UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

39
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AUTISMO E INSERÇÃO SOCIAL Monique Linhares Garcia Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro/ Tijuca 2009

Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AUTISMO E INSERÇÃO SOCIAL

Monique Linhares Garcia

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro/ Tijuca

2009

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AUTISMO E INSERÇÃO SOCIAL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre- Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Monique Linhares Garcia

Rio de Janeiro/ Tijuca

2009

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, pois sem ele nada seria

possível, a minha mãe pelo estímulo.

A todos os Professores do Curso,

Orientador e Equipe que trabalha no

Instituto A Vez do Mestre, pela atenção

com os alunos e pela generosidade

em passar seus conhecimentos,

da melhor forma possível.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos profissionais da área educacional e da área médica, que se esforçam

para atender às necessidades do aluno e do

paciente. E, por fim, a todos os familiares e

amigos de pessoas com autismo, para que lutem

sempre pela inserção social dos mesmos.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

5

RESUMO

Procurar entender como é feito o tratamento do indivíduo

autista, qual a importância e a influência da Educação junto a estes, além de

investigar a necessidade dos tratamentos especializados, a importância do

apoio familiar e o que a combinação de todos estes aspectos pode reverter em

prol da inserção social do portador desta síndrome, são os objetivos deste

estudo. Os resultados colhidos nesta pesquisa apontam para a necessidade

de aprimorar cada vez mais a educação especializada para os portadores

desta síndrome ou outros transtornos relacionados, inclusive com o apoio dos

Estados e do Governo, para que as pessoas com menos recursos possam ter

acesso aos tratamentos especializados, que custam caro por serem

particulares. Outra necessidade verificada é uma maior divulgação deste tema

entre os educadores via Cursos de qualificação, Universidades. Enfim, é

importante que os profissionais da Educação estejam aptos a lidar com o aluno

que possui esta síndrome ou outras a ela relacionadas.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi desenvolvida com base em pesquisa

bibliográfica de autores especialistas nas áreas enfocadas no trabalho.

Também serviram de apoio no desenvolvimento da pesquisa: os periódicos

consultados, as reportagens em revista, as pesquisas na Internet oriundas de

Instituições, Órgãos públicos, Privados e de Profissionais da área, bem como

uma filmografia referente ao tema.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Conceito, Sinais e Sintomas 10

1.1- O Diagnóstico Especializado 13

1.2- Tratamentos Necessários Para o Autista 14

CAPÍTULO II- Contribuições da Aprendizagem para o Autista 18

CAPÍTULO III- A importância da Inserção Social para o Autista 21

CONCLUSÃO 26

ANEXOS 28

BIBLIOGRAFIA 34

WEBGRAFIA 36

INDICE 37

FOLHA DE AVALIAÇÃO 38

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

8

INTRODUÇÃO

A evolução da ciência no mundo moderno, particularmente da

medicina, neurociência e áreas afins, tem influído positivamente no tratamento

dos transtornos invasivos de desenvolvimento, como é o caso do autismo. Pelo

fato de muitos deles afetarem uma pequena parcela da população, são muito

pouco divulgados e costumam ficar restritos aos âmbitos privados dos

consultórios médicos, dos livros científicos e uma vez ou outra são

apresentados ao público, em forma de programas de saúde na televisão ou são

abordados, levemente, em filmes para o cinema.

Com o mundo atual cada vez mais globalizado, a tendência é que as

diferenças já não nos assustem tanto, as informações estão mais acessíveis e

a Educação deve cumprir o seu papel de instrumento para a cidadania e

inclusão social. Sobretudo se seguirmos a Constituição Federal de 1988, no

artigo 205, que diz: a educação deve ser um direito de todos e dever do Estado

e da família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A falta de conhecimento sobre o transtorno autista acarreta em

desperdício de tempo, pode causar déficits maiores na criança e no indivíduo

adulto, que mais tarde, podem não ser superados. A intervenção médica,

especializada e educacional deve ser feita o quanto antes, para obtenção de

progressos e resultados relacionados à idade da criança.

O trabalho foi estruturado a fim de responder o problema proposto, que

é: Como a Educação e o apoio especializado podem contribuir para a inserção

social do autista? No primeiro Capítulo, buscou-se conceituar o autismo

atravésde seus sinais, sintomas e características no indivíduo. A partir da

caracterização, foi importante situá-lo dentre as classificações existentes na

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

9

Comunidade Científica mundial. Em seguida, foi investigado os tratamentos

necessários para o autista, visando principalmente, analisar a importância do

tratamento precoce, da educação especializada e do apoio e assessoria

familiar neste processo.

O Capítulo II trata das contribuições da aprendizagem para o autista.

Nele, inicialmente, foi apresentado como a Psicanálise pensa o sujeito autista e

como e quando acontece a preocupação dos pais em relação ao

comportamento diferenciado do filho. Num segundo momento desse Capítulo

são abordados: como acontece o desenvolvimento cognitivo no bebê, na

criança e como este se estabelece no universo autista; que estímulos estão

associados à aprendizagem; que importância tem o professor como mediador e

facilitador deste processo; o papel da afetividade na aprendizagem e a

importância dos métodos, materiais, etc, como suportes da aprendizagem.

O Capítulo III, por sua vez, apresenta a importância da inserção social

para o autista. Neste aspecto, é ressaltado, na Lei do Estatuto da Criança e do

Adolescente, o direito que estes indivíduos têm em receber o atendimento

especializado que necessitam, por parte do Estado. A palavra inserção social

implica em ressaltar os direitos do cidadão deficiente na sociedade.

Para delimitar a investigação, objetivos foram formulados. Como

objetivo geral, pretende-se conceituar os sinais e sintomas do autismo infantil.

