser sua percepção a
única possível, o que gera a perda da objetividade;
Fonte: Adaptado de Verma (1996, p.120)
25
- atacar ou contra-atacar a outra parte, com consequente desprezo de sua
posição e gerando dúvidas em relação à sua validade. O resultado seguinte é a
demonstração de sua inferioridade em relação à própria posição, o que tende a
agravar o conflito e favorece a suspeita e a subjetividade;
- incrementar um estereótipo negativo da outra parte, destruindo o respeito e a
confiança e provocando ainda mais, a outra parte.
O conflito terminal desvirtua a capacidade do negociador de pensar e
compreender, com clareza, o conflito, dificultando a manutenção da
perspectiva, tornando as ações incompreensíveis, devido ao motivo do “ganho”
dominar a lógica e a razão. O que existe de comum das duas partes é
minimizado, enquanto que suas diferenças são destacadas.
Num impasse “ganha-perde” uma parte ganha e a outra perde, como é
previsto. Assim, ambas as partes possuem tendência a sair frustradas, além de
reduzir a possibilidade de se resolver questões posteriores de forma a
contemplar os ensejos das partes e com o apoio autêntico de tais partes.
Nesse tipo de conflito existem três possíveis resultantes: fixação dos
sentimentos competitivos e das atitudes mútuas de desconfiança; bloqueio da
percepção de que os oferecimentos de ambas as partes são bem
intencionados e produção e reforço do antagonismo, da hostilidade e da
desconfiança.
O conflito terminal pode envolver ações com base no acaso, da parte de
um ou ambos os lados. A utilização de algum mecanismo ao acaso, como
sorteio através de uma moeda, para se decidir algo, deve ser evitado, bem
como a postergação da utilização de algum mecanismo de continuidade
visando protelar uma decisão. Raramente, a decisão tomada no resultado ao
acaso, tem como base os méritos relativos à questão, pois ao se tomar
conhecimento de novos fatos, se constata que o acaso não é uma opção
melhor que outros métodos e sua utilização pode gerar dificuldades adicionais
e até mesmo maiores do que as originais.
O conflito paradoxal é um método eficaz para levar as questões de uma
agenda a posições mais favoráveis, e até mesmo as informais. Tal conflito é
denominado de método de “pôr de lado”, pois as questões são discutidas
26
conforme vão surgindo, e as demais são devidamente anotadas para outro
momento, e quando forem retomadas não devem existir dúvidas em relação ao
seu conteúdo. Tal método é pouco utilizado pelos negociadores, mas pode
beneficiar em algumas situações, como por exemplo, no caso dos ânimos se
exaltarem, permitindo que ambos os lados repensem suas questões e retomem
a negociação, com maior sobriedade.
O referido método permite temporariamente, a neutralidade, ao se
abordar outras questões, pois ao se “por de lado”, ambas as partes
resguardam sua independência e suas definições, para colocações, a
posteriori, permitindo inclusive, que ambas cheguem à conclusão de que a
indiferença mútua é a melhor solução para o conflito estabelecido.
O conflito litigioso abrange a questão de suma importância do conflito,
pois favorece as ações “ganha-ganha” de uma ou de ambas as partes, da
seguinte forma:
- pelo otimismo da pessoa em relação a ela mesma e à outra parte, o que
propicia a compreensão e o respeito pela outra parte, resultando na
colaboração, sem redução dos impulsos competitivos;
- através da existência do esclarecimento da questão através da definição,
onde a solução do problema é ressaltada com base nas aptidões de cada
parte, evitando a acomodação;
- com a exploração e a concordância dos fatos, por desenvolver uma
graduação de possíveis entendimentos;
- com o acordo entre ambas as partes e contestação das posições recíprocas,
isto é, ainda que a solução contemple ambas as partes, provavelmente, não
possui o mesmo valor, mas é prático.
Na negociação "ganha-ganha" existe a previsibilidade, pois ambas as
partes atingem pelo menos alguns de seus objetivos e alcança como resultado:
o compromisso com um acordo de perfeição autêntica, através de esforço
mútuo; o estabelecimento de uma base para trabalhar em conjunto no futuro e
o reforço da confiança de uma parte na outra.
