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    UNIDADE II - PERSPECTIVAS TERICAS 2.1 A perspectiva liberal possvel falar em teoria liberal da economia poltica?

    De fato h um conjunto de valores econmicos e polticos subjacentes a teoria liberal.

    Fundamento: economia de mercado com o mnimo de interveno estatal.

    Desde Adam Smith os pensadores liberais esto preocupados com um conjunto coerente

    de premissas e crenas sobre a natureza dos seres humanos, a sociedade e as atividades

    econmicas.

    Apesar de distintas nfases em relao ao papel do Estado, as variantes do liberalismo

    esto comprometidas com o mercado e o mecanismo de preos como a forma mais

    eficiente de organizar as relaes econmicas internas e internacionais.

    Assim, o liberalismo pode ser definido como uma doutrina e um conjunto de princpios para organizar e administrar uma economia de mercado, de modo a obter o mximo de eficincia, crescimento econmico e bem-estar social. (Gilpn, p.45).

    Premissa liberal: o mercado surge de forma espontnea para satisfazer as necessidades

    humanas, funcionando com sua prpria lgica interna.

    Os mercados desenvolvem-se sem uma direo central.

    A atividade econmica aumenta tambm o poder e a segurana do Estado, mas o

    objetivo fundamental servir aos consumidores individuais. O livre comrcio aumenta

    os bens disponveis aos consumidores.

    Os consumidores comportam-se de forma racional e procuram maximizar sua satisfao

    ao menor custo possvel.

    Toda deciso implica um custo de oportunidade: no h almoo grtis.

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    A economia de mercado inerentemente estvel. A competio leva a harmonia. O

    crescimento econmico benfico a todos.

    Acontecimentos como as guerras e o imperialismo so relacionados a problemas

    polticos, sem qualquer ligao com a economia.

    2.2 A perspectiva do nacionalismo econmico O mercantilismo compartilha os pressupostos realistas das relaes internacionais. A

    economia mundial uma arena de competio entre os estados.

    Idia Central: as atividades econmicas devem estar subordinadas ao fortalecimento do

    estado.

    Gilpin (2002) cita duas formas de mercantilismo:

    Mercantilismo benigno: salvaguarda do interesse econmico nacional como o mnimo

    essencial para segurana e a sobrevivncia do Estado.

    Mercantilismo maligno: a economia internacional a arena para expanso imperialista e

    engrandecimento nacional.

    Os nacionalistas econmicos enfatizam o papel dos fatores econmicos nas relaes

    internacionais e consideram a luta entre os Estados por recursos econmicos como

    inerente a natureza do sistema internacional. Como os recursos econmicos so

    necessrios para o poder nacional, todo conflito ao mesmo tempo econmico e

    poltico.

    A industrializao fundamental para o nacionalismo: 1. A indstria desenvolve a

    economia como um todo (spillover ou externalidade positiva); 2. A indstria associada

    com a auto-suficincia econmica e a autonomia poltica; 3. A industrializao a base

    do poder militar.

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    Nacionalismo econmico defensivo existe com frequncia nas economias menos

    desenvolvidas ou naquelas avanadas que comeam a declinar. Polticas protecionistas

    para proteger suas indstrias nascentes ou declinantes (forma benigna).

    Em um mudo de Estados que competem entre si, os nacionalistas buscam mudar as

    regras das relaes econmicas internacionais em benefcio prprio. Maior importncia

    aos ganhos relativos do que as vantagens recprocas.

    Aps a Segunda Guerra, a primazia pelo bem estar social interno; nas ltimas dcadas

    do sculo XX o mercantilismo contemporneo confere importncia crescente das

    tecnologias avanadas e competitividade das polticas pblicas.

    2.3 A perspectiva marxista "Quando a tentativa de captar a essncia das coisas leva-nos invariavelmente a contradio, porque a contradio a essncia das coisas" (Sve apud Overbeek Global Governance, Class, Hegemony: a historical materialist perspective) Capitalismo como um fenmeno econmico global.

    Duas formas de marxismo: evolucionrio associado a Eduard Bernstein e Karl

    Kautsky, e o revolucionrio de Lnin.

    Quatro elementos essenciais no conjunto dos escritos de Marx:

    1. Abordagem dialtica ao conhecimento e sociedade que define a natureza da

    realidade como dinmica e conflituosa.