Dentre os objetivos específicos, estão: a) a importância do diagnóstico

especializado;b)caracterizar a aprendizagem e seus componentes;c)

apresentar as contribuições da educação para o autista. Algumas questões e

estudos ajudaram o caminhar na pesquisa, tais como: a)o que é autismo?; b)

como o autismo se apresenta no indivíduo?;c)quais os tratamentos necessários

para o autista?;d)quais os principais dispositivos legais sobre a educação

especial?;e) quais as contribuições da educação para o autista.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

10

CAPÍTULO I

CONCEITO, SINAIS E SINTOMAS

Segundo Correa da Silva (2009) o adjetivo autista foi introduzido no início do século XX, em função de estudos psiquiátricos, em que se analisava o

processo do pensamento de pacientes que faziam referências a tudo no mundo

e a sua volta, a partir de si mesmo. Outro fato marcante, apontado pelo autor,

ocorreu em 1943, quando o psiquiatra infantil, Leo Kaner descreveu um grupo

de crianças com lesões cerebrais graves que apresentavam características

comuns, sendo a mais relevante, a incapacidade de se relacionar com as

pessoas.

De acordo com Kanner (1971), o autismo infantil tem características

próprias e ao mesmo tempo singulares, tem início sempre na infância, em

geral, até o terceiro ano de vida e afeta mais os meninos. Para o autor, a

palavra autista surgiu na literatura psiquiátrica denominando o indivíduo que

fica absorto em si mesmo, não é receptivo às pessoas.

Em suas pesquisas com um grupo de crianças, observou que esta

síndrome por vezes apresenta sinais característicos dos deficientes mentais,

embora os autistas apresentem potencial cognitivo e fisionomias inteligentes.

Um dos sinais mais importantes desta síndrome é a tendência ao isolamento e

a dificuldade de comunicação.

Segundo o neurocirurgião Amâncio apud Nogueira (2007) somente no

fim dos anos 70 foi provado, através do desenvolvimento de equipamentos de

neuroimagem, como a tomografia computadorizada, que o autismo e outras

síndromes tinham relação com alterações cerebrais.

Na mesma direção teórica, Martins, Preussler e Zavaschi apud Batista

e Bosa (2002) consideram que a avaliação médica de uma criança com

suspeita de autismo, deve passar por várias etapas que incluem: exame físico,

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

11

para procurar características que indiquem ou não a presença de alguma

doença genética; exame neurológico completo e, de acordo com a indicação do

neurologista, poderá ser feito também o eletroencefalograma, a tomografia

computadorizada e uma avaliação genética mais detalhada. Muitas vezes

também são indicados testes de acuidade visual e auditiva, que podem

descartar o prognóstico de autismo.

A associação de Amigos dos Autistas de São Paulo (2009), traduziu os

sintomas da criança autista, descritos pela Sociedade de Crianças Autistas do

Estado de Nova York, no qual destacam- se :

- resistência ao aprendizado;

- isolamentos;

- falta de contato visual;

- modo e comportamento arredio e indiferente;

- apego não apropriado a objetos;

- acentuada hiper atividade física;

- comportamento agressivo e destrutivo;

- resistência a mudanças de rotina;

- uso de pessoas como ferramentas.

Segundo Assumpção Jr. Apud INEP (2009), o Autismo é caracterizado

por diversos distúrbios, tais como:

“De percepção, como por exemplo, dificuldades para entender o que ouve; de desenvolvimento, principalmente nas esferas motoras, da linguagem e social; de relacionamento social, expresso principalmente através do olhar, da ausência do sorriso social, do movimento antecipatório e do contato físico; de fala e de linguagem que variam do mutismo total à inversão pronominal (utilização do você para referir-se a si próprio), repetição involuntária de palavras ou frases que ouviu (ecolalia) e movimento caracterizados por maneirismos e movimentos estereotipados” (Assunção Jr. apud INEP, 2009).

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

12

Vários estudos científicos, no dizer de Gauderer (2009), atestam que

esta doença caracteriza-se por diminuir o ritmo de desenvolvimento

neurológico, social e lingüístico, tendo origem num comprometimento orgânico

do sistema nervoso central.

A este respeito, Facion (2002) acrescenta que a utilização de imagens,

como no exame de ressonância magnética, possibilitou observar mau

formações no cerebelo de pessoas com autismo, além de uma elevação de

serotonina no nível sanguíneo.

Bueno (2009) como diretora do Centro de Estudos do Genoma

Humano da Universidade de São Paulo, ressalta que o autismo atinge uma em

cada 1000 pessoas e há várias evidências que sua ocorrência depende de

componentes genéticos. A partir de seu relato, se compararmos o caso da

Síndrome de Down, cuja herdabilidade está em 100%, no autismo este

percentual cai para 90%, sendo um valor que não pode ser desprezado.

Segundo seus estudos, quanto mais próximo de 100%, maior é a importância

dos fatores genéticos na determinação de uma doença.

Partindo da mesma premissa, Klin (2006) considera que o autismo e

transtornos relacionados, conhecidos como transtornos do espectro do

autismo, estão fortemente associados a fatores genéticos, pois muitas vezes os

do autismo, estão fortemente associados a fatores genéticos, pois muitas

vezes os familiares do portador apresentam traços mais “gerais” do autismo,

comprovando assim, a importância da herdabilidade como possível causa do

distúrbio.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

13

1.1- O Diagnóstico especializado

A partir das definições do que é o autismo, pode-se nortear um

trabalho de diagnóstico. Nesse sentido, o Órgão americano CDC (Centro de

Controle e Prevenção de Doenças), estima que em cada 1000 nascimentos

ocorridos, seis crianças apresentem autismo, sendo quatro vezes mais

freqüentes no sexo masculino.

De acordo com Nogueira (2007), esta porcentagem de cálculos não

costuma variar entre as populações, permanecendo bem próxima em

diferentes países.

Para Klin (2006), o autismo está entre os mais conhecidos transtornos

invasivos de desenvolvimento ou TIDs e vem sendo estudado desde o século

XIX. A partir de sua classificação como transtorno invasivo de

desenvolvimento, ficaram demarcadas as suas especificidades e pudemos

saber que trata-se de uma síndrome que pode ocorrer em qualquer país, em

todas as etnias e classes sociais, sendo que é mais prevalente em meninos.

Apesar disso, Facion (2002) adverte para a necessidade de um

diagnóstico diferencial para o autismo, uma vez que os sintomas podem

apresentar muitas variações de uma criança para outra. E a sua caracterização

como síndrome por parte da Nacional Society for Autistic Children e pela

Organização Mundial de Saúde (OMS), tem relação com esta variedade de

sintomas que a ela estão relacionadas.

