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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES SUPERVISÃO PEDAGÓGICA PARTICIPATIVA: SUAS INFLUÊNCIAS NUM MELHOR DESEMPENHO ACADÊMICO DE DOCENTES E DISCENTES NO AMBIENTE ESCOLAR Noemi Freitas Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para obtenção do Título de Pós- graduação sob a orientação da Professora Esther Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

SUPERVISÃO PEDAGÓGICA PARTICIPATIVA: SUAS INFLUÊNCIAS NUM MELHOR DESEMPENHO ACADÊMICO DE DOCENTES E DISCENTES NO AMBIENTE ESCOLAR

Noemi Freitas

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para obtenção do Título de Pós-graduação sob a orientação da Professora Esther

Rio de Janeiro

2009

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Noemi Freitas

SUPERVISÃO PEDAGÓGICA PARTICIPATIVA: SUAS INFLUÊNCIAS NUM MELHOR DESEMPENHO ACADÊMICO DE DOCENTES E DISCENTES NO AMBIENTE ESCOLAR

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para obtenção do Título de Pós-graduação sob a orientação da Professora Esther

Rio de Janeiro

2009

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AGRADECIMENTOS

Aos professores,em especial a minha orientadora por sua dedicação e competência na tarefa de nos transmitir o que aprenderam ao longo da vida.

.

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Dedico este trabalho à minha família, por todo o incentivo e apoio que recebi ao longo de minha carreira.

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Epígrafe

““O educador deve ser não um sábio, mas sim um homem diferenciado por sua

educação, pela força de seus costumes, pela naturalidade de seus modos, jovial,

dócil, acessível, franco, enfim, em quem se encontre muito que imitar e pouco que

corrigir”SIMON BOLIVAR

.

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RESUMO

O presente estudo tem por objetivo discutir textos e reflexões sobre Supervisão pedagógica participativa: suas influências num melhor desempenho acadêmico de docentes e discentes no ambiente escolar. Enfatizar-se que alguns dos principais problemas encontrados no ambiente escolar é a relação conflituosa do corpo docente e discente com a supervisão escolar, (falta de comunicação ou ambiguidade), causando alguns desconfortos pedagógicos diante de encruzilhadas do trabalho diário. Pretender-se-á debater os dilemas do cotidiano escolar, usando como fonte fichamento de livros (vide bibliografia), com o objetivo de formar um bom embasamento teórico sobre o assunto, atingindo assim um panorama atualizado e abrangente, tanto das questões relevantes à pratica escolar atual, quanto das novas perspectivas para o seu enfrentamento. Esse trabalho se propõe a identificar qual deve ser a atuação do supervisor educacional junto ao professor e aluno no ambiente escolar.

Palavras-chaves: Ambiente escolar, Profissional Supervisor, Processo

Educacional, Professor e aluno, mudanças, transformação.

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METODOLOGIA

A metodologia a ser usada para o trabalho será o método dedutível, de cunho

bibliográfico. A partir de uma análise qualitativa, usaremos a pesquisa teórica tendo

por objetivo debater os dilemas do cotidiano escolar presente nas atividades

educacionais contemporânea, buscando respostas possíveis nas leituras em torno

da temática, visando reunir diversos referenciais teóricos e soluções alternativas

para o problema em foco. Serão tratados como objetos de estudo, recentes artigos,

revistas científicas, livros textos, artigos de Internet e folders especializados. Dado

a relevância e extensão do assunto, a exposição de alguns tópicos será sucinta,

apenas com o intuito de dar compreensão ao tema proposto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

I. O que é a supervisão pedagógica

1.1 O profissional Supervisor

2. A supervisão pedagógica e o corpo docente

2.1 O supervisor e as reuniões pedagógicas

2.2 Compete ao supervisor pedagógico

3. A supervisão pedagógica e o corpo discente

3.1 Entraves à eficácia no trabalho do supervisor na escola

3.2 O Papel da liderança em Supervisão Educacional

3.3 A indisciplina escolar e o papel do Supervisor Escolar

CONCLUSÃO

REREFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ITRODUÇÃO

Esta monografia aborda o tema supervisão pedagógica participativa: suas

influências num melhor desempenho acadêmico de docentes e discentes no

ambiente escolar. Um dos principais problemas encontrados no ambiente escolar é a

questão do supervisor pedagógico e suas influências junto ao corpo docente e

discente, tendo se tornado às vezes um dos maiores obstáculos pedagógicos nos

dias atuais. A função supervisor pedagógico nem sempre é bem delimitada,

encontramos no ambiente escolar a falta de comunicação em ambigüidade.

Ao refletir sobre a escolha do tema apareceu – me que a função supervisor

pedagógico enfrenta algumas encruzilhadas no trabalho diário, às vezes

percebemos alguns desconfortos pedagógicos, diante da convivência social, onde

não só professores, diretores e alunos têm a sua frente algumas questões de suma

importância a serem abordadas, trazendo mais participação efetiva do supervisor

pedagógico na reflexão dos educadores e alunos na formação para vida, ajudando a

enxergar mais longe.