27
Em contrapartida, no conflito litigioso de menor intensidade há o
envolvimento de ações de permuta de uma ou ambas as partes ocorrendo,
então:
- a troca, onde se divide a diferença entre as posições e ambas as partes se
ajustam conscientemente evitando um empate forçado, ou ainda, permutando
um ponto por outro;
- a privação, onde se libera parte dos próprios recursos, de maneira equiparada
ao total de recursos cedido pela outra parte quando se faz um acordo,
acontecendo, em alguns casos, uma perda parcial, o que é preferível, diante da
possibilidade de uma perda total. Quando ambas as partes concluem que a
continuação do debate será mais onerosa do que a tomada de decisão,
também pode ocorrer a privação, onde são concebidas as modificações nas
propostas das situações, que até então eram inaceitáveis.
A identificação do tipo de conflito pode auxiliar na opção da estratégia
mais adequada a ser adotada. De um modo geral, o que dever ser observado é
o seguinte: (NASCIMENTO, 2002)
- no conflito latente não existe uma consciência declarada de sua existência,
até mesmo pelas partes envolvidas e quase sempre precisam ser trabalhados;
- no conflito percebido as pessoas envolvidas têm consciência, com
racionalidade da sua existência, mas não estão abertas às suas manifestações;
- no conflito sentido ambas as partes têm consciência de sua existência e
existe a emoção;
- no conflito manifesto o problema já atingiu ambas as partes, sendo percebido
por terceiros e podendo interferir na dinâmica da organização.
28
III – O PERFIL E A ATUAÇÃO DO GESTOR DE PROJETOS PARA
ADMINISTRAR CONFLITOS
Os recursos limitados, independente do porte empresarial também
geram conflitos por serem finitos. Não somente o recurso financeiro; outros
recursos com tal importância suscitam competição entre colaboradores,
gerando, por vezes, conflitos.
A solução de conflitos é de fato, um dos maiores desafios de um
gerente, tendo em vista serem inevitáveis em um ambiente de projetos,
variando desde um leve atrito até um confronto emocional. O conceito de
conflito, segundo Dinsmore (1990) é: “afloramento da discordância entre
indivíduos.” (RAJ el al, 2006)
Numa equipe composta por pessoas com diferentes níveis de educação
que trabalham juntas, tomam decisões e almejam o atingimento de seus
objetivos, o conflito é quase inevitável. Entretanto, a pressão mercadológica
requer uma equipe cada vez mais ativa. Por isso, é competência dos gerentes
de projeto: a identificação, a análise e a avaliação dos valores positivos e
negativos do conflito, bem como, seus efeitos no desempenho do projeto e até
mesmo, aprender de como e quando utilizar o conflito para aperfeiçoar a
atuação dos colaboradores da equipe. (RAJ el al, 2006)
O gerente de projeto para atuar de maneira satisfatória diante de um
conflito estabelecido, deve diagnosticar qual o nível do conflito existente, em
relação à (s) pessoa (s) x grupo (s): intrapessoal, interpessoal, intragrupal e
intergrupal. (RAJ et al, 2006)
A solução de conflitos é de fato, um dos maiores desafios de um
gerente, tendo em vista serem inevitáveis em um ambiente de projetos,
variando desde um leve atrito até um confronto emocional. O conceito de
conflito, segundo Dinsmore (in RAJ, P. P. et al, 1996) é: “afloramento da
discordância entre indivíduos.” (RAJ et al, 2006)
O conflito intrapessoal ocorre em duas ocasiões: quando as pessoas
não estão satisfeitas em relação à função que exercem na empresa e
29
executam tarefas que não contemplam as suas expectativas ou ainda, pessoas
insatisfeitas em relação à sua vida pessoal ou familiar.
No caso supracitado, o nível de conflito pode até não atingir o projeto ou
até mesmo à equipe, mas certamente, acarreta na redução da motivação e da
produtividade pessoal. A atuação do gerente de projeto é fundamental, pois
deve ter a capacidade para entender, que por menos que se queira, as vidas,
pessoal e profissional, se confundem, havendo a necessidade de se aguardar a
recuperação do estado emocional do indivíduo.
O conflito interpessoal pode ocorrer entre determinadas pessoas do
projeto ou entre uma pessoa e o restante da equipe. Os motivos que geram tal
conflito, geralmente são: diferenças de personalidade, habilidade de
comunicação, estilos, egos ou ambições pessoais. Pode ser tanto negativo
quanto positivo, pois o acordo pode acontecer sob um novo paradigma até
então não conjeturado pelo grupo, o que contribui para o desenvolvimento do
mesmo. O autocontrole e a autoestima são imprescindíveis nas relações
interpessoais.
