Unifatos 2015 3ª Edição

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Jornal Laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIV - edição 68 - junho de 2015 Um esporte que vem conquistando cada vez mais os cascavelenses é a patinação. A prática é comum no Lago Municipal de Cascavel e no Ginásio Ciro Nardi. Sobre rodas p. 13 Em 2012, mais de 175 mil brasileiros fizeram intercâmbio. Conheça histórias de alguns cascavelenses que se aventuraram no exterior e quais são as formas de se fazer isso. Intercâmbio p. 4 e 5 EducAÇÃO A colunista Camila Juviak fala sobre a greve dos professores por meio de uma narrativa inusitada. Ela destaca todo o percurso de lutas e agressões aos professores do estado. p. 3 Para Rafaela Pavesi, 28, natural de Apucarana, e Gregori Oldoni, 27, de Colorado do Oeste (RO), o sorvete tem sabor de criatividade. Os jovens empreendedores, trouxeram a Cascavel um novo conceito de sorveteria e contam um pouco sobre o novo empreendimento, sobre as dificuldades e alegrias em criar o próprio negócio. BookCrossing estimula cascavelenses a compartilhar livros p. 8 e 9 Educomunicação Com o intuito de quebrar paradigmas, o professor Edson Gavazzoni, 45, desenvolve um projeto de educomunicação, em que se aliam duas áreas primordiais, educação e comunicação. Assim, dá-se poder ao aluno para que ele utilize diversas mídias modernas e estimula o desenvolvimento de aprendizes autônomos. p. 3 Casal inova conceito de sorveteria no município “Compartilhar” passa a ser uma forma de romper o consumo desenfreado. Uma dessas maneiras de libertação é o BookCrossing, que, além de gratuito e de fácil acesso, tem como propósito o desapego. Esse projeto surgiu na Europa em 2001 e veio para o Brasil em setembro de 2013. A ideia é que depois de lidos, os livros sejam deixados em locais públicos, para que outras pessoas possam encontrá-los e fazer a mesma coisa. O objetivo é deixar as obras livres e espalhadas, tornando o mundo uma biblioteca sem fronteiras. Em Cascavel, o primeiro ponto oficial de BookCrossing pode ser encontrado na sorveteria Via del Gelato. p. 12 EVELYN ANTONIO WELLEN REINHOLD DEISY MAYER

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Jornal Laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIV - edição 68 - junho de 2015

Um esporte que vem conquistando cada vez mais os cascavelenses é a patinação. A prática é comum no Lago Municipal de Cascavel e no Ginásio Ciro Nardi.

Sobre rodas

p. 13

Em 2012, mais de 175 mil brasileiros fizeram intercâmbio. Conheça histórias de alguns cascavelenses que se aventuraram no exterior e quais são as formas de se fazer isso.

Intercâmbio

p. 4 e 5

EducAÇÃOA colunista Camila Juviak fala sobre a greve dos professores por meio de uma narrativa inusitada. Ela destaca todo o percurso de lutas e agressões aos professores do estado. p. 3

Para Rafaela Pavesi, 28, natural de Apucarana, e Gregori Oldoni, 27, de Colorado do Oeste (RO), o sorvete tem sabor de criatividade. Os jovens empreendedores, trouxeram a Cascavel um novo conceito de sorveteria e contam um pouco sobre o novo empreendimento, sobre as dificuldades e alegrias em criar o próprio negócio.

BookCrossing estimula cascavelenses a

compartilhar livros

p. 8 e 9

Educomunicação

Com o intuito de quebrar paradigmas, o professor Edson Gavazzoni, 45, desenvolve um projeto de educomunicação, em que se aliam duas áreas primordiais, educação e comunicação. Assim, dá-se poder ao aluno para que ele utilize diversas mídias modernas e estimula o desenvolvimento de aprendizes autônomos. p. 3

Casal inova conceito desorveteria no município

“Compartilhar” passa a ser uma forma de romper o consumo desenfreado. Uma dessas maneiras de libertação é o BookCrossing, que, além de gratuito e de fácil acesso, tem como propósito o desapego. Esse projeto surgiu na Europa em 2001 e veio para o Brasil em setembro de 2013. A ideia é que depois de lidos, os livros sejam deixados em locais públicos, para que outras pessoas possam encontrá-los e fazer a mesma coisa. O objetivo é deixar as obras livres e espalhadas, tornando o mundo uma biblioteca sem fronteiras. Em Cascavel, o primeiro ponto oficial de BookCrossing pode ser encontrado na sorveteria Via del Gelato.

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2 OPINIÃO junho de 2015

Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806-080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretor Geral: Adriano Coelho. Unifatos. Jornal laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Patrícia Duarte. Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos, fotos, diagramação e paginação): Adilson Anderle Junior, Alex Sandro Betim Meurer, Alice de Oliveira, Aline Libera Mayer Arriola, Amanda Valeska Cieslak, Ana Claudia Dembinski Kaminski, Ana Talita da Rosa Bonadimann, Anderson Leal da Silva, Andressa Barbon Gimenez, Beatriz Helena da Silva, Camila Juviak dos Santos, Deisy Antoniele Guedes Mayer, Diego Ubiratan Caetano, Ellen Bruna dos Santos, Evelyn Rafaeli de Oliveira Antonio, Gabriel Datsch dos Santos, Graziele Rodrigues de Oliveira da Silva, Juliana Aparecida de Jesus Gregozewski, Lohana Larissa Mariano Civiero, Maiara da Silva Coelho, Matheus Vieira Rocha, Pamella Dayani dos Santos, Patrícia Cordeiro da Silva, Rafaela Ghelfond Bacaltcuk, Renan Cesar Alves, Renan Fabrício Lorenzatto da Silva e Wellen Fernanda Reinhold. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: [email protected]

Expediente

Vamos viajar?!

Alice Oliveira

Uma das atitudes mais libertadoras que o ser humano pode fazer é viajar. Vamos?! Sim, aqui no Unifatos, você pode ir para onde quiser. Não importa para onde deseja ir, pois nosso passeio inicia pela educação, passa pela cultura, desbrava os esportes do nosso país, prova dos melhores sabores da região, te deixa muito bem vestido e claro, muito bem informado, para completar todo seu trajeto. Já que estamos falando em viagem, que tal um intercâmbio? Sabe aquele sonho de viajar ao mundo?! Ele pode se concretizar. Nas páginas quatro e cinco você vai encontrar a editoria de Turismo, com o tema “Desbravando o desconhecido”, onde o mais importante é abrir a mente e se jogar em uma nova aventura. Para você ter mais confiança, durante a matéria vai encontrar pessoas que fizeram intercâmbio, as quais vão compartilhar experiências. Na editoria de Educação, você vai conhecer o projeto Gira Mundo, onde mesmo em período de greve dos servidores públicos do Paraná – principalmente os professores da rede estadual – os alunos têm a oportunidade de viajar o mundo com um professor que desenvolveu um conteúdo de Educomunicação, ou seja, educação com comunicação. Na página seis você vai acompanhar uma matéria que é de dar água na boca. A culinária japonesa caiu no gosto dos brasileiros. Um especialista em gastronomia vai explicar como a cultura brasileira influencia na comida oriental, fazendo com que esta seja adaptada. Engorda ou não engorda? Faz mal comer a comida crua? Quais os benefícios? Para essas dúvidas e muito mais você vai encontrar as respostas na nossa editoria de Gastronomia. Aqui no Unifatos o cotidiano tem um espaço especial, ainda mais agora que a nossa “Metrópole em construção” está passando por mudanças, que devem modificar completamente seu “esqueleto”, a Avenida Brasil. Mas enquanto este projeto não é concluído, diversos pedestres e pessoas com limitações físicas encontram dificuldades para transitar em praticamente todas as vias do município, do centro até os bairros. Assuntos diversificados não faltam por aqui, e principalmente, assuntos atualizados. Aaah! E não se esqueça de dar uma olhadinha na coluna social 12 poses, se você não estiver por lá, com certeza um conhecido seu, estará!

