Unidades De ConservaçãO E Bacias Aula 2008

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Gustavo Souto Maior Com a queda do Império e a proclamação da República, a interiorização da Capital passou a ser preceito constitucional, conforme dispôs o art. 3º da primeira Constituição republicana, em 1891: "Art. 3º Fica pertencendo à União, no planalto central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada, para nela estabelecer-se a futura Capital Federal. Parágrafo único. Efetuada a mudança da capital, o atual Distrito Federal passará a constituir um Estado." Histórico ambiental do DF

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Unidades de conservação, água, bacias

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Gustavo Souto Maior

� Com a queda do Império e a proclamação daRepública, a interiorização da Capital passou a serpreceito constitucional, conforme dispôs o art. 3ºda primeira Constituição republicana, em 1891:"Art. 3º Fica pertencendo à União, no planaltocentral da República, uma zona de 14.400quilômetros quadrados, que será oportunamentedemarcada, para nela estabelecer-se a futuraCapital Federal.

Parágrafo único. Efetuada a mudança da capital,o atual Distrito Federal passará a constituir umEstado."

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�A demarcação do território foi oficializada emdezembro de 1894, com a edição do Relatório daComissão Exploradora do Planalto Central doBrasil, conhecida por Comissão Cruls, instituídaem 1892 pelo Presidente Floriano Peixoto parapesquisar e delimitar a área onde deveria seestabelecer a futura Capital;

�A Comissão percorreu, durante os anos de 1892 e1893, mais de quatro mil quilômetros no PlanaltoCentral. Foi realizado um levantamento minuciososobre a topografia, clima, geologia, fauna, flora,recursos minerais e outros aspectos da região;

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� Composta por 8 especialistas, 14 ajudantes, echefiada pelo astrônomo Luiz Cruls, diretor doObservatório Astronômico do Rio de Janeiro, aComissão demarcou, estudou, analisou efotografou um quadrilátero de 14.400 km2,reservado para o futuro Distrito Federal;

� Em seguida, o governo de Floriano Peixoto criou,em 1º de junho de 1894, a Comissão de Estudos daNova Capital, comandada pelo mesmo Luiz Cruls.A ela caberia definir, no quadrilátero demarcado, alocalização da futura capital e planejar um sistemaviário que a interligasse com o litoral;

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�O material destinado aos trabalhos da Comissãoocupava 206 caixas e fardos, pesando ao todo9.640 km, e foi transportado do Rio de Janeiro aUberaba por via férrea, e daí em diante emanimais cargueiros;

�De Uberaba a Comissão seguiu para Pirenópolis,passando por Catalão, Entre-Rios e Bonfim;

� Em Pirenópolis a Comissão foi dividida em duasturmas, incumbidas de percorrer o planalto pordois itinerários distintos, até encontrarem-se emFormosa;

Relatório CRULS

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� Entre os vários estudos realizados pela Comissão,desde aspectos como clima, topografia, fauna,flora, incluem-se estudos relacionados aosrecursos hídricos da região, entre eles o rioParanoá, denominado no Relatório de “Paranauá”;

�Aliás, os recursos hídricos da região foram um doselementos que chamaram a atenção da Comissão,e os levaram a indicar a área como a mais indicadapara sediar a futura Capital;

Relatório CRULS

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� É com a mais solida e franca convicção que vosdeclaro que é perfeita a salubridade desta vastaplanicie, que não conheço no Brazil Centrallogar algum que se lhe possa comparar embondade...convem acrescentar a abundancia dosmananciaes d'agua pura, dos rios caudalososcujas aguas podem chegar facilmente ás extensascollinas que nas proximidades, se vão elevandocom declives suavissimmos...a flora riquissima,com um cunho ou physionomia de todoparticular pela uniformidade, caracter geralimpresso pela regularidade das condiçõesclimatologicas do ambiente que habita...”

Relatório CRULS

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�“Nutrimos pois a convicção de que a zonademarcada apresenta a maior somma decondicções favoraveis possiveis de serealisar, e proprias para n'ella edificar-seuma grande Capital, que gozará de umclima temperado e sadio, abastecida comaguas potaveis abundantes...”