O conflito intragrupal acontece entre um indivíduo e um grupo de
pessoas ou uma equipe de projeto, onde uma pessoa quer trabalhar contra as
normas estabelecidas pela equipe. O gerente de projeto deve ser hábil na
resolução do conflito, sem prejudicar a produtividade da equipe, sem perder o
prazo, atentando para o custo, a qualidade e a satisfação do cliente, e
afastando do projeto, se for o caso, a pessoa que está atrapalhando a equipe.
O conflito intergrupal acontece entre grupos de pessoas de dentro ou de
fora da equipe do projeto. O motivo é o fato de um grupo contrariar as normas
postuladas por outro grupo, com discordâncias interpessoais entre os líderes
ou membros influenciadores desse grupo.
Posteriormente, o gerente deve administrar as interações de grupo para
tomar decisões-chave em relação ao conflito, no que tange à solubilidade, à
intensidade e à motivação. (MARTINELLI & ALMEIDA, 2008)
Em relação à solubilidade, Sparks (1992) classifica como:
- terminal: parece não ter, a priori, possibilidade de acordo. É do tipo “ganha-
perde”;
30
- paradoxal: é difícil de entender e tem solubilidade questionável, por ser
definido de maneira insuficiente. Suas características não são nem de “ganha-
perde” e nem de “ganha-ganha”;
- litigioso: é o que parece ter solução. Caracteriza-se pelo “ganha-ganha”.
Sparks (1992, p. 98) registra que:
Um negociador que adote uma posição litigiosa para um ponto de alta importância, não tendo progresso, em um dado momento passa por um conflito terminal. Caso contrário, arrisca-se ao empate forçado ou ao beco sem saída.
O mesmo autor classifica o conflito também, em relação á intensidade
da seguinte forma:
- conflitos muito intensos: a importância dos interesses inerentes ao conflito é
extrema tanto para o negociador quanto para o seu oponente, causando um
comportamento, no negociador, mais enérgico e ativo;
- conflitos menos intensos: Os interesses possuem menor importância
propiciando ao negociador uma tendência moderada de energia ou até mesmo,
de passividade.
Pode existir uma variável entre os dois níveis, quando no conflito uma
das partes valoriza em demasia a questão negociada e a outra não. Os
negociadores ao utilizarem uma instrução adequada, somente reagem a um
conflito após tomarem ambas as decisões. Do contrário, o risco de agir de
modo incompatível com a resolução do conflito, aumenta. (SPARKS, 1992)
Em relação à motivação, Porter (1973, apud HODGSON, 1996, p. 210)
considera três tipos que permeiam o comportamento humano:
- o que empurra a solução do conflito: É o negociador que gosta das coisas
realizadas, sendo assertivo e entusiástico, colaborando com novas idéias.
Estabelece o objetivo a atingir e através de sua autoridade faz com que
aconteça. Seu destaque está na ação, movimento e cumprimento das tarefas;
- o que ajuda a solucioná-lo: A preocupação do negociador é ajudar a
solucionar o conflito, ponderando o fato de que as pessoas sempre levam em
conta quando há coisas a serem feitas e ajudando ao sentir que pode
31
beneficiar as pessoas. Por vezes, o negociador se retrai e deixa que as
pessoas aprendam com seus próprios erros;
- o que analisa o conflito: A lógica e a ordenação norteiam o negociador na
análise do conflito. Busca fatos para basear sua tomada de decisão. Sua maior
preocupação é a certeza de que as coisas estão sendo realizadas de forma
correta, com lógica e ordenadamente. Não se abala tanto com o
acompanhamento das tarefas e com a consideração às pessoas.
De um modo geral, os gestores possuem um pouco de cada modo para
lidar com conflitos e tendência para adotar um dos três. Porquanto, o que
empurra o conflito, desafia o opositor, no combate e tende a concluir o conflito
com uma solução desagradável; o que se preocupa em ajudar tem a tentativa
de deixar as coisas solucionadas, através de sua entrega; e o que analisa o
conflito descobre os fatos, as regras e a lógica da discussão, e tem a postura
de se retirar por completo do conflito, com ruptura dos contatos.