Esse trabalho com o tema de estudo de grande importância se propõe a

identificar qual deve ser a atuação do superior escolar em se tratando de uma

influência mais participativa no melhor desempenho acadêmico, nas atividades

educacionais.

Sabemos que o desafio fundamental que se propõe para supervisão

pedagógica, extrapola a esfera especificamente pedagógica. Pretendemos

apresentar algumas reflexões sobre o papel do supervisor pedagógico na sua

relação com o professor e alunos e como ele pode contribuir para construção do

conhecimento gerando relações entre pessoas, saberes, agir e conhecer,

construindo assim um desempenho acadêmico satisfatório, ser formador é oferecer

teoria e as condições para aprimorar as práticas.

O supervisor pedagógico deve ir além do profissional com os professores é

preciso se colocar ao lado ou no lugar deles para se compartilhar problemas,

superações e conquistas. Precisamos estar em sintonia em prol do sucesso da

escola.

Aprimorar o trabalho pedagógico é um dever, sua atuação se potencializa

quando é integrada ao trabalho dos professores, considerar os outros nas decisões

cotidianas é fundamental para a boa ação do superior.

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A metodologia utilizada será a dedutível, usando embasamento teórico

abrangente atualizado, buscando respostas possíveis em torno das temáticas e

possíveis soluções.

“Acreditamos que, ao focalizar o cotidiano escolar, mostrando alguns desafios que os coordenadores enfrentam no dia – a – dia, bem como identificando seus movimentos e processos e relevando nossa compreensão de como na relação que permeiam a vida da escola, além de aprofundarem a ampliarem a compreensão que os próprios coordenadores têm de seu trabalho.” (ALMEIDA e PLACO, 2003: p.07)

Esta monografia está dividida em três capítulos. O primeiro cujo título é o que

é a supervisão pedagógica, aborda os seguintes aspectos a função supervisora, o

que se define como supervisor, como se entende, a idéia e a situação atual do

supervisor escolar.

O segundo capítulo trata da supervisão pedagógica e o corpo docente, o

relacionamento interpessoal, o supervisor e a constituição do grupo de professores,

o supervisor e as reuniões pedagógicas, o supervisor como agente de transformação

da escola, o supervisor e a formação docente.

O terceiro capítulo fala sobre a supervisão pedagógica e o corpo discente;

estabelecimento de parcerias com o aluno, as expectativas dos alunos, o supervisor

como autoridade, as relações com as famílias e a indisciplina na escola.

Na Conclusão foram retomadas e problematizadas as idéias centrais desta

investigação e seus limites, bem como as perspectivas e possibilidades que ficam

abertas para o desenvolvimento de novos trabalhos.

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CAPÍTULO I

O QUE É A SUPERVISÃO PEDAGÓGICA

Segundo Medina (2002 p. 12), a Supervisão, como disciplina, no quadro de

um sistema formal de ensino aprendizagem, é um corpo de conhecimentos e

instrumentos que permite a análise, coordenação e orientação das atividades

pedagógicas, ao mesmo tempo que identifica, classifica e satisfaz necessidades de

formação, em sentido lato. Num sentido mais restrito, a Supervisão Pedagógica

assume-se igualmente como uma plataforma comum de reflexão, aprendizagem e

integração de saberes e competências quer numa dimensão pedagógico-didática

quer numa dimensão prático-moral.

Para Andrade (1979 p.43), “Supervisão Educacional é o processo pelo qual

se orienta a Escola como um todo, para a consecução de suas finalidades”.

Já Alves (1985p.8), define a Supervisão Educacional como “um processo

dinâmico que garante parâmetros para a relação ensino-aprendizagem

que se realiza na escola”.

Lemus (1975 p.07,) apresenta uma das mais antigas definições, a supervisão

educacional trata do que, como, quando, a quem e com que propósito se deve

ensinar, proposta por Elliot, em 1914.

Numa perspectiva geral, supervisão significa, segundo Williams e Pereira (1999,

p.12), "visão sobre, ver por cima de", ou seja, não é mais do que o ato de exercer

um controle de qualquer processo (educativo ou de produção).Os autores salientam

ainda a relevância do processo de supervisão pedagógica no estágio como fator de

importância fundamental na preparação de professores.

Apesar da abrangência das definições os autores acima descritos definem

supervisão pedagógica como:

a. Uma estratégia de formação que implica uma relação entre duas

pessoas, supervisor e supervisado, em que o primeiro recolhe e

analisa as dificuldades manifestadas pelo segundo na sua área de

intervenção, aconselhando-o e ajudando-o a ultrapassar essas

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mesmas dificuldades. Revela-se assim como uma relação de ajuda e

cooperação.

b. Um contato permanente entre os intervenientes, uma relação

sistemática que se deve desenvolver num clima relacional positivo.

c. Um processo aberto em termos metodológicos na medida em que

recorre a diversas técnicas de formação.