O que todo filho deveria dizer para sua mãe!Matheus Roch

Existem Natal, Réveillon, Páscoa, Dia das Crianças, Dia do Trabalhador e tantas outras datas comemorativas. E, é claro, o Dia das Mães. Então eu pergunto, como resumir todo o significado de uma mãe e agradecer em apenas um dia? É clichê, mas todo dia é dia das mães, e da mesma forma que agradecemos a Deus diariamente pelas coisas boas da vida, deveríamos agradecer diariamente a uma das pessoas mais importante na vida de qualquer pessoa! - Eu te amo! Parece ridículo, mas nem todo filho diz que ama a mãe. É fato que, conforme crescemos nos tornamos independentes e nos afastamos do convívio amoroso com nossa mãe. Isso é natural, uma vez que conhecemos pessoas novas, descobrimos sentimentos novos e direcionados a outras pessoas. Apesar do que parece, expressar o amor e carinho por nossas mães não deveria ser sinônimo de vergonha, e sim de orgulho. - Obrigado! Ela nos carregou nove meses em sua barriga, e muitos outros fora dela. Abdicou de muitos sonhos para sonhar os nossos e ajudar-nos a realizá-los. Ela tirou da própria boca para manter nossa barriga cheia, e mesmo tendo feito de tudo para o nosso bem (noites em claro, lágrimas em silêncio, dores do parto e depois dele, entre milhares de coisas), ainda esquecemos de agradecer. Um simples “obrigado mãe” é suficiente! - Como você está? Uma pergunta boba, pode significar muito para uma mãe. Elas possuem o dom de esconder todos os sentimentos ruins, para não preocupar o filho. E isso significa que muitas vezes ela precisa desabafar em um ombro amigo, como muitas vezes ela ofereceu: lembra daquela pergunta diária “como foi o seu dia filho?”, então... Era uma forma de sondar e descobrir se alguma coisa poderia estar te magoando! - Eu cuido de você! Seja na velhice, ou ainda em seus 40 anos, uma hora sua mãe vai precisar ser cuidada. É a lei da vida: quando criança é a sua mãe quem cuida de você. Na fase adulta você mesmo toma conta de si. Com o nascimento dos seus filhos, você se torna responsável e cuida deles. E na velhice, são os seus filhos que cuidarão de você. Ou pelo menos deveria ser... A mãe dedica a vida para o filho, mas tristemente algumas delas acabam sendo abandonadas quando mais precisam. Isso não é o papel de um filho! - Parabéns! E por fim, devemos demonstrar nosso carinho, gratidão e preocupação diariamente. Parabenizá-la todos os dias por ter feito o melhor que podia. Por continuar tentando melhorar. Por nos obrigar a levar o guarda-chuva e nos livrar de um banho na rua. Por tantas coisas devemos agradecer, e simplesmente pelo fato de ser mãe. Porque ela não deixa de ser mãe no dia do trabalhador, nem mesmo no dia de Tiradentes. Ela sempre será mãe! - E aí, já disse que ama sua mãe hoje?

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Senhora paranaenseé agredidaCamila Juviak

Uma senhora de muitos anos vividos e sofridos, chamada Educação paranaense foi internada às pressas no início de fevereiro deste ano, devido aos acidentes que vem passando durante toda a sua história de vida. Principalmente depois de seu trauma mais malévolo, este que deixaram várias e grandes sequelas em seu corpo, desde o dia 30 de agosto de 1988. Após 25 anos reparando hematomas e alguns pequenos machucados rotineiros, a senhora Educação vem contando com a intensa ajuda de seus filhos, neste caso os professores, que batalham todos os dias, com sol ou chuva, com frio ou calor para colocar na mesa, na barriga e na cabeça dos netos, bisnetos e de todos descendentes da senhora Educação, o conhecimento necessário, para viver, sobreviver e os formar como cidadãos justos. Depois de duas décadas e meia, o soco foi bem mais forte, atingiu não só a boca do estômago, mas na cara e no coração de todos nós. Todos nós que algum dia já passaram pelos cuidados da senhora Educação e de seus filhos educadores, sabe o valor a importância que essa família carrega. O dia 29 de abril de 2015 foi doloroso. Atingida durante um confronto com o Poderoso Chefão do Paraná, a senhora sofreu escoriações consideradas graves, por conta das balas de borracha, ataques de cães e pelas bombas de efeito moral, que prejudicava os sentidos. Deste modo, foi levada para o hospital mais próximo da Praça Nossa Senhora Salette de Curitiba, enquanto seus filhos e netos lutavam para conseguir salvá-la o mais depressa possível. Chegando ao hospital, foi levada diretamente para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A família alega que a senhora havia perdido muito sangue no confronto com os capatazes do Poderoso Chefão, mas mal sabiam os familiares que a equipe médica também defendia os interesses de Don Corleone. Ao invés de tratá-la tentam desligar os aparelhos que mantém a Educação viva, para que assim, morra aos poucos, sem possibilidade alguma de defesa. Ainda assim, Educação permanece internada e precisa de muita ajuda de todos os seus familiares e agregados, além de necessitar de uma nova equipe médica para conseguir recompor ao seu Estado normal.

*Camila Juviak, acadêmica do 3° ano de Jornalismo, é apaixonada pela literatura e

fascinada pela escrita.

3junho de 2015 EDUCAÇÃO

EducAÇÃOBrincadeirade gente grande

Projeto Gira Mundo estimula comunicação

O método tradicional de ensino com o qual estamos acostumados é aquele em que se desenvolve no típico cenário de uma sala de aula, com um professor, vários alunos, um quadro negro, giz, apagador e muito conteúdo. Porém, essa já não é a realidade no Colégio Estadual Padre Carmelo Perrone, especificamente nas aulas da disciplina de História e do projeto contraturno Gira Mundo, ambos ministrados pelo professor Edson Gavazzoni, 45. Com o intuito de quebrar paradigmas, Edson desenvolve na escola um projeto de educomunicação, em que se aliam duas áreas primordiais, educação e comunicação. Assim, dá-se poder ao aluno para que ele utilize diversas mídias modernas e estimula o desenvolvimento de aprendizes autônomos. “Damos aos alunos a capacidade de eles se expressarem, deixarem de ser apenas observadores e receptores, mas que possam produzir o seu próprio conteúdo. Esse é o nosso papel”, explica Edson. O projeto Gira Mundo atende cerca de 30 adolescentes, entre alunos e a comunidade geral. Ele agrega várias áreas da comunicação. Iniciou com o jornal impresso, o Jornaleco, que circula

institucionalmente e também pela comunidade cascavelense. Aos poucos o processo de produção teve crescimento e os participantes do projeto trabalham hoje, com vários outros meios de comunicação, usam também a internet, o rádio e uma TV on-line. Deste modo, as produções feitas pelos próprios alunos têm o poder da diversidade de gostos e modos de fazer. O grupo atualiza as redes sociais, para que assim haja uma maior abrangência do que é trabalhado com eles e para mostrar o que fizeram, por meio das redes sociais como Facebook, Instagram e o Flickr. De acordo com o professor, há dez anos, quando iniciou seu trabalho de educomunicação, existiam várias dificuldades, como a de compreender que essa também é uma metodologia de ensino. Outra dificuldade é a questão dos equipamentos. O custo é alto e o Estado não auxilia nessa parte. “Conseguimos nossos equipamentos que usamos por meio de promoções na escola, com a parceria de algumas grandes instituições que reconhecem nosso trabalho e não pedem nada em troca”, enfatiza o professor.

Camila Juviak

Professor Edson: “Damos aos alunos a capacidade de [...] deixarem de ser apenas observadores e receptores”Andrei e Lucas, estudantes no estúdio da Rádio Galão

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A rádio Galão leva esse nome, pois sua estrutura e os equipamentos técnicos foram montados em cima de um galão de diesel, sendo assim uma base móvel para levá-la para qualquer lugar. A transmissão é feita pela internet, funcionando primeiramente com playlists pré-montadas, até o desenvolvimento de transmissão on-line 24 horas. O acervo de produtos realizados pelos participantes do projeto é de aproximadamente 60 vinhetas gravadas e editadas, 100 estão aguardando a edição e já foram gravadas 40 dicas que intercalam as músicas, durante a transmissão. Essas dicas são de empreendedorismo, economia doméstica, sustentabilidade. Todas elas são genéricas e atemporais, também elaboradas e gravadas pelos alunos. “Eu participo de certa maneira como um diretor geral da turma, que supervisiona e analisa o que está pronto, ou ainda está sendo planejado. Só não interfiro na produção”, relata Edson. Além das vinhetas, os alunos produzem diversos outros produtos. Textos são gravados e transmitidos e intercalados com as músicas, tudo que abrange o contexto de uma web rádio educacional. Todo ano a equipe da rádio é renovada. Há o predomínio de alunos do ensino médio e o interesse deles aumenta a cada ano. Andrei Dezimar Borille, 15, estudante, diz que se identifica com a parte técnica, prefere operar a mesa de som e conduzir as gravações, por ter maior afinidade com a música, desta forma, sempre está presente. O projeto diminui as dificuldades dentro da sala de aula e auxilia enfrentar o medo de errar, para que assim possam aprender. Segundo o estudante de 15 anos, Lucas Siqueira, as dificuldades foram presentes em alguns momentos, mas o diferencial é a confiança que o professor transmite para eles, para que além de tudo tenham segurança na hora de realizar as tarefas.

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4 TURISMO junho de 2015

Desbravando o desconhecido

“Quem quer fazer intercâmbio não

pode ir com a cabeça fechada. A pessoa tem

que estar disposta a experimentar coisas

novas e não ser tímida na hora de fazer

amizades”

Lohana Larissa e Renan Lorenzatto

Principais tipos de intercâmbioWork and travel: é um programas para universitários. O aluno viaja para o exterior e tem um emprego remunerado. As viagens geralmente são feitas durante as férias da faculdade. Casa de família: o intercambista é acolhido por uma família nativa cadastrada no programa de intercâmbio. Assim, aprenderá os costumes da cultura do país escolhido e ainda aprimorar o idioma. Curso de idiomas: o programa tem duração de no mínimo duas semanas, podendo durar até seis meses dependendo do rendimento do aluno. Nesse tipo de intercâmbio o aluno só estuda. Au pair: tem duração de um ano. O jovem viaja para uma casa de família, onde terá que cuidar das crianças dessa família.