Partindo da mesma concepção, Mesibov e Shea (1999) observam que

muitas dificuldades não são exclusivas do autismo:

“Muitas das características vistas no autismo são vistas em outros transtornos do desenvolvimento, tais como deficiência mental, transtornos de aprendizagem e transtornos da linguagem. Alguns são vistos em algumas condições psiquiátricas, tais como o transtorno obsessivo-compulsivo, personalidade esquizóide, e transtornos de ansiedade. Muitos deles também são vistos em crianças com desenvolvimento normal, ou mesmo em nós mesmos. O que distingue o autismo são o número, a gravidade, combinação e interação de problemas, que resultam em deficiências funcionais significativas. O autismo é um composto de déficits, não uma característica isolada” (MESIBOV e SHEA, 1999, p.2).

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

14

De acordo com Gauderer apud Facion (2002), existem três tipos de

classificações estabelecidas e reconhecidas no mundo para o Autismo, que

são: a da ASA (American Society for Autism), a da organização Mundial de

Saúde e a da DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) -

da Associação Americana de psiquiatria.

Segundo Facion (2002), O DSM-IV apresenta um critério mais

detalhado para o diagnóstico do autismo, incluindo sintomas que se enquadram

em seis ou mais critérios avaliativos das áreas de interação social,

comunicação, comportamento e estereotipias. Estas áreas podem possuir um

atraso em seu desenvolvimento ou funcionamento anormal.

Por outro lado, segundo Baptista e Bosa (2002), estudos mais

recentes, com profissionais envolvidos com crianças autistas, têm comprovado

que nem todas elas mostram aversão ao toque ou isolamento. Alguns, inclusive

apresentam comportamento de apego em relação aos pais, mostrando-se

angustiados quando separados destes. Outro dado observado nos estudos,

refere-se às estereotipias (balanço do corpo, agitação dos braços, etc), que são

comportamentos que não distinguem as pessoas com autismo daquelas sem

autismo. Em relação aos rituais, vistos como rotinas rígidas, tendem a ser mais

características do autismo, quando associadas a comprometimentos sociais.

1.2- Tratamentos Necessários Para o Autista

O tratamento de uma criança autista deve ser iniciado o mais cedo

possível, levando-se em conta que hoje em dia há mais recursos que auxiliam

no tratamento, que incluem: a intervenção precoce, a educação especial, o

suporte familiar e, em alguns casos, o uso de medicamentos.

Segundo Mahler (1993), o aspecto psicológico de um bebê

desenvolve-se num processo intrapsíquico de lento desdobrar. Já o aspecto

biológico, é bem delimitado e mais objetivamente observável.

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

15

Nesta perspectiva, Mussen (1972) ressalta os dois processos básicos

do desenvolvimento do indivíduo: aprendizagem e maturação. Por maturação

entende-se o desenvolvimento do organismo em função do tempo ou idade e

as transformações neurofisiológicas e bioquímicas desde o seu nascimento. E

a aprendizagem diz respeito a mudanças no comportamento ou desempenho,

a partir da experiência, sendo esta crucial nos aspectos do desenvolvimento e

transformação do indivíduo.

Nesta perspectiva, Piaget e Vygotsky apud Santos (2003),

consideram: a importância da maturação biológica e a presença de estágios de

desenvolvimento - segundo Piaget; e o ambiente social como provocador do

desenvolvimento - considera Vygotsky.

De acordo com Schmidt (2003), a escolha do tratamento adequado

ao autista deve seguir a etapa de desenvolvimento da criança, que a cada fase

apresenta sensações diferentes, que vão sendo assimiladas e acomodadas ao

seu padrão de comportamento. Nesse sentido, o autor diz que com crianças

pequenas, deve-se usar a terapia da fala, da interação social e linguagem,

educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, os objetivos

seriam trabalhar as habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade.

Com adultos, questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser

focadas.

Na mesma direção teórica, Rasmussen apud Juhlin (2002), concorda

que o sucesso no tratamento do autismo é a adequação do mesmo ao

desenvolvimento humano, uma vez que para obter uma resposta satisfatória

na terapêutica, é necessário que a criança possa encaixar os conhecimentos

adquiridos às situações que vivencia cotidianamente, facilitando assim a

compreensão e a aquisição de habilidades específicas.

Schimidt (2003) considera que para tratar o autista duas atitudes são

essenciais: a escolha do tratamento eficiente para cada caso específico e o

acompanhamento familiar como assessoria e apoio. Através da manifestação

de sentimentos e emoções, os pacientes vão fornecer dados sobre o que

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

16

gostam ou não, e mesmo com dificuldade, vão tentar verbalizar os conflitos

existentes. Deve-se ater aos objetivos do tratamento e o que se pretende

atingir, a partir de um plano elaborado nas sessões.

Conforme Gauderer apud AMA (2009):

“O tratamento do autismo vem evoluindo a cada ano, tanto na área escolar quanto na área médica. O objetivo do tratamento deve ser normalizar o seu desenvolvimento, com atividades tais como: ensinar a se vestir, a comer, higiene etc, técnicas especiais de educação e o uso de medicação sintomática, para tentar controlar melhor o comportamento destas crianças” (GAUDERER apud AMA, s/p ).

Outro tratamento reconhecido na comunidade científica, de acordo com

Mello (2004) é o Método TEACCH, surgido nos anos sessenta e desenvolvido

pelo Dr. Eric Schoppler, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de

Medicina da Carolina do Norte, Estados Unidos. Este método tem o objetivo de

avaliar a criança, seus pontos fortes e suas maiores dificuldades. E tem como

base a organização do ambiente físico através de rotinas-organizadas em

quadros, painés ou agendas-e sistemas de trabalho, visando desenvolver a

independência da criança, de modo que ela necessite do professor somente

para o aprendizado.