1.1 O Profissional Supervisor

A função supervisora pode ser encontrada na figura do pedagogo tal como se

configurou na Grécia, o ato através do qual o escravo conduzia as crianças até o

local onde os preceptores lhes ministravam ensinamentos.

Ao considerar os diferentes determinantes atribuídos ao nome da profissão de

supervisão, ao longo de sua existência, assim como suas diferentes significações e

abrangências, faz-se necessário conhecê-los para, então, eleger aquele adequado à

proposta de um estudo relacional.

Segundo Lima (RANGEL org. 2001 p. 76), ‘a supervisão foi imposta à

educação brasileira como uma necessidade de ‘modernização’ e de ‘assistência

técnica’, a fim de garantir a qualidade do ensino, mas, também, para assegurar a

hegemonia da classe dominante’.

De acordo com Girardi (1982 p.18), para exercer a função de Supervisor

Pedagógico faz-se necessário que o indivíduo além da formação acadêmica em

“Pedagogia, preferencialmente com habilitação em Supervisão Escolar, deve ter

experiências em atividades pedagógicas, conhecer as políticas educacionais que

norteia a Educação Básica, ter conhecimento sobre a legislação federal e estadual

referente à área educacional” seja antes de tudo compromissado com a educação

pública, ter espírito de liderança, sensibilidade para lidar com pessoas, saber

trabalhar em equipe e antes de tudo, ter competência técnica e ética profissional.

De acordo com Girardi (1982 p.14), o profissional Supervisor Educacional,

possui algumas qualidades e aptidões indicam e determinam o seu exercer a ação

supervisora, uma vez que destes atributos depende a consecução dos objetivos que

permeiam a profissão em si de especialista em Educação: Lucidez quanto à

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Educação: o Supervisor Educacional é aquele profissional que possui idéias claras

quanto à Educação, e opta por uma filosófica para poder saber o que a escola que

obter com seu processo educativo. Para agir corretamente é preciso saber os

caminhos de ação.

Supervisor – Alguém que vê, olha, contempla. Alguém consciente, acordado, atento. A visão, porém, se dá numa amplidão de horizontes que apanha toda a circunstância educativa. Supervisionar implica, portanto, numa posição que possibilite a compreensão de uma abrangência que alcance a realidade educativa global. Girardi (In: Síntese do Trabalho Desenvolvido no III Encontro Estadual de Supervisores de Educação, promovido pela ASSERS, de 25 a 27 de agosto de 1982, em Porto Alegre, p. 15).

Silva Júnior e Rangel (1997.p.12) dizem que, o supervisor, como qualquer

profissional, em seu curso de formação e em sua prática, prepara-se para atuar

como especialista, no caso, como coordenadora do processo curricular, seja em sua

formulação, execução, avaliação ou reorientação. E é instrumentalizada para

coordenar o processo de construção coletiva do projeto político-pedagógico da

escola. Ressaltam também que a supervisão escolar não se detenha em sua

superfície, mas atinja camadas mais profundas, onde se encontram as raízes de

questões que envolvem o trabalho educativo.

Silva Junior (1997 p.102) afirma “que supervisionar uma escola é orientar sua

administração para a realização do ensino, seu objetivo precípuo”. Como conseguir

efetivamente essa realização deve ser a preocupação central do processo de

formação dos supervisores.

Alves (1985 p.06), relata que no contexto histórico, a profissão de supervisor

educacional foi utilizada na Grécia Antiga onde era de costume o treinamento dos

seus estudantes para obterem o controle de seus alunos. Na Idade Média, o

governo enviava às escolas um professor controlador, a fim de desenvolver aspectos

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morais e religiosos da instituição com objetivo de manter sob vigia todo o processo

educacional e sua forma de transmissão. Eles acreditavam que, com esta atitude, a

supervisão escolar teriagarantido sua execução de aprendizado.

De acordo com dados do PABAEE (Programa de Assistência Brasileira

Americana ao Ensino Elementar.p.02), a deficiência de profissionais qualificados em

Supervisão Educacional fez com que, em 1958, após a 2ª. Guerra Mundial, um

grupo de professores selecionados em ambiente escolar, por seu espírito de

liderança, alguma noção da língua inglesa e competência profissional fossem

enviados para especialização. Este grupo introduziria para os demais colegas suas

novas técnicas e percepções.

A reforma do Curso Superior – Lei n. 5.540/68 – ao instituir, dentre outras

habilitações, a de supervisor escolar na graduação, consolidou a presença da

supervisão no contexto educacional brasileiro, ampliou seu campo de atuação

paratodo o ensino de 1.° e 2.° graus e, pelo Currículo proposto, obrigatório, garantiu

dessa forma a continuidade da formação conservadora a ser dada a tal profissional,

dentro da visão tecnicista da educação, sempre acompanhando o modelo

econômico vigente.