Relatório CRULS

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�Recursos hídricos“Felizmente, a nova capital do Brazil poderá serabastecida com um volume d’ água potavel muitosuperior àquella (refere-se à cidade de Paris) esem que se tornem necessarias obras de arte degrande custeio. O systema hydrographico dazona demarcada é com effeito de uma riqueza talque qualquer que seja o logar escolhido paraedificação da futura capital, encontrar-se-há,sem grandes difficuldades, agua sufficiente paraabastecê-la a razão de 1000 litros diarios porhabitante.”

Relatório CRULS

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�Clima“Um dos resultados que a Comissão colheu esobre o qual ousamos chamar a attenção, éconcernente ao clima da região explorada… Emresumo, a zona demarcada goza, em sua maiorextensão, de um clima extremamente salubre, emque o imigrante europeu não precisa acclimação,pois encontrará ahi condições analogas às queofferecem as regiões mais salubres da zonatemperada européa.”“A humidade do ar é extremamente diminutadurante os mezes do inverno (Abril-Setembro)augmentando naturalmente com a estaçãochuvosa.”

Relatório CRULS

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�A área escolhida pela Comissão como localideal para a edificação da Capital foi aplanície formada pelos rios Torto e Gama, omesmo local que serviu de observatóriometeorológico e ponto de encontro daComissão; essa área se localiza a cerca de 5km do local onde se encontra, atualmente, oCruzeiro de Brasília, próximo ao MemorialJK;

�A escolha do local foi reforçadadestacando-se sua beleza e as peculiaridadesdo clima e das águas;

Relatório CRULS

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�Glaziou fez as primeiras referências sobre apossibilidade de formação de um lago emtorno da Capital; chamou a atenção para apossibilidade de existência de um lago em“tempos de outrora”, e para a criação de umnovo lago, a partir da construção de uma“barragem”, aproveitando as qualidades quea área oferece;

Relatório CRULS

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�A Comissão apresentou razões reforçando amudança da Capital, entre elas:

- existia no interior do Brasil uma região“gozando de excelente clima, com riquezas

naturais, que só pedem braços para serem

exploradas”;

- “para ela convergiriam então as principais

estradas de ferro, que seriam como artérias

ligando-a não só aos principais pontos do litoral,

como também às capitais dos diversos Estados”,representando “incontestável benefício para toda

essa imensa região central”;

Relatório CRULS

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� E rebateu as críticas que existiam à época,questionando a mudança da Capital,principalmente em relação à distância:

� “sendo a distância entre esta capital e o centro da

zona demarcada de cerca de 970 km, será sempre

possível construir-se uma estrada de ferro…que

terá no máximo 1.200 km… esta distância poderá

facilmente ser vencida em 20 horas, admitindo

para os trens de passageiros uma velocidade

média de 60 km…assim ligada ao porto do Rio de

Janeiro, a futura Capital federal não tardará a

tornar-se um centro industrial e comercial, cuja

vitalidade será um fator importante e poderoso

para a futura prosperidade deste rico país.”

Relatório CRULS

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�O Relatório Técnico sobre a Nova Capitalda República (Relatório Belcher), foirealizado pela empresa norte-americana“Donald J. Belcher and Associates”, e tevecomo objetivo definir o sítio onde selocalizaria a nova Capital;

�Os trabalhos foram concluídos em fevereirode 1955, incluindo levantamentos detopografia, geologia, drenagem, solos paraengenharia, solos para agricultura eutilização da terra;

Relatório BELCHER

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�Um levantamento de tal amplitude (iriam estudarum retângulo de 50.000 km2) requereria, sem ouso da aerofotogrametria e da fotointerpretação,muitos anos:

�Utilizando aquelas técnicas foi possível fazê-lo emcerca de um ano;

�O Governo brasileiro enviou para Ithaca, N.Y(sede da Belcher), 8.000 fotografias aéreas, 540mosaicos, e 18 foto-índices, para análise einterpretação;

