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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM EDUCACIONAL PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN SOB O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA Ivanice Pereira Rocha ORIENTADORA: Profª. Marta Relvas Rio de Janeiro 2018 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM EDUCACIONAL

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DE CRIANÇAS COM

SÍNDROME DE DOWN SOB O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA

Ivanice Pereira Rocha

ORIENTADORA:

Profª. Marta Relvas

Rio de Janeiro

2018

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM EDUCACIONAL

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Educacional como

requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica.

Por: Ivanice Pereira Rocha.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DE CRIANÇAS COM

SÍNDROME DE DOWN SOB O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA

Rio de Janeiro

2018

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer ao meu marido, Silvanio Rocha, e aos meus filhos, Gabriel Lucas e Gabriele Emily,

por terem incentivado e encorajado a mim nesse processo de aprendizagem que mudou minha

visão.

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DEDICATÓRIA

Dedico tudo que aprendi à linda aluna Clarice Maltarollo, a quem aprendi a amar

incondicionalmente. Agradeço a Deus por ter permitido conviver com ela durante meus estudos. E aos meus pais que faz

sentir-me orgulhosa de quem sou hoje.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é fornecer informações recentes, que

devem enaltecer a qualidade de vida em todos os aspectos para pessoas com

Síndrome de Down. Nesta pesquisa, levanta-se a necessidade da educação

brasileira atual rever e ampliar as oportunidades educacionais da criança com

Síndrome de Down. Sabe-se que toda criança tem direito a educação e que

este direito podem atender às dificuldades especiais dos alunos. E na busca de

transformar e renovar a educação, que a inclusão de crianças com Síndrome

de Down, pode ser vista, pois esta criança em contato com a diversidade

humana serão capazes de um melhor desenvolvimento devido as estratégias

utilizadas para atendê-las e desta forma se beneficiam. Durante a última

década, ocorreram progressos significativos no campo da Síndrome de Down.

Os avanços científicos aconteceram tanto na Neurociência quanto na

Biomédica e principalmente, nos comportamentos e mudanças de atitudes na

sociedade.

Palavras-chaves: Síndrome de Down. Inclusão. Alunos. Educação. Crianças.

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METODOLOGIA

Para este trabalho, foram feitas pesquisas bibliográficas, sendo de

grande importância no processo de investigação, pois permitem coletar e

analisar concepções existentes sobre o tema proposto constando das

seguintes etapas: identificação das fontes de pesquisas (livro, revista, artigos);

leitura do material selecionado; organização dos textos; redação da

monografia. Essas fases serão baseadas em uma pesquisa exploratória,

bibliográfica e possível estudo de caso.

Algumas obras já selecionadas para auxiliar na pesquisa são: Para

entender Síndrome de Down (Fátima Alves); Síndrome de Down de A a Z.

(Josep Maria Corretger, Agusti Seres, Jaume Casaldaliga, Ernesto Quinones,

Katy Trias); Cadê a Síndrome de Down que estava aqui? O gato comeu.

(Elizabeth Tunes e L. Danezy Piantino); Síndrome de Down, relato de um pai

apaixonado (Marcelo Nadur); Conviver com a Síndrome de Down em escola

inclusiva (Susana Couto Pimentel) e Fundamentos Biológicos da educação

(Marta Pires Relvas).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Conhecendo a Síndrome de Down para Enfrentar e Superar 10

CAPÍTULO II

Dificuldades de Aprendizagem de Crianças com Síndrome de Down 22

CAPÍTULO III

Formas de Aprendizagens sob o Olhar da Neurociência Pedagógica para

Crianças com Síndrome de Down 33

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

WEBGRAFIA 43

ÍNDICE 44

ANEXO – Cientistas ‘desligam’ o Down 45

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INTRODUÇÃO

A escolha do tema da Neurociência como facilitadora do

desenvolvimento e da aprendizagem de crianças com Síndrome de Down visa

buscar uma pesquisa séria e principalmente levar a esse tema, de forma clara,

algo que fizesse melhor entender o que é realmente a Síndrome de Down,

mostrando a dificuldade da criança, mas buscando possibilidades de ajudá-las

a se desenvolver, através dos estudos de desenvolvimento do cérebro e das

capacidades de cada um. Com isto, conseguem se desenvolver como as

demais crianças, porém cada um tem seu tempo e suas limitações de

aprendizado.

Hoje é comprovado que são capazes de realizar inúmeras tarefas,

desde que sejam estimuladas, participando de atividades e tendo

oportunidades de estar incluídas na sociedade.

A Neurociência ajuda a entender a aprendizagem desses indivíduos,

buscando conclusões da área sobre como o cérebro aprende, traz à tona

questões tratadas por grandes teóricos da Psicologia, como Piaget, Vygotsky,

Wallon e Ausubel.

No primeiro capítulo, a Síndrome de Down será estudada como

discapacidade intelectual, representando aproximadamente 25% de todos os

casos de atraso intelectual. Importante falar que não é uma doença, mas de

uma síndrome genética que pode condicionar ou favorecer a presença de

quadros patológicos. Também será citada a importância dos cromossomos e

sua estrutura biológica que contém informações genéticas. Para finalizar o

capítulo, também será citada a influência da herança genética que tem um

papel muito importante: são todos aqueles caracteres transmitidos de pais para

filhos mediante a informação contida nos cromossomos e nos genes que o

compõem.

O segundo capítulo será focado nas dificuldades de aprendizagem

de crianças com Síndrome de Down e através das descobertas a criação de

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estratégias para facilitar o aprendizado das mesmas. Uma das descobertas é

que a criança com Síndrome de Down tem idade cronológica diferente da idade

funcional, desta forma, não se deve esperar uma resposta idêntica à resposta

das crianças ditas "normais", que não apresentam alterações de

aprendizagem, com isso, os professores terão informações para planejar

melhor suas aulas pensando neles.

No terceiro capítulo serão sugeridas algumas aplicações

pedagógicas para que os professores planejem melhor suas aulas, através do

olhar da Neurociência, como são as funções da linguagem cognitiva, as

emoções, a memória e as motivações, segundo alguns estudiosos.

Este trabalho visa conscientizar aos pais e professores a importância

da família e também da sociedade na estimulação dessas crianças com

Síndrome de Down, a fim que eles possam se desenvolver no seu processo de

aprendizagem.

Porque a inclusão é um processo que pressupõe educar, em um

mesmo ambiente, crianças ditas “normais” e crianças com necessidades

especiais. Entretanto, esse processo requer reciprocidade, dinamismo,

mudanças de atitudes e principalmente respeito às diferenças individuais. A

escola só será inclusa, ou seja, para todos, quando a sociedade se

conscientizar e oferecer essa igualitária para todos, sem estigmatizar as

minorias e nem rotular a diversidade, isto é, conhecer o princípio da tolerância.

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CAPÍTULO I

CONHECENDO A SÍNDROME DE DOWN PARA

ENFRENTAR E SUPERAR

A Síndrome de Down é a primeira causa conhecida de

discapacidade intelectual, representando aproximadamente 25% de todos os

casos de atraso intelectual, traço presente em todas as pessoas que possuem

esta síndrome. Em relação a essa síndrome, devem-se ter claros dois pontos:

1. Não se trata de uma doença, mas de uma síndrome genética que

pode condicionar ou favorecer a presença de quadros patológicos;

2. Entre as pessoas que possuem esta síndrome existe grande

variabilidade, mas nunca se deve falar em “graus”, existe grande variação de

alguns indivíduos em relação aos outros, assim como acontece na população

geral.

O professor Jérôme Lejeune (pesquisador francês que identificou a

origem genética da chamada Síndrome de Down) costumava dizer que: “o

cromossomo a mais é como o músico que desafina na orquestra, quanto

melhora a orquestra, mais será possível aprimorar o resultado final”.

A Síndrome de Down é gerada pela presença de uma terceira cópia

do cromossomo 21 em todas as células do organismo (trissomia). Em sua

origem reside o mecanismo conhecido como disfunção, que costuma aparecer

nas maternidades tardias, onde maior é o risco de ter um filho com a Síndrome

de Down.