Em 1971, de açodo com Gasparotto (1996 p.12), a formação dos

supervisores passou a ser oferecida pelas Faculdades de Educação, com habilitação

específica em Supervisão Escolar de 1o. e 2o. graus. Fica claro que, os dispositivos

legais e diretrizes emanadas dos organismos supervisores de educação

influenciaram decisivamente nas características do desempenho da função de

supervisor.

Projeto De Lei N° 290 de 2003 do Deputado Nelson Härter que regulamenta o

exercício da profissão de Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, e dá outras

providências. Descritas abaixo:

Art. .1º. – A profissão de Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, regula-se

por esta lei.

Art. 2º – O Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, tem como objetivo de

trabalho articular crítica e construtivamente o processo educacional motivando a

discussão coletiva da Comunidade Escolar acerca da inovação da prática educativa

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a fim de garantir o ingresso, a permanência e o sucesso dos alunos, através de

currículos que atendam às reais necessidades da clientela escolar, atuando no

âmbito dos sistemas educacionais Federal, Estadual e Municipal, em seus diferentes

níveis e modalidades de ensino e em instituições públicas e privadas.

Art. 3º – O exercício da profissão de Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar,

é exclusivo dos portadores de diploma de curso superior, devidamente registrado

pela Universidade formadora e/ou por Universidade indicada pelo Conselho Nacional

de Educação, nas seguintes modalidades;

I – de licenciatura plena em Pedagogia, habilitação em Supervisão Educacional, ou

Supervisão Escolar;

II – de pós-graduação em Supervisão Educacional, ou Supervisão Escolar;

III – emitido por instituições estrangeiras de ensino superior, congêneres,

devidamente revalidado e registrado como equivalente ao diploma mencionado nos

incisos I e II, na forma da legislação em vigor.

A existência de cursos de Pedagogia com habilitação em Supervisão Escolar

nas Faculdades e Universidades Brasileiras possibilitaram formar profissionais

habilitados em Supervisão Escolar em todo o País. A historia da Supervisão

Educacional acompanha a história da Educação .

As instituições que oferecem cursos com habilitação em supervisão se

defrontam com problemas com os acadêmicos que buscam se preparar para o

exercício da futura profissão. Por estarem sobrecarregados pelo excessivo número

de seus encargos, os futuros pedagogos supervisores não podem se dedicar ao

curso de formação, o tempo e o empenho indispensáveis a uma preparação

criteriosa à nova função que aspiram

Posto que a Profissão de Supervisor Educacional é sempre mal remunerada,

e quando o mesmo se forma, há a necessidade deste profissional estar

trabalhando muitas vezes em mais de uma escola, dificultando ainda mais com a

necessidade da multiplicação dos locais de trabalho dos professores obrigados à

fragmentação de sua jornada, pois muitas vezes assim se faz necessário com

remuneração por hora aula. Muitos educadores assumem aulas em várias escolas

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para atingir o número de aulas que lhes são estipuladas, outros para garantir uma

remuneração que lhes dêem uma estabilidade econômica além de seu padrão

assumem aulas extras.

O supervisor pode ser visto no contexto educacional atual como sendo um

instrumento minimizador de problemas qualitativos referentes ao sistema escolar e

também como um acionador dos mecanismos capazes de elevar quantitativa e

qualitativamente a qualidade educacional do sistema de ensino como um todo.

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CAPÍTULO II

A SUPERVISÃO PEDAGÓGICA E O CORPO DOCENTE

Com a implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, MEC,

1997,p.3), a supervisão educacional poderá ser uma grande aliada do professor na

implantação, associada à avaliação crítica, desses parâmetros. Porém para que

esse objetivo seja alcançado, será preciso que a supervisão seja vista de uma

perspectiva baseada na participação, na cooperação, na integração e na

flexibilidade. Nesse sentido, reconhece-se a necessidade de que o supervisor e o

professor sejam parceiros, com posições e interlocuções definidas e garantidas na

escola.

A década de 90 assiste, então, à redescoberta da Supervisão, apontada como

um dos instrumentos necessários à 'mudança' nas escolas. Contudo, a educação,

como aparelho de um sistema político, ainda enxerga na figura do supervisor, um

‘mero intermediário na implantação de novas propostas curriculares amplamente

divulgadas pelos órgãos oficiais’ (RANGEL in FERREIRA org., 2000.p.27).

Diante das perspectivas o supervisor escolar representa uma figura de

inovação. Aquele profissional que assume o papel fundamental de decodificar as

necessidades, tanto da administração escolar, a fim de fazer com que sejam

cumpridas as normas e como facilitador da atividade docente, garantindo o sucesso

do aprendizado. Contudo, a ação supervisora tornar-se-á sem efeito se não for

integrada com os demais especialistas em educação, (Orientador Escolar, Secretário

Escolar e Administrador Escolar) respectivamente.

Conforme explica Rangel o trabalho do Supervisor abrange o escolar e o

educacional e aceita como próprias do trabalho, as atividades de coordenação e

orientação:

A coordenação implica criar e estimular oportunidade de organização comum do trabalho em todas as suas etapas. A orientação implica criar e estimular oportunidades de estudos coletivos, para análise da prática em suas questões e em seus fundamentos teóricos, em seus problemas e possíveis soluções, que se trocam e se aproximam nos relatos das experiências. (RANGEL in FERREIRA org., 2000.p.27).