De acordo com Mesibov e Shea (1999), como o autista tem padrões

cognitivos e comportamentais próprios, o TEACCH contribui para inseri-los na

cultura a seu redor. Este Programa educacional é baseado em muitos

princípios, tais como:

• Áreas de Competência e Interesses: todos os alunos têm seus “pontos

fortes” e interesses que podem ser trabalhados para inseri-lo no meio social;

• Avaliação Cuidadosa e Constante: todos os alunos tem potencial para

desenvolver e melhorar suas habilidades. O Programa inicia-se pelo

planejamento de um programa educacional, a partir da observação da forma

como o aluno responde a uma variedade de materiais, instruções e atividades

desenvolvidas. Primeiramente, é trabalhado as necessidades de cada um, para

depois serem estabelecidas as metas em cada área de aprendizado;

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

17

• Assistência para a Compreensão do Sentido: todos os autistas tem

limitações na habilidade de entender o sentido de suas experiências. É usar um

guia empático e útil “no nosso ambiente” para que ele se sinta mais seguro e

menos confuso “lá fora”;

• A Resistência como Resultante da Falta de Entendimento: A maioria

dos comportamentos que os alunos apresentam é devido a sua dificuldade

cognitiva em entender o que se espera deles. Eles não têm comportamentos

desafiantes ou provocativos de propósito;

• Colaboração dos Pais: O planejamento educacional deve ser

sensível ao ambiente onde o aluno vive (sua casa). É importante incluir no

programa educacional, os desejos e estilos de vida da família do aluno.

Schimidt (2003) enfatiza a importância dos pais, irmãos e da família

como um todo, procurarem além dos tratamentos convencionais, grupos de

apoio, em que haja crianças com a mesma síndrome, a fim de obterem suporte

e informações, diante das diferentes visões e expectativas que a síndrome

suscita em cada membro da família.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

18

CAPÍTULO II

CONTRIBUIÇÕES DA APRENDIZAGEM

PARA O AUTISTA

Segundo Mahler (1993), o desenvolvimento autista não segue modelos

de desenvolvimento conforme a psicanálise compreende. Seu desenvolvimento

se dá a nível muito primitivo, ou seja, enquanto as funções motoras podem

estar normais, as funções do eu estão mal desenvolvidas.

Nesta perspectiva, Gauderer apud AMA (2009) conclui que: sendo o

objetivo da psicanálise explorar o inconsciente e as motivações que aí ocorrem,

os autistas não podem se beneficiar dela, devido ao grau de lesão que

possuem e por não disporem da capacidade cognitiva que esta requer.

Para Klin (2006), os pais do autista costumam se preocupar com o filho

entre os 12 e os 18 meses de idade, quando a criança não dá retorno às

abordagens verbais e responde de forma dramática aos sons.

Schimidt (2003) aborda a questão da aceitação dos pais de que o filho

é autista. Relata que há casos em que as mães apresentaram mais estresse do

que os pais. Neste aspecto, ensinar técnicas de manejo com a criança e

prestar informações sobre o espectro do autismo é tão necessário quanto

cuidar dos aspectos emocionais.

O desenvolvimento cognitivo é interno e contínuo, acontece desde os

primeiros dias até o fim de nossas vidas. O pensamento do bebê vai se

desenvolvendo de acordo com suas estruturas, partindo do motor para o lógico

e abstrato. Para que este desenvolvimento aconteça de forma natural e

saudável é preciso que a criança seja estimulada constantemente através de

percepções táteis, auditivas, visuais, motoras e afetivas. A qualidade do

pensamento ou das emoções vai sendo elaborado à medida que o homem tem

controle sobre si mesmo, sendo capaz de controlar os impulsos e as emoções

(VIGOTSKY apud Arantes, 2003).

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

19

Para Gauderer apud AMA (2009), o tratamento do autismo vem

evoluindo a cada ano, tanto na área escolar quanto na área médica. O objetivo

do tratamento deve ser normalizar o seu desenvolvimento, com atividades tais

como: ensinar a se vestir, a comer, higiene etc, técnicas especiais de

educação e o uso de medicação sintomática, para tentar controlar melhor o

comportamento destas crianças. A respeito das contribuições da educação

para o autista, o autor relata que:

“A educação é uma das maiores ferramentas para ajudar uma criança autista em seu desenvolvimento, para não dizer até que é a maior delas. Atualmente existem algumas variações de abordagens mais utilizadas para o ensino especial de crianças autistas, inicia-se por um processo de avaliação para poder selecionar os objetivos estabelecidos por área de aprendizado. A forma de levar a criança aos objetivos propostos varia conforme o método adotado, mas na grande maioria dos métodos, a seleção de um sistema tem tanta importância quanto as estratégias educacionais adotadas. A educação vista desta forma tem como meta ensinar tanto matérias acadêmicas quanto coisas que outras crianças costumam aprender através da própria experiência, como comer e vestir-se, de forma independente”(GAUDERER apud AMA, 2009,s/p.).

Segundo Vygotsky (1991), a aprendizagem e o desenvolvimento estão

inter-relacionados desde o nascimento. O indivíduo se apropria das formas

culturais que já existem e internaliza-as. A partir daí será possível um

desenvolvimento cada vez mais complexo.

Conforme Masiero (2009), para o aluno ter uma aprendizagem eficaz é

necessário que suas estruturas e organizações internas possam absorver

novos conhecimentos a partir de outros já assimilados. Na aprendizagem, de

um modo geral, estão inseridos: o interesse do aluno, a individualidade dele e

as condições externas do meio em que está inserido. O professor aparece

como mediador e facilitador da aprendizagem, tendo a afetividade o papel de

propulsora ou incentivadora da mesma.

Como sugerem Mesibov e Shea (1999), os professores devem ser

criativos com os autistas, na utilização de métodos e materiais, pois eles são

resistentes às mudanças. Além disso, é importante ensinar ao aluno o conceito

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

20

de causa e efeito, uma vez que os autistas não conseguem compreender a

relação entre seus comportamentos e o efeito que produzem. Esta relação é

muito importante, pois possibilita a pessoa cuidar de si mesma, executar

tarefas produtivas e viver em comunidade.

Outro aspecto considerado fundamental pelos autores, é buscar ver o

mundo através “dos olhos do aluno”, a fim de poder ensiná-los a se adequar à

nossa cultura. Os professores devem elaborar programas com o objetivo de

vencer os desafios do transtorno.

De acordo com a Associação dos Amigos do autista de São Paulo

(2009), a aprendizagem para a criança com autismo e atraso no

desenvolvimento, evoluirá melhor com um tratamento combinando terapia

comportamental e educação especial. Atualmente, as escolas especializadas

individualizam o tratamento tornando o aprendizado mais específico e eficiente.