A decisão de muitas mulheres de ter um filho mais madura contribuiu

para aumentar nos últimos 20 anos os diagnósticos de Síndrome de Down. A

notícia foi divulgada por meio de um relatório da Queen Mary University de

Londres. Publicado na revista British Medical Journal (BMJ), o estudo apontou

que o número de casos identificados, entre 1989 e 1990, na Inglaterra e, em

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Gales, foi de 1.075. No período de 2007 e 2008, no entanto, o número saltou

para 1.843, um aumento de 71% atribuído à maternidade mais tardia.

Segundo os dados do estudo, a probabilidade de ter um bebê com

Síndrome de Down é de uma entre 940 mulheres, com mais de 30 anos. O

índice cai mais ainda no caso das que optam pela maternidade acima dos 40

anos, uma em cada 85 mulheres britânicas.

A Síndrome de Down apresenta uma tendência para melhora. Isto

se dá porque o sistema nervoso central prossegue seu amadurecimento com o

passar do tempo, porém o problema reside no fato de que o amadurecimento

se dá de maneira mais lenta que o observado em crianças normais. Por

exemplo, se o bebê com Síndrome de Down conta com a ausência de

tonicidade muscular, tem a musculatura flácida (hipotonia), é a consequência

da pouca atividade. Esta hipotonia, porém diminuirá com o tempo e esta

criança alcançará, embora tardiamente, as diversas etapas do desenvolvimento

para sustentar a cabeça, virar-se na cama, engatinhar, sentar, andar e falar.

Existem dois tipos existentes da Síndrome, a Mosaicismo e a

Translocação: a Mosaicismo ocorre geralmente na segunda e terceira divisão

celular, por isso algumas células serão normais e outras tenderão à trissomia

21. Algumas crianças nestas condições terão em algumas células um completo

cromossomo normal Y, portanto, menos características físicas e menor

desenvolvimento mental que a criança com trissomia 21. O mosaico pode ser

determinado através dos estudos cromossômicos. Já a Translocação ocorre

quando o cromossomo 21 extra se fratura e seu braço longo permanece

aderido ao extremo quebrado do outro cromossomo a esse reordenamento

chamado de Translocação.

A Trissomia por translocação é rara acontecendo numa frequência

maior entre pais jovens, no que se aconselha a realização de uma análise

cromossômica em recém-nascidos com Síndrome de Down, em mães com

menos de trinta anos de idade para excluir a possibilidade do tipo de Trissomia

21 por translocação.

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1.1. O Papel dos Cromossomos na Síndrome de Down

Os cromossomos são as estruturas biológicas que contêm a

informação genética. Na espécie humana essa informação está distribuída em

23 pares, totalizando 46 cromossomos.

Os cromossomos recebem esse nome porque são corpos celulares

que podem ser submetidos a tingimento: cromo (cor) somo (corpo). Só são

visíveis, com o microscópio óptico, na fase da divisão celular denominada

metáfase.

Na Síndrome de Down se produz uma alteração no número de

cromossomos par 21 (trissomia). O erro cromossômico consiste na presença

de uma terceira cópia do cromossomo 21 em todas as células do organismo.

Mesmo que todos carreguem informações genéticas, é possível

distinguir dois tipos de cromossomos. Os identificados com um número de 1 a

22, denominados cromossomos autossômicos, e os identificados com as letras

X e Y, cromossomos sexuais.

No cariótipo, os cromossomos se ordenam segundo o seu tamanho,

do maior, o número 1, ao menor, o número 22, mas na realidade demonstrou-

se que o cromossomo 21 é um pouco menor. Além do tamanho, identificam-se

por padrão de faixas, peculiar e própria de cada cromossomo, produzidas pela

diferente captação de tingimento.

Todos os seres vivos contam com pares cromossômicos. No caso

de cariótipo humano normal há 23 pares de cromossomos. Trissomia é a

existência de um cromossomo extra, totalizando 47 cromossomos. As

trissomias costumam decorrer de erros durante a divisão celular (não

separação) podem ser parciais, consequência de rompimento e recombinação.

As alterações cromossômicas comprometem grande quantidade de

genes, que aumentam, diminuem ou mudam de posição. Suas consequências

repercutirão negativamente no desenvolvimento, e a gravidade dependerá do

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cromossomo alterado e do tipo de alteração, mas a manifestação clínica

isolada poucas vezes identificará o cromossomo comprometido.

O cromossomo 21, o menor dos autossomos humanos, contém

cerca de 255 genes, de acordo com dados recentes do Projeto Genoma

Humano. A trissomia da banda cromossômica 21q22, referente à 1/3 desse

cromossomo, tem sido relacionada às características da síndrome. O referido

segmento cromossômico apresenta, nos indivíduos afetados, as bandas

características da eucromatina correspondente a genes estruturais e seus

produtos em dose tripla.

A elaboração do mapa fenotípico, associando características

específicas com sub-regiões do cromossomo 21, mostra que, entre os produtos

gênicos conhecidos, só a APP (Proteína Precursora Amilóide) foi

decisivamente relacionada à Síndrome de Down. O gene correspondente foi

mapeado na banda cromossômica 21q21.5 e vários fragmentos da sua

molécula foram associados com a inibição da serina protease, adesão celular,

neurotoxicidade e crescimento celular. A sua função se manifesta no

desenvolvimento do sistema nervoso central, onde é sintetizada tanto em

neurônios quanto em células glíares (astrócitos). Dos genes mapeados no

segmento cromossômico crítico.

1.2. Herança Genética

São todos aqueles caracteres transmitidos de pais para filhos

mediante a informação contida nos cromossomos e nos genes que o

compõem. Recentemente concluiu-se que a trissomia do 21 livre é muito

frequente e decorre de erros, que propiciam a formação de gametas com dois

cromossomos 21 e normalmente é comum em mulheres de idade avançada.

De acordo com Antonorakis; Sherman, apud Schwartzman (1999)

estudos recentes, com polimorfismos de DNA (sequência de DNA, produzidas,

por enzimas de restrição e que passam de uma geração a outra) do

cromossomo, estabelecem que aproximadamente 95% dos casos resultam de

não-disjunção na meiose materna. Destes 76% a 80% são erros no processo

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de meiose. Assim a não-disjunção na meiose materna é responsável por 67% a

73% de todos os casos de trissomia do 21 livre.

Como já foi citado, na alteração por disjunção, o erro genético ocorre

devido a não divisão cromossômica, quando os dois componentes do par

cromossômico devem se separar originando células filhas. Neste caso, a

divisão incorreta gera uma célula com excesso de cromossomos e outra com

falta. A célula que fica com dois cromossomos homólogos, que não sofrerão

disjunção, se fecundada, formará em um zigoto trissômico, por possuir três

cromossomos equivalentes ao invés de apenas um par. E como já foi citado é

muito comum em mulheres de idade avançada, devido ao envelhecimento do

óvulo.

Para explicar esta relação, entre o envelhecimento do óvulo e o fenômeno de disjunção, muitas teorias foram propostas. Segundo alguns autores sugerem que a aneuplóide, já está presente nos ovócitos por ocasião do nascimento das mulheres e se deve a não-disjunção micótica, durante a embriogenese ovariana. (ZHENG; BYERS apud SCHWARTZMAN, 1999, p.40).

As translocações, que compreende o processo de mutação genética,

se dão pela ligação de um fragmento de um cromossoma a seu cromossoma

homólogo. Estas ocorrem em menor frequência, sendo mais comuns entre

cromossomos acrocêntricos, por fusão cítrica, as chamadas translocações

robertsonianas. Segundo SCHWARTZMAN, (1999), estas são responsáveis

por 1,5% a 3% dos casos de Síndrome de Down.

É geral a convicção de que a profunda e decisiva ação na criança e

na formação de uma criança com Síndrome de Down depende, em primeiro

lugar, da família. Os demais envolvidos – especialistas, profissionais,

instituições privadas ou públicas – são uma forma de apoiar e completar a

família, nunca de substituí-la. Por isso se ela não funciona bem, o resultado

será sempre aquém do que poderia ter sido.