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Segundo Medina (2002, p.32) é o trabalho do professor que dá sentido ao

trabalho do supervisor escolar, pois á a partir de sua realidade e dificuldades

pedagógicas que poderá haver uma ação conjunta voltada para a produção do

professor.

Medina (2002,p.39), ressalta ainda que professor e supervisor têm seu objeto

próprio de trabalho: o primeiro, o que o aluno produz; e o segundo, o que o professor

produz. O professor conhece e domina os conteúdos lógico-sistematizados do

processo de ensinar e aprender; o supervisor possui um conhecimento abrangente a

respeito das atividades de quem ensina e das formas de encaminhá-las,

considerando as condições de existência dos que aprendem (alunos).

De acordo com Alarcão (2003 p.07), o sucesso do trabalho da supervisão

dependerá da relação entre o trabalho do supervisor e os educadores. Não basta

valorização do companheiro se não houver empenho como pessoa e como

educador.

Sobre esse conceito se pronunciou Rangel:

O supervisor apresenta-se, então, como um líder (reconhecido pela competência, pela identificação com os interesses coletivos) que mobiliza, que dinamiza encontros para a discussão e atualização teórica das práticas. (RANGEL 2000, p.148).

O supervisor tem um papel político, pedagógico e de liderança e controle no

espaço escolar Ferreira (2000), atribui um significado positivo para o termo ‘controle’,

relacionado à atividade do profissional da educação. Segundo a autora.

o controle necessário é o que se fará na construção coletiva do projeto acadêmico/educacional à luz dos princípios e elementos mencionados (liberdade e solidariedade) e do saber científico na sua forma mais elaborada, que possibilite o domínio de conteúdos e de habilidades cognitivas superiores, que devem ser estudados, discutidos,

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rediscutidos reincorporados à prática supervisora que o profissional da educação deverá exercer no âmbito educacional/escolar. (FERREIRA 2000, p.98-99)

O Supervisor escolar precisa de uma liderança com visão, que promova os

valores da democraticidade e desenvolva programas supervisivos com impacto na

melhoria do ensino e da aprendizagem. Ou seja, o trabalho com os professores, é

realizado, através deles, para chegar aos alunos. Objetivando que a educação seja

melhor, que o ensino seja melhor. Passa-se pelos professores, mas tem-se em

mente que o objetivo último é a qualidade da educação.

Saviani acredita na possibilidade de uma nova identidade para a ação

supervisora, a ser construída a partir de um trabalho coletivo, Professor/Supervisor:

O autor caracterizou o supervisor educacional no contexto do II Encontro Nacional

de Supervisores, realizado em outubro de 1979, como sendo ‘uma função

precipuamente política e não principalmente técnica’ (FERREIRA 2000, p. 32). Dos

Anais do Encontro, consta o desafio posto para a função, proposto pelo autor, em

meados da década de 80:

Com efeito, é no interior de uma escola

unitária e universalizada , destinada à formação

omnilateral dos indivíduos, que a supervisão,

entendida como concepção e controle das

atividades dos agentes educativos, poderá tornar-

se uma ação coletiva desses mesmos agentes

que, assim, se apropriam plenamente do mundo

objetivo, aprendendo, por este caminho, a

controlar suas próprias ações e, por elas,

assumindo o controle do complexo de

instrumentos que o próprio homem criou e colocou

em funcionamento a serviço de suas

necessidades, objetivos e aspirações (FERREIRA,

2000, p. 32).

A criação a partir de um trabalho coletivo, fundamentado na complexidade na

solidariedade, na participação e na responsabilidade coletiva são, conforme

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(Ferreira, 2000, p.249). os pilares para a construção de diversas formas de

conhecimento, que traz uma maneira humana e prudente de estar num mundo

atento e disposto, de forma responsável e comprometida’ A emancipação dar-se-á

pela disposição constante do homem, para a aquisição de novos saberes.

2.1 O supervisor e as reuniões pedagógicas

O supervisor pedagógico é o responsável pela parte pedagógica e o elo entre

o diretor e demais membros da equipe pedagógica, a ele cabendo a função de

orientar e acompanhar o desenvolvimento das atividades do processo ensino-

aprendizagem, propondo novas metodologias e sugerindo alternativas que possam

solucionar problemas existentes.

2.2 Compete ao supervisor pedagógico

A supervisão escolar se justifica como um meio de garantir a execução do

que foi planejado. Esclarece que a responsabilidade do supervisor, como

especialista da educação é de trabalhar em função do desenvolvimento do homem,

da promoção humana.