Segundo Mesibov e Shea (2009), o papel do professor de um aluno

com autismo deve ser semelhante ao do intérprete transcultural: alguém capaz

de traduzir expectativas e procedimentos de um ambiente não autístico para o

autístico. A partir do momento que o professor conhece bem as deficiências e

os pontos fortes do aluno, pode fazer uma ponte entre a cultura da sociedade

em que vivem, passando os conceitos e costumes que esta privilegia e

conduzindo-o à aprendizagem.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

21

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO

SOCIAL PARA O AUTISTA

O artigo 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), inciso

primeiro, diz que: A criança e o adolescente portadores de deficiência

receberão atendimento especializado. No inciso segundo: Incumbe ao Poder

Público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos,

próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

Partindo do mesmo pressuposto, temos na Constituição Federal de

1988, no artigo 24, inciso XIV, que diz: Compete à União, aos Estados e ao

Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: proteção e integração social

das pessoas portadoras de deficiência.

No Brasil há iniciativas que explicam bem a necessidade de inclusão

social, como a da Secretaria Municipal da Cidade de São José dos Campos,

em São Paulo, que estabeleceu diretrizes para o atendimento de alunos

portadores de necessidades especiais:

“[...] A prática da Inclusão Social repousa em princípios tais como: a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, a convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da cooperação.[...] a inclusão social é , assim, um processo que contribui para a construção de uma sociedade mais justa através das transformações físicas, sociais e ideológicas. [...]Os alunos com deficiência múltipla ou severa, que apresentam uma grande dificuldade para freqüentar uma escola comum devem ser atendidos concomitantemente por uma equipe multidisciplinar em uma Instituição de atendimento aos portadores de deficiências (Ex.:APAE,ARDEF,EMA,RENASCER,etc) que se co-responsabilizará por seu projeto de inclusão” (COTRIN, 2001).

No Estado do Rio de Janeiro, atualmente, encontra-se em andamento o

“Projeto Integrando” que teve início em novembro de 2007 e tem como objetivo

atuar no Sistema de Educação Especial do Município do Rio de Janeiro. O

projeto conta com o apoio financeiro da FINEP( Financiadora de Estudos e

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

22

Projetos) , Empresa Pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia do

Governo Federal (MONTECHIARE, 2007, s/p.).

Em São Paulo existe o CIAM (Centro Israelita de Apoio

Multidisciplinar), entidade civil, sem fins lucrativos, criada por Harry Fromer em

1959. O CIAM é uma entidade de natureza educacional, beneficente e

filantrópica que presta serviços a portadores de deficiência mental. O Centro

atende atualmente a mais de 600 pessoas, e busca em seus programas,

atender às famílias carentes da região em que está situada, bem como dar

apoio ao ensino das pessoas com deficiência e /ou dificuldades de

aprendizagem. Ele oferece na área de educação, cinco programas, entre eles:

Educação Infantil; Educação para e pelo Trabalho; Inclusão Escolar e Inclusão

no Mercado de Trabalho. O CIAM também oferece capacitação para Escolas

(apoio na adaptação curricular, asessoria à equipe escolar, etc) e Empresas

(treinamento/ sensibilização de equipes, levantamento/ adaptação de funções,

etc). Recebe apoio através do patrocínio de quase sessenta Empresas de

grande e médio porte do País. Já recebeu vários prêmios de Eficiência, sendo

o último deles em 2006, como uma das 50 melhores entidades da década.

Na Reportagem “Mistérios do Autismo” do Canal de tevê Discovery

Home & Health, de 5 de abril de 2009, repórteres entrevistaram pessoas com

autismo da cidade de Sacramento, Estado da Califórnia, Estados Unidos.

Durante o programa foi relatado as características do autismo, tais como:

problemas de linguagem ou ausência de fala; dificuldades em se relacionar

com o outro; falta de empatia; rotina monótona; solidão extrema, etc.

De acordo com a Reportagem, há muitos tipos de autismo e não se

sabe ainda ao certo a causa desta síndrome. Dentre os tratamentos utilizados

na Cidade estão: terapia com arte, terapia ocupacional e a oxigenoterapia.

Esta última é uma terapia nova, para oxigenar o cérebro, no entanto, sem

nenhuma comprovação científica. Ao final, mostraram o caso de um indivíduo

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

23

autista adulto que conseguiu levar uma vida independente, na qual trabalha e

mora sozinho.

Segundo Gauderer apud AMA (2009), a inserção social de uma pessoa

autista não é fácil, envolve em colocá-la em um meio social não preparado para

ela, e sujeito a comportamentos estranhos para as outras pessoas. Entretanto,

o autor cita que muitas pessoas acham que a sociedade deve aprender a

conviver com a diferença. E desta forma, o ideal é educar o autista e as demais

pessoas envolvidas. Partindo do mesmo pressuposto, o autor também

considera que, no caso de uma criança autista que esteja alfabetizada e

freqüentando uma escola regular, é importante que o planejamento dos

conteúdos escolares seja feito à curto prazo, enfrentando um desafio de cada

vez, com o objetivo de analisar o resultado, prever estratégias, avanços ou

recuos, conforme o seu aprendizado em sala de aula.

Partindo da concepção de que a Educação é um dos itens mais

importantes para a inserção do autista, Mesibov e Shea (2009) alertam para as

limitações das técnicas educacionais tradicionais. O meio mais simples de

ensinar crianças sem autismo é através do uso da linguagem. Entretanto, as

explicações verbais são freqüentemente ineficazes para os alunos com

autismo. Mesmo alunos com vocabulário expressivo podem não entender o

conteúdo da linguagem. Aqueles que também são deficientes mentais são

ainda menos aptos a aprender pelos meios verbais. Nas técnicas educacionais

do TEACCH, as palavras podem ser usadas, entretanto, as indicações físicas,

os materiais e a estrutura física do ambiente são muito mais eficazes. Outro

aspecto importante deste método é a individualização do aprendizado. Por

serem muito diferentes entre si, os alunos não trabalham bem em grupo. Os

professores tem que conhecer muito bem os seus alunos para poderem

ensinar a níveis muito diferentes nas várias áreas de habilidade.