Alguns comportamentos são imprescindíveis para que o gestor tenha
uma eficaz resolução de conflitos como: a criação de um clima afetivo; o
esclarecimento das diferentes percepções; o foco nas necessidades individuais
e compartilhadas; a construção de um poder positivo e com a participação de
todos os colaboradores da equipe; a visualização do futuro, tendo o passado
como lição e experiência; o desenvolvimento das opções de proveito mútuo; a
incrementação das etapas para a efetivação da ação; e o estabelecimento de
acordos de benefícios mútuos. (NASCIMENTO & MOHAMED, 2002)
Outro fator importante é o estilo que o gerente de projeto adota na
resolução do conflito, da forma mais pacífica possível, e com as características
comportamentais de assertividade e cooperação. Os estilos podem ser:
- competição: o gestor busca a satisfação dos interesses, independentemente
do efeito que cause na outra parte envolvida; tenta convencer a outra parte de
que sua conclusão está correta e a dela está equivocada; e ainda, conduz a
outra parte a aceitar a culpa por um problema qualquer;
- colaboração: o gestor contempla os interesses das partes envolvidas no
conflito e busca um resultado benéfico para todas as partes envolvidas;
32
- compromisso: tal estilo se coloca no padrão médio de assertividade e
cooperação, onde uma das partes envolvidas no conflito desiste de alguns
pontos, levando a distribuir os resultados entre as partes envolvidas.
Existem dois estilos considerados não-assertivos e não-cooperativos:
- evitação: o gestor evita todo e qualquer envolvimento com o conflito,
chegando a negar sua existência e o contato com as pessoas que podem
causá-lo;
- acomodação: a parte que utiliza este estilo tende a apaziguar a situação,
chegando a colocar as necessidades e interesses da outra parte acima dos
seus.
As atitudes de competição, colaboração e compromisso colaboram para
que a negociação ocorra, de uma forma a contemplar as partes envolvidas,
uma vez que ambas as partes ficam propensas para:
- saber comunicar: a comunicação depende do diálogo que acarretará na
solução dos problemas existentes, pois os erros, omissões, irritações e atrasos
são esclarecidos acarretando numa comunicação adequada;
- saber ouvir: a demonstração de interesse pela pessoa que fala e pelo
assunto, sem criticar e adotando uma posição afirmativa com respeito por
quem fala conduz a uma resolução com sucesso;
- saber perguntar: é uma questão incluída no ouvir ativamente, tendo em vista
que o questionador é quem conduz a conversa.
As oportunidades de crescimento mútuo têm origem nas tensões
conflitivas, dos diferentes interesses das partes envolvidas. Porquanto, a
administração de situações de conflito é essencial para as pessoas e as
organizações como fonte geradora de mudanças.
Os fatores que mais propiciam o surgimento do conflito são as
diferenças individuais, os diferentes níveis de competência interpessoal e as
diversas percepções do mundo. As questões relacionadas ao trabalho ou à
estrutura organizacional também suscitam conflitos. No entanto, a capacidade
e a habilidade para ouvir e compreender melhor as diferentes percepções
permitem a possibilidade da eficácia no processo de comunicação.
33
CONCLUSÃO
Até então, os conflitos eram percebidos como danosos ou nocivos,
sendo ignorados, na maior parte das situações. Passou a ser um sério
problema nas empresas, pelo fato das pessoas terem objetivos e interesses
divergentes, podendo ocorrer entre duas pessoas ou mais partes, ou seja,
entre grupos de pessoas.
É fundamental considerar os conflitos como sendo inerentes ao cotidiano
do trabalho, e que na visão contemporânea, diferentemente da percepção
passada são importantes para a evolução tanto da equipe quanto do gestor
que deve discutir os aspetos positivos e negativos com suas influências na
equipe. Para tal é imprescindível a capacidade e a habilidade para ouvir e
compreender melhor as diferentes percepções o que permite a eficácia no
processo de comunicação.
Atualmente, o conflito compõe as situações empresariais, e por isso a
eficácia de sua gerência é imprescindível, tendo como objetivo a promoção de
mudanças e o aumento da criatividade no trabalho em equipe.
Os conflitos são continuados em equipes de trabalho. No entanto, a
deficiência de sua gestão, tanto da própria equipe quanto de sua gerência é
constatada, por estarem inseridas num modelo clássico.
Analisando as possíveis causas do conflito se detecta a frustração de
uma ou de ambas as partes, pela incapacidade no atingimento das metas e na
realização de seus desejos; as diferenças de personalidade que emergem no
relacionamento cotidiano através de algumas peculiaridades não admiradas
pela outra parte envolvida; as metas diferentes que podem causar tensões
devido à busca de seus alcances e às divergências de informações e
percepções.