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Cassiano e amigos em Whistler, no Canadá, em 2012

Travel and experience a totally different culture. Viajar y aprender un nuevo idioma. Viaggiare e fare nuove amicizie... Viajar e experimentar uma cultura totalmente diferente. Viajar e aprender um novo idioma. Viajar e fazer novas amizades...Viajar, desbravar, conhecer e mudar a forma de agir e pensar. São esses e mais outros tantos pontos positivos que uma pequena viagem de intercâmbio pode proporcionar! Segundo o dicionário, intercâmbio é, simplesmente, uma troca... Tal troca seria de cultura, comércio, experiências. Há cada vez mais jovens e adultos brasileiros que se aventuram em um intercâmbio. Para se ter uma ideia, de acordo com o Indeafix Pesquisas Corporativas, em 2012, pouco mais de 175 mil brasileiros foram estudar no exterior. O instituto justifica que essa alta ocorreu principalmente por causa da internet, que auxilia no processo de acesso ao intercâmbio. Essa pesquisa revelou, ainda, que a faixa etária dos brasileiros intercambistas é de 18 a 30 anos e que a tendência do número dos brasileiros em países estrangeiros é só aumentar. O professor Cassiano Albuquerque, 28, começou a sua vida de intercambista aos 22 anos. O primeiro, dos três intercâmbios que já fez, foi o Work Travel, que era só para trabalhar. Cassiano fez do terceiro para o quarto ano da faculdade, concluindo os quatro meses de intercâmbio nas férias. A viagem teve como destino os Estados Unidos. O segundo da lista foi para o Uruguai e tinha como objetivo aprender e aprimorar o espanhol. Ele ficou no país vizinho por dois meses, quando tinha 23 anos. Já o terceiro foi para trabalhar e estudar no Canadá e teve a duração de um ano. O aventureiro começou esse intercâmbio logo após completar 25

anos e conta que com certeza foi o melhor e que lhe rendeu mais histórias para contar. Uma das histórias que Cassiano gosta de contar é a de uma vez em que foi chamado para fazer figuração na série de TV Supernatural (Sobrenatural, no Brasil). “Foi fantástico. Combinaram bem certo o dia e o horário. Saí aquele dia do meu emprego e fui gravar”, recorda animado. O episódio foi gravado na faculdade de Vancouver e ao ver o ator Jensen Ackles, que interpreta um dos protagonistas da série, Cassiano ficou vibrante: “O cara que eu assistia há quase sete anos estava na minha frente!”. Mas não é só de alegrias que vive um intercambista. Há momentos tristes e um deles foi numa certa manhã em que Cassiano encontrou o seu host dad (pai hospedeiro) sem vida no sofá da sala. O motivo de sair do país para se aventurar em novas terras era sempre o mesmo: crescer como pessoa. “É incrível como o intercâmbio te transforma em uma pessoa mais rica. Você fica preparado para tudo”. Cassiano comenta que de tanto ir e voltar das viagens aprendeu várias coisas, das quais usa hoje na vida pessoal e no trabalho, como ensinar línguas, na escola em que trabalha. “Uso todo exemplo possível para ensinar melhor. Canadá e Estados Unidos têm uma cultura muito parecida, assim como Montevidéu e Brasil têm semelhanças e diferenças. Aprendi muita coisa”. As expectativas do intercambista e hoje professor foram totalmente superadas. Nos Estados Unidos, a expectativa era de praticar muito o inglês. “Lá eu trabalhava como camareiro, manutenção e ainda num restaurante”. No Uruguai, Cassiano conta que aprendeu tão bem o espanhol que na viagem de volta para casa, argentinos falaram para ele: “Nossa, mas você é daqui? Pois o seu sotaque é muito daqui”.

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5junho de 2015 TURISMO

Bournemoth, Oxford e Londres, na Inglaterra. Coesfeld, na Alemanha, e Perugia, na Itália. Essas foram as cidades em que a aposentada Rosa Maria Bernardi, 61, ficou durante os intercâmbios que fez, sem mencionar, é claro, as diversas outras cidades da Europa que visitou. O primeiro intercâmbio e o mais duradouro foi de um ano, para a cidade de Bournemoth, quando tinha 28 anos de idade. O clima da Europa logo mostrou para ela o que era um verdadeiro inverno. “Eu fui numa época de inverno e foi muito, muito frio. Eu descobri que o vento de Cascavel é uma brisa. Foi bem chocante”, revela. O que motivou Rosa Maria a fazer um intercâmbio foi a audácia em provar para si mesma que sabia a língua inglesa e para isso, nada melhor do que embarcar em um intercâmbio. Ademais, ela sempre teve em mente um objetivo, que era o estudo. Dessa forma, estudou inglês na Inglaterra e na Alemanha e o italiano na Itália. Segundo Rosa, é preciso ter uma meta fixa: “Se você fizer um intercâmbio sem um objetivo específico, você se perde na diversidade da cultura e é uma perda de tempo. Quando a pessoa vai com um objetivo, ela vai chegar lá e já terá um grupo para acolhê-la garantindo uma imersão na língua e na cultura”, explica. Além disso, ela sempre priorizou ficar em casa de família, pois são as crianças que mais ensinam a língua para um estrangeiro, pois “elas não terão problema algum em fazer correções”. Para Rosa, atualmente é mais fácil fazer intercâmbio. “Antes era bem mais difícil. Nós tínhamos que desembolsar muito dinheiro”, relata. Diferentemente de Cassiano, ela fez todos as viagens por conta própria, pois na época não existiam empresas que auxiliavam nesse tipo de viagem. “Hoje em dia não. Os intercâmbios são muito mais fáceis, são subsidiados. Existem fundos para isso e é muito mais fácil”, frisa.

Gabriel Hernandes Matias, 20, saiu do Brasil e foi para Sidney, Austrália. No começo ficou hospedado na casa da agência de viagens e hoje aluga um quarto em uma casa de família. O intercâmbio escolhido foi para trabalho e lá exerce a função de labour (pedreiro). Gabriel viajou quando tinha acabado de fazer 19 anos. “Quando eu vim, ele tinha duração de seis meses, mas aí acabei renovando meu visto para mais dois anos”. O jovem resolveu se aventurar em outro país porque queria ficar fluente no inglês e mudar a rotina. Mesmo a expectativa do inglês ainda não ter sido superada, Gabriel revela que o intercâmbio alterou totalmente a sua vida. “Mudei completamente meu estilo de vida. Minha rotina era só casa, faculdade e só. Hoje eu não paro nunca. Estou sempre fazendo alguma coisa”. As dicas que o jovem dá para aqueles que querem fazer intercâmbio são: planejar tudo certinho, quanto tempo vai ficar, escola, acomodação, alimentação; procurar descobrir o máximo de informação sobre o lugar que está indo, pois quem não se prepara chega lá e sente a diferença. Rafaela Camila Martins Klein, 15, voou até Auckland, Nova Zelândia, e por lá ficou por três meses. A jovem interrompeu por três meses seus estudos em Cascavel para viver essa grande experiência na casa de uma família kiwi (esse é o apelido dado às pessoas que nasceram na Nova Zelândia; esse também é o nome do pássaro nativo, símbolo do país). O intercâmbio foi de estudo,

com os objetivos: melhorar o inglês e fazer novas amizades e conhecer a cultura desse país tão diferente do Brasil. A estudante Rafaela conta que o intercâmbio supriu mais do que suas expectativas. “A experiência foi muito boa. Eu tive dificuldade para me acostumar com o gosto da comida que eles cozinhavam, para me adaptar com as tarefas de casa e o horário”, explica e lembra que também teve dificuldade para aprender a andar de ônibus, mas que com o tempo foi aprendendo. A jovem relata, ainda, que uma de suas experiências favoritas foi o show do Avicii e as cidades que conheceu, enquanto viajava pela região. Rafaela diz que com a viagem aprendeu a ser mais independente, a se virar em lugares que não conhece. “Agora eu sou uma pessoa mais social. Aprendi a fazer amizades, aprendi a dar valor a minha família, aos amigos e ao Brasil. Aprendi a aproveitar mais a vida e a natureza e também a ser menos estressada”, diz realizada. Rafaela conclui dizendo que a timidez deve ficar de lado quando se faz uma viagem assim, pois isso pode atrapalhar até no aproveitamento do mesmo. “Quem quer fazer intercâmbio não pode ir com a cabeça fechada. A pessoa tem que estar disposta a experimentar coisas novas e não ser tímida na hora de fazer amizades, tentar achar um aprendizado em cada coisa que acontece, e aproveitar muito cada momento, porque passa muito rápido”.