Batista, Bosa e Cols. (2002) citam a experiência que tiveram na Itália

entre os anos de 1992 e 1996, estudando o projeto nacional de integração dos

alunos com deficiência na escola regular e os dispositivos necessários para a

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

24

implementação da proposta. Dentre os assuntos abordados por eles está um

amplo processo de crítica às instituições diferenciadas que resultou na

promulgação da Lei 517, de 1977, determinando o fechamento das escolas e

classes especiais. Em meados dos anos 70 houve influência também da

prática pedagógica associada à educação ativa e ao trabalho de Freinet. A

partir do Movimento de Cooperação Educativa (MCE) e as proposições de

práticas alternativas, foi criado um projeto nacional de integração, no sentido de

oferecer suporte para processos que propiciassem uma evolução dos alunos,

dos profissionais e da própria instituição. Os autores salientam que para a

integração entre o indivíduo autista e a educação se inserem várias questões,

de ordem ética, social, educativa, didática, econômica, etc. Neste amplo campo

de análise, eles escolheram analisar o nível ético, pois este favorece a

compreensão e evita equívocos.

“Acreditamos que a convivência escolar compartilhada, naquela que tem sido chamada “escola inclusiva”, possa favorecer mudanças éticas relativas ao trato com as diferenças. Esse pode ser um dos efeitos associados ao convívio: a construção de uma nova base ético-cultural. Podemos como sociedade, pensar em formas de convivência que transformem a relação com os “diferentes”. Para tanto, é necessário o reconhecimento da semelhança que muitas vezes a diferença oculta”.Cremos que a semelhança encontra-se justamente na condição humana que nos constitui e que o trabalho educativo deve ser capaz de operar essa identificação”(Batista, Bossa e Cols. 2002, p.128).

A inserção social do autista no ponto de vista dos autores acima, foi

evidenciada pela presença de uma série de elementos que integrados dão à

escola um papel relevante dentro de um complexo sistema do qual fazem

parte: a família, a administração municipal, a universidade e seus profissionais,

os alunos sem autismo da escola regular, projetos pedagógicos incluindo a

todos, um centro de documentação, etc. Segundo os autores, para o sucesso

do Projeto, é necessário a existência de um contexto social, legislativo e

institucional dando suporte, a fim de que se exija dos profissionais e das

instituições, a sua cota de colaboração para com os alunos com necessidades

educativas especiais.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

25

Seguindo a mesma linha de pensamento, Masiero (2009) considera

que:

“Na escola o aluno aprende o respeito, a aceitação, a cidadania e, na medida do possível, vivencia essas experiências, convivendo com colegas de diferentes culturas. Aceitando as diferenças físicas e mentais, através da inclusão social. Mas além dos muros escolares, encontra preconceito racial, social e cultural. Falta de ética, moral, cidadania, humanismo. Se o indivíduo está preparado para enfrentar essa ambigüidade social, saberá viver plenamente”(s/p.).

No ponto de vista da família, Conceição (1984) reflete sobre a

necessidade de se criar uma relação harmônica entre seus membros, no

sentido de fortalecer o potencial de desenvolvimento do filho. Cabe à família

promover o desenvolvimento de seu filho, integrando-o de forma adequada no

próprio grupo familiar e progressivamente em outros grupos sociais. A busca

da relação harmônica é difícil, porém possível. Para tal, é necessário que não

se valorize em demasia a deficiência e aproveite-se o potencial do filho, o afeto

entre os familiares, a fim de criar um ambiente favorável a todos.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

26

CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente trabalho visou elucidar alguns

aspectos que envolvem o Autismo de um modo geral, a partir da criança

autista, em especial, abordando o conceito de autismo, os sintomas

principais, o diagnóstico, os tratamentos necessários, as contribuições da

aprendizagem e, por fim, as contribuições da inserção social para o autista.

Os temas abordados foram construídos com o objetivo de se chegar à

conclusão de que há esperanças na inserção social do autista, e que os pais e

a sociedade estão ancorados em dispositivos legais da Constituição Federal,

no qual devem se apoiar para garantir o melhor desenvolvimento para os

portadores destes transtornos.

Dentre os aspectos apresentados no trabalho, mereceu especial

atenção: a necessidade de tratamentos especializados para o autista, desde o

momento que os pais percebem alterações na criança até o momento que

estes indivíduos alcancem seus potenciais e estejam, de acordo com suas

especificidades, integrados à cultura a seu redor.

A importância de se iniciar precocemente o tratamento também foi

abordado para a garantia do sucesso no desenvolvimento de habilidades que

correspondem a determinadas fases da criança. Por outro lado, conforme

abordamos, o desenvolvimento cognitivo perdura por toda a vida. E no autista

este desenvolvimento também é contínuo, sujeito a vencer as dificuldades para

alcançar patamares maiores. A infância, a adolescência e a fase adulta

também são fases diferentes para o autista, e quanto mais eles estiverem

aculturados e inseridos no meio social, mais felizes serão.

A aprendizagem é considerada por especialistas como principal fator

de bem estar físico, psíquico e social para os portadores do transtorno. Um

professor que trabalha com a inclusão social de pessoas com deficiência em

escola regular, em especial, o autista, deve buscar a colaboração dos outros

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

27

profissionais da escola, ter um vínculo ou parecer dos especialistas que

atenderam a criança, tais como: o psicopedagogo, o fonoaudiólogo, o

psicólogo, o neurologista, etc. É importante ter uma parceria entre o professor,

a escola, os especialistas e a família.

No Brasil, mesmo com o apoio das Leis que garantem a integração

social dos deficientes, são poucas as escolas públicas que estão preparadas

para recebê-lo. A escola pública ainda está na fase de promover a qualidade

do ensino. A partir deste dado, conclui-se que ainda há muito o que se fazer

para que as escolas públicas possam incluir a todos, em especial os autistas,

dispondo de vários recursos, tais como infra-estrutura, materiais adequados,

entre outros recursos.

Uma equipe pedagógica motivada, profissionais interessados em

trabalhar com a inclusão, cursos de capacitação, entre outras medidas,

precisam ser implementadas para que toda escola pública tenha condições de

aceitar o aluno autista ou portador de outras necessidades especiais.