�Além de fotointerpretação, foram realizadoslevantamentos de campo e sondagens;

Relatório BELCHER

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� Foram recomendados 5 sítios, denominados porcores (amarelo, vermelho, azul, verde e castanho),sendo que apenas os dois últimos dentro doquadrilátero do atual DF;

�O Relatório Belcher foi apresentado na forma deum texto técnico, contendo mosaicosaerofotogramétricos, mapas topográficos etemáticos em acetato (possibilitando asuperposição e análise integrada dos diversosaspectos avaliados), na escala de 1:25.000

Relatório BELCHER

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�Os estudos foram concluídos em 1955, e cada umdos cinco sítios (de ~1.000 km2 cada um) foramobjetos de estudos mais específicos visando àconstrução da futura capital;

�Diversos fatores concorreram para se identificar omelhor sítio:

- não devia ser interrompido por nenhuma barreiravisual (áreas muito acidentadas, pântanos ouserras altas)

- solos bem drenados, e terreno permitindo sistemade esgoto por gravidade;

- abastecimento d’água garantido;

Relatório BELCHER

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- área livre de ventos fortes e desagradáveis, eoutras manifestações climáticas indesejáveis;

- devia haver, nas vizinhanças, motivos para usorecreacional dos habitantes;

- deve ser atraente à vista, dando oportunidade aosprojetistas da cidade de aproveitamento depaisagens e outros recursos de interesse visual ebeleza.

Relatório BELCHER

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�Do ponto de vista dos estudos relacionados comaspectos ambientais, o DF, e por tabela, o Cerrado,vêm sendo privilegiados há algum tempo, desde oséculo passado. É, talvez, a única unidade dafederação que foi objeto de estudos prévios paradefinir sua melhor localização;

� E mesmo o edital do concurso nacional do PlanoPiloto da Nova Capital do Brasil, divulgado em 30de setembro de 1956, solicitava dos concorrentesuma série de elementos que poderiam serchamados de “ambientais”, e que serviriam decomprovação ou base para os planos a seremapresentados;

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�Dando continuidade a essa preocupaçãocom o meio ambiente, o então Primeiro-Ministro Tancredo Neves criou, em 1961, oParque Nacional de Brasília (PNB), dandopartida ao processo de criação de uma sériede Unidades de Conservação no DistritoFederal;

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

� A conservação de áreas naturais pelo PoderPúblico para o bem comum global e arestrição de atividades humanas dentrodessas áreas para se proteger os recursosbiológicos que elas contém se tornaramprática corriqueira apenas recentemente nahistória da humanidade;

� Porém, existem registros de reservas paracaçadas e equitação criadas pela nobrezaassíria, em 700 A.C.;

�Na Índia, reservas reais de caça foramestabelecidas no século III.

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

� a perda da biodiversidade, provocada pelamá administração e pelo uso excessivo derecursos biológicos, emergiu como um dosmaiores problemas ambientais dos temposmodernos;

� governos em todo o mundo, incentivados pororganizações internacionais dedicadas àconservação, têm respondido à perda debiodiversidade destacando áreas comimportância ecológica, para protegê-lascontra a influência humana adversa.

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

� As áreas protegidas emergiram como umadas soluções, do ponto de vista global, paraas ameaças locais à biodiversidade;

� As "áreas protegidas" incluem as áreassilvestres, áreas naturais, e todas asUnidades de Conservação definidas nalegislação brasileira. Em suma, toda áreacom atributos ambientais que de algumaforma esteja sob a proteção da lei.

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

�Dados de 2003 do World Database onProtected Areas (IUCN), mostram queexistem cerca de 100.000 áreasprotegidas, cobrindo ~18 milhões dekm2 (áreas terrestres, marinhas eprivadas);

�A soma total representa 3,4% dasuperfície da Terra; considerandoapenas as terrestres, 11,5% dasuperfície terrestre.