Portanto, os quatro pilares fundamentais que consolidam a ação de

apoio que uma instituição deve apresentar à família:

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1. Cuidar do ambiente que rodeia com calidez, sensibilidade,

proximidade, singularidade;

2. Auxiliar da melhor forma possível para que a criança cresça

segura, e para isso é indispensável contribuir com informação, conhecimento e

formação dita;

3. Exercitar uma ação individualizada, porque o indivíduo com a

Síndrome de Down e sua família têm nome e sobrenome;

4. Considerar que a ação se dá em longo prazo, uma vez que a

Síndrome de Down se caracteriza por sua permanência do nascimento até a

morte.

As crianças com Síndrome de Down estabelecem a seus pais,

desde o nascimento, algumas preocupações um pouco maiores às esperadas

em outros filhos. Os pais se interrogam a respeito da constituição da síndrome,

seu desenvolvimento e problemas de saúde que acarreta. Sua necessidade de

informação frequentemente favorece a aceitação de conceitos inexatos ou

desviados, fruto de crenças seculares ou difundidos por meios carentes de

base científica. Somente o acesso a respostas claras e verídicas permitirá

tornar evidentes essas inexatidões.

1.3. Dificuldades de Aprendizagem do Indivíduo com Síndrome

de Down

Estudos comprovam que as dificuldades de aprendizagem são um

tipo de transtorno ou desordem, do qual a criança tem dificuldade em aprender,

desempenhar funções, compreender e concluir tarefas.

“O termo dificuldades de aprendizagem refere-se não a um único

distúrbio, mas uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área

do desempenho acadêmico” (SMITH e STRICK 2001, p. 15). Embora os danos

neurológicos afetem qualquer área do funcionamento cerebral, as dificuldades

que mais causam deficiências acadêmicas são aquelas que afetam a audição,

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visão, fala (linguagem), leitura, escrita, as habilidades motoras finas e o

raciocínio lógico matemático, devido a não capacidade de focalizar a atenção.

Segundo Garcia citado por Sánchez (2004), no DSM-IV, os

transtornos de aprendizagem são classificados dentro dos transtornos

diagnosticados pela primeira vez na infância ou na adolescência, considerando

o transtorno da leitura, o da matemática, o da expressão escrita e o transtorno

de aprendizagem sem outra especificação.

Já o APA (American Psychological Association) informa que o termo

“dificuldade de aprendizagem” é classificado como um tipo de transtorno de

desenvolvimento, que aparece ao longo do desenvolvimento do indivíduo e que

necessita de intervenção psicopedagógica.

“Os problemas de aprendizagem podem ser vistos como uma

dificuldade em tratar com ordem, autonomia e espontaneidade, os imprevistos

do percurso” (OLIVEIRA 2007, p. 18-19). Durante muito tempo, não se

acreditava que um indivíduo com Síndrome de Down, fosse capaz de ter um

desenvolvimento cognitivo. Essa crença era mantida, pois elas eram rotuladas

como inferiores e doentes, devido as suas dificuldades na linguagem,

autonomia, motricidade. Por esses motivos eram excluídas do convívio social.

Hoje, apesar das várias informações acessíveis sobre a Síndrome

de Down, o preconceito e o rótulo ainda estão presentes; entretanto, os

estudos comprovam que as crianças com Síndrome de Down pode se

desenvolver como uma pessoa considerada normal. Porém, o seu processo de

desenvolvimento é um pouco mais lento, devido ao fato de apresentarem

lesões no Sistema Nervoso, o que consequentemente irá prejudicar o seu

aprendizado.

O fato da criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrado uma conduta imatura em determinada idade, comparativamente a de outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é possível que madure lentamente. (SCHWARTZMAN, 1999, p. 246).

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Vera Barros de Oliveira (2007) reforça a ideia:

A aprendizagem seria, portanto criativa por natureza, descobrindo ou inventando novos meios de reorganizar a realidade, de readquirir o curso da ordem abalada, sem perder o caráter pessoal. Sua primeira finalidade seria a de conduzir ao conhecimento de si mesmo, do objeto e, principalmente, da relação sujeito-objeto (OLIVEIRA, 2007, p. 19).

A linguagem falada é considerada como uma das primeiras formas

de socialização do ser humano. Por possuírem um atraso no desenvolvimento

global, a Síndrome de Down, têm dificuldades na aquisição da linguagem,

sendo considerada uma problemática para familiares e professores da criança.

Geralmente essa dificuldade começa com a palavra falada. A

criança irá compreender mais e expressar menos as palavras.

Consequentemente este processo interferirá tanto na leitura como na escri ta,

quando esta criança ingressar na escola.

Segundo SMITH e STRICK (2001), as crianças com dificuldades na

aquisição da linguagem podem ser lentas na aprendizagem da fala e usar

sentenças mais curtas, vocabulários menores e uma gramática mais pobre do

que outras crianças “normais”.

Muitas pessoas que possuem Síndrome de Down não conseguem

falar fluentemente ou claramente, pois existem perturbações no ato de falar,

devido a algumas anomalias no sistema fisiológico (pulmões, as pregas vocais

dentro da laringe e os articuladores – lábios, língua, dentes, palato duro, véu

palatar e mandíbula), como: as frequentes infecções respiratórias e a hipotonia

(flacidez nos músculos que torna os movimentos da boca mal coordenados

prejudicando o controle da respiração e da articulação dos fonemas), que

influenciarão o volume inicial do ar expelido pelos pulmões, a frequência da

vibração das cordas vocais e os movimentos da boca, língua e lábios, o que

tornará difícil a articulação destas estruturas, prejudicando a fala final, ou seja,

o som das palavras.

Pode-se dizer também que essa dificuldade na fala, muitas vezes é

atribuída às características físicas e ambientais, sendo elas:

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• Palato ogival com tendência a fenda;

• Pouca memorização, habilidade de imaginação, generalização e

raciocínio;

• Alteração no alinhamento dos dentes;

• Maior frequência de perda auditiva;

• Dificuldade de sintetização e problemas na estruturação sintática;

• Atraso geral no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional.

Para Voivodic (2008), apesar das dificuldades encontradas na

aquisição da linguagem, a maioria dos indivíduos com Síndrome de Down

fazem uso funcional da linguagem e compreendem as regras utilizadas na

conversação. Porém, essas habilidades comunicativas podem variar entre elas.

Segundo Pueschel (1999), algumas pesquisas apontam que a

conversa do adulto com a criança, que está no processo de aquisição da

linguagem, deve ser mais simples, porém curta e mais concreta. Isso acontece

porque muitas vezes a criança, com deficiência no processamento da

linguagem, nem sempre compreende o que lhe é dito. Sua resposta a algumas

questões podem ser inapropriadas, ou ela pode não ser capaz de seguir

instruções de uma forma confiável, ex.: dar um recado por completo. Outro

motivo da falta de aprendizagem da criança com Down é o déficit de atenção,

que desde os primeiros anos de vida prejudica o seu envolvimento em tarefas,

assim como na maneira de explorar o meio que o cerca.

Além disto, as crianças com Síndrome de Down, não conseguem

acumular informações na memória auditiva e na memória a longo prazo, o que

irá prejudicar o processamento da linguagem, interferindo na elaboração de

conceitos, na generalização e no planejamento de situações.

É possível verificar com frequência que as crianças com Síndrome

de Down, conseguem emitir a maioria dos sons da língua materna, mas

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quando isso é combinado em frases mais longas, os sons se tornam

imprecisos.

A Educação Especial e o apoio de profissionais adequados são

essenciais para o desenvolvimento da criança com Síndrome de Down, uma

vez que por possuírem deficiências de processamento da linguagem, não

conseguem aprender pelos métodos convencionais.

Portanto, para dominarem a leitura e a escrita, a criança com

Síndrome de Down precisa de materiais específicos e de profissionais como

fonoaudiólogo, que irá identificar essa dificuldade, orientando os pais e os

professores sobre o melhor método para ser utilizado no processo de

aprendizagem dessa criança. Entretanto, mesmo recebendo auxílio do

fonoaudiólogo e outros profissionais, a criança com Síndrome de Down

necessitará de um tempo maior para comunicar-se com um bom vocabulário.