    2. Abordagem materialista da histria. O desenvolvimento das foras produtivas e da

    atividade econmica fundamental nas transformaes histricas que opera atravs da

    luta de classes.

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    Desta viso, qualquer anlise do mundo deve estar fundamentada no entendimento da

    forma na qual os homens organizam sua produo e reproduo da sua vida material.

    3. Viso geral em relao ao desenvolvimento do capitalismo. O capitalismo um modo

    de produo que possui um conjunto de leis econmicas que movem a sociedade

    moderna.

    4. Comprometimento com o socialismo. Os autores marxistas acreditam que a sociedade

    socialista uma etapa no apenas desejvel, mas tambm necessria do

    desenvolvimento.

    A contradio inerente do capitalismo consiste que com a acumulao do capital, o

    sistema planta as sementes da sua prpria destruio e substituio pelo socialismo.

    A teoria econmica desenvolvida por Marx no teve como objeto nenhum pas

    capitalista especfico. No comeo do sculo XX novos estudos procuravam explicar as

    transformaes que passava o capitalismo e suas consequencias ao sistema

    internacional.

    Lnin transformou o marxismo em uma teoria das relaes polticas e econmicas entre

    os Estados capitalistas. Marx e Engels escreveram basicamente sobre um sistema

    capitalista confinado praticamente Europa Ocidental.

    A exportao de capital passa a ter proeminncia sobre a exportao de mercadoria,

    alterando as relaes econmicas e polticas entre as sociedades. Do mesmo modo o

    domnio do capital financeiro representa o estgio mais avanado do desenvolvimento

    capitalista.

    A exportao de capitais levou internacionalizao da produo e, por conseguinte,

    diviso territorial do mundo entre as principais potncias capitalistas que foram

    incorporando territrios em suas esferas de influncia.

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    Lei do desenvolvimento desigual: A exportao de capitais ao promover a

    industrializao, dissemina novas tecnologias e conhecimento tcnico, gerando

    desenvolvimento econmico aos pases receptores de capitais. Ou seja, o imperialismo

    promove o desenvolvimento; porm, esse desenvolvimento nos termos do sistema

    capitalista desigual.

    O sistema capitalista internacional inerentemente instvel: as economias capitalistas

    crescem e acumulam a taxas diferenciadas. Estabilidade somente em perodos muito

    curtos.

    Lnin se contrapunha a ideia de Kautsky que entendia que o domnio dos grandes

    monoplios sobre as economias das naes imperialistas faria com que estas

    renunciassem a corrida armamentista em pr da aliana pela paz, uma vez que a guerra

    prejudicava a acumulao de capital.

    Gilpin (p.59) argumenta equivocadamente que Lnin teria trocado as classes sociais

    pelos Estados nacionais mercantilistas como atores principais. A contradio

    intrnseca do capitalismo no estaria na luta de classes, e sim na luta entre as naes.

    Os cinco traos fundamentais do imperialismo, segundo Lnin: 1) a concentrao da

    produo e do capital levada a um grau to elevado de desenvolvimento que criou os

    monoplios, os quais desempenham um papel decisivo na vida econmica; 2) a fuso

    do capital bancrio com o capital industrial e a criao, baseada nesse "capital

    financeiro" da oligarquia financeira; 3) a exportao de capitais, diferentemente da

    exportao de mercadorias, adquire uma importncia particularmente grande; 4) a

    formao de associaes internacionais monopolistas de capitalistas, que partilham o

    mundo entre si, e 5) o termo da partilha territorial do mundo entre as potncias

    capitalistas mais importantes.

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    Trs interpretaes sobre a crise financeira asitica (1997-1998) Liberal

    Causas: capitalismo de compadres, falta de transparncia;

    Questes-chave: corrupo, falta de prticas econmicas liberais;

    Lies: aumento da transparncia e boas prticas em pases em desenvolvimento.

    Nacionalismo econmico

    Causas: liberalizao financeira prematura restringiu a capacidade regulatria do

    Estado;

    Questes-chave: Choque entre o modelo asitico e o norteamericano;

    Lies: Limitar a especulao financeira atravs de polticas pblicas.

    Marxista

    Causas: liberalismo predatrio; poder do interesse financeiro, falhas sistmicas;

    Questes-chave: custos da crise mal distribudos, sofrimento dos trabalhadores causado

    pelo colapso financeiro.

    Lies: reforma do sistema financeiro internacional; restrio do movimento dos fluxos

    de capitais.