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

�No Brasil, segundo dados do ISA, cercade 10,5% da superfície está coberta porUCs (6,34% áreas de proteção integral;3,53% de uso sustentável);

�Trabalho da WWF em 1999, dirigido àsUCs de proteção integral, mostrou queapenas 54,6% poderiam serconsideradas minimamenteimplantadas;

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

�O marco fundamental foi a criação, em 1872,do Parque Nacional de Yellowstone, nosEstados Unidos;

�Naquela época, a fundamentação para aexistência desse tipo de área era asocialização e o usufruto das belezas cênicaspela população;

� Já no Brasil, o pontapé inicial para oestabelecimento de um sistema nacional deáreas protegidas foi a criação, em 1937, doParque Nacional de Itatiaia.

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

� As áreas protegidas contêm alguns doscenários e paisagens mais espetaculares domundo. Em algumas localidades as atraçõesoferecidas pelas áreas protegidas setornaram a pedra de toque para turismo eatividades recreacionais;

�Contudo, promoção de turismo e recreaçãonão são os únicos principais papéis da maiorparte das áreas protegidas. A conservaçãoda biodiversidade e o provimento de recursosnaturais permitem que a sociedade em geralencontre material para suas pesquisas esatisfação de diversas necessidades.

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO�Conceito - espaço territorial e seus recursos

ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, comcaracterísticas naturais relevantes, legalmenteinstituído pelo Poder Público, com objetivos deconservação e limites definidos, sob regimeespecial de administração ao qual se aplicamgarantias adequadas de proteção (art. 2º da Lei n°9.985, de 18/ 06/00)

� SNUC - instituído pela Lei n° 9.985, de 18/06/00- é constituído pelo conjunto das unidades deconservação (UC) federais, estaduais emunicipais.

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Categorias de UCs no SNUC1. Unidade de Proteção Integral – uso indireto -

tem como objetivo preservar a natureza. UCs dessa categoria: Estação Ecológica;

Reserva Biológica; Parque Nacional;Monumento Natural; Refúgio de Vida Silvestre.

2. Unidade de Uso Sustentável – tem comoobjetivo compatibilizar a conservação da naturezacom o uso sustentável de parcela de seus recursosnaturais.

UCs dessa categoria: Área de ProteçãoAmbiental (APA); Área de Relevante InteresseEcológico (ARIE); Floresta Nacional (FLONA);Reserva Extrativista (RESEX); Reserva de Fauna(RF); Reserva de Desenvolvimento Sustentável(RDS); Reserva Particular do Patrimônio Natural(RPPN).

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UCs DE PROTEÇÃO INTEGRAL� Estação Ecológica - objetiva a preservação da

natureza e a realização de pesquisas científicas.�Reserva Biológica - objetiva a preservação

integral da biota e demais atributos naturaisexistentes em seus limites, sem interferênciahumana direta ou modificações ambientais.

� Parque Nacional - objetiva preservar osecossistemas naturais de grande relevânciaecológica e beleza cênica, possibilitando arealização de pesquisas científicas e odesenvolvimento de atividades de educação einterpretação ambiental, na recreação em contatocom a natureza e de turismo ecológico.

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UCs DE PROTEÇÃO INTEGRAL

�Monumento Natural objetiva preservar sítiosnaturais raros, singulares ou de grande belezacênica;

�Refúgio de Vida Silvestre - objetiva protegerambientes naturais onde se asseguram condiçõespara a existência ou reprodução de espécies oucomunidades da flora local e da fauna residente oumigratória;

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UC’s DE USO SUSTENTÁVEL

�Área de Proteção Ambiental - área em geralextensa, com um certo grau de ocupaçãohumana, dotadas de atributos abióticos, bióticos,estéticos ou culturais especialmente importantespara a qualidade de vida e o bem-estar daspopulações humanas, e tem como objetivosbásicos proteger a diversidade biológica,disciplinar o processo de ocupação e assegurara sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

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UC’s DE USO SUSTENTÁVEL

�Área de Relevante Interesse Ecológico - área emgeral de pequena extensão, com pouco ounenhuma ocupação humana, com característicasnaturais extraordinárias ou que abriga exemplaresraros da biota regional, e tem como objetivomanter os ecossistemas naturais de importânciaregional ou local e regular o uso admissíveldessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com osobjetivos de conservação da natureza.