Por representarem uma parcela pequena da população, os autistas às

vezes são rotulados e colocados à parte na sociedade. É importante conhecer

suas dificuldades, aceitá-los como são, acreditar nos seus potenciais, trabalhar

projetos educacionais para incluí-lo no estabelecimento público, enfim,

contribuir para inseri-lo num contexto de vida feliz, em que todos envolvidos

respeitem suas especificidades, e os profissionais e a família possam ter a

sensação de dever cumprido, de estarem colaborando para a sua socialização

e dignidade perante a sociedade.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

28

ANEXOS

ANEXO 4

Olá! COUTO. Associação de Amigos do Autista de São Paulo. Disponível em:

www.ama.org.br. Acesso em 4. março. 2009.

ANEXO 5

Autismo Infantil. ASSUMPÇÃO JR. Disponível em: www.inep.org.br. Acesso

em: 15. março. 2009.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

29

ANEXO 4

TEXTO DE REGINA COELI DO COUTO. AMA. SÃO PAULO, 2009.

Olá!

Sou uma criança portadora de autismo, tenho dez anos e sou aluno da

AMA, na Unidade do Cambuci. Aqui na nossa unidade são atendidas crianças

de até doze anos. Eu e meus colegas autistas ficamos na AMA por quatro

horas diárias, e o atendimento é feito no período da manhã das 8h00 às 12h00

ou no período da tarde, das 13h00 às 17h00.

Vejo muita gente que trabalha na AMA. A equipe pedagógica que

trabalha diretamente comigo é composta por pedagogas, fisioterapeutas,

terapeutas ocupacionais e estagiários de curso superior.

É importante eu freqüentar a AMA, pois lá, depois de uma avaliação,

foi planejado um programa de desenvolvimento para mim com muitas

atividades que visam desenvolver as minhas habilidades(e eu tenho muitas),

me ensinam a desenvolver habilidades nas quais eu tenho mais dificuldade.

As salas de aula da AMA são estruturadas para que eu tenha facilidade

para enfrentar processos de aprendizagem. São poucas crianças por classe e

um número de profissionais adequado para atender-nos.

O programa de aprendizado é individual. Cada um de nós tem uma

pasta com um programa único, que se desenvolve de acordo com nosso

aprendizado, no ritmo de cada um.

As atividades visam desenvolver nossas habilidades nas áreas;

motora, sensorial, perceptiva, cognitiva..., além de buscar a nossa socialização,

o contato com outras crianças e com outras pessoas. Ah! Lá eles também me

ensinam coisas importantes da vida diária como: usar o banheiro, escovar os

dentes, comer, me vestir, me calçar...

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

30

Durante o período que fico na AMA faço muitas atividades. Na minha

mesa de trabalho faço as atividades que aprendi e que já sei realizar

independentemente. Essas atividades são feitas com material concreto, são

coloridas e interessantes. Muitas delas são feitas pelos profissionais da AMA

com sucata. Vocês não podem imaginar o que eles aproveitam de material

(que algumas pessoas chamam de lixo) e como as atividades ficam bonitas e

criativas. Outras atividades são feitas com materiais e brinquedos pedagógicos

comprados prontos. Faço várias atividades diferentes por dia, não repito

nenhuma no mesmo dia.

Na mesa do professor, trabalho individualmente com uma pedagoga

que me ensina novas atividades. Ela tem muita paciência, me ensina e me faz

cumprir a atividade quantas vezes necessário, para que eu aprenda e possa

realizá-la independentemente e assim levá-la para a minha mesa de trabalho.

Ei! eu ia me esquecendo! Entre um horário de trabalho e outro eu tenho um

momento “relax”, também chamado de momento de lazer. É um descanso

rápido entre uma atividade e outra que me permita uma pausa, em um

“cantinho” preparado da sala de aula, onde posso usar um brinquedo, cantar ou

até ficar quietinho me preparando para continuar as atividades. Todo dia na

AMA, nós cantamos. Tenho alguns coleguinhas que não falam, mas os

profissionais cantam para eles. É um momento de descontração e também de

aprendizado. Enquanto cantamos aprendemos gestos, aprendemos a escolher

uma música, a respeitar a escolha e a vez do colega... tudo isso cantando!!!

Na AMA temos outras atividades fora da sala de aula. Nossas aulas de

atividade física acontecem três vezes por semana e são muito importantes.

Muitos de nós temos dificuldades e aqui foi desenvolvido um projeto especial

que procura desenvolver as nossas maiores dificuldades.[...] Temos também

uma vez por semana o “Projeto Brincar”, que é um programa que tem o

objetivo de nos fazer entender, dentro de nossas limitações, o que é brincar e

fazer um uso funcional disto. Muitos de nós não conseguem usar um brinquedo

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

31

dentro de sua função e isto não é bom. O “projeto Brincar” trabalha com

diferentes brinquedos e jogos respeitando sempre as habilidades e dificuldades

individuais. Ah mais uma coisa O Horário do Lanche !!! Ah eu adoro! Nesta

hora todas as crianças da AMA se reúnem no refeitório e tomamos nosso

lanche que é sugerido por um cardápio feito por uma nutricionista. Quando

acabamos de comer saímos para o parque e temos um tempo para relaxar.

Tem um brinquedão no parque, com escorregador e tudo. Temos também um

espaço grande onde podemos andar, correr, nos exercitarmos, enfim brincar

junto com nossos colegas e com profissionais que nos atendem.

Nossa! Acredito que você já tem uma idéia de como é um dia de aula

na AMA. [...] Venha nos conhecer e ver de pertinho o que acontece por aqui.

Não é pouco e é muito importante. Eu como portador de autismo, sou chamado

de criança especial de um lugar especial e de outras pessoas “especiais”.

Bem, o meu lugar especial acho que você já sabe qual é né? É a AMA.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

32

ANEXO 5

AUTISMO INFANTIL

Prof. Dr. Francisco B. Assumpção Jr.

Quais são os sinais e sintomas do autismo?