Além da linguagem, a criança com Síndrome de Down tem

dificuldades nos conceitos matemáticos. Apesar de serem poucas as pesquisas

sobre este assunto, os estudos comprovam que crianças com Síndrome de

Down apresentam mais dificuldades na aquisição das habilidades matemáticas

do que das habilidades de leitura e escrita.

Essa dificuldade pode estar relacionada na idade cronológica da

criança com Síndrome de Down, que é diferente da idade biológica, ou seja, a

criança não possui estratégias espontâneas, tendo muitas dificuldades em

resolver problemas, encontrar soluções e compreender conceitos abstratos.

As crianças pequenas podem não ser capazes sequer de entender

que os números no papel representam coisas reais. A dificuldade em

matemática também pode estar relacionada no atraso da linguagem, no

processamento auditivo e na dificuldade de memória em curto prazo, pois

alguns estudos indicam que as crianças com dificuldades de aprendizagem,

não conseguem lidar com cálculos básicos; elas não conseguem memorizar

fórmulas, regras e fatos, além de não compreenderem a relação entre números

e objetos, pois o ensino da matemática está focado na resolução de problemas,

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seguindo determinadas regras e fórmulas, que devem ser memorizadas de tal

modo que a prática do ensino vai privilegiar a memorização ao contrário da

compreensão, deixando assim sem sentido o aprendizado da matemática.

Em consonância com Kamii, Caycho e colaboradores (apud Bissoto,

2005), a criança com Síndrome de Down é capaz de desenvolver princípios

cognitivos de contagem, e esta habilidade está diretamente relacionada aos

estímulos recebidos do meio em que vive, da interação social e de situações de

aprendizado dela decorrente, e não das limitações impostas pela estrutura

genética da Síndrome de Down.

Baroody citado por Sánches (2004) considera que o poder da

matemática está em sua compreensão, no envolvimento no processo da

investigação matemática e na disposição positiva para aprender e usá-la.

Fica claro que, mesmo a matemática sendo uma área de difícil

entendimento para a criança com Síndrome de Down, ela pode desenvolver o

raciocínio lógico matemático, entretanto com um ritmo mais lento, do que as

crianças ditas “normais”.

Conforme Werchsler apud Oliveira (2007) esse processo de

aprendizado também dependerá de muitos fatores sendo eles: psicológicos,

orgânicos, físicos e ambientais, sendo que os fatores ambientais são os mais

importantes, pois é pelo meio da estimulação precoce que a criança poderá

atingir determinadas fases do seu desenvolvimento, contribuindo assim para o

aprendizado da fala e do raciocínio lógico matemático.

Segundo Piaget citado por Kammi (1990, p.33) “a finalidade da

educação é desenvolver a autonomia da criança, que é, indissociavelmente,

social, moral e intelectual. A Matemática, assim como qualquer outra matéria,

deve ser ensinada no contexto desse objetivo amplo”.

A estimulação precoce é primordial para qualquer criança, seja ela

com ou sem atraso no desenvolvimento. Os programas de estimulação

procuram dar condições para que a criança desenvolva suas capacidades,

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colaborando para que ela consiga alcançar as fases seguintes do

desenvolvimento.

A cabeça de uma criança, mesmo a cabeça de um bebê Down, é uma lousa branca na qual se podem escrever muitas e muitas coisas. E se muitas e muitas coisas forem escritas bem colocadas, quanto mais cedo melhor, porque mais cedo o bebê mostrará sua assimilação dessas coisas, com um desenvolvimento mais eficaz, tanto na área motora quanto na área da inteligência (PIERRO, 1987, p. 2).

Geralmente esse trabalho envolve o fisioterapeuta, o fonoaudiólogo, o

psicopedagogo e muitas vezes até uma terapia ocupacional.

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CAPÍTULO II

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS

COM SÍNDROME DE DOWN

A criança Down apresenta muitas debilidades e limitações, assim o

trabalho pedagógico deve primordialmente respeitar o ritmo da criança e

propiciar-lhe estimulação adequada para desenvolvimento de suas habilidades.

Programas devem ser criados e implementados de acordo com as

necessidades específicas das crianças.

Segundo Mills apud Schwartzman (1999, p. 233) “a educação da

criança é uma atividade complexa, pois exige adaptações de ordem curricular

que requerem cuidadoso acompanhamento dos educadores e pais”.

Frequentar a escola permitirá a criança especial adquirir,

progressivamente, conhecimentos cada vez mais complexos que serão

exigidos da sociedade e cujas bases são indispensáveis para a formação de

qualquer indivíduo.

Segundo a psicogênese, o indivíduo é considerado como

instrumento essencial à interação e ação. E como descreve Piaget, o

conhecimento não procede, em suas origens, nem de um sujeito consciente de

si mesmo, nem de objetos já constituídos e que a ele se imponham. O

conhecimento resulta da interação entre os dois.

Desta forma, considera-se que a escola deve adotar uma proposta

curricular, que se baseie na interação sujeito objeto, envolvendo o

desenvolvimento desde o começo. E o ensino das crianças especiais deve

ocorrer de forma sistemática organizada, seguindo passos previamente

estabelecidos, o ensino não deve ser teórico e metódico, mas deve ocorrer de

forma agradável e que desperte interesse na criança. Normalmente o lúdico

atrai muito a criança, na primeira infância, e é um recurso muito utilizado, pois

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permite o desenvolvimento global da criança através da estimulação de

diferentes áreas.

Uma das maiores preocupações em relação à educação da criança,

de forma geral, se dá na fase que se estende do nascimento ao sexto ano de

idade. Neste período a educação infantil tem por objetivo promover à criança

maior autonomia, experiências de interação social e adequação. Permitindo

que esta se desenvolva em relação a aspectos afetivos, volitivos e cognitivos,

que sejam espontâneas e antes de tudo sejam "crianças". Inicialmente, a

criança adquire uma gama de conhecimentos livres e estes lhe propiciarão

desenvolver conhecimentos mais complexos, como o caso de regras.

Os conhecimentos devem ocorrer de forma organizada e

sistemática, seguindo passos previamente estabelecidos de maneira lúdica e

divertida, que permite a criança reunir um conjunto de experiências integradas

que lhe permita relacionar-se no contexto social e familiar.

O atendimento a criança com Síndrome de Down deve ocorrer de

forma gradual, pois estas crianças não conseguem absorver grande número de

informações. A criança Down também não deve ser apresentada para as

informações isoladas ou mecânicas, de forma que a aprendizagem deve

ocorrer de forma facilitada, através de momentos prazerosos.

É importante que o profissional promova o desenvolvimento da

aprendizagem nas situações diárias da criança e a evolução gradativa da

aprendizagem deve ser respeitada. Não é adequado pular etapas ou exigir da

criança atividades que ela não possa realizar, pois estas atitudes não trazem

benefícios à criança e ainda pode causar lhe estresse.

Em crianças com síndrome de Down é comum observar a evolução

desarmônica e os movimentos estereotipados. Esta defasagem pode ser

compensada através do planejamento psicomotor bem direcionado, como

capacidade de dissociar movimentos, individualizar ações, organizar-se no

tempo e no espaço e a coordenação motora servem de base para desenvolver

atividades específicas, assim são fundamentais as aquisições, a descoberta do

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corpo e de seus seguimentos, relação do corpo com objeto, espaço entre corpo

e objeto. A Educação Física na escola tem proporcionado não só às crianças

normais como também às crianças com necessidades especiais, um grande

desenvolvimento global que será a base para as demais aquisições: o resgate

da importância do corpo e seus movimentos, o conceito de vida associado ao

movimento, a retomada do indivíduo como agente ativo na construção de sua

história.

O indivíduo possui um corpo que está sobre seu domínio e que

todas as partes destes constituem o sujeito, de forma que o corpo precisa se

tornar sujeito e pela integração de mente ao corpo reconstroem-se os elos

quebrados. Para que as aquisições ocorram de forma íntegra é preciso, que

um indivíduo vivencie experiências e a partir destas, formule seus conceitos e

internalize as informações adquiridas.