Os ares da Oceania

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Gabriel alimentando um canguru, na Austrália

Rosa, em Roma, na Itália, em 1994

Rosa em um piquenique na ilha de Brownsea, Inglaterra

Rafaela com amigas na praia de Piha, Auckland, Nova Zelândia

Top 10Os destinos mais escolhidos, quando o assunto é intercâmbio:

5º Nova Zelândia

1º Canadá

2º EUA3º Reino Unido

4º Austrália

6º África do Sul 7º Suíça 8º Espanha 9º Alemanha

10º Itália

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GASTRONOMIA junho de 20156

Culinária japonesa no Brasil:surgimento de uma nova vertente

A comida japonesa caiu no gosto dos brasileiros. Vários restaurantes se especializaram na área, mas em sua maioria, de forma adaptada. Com essa nova vertente, a culinária deixa de se resumir em apenas peixe cru e arroz, ganhando novas formas e sabores. Diogo Schneider, professor no curso de Gastronomia da Univel e sócio-proprietário de um restaurante japonês em Cascavel, explica que com a junção de duas culturas, japonesa e brasileira, surgem novos gostos e sensações, ou seja, uma cozinha japonesa contemporânea. “O que se faz no Brasil é uma adaptação. Temos os pratos tradicionais, mas optamos por uma vertente diferente. Aplicamos um pouco do gosto brasileiro na comida. Temos pratos cozidos, flambados, entre outros. Tudo para adaptar o paladar do cliente que tem um certo receio em consumir comida crua”, destaca Diogo. Para a estudante de Recursos Humanos da Univel, Nathiele Amaral, os detalhes e as

combinações no preparo da comida chamam atenção. “Consumo desde pequena e me considero uma amante da comida japonesa. É cara, mas tem toda uma técnica para fazer e isso torna o preço justo”, afirma Nathiele. A empresária e bióloga, Joana Paula Carneiro, é apaixonada por esse tipo de culinária e para ela além de ser uma comida saudável é muito saborosa. “O que mais me chama atenção é que existe uma técnica muito rígida para o preparo”, observa Joana. Para fazer sucesso no ramo da gastronomia, além do espírito empreendedor o empresário deve ter criatividade. Isso, segundo Diogo, fez com que o seu restaurante tenha credibilidade. “Nós temos o Chico Cezar, que é um tipo diferente de sushi. Além de ser distinto dos servidos em outros estabelecimentos, coloquei esse nome inusitado para gerar uma interação e afinidade com o cliente. Faço isso com outros pratos também, com o intuito de tornar nosso restaurante único”, finaliza Diogo.

Mais do que peixe cru e arroz, pratos criativos chamam atenção e agradam paladar de brasileiros

Diogo Schneider apresenta um passo-a-passo de como é feito o Chico Cezar. “O prato é uma bolinha de arroz com um bifinho de salmão ao redor. Nós o cozinhamos com um maçarico ou no micro-ondas. Em cima do sushi colocamos o cream cheese (uma espécie de requeijão, porém mais saudável). O nosso ‘pulo do gato’ e segredo é a couve colocada em cima do sushi. Essa couve é cortada bem fininha e realizamos um tratamento especial. Depois de frita, fica crocante. Para finalizar colocamos o molho tarê, que é o shoyu cozido com saquê (uma bebida alcoólica fermentada, originada do arroz) e açúcar”. Para Diogo, o tarê fica bem cremoso e adocicado, fazendo com que o prato seja bem agridoce, o que é um diferencial. O nome é em homenagem ao cantor Chico César que tem o penteado bem parecido com a couve em cima do sushi”, revela Diogo.

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Faz bem comer comida crua?Se o alimento for bem higienizado, no caso das hortaliças, ou peixe, quando controlada a temperatura do mesmo e bem limpo, não tem problema algum. Já gestantes ou pessoas com imunidade baixa devem evitar o consumo de alimentos crus, pois são mais suscetíveis à intoxicação.Quais os benefícios que traz para o corpo?Os benefícios trazidos pelo consumo da comida japonesa são especialmente importantes para as mulheres, pois as isoflavonas contidas nos alimentos feitos à base de extrato de soja, como o tofu e o missoshiru, é uma substância que tem ação

similar ao hormônio estradiol, que regula uma série de funções hormonais femininas.É calórica?Dependendo a preparação é calórica sim, pois tem muitas receitas gordurosas, empanadas e fritas. Até mesmo o sushi, que tem como base o arroz, ou seja, um carboidrato, deve-se prestar atenção na quantidade consumida. O principal ingrediente usado na culinária japonesa que deve ser controlado é o shoyo, pois tem muito sódio, mas uma alternativa é usar o shoyo light. A principal dica é sempre cuidar com a quantidade consumida. Tudo em excesso faz mal.

Fique por dentro

A nutricionista Edimara Braun fala um pouco sobre os benefícios e cuidados com a comida japonesa

Ao contrário do que muitos pensam, a culinária japonesa é baseada no arroz e não totalmente no peixe cru. Desde o século III a.C. os japoneses cultivam o arroz, e este grão é muito importante para a história do país, principalmente em relação à questão econômica, pois servia como moeda de troca. A tradição do peixe veio muito depois e por motivo religioso. 71% da população segue o budismo e por essa crença, comer carne de mamíferos é proibido, colocando assim o peixe em um patamar elevado de consumo. Além da religiosidade, o Japão é um país formado por um arquipélago com uma costa bastante extensa. É um ponto onde as correntes marítimas quentes do Sul se encontram com as águas frias do Norte, gerando uma variedade enorme de peixes.

Peixe ou arroz, qual a base?

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O chef Diogo Schneider

O prato Chico Cezar

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junho de 2015 GASTRONOMIA 7

Vai acabar bem, poisvai acabar em pizza

Prato típico da Itália cai no gosto dos cascavelenses

Graziele Rodrigues

Sai deliciosa do forno. O molho vermelho de tomate borbulha e o cheiro de orégano embriaga o olfato. Retira-se uma fatia em formato triangular e o queijo acompanha a espátula. O pizzaiolo, então, puxa a fatia com insistência para que o queijo elástico se arrebente e se deposite no prato para ser devorado. É assim uma típica pizza brasileira. Em Cascavel, o hábito de comer pizza pode ser notado observando apenas o número de restaurantes desse tipo na cidade Segundo informações da ACIC (Associação Comercial de Cascavel), a cidade possui 57 pizzarias. Mesmo assim, todas sempre estão lotadas. A professora do curso de Gastronomia da Univel, Gabriela Bucaneve Guedes acredita que este número se deve pela imigração italiana na cidade. “Mesmo a pizza no Brasil sendo diferente da italiana, o grande número de descendentes de italianos promove esse mercado,” revela a docente e chef de cozinha que já morou na Itália por um ano

e já teve um restaurante italiano e pizzaria por cinco anos em Medianeira. O pizzaiolo Claudemir Moura aprendeu a cozinhar no quartel e há 15 anos trabalha nesse ramo. As pizzas mais pedidas em sua pizzaria são de strogonoff e frango com catupiry. “Quando tem movimento chego a vender 150 pizzas em um dia”, orgulha-se. O grande número de pizzarias na cidade aumenta a concorrência e a preocupação dos comerciantes em se manter no mercado. Neide Alves da Silva Paulino abriu uma pizzaria há oito anos. Ela conta que no começo foi difícil, pois não possuía experiência com pizzas (quebrando o paradigma de que toda pizzaria tem origem italiana). Hoje, porém, a venda aproximada de pizzas chega a duas mil por mês. Para se manter no mercado concorrido, Neide investe em qualidade, mantém alguns padrões para ter um diferencial, como por exemplo, os ingredientes, apesar de serem mais caros.

Sabores: Itália X Brasil A marguerita, pizza clássica elaborada com molho de tomate, mozarela italiana e manjericão fresco, é a mais consumida na Itália. No entanto, Gabriela explica que outros sabores também fazem sucesso por lá como a Napolitana, Quattro stagioni, Funghi (cogumelo), Zucchine (abobrinhas). A docente esclarece, ainda, que no Brasil a massa da pizza é mais pesada e os ingredientes mais calóricos como bacon e frango com catupiry, sem falar nas pizzas doces. “Há pizzas doces em poucas cidades da Itália, mas não é um hábito do italiano consumí-las”, observa Gabriela.

História Lembra-se do pão de Abrahão? Óbvio que não, não é?! Hoje é conhecido como pão sírio, mas o que o pão sírio tem a ver com a pizza, já que vamos falar sobre este prato típico da Itália? Tudo a ver. A massa da pizza surgiu por volta dos seis mil anos atrás, quando os egípcios costumavam colocar cobertura de carnes e cebolas no pão sírio e começaram a partir de então um princípio do que hoje chamamos de pizza. Sabe-se, porém, que perto do século X, círculos de massas com ervas e especiarias eram consumidos pela plebe da Itália. Surgiu assim o termo picea, que significava círculo de massa com ingredientes em cima. O vocábulo picea deriva de pinso (verbo latino pinsere, que significa pisar sobre). Há quem diga também que a palavra tenha origem do grego, pita, que significa pão achatado. A adição de novos e diferentes ingredientes tornou o prato bastante popular e caiu no gosto da elite da época. Em 1889, os reis da Itália, Umberto I de Sabóia e a esposa Margherita, em visita à Nápoles, quiseram provar o prato em casa. Um pizzaiolo criativo usou, então, ingredientes com as cores da bandeira da Itália, o verde do manjericão, o vermelho do tomate e o branco da massa e do queijo. Surgiu então a famosa pizza margherita. Hoje a pizza mais tradicional da Itália é a margherita segundo a professora do curso de Gastronomia da Univel, Gabriela Bucaneve. “Os ingredientes são frescos e leves e geralmente leva menos ingredientes do que as pizzas brasileiras”, observa.