Subsidiar a Escola e promover a troca de informações e experiências entre

equipes escolares, sobre estratégias para implementar o trabalho pedagógico

coletivo, novas metodologias e práticas avaliativas, atuação eficiente dos órgãos

colegiados e de formas diferenciadas de atuar sobre as dificuldades dos alunos e

professores no decorrer do ano letivo, evitando-se, com tais medidas, reprovações”

indevidas. Compete ainda à equipe de Supervisores "orientar, acompanhar e

fiscalizar os procedimentos dos recursos contra os resultados da avaliação"

(Indicação CEE 12/96).

É o Supervisor Educacional um criador de cultura e de aprendizagens não apenas intelectual e/ou técnica, mas também afetiva, ética, social e política, que se questiona e questiona o circunstancial, definindo e redefinindo propriedades em educação

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nomomento histórico brasileiro. Silva(1985, p.68).

O supervisor escolar deverá ser capaz de desenvolver e criar métodos de

análise para detectar a realidade e gerar assim estratégias para agir.

É interessante observar os termos da Resolução n° 2, de 7/4/98, do Conselho

Nacional de Educação, ao focalizar a práxis da função do supervisor, conforme cita

Rangel ( apud Ferreira, 2002, p. 78-79) o Inciso IV, que diz: Em todas as escolas

deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma base nacional

comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na

diversidade nacional. A base comum nacional e sua parte diversificada deverão

integrar-se em torno de paradigma curricular que vise a estabelecer a relação entre

a educação fundamental. A vida cidadã, através da articulação entre vários dos seus

aspectos .

Dessa forma se observa que os temas da vida cidadã em uma perspectiva de

contextualização e interdisciplinar são princípios especiais da nova proposta

curricular na Resolução nº 2/98, tendo o supervisor a função especial de atender

todos os aspectos da vida.

[...] é preciso ter pessoas altamente qualificadas neste âmbito a fim de ajudar na coordenação da travessia, não como o ‘iluminado’, dono da verdade, mas naquela perspectiva que apontamos do intelectual orgânico: alguém que ajuda o grupo na tomada de consciência do que está vivendo para além das estratégias de intransparências que estão a nos alientar. Vasconcellos (2002, p. 71.

É também função do supervisor escolar construir o Projeto Político

Pedagógico da escola, envolvendo direção, orientação, comunidade, funcionários e

professores, pois todos serão responsáveis pela educação dos futuros cidadãos que

constituirão uma nova concepção de mundo. E para que isso aconteça é preciso que

o setor pedagógico seja assumido por pessoas qualificadas para se ter qualidade no

serviço oferecido; qualidade essa merecida pela educação.

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Para que o trabalho do supervisor tenha sucesso e resultados é importante

que o mesmo se torne um organizador de reflexões educativas com os demais

educadores, repensando sua relação com os professores de modo a ter desses, sua

confiança e prestigio.

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CAPÍTULO III

A SUPERVISÃO PEDAGÓGICA E O CORPO DISCENTE

De acordo com Castro e Mattos (2000, p.24), “A relação pedagógica interativa

entre professor e aluno proporciona um clima de confiança e segurança entre os

sujeitos da educação, facilitando a aprendizagem. É fundamental promover no

processo de ensino-aprendizagem uma inter-relação dialógica de respeito, amizade,

valorização, estímulo e participação”.A Supervisão Educacional, precisa intermediar

relação docente/discente, bem como analisar as propostas de renovação, buscar

sentido para estar em sua realidade escolar, visando a melhoria do processo ensino-

aprendizagem.

O supervisor deve ser pesquisador e mediador do cotidiano escolar para

realmente realizar um trabalho que faça sentido, que ressignifique. Seu trabalho

deve basear-se na observação das realidades existentes na escola. Assim se

pronunciou Medina (2002, p. 51) ;

Para que tudo isso seja possível, é indispensável a ação de um profissional que, além de possuir competência teórica, técnica humana, política, disponha de tempo necessário para tornar possível a relação entre vivencias dos alunos fora da escola e o trabalho do ensinar e aprender na escola. esse profissional é o supervisor que define sua função pedagógica quando contribui para a melhoria do processo de ensinar e aprender por meio de ações que articulam as demandas dos professores com os conteúdos e as disciplinas.

Um bom supervisor deve apresentar em seu perfil as seguintes

características: auxiliador, orientador, dinâmico, acessível, eficiente, capaz,

produtivo, apoiador, inovador, integrador, cooperativo, facilitador, criativo,

interessado, colaborador, seguro, incentivador, atencioso, atualizado, com

conhecimento e amigo.

Além disso, o trabalho de supervisão é uma atuação de grupo que acontece com os professores e demais setores da escola, especialmente o de Orientação Educacional

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(SOE). Por ser grupal, o trabalho exige o exercício constante do pensar, do descobrir e do saber o modo de avançar nas ações e também o de recuar. Esse trabalho requer estudo, dedicação e se constrói no fazer diário da escola (por isso, nunca se sabe como fazê-lo, ‘não tem receita’), o que permite olhá-lo de diversas maneiras (lados). Em suma, caracteriza-se como um trabalho administrativo-burocrático que transcende o conhecimento puro e simples da sala de aula (só o conhecimento discente não é suficiente para ser supervisor) (MEDINA, 2002, p. 102).