Antes de adquirir qualquer conhecimento a criança precisa descobrir

seu corpo e construir experiências fundamentais para sua adaptação. A

atividade imagem corporal que é uma representação mental, perceptiva e

sensorial de si mesmo e um esquema corporal que compreende uma

representação organizada dos movimentos necessários à execução de uma

ação, e a organização das suas funções corporais. Estes vão sendo

construídos e reformulados ao longo da vida.

Funções, percepção dos planos horizontal e vertical entre outras.

São fundamentais para a relação sujeito-meio, que será pano de fundo de

todas as aprendizagens. A relação quantidade, qualidade e forma que o sujeito

experiencia e internaliza as informações determinará a qualidade da

formulação de seus conceitos. Com as reduções das atividades lúdicas na vida

da criança, esta tem suas experimentações restritas, pois precisam interagir

com a realidade usando todos os seus sentidos e todo o seu corpo.

A possibilidade que um corpo tem de se mover no espaço é

instrumento essencial para a construção do intelecto e o corpo serve como

órgão de trabalho gerador de experiências. As explorações das possibilidades

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motoras de uma criança desencadeiam circuitos sensório-motores, que

estruturarão as relações que conceberá futuramente.

O processo formal da educação consiste em repassar conceitos à

criança sem leva-la a vivência e este é o seu ponto falho, pois para internalizar

uma informação não basta decorar conceitos, mas participar da construção

destes e construir suas próprias ideias.

A criança tem que ser vista de forma global e educá-la não é apenas

trabalhar a mente, mas o global, abrangendo todos os aspectos, inclusive a

necessidade de interagir com o meio tendo contato direto com o universo de

objetos e situações que o cercam podendo assim efetivar suas construções

sobre a realidade.

Todas as atividades proporcionadas à criança devem ter por objetivo

a aprendizagem ativa que possibilite a criança desenvolver suas habilidades.

Frente a grande variação das habilidades e dificuldades da Síndrome de Down,

programas individuais devem ser considerados e nestes enfatiza-se as

possibilidades de aprendizagem de cada criança e a motivação necessária

para o desenvolvimento destas. Para tanto, o professor deve conhecer as

diferenças de aprendizagem de cada criança de forma a organizar seu trabalho

e sua programação didática.

O professor de recursos deve priorizar as atividades em que o aluno

com deficiência tem dificuldades e precisa de auxílio. Este pode servir como

tutor dos estudantes excepcionais em suas classes e deve cuidar dos

professores das crianças excepcionais e que estas recebam os materiais e

equipamentos didáticos que se façam necessários.

Um fato determinante para uma boa assistência às crianças

especiais é não sobrecarregar demais a sala de recursos especiais para que o

professor possa trabalhar bem. E é fundamental também, que o professor

indicado esteja preparado, para ser capaz de atender as necessidades de seus

alunos e trabalhar em harmonia com o professor da classe regular.

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Alguns princípios básicos devem ser considerados em relação ao

ensino de crianças especiais com Síndrome de Down:

As atividades devem ser centradas em coisas concretas, que

devem ser manuseadas pelos alunos;

As experiências devem ser adquiridas no ambiente próprio do

aluno;

Situações que possam provocar estresse ou venham a ser

traumatizantes devem ser evitadas;

A criança deve ser respeitada em todos os aspectos de sua

personalidade;

A família da criança deve participar do processo intelectivo.

A escola é encarregada de supervisionar as crianças excepcionais e

assegurá-las quanto à aprendizagem. Quanto ao fato de separar as crianças

excepcionais das crianças ditas normais, tem por objetivo promover a

educação especializada e diferenciada. No entanto, é necessário a integração

destas crianças.

As desvantagens da escola especial são muitas, no entanto, as

principais são ambiente muito segregado que não favorece a integração social;

estigma da classe especial menor que o da escola separada, o isolamento

físico e social dos alunos da classe especial e seu professor é situado em nível

inferior da escala de prestígio profissional e o maior custo de instalações

especiais e equipamentos para várias salas de aula.

2.1. Reais Dificuldades de Crianças com Síndrome de Down

A criança com Síndrome de Down tem idade cronológica diferente

de idade funcional, desta forma, não devemos esperar uma resposta idêntica à

resposta das "normais", que não apresentam alterações de aprendizagem.

Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e desajustes funcionais do sistema

nervoso:

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O fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente a outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é possível que madure lentamente (SCHWARTZMAN, 1999, p. 246).

A prontidão para a aprendizagem depende da complexa integração

dos processos neurológicos e da harmoniosa evolução de funções específicas

espacial e de lateralidade.

É comum ser observado na criança Down, alterações severas de

internalizações de conceitos de tempo e espaço, que dificultarão muitas

aquisições e refletirão especialmente em memória e planificação, além de

dificultarem muito a aquisição de linguagem.

Crianças especiais como as possuidoras da Síndrome de Down não

desenvolvem estratégias espontâneas e este é um fato que deve ser

considerado em seu processo de aquisição de aprendizagem, já que esta terá

muitas dificuldades em resolver problemas e encontrar soluções sozinhas.

Outras deficiências que acometem a criança Down e implicam

dificuldades ao desenvolvimento da aprendizagem são as alterações auditivas

e visuais; a incapacidade de organizar atos cognitivos e condutas e as

debilidades de associar e programar sequências.

Estas dificuldades ocorrem principalmente por que a imaturidade

nervosa e não mielinização das fibras pode dificultar funções mentais como:

habilidade para usar conceitos abstratos, memória, percepção geral,

habilidades que incluam imaginação, relações espaciais, esquema corporal,

habilidade no raciocínio, estocagem do material aprendido e transferência na

aprendizagem. As deficiências e debilidades destas funções dificultam

principalmente as atividades escolares.

Entre outras deficiências que acarretam uma repercussão sobre o desenvolvimento neurológico da criança com síndrome de Down, pode-se determinar dificuldades na tomada de decisões e iniciação de uma ação; na elaboração do pensamento abstrato; no cálculo; na seleção e eliminação de determinadas fontes informativas; no bloqueio das funções perceptivas (atenção e percepção); nas funções motoras e

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alterações da emoção e do afeto (SCHWARTZMAN, 1999, p. 247).

No entanto, a criança com Síndrome de Down têm possibilidades de

se desenvolver e executar atividades diárias e até mesmo adquirir formação

profissional e no enfoque evolutivo, a linguagem e as atividades como leitura e

escrita podem ser desenvolvidas a partir das experiências da própria criança.

Do ponto de vista motor, hipocinesias associada à falta de iniciativa

e espontaneidade ou hipercinesias e desinibição são frequentes. E estes

padrões débeis também interferem na aprendizagem, pois o desenvolvimento

psicomotor é a base da aprendizagem.

As inúmeras alterações do sistema nervoso repercutem em

alterações do desenvolvimento global e da aprendizagem. Não há um padrão

estereotipado previsível nas crianças com Síndrome de Down e o

desenvolvimento da inteligência não depende exclusivamente da alteração

cromossômica, mas é também influenciada por estímulos provenientes do

meio. No entanto, o desenvolvimento da inteligência é deficiente e

normalmente encontra-se um atraso global. As disfunções cognitivas

observadas neste paciente não são homogêneas e a memória sequencial

auditiva e visual geralmente são severamente acometidas.

2.2. Atenção

A atenção é fundamental para a percepção e para a

aprendizagem. Pesquisas comportamentais e neurofisiológicas mostram que o

Sistema Nervoso Central só processa aquilo a que está atento.

Em um estudo de Gilberto Fernando Xavier e André Frazão Helene,

do Instituto de Biociências da USP, publicado em 2006 na

revista Neuroscience, um grupo de pessoas passou por um teste que avaliava

o desenvolvimento da habilidade de leitura de palavras espelhadas. Uma parte

delas treinou escrever, de maneira imaginária, palavras invertidas. Outra pôde

ler termos desse tipo. Depois, ambas conseguiram ler com rapidez palavras

espelhadas criadas pelos pesquisadores. Um terceiro grupo, enquanto treinava

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a leitura e a escrita de termos espelhados, realizou outra tarefa de

memorização visual. Tanto a memorização quanto a aquisição da habilidade de

leitura invertida ficaram prejudicadas. Assim, comprovaram que, se o desvio de

atenção é significativo, a aquisição de habilidade e a memorização sofrem

prejuízo.