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CULTURA junho de 2015

12 POSES

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Eliane e Sonia, de Contábeis

Alexandra, Direito

Eduardo, Direito

Fernanda, Direito

Karina, Tatiane, Thamara e Mirian, do curso de Administração

Maria Luiza, do curso de Pedagogia

“Não estou perdido, sou livre” A palavra de ordem da sociedade pós-moderna é liberdade. Já dizia o filósofo existencialista Jean Paul Sartre: “Não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade”. Ainda que vivamos embargados em um sistema capitalista, existem serviços que começam a se espalhar pelo mundo, em que “compartilhar” passa a ser uma forma de romper o consumo desenfreado. Uma dessas formas de libertação é o BookCrossing, que além de gratuito e de fácil acesso tem como propósito o desapego. O conceito de compartilhamento de livros surgiu na Europa em 2001 e veio para o Brasil em setembro de 2013. A ideia é que depois de lidos, os livros sejam deixados em locais públicos, para que outras pessoas possam encontrá-los e fazer a mesma coisa. O objetivo é deixar as obras livres e espalhadas, tornando o mundo uma biblioteca sem fronteiras. Além de alicerce para a informação, as obras são também uma forma de viagem gratuita, preferida por muitos. O “velho oeste” também abriga este projeto. “Conheci o BookCrossing quando estava na faculdade,

Livre-se: a ideia é que depois de lidos, os livros

sejam deixados em locais públicos

Deisy Mayer

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SY M

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junho de 2015 CULTURA

12 POSESPor Ellen dos Santos & Patricia Cordeiro

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Rafael e Gaislaine , ContábeisAdrieli, Jéssica e Aline, Contábeis

Pedro, Escola da Magistratura

Willian, Administração

Fábio, Contábeis

Allan, Administração

“Não estou perdido, sou livre”a partir do meu feed de notícias do Facebook encontrei algo relacionado, li, me interessei, achei bacana”, narra a dentista Rafaeli Pavesi, 28, lembrando que durante a faculdade conversou com alguns amigos para tentar instituir o projeto dentro da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), mas com a correria do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), acabou ficando somente na ideia. Hoje Rafaeli e seu esposo Grégori Oldoni, 27, amantes da leitura, são proprietários da sorveteria Via del Gelato (confira a entrevista na página 12) e fizeram do próprio estabelecimento, que fica na Rua Erechim, 1568, o primeiro ponto oficial de BookCrossing de Cascavel. A sorveteria é inspirada no estilo europeu e dedica-se em servir além do tradicional sorvete, bebidas quentes como café, pratos doces, salgados e refeições rápidas. O local possui características arquitetônicas que visam aconchego e conforto, além de haver uma estante com aproximadamente 70 exemplares de livros dos mais variados gêneros, prestes a iniciar sua jornada e desbravar o mundo.

Há quem diga que os livros de papel sofrem ameaça de extinção, mas sabemos que nem todas as pessoas estão adaptadas à leitura em equipamentos eletrônicos. Além disso, esses aparelhos tecnológicos emitem grande luminosidade, fator que pode resultar na falta de paciência, distração, ardência nos olhos, entre outros desconfortos. O advogado Jean Jacuboski, 41, reafirma: “A leitura por meio dos eletrônicos pode ser prejudicada pela questão da distração que o excesso de informação proporciona a quem está conectado o tempo todo”. O BookCrossing, além de ser uma vantagem econômica, faz com que as informações contidas nos livros se disseminem e se perpetue uma cultura de leitura, desapego e compartilhamento. “A sacada é criar o hábito de trocar e ter experiências mais coletivas do que em uma biblioteca”, enfatiza Jean. A democratização da leitura contribui na formação de indivíduos mais críticos, mas infelizmente o nosso país é um cerco com amplas dificuldades relacionadas à leitura. “É notório que o brasileiro

não ocupa os primeiros lugares no pódio de leitura. Isso se deve a uma série de fatores. O primeiro deles é que o ato de ler não está entre nossas tradições nacionais. Não recebemos estímulos para criar esse hábito. A falta de incentivo dentro de casa, a carência de bibliotecas públicas e o valor elevado dos livros também são pontos negativos”, ressalta a doutoranda em Letras, da Unioeste, e professora da Unive, Juliana Voigt. Ela acredita que o projeto seja uma alternativa para estimular o hábito da leitura: “Facilitar o acesso ao mundo dos livros é de primordial importância para que possamos formar cidadãos apaixonados pela leitura. Contudo, é preciso divulgar este projeto. A popularização do BookCrossing garantirá que este conceito de relevo perpetue e se consolide no país”, finaliza Juliana, feliz e entusiasmada com o projeto. O que significa BookCrossing - o termo BookCrossing quando traduzido, significa “travessia/passeio dos livros”. É um conceito americano, que propõe o altruísmo.

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10 COTIDIANO junho de 2015

Acessibilidade: o desafio da metrópole em construção

Mais de dois anos depois de aprovada lei,

muitas calçadas ainda estão irregulares

Alex Meurer

Falta de acessibilidade “Cadeira amiga se você não existisse, seria muito mais triste este meu longo caminho, te agradeço contra a minha vontade por que na realidade eu queria andar sozinho”. Com o trecho da música do saudoso Barrerito apresentamos nosso personagem, Daniel Vianna, 39, conhecido como Daniel “Pé Quente” pelos seus clientes e amigos. Morador do bairro Julieta Bueno, o rapaz, que era um atleta e gostava de correr, ficou paraplégico depois de um acidente de trabalho em uma empresa de Cascavel, há oito anos. Isso, no entanto, não lhe roubou a alegria nem a vontade de viver. Para ele, cidades como Curitiba e Londrina são exemplos em relação à acessibilidade e deveriam ser imitadas. Daniel levanta todos os dias às seis e meia da manhã para ir ao Centro da cidade trabalhar e aí começam os primeiros desafios do dia: as ruas esburacadas do bairro onde mora, as calçadas sem rampa, além de algum motorista de ônibus de mal humor. Daniel já perdeu a conta dos tombos que caiu por causa dos buracos, das vezes que tentou sair do lugar e não conseguiu, e de chegar em casa à noite com dores nos braços.

Muitas calçadas da avenida Brasil são quase intransitaveis

FOTOS: ALEX MEURER

Se você já andou pelo centro de Cascavel com certeza já se deparou com essa situação: ter que desviar de buracos ou até mesmo raízes de árvores expostas no meio da calçada. Embora a lei municipal n° 5.744/11, do Programa Calçadas de Cascavel, estabeleça a regularização do caminho dos pedestres, pouco ou quase nada foi feito para que houvesse adequação. Muitas vezes não resta outro jeito se não arriscar-se pela pista de rolamento ou aceitar os perigos que as calçadas apresentam. Esse foi o caso de Sirlei Zanon, 45, doméstica, que por causa de um buraco na calçada “virou” o pé. Mais histórias como essa se somam como a da estudante Suzane Peron, 19: “Eu voltava da faculdade por volta das 11 horas da noite e ao desembarcar na Rua Erechim pisei numa raiz de árvore e virei o pé”, conta ela. Há também, em Cascavel, revestimentos irregulares nas calçadas, os quais causam transtornos aos pedestres. Um deles é o petit pavê (foto). A professora de educação física, Mariana Stock de Farias, recorda que andava com seu marido pela calçada em frente a uma loja no centro quando deslizou e caiu. “Foi muito constrangedor cair com todo mundo olhando”, recorda. Motoristas do transporte coletivo também têm histórias para contar, pois muitos pontos de lotação são cercados por raízes de árvores, impossibilitando muitas vezes o embarque e desembarque dos passageiros. Segundo a engenheira agrônoma da Secretaria

de Meio Ambiente, Adenir de Lourdes Molina Mori, Cascavel não tinha um plano de arborização urbana e várias espécies eram plantadas como quaresmeiras, ipês e cerejeiras. “Somente em 2014 é que foi feito esse plano”, relata, lembrando que essa diversidade de árvores plantadas se dá por falta de um estudo detalhado da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). “Falta pessoal para plantar as árvores. Eu gostaria de cuidar pessoalmente disso, mas tem muito trabalho aqui e há dias que não dá tempo para nada mesmo”, desabafa Adenir. O engenheiro civil, Thiago Paschoal, afirma

que o projeto Calçadas de Cascavel é bom, uma vez que leva em consideração pontos importantes, estabelece padrões e prazos de implantação visando à melhoria nas calçadas e consequentemente na acessibilidade das pessoas. No entanto, ele lamenta o fato de Cascavel ainda não atingir seus objetivos, apesar de a lei ter sido

instituída em 2011. Observando o centro e áreas adjacentes, com relação à acessibilidade, comenta que infelizmente existem muitas calçadas irregulares, buracos, raízes e outros obstáculos que inviabilizam o tráfego de cadeirantes. “A lei existe e é boa. O que falta em alguns lugares é colocá-la em prática. Isso pode ocorrer com o aumento de fiscalização, cobrança dos órgãos competentes, aplicação de multas, entre outras ações previstas na lei”, salienta o engenheiro, lembrando que a prefeitura deve executar as obras por se tratar de interesse público.