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UC’s DE USO SUSTENTÁVEL

� Floresta Nacional - tem como objetivo básico ouso múltiplo sustentável dos recursos florestaise a pesquisa científica, com ênfase em métodospara a exploração sustentável de florestas nativas.

�Reserva Extrativista - tem como objetivosbásicos proteger os meios de vida e a culturadas populações extrativistas tradicionais, eassegurar o uso sustentável dos recursos naturaisda unidade.

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UC’s DE USO SUSTENTÁVEL�Reserva de Fauna - é uma área natural com

populações animais de espécies nativas,terrestres ou aquáticas, residentes ou migratóriasadequadas para estudos técnico-científicos sobre omanejo econômico sustentável de recursosfaunísticos.

�Reserva de Desenvolvimento Sustentável é umaárea natural que abriga populaçõestradicionais cuja existência baseia-se em sistemassustentáveis de exploração dos recursos naturais,desenvolvidos ao longo de gerações e adaptadosàs condições ecológicas locais.

�Reserva Particular do Patrimônio Natural éuma área privada, gravada com perpetuidade, como objetivo de conservar a diversidade biológica.

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UNDP – Environmental Atlas

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SNUC - INSTRUMENTOS

� Zona de Amortecimento – é o entorno de umaUC, onde as atividades humanas estão sujeitasa normas e restrições específicas, com opropósito de minimizar os impactos negativossobre a unidade;

�Qual a extensão das zonas de amortecimento ?

�Quais as restrições de uso ?

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SNUC - INSTRUMENTOS

�Corredores ecológicos – porções deecossistemas, ligando UCs, que possibilitamentre elas o fluxo de genes e o movimento dabiota, facilitando a dispersão de espécies e arecolonização de áreas degradadas, bem comoa manutenção de populações que demandampara sua sobrevivência áreas com extensãomaior do que aquela das unidades individuais

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SNUC - INSTRUMENTOS

� Plano de Manejo – documento técnicomediante o qual, com fundamento nos objetivosgerais de uma UC, se estabelece o seuzoneamento e as normas que devem presidir ouso da área e o manejo dos recursos naturais,inclusive a implantação de estruturas físicasnecessárias à gestão da unidade;

�Abrange a UC, sua zona de amortecimento e oscorredores ecológicos existentes;

� É (ou deveria ser…) a “Constituição” da UC.� Segundo dados do IBAMA, 26 Parques

Nacionais ainda não possuem Planos deManejo.

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SNUC - INSTRUMENTOS

� Zoneamento – definição de setores ou zonas èmuma UC com objetivos de manejo e normasespecíficos, com o propósito de proporcionar osmeios e as condições para que todos osobjetivos da unidade possam ser alcançados deforma harmônica e eficaz;

� Zonas:

� intangível / primitiva / uso extensivo / usointensivo / histórico-cultural / recuperação / usoespecial / uso conflitante / ocupação temporária

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SNUC - INSTRUMENTOS

�Gestão por OSCIPs (organizações da sociedadecivil de interesse público) – por meio de termosde parcerias firmados com o órgão responsávelpela UC;

� Teoricamente se facilita o trabalho deinstituições locais com trabalhos relevantes nasUCs e se aumenta a participação (desejada enecessária !) da sociedade;

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SNUC - INSTRUMENTOS

� Populações Tradicionais (residentes em UCsnas quais a permanência não seja permitida) –serão indenizadas ou compensadas pelasbenfeitorias existentes e serão realocadas emlocal e condições acordadas com o poderpúblico;

�Até que seja possível o reassentamento, serãoestabelecidas normas e ações específicasdestinadas a compatibilizar a sua presença comos objetivos da UC, sem prejuízo dos modos devida, das fontes de subsistência e dos locais demoradia, assegurando-se a participação naelaboração das referidas normas e ações;