Os conflitos decorrem de problemas interpessoais e de atuações de
liderança escassas, por serem ignorados. Por serem inevitáveis, por vezes,
suas causas conduzem a conseqüências inovadoras e estimulantes à
34
criatividade. No entanto, devem ser geridos de modo eficaz, pois caso contrário
a probabilidade de aumentarem é grande.
Ainda que o conflito possua vários níveis, o que se percebe é que
quanto maior o nível atingido, maior é a dificuldade para encontrar a solução.
Por isso, logo que seja reconhecido, maior a possibilidade de implementar
ações construtivas e que contemplem as partes. Ignorá-lo ou reprimi-lo pode
colaborar para o seu crescimento e agravamento.
A forma estruturada para a solução de um conflito é encontrar uma
solução integrativa de problemas, onde se identifica as considerações das
partes envolvidas, se busca alternativas com as devidas consequências para
ambas as partes e se opta pela alternativa mais favorável, ou seja, a que
contempla as partes envolvidas.
Na administração de conflito é fundamental que o gerente de projetos
adote planos de ação e estratégias para auxiliar em sua gestão. Tais
providências devem ser dotadas de idéias inovadoras que conduzam a
polêmicas, em determinados assuntos, permitindo a expressão e a sondagem
de diferentes percepções, interesses e valores.
Para a eficácia na opção dos planos de ação e estratégias é importante
que o gerente analise o referencial teórico sobre gestão de conflitos,
subsidiando-o para diagnosticar os fatores que contribuem para o conflito
como: questões de trabalho, estrutura organizacional, diferenças individuais e
níveis de competência interpessoal.
Um dos melhores recursos para solucionar um conflito é a negociação,
pois mesmo diante da divergência de interesses, de necessidades e de
opiniões tem origem de uma forma amigável sendo por isso, o recurso mais
utilizado.
Os tipos de conflito proveitosos e favoráveis são a discussão e a
competição aberta, por favorecerem a solução ideal com contribuições das
diferentes percepções em discussões produtivas e construtivas. Tal medida
favorece o aumento do interesse individual, o envolvimento em uma questão, e
até mesmo, propicia a descoberta de certas habilidades que algumas pessoas
nem percebiam possuir, uma vez existir o almejado “ganha-ganha”.
35
Uma das atribuições mais desafiadora do gerente é a solução de
conflitos por serem inevitáveis em um ambiente de projetos, variando desde um
leve atrito até um confronto emocional com equipes compostas por pessoas
com diferentes níveis de educação que trabalham juntas, tomam decisões e
almejam o atingimento de seus objetivos.
Um gerente de projeto precisa entender e diagnosticar, de forma
correta, a causa do conflito, identificando, analisando e avaliando seus valores
positivos e negativos, para agir posteriormente, de acordo com as
personalidades dos colaboradores envolvidos, adotando as estratégias de
comunicação e de negociação que estabeleçam um clima de confiança e
respeito.
Nos dias atuais o conflito é considerado positivo, por ser percebido como
a origem de novas idéias, com discussões abertas, permitindo a expressão e a
exploração das diferentes interpretações, interesses e valores. Porquanto, o
conflito não é necessariamente negativo e administrá-lo consiste na opção e na
implementação, com exatidão, das estratégias condizentes aos diferentes tipos
de situação.
As tensões conflitivas dos diversos interesses das partes envolvidas
geram oportunidades de crescimento mútuo. Assim, administrar as situações
de conflito de forma eficaz gera mudanças pessoais e organizacionais. Para tal,
a eficácia no processo de comunicação é fundamental, o que exige que o
gerente de projeto desenvolva a capacidade e a habilidade para ouvir e
compreender as diversas percepções.
É importante que o gestor adote um estilo de resolução de conflito, da
forma mais pacífica possível e com as características comportamentais de
assertividade e cooperação e que podem ser: a competição, a colaboração e o
compromisso.
Tais atitudes convergem para a ocorrência da negociação, por
considerar as partes envolvidas, que por sua vez, sabem se comunicar, se
ouvem e sabem perguntar.
36
Os fatores que mais contribuem para a ocorrência do conflito são as
diferenças individuais, os diferentes níveis de competência interpessoal e as
diversas percepções do mundo.
As questões relacionadas ao trabalho ou à estrutura organizacional
também suscitam conflitos, porém, a capacidade e a habilidade para ouvir e
compreender melhor as diferentes percepções possibilitam a eficácia no
processo de comunicação.