O desenvolvimento de uma criança com Síndrome de down requer

atenção diferenciada, pois demora mais para as suas habilidades se

desenvolverem. Suas aquisições são conquistadas de forma mais lenta.

Hoje, os pais que possuem filhos com Síndrome de down são

orientados a procurarem atendimento de estimulação precoce. O

acompanhamento de algumas especialidades, como a fonoaudiologia, a

fisioterapia, a terapia ocupacional, a psicologia, dentre outras, é essencial para

a orientação aos pais sobre o melhor estímulo a ser dado aos seus filhos e,

através de técnicas especializadas, desenvolvem suas potencialidades.

Alguns pais podem se sentir desmotivados com a demora de seus

filhos adquirirem suas habilidades. Nestes casos, quanto mais cedo for

introduzida a estimulação precoce, melhores resultados podem ser obtidos

futuramente.

Pesquisas recentes comprovam que crianças com Síndrome de

Down podem alcançar estágios avançados do desenvolvimento psicomotor, de

linguagem e cognitivo. Para tanto, a presença dos pais é essencial para o

desenvolvimento efetivo das potencialidades de seus filhos, construindo assim

o vínculo afetivo com a criança. Se os pais interagem melhor com seus filhos,

passam a conhecê-los melhor, suas habilidades, suas fraquezas, seus valores

e suas expectativas.

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2.2.1. A Atenção para Piaget

Segundo Tania Beatriz Iwaszko Marques1, “de acordo com o

psicólogo Piaget, prestamos atenção porque entendemos, ou seja, porque o

que está sendo apresentado tem significado e representa uma novidade. Se há

um desafio e se for possível estabelecer uma relação entre esse elemento

novo e o que já se sabe, a atenção é despertada”.

2.2.2. A Atenção para Ausubel

Conforme Evelyse dos Santos Lemos2 “a mente é seletiva. Segundo

Ausubel, só reconhecemos nos fenômenos que acontecem a nossa volta aquilo

que o nosso conhecimento prévio nos permite perceber. Não hesitamos, por

exemplo, em interromper uma atividade quando sentimos um cheiro de fumaça

no ambiente. Conhecer padrões é fundamental para se dedicar, agir e aprender

sobre o que importa”.

2.2.3. A Atenção para Vygotsky

De acordo com Claudia Lopes da Silva3 “no decorrer do processo de

desenvolvimento, a atenção passa de automática para dirigida, sendo

orientada de forma intencional e estreitamente relacionada com o pensamento.

Ou seja, ela sofre influência dos símbolos de um meio cultural, que acaba por

orientá-la. Atenção e memória se desenvolvem de modo interdependente, num

processo de progressiva intelectualização”.

2.3. Deficiência Mental e Síndrome de Down

Segundo descreve Ferreira, na obra Miniaurélio, o termo deficiência

significa falta, carência ou insuficiência. Assim entende-se por deficiência

mental a insuficiência funcional das funções neurológicas. O cérebro da criança

1 Estudiosa de Piaget e psicóloga da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Disponível em www.academia.edu. 2 Pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro. Disponível em

www.academia.edu. 3 Estudiosa de Vygotsky e psicóloga escolar da Secretaria de Educação de São Bernardo do Campo. Disponível em www.academia.edu.

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Down não atinge seu pleno desenvolvimento e assim todas as suas funções

estão alteradas:

O conceito de deficiência mental apoia-se, basicamente, em três ideias que tem sido utilizadas para definir este termo. É essencial examiná-las do ponto de vista interativo. A primeira diz respeito ao binômio de desenvolvimento-aprendizagem (...). A segunda ideia se refere aos fatores biológicos (...). A última tem a ver com o ambiente físico e social (...). (SCHWARTZMAN, 1999, p. 243)

Os três conceitos a que o autor citado acima se refere podem ser

explicados como bases das atividades mentais. Na verdade, o cérebro de uma

criança recém-nascida possui capacidades de aprendizagem, no entanto, estas

serão desenvolvidas através da internalização de estímulos e esta se dá

através da aprendizagem e está intimamente associada aos fatores biológicos,

como integridade orgânica e ainda sofre influências diretas dos fatores

ambientais e sociais.

Esta afirmação feita por Schwartzman (1999) é muito aceita e pode-

se observar inúmeros trabalhos de outros autores coerentes a esta abordagem.

Um exemplo é Piaget, que afirma que os indivíduos nascem apenas com

potencialidades (capacidade inata) a capacidade de aprender.

Assim, todo conhecimento e todo o desenvolvimento da criança

depende de exposição ao meio e dos estímulos advindos deste. Para Jean

Piaget, a base do conhecimento é a transferência e a assimilação de

"estruturas". Assim, um conhecimento, um estímulo do meio é encarado como

uma estrutura que será "assimilada" pelo indivíduo através de sua capacidade

de aprender.

A aprendizagem é realizada com sucesso se as capacidades de

assimilação, reorganização e acomodação, estiverem íntegras, assim vão se

dando as aquisições ao longo do tempo. Estes três processos acontecem para

que um indivíduo esteja sempre adquirindo novas informações, assim, quando

se depara com um dado novo, para a internalização do mesmo, o indivíduo

deve reorganizar as aquisições já adquiridas, para acomodar os novos

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conhecimentos sendo por este processo que a linguagem e a cognição se

desenvolvem.

Considerando a grande influência do ambiente e a competência da

criança para as atividades cognitivas, para estimularmos uma criança, temos

que torná-la mais competente para resolver as exigências que a vida quer em

seu contexto cultural.

A criança com Síndrome de Down possui certa dificuldade de

aprendizagem que na grande maioria dos casos são dificuldades

generalizadas, que afetam todas as capacidades: linguagem, autonomia,

motricidade e integração social. Estas podem se manifestar em maior ou menor

grau.

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CAPÍTULO III

FORMAS DE APRENDIZAGEM SOB O OLHAR DA

NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA PARA CRIANÇAS COM

SÍNDROME DE DOWN

É esperado que as crianças com Síndrome de Down demonstrem

atraso cognitivo (lentas em adquirir consciência do mundo, raciocínio e lembrar

fatos). Este atraso cognitivo pode ser, em parte, consequência das dificuldades

de aprendizagem da linguagem.

Qualquer atraso sério de linguagem resulta em aumento do atraso

cognitivo, pois a linguagem é uma importante ferramenta para a aquisição de

conhecimento, entendimento, raciocínio e memória.

3.1. A Linguagem e as Funções Cognitivas

Uma vez que a criança inicia o domínio da linguagem, começa a

pensar em termos de palavras, pode raciocinar, relembrar e fazer cálculos com

palavras, tanto em voz alta como silenciosamente.

A memória de curto prazo é baseada em fala silenciosa e se

desenvolve na medida em que a linguagem se desenvolve. O armazenamento

e as lembranças da memória de longo prazo são também dependentes da

organização da informação com base nos significados convertidos pela

linguagem (agrupar itens em classes, por exemplo).

Quanto mais se puder fazer para superar as dificuldades da criança

para aprender linguagem e fala, melhor equipada ela estará para aprender e

desenvolver suas habilidades cognitivas.

Para desenvolver habilidades de fala e linguagem, as crianças

precisam de algumas habilidades sensoriais e perceptivas básicas. Entre estas

são as habilidades para ver, ouvir, tocar, provar e cheirar coisas e as pessoas

em seu ambiente. Mas eles também incluem dois sentidos menos conhecidos:

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1) propriocepção, que é o sentido que informa o corpo da posição

dos músculos;

2) o sentido vestibular, que é o sentido do movimento que nos

permite manter o equilíbrio.

As habilidades de percepção têm a ver com a capacidade de dar

sentido a essas informações sensoriais. Assim, a capacidade de uma criança

de ouvir uma voz é uma habilidade sensorial reconhecendo que é a voz da

mãe ou do pai, mas interpretar os sons que emitem sob a forma de palavras

são habilidades perceptivas.

