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Direto ao ponto

Prêmio Empreendedorismo Conheça os projetos vencedores da segunda edição Publicado em 29/11/2006 - 23:00

É no meio acadêmico que surgem vários projetos, empreendimentos e experimentos. Mas, nem sempre, estas boas idéias sobrevivem fora dos bancos escolares. Não é falta de qualidade, tampouco ausência de inovação. O principal obstáculo para os estudantes, professores e pesquisadores é a carência de oportunidades para que consigam transformar seus planos de negócios em empreendimentos com viabilidade comercial e, principalmente, financeira. E para dar um empurrãozinho aos "empreendedores acadêmicos", o Santander Banespa, em parceria com o Universia, decidiu realizar a 2ª edição do Prêmio de Empreendedorismo.

Este incentivo foi suficiente para promover uma tempestade de propostas criativas nas categorias indústria, tecnologia e serviços. Porém, por falta de qualidade técnica dos projetos inscritos na área de Cultura, a comissão julgadora do prêmio decidiu extinguir a quarta categoria.

Na avaliação dos projetos foram levados em consideração o grau de inovação, coerência estratégica, viabilidade técnica, de infra-estrutura e financeira. Além disso, foram analisados também os potenciais para a criação de riqueza e geração de empregos, os possíveis impactos sociais e ambientais e, ainda, os indicadores dos resultados esperados.

Foram mais de 800 projetos inscritos, mas apenas três saíram da competição com o prêmio de R$ 50.000,00. E um dos felizardos foi o estudante da UFC (Universidade Federal do Ceará) Leandro Queiroz com o plano de negócio da FashionBrain, uma consultoria em gestão de identidade e de marketing de Moda para industrias têxteis, confecções e fabricantes de calçados e acessórios. "A moda é uma das áreas potenciais do Ceará e há uma lacuna neste setor", conta.

O serviço de consultoria prevê a análise de tendência de moda, análises do comportamento consumidor, criação de um sistema de identidade de marca, planejamento e criação de novos produtos e planejamento de comunicação. O que levou Queiroz criar este projeto foi o interesse na área de moda aliado à curiosidade no empreendimento. E o prêmio ajudou o estudante fazer uma redefinição em sua carreira. "Recebi a confirmação de que o meu projeto é viável e que tem tudo para dar certo. Desta forma, além de consultor de moda, o meu caminho agora é me tornar um empresário", ressalta.

Muito mais do que receber a confirmação da qualidade de seu trabalho, Queiroz conseguiu arrecadar parta da verba para colocar a FashionBrain no mercado de trabalho. "Os R$ 50.000,00 não financiará na íntegra a empresa - que está avaliada em R$125.000,00 -, mas já é um grande empurrão". Para o empreendedor a iniciativa do Santander Banespa vai contra a lei do mercado financeiro. "Não existem linhas de créditos que financiam projetos desta natureza e o concurso é uma oportunidade que viabiliza o desenvolvimento de novos projetos e o crescimento da produção científica no país. E o que é melhor, que aposta em jovens empreendedores", completa.

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A categoria industria foi a que mais recebeu propostas e a que se sobressaiu foi a do engenheiro e doutorando da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) Marcio de Andrade Batista. O pesquisador desenvolveu, junto com outros dois profissionais da área de mercadologia e finanças, o projeto de uma fábrica-piloto, em Uberlândia, usando o caldo de cana da região para obter a goma xantana. "O componente bioquímico, usado nas industrias farmacêuticas, petroquímica e alimentícia, é 100% importado e pode gerar uma renda anual de até US$ 400 milhões para o país", aponta Batista.

O produto já foi produzido por outros pesquisadores brasileiros, porém Bastista garante que a sua equipe conseguiu desenvolver uma nova fórmula de se fazer a goma, substituindo a glicose do milho pela sacarose da cana-de-açúcar. "Assim, criamos um produto com melhores características, como brilho e viscosidade, por meio de um processo mais apurado e com menor custo", descreve.

A criatividade e a inovação foram os principais fatores que deram ao projeto o título de campeã no Prêmio de Empreendedorismo, mas não foram os únicos. "A formação da equipe foi o nosso diferencial. Esta interdisciplinaridade entre os componentes garantiu qualidade em todos os processos do plano de negócio", observa.

Como a idéia, por melhor que seja, não é suficiente para a implementação de um empreendimento, Batista precisa de verba para colocar este plano em ação. A fábrica projetada requer investimentos entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão e uma porcentagem deste dinheiro já está garantida pelo prêmio. "Inicialmente vamos investir na compra de equipamentos e no desenvolvimento técnico do projeto", afirma. Mas, para o doutorando este não é o único benefício de sua premiação. "A vitória também facilitará na concretização de novas parcerias."

O advento da informática e os avanços da tecnologia nas diversas áreas do conhecimento têm contribuído bastante com a criação de novos produtos que colaborem, de certa forma, com o desenvolvimento das pessoas. E foi pensando justamente em facilitar o ensino de violões para músicos que o pós-graduando da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Américo Amorin idealizou o projeto ICHORDS. O software abre arquivos de áudio e mostra no violão virtual os acorde que estão sendo tocados. "Um facilitador para os músicos iniciantes e, principalmente, para aqueles que procuram estar sempre atualizando o seu repertório", diz.

O produto desenvolvido pela empresa D´Accord Music Software, na qual o pesquisador é o diretor executivo, será lançado já na próxima semana com a disponibilidade do software pela Internet em mais 60 países parceiros da instituição. E a idéia de participar do prêmio surgiu como uma oportunidade de expor o programa e alavancar o lançamento deste trabalho no mercado. É claro que o dinheiro também será muito bem vindo. "Pretendemos registrar este projeto, investir na tecnologia e, por fim, trabalhar o produto no mercado."

Para Amorin a conquista do prêmio foi uma surpresa, que só veio a confirmar a qualidade do trabalho desenvolvido por sua empresa. "O mérito não é só meu. Muitas pessoas estiveram envolvidas neste plano e cada uma delas teve o seu papel, que foi fundamental para chegarmos aqui", comemora. Daqui para frente o pesquisador terá muito o que fazer. "Continuarem investindo e criando projetos tecnológicos desta natureza. E este prêmio foi importantíssimo para me impulsionar a continuar inovando", conclui.

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