As oportunidades de crescimento mútuo têm origem nas tensões
conflitivas, dos diferentes interesses das partes envolvidas. Porquanto, o gestor
na administração de situações de conflito tem uma função substancialmente
importante, por serem tais situações essenciais para as pessoas e para as
organizações por proporcionarem mudanças.
Assim sendo, na administração de conflitos é imprescindível que o
gestor examine cuidadosamente, os paradigmas e altere o estilo de gestão,
caso seja necessário. Um gestor contemporâneo precisa saber lidar com
imprevistos, ser dotado de flexibilidade, distribuindo seu poder com seus
colaboradores no que tange à tomada de decisões, o que contempla as
expectativas diversas, tendo em vista obter uma solução justa para todos
através do compromisso das partes envolvidas.
37
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2008. BLAKE e MOUNTON: In VERMA, V. K. Human resource skills for the project manager. Sylva, Nc: Project Management Institute, 1996. In: RAJ, P. P. et al. Gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2006. BROWN, L. D. Managing conflict at organizational interfaces. Reading Mass: Addson-Wesley, 1983. In: MARTINELLI, Dante P; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2008. DINSMORE, P. C. Human factors in Project management. New York: Amacom, 1990. In: RAJ, P. P. et al. Gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2006. FILLEY, Alan C. Interpersonal conflicti resolution. Glenview: Scott, Foresman and Co, 1975. In: RAJ, P. P. et al. Gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2006. FOLLET, K. In: HAMPTON, D. R. Administração: comportamento organizacional. São Paulo: McGraw-Hill, 1991. GMELCH, W.H. Coping with faculty stress. London: Sage, 1993. In: RAJ, P. P. et al. Gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2006. HAMPTON, D. R. Administração: comportamento organizacional. São Paulo: McGraw-Hill, 1991. HANDY, C. Understanding Organisations. New York: Peguin Books, 1983. In: MARTINELLI, Dante P; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2008. HODGSON, J. Thinking on your feet in negotiations. Londres: Pitman, 1996. In: MARTINELLI, Dante P; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2008. LEBEL, P. L’art de La négociation. Paris: Lês Éditions D’Organisation, 1984. In: MARTINELLI, Dante P; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2008.
38
MARTINELLI, Dante P; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2008. NASCIMENTO, Eunice Maria; EL SAYED, Kassem Mohamed. Gestão Empresarial: Administração de conflitos. Coleção Gestão Empresarial - FAE Business School, Curitiba: Editora Gazeta do Povo, 2002. NASCIMENTO, Eunice Maria; EL SAYED, Kassem Mohamed. Administração de Conflitos. In_Volume V - Gestão do Capital Humano, Coleção Gestão Empresarial - FAE Business School, Curitiba, Editora Gazeta do Povo, 2002, Cap. 4, p.47-56. Disponível no sítio http://www.fae.edu/publicacoes/colecao_gestao.asp (visualizado em 28/05/2005). RAJ, Paulo Pavarini.; BAUMODTE, Ana Cláudia Trintenaro; FONSECA, Dóris Pereira D’Alincourt; SILVA, Lauro Henrique de Carvalho Monteiro da. Gerenciamento de Projetos: gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2006. SALAMAN, G. Management development and organisational theory. Journal of European Industrial Training, v. 2, nº 7, 1978. MARTINELLI, Dante P; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2008. SELYE, Hans. Stress without distress. Philadelphia: Lippincot, 1974. In: RAJ, P. P. et al. Gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2006. SERVAN-SHREIBER, D. Curar: o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamento nem psicanálise. São Paulo: Sá, 2004. SPARKS, D. B. A dinâmica da negociação efetiva: como ser bem-sucedido através de uma abordagem ganha-ganha. São Paulo: Nobel, 1992. In: MARTINELLI, Dante P; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2008. THAMHAIN, H. J; WILEMON, D. L. Confliti management in project oriented work environments. In: Project Management Intitute Annual Seminares & Simposium, 1974. PMI proceedings. Washington, DC: PMI, 1965. In: RAJ, P. P. et al. Gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2006. VERMA, V. K. Human resource skills for the project manager. Sylva, Nc: Project Management Institute, 1996. In: RAJ, P. P. et al. Gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
39
Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/563878/ADMINISTRACAO-DE-CONFLITOS-Eunice-Maria-Nascimento>. Acesso em: 22/05/2010.