É claro que as crianças devem poder ouvir o que é dito em seu

ambiente para poder aprender a falar e ao idioma, mas também precisam de

habilidades perceptivas para entender o que ouvem. Elas também devem

poder ver os objetos e se concentrar neles para capturar suas características e

reconhecê-los.

E também devem poder receber e interpretar as sensações de toque

na boca e na área ao redor dela, para aprender a emitir sons de fala. Uma vez

que a maioria das crianças com Síndrome de Down apresenta, em maior ou

menor grau e, pelo menos, parte do tempo, uma perda de audição, depender

unicamente do canal auditivo não basta para adquirir habilidades de

comunicação.

A perda auditiva, permanente ou intermitente, afeta o

desenvolvimento da fala e da linguagem, portanto, a criança precisará de pistas

visuais, como gestos, imagens e leitura, para ajudá-la a estimular sua

linguagem. Além disso, ela muitas vezes tem dificuldade em destacar o que foi

dito em meio ao ruído ambiental, especialmente quando está na sala de

aula. Então, é necessário diferenciar bem a fala dos ruídos ambientais para

que a criança possa ouvir e aprender.

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3.2. Os Fatores que Facilitam e Inibem a Aprendizagem

Para facilitar a aprendizagem é necessário uma forte consciência

visual e habilidades de aprendizagem visual, incluindo as capacidades de

aprender e usar sinais, gestos e apoio visual; copiar o comportamento e as

atitudes de colegas e adultos; aprender com atividades práticas.

Cada um dos fatores inibidores requer o uso de estratégias que os

minimizem ou neutralizem, garantindo as condições para a aprendizagem do

aluno. Muitas dessas estratégias têm sido descritas em diferentes contextos

como facilitadoras da aprendizagem também de crianças sem deficiência. São

elas:

3.2.1 Deficiência Visual

Apesar de crianças com Síndrome de Down geralmente serem

ótimas aprendizes visuais, muitas têm algum tipo de deficiência visual. Embora

aproximadamente 70% precisem usar óculos antes de sete anos, os problemas

visuais frequentemente passam despercebidos, visto que qualquer dificuldade

na aprendizagem ou no comportamento geralmente é tida como consequência

da deficiência.

É importante, portanto, garantir a realização de exames de vista

periódicos e que cada possível problema visual específico seja levado em

conta. As Diretrizes de Atenção a pessoas com Síndrome de Down do

Ministério da Saúde indicam a necessidade de avaliação de acuidade visual

anual.

Além disso, crianças com Síndrome de Down podem apresentar

baixa visão. Trata-se de uma perda severa de visão que não pode ser corrigida

com tratamento clínico ou cirúrgico, nem com óculos convencionais, causando

incapacidade funcional.

Diversas funções visuais podem ser comprometidas, tais como:

acuidade visual, campo visual, adaptação à luz e ao escuro e percepção de

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cores e contrastes. Tudo isso vai depender da patologia apresentada, que pode

ter origem em causas congênitas ou adquiridas.

Na escola, alguns sinais podem ser identificados como

comportamentos indicadores de baixa visão, tais como:

• olhos lacrimejantes;

• tremor da pupila;

• franzir de testa;

• piscar com grande frequência;

• andar hesitante;

• tropeçar constante;

• dificuldade para encontrar o sentido e direção de objetos, não

conseguindo desviar-se deles;

• a aproximação dos objetos ao rosto;

• algum incômodo ou intolerância à claridade ou a sensibilidade

excessiva a ela também são fatores indicativos de algum prejuízo na função

visual.

Por apresentar uma diminuição da percepção visual, muitas crianças

com baixa visão perdem o controle do que está acontecendo e, por isso, ficam

sem entender o que se passa e não conseguem se prender aos detalhes. Por

isso, o professor deve incentivá-las a parar para ver, analisar as partes,

observar os detalhes relevantes e entender os acontecimentos, pois quanto

mais ela “aprender” a olhar, mais aprenderá a ver.

O professor também deve ficar atento aos maneirismos, que são

manifestados por movimentos repetitivos de movimentar ou girar a cabeça,

esfregar os olhos, balançar o corpo para frente e para trás seguidas vezes,

mexer as mãos e os dedos diante dos olhos.

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Esses movimentos precisam ser substituídos por atividades

interessantes que agreguem o uso da visão residual e a exploração de objetos

através dos sentidos remanescentes, principalmente pelo tato. Isso significa

conhecer o ambiente pelos olhos, mãos e corpo, desenvolvendo habilidades

perceptivas, sensoriais e motoras.

Antes de apresentar as atividades ou mostrar algum objeto,

descreva-os, explicando o funcionamento, contando sobre as rotinas e

conversando bastante sobre as descobertas a serem feitas. Nesse sentido,

outra dica tem relação com a organização do espaço: para que a criança com

baixa visão possa encontrar com facilidade os objetos e consiga se locomover

com segurança e independência, evite as constantes trocas de mobiliários e

mantenha sempre os pertences pessoais localizados num mesmo lugar que

esteja de fácil alcance.

3.3. Implicações na Educação

A escola deve ser um espaço que motive e não somente que se

ocupe em transmitir conteúdo. Para que isso ocorra, o professor precisa propor

atividades que os alunos tenham condições de realizar e que despertem a

curiosidade deles e os faça avançar. É necessário levá-los a enfrentar a

motivação, pois esta é necessária para aprender a fazer perguntas e a procurar

respostas.

"Da mesma forma que sem fome não aprendemos a comer e sem

sede não aprendemos a beber água, sem motivação não conseguimos

aprender", afirma Iván Izquierdo. Estudos comprovam que no cérebro existe

um sistema dedicado à motivação e à recompensa. Quando o sujeito é afetado

positivamente por algo, a região responsável pelos centros de prazer produz

uma substância chamada dopamina.

A ativação desses centros gera bem-estar, que mobiliza a atenção

da pessoa e reforça o comportamento dela em relação ao objeto que a afetou.

A neurologista Suzana Herculano-Houzel, autora do livro Fique de Bem com

Seu Cérebro, explica que tarefas muito difíceis desmotivam e deixam o cérebro

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frustrado, sem obter prazer do sistema de recompensa. Por isso são

abandonadas, o que também ocorre com as fáceis.

Crianças com Síndrome de Down não estão simplesmente

atrasadas no seu desenvolvimento ou meramente com a necessidade de

programas facilitados. Elas têm um perfil de aprendizagem específico com

características fortes e fracas.

Estar ciente dos fatores que facilitam e dos que inibem a

aprendizagem permitirá a equipe planejar e implementar atividades

significativas e relevantes. Isto não significa que todas as crianças com

Síndrome de Down terão as mesmas dificuldades ou facilidades em relação a

aprendizagem.

Cada criança é única e, para além da deficiência, guarda

características próprias. Decorre daí que o perfil e o estilo de aprendizagem

típico da criança com Síndrome de Down, associados às suas necessidades

individuais e variações dentro do perfil, precisam ser considerados. As

características a seguir são típicas de muitas pessoas com Síndrome de Down.

Algumas têm implicações físicas, outras cognitivas. Muitas podem ter as duas.

3.3.1. A motivação para Piaget

Segundo Tania Beatriz Iwaszko Marques4, “é a procura por

respostas quando a pessoa está diante de uma situação que ainda não

consegue resolver. A aprendizagem ocorre na relação entre o que ela sabe e o

que o meio físico e social oferece. Sem desafios, não há por que buscar

soluções. Por outro lado, se a questão for distante do que se sabe, não são

possíveis novas sínteses”.

4 Estudiosa de Piaget e psicóloga da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Disponível em www.academia.edu.

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3.3.2. A motivação para Vygotsky

Conforme Claudia Lopes da Silva5, "A cognição tem origem na

motivação. Mas ela não brota espontaneamente, como se existissem algumas

crianças com vontade - e naturalmente motivadas - e outras sem. Esse impulso

para agir em direção a algo é também culturalmente modulado. O sujeito

aprende a direcioná-lo para aquilo que quer, como estudar”.