Corte de árvores Árvores só são cortadas quando há perigo iminente de queda sobre a rede elétrica e isso pode ser feito apenas pela prefeitura. Moradores são proibidos de fazer o corte sob pena de multa e agora de acordo com o novo plano de arborização, a espécie ligustro está proibida de ser plantada. O morador que quiser plantar uma árvore poderá fazê-lo desde que obedeça as especificações de forma de plantio e de tipo de muda, pois se plantar uma muda que estiver fora do plano de arborização será notificado. Além de ter que retirá-la, será multado.

Petit pavê

Daniel Vianna, no Centro de Cascavel

Raízes de árvores dificultam o desembarque de passageiros

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11junho de 2015 MODA

Tendências que voltam no tempo

Roupas que eram febre em décadas antigas estão com tudo nos dias atuais

Beatriz Helena da Silva

Uma das características mais marcantes da moda é a reciclagem de ideias, em que elementos e peças do passado tornam-se tendência em novos tempos. Ao mesmo tempo em que a moda é imediata, por tornar uma peça hit da temporada e desaparecer com ela na estação seguinte, ela também é atemporal e sempre revisita o que já esteve em alta. As roupas que eram febres em décadas passadas voltam com tudo nos dias atuais. O que vem com muita força são os estilos dos anos 50 a 70. O consultor de moda, Matheus Lopes, explica que peças como calça flare (conhecidas na década de 60 como boca de sino) roupas de crochê, jardineiras e blusa do estilo ciganinha ressurgem na moda, mas agora, com algumas recriações modernas. “Muito do que é antigo, sempre volta com uma cara e uma versão diferente. A moda é algo novo daquilo que já foi do passado”, afirma o consultor. Ele ressalta ainda que a tendência retrô, aquela moda nova com estilo e modelagem que remetem ao passado, está mais forte, principalmente nas roupas. Ficar por dentro de todas essas novidades não é fácil, mas algumas mulheres não abrem mão de seguir as tendências que a moda dita. A estudante Karoline Silva, 20, é uma delas. Ela confessa que está sempre antenada nas novidades e que essa onda de usar roupas de estilo retrô é prazerosa, pois traz boas lembranças. “Eu sempre achei muito interessante a forma como as mulheres das décadas antigas se vestiam. Eram fascinantes como elas cuidavam dos detalhes da feminilidade, principalmente nas roupas que desenhavam o seu corpo”. Mãe e filha, Silvana Catuzzo, 39, e Gabriela Catuzzo, 14, são adeptas das tendências da época passada. “A gente acaba fazendo um incremento das peças”, fala Gabriela. Como Silvana é muito antenada em moda, Gabriela diz que a mãe tem poucas peças antigas guardadas, mas destaca que adora usar as famosas e confortáveis alpargatas, que foi um forte estilo quando sua mãe tinha a sua idade. “Um verdadeiro clássico que voltou a ser moda”, destaca Gabriela.

Dona de uma boutique no Centro, Denise Pereira, 48, também aposta nas inspirações retrô, para inclinar seus negócios. “Os modelos que estão se fixando, são justamente inspirações e adaptações de tendências passadas”, esclarece Denise, citando os tradicionais poá e croppeds, os mais procurados pelas clientes atualmente. A estudante de moda, Carol Dias, 21, acredita que tudo que é emitido no mercado sempre volta à moda atual com um ar de novo. “Muitas pessoas têm vontade de reviver o passado de novo e a roupa oferece essa possibilidade, já que não podemos voltar de fato ao passado”, fala a estudante. Ela defende que, nos tempos de hoje, a moda não tem grupos definidos e que tudo pode voltar a sobressair a qualquer momento. Carol também fala da importância das alterações nas peças antigas. “A calça flare, por exemplo, vem de tempos passados, quem as usavam eram nossas avós e nossas mães. Agora, com a volta desse modelo de calça, todas as pessoas passam a usar, inclusive eu, mas com algumas modificações para atingir determinados públicos”, complementa Carol. As calças flare eram chamadas antigamente de boca de sino por serem mais largas. Sua aparição ocorreu por meio de um reviver do movimento hippie. A moda, portanto, é uma grande manifestação que reflete diferentes períodos, costumes, gostos, anseios e até mesmo situações sociais. “As pessoas procuram não só uma roupa que as vistam, mas uma roupa que os tragam algum tipo de sentimento”, opina a professora Maria Fernanda, 43. Já o consultor de moda acredita que algumas peças não são para todos. “Vale lembrar que nem todas as peças são para todo mundo. O mais legal disso é se conhecer, saber exatamente o que combina com o seu estilo, selecionar e misturar com peças que são chave no seu dia a dia”. Assim, cada um retira da moda somente o que convém a sua filosofia, gênero e ritmo de vida. A moda dos últimos tempos está sempre regulando o passado e o futuro, em abundantes posturas.

Macacão feminino surgiu na década de 30

BEAT

RIZ

HEL

ENA

DA S

ILVA

Antiga nova moda O mais importante é você saber onde procurar e se inserir nessas antigas, porém atual, que é a nova moda. Segundo a economista Kátia Figueiredo, 30, em Cascavel existe bons brechós especializados nisso, além das tradicionais lojas. “Conhecer alguém que está se desfazendo de algumas peças e ter um ‘olhar de moda’ também é importante, principalmente para trazer e adequar para o seu estilo”, diz a economista.

Brechós em CascavelBrechó Erechim, Rua Erechim, 1942, Centro.Brechó Renovando, Rua Belo Horizonte, 812, Centro.Brechó Explota Corazón, Rua Dom Pedro II, 2215, Centro.

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12 PERSONALIDADE junho de 2015

Era uma sala branca e vazia que foi ganhando cor e vida nas ideias de um biólogo e de uma dentista que resolveram vender sorvete. Mas não poderia ser um sorvete qualquer... Tinha que ter sabor e visual diferentes. Para Rafaeli Pavesi, 28, natural de Apucarana, e Grégori Oldoni, 27, de Colorado do Oeste (RO), o sorvete tem sabor de criatividade. Os jovens empreendedores trouxeram a Cascavel um novo conceito de sorveteria. A Via del Gelato, na Rua Erechim, 1568, se destaca tanto pelo visual do ambiente, como pelo dos pratos apresentados. “Não, ainda não somos uma franquia”. É o que diz o casal quando questionados de onde vem tanta criatividade e organização. Até no ano passado Rafaeli era cirurgiã dentista, já foi professora e atuava no consultório da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). “Sempre amei a docência. O meu contrato como colaboradora estava para vencer, então surgiu a ideia da Via e acabei aproveitando para me dedicar somente ao nosso empreendimento”, relata a dentista que não tem medo de arriscar e de fazer coisas diferentes. Gregori, por sua vez, conta que seu último emprego foi no Hooligans, como garçom, e relata que ganhou bastante prática em atendimento ao público no local. Apaixonados pelo sorvete, o casal revela que a iguaria sempre esteve relacionada a momentos prazerosos em família. “O sorvete tem esse poder de reunir pessoas. Além de ter toda essa magia, ele consegue trazer momentos especiais. A melhor parte de vender sorvete é ver a cara das crianças dizendo ‘ual’, quando você entrega um Grand Gateau na mesa”, orgulha-se a empreendedora, que define o sorvete como um degrau para a conquista de um sonho.

Vende-secriatividade

Os seis meses de Via del Gelato, por um biólogo e uma dentista

Ana Bonadimann e Wellen Reinhold

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Como conseguiram o capital inicial?Rafaeli e Gregori - Desde o primeiro momento até agora está sendo muito difícil. Boa parte dos recursos vieram do nosso trabalho. Outra grande parte veio do “paitrocíneo”. Depois conseguimos recursos e empréstimo em dois bancos.

Foi difícil convencer os pais a ajudarem?Rafaeli - Na verdade a ideia principal foi do meu pai. Ele sempre achou o sorvete Treviso, feito em Marumbi no norte do Paraná, sensacional. Ele experimentava os sorvetes daqui e falava: “Isso não é sorvete! Quando alguém trouxer o sorvete da Treviso pra cá, estará com a vida feita”. Em dezembro de 2013 começamos a colocar um pouco mais de lenha na fogueira, até que a gente decidiu: “Vamos fazer!”. Foi aí que começamos a conversar com nossos pais e eles sempre nos apoiaram muito a investir no nosso próprio negócio, até porque eles são empresários também.