O supervisor escolar, em suas ações, pode delinear o início de uma nova era

educacional, onde haja mais coletividade e o ensino seja buscado com qualidade,

priorizando o aluno e valorizando as experiências significativas.

3.1 Entraves à eficácia no trabalho do supervisor na escola

Um entrave que merece ser revisto em relação à Supervisão Educacional

refere-se aos preconceitos que passaram a permear o trabalho e o ser do

Supervisor, na escola. Um dos preconceitos ainda existente é quanto à Supervisão

Educacional realmente estar buscando ressignificar sua prática, conforme Medina

(2002,p.45), pois muitos professores o vêem ainda como um profissional

comprometido com práticas burocráticas, mais voltadas para a administração

escolar, do que para o andamento do processo educativo.

O desenvolvimento das atividades do supervisor também encontra

entraves ou obstáculos à sua efetivação na ausência da especialidade da função.

Ressalta-se a idéia de que a especialidade refere-se à especificidade e não

meramente a divisão do trabalho. Um dos argumentos a esta afirmação encontra-se

no fato de que a “coordenação” é uma das especificidades da função supervisora. E

a mesma é uma necessidade do trabalho do supervisor, essa necessidade permite

observar que, mesmo eliminando a figura do supervisor especialista não se poderia

prescindir da coordenação como serviço que garanta as articulações indispensáveis

ao processo de ensino-aprendizagem (MEDEIROS, 1997.p.17).

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Assim, infere-se que o teor de envolvimento dos professores e direção da

escola, responde em grande parte pela superação dos entraves à efetivação da

ação supervisora na escola. Também a prática da supervisão exige, de parte do

supervisor, uma constante avaliação crítica do seu próprio desempenho e um

esforço continuado de aperfeiçoamento o técnico e como pessoa. Só dessa forma

conseguirá a mobilização das energias dos professores no sentido dos objetivos

educacionais perseguidos (VILLAS BOAS, 2003,p.37).

O trabalho do Supervisor Escolar também depende da maneira como se

desenvolvem as relações humanas na escola, da interação mútua e contínua de

seus membros, embasados na comunicação, no diálogo e na liderança positiva dos

mesmos, pois a sua atividade é cooperativa e precisa ser vivenciada mediante a

aceitação do grupo.

3.2 O Papel da liderança em Supervisão Educacional

O Supervisor Educacional é aquele que sabe planejar e executar a obra

educativa, levando em consideração não somente a instrução mas a Educação e,

para tanto, é portador de Curso Superior em Pedagogia, com habilitação em

Supervisão Educacional ou Supervisão Escolar, ou ainda em nível de Pós-

graduação.

Fazendo uma analogia entre e função do Supervisor Escolar e a liderança,

Hunter (2004, p. 33), ressalta que “liderar é conseguir que as coisas sejam feitas

através das pessoas. Ao trabalhar com pessoas e conseguir que as coisas se façam

através delas, sempre haverá duas dinâmicas em jogo – a tarefa e relacionamento”,

e ao liderar um grupo, não se pode excluir ninguém, todos, igualmente, precisam

sentir-se parte importante deste coletivo.

Para Bennis et. al. (1998,p.9), o processo de liderança constrói-se ao longo

da vida, a partir das experiências e vivências, mas depende, também, do caráter,

das relações interpessoais, do conhecimento, da intuição, de sucessos passados,

das habilidades, dos valores, da flexibilidade, da perseverança e da auto-disciplina

de quem assume este papel.

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Freitas diz que (2003, p. 19), ao desenvolver para o exercício da liderança

remete esta ação às adversidades existentes nas escolas, traz que:

O líder trabalha com processos auto fortalecedores do crescimento individual e coletivo, em condições limitantes e favoráveis ao mesmo tempo, exercendo o papel de jardineiro que acredita que as sementes têm o potencial para crescer.

De acordo com Freitas (2003,p.31), liderar líderes é uma tarefa complexa,

mas cabe ao Supervisor Escolar assumir-se como tal e desenvolver sua liderança,

pois sua função frente a um grupo de professores requer esta atitude.

Assim é colocado, um desafio ainda mais complexo ao Supervisor Escolar,

pois não é suficiente controlar a burocracia, o cumprimento das regras escolares,

verificar se os conteúdos estão sendo desenvolvidos, mas, sim, constituir-se como

líder educacional. Profissional que deve responsabilizar-se e comprometer-se não

apenas com a organização do trabalho pedagógico desenvolvido na escola, mas

principalmente com a aprendizagem e o crescimento dos professores por ele

liderados.

3.3 A indisciplina escolar e o papel do Supervisor Escolar

Garcia (1999 p.53), relata que a indisciplina na escola não pode ser

considerada com um fenômeno estático e suas expressões na escola têm se

mostrado numa complexidade crescente nas últimas décadas.