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SNUC - INSTRUMENTOS

�Conselhos – consultivos e deliberativos,assessoram a gestão da UC; devem terrepresentação paritária de órgãos públicos e dasociedade civil

�Acompanham a elaboração, implementação erevisão do Plano de Manejo;

�Manifesta-se sobre obra ou atividadepotencialmente poluidora na zona deamortecimento ou corredores ecológicos;

�Avalia o orçamento da UC e o relatóriofinanceiro elaborado pelo órgão gestor;

� Propõe diretrizes e ações para compatibilizar,integrar e otimizar a relação com a populaçãodo entorno ou do interior da UC;

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SNUC - INSTRUMENTOS

�Conselhos – atualmente apenas 45 UCspossuem conselhos, dos quais estima-se quecerca de 70% estão em funcionamento, aindaque precário em muitos casos

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

�Debate: devemos mantê-las em seu estadonatural, ou próximo a este, ou devemosdesenvolvê-las e explorá-las ?;

� Áreas protegidas são freqüentementedescritos como "ilhas". E essa é umadescrição bem adequada da forma comomuitas das áreas protegidas têm sidogeridas, como se fossem efetivamente "ilhas"isoladas do contexto regional sócio-econômico e político em que se inserem

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

�Atualmente é reconhecido que omodelo histórico de conservação danatureza, o qual constrói uma cerca emvolta da área protegida para preservá-lada influência humana, afastando-a docontexto social, econômico, cultural, emesmo ecológico em que se insere,gerou conflitos, assim comoresistências locais, e argumenta-se sersocial e ecologicamentecontraproducente;

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

� Áreas protegidas não devem seradministradas isoladas dos ecossistemas emvolta, dos assentamentos humanos e dosusos da terra existentes;

� As abordagens tradicionais para a gestãodas áreas protegidas geralmente sãoantipáticas e constrangedoras para acomunidade local, reprimindo-as com aproteção de guardas e de penalidades;

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

�De fato, a gestão de áreas protegidas temenfatizado o papel policial visando ocerceamento e a exclusão da população local- ou seja, cercar e multar;

�O resultado é que conflitos sociais eeconômicos surgem ao longo dos limites dasáreas, e a consciência popular e o apoiopolítico para os programas de gestão dasáreas protegidas diminuem.

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

� o debate sobre a gestão das áreas protegidas noBrasil é usualmente colocado em termos de se tentaralcançar o equilíbrio deixando as áreas protegidasem seu estado natural, ou desenvolvê-las e explorá-las;

� será que o modelo tradicional de gestão, que tentaisolar os Parques Nacionais e áreas protegidas dainfluência humana e do contexto social e econômicoque os rodeiam, tem obtido sucesso?

� Ou, ao contrário, gerou conflitos, resistências locais,e é social, econômica e ecologicamente improdutivo,e, por conseqüência, nocivo à proteção dabiodiversidade?

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Unidades de Conservação e Biodiversidade

�Será que se pode almejar alcançar aproteção de uma mancha de umecossistema promovendo-se odesenvolvimento socioeconômico,integrando-se a população local nogerenciamento da área e viabilizando-se mais áreas para visitação pública,tornando as áreas protegidas maisconhecidas da sociedade em geral?

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� Do outro lado do modelo tradicional existempropostas alternativas; o modelo alternativo temcomo característica fundamental a participação detodos os setores afetados ou interessados na criaçãoe na gestão de uma área protegida, especialmenteas comunidades locais;

� As comunidades locais participam, desde o início, dacriação da unidade e têm poder de fato para intervirna sua gestão. Também no que diz respeito à gestãodas áreas protegidas é fundamental existiremmecanismos com o propósito de assegurar aparticipação das comunidades locais

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� Enquanto a quantidade de áreas protegidasimplantadas teve um rápido crescimento nomundo todo, especialmente em países emdesenvolvimento, o significado de proteçãotem mudado, principalmente porque as áreasnão têm alcançado o sucesso previstoinicialmente na manutenção dabiodiversidade. As razões do insucessoincluem:

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� débil apoio nacional - os benefícios numerososadvindos das áreas protegidas são raramenteapreciados pela sociedade, e principalmente pelosgovernos em geral, porque tais áreas são vistas maiscomo lugares de recreação "exótica", ou de vidasilvestre remota, do que como uma contribuiçãoefetiva para o bem-estar nacional; a falta de apoioredunda em recursos de gestão insuficientes -humanos e financeiros;

� conflitos com a população local - a criação de umaárea protegida geralmente requer a implantação demedidas restritivas em relação ao uso dos recursosexistentes pela população local, em favor dosinteresses da nação e das futuras gerações;

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� conflitos com outras agências governamentais -as agências responsáveis pelas áreas protegidastendem a ser relativamente frágeis na estruturagovernamental, sendo assim vulneráveis em relaçãoa conflitos de políticas adotadas e a cortesorçamentários; as ameaças vêm, por exemplo, daárea de transporte (tentativas de se construirestradas em áreas protegidas), de turismo (ao seatrair mais turistas do que a área suporta, sem quesejam degradados os recursos existentes), desaneamento (ao se tentar construir barragens), dedesenvolvimento (ao se instalarem setoresindustriais e comerciais próximos às áreas), etc.

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� gestão limitada - se considera que os maioresdesafios de gestão em AR são primariamente decunho ecológico, e não social, econômico e político;assim, os administradores consideram seusproblemas administrativos sob uma visão estreita,meramente preservacionista, tentando isolar a AR doambiente em que ela se insere, e não tendo umavisão mais ampla, envolvendo as áreas adjacentes ea sociedade local;

� recursos insuficientes e não-seguros - a maiorparte das AR é financiada por recursos do Tesouro;sendo o setor ambiental dos menos prestigiados nadivisão dos recursos, é freqüente se ver a diminuiçãodas verbas destinadas à gestão das AR;

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� Apesar de ser detentor de cerca de um terço dasflorestas tropicais da Terra e “Primeiro Mundo” em setratando de biodiversidade, o Brasil possui muitopouco de seu território resguardado por UC’s deproteção integral (~6%);

� Percentual na média mundial (6%), e abaixo depaíses vizinhos, como a Venezuela, que protege22% de seu território, a Colômbia, com 7,9%;

� Considerando-se que o Brasil detém a maiorbiodiversidade do planeta, o percentual brasileiro ébaixíssimo.

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� Toda essa situação é fruto de uma má avaliação dosbenefícios que as UC’s proporcionam à sociedade;

� Qual o valor do benefício associado ao uso direto deum Parque Nacional, como, por exemplo, daatividade recreacional e do potencial turístico que elepode oferecer?;

� qual o valor de uso indireto de um Parque Nacional,a exemplo da sua função de proteger os mananciaise o solo, de servir como habitat para a fauna e flora,de estabilizar o clima?

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�qual o valor do benefício futuro advindode pesquisas referentes àbiodiversidade existente em seuinterior?;

�sem dúvida, se calcularmos tudo, ovalor de um Parque Nacional,principalmente do ponto de vistaeconômico, é fabuloso.

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� As UC’s devem ser consideradas de um ponto devista mais abrangente, e não apenas sob o aspectodo seu potencial de beleza cênica e paisagística;

� Vale lembrar que uma imensa quantidade deprodutos farmacêuticos, alimentícios, e de usoindustrial, e que contribuem para uma melhorqualidade de vida, estão associados à fauna e florapesquisadas em UC’s;

� Somente nos EUA 25% dos remédios receitadoscontêm substâncias ativas derivadas de plantas, semlevarmos em conta os mais de três mil antibióticosderivados de microorganismos;

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� Na prática também é possível a criação de novasfrentes de trabalho e geração de renda com asUnidades de Conservação;

� A existência de áreas protegidas pode trazerbenefícios econômicos em escala local, regional enacional;

� Exemplo: o sistema nacional de parques dos EUArecebe mais de 270 milhões de visitantes por ano,gerando uma receita de 10 bilhões de dólares e amanutenção de 200.000 empregos.