3.3.3. A motivação para Ausubel

De acordo com Evelyse dos Santos Lemos6, “Essa disposição está

diretamente relacionada às emoções suscitadas pelo contexto. Pela

perspectiva de Ausubel, o prazer, mais do que estar na situação de ensino ou

mediação, pode fazer parte do próprio ato de aprender. Trata-se da sensação

boa que a pessoa tem quando se percebe capaz de explicar certo fenômeno ou

de vencer um desafio usando apenas o que já sabe. Com isso, acaba motivada

para continuar aprendendo sobre o tema”.

5 Estudiosa de Vygotsky e psicóloga escolar da Secretaria de Educação de São Bernardo do

Campo. Disponível em www.academia.edu. 6 Pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro. Disponível em www.academia.edu.

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CONCLUSÃO

A escolha do tema “A Neurociência como facilitadora do

desenvolvimento e da aprendizagem de crianças com Síndrome de Down” visa

buscar uma pesquisa séria e principalmente levar a esse tema de forma clara

algo que fizesse melhor entender o que é realmente a Síndrome de Down,

mostrando a dificuldade da criança, mas buscando possibi lidades de ajudá-las

a se desenvolver, através dos estudos de desenvolvimento do cérebro e das

capacidades de cada um. Com isto, conseguem se desenvolver como as

demais crianças, porém cada um tem seu tempo e suas limitações de

aprendizado. Observa-se que hoje é comprovado que são capazes de realizar

inúmeras tarefas desde que sejam estimuladas, participando de atividades e

tendo oportunidades de estar incluídas na sociedade.

A Neurociência ajuda a entender a aprendizagem desses indivíduos,

buscando conclusões da área sobre como o cérebro aprende e traz à tona

questões tratadas por grandes teóricos da Psicologia, como Piaget, Vygotsky,

Wallon e Ausubel.

As crianças com Síndrome de Down são capazes de construir seu

próprio conhecimento, embora esta construção seja uma construção operatória

inacabada, apesar das limitações físicas e intelectuais da criança, ele pode ser

modificada por meio do manejo competente e do treinamento precoce

adquiridos através do apoio da família e auxílio de profissionais competentes.

A participação dos pais e a boa relação com a escola são, em

resumo, essenciais para as crianças com Síndrome de Down. Ficou

evidenciado a partir dos dados, no que diz respeito às possibilidades do

trabalho com o lúdico na construção do conhecimento durante o

desenvolvimento infantil, que a questão da interação e da socialização é

essencial na fase da infância, principalmente quando se trata de crianças com

Síndrome de Down.

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Foi assinalado que o treinamento para a independência deve

começar na primeira infância, porque os primeiros anos de vida são de muita

importância na preparação para um futuro; e que os comportamentos sociais

devem ser formados nos anos escolares; e que os indivíduos com Síndrome de

Down precisam ser expostos às experiências de vidas para possibilitar na

sociedade.

Chega-se à conclusão que a inclusão é um processo que precisa ser

revisto diariamente, é um caminhar constante rumo à integração, aos acertos,

ao progresso, mas respeitando sempre a individualidade e o limite de cada

aluno. Que para ocorrer uma inclusão na escola, é necessário que todos

reflitam sobre sua atuação e assim possam sofrer uma transformação e

atender aos novos paradigmas da educação, e para que isso ocorra é

necessário um ensino de qualidade, que se modernizem e que os professores

procurem aperfeiçoar suas práticas diariamente.

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BIBLIOGRAFIA

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2007.

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QUINONES, Ernesto; TRIAS, Katy. Síndrome de Down de A a Z. Campinas:

Saberes, 2011.

NADUR, Marcello. Síndrome de Down, relato de um pai apaixonado. São

Paulo: Global, 2010.

PIMENTEL, Susana Couto. Conviver com a Síndrome de Down em escola

inclusiva: mediação pedagógica e formação de conceitos. Coleção Educação

Inclusiva. Petrópolis: Vozes, 2012.

RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação. Rio de Janeiro:

WAK, 2007.

TUNES, Elizabeth; PIANTINO, L. Danezy. Cadê a Síndrome de Down que

estava aqui? O gato comeu. São Paulo: Autores Associados, 2017.

VYGOTSKY, L. S. Fundamentos de defectologia. Obras Completas, tomo V, 2ª

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______________. Pensamento e linguagem. 2ª ed., São Paulo: Martins

Fontes, 1998.

VYGOTSKY, L. S., LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem,

desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: EDUSP, 1988.

WALLON, H. Do ato ao pensamento. In: WEREBE, M. J. G. et al. (Orgs.).

Henry Wallon. São Paulo: Ática, 1986b.

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WEBGRAFIA

INCLUO. Como o professor é capacidade para a educação das crianças com

Down. Disponível em http://www.incluo.com.br/blog/como-o-professor-e-

capacitado-para-educacao-de-criancas-com-down/. Acesso em 12 jan. 2018.

NEUROCIÊNCIA-EDUCAÇÃO. Neurociência: Estudos Neurológicos e suas

Contribuições no Processo Ensino Aprendizagem. Disponível em

http://neurociencia-educacao.pbworks.com/w/page/9051875/FrontPage.

Acesso em 14 dez. 2017.

PORTAL EDUCAÇÃO. Dificuldades de aprendizagem do portador de Síndrome

de Down. Disponível em

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/dificuldades-de-

aprendizagem-do-portador-de-sindrome-de-down. Acesso em 03 nov. 2017.

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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Conhecendo a Síndrome de Down para Enfrentar e Superar 10

1.1. O Papel dos Cromossomos na Síndrome de Down 12

1.2. Herança Genética 13

1.3. Dificuldades de Aprendizagem do Indivíduo com Síndrome de

Down 15

CAPÍTULO II

Dificuldades de Aprendizagem em Crianças com Síndrome de Down 22

2.1. Reais Dificuldades de Crianças com Síndrome de Down 26

2.2. Atenção 28

2.2.1. A Atenção para Piaget 30

2.2.2. A Atenção para Ausubel 30

2.2.3. A Atenção para Vygotsky 30

2.3. Deficiência Mental da Síndrome de Down 30

CAPÍTULO III

Formas de Aprendizagem sob o Olhar da Neurociência Pedagógica

para Crianças com Síndrome de Down 33

3.1. A Linguagem e as Funções Cognitivas 33

3.2. Os Fatores que Facilitam e Inibem a Aprendizagem 35

3.2.1. Deficiência Visual 35

3.3. Implicações na Educação 37

3.3.1. A Motivação para Piaget 38

3.3.2. A Motivação para Vygotsky 39

3.3.3. A Motivação para Ausubel 39

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42 WEBGRAFIA 43

ÍNDICE 44 ANEXO – Cientistas ‘desligam’ o Down 45

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ANEXO

Cientistas 'desligam' o Down

18 de Julho de 2013

Pela primeira vez, cientistas conseguiram corrigir a alteração

genética que causa a Síndrome de Down, que ocorre em um a cada 700

nascimentos. A condição é causada pela presença de um terceiro cromossomo

no que deveria ser o 21º par dos 23 que formam cada célula humana. Ela

acarreta problemas respiratórios e problemas de desenvolvimento cognitivo,

entre outros.

Pesquisadores da Universidade de Massachussetts corrigiram a

anomalia em células-tronco de possuidores da síndrome. Eles usaram a ação

do gene XIST, que "desativa" cromossomos. O gene XIST é responsável por

inibir nas mulheres um dos cromossomos X do par 23, que define o sexo da

pessoa. Se não houvesse essa desativação, haveria um desequilíbrio genético

nas manifestações desse cromossomo.

A pesquisa se baseou na hipótese de que XIST poderia neutralizar

também o cromossomo extra do 21º par, mesmo que não fosse X. O resultado

foi que as células tiveram a anatomia corrigida e se reproduziram sem a

síndrome.

"Nossa esperança é que, para os possuidores da Síndrome de

Down, esses achados iniciais abram novas portas para estudar a desordem",

disse Jeanne Lawrence, professora da Faculdade de Medicina da universidade,

que coordenou o estudo.