Segundo o autor trabalhar a indisciplina a partir de mecanismos de

controle comportamental se trata de uma visão já superada do fenômeno. A visão

que se tem atualmente é da indisciplina enquanto fenômeno de aprendizagem.

De acordo com Garcia (1999 p.12), Devido às configurações adquiridas

pelas expressões de indisciplina na escola exige-se dos profissionais da educação

um repensar sobre o conceito de indisciplina, que não mais pode ser considerado

como “problema de comportamento”.

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Para Alarcão (2003 p.07), a supervisão escolar é uma atividade que visa o

desenvolvimento profissional dos professores, na sua dimensão de conhecimento e

de ação, desde uma situação pré-profissional até uma situação de acompanhamento

no exercício da profissão e na inserção na vida da escola. Ou seja, a função da

supervisão escolar é fundamental para atingir a formação dos alunos propiciando o

desenvolvimento de capacidades, atitudes e conhecimentos, com o objetivo de

compreender melhor para melhor agir.

Se a indisciplina produz efeitos negativos em relação à socialização e aproveitamento escolar dos alunos, ela produz igualmente efeitos negativos em relação aos docentes. Embora menos evidentes e imediatos, esses efeitos não são menos nocivos, pelo que indisciplina constitui hoje, juntamente com o insucesso escolar, o problema mais grave que a escola de hoje enfrenta em todos os países industrializados (ESTRELA, 1994, p.97).

Segundo Estrela (1994.p.97), a disciplina, ou a falta dela, nas salas de aula, é

um assunto que tem mobilizado professores, técnicos, pais e alunos, nos dias atuais.

Não é apenas no Brasil que a indisciplina tem sido apontada como um grande

problema do sistema escolar como também por diferentes autores .

A autora faz referência ainda, ao fato de que é antiga a preocupação com o tema:

... a manutenção da disciplina constitui com efeito uma preocupação de todas as épocas, como já testemunham vários textos de Platão, como o "Protágoras" ou as "Leis". E se lermos as "Confissões" de Santo Agostinho, constatamos como a sua vida de professor era amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam a ‘ordem instituída para seu próprio bem’ (ESTRELA, 1994, p.11).

Por ser o profissional de educação que estabelece um contato mais direto

com o trabalho docente/discente cabe ao supervisor escolar fomentar discussões

sobre o processo ensino-aprendizagem e a indisciplina escolar. Destaca-se a

necessidade de pensar e repensar, continuamente, as formas de organização do

trabalho escolar, em suas diferentes dimensões, incluindo a indisciplina entre as

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questões mais prementes para o debate e para a investigação. Já que o Supervisor

mergulhado como se encontra neste mundo de mudanças, novos desafios se

colocam, novas práticas se fazem necessárias e, portanto, novos conhecimentos se

fazem necessários e os caminhos apontados pelas pesquisas podem se constituir

em recurso importante para a compreensão das questões educacionais.

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COCLUSÃO

Mediante ao exposto ao longo deste trabalho acadêmico conclui-se que a

história do Supervisor Escolar inicia-se em um momento que o desejo é controlar,

fiscalizar, garantir a execução das normas educacionais ditadas pelo Estado. Porém,

os avanços em todas as áreas do conhecimento impulsionam, mesmo que

vagarosamente, para um repensar da atuação deste profissional. As novidades

provenientes da nova legislação exigem que se analise a administração escolar e a

Supervisão Educacional na atualidade. À Supervisão não cabe mais o papel de controle,

fiscalização e sim o de articuladora de uma relação dialética entre escola e sociedade.

.

Sobre a relação entre Supervisão Educacional, Administração e corpo

docente pode-se dizer, que nos dia de hoje, tais funções devem interagir, integrar-

se, trabalhar em conjunto, uma entendendo das funções da outra e nesta

perspectiva, um diretor que tenha formação em Supervisão Educacional terá mais

chances de constatar se realmente suas ações administrativas estão se refletindo no

pedagógico, na sala de aula, na aprendizagem dos alunos.

Torna-se necessário, que a Supervisão Educacional busque sempre

ressignificar sua ação e empreenda, de forma mais atualizada, em um agir coletivo

com o professor, visando a melhoria da qualidade de Ensino ao aluno e uma Escola

mais eficaz aos novos tempos.

É urgente que seja criado dentro das escolas um ambiente propício e

estimulador de novas idéias e práticas, capazes de contribuir para a superação das

dificuldades no processo ensino e aprendizagem, bem como na integração escola e

comunidade, principalmente no que diz respeito aos pais e familiares de

alunos.Neste sentido o papel do Supervisor torna-se imprescindível.

Entende-se que é preciso uma compreensão mais aprofundada da

problemática da indisciplina, que precisa ser revista e discutida nas suas

significações dentro do atual contexto educacional, pois percebe-se que se está

longe de assumir um significado consensual no que se refere às práticas escolares,

particularmente no que se refere à idéia do que é a (in)disciplina escolar. Faz-se

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necessário aprofundar os estudos sobre essa temática, produzindo literatura

acessível aos educadores.

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