A criança autista prefere o isolamento. O autismo é caracterizado por

diversos distúrbios, tais como:

• de percepção, como, por exemplo, dificuldades para entender o que

ouve;

• de desenvolvimento, principalmente nas esferas motoras, da

linguagem e social;

• de relacionamento social, expresso principalmente através do olhar,

da ausência do sorriso social, do movimento antecipatório e do contato físico;

• de fala e de linguagem que variam do mutismo total: á inversão

pronominal (utilização do você para referir-se a si próprio), repetição

involuntária de palavras ou frases que ouviu (ecolalia);

• movimento caracterizado por maneirismos e movimentos

estereotipados.

Existe tratamento para o autismo?

Hoje, o tratamento do autismo não se prende a uma única terapêutica.

O uso de medicamentos, que antes desempenhava um papel de fundamental

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

33

importância no tratamento (devido à crença da relação do autismo com

quadros psicóticos do adulto), passa a ter a função de apenas aliviar os

sintomas do autista para que outras abordagens, como a reabilitação e a

educação especial possam ser adotadas e tenham resultados eficazes.

Como é a educação especial para o autista?

Dentre os modelos educacionais para o autista, o mais importante,

neste momento, é o método TEACCH, desenvolvido pela Universidade da

Carolina do Norte, e que tem como postulados básicos de sua filosofia:

propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as potencialidades e

a faixa etária do paciente; Neste método é importante trabalhar:

- a funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função

prática);

- a independência (desenvolvimento de capacidades que permitam

maior autonomia possível);

- a integração de prioridades entre família e programa, ou seja,

objetivos a serem alcançados devem ser únicos e as estratégias adotadas

devem ser uniformes.

Dentro deste modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual,

onde é definida uma programação diária para a criança autista. O aprendizado

parte de objetos concretos e passa gradativamente para modelos

representacionais e simbólicos, de acordo com as possibilidades do paciente.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

34

BIBLIOGRAFIA

ARANTES, Valéria Amorim (Org.). Afetividade na Escola: Alternativas teóricas e Práticas. São Paulo: Summus, 2003.

BAPTISTA, C. R., BOSA, Cleonice & Cols. Autismo e Educação: reflexões e propostas de intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2002.

BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Brasília. Senado Federal,1998.

______. SEESP. Política Nacional de Educação Especial. Brasília, 1994.

CONCEIÇÃO. Jeorginearle de F. Como entender o Excepcional, Deficiente Mental. Rio de Janeiro: Sindicato Nacional dos Editores de Livros, 1984.

DISCOVERY HOME & HEALTH. Mistérios do Autismo. Canal de TV Net. 05. abril. 2009.

ECA. Estatuto da Criança e do adolescente. Lei Nº 8069 de 13 de julho de 1990.

FACION, José Raimundo. Transtornos invasivos do desenvolvimento associados a graves problemas do comportamento: reflexões sobre um modelo integrativo. Brasília: Ministério da Justiça, Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), 2002.

KLIN, Ami. Autismo e Síndrome de Asperger: uma visão geral. Revista Brasileira de Psiquiatria. Supl.1, p.3-12, 2006.

MAHLER, M. PINE, F. BERGMAN, A. O Nascimento Psicológico da Criança-Simbiose e Individuação. Rio de Janeiro: Zahar,1975.

MELLO, A.M.S.R. de. Autismo: Guia Prático. Brasília: CORDE, 2004.

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

35

MUSSEN, Paul H. O Desenvolvimento Psicológico da Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

BOSSA, Nádia A. Dificuldade de Aprendizagem. O que são? Como tratá-las? Porto Alegre: Artmed, 2000.

NOGUEIRA, Tânia. Um novo olhar sobre o autismo. Revista Época. Edição. 473, p.1-4, 11. junho, 2007.

SANTOS. Psicopedagogia Operativa. Curso de Psicopedagogia on Line. Rio de Janeiro, Ministério do Exército, 2003.

SCHIMIDT, C. A investigação do impacto do autismo na família: revisão crítica da literatura e proposta de um novo modelo. Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol. 28, supl.1, p.48-54. São Paulo, 2006.

VYGOTSKY, L. S. A formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

36

WEBGRAFIA

ASSUMPÇÃO JR., Prof. Dr. Francisco B., Autismo Infantil. Disponível em: http://www.inep.org.br. Acesso em 15. março. 2009.

BUENO, M. Z. A genética e o autismo. Disponível em: http://www.veja.com.br. Edição: 14. agosto. 2008. Acesso em 10. março. 2009.

COUTO, Regina Coeli do. Olá! Disponível em: http:// www.ama.org.br. Acesso em: 4.março.2009.

FROMER, Harry. Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar. Disponível em: http://www.ciam.org.br. Acesso em 6. abril. 2009.

GAUDERER, E.C., Associação de Amigos do Autista de São Paulo. Disponível em http://www.ama.org.br. Acesso em 4.março.2009.

GAUDERER, E.C., Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: uma atualização para os que atuam na área: do especialista aos pais. Disponível em http://www.inep.org.br. Acesso em: 15. março. 2009.

JUHLIN, Vera. O desenvolvimento da leitura e da escrita de crianças com necessidades especiais. São José dos Campos: Uni Vap, 2002. Disponível em http://www.universoautista.com.br . Acesso em: 4. março. 2009.

MASIERO, Adriane. A afetividade e o desenvolvimento cognitivo na Educação Pós Moderna. Disponível em: http:// www.webartigos.com. Acesso em: 10. abril. 2009.

MESIBOV, G. B., Victória. Cultura do Autismo: do entendimento teórico à prática educacional. Disponível em: http:// www.profala.com/artautismo5.htm. Acesso em 4. abril. 2009.

MONTECHIARE, Andréa. Projeto “Suporte à Inclusão Social de Jovens e Adultos vinculados ao Sistema de Educação Especial do Município. Disponível em : http://www.integrando.org.br. Acesso em: 12. abril. 2009.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

37

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – Conceito, Sinais e Sintomas 10

1.1- O Diagnóstico Especializado 12

1.2- Tratamentos Necessários Para o Autista 14

CAPÍTULO II – Contribuições da Aprendizagem Para o Autista 18

CAPÍTULO III – A Importância da Inserção Social Para o Autista 21

CONCLUSÃO 26

ANEXOS 28

BIBLIOGRAFIA 34

WEBGRAFIA 36

ÍNDICE 37

FOLHA DE AVALIAÇÃO 38

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …

38

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AUTISMO E INSERÇÃO …