Como desenvolveram o cardápio?Gregori - A Treviso nos fornece apenas a matéria prima. Toda a elaboração dos pratos é nossa. Com o sorvete já tínhamos um bom produto, mas daí ter só um buffet de sorvetes? Como queríamos algo diferente teríamos então que agregar algo mais. Aí vieram amigos nossos e trouxeram a ideia como: Grand Gateau, Petit Gateau e Brownie. Fizemos alguns cursos. Lemos algumas coisas sobre empreendedorismo e em tudo que líamos sempre tinha algo sobre inovação. Aí veio a ideia das sobremesas diferentes, dos salgados, do café...

Como surgiu a ideia do nome?Gregori - A gente queria, a princípio um ambiente italiano. Mas conforme fomos planejando, partimos para um lado estrangeiro, digamos assim. Nós

pensamos em “Caminho do sorvete”, mas não sabíamos se colocávamos isso em italiano, em espanhol... Uma das minhas dúvidas era: nós vamos dar um nome, mas aí nossos clientes vão acabar dando um apelido ou algo que seja mais fácil. Então como dar um nome que pudesse ter um apelido legal? Até que veio o Via del Gelato, que ficou fácil e prático e hoje a maioria chama apenas de Via.

Qual é o principal diferencial da Via?Rafaeli - Meu pai sempre nos dizia: “Você pode ter um produto sensacional, mas se tiver um atendimento ruim fica difícil. A pessoa até pode se sujeitar a vir no seu estabelecimento por causa do produto e passar por um mal atendimento, mas há pessoas que você pode ter o melhor produto, mas com um mal atendimento, ela não vai voltar. Então se você conseguir agregar um bom produto com um bom atendimento, você vai fidelizar clientes!”.

Como foi abrir as portas da Via del Gelato?Rafaeli - No dia 19 de outubro ainda estávamos organizando os sorvetes e até pensamos em nem abrir, pois ainda estava meio bagunçado. Foi aí que os tios do Gregori chegaram aqui, bateram na porta, e pensamos: “E agora?!” Decidimos abrir. Enquanto atendíamos os tios, já começaram a entrar outros clientes e quando vimos outras pessoas entrando, pensamos: “Agora vai!”.

Vocês pretendem ampliar o negócio?Gregori - De início pretendemos abrir mais filiais, uma em Cascavel e uma em Toledo.

A realidade do negócio está correspondendo com as expectativas? Rafaeli - Podemos dizer que com certeza superou todas as nossas expectativas.

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13junho de 2015 ESPORTE

Quando se pensa em prática esportiva, logo nos vem à cabeça: corrida, caminhada, bicicleta... Porém um esporte que vem agradando cada vez mais os cascavelenses é a patinação. Na cidade, os locais onde a prática é mais comum são o Lago Municipal de Cascavel e o Ginásio Ciro Nardi. Vanessa Nobrega, 34, é apaixonada pela patinação e é uma das precursoras do esporte na cidade. “Desde os meus oito anos eu patino. Nunca imaginei que uma brincadeira de criança pudesse se tornar minha atual profissão e paixão. Há sete anos, quando saí do Rio de Janeiro e vim para Cascavel, comecei a dar aulas de patinação por acaso”, conta a professora de patinação e atleta profissional, que recentemente foi campeã do maior campeonato brasileiro de velocidade, o Dall Hill, que ocorreu em Cascavel, em abril de 2015. A patinação é benéfica tanto para o corpo quanto para a alma. Quem faz essa afirmação é a educadora física Pryscilla Oviedo, 22: “O esporte trabalha a forma física, principalmente a parte inferior do corpo, como glúteos, coxas, lombar e panturrilhas. Trabalha a flexibilidade, equilíbrio e principalmente ajuda a eliminar o estresse e reduzir

a ansiedade, promovendo o bem estar emocional”. Assim como Pryscilla, Vanessa concorda com os benefícios que a patinação traz, entre eles tonificação, perda de peso e disposição. Ela não mede elogios aos benefícios do esporte, acrescentando que qualquer prática esportiva por mais de quarenta minutos tende a ter uma perda calórica que consequentemente afeta no bem estar. No início, o esporte pode parecer um grande desafio. Essa situação aconteceu com Samuel Daka Vieira, 19, que no começo tinha dificuldades com a prática. “No começo há dificuldades, mas com o tempo nos habituamos e melhoramos. Comecei a patinar faz dois anos e meio e hoje já participo de campeonatos conhecidos nacionalmente”, orgulha-se. Uma dúvida muito frequente para leigos é a diferença entre patins e roller. O que muitos não sabem é que os dois significam a mesma coisa. Roller foi uma gíria que surgiu para identificar os patins in line. Porém é importante deixar claro que os dois se tratam do mesmo acessório esportivo. Dentro da categoria de patins existe a modalidade quadri, onde as rodas são paralelas uma com

as outras e a modalidade in line, onde as rodas formam uma linha. A educadora física comenta sobre as contra indicações do esporte e diz que para praticar qualquer atividade física, incluindo a patinação, é necessária uma liberação médica antes de iniciar o esporte desejado. Para quem deseja se aventurar na patinação é importante saber que é necessário investimento financeiro. Assim como qualquer esporte, você começa com um equipamento para iniciantes e com o passar do tempo, vai avançando nos equipamentos e consequentemente nos resultados. Para você que sempre teve vontade de patinar, mas não encontra motivos para se arriscar, Vanessa dá um “empurrãozinho” para deslizar nesse mundo: “Eu acredito que todos devam se arriscar. Se você acha bonito e tem vontade, por que não praticar? A patinação ajuda muito na minha vida, tanto para o corpo quanto para a mente. Eu atraio muitos que nunca subiram em cima de um par de patins. Justamente por esse olhar que o esporte passa a ser um aliado do entretenimento e do prazer. Tudo é válido, por que não tentar?”.

Rafaela Ghelfond Bacaltchuk

Samuel realizando uma manobra de competição

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Você sabia?Os patins in line foram criados em 1980, nos Estados Unidos. Eles jogavam hóquei no gelo. Patentearam oequipamento o ficaram milionários, fundando a empresa Rollerblade.

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AÇÃO

Sobre

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14 SAÚDE junho de 2015

A urgência e a emergência do Consamu (Consórcio Intermunicipal Samu Oeste) conta com uma aeronave para socorro há mais de um ano. O atendimento aeromédico é um grande avanço no resgate de emergência e no transporte de órgãos a serem transplantados, sendo uma ótima resposta quando se trata da redução de tempo em atendimentos de alta complexidade. Apenas alguns Samus (Serviço Atendimento Móvel de Urgência) do país apresentam este serviço. A maioria divide os veículos com outras instituições como PM (Policia Militar) e PRF (Policia Rodoviária Federal). No entanto, o Consamu, com base no município de Cascavel, é o único Samu do estado que possui o recurso exclusivo para atendimento. Desde maio de 2014, o helicóptero modelo, Esquilo AS 350, opera com o Consamu. Os equipamentos utilizados na aeronave são os mesmos utilizados nas USAs (Unidades de Suporte Avançado) classificando-se em UTIs móveis. Este serviço tornou-se uma referência no atendimento inter-hospitalar, “apesar de algumas limitações como fatores climáticos e a impossibilidade de voos noturnos”, como explica o coordenador médico do Consamu/PR, Marlon Correa Barros, lembrando que este é o meio mais ágil que propicia assistência quase imediata aos pacientes feridos. Por trás dessa condução há uma tripulação altamente competente, que cumpre os requisitos para que o transporte seja feito sem qualquer incidente. “Todos os profissionais médicos que hoje atuam no Consamu possuem qualificação para auxiliar na condução da aeronave em caso de necessidades”, afirma Marlon.

Rodas e asas ajudam asalvar vidas

Helicóptero e motocicleta agilizam atendimentos de urgência e emergência

Deisy Mayer

• Na ocorrência de problemas cardiorrespiratórios;• Em casos de intoxicação por agentes externos;• Em caso de queimaduras graves;• Na ocorrência de maus tratos;• Em trabalhos de parto onde haja risco de morte da mãe ou do bebê;• Em casos de tentativas de suicídio;

• Em crises hipertensivas;• Em caso de desmaios;• Quando houver acidentes/trauma com vítimas;• Em casos de afogamentos;• Em casos de choque elétrico;• Em acidentes com produtos perigosos;• Na transferência inter-hospitalar de doentes com risco de morte.

Outro meio alternativo que vem revolucionando o atendimento do Consamu é a motolância. Desde dezembro de 2014, a motocicleta entrou em operação e em média são feitos seis atendimentos diários pelo veículo de duas rodas. A moto de 250 cilindradas permite que os profissionais de saúde cheguem rapidamente ao local da ocorrência. O automóvel possibilita, ainda, alcançar lugares considerados de difícil acesso para uma ambulância convencional e assim fica a critério da central de regulação médica definir qual meio de transporte utilizar no atendimento, podendo ser deslocada somente a motocicleta para avaliação e socorro das vítimas, caso seja necessário haverá suporte de outros meios de condução. De acordo com o coordenador de enfermagem, Carlos Augusto Pereira, este recurso é decisivo no caso de paradas cardiorrespiratórias, por exemplo, pois cada minuto sem socorro prejudica a chance de sobrevida do paciente. O estudante cascavelense, que não quis se identificar, precisou do atendimento do Consamu. Ele julga o serviço como de extrema importância para a população: “Quando precisei fui atendido com atenção e cordialidade por todos os socorristas”, enfatiza. Além de equipamentos para proteção individual, como luvas e capacete, o condutor leva ao atendimento todo o material também utilizado em uma USB (Ambulância de Suporte Básico), incluindo medicamentos e equipamentos como desfibrilador. De acordo com a portaria nº 2.971/GM/MS, de 8 de dezembro de 2008, é necessário que o condutor responsável por pilotar o veículo seja um enfermeiro ou técnico de enfermagem.

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15junho de 2015 SAÚDE

A mãe ainda busca forças para lutar e conseguir provar aquilo que acredita: que seu filho morreu por negligência médica. Davi Martins tinha apenas cinco meses e um histórico hospitalar extenso até mesmo para uma criança com dez vezes mais idade que ele. Além dos internamentos antecedentes a seu óbito, Davi fazia consultas frequentes no posto de saúde do bairro onde morava. Pelo menos uma vez por mês, visitou a UBS (Unidade Básica de Saúde) do Brasmadeira, que ficava localizado próximo à sua casa. Davi era uma criança tranquila. A mãe conta que ele quase nunca chorava. Os pertences de Davi ainda estão guardados no armário. Roupas, uma sacola cheia de calçados. Coberta. Mamadeiras. Uma pilha imensa de remédios que tomava toda uma prateleira da dispensa, antigo quarto dele. Quarto este que hoje já não tem mais aspecto de quarto. O local funciona como uma espécie de amontoado de lembranças. Os carrinhos de Davi ainda estão na embalagem. Não houve tempo de brincar com eles. Dentre todos os brinquedos, a mãe conta que o de pelúcia da galinha pintadinha é o mais especial. “Não consigo me desfazer. Durmo com ele toda noite”. No dia 25 de fevereiro, Viviane Martins, 21, estudante de Direito da Univel, levou Davi até a

UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para fazer uma consulta alegando que a criança estava vomitando e tinha dificuldades para mamar. Até o momento as preocupações eram as que já existiam antes. Na UPA, segundo os laudos médicos, Davi ficou internado e recebeu os medicamentos necessários. Duas horas e meia depois da pré-consulta, foi constatado que o coração da criança estava inchado. A noite toda Davi esteve presente na UPA e só saiu de lá para ser transferido ao Hospital Universitário. “No HU, eles pegaram o Davi praticamente morto”, conta Viviane. Dando entrada no hospital, Davi precisou de manobras de ressuscitação e medicação de adrenalina para que houvesse um relaxamento do pulmão que já continha água e estava indo a falência dos órgãos. Em nota oficial dada pelo HU à nossa equipe de reportagem, consta que Davi reagiu de maneira positiva aos medicamentos e a parada cardíaca foi revertida com sucesso. Foram pelo menos cinco. O mesmo processo de ressuscitação foi repetido no São Lucas, para onde Davi foi levado às 11 horas da manhã do dia 26. “Após várias tentativas de reanimação, sem sucesso, veio a óbito às 12h09”, consta no laudo. A mãe teve sem último contato com o filho ainda vivo próximo das 10h30 da

manhã. “Eu pedi se poderia vê-lo e eles deixaram, só que ele já estava entubado, sedado, em coma e eu desmaiei. Passei mal”. O corpo de Davi foi transferido direto para a Acesc (Administração de Cemitérios e Serviços Funerários de Cascavel) para que a família pudesse velá-lo. Viviane não se deu por satisfeita com os laudos médicos e resolveu ir até a delegacia para que a causa da morte fosse investigada. “Eu acho que houve negligência médica”, afirma ela. A enfermeira V.S., que trabalha em um dos hospitais onde a criança foi atendida, nos explicou que os procedimentos tomados para que houvesse uma reversão no quadro da Davi não foram os corretos. A profissional da saúde que teme represálias e por isso não quis se identificar, conta ainda que os procedimentos corretos conseguiriam claramente reverter a situação e Davi hoje ainda estaria vivo. “Qualquer um que tiver um pouco de noção vai conseguir ver isso por meio dos prontuários. Está tudo anotado. Tem que estar tudo anotado”, conclui ela. Junto à justiça, a situação será investigada e todos os médicos envolvidos no Caso Davi serão ouvidos. Até o momento do fechamento desta matéria ninguém foi indiciado e o processo ainda está correndo.

Caso Davi:à espera de uma resposta

Em menos de 24 horas a criança passou por quatro unidades de atendimento. “Acho que houve negligência”, diz a mãe

Uma criança. Uma doença.

Uma morte inaceitável

Renan Cesar

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Page 16: Unifatos 2015 3ª Edição

16 MARCA PÁGINA junho de 2015

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APARTAMENTO 111A inquisição dos olhos verdes

Matheus Roch*

Sentei na poltrona fria, dura em seu plástico escuro, aguardando àquele que me acusaria. Eu tinha absoluta certeza de que veria os olhos verdes do policial novamente, mas não esperava que fosse tão de repente. – Senhorita Melina – disse assim que entrou na pequena sala acinzentada. – O mesmo repertório? – Como? - perguntou confuso. – Nada não, devaneio meu. - reviro os olhos. – Quem vai me interrogar? – Eu mesmo! - diz quase que orgulhoso de si. A sala era abafada, mórbida, com um espelho à minha frente, que eu sabia que outros observavam. Uma luminária amarela estava bem acima da mesa onde eu deitava os braços, produzindo tão pouca luz, que quase nem percebia. O policial sentou no banco à minha frente, suspirou e então percebi que nem ao menos sabia seu nome... – Sou Jasper - disse quase como se lesse meus pensamentos. – Sou o policial responsável pelo assassinato de sua mãe. – Então é certo que ela foi assassinada? - questiono. – Quero dizer, não foi suicídio? – Sua mãe foi morta à facadas, no estômago. Há sinais de agressão na altura

dos ombros e falhas no couro cabeludo... Ela não aguentaria dar mais que duas facadas no próprio estômago, e também não arrancaria o próprio cabelo, suponho. Ele me encarava furtivamente. – Então minha mãe foi morta - afirmo me esforçando para chorar, mas nenhuma lágrima me vem ao olhos. Maldição, penso. – No local do crime foram encontradas digitais velhas, mas nenhuma que possa levar ao autor do crime. No entanto, há uma possível testemunha. Ana. A mulher que apareceu ontem no apartamento 111. – A mesma que negou socorro à minha mãe, sei... – Ela afirma que lhe viu na cena do crime, isso confere? – Sim, uma filha não pode visitar sua mãe? - questiono irritada. – Considerando o histórico do relacionamento que a senhorita mesmo relatou, parece estranho visitar sua mãe no mesmo dia em que ela morreu... – O senhor está me acusando de algo? Ele piscou os olhos verdes para mim.

CONTINUA...*Matheus Roch, estudante do 3º ano de

Jornalismo, é apaixonado por moda e litaratura.

O livro dos abraços

“É tempo de viver sem medo”, esse foi o recado do uruguaio Eduardo Galeano no documentário “Sangue Latino”. Nascido em 1940 em Montevidéu, nos blindou com sua existência até 13 de abril de 2015. Foi jornalista, escritor, poeta, filósofo (por que não?), e sabe-se lá quantas outras coisas. Escreveu mais de 40 livros, percorreu os mais diversos territórios, como desigualdades sociais, política, história e literatura. Seus escritos desnudam a América Latina e expõem os silenciamentos que sofremos. Infelizmente pouco se fala (ou nada se fala) sobre Eduardo Galeano nas Universidades. Aliás, um de seus livros mais tocantes, propõe uma bela reflexão, seu nome chama a atenção por si só, intitulado de “O Livro dos Abraços”, é composto por pequenos contos. Nessa obra, Eduardo convida a pensar sobre sonhos, injustiças, críticas à América Latina, massacres, amor etc. E sobre a Universidade ele nos traz um aviso: “Para que a gente escreve, se não é para juntar nossos pedacinhos? Desde que entramos na escola ou na igreja, a educação nos esquarteja: nos ensina a divorciar a alma do corpo e a razão do coração. Um sistema de desvínculos: para que os calados não se façam perguntões, para que os opinados não se transformem em opinadores. Para que não se juntem os solitários, nem a alma junte seus pedaços.”. O Livro dos Abraços pode ser facilmente encontrado na internet (para baixar gratuitamente). É uma obra ímpar, singular, capaz de despertar dúvidas, angústias, questionamentos e sorrisos! É tempo de viver sem medo.

Varal culturalEvento: Show Fabio JuniorLocal: Tuiuti ClubeData: 5 de junho de 2015Horário: 23hDescrição: O evento tem como objetivo reunir fãs da cantor Fabio Junior e trazer seus maiores sucessos. Prepare-se para sentiressa emoção.Valor: R$ 120,00 e R$ 60,00 (meia entrada). Ingressos disponiveis em: http://www.okingressos.com.br/evento_parana_cascavel_tuiuti-clube_fabio-jr_05-06-2015_7234

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Eduardo Galeano

Patrícia Cordeiro